Você está na página 1de 1

BOI TINHOSO

Toda tarde, após as aulas, isso pelos idos de 19..., (tinha provavelmente, uns 13 anos), eu ia
à “Fazendinha” da Tia........, no final da rua Caramuru, com o litro branco colocado num
embornal feito de saco de farinha, buscar o leite tirado na hora, para tomarmos no dia
seguinte. Família de 4 membros, o pai, a mãe, eu e a irmã, consumíamos 1 litro por dia.
Ainda hoje me recordo com uma pontinha de arrependimento, pois na volta, com o litro
cheio, no caminho eu dava uma goladinha no gargalo largo do litro, sorvendo o leite puro,
gordo, branco, ainda morno, recém tirado. O curral que abrigava as 4 vacas leiteiras, da tia,
que o ........ordenhava todas as tardes, era na entrada da fazendinha, e enquanto o leite era
esguichado no balde, com o barulho caracteristico da ordenha pelas mãos hábeis do primo,
sentado num banquinho de uma só perna amarrado á cintura , com o balde preso entre as
pernas, todos nós, compradores, com seus litros no embornal, outros com lato~es de
alumínio, aguardavamos, do lado de fora, aglomerados, batendo papo, e os olhos fixos no
esguichar do leite no balde, manipulados os bicos da teta, pelas mãos hábeis, 2 de cada vez,
até retirar o poss´vel da vaca e subir uma densa espuma no balde. No momento seguinte
eram enchidos os litros e vazilhas dos compradores, que se dispersavam, um dé cada vez,
com o suprimento de leite garantido para o dia seguinte. Voltava eu para casa como todo
dia, pela rua empoeirada, naquele tempo sem calçamento, quando percebi pelo trote, que
distante uns 100 metros à minha retaguarda, vinha um tropeiro com seu cavalo, tangendo
um boi negro, trotando com o olhar fixo no caminho, gingando ocorpo num trotar
característico, a baba escorrendo pelas comissuras

Você também pode gostar