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Podemos definir, conforme veremos adiante, o mercantilismo como o marco inicial para o
Estado Liberal, que se caracterizava pela primazia da liberdade individual nas relações jurídicas
(liberdade contratual – pacta sunt servanda), bem como na não intervenção do Estado na
economia, tendo seu auge no Século XIX.
Todavia, a disputa por mercados econômicos, bem como o exercício abusivo das liberdades e
direitos individuais levou a derrocada do modelo liberal econômico, tendo como marco
histórico a 1ª e a 2ª Guerras Mundiais, fato que levou o Estado a repensar seu papel diante da
Ordem Econômica interna e internacional, atuando, inclusive, no sentido de limitar e cercear
os direitos e liberdades individuais.
Conceito de Direito Econômico: O ramo do Direito Público que disciplina a condução da vida
econômica da Nação, tendo como finalidade o estudo, o disciplinamento e a harmonização das
relações jurídicas entre os entes públicos e os agentes privados, detentores dos fatores de
produção, nos limites estabelecidos para a intervenção do Estado na ordem econômica
(Leonardo Vizeu Figueiredo).
O conjunto das técnicas jurídicas de que lança mão o Estado contemporâneo na realização de
sua política econômica (Fábio Konder Comparato).
Um ramo de direito pode ser considerado autônomo, para fins didáticos, tão-somente, quando
possui normas e princípios próprios, dentro de seu respectivo ordenamento jurídico, uma vez
que o Direito, quanto ciência, é uno.
Com a Constituição de outubro de 1988, o Direito Econômico brasileiro passou a ter princípios
específicos delineados no art. 170, sendo que passou a ser competência concorrente da União,
Estados e Distrito Federal legislar especificamente sobre suas normas (art. 24, I, CRFB).
a) Princípio da Economicidade (arts. 3º, inciso II; 170, caput e 174, caput todos da
Constituição Federal): estabelece que o ente estatal, na busca da realização de seus
objetivos fixados em sua política econômica, deve alcançar suas metas com apenas os
gastos que se fizerem necessários, a fim de não onerar excessivamente o Erário e toda
a sociedade. Assim, o Estado, ao estabelecer suas decisões políticas, bem como para
orientar o mercado, deve primar pelas condutas que impliquem em menor custo
social, conjugando quantidade com qualidade.
b) Princípio da Eficiência (art. 37, caput e 170 e incisos da CF/88): a eficiência determina
que o Estado ao estabelecer suas políticas públicas, deve pautar sua conduta com o
fim de viabilizar e maximizar a produção de resultados da atividade econômica,
conjugando os interesses privados dos agentes econômicos com os interesses da
sociedade, permitindo a obtenção de efeitos que melhor atendam ao interesse
público, garantido, assim, o êxito de sua ordem econômica.
c) Princípio da Generalidade: confere às normas de Direito Econômico alto grau de
generalidade e abstração, ampliando seu campo de incidência ao máximo possível, a
fim de possibilitar sua aplicação em relação a grande multiplicidade de organismos
econômicos, a diversidade de regimes jurídicos de intervenção estatal, bem como às
constantes e dinâmicas mudanças que ocorrem no mercado. Ex.: Lei n. 8.884/94 (Lei
de Proteção à Concorrência).
Ao se falar sobre fontes do direito, deve-se ter em mente a gênese da relação jurídica. Em
outras palavras, trata-se do conjunto de atos e institutos que dotam as relações
interindividuais de vinculação e proteção jurídica, no sentido de sujeitar, coercitivamente, a
vontade de um sujeito à de outrem.
No que se refere ao direito econômico, como toda a sociedade baseada no sistema jurídico da
civil Law, a fonte primária de obrigações é a lei. Isto é, o direito está precipuamente baseado
no conjunto normativo positivado em texto escrito, de observância obrigatória e imposição
cogente.
Todavia, há que se ter em mente que as relações disciplinadas pelo direito econômico podem
ter outras fontes jurídicas, além da lei, desde que estejam em conformidade com esta.
c) Atos normativos administrativos: são todos os atos emanados do Executivo que tem
por fim regulamentar a aplicação de uma lei, espécie legislativa da qual retiram seu
fundamento de validade, sendo aqueles atos hierarquicamente inferiores a estes.
Assim, o ato normativo administrativo por e deve transcender a mera regulamentação
da lei, quanto for expressamente delegado pelo legislador infraconstitucional a
eficácia do conteúdo normativo da lei à edição de ato administrativo infralegal, o qual
irá explicitar os limites, alcance e efeitos da norma perante os administrados.
2 Ordem Econômica
Por sistemas ou modelos econômicos entende-se a forma pela qual o Estado organiza suas
relações sociais de produção, na qual estrutura sua política, isto é, a forma adotada pelo
Estado no que se refere à propriedade dos fatores de produção e distribuição do produto do
trabalho.
Destarte, a classificação a seguir delineada se dá para fins meramente didáticos, uma vez que,
no mundo globalizado, as relações jurídico-econômicas podem assumir feições de cunho
capitalista, em que pese serem oriundas de um sistema socialista, como ocorre, atualmente,
na República Chinesa.
Por Ordem Econômica entende-se o tratamento jurídico disciplinado pela Constituição para a
condução da vida econômica da Nação, limitado e delineado pelas formas estabelecidas na
própria Lei Maior para legitimar a intervenção do Estado no domínio privado econômico
(Leonardo Vizeu).
Observe-se que, de acordo com a doutrina adotada, o posicionamento estatal em face de sua
Ordem Econômica assume feições diversas, com reflexos no texto constitucional.
a) Estado Liberal
O Estado atua com o objetivo de se garantir o exercício racional das liberdades individuais, de
forma a coibir o exercício abusivo e pernicioso do liberalismo. Consubstancia o princípio da
defesa do mercado ou defesa da concorrência.
O modelo de intervencionismo social, mais conhecido como Welfare State ou Estado do bem
estar social ou Estado da Providência.
Tal modelo de intervencionismo baseia-se na seguridade social, em que o Poder Público atua
compartilhando os riscos individuais de vida (doença, invalidez, morte, dentre outros) entre
todos os membros e segmentos sociais, de maneira que, por meio de um cálculo atuarial, toda
DIREITO ECONÔMICO Flávio Filgueiras Nunes
a sociedade irá contribuir para o Estado e este irá promover a justa distribuição de renda entre
aqueles que, por qualquer razão, estejam privados de sua capacidade laborativa, seja de forma
temporária ou permanente.
Provê uma série de direitos sociais aos cidadãos de modo a mitigar os efeitos naturalmente
excludentes da economia capitalista sobre as classes sociais mais desfavorecidas.
ATENÇÃO!
Diferencia-se, contudo, do modelo de intervencionismo econômico, uma vez que no plano
jurídico, consubstancia-se no princípio da solidariedade. Neste modelo o Estado assume
responsabilidades sociais crescentes, em caráter de prestações positivas, como a previdência,
habitação, saúde, educação, assistência social e saneamento, ampliando, cada vez mais, seu
leque de atuação como prestador de serviços públicos essenciais. Outrossim, o Estado atua
como empreendedor substituto em áreas e setores considerados estratégicos para o
desenvolvimento da Nação, uma vez que assume o papel de ser o grande ente garantidor do
desenvolvimento social.
É a forma intervencionista máxima do Estado, uma vez que este adota uma política econômica
planificadora, baseada na valorização do coletivo sobre o individual. O Poder Público passa a
ser o centro exclusivo para as deliberações referentes à economia.
Os bens de produção são apropriados coletivamente pela sociedade por meio do Estado, de
modo que este passa a ser o único produtor, vendedor e empregador.
Atenção!
No plano econômico baseia-se na teoria da planificação proposta por Lênin, defendida por
Trotsky, operacionalizada e mantida por Stalin. No plano jurídico, consubstancia-se no
princípio da supremacia do interesse público, mitigando os anseios e expectativas individuais
em face da vontade coletiva da sociedade. Preocupa-se, basicamente, com o bem comum e as
necessidades da coletividade, em detrimento do liberalismo individual. Foi concebido com base
nas idéias de filósofos que apontaram os efeitos excludentes e exploratórios do liberalismo
econômico e a necessidade de se efetivar políticas de justa distribuição de rendas, a saber,
Friedrich Hegel e Karl Marx.
e) Estado regulador
Em virtude do insucesso dos modelos intervencionistas, tanto social, quanto socialista, bem
como do econômico, houve necessidade de o Estado repensar nas formas pelas quais interfere
no processo de geração de riquezas, bem como na realização de políticas públicas de inclusão
e de repartição de renda.
Caracteriza-se numa nova concepção para a presença do Estado na economia, como ente
garantidor e regulador da atividade econômica, que volta a se basear na livre-iniciativa e na
liberdade de mercado, bem como na desestatização das atividades econômicas e redução
sistemática dos encargos sociais, com o fito de se garantir equilíbrio nas contas públicas, sem
todavia, desviar o Poder Público da contextualização social, garantindo-se ainda, que este
possa focar esforços nos serviços públicos essenciais.
Fundamenta-se na atuação somente nas áreas onde a iniciativa privada não consiga atingir as
metas sociais para satisfazer o interesse coletivo.
ATENÇÃO!
No plano jurídico, fundamenta-se no princípio da subsidiariedade, no qual o Poder Público
somente irá concentrar seus esforços nas áreas em que a iniciativa privada, por si, não consiga
alcançar o interesse coletivo. Assim, a iniciativa de exploração das atividades econômicas
retorna à iniciativa privada, que irá realizá-la dentro de um conjunto de planejamento estatal
previamente normatizado para tanto, co o fito de conduzir o mercado à realização e
consecução de metas socialmente desejáveis, que irão garantir o desenvolvimento sócio-
econômico da Nação.
Cuida-se do estudo das maneiras pelas quais o Estado interfere no processo de geração de
riquezas de sua Nação. Há diversas propostas de classificação.
O autor Hely Lopes Meirelles, classifica a intervenção do Poder Público a intervenção pode se
dar de duas formas:
No que tange a atuação no domínio econômico vale destacar a classificação do Ministro Eros
Roberto Grau sobre as formas de intervir do Estado:
a) absorção: ocorre quando o Estado atua em regime de monopólio, avocando
para si a iniciativa de exploração de determinada atividade econômica;
b) participação: ocorre quando o Estado atua paralelamente aos particulares,
empreendendo em atividades econômicas ou, ainda, prestando serviço
público economicamente explorável, concomitantemente com a iniciativa
privada;
c) direção: ocorre quando o Estado atua na economia por meio de instrumentos
normativos de pressão, seja através de edição de leis ou de atos normativos;
d) indução: ocorre quando o Estado incentiva, por meio de benesses crediticias, a
prática de determinados setores econômicos, seja através de benefícios
fiscais, abertura de linhas de crédito para fins de incentivo de determinadas
atividades, por meio de instituições financeiras privadas ou oficiais de
fomento.
DIREITO ECONÔMICO Flávio Filgueiras Nunes
A interferência pode se dar de duas forma: direta (quando avoca para si a exploração da
atividade econômica) e indireta (atua monitorando a exploração das atividades geradoras de
riquezas pelos particulares, intervindo quando se fizer necessário para normatizar, regular e
corrigir as falhas de seu mercado interno, em prol do bem comum e do interesse coletivo.
O Poder Público deve garantir que o trabalhador possa sobreviver dignamente, tão-somente
com o produto da remuneração de seu labor, garantindo-lhe, para tanto, uma gama de
Direitos Sociais.
Trata-se de se primar pela proteção ao fator de produção mão-de-obra. Garantir que o salário
seja capar de proporcionar acesso as necessidades mínimas da vida digna.
Para o direito econômico, pessoa digna é aquela que conquistou sua independência
econômica.
Livre-iniciativa
O Estado pode e deve disciplinar, impondo os requisitos mínimos necessários para o exercício
da atividade laborativa com o objetivo de que seja exercida apenas por profissionais capazes e
habilitados.
O Estado atuará somente nos nichos que se fizer necessários para garantir o interesse público,
nos demais o mercado se auto-regulará.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
Existência digna
Justiça social
a) Soberania Nacional
A soberania nacional tem hoje um conceito relativo, vez que com a economia cada vez mais
globalizada a soberania nacional é definida de uma forma global, pois as mudanças da
economia globalizada determinam também dentro do nosso país comportamentos que por
vezes podem se interpretados como um desrespeito a nossa soberania. Se o Brasil negocia
com a China, por exemplo, vende e compra produtos daquele país, há de se observar o
respeito dos valores desse ou daquele país, por um e por outro. Se o comércio implica em
entrelaçamentos dos mais diversos, às vezes poderá implicar em uma interpretação de um
fato que revele, para alguns, em desrespeito da soberania.
Assim, por exemplo, quando tomamos um empréstimo em um banco, ele nos pede para que
façamos um cadastro onde nós revelamos, voluntariamente, várias informações sigilosas sobre
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nossa vida econômica, inclusive abrindo mão do sigilo fiscal oferecendo cópia da declaração do
Imposto de Renda - IR. Com a relação do Brasil e o Fundo Monetário Internacional – FMI não é
diferente. Ele quer saber qual o superávit primário, estabelecer metas, com o objetivo de ter
recursos financeiros suficientes para o pagamento do respectivo empréstimo. Para alguns está
atingida a soberania nacional.
A soberania nacional tem conceito relativo e significa dizer que é a livre determinação de um
povo para designar os seus caminhos, nas mais diversas áreas, inclusive na econômica, como
por exemplo, designando pagar ou não as suas dívidas externas, como fez a Argentina, e aí
arcar com as conseqüências de um ou outro ato. Não somos obrigados a recorrermos ao FMI,
mas assinados os contratos é de fundamental importância o cumprimento das suas cláusulas.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
I - a soberania;
b) A propriedade privada
Deve ser enfatizado que no nosso sistema não se proíbe a propriedade pública ou do Estado,
mas a preferência é da propriedade privada. Por exemplo: quando a União desapropria deve
DIREITO ECONÔMICO Flávio Filgueiras Nunes
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...);
XXII - é garantido o direito de propriedade;
A propriedade foi ao longo dos séculos, e ainda é, objeto de discussão entre os seres humanos,
no ocidente e no oriente. A propriedade utilizada para o simples adorno, como no caso do
ouro, ou para a produção de sustento, como é o caso da terra, é sempre motivo de guerras,
até os monges tibetanos brigam por ela. Alguns matam em nome de Deus para preservá-la.
Outros, declaradamente, para colecioná-la.
Maria Helena Diniz, no seu Dicionário Jurídico, trata o tema como propriedade individual.
Assim para ela, os termos propriedade individual e propriedade privada se equivalem. E traz o
seguinte a respeito:
A propriedade está definida no Código Civil Brasileiro, a Lei nº. 10.406 de 10 de janeiro de
2002:
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito
de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade
com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio
DIREITO ECONÔMICO Flávio Filgueiras Nunes
Por exemplo: quanto à propriedade sobre imóvel rural deve se observar a “exploração que
favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores”, dispositivo presente no artigo
186, IV, da Constituição Federal de 1988. Veja que o dispositivo não se refere apenas aos
trabalhadores, a parte mais frágil da relação, mas refere-se também aos proprietários. Então, a
função social é atender a todos e aí atender a sociedade. No exemplo, atender a função social
é observar vários quesitos, inclusive conservar e preservar o meio ambiente. Aqui a
intersecção de dois princípios, os dois, função social da propriedade e a preservação do meio
ambiente. A função objetivada é a social, a preservação da sociedade. Veja o artigo:
DIREITO ECONÔMICO Flávio Filgueiras Nunes
Mas não é só na propriedade sobre o imóvel rural. A Constituição atenta em vários artigos
para a utilização da propriedade com uma visão social, ou seja, com um ângulo que
proporcione bem-estar a coletividade. Assim, a propriedade imobiliária urbana também é
tratada pela Constituição Federal de 1988. Veja o artigo:
d) Livre concorrência
Trata da proteção conferida pelo Estado ao devido processo competitivo em sua Ordem
Econômica, a fim de garantir que toda e qualquer pessoa, que esteja em condição de participar
do ciclo econômico (produção, circulação, consumo) de determinado nicho de nossa
economia, nele possa livremente, entrar, permanecer e sair, sem qualquer interferência
estranha oriunda de interesses de terceiros (Lei n. 8.884, de 1994).
Livre concorrência não deve ser confundida com livre iniciativa, esse um princípio é um
princípio constitucional e presente no art. 1° da nossa atual constituição e aquele, embora
esteja incluso também no texto constitucional, está no Título VII – Da ordem econômica e
financeira, no Capítulo I – Dos princípios gerais da atividade econômica, isto é, enquanto a livre
iniciativa é de abrangência geral, a livre concorrência é de abrangência especial, isto é, seu
alcance é restrito a atividade econômica. Veja o artigo:
(...) omissis
IV - livre concorrência;
ANOTAÇÃO
A livre concorrência é princípio de funcionamento de um capitalismo utópico, onde
observamos todos os agentes atuando na economia sem intervenção do Estado, coisa que
não é a realidade brasileira atual. A atuação desimpedida de cada agente da economia é o
que podemos chamar de livre concorrência. Enquanto princípio, ele pretende criar uma
DIREITO ECONÔMICO Flávio Filgueiras Nunes
situação de concorrência de forma que os preços sejam formados pelo mercado e não ao
sabor dos fornecedores.
O exemplo dos combustíveis, nos postos, e somente nos postos de gasolina, é o que podemos
observar em livre concorrência. Enquanto alguns praticam um preço menor outros praticam
outros preços maiores. A concorrência estabelecida entre eles implica em uma concorrência
que é feita de maneira livre, sem interferência governamental, ou pelo menos é o que dispõe a
teoria jurídica a respeito do assunto, pois a atuação do Ministério Público é também uma
intervenção estatal que deve ser avaliada até que ponto é boa. Por exemplo, em 09 de maio
de 2005, estava em vigor um ajuste de conduta estabelecido, em Goiânia, entre Sindiposto –
Sindicato dos Postos de Gasolina do Estado de Goiás, o Estado de Goiás e o Ministério Público
do Estado de Goiás, onde foi fixado o preço da gasolina para o período, em R$2,37 (dois reais e
trinta e sete centavos); mas o que se observou naqueles dias foi que os preços chegavam a até
R$1,99 (um real e noventa e nove centavos). Certamente a participação do Estado na
economia é por vezes desastrosa, quando não produz exatamente um resultado oposto ao
pretendido.
e) Defesa do consumidor
Versa sobre a proteção conferida pelo Estado à base do ciclo econômico, que se inicia com a
produção ou oferecimento de determinado bem ou serviço, desenvolve-se com a sua
circulação ou seu oferecimento, e perfaz-se quando são adquiridos pelo consumidor final,
sendo o consumo a base que sustenta o respectivo ciclo, sem o qual tende a ruir. Outrossim,
uma vez que o consumidor é a parte que, durante a relação jurídica econômica de aquisição
final do bem ou serviço, tem menor conhecimento sobre o mesmo, decorrente de notória
desinformação sobre como se opera as etapas de produção e circulação, mister se faz
outorgar-lhe privilégios legais e processuais, reconhecendo sua posição de hipossuficiência em
relação ao produtor e ao vendedor (Lei n. 8.078 de 1990).
Cuida da maximização de resultados no que tange ao uso do fator de produção humano, isto é,
da mão de obra, dentro dos parâmetros estabelecidos pelas normas jurídicas legisladas do
Estado. Observe-se que, dessa forma, busca-se, por corolário, garantir a maximização de
resultados no exercício das atribuições sociais do Poder Público. Isso porque, quanto mais
pessoas estiverem laborando em atividades geradoras de rendas, maior será o volume de
arrecadação do Poder Público, via receitas derivadas, sendo menores os gastos com o setor de
seguridade social, uma vez que menos cidadãos vão ter que se valer do assistencialismo social,
por não necessitarem de auxílio externo para seu sustento e de sua família. Assim, pode o
Estado concentrar seus gastos em atividades promotoras de desenvolvimento tecnológico,
pesquisa científica, cultura, dentre outras. Todavia, a contrario sensu, quanto menor o número
de indivíduos que estiverem exercendo atividades produtivas e geradoras de renda, menor
será o volume de arrecadação do Poder Público, e maior o volume de gastos com a seguridade
social para atender a demanda dos necessitados e hipossuficientes que não conseguem, por si,
adquirir o conjunto mínimo de bens para subsistência digna, fato que, tão-somente, contribui
para o aumento do déficit público.
É a proteção conferida à parcela dos agentes privados que participam do ciclo econômico de
produção e circulação, sem, todavia, deter parcela substancial de mercado, tampouco poderio
econômico. Observe-se que, sem um conjunto específico de normas que garantam a mesma
proteção em termos concorrenciais, dificilmente poderiam competir com os agentes
econômicos detentores de poder de mercado, fato que conduziria ao encerramento forçado
de suas atividades. Assim, protege-se o pequeno e médio produtor, outorgando-lhe
tratamento legal diferenciado em face do grande, incentivando-se, ainda a nacionalização
daquelas, para se constituírem sob nossas leis, estabelecendo sede em nosso país.
A. Subsidiaridade
A intervenção somente se dará nos casos expressamente previstos pelo legislador constituinte,
sendo proibida a exploração de atividade econômica fora das exceções constitucionais (art.
173, caput da CF).
B. Liberdade Econômica
Constitui gênero que compreende duas espécies: liberdade de empresa, segundo a qual há
livre escolha da atividade a desempenhar, bem como dos meios para o fiel desempenho, e a
liberdade de concorrência, baseada na livre disputa de mercados (art. 170 e incisos).
DIREITO ECONÔMICO Flávio Filgueiras Nunes
É limitada e mitigada, sendo regulada pelo interesse público, através dos requisitos legais de
observância obrigatória a todos aqueles que desejam participar de um mercado especifico.
C. Igualdade Econômica
Instituto garantidor da liberdade de concorrência. Admite algumas exceções como no caso das
micro e pequenas empresas (art. 179 CF).
D. Desenvolvimento econômico
Objetiva reduzir as desigualdades regionais e sociais, visando uma igualdade real. Ex.: Políticas
Públicas de ação afirmativa.
E. Democracia econômica
F. Boa-fé econômica