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A VIGÊNCIA DAS NORMAS JURÍDICAS NO ESPAÇO

As normas jurídicas têm seu campo de abrangência limitado por espaços territoriais:

Fronteiras do Estado – linha divisória entre dois ou mais Estados


soberanos. Faixa que delimita a base física do Estado. Subsolo e atmosfera.
Extensão de águas territoriais e suas ilhas – Águas marítimas, fluviais e lacustres internas do Brasil e
mais o mar territorial deste (águas marítimas que banham as costas do País, mais 200 milhas de
largura).
Aviões, navios e embarcações nacionais (plataformas flutuantes) – onde quer que estejam, se forem
brasileiros, vigora a lei do ordenamento jurídico brasileiro.
Áreas das embaixadas e consulados: Estejam em qual país estiverem, nas áreas de embaixadas e
consulados, vigora a lei do ordenamento jurídico brasileiro.

Princípio da territorialidade moderada – LICC – princípio utilizado pelo Brasil. Brasileiros, por vezes,
necessitam cumprir regras estrangeiras, ou alienígenas.
Art. 7º - A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
Exemplo de direito de família: O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que
os nubentes tiverem domicílio.
Art. 8º - Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em
que estiverem situados.
Compra de uma casa na Itália – contrato de compra e venda observando os requisitos legais vigentes na
Itália.
Art. 9º - Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que constituírem.
Estou na África do Sul, contrato um artista para que ele pinte uma obra de arte (obrigação de fazer),
essa obrigação será dirigida observando os requisitos vigentes nas leis da África do Sul.
Art. 17 - As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão
eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
* Observar acordos internacionais.

EFICÁCIA, RETROATIVIDADE E PROBLEMAS DAS NORMAS JURÍDICAS INVÁLIDAS

EFICÁCIA

É a qualidade da norma vigente de produzir, no seio da coletividade, efeitos jurídicos concretos. Maria
Helena Diniz.

• Aplicação concreta da norma jurídica, ou seja, é a relação entre a ocorrência concreta, real,
fatual no mundo do ser e o que está prescrito pela norma jurídica (e que está no mundo do
“dever ser”). Rizzatto Nunes.

Ocorrência concreta e real no mundo do ser – João mata José.


Aplica-se para esse caso o Código Penal
Aplica-se a norma jurídica ao caso concreto, o que reflete a questão da eficácia desta norma. Essa
norma está produzindo seus efeitos.
Esse encontro – da norma jurídica com o fato por ela previsto, para poder ser invocada – chamamos de
INCIDÊNCIA.
Não apenas a violação à norma jurídica, como demonstrado acima, reflete a sua eficácia, mas também a
obediência à prestação imputada por ela. Ex.: Utilizo o cinto de segurança e cumpro o modal deôntico
da obrigatoriedade, que reflete a eficácia da norma jurídica, no caso, a norma em questão é o Código de
Trânsito Brasileiro.

Havendo o cumprimento da norma fala-se que ela é eficaz. Havendo o descumprimento, ela também o
será, porquanto outro aspecto entra em funcionamento = a sanção.

EFICÁCIA JURÍDICA COMPLETÁVEL = norma jurídica gera apenas efeitos no ordenamento


jurídico, mas não incide sobre a realidade, seu efeito não é social.
Ex.: Norma Jurídica que depende de complementação
Efeito no mundo jurídico = pode revogar norma anterior.
Efeito social = não tem enquanto não houver complementação.

EFICÁCIA JURÍDICA LIMITADA = nome que se daria à eficácia das “normas programáticas” – tais
normas, que estariam em âmbito constitucional, teriam apenas efeito jurídico. Ex. funcionamento do
Estado; funcionamento dos Três Poderes, ...
TESE ULTRAPASSADA – não há que se falar mais em normas programáticas, pois tudo que
existe na Constituição Federal está em vigor, é eficaz e incide na realidade.

RETROATIVIDADE DAS NORMAS JURÍDICAS

CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

1 – A norma jurídica vige do presente para o futuro, mas a eficácia e a incidência concreta PODEM ir
para o passado.
2 – Eficácia ou incidência para o passado possibilidade de a norma jurídica
= atingir situação pretérita, ter efeitos
retroatividade sobre o passado.

3 – Não há como as normas jurídicas retroagirem de forma ilimitada – podem retroagir, mas não
atingem certas garantias.

Art. 5o, inc. XXXVI da CF - A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada.

Art. 6º da LICC - A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, direito
adquirido e a coisa julgada.

4 – Em alguns casos de Direito Penal e Direito Tributário a norma jurídica retroage SEMPRE.

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