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ANEMIA

Juliana de Brito Maia Miamoto


DEFINIÇÃO
Redução na concentração de hemoglobina e no número de hemácias
circulantes (UNICEF, 1994; WHO, 2001).
Estado de deficiência de hemoglobina no sangue circulante para o
transporte do oxigênio requerido para a atividade normal de um
indivíduo, causando uma inadequada oxigenação tecidual resultante de
uma deficiência na captação, transporte, distribuição e/ou liberação de
oxigênio (Souza & Batista Filho, 2003).
Introdução
• Causas da Anemia (WHO, 2001):
– Perda aumentada de hemácias (hemorragia, perda
sanguínea crônica);
– Diminuição da produção normal de hemácias
(deficiência nutricional, infecção por HIV, enfermidade
crônica);
– Hemólise aumentada (malária, infecções bacterianas,
drogas, enfermidades auto-imune);
– Aumento da demanda fisiológica (gestação, lactação)
Introdução

• Grupos mais vulneráveis


– Lactentes, pré-escolares, adolescentes,
mulheres e gestantes.
• OMS: problema de SP - eliminação da
deficiência de ferro
• Brasil (RDC nº 344, 13/12/2002): fortificação
das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido
fólico
Aspectos epidemiológicos
• Estimativa mundial: 1,2 bilhão (1/3 da população)
(Mason et al, 2001)
– África: 35 a 56%
– Ásia: 37 a 75%
– América Latina e Caribe: 37% a 52%
– Países desenvolvidos: <20% em gestantes
• Brasil (MS, 2000):
– Gestantes anêmicas - 3 em 10
– Crianças: >50%
Aspectos epidemiológicos – Brasil

• Região Norte: • Região Sul:


– Pré-escolares: 60,5% – 7-12a: 53,9%
– Gestantes: 65,1%
• Região Sudeste:
• Região Nordeste:
– < 2a-11a: 12,7 a 64,3%
– Lactentes 12m: 73,2%
– 6-11a: 22,3% a 41,8% – Gestantes: 27,7%
– Gestantes: 55,4% – RJ: 4 - 60m: 47,4% e 12,5%
• Região Centro-Oeste: – RJ: 12 -18m: 50% e 13,2%
– 6-14a: 36,1%
– Gestantes: 28,0%

(Dutra-de-Oliveira et al, 1996; Lacerda, 2003; Lima et al, 2004; Matta, 2004; Souza et al, 2002)
Espectro da deficiência de ferro

1º estágio: depleção das reservas de ferro –


diminuição da ferritina sérica, saturação de transferrina e
concentração de hemoglobina normais.

2º estágio: deficiência de ferro sem anemia - falta de


ferro com mudanças bioquímicas – redução na saturação de
transferrina; concentração de hemoglobina normal.

3º estágio: anemia ferropriva – redução na síntese de


hemoglobina, com menor concentração e volume corpuscular
médio da hemácia (hipocrômicas e microcíticas), aumento da
protoporfirina eritrocitária livre .
Avaliação do Estado de Ferro
• Testes hematológicos
– Hemácias – concentração de hemoglobina (Hb),
hematócrito (Hct), volume corpuscular médio (VCM).
– Concentração de protoporfirina eritrocitária,
concentração de ferritina sérica, saturação de
transferrina.
Pontos de corte para anemia (WHO, 2001, MS 2006)

Idade Hb (g/dl) Hct Idade Hb (g/dl) Hct (%)


/ sexo (%) / sexo
RN 13,5 34,5 Mulheres 12,0 36,0
adultas

2 a 6m 9,5 28,5 Gestantes 11,0 -


(MS, 2006)
6m a 6a 11,0 33,0 1º T 11,0 33,0
(0 a 12s)
6 a 12a 11,5 34,5 2º T 10,5 31,5
(13 a 28s)
Homens 13,0 39,0 3º T 11,0 33,0
Adultos (29s ou +)
Volume Corpuscular Médio na gestação (VCM,
MS, 2006)

• VCM <85dl – microcítica


• VCM entre 85 e 95dl – normocítica
• VCM >95dl - macrocítica
Absorção de Ferro Dietético
• Ferro heme: estrutura do anel profirina da hemoglobina e
mioglobina – carnes e produtos à base de sangue.
Complexo ferro-porfirina, não sofre influência dos
componentes dietéticos. Taxa de absorção: 15 a 35%
• Ferro não-heme: alimentos de origem vegetal, ovos,
alimentos fortificados e representa a metade do conteúdo
de ferro das carnes. Taxa de absorção: 2 a 20%.
Absorção de Ferro Dietético

Absorção Absorção
 Ácido ascórbico  Fitatos (aveia, germe de trigo, lentilha)
 Proteínas animais e cisteína  Tanino (café – 35%, chá – 50%,
chocolate)
 Leite humano
 Polifenóis (espinafre, berinjela,
 Estados fisiológicos: gestação, lentilha)
crescimento  Cálcio (60%), proteínas do ovo e
 Vitamina A e caroteno leguminosas
 Motilidade intestinal aumentada
Anemia na Gestação
• Aspectos etiológicos
– Baixo consumo dietético
– Baixas reservas pré-concepcionais
– Aumento das necessidades de ferro
– Hemodiluição
– Fatores agravantes: DVA, infecções, parasitoses,
multiparidade, intervalo interpartal <24m, malária,
condições SE
Repercussões da Anemia
no Grupo Materno-Infantil

• Maternas
– Maior risco de morte materna
– Baixo peso ao nascer e parto prematuro
– Menor capacidade de trabalho
– Menor resistência à infecção
– Associação com intercorrências gestacionais
• No concepto, lactente e pré-escolar
– Menor reserva de ferro no lactente
– Menor resistência à infecção
– Comprometimento do desenvolvimento e da capacidade de aprendizagem
– Redução da atividade física e fadiga
Controle da Anemia na Gestação
• Desestimular o consumo de:
• Avaliação cuidadosa do
leite e derivados; aveia e
padrão alimentar e cereais integrais; mate; café;
orientação nutricional; chá e refrigerantes junto ao
• Estimular o consumo de: A e J;
carnes, vísceras, • Estimular o uso de alimentos
leguminosas, folhosos fortificados;
verde-escuro;
• Investigar e tratar infecções,
• Orientar o uso de frutas
parasitoses, picamalácia
ricas em vitamina C junto
ao A e J;
Controle da Anemia na Gestação
Suplementação (MS, 2006)

– Hemoglobina >11g/dl – ausência de anemia. Suplementação a


partir da 20ªs, 40mg/d de ferro e 5mg/d de ác. fólico.

– Hemoglobina <11g/dl e >8g/dl – anemia leve a moderada.


Solicitar parasitológico. Suplementação de 120mg a 240mg/d de
ferro, a partir da 20ªs e 5mg/d de ác. fólico. Repetir o exame em
60d.

– Hemoglobina <8g/dl – anemia grave. PN alto risco

Observações:
1. Sulfato ferroso: 1 comprimido = 200mg (40mg de ferro elementar)
2. Recomenda-se ingestão 1h antes da refeição.
Controle da Anemia na Gestação
Suplementação (MS, 2006)

• Repetir o exame em 60 dias


• Se níveis de Hg estiverem subindo, manter a
suplementação até Hg atingir 11g/dl, e manter
a dose de 1 comp/dia e repetir o exame em 30
dias.
• Em caso de níveis de hemoglobina
estacionários ou em queda – PN de alto risco.

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