Te ligo, ofegante em busca de algum prazer que me venha chamar de meu
bem. Inicio teu cio e me jogo em teus programas baratos a procura da expressão exata que me desmascara e sem modéstia transcende o tempo. Ok... Toco quente tua pele fria de letras e espaçamentos desdobrados, cobertos da poeira que a rotina do dia sopra. Em troca, pois quase sempre é o que há, você me dá um retalho de frases e palavras desconexas que me conectam ao que eu não sei de mim. Tudo o que há. Até aí tudo bem. Em tua pele preta vigoram vírgulas brancas, travessões... Pontos de interrogação, tatuados em uma fábrica qualquer, que, por algum motivo que desconheço, se encontram com minhas extremidades numa sede louca de procurar algum sentido. Danço meus dedos, sobre teu corpo, que me pedem mais um copo de lágrima nesta noite gélida, enquanto você me observa às cegas. Sem tomar partido, ri em silêncio. Começo a me desestabilizar. Tua derme é noite e eu me escrevo nela como dia sem sol. Falo sobre as perdas e é aí que eu te ganho. E quando você parece gostar de me ver aniquilado nos teus braços de números e acentos é que eu fico puto. Sem pedir minhas orgias digitais, violento teus sinais e num grito silencioso de prazer e dor aperto-te contra tua existência. E mais. E mais. Em estado sado, menos quero parar. Sento-te na cama, deito-te na cadeira, levanto tuas pernas rígidas e num Kamasutra sem fim, beijo tua boca seca. Me atiro em tua vulva sagrada. Mordo teu pau e você não respira. Esquenta a seco. Já nem ligo. Meto gostoso o meu verbo em tua tela até tua página pedir socorro e, por fim, a próxima, branca. Desvirgino-te em caixa alta e te negrito sem pudor. Gozo e ponto final.