Você está na página 1de 5

Manual de Laboratório – Física Experimental I- Hatsumi Mukai e Paulo R.G.

Fernandes

6
Capítulo

Pêndulo Simples
6.1 Introdução:

Um pêndulo simples se define como uma massa m suspensa por um fio


inextensível, de comprimento L com massa desprezível em relação ao valor de m.
Se a massa se desloca para uma posição θ (ângulo que o fio faz com a vertical,
que deve ser < 150) e então for abandonada (velocidade inicial zero), o pêndulo
começa a oscilar. O caminho percorrido pela massa suspensa é chamado de arco.
O período de oscilação que vamos chamar de T é o tempo necessário para a
massa passar duas vezes consecutivas pelo mesmo ponto, movendo-se na mesma
direção, isto é, o tempo que a massa leva para sair de um ponto e voltar ao mesmo
ponto percorrendo o mesmo arco. O pêndulo descreve uma trajetória circular, um
arco de circunferência de raio L.
Estudaremos o movimento do pêndulo segundo as direções radial e
tangencial. Na ausência de atritos, as forças que agem sobre a partícula de massa
m são apenas duas: Seu peso, mg , vertical para baixo e a ação do fio, a tração T,
de direção radial e sentido indicado na figura 6.1.

Figura 6.1 - As grandezas T , P, Px e Py são grandezas vetoriais.

40
Manual de Laboratório – Física Experimental I- Hatsumi Mukai e Paulo R.G. Fernandes

Na ilustração (Fig. 6.1), as componentes da força peso segundo as direções


radial e tangencial valem:
Direção radial : Py = mg cos θ .
Direção tangencial : Px = mg senθ .

Equação do movimento segundo a direção radial


A segunda lei de Newton permite escrever
ma y = T − mg cos θ , (6.1)
como a y = 0 , não há movimento nesta direção T = mg cos θ .

Equação do movimento segundo a direção tangencial


dv
A aceleração da partícula é ax = . Recordamos que, a componente
dt
tangencial da aceleração total descreve unicamente as variações do módulo da
velocidade da partícula, enquanto que a componente radial dá conta das
variações na direção da velocidade no decorrer do tempo. A segunda lei de
Newton permite escrever:
ma x = mg sen θ , (6.2)
lembrando sempre que as leis de Newton são aplicáveis em referenciais
inerciais.
Usando que: v = ω R , onde nesse caso R = L (comprimento do fio) e
derivando essa equação em relação ao tempo obtemos:
dω d 2θ
ax = R =L 2 ,
dt dt
e lembrando que, no caso do pêndulo, a força max é do tipo restauradora
escrevemos ma x = − mg sen θ que na forma diferencial fica:

d 2θ g
+ sen θ = 0 (6.3)
dt 2 L

Oscilações de pequena amplitude

Desenvolvendo o sen θ da eq. (6.3) em série de Taylor temos:


θ 3
θ 5
θ 7
sen θ = θ − + − + ........ (ângulo em radianos)
3! 5! 7!
Quando o ângulo de oscilação do pêndulo é pequeno ( θ < 15 ), temos que
0

sen θ ≈ θ . Dessa forma, o pêndulo descreverá oscilações harmônicas descritas


pela equação diferencial

41
Manual de Laboratório – Física Experimental I- Hatsumi Mukai e Paulo R.G. Fernandes

d 2θ g
+ θ = 0,
dt 2 L
g
cuja solução é : θ (t ) = θ 0 cos (ω t + φ ) com freqüência ω =
2
. Uma vez que a
L

freqüência angular é ω = , o período de oscilação do pêndulo será, portanto
T
L
T = 2π . (6.4)
g
No final do apêndice C, mostramos uma forma alternativa de obter a expressão
(6.4) através dos conceitos de torque e momento de inércia.

Glossário
Arco x
Ângulo = ⇒ θ (rad ) = (para ângulos pequenos)
Raio L
θ = ângulo de oscilação

ω= = velocidade angular ou freqüência angular
T
T = período de oscilação = tempo necessário para uma oscilação completa
1
v= = freqüência (expressa em Hz quando T é expresso em segundos)
T

6.2 Experimento: Pêndulo Simples

- Experimento 6.1:
Objetivos:

9 Obter experimentalmente a equação geral para o período de oscilação


de um pêndulo simples;

9 Determinar a aceleração da gravidade local;

9 Verificar a independência da massa no período.

Para isso iremos:

¾ Estudar o movimento de um pêndulo, verificando a relação entre o período


e o comprimento do fio;
¾ Observar a variação do período de oscilação de um pêndulo simples, em
função do ângulo θ (ângulo inicial de lançamento);
¾ Observar a relação entre o período e a massa pendular;
¾ Construção de gráficos a partir dos dados experimentais;

42
Manual de Laboratório – Física Experimental I- Hatsumi Mukai e Paulo R.G. Fernandes

¾ Interpretação física dos gráficos obtidos.

Materiais Utilizados:

• Massa pendular;
• Fio de suspensão;
• Cronômetro;
• Trena;
• Fita adesiva;
• Transferidor;
• Balança;
• Suporte na parede.

Procedimento:

1. Ajuste o comprimento do fio do pêndulo de modo que tenha


uma medida pré-determinada da ponta do fio ao centro de
massa da massa pendular;
2. Para a realização do experimento, desloca-se a massa
pendular da posição de equilíbrio, até um ângulo θ  ,
obedecendo a relação de que este ângulo não deve ser
maior do que 15º.
3. Após ter deslocado a massa e determinado uma posição
inicial de lançamento, solta-se a massa e marca-se o tempo
de 10 oscilações completas, repetindo esta operação 3
vezes para cada comprimento L do fio; Utilize 5 diferentes
comprimentos para L;
4. Marque na tabela 6.1 os valores de L e o respectivo período
médio, T para três valores de massa pendular (divida em
equipes, cada equipe faz com uma massa de valor
diferente, sendo que apenas um comprimento de fio fique
fixo entre todas as equipes);

M1 = g M2 = g M3 = g
L(cm) T(s) L(cm) T(s) L(cm) T(s)

100 100 100

Tabela 6.1 – Tabela de dados experimentais – Sugestão: cada equipe executa


o experimento com uma massa diferente e preenche-se a tabela.

43
Manual de Laboratório – Física Experimental I- Hatsumi Mukai e Paulo R.G. Fernandes

5. A partir da tabela acima, construa os gráficos T x L (período


em função do comprimento do fio), na mesma escala, para
três massas pendulares: M1, M2 e M3;
6. Linearize, se necessário, o gráfico T x L e determine a
constante física envolvida; Faça a linearização utilizando
papel milimetrado e também com o di-log;
7. Obtenha a equação analítica (via regressão linear) da reta
obtida na linearização e trace a reta ajustada;
8. Se desejar, confeccione os gráficos no computador,
utilizando o software Microsoft Origin (qualquer versão) e
compare com os gráficos confeccionados manualmente;
9. Compare a medida da aceleração gravitacional obtida
experimentalmente em sala de aula (aceleração
determinada pela equação do período utilizando os dados
experimentais) com o valor existente na literatura científica
(dada por: g = 9,8 m/s²) e determine o desvio percentual;
10. Discuta os desvios encontrados entre os valores de g (valor
obtido em sala de aula com o da literatura);
11. Comente sobre a variação do período com a massa
pendular. Há dependência? Justifique.

6.3 Bibliografia

[1] D. Halliday, R. Resnick , J. Walker – Fundamentos de Física – Vol.1, 3ª


Edição LTC Editora - (1998);
[2] H. M. Nussenzveig – Curso de Física Básica – 1 – Mecânica – 3a Edição –
Edgard Blücher Ltda – (1996);

44

Você também pode gostar