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CRIMES ELEITORAIS

• Importância do tema – necessidade de tipificação


de condutas diante da relevância da preservação da
democracia contra ataques que possam atingir e
abalar a legitimidade do processo eleitoral.

• Justiça Eleitoral no Brasil – controle da legalidade


das eleições - competência jurisdicional e
administrativa.

• Órgãos da Justiça Eleitoral.

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
ELEITORAL
• Compete à Justiça Eleitoral o controle
quanto à lisura e regularidade das eleições,
cabendo assim a esses órgãos especializados
preparar, dirigir, velar pela regularidade da
votação, declarar os vencedores, sendo
também de sua alçada o processo e
julgamento dos crimes que tenham
vinculação ao processo eleitoral.

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CARACTERÍSTICAS DA
JUSTIÇA ELEITORAL
- adoção do sistema jurisdicional
- justiça especializada
- estrutura piramidal e hierárquica
- inexistência de magistratura própria
- periodicidade de investidura dos juízes
- funcionamento permanente
- divisão territorial para fins eleitorais

*CRIMES ELEITORAIS

- Crime é todo fato humano, proibido por lei, ou


toda a ação ou omissão proibida pela lei, sob
ameaça de pena.
• Crimes eleitorais – sob o aspecto formal – são
aquelas condutas consideradas típicas pela
legislação eleitoral.
• Crimes eleitorais – sob o aspecto material – são
todas aquelas ações ou omissões humanas,
sancionadas penalmente, que atentem contra os
bens jurídicos expressos nos direitos políticos e
na legitimidade e regularidade dos pleitos
eleitorais.

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Previsão topológica dos crimes
eleitorais
• Código Eleitoral – arts. 289 a 354.
• Lei 6.091, de 15.08.74- que trata do fornecimento
gratuito de transporte, em dia de eleição, a
eleitores nas zonas rurais – art. 11.
• Lei n. 6.996, de 07.06.1982- processamento
eletrônico de dados – art. 15.
• Lei Complementar n. 64, de 18.05.1990 – Lei das
Inelegibilidades – art. 25.
• Lei n. 9.504, de 30.09.1997- Lei das Eleições –
art.33, par. 2o e 3o; art. 34, par. 2o; art. 39, par.
5o; art. 40; art. 72 e art. 91, par. único.

*CÓDIGO PENAL
• A parte geral do CP tem aplicação no que
concerne à temática dos crimes eleitorais, dado
conter normas basilares que informam todo o
sistema penal, além de assim também determinar o
art. 287 do CE e art. 12 do CP.
• Toda a disciplina pertinente a princípios e normas
gerais, aplicação da lei penal, crime, exclusão de
ilicitude, imputabilidade penal, concurso de
pessoas, aplicação da pena, extinção da
punibilidade, previstas no CP, têm incidência em
se tratando de crimes eleitorais.Incidência também
das disposições preliminares do CE, artigos 283 a
288.

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Natureza jurídica das normas
relativas a crimes eleitorais
• Art. 121 da CF- lei complementar disporá sobre a
organização e competência da justiça eleitoral –
CE tem essa natureza quando trata dessa matéria.
• Normas relativas a crimes eleitorais – natureza de
lei ordinária.
• Objetividade jurídica – proteção à liberdade e
legitimidade do sufrágio, exercício dos direitos
políticos.
• *Crimes eleitorais específicos ou puros e os
acidentais.
• Crimes conexos aos eleitorais – art. 76 do CPP –
intersubjetiva, objetiva e instrumental.

CONCEITO DE MEMBROS E
FUNCIONÁRIOS PARA EFEITOS
PENAIS NO CE
• O art. 283 do CE define para os efeitos
penais, quem são considerados membros e
funcionários da Justiça Eleitoral –
magistrados, cidadãos vinculados
temporariamente ou nomeados para as
mesas receptoras ou juntas apuradoras,
funcionários públicos e os requisitados,
inclusive aqueles que não percebem
remuneração.

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*Disposições gerais do CE

• Sempre que o CE não indicar o grau


mínimo, será de 15 dias para a pena de
detenção e de 1 ano para a de reclusão - art.
284 do CE.
• Quando a lei determinar a agravação ou
atenuação sem indicar o quantum, deverá
ser fixada entre 1/5 e 1/3, guardados os
limites da pena cominada ao crime – art.
285 CE.

DISPOSIÇÕES GERAIS DO CE
• A pena de multa será fixada em dias-multa, no
mínimo de 1 dia-multa e no máximo de 300, e o
montante, consideradas as condições pessoais e
econômicas do condenado, não pode ser inferior a
1/30 do salário mínimo o dia-multa , nem superior
ao valor de um salário mínimo. Pode ser
aumentada até o triplo, considerada a situação
econômica do condenado – art. 286 do CE.
• Nos crimes eleitorais por meio da imprensa, do
rádio ou da televisão, aplica-se somente o CE.

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PENAS - PRINCÍPIOS

• Caráter retributivo e preventivo


• Legalidade e anterioridade
• Culpabilidade
• Humanidade das sanções
• Personalidade das penas
• Individualização da pena – motivação e
proporcionalidade
• Insignificância

QUESTÕES

• Crime contra a honra praticado contra juiz


eleitoral, no exercício de suas funções, pode ser
considerado como crime eleitoral e classificado
como específico ou acidental e, ainda, qual o
órgão jurisdicional que detém competência para o
julgamento, nesse caso?
• Crimes culposos no âmbito eleitoral seriam de
relevância para garantia da lisura do processo
eleitoral?

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*CRIMES ELEITORAIS CONCERNENTES
À FORMAÇÃO DO CORPO ELEITORAL

• São condutas que atentam contra a lisura do


alistamento eleitoral, ou seja, afetam a
inscrição e ulterior inclusão dos eleitores no
registro próprio e podem consistir em
fraude e perturbação no alistamento ou em
violência, instigação e coação tendentes ao
desvirtuamento do cadastro de eleitores.
• Não há crimes culposos.

*INSCRIÇÃO FRAUDULENTA
DE ELEITOR
• Art. 289 do CE – Inscrever-se, fraudulentamente,
eleitor.
• Objetividade jurídica – preservação da
regularidade, da seriedade, da autenticidade do
registro dos eleitores
• Ação típica pressupõe a utilização de ardil,
artifício ou outro meio malicioso tendente a causar
o engodo, a mascarar a realidade, e assim permitir
a realização da inscrição de alguém que não
preenche os requisitos legais.

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*Alistamento
• Caracteriza-se como o conjunto de atos tendentes
a habilitar a pessoa ao exercício da cidadania,
constituindo-se em um processo, sendo que a
inscrição se apresenta como uma de suas fases.
• Tem início com a apresentação do requerimento e
se prolonga até a expedição do título de eleitor,
com a conseqüente inscrição do nome do cidadão
no rol dos eleitores – art. 42 a 61 do CE.
• Deve demonstrar a nacionalidade, idade, domicílio
eleitoral.* A transferência fraudulenta do título de
eleitor também caracteriza o delito do art. 289 do
CE.

*CONSUMAÇÃO DO CRIME
DO ART. 289 CE
• Consuma-se o delito independentemente de estar
completo o alistamento, bastando a apresentação
do requerimento e documentos eivados de fraude,
visando a obtenção da inscrição.
• Crime formal, que independe do resultado, não há
necessidade que o agente consiga votar ou ser
votado, basta a ação tendente à inscrição
fraudulenta.
• QUESTÃO – O indeferimento da inscrição
interromperia a conduta delituosa, evitando, assim,
a consumação do delito. A tentativa é possível?

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*Elemento subjetivo do tipo
descrito no art. 289 do CE
• Dolo genérico – vontade livre e consciente de
inscrever-se mediante o emprego de meios
astuciosos e fraudulentos. Não se exige fim
especial de agir. Pena de até cinco anos de
reclusão e pagamento de 5 a 15 dias-multa.
• A figura típica do art. 289 não se confunde com a
do art. 350 do CE, que se caracteriza pela conduta
de omitir, em documento público ou particular,
declaração que dele devia constar, ou faz nele
inserir declaração falsa ou diversa daquela que
devia constar. Pode a conduta do art. 350
constituir meio para realização do tipo do art.289.

*INDUZIMENTO À INSCRIÇÃO DE ELEITOR


EM INFRAÇÃO ÀS NORMAS LEGAIS

• Art. 290 – induzir alguém a se inscrever eleitor


com infração de qualquer dispositivo deste
Código.
• Ação típica consiste em instigar, sugerir, incitar,
persuadir alguém a se inscrever eleitor, mediante a
prática de atos violadores à legislação eleitoral.
• Dois elementos do crime – induzimento – violação
às normas eleitorais.

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*CONSUMAÇÃO – ART. 290
• Consumação – no momento em que a pessoa, por
ter sido convencida pelo agente do crime, conclui
no sentido de realizar a sua inscrição como eleitor
violando a legislação eleitoral. O auxílio, a
assistência material, o transporte da pessoa, não
caracterizam o delito. Delito que independe do
oferecimento de vantagem.
• Crime formal, não é necessário a obtenção da
inscrição.
• Não admite tentativa. Pena de até 2 anos de
reclusão e pagamento de 15 a 30 dias-multa.

INSCRIÇÃO FRAUDULENTA
EFETIVADA PELO JUIZ
• Art. 291 do CE – Efetuar o juiz, fraudulentamente,
a inscrição do alistando.
• Trata-se de crime próprio – o sujeito ativo
somente pode ser o juiz eleitoral ou aquele juiz
designado para exercer algumas funções eleitorais,
de 1º grau ou de instância superior. Comporta co-
autoria.
• Crime formal, consumação se dá independente do
resultado, com a ação de deferir a inscrição com
fraude, mesmo que essa ordem não venha a ser
cumprida.

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*Art. 291 do CE
• Tentativa possível, desde que iniciada a atuação
fraudulenta do juiz no sentido de admitir a
inscrição do alistando, venha a conduta a ser
interrompida. Deferida a inscrição, não há mais
falar em tentativa, mesmo que não tenha sido
expedido o título eleitoral.
• Dolo genérico, não se exige fim especial de agir.
• Pena de até cinco anos de reclusão e pagamento de
5 a 15 dias-multa.

*NEGATIVA OU RETARDAMENTO DE
INSCRIÇÃO ELEITORAL
• Art. 292 do CE – negar ou retardar a autoridade
judiciária, sem fundamento legal, a inscrição
requerida. Rito do alistamento – art. 45 CE.
• Crime próprio – sujeito ativo autoridade judiciária
de 1º grau ou de instância superior. TRE – 5 dias
para apreciar recursos.
• Crime ocorre na segunda fase do alistamento, que
se segue à inscrição.
• Retardar significa atrasar, delongar o exame.
Negar consiste em indeferir a inscrição, quando
presentes os requisitos legais.

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*CONSUMAÇÃO – ART. 292
DO CE
• Consumação ocorre no momento em que o juiz
eleitoral nega ou retarda a inscrição, sem base
legal e de forma dolosa.
• Trata-se de crime formal, independe de resultado
material.
• Tentativa não é possível.
• Dolo genérico, não há necessidade de fim especial
de agir.Não é punido a título de culpa.
• Pena – pagamento de 30 a 60 dias-multa.

*PERTURBAÇÃO OU IMPEDIMENTO DO
ALISTAMENTO
• Art. 293 do CE – perturbar ou impedir de qualquer
forma o alistamento.
• Alistamento caracteriza-se como conjunto de atos
e compõe-se, basicamente, de duas fases, uma
onde há a formulação e entrega do requerimento
com os documentos necessários, e outra, onde,
após o exame e diligência necessárias, dá-se o
deferimento ou não do pedido. O crime pode
ocorrer em qualquer uma dessas fases.

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*CONSUMAÇÃO – ART. 293
• A conduta de impedir se revela em obstar,
inviabilizar a inclusão do nome de determinada
pessoa no registro eleitoral e deve atingir alguém
que detenha condições legais para obtenção do
título. Perturbar traduz embaraços, dificuldades.
• O impedimento ou perturbação pode atingir
diretamente o alistando ou os membros e
funcionários da Justiça Eleitoral encarregados
desse mister. Consuma-se com a prática dos atos
de impedir ou perturbar. É possível a tentativa.

*Art. 293 do CE
• Dolo genérico – não há necessidade de o
agente visar a obtenção de benefício próprio
ou de terceiro. Basta a vontade deliberada
de praticar atos que provoquem o
impedimento ou a perturbação do
alistamento.
• Pena – detenção de 15 dias a 6 meses ou
pagamento de 30 a 60 dias-multa.

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*RETENÇÃO DE TÍTULO ELEITORAL
OU DO COMPROVANTE DE
ALISTAMENTO
• Art. 91, parágrafo único, da Lei n.9.504,de 1997 –
retenção de título eleitoral ou do comprovante de
alistamento.
• Tipo penal não exige que o ato se dê contra a
vontade do eleitor. Basta a não entrega de tais
documentos ao alistando ou ao eleitor, sem motivo
legal, para que se dê a consumação do crime.
• Trata-se de crime próprio, sujeito ativo somente
podem ser os servidores responsáveis pela entrega
do comprovante do alistamento ou do título de
eleitor. Dolo genérico. Pena- detenção 1 a 3
meses.

*RETENÇÃO DO TÍTULO ELEITORAL


CONTRA A VONTADE DO ELEITOR

• Art. 295 do CE – reter título eleitoral contra a


vontade do eleitor.
• Não há necessidade que resulte no impedimento
do exercício do direito de voto. Violação à
liberdade do eleitor de portar o documento.Crime
que independe do resultado.
• Consumação – a partir do momento em que
pretenda o eleitor reaver o seu título e não obtenha
a restituição. Delito que se protrai no tempo.
• Tentativa de difícil configuração. Dolo genérico.
• Pena de detenção de 15 dias a 2 meses ou
pagamento de 30 a 60 dias-multa.

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*CRIMES RELATIVOS A
PARTIDOS POLÍTICOS
• Partidos políticos – pessoas jurídicas de direito
privado, adquirem personalidade jurídica na forma
da lei civil, sendo que somente após o registro de
seus atos constitutivos no Cartório de Títulos e
Documentos, deverão ser registrados no TSE.
• Registro na Justiça Eleitoral – finalidade de
permitir controle de ordem subjetiva, quantitativa,
qualitativa e financeira sobre essas entidades.
• Partidos políticos exercem atos por delegação da
autoridade pública, ninguém pode ser votado ou
exercer o direito de elegibilidade se não estiver
inscrito em um partido político.

*OBJETIVIDADE JURÍDICA
• Os crimes eleitorais concernentes aos partidos
políticos visam resguardar, justamente, a
autenticidade, a legitimidade da formação desses
entes, bem como o seu regular desenvolvimento, o
exercício de suas funções, posto que é partir
desses entes que surgirão as candidaturas, além de
que através deles são defendidas ideologias.
• Lacunosa é a legislação quanto aos ilícitos
perpetrados por dirigentes e filiados a partidos
políticos quando da utilização de valores e
subvenções para o custeio das campanhas
eleitorais. Nessa seara são perpetradas fraudes.

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NECESSIDADE DE NOVOS
TIPOS PENAIS
• Várias condutas, tais como aquelas relativas à
efetivação de doações de valor superior ao
permitido, bem como a de aplicação de valores
não declarados devidamente à Justiça Eleitoral, de
realização de gastos além daqueles estabelecidos
para a campanha eleitoral e, ainda, desvios de
valores, apropriação ou dispersão de fundos para
fins distintos dos contemplados na lei, deveriam
ser tipificados.
• Modelo espanhol poderia ser adotado – Lei
9.100/95 contemplava alguns tipos penais nessa
seara – devem retornar à legislação eleitoral.

SUBSCRIÇÃO DE MAIS DE UMA


FICHA DE REGISTRO DE PARTIDO
• Art. 319 do CE – subscrever o eleitor mais de uma
ficha de registro de um ou mais partidos.
• Conduta delituosa se revela pelo ato de assinar a
ficha de registro de um ou mais partidos, não
sendo necessário tenha sido admitido o respectivo
registro, nem tampouco tenha sido levado à Justiça
Eleitoral para os fins próprios. Tentativa possível.
• Crime de perigo. Pena de detenção de 15 dias a 1
mês ou pagamento de 10 a 30 dias multa.

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INSCRIÇÃO SIMULTÂNEA EM
DOIS OU MAIS PARTIDOS
• Art. 320 do CE – inscrever-se o eleitor,
simultaneamente, em dois ou mais partidos.
• Cada eleitor deve contar com uma única
inscrição a partido político, posto que da
filiação decorre a adesão ao programa
defendido pela entidade e também direitos
consignados nos estatutos, inclusive a
apresentação de candidatura.

DESFILIAÇÃO PARTIDÁRIA
• Não pode o eleitor possuir, ao mesmo tempo,
inscrição em mais de um partido político, sendo a
ele facultado desligar-se do partido, na forma do
art. 21 da Lei n. 9.096/95, mediante comunicação
escrita ao órgão de direção municipal e ao Juiz
Eleitoral da Zona em que for inscrito.
• Assim deverá agir até o dia imediato ao da nova
filiação, sob pena de restar caracterizada a
duplicidade de filiações, a determinar a nulidade
de ambas, bem como o delito do art. 320 do CE.

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ART. 320 DO CE
• Dolo genérico – não há necessidade de fim
específico.
• Consumação – momento da duplicidade de
inscrições, vencido o prazo de desfiliação
do partido anterior.
• Tentativa de difícil configuração.
• Pena – 10 a 20 dias multa.

COLETA DE ASSINATURA EM
MAIS DE UMA FICHA DE
REGISTRO DE PARTIDO
• Art. 321 do CE – coletar assinatura de
eleitor em mais de uma ficha de registro de
partido político.
• Trata-se não da ação ilícita do eleitor de
subscrever mais de uma ficha de registro de
partido, mas da ação daquele que colhe a
assinatura do eleitor em mais de um
documento de registro.

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ART. 321 DO CE
• Elemento subjetivo – dolo genérico-
• Consumação – momento em que são colhidas as
assinaturas do eleitor em mais de uma ficha de
registro.
• Tentativa possível.
• Trata-se de crime de perigo, irrelevante tenha
ocorrido prejuízo efetivo à formação do partido.
• Pena – detenção de 15 dias a 2 meses ou
pagamento de 20 a 40 dias-multa.

NÃO CONCESSÃO DE
PRIORIDADE POSTAL
• Art. 239 do CE – garante prioridade postal aos
partidos políticos, durante os 60 dias anteriores à
realização das eleições, para remessa de
propaganda de seus candidatos registrados.
• Sendo negada ou restringida essa prioridade,
mediante ação de funcionário da empresa
encarregada de assim proceder, caracterizado está
o delito.
• Trata-se de crime próprio – somente pode ser
cometido por funcionário encarregado de remeter,
despachar o material de propaganda.

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Art. 239 do CE
• Consumação – momento em que o funcionário
deixa de assegurar prioridade postal à remessa do
material de propaganda – conduta omissiva.
• Objetividade jurídica – assegurar recepção do
material pelo seu destinatário em tempo hábil.
• Dolo genérico-
• Tentativa inadmissível, início da ação omissiva já
resulta na consumação do crime.
• Pena – pagamento de 30 a 60 dias multa.

UTILIZAÇÃO DE PRÉDIOS OU
SERVIÇOS DE REPARTIÇÕES PÚBLICAS
• Art. 346 do CE – utilizar serviço de qualquer
repartição federal, estadual, municipal, autárquica,
fundacional, de sociedade de economia mista, de
entidade mantida ou subvencionado pelo Poder
Público, ou que realiza contrato com este,
inclusive o respectivo prédio e suas dependências,
para beneficiar partido ou organização de caráter
político.
• A estrutura administrativa, os órgãos, o patrimônio
dos entes públicos não podem ser desviados de
suas finalidades precípuas para favorecer partido
político ou organização política.

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ART. 346 DO CE
• Bem jurídico tutelado – moralidade
administrativa.
• Sujeito ativo pode ser a autoridade responsável
pelos entes e órgãos indicados no tipo, bem como
os servidores que prestarem serviços e os
candidatos, membros ou diretores de partido que
derem causa à infração penal, seja na condição de
autor, co-autores ou partícipes.
• Ação não precisa causar prejuízo econômico ou
financeiro ao ente público.

ART. 346 DO CE
• Indispensável para a integração do tipo, que algum
partido ou organização política tenha obtido
benefício com a utilização do serviço ou bem.
• Benefício pode ser material ou moral, dotado de
expressão econômica ou aferível em termos de
prestígio.Consumação ocorre no momento em que
se dá o benefício, mediante a ação comissiva ou
omissiva. Tentativa possível.
• Dolo específico – fim especial de favorecer, de
beneficiar partido político ou organização política.
• Pena – detenção de 15 dias a 6 meses e pagamento
de 30 a 60 dias-multa.

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INELEGIBILIDADES
• Um dos direitos políticos de maior relevo é o de
ser votado e decorre da presença de determinados
pressupostos constitucionais e legais.
• São condições de elegibilidade – nacionalidade
brasileira, pleno exercício dos direitos políticos,
alistamento eleitoral, domicílio eleitoral na
circunscrição, filiação partidária, idade mínima,
alfabetização.
• Nacionalidade – brasileiros natos, art. 12, I, CF
• Naturalizados – art. 12, II, da CF
I

EXERCÍCIO DOS DIREITOS


POLÍTICOS
• Estarão presentes se não caracterizadas as
hipóteses de perda ou suspensão dos direitos
políticos.
• A supressão dos direitos políticos poderá decorrer
da:
• - perda da nacionalidade brasileira (cancelamento
da naturalização) – art. 15, I, e 14, par. 4o, I, CF.
• - aquisição de outra nacionalidade, salvo os casos
do artigo 12, par. 4o, II, CF.

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SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO
DOS DIREITOS POLÍTICOS
• São casos de suspensão dos direitos políticos:
• - incapacidade civil absoluta enquanto perdurar
essa situação - art. 15, II, da CF.
• - condenação criminal transitada em julgado,
enquanto durarem seus efeitos – art. 15, III, da CF.
• - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prestação alternativa – art. 15, IV, da CF.
• - improbidade administrativa – art. 15, V, da CF.

OUTRAS CONDIÇÕES DE
ELEGIBILIDADE
• ALISTAMENTO ELEITORAL – deve estar inscrito como
eleitor na circunscrição em que irá disputar a eleição – art.
14, par. 3o, III, da CF.
• DOMICÍLIO ELEITORAL - CIRCUNSCRIÇÃO onde
pretende disputar a eleição, art. 14, par. 3o, IV, da CF.
• FILIAÇÃO PARTIDÁRIA art. 14, par. 3o, V, da CF.
• IDADE MÍNIMA - art. 14, par. 3o, VI, da CF.
• ALFABETIZAÇÃO - art. 14, par. 4o, da CF.
• CAUSAS DE INELEGIBILIDADES – art. 14, par. 7o, 8o
e 9o, da CF e Lei Complementar n. 64|90.

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ARGUIÇÃO DE INELEGIBILIDADE
TEMERÁRIA OU DE MÁ-FÉ
• Art. 25 da LC 64/90 - constitui crime eleitoral a
argüição de inelegibilidade ou a impugnação de
registro de candidato feito por interferência do
poder econômico, desvio ou abuso do poder de
autoridade, deduzida de forma temerária ou de
manifesta má-fé.
• Publicado o pedido de registro de candidatura,
pode ser apresentada impugnação, no prazo de 5
dias, com base na falta de condições de
elegibilidade ou na presença de causas de
inelegibilidade e, ainda, no não cumprimento dos
prazos de desincompatibilização.

ART. 25 DA LC 64/90
• A argüição realizada sem substrato fático e legal,
temerária, eivada de má-fé, constitui crime, em
face dos danos ao processo eleitoral.
• Objetividade jurídica – tutelar o direito de ser
votado e resguardar o processo eleitoral.
• Na 1ª hipótese contemplada na norma a argüição
decorre da influência do poder econômico visando
afastar da disputa o candidato; na 2ª decorre da
influência indevida do poder de autoridade
(prestígio funcional); na 3ª o agente não adota as

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Art 25 da LC 64/90
• cautelas necessárias para certificar-se da existência
das causas de inelegibilidade e, impetuosamente,
formula a argüição; e, na última, age de má-fé,
sabendo da insubsistência ou inexistência das
causas alegadas na argüição de inelegibilidade.
• Elemento subjetivo – tanto dolo direto como o
eventual ( argüição temerária) – agente tem
consciência acerca do risco de produzir o
resultado.

Art.25 da LC 64/90
• Consumação do crime – momento em que é
apresentada a argüição perante a JE – não
depende do julgamento da argüição, se
acolhida, não há falar em crime.
• Tentativa possível – Pena 6 meses a 2 anos
de detenção e multa.

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*CRIMES CONCERNENTES À
PROPAGANDA ELEITORAL
• Propaganda eleitoral tem a finalidade de realizar a
divulgação do pensamento dentro de padrões
éticos e construtivos, de forma a possibilitar que
os eleitores conheçam os programas, idéias e
propostas de partidos e candidatos.
• Não pode a propaganda ser destrutiva,
devastadora, enganosa, difamatória, injuriosa ou
caluniosa.
• Objetividade jurídica – tutela a veracidade e
autenticidade da propaganda eleitoral.

CONCEITO DE
PROPAGANDA ELEITORAL
• Caracteriza-se pela utilização de métodos e
instrumentos tendentes a persuadir o eleitor a
deliberar em favor de determinados candidatos ou
partidos.
• É um direito dos candidatos e partidos.
• Deve observar os princípios da paz social, da
dignidade da pessoa humana, não pode incitar
guerra ou processo violentos, nem atentar contra a
ordem política e social ou levar a preconceitos de
raça ou de classes, além de que deve ser realizada
de forma igualitária.

26
ESPÉCIES DE PROPAGANDA
ELEITORAL
• PARTIDÁRIA – levada a efeito pelos partidos
políticos e visa difundir os programas partidários,
transmitir mensagens aos filiados, além de
propostas em relação a temas político-
comunitários.Não pode servir para pré-candidatos
anteciparem suas campanhas eleitorais.
• Propaganda pré-eleitoral ou intrapartidária–
utilizada pelo postulante de candidatura a cargo
eletivo, com vista à escolha de seu nome pelo
partido. É facultada na quinzena que antecede a
convenção do partido. Não podem ser usados o
rádio e a televisão, nem ser dirigida ao eleitorado.

PROPAGANDA ELEITORAL
• Propaganda eleitoral stricto sensu – destinada a
persuadir os eleitores a escolherem determinados
candidatos ou partidos nas eleições que serão
realizadas. É permitida após o dia 5 de julho do
ano da eleição – pode assumir variadas formas –
comícios, alto-falantes, folhetos,volantes, placas,
faixas, imprensa, rádio e televisão (45 dias
anteriores à antevéspera das eleições)
• Descriminalização – art. 322,328,329 e 333 CE.

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DIVULGAÇÃO DE FATOS INVERÍDICOS
NA PROPAGANDA ELEITORAL
• Art. 323 do CE – divulgar, na propaganda, fatos
que sabe inverídicos, em relação a partidos ou
candidatos e capazes de exercerem influência
perante o eleitorado. Tutela dos eleitores contra
métodos falsos de induzimento e persuasão.
• Basta o perigo de dano para a configuração do
crime, ou seja, a potencialidade lesiva da
divulgação do fato inverídico na propaganda
eleitoral, não sendo necessário o dano efetivo.
• Os candidatos e partidos não têm o direito de
divulgar fatos inverídicos, seja a seu respeito, seja
a respeito de adversários.

ART. 323 DO CE
• Elementos constitutivos do tipo
• divulgação de fatos inverídicos -
• na propaganda eleitoral (partidária, intrapartidária
ou stricto sensu) -
• aptidão de causar influência no eleitorado, seja de
ordem positiva ou negativa em relação a candidato
ou partido.
• Consumação pode ocorrer não só no período da
campanha eleitoral, mas também antes.

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Art. 323 do CE
• Dolo específico - agente movido pela vontade de
divulgar fatos inverídicos na propaganda eleitoral
para influir no espírito do eleitorado.
• Consumação – no momento em que se dá a
divulgação.Tentativa possível.
• Pena – 2 meses a um ano de detenção ou
pagamento de 120 a 150 dias-multa. Se cometido
pela imprensa, rádio ou televisão, a pena é
agravada de 1/5 a 1/3, art. 285 do CE.

CALÚNIA NA PROPAGANDA
ELEITORAL
• Art. 324 do CE – caluniar alguém, na propaganda
eleitoral, ou visando fins de propaganda,
imputando-lhe falsamente fato definido como
crime.
• Trata-se de crime contra a honra praticado durante
a propaganda eleitoral com a intenção de
influenciar, de incutir no espírito do eleitorado
uma impressão negativa.
• Atinge a honra objetiva, a reputação da pessoa no
meio social em que vive, o conceito que goza
perante terceiros.

29
ART. 324 DO CE
• Elementos constitutivos do crime – falsidade da
imputação – que ocorre não só quando o fato não
é verdadeiro, como também, quando verdadeiro, é
inocente a pessoa acusada - cabe a exceção da
verdade.
• Imputação falsa relativa a crime.
• Ação típica pode ocorrer tanto pela linguagem
escrita, falada ou através de símbolos, figuras,
montagens.
• Consumação – no momento em que a imputação
falsa é conhecida por pessoa diversa daquela que a
realizou. Possível a tentativa.

ART. 324 DO CE
• Meras críticas não caracterizam o crime de
calúnia. A imputação falsa deve consistir em fato
determinado, individualizado, preciso, alusões
genéricas não caracterizam esse delito, mas sim
injúria.
• Dolo direto e eventual - consciência absoluta da
falsidade ou, pelo menos, a dúvida, com o fim de
atingir a honra alheia durante a propaganda
eleitoral.
• Incide no crime, não só quem tem a iniciativa de
caluniar, mas também quem propala ou divulga o
fato, sabendo da falsidade.

30
ART. 324 DO CE
• Provada a veracidade, afastada está a ilicitude da
conduta. Exceção da verdade é possível afora os
casos previstos no art. 324, par. 2o, do CE:
• fato imputado - crime de ação privada – ofendido
não condenado com trânsito em julgado.
• imputação ao Presidente da República ou Chefe de
governo estrangeiro.
• crime imputado de ação pública, ofendido
absolvido com trânsito em julgado.
• Pena – detenção de 6 meses a 2 anos e pagamento
de 10 a 40 dias-multa.

DIFAMAÇÃO NA
PROPAGANDA ELEITORAL
• Art. 325 – difamar alguém, na propaganda
eleitoral, ou visando a fins de propaganda,
imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação.
• Consiste na imputação de fato que, embora sem
estar dotado de caráter criminoso, incide na
reprovação ético-social, sendo, portanto, ofensivo
à reputação da pessoa a quem se atribui.
• Trata-se de conduta que ofende a honra objetiva,
ou seja, a reputação, boa fama, valor social que
detém no meio, por isso só se consuma ao chegar
ao conhecimento de terceiro.

31
Art. 325 do CE
• Não importa se o fato imputado corresponde ou
não à realidade, se é falso ou verdadeiro, mas deve
ser apto a causar repercussão no meio social,
abalando o conceito de que goza a pessoa.
• A norma visa coibir atitude daqueles que se
arvoram em censores.
• Deve ser concernente a fato determinado – alusões
genéricas podem caracterizar outro crime, o de
injúria. Meras críticas não caracterizam o crime.
• Condição de candidato da vítima não é
indispensável.

ART. 325 DO CE
• Elemento subjetivo – dolo específico, deve ter por
fim depreciar o valor que detém a vítima no meio
social.
• Consumação no momento em que a imputação
difamatória é feita na propaganda, ou com fins de
propaganda, e chega ao conhecimento de terceiro.
• Exceção da verdade somente admitida se o
ofendido é funcionário público e a ofensa é
relativa ao exercício de suas funções.(ex. delegado
candidato – fato relativo ao exercício funcional)
• Pena – de 3 meses a um ano de detenção e
pagamento de 5 a 30 dias-multa.

32
INJÚRIA NA PROPAGANDA
ELEITORAL
• Art. 326 – injuriar alguém, na propaganda
eleitoral, ou visando fins de propaganda,
ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro.
• Ofensa à honra subjetiva da vítima – ao
sentimento de cada um possui no que concerne à
própria honorabilidade e respeitabilidade.
• Pode ser veiculada de várias formas – palavra oral
e escrita, símbolos, gestos, e não precisa ser
dirigida somente contra candidato ou eleitor, mas
deve ocorrer na propaganda eleitoral, ou com fins
de propaganda.

ART. 326 DO CE
• Elemento subjetivo – dolo específico
• Consumação – momento em que a vítima toma
conhecimento da injúria, não há necessidade de
que terceiros tomem ciência.Tentativa possível.
• Pena 15 dias a 6 meses de detenção ou pagamento
de 30 a 60 dias-multa.Pena pode deixar de ser
aplicada em caso de provocação ou de retorsão
imediata, que consista em outra injúria, art. 326,
par. 1º, do CE.
• Pena de 3 meses a 1 ano e pagamento de 5 a 20
dias-multa, além das penas correspondentes à
violência, se a injúria consiste em violência ou
vias de fato. – art. 326, par. 2o, do CE.

33
INUTILIZAÇÃO, ALTERAÇÃO
OU PERTURBAÇÃO DE
PROPAGANDA
• Art. 331 do CE – inutilizar, alterar ou perturbar
meio de propaganda devidamente empregado –
• Tutela conferida ao livre exercício da propaganda
eleitoral - proteção ao direito à propaganda
eleitoral levada a efeito através de meios e modos
legítimos, lícitos, realizada dentro dos ditames
legais, no tempo e modo devidos.
• Inutilizar – destruir, tornar sem efeito propaganda
eleitoral regularmente realizada.
• Alterar – modificar, dar um novo sentido –
• Perturbar- colocar empecilhos, dificultar -

ART. 331 DO CE
• Elemento subjetivo – dolo genérico –
vontade deliberada e consciente de impedir
o exercício regular do direito à propaganda,
em qualquer de suas modalidades.
• Censura prévia constitui cerceamento
abusivo da propaganda eleitoral.
• Pena – detenção de 15 dias a 6 meses e
pagamento de 30 a 60 dias –multa.

34
REALIZAÇÃO DE
PROPAGANDA ELEITORAL NO
DIA DA ELEIÇÃO
• Art. 39, par. 5o, I, II e III, da Lei 9.504/97,com a
redação dada pela Lei n.11.300/2006 –É crime
• usar alto-falantes e amplificadores de som ou a
promoção de comício ou carreata, no dia da
eleição;
• a arregimentação de eleitor ou a propaganda de
boca de urna, no dia da eleição;
• a divulgação de qualquer espécie de propaganda
de partidos políticos ou de seus candidatos,
mediante publicações, cartazes, camisas, bonés,
broches ou dísticos em vestuário, no dia da
eleição.

REALIZAÇÃO DE PROPAGANDA
ELEITORAL NO DIA DA ELEIÇÃO

• Tutela a liberdade do eleitor de votar sem


sofrer qualquer constrangimento, daí ser
vedada a propaganda eleitoral no dia da
eleição.
• Proibido está o aliciamento de eleitores no
dia da eleição, bem como a divulgação de
qualquer espécie de propaganda.

35
ART. 39, PAR. 5o, I,II E III DA
LEI 9.504/97
• Não pode ser realizada a chamada “boca de urna”,
que se revela pela distribuição de impressos,
volantes aos eleitores, no dia da eleição, ou, ainda,
o comportamento de aliciar, de tentar persuadir o
eleitor a votar em determinado candidato ou
partido.
• Essas práticas são vedadas não somente nas
proximidades das seções eleitorais, mas em
qualquer lugar, na data da eleição.
• Crime somente pode ser cometido durante o
horário da eleição ou quando os eleitores estão se
dirigindo ao local de votação.

ART. 39, PAR. 5o, I, II e III, DA LEI


9.504/97
• Elemento subjetivo – dolo específico – vontade
consciente e deliberada de realizar a propaganda
vedada com o fim de influir na vontade do eleitor.
Atirar panfletos na rua ou mesmo espalhar
propaganda eleitoral durante a madrugada,
enquanto os eleitores dormem e as secções
eleitorais estão fechadas, não configura o delito.
• Consumação - no momento em que se dá a
propaganda irregular no dia da eleição,
independentemente do resultado, mesmo que não
convença o eleitor ou não aceite a propaganda.
• Pena – 6 meses a 1 ano, pena alternativa prestação
de serviços e multa.

36
UTILIZAÇÃO DE ORGANIZAÇÃO
COMERCIAL PARA PROPAGANDA
OU ALICIAMENTO DE ELEITORES
• A propaganda deve ser realizada sob a
responsabilidade dos partidos e candidatos e por
eles paga. Não pode ser efetivada mediante a
utilização ou interposição de empresas privadas,
daí o art. 334 do CE considerar crime a conduta de
utilizar organização comercial de vendas,
distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios
para propaganda ou aliciamento de eleitores.
• Tutela a realização da propaganda dentro de
padrões igualitários, coibindo o abuso do poder
econômico, a utilização de empresas com
finalidade de influenciar o eleitorado.

ART. 334 DO CE
• Organização comercial – não só aquela que realiza
a compra e venda de produtos, mas toda aquela
que desenvolve atividade lucrativa e vem a levar e
efeito propaganda, mediante a utilização da
distribuição de mercadorias, prêmios ou sorteios.
• Ex. emissora de rádio - prêmios a ouvintes –
perguntas vinculando a algum candidato – entrega
de bens em bairros por empresa comercial.
• Art. 334 encerra quatro tipos penais:

37
ART. 334 DO CE
• a)valer-se de organização comercial de vendas;
• b) distribuir mercadorias;
• c) distribuir prêmios;
• d) proceder a sorteios.
• Os três últimos não envolvem necessariamente
organização comercial de vendas, podendo
resultar de atividade desenvolvida por qualquer
pessoa jurídica ou natural.
• Se a distribuição tiver sentido de contrapartida –
voto - crime é de corrupção eleitoral.

ART. 334 DO CE
• Art. 334 – trata-se de um mimo – visando
convencer o eleitor .
• Elemento subjetivo – dolo específico – realizar a
distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios
para fins de propaganda ou aliciamento de
eleitores.
• Consumação – momento em que as condutas são
realizadas – tentativa possível.
• Pena – 6 meses a 1 ano de detenção e cassação do
registro se o responsável for candidato.

38
UTILIZAÇÃO DE SÍMBOLOS, FRASES
OU IMAGENS DE ENTES PÚBLICOS NA
PROPAGANDA ELEITORAL
• Art. 40 da Lei 9.504/97 – usar na propaganda
eleitoral, símbolos, frases ou imagens, associadas
ou semelhantes às empregadas por órgão de
governo, empresa pública ou sociedade de
economia mista.
• Visa afastar a influência, que poderia exercer no
eleitorado, a vinculação a determinado candidato
ou partido, de símbolos, frases ou imagens
utilizadas por entes públicos ou empresas da
administração indireta.

ART. 40 DA LEI 9.504/97


• Elemento subjetivo – dolo
• Consumação – momento em que é feito o
uso indevido, na propaganda eleitoral,
dessas insígnias, imagens ou frases.
• Tentativa possível.
• Pena – 6 meses a 1 ano de detenção, com
alternativa de prestação de serviços à
comunidade e multa.

39
REALIZAÇÃO DE PROPAGANDA
ELEITORAL EM LÍNGUA
ESTRANGEIRA
• Art. 335 do CE – fazer propaganda, qualquer que
seja a sua forma, em língua estrangeira.
• A língua nacional é o português, art. 13 da CF,
pelo que a utilização de qualquer outro idioma na
propaganda eleitoral é crime.
• Protege a soberania nacional, a independência
nacional – a língua é uma das expressões de
soberania e espírito nacionalista de um povo. Visa
evitar ingerência alienígena.
• Campanha é disputa de brasileiros, natos e
naturalizados

ART.335 DO CE
• Elemento subjetivo – dolo genérico – não há
necessidade de o agente visar fim específico.
• Consumação – momento em que se dá utilização
indevida do idioma estrangeiro na propaganda
eleitoral. Tentativa possível.
• Materialidade pode estar expressa em papéis e
objetos – apreensão – perdimento no caso de
condenação – art. 335 do CE e 91, II, a, do CP.
• Pena – 3 a 6 meses de detenção e pagamento de 30
a 60 dias-multa, além da apreensão e perda do
material utilizado na propaganda.

40
PARTICIPAÇÃO DE PESSOA NÃO DETENTORA DE
DIREITOS POLÍTOS NA PROPAGANDA ELEITORAL
OU EM ATIVIDADES PARTIDÁRIAS
• Art. 337 do CE – participar o estrangeiro ou
brasileiro que não estiver no gozo dos seus direitos
políticos de atividades partidárias, inclusive
comícios e atos de propaganda em recintos
fechados ou abertos.
• Responsável pelas emissoras de rádio ou televisão
que autorizar transmissões de que participem
pessoas não detentoras de direitos políticos, bem
como o diretor de jornal que lhes divulgar os
pronunciamentos, incorrerão nas mesmas penas.
• Dolo genérico – vontade de realizar atividades
político-partidárias sem deter direitos políticos.

Art. 337 do CE
• A Lei de Estrangeiros (Lei n. 6.815/80) também
proíbe ao estrangeiro o exercício de atividade de
natureza política, mesmo que atinjam somente os
compatriotas. Estão afastados dessa proibição os
portugueses, beneficiários do estatuto da
igualdade, dado que a eles são reconhecidos
direitos políticos, art. 12, par. 1o, da CF. Para
tanto devem ter residência permanente no Brasil.
O brasileiro que não goze de direitos políticos (art.
15 da CF) também não pode participar da
propaganda eleitoral e de atividades partidárias.
• Pena 15 a 6 meses e 90 a 120 dias multa.

41
RESPONSABILIDADE PENAL DOS
DIRETÓRIOS PARTIDÁRIOS
• Art. 336 do CE – dever de o juiz verificar se o
diretório local do partido, por qualquer de seus
membros, concorreu para a prática dos delitos
relativos à propaganda eleitoral, ou dela se
beneficiou, conscientemente, sendo que nesses
casos, há de dar a suspensão de sua atividade
eleitoral pelo prazo de 6 a 12 meses, agravada até
o dobro em caso de reincidência.
• Concurso ou participação do diretório político ou
de um seu membro na propaganda eleitoral
delituosa ou se a atividade veio a lhes beneficiar.

PESQUISA FRAUDULENTA
• Pesquisas consistem em consultas feitas a
determinadas faixas da população com a
objetividade de restarem aferidas preferências,
escolhas, opiniões.
• Trata-se de coleta de dados – amostragem
• Divulgar pesquisa obtida por meios fraudulentos –
crime – art. 33, par. 4o, da Lei 9.504/97.
• A fraude pode se revelar através de ardis,
artifícios, ou qualquer outro meio que permita dar
uma aparência e, assim, iludir as pessoas a
respeito da pesquisa eleitoral.

42
PESQUISA FRAUDULENTA
• O crime pode consumar-se tanto na hipótese de
serem alterados dados relativos a uma pesquisa
eleitoral, como também sem ter havido a consulta,
ocorrer a divulgação de resultados enganosos.
Trata-se de pesquisa que não corresponde à
realidade, que não retrata a efetiva opinião das
pessoas consultadas. Crime de perigo de dano -
desnecessária a concretização da influência no
eleitorado.
• Dolo genérico. Consumação no momento em que
é divulgada a pesquisa – conhecida por terceiros.
• Pena 6 meses a 1 ano de detenção e multa.

NÃO ACESSO DOS PARTIDOS AOS


DADOS RELATIVOS ÀS PESQUISAS
• Art. 33 da Lei n. 9.504/97 – as entidades e
empresas que realizarem pesquisas relativas às
eleições ou candidatos devem registrar, para
conhecimento público, as informações pertinentes
ao trabalho desenvolvido até cinco dias antes da
divulgação. Deverão indicar quem contratou a
pesquisa, o valor, a origem dos recursos, a
metodologia, período de realização, plano
amostral e ponderação quanto a sexo, idade, grau
de instrução, nível econômico e área física,
intervalo de confiança e margem de erro, sistema
interno de controle e verificação, conferência e
fiscalização da coleta de dados e do trabalho de
campo, questionário completo aplicado, nome de
quem pagou o trabalho.

43
ART. 34, PAR. 2o, DA LEI
9504/97
• Partidos políticos poderão ter acesso ao sistema
interno de controle, verificação e fiscalização da
coleta de dados das entidades que divulgaram
pesquisas, mediante intervenção da Justiça
Eleitoral, sendo que se não forem disponibilizados
tais dados, resulta caracterizado o crime de
retardar, impedir ou dificultar a ação fiscalizadora
dos partidos no que concerne às pesquisas
eleitorais, art. 34, par.2o, da Lei 9.504/97.
• Visa resguardar a fiscalização – dolo genérico.
• Pena 6 meses a 1 ano, com alternativa de
prestação de serviços à comunidade e multa.

IRREGULARIDADES NOS DADOS


PUBLICADOS EM PESQUISA
ELEITORAL
• Pesquisas eleitorais não podem conter
imprecisões, irregularidades no que tange aos
dados publicados, sob pena de caracterizar crime.
• Elemento subjetivo – dolo direto e eventual.
• Tanto na hipótese de o agente ter desejado o
resultado, como também na de ter assumido,
conscientemente, o risco de produzi-lo tipifica o
crime do art. 34, par. 3o, e 35 da Lei n. 9.504/97 –
não pode ser punido a título de culpa.
• Pena 6 meses a 1 ano, com alternativa de
prestação de serviços à comunidade e multa.

44
CRIMES ELEITORAIS -
VOTAÇÃO
• Visam tutelar o exercício do direito de voto, a
liberdade de escolha do eleitor, de molde a que
seja a votação realizada sem qualquer alteração,
impedimento ou desvirtuamento.Direito de voto
além de consistir num direito do cidadão, também
é dotado de função social.
• Art. 297 do CE – impedir ou embaraçar o
exercício do sufrágio, o que significa obstar ou
causar embaraços ao exercício desse direito.
• Campanha para que haja voto em branco não
caracteriza o delito em pauta. Dolo genérico.
• Pena – 15 a 6 meses de detenção e 60 a 100 d-m.

PRISÃO OU DETENÇÃO DE ELEITOR,


MEMBRO DE MESA, FISCAL,
DELEGADO DE PARTIDO OU
CANDIDATO
• Art. 298 – prender ou deter eleitor, membro de
mesa receptora, fiscal, delegado de partido ou
candidato, com violação do disposto no art. 236 do
CE.
• Nenhuma autoridade poderá, desde 5 dias antes e
até 48h depois do encerramento da eleição prender
ou deter eleitor, salvo flagrante delito ou em
virtude de sentença criminal condenatória por
crime inafiançável.

45
ART. 298 DO CE
• Os membros de mesas receptoras e fiscais de
partido não poderão ser presos durante o exercício
de suas funções, salvo flagrante delito.
• o mesmo ocorrendo no que tange aos candidatos
desde 15 dias antes da eleição.
• Considera-se em flagrante delito quem está
cometendo a infração penal; acaba de cometê-la; é
perseguido, logo após, em situação que faça
presumir ser autor da infração(impróprio); ou,
então, é encontrado, logo depois, com
instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser o autor do ilícito (presumido).

ART. 298 DO CE
• pode ocorrer a prisão no qüinqüídio que antecede
a eleição e até 48 h. depois, na hipótese de ter
desobedecido à ordem de salvo conduto dada em
favor de outrem.
• Qualquer pessoa pode ser o autor do crime 298 do
CE, não havendo exigência de que somente possa
ser perpetrado por autoridade judiciária ou
policial.
• Crime permanente . Tentativa possível. Dolo
genérico.
• Pena de 1 a 4 anos de reclusão.

46
CORRUPÇÃO ELEITORAL
• Art. 299 do CE – dar, oferecer, prometer
(corrupção ativa), solicitar ou receber, para si ou
para outrem (corrupção passiva), dinheiro, dádiva
ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar
voto e para conseguir ou prometer abstenção,
ainda que a oferta não seja aceita.
• Voto não é mercadoria exposta à venda.
• Qualquer pessoa pode cometer o delito, não
precisa ser candidato.
• Tratando-se de candidato comete também a
infração do art. 41-A da Lei 9.504/97. Os dois
preceitos podem ser aplicados, cada um em
processo próprio.

CORRUPÇÃO ELEITORAL
• Benefício pode consistir em qualquer recompensa,
dada ou prometida, para conseguir o voto ou
abstenção, seja material, moral, econômico,
financeiro, apoio ou outro qualquer.
• Deve ser concreto, individualizado, direcionado a
uma ou mais pessoas, não caracterizando o delito
promessas genéricas.
• Se a oferta é para comparecer a comício, não
caracteriza o crime.
• Consumação no momento da oferta,
independentemente da aceitação ou do
recebimento.

47
CORRUPÇÃO ELEITORAL
• Não há necessidade que ocorra o pagamento.
Trata-se de crime formal. Pune-se pelo perigo de
dano. Também não se exige que a promessa
ocorra em data próxima da eleição.
• Já a captação de sufrágio (art. 41-A) exige que a
doação, oferecimento, promessa ou entrega ao
eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, de
vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
emprego ou função pública, seja realizada pelo
candidato, no período compreendido entre a data
do registro da candidatura até o dia da eleição.

CORRUPÇÃO ELEITORAL
• O art. 23, § 5o, da Lei 9.504/97, com a redação da
Lei 11.300/06, veda quaisquer doações em
dinheiro, bem como troféus, prêmios, ajuda de
qualquer espécie feitas por candidato, entre o
registro e a eleição, a pessoas físicas ou jurídicas.
Pena –será negado ou cassado o diploma. Art.30-
A §2o. Não precisa estar presente a corrupção
eleitoral.
• Dolo específico – deve visar a obtenção de voto.
• Tentativa possível. Pena - 1 a 4 anos de reclusão e
5 a 15 dias-multa.

48
COAÇÃO VISANDO A OBTENÇÃO
DE VOTO OU ABSTENÇÃO
• Art. 300 do CE – valer-se o servidor público de
sua autoridade para coagir alguém a votar ou não
votar em determinado candidato ou partido.
• Trata-se de crime próprio, somente pode ser
praticado por servidor público, se for da justiça
eleitoral, a pena é agravada.
• Conceito de servidor público – art. 283 CE.-
administração direta ou indireta, bem como
aqueles que exercem temporariamente a função
pública, remunerados ou não.
• Visa resguardar a liberdade de voto.

ART. 300 D0 CE
• Coação - ato ou omissão que cause intimidação,
temor no eleitor, que represente promessa de
malefício, e pode se revelar de forma oral, escrita,
mímica ou simbólica e, ainda, pode ser física ou
psíquica.
• Se for coação física, não pode consistir violência
ou grave ameaça, pois se assim for estaremos
diante do crime do art. 301 do CE.
• Coação deve ser idônea e séria – representar
efetiva intimidação, receio de um mal.Caso de
superior hierárquico que coage seu subordinado a
votar, sob pena de sofrer perdas funcionais.

49
Art. 300 do CE
• Coação deve ser direta, específica, atingindo um
ou mais eleitores determinados, não podendo ser
genérica, indeterminada. Ex. se não for eleito,
determinado setor público sofrerá perdas, não
caracteriza o delito.
• Dolo específico, deve visar a obtenção do voto ou
da abstenção.
• Consumação – momento da coação. Crime
formal. Tentativa admissível.
• Pena 15 dias a 6 meses de detenção, agravada de
1/5 a 1/3 se for servidor da Justiça Eleitoral.

VIOLÊNCIA OU GRAVE
AMEAÇA
• Art. 301 – uso de violência ou grave ameaça para
coagir alguém a votar, ou não votar, em
determinado candidato ou partido, ainda que os
fins visados não sejam conseguidos.
• Há necessidade da “vis corporalis”, utilização de
força física, ou da violência moral, intimidação de
maior envergadura, para constranger o eleitor.
• Qualquer pessoa pode ser sujeito do crime, não só
o servidor público, como no crime anterior.
• Trata-se de crime formal, não sendo relevante a
obtenção do resultado. Tentativa possível, dolo
específico. Pena – 1 a 4 anos reclusão e 5 a 15 d-m

50
CONCENTRAÇÃO DE
ELEITORES
• Art. 302 CE – promover, no dia da eleição, com o
fim de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício
do voto, a concentração de eleitores sob qualquer
forma, inclusive o fornecimento gratuito de
alimento e transporte coletivo.
• 2 elementos para a caracterização do crime:
existência de concentração de eleitores na data da
eleição; finalidade de impedir (inviabilizar),
embaraçar (dificultar) ou fraudar o exercício do
direito de voto.
• Crime formal – consumação no momento da
concentração de eleitores com propósito ilícito.

ART. 302 DO CE E ART. 11, III


E ART. 5o DA LEI 6091/74
• Dolo específico- concentração de eleitores com
fim de obstar, embaraçar ou fraudar.
• O mero transporte de eleitores, sem o fim
específico acima mencionado não caracteriza o
crime do art. 302. Crime formal.
• O delito do artigo 11, III, c|c com o art. 5o da Lei
6.091/74 também exige dolo específico -transporte
de eleitores desde o dia anterior até o posterior à
eleição realizado com propósito eleitoral, ou seja,
de obter vantagem de ordem eleitoral, em
benefício de determinado candidato ou partido.
• Pena – de 4 a 6 anos de reclusão e 200 a 300 d-m.

51
Majoração de preços de utilidades e
serviços necessários à eleição
• Art.303 do CE – majorar preços de utilidades e
serviços necessários à realização de eleições, tais
como transporte e alimentação de eleitores,
impressão, publicidade e divulgação de matéria
eleitoral.
• Visa proteger os consumidores de utilidades e
serviços em relação a abusos de ordem econômica
em razão das eleições.
• O transporte e alimentação de eleitores no dia da
eleição, bem como, durante a campanha, o
material de propaganda, não podem sofrer
aumentos abusivos, sob pena de tipificar o delito.

ART. 303 DO CE
• Trata-se de aumento abusivo, anormal, e
não aquele decorrente do aumento de custos
para o fornecimento de bens e serviços.
• Consumação do crime independente do
dano financeiro causado a eleitores ou
consumidores. Crime formal.
• Dolo genérico. Tentativa possível.
• Pena – 250 a 300 dias-multa.

52
OCULTAÇÃO,SONEGAÇÃO OU
RECUSA DE FORNECIMENTO
• Art. 304 do CE – ocultar, sonegar, açambarcar ou
recusar, no dia da eleição, o fornecimento,
normalmente a todos, de utilidades, alimentação e
meios de transporte, ou conceder exclusividade
dos mesmos a determinado partido ou candidato.
• Resguarda a população, no dia da eleição, quanto
ao suprimento de necessidades essenciais e
garante também não possa haver favoritismo ou
discriminação.
• Ocultar (esconder), sonegar (fornecimento
reduzido), açambarcar (monopolizar), recusar
(negar) o fornecimento de utilidades, alimentação
e meios de transporte, ou fornecê-los com
exclusividade.

ART. 304 DO CE.


• Somente pode ocorrer no dia da eleição.
• Trata-se de crime formal, não precisa o
agente obter alguma vantagem.
• Dolo genérico.
• Tentativa possível.
• Pena 250 a 300 dias-multa.

53
INTERVENÇÃO INDEVIDA DE
AUTORIDADE JUNTO À MESA
RECEPTORA
• Art.305 CE – intervir autoridade estranha à mesa
receptora, salvo o juiz eleitoral, no seu
funcionamento, sob qualquer pretexto.
• A cada seção eleitoral corresponde uma mesa
receptora, constituída por um presidente, um 1o e
2o mesários, dois secretários e um suplente.O
presidente da mesa receptora e o juiz eleitoral
detêm o poder de polícia sobre os trabalhos
eleitorais (art. 119-120).
• Os secretários e mesários colaboram seja na
distribuição e encaminhamento dos eleitores para
votação, seja na identificação. Art. 128 CE.

ART. 305 DO CE
• Os candidatos registrados e os delegados e fiscais
de partidos poderão fiscalizar a votação, pelo que
a atuação dessas pessoas, dentro dos limites legais
não constitui ilícito penal.
• Qualquer intromissão estranha, que não seja
daqueles autorizados legalmente, caracteriza o
delito, nem mesmo a força armada deve
permanecer no lugar da votação, somente podendo
nele penetrar a pedido do presidente da mesa ou
do juiz eleitoral. O eleitor também só deve
permanecer no local o tempo necessário à votação.
• Sujeito ativo do crime – qualquer autoridade.

54
ART. 305 DO CE
• Ação típica consiste em intervir, intrometer-se,
interceder nos trabalhos da mesa receptora, sem
estar investido de atribuições pela lei eleitoral. A
intervenção indébita pode ocorrer através de
palavras, gestos, escrita, supressão, lançamento de
dados, intercessão junto a eleitores, etc.
• Crime formal. Não há necessidade que da ação
resulte prejuízo. Dolo genérico.
• Pena 15 dias a 6 meses e 60 a 90 dias- multa.

NÃO OBSERVÂNCIA DA ORDEM


DE CHAMAMENTO DOS
ELEITORES PARA VOTAR
• Art. 306 do CE – não observar a ordem em que os
eleitores devem ser chamados a votar.
• Visa resguardar o bom desenvolvimento da
votação e o respeito aos eleitores que se
apresentam para votar.
• Tem prioridade para votar os candidatos, o juiz
eleitoral, seus auxiliares de serviço, os eleitores de
idade avançada, os enfermos, as mulheres
grávidas. Art. 143 e 146 CE. Afora essas
preferências, a não observância da ordem de
chegada, constitui crime.
• Dolo genérico. Pena 15 a 30 dias multa.

55
Fornecimento de cédula já
assinalada ou rubricada a destempo
• Os tipos previstos nos arts. 307 e 308 do CE só
podem restar caracterizados se presente a votação
convencional, pois adotado o sistema eletrônico,
não são fornecidas cédulas oficiais.
• Art. 307 – fornecer ao eleitor cédula oficial já
assinalada ou por qualquer forma marcada. Pena –
1 a 5 anos e 5 a 15 dias –multa.
• Art. 308 – rubricar a mesa receptora a cédula, e
distribui-la por antecipação diretamente ao eleitor,
ou interpondo uma outra pessoa. Pena – 1 a 5 anos
e 60 a 90 dias-multa.

VOTAÇÃO MÚLTIPLA
• Art. 309 do CE - votar ou tentar votar mais de
uma vez, em lugar de outrem.
• Direito de votar é individual. Não há voto por
procuração nosso sistema. É indelegável. Cada
eleitor pode votar só uma vez em cada espécie de
eleição, em sua seção eleitoral. A tentativa já está
alçada a crime. Assim é crime votar por si, mais
de uma vez; votar em lugar de outrem, uma ou
mais vez, tentar por si ou por outrem, votar mais
de uma vez. Pena – 1 a 3 anos de reclusão.
• Consumação no lugar em que se dá a 2a votação
ou aquela em lugar de outrem.

56
PRÁTICAS IRREGULARES
QUE LEVEM À ANULAÇÃO
• Art. 310 – praticar, ou permitir o membro da mesa
receptora que seja praticada, qualquer
irregularidade que determine a anulação de
votação, salvo no caso do art. 311.
• Trata-se de crime próprio, somente pode ser
cometido por membro da mesa receptora. Co-
autoria e participação de estranho é possível.Arts.
220 e 221 trazem casos de nulidade e
anulabilidade da votação.
• Ação penal não está condicionada à prévia
declaração de invalidade da votação, mas precisa
resultar demonstrado que a conduta tinha
potencialidade para tanto.

ART.310 DO CE
• A preclusão para argüir a invalidade da
votação não afasta a possibilidade da ação
penal.
• Elemento subjetivo – dolo genérico.
• Tentativa possível.
• Pena – 15 dias a 6 meses de detenção e
pagamento de 90 a 120 dias-multa.

57
VOTAR EM SEÇÃO ELEITORAL
ONDE NÃO ESTÁ INSCRITO OU
AUTORIZADO
• Art. 311 do CE – votar em seção eleitoral sem
estar nela inscrito e nem tampouco autorizado a
assim proceder pela lei eleitoral, bem como
presidente de mesa que admite o voto nessas
circunstâncias.
• Art. 145 do CE estabelece as hipóteses em que é
facultado ao eleitor votar fora da respectiva seção
- não militando qualquer dessas exceções, se vier
o eleitor a votar fora da seção eleitoral, cometerá o
crime do art. 311. Tentativa possível.
• Pena 15 dias a 1 mês de detenção e 5 a 15 d-m
para o eleitor e para o presidente 20 a 30 d-m.

VIOLAÇÃO DO SIGILO DO
VOTO
• Art. 312 – violar ou tentar violar o sigilo do voto.
• Resguarda a livre manifestação do eleitor,
evitando venha a sofrer influência ou qualquer
ordem de coação.
• Divulgação do voto pelo eleitor, após a votação –
não caracteriza o crime, mas não poderá exibir no
momento da votação.
• Dolo genérico.
• Pena - 15 dias a dois anos de detenção.

58
OMISSÃO NO RECEBIMENTO
E REGISTRO DE PROTESTOS
• Art. 316 – não receber ou não mencionar nas atas
da eleição ou da apuração protestos devidamente
formulados ou deixar de remetê-los à instância
superior.
• Delito pode ocorrer tanto na fase de votação como
na apuração. Art. 132 CE e art. 70 da Lei 9504|97.
• Dolo genérico. Consumação – momento em que
os membros da mesa receptora deveriam atuar.
• Pena 1 a 5 anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

QUESTÕES
• Aponte diferenças entre a corrupção
eleitoral e a captação de sufrágio.
• A divulgação de pesquisa eleitoral, ainda
não registrada na Justiça Eleitoral,
caracteriza crime?
• O transporte de eleitores, no dia da eleição,
caracteriza crime eleitoral?

59
CRIMES - RESULTADO DAS
ELEIÇÕES
• Visa resguardar a apuração e os resultados das
eleições, para que não sejam desvirtuados,
conspurcados, não sofram injunções e influências
e possam alterar a vontade manifestada pelos
eleitores.
• OMISSÃO NA EXPEDIÇÃO DO BOLETIM DE
APURAÇÃO - Art. 313 – deixar o juiz e os
membros da Junta de expedir o boletim de
apuração imediatamente após a apuração de cada
urna e antes de passar à subseqüente, sob qualquer
pretexto e ainda que dispensada a expedição pelos
fiscais, delegados ou candidatos presentes.

ART. 313 DO CE
• Art. 158 – apuração de votos compete às Juntas
Eleitorais quanto às eleições realizadas na zona de
sua jurisdição; aos TRE nas eleições para
governador e vice, senador, deputado federal e
estadual, de acordo com os resultados parciais
enviados pelas Juntas; ao TSE nas eleições para
presidente e vice, pelos resultados parciais
remetidos pelos TRE.
• Na votação eletrônica, a própria urna
contabilizará, procedendo a totalização dos
resultados, devendo ser expedidos os relatórios
parciais, pelo que também nesses casos cabe a
expedição do boletim de urna, art. 67 e 68 da Lei
9.504/97, com os nomes e números dos candidatos
e os votos recebidos.

60
ART. 313 do CE
• Deixar o juiz e os membros da Junta de
expedir o respectivo boletim de urna,
imediatamente após a apuração e antes de
procedida a apuração da subseqüente,
redunda no crime em tela.
• Trata-se de crime próprio. Dolo genérico.
• Tentativa impossível.
• Pena 90 a 120 dias-multa.

OMISSÃO DE ENTREGA DO
BOLETIM DE URNA
• O presidente de mesa é obrigado a entregar cópia
do boletim de urna, contendo os nomes e números
dos candidatos nela votados, aos partidos e
coligações concorrentes ao pleito, que o requeiram
até uma hora após a expedição, na forma do artigo
68, § 1º, da Lei n. 9.504/97, sob pena de
configurar o delito do § 2º desse mesmo artigo.
• Trata-se de crime próprio, somente pode ser
praticado pelo presidente da mesa. Dolo genérico.
• Consumação no momento em que tendo sido
requerida a cópia do boletim no prazo assinalado,
não é procedida a entrega. Pena – 1 a 3 meses de
detenção e multa de 1000 a 5000 UFIR.

61
OMISSÃO NO RECOLHIMENTO
DAS CÉDULAS APURADAS
• Art. 314 CE – deve o juiz e os membros da Junta
Eleitoral, terminada a apuração, e antes de passar à
contagem da urna subseqüente, recolher as cédulas
apuradas, fechando-as e lacrando-as na urna
respectiva e não o fazendo resulta caracterizado o
delito. Somente pode ser perpetrado no caso de
urna convencional. Dolo genérico.
• Consumação no momento em que encerrada a
apuração, expedido o boletim de urna, não é feito
o recolhimento das cédulas apuradas e a colocação
na urna e aposição do lacre. Tentativa impossível.
Pena 15 dias a 2 meses de detenção e 90 a 100 dm.

CRIMES SISTEMA
AUTOMÁTICO DE DADOS
• Os crimes tipificados nos arts. 314 e 315 são
incompatíveis com a votação eletrônica, daí a
existência dos crimes tipificados no art. 72 da Lei
n. 9.504/97, sendo que no inciso I está descrita a
conduta de “obter acesso a sistema de tratamento
automático de dados usado pelo serviço eleitoral, a
fim de alterar a apuração ou a contagem dos
votos”.Trata-se de crime formal. Consumação
independente do resultado.
• Acessar significa alcançar o banco de dados, com
possibilidade de modificar os registros existentes.
Penetrar no programa, com condições de proceder
alterações. Dolo específico.

62
Art.72 DA LEI 9.504/97
• Art. 72, II – desenvolver (criar, melhorar, adaptar)
ou introduzir (inserir) comando, instrução ou
programa de computador capaz de destruir,
apagar, eliminar, alterar, gravar ou transmitir
dado, instrução ou programa ou provocar qualquer
outro resultado diverso do esperado em sistema de
tratamento automático de dados usados pelo
serviço eleitoral.
• Trata-se de crime formal, não é necessário tenha a
conduta alcançado o resultado almejado. Dolo
específico.

ART. 72,III, DA LEI 9.504/97


• Art. 72, III – causar, propositadamente, dano
físico ao equipamento usado na votação ou na
totalização de votos ou a suas partes, o que
significa destruir, inutilizar, deteriorar, total ou
parcialmente, equipamento usado na votação ou na
contabilização dos votos. Dolo genérico.
• Trata-se de crime de dano. Material.
• PENAS para qualquer uma das modalidades do
art. 72 – 5 a 10 anos de reclusão.

63
VIOLAÇÃO DO SIGILO DA
URNA OU DOS INVÓLUCROS
• Art. 317 – violar ou tentar violar o sigilo da urna
ou dos invólucros.
• Consuma-se com a violação ou tentativa,
independentemente do conhecimento a respeito de
seu conteúdo ou do manejo das cédulas existentes.
Não há necessidade de que daí decorra prejuízo a
candidato ou partido.
• Dolo genérico.
• Pena – reclusão de 3 a 5 anos.

CONTAGEM DE VOTOS DE
ELEITORES COM IMPUGNAÇÃO
• Art. 318 – efetuar a mesa receptora a contagem de
votos da urna quando qualquer eleitor houver
votado sob impugnação.
• Art. 190 do CE – não será efetuada a contagem
dos votos pela mesa se esta não se julgar
suficientemente garantida, ou se qualquer eleitor
houver votado sob impugnação, devendo a mesa,
nesses casos, deslocar a apuração para a
autoridade judiciária.
• Trata-se de crime próprio – presidente e mesários
podem cometê-lo. Crime formal. Tentativa
possível.Pena 15 dias a 1 mês de detenção ou 30 a
60 dias multa.

64
CRIMES SERVIÇOS
ELEITORAIS
• O controle da legalidade e autenticidade das
eleições é outorgada à Justiça Eleitoral, sendo que
nessa trajetória, vários serviços eleitorais
prestados, daí a existência de tutela penal para que
sejam resguardados.
• Art. 296 do CE - promover desordem que
prejudique os trabalhos eleitorais, seja na fase do
alistamento, do registro, da votação, apuração. Nas
convenções partidárias não resulta caracterizado o
crime, por não se tratar de trabalhos eleitorais, mas
de atividades partidárias.Dever ser de ordem a
prejudicar os trabalhos, deve causar transtornos
ao seu regular desenvolvimento.Ex. desordem na
fila de votação.

ART. 296 DO CE
• Dolo específico. Consumação no momento em
que é realizada a desordem. Crime material. Pena
– 15 dias a 2 meses de detenção e 60 a 90 dias-
multa.
• Art. 339 – destruir, suprimir ou ocultar urna
contendo votos, ou documentos relativos à eleição.
Visa preservar votos e documentos das eleições
contra ações tendentes à inutilizar, aniquilar,
eliminar, fazer desaparecer, esconder urna
contendo votos ou documentos. Dolo genérico.
Consumação depende de um dos resultados
pretendidos pelo agente. Pena de 2 a 6 meses e 5 a
15 dias multa, se funcionário da JE – 2 a 6 meses e
5 a 15 dias multa.

65
Art. 340 do CE
• Art. 340 do CE – fabricar, mandar fabricar,
adquirir, fornecer, ainda que gratuitamente,
subtrair ou guardar urnas, objetos, mapas, cédulas
ou papéis de uso exclusivo da JE.
• Velar pela autenticidade dos documentos e
materiais que são utilizados no processo eleitoral,
de molde a que não possam ser manipulados,
adulterados ou utilizados indevidamente. A
confecção dos materiais é da responsabilidade da
JE, pelo que não pode qualquer pessoa irrogar-se
na faculdade de assim proceder.
• Trata-se de crime formal. Dolo genérico. Pena 1 a
3 anos de reclusão e 3 a 15 dias-multa.

*ART. 341 DO CE
• Art. 341 – retardar a publicação, ou não publicar,
o diretor ou qualquer outro funcionário de órgão
oficial federal, estadual, ou municipal, as decisões,
citações ou intimações da Justiça Eleitoral.
• As publicações devem ser céleres. Retardar
significa demorar, delongar, não publicar é não
realizar o ato. Trata-se de crime próprio. Perigo de
dano. Dolo genérico.
• Pena – 15 dias a 1 mês de detenção ou 30 a 60
dias multa.

66
*ART. 342 DO CE.
• Art. 342 - não apresentar o órgão do Ministério
Público, no prazo legal, denúncia ou deixar de
promover a execução de sentença condenatória.
• Sujeito ativo – membro do MP no exercício da
função eleitoral - ação penal pública.
• O MPE tem o prazo de 10 dias para oferecer
denúncia, se solto, ou 5 dias em se tratando de
preso, e também o de 5 dias para promover a
execução da sentença condenatória, contados da
data da vista.( art. 357 e 363 do CE, e 46 do CPP)
O extrapolamento desses prazos, sem justificativa
plausível, configura o delito. Pena de 15 dias a 2
meses de detenção ou 50 a 90 dias multa.

*ART. 344 DO CE
• Art. 344 – recusar ou abandonar o serviço eleitoral
sem justa causa, aqui entendido aquele
fundamental para a realização das eleições.
• O serviço eleitoral deve ser prestado na forma e no
tempo devidos. Não comete o crime aquele que
está impedido de comparecer ou que precisa
afastar-se antes do término por razões imperiosas.
A impossibilidade deve ser invencível, absoluta.
Força maior ou caso fortuito. Crime formal.
• Pena 15 a 2 meses ou 90 a 120 dias multa.

67
*ART. 345 DO CE
• Art. 345 – não cumprir a autoridade judiciária, ou
qualquer funcionário dos órgãos da Justiça
Eleitoral, nos prazos legais, os deveres impostos
por este Código, se a infração não estiver sujeita a
outra penalidade.
• O serviço eleitoral prefere a todos os demais, daí
que o acúmulo de serviços decorrente de outras
atividades não justifica o não cumprimento dos
deveres legais.
• Pena – 30 a 90 dias multa.

*ART. 347 DO CE
• Art. 347 – recusar alguém cumprimento ou
obediência a diligências, ordens ou instruções da
Justiça Eleitoral ou opor embaraços à sua
execução. Para a caracterização do crime é
indispensável a existência de ordem, diligência ou
instrução emanada de autoridade competente, o
conteúdo deve estar em conformidade com a lei,
observada também a forma legal.
• Instruções genéricas, que não foram observadas,
não caracterizam o delito em tela. A ordem deve
ser direta, individualizada, legal e dirigida a quem
tem o dever de cumpri-la.

68
CRIME DE DESOBEDIÊNCIA
• Difere do crime de desacato (menosprezar,
humilhar, menoscabar), que, ademais, nem sequer
é crime eleitoral. Na desobediência há uma recusa
quanto ao cumprimento da ordem, diligência.
• Servidor público que desobedece pratica
prevaricação ou, então, o crime do art.345, não
cumprimento dos deveres impostos pela lei
eleitoral a membros e funcionários da JE.
• Pena – 3 meses a 1 ano de detenção e 10 a 20 dias
multa.

CRIMES CONTRA A FÉ
PÚBLICA ELEITORAL
• Os documentos eleitorais devem gozar de
credibilidade, de confiança, já que refletem atos no
âmbito do processo eleitoral e das instituições
democráticas, que precisam se revestir de
legitimidade e autenticidade.
• Documentos para fins eleitorais são não somente
as peças escritas, que contém a expressão gráfica
do pensamento, mas também os que lhes são
assemelhados, tais como fotografias, filmes,
enfim, tudo aquilo a que se incorpore declaração
ou imagem destinada à prova de fato
juridicamente relevante.

69
ART. 348 DO CE
• Art. 348 – falsificar, no todo ou em parte,
documento público, ou alterar documento público
verdadeiro, para fins eleitorais.
• Trata-se de falsidade material, sendo que a
conduta compreende tanto a confecção, a
contrafação, a fabricação do documento público
falso, em sua inteireza ou em apenas uma parte,
como também a modificação de seu teor.
• Falsificar induz a ação de criar um documento
público inautêntico, no todo ou em parte.
• Alterar implica modificá-lo em sua forma exterior,
tendo por base um já existente.

Art. 348 do CE
• A falsificação parcial difere da alteração de
documento verdadeiro, sendo que a distinção que
caracteriza a primeira situação está no fato de que
o documento, nesse caso, necessariamente deve
ser composto de duas ou mais partes
individualizáveis, sendo que uma delas é objeto da
contrafação, ao passo que a outra não é atingida
pela ação delituosa, permanecendo autêntica. Já na
alteração, o documento verdadeiro existe e é
modificado pela ação delituosa.
• Art. 348 – par. 2o – documento público por
equiparação é todo aquele emanado de entidades
da administração pública indireta.

70
ART. 348 DO CE
• A falsificação deve ser idônea e versar sobre fato
juridicamente relevante. Prova da materialidade
delitiva – crime que deixa vestígios, art. 158 e 167
do CPP, necessidade de exame de corpo de delito.
Na impossibilidade, por terem desaparecido os
vestígios, admite-se prova testemunhal.
• Dolo específico – fins eleitorais. Crime de perigo
de dano, consumação no momento da falsificação,
mesmo não obtendo o resultado pretendido.
• Pena 2 a 6 anos de reclusão e 15 a 30 dias multa,
sendo funcionário público – agravação entre 1/5 e
1/3.

ART. 349 do CE
• Falsificar, no todo ou em parte, documento
particular ou alterar documento particular
verdadeiro, para fins eleitorais.
• Assemelha-se ao crime anterior, a diferença está
que o documento contrafeito ou adulterado para
fins eleitorais é particular, ou seja, não produzido
pelo Estado nem tampouco pelas entidades
paraestatais Indispensável a relevância do
documento e a aptidão para iludir
• Dolo específico – fins eleitorais. Prova da
materialidade.
• Pena – 1 a 5 anos de reclusão e 3 a 10 d-m.

71
ART. 350 DO CE
• Omitir, em documento público ou particular,
declaração que dele devia constar, ou nele inserir
ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que
devia ser escrita, para fins eleitorais.
• Trata-se de crime de falsidade ideológica, o bem
jurídico tutelado é a veracidade do documento,
não sua autenticidade. Não se trata de falsidade de
forma, mas de conteúdo. Não há que se falar em
adulteração, rasura, inclusão ou retirada de letras
ou algarismos do documento, a menção retratada é
que se revela inverídica. No falso ideal o agente
forma um documento até então inexistente para
fraudar a verdade, sendo assim extrinsecamente
verdadeiro, o seu conteúdo é que se apresenta
inverídico.

Art. 350 do CE
• Agente não esconde a autoria do documento. Deve
o documento conter potencialidade lesiva, caso
contrário, crime é impossível, art. 17 do CP, pela
ineficácia absoluta do meio ou em razão da
absoluta impropriedade do objeto. Crime formal,
irrelevante o prejuízo. Não comete crime aquele
que para defender-se faz declaração que não
corresponde à verdade.Tentativa possível.
• Dolo específico.
• Pena – 1 a 5 anos de reclusão e 5 a 15 dias multa
se o documento é público e de 1 a 3 anos e 3 a 10
dias-multa, se particular. Agrava-se a pena para o
funcionário público de 1/5 a 1/3.

72
ART. 315 DO CE
• Alterar nos mapas ou nos boletins de apuração a
votação obtida por qualquer candidato ou lançar
nesses documentos votação que não corresponde
às cédulas apuradas.
• Trata-se de modificação do resultado. Crime
formal, cuja ação delituosa consiste em alterar nos
mapas ou boletins de apuração a votação obtida
por qualquer candidato, como também pela
intenção de lançar nesses documentos votação não
coadunante com o resultado apurado.
• Dolo genérico. Materialidade delitiva – prova.
• Votação eletrônica – crimes da Lei 9.504/97, art.
72. Pena 1 a 5 anos e 5 a 15 dias multa.

ART. 352 do CE
• Reconhecer, como verdadeira, no exercício da
função pública, firma ou letra que o não seja, para
fins eleitorais.
• Trata-se de crime próprio, somente pode ser
praticado por quem esteja no exercício de função
pública.
• Dolo específico. Consumação no momento em
que o tabelião ou funcionário encerra a
certificação de que a firma ou letra corresponde à
da pessoa mencionada, sem que o seja, e assim
procede para fins eleitorais.
• Pena – 1 a 5 anos de reclusão e 5 a 15 dias multa,
se o documento é público, e 1 a 3 anos, se
particular, além de 3 a 10 dias-multa.

73
*ART. 353 DO CE
• Uso de documento falso para fins eleitorais.
• Esse crime pressupõe a saída do documento da
esfera pessoal do agente, de molde a repercutir em
relação a outras pessoas. A utilização deve ser
para fins eleitorais. Se o agente traz o documento
consigo, sem ser o autor da falsificação, e não o
exibe, não comete o crime em questão. Deve ter
aptidão para enganar. Crime de perigo de dano.
• Dolo específico. Tentativa impossível. Necessária
a prova da materialidade, tratando-se de uso de
documento falsificado materialmente.

ART. 353
• Autor do crime de falsificação sendo o mesmo que
faz o uso do documento falso – crime meio e
crime fim – princípio da consunção.
• Há os que entendem que deveria ser punido
somente pela falsificação, entendendo tratar-se de
crime único, progressivo, sendo o uso pós-fato
impunível.
• Difere do crime de inscrição fraudulenta -
• Pena – a mesma da falsificação, daí ser importante
identificar se o documento é público ou particular.

74
*ART. 354 DO CE
• Obter, para uso próprio ou de outrem, documento
público ou particular, material ou ideologicamente
falso, para fins eleitorais.
• Trata-se de conduta que não pode ser levada a
efeito pelo autor da falsificação nem por aquele
que o utiliza, mas sim daquele que se presta a
obter, a conseguir o documento, visando sua
ulterior utilização.
• Obtenção do documento já caracteriza o risco de
dano. Exame de corpo de delito
• Consumação no momento em que é obtido o
documento, tentativa é possível.
• Pena – mesma da falsificação.

Ação Penal Eleitoral


• No processo das infrações eleitorais, a ação penal
é de regra pública, cabendo ao MP o seu
desencadeamento. Poderá, no entanto, qualquer do
povo ou até mesmo o candidato, partido político
ou coligação apresentar a respectiva “notitia
criminis”, com a finalidade de comunicar a
infração penal ao juiz eleitoral da zona onde se
verificou o fato, que, por seu turno, a remeterá ao
MP para as providências legais necessárias – art.
356 do CE.
• Se o MP não oferecer denúncia no prazo de 10
dias, representará contra ele a autoridade
judiciária, sem prejuízo da apuração da
responsabilidade penal.

75
Ação Penal Eleitoral
• Neste caso o juiz solicitará ao Procurador
Regional a designação de outro promotor, que, no
mesmo prazo, oferecerá denúncia. Em caso de
inércia do juiz, o próprio eleitor poderá representar
contra o MP.
• Mesma situação poderá ocorrer no caso de pedido
de arquivamento, na hipótese de não ser acolhido
pelo juiz eleitoral.
• É cabível a ação penal privada subsidiária.
• É admissível a assistência, quando a ação penal
estiver instaurada, art. 271 do CPP, normalmente
ocorre nos crimes de injúria, calúnia e difamação
no âmbito da propaganda eleitoral.

Ação Penal Eleitoral


• A investigação para apuração de crime eleitoral
pode ser levada a efeito pela via do inquérito
policial, sendo desnecessário quando da
comunicação da infração penal eleitoral já
contiverem todos os elementos indispensáveis ou
quando o Ministério Público possa coletá-los
diretamente, art. 356
• Requisitos da denúncia – art. 357, par. 2o,
exposição do fato delituoso com todas as suas
circunstâncias, qualificação do acusado ou
elementos que possam identificá-lo, classificação
do crime e rol de testemunhas.

76
AÇÃO PENAL ELEITORAL
• A denúncia será rejeitada se o fato narrado não
constituir crime; se já estiver extinta a
punibilidade pela prescrição ou outra causa; se
forma manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar
condição exigida pela lei para o exercício da ação
penal – art. 358 do CE.
• Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora
para o depoimento pessoal do acusado, ordenando
a citação deste e a notificação do MP.
• O réu ou seu defensor terá o prazo de 10 dias para
oferecer alegações escritas e arrolar testemunhas.

AÇÃO PENAL ELEITORAL


• Ouvidas as testemunhas de acusação e da defesa e
praticadas as diligências requeridas pelo MP e
deferidas ou ordenadas pelo Juiz, abrir-se-á prazo
de 5 dias a cada uma das partes – acusação e
defesa – para alegações finais.
• Decorrido esse prazo e conclusos os autos em 48
horas, terá o juiz 10 dias para proferir sentença.
• Das decisões finais de condenação ou absolvição
cabe recurso para o TRE, no prazo de dez dias,
que terá efeito suspensivo.

77
RECURSOS
• ART. 121, par. 4o, CF admite a interposição de
recurso das decisões proferidas pelos TREs, entre
eles nos casos de terem sido proferidas contra
expressa disposição da CF ou de lei e também
quando ocorrer divergência na interpretação de lei
entre dois ou mais TREs.
• Recurso especial - Prazo de 3 dias – art. 276 do
CE.
• Recurso Extraordinário - prazo de 3 dias- 281 CE
e 102, III, CF.
• Denegado o RESP ou RE – cabe agravo de
instrumento – prazo de 3 dias. Art. 279 e 282 CE

AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA


ELEITORAL
• Os Tribunais Regionais Eleitorais possuem
competência originária para o processo e
julgamento dos crimes eleitorais cometidos
por Juízes Eleitorais, bem como por
deputados estaduais e distritais, prefeitos
membros do Ministério Público, art. 29, X e
96, III, da CF.

78
AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA
ELEITORAL
• O STJ tem competência originária para o processo
e julgamento dos crimes eleitorais cometidos por
Governadores de Estado e do Distrito Federal,
Desembargadores dos Tribunais de Justiça dos
Estados e do Distrito Federal, membros dos
Tribunais de Contas dos Estados e do DF,
Tribunais Regional Federais e Regionais Eleitorais
e do Trabalho, membros dos Conselhos ou
Tribunais dos Municípios e os do MP da União
que oficiem perante os Tribunais – art. 105, I, a,
CF.

AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA


ELEITORAL
• O STF tem competência para o processo e
julgamentos da ação penal originária por crimes
eleitorais cometidos pelo Presidente da República,
o Vice, membros do Congresso Nacional, seus
próprios Ministros e o Procurador Geral da
República, comandantes da Marinha, Exército e
Aeronáutica, membros dos Tribunais Superiores ,
Tribunal de Contas e chefes de missão diplomática
de caráter permanente, art. 102, I, c. da CF.

79
RITO DA AÇÃO PENAL
ORIGINÁRIA
• Disciplina – Lei n. 8.038, de 28.05.1990
• Nos crimes de ação penal pública, que é o caso
dos crimes eleitorais, o MP terá o prazo de 15 dias
para oferecer denúncia ou para pedir o
arquivamento do inquérito ou das peças
informativas.
• Diligências complementares poderão ser deferidas
pelo relator, com interrupção do prazo referido.
• Tratando-se de indiciado preso, o prazo para o
oferecimento da denúncia é o de 5 dias.

RITO DA AÇÃO PENAL


ORIGINÁRIA
• as diligências complementares não interromperão
o prazo, salvo se o relator, ao deferi-las, relaxar a
prisão.
• O relator, escolhido na forma regimental, será o
juiz da instrução e terá as atribuições que a
legislação processual confere aos juízes
singulares.
• Ao relator compete determinar o arquivamento do
inquérito ou de peças informativas, quando o
requerer o MP, ou submeter o requerimento à
decisão do colegiado, bem como decretar a
extinção da punibilidade, nos casos previstos em
lei.

80
RITO DA AÇÃO PENAL
ORIGINÁRIA
• Apresentada a denúncia, será notificado o acusado
para oferecer resposta no prazo de 15 dias. Pode
ser feita a notificação por edital, quando
necessário, contendo o teor resumido da acusação,
para que compareça ao TRE em 5 dias, onde terá
vista dos autos pelo prazo de 15 dias, a fim de
apresentar resposta.
• Sendo apresentados novos documentos com a
resposta, será ouvido, o MP em 5 dias, a seguir o
relator pedirá dia para que o TRE delibere acerca
do recebimento ou rejeição da denúncia.

RITO DA AÇÃO PENAL


ORIGINÁRIA
• No julgamento será admitida sustentação oral pela
prazo de 15 minutos, primeiro para a acusação,
depois à defesa.
• Recebida a denúncia, o relator designará dia e hora
para o interrogatório, mandando citar o acusado e
intimar o MP e o assistente, se for o caso.
• O prazo para a defesa prévia é o de 5 dias, contado
do interrogatório ou da intimação do defensor
dativo.
• A instrução obedecerá, no que couber, o
procedimento comum previsto pelo CPP.

81
RITO DA AÇÃO PENAL
ORIGINÁRIA
• O relator poderá delegar a realização do
interrogatório a juiz com competência territorial
no local de cumprimento da carta de ordem.
• Concluída a inquirição das testemunhas arroladas
pela acusação e pela defesa, serão intimadas as
partes para requerimento de diligências, no prazo
de 5 dias.
• Realizadas as diligências, serão intimadas a
acusação e defesa para apresentarem alegações
escritas, no prazo de 15 dias, sendo que será
comum o prazo do acusador e assistente, bem
como dos co-réus.

RITO DA AÇÃO PENAL


ORIGINÁRIA
• Após as alegações escritas, poderá o relator
determinar de ofício a realização de provas
reputadas imprescindíveis para o julgamento.
• Finda a instrução, o TRE realizará o julgamento,
na forma do regimento interno, dando o prazo de 1
hora, sucessivamente, para a acusação e defesa,
para sustentação oral, assegurado 1/4 do tempo da
acusação para o assistente.
• Encerrados os debates, será feito o julgamento.

82
QUESTÃO

• São aplicáveis ao processo eleitoral os institutos


da Lei 9.099/95 e 10.259/01?
• COMPOSIÇÃO dos danos – art. 74.
• TRANSAÇÃO - arts. 72 e 76.
• SUSPENSÃO CONDICIONAL DO
PROCESSO- pena mínima não superior a 1 ano –
art. 89 da Lei n. 9.099/95.
• INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL
OFENSIVO - pena máxima não superior a 2 anos

QUESTÕES
• 1 .No caso de decisão condenatória
prolatada pelo TRE, o art. 363 do CE
admite a execução imediata. Analise o
preceito à luz da Constituição Federal,
Código Eleitoral e Código de Processo
Penal, apresentando sua posição a respeito.
• 2. O art. 366 do CPP tem aplicação na ação
penal originária, no âmbito eleitoral?

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