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Do inverno cerejeira em flor Como no sofrer diante das catstrofes naturais que evidenciam nossa vulnerabilidade?

? Foi assim dia 11 de maro, quando um terremoto seguido de um tsunami assolou Sendai e tantas outras cidades na terra do sol nascente. Diante da tev, o mundo boquiaberto, eu estarrecida. Felizmente, a surpresa maior no restou da fria da natureza, antes da capacidade de se harmonizar daquele povo. Quando a Globo anunciou os tremores de terra, as informaes fragmentadas pareciam inslitas. Depois a NHK, os tcnicos internacionais, a magnitude 8,9 na escala Richter, o eixo da terra deslocado, os reatores aquecidos, a multiplicao das casas quedas, a multiplicao dos veculos amontoados, a multiplicao da morte! Aos vivos, no obstante tanta dor, a fome. Entretanto no se via minimamente saques ou gestos impensados, mesmo na dvida mais cruel da prpria sobrevivncia. Discordo daqueles que afirmam ser a reincidncia desses fenmenos por l a responsvel exclusiva pela sobriedade oriental nesta ocasio, pois pondero que ningum se acostuma s coisas ruins. Contudo inegvel o entendimento de que o gesto delicado dos japoneses guarda profundas fora e determinao, que se reinventam, como Nippon_ a terra onde nasce o sol_ aps a noite escura, como as flores da cerejeira aps rduos invernos. E a capacidade de superar, sob um prisma antropolgico, deriva da educao. A mesma que resgatou os japoneses dos espinhos de Hiroshima e converteu aquela nao potncia mundial em menos de 50 anos. Tais virtudes no diminuem em mim a inquietao e angstia (Por nada fazer?), mas ao invs de um d desmedido, sinto a mais pura admirao. A onda engoliu muitas histrias, individuais e coletivas, e suas conseqncias so ainda incalculveis, mas no conseguiu destruir o valor nipnico maior: a serenidade para a superao, que a todos vem exemplar. Sandra Arcuri, para meus alunos em 29/03/2011.

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