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Gregory Bateson NAVEN (1936)

(Livro Vozes: 92ss) Qual era o papel especfico do antroplogo: descobrir princpios sociolgicos gerais ou descrever as sutilezas da comunicao humana? Um exclua o outro? Um existia uma linguagem comum que pudesse abranger a ambos? A monografia de Bateson e uma expresso desses dilemas. No ritual naven, homens iamutl se vestem de mulher e representam o desejo homossexual por seus sobrinhos jovens. Bateson analisou esse ritual a partir de 3 perspectivas distintas: 1. sociolgica e estrutural inspirada por Radcliffe Brown 2. a segunda ele chamou de eidos (um estilo cognitivo e intelectual da cultura, organizado como forma) 3. de ethos (de Benedict) Ele acabou achando muito difcil conciliar e sintetizar essas 3 perspectivas e acabou desistindo da tarefa. Como foi publicado em 1936, Naven se constituiu num enigma no solucionado. S em 1958 apareceu uma segunda edio do livro, com um longo apndice onde Bateson procurou amarrar as vrias pontas soltas. Ele enriquece a interpretao sociolgica do ritual com estudo de seus aspectos lgicos e afetivos, e que se fletem no eidos e no ethos da cultura iamutl. A descrio das relaes dinmicas entre homens e mulheres, entre consanguneos e afins representados no ritual, o levam a introduzir a noo de schimognese: um processo de diferenciao resultado de um conjunto de interaes cumulativas entre indivduos e ser o ponto de partida para seus posteriores estudos sobre comunicao. A monografia de Bateson foi uma obra ambgua, com pouca influncia sobre a antropologia da poca. Seu contemporneos ingleses no sabiam o que fazer com ela, mas seu prestigio foi aumentando na medida em que se viu que ele antecipava vrias das questes da disciplina a partir da dcada de 50. Assim, ele critica a ideia de funo que, do ponto de vista dele teleolgica (o efeito precede a causa). Depois da guerra seu interesse pela comunicao e pelo processo o aproximaria de psiquiatras, psiclogos, etlogos, matemticos, etc. Ele logo se tornou uma figura interdisciplinar e foi pioneiro no uso de modelos cibernticos na explanao antropolgica.

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