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7 de Outubro de 2005 - 13:46

A qualidade do sono é hereditária

Dormir como um bebê é uma questão de gene... (swissinfo)


Pesquisadores da Universidade de Lausanne (oeste da
Suíça) identificaram pela primeira vez um gene do
sono.
A descoberta poderá abrir novas pistas para compreender como o sono é regulado ao
longo da vida.
Mesmo se o sono ocupa um terço da vida, essa função ainda é um enigma, lembram os
pesquisadores no preâmbulo do estudo que publicam sexta-feira (07/10) na revista
Science, publicada nos Estados Unidos. O estudo deverá contribuir para elucidar o
mistério.
"A primeira conclusão de nossas pesquisas é que a qualidade do sono é determinada
geneticamente", explica o professor Mehdi Tatfi, do Centro Integrativo de Genótipo da
Universidade de Lausanne, oeste da Suíça. Ou seja, a qualidade do sono é hereditária.
Com seus colegas de equipe, o professor conseguiu identificar pela primeira vez, o gene
do "sono normal". Outros genes já haviam sido identificados causadores de doenças
muito raras que provocam anomalias do sono.
Medida da qualidade
Esse gene é o que regula a atividade delta, o melhor indicativo da profundidade, da
intensidade e da continuidade do sono e, portanto, de sua qualidade. As pessoas que tem
insônia (insoniosas), as deprimidas e certas pessoas idosas apresentam uma deficiência
em atividade delta.
No ser humano, essa atividade diminui com a idade, o que explica porque as crianças
dormem profundamente e se recuperam durante o sono, enquanto as pessoas idosas
dormem geralmente menos e pior.
A equipe de pesquisadores analisou essa atividade delta em ratos de laboratório.
"Notamos que certos ratos tinha um sono estranho por faltava atividade delta.
Comparando os genes com o de outros ratos, localizamos o gene responsável por essa
diferença", explica o professor Tatfi.
Papel da vitamina A
Esse gene posteriormente foi identificado como o do ácido retinóico, sobre o qual age a
vitamina A, contida em legumes como cenoura ou na gema do ovo. Os resultados do
estudo sugerem que a vitamina A influencia diretamente a qualidade do sono.
As pesquisas com ratos permitiram constatar que o excesso de vitamina A é prejudicial
para o sono, embora os cientistas não tenham certeza das conseqûências da carência
dessa vitamina. "Não sabemos exatamente qual é a quantidade ideal", reconhece Mehdi
Tafti.
Era sabido que a vitamina A tem um papel importante para o cérebro, principalmente na
visão, mas também em certas doenças nervosas como esquizofrenia, Alzheimer e
Parkinson. Nesas doenças também se constata uma deficiência de atividade delta.
Um passo importante
A descoberta dos pesquisadoes da Universidade de Lausanne poderá permitir
compreender como o sono é regulado ao longo da vida. Poderá também explicar porque
certos medicamentos provocam sonolência.
Por outro lado, o professor Tafti acha que ainda é muito cedo para dizer se a descoberta
é uma esperança para os insoniosos. "É preciso ainda esperar um pouco para saber mas
poderá ajudar a entender se há uma anomalia e melhorar a qualidade do sono".
O cientista lembra que "o sono não depende unicamente dos genes, mas também de uma
higiene de vida", mas está satisfeito de ver que "o estudo possibilitou detectar que um
gene pode afetar o sono, coisa que se ignorava até agora."
swissinfo com agências

http://www.swissinfo.org/por/capa/A_qualidade_do_sono_e_hereditaria.html?
siteSect=105&sid=6145149&cKey=1128685487000&ty=st

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