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abril de 20040
Arquitetura autônoma
A técnica
Agora sim, após este preâmbulo necessário, podemos dizer que a utilização
da técnica popular de construção – que temos chamado de “tijolo
sobrecarregado” – não é fortuita nem por acaso. Obedece à intenção clara
e definida de conservar e difundir uma das poucas tradições construtivas
mexicanas que continuam sendo expressão de nossa cultura arquitetônica Casa em Tepoztlán, Morelos. Coberturas de tijolo
autônoma. sobrecarregado. Arquiteto A. R. Ponce
O tijolo sobrecarregado
Conclusão preliminar
Isto fecha o círculo. Um conhecimento popular para ser utilizado por todos
aqueles necessitados de um teto econômico, útil, firme e belo.
Notas
1
Temos chamado assim a este grupo de coberturas de tijolo, por ser a “sobrecarga” sua
principal característica. Comumente são chamadas de abóbadas do Bajío, por ser esta a
região aonde se originaram espontaneamente, fruto do saber popular.
A palavra tecnologia aparece no século XVIII (1765) e deriva do grego tékhne – "arte,
indústria, habilidade" – e de tekhnikós – "relativo a uma arte". E de logos – "argumento,
discussão, razão" – e logikós – "relativo à raciocínio" –, derivado de légo – "eu digo". Ou
seja, a tecnologia em sua etimologia – em sua palavra verdadeira – e em nossa definição é
o conjunto de conhecimentos, argumentos, razões em torno de uma arte, de um fazer
determinado, cujo objetivo é satisfazer às necessidades humanas. Daí que o termo "logía"
seja entendido também como ciência. Em outras palavras, a tecno-logía como substantivo
requer de um adjetivo que o precise e o qualifique. Se falo tecnologia arquitetônica, estarei
me referindo ao conjunto de conhecimentos em torno do fazer arquitetônico. Neste sentido,
cada disciplina do conhecimento tem "sua" tecnologia. E assim encontramos aqueles que
falam das tecnologias médica, educativa, química, biológica, entre muitas outras; em outras
palavras, se fala de conjuntos de conhecimentos acumulados por distintos fazeres. Para
abundar a tecnologia é o “conjunto de conhecimentos e procedimentos que servem para
produzir objetos e processos, sejam físicos ou sociais”, segundo a Red CYTED XIV C.;
citado em Transferencia tecnológica para el hábitat popular. Editora Trama. 2002, p. 11.
Também em consonância, é o conjunto de “conhecimentos, habilidades e procedimentos
para a fabricação, o uso e a execução de coisas úteis” (R. S. Merrill, 1968), citado em
STEWART, Frances. Tecnología y subdesarrollo. FCE, 1983.
3
Bonfil Batalla, o autor citado, entende por elementos culturais os recursos tanto os
materiais naturais e elaborados, como conhecimentos, experiências, tipos de organização,
entre outros.
4
BATALLA, Guillermo Bonfil. Pensar la cultura. Alianza Editorial, 1992, 2ª ed., p. 52.
5 Corte
Idem, ibidem, p. 53.
6
Idem, ibidem, p. 56.
7
Ver FATHY, Hassan. Arquitectura para los pobres. Editorial Extemporáneos. 1975, p. 277-
281. Nas chamadas abóbadas núbicas – da região da Núbia no sul do Egito – os tijolos de
barro não cozidos que a conformam se apóiam sobre um muro que se levanta a uma altura
maior do que a dos muros laterais de apoio do corpo da abóbada.
8
Como se o tijolo não tivesse 3 planos – comprido, largo e alto – mas apenas um, o de sua
face.
10
Eladio Dieste (1917-2000), inovador engenheiro uruguaio, dizia que “resistir pelo peso não
é mais do que uma torpe acumulação da matéria; ao contrário, não temos nada mais nobre
e elegante do que resistir pela forma”. Em perfeita harmonia, outro genial construtor
Eduardo Torroja (1900-1961), engenheiro espanhol, apontava que “a melhor obra é a que
se sustenta por sua forma e não pela resistência oculta de seu material... [Sustentar-se
pela forma]... tem a fascinação da busca e a satisfação do descobrimento”.
11
DIESTE, Eladio.La estructura cerámica. Somosur, 1987, p. 31
12
TORROJA, Eduardo. Razón y ser de los tipos estructurales. Editorial Instituto E. Torroja,
1960, p. II-3. O segundo capítulo se intitula precisamente assim – "O fenômeno tencional" –
e diz: "O sólido se estreita ou se alarga proporcionalmente à tensão, ou seja, a tração e a
compressão por unidade de superfície". Félix Candela, outro genial construtor, prefere o
termo “esforço” à palavra tensão e diz: “Permita-nos não empregar como sinônimo de
tração o anglicismo “tensão”, usual no México, que se presta a confusões, já que sua
verdadeira acepção castelhana é a de esforço, tanto de tração como de compressão”.
13
SALVADORI, Mario; SÉLLER, R. Structure in architecture (mal traduzido como Estructuras
para arquitetos). Edições A Isla, 1966, p. 330-331.
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