Índice
Introdução
O Atletismo, é uma modalidade extremamente importante no
contexto escolar, uma vez que proporciona no aluno experiências e
vivências básicas no desenvolvimento das suas capacidades motoras,
bem como um melhor controlo das tarefas do quotidiano.
Uma das vantagens do ensino/aprendizagem desta modalidade na
escola é que as disciplinas nela englobada estão presentes
capacidades e habilidades que nos podem servir de base para outras
modalidades desportivas. Por exemplo; sabre correr “bem” é
fundamental para todas as modalidades que recorrem à locomoção;
aprender a lançar com uma bola leve confunde-se com um passe ou
um remate do andebol; a ligação da corrida-impulsão para o salto em
altura solicita acções com semelhanças ao movimento de preparação
do remate no voleibol. Sendo assim, parece-nos fundamental uma
estruturação adequada dos seus objectivos e conteúdos
programáticos, ordenados em sequência, partindo do simples para o
complexo e do geral para o específico, e se possível desenvolve-la
com um carácter lúdico e ao mesmo tempo competitivo, promovendo
assim o gosto por uma modalidade que nem sempre é recebida com
entusiasmo pela maior parte dos alunos.
A elaboração da Unidade Didáctica de Atletismo teve como base nos
programas curriculares da disciplina de Educação Física, tivemos
também em consideração as condições para a sua prática, bem como
o material disponibilizado pela escola.
Cada disciplina da modalidade de atletismo presente no programa
será descrita ao pormenor, desde os conteúdos técnicos, os erros
mais comuns cometidos pelos alunos na realização dos gestos
abordados, facilitando de certa forma a tarefa do professor nos
feedbacks a dar numa destas situações e as principais determinantes
técnicas para que o aluno realize com êxito o gesto técnico pedido.
Na presente Unidade Didáctica de Atletismo, incluímos também uma
breve referência à história da modalidade bem como as suas
disciplinas, uma caracterização e regulamento da modalidade, assim
como, as competências específicas, os conteúdos a leccionar,
estratégias de ensino e avaliação, e também estão incluídas algumas
sugestões de progressões pedagógicas para a aprendizagem dos
conteúdos a abordar.
História
A história do atletismo pode ser dividida em três períodos: o primeiro,
de origens, nas civilizações primitivas, à extinção dos antigos jogos
olímpicos, pelo imperador romano Teodósio, no ano de 393 d.C.; o
segundo, da Idade Média, a época de actividade descontínua ou
mesmo de decadência para as competições de pista e campo, ao
século passado, quando educadores vitorianos introduziram o
desporto nas escolas inglesas, definindo-os, codificando-os e mais
tarde difundindo-os pela Europa; e o terceiro, do renascimento dos
jogos olímpicos, em 1896, com o barão francês Pierre de Coubertin,
ao atletismo dos dias actuais.
O mais antigo registo de competições de atletismo data de 776 a.C.,
mas é certo que os desportos organizados, foram praticados muitos
séculos antes. Já nas civilizações primitivas, o homem corria, saltava
e lançava como forma de sobrevivência, medindo sua força, rapidez e
habilidade, com os perigos da natureza e só com estes gestos
espontâneos conseguia ultrapassar a fome, frio e a morte prematura.
Com as guerras criaram-se os exércitos. O uso de paus e pedras,
como armas, deu lugar ao de lançar, dardos e espadas.
O berço do desporto organizado situa-se na Grécia. Segundo
Filóstrato, em 1225 a.C. foi disputado o primeiro pentatlo, série de
cinco provas (corrida, salto em comprimento, luta e lançamento de
disco e dardo), por um mesmo atleta. Para honrar os deuses ou
homenagear os visitantes, os gregos costumavam organizar
programas desportivos, perto de Olímpia, tradição que foi mantida
pelo menos até a segunda metade do século X a.C.
O programa dos jogos olímpicos manteve-se praticamente o mesmo
por toda a Antigüidade. No século VII a.C., em Esparta, houve
modificações, para que as mulheres também pudessem competir. Nos
jogos realizados em Delos, elas participavam de corridas a pé, por
categorias segundo a idade, cumprindo um percurso equivalente a
160m.
Os romanos, assimilarem a cultura grega, já no século I d.C.,
prosseguiram com a tradição dos jogos olímpicos, embora com
espírito mais recreativo do que competitivo, até que, em 393, o
imperador Teodósio - responsável pela matança de dez mil gregos em
Tessalonica - se converteu ao cristianismo, após curar-se de grave
enfermidade: para ganhar o perdão de Ambrósio, bispo de Milão,
concordou em suprimir todas as festividades pagãs, inclusive os jogos
olímpicos.
Em 1892, numa sessão solene realizada na Sorbonne, em Paris, Pierre
de Fredi, barão de Coubertin, apresentou um projecto para que
fossem recriados os jogos olímpicos extintos por Teodósio. O seu
objectivo era um movimento internacional, que visava promover o
estreitamento de ralações entre os povos através do desporto.
Mas a ideia só se concretizou em 1894, a partir de um congresso
realizado também na Sorbonne, desta vez com a participação de
representantes de 14 países. Foi criado o Comité Olímpico
Internacional (COI), com sede em Lausanne, Suíça, e estabeleceram-
se as normas para a realização dos
primeiros jogos em 1896, na Grécia.
O primeiro programa olímpico de atletismo
compreendia corridas de 100, 400, 800 e
1.500m, e mais a de 110m com barreiras,
saltos em distância, altura, triplo e com
Final dos 100m das Olimpíadas de 1896.
vara, lançamentos de peso e disco. Uma
prova especial a maratona.
O programa original do atletismo olímpico, aberto apenas a
competidores do sexo masculino, foi sendo sucessivamente
modificado. Em 1900, introduziram-se as provas de 400m com
barreiras, de 2.500m e de lançamento do martelo. Das modalidades
clássicas, as últimas a figurarem nos modernos jogos olímpicos foram
o lançamento do dardo, só disputado oficialmente em 1908, e
pentatlo, em 1912. Neste ano realizaram-se também, o primeiro
decatlo (dez provas por um mesmo atleta) e os revezamentos de
4x100 e 4x400 metros.
As mulheres só começaram a participar regularmente dos jogos
olímpicos em 1928, cumprindo um programa de 100, 800 e 4x100
metros, o salto.
O atletismo é talvez a modalidade desportiva onde o Ideal Olímpico
corresponde perfeitamente aos objectivos da própria modalidade: Citius, Altius,
Fortius – Mais rápido, mais alto, mais forte.
Caracterização da Modalidade
O Atletismo é uma modalidade multidisciplinar com cariz individual
(com a excepção das corridas de estafeta).
Podemos dividir as várias disciplinas do Atletismo em três grupos
fundamentais:
1 2 3
Velocidade Meio- fundo
Fundo
A acção dos MS
Fases da corrida:
Partida:
2º “Prontos”
3º Tiro de partida
– As mãos deixam o solo em simultâneo
– Forte impulsão dos MI com extensão da perna da
frente
– Avanço rápido do joelho da perna de trás
– MS iniciam uma acção enérgica
Fase de Aceleração:
Corridas de estafetas
Objectivos:
Transportar o testemunho o mais rapidamente possível da linha de partida
à linha de chegada, e por isso, evitar uma perda sensível da velocidade nas
passagens do testemunho. A passagem do testemunho de um corredor a outro
deve obrigatoriamente efectuar-se de mão em mão e em zonas regulamentares
de 20 metros (zona de transmissão). Para as estafetas de 4x60m a 4x200m,
uma zona de balanço de 10 metros precede a zona de transmissão (pré- zona).
Depois da transmissão do testemunho, o atleta transmissor tem de continuar
no seu corredor até que todas as entregas tenham terminado.
Transmissão do testemunho:
Existem duas técnicas que permitem a transmissão correcta do
testemunho: a transmissão descendente, ou por cima e a transmissão
ascendente, ou por baixo.
A transmissão descendente, apesar de tornar-se a mais rápida, é
a mais difícil, porque o corredor da frente eleva mais o braço para
receber o testemunho e coloca a palma da mão virada para cima.
Na transmissão ascendente, o corredor da frente mantém o
braço numa posição baixa, o que facilita a entrega do testemunho e
estende a mão. Ao sinal do colega que se encontra atrás, o receptor
coloca a palma da mão virada para baixo, formando um “ V” com o
polegar e o indicador e o transmissor executa um movimento de
baixo para cima para a entrega do testemunho. Este método é mais
fácil de aprender e o mais seguro de utilizar.
O receptor deve aguardar o transmissor na zona de balanço (10 m),
olhando para trás e por cima do ombro.
A passagem do testemunho dá-se obrigatoriamente numa zona
precisa de 20m, que se designa por zona de transmissão, caso
contrário a equipa é desclassificada. Anterior a esta zona, pode
anteceder uma outra área - zona de balanço ou aceleração, que mede
10m. A nível escolar não é indispensável a utilização desta zona,
porque as distâncias a percorrer pelos alunos são muito reduzidas, a
não ser que se realize a prova dos 4 x 80m.
A utilizar a zona de aceleração, é no seu início que os corredores
devem situar-se à espera dos companheiros de equipa. Desta forma,
o receptor do testemunho parte quando o seu colega passar pela
marca colocada na pista (situa-se antes da zona de aceleração).
Os atletas têm de combinar o modo e a mão com que fazem as
transmissões, pois isso influencia a colocação de cada um no corredor para
receber o testemunho:
- Se o transmissor correr com o testemunho na mão esquerda, o
receptor coloca-se na zona interior do corredor de corrida, e recebe
com a mão direita;
- Se o transmissor correr com o testemunho na mão direita, o
receptor coloca-se na zona exterior do seu corredor de corrida, e
recebe com a mão esquerda.
Deste modo, no momento de transmissão do testemunho, ambos
os corredores devem estar a correr à máxima velocidade.
TRANSMISSÃO COM MUDANÇA DE MÃO TRANSMISSÃO SEM MUDANÇA DE MÃO
O receptor:
Deve começar a corrida na zona de balanço quando o colega transmissor
passar junto à marca previamente colocada no corredor;
Deve ter sinais de referência sobre o seu corredor;
Correr o mais rápido possível, olhando sempre para a frente;
Após a corrida lançada e no momento da passagem do
testemunho, não deve olhar para trás, pois daí pode resultar uma
perda de tempo.
Partida do transmissor:
Idêntica à partida para uma corrida de velocidade;
A partida para a corrida de estafetas 4 x 100 m é realizada no
local de partida da prova de 400 m, em “decalage”, com blocos
de partida sobre o lado direito do corredor, perto da linha
exterior.
Existem várias formas de segurar o testemunho na partida, mas
a mais usual é agarrá-lo próximo do centro, ou seja, o
testemunho está seguro entre o polegar e o indicador e
envolvido pelos outros dedos.
Partida dos receptores
Determinantes técnicas:
Transmissão do testemunho
Métodos de transmissão
Transmissão descendente
Transmissão ascendente
Saltos
Existem dois tipos diferentes de saltos:
S alto em comprimento
O salto em comprimento é um tipo de salto que consiste na realização de
uma corrida rápida, uma chamada activa, procurando “transformar” a
velocidade adquirida na maior distância horizontal possível.
O salto em comprimento é composto por 4 fases:
1. Corrida de balanço
2. Chamada
3. Fase aérea (voo)
4. Queda ou Recepção
1 2 3 4
CORRIDA DE BALANÇO
CHAMADA
QUEDA OU RECEPÇÃO
L ançamentos
Lançamento do peso
✔ Preparação;
✔ Deslizamento;
✔ Arremesso;
✔ Recuperação.
Na fase de preparação o lançador prepara-se para o início do
deslizamento.
Na fase do deslizamento há uma aceleração do peso e do
lançador, que se prepara para a fase seguinte.
Na fase do arremesso é produzida uma velocidade adicional
transferida para o peso antes do lançamento.
Na fase da recuperação o lançador tem uma acção bloqueadora
para evitar lançamentos nulos.
PEGA DO PESO:
PREPARAÇÃO:
✔ O lançador começa de pé, no final do círculo de lançamento e
de costas para a borda do círculo;
✔ O tronco inclina-se para a frente e fica paralelo ao chão;
✔ O corpo fica equilibrado apenas num MI;
✔ O MI de apoio deve estar flectido enquanto que o MI esquerdo é
atirado para trás; (1)
✔ Manter uma posição com fase de apoio larga e estável;
✔ Alinhar o tronco com o MI esquerdo;
✔ Manter o peso fora da base de apoio.
DESLIZAMENTO:
RECUPERAÇÃO:
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
1 –Skipping tíbio-társico
2 – Skipping baixo
3 – Skipping médio
4 – Skipping alto
6 – Skipping nadegueiro
9 – Corrida saltada
10 – Step’s
11 – Hop’s
18 – Corrida em velocidade
progressiva
19 – In-out’s
ESQUEMA DESCRIÇÃO
Toque no joelho
Um contra um, frente a frente. Cada aluno
procura tocar no joelho do parceiro, evitando
que este toque no seu.
Pisa pés
Um contra um, frente a frente. Cada aluno
procura pisar o pé do parceiro, evitando que
este pise o seu.
Torneio às cavalitas
Equipas de dois elementos, um às cavalitas do
outro. Cada par procura derrubar o “cavaleiro”
da outra equipa, ao mesmo tempo que procura
evitar que o seu “cavaleiro” seja derrubado.
Depois troca de posições.
Um contra três
Grupos de 3- 4 alunos, de mãos dadas e um
atleta solto. O aluno que está livre, depois de
verbalizar o nome de um companheiro, vai
procurar tocar neste, enquanto o grupo se
movimenta no sentido de o defender.
A fortaleza
Duas equipas de 5 a 8 atletas. Uma das
equipas forma um círculo de mãos dadas e
virados para fora. Os atletas da outra equipa,
que estão soltos e do lado de fora, vão procurar
entrar dentro da fortaleza. O jogo termina
quando mais de 50% da equipa exterior entrar
dentro da fortaleza.
ESQUEMA DESCRIÇÃO
Tira e foge
Os atletas estão dispostos em duas linhas, frente
a frente. Um objecto é colocado entre cada par.
Ao sinal do professor, cada um tenta tirar o
objecto, fugindo de seguida procurando refugiar-
se na sua linha de fundo (20m atrás).
Corrida em espelho
Dois a dois, sentados no chão, frente a frente com
os pés encostados. Ao sinal sonoro, partem
rapidamente e após meia volta, procuram atingir
em primeiro lugar a linha dos 10m.
A fronteira
O aluno A está sobre a linha de partida, enquanto
o aluno B se aproxima na sua direcção. Quando o
aluno B pisa a linha de “fronteira” dá meia volta e
foge; neste momento o aluno A arranca em
perseguição de B.
Dia e noite
Duas equipas de 5 a 8 alunos, dispostos em duas
linhas paralelas e distanciadas entre si 3m. Uma
equipa é dia e outra é noite. À voz do professor, a
equipa chamada foge, enquanto a outra vai em
sua perseguição.
Estafetas e testemunho
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
ESQUEMA DESCRIÇÃO
Estafeta dos 3 minutos.
Estafeta 3 x 100m.
Estafeta em grupo.
Estafeta de obstáculos.
Estafeta de objectos.
ESQUEMA DESCRIÇÃO
Corrida de arcos
À voz do professor, partem vários atletas, com o
objectivo de chegar o mais rápido possível à
meta, realizando todos os apoios da corrida
dentro dos arcos espalhados ao longo da pista.
Corrida de tapetes
Duas equipas, com os alunos numerados. À voz
do professor sai um atleta de cada equipa e tenta
chegar em primeiro lugar à meta, apoiando-se
sempre em cima de uma tapete. É atribuído um
ponto aos vencedores. Ganha a equipa que no
final somar mais pontos.
Corridas em pé - coxinho
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Exercício 1 – Muiltilançamentos, com engenhos diversificados: bolas medicinais,
de basquetebol, pesos, etc.
Competências
As transformações comportamentais pretendidas como competência final
desta Unidade Didáctica são as seguintes:
Competências de Acção
O aluno:
Competências de Conhecimento
- Conhece os Regulamentos específicos de cada disciplina
(corridas, saltos e lançamentos).
Critérios de êxito
Resistência:
O aluno controla o sistema cárdio-respiratório e o ritmo de corrida de
acordo com as suas capacidades.
Técnica de corrida:
Salto em comprimento:
Lançamento do peso:
Corridas de velocidade:
Corrida de estafetas
Avaliação Formativa
Avaliação Sumativa
Critérios de avaliação
Competências de Conhecimento
Competências de acção
Competências de Atitude
AAul Competências
Conteúdos Função didáctica
a N.º específicas
Desenvolver a resistência
aeróbia (intervalado
5+5+5min.).
Transmitir e exercitar Resistência aeróbia
técnica de corrida. Técnica de corrida
Transmissão
11 Abordar técnicas de Corridas de velocidade
Exercitação
transmissão e zona de Corridas de estafetas
transmissão. Transmitir
corridas de velocidade e
de estafetas com partida
baixa (blocos).
Desenvolver a resistência
aeróbia (intervalado
10+5min.).
Exercitar técnica de
corrida.
Transmitir técnicas de
Resistência aeróbia
transmissão e zona de
Técnica de corrida
transmissão. Exercitação
22 Corridas de velocidade
Exercitar corridas de Transmissão
Corridas de estafetas
velocidade e de
Salto comprimento
estafetas.
Abordar salto
comprimento (técnica do
salto na passada),
referindo as diferentes
fases do salto.
33 Desenvolver a resistência Resistência aeróbia Avaliação Sumativa
aeróbia (intervalado Técnica de corrida Exercitação
15min.). Corridas de velocidade Consolidação
Exercitar técnica de Corridas de estafetas
corrida. Salto comprimento
Consolidação corridas de
velocidade e de
estafetas com partida
baixa (blocos)
Exercitar salto
comprimento.
Exercitar e consolidar os
Lançamento dardo Exercitação
lançamentos
55 Lançamento peso Consolidação
anteriormente
abordados.
FUNÇÕES DIDÁCTICAS:
AD – Avaliação Diagnóstica; T – Transmissão; E – Exercitação; C – Consolidação;