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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Constelações Sistêmicas Familiares


Perguntas e Respostas

Quem é Bert Hellinger?

Bert Hellinger (psicoterapeuta ), Nascido na Alemanha em 1925, formou-se em teologia e em


pedagogia e trabalhou 16 anos como membro de uma ordem missionária católica entre os
Zulus na África do Sul. Através de uma formação e experiência em campos variados, como
Psicanálise, Terapia Primal, Análise Transacional, Hipnoterapia e Terapia Familiar,
desenvolveu um método original de constelações sistêmicas, largamente difundido em todos os
continentes. Seus livros, traduzidos em muitas línguas, incluem reprodução de workshops,
ensaios teóricos, pensamentos, poemas e contos breves; em contextos de genuína e forte
espiritualidade.

O que é Constelação Sistêmica Familiar ?

 Constelação Sistêmica Familiar é um trabalho filosófico e terapêutico que foi


desenvolvido pelo pedagogo, psicoterapeuta e filósofo alemão Bert Hellinger.

O que são Constelações Familiares?


 As Constelações Familiares são uma inovadora abordagem psicoterapêutica que
promove a identificação das Ordens do Amor, pondo em evidência os profundos laços
que unem uma pessoa à sua família, inclusive às gerações mais longínquas. Estes laços
são de tal maneira poderosos que quando membros de uma dada geração deixam
situações por resolver, membros das gerações posteriores sentir-se-ão irresistivelmente
empurrados para a sua resolução permanecendo prisioneiros de fatos pelos quais não
são minimamente responsáveis. Existe uma transmissão transgeracional dos problemas
familiares que cria uma cadeia de destinos trágicos. No entanto, este amor capaz de
criar sofrimento é o mesmo que traz consigo a sabedoria da solução logo que se torna
consciente ao emergir no decurso da configuração de uma Constelação Familiar.
 As constelações familiares são uma das formas mais eficazes de resolver problemas
familiares, empresariais e outros. Com origem na Alemanha, foram criadas por Bert
Hellinger. Como o seu nome indica as constelações familiares visam criar uma
constelação (agrupamento ou conjunto - que pode ser a família ou outra situação) por
forma a que se encontre a harmonia entre as pessoas ou situações. As constelações
familiares são criadas por um conjunto de pessoas que representam e recriam uma
situação a resolver de forma a encontrarem as respostas aos problemas com que a
pessoa se debate. Numa constelação o cliente tem a oportunidade de conhecer a sua
"imagem interior" de sua família de origem ou da família atual. Para isso se escolhe para
si e para sua família pessoas do grupo de trabalho como representantes. Então o cliente
posiciona essas pessoas umas em relação às outras como ele sente que elas estão ou
estiveram. Desta forma o cliente recria uma constelação de acordo com a sua "imagem
interior" para que consiga ver e sentir aquilo que está errado e dessa forma se encontre
a melhor solução. Freqüentemente a pessoa procura dentro de si ou nos outros a razão

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dos seus problemas ou doenças mas muitas das vezes sem a encontrar. As
constelações familiares mostram-nos que muitos dos nossos problemas físicos e
emocionais muitas vezes não têm origem em nós mas em situações que existem ou que
existiram na nossa família e de que muitas vezes nem temos conhecimento. E as
constelações familiares trazem-nos isso à nossa compreensão, libertando-nos das
causas de muitos dos nossos problemas e infelicidades. Muitas das vezes essa razão
encontra-se enraízada em acontecimentos familiares passados que agora se
manifestam em si ou na sua família.

 A Constelação Familiar é uma abordagem terapêutica, inovadora, criada por Bert


Hellinger, onde traz à luz o que está oculto nos relacionamentos familiares e
interpessoais. Este método coloca em evidência a conexão profunda que temos com a
nossa família, em uma ou mais gerações. Traz à tona os vínculos de amor e lealdade
que podem estar emaranhados nos nossos destinos, sejam positivos ou negativos. O
enfoque é fenomenológico, pois Bert Hellinger trabalha com a alma. Em uma sessão
pode-se trabalhar os problemas familiares transformando o "amor que adoece" em
"amor que cura". Quando a família provoca doenças é porque atuam destinos dentro
dela que influenciam a todos. E, se algo de grave aconteceu numa família, existe ao
longo de gerações, uma necessidade de compensação. Mas o sistema familiar tem uma
força tão grande que, quando aprendemos a usar esta força para restaurar a ordem,
podemos mudar um destino negativo.

 Técnica criada por Bert Hellinger (psicoterapeuta alemão), onde se cria "Esculturas
Vivas" reconstruindo a árvore genealógica, o que permite localizar e remover bloqueios
do fluxo amoroso de qualquer geração ou membro da família. Muitas dificuldades
pessoais, assim como os problemas de relacionamento são resultado de confusões nos
sistemas familiares. Esta confusão ocorre quando incorporamos em nossa vida o
destino de outra pessoa viva ou que já viveu no passado, de nossa própria família sem
estar consciente disto e sem querer. Isto nos faz repetir o destino dos membros
familiares que foram excluídos, esquecidos ou não reconhecidos no lugar que pertencia
a eles.

Como é Constelação Individual?

A Constelação Individual é oferecida para atendimento no consultório; onde apenas o cliente e


o terapeuta fazem parte do processo. No contato pessoal com o cliente, o terapeuta pode fazer
experiências com a estrutura do processo, com as frases e seus efeitos na percepção corporal
e nas sensações, a fim de encontrar um lugar seguro e boas imagens para o cliente. Este
trabalho é realizado montando imagens com "bonecos" ou "papéis" no chão, substituindo assim
os representantes experimentados pelas pessoas quando a Constelação é de grupo.

Como é Constelação Educacional?

Criada por Marianne Franke - une o trabalho sistêmico do Bert Hellinger com a rotina diária de
uma escola.Trabalhando com situações referentes à problemas experimentados pelos
professores em suas atividades cotidianas, como dificuldades de aprendizagem, conflitos entre

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alunos ou entre eles e os professores, comportamentos agressivos das crianças, entre outros.
Assim a Constelação Educacional não apenas contempla indivíduos isolados, mas como parte
viva de suas famílias, grupos diversificados e meio-ambiente.

Como é Constelação Organizacional?

É uma técnica criada a partir da Constelação Familiar, onde trabalhamos para reproduzir e
definir situações ligadas à empresa. Esta técnica complementa e apóia o trabalho de
consultoria de uma empresa; pois a colocação organizacional pode servir de subsídios para a
tomada de decisões iminentes como por exemplo: questões sucessórias, preenchimento de
cargos e outras mudanças pessoais ou econômicas. Colocações organizacionais informam
sobre a falta de apoio e de recursos, sobre riscos de saúde, orientação de uma organização
em tarefas, no cliente ou em objetivos, e sobre a energia e o clima dentro de um grupo de
trabalho.

Como se desenvolve o trabalho de Constelações Familiares ?

O trabalho de Constelações Familiares pode ser desenvolvido individualmente ou em grupo.


Individualmente, o cliente traz um tema pessoal em que o constelador pode trabalhar com
bonecos para representar papéis da situação em questão, ou o constelador pode trabalhar sem
nenhum recurso externo onde ele próprio e o cliente podem representar os papéis dentro da
constelação. Em grupo, o cliente também traz um tema que depois de abordado, o constelador
ou o próprio cliente escolhem pessoas desconhecidas para representar os papéis da situação.

Como Funciona?

O cliente escolhe, dentre os participantes, representantes para os membros de sua família que
são importantes. Coloca-os uns em relação aos outros. Os representantes então colocam-se à
disposição e sentem como as pessoas que representam. Daquilo que vem à luz resulta, então,
cada passo para uma solução. Trabalha-se com a s forças que se mostram no sistema, na
família, com as forças positivas.

Qual o objetivo do trabalho com Constelações Sistêmicas Familiares ?

O objetivo principal do trabalho é se expor à tudo que atua no cliente e no sistema no qual
ele(a) está inserido.

O que é um sistema ?

Sistema é um grupo de pessoas ou coisas, que permanecem unidos ou vinculados, em função


de um interesse comum ou forças que os permeiam, independente de que tenham consciência
ou não.

Quais temas podem ser trabalhado nas Constelações Sistêmicas Familiares ?

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Qualquer tema importante para o cliente onde ele(a) não esteja conseguindo solução pode ser
trabalhado, tais como: relacionamentos, desequilíbrios emocionais, separações, doenças
crônicas, problemas financeiros, falência, vida profissional, entre outras.

O que pode ser trabalhado?

Pode-se trabalhar problemas familiares, aspectos da personalidade, sensações de exclusão,


angústias, inseguranças, problemas que ocorrem regularmente numa família, decisões, mortes,
suicídios, doenças, desaparecimentos, alcoolismo, drogas, ou qualquer problema que o
indivíduo sente que o impede de seguir seu próprio rumo.

As constelações familiares são indicadas para quais situações:

Se vive situações repetitivas.


Se está agarrado/o a um hábito ou padrão que se repete sem causa aparente.
Se os "azares" o perseguem a si ou à sua família.
Se não percebe porque atrai as pessoas erradas para a sua vida.
Se as suas relações não funcionam ou não se mantêm.
Se as coisas na sua vida não avançam apesar de todo o trabalho e empenho que coloca.
Se apesar de tudo o que faz, as coisas não funcionam ou não correm como deviam.
Se não tem explicações para o que lhe acontece a si ou à sua família.
Se o seu casamento não funciona.
Se a sua separação ou divórcio não foram o melhor ou se ou se não se sente bem com isso.
Se procura soluções ou respostas para problemas de saúde.
Se gostaria de lidar com os seus medos e ansiedades, fobias, etc.

As constelações familiares podem possibilitar a compreensão e dar respostas para estas e


muitas outras questões.

Encontrar respostas e soluções é agora possível com as constelações familiares!

As constelações demonstram as energias dos acontecimentos que ocorreram no passado quer


consigo quer com a sua família (pais, avós etc.) e mostram o caminho da mudança dessas
imagens interiores e assim podem desbloquear a razão pela qual você agora está na condição
em que se encontra.
Atualmente vou fazendo muito deste trabalho nas minhas consultas assim como com grupos
de pessoas.

Quais as diferenças entre Movimentos da Alma e Constelações Sistêmicas Familiares ?

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Movimentos da Alma é a nova denominação que Bert Hellinger adotou para o trabalho de
Constelações Sistêmicas Familiares. É uma nova fase de seu trabalho. Antigamente, no antigo
trabalho de constelações familiares ainda se procurava uma solução para a constelação. No
novo trabalho de Constelações Sistêmicas Familiares ou Movimentos da Alma o constelador
renuncia até mesmo à intenção de encontrar uma solução para o cliente e deixa-se guiar pelos
movimentos de todo sistema em uma postura totalmente fenomenológica.

O que é Fenômeno?

Fato, aspecto ou ocorrência passível de observação. Fato de interesse científico, suscetível de


descrição ou explicação. Tudo que é objeto de experiência possível, e que se pode manifestar
no tempo e no espaço através da intuição sensível e segundo as leis do entendimento.

O que é uma postura fenomenológica ?

É uma postura interna onde a pessoa se isenta de qualquer interpretação, julgamento,


conhecimento prévio ou intenção e passa a observar e acompanhar os fenômenos do que jeito
que se apresentam com total presença.

Informação Fenomenológica

A percepção fenomenológica é ajudada a maior parte das vezes, pedindo somente a


informação mais essencial, e isso a ser feito, deve ser quando se está a fazer a constelação,
não antes.

As perguntas essenciais são:

1 - Quem pertence à família?


2 - Há na família algum nado-morto, ou alguém que tenha morrido? Houve algum destino
especial na família, por exemplo: alguém com uma deficiência?
3 - Alguns dos pais ou avós viveu maritalmente com algum parceiro, foi casado antes, ou teve
algum relacionamento anterior significativo?

Alguma questão adicional geralmente impede a abertura à informação fenomenal que emerge.
Isto é verdadeiro tanto para o terapeuta como para os representantes. Esta é também a razão
pela qual o terapeuta declina todas as conversações prévias com o cliente ou os questionários
extensivos. Além disso, é melhor se o cliente permanecer silencioso durante a constelação, e
que os representantes não façam ao cliente perguntas.

Sobre a teoria e a técnica do trabalho sistêmico com constelações

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O trabalho com constelações familiares é um procedimento psicoterapêutico relativamente


recente e controvertido. Ainda menos numerosas são até agora as experiências realizadas
através dessa abordagem com pessoas que exibem comportamento psicótico. Tais
experiências, contudo, são animadoras a ponto de justificar nosso relato a seu respeito.
Dispensamos-nos aqui de apresentar os princípios que fundamentam esse trabalho, ( Ordens
do amor, consciência pessoal e consciência do grupo familiar, etc). Apresentamos apenas uma
breve introdução, dedicando maior atenção aos aspectos que nesse trabalho com pacientes
com diagnósticos de psicose nos aparecem como especialmente importantes.

O desenvolvimento do trabalho com constelações familiares

A técnica das constelações familiares foi desenvolvida em seus elementos básicos por Bert
Hellinger, sobretudo nos anos 80. Desenvolveu-se e expandiu-se rapidamente no espaço
cultural de língua alemã e, nos últimos anos, também em escala internacional. Tem suas raízes
na abordagem da terapia familiar através de várias gerações. Abordagens da terapia familiar
orientada para o crescimento já utilizavam há mais tempo representações espaciais para
entender constelações de relacionamentos e para estimular modificações. Depois que Bert
Hellinger entrou em contato com representantes da terapia familiar, nos Estados Unidos, e com
o trabalho de escultura familiar, na Alemanha, ele começou a condensar insights sobre a
dinâmica familiar, - sobretudo os que tinham caráter estrutural e envolviam várias gerações -,
com procedimentos da análise transacional, numa terapia breve de grupo, sob a condução de
um diretor. Essa terapia ele denominou de Familien-Stellen (método de colocar ou de constelar
famílias). Esse trabalho era complementado, nas assim chamadas rodadas, por intervenções
hipnoterapêuticas ou outras, de que se valia Hellinger, através do humor, da confrontação ou
da narração de histórias para quebrar padrões rotineiros de pensamento e estimular novas
alternativas de ação. Infelizmente, essa técnica de rodadas, onde os participantes relatavam,
cada um por seu turno, seus sentimentos e suas questões, tiveram de ser abandonada quando
Bert Hellinger passou a trabalhar com grupos muito numerosos.

Compreensão do sistema e dos sintomas

Numa constelação são levados em conta todos os membros de um sistema familiar no âmbito
de três gerações, de maneira a incluir os vivos e os mortos. Todos os membros da família
tomam parte numa ordem básica à qual estão permanentemente vinculados. Essa ordem
básica inclui, por exemplo, o direito de todos a pertencer ao sistema e a precedência dos que
vêm antes sobre os que vêm depois. As famílias onde os sintomas aparecem estão
freqüentemente em desordem no que toca a essas leis.
Os sintomas que estejam condicionados por implicações sistêmicas manifestam a existência
de um profundo amor resultante do vínculo, uma ligação inconsciente do indivíduo com seu
grupo de origem. Isto faz com que alguns repitam os destinos de outros e queiram, em lugar
deles, assumir algo de pesado, expiar ou até mesmo morrer. Tal necessidade de compensar se
radica num pensamento mágico de caráter infantil, já que tal atitude não tem o poder de redimir
essas pessoas nem de aliviar ou de anular seus destinos. Outra base para o desenvolvimento
de problemas é a perda de conexão com as fontes dos laços familiares. Isto acontece, por
exemplo, quando membros da família não são respeitados ou são esquecidos. Além da
implicação sistêmica, devem ser ainda considerados, na geração de dificuldades psíquicas, os
aspectos associados à evolução pessoal, por exemplo, a interrupção do movimento precoce da
criança, dirigido geralmente para a mãe. No presente trabalho focalizamos preferencialmente

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as dinâmicas sistêmicas, dando menos espaço ao significado da história individual da vida e do


processo da aprendizagem.

O processo da constelação

Em nossos seminários, que duram de dois dias e meio a quatro dias, trabalhamos com grupos
de 12 a 14 participantes e com um máximo de 10 observadores participantes. Na constelação
familiar cada participante do grupo monta espacialmente sua imagem interna de um dos seus
sistemas (o de sua família de origem ou da atual, ou ainda de suas relações de trabalho), com
a ajuda de representantes, escolhidos entre os integrantes do grupo. Esses representantes
geralmente possuem pouquíssimas informações prévias sobre as circunstâncias da vida e da
história das pessoas representadas. O terapeuta interroga os representantes sobre suas
sensações e sentimentos nos lugares que ocupam. As percepções dos representantes
fornecem indicações importantes sobre as dinâmicas familiares e as conexões sistêmicas, pois
é incrível como refletem exatamente, muitas vezes, as pessoas representadas, que não são
conhecidas pelos representantes. O dirigente do grupo tenta a seguir mudanças de posição
para os interessados, buscando, na medida do possível, o melhor lugar para cada um do
sistema. Quando se consegue isto, o terapeuta geralmente introduz o próprio cliente em seu
lugar (até então ocupado por seu representante). Em conexão com determinadas frases que
diz às pessoas importantes de suas relações, ele muitas vezes experimenta de novo uma dor
antiga e emoções que aliviam, e ganha novas perspectivas. A imagem da solução, quando ele
a consegue acolher e interiorizar desenvolve nele freqüentemente efeitos que perduram por
longo tempo.

A inserção da constelação familiar no processo terapêutico


Evolução progressiva ou experiência de iluminação?

A forte expansão do trabalho com constelações tem despertado junto ao público, de um lado,
expectativas fora da realidade e, de outro, críticas de simplificação sem seriedade. De acordo
com nossas experiências, o trabalho da constelação familiar, justamente com pacientes que
exibem comportamento psicótico, só se recomenda no contexto de uma relação terapêutica e
com uma acurada preparação. Os pacientes se inscrevem para os seminários de forma
autônoma e sob a própria responsabilidade, mas geralmente são advertidos dessa
possibilidade por seus terapeutas, que freqüentemente também os acompanham nos
seminários. Não devem apresentar sintomas psicóticos agudos. Muitos pacientes comparecem
inicialmente a seminários, uma vez ou várias, como observadores participantes, não fazendo
inicialmente suas próprias constelações mas presenciando as de outros ou delas participando
como representantes. Os terapeutas que lhes recomendam o trabalho ou os acompanham nele
deveriam conhecer o trabalho com as constelações e suas premissas, e o terapeuta que
conduz a constelação deveria ter experiência com pacientes desses grupos de diagnóstico. Em
seguimento a uma constelação familiar podem eventualmente surgir no pacientes reações
depreciadoras ou agressivas e até mesmos episódios psicóticos. Tais reações, que
inicialmente interpretávamos como sinal de insucesso, hoje encaramos como medidas
distanciadoras, que visam restabelecer a autonomia do paciente para poder lidar com o intenso
desejo de estar próximo e de ser olhado, que se reavivou nesses seminários e foi satisfeito
apenas por um curto período de tempo. Ultimamente, justamente em seguida a tais pioras,
temos recebido com freqüência excelentes retornos de terapeutas relatando desenvolvimentos
positivos depois de constelações familiares.

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Elementos terapêuticos do trabalho com constelações familiares


Esclarecimento da solicitação

Um fator importante do seminário de constelações é o esclarecimento do que se deseja do


terapeuta. Quanto mais concretamente forem formuladas as questões e os objetivos, tanto
melhor se poderá decidir qual corte do sistema deverá ser representado ou levado em
consideração. A ampla dispensa de uma anamnese detalhada e o enfoque dirigido para
soluções e recursos choca-se, às vezes com resistências, justamente por parte de pacientes
com longa história de tratamento, como se estes tivessem de defender seu status de doentes e
justificar seus problemas. Contudo, se os pacientes com diagnósticos de psicose recebem nos
seminários o mesmo tratamento como todos os demais, eles logo mostram, muitas vezes,
incríveis habilidades sociais e geralmente se integram em problemas ao grupo.

A representação

O que se exige dos representantes nas constelações é que se desprendam em larga medida
de suas histórias pessoais, que percebam! Sem intenções! E comuniquem as reações
corporais, sentimentos ou sensações que emergem nos lugares que ocupam como
representantes. Esta exigência de deixar de fora à própria história e as hipóteses de uma
psicologia corriqueira (por exemplo, Aquela pessoa está longe de mim - com ela não devo ter
muito a ver), e de se entregar sem reservas ao que se sente, oferece a cada participante um
exercício de percepção que no decurso do seminário vai sendo cada vez melhor dominado.
Tem-nos surpreendido, repetidas vezes, a maneira diferenciada e sensível que exibem, como
representantes, pacientes que antes apresentavam um comportamento psicótico. Alguns ainda
precisam de uma ajuda inicial, tanto para entrarem num papel quanto para se despedirem dele,
mas muitos vão apreciando cada vez mais a possibilidade de vivenciar papéis e lugares
totalmente diferentes nas famílias. Numa constelação é possível perceber onde esses
pacientes freqüentemente encontram problemas: em viver relações intensas e em seguida
voltar a si mesmos (quando, depois de uma constelação, abandonam os papéis que
representavam).

A vivência da imagem

Através do método de posicionar membros da família, com a ajuda de representantes,


manifesta-se um aspecto vivencial que, à exceção do trabalho com esculturas familiares,
raramente aparece em outras abordagens terapêuticas: a experiência subjetiva direta,
realizada simultaneamente em muitos canais sensórios, envolvendo o lado fisiológico, o
expressivo-motor, o emocional e então também o cognitivo. Através dessa experiência direta
que envolve o corpo e os sentidos, as imagens consteladas têm muitas vezes fortes efeitos
emocionais e com isto podem ser revividas e trabalhadas. O que se procura, em termos de
imagem sensível, é um lugar melhor para o protagonista. As mudanças nas sensações
corporais e nas emoções dos representantes e do próprio cliente servem de instrumentos para
validar a solução. Na imagem da solução ganham um lugar informações e pessoas até então
excluídas. Quando o processo da constelação, com a imagem da solução, é significativo para o
cliente, ele ativa novas formas de ver e de proceder em constelações familiares até então
experimentadas como problemáticas. Como num rito de passagem, os passos individuais (as

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imagens intermediárias) são condensados numa experiência que se pode apreender e


compreender.

Experiências já resultantes do trabalho de constelações com pessoas com diagnóstico


de psicose

Em contraposição às teorias e procedimentos de abordagens terapêuticas estabelecidas,


exaustivamente formuladas e diferenciadas através de decênios, o trabalho com constelações,
especialmente com pacientes de psicoses, só apresenta algumas experiências iniciais. Essas
experiências indicam que determinados padrões de relacionamento e determinadas dinâmicas
sistêmicas aparecem mais freqüentemente em sistemas com pacientes de psicose do que em
outros sistemas. Isto não implica em afirmar que esses padrões estejam condicionando o
aparecimento de psicoses. Entretanto, podemos verificar que processo de trazê-los à luz e
resolvê-los através das constelações freqüentemente influencia positivamente e de forma
duradoura o comportamento dos envolvidos.
Descrevemos a seguir algumas dessas características e dinâmicas de relacionamento em
pacientes com diagnoses de formas esquizofrênicas, inclusive alguns exemplos de casos.

Fragilidade na diferenciação entre o eu e os outros.

Nestas constelações, com mais freqüência e de modo mais drástico do que em outras, os
representantes expressam percepções que, num sentido mais amplo, se relacionam ao tema
da diferenciação entre si mesmo e outras pessoas no sistema. Os representantes se
confundem com outros, sentem-se enredados e ligados como se fossem siameses e carecem
de um espaço próprio perceptível; ou então se sentem colocados inteiramente diante do
sistema ou para fora dele. Exprimem-se com marcada ambivalência, oscilam entre sentimentos
de estarem fundidos, amarrados e obrigados, desejando ter autonomia e espaço livre, ou então
se apresentam desorientados, desesperados ou mudos. Estas manifestações de participantes
ingênuos do curso em posições de representantes correspondem às descrições da dinâmica
psíquica nas abordagens da terapia individual. Nas constelações pode-se mostrar com
freqüência que esses estados psíquicos perturbadores, opacos e quase insuportavelmente
contraditórios possuem o seu equivalente em acontecimentos e processos relacionais
obscuros, traumáticos e cercados de segredos do sistema familiar, em que os interessados
estão implicados de forma muitas vezes inconsciente. Trata-se aí de dinâmicas que atuam
através de gerações. Nas constelações, o comportamento psicótico se manifesta como um
esforço ativo para dominar inconciliáveis tensões e oposições, de caráter interpessoal e
intrapsíquico.

Ligação profunda e identificação

Denominamos identificada uma pessoa que, de modo inconsciente, está implicada com
aspectos de um ou de vários membros da família e tenta imitar ou superar aspectos da vida
dele(s). Segundo nossa experiência, tais identificações surgem principalmente quando
membros do sistema tiveram um destino especial, ou quando não são respeitados ou foram
excluídos. Membros que se seguem no sistema familiar caem então em contextos de
relacionamento em que muitas vezes, de forma inconsciente, repetem aspectos do destino

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dessa(s) pessoa(s) ou sentem a necessidade de resolver algo em seu lugar. Em famílias com
formações sintomáticas esquizofrênicas, encontramos freqüentemente formas especiais de
identificação que descrevemos a seguir.

Identificação transexual

Exemplo 1:
A mais velha de duas filhas desenvolvera um comportamento psicótico ao terminar seus
estudos superiores. Apaixonara-se por um de seus professores, mas também não estava certa
de que ela própria não fosse um homem, e durante semanas apresentou-se em suas aulas
com trajes masculinos. Jamais conseguira trabalhar em sua profissão. Na constelação, sua
representante se postou ao lado da mãe e o pai afirmou que não tinha nada a ver com aquilo.
Através de perguntas apurou-se que a mãe tivera um noivo e que o casamento fora impedido
pelas injunções da guerra. Durante toda a sua vida, ela rejeitara seu marido, desvalorizando-o
em presença das filhas e também idealizando o noivo por sua melhor instrução. A cliente tinha
cursara a mesma disciplina do antigo noivo da mãe e, como ela própria dizia, tomara o lugar
dele junto da mãe.
Ela se sentiu liberada quando o noivo foi introduzido na constelação e quando ela disse, tanto a
ele quanto à sua mãe, que nada tinha a ver com ele e que só queria viver a própria vida e
aceitar-se plenamente como mulher. Em seguida colocou-se junto do pai e disse-lhe que ele
era o responsável pela mãe.

Exemplo 2:

Um paciente, que vinha sendo diagnosticado como doente psíquico crônico e que fora criado
num círculo de muitas mulheres, após um seminário assumiu-se abertamente como
homossexual. A partir daí passou a mostrar sintomas bem mais raramente, completou com
acompanhamento terapêutico uma exigente formação e há dois anos exerce sua profissão.

Identificações duplas

Particularmente pesada é a identificação simultânea com dois excluídos. Uma forma especial
dela é a identificação simultânea com vítima(s) e autor(es).

Um exemplo:

Uma participante de um seminário, de cerca de 50 anos, com uma carreira psiquiátrica de


muitos anos, tinha um pai de mãe solteira, que entrou na policia especial nazista e mais tarde
foi vigia num campo de concentração. Através de perguntas, apurou-se durante a constelação
que o pai dele era judeu e que nada se sabia sobre seu destino. Com isto a paciente passou a
compreender melhor seus sintomas, que já duravam anos, de ser simultaneamente perseguida
e perseguidora. Essa dinâmica foi por nós encontrada diversas vezes, por exemplo, nos
chamados doentes mentais transgressores. Seja frisado, neste contexto, que com muita
freqüência tomamos à letra conteúdos de manias, que se revelam carregados de sentido. Se

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alguém se sente perseguido ou envenenado, perguntamos: quem na família foi perseguido ou


envenenado? Ou, se alguém sente compulsão de lavar-se, perguntamos: quem na família
precisava lavar-se? Não dispomos aqui do espaço necessário para entrar mais fundo nesta
matéria.

Segredos e tabus

Em constelações de pacientes de psicoses pudemos verificar repetidas vezes que provocavam


perturbação nesses pacientes relacionamentos confusos e mal definidos, como paternidade
obscura, adoções mantidas em segredo, ocultação de um irmão gêmeo que morreu no parto
ou durante a gravidez, causas de morte obscuras ou ocultadas (por exemplo, um suicídio
apresentado como um acidente). Devido a sentimentos de lealdade, os pacientes
freqüentemente não se atrevem a comunicar as incertezas que experimentam, fazer perguntas
sobre elas ou investigá-las.

Seqüelas de culpa e de violência na família

Em famílias onde há psicoses parece também haver um número bem maior de segredos de
família e de tabus relacionados com atos de violência, crimes e injustiças de que participaram,
como autores ou como vítimas, membros da família (geralmente de gerações precedentes). A
culpa cometida ou experimentada geralmente não era encarada nem exteriorizada.
Ilustro com um exemplo de um seminário de constelações familiares:
Um homem de 33 anos, após uma grave tentativa de suicídio, procurou-me para uma terapia.
Contou que nos últimos meses, quando estava se separando de sua namorada, retraiu-se de
todo contato social e desenvolveu fantasias de perseguido e de perseguidor. Finalmente abriu
a própria veia jugular e só foi salvo devido a circunstâncias felizes. Na época do início da
terapia não mostrava sintomas psicóticos agudos, mas todos os sinais de uma grave crise de
identidade e de auto-valorização. Estava fortemente deprimido e padecia de sentimentos
massivos de culpa, insuficiência e fracasso.Experimentava uma forte diminuição de seus
impulsos e um retardamento motor, falava por monossílabos e estava grandemente limitado
em sua expressão.Durante um ano de acompanhamento psicoterapêutico aconteceram vários
episódios de crise e conversas em família com o pai e o irmão mais novo, que sempre
exprimiam medo de uma recaída e pela vida dele. Ele se estabilizou, mas voltou a viver com os
pais e cortou quase todo contato com o mundo exterior. Ele mesmo se queixava de falta de
acesso emocional a si mesmo e à tentativa de suicídio, experimentava-se como se estivesse
cortado de alguma coisa e não sentisse mais a si mesmo.
Sua participação num seminário de constelações familiares tinha o objetivo principal de retomar
contato com outros (interessados). No decurso do seminário ele constelou sua família de
origem (os pais, ele próprio e um irmão mais novo). Os representantes de todos eles disseram
que tinham pouco contato com os próprios sentimentos. Como o representante do pai, na
constelação da família, se virou e olhava para fora, interrogamos o cliente sobre destinos ou
acontecimentos especiais em sua família de origem. Apuramos que dois de seus irmãos
tombaram na guerra e que seu avô voltara para casa ferido por um tiro na barriga. Fizemos
com que o cliente incluísse na constelação os dois tios e o avô. Ele reverenciou cada um deles.
Os representantes dos tios se sentiram olhados e honrados em seu destino, mas o
representante do avô disse que não se devia reverenciá-lo, pois cometera algo muito grave.
Paralelamente já se tinham modificado antes os sentimentos dos demais representantes da

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família, de forma incomum e dramática. Todos eles se afastaram do representante do avô e


mostravam um forte medo. Respondendo às perguntas, o cliente só pôde informar que o avô
tinha sido um participante entusiasta da guerra. Experimentalmente foram então introduzidos
representantes de vítimas da guerra, que se deitaram no chão. Sua presença provocou no
representante do cliente uma veemente compaixão, enquanto o representante do avô
permaneceu frio e distante. O representante do cliente se inclinou diante das vítimas, despediu-
se também do avô, que fora colocado à parte da família, e deixou com ele a culpa. Em seguida
foi colocado ao lado do pai. Depois da constelação o cliente contou que da herança do pai ele
tinha pedido para si a mochila de guerra (na ocasião, tinha sete anos). Essa mochila continha,
entre outros objetos de uso, o livro de Hitler Mein Kampf (Minha Luta) e uma velha pistola. Foi
com essa arma que ele tentou suicidar-se e só recorreu à faca quando a pistola falhou. Foi
profundamente tocante, para o cliente, sua vivência num grupo onde nem ele nem seu avô
foram moralmente julgados, e no qual ele, de forma comovente, se dirigiu a seu pai e seu pai a
ele. Por desejo próprio, ele terminou a terapia, depois umas cinco sessões adicionais,
separadas por intervalos mais longos. Dois anos depois, apareceu no consultório do terapeuta
com um ramo de flores nas mãos. Relatou que tinha prestado com êxito seus exames finais
como engenheiro, assumido um emprego e iniciado uma nova relação. Sentia que
tinha?Aterrissado bem na vida. Disse que o seminário da constelação tinha sido a coisa mais
difícil que conseguira na vida, e que fora incrivelmente importante para ele.

Outros dilemas que pesam

Certas situações se tornam também insustentáveis para tais pacientes quando, além das
implicações sistêmicas, se defrontam com vários dilemas de relacionamento. Podem estar
colocados, por exemplo, entre duas pessoas relacionadas que estejam em conflito total entre si
(por exemplo, seus pais ou a mãe e uma avó que também more em casa). Pode ser ainda que
alguém tenha colocado para eles expectativas comportamento totalmente contraditórias e
inconciliáveis, ou que várias pessoas ao mesmo tempo lhes tenham colocado expectativas
diferentes e estressantes. Isto aconteceu, por exemplo, com uma paciente simultaneamente
identificada com agressora e vítima. Na constelação ela ficou em posição transversa entre a
representante da mãe e a da avó paterna, que se odiavam mutuamente. Tais triangulações
adicionais marcantes dessas crianças foram freqüentemente encontradas por nós nas
constelações. Suas soluções proporcionaram claros alívios adicionais. Quando os pais
provinham de países diferentes ou pertenciam a diferentes comunidades religiosas, isto trazia
aos filhos novos dilemas.

Conclusão

Requer-se uma grande experiência terapêutica para se lidar cuidadosamente com as


informações reveladas nas constelações, tomando-as, sim, a sério, não, porém
excessivamente à letra. Talvez mais do que em outros métodos, existe aqui, conforme a
formação e a mentalidade do praticante, o perigo da simplificação, de uma abreviação sem
seriedade e da manipulação. Além disto, cada família tem o direito de manter seus segredos.
Pode ser útil que, depois de uma constelação, familiares acrescentem às percepções, até
então tomadas como?Loucas. Informações que esclareçam os acontecimentos já registrados.
Quando, porém, aquilo que emerge nas constelações passa a ser considerado como a única
verdade válida, a confusão e as manias apenas ficam piores. Em nossa apreciação, o trabalho
da constelação familiar, com sua perspectiva sistêmica que abrange gerações e a utilização da

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

representação espacial, é uma complementação e um prolongamento essencial do espectro


terapêutico no tratamento de pessoas que exibem um comportamento psicótico. Nossas
experiências apóiam as tentativas de pessoas versadas em assuntos psíquicos, no sentido de
buscar um entendimento de seus sintomas aparentemente incompreensíveis como mensagens
do mundo interior. Nossa tendência é de interpretá-los, antes, como indicações de implicações
sistêmicas até então não compreendidas.

Caso: Devolução na Constelação Familiar

Moça casada com alcoólatra. Não consegue se desvencilhar do casamento negativo. Sente-se
responsável pelo parceiro, apesar deste não estar trabalhando nem procurando trabalho. Há
anos separam-se e voltam juntos. Durante o trabalho descobrimos que ela perdeu um irmão
muito querido, quando era criança. Este irmão era alcoólatra e gostava muito dela. Na verdade,
foi um verdadeiro pai para ela. O laço entre eles era forte demais. Ela ficou sem saber que ele
havia morrido. Sentiu-se “morta” e abandonada. Durante a constelação, ficou provado que
esta perda não tinha sido trabalhada e que havia no coração da menina o desejo de “morrer”
junto com o irmão. Ao mesmo tempo, havia também o desejo de “continuar” este amor do
irmão através dos cuidados com o marido, que tem a mesma doença. Foi feito o
reconhecimento do amor do irmão, o reconhecimento da “lealdade” e identificação com o
sofrimento do irmão, e o reconhecimento da situação atual. Houve um enorme alívio da cliente.
O semblante transformou-se. Houve uma grande compreensão. Processou-se o verdadeiro luto
pelo irmão. Agora, ela tem mais condição de resolver sua situação atual.

Como é desenvolvido o trabalho ?

O trabalho com constelação sistêmica pode ser realizado em grupo (workshop, Grupos
de Desenvolvimento da Consciência) ou individualmente (workshop, terapia).

Em grupo, o cliente escolhe participantes presentes no workshop para representar


membros da sua própria família ou da situação que deseja constelar. Por exemplo, num
conflito entre pai e filho, o cliente poderia escolher uma pessoa para ser ele próprio e a
outra para ser o seu pai se fosse este o caso. Essas pessoas assumiriam uma postura
dentro do campo da constelação, onde a partir de então o importante é apenas
perceber qual a necessidade de cada um, respeitá-la e viabilizar a oportunidade para
que isso aconteça para que ambos se sintam livres e vivam em harmonia. O trabalho
pode acontecer também diretamente com o próprio cliente dentro da constelação, o que
depende muito de cada caso.
No atendimento individual o modelo é o mesmo, porém o processo é todo com o cliente,
pois é ele próprio perceber o que está acontecendo, ou seja, é ele que vai colaborar no
desenrolar do conflito.

Constelações Sistêmicas Familiares e os Movimentos da Alma

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

O trabalho sistêmico vem a partir da concepção da vida, do fluir no desenvolvimento natural.


Estamos inseridos dentro de um grande sistema contínuo, de diversos elementos que se
interagem e de certa forma são inter-dependentes uns com os outros. Nós, por exemplo,
precisamos dos elementos básicos da natureza como os alimentos, a água e a luz solar.
Nenhum organismo é um sistema estático, fechado ao mundo exterior; e sim um sistema
aberto num estado (quase) estacionário, onde há uma constante troca de informações entre os
mais diversos níveis. Não temos como falar de constelação familiar sem falar da visão
sistêmica. Nascemos dentro de um sistema familiar, que existe há muitos anos e onde não
sabemos direito o seu histórico por completo. Foram gerações atrás de gerações, com muitas
histórias, acontecimentos, e situações felizes e trágicas. Herdamos através dos nossos pais e
ancestrais toda a carga morfogenética (morfo=forma) e não damos conta dos padrões, das
crenças e até mesmo dos "repetecos" de histórias dentro da nossa família. Algumas teorias
afirmam que até a sétima geração precedente pode influenciar significativamente nossos
padrões. Por exemplo, quando temos algum comportamento como violência, ciúmes,
envolvimentos com drogas, ou sentimentos de depressão entre outras manifestações, muitas
vezes podemos estar identificados com um membro da família seja pai, avô, tio ou mesmo de
gerações ainda anteriores, sejam elas pessoas vivas ou falecidas. O trabalho de constelação
familiar é uma oportunidade de identificarmos de forma consciente o que está acontecendo
com o sistema familiar, podendo assim resolver os conflitos a partir da escolha interna de cada
um.

O que posso trabalhar dentro da constelação sistêmica familiar?

Como é um trabalho de pulsação da vida, do fluir, então tudo que está relacionado com a vida
pode ser trabalhado, desde que traga um significado importante para você. Os curiosos
dificilmente entrariam em uma constelação e mesmo se entrassem não teriam como dar
continuidade ao trabalho, pois não haveria força suficiente no campo para que o trabalho
acontecesse.

Alguns dos temas trabalhados em uma constelação podem ser:

• Conflitos familiares (pais, filhos, irmãos, tios, avôs);


• Conflitos entre casais;
• Dificuldade em lidar com perdas de parentes, pessoas queridas ou o parceiros;
• Dificuldade em relacionar-se de uma forma geral;
• Dificuldade em comunicar-se;
• Problemas de saúde;
• Conflitos entre sócios, funcionários e clientes;
• Problemas financeiros;
• Entre outros temas.

As crenças

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Cada pessoa vê a realidade com seu próprio olhar. A Realidade não é a Verdade; a Realidade
depende das nossas crenças. As nossas crenças vêm das transmissões familiares, culturais e
religiosas. Por exemplo, em certas famílias, a crença é "todos os homens são violentes" ou
"todos os homens são inúteis" ou "não sou capaz de ser uma boa mãe". Construímos a nossa
realidade, as nossas relações a partir das nossas crenças.

O sistema familiar é o mais importante dos sistemas?

A família é um sistema de relações humanas continuas que estão sempre interligadas. Quando
há mudança num membro da família, há mudança nos outros membros. Essas interações são
exprimidas por palavras, pelo toque, os olhares, a postura do corpo e os outros
comportamentos verbais e não verbais. Uma pessoa vive em diferentes sistemas. Esses
sistemas influenciam-se mutuamente. "A unidade maior de crescimento da vida humana não é
o trabalho individual ou o trabalho de grupo nem ainda o grupo social, é a Família".

Como é a aproximação Fenomenológica?

No inquérito fenomenológico temos que nos abrir até perceber uma variedade de fenômenos
sem julgar ou focalizar num qualquer ponto em particular. Este tipo de investigação requer um
estado interno liberto de preconceitos, intenções e julgamentos, particularmente relacionados
com os movimentos internos, tais como sensações, sentimentos ou idéias. A atenção é ao
mesmo tempo dirigida e sem sentido, focalizada e aberta. Um estado fenomenológico exige
rapidez de ação e no entanto refreia a ação. Na dinâmica destes opostos a nossa percepção
intensifica-se. Se puder tolerar a tensão provocada por estes opostos, logo um contexto
emerge, em que uma variedade de impressões parece organizar-se em torno de um tema
central, talvez uma verdade mais profunda, e a etapa seguinte aparecerá.

O que acontece realmente na psicoterapia quando um cliente faz uma constelação da


sua família?

Inicialmente seleciona representantes para cada membro da sua família no grupo de


participantes. Por outras palavras, representantes para a sua mãe, pai, irmãos e também para
si. É irrelevante quem ele escolhe para os vários membros, ou mesmo se ele seleciona
membros do mesmo sexo. Até pode ser melhor se negligenciar completamente as parecenças
externas e escolher os representantes sem nenhuma intenção em particular. Isto representa
uma primeira etapa para recolher-se internamente, recebendo-se a si próprio, e o libertar-se de
velhas imagens e idéias sobre a sua família. O participante que escolhe um representante de
acordo com a idade ou o tipo do corpo físico, não está verdadeiramente aberto ao que pode ser
essencial e ainda permanecer invisível. Considerando fatores externos, limita a força do que a
constelação pode revelar, e a constelação pode já estar condenada ao fracasso. É por esta
razão que pode mesmo ser melhor se for o próprio terapeuta a selecionar os representantes
para o cliente. Uma vez que os representantes são selecionados, o cliente coloca-os em
relação uns aos outros no espaço. Durante esta etapa é útil se os guiar por detrás colocando
ambas as mãos nos seus ombros, estando assim conectado energeticamente com eles quando
os mover para o seu lugar. O cliente permanece centrado, detectando e escutando com
cuidado o seu movimento interno, seguindo as suas orientações e impulsos subtis, até que
chegue com eles a um lugar que sinta instintivamente que é o certo para o representante.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Durante o processo de colocar o representante ele permanece em contacto não só com ele
próprio e o representante, mas também com um campo maior. Este campo cerca-o e pode
guiá-lo, se estiver aberto a receber os sinais. Esta orientação subtil ajudar-lhe-á a encontrar o
lugar apropriado para o representante. Segue o mesmo procedimento para colocar os outros
representantes. Durante este tempo o cliente bloqueia-se a tudo o que o envolve e só retorna
deste estado completamente focalizado depois que cada representante foi colocado no seu
lugar. Às vezes é útil se depois andar em torno da constelação inteira e corrigir o que quer que
pareça fora do lugar. Então volta a sentar-se. É imediatamente visível se um cliente não está
concentrado nesta postura de humildade e recolhimento interno. Neste caso ele pode tentar,
por exemplo, sugerir ao representante alguma postura corporal, similar a criar uma escultura;
ou pode mover-se rapidamente, ao ajustar os representantes, como se estivesse a seguir um
retrato interno preconcebido; ou pode esquecer-se completamente de colocar um dos
representantes; ou pode declarar que um determinado representante está no lugar certo
embora o mesmo não se tenha movido. A maioria das constelações que não forem construídas
de uma forma séria, concentrada, alcançarão um impasse ou terminarão em confusão.

Para que uma constelação seja bem sucedida o que deve fazer o Terapeuta?

Para que uma constelação seja bem sucedida, o terapeuta tem que se abstrair de todas as
idéias e teorias. Ao retirar-se para um vácuo interno, e expondo-se inteiramente à constelação
tal como ela é, reconhecerá imediatamente se um cliente estiver a tentar influenciar a
constelação, ou se o cliente estiver a tentar fugir de uma realidade que esteja a começar a
emergir, ajustando imagens pré-concebidas. Neste caso o terapeuta tenta ajudar o cliente a
manter-se objetivo, e a abrir-se à experiência tal como ela se apresenta. Se isso não funcionar,
perde-se a constelação.

Qual a postura dos representantes?

A mesma postura de manter-se internamente afastado das intenções, medos, e idéias teóricas,
é requerida também aos representantes. Durante o processo de ajuste é-lhes pedido para
prestar muita atenção aos indícios subtis de alterações no seu estado físico ou emocional, por
exemplo, se a sua freqüência cardíaca mudar, ou se sentirem atraídos para olhar para o chão,
ou se sentirem de repente mais leves ou mais pesados, irritados, ou zangados. Além disso,
todas as imagens que possam chegar, sons ou palavras que se recordem, devem ser
relatadas, mesmo se não fizerem sentido. Por exemplo, havia um americano, que estava a
aprender alemão, que ouviu repetidamente a frase, "Sagen Sie Albert," a atravessar a sua
cabeça, durante uma constelação, enquanto representava um pai. Perguntou mais tarde ao
cliente se o nome "Albert" lhe dizia qualquer coisa. "Sim, naturalmente" respondeu o cliente,
"era o nome do meu pai e do meu avô, e o meu nome do meio também é Albert." Um outro
participante, que representava o filho de um homem que morrera num acidente de helicóptero,
ouviu continuamente os sons do rotor de um helicóptero. Este filho tinha também sofrido uma
vez um acidente de helicóptero, sendo ele o piloto e seu pai o passageiro, mas sobreviveram
ambos ao acidente. Obviamente, para que isto aconteça é necessário possuir sensibilidade e
intuição, assim como uma capacidade voluntária de se abstrair dos motivos ulteriores para que
este processo ocorra. O terapeuta tem que permanecer alerta para que os representantes não
confundam as suas fantasias por percepções reais. Quanto menos informação prévia o
terapeuta e os representantes tiverem sobre uma família, mais fácil é evitar esta tendência.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

No coração das constelações familiares

O psicoterapeuta alemão Bert Helinger é o criador de uma abordagem de psicoterapia sistêmica que
tem como base à energia que flui entre os membros de uma família, de forma a constituir a
chamada "constelação familiar": No desenrolar do trabalho, aponta no texto a seguir o Bert Helinger
é possível reconhecer emaranhados entre as gerações, que mantêm as pessoas presas de forma
negativa ao sistema energético da família.
Bert Hellinger trabalha com a energia básica de todo sistema familiar: essa energia se expressa
através do amor. Quando dizemos amor, pensamos em um sentimento positivo que dá força e ajuda
a crescer (o amor positivo), porém não devemos esquecer que existe também um amor negativo,
que adoece e escraviza. Muita gente julga que o amor positivo tem o poder de superar tudo, que é
preciso apenas amar bastante e tudo ficará bem. Contudo isto não é verdade. Muitos pais, apesar do
amor positivo, sincero e libertador são forçados a ver seus filhos adoecerem gravemente,
desenvolveram dependência de drogas ou se suicidarem. Nem sempre as causas estão em
acontecimentos desta vida e sim na energia básica que flui na família, no sistema familiar,
envolvendo relações interpessoais de gerações anteriores. Para que o amor "dê certo", é necessário
que haja o conhecimento e o reconhecimento da energia oculta do amor negativo.
O primeiro ponto é que os pais não só dão vida, mas dão a seus filhos também as energias positiva
e negativa que possuem. Eles não podem influenciar essa energia. Os filhos nada podem excluir,
nem acrescentar à ela. Só aceitando-a, essa energia poderá fluir de forma positiva e benéfica,
apesar de muitas vezes estar repleta de amor negativo. Aceitar significa assumir a vida e o próprio
destino, tal como nos foi dado através dos nossos pais. Com os limites que nos são impostos e com
as possibilidades que são concedidas. Com a energia, destinos, sucessos e culpas de nossa família.
Com tudo o que houver nela de bom e de ruim, de leve e de pesado. Ato de libertação
Aqui cabe um esclarecimento: faz parte da aceitação dos filhos que digam a seus pais: "Eu sei que
vocês me deram tudo que possuíam. Eu sei que o que recebi é o bastante para assumir minha vida.
Eu aceito com amor". O efeito destas frases atua muito fundo: os pais concluem sua tarefa e os
filhos se tornam livres para viverem a própria vida com respeito aos pais, mas sem dependência
energética.
Imagine agora a situação de um filho que diz aos pais: "O que vocês me deram foi errado" ou "o
que vocês me deram foi muito pouco". Esse filho não consegue soltar-se de seus pais, simplesmente
pela vontade de receber mais. Sua dependência, seu ódio, sua censura e suas reivindicações o
vinculam a eles. O filho se torna infeliz e incapaz de solucionar seus próprios problemas e passará
sua energia negativa para seus próprios filhos. Entretanto, conforme foi dito acima, pertencemos
também a um grupo familiar, a um sistema maior. Nossa vinculação não se limita aos nossos pais.
O grupo familiar se comporta como se fosse dirigido por uma instância comum e superior (energia
básica) que influencia todos os membros, a saber:

*Todos os filhos, inclusive os que morreram ou foram abortados.


*Os pais e todos os seus irmãos.
*Os avós.
*Os bisavós ou até mesmo um antepassado ainda mais distante, principalmente se teve um destino
ruim.
*Pessoas sem relação de parentesco, aquelas de cujo o destino, seja bom ou ruim, pessoas da
família se beneficiaram.
*As vítimas de violência ou morte causadas por membros anteriores dessa família.

Lei Fundamental

Para todas as famílias vigora uma lei fundamental: todas as pessoas ligadas ao grupo familiar
possuem o mesmo direito de se relacionar. Em muitas famílias determinados membros são

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

excluídos. Alguns dizem, por exemplo: "Essa tia não vale nada e por isso não pertence a nós". Ou
então: "Dessa criança ilegítima não queremos saber". Com isso, -negam a essas pessoas o direito
de pertencer.
O excesso de moral de algumas pessoas que se sentem melhores e superiores a outras, ou quando
alguém condena uma pessoa ou a considera má, na prática significa dizer-lhes: "Tenho mais direito
de pertencer que você". Ou seja, praticamente está lhe dizendo: "Você não tem direito de pertencer
a essa família", "Eu tenho mais direitos que você".
Um exemplo: quando alguém morre prematuramente em uma família e seus parentes dão seu nome
a um filho, estão dizendo à criança "seja ele" - ou dizendo a quem morreu, "você não pertence mais
à família". Assim a pessoa morta não ocupa o seu lugar na família. Com freqüência, não é mais
considerada, nem mencionada. Assim lhe é negado e retirado o direito de pertencer a essa família.
Isso tanto pode ocorrer com parentes vivos como mortos. A carga que as crianças assumem ao
receberem um nome repleto de história pode tornar-se um fardo.
Essa lei fundamental, que assegura a todos o mesmo direito de pertencer, não aceita nenhuma
violação. Quando isso acontece, existe no sistema um desequilíbrio e uma necessidade inconsciente
de compensação, que faz com que os excluídos ou desprezados sejam mais tarde representados por
algum outro membro da família. Essa pessoa, mesmo não tendo consciência do fato, buscará a
compensação.

Uma questão de hierarquia

Mais um exemplo: quando um casamento se desfaz e o casal briga, inventa falsas razões para a
separação e comete injustiças um contra o outro, a energia que circula na família é negativa e passa
para os filhos, desta e da próxima união. Um dos filhos do segundo casamento, por exemplo, poderá
combater os pais com o mesmo ódio do ou da parceira rejeitada, sem que tenha a menor
consciência dessa "compensação". Aqui atua a força secreta da lei fundamental, para que a injustiça
feita à primeira pessoa seja "compensada" por uma segunda. Essa compensação pode ser buscada
em até duas ou mais gerações descendentes.
Existe dentro de cada família uma ordem básica hierárquica onde todas as pessoas são, em primeiro
lugar, filhos; em segundo, parceiros ou "casal"; em terceiro, pai ou mãe dos filhos do primeiro
casamento; só em quarto lugar são novamente "casal" e, por último, são pais de seus filhos do
segundo casamento. Esta é a ordem natural das relações dentro de uma família. Quando se aceita
isto, pode-se resolver ou evitar diversos conflitos em muitas famílias. Afinal, marido ou esposa não é
uma relação que sempre dura "até que a morte os separe". Mas "ex-marido" ou "ex-esposa"
realmente não deixam nunca de ser "ex".
A solução de muitos conflitos só é possível quando a lei fundamental que assegura a todos o mesmo
direito de pertencer deixa de ser violada e os excluídos voltam a fazer parte da energia da família e
a serem respeitados. No exemplo da separação, pertence à aceitação energética que o novo casal
diga: "Eu reconheço a sua dor e respeito o seu destino. Por favor aceite a mim como eu sou e queria
bem aos meus filhos". Desta forma é reconhecido o direito de pertencer e a energia estará
equilibrada.

O que é o Curador?

Curador é toda aquela pessoa que cura; desde a pessoa que usa um sorriso e "cura" uma cara
triste, àquela que usa técnicas ou conhecimentos para ajudar alguém a restabelecer-se ou a
curar-se. Da mesma forma um curador tanto pode ser um cirurgião como aquele que aplica um
curativo ou que aplica um penso rápido. O curador é toda a pessoa que usa os seus
conhecimentos para ajudar alguém em algum problema seja ele sentimental, emocional, de
saúde, etc. ou apenas ajudar alguém a sentir-se melhor. Os seus conhecimentos podem

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implicar o uso de técnicas, terapias, experiências, etc. com vista a ajudar alguém em
determinado problema. Os conhecimentos podem ser adquiridos nos mais diversos locais
desde a escola, universidades, livros, prática, experiência, conversas, etc. O conhecimento
existe em qualquer lugar e em qualquer pessoa e da mesma forma ele é e deve ser usado por
toda e qualquer pessoa. Quando esse conhecimento é usado e aplicado, as pessoas ganham
um sorriso e começam a ver a vida de outra forma. O sorriso é uma das melhores formas de
cura que existem e que está ao alcance de qualquer pessoa. Qualquer pessoa pode sorrir para
as que tem à sua volta e dessa forma curá-las de tristezas, de más disposições ou maus
humores e de muitas outras situações. Se todos sorríssemos, o mundo seria curado em pouco
tempo pois todos somos curadores independentemente de acreditarmos ou não que possamos
fazer alguma diferença. Mas muitas das vezes o termo curador é usado por aqueles que fazem
curas que saem do campo da ciência. Ou seja por aqueles que fazem curas psíquicas,
espirituais, energéticas, etc. No fundo um curador pode usar Deus, anjos, espíritos de luz, etc.
para curar ou ser um intermediário para a cura. Ele pode ser apenas um canal para que a
energia, Deus, anjos, espíritos de luz, etc. passem ou trabalhem através dele. Pode também
ser alguém com capacidades psíquicas, espirituais, mediúnicas, etc. ou apenas um qualquer
profissional que zela pelo bem estar das pessoas à sua volta. No fundo pode ser qualquer
pessoa que atue para curar ou obter resultados. Freqüentemente os Curadores fazem uso das
suas capacidades mentais, psíquicas, espirituais e outras, para resolver as causas dos
problemas conseguindo dessa forma aquilo que a ciência sabe ser possível mas que tem
negado ao longo dos séculos. Um curador usa as suas capacidades e conhecimentos para
levar as pessoas a encontrarem as suas soluções e a encontrarem as suas capacidades de
auto cura. É sempre a própria pessoa que quer e permite a sua cura. O Curador está um passo
acima do Facilitador.

O que é Facilitador?

O facilitador é toda a pessoa que facilita que algo ocorra ou aconteça. Isto pode ser visto no
amigo que ajuda a resolver ou a apoiar na resolução de um problema como na pessoa que
aplica técnicas e terapias para chegar a algum resultado. A diferença entre curador e facilitador
é que o curador é suposto curar ou ajudar a curar enquanto o facilitador apenas facilita que as
coisas e situações aconteçam. O facilitador sabe que ele não tem poder para mudar nada nem
ninguém e dessa forma sabe que os resultados não dependem dele mas sim da pessoa que
ele ajuda. Ele apenas facilita a que algo aconteça mas é a pessoa que tem de fazer e de
deixar que as mudanças aconteçam. Para que o Facilitador consiga resultados, ele precisa de
ter conhecimentos acerca do que fazer e como fazer para que os resultados aconteçam. O
Facilitador não se impõe ao corpo nem à pessoa e apenas ajuda a pessoa e o seu corpo a
encontrarem o equilíbrio. Desde sempre que se sabe que uma doença ou um problema é
apenas um desequilíbrio em algum lugar ou alguma área. Uma vez conseguido o equilíbrio, o
problema acaba por desaparecer. Um facilitador por norma socorre-se de técnicas e terapias
para facilitar a obtenção de resultados e o equilíbrio do corpo e da pessoa. Ele ajuda (facilita) a
pessoa a entrar de novo em equilíbrio. Um Curador faz mais uso das suas capacidades e dons.
Ele não usa apenas os seus conhecimentos, formações e experiências pessoais. Quer um quer
outro, podem ter ou não formação superior. O Facilitador está um passo acima do terapeuta.

O que é o Terapeuta?

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Um terapeuta é todo aquele que aplica terapias e soluções para obter resultados quer essas
terapias sejam ou não de formação acadêmica. Ele faz uso de conhecimentos e aplica-os para
obter resultados. Uma vez que ele faz uso de conhecimentos e informações, ele muitas das
vezes não consegue um ponto de equilíbrio e dessa forma os seus resultados acabam por ser
"impostos" e por não serem naturais. Os seus resultados apesar de serem bons ficam muito
aquém dos resultados que um facilitador consegue e ainda mais atrás daqueles que um
curador consegue.

A LÓGICA DA EMOÇÃO Da Psicanálise à Física Quântica.

Conhecer-nos, nossas capacidades e limitações, nossas emoções e necessidades e a forma


como nos relacionamos é essencial para que tenhamos saúde. Esse estado que temos
buscado desde o início dos tempos, de todas as formas, sempre procurando restaurar um
equilíbrio que foi perdido quando nos tornamos racionais. Quando fomos "expulsos do paraíso"
e jogados na aventura de uma amplificação da consciência que nos tornou seres especiais,
capazes de criar. Habilitados, como nenhum outro ser vivo que conhecemos, a imitar a
natureza neste ato fundamental que é a criação.

Esta aventura chega ao momento de desenlace quando já temos poder e conhecimento para
destruir tudo à nossa volta e para produzir outros seres humanos sem a ajuda dos processos
naturais. Sem dúvida, chegamos muito longe! Agora é melhor olharmos para dentro e
percebermos quem realmente somos e o que desejamos, o que é válido e o que é para nós
perigoso equívoco.

A Lógica da Emoção, parte das descobertas da psicanálise passa pelo conhecimento das
religiões antigas e chega à nova física, numa trajetória que busca explicar o funcionamento de
nossas mentes, as leis que a regem e o papel da emoção.

Por que nos tornamos inteligentes? O que nos torna capazes de criar? Quais são as formas de
comunicação entre nós? Qual a qualidade e a realidade do mundo que construímos? Todas
são perguntas que só podem ser respondidas se usarmos uma lógica mais abrangente que
passa, necessariamente, por este sentido especial: a emoção, que nos distingue e eleva acima
da. Irracionalidade. Este é o território a ser desbravado pela humanidade nos próximos anos.

Estaremos tão interessados no poder sobre nossa natureza subjetiva por descobrirmos que
somente nele reside a possibilidade de êxito em alcançar um estado de bem estar que
prevaleça na maior parte do tempo, obedecendo ao conceito de saúde formulado pela O.M.S.

Leitura Recomendada

A Alma do Negócio - Jan Jakob Stam - Ed. Atman


A Fonte não Precisa Perguntar pelo Caminho - Bert Hellinger - Ed. Atman
A Paz Começa na Alma - Bert Hellinger - Ed. Atman
A Simetria Oculta do Amor - Bert Hellinger - Ed. Cultrix

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Ah! Que bom que eu sei! - Jakob Schneider e Brigitte Gross - Ed. Atman
Amor à Segunda Vista - Bert Hellinger - Ed. Atman
Constelações Familiares - Bert Hellinger - Ed. Cultrix
Desatando os Laços do Destino - Bert Hellinger - Ed. Cultrix
Liberados Somos Concluídos - Bert Hellinger - Ed. Atman
No Centro Sentimos Leveza - Bert Hellinger - Ed. Cultrix
O Essencial é Simples - Bert Hellinger - Ed. Atman
Ordens da Ajuda - Bert Hellinger - Ed. Atman
Ordens do Amor - Bert Hellinger - Ed. Cultrix
Para que o Amor Dê Certo - Bert Hellinger - Ed. Cultrix
Pensamentos a Caminho - Bert Hellinger - Ed. Atman
Quando fecho os olhos vejo você - Ursula Franke - Ed. Atman
Religião, Psicoterapia e Aconselhamento Espiritual - Bert Hellinger - Ed. Cultrix
Você é um de Nós - Marianne Franke-Grickeh - Ed. Atman

Reflexão:

"Quando alguém pára no caminho, e não quer avançar, o problema não está no saber. Ele
busca segurança quando é preciso coragem, e quer liberdade quando o certo não lhe deixa
escolha. Assim, fica dando voltas." - Bert Hellinger

"O coração tem razões que a razão desconhece."

Depoimentos - Nossas Experiências!!!

Oi, pessoal! Penso que seria legal a gente conversar sobre as experiências pessoais de
cada um com a constelação. Quem já fez, quem ainda não mas deseja fazer, quem ainda
não conhece. Quem se habilita a começar?

... Profundo e Transformador Fiz a minha constelação há mais de um ano e transformou minha
vida. Me identifiquei totalmente com a qualidade desse trabalho e estou fazendo a formação.
Também sou de Brasília e fiz o meu trabalho com o Regis. Os Alemães que dão a formação
são fantásticos. Que bom que possamos dispor desse novo conhecimento...
...Descobri na abordagem terapêutica desenvolvida por Bert Hellinger pode ser utilizada com
sucesso somente pelos terapeutas e orientadores de grupo que conseguem manter uma
atitude interior de maior respeito pela individualidade do cliente. Além disso, devem estar livres
de preconceitos e convenções moralistas. O olhar intuitivo é a atitude fundamental: uma
posição de um movimento amoroso em direção ao mundo tal como ele é – seja aparentemente
bom ou aparentemente mau. Assim, o terapeuta tem a possibilidade de reconhecer o amor
enredado e de iniciar os passos que levam à solução...

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

...A constelação familiar nos coloca em contato com heranças de nossos antepassados que
levamos conosco inconscientemente. O grande amor que flui dentro do universo familiar se
manifesta muitas vezes de maneira equívoca através de sacrifícios, renúncias e sofrimentos.
Através dos sentimentos e sensações que experimentam os representantes de nossos
antepassados, as verdades do amor em nossas famílias nos são reveladas. E todos que
participam aprendem pela experiência da constelação os movimentos que adoecem as
relações familiares e os movimentos que curam deixando fluir a verdadeira força do Amor...
...Já fiz diversas constelações para mim, inclusive com bonecos, além de ter participado em
inúmeras outras. Ainda assim, continuo a me impressionar, diria ser quase inacreditável! É
mágico. É surpreendente a possibilidade que a constelação familiar oferece de resgatar
questões familiares, recentes ou vinculadas a nossos antepassados, através da atualização de
sentimentos e sensações em geral desconhecidos e por vezes inesperados. Só vendo ou
participando para crer!...
...Tomei conhecimento da Constelação Familiar por intermédio da minha terapeuta. Sem ter
muita explicação do que se tratava, assisti a duas Constelações e me encantei com o trabalho!
Pude participar como representante logo na primeira vez, e achei muito curioso as sensações e
sentimentos que tive. A partir daí, fiz duas Constelações para mim e participei de muitas outras.
Atualmente estou inscrita na Constelação Familiar em grupo e estou adorando! De tudo que já
experimentei para meu auto-conhecimento, a Constelação familiar é a maneira mais objetiva
de entender a origem dos problemas. A cada Constelação que participo aprendo cada vez mais
sobre mim mesma e minha família. Agradeço ao Bert Hellinger pela oportunidade que tive de
conhecer e de participar deste trabalho maravilhoso...
...Conheci o trabalho com constelação familiar no primeiro semestre de 2003, através de uma
amiga. Meu primeiro contato direto com a técnica, após uma breve explicação durante uma
entrevista prévia com uma amiga foi com a minha própria constelação. O primeiro impacto que
senti durante a minha primeira constelação foi a grande onda de amor que se criou durante a
formação do meu sistema familiar e que permaneceu durante o tempo de duração da
constelação, em que as pessoas, a maioria delas totalmente desconhecidas, representavam os
membros da minha família. A intensidade do amor que senti era tão grande que saí de lá muito
impressionada. Só por isso, a constelação familiar já me fascinou e continua fascinando. O
segundo ponto marcante foi a imagem clara do meu sistema familiar. Pude perceber como
estava inegavelmente ligada aos meus antepassados, pude enxergar com clareza e força onde
estava o meu bloqueio e ao recuperar com amor os emaranhamentos dos meus ascendentes,
pude olhar para o que buscava -- a minha imagem de cura. Ao se montar pela constelação
qualquer sistema familiar, a imagem é clara, límpida, verdadeira, forte, mesmo que em alguns
casos não queiramos ver... Impossível questionar, duvidar. A imagem fala por si só, confirmada
pela reação dos representantes...
...Não há palavras, não há forma de se mascarar ou negar a verdade que surge diante da
montagem de um sistema em uma constelação. A verdade das relações, os emaranhados, os
excluídos e a força que nos une, cada um em seu sistema, surge imperativa, com a mesma
intensidade do amor e mais uma vez permite ver como, por amor, assumimos destinos que não
são nossos. Desde então, sou sempre voluntária para participar de qualquer grupo de
constelação, venho estudando os livros de Hellinger sobre o tema, e sinto em minha vida a
força dos resultados desta técnica. Com o tempo e os temas tratados em constelação, pude
também confirmar a eficácia da técnica. Há um trabalho que se efetua e que parece vibrar até
se materializar em solução. Participo regularmente dos grupos organizados no Rio e de alguns
em Niterói desde então, e também usufruo muito das diferentes vivências propostas na
primeira parte de cada encontro. Impossível enumerar aqui tudo o que tenho aprendido nos
grupos de Estudos. Quero então dizer à ao Bert Hellinger em um encontro casual em um
elevador: Obrigada, Bert Hellinger! Ter te conhecido e através de você ter conhecido a

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

constelação familiar, as ordens do amor, trouxe muito mais luz e colorido à minha vida.
Agradeço também o carinho e o amor que você dedica a cada um de seus clientes constelados
e tenho certeza que aí também reside a força e o sucesso do teu trabalho...
... Enquanto os procedimentos médicos estavam a decorrer, outras questões faziam eco na
minha cabeça: o que tenho eu a aprender com isto? Que parte de mim foi esquecida e
maltratada para estar a lidar com estas seqüelas? O que é que a vida me está a mostrar?
Procurei respostas para estas questões junto de uns queridos amigos e Mestres que já me
acompanham há alguns anos. A abordagem através das Constelações Familiares (do Dr. Bert
Hellinger) veio trazer muitas surpresas. Mas partindo do princípio de que poucas pessoas
sabem que terapia é esta e não querendo perder uma óptima oportunidade para a divulgar um
pouco, vou socorrer-me de alguns textos que constam do site desses “anjos” de que vos falei:
http://www.portais.org . Este sítio é já o espaço onde existe mais informação em português
sobre esta terapia e em breve estará disponível muito mais informação sobre a mesma, assim
como, tudo aquilo que a envolve (inclusive a teoria dos Campos Morfogenéticos de Rupert
Sheldrake). ''Campo morfogenético'' é o nome dado a um campo hipotético que explica a
emergência simultânea da mesma função adaptativa em populações biológicas não-contíguas.
Segundo o holismo, os campos morfogenéticos são a memórias coletiva a que recorre cada
membro da espécie e para a qual cada um deles contribui. De uma forma simples, a base das
Constelações Familiares é a seguinte: todos temos gravadas dentro de nós, imagens
conhecidas e desconhecidas, da nossa família. Estas imagens impõem-nos, duma forma
inconsciente, os seus laços subtis, seja no modo como nos relacionamos conosco próprios,
seja com aqueles que nos rodeiam, levando a que na nossa vida, surjam situações por vezes
problemáticas, causadoras de sofrimento, que em última instância originam, doenças ou
comportamentos doentios, os quais, aparentemente, não têm uma explicação racional. Estas
imagens inconscientes, causadoras de desarmonias, têm com freqüência origem, numa quebra
do fluxo do amor. O objetivo da Terapia Constelações Familiares é localizar onde o amor
deixou de fluir, e, duma forma vivencial e profunda trazer à luz essa quebra e, se possível,
ajudar a que o amor volte a fluir. E quando o amor volta a fluir, podem acontecer surpresas nos
sintomas atuais, ou seja, a sua cura. feito… Outra coisa que quero que conheçam foi a
descoberta de um padrão familiar que, por o desconhecer, também a mim me surpreendeu.
Pude comprovar mais tarde, através de registros de um tio já falecido, que eram
completamente exatas as datas que emergiram das sessões de terapia. Remeto para um
parágrafo anterior em que se diz que “somos todos um só ser” e acrescento que as escolhas
da nossa alma nem sempre são compreendidas pelo nosso consciente. Mas é por elas que a
nossa vida nos conduz. O meu avô paterno morreu (com cancro) quando o meu pai tinha
dezesseis anos. Não consigo avaliar os danos que este acontecimento lhe causou, mas parece
que foi de tal maneira devastador que o meu pai esperou até que eu tivesse dezesseis anos e
também ele partiu com um cancro. Continuo a não conseguir (ainda não consigo) avaliar os
danos que isso me causou, mas espanta-vos que me tenha sido diagnosticado um cancro
exatamente quando a minha filha tinha dezesseis anos? Que escolha tinha eu feito? E quem
me poderia ajudar a alterar o rumo?...
... Bom dia, Estou invadida por um sentimento de gratidão e reconhecimento pelo seu trabalho,
penso o tempo inteiro... Cada vez mais sinto necessidade de conhecer e me aprofundar sobre
constelações, não lembro exatamente onde tinha visto, não conhecia ninguém que tinha feito
constelação, mas repercute muito bem em mim os princípios teóricos, a forma de trabalhar e as
dimensões abrangidas. Gostaria de participar de outros encontros, como constelante e se
possível como aprendiz. Pra isto peço que me comunique sobre próximos encontros, cursos de
formação, etc. Posso, continuar em Brasília...
... Grande abraço. P.S. Lembra-se daquele trabalho A, B e C, que fizemos no final da manhã
de domingo? Participamos do mesmo grupo, quando posicionai todos, e você sentiu uma
sensação de que estava esperando pelo outro, uma sensação de birra. Pois é, logo após sair

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

do Hotel, a pessoa, ( que visualizei) me ligou, pedindo que eu o perdoasse, e perguntou se eu


estava esperando que ele ligasse? Na verdade não tinha o que perdoar, apenas dar uma lição,
entre eu e esta pessoa existe um amor imenso, que é reconhecido por ambos e que ultrapassa
aspectos físicos. Sei da simplicidade da situação, mas foi muito bom a rapidez da resposta,
fiquei com vontade de compartilhar com você...
... Que LINDO! As fotos transbordam felicidade, que maravilha! É a materialização do resultado
de uma constelação familiar, que muitas vezes fica restrito aos que participam...
... É com muita satisfação que relato sobre o momento especial que estou vivenciando no
trabalho e na minha vida pessoal, após ter feito a constelação do trabalho e participado dos
wokshops e do Curso sobre Constelação Familiar. Há muito tempo vinha pasando por sérias
dificuldades no trabalho, das quais não conseguia me desvenciar, por mais que eu me
esforçasse ou mudasse de setor e na minha vida pessoal estava sempre angustiada e
insatisfeita...
... Hoje estou desenvolvendo o trabalho forma tranqüila, sendo valorizada e completamente
integrada à equipe. Na vida pessoal saí da estagnação e estou me movimentando sem esfoço
e em alguns momentos sentido uma enorme felicidade, que há muitos anos não sentia. Muito
obrigada pela competência, dedicação e amorozidade que você tem dispensado a esse
trabalho. Um grande abraço...
... Muito grata por ter me recebido e feito este trabalho lindo na minha vida as vésperas do meu
casamento. Já posso sentir as mudanças em mim e no meu dia-a-dia... Esta cerimônia será
realmente uma celebração de união e não teria a emoção que promete sem a sua ajuda. Um
abraço carinhoso...
... Após um longo tempo sem noticias, ou melhor talvez minha mãe tenha dado noticias minhas
nesse sábado já que ela participou do grupo de constelação... estou no Rio. Consegui me
mudar e estou bem satisfeita. Por favor me mantenha na sua lista de e-mail principalmente
para que eu seja informada das constelações aqui no Rio.Gostaria de agradecer por todo o
suporte que você me deu quando mais precisei e também de expressar a minha alegria por ter
encontrado na constelação um caminho para melhor compreender minha historia de vida.
Apesar de ter participado de uma constelação já há algum tempo sinto mudanças até hoje.
Obrigada por tudo.Bjs...
... Eu e minha irmã, fizemos juntas uma Constelação com você, no final de 2004. Gostaríamos
de fazer outra para dar continuidade. Após a constelação, alguns resultados positivos para a
família, foram alcançados. De 2004 para cá, algumas coisas na família mudaram, mas muitas
ainda estão empacadas, parece que há um ciclo de coisas que nos rodeiam e não se resolvem.
Gostaria de saber qual é o preço da constelação. Posso fazê-la novamente junto com minha
irmã?...
... Gostei muito do texto e aproveito para dizer que o trabalho de constelação no último dia 5 no
CLIAMA foi excelente. Tudo estava perfeito, do local (especial e muito agradável), à
alimentação natural e, é claro, as constelações. Valeu muito a pena e todos perceberam que foi
feito um grande trabalho. Parabéns e continue com este trabalho maravilhoso e muito
necessário! Quanto ao "pós-constelação", sei que ela continua atuando por um bom tempo e os
resultados vão sendo vistos progressivamente. Mas, de imediato, posso dizer que minha
relação com minha mãe já melhorou bastante. Antes eu me sentia irritada com ela e com
freqüentes atritos. Tb, se eu me colocava no lugar da 1ª mulher do meu pai (como a
constelação mostrou) ficava difícil! Ela, por seu lado, se colocava entre eu e meu marido -
talvez vendo meu marido como o dela e eu como a 1ª mulher dele. Agora entendo melhor o
fato de ela ter se metido muito no meu casamento e sentia que ela queria muito ficar no meu
lugar, viver minha vida! Também estou mais tranqüila e deixando as coisas correrem. Ou
melhor, seguindo a corrente e mergulhando nela, como diz Bert Hellinger!...

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

... Posso dizer que mudou minha vida... tive a chance de me despedir dos que morreram e
entender muito "emaranhado" brabo!...
... Entrei num grupo de estudos, pois quero aprender mais, honrar e respeitar os q fizeram suas
opções, embora deseje viver as minhas!...
... A minha também Tive a graça de ter 2 constelações, uma da relação com a minha mãe e
outra da relação com meu ex-companheiro e ainda estão mudando a minha vida. Muita coisa
vai vindo pro plano consciente e a minha atitude vai mudando aos poucos. Recomendo a
todos!...
... Também recomendo...Parece que a turma aqui é meio tímida... bom, acho importante
lembrar que a constelação pode abrir muitas portas em nossas vidas, mas é preciso estar
preparado, pois se pode ouvir o que não se quer, ok?...
... Ganhei uma constelação de presente e foi tudo que eu precisava. Me deu muita força pra
seguir a vida e entender melhor as coisas. E principalmente a aceitar, amar mais e aproveitar a
minha família. Foi bom pra a família inteira. Mudou muita coisa na minha vida e um pouquinho
na vida de cada um que estava "presente" naquele dia. Foi um dia abençoado...
... Realmente, a Constelação é algo maravilhoso demais. Fiz no início do ano, aqui em Brasília,
com a orientação do Régis, de BH, e mudou minha vida tb. E é impressionante, como participar
de outras tb nos dá oura visão das coisas. Tenho vontade de indicar todas as pessoas que eu
conheço pra fazer. Quem sabe um dia...
... Conheci este trabalho há 8 anos e foi e continua sendo uma dádiva que hoje partilho com
todos que chegam. Para mim, antes de uma cura familiar, este trabalho é uma grande
investigação sobre a origem de nossos sofrimentos individuais(nossa família) e os sofrimentos
coletivos(Culturais). Os encontros de constelação familiar, me fazem tocar cada vez mais no
Ser, limpo de crenças e pactos e assim, mais amoroso e inclusivo...
... Conheci a Constelação bem recentemente através de uma amiga terapeuta. Participei de
duas vivência, inclusive um 'encontro de almas'que realmente me facilitou muito minhas
reflexões perante muitos ângulos ante não percebidos por mim anteriormente. Abraços!...
... Cura pelas constelações feliz em fazer parte. constelando há quase dois anos “tirando
cascas da cebola" - aceitando os meus pais, exercício continuado e amoroso, repassando pra
quem amo...
...Através da constelação eu toda minha familiar descobrimos que a mesma dor que afetou
muitas vezes todo o sistema familiar da minha família resgata o amor entre seus membros...
... Fiz mais de 7 constelações Sou do Rio. Todas fiz com a Cida. Nossa terapeuta. Amei !!!
Após conhecer esse trabalho consegui entrar em contato com meus sentimentos. Que mundo
maravilhoso se descortinou para mim. Passei a viver minha vida dentro de minhas opções e
entendi que posso optar por ser feliz. Tudo depende apenas de mim. O fantástico disso tudo é
que na teoria sabia de muita coisa mas através das constelações foi que consegui praticar e
optar por um caminho mais meu, mas fácil pra mim, mais feliz...
... Constelação Familiar Minha participação na constelação familiar se dá com o convite de
Viviane minha amada, e desde a primeira vez senti-me me senti envolvido e identificado e cada
vez mais com a Constelação Familiar as quais eu participei. Quando vai ter a próxima? Já
estou com saudades das pessoas e da Constelação Familiar...
... Sou outra pessoa Esse trabalho simplesmente mudou a minha vida por completo. Faço
constelações há 5 anos e só tenho a agradecer à Deus que iluminou o Bert Hellinger para
desenvolver esse trabalho tão maravilhoso e poder expandí-lo pelos 4 cantos do
mundo.Atualmente organizou as constelações do meu noivo, o terapeuta Homero Zolli aqui em
São Paulo e tenho visto verdadeiros milagres acontecerem na vida das pessoas...

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Constelações Familiares, liberando os destinos trágicos, e refazendo a


imagem interior do seu lugar na família.
Uma abordagem terapêutica desenvolvida por Bert Hellinger
Resumo do conteúdo do site: www.hellinger.com

Livros editados: Editora Cultrix – Autor: Bert Hellinger


1- As ordens do Amor
2- Simetria Oculta do Amor
3- Constelações Familiares

Biografia Resumida Bert Hellinger.

Nascido em 1925, estudou filosofia, teologia e pedagogia. Sua formação religiosa levou-o depois a
ingressar em uma ordem religiosa católica. Mais tarde trabalhou como missionário na África do Sul. No
início dos anos 70 deixou a ordem religiosa católica dedicando-se então à psicoterapia.
Através da dinâmica de grupo, da terapia primal, da análise transacional e de diversos métodos
hipnoterapêuticos chegou à sua própria terapia sistêmica e familiar.
Autor de best-sellers na Alemanha, possui mais de 14 livros em sua bagagem. "A Simetria Oculta do
Amor" foi o primeiro livro a ser publicado no Brasil. Entre as suas atividades atuais está o seu trabalho
com os sobreviventes do holocausto e suas famílias.
Bert Hellinger redescobriu durante o seu trabalho com centenas de sistemas familiares que o
reconhecimento do amor que existe no seio das famílias comove as pessoas e muda suas vidas. Porque
um amor rompido em gerações anteriores pode causar sofrimentos aos membros posteriores de uma
família, o processo de cura exige que os primeiros sejam relembrados. Nos seus workshops os
participantes observam, representam pessoas de outras constelações familiares ou exploram suas próprias
dinâmicas familiares ajudando Hellinger a demonstrar como o amor, mesmo se injuriado ou mal-
direcionado pode ser transformado em uma força que cura.
Hellinger é inabalável em sua serena compaixão durante o seu trabalho com indivíduos, casais ou famílias
que enfrentam situações difíceis. Terapeutas experientes apreciam a efetividade de seu método e seus
resultados. Freqüentemente os participantes de seus workshops partem com uma profunda compreensão
de si mesmos, o poder do amor e as forças que governam os relacionamentos humanos.
Bert Hellinger vive hoje com sua esposa na Alemanha, no sudeste da Baviera, perto da fronteira austríaca.

Algumas idéias básicas

Sobre o desenvolvimento da abordagem de Bert Hellinger

Bert Hellinger descreveu em julho de 1999 a sua abordagem e seu respectivo desenvolvimento em
tópicos.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

1. A idéia de Eric Berne de que existem scripts pessoais segundo os quais uma pessoa organiza
inconscientemente a sua vida teve um papel muito importante para mim. Berne acreditava que isso vem
das instruções recebidas dos pais na infância. Eu vi que isto tem a ver com emaranhamentos nos destinos
de outros membros da família, freqüentemente em uma ou duas gerações anteriores.
2. Já durante o meu trabalho prático de muitos anos com a terapia primal pude observar que muitos
sentimentos, também os violentos, nada tinham a ver com a vivência pessoal. Tornou-se bem evidente
para mim que são sentimentos freqüentemente assumidos através de uma identificação com uma outra
pessoa.
3. Além disso sempre vivenciei que a consciência que sentimos tem funções que conservam o sistema.
Trata-se, em especial, do vínculo ao grupo, da regulamentação do intercâmbio através da necessidade de
equiparação entre o dar e o receber, das vantagens e perdas e a imposição das normas do grupo.
4. Mais ainda. Existe uma consciência inconsciente que liga os membros de um sistema e impõe dentro
dele as seguintes ordens ou leis:
a. Cada membro da família e estirpe tem o mesmo direito de pertinência, também os que
faleceram precocemente ou os natimortos, assim como os deficientes e os maus.
b. A perda de um membro através da exclusão ou esquecimento será compensada por um
outro membro da família. Freqüentemente em uma geração posterior este representa ou
imita inconscientemente aquele que foi excluído ou esquecido.
c. Vantagens às custas de outrem serão compensadas muitas vezes somente em uma
geração posterior.
d. Os membros anteriores têm precedência sobre os posteriores . Por isso quando um
membro posterior se eleva sobre um anterior ele paga muitas vezes através do fracasso ou
queda.
5. Finalmente existem muitas indicações que os mortos atuam sobre os vivos , ou de um modo ruim se
são excluídos ou temidos, ou de modo benévolo, se são chorados, honrados e depois deixados em paz.
A Constelação Familiar como a entendo e pratico, traz então à luz, no sentido das idéias básicas aqui
apresentadas, onde estamos emaranhados e quais são os passos que conduzem ao desenredamento e
solução. Todos estes passos têm a ver com o respeito pelos outros. Os assassinos são uma exceção.
Devemos deixá-los partir do sistema para que possam juntar-se às suas vítimas. Ali eles encontram a paz.

Constelações Familiares - Visão geral

Resumo da história do trabalho com as Constelações Familiares

O trabalho com as Constelações Familiares "segundo Hellinger" em sua forma atual foi desenvolvida nos
últimos 15 anos por Bert Hellinger. Baseia-se no pensamento sistêmico que teve seu início com Gregory
Bateson nos últimos 30 anos e que já foi também colocado em prática e desenvolvido por outros
terapeutas.
Para o tratamento terapêutico de um cliente é, portanto, necessário que sua família, o sistema em que está
conectado seja levado em consideração. Em psicodramas o psiquiatra americano de ascendência rumena
Jakob Moreno descobriu através do teatro o significado das ligações sociais de seus clientes. Reconheceu
que os problemas e distúrbios psíquicos de um ser humano têm relação com o seu ambiente. Da
americana Virginia Satir, assistente social em Palo Alto provém a reconstrução familiar e e a escultura
familiar (entretanto não é idêntica à Constelação Familiar segundo Hellinger). Todos os membros da

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

família trabalham em conjunto a sua ligação à cadeia das gerações e como podem se libertar dos encargos
assumidos da família.
Impulsos importantes provém também do trabalho de Ivan Bosyomenyi-Nagy que derivam do
pensamento de Martin Buber e acentua o equilíbrio necessário entre o dar e o receber nos
relacionamentos humanos.
Paralelamente a estas evoluções Bert Hellinger trabalha com cada um dos clientes e sua imagem interna
da família como esta se apresenta nas percepções dos representantes que foram colocados nas
constelações familiares. Ele designa a postura fundamental e o procedimento terapêutico que se
desenvolve a partir daí como fenomenológico.
A realidade profundamente comovente deste trabalho pode ser apreendida apenas através da própria
participação em uma constelação familiar.
Bert Hellinger descreve seu método de trabalho em uma Introdução ao Trabalho com as Constelações
Familiares , que escreveu para esta homepage.

Constelações Familiares segundo Bert Hellinger


O Trabalho com as Constelações Familiares – Uma introdução de Bert Hellinger

O caminho do conhecimento

Dois movimentos nos levam ao conhecimento. O primeiro se estende e quer abarcar algo até então
desconhecido para dele se apropriar e dele dispor. O esforço científico pertence a esse tipo e sabemos
quanto ele transformou, assegurou e enriqueceu o nosso mundo e a nossa vida. O segundo movimento se
origina quando nos detemos, durante nosso esforço em abarcar o desconhecido, e dirigimos o olhar, não
mais para um determinado objeto palpável, mas para um todo. Assim, o olhar está disposto a receber,
simultaneamente, a diversidade que se encontra à sua frente. Quando nos deixamos levar por esse
movimento, por exemplo, diante de uma paisagem, uma tarefa ou um problema, notamos como nosso
olhar fica, ao mesmo tempo, pleno e vazio. Pois só podemos nos expor à plenitude e suportá-la, quando
prescindimos primeiramente dos detalhes.
Assim, detemo-nos em nosso movimento exploratório e nos retraímos um pouco, até atingirmos aquele
vazio que pode resistir à plenitude e à diversidade. Esse movimento, que primeiramente se detém e depois
se retrai, chamo de fenomenológico. Ele nos conduz a conhecimentos distintos daqueles obtidos pelo
movimento do conhecimento exploratório. Contudo, ambos se completam. Pois também no movimento
do conhecimento científico exploratório precisamos, às vezes, deter-nos e dirigir nosso olhar, do estreito
ao amplo, do próximo ao distante. Por sua vez, o conhecimento resultante do procedimento
fenomenológico precisa ser verificado no indivíduo e no próximo.

O processo

No caminho do conhecimento fenomenológico, expomo-nos, dentro de um determinado horizonte, à


diversidade dos fenômenos, sem escolher entre eles e nem avaliá-los. Esse caminho do conhecimento
exige, portanto, um esvaziar-se, tanto em relação às idéias preexistentes quanto aos movimentos internos,
sejam eles da esfera do sentimento, da vontade ou do julgamento. Nesse processo, a atenção é
simultaneamente dirigida e não dirigida, centrada e vazia. A postura fenomenológica requer uma
prontidão tencionada para a ação, sem passar, entretanto, à execução. Graças a essa tensão, tornamo-nos

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

extremamente capazes e prontos para perceber. Quem a suporta percebe, depois de algum tempo, como a
diversidade presente no horizonte se dispõe em torno de um centro e, de repente, reconhece uma conexão,
uma ordem talvez, uma verdade ou o passo que leva adiante. Esse conhecimento provém igualmente de
fora, é vivenciado como uma dádiva e é, via de regra, limitado.

O Trabalho com as Constelações Familiares

O que o procedimento fenomenológico possibilita e requer pode ser experimentado e descrito de modo
especialmente marcante através do trabalho com as constelações familiares. Pois a colocação da
constelação familiar é, por um lado, o resultado de um caminho do conhecimento fenomenológico e, por
outro lado, o procedimento fenomenológico obtém resultado, quando se trata do essencial, apenas através
da contenção e confiança na experiência e compreensão por ele possibilitado.

O cliente

O que acontece quando um cliente coloca a sua família na psicoterapia? Em primeiro lugar, escolhe entre
as pessoas de um grupo, representantes para os membros de sua família. Portanto, para o pai, para a mãe,
para os irmãos e para si mesmo, não importando quem ele escolhe para representar os diversos membros
de sua família. Na verdade, é melhor ainda se escolher os representantes independentemente de
aparências externas e sem uma determinada intenção. Isto já é o primeiro passo em direção a uma
contenção e uma renúncia a intenções e velhas imagens.
Quem escolhe seguindo aspectos exteriores, por exemplo, idade ou características corporais não se
encontra numa postura aberta para o essencial e invisível. Limita a força expressiva da colocação através
de considerações externas. Com isso a colocação de sua constelação familiar já pode estar, para ele, talvez
fadada ao fracasso. Por isso também não importa e algumas vezes é melhor que o terapeuta escolha os
representantes e deixe o cliente montar com estes a sua família. Porém, o que deve ser considerado é o
sexo das pessoas escolhidas, isto é, que homens sejam escolhidos para representar os homens e mulheres
para as mulheres.
Escolhidos os representantes o cliente coloca-o no espaço um em relação ao outro. No momento da
colocação é de grande ajuda que ele os segure com ambas as mãos pelos ombros e assim em contato com
eles os posicione em seu lugar. Durante a montagem permanece centrado, prestando atenção ao seu
movimento interior, seguindo-o até sentir que o lugar para onde conduziu o representante seja o certo.
Durante a colocação está em contato não somente consigo e com o representante, senão também com uma
esfera, recebendo daí também sinais que o ajudarão a encontrar o lugar certo para essa pessoa. Prossegue
assim com os outros representantes até que todos se encontrem em seus lugares. Durante este processo o
cliente está , por assim dizer, esquecido de si mesmo.
Desperta deste esquecimento de si mesmo quando todos estão posicionados. Algumas vezes é de ajuda
quando, em seguida, dá uma volta e corrije o que ainda não está totalmente certo. Senta-se então.
Podemos perceber imediatamente quando alguém não se encontra nesta postura de esquecimento de si
mesmo e contenção. Por exemplo, quando prescreve para cada um dos representantes uma determinada
postura corporal no sentido de uma escultura, ou quando monta a constelação muito depressa como se
seguisse uma imagem preconcebida ou quando se esquece de colocar uma pessoa, ou quando declara que
uma pessoa já está em seu lugar certa sem tê-la posicionado concentradamente.
Uma constelação familiar que não foi montada deste modo concentrado termina num beco sem saída ou
de forma confusa.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

O terapeuta

O terapeuta precisa também se libertar de suas intenções e imagens a fim de que a colocação de uma
constelação familiar tenha êxito. Na medida em que se contém e se expõe centrado à constelação familiar,
reconhece imediatamente se o cliente quer influenciá-lo através de imagens preconcebidas ou esquivar-se
daquilo que começa a se mostrar. Então ele ajuda-o a se centrar e o conduz a um estado de disposição
para que se exponha ao que está acontecendo. Se isso não for possível, pára com a colocação.

Os representantes

Exige-se também dos representantes uma contenção interna de suas próprias idéias, intenções e medo.
Isso significa que eles devem observar exatamente as mudanças que se manifestam em seu estado
corporal e seus sentimentos enquanto são colocados. Por exemplo, que o coração bate mais depressa, que
querem olhar para o chão, que se sentem repentinamente pesados ou leves, ou estão com raiva ou tristes.
É também de grande ajuda quando prestam atenção às imagens que emergem e que ouçam os sons e
palavras que afloram.
Por exemplo, um americano que estava começando a aprender alemão, ouvia constantemente durante uma
colocação familiar na qual ele representava um pai a sentença alemã: "Diga Albert". Mais tarde ele
perguntou ao cliente se o nome Albert tinha algum significado para ele. "Mas é claro", foi a resposta “, é
o nome do meu pai, do meu avô e Albert é o meu segundo prenome."
Uma outra pessoa que representava em uma constelação o filho de um pai que havia morrido em um
acidente de helicóptero ouvia constantemente o ruído do rotor de um helicóptero. Certa vez este filho
tinha sido o piloto de um helicóptero em que estava também o pai. O helicóptero caiu, mas os dois
sobreviveram. Para que essa postura obtenha resultado são naturalmente necessárias uma grande
sensibilidade e uma enorme prontidão para se distanciar de suas próprias idéias. E o terapeuta precisa ser
muito cauteloso para que as fantasias dos representantes não sejam captadas como percepções. Tanto o
terapeuta quanto os representantes podem escapar mais facilmente deste perigo quanto menos
informações tiverem sobre a família.

As perguntas

A percepção fenomenológica obtém melhores resultados quando se pergunta só o essencial, diretamente


antes da colocação familiar. As perguntas necessárias são:
1. Quem pertence à família?
2. Existem natimortos ou membros da família que morreram precocemente ? Houve na família
destinos especiais, por exemplo deficientes?
3. Algum dos pais ou avós tiveram anteriormente um relacionamento firme, portanto, foi noivo(a),
casado(a) ou teve de alguma forma um relacionamento longo e significante?
Uma anamnésia extensa dificulta, via de regra, a percepção fenomenológica tanto do terapeuta como
também dos representantes. Por isso o terapeuta recusa também conversas prévias ou questionários que
vão além das perguntas mencionadas. Pelo mesmo motivo os clientes não devem dizer nada durante a
colocação nem os representantes devem fazer perguntas de qualquer tipo para os clientes.

Centrar-se em si mesmo

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Alguns representantes são tentados a extrair da imagem externa da constelação o que sentem em vez de
prestar atenção à sua percepção corporal e ao seu sentimento interno imediato. Por exemplo, o
representante de um pai dissera que se sentia confrontado pelos filhos porque estes tinham sido colocados
à sua frente. Entretanto, quando prestou atenção ao seu sentimento interior imediato, percebeu que estava
se sentindo bem. Ele se desviara de sua percepção imediata por causa da imagem externa. Algumas vezes,
quando um representante sente algo que lhe parece indecoroso, não o menciona. Por exemplo, que ele,
como pai, sente uma atração erótica pela filha. Ou uma representante não se arrisca a dizer que ela, como
mãe, se sente melhor quando um de seus filhos quer seguir um membro da família na morte.
O terapeuta presta atenção, portanto, aos leves sinais corporais, por exemplo, um sorriso ou um
revezamento, ou uma aproximação involuntária das pessoas. Quando comunica tais percepções os
representantes podem verificar novamente a sua própria percepção. Alguns representantes fazem também
afirmações amáveis porque pensam que com isso poderão ajudar ou consolar o cliente. Tais
representantes não estão em contato com o que acontece e o terapeuta deve substitui-los por outros
imediatamente.

Os sinais

Um terapeuta que não se mantém constantemente durante a situação inteira em sua percepção centrada,
isto é, sem intenção e sem medo, é levado, muitas vezes através de afirmações de primeiro plano a um
caminho errado ou a um beco sem saída. Com isso os outros representantes ficam também inseguros.
Existe um sinal infalível se uma colocação familiar está no caminho certo ou não. Quando começa a se
perceber no grupo observador inquietação e a atenção diminui, a colocação não tem mais chance. Nesse
caso, quanto mais depressa o terapeuta interromper o trabalho tanto melhor.
A interrupção permite a todos os participantes concentrar-se novamente e depois de algum tempo
recomeçar o trabalho. Algumas vezes o grupo observador também apresenta sugestões que levam adiante.
Entretanto isto deve ser apenas uma observação. Se tentarem somente adivinhar ou interpretar, isso
aumenta a confusão. Então o terapeuta também deve parar a discussão e reconduzir o grupo à
concentração e seriedade.

A abertura

Tratei minuciosamente destas formas de procedimento e dos obstáculos que podem surgir a fim de por
limites às colocações feitas levianamente. Senão o trabalho com as constelações familiares pode cair
facilmente em descrédito. Alguns procedem de outra forma nas constelações familiares. Se isso ocorrer a
partir de uma atenção centrada pode obter bons resultados. Entretanto, se ocorrer somente por uma
necessidade de delimitação ou para ganhar prestígio à abertura fenomenológica fica limitada devido às
intenções.
A melhor forma de adquirir prestígio é quando se tem novas percepções que podem ser comprovadas
pelos resultados e nas quais se deixa também outros participarem. Se, entretanto, a delimitação segue
idéias teóricas ou é influenciada por intenções e medos que se recusam em concordar com a realidade que
se mostra, isto leva à perda da prontidão para apreender, com as respectivas conseqüências para o efeito
terapêutico. Se a colocação da constelação familiar for feita só por curiosidade ela perde a sua seriedade e
força. Restam, então, do fogo talvez apenas as cinzas e do vestido apenas a cauda.

O início

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

De volta agora ao trabalho com as constelações familiares. A questão que o terapeuta deve decidir, em
primeiro lugar, é:
Coloco a família atual ou a de origem?
Deu bons resultados começar com a família atual. Pois, dessa maneira, pode-se colocar mais tarde aquelas
pessoas da família de origem que ainda agem fortemente na família atual. Obtém-se assim uma imagem
em que as influências que sobrecarregam e curam através das várias gerações ficam visíveis e podem ser
sentidas. Unicamente quando os destinos da família de origem são especialmente trágicos é que se
começa com a família de origem.
A próxima pergunta é:
Com quem começo a colocação?
Começa-se com o núcleo familiar, portanto, pai, mãe e filhos. Se existe um natimorto ou uma criança que
morreu precocemente, coloca-se esta criança mais tarde para poder ver qual o efeito que tem na família
quando está à vista. A regra é começar com poucas pessoas, deixar-se conduzir por elas e desenvolver
passo a passo à constelação.

O procedimento

Quando a primeira imagem é configurada dá-se ao cliente e aos representantes um pouco de tempo para
que se exponham a ela, deixando-a atuar. Muitas vezes os representantes começam a reagir
espontaneamente, por exemplo, começam a tremer ou chorar ou abaixam a cabeça, respiram com
dificuldade ou olham com interesse ou apaixonadamente para alguém. Alguns terapeutas perguntam aos
representantes muito depressa como eles estão se sentindo, impedindo ou interrompendo dessa maneira
este processo.
Quem faz perguntas aos representantes apressadamente, utiliza este procedimento facilmente como
substituto para a sua própria percepção, tornando os representantes inseguros também. O terapeuta deixa,
em primeiro lugar, a imagem atuar também sobre ele. Freqüentemente vê imediatamente qual a pessoa
que está mais carregada ou em perigo. Se, por exemplo, ela foi colocada de costas ou de lado, o terapeuta
vê que ela quer partir ou morrer. Apenas precisa, sem perguntar nada a ninguém, dirigi-la uns poucos
passos à frente na direção em que está olhando e prestar atenção ao efeito que esta mudança provoca nela
e nos outros representantes.
Ou se todos os representantes olham para uma mesma direção o terapeuta sabe, imediatamente, que
alguém deve estar na frente deles: uma pessoa que foi esquecida ou excluída. Por exemplo, uma criança
que morreu precocemente ou um noivo anterior da mãe que morreu na guerra. Então ele pergunta ao
cliente quem poderia ser e coloca a pessoa no quadro antes que qualquer um dos representantes tenha dito
algo.
Ou quando a mãe está cercada pelos filhos dando a impressão de que eles estão impedindo as suas
partida, o terapeuta pergunta ao cliente imediatamente: O que aconteceu na família de origem da mãe que
possa esclarecer esta atração por partir. Então ele procura, em primeiro lugar, um alívio e solução para a
mãe antes de continuar a trabalhar com os outros representantes.
O terapeuta desenvolve, portanto, os próximos passos a partir da colocação inicial e busca informações
adicionais do cliente para o próximo passo, sem fazer ou perguntar nada além do que ele precise para este
passo. Com isso a constelação mantém a concentração no essencial e a sua especial densidade e tensão.
Cada passo desnecessário, cada pergunta desnecessária, cada pessoa adicional que não seja necessária
para a solução diminui a tensão e desvia a atenção das pessoas e dos acontecimentos importantes.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Constelações familiares densas

Freqüentemente é suficiente colocar somente dois representantes, por exemplo, a mãe e o filho com aids.
O terapeuta nem precisa então dar maiores instruções. Deixa os representantes seguir os movimentos que
resultam do campo de forças entre eles, entretanto sem nada dizer. Assim ocorre um drama mudo, no qual
vem à luz não somente os sentimentos das pessoas participantes mas também emergem um movimento
que mostra quais os passos que são possíveis ou adequados para ambos.

O espaço

Aqui se apresenta o mais surpreendente efeito da postura fenomenológica e sua forma de procedimento.
A contenção centrada do terapeuta e do grupo participante cria o espaço no qual relacionamentos e
emaranhamentos vêm à tona. Eles se movimentam em direção a uma solução dando a impressão de que
os representantes são movidos por uma força poderosa exterior.
Esta força serve-se deles e deixa parecer muitas das usuais suposições psicológicas e filosóficas
insuficientes e falhas.

A participação

Em primeiro lugar vê-se que existe obviamente um conhecimento através da participação. Os


representantes comportam-se e se sentem como as pessoas que representam embora nem eles nem o
terapeuta possuam informações prévias que vão além dos fatores e acontecimentos externos mencionados
anteriormente. Muitas vezes o cliente fica estupefado que os representantes expressam as mesmas coisas
que conhece das pessoas reais ou que mostram os mesmos sentimentos e sintomas que as pessoas reais
têm. Por isso pode-se concluir que os membros reais da família também possuem este conhecimento
através da participação de modo que nada de significativo permanece oculto à sua alma.
Há pouco tempo uma conhecida de uma mulher relatou que o seu pai era judeu e que tinha ocultado este
fato de seus filhos, batizando-se. Ela tomara conhecimento disto pouco antes de sua morte. Nesta
oportunidade soube também que o pai tinha ainda duas irmãs que haviam morrido em um campo de
concentração. Esta mulher tivera muitas profissões, uma atrás da outra. Primeiro tinha sido uma
camponesa, depois foi restauradora de velhos móveis antes de escolher a sua atual profissão de terapeuta.
Quando então pesquisou sobre as circunstâncias da vida de suas duas tias mortas veio à tona que uma
delas administrara uma fazenda e a outra uma loja de antiguidades. Sem ter conhecimento disto tinha
seguido as duas através de suas profissões, ligando-se desse modo a elas.

O campo de forças

O esclarecimento para isso permanece um mistério. Rupert Sheldrake provou através de observações e
muitas experiências que cães demonstram através de seu comportamento que sentem imediatamente
quando seu dono ou dona que estão ausentes se põem a caminho de casa e que percebem imediatamente
quando este caminho é interrompido. Sentem também, algumas vezes, através dos continentes. Portanto,
deve existir um campo de forças através do qual ambos estão diretamente ligados.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Os mortos

Nas constelações familiares torna-se ainda mais evidente através do comportamento dos representantes e
com isso, naturalmente, através do comportamento e dos destinos dos membros reais da família que eles
estão ligados às pessoas que já faleceram há muito tempo. Como poder-se-ia de outra forma ser
esclarecido que numa família, durante os últimos 100 anos, três homens de várias gerações tenham se
suicidado com 27 anos de idade no dia 31 de dezembro e pesquisas revelaram que o primeiro marido da
bisavó tinha falecido com 27 anos no dia 31 de dezembro e tinha sido provavelmente envenenado pela
bisavó e seu segundo marido?

A alma

Aqui atua mais do que um campo de forças. Aqui atua uma alma comum que liga não somente os vivos
mas também os membros falecidos da família. Esta alma abarca somente certos membros familiares e nós
podemos ver pelo alcance de sua atuação quais os membros da família que foram por ela abrangidos e
tomados a seu serviço.
Começando pelos descendentes são os seguintes:
1. os filhos, inclusive os natimortos e os falecidos,
2. os pais e seus irmãos,
3. os avós,
4. algumas vezes ainda um ou outro avô ou avó e também ancestrais que estão ainda mais longe
5. todos - e isto é especialmente significativo - aqueles que deram lugar para a vantagem dos
membros mencionados anteriormente, principalmente parceiros anteriores dos pais ou avós, e
todos aqueles que através de sua infelicidade ou morte a família teve vantagem ou lucro.
6. as vítimas de violência ou morte causadas por membros anteriores dessa família.
Sobre os dois últimos grupos mencionados gostaria de comunicar o que experiências recentes trouxeram à
luz. Nas colocações das constelações familiares de descendentes de pessoas que acumularam uma grande
riqueza, chamou-me a atenção que netos e bisnetos têm tido destinos terríveis que não podem ser
entendidos somente pelos acontecimentos dentro da família.
Somente depois que as vítimas cuja morte ou infelicidade havia sido o preço para esta riqueza foram
colocadas na constelação veio à tona a extensão da atuação dos destinos destas pessoas na família.
Exemplos para estes casos: trabalhadores que morreram na construção de ferrovias ou sondagens de
petróleo, cuja contribuição para a riqueza e bem-estar dos industriais não tinha sido reconhecida e
valorizada. Em muitas colocações de descendentes de assassinos, por exemplo, agressores nazistas do 3°
Reich pôde-se ver que os netos e bisnetos queriam se deitar junto às vítimas e com isso corriam extremo
risco de se suicidar.
A solução para ambos os grupos era a mesma. As vítimas devem ser vistas e respeitadas por todos os
membros da família. Todos devem reverenciá-las, inclinando-se diante delas, sentir tristeza e chorar por
elas. Depois disso, os ganhadores e agressores originais devem se deitar ao lado das vítimas e os outros
membros da família devem deixá-los aí. Só assim os descendentes ficam livres. Aqui fica evidente que os
membros da família se comportam como se tivessem uma alma comum e como se fossem chamados a
serviço por uma instância comum preordenada e como se esta instância servisse uma certa ordem e
seguisse um certo objetivo.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

O amor

Em primeiro lugar podemos ver que a alma liga os membros da família uns aos outros. Isso vai tão longe
que a alma de uma criança anseia seguir na morte o pai que morreu cedo ou a mãe que morreu cedo. Pais
ou avós também desejam às vezes seguir na morte um(a) filho(a) ou um(a) neto(a). Podemos observar
esse anseio também entre parceiros. Se um deles morre o outro freqüentemente também não quer mais
viver.

O equilíbrio

Em segundo lugar, podemos ver que existe em uma família uma necessidade de equilíbrio entre o ganho e
a perda que abarca várias gerações. Isto é, os que ganharam às custas de outros pagam com uma perda
compensando assim o que ganhou. Ou, se no caso do ganhadores se tratarem de agressores, geralmente
não são eles que pagam, senão os seus descendentes. Estes são escolhidos pela alma da família para
compensar no lugar de seus antecedentes, freqüentemente sem que tenham consciência disso.

A precedência dos antecedentes

A alma da família, portanto, dá preferência aos antecedentes em relação aos descendentes, sendo este o
terceiro movimento ou a ordem que a alma da família segue. Um descendente ou está disposto a morrer
por um antepassado se achar que com isso pode evitar a morte dele ou está disposto a expiar a culpa
pendente de um membro familiar anterior. Ou uma filha representa a mulher anterior de seu pai e se
comporta em relação ao pai como se fosse a sua parceira e como rival em relação à mãe. Se a mulher
anterior foi injustiçada, então a filha apresenta os sentimentos dessa mulher perante os pais.

A totalidade

Aqui podemos ver também o quarto movimento e a ordem que a alma da família segue. Ele vela para que
a família esteja completa e restaura a sua totalidade com o auxílio de descendentes para representar os que
foram esquecidos, rejeitados ou excluídos. Resumi aqui, de modo sucinto, os movimentos da alma da
família, as leis e as ordens que ela segue. Eu os descrevo minuciosamente em meu livro “Die Mitte fühlt
sich leicht an" ("No centro sentimos com leveza") nos capítulos "Culpa e Inocência em Sistemas", "Os
Limites da Consciência" e "Corpo e Alma, Vida e Morte" assim como em meu livro "Ordnungen der
Liebe" ("As Ordens do Amor") no capítulo "Do Céu que provoca Doenças e da Terra que cura".

As soluções

As questões são as seguintes:


Como o terapeuta encontra uma solução para o cliente?
O que é aqui o procedimento fenomenológico?
Ele vai do próximo ao distante e do estreito ao amplo. Isto é, em vez de olhar somente para o cliente o
terapeuta olha para a sua família e, em vez de olhar somente para o cliente e sua família ele olha para
além deles, para um campo de forças e para a alma que os abarca. Pois é evidente que o indivíduo e sua

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

família estão integrados em um campo de forças maior e em uma grande alma e são usados e tomados a
seu serviço.
Da mesma forma que o reconhecimento do problema e as soluções possíveis só surgem freqüentemente
através da ligação com algo maior. Por isso se quero ajudar a alma do cliente eu a vejo governada pela
alma da família. Mas se olhar aqui somente para o cliente e sua família, reconheço, talvez , as ordens e
leis que levam a emaranhamentos. Entretanto, somente apreendo onde estão as soluções se encontro um
acesso ao campo de forças e dimensões da alma que ultrapassam o indivíduo e a sua família.
Não podemos influenciar estas dimensões da alma. Nós podemos somente nos abrir. Porque quando se
tratar de algo decisivo, a compreensão das imagens, frases e passos que solucionam e curam nos será
presenteada por esta alma. O terapeuta abre-se para a atuação desta grande alma através do recolhimento
total de suas intenções e sua consideração pelo que ele talvez receie, inclusive o receio de fracassar. Então
surge repentinamente uma imagem ou uma palavra ou uma frase que lhe possibilita dar o próximo passo.
No entanto é sempre um passo no escuro.
Apenas no final é que se releva se foi o passo certo que inverte a necessidade. Através da postura
fenomenológica entramos, portanto, em contato com estas dimensões da alma. Isto é, mais através da não-
ação centrada do que através da ação. Através de sua presença centrada o terapeuta ajuda também o
cliente a adquirir esta postura, a compreensão e a força que daí advêm. Muitas vezes o cliente não agüenta
esta compreensão e se fecha a ela novamente. O terapeuta também concorda com isso, através de seu
recolhimento. Também aqui ele não se deixa envolver nem através de uma reivindicação interna nem
externa no destino do cliente e de sua família.
Pode parecer duro, mas o resultado da experiência mostra que cada compreensão que foi presenteada
desta forma é incompleta e temporária, tanto para o terapeuta quanto para o cliente.
Retorno, no final, ao começo “à diferença entre o caminho do conhecimento científico e do
fenomenológico. Eu a sintetizei num poema já há alguns anos atrás. Ele se chama”:

Palestra de Bert Hellinger em São Paulo


Agosto de 1999
Para que o Amor dê Certo

Sumário

Ordem e amor (poema)

Tomar a vida

E algo que é próprio

O mesmo (poema)

Aceitar tudo o mais que nossos pais nos dão

O tamanho de criança

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Receber e exigir

A equiparação

O grupo familiar

O direito de pertencer

Os excluídos são representados

A solução

A imagem mágica do mundo e suas conseqüências

Homens e Mulheres

O vínculo

A ordem de precedência

Dois modos de ser feliz (uma história)

Sumário

Muita gente julga que o amor tem o poder de superar tudo, que é preciso apenas amar
bastante e tudo ficará bem. Contudo, a experiência mostra que isto não é verdade. Muitos pais
são forçados a experimentar que, apesar do amor que dão a seus filhos, estes não se
desenvolvem como eles esperavam. São forçados a ver seus filhos adoecerem, se drogarem
ou suicidarem, apesar de todo o amor que lhes dão. Para que o amor dê certo, é preciso que
exista alguma outra coisa ao lado dele. É necessário que haja o conhecimento e o
reconhecimento de uma ordem oculta do amor.

Ordem e amor

O amor preenche o que a ordem abarca.


O amor é a água, a ordem é o jarro.
A ordem ajunta,
o amor flui.
Ordem e amor atuam juntos.
Como uma linda canção obedece às harmonias,
assim o amor obedece à ordem.
Assim como o ouvido dificilmente se acostuma
às dissonâncias, mesmo quando são explicadas,

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

assim também nossa alma dificilmente se acostuma


ao amor sem ordem.
Muita gente trata essa ordem
como se ela fosse uma opinião
que se pode ter ou mudar à vontade.
Contudo, ela nos preexiste.
Ela atua, mesmo que não a entendamos.
Não é inventada, mas encontrada.
É por seus efeitos que a descobrimos,
Como descobrimos o sentido e a alma.
Muitas dessas ordens são ocultas. Não podemos sondá-las. Elas atuam nas profundezas da
alma, e freqüentemente as encobrimos com pensamentos, objeções, desejos e medos. É
preciso tocar no fundo da alma para vivenciar as ordens do amor.

Tomar a vida

Direi primeiro alguma coisa sobre as ordens do amor entre pais e filhos e, do ponto de vista da
criança, isto é, do filho para com seus pais. Aqui menciono algumas verdades banais. Elas são
tão óbvias que eu quase me envergonho de citá-las. Não obstante, são freqüentemente
esquecidas.
O primeiro ponto é que os pais, ao darem a vida, dão à criança, nesse mais profundo ato
humano, tudo o que possuem. A isso eles nada podem acrescentar, disso nada podem tirar.
Na consumação do amor, o pai e a mãe entregam a totalidade do que possuem. Pertence
portanto à ordem do amor que o filho tome a vida tal como a recebe de seus pais. Dela, o filho
nada pode excluir, nem desejar que não exista. A ela, também, nada pode acrescentar. O filho
é os seus pais. Portanto, pertence à ordem do amor para um filho, em primeiro lugar, que ele
diga sim a seus pais como eles são -- sem qualquer outro desejo e sem nenhum medo. Só
assim cada um recebe a vida: através dos seus pais, da forma como eles são.
Esse ato de tomar a vida é uma realização muito profunda. Ele consiste em assumir minha vida
e meu destino, tal como me foi dado através de meus pais. Com os limites que me são
impostos. Com as possibilidades que me são concedidas. Com o emaranhamento nos destinos
e na culpa dessa família, no que houver nela de leve e de pesado, seja o que for.
Essa aceitação da vida é um ato religioso. É um ato de despojamento, uma renúncia a
qualquer exigência que ultrapasse o que me foi transmitido através de meus pais. Essa
aceitação vai muita além dos pais. Por esta razão, não posso, nesse ato, considerar apenas os
meus pais. Preciso olhar para além deles, para o espaço distante de onde se origina a vida e
me curvar diante de seu mistério. No ato de tomar os meus pais, digo sim a esse mistério e me
ajusto a ele.
O efeito desse ato pode ser comprovado na própria alma. Imagina-se se curvando
profundamente diante de seus pais e dizendo-lhes: “Eu tomo esta vida pelo preço que custou a
vocês e que custa a mim. Eu tomo esta vida com tudo o que lhe pertence, com seus limites e
oportunidades". Nesse exato momento, o coração se expande. Quem consegue realizar esse
ato, fica bem consigo, sente-se inteiro.
Como contraprova, pode-se igualmente imaginar o efeito da atitude oposta, quando uma
pessoa diz: "Eu gostaria de ter outros pais. Não os suporto como eles são." Que atrevimento!
Quem fala assim, sente-se vazio e pobre, não pode estar em paz consigo mesmo.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Algumas pessoas acreditam que, se aceitarem plenamente seus pais, algo de mal poderá
infiltrar-se nelas. Assim, não se expõem à totalidade da vida. Com isto, contudo, perdem
também o que é bom. Quem assume seus pais, como eles são, assume a plenitude da vida,
como ela é.

E algo que é próprio

Mas aqui existe ainda um mistério que não posso justificar. Com efeito, cada um experimenta
que também tem em si algo de único, algo que é inteiramente próprio, irrepetível, e não pode
ser derivado de seus pais. Isso também ele precisa assumir. Pode ser algo de leve ou de
pesado, algo de bom ou de mau. Isto não pode julgar.
A pessoa que encara o mundo e sua própria vida com olhos desimpedidos pode ver que tudo o
que ela faz obedece a uma ordem. Tudo o que ela faz ou deixa de fazer, tudo o que ela apóia
ou combate, ela o realiza porque foi encarregada de um serviço que ela própria não entende.
Aquele que se entrega a tal serviço, experimenta-o como uma tarefa ou como um chamado,
que não se baseia nos próprios méritos nem na própria culpa (quando for algo de pesado ou
cruel). Ele foi simplesmente tomado a serviço.
Quando contemplamos o mundo desta maneira, cessam as diferenças habituais.
Falei até aqui sobre a ordem fundamental da vida. Foram-nos concedido termos pais e sermos
filhos. E temos também algo de próprio.

Aceitar tudo o mais que nossos pais nos dão

Na verdade, os pais não dão aos filhos apenas a vida. Eles nos dão também outras coisas:
alimentam-nos, educam-nos, cuidam de nós e assim por diante. Convém à criança que ela
tome tudo isso, da forma como o recebe. Quando a criança o aceita de bom grado, costuma
bastar. Existem exceções, que todos conhecemos, mas via de regra é suficiente. Pode não ser
sempre o que desejamos, mas é o bastante.
Nesse particular, pertence à ordem que o filho diga a seus pais: "Eu recebi muito. Sei que é
muito, é o bastante. Eu o tomo com amor". Então ele se sente pleno e rico, seja qual for à
situação. Então ele acrescenta: "o resto, eu mesmo faço". Isto também é um belo pensamento.
Finalmente, o filho ainda pode dizer aos pais: "E agora eu os deixo em paz". O efeito destas
frases vai muito fundo: agora o filho tem seus pais e os pais têm o filho. Pais e filho estão
simultaneamente separados e felizes. Os pais concluíram sua obra e a criança está livre para
viver sua vida, com respeito pelos seus pais mas sem dependência.
Imaginem agora a situação contrária, quando o filho diz aos pais: "O que vocês me deram foi
errado e foi muito pouco. Vocês ainda estão me devendo muito". O que esse filho tem de seus
pais? Nada. E o que têm dele os pais? Igualmente nada. Esse filho não consegue soltar-se de
seus pais. Sua censura e sua reivindicação o vinculam a eles, mas de uma forma tal que ele
não os tem. Ele se sente vazio, pequeno e fraco.
Esta seria a segunda lei do amor entre filhos e pais.

O tamanho de criança

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Existe algo que os pais adquirem por mérito pessoal. Se a mãe, por exemplo, tem um dom
especial - suponhamos que ela seja pintora e pinte quadros maravilhosos - então isso pertence
a ela e não ao filho. Este não pode reivindicar ser também um bom pintor, a não ser que o
tenha merecido por dotação própria e dedicação pessoal.
A mesma coisa vale para a riqueza dos pais. O filho não tem o direito de reivindicá-la, como é o
caso da herança. O que ele vier a receber será puro presente.
Isto vale ainda para a culpa pessoal dos pais. Também esta pertence exclusivamente a eles.
Com freqüência, uma criança presume, por amor, tomar sobre si essa culpa, carregá-la em
nome dos pais. Também isto vai contra a ordem. A criança se arroga um direito que não lhe
compete. Quando os filhos querem expiar pelos pais, estão se julgando superiores a eles. Os
pais passam a ser tratados como crianças, cuidadas por seus próprios filhos, que assumem o
papel de pais.
Uma senhora, que recentemente participou de um grupo meu, tinha um pai cego e uma mãe
surda. Os dois se completavam bem, mas a filha achava que devia cuidar deles. Quando
montei a constelação de sua família, ela se comportou como se fosse ela a pessoa grande.
Porém sua mãe lhe disse: "Esse assunto com seu pai eu resolvo sozinha". E o pai lhe disse:
"Esse assunto com sua mãe eu resolvo sozinho. Não precisamos de você para isso". Aquela
senhora ficou muito desapontada, porque foi reduzida ao seu tamanho de criança.
Na noite seguinte, ela não conseguiu dormir. Aliás, ela sentia uma grande dificuldade para
adormecer. Perguntou-me se eu podia ajudá-la. Respondi: "Quem não consegue dormir talvez
esteja pensando que precisa vigiar". Contei-lhe então a história de Borchert sobre o menino de
Berlim que, no fim da guerra, tomava conta de seu irmão morto, para que os ratos não o
comessem. O menino estava esgotado, porque achava que devia ficar vigiando. Nisto, passou
por ali um senhor simpático que lhe disse: "Mas os ratos dormem à noite". E a criança
adormeceu.
Na noite seguinte, aquela senhora dormiu melhor.
Portanto, a ordem do amor entre filhos e pais estabelece, em terceiro lugar, que respeitemos o
que pertence pessoalmente a nossos pais e o que eles podem e devem fazer sozinhos.

Receber e exigir

A ordem do amor entre pais e filhos envolve ainda um quarto elemento. Os pais são grandes,
os filhos pequenos. Assim, o certo é que os pais dêem e os filhos recebam. Pelo fato de
receber tanto, o filho sente a necessidade de pagar. Dificilmente suportamos quando
recebemos algo sem dar algo em troca. Mas, em relação a nossos pais, nunca podemos
compensar. Eles sempre nos dão muito mais do que podemos retribuir.
Alguns filhos querem escapar da pressão de retribuir e dos sentimentos de obrigação ou de
culpa. Eles dizem então: "Prefiro nada receber, assim não sinto obrigação nem culpa". Esses
filhos se fecham para seus pais e, nessa mesma medida, sentem-se pobres e vazios. Pertence
à ordem do amor que os filhos digam: "Eu recebo tudo com amor". Assim, eles irradiam
contentamento para os pais, e estes percebem a felicidade deles. Esta é uma forma de receber
que é simultaneamente uma compensação, porque os pais se sentem respeitados por esse
receber com amor. Eles dão, então, com um prazer ainda maior.
Quando, porém, os filhos dizem: "Vocês têm que me dar mais", o coração dos pais se fecha.
Por causa da exigência do filho, eles não podem mais cumulá-lo de amor. Este é o efeito de
tais reivindicações. Esse filho, por sua vez, mesmo quando recebe alguma coisa, não
consegue tomar o que exigiu.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

A equiparação

A verdadeira equiparação entre o dar e o tomar na família consiste em passar adiante o dom.
Quando a criança diz: "Eu tomo tudo, e quando eu crescer, eu darei por minha vez", os pais
ficam felizes. A criança, no seu dar, não olha para trás, mas para frente. Os pais fizeram o
mesmo. Eles receberam de seus pais e deram a seus filhos. Justamente pelo fato de terem
recebido tanto, sentem-se pressionados a dar, e podem igualmente fazê-lo.
Até aqui, falei das ordens do amor entre filhos e pais.

O grupo familiar

Entretanto, nossa vinculação não se limita aos pais. Pertencemos também a um grupo familiar,
a uma estirpe, um sistema maior. O grupo familiar se comporta como se fosse dirigido por uma
instância comum e superior. Ele é comparável a um bando de pássaros em formação. De
repente, todos mudam a direção do vôo, como se tivessem sido movidos por uma força
superior comum.
No grupo familiar, essa instância superior atua quase como um comando (Gewissen) interior
partilhado por todos, e que atua de modo amplamente inconsciente. Reconhecemos as ordens
a que obedece pelos bons efeitos de sua observância e pelos maus efeitos de sua violação.
Quero citar, para começar, o círculo de pessoas que são abarcadas e dirigidas por esse
comando interior (Gewissen), cuja amplitude podemos reconhecer por seus efeitos. Estão nele
incluídos:
 Todos os filhos, inclusive os que morreram ou foram abortados;
 Os pais e todos os seus irmãos;
 Os avós;
 Eventualmente, algum bisavô ou até mesmo um antepassado ainda mais distante,
principalmente se teve um destino mau.
 Incluem-se ainda pessoas sem relação de parentesco, a saber, aquelas de cuja morte
ou infelicidade pessoas da família se beneficiaram, como são, por exemplo, antigos
parceiros dos pais e dos avós.

O direito de pertencer

No interior de cada grupo familiar, vale a ordem básica, a lei fundamental: todas as pessoas do
grupo familiar possuem o mesmo direito de pertencer. Em muitas famílias e grupo familiares,
determinados membros são excluídos. Alguns dizem, por exemplo: "Esse tio não vale nada, ele
não pertence a nós", ou então: "Dessa criança ilegítima nada queremos saber". Com isso,
recusam a essas pessoas o direito de pertencer.
Existem também os que dizem: "Sou católico, você é evangélico. Como católico, tenho mais
direito de pertencer que você". Ou inversamente: "Como protestante, tenho mais direito, porque
minha fé é mais verdadeira. Você é menos crente do que eu, portanto tem menos direito de
pertencer". Isto não é hoje tão freqüente como antigamente, mas ainda acontece.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Ocorre ainda, quando um filho morre prematuramente, que seus pais dão seu nome ao filho
seguinte. Com isto, estão dizendo ao primeiro: "Você não pertence à família. Temos um
substituto para você". Assim o filho morto não conserva nem mesmo o seu próprio nome. Com
freqüência, não é mais contado nem mencionado. Assim lhe é negado e retirado o direito de
pertencer.
O excesso de moral de alguns, que se sentem melhores e superiores a outros, na prática
significa dizer-lhes: "Tenho mais direito de pertencer que você". Ou, quando alguém condena
uma pessoa ou a considera má, praticamente está lhe dizendo: "Você tem menos direito de
pertencer do que eu". "Bom" significa então: "Tenho mais direitos", e "mau" significa: "Você tem
menos direito".

Os excluídos são representados

Essa lei fundamental, que assegura a todos o mesmo direito de pertencer, não tolera nenhuma
violação. Quando isso acontece, existe no sistema uma necessidade inconsciente de
compensação, que faz com que os excluídos ou desprezados sejam mais tarde representados
por algum outro membro da família, sem que essa pessoa tenha consciência do fato.
Quando, por exemplo, um homem casado se relaciona com outra mulher e diz à própria
esposa: "Não quero mais saber de você", inventando falsas razões e cometendo injustiça
contra ela, e depois se casa com a segunda mulher e tem filhos com ela, sua primeira mulher
será representada por um desses filhos. Uma menina, por exemplo, combaterá o pai com o
mesmo ódio da parceira rejeitada, sem que tenha a menor consciência dessa representação.
Aqui atua uma força secreta de compensação, para que a injustiça feita à primeira pessoa seja
vingada por uma segunda.
Muitos acontecimentos infelizes na família como, por exemplo, desvios de comportamento dos
filhos, doenças, acidentes e suicídios acontecem pelo fato de que um filho inconscientemente
representa um excluído e quer dar-lhe reconhecimento. Nisso se revela ainda uma outra
propriedade da instância superior. Ela faz reinar justiça para com aqueles que vieram antes e
injustiça para os que vêm depois.

A solução

A solução de um tal emaranhamento torna-se possível quando a ordem básica é restabelecida,


isto é, quando os excluídos voltam a ser acolhidos e respeitados. Neste caso, por exemplo, a
segunda mulher deveria dizer à primeira: "Eu tenho este homem às suas custas. Eu honro isto
e reconheço que foi feita injustiça a você. Por favor, queira bem a mim e a meus filhos". Desta
forma, a primeira mulher é respeitada. Nas constelações familiares, pode-se perceber então
como se relaxa o rosto da primeira mulher, como ela se torna amigável pelo fato de ser
respeitada. Com isso, é reconhecido o seu direito de pertencer.
A solução exige também que a menina, que imita essa mulher, lhe diga interiormente: "Eu
pertenço apenas à minha mãe e ao meu pai. Aquilo que se passou entre vocês adultos não
tem nada a ver comigo". Ela diz a seu pai: "Você é meu pai, e eu sou sua filha. Por favor, olhe-
me como sua filha". Então o pai não precisa mais ver nela sua ex-mulher, não precisa mais se
defrontar com o ódio ou a tristeza que ela possa ter. Ou, se ele ainda a ama, não precisa ver a
criança como sua amante, mas apenas como sua filha. Então a criança pode ser a filha, e o pai
pode ser o pai.

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A criança precisa também dizer ao pai: "Esta aqui é a minha mãe. Com sua primeira mulher
não tenho nada a ver. Eu tomo esta como minha mãe. Esta é para mim a certa". E então ela
precisa dizer à mãe: "Com a outra mulher eu nada tenho a ver". De outra forma, essa criança
se tornará uma rival da mãe, e não poderá ser filha. Talvez a mãe veja nela inconscientemente
a outra mulher, e então mãe e filha entram em conflito como se fossem duas amantes rivais.
Mas quando a criança diz: "Você é minha mãe e eu sou sua filha, com a outra não tenho nada
a ver. Eu tomo você como minha mãe", então a ordem é restabelecida.
Existem contudo emaranhamentos bem mais complicados. Quando, por exemplo, numa
família, um filho morre prematuramente, os filhos sobreviventes carregam muitas vezes um
sentimento de culpa pelo fato de estarem vivos, enquanto seu irmão está morto. Acreditam
que, por estarem vivos, possuem uma vantagem sobre o irmão falecido. Então eles querem
compensar isto, por exemplo, deixando-se ficar mal, adoecendo ou mesmo desejando morrer,
sem que saibam por quê.
Aqui pertence à ordem do amor que eles digam interiormente ao irmão morto: "Você é meu
irmão (minha irmã). Eu respeito você como meu irmão (minha irmã). Você tem um lugar em
meu coração. Eu me curvo diante do seu destino, da forma como lhe aconteceu, e digo sim ao
meu destino, da forma como me foi determinado". Então a criança morta é respeitada, e a outra
pode permanecer viva sem sentimento de culpa.

A imagem mágica do mundo e suas conseqüências

Por trás da necessidade de compensação, que faz adoecer, atua uma fantasia mágica, a
saber, que eu posso salvar uma outra pessoa de seu pesado destino, desde que eu tome
também algo de pesado sobre mim. É o caso da criança que diz à mãe gravemente doente:
"Antes eu adoeça do que você. Antes morra eu do que você". Ou ainda, quando a mãe quer
abandonar a vida, um filho se suicida, para que a mãe possa ficar viva.
Um exemplo disto é a magreza compulsiva. O anoréxico vai se tornando cada vez menor,
desaparece, por assim dizer, até a morte. Em sua alma, essa criança diz a seu pai ou a sua
mãe: "Antes desapareça eu do que você". Aqui atua um amor profundo. Mas quando a criança
morre, qual é o efeito desse amor? Ele é totalmente inútil.
Quando trabalho com uma pessoa com essa compulsão, faço que olhe nos olhos de seu pai ou
de sua mãe e diga: "Antes desapareça eu do que você". Quando ela os encara nos olhos a
ponto de realmente os ver, ela não consegue mais dizer essa frase, porque percebe que o pai
ou a mãe não aceitará isto dela. É que o amor mágico desconhece o fato de que também a
outra pessoa ama e que ela recusaria isto, independentemente da inutilidade de tal amor.
Quando a mãe morre no nascimento de uma criança, é muito difícil para essa criança tomar a
sua vida. Ela precisaria encarar a mãe nos olhos e dizer: "Mamãe, mesmo por este alto custo
eu tomo esta vida e faço algo de bom com ela, em sua memória. Você precisa saber que não
foi em vão". Isto é amor, num nível mais elevado. Ele exige o abandono da fantasia mágica de
poder interferir no destino de outra pessoa e mudá-lo. Ele exige a passagem de um amor que
faz adoecer para um amor que cura.
A fantasia do amor mágico está associada a uma presunção, a um sentimento de poder e
superioridade. A criança realmente acha que, através de sua doença e de sua morte, pode
salvar da morte outra pessoa. Renunciar a essa idéia só é possível pela humildade.
Até aqui falei da ordem do amor na relação entre filhos e pais.

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Homens e Mulheres

Quero também dizer mais alguma coisa sobre a ordem do amor na relação do casal. Este tema
nos fala mais de perto. Muitos se envergonham disso, como se fosse algo que a gente deveria
ocultar. Aquilo que diferencia os homens das mulheres, que realmente os diferencia, é
escondido. Ou, pode-se dizer também, é protegido. Pois é o lugar onde cada um é mais
vulnerável. É o lugar próprio da vergonha. Vergonha significa, neste contexto, que eu guardo
alguma coisa, para que nada de mau aconteça. E é o lugar onde nos sentimos mais entregues.
Alguns falam depreciativamente do instinto sexual e esquecem que ele é a força real e mais
profunda, que tudo mantém unido e dirige, que toma cada pessoa a seu serviço, sem que ela
possa se defender. Pela pura razão, ninguém se casaria ou teria filhos. Só esse instinto
consegue isso. É através dele que estamos em sintonia mais profunda com a alma do mundo.
Esse instinto é o que existe de mais espiritual. Todo entendimento e toda consideração racional
empalidecem diante da força que atua por detrás desse instinto.
A ordem do amor entre homem e mulher exige portanto, em primeiro lugar, que o homem
admita que lhe falta a mulher, e que ele, por si só, jamais poderá alcançar o que uma mulher
tem. E exige igualmente que a mulher admita que lhe falta o homem, e que ela, por si só,
jamais poderá alcançar o que o homem tem. Então ambos se experimentam como incompletos
e admitem isto.
Quando o homem admite que precisa da mulher e que só através dela se torna um homem, e
quando a mulher admite que precisa do homem e só através dele se torna uma mulher, então
essa carência os liga um ao outro, justamente pelo fato de a admitirem. Então o homem recebe
o feminino como presente da mulher, e a mulher recebe o masculino como presente do
homem.
Imaginem agora um homem que desenvolve em si o feminino e uma mulher que desenvolve
em si o masculino, como muito considera ideal. Se esse homem quiser se ligar a essa mulher,
qual será a profundidade dessa relação? No fundo, eles não precisam um do outro.
Inversamente, quando o homem renuncia ao feminino e a mulher ao masculino, então eles
precisam um do outro e isto os mantém juntos.

O vínculo

Quando o homem e a mulher se aceitam mutuamente como tais, a consumação de seu amor
cria um vínculo. Esse vinculo é indissolúvel. Isto nada tem a ver com a doutrina moral da Igreja
sobre a indissolubilidade do matrimônio. A realização do amor cria uma ligação,
independentemente do casamento e de qualquer rito externo.
A existência de uma tal ligação é percebida pelos seus efeitos. Por exemplo, o homem que se
separa levianamente de uma parceira a quem estava vinculado dessa forma pela consumação
do amor, via de regra não conseguirá conservar uma segunda parceira num outro
relacionamento. Pois esta percebe o seu vínculo com a parceira anterior, e não ousa tomá-lo
plenamente. Quando um homem abandona uma mulher e se casa de novo, talvez sua segunda
mulher se considere melhor que a primeira e diga: "Agora eu o tenho para mim". Ela entretanto
o perderá. Nesse próprio triunfo o perde, pois reconhece o vínculo desse homem com a sua
primeira mulher.
Então ela não o assumirá completamente. Nas constelações familiares, pode-se perceber que
uma segunda mulher se distancia um pouco do homem. Ela não ousa colocar-se perto dele,
pelo fato de não ser sua primeira ligação, mas a segunda.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

A profundidade de um tal vínculo pode ser avaliada pelo seu efeito. A separação do primeiro
amor é a mais difícil de se conseguir. É a mais dolorosa. Quando uma segunda ligação se
desfaz, a dor é menor. Numa terceira, é ainda menor.
Essa ligação não é porém sinônimo de amor. O amor pode ser pequeno e o vínculo profundo.
Inversamente, o amor pode ser profundo e a ligação pequena. O vínculo se origina do ato
sexual. Por isto, ele também nasce de um incesto ou de um estupro. Para que mais tarde uma
nova ligação seja possível, é preciso que a primeira seja corretamente resolvida. Ela é
resolvida quando é reconhecida e quando é honrado o respectivo parceiro. Quem amaldiçoa o
primeiro vínculo impede uma ligação ulterior.

A ordem de precedência

O fruto do amor entre o homem e a mulher é os filhos. Também aqui é importante observar
uma ordem do amor, uma ordem de precedência no amor. Ela se orienta pelo começo. Isto
significa que o que vem antes tem, via de regra, precedência sobre o que vem depois. Numa
família, existe primeiro o casal homem-mulher. Seu amor funda a família. Por isso, seu amor
como homem e mulher tem precedência sobre tudo o que vem depois, portanto, sobre seu
amor de pais por seus filhos. Muitas vezes acontece nas famílias que os filhos atraem sobre si
toda a atenção. Então os pais não são antes de tudo um casal, mas pais. Com isto os filhos
não se sentem bem.
Quando a relação do casal tem prioridade, o pai diz a seu filho: "Em você, eu respeito e amo
também a sua mãe". E a mãe diz ao filho: "Em você, eu respeito e amo também o seu pai". E a
mulher diz ao homem: "Em nossos filhos, eu respeito e amo a você". E o homem diz à mulher:
"Em nossos filhos, eu respeito e amo a você". Então o amor dos pais é a continuação do amor
do casal. Este tem a prioridade. Os filhos então se sentem muito bem.
Várias famílias são segundas e terceiras famílias, quando o homem e a mulher já eram
casados anteriormente e trouxeram filhos do matrimônio anterior. Como é então a ordem de
precedência?
Eles são primeiramente pai e mãe de seus próprios filhos, e só depois disso constituem um
casal. Por conseguinte, seu amor como casal não pode continuar nos filhos, pois já foram pais
anteriormente. Então, o novo parceiro deve reconhecer que o outro é, em primeiro lugar, pai ou
mãe dos próprios filhos, e que seu maior amor e sua maior força fluem para eles e, neles,
naturalmente, também para o parceiro anterior. Só então seu amor e sua força fluem para o
novo parceiro. Quando ambos os parceiros reconhecem isto, seu amor pode ser bem sucedido.
Quando, porém, um parceiro diz ao outro: "Eu tenho prioridade em seu amor, e só então vêm
seus filhos", a relação fica em perigo. Essa situação não se mantém por longo tempo.
Se eles mais tarde têm filhos em comum, então são, em primeiro lugar, pai e mãe dos filhos do
primeiro casamento; em segundo lugar, são uns casais e, em terceiro lugar, são pais de seus
filhos comuns. Esta seria a ordem, neste caso. Quando se sabe disto, pode-se resolver ou
evitar conflitos em muitas famílias.
Falei até aqui sobre algumas ordens do amor na relação entre o homem e a mulher. Para
terminar, contarei a vocês uma história sobre o amor. Ela é assim:

Dois modos de ser feliz

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Antigamente, quando os deuses ainda pareciam bem próximos dos homens, viviam numa
pequena cidade dois cantores que se chamavam Orfeu.
Um deles era o grande. Tinha inventado a cítara, um tipo primitivo de guitarra. Quando tocava
o instrumento e cantava, toda a natureza ficava enfeitiçada em torno dele. Animais ferozes se
deitavam mansamente a seus pés, árvores altas se inclinavam para ele: nada podia resistir a
seus cantos. Pelo fato de ser tão grande, ele conquistou a mais bela mulher. E aí começou a
descida.
Enquanto ele ainda festejava o casamento, morreram a bela Eurídice, e a taça cheia, que ele
erguia nas mãos, se partiu. Contudo, para o grande Orfeu, a morte ainda não foi o fim. Com a
ajuda de sua arte requintada, encontrou a entrada para o mundo subterrâneo, desceu ao reino
das sombras, atravessou o rio do esquecimento, passou pelo cão dos infernos, chegou vivo
diante do trono do deus da morte e o comoveu com seu canto.
A morte liberou Eurídice -- porém sob uma condição, e Orfeu estava tão feliz que não percebeu
o que se escondia por trás desse favor. Orfeu pôs-se a caminho de volta, ouvindo atrás de si
os passos da mulher amada. Passaram ilesos pelo cão de guarda do inferno, atravessaram o
rio do esquecimento, começaram os caminhos para a luz, que já viam de longe. Então Orfeu
ouviu um grito - Eurídice tinha tropeçado - horrorizado, ele se voltou, viu ainda a sombra dela
caindo na noite e ficou sozinho. Esmagado pela dor, ele cantou sua canção de despedida: "Ai
de mim, eu a perdi, toda a minha felicidade se foi!"
Ele próprio voltou à luz. Entretanto, no reino dos mortos, passara a estranhar a vida. Quando
mulheres ébrias quiseram levá-lo à festa do novo vinho, ele se recusou, e elas o
despedaçaram vivo.
Tão grande foi sua desgraça, tão inútil foi sua arte. Entretanto, todo o mundo o conhece.
O outro Orfeu era o pequeno. Era apenas um cantor de rua, aparecia em pequenas festas,
tocava para gente humilde, alegrava um pouco e curtia isso. Como não conseguia viver de sua
arte, aprendeu um ofício comum, casou-se com uma mulher comum, teve filhos comuns, pecou
eventualmente, foi feliz de modo comum, morreu velho e satisfeito da vida.
Entretanto, ninguém o conhece - exceto eu!
-----------------------------------
Original: Wie Liebe gelingt,
Palestra proferida por Bert Hellinger, em S.Paulo, Agosto de 1999 em original manuscrito.
Tradução: Anand Udbuddha (Newton Queiroz) , Rio de Janeiro
Revisão: Mimansa Érika Farny, Caldas Novas
Novembro de 2000

Sobre a Teoria, o Conteúdo e o Método das


Constelações Familiares
© Jakob Robert Schneider

Abordarei a seguir, de uma perspectiva pessoal, alguns aspectos do trabalho com


constelações familiares que podem ser socialmente desafiadores. Deixo ao leitor discernir o

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

que nisso é realmente novo e leva a novos modelos da ajuda, e o que apenas provoca os
espectadores, embora já goze, de longa data, de aceitação geral.

A CONSTELAÇÃO FAMILIAR

Para o nosso entendimento de processos psíquicos, a vivência de constelações é de fato


desafiante. Até mesmo consteladores experimentados se surpreendem sempre com o que
nelas observam e experimentam. Como é possível que os representantes se sintam, falem e
apresentem sintomas como os membros da família, embora não os conheçam e disponham de
pouca ou nenhuma informação sobre eles? Para esse fenômeno ainda não temos explicação,
muito menos uma explicação científica. Mas nos espantamos, descrevemos os processos e
procuramos, às vezes, imagens ou modelos que os façam aparecer como compreensíveis e
comunicáveis, sem postular explicações precipitadas.
Talvez a explicação mais simples seria esta: o cliente exterioriza sua imagem interna, e a
posição dos representantes reproduz uma certa estrutura de relacionamento que está
arquivada em nosso aparelho de percepção, com sua respectiva dinâmica. Mas como se
explica que os representantes sintam coisas tão diversas em constelações de configurações
semelhantes ou mesmo idênticas? Por que razão surgem nas constelações processos que
tocam emocionalmente o cliente e fazem sentido para ele, mesmo quando o terapeuta escolhe
e coloca os representantes, ou quando se coloca apenas uma pessoa - para não falar das
chamadas "constelações invisíveis" -?
Uma teoria bem aceita entre os círculos de consteladores é a de Ruppert Sheldrake e seus
"campos morfogenéticos". Entretanto, mesmo ela só nos fornece até o momento uma
explicação de caráter mais metafórico. Mas a falta de uma explicação científica para um
fenômeno observável não prova a inexistência desse fenômeno. As observações de uma
"participação psíquica" para além das informações comunicadas são tão numerosas e tão
independentes da experimentação dos consteladores individuais que também pode ser útil a
observação atenta de pessoas externas à "cena".
Por exemplo, um representante coloca de repente as mãos nos ouvidos e diz: "Não estou
escutando nada" e o cliente que colocou as pessoas diz, estupefato: "Meu irmão, quando era
pequeno, ficou soterrado na guerra e desde então ficou surdo". O que acontece num caso
como este?
Outro exemplo: O representante do irmão de uma cliente é introduzido na constelação dela, e a
representante da cliente exclama: "Não tenho mais o antebraço", e a cliente exclama,
espantada: "Meu irmão teve de amputar o antebraço aos vinte anos depois de um acidente". O
que explica este caso?
Mais um exemplo: Numa constelação, o representante do avô da cliente leva ambos os braços
ao rosto. Perguntado sobre o que acontece, responde: "Algo me atinge os olhos e me arranca
a cabeça". Com efeito, esse avô, quando mostrava à sua tropa como desarmar uma granada, a
fizera explodir por descuido e ela lhe arrancou a cabeça. E não foi dada informação prévia
sobre esse fato.
Tais exemplos poderiam prosseguir indefinidamente. Naturalmente, tais observações
dramáticas não constituem a regra nas constelações, porém são suficientemente freqüentes
para gerar confiança no que se manifesta nelas.
Um professor que veio participar de grupo com ceticismo, escreveu posteriormente numa carta:
"... Embora me pareça haver muito de verdade na forma de ver o mundo como uma união de
almas, na necessidade de intervir reconciliando e de proporcionar a cada criatura seu lugar

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

condigno, parece-me um mistério que pessoas estranhas fiquem disponíveis e caiam em bloco
sob o feitiço de pessoas inteiramente desconhecidas, comportando-se como elas. Minha
própria constelação atestou isso, na medida em que os representantes agiram de um modo
incrivelmente "autêntico", inclusive em alguns detalhes que não puderam perceber de nossa
conversa preliminar, por exemplo, a reação de minha filha..." Todos os consteladores
conhecem declarações e surpreendentes concordâncias como esta, mas essas experiências
não são constituem provas. Seria preciso sermos cegos se pretendêssemos simplesmente
ignorar esses fenômenos que questionam nosso entendimento atual de processos de
informação.
Explicar os fenômenos das constelações como frutos de sugestão pelo constelador ou como
uma espécie de mágica de grupo ou mesmo como charlatanismo seria igualmente precário.
Presume-se que, dentro de prazos previsíveis, os cientistas irão examinar em que medida o
recurso à constelação será válido para a pesquisa socio-psicológica e para os processos
terapêuticos, e irão desenvolver novas teorias, talvez fundamentadas, sobre essa difusão de
informação em contextos anímicos e comunicativos. Também em muitos domínios das ciências
naturais a teoria freqüentemente se segue à observação. A falta de uma teoria não significa
ainda que estamos nos movimentamos em áreas esotéricas. Além do mais, muitas teorias até
aqui não confirmadas da moderna física, por exemplo, a teoria dos universos paralelos, fazem
um efeito bem mais espetacular e "esotérico" do que o que observamos nas constelações.

A ALMA – O "CAMPO DOTADO DE SABER"

As constelações familiares se referem de uma nova maneira àquilo que chamamos de "alma".
Podemos denominar assim a força invisível que animando (ou pelo menos no mundo animado;
congrega partes num todo de uma tal maneira que o todo é mais do que a soma das partes e
de suas funções dentro dele. A alma não se identifica com nossa consciência, pois inclui o
inconsciente. E não se identifica com os processos fisiológicos e físicos em nosso corpo e em
nosso cérebro, embora esteja inseparavelmente unida a eles. Não se identifica tampouco com
nossos sentimentos, embora o sentir seja o modo de expressão por onde se experimenta a
alma.
Ela é antes como o espaço ou o campo que une, ultrapassando espaço e tempo, tudo o que
constitui uma pessoa, criando uma identidade. A abordagem típica da ciência natural atual, que
busca o que "não difere", a saber, as partes e partículas e suas mútuas conexões, exclui por
seu próprio método a possibilidade de descobrir uma alma. Porém nossa experiência
quotidiana se dirige ao que é "mais do que". Não há conversa, nem arte, nem política, nem vida
de relacionamento sem participação da alma. Como a experiência psíquica não pode ser
reduzida ao que material e quantificável, a língua desenvolveu "palavras da alma" como
liberdade, paciência, espírito, coragem, amor, etc. O que entendemos por "amor" não pode ser
adequadamente entendido a partir de genes ou de funções do cérebro.
Sabemos que para falar dos domínios da alma dependemos de imagens, metáforas,
imprecisões, vivências, experiências, intuições perceptivas, bem como da função anímica da
avaliação sensitiva e de coisas semelhantes. Por mais que as ciências da natureza nos ajudem
com seus conhecimentos e nos obriguem, por exemplo, a repensar nossa liberdade de
decisão, a ocupação com a alma, que ultrapassa o âmbito da experiência da vida, pertence
mais às ciências do espírito ou à psicologia como ciência do espírito. O trabalho com as
constelações familiares se apresenta no concerto da teoria e da prática psicológica modernas
de um modo amplo e desafiador, descortinando a alma redescoberta e suas leis.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Da mesma forma como em nossa alma pessoal somos maiores do que aquilo que percebemos
conscientemente em nós, assim também em todos os níveis de relações estamos envolvidos
em contextos maiores, formados, em termos anímicos, por "espaços" ou "campos" (tomados
como metáforas), que juntam as partes para constituir algo "mais" e "maior": uma união
familiar, um grupo de amigos, uma empresa, uma comunidade social, um Estado - que se
integra na natureza e no cosmo como um todo. Essa nossa vinculação, em sua grandeza e
totalidade, recebe freqüentemente de Bert Hellinger a denominação de "grande alma". Isso não
significa para ele algo místico ou do além, mas a totalidade da existência individual e coletiva,
que justamente através das conquistas das ciências naturais nos aparece de modo cada vez
mais misterioso, nos sustentando, ligando e talvez mesmo dirigindo.
Entre os consteladores também existem divergências sobre a conveniência e a medida em que
se falar de alma. Para alguns isso envolve uma carga excessivamente mística ou religiosa.
Outros não partilham essas restrições. Pois diariamente, ao abrirmos um jornal ou revista,
lemos em diversos artigos, seja na política, na economia ou na parte esportiva a palavra "alma"
num contexto imediatamente inteligível para cada caso. Por exemplo, em manchete: "O templo
de Ankor e a alma ferida do Camboja: em busca de nossa identidade".
Quando se fala de "alma", seja no trabalho com as constelações, seja de modo geral na
psicoterapia ou na vida quotidiana, isso não acontece com ânimo anti-científico. Um consultor
familiar não pode esperar que a ciência natural lhe forneça dados e métodos exatos,
cientificamente comprovados e universalmente reconhecidos, para a solução de conflitos
conjugais. Ele trabalha de uma forma mais ampla, orientado por vivências e pelas "regras da
alma". Uma das realizações de Bert Hellinger é ter condensado e desenvolvido um modelo
preexistente de constelações familiares, reduzindo ao essencial, de uma forma experimentável,
os processos anímicos e os complexos contextos de relações, e abrindo o acesso a mudanças
profundas na alma. Quem se disponha a nisso pode comprová-lo pela própria prática do
próprio Bert Hellinger, amplamente documentada, e de milhares de consultores e terapeutas.

O SISTEMA

Por ocasião do aconselhamento matrimonial, no mais tardar, percebe-se que o modelo


puramente causal de explicação não é mais utilizável quando ouvimos um dos parceiros e lhe
damos razão, e ouvimos o outro parceiro e igualmente lhe damos razão. As dinâmicas do
relacionamento e os processos da alma são contextos altamente complexos, que não podem
ser suficientemente apreendidos recorrendo a explicações e conexões causais lineares. Por
esta razão, já vem sendo colocada há mais tempo no domínio psicossocial a seguinte questão:
"Como é possível intervir adequadamente nos sistemas de relação sem se deixar apanhar nas
armadilhas do pensamento e do discurso causal, mas respeitando ao mesmo tempo a
determinação estrutural dos sistemas vivos? A psicoterapia sistêmica de enfoque construtivista
encontrou para isso um caminho muito elegante. Ela utiliza a estrutura causal da linguagem,
por exemplo, por melo de perguntas circulares, de tal maneira que uma família já não
consegue manter facilmente as descrições causais que sustentam o comportamento
sintomático. O sistema de relações é estimulado por meio de perguntas hipotéticas a
desenvolver por si mesmo comportamentos novos e mais funcionais para a vida familiar.
Em que medida a constelação familiar é um método sistêmico? Primeiramente, ela percebe o
cliente, desde o início, em conexão com as pessoas relevantes de seu campo relacional. As
constelações permitem experimentar imediatamente como o comportamento humano
apresenta uma multiplicidade dos aspectos cambiantes, conexões e interações. Até o
momento, nenhum outro método visando informação e intervenção possui uma perspectiva
sistêmica tão ampla como as constelações familiares, abrangendo gerações, embora se deva

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

também mencionar Ivan Boszormenyi Nagy, Helm Stierlin e outros, que direcionaram a terapia
sistêmica familiar para uma perspectiva multigeneracional.
O simples significado do "emaranhamento" basta para mostrar que nas constelações não se
manifestam apenas os fenômenos individuais causais lineares do relacionamento. O olhar para
o enredamento de destinos e para o efeito de eventos traumáticos nos sistemas familiares,
freqüentemente através de várias gerações, ampliou e aprofundou, de modo impressionante, o
pensamento sistêmico e o correspondente procedimento terapêutico. Nenhum método na
psicoterapia conseguiu até hoje, como as constelações familiares, tornar visíveis e
experimentáveis os processos de compensação sistêmica que atravessam gerações,
colocando à disposição os procedimentos específicos adequados. A complexidade do que
acontece em relacionamentos humanos não contradiz a ação de regularidades nos
relacionamentos. O bater das asas da borboleta, utilizado como exemplo na Teoria do Caos,
introduz, é certo, alguma incerteza no evento climático, mas não anula suas regularidades e as
forças que atuam no conjunto. Para dizer de outra forma: pertence à essência da sabedoria
que ela é capaz de articular inteligentemente e de modo esclarecedor a regularidade e a
singularidade da situação individual.
Em segundo lugar: Uma constelação se compõe de imagens. Os sistemas, na medida em que
não podem ser descritos de um modo causal, só podem ser expressos por meio de imagens,
linguagem imaginativa e histórias. Através de uma imagem, um grande número de informações
e de processos pode ser percebida simultaneamente e como um todo. Desta maneira
procedemos constantemente de forma sistêmica em nossa percepção. Dificilmente um método
terapêutico utilizará isso de uma forma processual e mais concentrada do que as constelações
familiares.
As frases de ligação e solução, às vezes ritualizadas, atuam igualmente associadas a imagens.
Uma constatação ou descrição causal obtida a partir do que acontece numa constelação serve
para trazer à luz uma 'verdade", mas não é essa verdade. Observações gerais de
consteladores, por exemplo, sobre anorexia, câncer ou psicoses, não são modelos causais de
explicação - mesmo quando são apresentadas como tais -, mas indicações, adquiridas por
experiência, destinadas a instigar no cliente uma atitude de busca que o leve adiante e faça
descobrir. Uma - impossível - dissolução do que acontece na constelação em passos
individuais de causação linear atuaria justamente como obstáculo para a sua eficácia. As
constelações, pelo menos de consteladores experimentados, estão se tornando cada vez
menos faladas e comentadas, e confiam cada vez mais no que as pessoas podem ver.
Portanto, a dinâmica sistêmica não é ocultada, soterrada ou coarctada pelas palavras. A
evidência sistêmica se introduz na alma do cliente e pode "vibrar em uníssono" no constelador
e nos participantes do grupo, justamente porque não é fragmentada em observações
individuais e em argumentos "compreensíveis" que seriam - justamente - passíveis de crítica.

FENOMENOLOGIA E VERDADE

0 que significa "verdade" numa constelação? Seria uma grande incompreensão do que
acontece nela tomá-la como concordância entre a realidade objetiva e o conhecimento, ou
como sua expressão em linguagem. A verdade nas constelações é antes comparável à
verdade de uma peça teatral. Ela se faz presente, de forma algo condensada, na imagem e na
linguagem, permitindo que venha à luz a realidade oculta. As constelações não são uma
reprodução da realidade de um relacionamento. Elas desvelam uma realidade, no sentido do
conceito grego de verdade (alétheia). Esta é também a essência da arte. E, como muitas
formas de terapia ou de aconselhamento, as constelações dão muitas vezes um passo além

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

disso. Elas ajudam a assumir a realidade, tal como ela se apresenta e atua, e a preenchê-la
com amor.
Fenomenologia significa, de modo geral, perceber e descrever a realidade tal como ela se
manifesta. Num sentido filosófico mais elaborado, a fenomenologia se refere a uma forma de
experiência, em que a realidade - através de sua forma de manifestação - se dá a conhecer em
sua essência, seu sentido e seu ser mais profundo. A percepção fenomenológica é nosso
último recurso quando queremos olhar para fenômenos da alma que se ocultam por trás da
superfície de suas aparências. Quem busca ajuda precisa de um conselho ou de uma terapia
para encarar o que ele não pode saber, e para entendê-lo em sua razão mais profunda.
Na grande maioria das relações sociais dependemos do conhecimento fenomenológico. Até
mesmo uma grande parte de nossas ciências naturais começa por uma visão do fenômeno.
Aquilo que se manifesta nas constelações sob a forma de conhecimento fenomenológico só se
comprova, em última análise, por seus efeitos e pelo fato de que também outras pessoas
vêem, de repente, o que antes estava oculto. Presumir nos participantes de uma constelação
uma submissão completa ao dirigente do grupo seria enganar-se redondamente. Os
participantes, em sua maioria, olham com muita atenção o que se passa, e o dirigente do grupo
com freqüência percebe isto de imediato quando interpreta erradamente o que acontece na
constelação ou quando faz afirmações implausíveis, contrariando a percepção dos
participantes e do cliente.
Para ver precisamos de um "artista" que vê o que se esconde na profundidade - e aqui
"profundidade" não quer dizer algo místico. Ele é comparável a um rastreador que descobre e
interpreta vestígios que permanecem ocultos a um espectador inexperiente. Como Bert
Hellinger e a maioria dos consteladores não realizam controles posteriores sobre o efeito das
constelações, a percepção dos "rastros" muitas vezes carece de comprovação. Mas existem
suficientes informações de retorno, imediatas ou posteriores, por parte dos clientes, que
atestam a veracidade e a eficácia desse rastreamento.
Naturalmente, a contemplação fenomenológica está sujeita a fantasias, interpretações
equivocadas, erros, construções mentais e pressões de grupos. Por esta razão, muitos
consteladores se treinam constantemente para voltar a ser receptivos e livres diante da
realidade da alma, da forma como ela se manifesta. As constelações requerem uma extrema
contenção do terapeuta no que toca a perceber, interpretar e agir. Fenomenologicamente
verdadeiro' é o que se realiza imediatamente numa constelação e, além dela, na vivência
pessoal imediata, e não 0 objeto da crença num terapeuta ou numa instância superior. "O
presente é irrefutável", no dizer de Kafka.
O método fenomenológico aparece como provocante somente quando se aplicam a uma
dinâmica social padrões científicos inadequados e incompatíveis, ou quando se acredita que a
verdade pode ser manejada e produzida em discursos, A fenomenologia só é provocante para
o puro construtivista que se limita a apurar se "a chave serve", sem reconhecer uma certa
cognoscibilidade à fechadura e à própria chave. O construtivismo e sua compreensão da
realidade se apresenta associado a um impulso ético. Numa entrevista ao jornal Die Zeit, Heinz
von Förster, um dos epígonos do construtivismo, afirmou que seu conceito de verdade é o
contrário da mentira ou da inverdade. Por razões éticas, disse ele, excluiria do dicionário a
palavra `verdade", em razão de toda mentira e infelicidade que já aconteceram em nome dela.
Perguntado sobre o que lhe restaria nesse caso, respondeu: em lugar da "verdade" (truth), "a
confiança" (trust), a confiança que nasce quando utilizamos nossos olhos e nossos ouvidos.
Aliás, esta é uma perfeita descrição da atitude fenomenológica. A ORDEM
As relações não se configuram de um modo caótico e arbitrário, mesmo quando às vezes são
experimentadas dessa forma. Como toda realidade, elas se subordinam a determinadas
ordens. Isto é indiscutível. A questão está em saber como se originam essas ordens e se

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

podem ser reconhecidas. Freqüentemente Bert Hellinger e outros consteladores são acusados
de declarar universalmente válidas e tentar impor ordens arcaicas, culturalmente condicionadas
e há muito ultrapassadas.
Essa crítica parece compreensível à primeira vista, quando, por exemplo, se fala da "hierarquia
pela origem", do significado da união conjugal, de uma mudança de nome ou de uma
reverência aos pais. Estamos acostumados a desconfiar de ordens culturalmente
preestabelecidas e a reivindicar nossa autonomia e emancipação. Quando vemos - e não só
em constelações - o que acontece nas relações, deparamos com algo desafiador, a saber, que
nelas atuam forças ordenadoras, ancoradas em nossa alma como uma marca biológica e uma
realidade coletivamente ordenada, presente no fundo de nosso inconsciente. Essas forças
estão apenas encobertas devido a nossa evolução em termos individualistas e de razão
esclarecida. Uma das conquistas do trabalho das constelações foi ter nos levado a
experimentar essas ordens ou regulamentações que atuam independentemente de nosso
pensamento consciente, permitindo-nos assim lidar sabiamente com elas. Entretanto, são
ordens vivas, que estão a serviço da sobrevivência, do crescimento e do progresso nos
relacionamentos. Além disso, são ordens que fazem sentido em termos de evolução. Podemos
descobri-las, direta ou indiretamente, nas descrições da realidade humana presentes na
literatura de todos os séculos.
À semelhança das leis da física, essas ordens de relacionamentos são sempre atuantes. Por
exemplo, quem não respeita a lei da gravidade, cai redondamente no chão, porém aquele que
a respeita e percebe em conexão com outras leis, pode construir aviões. Assim também as
regulações da alma permitem uma série de possibilidades de manipulação, não porém ao bel-
prazer.
A hierarquia pela origem, por exemplo, é uma simples ordem básica: primeiro vem quem
chegou primeiro, em seguida vem quem chegou depois. Ela vale no interior de um sistema
familiar e indica a cada um sua posição e seu lugar dentro da família. Primeiro vêm os pais,
depois os filhos. Entre os filhos, primeiro vem o mais velho, depois o segundo e o terceiro. Em
primeiro lugar vêm os pais. Isto significa que sua sobrevivência tem precedência sobre a
sobrevivência dos filhos. Isso é compreensível em função da sobrevivência do grupo, pois a
sobrevivência dos pais assegura uma nova geração mais rapidamente que a sobrevivência dos
filhos. Todo o restante que faz parte das transformações culturais da hierarquia da origem
resulta disso e deve ser medido por sua função original. Entretanto, em épocas de
superpopulação sua avaliação pode obedecer a critérios diferentes.
A hierarquia pela origem é completada pela "hierarquia pelo progresso". Por outras palavras:
entre dois sistemas diferentes, o novo sistema tem precedência sobre o anterior. Assim,
quando os filhos deixam seus pais e se casam e têm filhos, essa nova família tem precedência
sobre a família de origem. Isso também faz sentido em termos de evolução e de abertura para
o futuro.
É sempre emocionante experimentar como são úteis essas ordens, básicas mas fundamentais,
para configurar relacionamentos e resolver conflitos. Todo mundo percebe imediatamente, por
exemplo, como é útil quando uma mãe grávida diz à sua filha de três anos: "Você vai ganhar
um irmão. No início eu precisarei cuidar muito dele, do mesmo jeito como você mesma
precisou muito de mim quando era bebê. Mas você será sempre a minha filha primeira e a mais
velha".
As ordens do amor contribuem para o sucesso dos relacionamentos. Elas são geralmente
imediatamente compreensíveis e fundam numa base confiável as relações entre pais e filhos,
homem e mulher, e dentro do clã familiar. Aqui as constelações familiares realmente
proporcionam ajuda e orientação. O grande interesse delas se prende à capacidade de
solucionar que possuem as "ordens do amor". Muitas oposições contra essas ordens se

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

relacionam menos à emancipação cultural e pessoal do que a outros contextos, muitas vezes
inconscientes.
Uma mulher foi a um grupo devido a problemas no casamento. Tinha mantido "naturalmente" o
seu sobrenome de solteira e também o filho único conservou o sobrenome da mãe [Na
Alemanha apenas se usa o sobrenome paterno, que as mulheres normalmente substituem no
casamento pelo sobrenome do marido, (N.T.)]. Era a mais nova de três irmãs. Quando o
terapeuta disse: "Talvez vocês conservaram o seu nome de solteira para que seu pai tivesse
um descendente de sua estirpe", - vieram-lhe lágrimas e ela confirmou com a cabeça.
Será mostrado em que medida essas ordens mudam de acordo com a evolução humana. Mas
deve ficar claro que a realidade não se orienta de acordo com o nosso arbítrio e a nossa
opinião. O movimento ecológico demonstrou que quando nossa ação desrespeita as
regulamentações e seus efeitos de longo prazo, ela acarreta resultados danosos e até
funestos. As "ordens do amor" representam talvez uma transposição do pensamento e da ação
ecológica para o domínio das relações. Elas também nos permitem levar em conta em nossos
relacionamentos os efeitos de longo prazo que nosso comportamento produz nas gerações
subsequentes. Como podemos estruturar nossas relações, de modo que nossos filhos e os
filhos de nossos filhos não precisem pagar o seu preço? Mesmo em nossa época, com toda a
aparente amizade pelos filhos, temos a tendência de sacrificá-los não só por necessidade, mas
também por vergonha, medo, interesse próprio e falsa autonomia e emancipação.

O DESTINO

A compreensão de nosso destino e o assentimento a ele estão no cerne do trabalho das


constelações. Chamamos de destino as forças que, vindas do passado, nos ligam
inelutavelmente ao efeito bom ou funesto de certos eventos. O efeito dos acontecimentos nos é
imposto, quer o queiramos ou não, e não temos a possibilidade de interferir nele. A força do
destino se revela, em relação a acontecimentos traumáticos numa família, de uma forma às
vezes inquietante. Nas constelações experimentamos constantemente, e de modo
impressionante, que somos muito pouco livres e reeditamos em própria vida, sem o saber nem
querer, destinos passados e acontecimentos dolorosos, numa espécie de compulsão repetitiva.
O efeito maior das constelações consiste em nos fazer perceber como, sem necessidades
próprias, revivemos necessidades passadas e não aquietadas de outras pessoas, como se o
que passou tivesse de ficar em paz e se tornar definitivamente passado. Este é o pão habitual
do trabalho com constelações.
A concordância com a ligação ao destino significa por acaso fatalismo? De maneira nenhuma.
Pelo contrário. É verdade que a configuração de nossa vide pelos destinos anteriores não pode
ser anulada, mas para o futuro nos tornamos mais livres através do que se mostra nas
constelações. Então o destino alheio poderá ser de algum modo exteriorizado, tornando-se
uma interface à qual já não estamos cegamente entregues. Pois a alma não liga
indissoluvelmente a destinos, ela nos libera deles através de um insight, de um movimento
próprio inconsciente ou, às vezes, de um modo totalmente casual (com ou sem constelação).
Numa época em que às vezes julgamos que nossa vida esta completamente em nossas mãos
- uma ilusão de muitos individualistas -, o reconhecimento do destino e o assentimento à
ligação com o destino próprio e alheio constitui um desafio. Tanto nos acostumamos à idéia de
uma livre razão e de uma autonomia individual que nos recusamos a reconhecer o que em
épocas passadas foi descrito como daimonía e eudaimonía - a triste sina e a felicidade
presenteada. O trabalho das constelações é seguramente uma afronta a uma psicoterapia que
valoriza acima de tudo a autonomia e a emancipação individual e considera a humildade como

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uma submissão. Porém basta ler jornais e romances para perceber como atua o destino e
como 0 nosso poder e a nossa impotência partilham a realidade.
Muitas pessoas sentem instintivamente como um processo benéfico a reverência diante do
destino ou diante de pessoas a que somos ligados pelo destino. Uma reverência autêntica é
quase sempre experimentada por nós como solução e liberação. Quem precisa se curvar não é
a criança pequena, mas o adulto. E a reverência abarca vários processos: o ato de curvar-se, o
deixar que algo morra, e o ato de erguer-se. Bem longe de ser um processo humilhante, a
reverência exige coragem. Ela proporciona força, alívio da respiração e abertura de espaço.
O destino, como força que inelutavelmente dispõe, não faz caso de nossa vontade: ele a toma
de roldão, sem esperar o nosso consentimento. O destino não é uma pessoa, embora
freqüentemente seja representado por uma pessoa nas constelações. É um acontecimento
direcionado a partir do passado, um movimento que nos liga, através da alma, à realidade
maior. Quantas vezes os clientes falam de sua luta para não se tornarem iguais a seu pai ou a
sua mãe, e quantas vezes acrescentam que essa luta resultou em fracasso! Quantos clientes
quiseram fazer melhor que seus pais, e quantos confessam que não o conseguiram! Um dos
paradoxos da vida humana é que a luta contra o destino nos liga ainda mais a ele, e o
assentimento ao destino nos torna mais livres. É como um redemoinho num rio. Quem luta
contra a sua sucção é puxado ainda mais para o interior, e quem sem pânico se entrega à sua
força é muitas vezes impelido para fora.
Reconhecimento do destino não significa entregar-se à doença sem vontade e com resignação.
Significa acompanhá-la com as forças do corpo e da alma. Então, como num redemoinho, elas
são de novo liberadas da atração da doença ou da morte. Aqui muitas vezes faz sentido
perguntar: O que há na doença que quer curar? Naturalmente, o doente precisa de apoio
externo. E muitas constelações ajudam pessoas enfermas a se confiarem aos serviços
médicos. Mas as constelações também as fazem confrontar-se com a morte. Uma senhora,
gravemente doente de câncer, procurava saber através de uma constelação as causas de sua
doença. O representante da morte, colocado diante dela, olhou-a com carinho, colocou-se ao
lado dela e abraçou-a pelo ombro. Ela se defendeu com lágrimas, mas o representante da
morte não cedeu. Dois anos depois, essa senhora escreveu ao terapeuta: "Eu me defendi
muito contra a morte, e finalmente a aceitei. Agora ela está a meu lado já há algum tempo, e
estou viva". Mas também existe o movimento oposto. Outra mulher com câncer em estado
grave, que se sentia fortemente atraída a seguir na morte seu pai, enredado em grave culpa,
pediu ao terapeuta que se esforçava por desprendê-la da morte: "For favor, deixe-me ir para
meu pai!" Ela se deitou junto do representante do pai, estreitou-o nos braços, sorriu para ele
com amor entre lágrimas, até que se acalmou completamente. Na continuação do grupo ela
atuou com alegria e energia e colocou muitas questões práticas sobre seu comportamento em
relação ao marido e aos filhos. Notou-se que ela se preparava para sua morte. Que vontade
terapêutica teria aqui a força e o direito de se opor à sua morte?

OS MORTOS

Num filme amador, perguntaram a um curandeiro do Nepal quem procurava um médico em


caso de necessidade, e quem vinha a ele. O curandeiro respondeu que os que tinham doenças
comuns procuravam um médico, e aqueles sobre quem pesava a maldição de algum morto
vinham até ele. O encontro com os mortos a quem somos existencialmente ligados toma um
grande espaço nas constelações.
Sem constrangimento, os consteladores tomam pessoas vivas para representar mortos, para
que possa ser esclarecido, com seus efeitos, um envolvimento cego ou um seguimento

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amoroso para a morte. Acontecem então impressionantes encontros entre vivos e mortos, e
são iniciados curtos diálogos que ajudam a união de corações, a paz recíproca e a liberação
mútua. Será um fantasma?
Nada sabemos sobre a existência dos mortos em torno de nós ou num outro mundo. Porém
todos sabemos que um laço entre vivos e mortos permanece na alma para além da morte.
Falamos com mortos, lembramo-nos deles nos cemitérios ou em discursos, continuamos a
amá-los e a temê-los como se não tivessem morrido. Nossas questões existenciais, em sua
maioria, abordam, além do amor, a morte. E quem olha em torno com certa atenção pode
perceber diariamente como a morte e os mortos sobressaem em nossa vida.
O trabalho das constelações retoma, de uma forma não mágica e realizável pelo homem
moderno, antigos ritos xamânicas em favor da paz entre ritos e mortos. Como é tocante
quando numa constelação uma mulher adulta se deita nos braços da mãe que perdeu quando
criança em virtude de um acidente! As emoções da criança, talvez bloqueadas pela carência e
pela dor, passam a fluir, e o amor e a despedida podem ser agora realmente vividos. Como se
sentem aliviados os representantes de mortos que são reconhecidos pela primeira vez como
pertencentes à família, ou dos que, porque honrados em seu sofrimento, se livram de uma
maldição! Como se sentem liberados os representantes de criminosos ou de vítimas quando
sua condição de culpados ou de vítimas já pode ficar com eles e os vivos renunciam a se
imiscuir nisso! Como se sentem redimidos os representantes de mortos quando se sentem
acolhidos entre outros mortos e já podem realmente ser acolhidos na "grande morte"!
Não é de hoje que tendemos a reprimir a morte e as ligações carregadas de dívidas que por
amor, medo ou dor mantemos com os mortos e com as histórias de suas vidas. Isso já é, de
longa data, conhecido pela psicoterapia. No decurso de nossa evolução cultural, perdemos o
acesso a muitas formas rituais e sociais de superação da morte e de respeito pelos
antepassados. Mesmo sem as constelações familiares e muito tempo antes delas existe um
profundo anseio de lidar com o morrer, a morte e os mortos de uma forma liberadora e
pacificadora. E para isso as pessoas sempre precisaram de um apoio, por exemplo, através de
um sacerdote ou com a ajuda da psicanálise ou da assistência ao morrer. Nesse ponto, o
trabalho das constelações assume uma necessidade profunda e supre talvez uma lacuna de
rituais e de luto coletivo.
Além disso, as constelações abrem a perspectiva para o enquadramento psíquico maior do
encontro com a morte e com os mortos na alma. Elas fazem ver o fato individual enquanto
enquadrado no contexto e na história da família, ou de um grupo de camaradas que viveram
juntos coisas terríveis na guerra, ou no destino comum de perpetradores e vítimas, e sempre
transcendendo a morte. Ou elas abrem a alma para a "grande morte". Isto só parece estranho
e até mesmo absurdo quando é encarado de longe e não no contexto da contemplação e da
experiência imediata. Para os clientes envolvidos e os participantes de grupos, o encontro
entre vivos e mortos geralmente se realiza como que naturalmente e é muito emocionante e
curativo. E mesmo que não saibamos ao certo o que acontece nas constelações nos domínios
fronteiriços dos vivos e dos mortos, podemos perceber o seu efeito e nos apoiar nisso. Neste
particular, as constelações atuam como uma "cura de almas". A RECONCILIAÇÃO
A palavra grega therapêuein significa, em sua acepção original, "servir aos deuses". Embora
em nossa época a terapia seja vista de uma forma profana, nela permanece algo do sentido
primitivo da palavra, na medida em que, decaídos de uma ordem ou abandonado uma opinião
e um bel-prazer que nos prejudicam, retornamos a uma ordem saudável. Em nosso linguajar
coloquial, exprimimos isso com as palavras: "Preciso pôr alguma coisa em ordem". Os conflitos
da alma surgem quando forças contrárias nos dividem inconciliavelmente e conservam-se em
oposição irredutível em nós ou entre nós. A psicoterapia é sempre um trabalho de mediação e
reconciliação, embora várias tendências terapêuticas tenham enveredado pelo caminho
oposto, enfatizando a auto-afirmação, uma perspectiva unilateral da autonomia pessoal, a

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separação e a luta, por exemplo, contra os pais, os destinos funestos ou as pessoas


consideradas más.
Bert Hellinger, ousando chegar a limites extremos, trilhou imperturbavelmente um caminho que
pode abrir dimensões novas (ou retomar antigas, de uma nova maneira) para a solução de
conflitos e o trabalho de reconciliação.
Os passos para a reconciliação, embora basicamente simples, geralmente nos parecem
difíceis. O procedimento inicial faz com que os perpetradores reconheçam o mal que fizeram às
vítimas. Precisam assumir as conseqüências de suas ações e encarar as vítimas e seus
sofrimentos. Um segundo procedimento induz as vítimas a encarar os perpetradores e a aceitar
sem reservas sua ligação de destino com eles. A vítima precisa abandonar a atitude de se
julgar melhor e de se colocar, mesmo perdoando, acima do perpetrador. Num terceiro
procedimento, tanto as vítimas quanto os perpetradores e os descendentes de ambos honram
o acontecimento funesto. Reconhecendo suas oposições, todos eles, em sua condição de
vítimas ou de perpetradores e com seus sentimentos de vingança e de expiação, se entregam
a uma força maior que é "indiferente" para com bons e maus, assim como o sol brilha sobre
ambos, e a morte os trata com igualdade.
A dificuldade de aceitar criminosos em condição de igualdade e em sua dignidade humana é
uma experiência comum para os consteladores. Um exemplo: Uma mulher contou que sua
mãe, quando era jovem, foi violentada e quase morta. Confrontada na constelação com o
representante do perpetrador, essa mulher gritou para ele, cheia de ódio: "Eu mato você!".
Quando o terapeuta observou que sua frase fora a mesma do agressor diante de sua mãe, ela
ficou profundamente impressionada. Ela viera ao grupo porque os homens sempre a
abandonavam, alegando terem medo dela. Vê-se como é difícil conceder ao criminoso um
lugar na própria alma e no sistema familiar, e reconhece-lo como equiparado à sua mãe. Às
vezes, as próprias vítimas são mais capazes de fazer isso do que seus amorosos
descendentes, que não dispõem dos mecanismos de elaboração da pessoa envolvida, e por
isso ficam entregues à indignação ou ao desejo de vingança e de cega compensação.
Outras vezes é mais fácil para os descendentes, devido ao maior intervalo de tempo, atuar na
reconciliação, ajudando as almas do agressor e da vítima a se encontrarem face a face e a se
reconciliarem. As vezes só resta aos atingidos o esquecimento e, reconciliados ou não, o
assentimento e a reverência diante do destino que os associou como vítima e agressor. E aos
pósteros, só resta às vezes a reverência diante dos antepassados, reconciliados ou não.
Talvez eles possam se tomar "permeáveis" a algo maior no que toca ao efeito do destino de
vítimas e agressores, para que esse efeito possa ser abolido nessa realidade maior.
É o próprio processo da constelação que determina como iniciar a reconciliação ou o que é
preciso observar em cada passo. O terapeuta limita-se a olhar e a escutar a alma do cliente e
de sua família, abrindo espaço, com suas poucas intervenções, às forças que resolvem os
conflitos e atuam de forma reconciliadora. Seja qual for o caso, abuso ou assassinato de filhos,
trapaça financeira, paternidade clandestina, traição, atrocidades de guerra, extermínio de
judeus ou terrorismo de qualquer espécie, as constelações mostram uma força incrivelmente
reconciliadora e liberadora, em que pesem as imperfeições e as tentativas frustradas,
superficiais ou mesmo traumáticas dos consteladores.
Acusar de anti-semitismo ou de tendências fascistas esses procedimentos das constelações é
uma atitude absurda e degradante. Que, depois de homenagear as vítimas, também se encare
a dignidade dos perpetradores e as fronteiras imprecisas entre criminosos e vítimas, é uma
atitude que choca muitas pessoas, e os próprios consteladores enfrentam dificuldades na
presença de graves injustiças. Mas quem lê as publicações mais recentes percebe também a
manifestação de um novo empenho, não somente para que sejam honradas as vítimas e seu
destino, mas também para que os criminosos sejam considerados como seres humanos e seja

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

respeitada sua dignidade. Foi um rabino judeu que afirmou: "Não haverá paz até que o último
judeu faça a oração dos mortos por Hitler". Embora Bert Hellinger e os consteladores não
estejam sozinhos nesse trabalho de reconciliação que honra tanto as vítimas quanto os
criminosos, o significado do "amor aos inimigos" dificilmente é experimentado no domínio da
psicoterapia e do aconselhamento de forma tão sensível como nas constelações.
Entretanto, não existem realmente diferenças objetivas entre bons e maus? E a observação de
que tanto as vítimas quanto os criminosos estão a serviço de um destino maior, não abre ela as
portas para a arbitrariedade e a injustiça no comportamento humano? Não podemos dizer que
temos sempre uma resposta para isso, mesmo abstraindo de destinos concretos. Muitas vezes,
porém, um primeiro passo importante para a reconciliação e a paz, apesar das oposições e
mesmo da luta pela própria causa, que freqüentemente é necessária, é reconhecermos o
adversário como igual a nós e não nos considerarmos melhores do que ele.
Diariamente experimentamos que a realidade costuma ser maior do que nossa vontade.
Mesmo quando criamos uma realidade, nem sempre podemos controlar as conseqüências de
nossas ações. Um dos efeitos profundos do trabalho das constelações é que nos ajuda a
confiar no desenvolvimento do sentimento humano, para além da culpa e das incriminações,
renunciando a flagelar' nossos semelhantes como desumanos. Só entramos em sintonia com a
realidade quando também reconhecemos o funesto e o terrível como fazendo parte dela, e lhes
deixamos um lugar. Muitos desenvolvimentos positivos recebem sua força e seu
direcionamento desse reconhecimento e respeito pelo terrível.

A AJUDA

Como prestadores de ajuda, somos obrigados a colaborar no desenvolvimento de algo bom


que faça progredir aqueles que se encontram em necessidade. A ajuda' é uma faculdade que
se baseia em treinamento e experiência [entendida num sentido profissional. (N.T.)]. Estamos
acostumados a ver a faculdade terapêutica encaixada em instituições de psicoterapia e
aconselhamento e em sua respectiva administração, que velam pelo desenvolvimento dessa
faculdade e para impedir abusos em seu exercício. O trabalho das constelações familiares,
como originariamente muitos outros métodos de ajuda, se desenvolveu fora da psicoterapia
estabelecida e não reivindica lugar como um método terapêutico reconhecido. O que muitos
teóricos e praticantes sentem como afronta no domínio da terapia é a observação de Bert
Hellinger, partilhada por muitos consteladores - não por todos - que o trabalho com
constelações vai muito além da psicoterapia.
Os críticos objetam que com isso se abrem amplamente as portas para tolices esotéricas.
Afirmam que o trabalho com as constelações visa realmente efeitos terapêuticos e que por isso
ele deve sujeitar-se às leis que regulam a terapia e às normas de uma terapia cientificamente
controlada, ou deve deixar de existir. Neste particular também vem acontecendo importantes
discussões entre os consteladores, e campo está aberto para o desenvolvimento. As "Ordens
da Ajuda" de Bert Hellinger [Publicado no site www.hellinger.com ? existe uma tradução de
nossa autoria, (N.T.)], que resumem sua longa experiência e suas convicções sobre o tema da
ajuda, contém matéria explosiva que exerce provocação, tanto sobre a esfera externa quanto
sobre o "cenário" dos consteladores:
Somente é capaz de ajudar quem assumiu plenamente os próprios pais e a vida. Só é capaz
de ajudar quem renuncia a dar ao cliente mais do que ele precisa. Só pode ajudar quem tem a
capacidade de dar o que o cliente necessita. Muitos ajudantes [no original, Helfer, entendem-se
aqui sobretudo os profissionais da ajuda (N.T.)] correm o risco de que seu impulso de ajudar
resulte de sua própria carência, de uma simpatia que se restringe aos fracos e às vítimas, e da

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pretensão de estarem á altura de todos os destinos de seus clientes. Toda ajuda deve ajustar-
se às circunstâncias na vida do cliente e só pode intervir em caráter de apoio, e quando o
permitam as circunstâncias. Somente respeita a dignidade do cliente a ajuda que não se coloca
acima dessas circunstâncias, do destino do cliente e de sua vocação pessoal, de suas aptidões
e de sua capacidade de decisão.
Na psicoterapia tradicional infiltraram-se padrões de pensamento segundo os quais os
terapeutas poderiam ser mecânicos, juizes, cônjuges ou pais. Principalmente esta última
tendência foi grandemente reforçada através do modelo teórico e do prático de transferência e
contratransferência, com a "elaboração" de conflitos e a idéia de acompanhamento posterior
com o correspondente prolongamento da terapia.
A constelação familiar não trabalha com transferência e contratransferência, embora não
conteste a existência desses processos. Mas o constelador se desprende deles, da melhor
forma possível. O terapeuta ou o aconselhador conduz o cliente, quando isso é necessário,
diretamente para os pais dele. Ele só os representa transitoriamente e por pouco tempo,
apoiando, por exemplo, a recuperação do movimento amoroso, sem colocar-se, entretanto, no
lugar dos pais. Ele renuncia a acompanhar o cliente durante um período de sua vida e a
oferecer-lhe um espaço de substituição ou de proteção para seu crescimento na segurança do
espaço terapêutico. Ele só lhe dá um estímulo para o crescimento, geralmente sem
acompanhar a realização de seu crescimento na vida concreta.
A constelação familiar, entendida desta maneira, não é uma terapia. Ela se assemelha
realmente a uma "predição", um "oráculo" ou um "vaticínio", na medida em que traz à luz laços
de destino e seus efeitos. Ela ajuda a "ver", sem buscar influenciar o que o cliente fará com ela,
e sem que o ajudante desempenhe um papel nisso. Para além de uma "predição", a
constelação também ajuda as pessoas a sentirem o próprio amor, freqüentemente oculto no
destino cego. Ela possibilita abrir os olhos para o amor, estabelecendo relações cara a cara. E
também aqui o terapeuta se coloca antes a serviço do diálogo do cliente com seu sistema de
relações do que a si mesmo como interlocutor do diálogo.
A constelação familiar mostra os caminhos para uma compensação positiva em vez de uma
compensação funesta. Ela fornece indicações sobre o que ordena as relações, tanto para o
mal quanto para o bem. Ela faz confrontar, às vezes duramente, com a realidade, mas não diz
o que a pessoa deve fazer ou deixar, ou como será seu futuro. Nesse particular, ela deixa a
pessoa que busca auxilio sozinha, ou no círculo de sua família e de outras relações
existenciais. Isso muitas vezes parece ser chocante para as pessoas no exterior, se bem que
muitos clientes experimentem justamente essa atitude como confiável, aliviadora e
fortalecedora, pois com ela são tomados a sério e se sentem livres.
Outra coisa que incomoda observadores externos é que os consteladores às vezes olham
menos para o que o próprio cliente precisa do que para as necessidades de outros membros
do sistema, principalmente dos excluídos ou incriminados. A principal atenção se dirige para a
incorporação dos que estão separados num sistema de relações, e não apenas para o cliente e
sua autonomia. O autêntico ajudante, no sentido de Bert Hellinger, resiste à diferenciação entre
o bem e o mal e, com isso, à consciência pessoal do cliente. Ele antecipa a necessária ação do
cliente, na medida em que dá em sua alma um lugar aos excluídos ou incriminados.
Ao abrirem um espaço para além dos efeitos da consciência do grupo, os consteladores têm
em vista o que sugere a "grande alma" - um contexto que aponta para além dos grupos
individuais - numa determinada situação de vida, como conveniente para o crescimento ulterior.
Tanto a consciência pessoal quanto a coletiva são acolhidas numa espécie de consciência
"universal", direcionada para o todo maior. Aqui a configuração de sistemas de relações
também se distancia de uma psicoterapia e um aconselhamento puramente orientados para
soluções. Abrese um nível mais espiritual, na medida em que se encara a ligação com algo

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"maior", que está fora de nossa disponibilidade e possibilidade. Orienta-se no sentido do


crescimento e do desenvolvimento na direção de um "espaço aberto". Nisso reside o que na
constelação familiar é "mais que uma psicoterapia".
A ajuda que ocorre no interior desse "mais" dificilmente se enquadra nas instituições de ajuda e
em seus regulamentos. Nesse ponto se insere, talvez, a crítica dos teólogos e a luta contra o
método das constelações, como se ele fizesse parte de uma cena esotérica. Como esse "mais"
abrange aconselhamento e psicoterapia, e o trabalho das constelações se processa tanto
dentro quanto fora das correspondentes instituições, os conflitos são facilmente
compreensíveis e quase programados por antecipação. A RESPONSABILIDADE EM
CONSTELAR
Em razão da euforia fundada na profundidade das vivências e na densidade humana de muitas
constelações, muitos consteladores correm o risco de se descuidar, justificando as críticas. O
que nos ajuda para trabalhar responsavelmente com constelações familiares?
O cuidado significa aqui agir com sobriedade e clareza, correção e plausibilidade. Além da
atitude e da reserva fenomenológica, constantemente aconselhada, precisamos nos direcionar
para a vida comum. Não se trata de direcionar os clientes ou suas famílias a um padrão único,
de acordo com nossas concepções, mas de colaborar para que o que é "maior", seja o que for,
possa atuar como incentivo e solução no dia-a-dia do cliente. O milagre não está na unidade do
múltiplo, mas na multiplicidade do uno.
Toda a sabedoria é inútil quando não se refere a situações individuais ou coletivas. Por mais
que encaremos a alma humana como uma espécie de "campo", ela não deixa de abranger
pessoas individuais. Ela só existe e se mostra através de indivíduos. Por mais que os
movimentos sistêmicos permaneçam no primeiro plano das constelações, eles não existem
sem os indivíduos num sistema, isto é, sem a mãe prematuramente falecida, sem o avô
suicida, sem o cliente com sua necessidade ou doença. "You cannot kiss a system". Para
corresponder realmente à necessidade do cliente, a atenção do terapeuta deve realmente
passar através de seu sistema de relações, porém sem perder de vista o cliente e suas
necessidades concretas, e absolutamente sem feri-lo.
No tocante aos efeitos externos do trabalho das constelações, recomenda-se considerar os
seguintes aspectos:
Quem oferece constelações como psicoterapia também precisa possuir habilitação legal para a
prática da psicoterapia. Quem não a possui não deve despertar a impressão de praticar
terapia, nem atender a expectativas terapêuticas no sentido tradicional e legal. Precisa limitar-
se ao aconselhamento, que até agora - felizmente - não foi regulamentado. Naturalmente, no
trabalho concreto fica difícil definir os limites entre psicoterapia e aconselhamento, entre curar e
aconselhar.
Seguramente não se justifica enaltecer a constelação familiar como o único método capaz de
resolver tudo e trazer felicidade. Por mais liberador e saudável que seja seu efeito para a alma,
ela não produz redenção nem salvação. Por mais espiritual ou religiosa que possa ser, ela não
é uma religião. O êxito de um método tende a colocá-lo em evidência, em lugar da intenção ou
da necessidade do cliente, ao qual o método serve. Muitos clientes preferem fazer uma
constelação a descrever seu problema, seja ele uma briga entre irmãos, um conflito conjugal, a
busca do lugar certo em sua vida ou o risco de suicídio de um filho. Mas a participação numa
constelação não significa por si só uma receita de sucesso.
O "mais" do trabalho das constelações é em muitas situações também um "menos". Por
exemplo, a constelação familiar não substitui o tratamento psiquiátrico, embora freqüentemente
seja útil para famílias onde se manifesta um comportamento psicótico. Não substitui o
tratamento médico em casos de doenças. Não substitui o atendimento social, com as decisões

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

de sua competência. Não substitui todas as instituições que se dedicam a intervenções em


casos de crises. Nem substitui os métodos de ajuda à alma, quando alguém precisa apreender
o que necessita para o domínio de sua vida e que, pelas circunstancias de sua história, ainda
não aprendeu. As constelações não são úteis para mudanças de personalidade, embora
possam interferir profundamente no processo de crescimento da pessoa. Elas não substituem
o treinamento ou a disciplina espiritual, quando alguém quer se desenvolver nesse sentido. E
não substituem os domínios da experiência quotidiana dos clientes a que servem, mesmo que
possam proporciona r-Ihes luzes extraordinárias.
O cuidado no trabalho com constelações também envolve a aprendizagem. Nesse particular,
muito se discute nos círculos de consteladores sobre o que é necessário aprender para
dirigilas. Até o momento pertence a cada um testar-se para sentir se está pronto e capaz de
assumir a responsabilidade por esse trabalho. Note-se que a atitude fenomenológica que abre
mão do saber só tem significado para aquele que sabe algo. Ela não significa "sem
capacidade", "sem experiência" ou "sem competência". A atitude de agir "sem medo" não
significa ausência de respeito pelas forças com que temos de lidar nas constelações. A atitude
de atuar "sem intenção" não significa que nos deixemos arrastar nas constelações pela
arbitrariedade e pelo acaso. E o atuar "sem amor" se refere ao domínio da transferência e da
contra-transferência, e não significa falta de amorosidade.
Também de nós, consteladores, continua exigindo um constante esforço assumir cada pessoa,
cada família, cada sistema, cada realidade como ela é, de modo que também o cliente possa
reconhecer mais facilmente o que necessita para a solução de seus problemas e para o seu
próprio crescimento. AGRADECIMENTO
Muito agradeço aos amigos e colegas que me apoiaram neste artigo com valiosos estímulos e
correções: Bernhard Haslinger, Eva Madelung, Albrecht Mahr, Wilfried de Philipp, Katharina
Stresius,Gunthard Weber e Berthold Ulsamer.

Sobre a Técnica das Constelações Familiares


© Jakob Robert Schneider

Em nossa compreensão preliminar, entendemos "técnica" como um meio para a realização de


um fim humanamente estabelecido. Ela tem um caráter instrumental, pois é usada como um
instrumento para se obter determinada utilidade. No desenvolvimento e ampliação das antigas
habilidades artesanais, a moderna técnica, como aplicação prática da ciência moderna,
caracteriza-se por três outros critérios: precisa ser segura e proporcionar-nos segurança; torna
previsível o seu objeto; e confere ao método, com o qual abordamos o objeto utilizável, a
precedência sobre aquilo que pode ser utilizado de forma segura. (1)
Tal entendimento da técnica não coincide com o procedimento fenomenológico que adotamos
nas constelações familiares. É verdade que as utilizamos como um método para processos
anímicos de solução e cura. Contudo, o procedimento metódico fica em segundo plano com
relação à dinâmica familiar que ele revela e às soluções que aponta. O que se evidencia
através desse trabalho não pode ser previsto com segurança, tanto no que se refere ao
processo dessa revelação, quanto no que diz respeito ao resultado de tal processo. ()
procedimento metódico utilizado nas constelações familiares requer abertura em face de seu
resultado, e só é bem sucedido na ausência de intenções e de preconceitos intelectuais.
Apesar disto, justifica-se falar de uma técnica de constelações familiares. Pois, na maioria dos
casos, comprovou-se o valor de um procedimento metódica, que pode ser transmitido e
proporciona uma certa segurança na condução desse trabalho. 0 procedimento prático utilizado

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

nesse processo requer uma série de atenções e habilidades que estão a serviço da percepção
terapêutica e do processo liberador e que podem ser comunicadas. Esses requisitos serão
tratados a seguir.
Quando falamos da técnica das constelações familiares, não a entendemos no sentido
matemático das ciências naturais, mas antes à semelhança de determinada técnica de fazer
uma pintura ou de tocar um instrumento. A composição de uma peça musical ou a criação de
um poema exigem igualmente, via de regra, uma técnica, que entretanto fica em segundo
plano em relação ao resultado. Aquilo que se mostra num quadro, numa música ou num poema
não pode ser previsto, determinado, apreendido ou assegurado com o auxílio da técnica
utilizada no processo da criação. Assim, o conceito da "técnica", em nosso trabalho, serve aqui
simplesmente para distinguir entre "como" se conduz uma constelação familiar e o "que" se
revela aí, em termos de dinâmica da alma.

1. A intenção

Para que uma constelação familiar seja bem sucedida, é preciso que haja uma necessidade
cuja força sustente o trabalho e conduza o cliente, o terapeuta e os representantes. Ajuda
muito quando tal necessidade é claramente formulada. Um problema solúvel geralmente se
distingue de um problema insolúvel, na medida em que pode ser expressa numa frase e
entendido por todos. A intenção do cliente deve ser formulada com abertura, tanto em relação
ao problema ou à necessidade sentida quanto à sua solução, sem apresentação de
justificativas para o problema ou de condições para o que possa surgir como solução. Um
desejo claro e poderoso pode ser expresso ao terapeuta com o olhar franco, enquanto que um
olhar que se desvia para o chão freqüentemente se associa à imprecisão nos sentimentos e na
descrição do problema.
Nem sempre o problema ou mesmo a intenção precisam ser claramente formulados, se o que
pesa na alma se manifesta através de uma emoção, de um sintoma ou da revelação de um
destino funesto. O terapeuta se decide a fazer uma constelação baseado na força que percebe
no desejo do cliente e na reação de atenção tensa que provoca na grupo. É fácil, por exemplo,
perceber a diferença entre "Eu gostaria de ser mais livre" e: "Não agüento mais esta
depressão, que já dura anos".
Nem todo cliente consegue expressar sua intenção logo no início de um grupo. Ele talvez ainda
precise de tempo e de vivenciar antes o trabalho feito com outras pessoas do grupo. Com
muita freqüência, os participantes de um curso mudam sua intenção no decurso do trabalho,
porque somente conseguem perceber o essencial a partir das experiências dos outros. Por
outro lado, é possível que às vezes, impressionados pelo peso desses destinos, eles recuem
das poderosas intenções que expressaram inicialmente e sigam por algum caminho
secundário.
Talvez a causa mais freqüente do insucesso de uma constelação reside em que o terapeuta se
decidiu a fazê-la, apesar de ter percebido que o problema apresentado pelo cliente ou a forma
de sua apresentação -- por exemplo, pela imprecisão, falta de amor ou teimosia -- não
sustentaria o trabalho.
A forma breve e concisa com a qual o terapeuta pergunta pela intenção, pelo problema, pela
necessidade emergente ou pelo beneficio que se espera do trabalho estimula o cliente a
responder de forma igualmente breve e concisa. A coragem do terapeuta em encarar qualquer
tipo de problema estimula a confiança do cliente, e sua disposição de deixar-se conduzir pela
força e pelo amor que atua no sistema familiar incentiva a abertura da alma que se manifesta
através do cliente.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

A formulação do problema e o gestual que a acompanha fornecem, com freqüência, indicações


importantes sobre aquilo de que se tratará na constelação e sobre a dinâmica básica da alma,
que pressiona no sentido de uma solução. Portanto, vale a pena dedicar uma grande atenção
ao início do processo. É porém igualmente importante, na busca da solução, que o terapeuta
não se deixe prender e confinar pelo desejo que e cliente manifestou e pelas primeiras
informações que prestou.
A montagem de uma constelação não se fixa num problema ou num sintoma a resolver, mas
se concentra naquilo que precisa ficar em ordem, em paz ou em sintonia numa alma. É daí que
nasce aquilo que libera, e talvez resida aí também a solução para o problema apresentado ou
algo que aja curativamente sobre algum sintoma.

2. O processo da informação

Para conduzir uma constelação familiar poucas informações são necessárias. O que se requer
são os acontecimentos e destinos numa família, não a caracterização de pessoas ou a
descrição de vivências pessoais - se bem que uma vivência, narrada em poucas palavras,
possa eventualmente abrir caminho para o conhecimento de um importante acontecimento
familiar. A maneira como alguém se apresenta e comporta é menos significativa do que os
acontecimentos essenciais de sua vida e de seu destino e o fato de ser simplesmente mãe ou
pai, embora às vezes a aparência e o comportamento estejam associados ao destino pessoal.
A constelação familiar é um método terapêutico que visa descobrir os efeitos de
acontecimentos e de destinos.
Que informações são importantes para esse trabalho? Uma primeira pergunta diz respeito às
pessoas que pertencem ao sistema. Estas são: irmãos, pai, mãe, eventuais parceiros
anteriores dos pais, meios-irmãos, tios e tias, avós e seus eventuais parceiros anteriores,
meios-irmãos dos pais; às vezes, também um ou outro dos irmãos de avós e bisavós, quando
afetados por um destino impactante. Também pertencem ao sistema pessoas sem vínculo de
parentesco, quando a família lhes deve algo de modo existencial, como são pais adotivos e
ainda pessoas a quem foi infligida alguma desgraça por membros da família. São pertencentes
tanto os vivos como os mortos, até onde habitualmente alcança a memória da família.
Acontecimentos importantes nas famílias são: nascimentos e mortes; mudanças de domicilio
especialmente importantes (por exemplo, por deportação ou emigração ou mudança para um
ambiente muito diferente); separações, tanto entre filhos e pais quanto dos pais ou parceiros
entre si; doenças; vícios que envolvem dependência; acidentes; destinos associados à guerra;
suicídios; internações psiquiátricas, etc.
Ao indagar pelas informações, o terapeuta deve distinguir entre dois tipos de acontecimentos:
aqueles que pertencem antes ao domínio dos ressentimentos pessoais (por exemplo, uma
separação prematura entre a criança pequena e sua mãe), e aqueles que são sistémicos e por
isso especialmente relevantes para a constelação familiar. Da observação resultam indicações
sobre se convém trabalhar com o resgate de um movimento amoroso em direção aos pais ou
com a constelação familiar, dentro da qual poderá eventualmente ser encaixado um abraço,
como meio de se recuperar tal movimento. Muitas vezes, recomenda-se trabalhar
simultaneamente com a solução sistêmica e com o movimento amoroso. Nesse caso, convém
começar com o trabalho sistêmico e então, ou num momento posterior, propiciar o movimento
amoroso. Isso possibilita distinguir mais facilmente entre os sentimentos adotados de outras
pessoas e os ressentimentos pessoais. Às vezes, porém, a dor da criança, proveniente da
vivência de separação dos pais, está de tal maneira "à flor da pele" que o terapeuta precisa

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

lidar imediatamente com esses sentimentos, provenientes de um movimento amoroso


interrompido.
Mencionarei, a seguir, alguns critérios que ajudam a distinguir se convém fazer de preferência
um trabalho sistêmico ou a terapia do movimento amoroso. Critérios para o trabalho sistêmico
são, por exemplo:

 a pessoa se experimenta como se fosse teleguiada, e de algum modo não está presente
a si mesma;
 não conhece e não encontra seu lugar na vida;
 ao apresentar-se, dá a impressão de estar meio ofuscada, inapropriada, contraditória ou
enredada;
 dá a impressão de estar presa ao problema e de ter permanecido magicamente num
cego amor infantil;
 existem na pessoa ou em sua família destinos pesados como mortes prematuras,
suicídios, acidentes freqüentes, psicoses, etc.,,
 a pessoa coloca em risco, leviana ou compulsivamente, o sucesso de sua vida;
 há um grave desequilíbrio em seus relacionamentos, brigas sérias, faltas de
consideração e de reconciliação, conflitos de consciência, sentimentos de culpa,
sentimentos de vítima ou medo compulsivo de fazer algo funesto;
 faltam pessoas no sistema, por exemplo, algum filho extraconjugal do pai;
 pessoas do sistema não são levadas em consideração, por exemplo, natimortos;
 silencia-se sobre o destino das pessoas, dizendo-se, por exemplo, que um avô morreu
de infarto, quando na verdade suicidou-se.
Critérios para o trabalho com o movimento amoroso são, por exemplo:
 a pessoa teve graves experiências traumáticas, sobretudo na primeira infância.-,
 apresenta as chamadas perturbações "neuróticas": problemas ligados à aproximação,
medos, compulsões, etc.,
 dá a impressão de estar "ligada" e aberta quando se imagina abraçada com amor pela
mãe ou pelo pai;
 tem dificuldade de tomar e mostra sentimentos de desesperança e resignação, que não
correspondem â situação real de sua vida;
 permanece presa na satisfação de necessidades infantis.
As informações recolhidas para a constelação familiar visam responder às seguintes
perguntas:
 quem falta e precisa ser acolhido, para que algo se resolva no sistema;
 quem está sendo atraído para fora de um sistema, e para onde está sendo atraído;
 de quem quer afastar-se ou em lugar de quem deseja partir;
 quem é preciso deixar partir, para que os outros do sistema possam ficar;
 quem talvez possa deter a dinâmica de partir e morrer, caso seja considerado e seu
amor seja recebido;

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

 que destino pressiona para ser repetido através de uma compensação funesta, de modo
que uma pessoa só se sente ligada a outra se não estiver melhor do que ela;
 que destino pressiona para ser repetido porque foi encoberto e deseja vir à luz ou não
foi honrado e quer ser reconhecido;
 quem foi, através de seu destino, arrancado da vida de forma a parecer "incompleto", e
talvez precise ser consumado através de outros;
 que pessoas, vivas ou mortas, não puderam despedir-se,
 que vítima não foi vista e reconhecida, e pressiona para que um póstero se assemelhe a
ela;
 que perpetrador não foi visto e reconhecido por seu ato funesto, de forma que um outro
deseja segui-lo cometendo um ato semelhante;
 se foi perturbada a ordem num sistema, por exemplo, a hierarquia dos irmãos, ou se não
foi assegurada a precedência de um novo sistema, por exemplo, a da família atual sobre
a família de origem, ou a do segundo casamento sobre o primeiro;
 se as relações numa família não são confiáveis porque, por exemplo, filhos pressionam
por assumir papéis dos pais ou vice-versa, ou porque os filhos querem fazer algo de
inapropriado por seus pais, ou porque os pais não preservam a segurança dos filhos.
O mais conveniente é que as informações necessárias sejam perguntadas passo a passo, em
conexão com o processo da constelação. Naturalmente, é preciso saber inicialmente quem
pertence a um sistema e eventualmente poderá ser incluído em sua representação. As
informações restantes podem se: recolhidas de acordo com a dinâmica que se manifesta
durante o processo da constelação.
Com freqüência é útil também que, antes de começar o trabalho, sejam solicitadas informações
sobre os destinos na família. Isto é importante, sobretudo quando alguém ainda não tem muita
experiência com constelações e, antes de começar o trabalho, gostaria de obter indicações
sobre a direção em que se desenvolverá o processo. O risco que se corre com isso é que as
informações nos levem a desviar da dinâmica autêntica que se manifesta no processo da
constelação ou que este fique sobrecarregado com as informações previamente recolhidas.
Recomenda-se que, antes de iniciar o trabalho, sejam recolhidas informações suficientes
sempre que a intenção expressa pela pessoa envolvida ainda não revele uma força clara e o
direcionamento para uma solução, e o terapeuta ainda careça de informações que contenham
um "peso de alma" e lhe dêem esta segurança: "agora já posso trabalhar".
Muitas vezes, as informações essenciais para uma constelação liberadora só se revelam, de
forma totalmente inesperada, durante o processo de sua colocação. Vou citar um breve
exemplo.
Uma mulher, que já tinha feito sua constelação e contemplado nela os destinos da família da
mãe, queria esclarecer algo de "indefinível" que a separava de seu pai. Numa segunda
constelação, ela colocou sua representante num lugar que não competia a uma filha, como se
estivesse substituindo uma pessoa que faltava. Mas o que mais impressionou nessa
constelação foi que o representante do pai olhava "para um túmulo". Perguntas feitas na
ocasião revelaram que o pai tivera anteriormente uma noiva, sobre a qual nada se sabia. Numa
rodada anterior, o terapeuta havia interrogado os participantes sobre histórias literárias que
foram pessoalmente importantes para eles, e essa mulher citara "A Bela Adormecida", que fala
de uma amada excluída pelo pai, e uma história de Ingeborg Bachmann sobre o suicídio de
uma mulher. Baseado nessa informação, o terapeuta fez com que a representante da noiva se
deitasse no chão, diante do pai, mas não se manifestou nenhuma relação significativa. Então o
terapeuta simplesmente virou o pai para fora, como se buscasse a morte. Aí o representante

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

do irmão da mulher exclamou: "Eu bem gostaria de fuzilá-lo pelas costas!" Essa expressão
emocionou profundamente a mulher, e ela contou que seu pai sempre sofreu muito porque,
quando era um jovem soldado na guerra, tinha fuzilado num bosque, pelas costas, um homem
que depois se verificara ser um velho camponês, que trazia flores nas mãos. Com o relato da
filha, ficou claro para que túmulo o pai estava olhando e na direção de quem se sentia atraído,
e assim foi possível encontrar uma solução que comoveu e aliviou a família.

3. Sistema atual ou sistema de origem?

Para um esclarecimento talvez necessário: família de origem é a família onde alguém é filho, e
família atual é aquela onde alguém é marido ou mulher, pai ou mãe.
Que sistema o terapeuta deve pedir que o cliente coloque? (No presente contexto e tio que
vem a seguir falo sempre de sistemas familiares, sem entrar nas características metodológicas
do trabalho com outros sistemas de relações como são, por exemplo, uma empresa ou unia
equipe). A resposta à pergunta acima depende muitas vezes diretamente da intenção expressa
pelo cliente, por exemplo, a solução para uma briga séria com uma irmã ou uma ajuda para
permanecer com o parceiro.
Se eventualmente tal desejo abrange ambas as direções, a precedência geralmente deve
caber ao sistema que possua a maior força com vistas à solução desejada. Via de regra é o
sistema atual, quando se trata de um problema de peso. O cliente tem a tendência de escapar
desse sistema, porque com freqüência ele exige as soluções mais dolorosas. O terapeuta não
deve colaborar com tal evasão; caso contrário, perderá a confiança do cliente. Por outro lado,
ele nada conseguirá insistindo, contra a vontade do cliente, em colocar o sistema atual. Já
vivenciei repetidas vezes que, ao pedir a um participante que configure o seu sistema atual, ele
espontaneamente vai buscar representantes para a mãe ou um irmão, mostrando que
interiormente está voltado para o sistema de origem. Em tal caso talvez seja melhor esperar,
até que o cliente manifeste com mais força e segurança a escolha do sistema a ser colocado.
Freqüentemente convém inserir algo do sistema de origem na constelação de um sistema
atual, porque muitos conflitos de casais e de famílias decorrem de emaranhamentos nas
famílias de origem. Talvez seja preciso que se solte um movimento interrompido em direção à
mãe para que alguém aceite a proximidade do parceiro, ou que alguém se despeça de uma
noiva do pai ou de uma avó que foi tratada injustamente, para que passe a olhar o parceiro
sem mistura de sentimentos estranhos. Quando, porém, existem graves ofensas ou
acontecimentos entre o casal ou na família atual (por exemplo, morte ou exclusão de um filho,
ou violência), ou quando o sistema atual é muito complexo, provavelmente será preciso, para
esclarecer o que nele se passa, renunciar temporariamente a abordar os emaranhamentos do
sistema de origem.

4. A escolha dos representantes

Uma constelação começa com a escolha dos representantes. Ela deve ser feita num único
fluxo, sem predeterminação de pessoas e sem critérios. Quando o cliente valoriza
determinadas características das pessoas que quer escolher, ele prende a alma, responsável
pela escolha, a fantasias e ligações que distraem. Semelhanças na aparência, altura das
pessoas ou outras características não influem na percepção dos representantes. Pois uma
pessoa não se torna mãe pelo fato de ser alta ou baixa, e o destino normalmente não depende
de características externas. A vantagem de trabalhar com representantes consiste justamente

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

em que eles não se assemelham aos membros da família e aquilo que sentem não depende de
qualquer caracterização ou indicação prévia. Desta maneira, podem sentir coisas essenciais
que na própria família, devido ao excesso de informações e à grande proximidade, não podem
ser percebidas. O essencial é liberado pelo acaso, e este não se prende a nossos laços
pessoais.
É conveniente que a pessoa que coloca sua família escolha ela própria os representantes, pois
através dessa escolha ela já introduz no processo a busca e a força de sua alma. Isto, porém,
não significa que somente ela possa escolher os representantes "certos". Quando, no decurso
de uma constelação, é preciso introduzir outras pessoas, o próprio terapeuta, para agilizar o
processo, pode escolher os representantes. Pois pertence às surpreendentes características
deste método que pessoas diferentes, colocadas no mesmo lugar dentro de uma constelação,
sentem da mesma maneira.
Já no processo da escolha das pessoas é preciso que haja tranqüilidade, concentração e uma
certa tensão na pessoa que coloca, no terapeuta e no próprio grupo. O "campo" da constelação
já começa a ser estruturado com a escolha e a introdução das pessoas. Os representantes
precisam estar disponíveis para se deixarem colocar, desfazendo-se de objetos que possam
perturbar, por exemplo, de algum chapéu que chame a atenção. Sua energia deve poder fluir
livremente, sem ser prejudicada, por exemplo, por um chiclete na boca. Caso alguma pessoa
escolhida não se mostre disponível, hesite ou dê a impressão de estar inibida, o terapeuta deve
pedir ao cliente que escolha outra pessoa.
Quantas pessoas devem ser incluídas desde o início numa constelação? Isto depende,
naturalmente, das dimensões do sistema a ser colocado e do problema a ser resolvido. Como
regra geral, devem ser colocadas apenas as pessoas que sejam absolutamente necessárias. E
melhor incluir posteriormente outras pessoas na constelação do que sobrecarregá-la ou
bloqueá-la, desde o início, com um excessivo número de pessoas. Quando, por exemplo,
houver muitos irmãos e seus destinos não puderem ser tratados individualmente, basta
começar com aqueles que, pelas informações prestadas, sejam imprescindíveis, incluindo
posteriormente os demais na imagem da solução. Quando os sistemas familiares são muito
complexos, o terapeuta começa apenas com os membros que pertencem imediatamente à
família do interessado e eventualmente com os "anteriores". Quando a família de origem tem
uma forte influência sobre a família atual, consideramos inicialmente a dinâmica da família
atual e depois introduzimos pessoas relevantes da família de origem. Pode-se ainda trabalhar
simplesmente com um sistema reduzido, por exemplo, apenas com a mãe e seu filho, ou com a
pessoa em questão e sua doença ou sua morte.
Se já no início precisa ser colocado um número maior de representantes, é necessário ficar
atento para que cada um deles saiba, desde o princípio, qual é a pessoa que ele está
representando e quem estão representando as demais pessoas escolhidas. Caso contrário,
começa com freqüência um cochicho entre os representantes, durante o processo da escolha,
para saber quem é quem, e com isso se desconcentram. O melhor é que as pessoas sejam
escolhidas em alta voz, claramente e numa ordem bem definida. Por vezes, é útil que o
terapeuta coloque os escolhidos numa certa ordem provisória que mostre claramente a
seqüência dos irmãos.

5. 0 processo da colocação

A pessoa que coloca seu sistema deve fazê-lo sem se preocupar com épocas e com razões, e
sem uma imagem preconcebida. Se o terapeuta tem a impressão de que o cliente está
seguindo algum esquema ou alguma imagem preconcebida, deve adverti-lo e pedir que

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

recoloque os representantes, ou então interromper o processo. Se for perguntado se a família


deve ser colocada como é atualmente ou corno era antes, o terapeuta não deve entrar na
questão mas acentuar a necessidade de uma "ausência de tempo" na colocação. Pertence à
essência da alma, e portanto também de uma constelação, que sua dinâmica não está
confinada a um tempo determinado. Vivos e mortos estão presentes da mesma forma, e
freqüentemente não sabemos que acontecimentos e que destinos ainda estão atuando numa
família.
Na maioria dos casos, as pessoas colocam a família "corretamente", sem que o terapeuta
precise dizer ou explicar muita coisa. Às vezes, é preciso dar algumas indicações introdutórias
como, por exemplo: "Coloque sem preocupação de ordem temporal, sem buscar razões, sem
imagem preconcebida. Posicione as pessoas em relação umas com as outras, da forma como
a família é. Aja de acordo o seu sentimento e confie em seu coração e em sua alma". Talvez
seja preciso ainda dizer algo sobre a maneira de posicionar, como: "Segure as pessoas, de
preferência com ambas as mãos, pelos braços ou pelos ombros, de frente ou de costas, e
coloque-as silenciosamente em seu lugar, sem configurar posturas e sem dar instruções".
Então o terapeuta se retira, deixa com o interessado o processo da colocação e confia-se à
própria percepção do que acontece. Ele toma atenção para que a pessoa configure o sistema
com cuidado e amor e para que, desde o início, as forças do campo possam manifestar-se
através da "força" da constelação. A reação de atenção ou de intranqüilidade no grupo indica
rapidamente se o tema de uma constelação é importante e se a pessoa que a coloca está
realmente envolvida.
Quando alguém coloca sem amor sua família, esquece de posicionar pessoas, assegura que já
estão certas no lugar onde por acaso ficaram depois de escolhidas, não sabe onde colocar
certas pessoas ou duvida da própria imagem que configurou, o terapeuta pode eventualmente
intervir com esclarecimento e incentivo; porém, na maioria dos casos, precisa interromper o
trabalho, ainda na fase da colocação. Talvez não seja ainda o momento certo para colocar o
sistema, ou o sistema escolhido não seja o adequado. Talvez a lealdade a um membro da
família ou a falta de alguém, por insuficiência de informação, esteja bloqueando a constelação.
Algumas pessoas colocam seu sistema apesar de estarem talvez excessivamente "saciadas"
ou excessivamente "famintas" ou amarguradas, ou têm medo do que possa manifestar-se, ou
se sentem pressionadas, por exemplo, pelo parceiro, a colocar o sistema, embora não se
sintam dispostas a isso.
Uma moça compareceu a um grupo, por intermédio de sua mãe, para fazer sua constelação.
Em virtude de seus medos, sua mãe precisou acompanhá-la de Hamburgo a Munique, para
que ela pudesse participar. Quando ela começou a colocar, dava a impressão de estar muito
desconcentrada e não sabia onde posicionar as pessoas da família. O terapeuta interrompeu
imediatamente, e isto trouxe a ela simultaneamente decepção e alívio. Na rodada inicial do dia
seguinte ela contou que, na noite anterior, tivera uma séria briga com sua mãe, por causa da
interrupção de seu trabalho. O desejo de sua mãe era que ela se livrasse de seus medos, mas
o interesse dela era totalmente diverso; o que ela desejava era encontrar finalmente um
relacionamento satisfatório com um homem. Ela afirmou isto com muita força na voz, e o
terapeuta imediatamente fez com que ela colocasse de novo sua família. Desta vez, ela o fez
com muita clareza e energia e conseguiu ter com seu falecido pai um encontro que muito a
comoveu e aliviou. Indiretamente algo tinha ficado claro também sobre seus medos. Essa
segunda tentativa de colocação foi sustentada por sua própria força e por seu direcionamento
interior.

6. Deixar agir a imagem que foi colocada

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Quando a pessoa; com o auxílio dos representantes, acabou de configurar o sistema das
relações familiares, ela se senta, de modo a poder acompanhar bem o que acontece na
representação. Também o terapeuta se senta ou se afasta do campo da constelação. Começa
uma fase mais ou menos longa de silêncio, em que os representantes entram em contato com
seus sentimentos e se concentram no que emerge neles. O terapeuta se deixa impressionar
pela imagem que foi colocada. Em termos mais precisos, deixa que esse campo ou a alma da
família que foi colocada produza uma impressão sobre ele. Sem se prender aos detalhes,
percebe as primeiras reações, freqüentemente sutis, dos representantes, os impulsos de se
movimentar, os movimentos corporais intranqüilos, as mudanças na direção do olhar para
outros membros da família, um olhar para o chão, para o céu ou para longe, etc. Ao mesmo
tempo, o terapeuta fica atento às próprias reações internas, às vezes também corporais, às
"imagens" que afloram nele, àquilo que nele fulgura com uma primeira "verdade" (no sentido de
um desvendamento). Ele se deixa tocar pelo sistema representado ou pela alma da família. Na
medida do possível, "esvazia-se" e deixa-se comover por aquilo que vê e que o toca.
Este é, muitas vezes, o momento mais difícil para um terapeuta, pois nesse ponto ele nada
pode fazer, nem sabe para onde o conduzirá a dinâmica da constelação. Talvez seja tentado a
formular pensamentos, a compatibilizar a imagem com as informações que já possui ou a
refletir como irá proceder. Talvez se coloque sob pressão, coma se passasse a depender dele
o sucesso ou o insucesso da constelação. Talvez também fique com medo diante do que
possa surgir ou não surgir, ou então se entregue a uma segurança precipitada sobre a forma
de achar logo uma solução. Porém o que importa agora é aquilo que Bert Hellinger chama de
olhar fenomenológico: um olhar "sem saber", "sem intenção", "sem medo". Este é também um
momento profundo de participação naquilo que muitas vezes toca uma família no mais íntimo;
o olhar e a percepção do terapeuta (e também dos representantes) são acompanhados de
respeito e gratidão por poder participar.
Esse primeiro momento silencioso de uma constelação, antes que os representantes comecem
a ser interrogados, é de grande importância. Ele é necessário para que se tome consciência
daquilo que a alma do grupo está disposta a manifestar.
Quanto tempo deve durar esse silêncio, é algo que o terapeuta geralmente percebe com muita
precisão. O silêncio é sustentado por uma força que vai se construindo, por uma tensão e, às
vezes, por uma profunda comoção, que vem à tona durante a representação e também
mobiliza o terapeuta e o grupo. Quando o terapeuta começa a fazer perguntas cedo demais, o
fator que mobiliza não pode desenvolver-se e o processo da constelação fica superficial ou
torna-se cansativo. Freqüentemente o terapeuta não confia no próprio olhar e por conseguinte
"necessita" dos representantes e do que eles dizem. Isto, porém, pode sepultar a confiança, no
terapeuta. Por outro lado, quando ele espera por um tempo longo demais, a energia da tensão
se dissipa e os representantes ficam inquietos e impacientes ou caem num processo que os
tira da dinâmica da família que representam e os leva para uma dinâmica pessoal, que então
pode falsificar o processo da constelação.
Nem sempre, é verdade, a atitude de deixar que a representação atue resulta numa dinâmica
poderosa. Algumas constelações só desenvolvem sua força e sua dinâmica com os passos
posteriores. Isso acontece principalmente quando ainda não foram colocadas pessoas
decisivas para a dinâmica familiar ou faltam informações importantes. Assim, o terapeuta não
deve se deixar perturbar ou desencorajar quando a imagem de uma constelação não apresenta
inicialmente profundidade. Embora seja às vezes aconselhável interromper a representação já
no princípio, vale a pena, em primeiro lugar, insistir na continuação do processo e confiar em
seu bom êxito.
Às vezes aparecem, desde o início, reações estranhas nos representantes. Certa vez, um
homem colocou sua família de origem. Mal havia acabado de posicionar os representantes
quando estes começaram a cochichar e a rir, e não houve meio de fazêlos parar. O homem

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

ficou muito perturbado e confuso e o terapeuta já pensava em interromper o trabalho, quando


uma voz interior o aconselhou a presenciar o riso por mais algum tempo. Então ele perguntou
ao homem: "O que aconteceu no casamento de seus pais?" Pois algo na imagem lhe fazia
lembrar uma companhia de convidados num casamento. O homem respondeu: "Certa vez me
contaram que no casamento de meus pais apareceu uma mulher com uma filha de uns vinte
anos. Diante de toda a assistência, ela caminhou até minha mãe, mostrou-lhe a mão da filha e
disse: "Esse anel na mão de minha filha foi dado a ela de presente por seu marido, junto com a
promessa de casamento". Ao ouvir este relato, os representantes repentinamente silenciaram.
O terapeuta introduziu então representantes dessa mulher e de sua filha, que tinham sido
supostamente ridicularizadas, e agora elas foram olhadas com emoção.

7. As perguntas aos representantes

Se os representantes estão envolvidos - e quase sempre estão - o terapeuta começa a


interrogá-los sobre seus sentimentos. Talvez seja necessário -- sobretudo se os representantes
ainda não conhecem o trabalho -- que o terapeuta os incentive a confiar no que sentem e a
comunicá-lo abertamente, sem qualquer tipo de consideração. A maioria dos representantes,
pelo menos em nosso espaço cultural, tem facilidade de expressar seus sentimentos. As vezes
eles expressam não o que surge de seu papel mas o que pensam da situação, fora do contexto
da representação, ou dizem o que julgam que deveriam dizer. Na maioria das vezes, basta um
curto esclarecimento e incentivo por parte do terapeuta para que entrem na representação.
Acontece ainda, com freqüência, que os representantes não expressem o que estão sentindo
mas relatem o que estão vendo, ficando presos à superficialidade do olhar e à simples
descrição de sua posição. Isto também é geralmente fácil de corrigir através de uma breve
advertência quanto ao serviço que se espera do representante numa constelação.
Quem é interrogado primeiro pelo terapeuta? Se o início da constelação ainda mostra pouca
dinâmica, ele começa habitualmente pelo pai e pela mãe, passando depois para os filhos. Se,
porém, logo ao começar, se manifesta num representante alguma reação nítida, o terapeuta
acompanha essa dinâmica com suas perguntas e aborda os representantes que nela estejam
claramente envolvidos.
Não é necessário, e freqüentemente é mesmo contraproducente, que todos os representantes
sejam logo interrogados, sobretudo nos sistemas maiores. Se uma dinâmica importante se
manifesta em alguém, o terapeuta a acompanha imediatamente e, em consonância com ela,
começa a fazer as primeiras alterações na imagem. Se ele o fizer, estará acompanhando a
força e o fluxo de energia da constelação. Se não o fizer, com a continuação das perguntas a
força se dissipa, pelo menos inicialmente. Caso se evidencie depois que seguir a primeira
dinâmica não leva à solução e até mesmo desorienta, isso poderá ser corrigido no decorrer do
trabalho.
Pode acontecer que um representante nada sinta mas esteja comunicando algo de verdadeiro
com essa ausência de sentimento. Já outros precisam ser contidos em sua loquacidade para
que se limitem ao essencial, que pode ser expresso de maneira muito simples e breve. Quando
um representante mostra um forte sentimento ou uma espontânea reação física, o terapeuta
fica nessa reação não verbal, ao invés de tirar dela o representante incentivando-o a descrevê-
la. Com efeito, o que interessa não são tanto as palavras, mas a revelação da dinâmica
profunda da alma numa família. Quando as palavras de um representante contrariam a
impressão que a dinâmica produziu no terapeuta, este deve confiar também no próprio
sentimento e comunicá-lo. Muitas vezes isto contribui para elucidar o que é importante e
adequado na expressão dos representantes.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

O terapeuta deve ficar atento para que a prontidão de comunicar por parte dos representantes
não se autonomize. Existem constelações em que os representantes, da. mesma forma como
na família real, passam a disputar entre si, o que afasta do essencial. Nesse caso, o terapeuta
deve reconduzir os representantes a um silêncio que permita o desenvolvimento do que
realmente importa. Alguns representantes se sentem desconsiderados se não são
imediatamente interrogados e pressionam o terapeuta no decurso da constelação. Também
aqui deve-se pedir que se contenham e assegurar a todos que terão oportunidade de dizer o
que for significativo. Os representantes, com seus sentimentos e comunicações, são
individualmente importantes; contudo, na medida em que estão dentro do sistema, não
conseguem ter um olhar de conjunto e um direcionamento para o sistema em sua totalidade. O
terapeuta que os acompanha é capaz disso e precisa estar consciente dessa tarefa.
Durante as perguntas aos representantes, o terapeuta não deixa de manter também sob os
olhos a pessoa que colocou a família -- que geralmente está olhando e ouvindo de fora --,
percebe suas reações pelo canto dos olhos e pode interrogá-la, de vez em quando, sobre o
que ela gostaria de dizer sobre as manifestações dos representantes, e se fazem sentido para
ela. Um dos principais efeitos de uma constelação para a solução de problemas do cliente
reside no fato de ele identificar a si mesmo e a própria família nas reações dos representantes.
Assim, embora acompanhando de fora, ele vibra em sintonia com o processo da constelação.

8. A descoberta da dinâmica familiar

O cerne de todo trabalho com constelações consiste em acompanhar as reações dos


representantes e aquilo que o terapeuta "vê" e sente, e em fazer as correspondentes
alterações e complementações no contexto dos relacionamentos. Nesse trabalho se mostra,
passo a passo, o que aflige a alma do grupo e a mantém no destino funesto, bem como o que
pode desfazer o emaranhamento ou levar a uma solução final os processos inconclusos numa
família. Neste particular, cada constelação é nova e única para o terapeuta. A cada vez, ele é
de novo desafiado a não se deixar levar por regras rígidas mas pelo amor, pela força e verdade
do próprio sistema. Caso o terapeuta perca contato com o fluxo da representação, isto não
será tão desastroso, desde que recupere a tempo o contato. Caminhos errados são
rapidamente reconhecidos e geralmente corrigidos quando o terapeuta confia no processo da
constelação, nas reações dos representantes e nos próprios sentimentos. Se o processo
estanca, geralmente são necessárias novas informações e a introdução de pessoas
importantes no sistema. Em seguida apresento algumas perguntas importantes, que podem
dirigir o processo de descoberta da dinâmica familiar (já foram apresentadas, de modo
semelhante, no capítulo sobre o processo de informação).

Elas apontam para uma variedade de processos na alma, que aqui apenas pode ser esboçada.
 Que indicações para o processo na alma do grupo se depreendem imediatamente da
imagem que foi colocada -- por exemplo, de um olhar para o chão ou do tremor no corpo
de algum representante--? A primeira imagem colocada é a base de tudo 0 mais e a
conexão com ela não deve ser perdida na continuação do processo Se, essa primeira
imagem não dá sustento, é necessário interromper a constelação.
 Que indicações fornecem as palavras dos representantes, por exemplo: "Não sinto
nenhuma relação com meus filhos"?
 Quem está faltando no sistema e deve ser nele incluído?

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

 Quem se sente atraído para sair do sistema, e para onde? Essa atração resulta do
destino pessoal, da vontade de seguir ou substituir outra pessoa, do desejo de expiar
por ela?
 Quem procura impedir que outra pessoa vá embora? Quem atua no sistema para
separar ou unir outras pessoas, por exemplo, os próprios pais?
 Quem não consegue assumir o lugar que lhe compete? Quem assume um lugar por
presunção?
 Quem está preso à lembrança de um acontecimento funesto, -- por exemplo, a
descoberta do corpo do pai que se suicidara -- e de que precisa essa pessoa para
libertar-se disso?
 Quem não foi reconciliado, -- por exemplo, uma antiga noiva do pai --, e de que
necessita para que se reconcilie?
 Por quem não se chorou? Que processos de despedida precisam ser retomados (de
ambos os lados) entre vivos ou entre vivos e mortos?
 Que mudanças e alterações no sistema possibilitam que o amor flua, que uma situação
seja concluída, que algo se cure, seja colocado em ordem ou fique em paz? O que não
foi olhado ou nomeado e precisa sê-lo?
 Quem não foi respeitado, que destino não foi honrado?
 Como podem os homens ser homens, as mulheres ser mulheres, os pais ser pais e os
filhos ser filhos?
Os meios para obter processos de mudança na constelação são os seguintes:
 permitir que sejam executados os impulsos de se movimentar;
 virar as pessoas na direção das outras ou na direção contrária;
 incluir ou afastar pessoas (às vezes, também para fora do recinto); colocar pessoas
frente a frente ou lado a lado;
 ordenar pessoas de acordo com a hierarquia dentro de um sistema ou a precedência do
novo sistema, quando houver vários;
 colocar pessoas deitadas ( em acidentes fatais de grande importância no destino) e
fazer com que outras se deitem ao seu lado,
 abraçar-se
 fazer uma inclinação ou reverência;
 olhar pessoas nos olhos;
 dizer frases que trazem à luz e nomeiam algo oculto e que atuam de forma liberadora e
curativa.
Depois de fazer ou deixar fazer tais alterações na posição e na postura dos representantes, o
terapeuta, após um adequado tempo de sensibilização, verifica, com novas perguntas aos
envolvidos, o efeito dessas alterações. Assim se desenvolve, passo a passo, um processo que
revela, no decorrer da constelação, os eventos anímicos que enredam e que liberam, e
possibilita a sua compreensão. No processo de descoberta e de solução é preciso observar
algumas coisas:
O terapeuta não pode seguir todas as dinâmicas do sistema. Precisa limitar-se ao que na
representação se revela como essencial e que é mais eficaz em relação ao desejo manifestado
pelo cliente. Assim, o terapeuta se concentra na procura da solução sistêmica que é

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

especialmente importante para o cliente, renunciando a encontrar uma boa solução para todos
os envolvidos no sistema, por exemplo, para todos os irmãos. Algumas coisas que são apenas
aludidas na constelação e não podem ser tratadas nela, a própria alma as revela por si mesma
no correr do tempo. E algumas vezes uma segunda constelação precisa abordar outros
aspectos da dinâmica familiar.
O terapeuta só deve seguir uma pista no processo da constelação se nisso tiver o suporte dos
representantes. Embora conduza os representantes e também o cliente, o terapeuta não pode
trabalhar contrariando os sentimentos e a energia deles. A constelação não tem a função de
convencer alguém de uma idéia, mas precisa falar e convencer por si mesma. Às vezes é
importante acompanhar "imagens" que espontaneamente emergem no terapeuta, nos
representantes ou na pessoa que está colocando sua família. Muitas vezes elas revelam o
essencial. Mas é preciso verificá-las e eventualmente rejeitá-las ou corrigi-las.
Quando se manifesta que alguns membros da família, pela forma como foram posicionados,
encobrem uma dinâmica importante -- por exemplo, a dinâmica entre os pais--, é útil fazer
inicialmente uma ordenação parcial do sistema, tirando os filhos que estejam entre os pais e
colocando-os na fila dos irmãos, para que se possa ver mais claramente e trabalhar o que
existe entre os pais. Quando foram colocadas mais pessoas na constelação do que se verifica
ser necessário, pode-se pedir a algum representante que se sente. Isto diz respeito sobretudo
a parceiros anteriores no sistema atual ou no sistema de origem, quando se revela que não são
muito significativos.
De modo geral, é melhor aprofundar com menos pessoas do que perseguir o maior número
possível de assuntos numa família. A tentativa de apreender completamente os processos da
alma tira força e eficiência das constelações e das soluções. Um perigo igualmente importante
é a tentativa de enquadrar as constelações e seus processos em esquemas lógicos e
explicações de causa e efeito. O objetivo é esclarecer, não explicar. Bert Hellinger menciona
com freqüência as palavras de Werner Heisenberg que, interrogado sobre qual seria o
contrário da clareza, respondeu: "A exatidão".
Uma constelação precisa ser clara mas não exata. Ela não reproduz a verdade, mas no
processo de sua colocação acontece algo da verdade de uma família. Um cliente pode
geralmente sem esforço tomar em sua alma uma clara imagem da constelação e ajustá-la à
sua realidade familiar interna e externa, da forma como for correto e útil, mesmo que essa
imagem, à semelhança de uma boa pintura, não reproduza simplesmente a realidade mas, em
sua forma específica, aponte para algo real, justamente por não ser a própria realidade. Tal
imagem não afirma: "é assim", mas simplesmente: "é isto". Tratase de um contexto de efeito
benéfico, mais do que da análise de uma realidade explicável por suas causas. Como método
sistêmico, o trabalho da constelação ganha sua realidade a partir de uma totalidade maior que
não podemos desvendar completamente, mas da qual somente podemos participar.

9. A ordenação do sistema

Na maioria das vezes, o processo de uma constelação conduz a uma nova ordenação da
sistema: a uma nova ordenação mais externa, através da imagem da solução, que indica a
cada um o lugar certo e liberador no sistema; e a uma nova ordenação mais interna, que
resulta das frases e também dos gestos trocados entre as pessoas.
Ordenar uma constelação no sentido de se obter uma imagem da solução obedece a
determinadas regras que em muitas constelações se comprovaram como solucionadoras. Vou
citar algumas regras gerais, que certamente permitem muitas variações de posicionamento.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

 Os filhos ficam de frente para os pais. Na maioria das vezes, a melhor solução reside na
separação clara entre os níveis dos pais e dos filhos, que então podem ver-se.
 Os filhos são ordenados entre si de acordo com a hierarquia de origem, isto é, primeiro o
mais velho, em seguida o segundo, e assim por diante.
 A hierarquia de origem se mostra na imagem da solução, no sentido horário.
 Entre os pais, ocupa o primeiro lugar (a direita) o que tem maior responsabilidade
quanto à segurança da família ou que, por sua família de origem, tem um peso especial
no que toca ao destino ou aos bens, ou ainda que já possui filhos de um relacionamento
anterior.
 Às vezes, os filhos necessitam da segurança de um dos pais, por exemplo, quando 0
outro está em risco de suicídio. Nesse caso os filhos ficam imediatamente ao lado do
progenitor que lhes proporciona segurança.
 Na separação dos pais, o lugar dos filhos é freqüentemente entre ambos. Entre os pais,
o primeiro lugar cabe àquele que permaneceu em casa.
 Às vêzes, os pais precisam ser fortalecidos por seus antepassados, sobretudo quando
estes morreram prematuramente. Pode-se então colocar, por trás dos pais, os avós e às
vezes também outros antepassados.
 Por vezes, uma fila de pais ou irmãos ou outros parentes já falecidos, junto a um ou a
ambos os pais, tem um sentido liberador, sobretudo quando uma corrente de amor
interrompida quer voltar a fluir e pessoas que antes não foram consideradas ainda
precisam manter, por algum tempo, um lugar junto aos vivos.
 Quando existem ligações estáveis anteriores das pais de que não resultaram filhos, o
pai se interpõe entre a mãe e o parceiro anterior dela, e a mãe se interpõe entre o pai e
a parceira anterior dele, a não ser que o amor anterior ainda atue tão fortemente que
impeça essa solução. Essa interposição não é possível se existem filhos da relação
anterior. Por exemplo, um homem separou-se da primeira mulher, com quem tem três
filhos, casou-se de novo e tem um filho com a segunda mulher. Então a ordem é a
seguinte: primeiro vem a primeira mulher, depois os filhos do primeiro casamento, a
seguir o pai, então sua segunda mulher e finalmente o filho do segundo casamento.
Nesse caso, deve-se notar que a primeira mulher, embora anterior no sistema, ocupa
posição secundária com respeito à segunda mulher. Já os filhos do primeiro casamento
têm (para o pai) posição anterior e precedência sobre o filho do segundo.
 Às vezes, em razão de uma culpa grave, como um assassinato, é preciso que alguém
abandone um sistema familiar ou que se satisfaça sua tendência de abandonar a
família. Isto se mostra na constelação, na medida em que essa pessoa é afastada ou
levada para fora do recinto, de forma a aliviar o sistema. Outras pessoas que sintam
vontade de ir embora devem ser viradas para fora. Com freqüência, porém, elas devem
ser novamente viradas para dentro na imagem da solução, de forma a poderem
participar melhor, mesmo que sintam impulso de ir embora. Isto é mais fácil de se fazer
quando ficou claro quem é que elas querem seguir e, após um processo de solução,
ambos podem ser virados de novo para dentro do sistema.
 Crianças abortadas, de forma espontânea ou voluntária, geralmente não são colocadas
na fila dos irmãos.
Um saber claro sobre a ordem liberadora na imagem da solução facilita muito 0 terapeuta. Os
representantes não podem encontrar por si mesmos a ordem que libera porque, como já foi
mencionado, eles estão no sistema. Quando, porém, ficam na nova ordem, percebem muito

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

bem se ela é boa ou não. Se não se sentem bem é preciso geralmente "melhorar" alguma
coisa no processo e na imagem da solução.
Para a ordenação existe ainda uma regra geral, além dos critérios anteriormente mencionados:
quanto mais simples forem as alterações e quanto mais conectadas à primeira imagem do
sistema, tanto melhor. Modificações excessivas confundem, produzindo inquietação e falta de
clareza. A ordem na imagem da solução não precisa ser sempre exata -- exceto quanto à
ordem seqüencial dos irmãos --, se a exatidão representar um peso para a dinâmica da
solução. Assim, nem toda constelação precisa ser completamente ordenada, e nem sempre é
importante qual dos pais fica à direita ou à esquerda. Entretanto, de modo geral, é justamente a
imagem da solução que guarda na memória uma força liberadora de largo alcance. Assim, vale
a pena cuidar que ela seja ordenada de uma forma certa e liberadora. As imagens da solução
despertam uma sensação de estarem bem formadas e uma certa harmonia que ajuda. E
eventualmente revestem uma certa beleza interior e exterior e irradiam para todos algo de
prazer e de alegria.

10. A introdução do cliente na constelação

A pessoa que coloca a família é geralmente introduzida na constelação quando já se visualiza


para onde caminha a solução e quando o processo decisivo precisa ser percorrido com a
presença da própria pessoa. Assim, quando o sistema já está mais ou menos ordenado e a
dinâmica mais profunda foi esclarecida, a pessoa interessada é colocada diante do pai, da mãe
ou de outras pessoas, para fazer ou dizer algo que a desprende de um destino alheio e faz
com que ela tome e deixe fluir o amor, com os olhos abertos.
Neste particular, muitas variantes são aceitáveis.
Às vezes, o terapeuta trabalha só com os representantes até o final. Isto é aconselhável
quando a própria pessoa ainda não consegue defrontar-se com processos difíceis de suportar
em sua família, quando duvida, resiste ou simplesmente precisa de mais tempo e distância
para assumir plenamente o que se revela. Entretanto, o terapeuta precisa sentir que a pessoa
foi tocada pelo que acontece na representação.
Quando os representantes estão muito emocionados e foram tomados a serviço de assuntos
funestos, muitas vezes é bom percorrer com eles os passos da solução. Pois a pessoa
interessada também está acompanhando de fora com seu sentimento e é mais fácil para o
representante sair do seu papel quando pôde vivenciar não apenas o peso, mas também o
alívio. Já o cliente pode assumir o peso com mais facilidade, porque é algo que lhe pertence, o
que não sucede com seu representante. E o cliente terá tempo, em seu dia a dia, para o
processo liberador e para seu aprofundamento, enquanto 0 representante será retirado do
processo ainda no decurso da constelação. Além disso, os representantes que participam da
constelação de alguém recebem algo de bom para si quando são tocados em algo que também
os afeta. Esta é, entre outros, a grande vantagem do trabalho da constelação num grupo:
através da representação de destinos estranhos, também se recebe muito para si mesmo.
Existem constelações onde o representante da pessoa interessada está pouco tocado, embora
o próprio terapeuta o esteja. Nesse caso pode-se introduzir o próprio cliente, logo que seja
possível. Com freqüência aparece então, com muito mais clareza, a profundidade do que
acontece. Se porém a troca do representante pela pessoa interessada iria prejudicar ou mesmo
suprimir a emoção, é melhor continuar trabalhando com o representante. Deve-se evitar fazer
um processo com o representante e depois repeti-lo com o interessado, pois com isto a força e
a tensão se dissipam. Caso seja preciso fazer um movimento amoroso em direção ao pai ou à
mãe, o próprio interessado deve ser tomado para o processo; porém se este acontece

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

espontaneamente com o representante, o terapeuta deixa que ele fique, por algum tempo, nos
braços da mãe ou do pai, e então geralmente precisa repetir o processo com o interessado.
A pessoa que coloca sua família não é introduzida desde o início na constelação porque ela
própria não percebe a dinâmica oculta em sua família -- caso contrário, não necessitaria desse
processo. Por esta razão, ela só entra em cena quando a dinâmica da família foi esclarecida.
Isto vale sobretudo quando a pessoa está enredada. Existem casos de movimento interrompido
em que as experiências dolorosas sepultaram a confiança da criança em ser acolhida pelos
pais ou em que o filho se recusa a fazer tal movimento, rejeitando os pais com arrogância.
Nesses casos, pode ser conveniente colocar representantes apenas para a mãe ou o pai, e
trabalhar desde o início com a própria pessoa interessada. No movimento livre fica então muito
clara a dinâmica do relacionamento e a pessoa interessada chega freqüentemente a uma boa
solução ou ao processo curativo, por si mesma ou com pequena ajuda do terapeuta.

11. A imagem da solução

A imagem da solução acontece quando, depois de tudo o que ainda precisou ser dito e
executado (por exemplo, uma reverência), todos os representantes e a pessoa interessada se
sentem bem em seus lugares. Muitas vezes, uma respiração profunda e um visível alívio
percorrem toda a família colocada. As fisionomias estão claras e abertas e, às vezes,
realmente irradiantes.
A imagem da solução, quando é vivenciada como verdadeira e liberadora, tem para a pessoa
envolvida uma grande força, que estrutura sua vida. Se, numa situação de estresse, o efeito de
uma constelação corre o risco de perder-se, a lembrança ativa ou inconsciente da imagem da
constelação conduz a alma, como um guia, através das dificuldades. O terapeuta pode chamar
a atenção para esse ponto quando alguém se pergunta ansioso se a solução vai se manter.
Mas se alguém pergunta: "o que faço agora com essa imagem da solução?", isto revela que a
constelação (ainda) não moveu coisa alguma na alma, seja porque essa imagem não pode ser
assumida, seja porque não tocou em profundidade a alma do grupo familiar.
Alguns participantes pedem a outros que anotem a constelação e também escrevam as frases,
porque temem que o importante se perca. Entretanto, esse direcionamento interior para
"possuir" a imagem de uma constelação fecha a alma. Quando uma constelação toca a alma
ela também faz efeito, justamente porque a pessoa se entrega ao que vivencia, sem uma
preocupação dispersiva sobre seu efeito no futuro.
O terapeuta percebe com clareza se a constelação tem um efeito visível na pessoa envolvida,
e em certas circunstâncias a interroga a respeito. Um bom indício do efeito de uma constelação
é o sentimento de soltura em todo o grupo, quando este deixa que atue sobre si a imagem da
solução. Existem porém também imagens de solução que, apesar de serem certas, ainda ficam
como que pairando no espaço. Repetidas vezes recebi, longo tempo depois de uma
constelação, cartas de pessoas em que adequadamente me comunicam: "Agora entendi".
Por benéfica que seja para todos uma boa imagem de solução, nem sempre é aconselhável
uma constelação seja "bem" resolvida. Justamente nos casos onde existe dificuldade de
assumir a dinâmica que se manifesta, a força da constelação aumenta se o terapeuta a
interrompe no auge dos acontecimentos e a deixa ficar sem solução. Muitas vezes, isto
estimula mais as forças saudáveis na alma do que uma imagem da solução. Porém este
recurso só é aconselhável quando o terapeuta tem clareza e está em sintonia com o que
acontece na constelação.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Uma imagem de solução, assim como a própria constelação, não precisa ser completa.
Portanto, não precisam estar presentes todas as pessoas que pertencem ao sistema.
Entretanto, quando a pessoa que coloca já foi incluída na imagem da solução, é possível que
ela diga: "Estou sentindo falta de meu irmão". Nesse caso, pode-se colocar ainda o irmão. O
terapeuta também pode completar a imagem introduzindo pessoas que, embora não sejam
imediatamente importantes para a dinâmica, pertencem à imagem da solução e a tornam mais
"redonda" e poderosa.
Acontece, repetidas vezes, que a imagem da solução colocada peio terapeuta não é aceita
pelos representantes ou mesmo pela pessoa interessada. Neste caso, freqüentemente falta
ainda alguma informação, alguma pessoa ou algum acontecimento importante, que até então
não foi considerado no processo da solução. Se aparecem indícios nesse sentido, é preciso
completar o trabalho. Se, porém, a energia da constelação já se dissipou, geralmente é preciso
interromper. São situações que muitas vezes pesam em todos os envolvidos. O terapeuta
precisa suportar isso e permanecer interiormente conectado com a solução, mesmo que ela
não tenha se manifestado.
Pode acontecer, ainda, que os representantes sugiram uma imagem que é bem recebida mas
que, de uma forma ou de outra, contraria as ordens do amor. Nesse caso, a terapeuta não
deve deixar-se seduzir pelos representantes ou pela pessoa envolvida. Por exemplo, numa
constelação todas as pessoas se sentiram bem quando a primeira mulher do pai e a filha
comum de ambos foram voltadas para fora e se afastaram alguns passos. Porém o terapeuta
não confiou nisso. Levou o pai outra vez à presença de sua primeira mulher e fez com que ele
lhe dissesse algo que a tocou muito. Então o terapeuta pôde trazer a mulher para perto da
segunda família do pai e sua presença e proximidade foi aceita pelos representantes.
Com isso eu gostaria de apontar para algo importante. Uma imagem de solução, como também
todo o processo da constelação, recebe geralmente sua adequação, antes de tudo, daquilo que
precisa ser dito, portanto das palavras reveladoras e das frases liberadoras. A imagem
proporciona clareza, as frases proporcionam direção e força. Sem as palavras que precisam
ser ditas, uma imagem pode bem aliviar e ser "bonita", mas talvez permaneça superficial. O
que atua na alma realmente atua através de imagens, mas não consiste em imagens. O
essencial é antes invisível. A ressonância com a alma pode de fato instalar-se por meio da
imagem, mas freqüentemente só vibra com as palavras que atingem e liberam. É sempre
surpreendente verificar como imagens de constelação muito semelhantes abrem na alma
processos totalmente distintos, e como processos de solução totalmente distintos conduzem a
imagens de solução semelhantes.

12. As frases liberadoras

O terapeuta pode indicar as frases da solução ou deixar que sejam encontradas pelos
representantes. 0 essencial é que elas resultem do processo da constelação e sejam
adequadas. Elas surgem da compreensão dos processos profundos da alma numa família.
Com freqüência elas ocorrem simplesmente ao terapeuta ou aos representantes quando eles
se abrem aos acontecimentos familiares e quando a alma do grupo está preparada para uma
solução. Elas dão expressão ao vínculo e à solução, tocam e comovem a alma.
Nas constelações utilizamos duas espécies de frases de solução: as que descobrem um
vínculo de destino e as que desatam um vínculo de destino. As frases descobridoras têm um
efeito liberador, porque nelas vem à luz numa vivência de espanto, muitas vezes muito tocante,
o vínculo de destino que até agora determinou a vida, e porque elas exprimem a concordância
com o amor que causou a vinculação ao destino. Tais frases são, por exemplo: "Mamãe, por

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

você vou encontrar sua irmã na morte, e então você pode ficar com papai", ou: "Querido vovô,
você perdeu tudo; eu também não conservo nada, então fico perto de você".
As frases que liberam proporcionam ao amor a conversão para o domínio aberto da vida. Elas
honram o destino das pessoas conectadas, contemplam seu amor e deixam o destino com
aqueles que o devem carregar -- e geralmente já o carregaram. Assim, uma filha poderia dizer
à noiva abandonada por seu pai: "Vejo sua dor mas não posso tirá-la de você; tenho que deixar
sua dor e sua raiva com você e com papai. Seja bondosa comigo se eu deixo você, fico com
minha mãe e conservo meu namorado".
As frases liberadoras só funcionam em confronto com a pessoa a quem alguém está vinculado.
Esse olhar de pessoa a pessoa precisa de um certo tempo, até que a relação e a ligação sejam
percebidas. A solução acontece "cara a cara". Portanto, as frases da solução não devem ser
ditas cedo demais. E é preciso ficar atento para que as pessoas envolvidas realmente entrem
em ligação recíproca. Só então as frases se comunicam, como que espontaneamente, e
podem desenvolver todo o seu efeito.
Nesse processo, o terapeuta fica atento a que a pessoa envolvida, enquanto diz as frases
liberadoras, mantenha o contato do olhar com a pessoa com a qual está envolvida pelo
destino, pois com freqüência ela procura desviar o olhar e com isso conservar os sentimentos
que mantêm o enredamento. O terapeuta faz então, cuidadosamente, com que ela recupere o
contato do olhar, de forma que os sentimentos que liberam encontrem sua expressão. Da
mesma forma, o terapeuta fica atento, na repetição das frases da solução, à adequação da voz
e à sua força liberadora, de modo que também a pessoa a quem se dirige e todo o grupo se
convençam do passo liberador.
Nem sempre as frases de solução ocorrem logo aos representantes, ao terapeuta e mesmo à
pessoa envolvida. O terapeuta talvez se sinta então um pouco desorientado. Nesse caso, é
bom que ele mantenha a situação num curto silêncio. Ele também pode recorrer às frases
padronizadas que lhe são conhecidas, de Bert Hellinger ou de outros terapeutas. Elas
conservam uma grande função orientadora, mesmo que sejam freqüentemente repetidas.
É essencial que a pessoa envolvida possa pegar as frases e vivenciá-las de maneira adequada
e liberadora. Às vezes o terapeuta precisará igualmente experimentar frases, até encontrar
aquelas que trazem solução. Isto também não traz problema, na medida em que a busca das
frases permanecer no contexto da alma e em contato com ela.
O terapeuta deve verificar com cuidado se a pessoa simplesmente repete as frases ou se estas
são também acertadas para ela e a tocam. Se não alcançam o que é adequado, é preciso
procurar outras frases. Se o terapeuta sente que as frases são acertadas mas não tocam, ele
precisará talvez lançar mão de mais alguma coisa na dinâmica do sistema. Por exemplo, ele
induz a um diálogo os representantes da mãe e do pai e, depois, coloca a pessoa envolvida
outra vez em relação e faz com que ela repita, na nova base, as frases da solução. Quando
uma confrontação não liberta do emaranhamento, freqüentemente há outras pessoas no
sistema que precisam primeiro liberar algo entre si. Portanto, durante as frases de solução não
se deve olhar apenas a pessoa envolvida, mas manter presente todo o sistema.
As frases liberadoras tocam o cerne do trabalho com constelações. Elas fazem vibrar as
"imagens da alma". Tais frases não se vinculam necessariamente às imagens da constelação,
se bem que uma linguagem tocante tem sempre a capacidade de "ver". Experimentamos isto
quando, independentemente de constelações, e até mesmo numa conversa no telefone, a alma
toca através das palavras. E fica claro, no mais tardar até que as soluções da alma advenham
pela mediação das palavras, que a psicoterapia está longe de ser uma técnica de transmissão
de informações, e que o elemento fundamental da psicologia consiste "no dizer, como forma de
mostrar e fazer comparecer o presente e o ausente, a realidade em seu sentido mais amplo".

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

(2) Na psicoterapia, através de uma linguagem que preserva e guarda o que pertence à alma, o
mundo é dito de novo em sua qualidade anímica e o ainda-não-visto é trazido à luz. (3)

13. Rituais nas constelações familiares

Nas constelações familiares, os rituais desempenham um importante papel. O ritual, como um


procedimento repetido da mesma forma, associa-se às dimensões mais profundas da
realidade. Nele são experimentadas forças anímicas que não podem, sem perder seu sentido,
ser transmitidas pela simples linguagem. Vou abordar aqui brevemente apenas três rituais: a
reverência, o deitar-se ao lado dos mortos e a fileira dos antepassados. A inclinação e a
reverência.
Na reverência, a pessoa que coloca sua família inclina-se diante de seus pais. Ela se inclina
diante do destino que atua em sua família e das pessoas que carregam esse destino. A
reverência é entendida de modo mais amplo do que a inclinação profunda.
Na inclinação profunda, muitas vezes até o chão, uma pessoa deixa cair a presunção,
sobretudo em face do pai ou da mãe. Tal gesto é indicado quando alguém permanece na
recusa de se mover em direção aos pais, fez-lhes graves acusações ou talvez mesmo cometeu
atos contra eles. Mesmo quando alguém, por amor ou orgulho, se coloca acima dos pais e com
isso os perdeu internamente e às vezes também externamente, a inclinação profunda libera.
Esse gesto restabelece o desnível entre os pais e o filho e é muitas vezes a condição para que
o amor volte a fluir. Não raramente, a inclinação profunda leva uma pessoa a lágrimas
abundantes, nas quais a compulsão da presunção e talvez também a culpa podem se
dissolver.
O gesto de curvar-se não é indicado quando a pessoa envolvida tem a sensação de ser
humilhada pelos pais. Isto acontece, por exemplo, quando vem à tona a recordação de graves
maus tratos infligidos pelos pais. Aqui é necessário um outro processo de liberação, e
geralmente é preciso trabalhar primeiro com os pais na constelação.
Uma inclinação profunda, feita com o devido sentimento, sempre libera, mesmo que nem
sempre seja aceita pela outra pessoa. Às vezes é muito tarde para tal gesto, e então a pessoa
precisa carregar diante dos pais a culpa e suas conseqüências. Se é grande a resistência
contra a inclinação, pode-se pedir ao representante que a faça em lugar da pessoa envolvida.
Isto muitas vezes produz um efeito ainda maior. O representante pode entregar-se mais
facilmente ao que acontece. Nele, e no efeito sobre ele, costuma ser mais fácil perceber se é
autêntico o gesto de curvar-se, e normalmente a pessoa envolvida participa plenamente, de
fora. A inclinação profunda feita pelo representante talvez suporte mais, porque nela não existe
o medo inibidor diante do despojamento e porque também a resistência é respeitada. Esse
curvar-se envolve também um segundo movimento, igualmente importante, que é o erguer-se.
Através dele volta a força e a coragem para um relacionamento adequado e para o movimento
amoroso.
A reverência é um gesto abrangente de respeito e homenagem e de soltar-se. Por ela são
honradas pessoas que nos precederam, juntamente com seus destinos. Através dela
aceitamos os efeitos que o destino de outros trouxe à nossa própria vida e nos desprendemos
desse destino. Pela inclinação algo pode "declinar", isto é, caminhar para seu fim, de forma a
poder passar depois de algum tempo, mesmo quanto a seu efeito. Deitar-se ao lado dos
mortos.
Se alguém morreu no sistema e queremos perceber o efeito de sua morte sobre a família,
podemos virar para fora o representante da pessoa morta e afastá-lo da família alguns passos.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Podemos também fazer com que alguém se retire do recinto. Se alguém teve uma morte
trágica ou se sua morte não foi devidamente considerada e honrada, pode-se fazer com que
seu representante se deite no chão, geralmente de costas. Isto provoca geralmente reações
muito fortes na constelação, pois o ato de morrer e a morte são sentidos com todo o seu efeito.
Talvez alguém queira deitar-se ao lado da pessoa morta, ou esta queira ser abraçada mais
uma vez, ou uma mãe ao morrer queira tomar, mais uma vez, seu filho nos braços, ou os vivos
se curvam. Freqüentemente não houve uma despedida entre vivos e mortos, que então pode
ser resgatada.
Quando se pede a uma pessoa que se deite ao lado de um morto, pode-se notar a atração que
a morte exerce e a necessidade freqüente que sentem os vivos de estar entre os mortos. Com
efeito, observa-se, muitas vezes, que os vivos querem trazer os mortos de volta à vida. Quando
se deitam ao lado deles, percebem logo que isso não é possível e que os mortos também não
o desejam. Para outras pessoas, deitar-se ao lado dos mortos faz o efeito de uma redenção e
pode-se perceber então algo do poder que possui a vontade de morrer. Se um vivo permanece
por algum tempo deitado ao lado de um morto, a intimidade na ligação vem à tona. Porém
muitas vezes os mortos também ficam inquietos, querem voltar as costas e ser deixados em
paz. A pessoa que vive sente então que sua presença junto aos mortos não é desejada e pode
mais facilmente encarar a vida.
Uma mulher tinha passado por graves depressões e algumas tentativas de suicídio. Como
quadro de fundo, revelou-se que sentia uma profunda ligação com as vítimas de seu querido
avô, que no regime nazista tinha denunciado muitas pessoas e as levado a um campo de
concentração. Quando as vítimas e o avô se deitaram no solo, a mulher quis imediatamente
deitar-se ao lado das vítimas. Olhou-as com lágrimas nos olhos e sentiu um profundo peso. O
terapeuta trabalhou primeiro com o avô e suas vítimas e o resultado foi que estas se afastaram
da mulher. De repente, ela se sentiu muito só. Depois de algum tempo, seus olhos procuraram
os olhos de seu marido e de seus filhos e ela disse: "Agora gostaria de ficar de novo com os
vivos".
Um movimento como este geralmente só é possível depois que alguém se deitou por algum
tempo junto aos mortos. Como ritual, o deitar-se com os mortos transcende esse processo.
Nele se experimenta que a vida e a morte fazem parte de uma só realidade. Para além da
vontade da vida em afirmar-se, da esperança e do consolo, experimenta-se o efeito liberador
que resulta da concordância e da sintonia com o abismo da realidade. Podemos experimentar
que a vida é algo que emerge, por um momento, de algo obscuro e que se completa e
consuma quando volta a cair nesse obscuro. A vida e a morte, o sucesso e o horror, como tudo
o que existe, são acolhidos na grande realidade única. A fileira dos antepassados
Às vezes, mesmo depois que uma constelação foi resolvida, alguém dá a impressão de estar
ainda sem força em seu lugar. Pode-se então colocar essa pessoa com as costas apoiadas em
seus pais. Desta forma, ela pode perceber e receber em si a força deles, sentindo seu suporte
e apoio. Se a força dos pais não for bastante, pode-se colocar atrás deles outros
antepassados, até que flua a corrente de força.
Quando os pais se separaram ou é preciso assumir que estão separados, o terapeuta os
coloca juntos nesse ritual e depois os separa de novo. Pois, pelo menos no momento de gerar,
os pais estiveram assim juntos para a criança. A força masculina pode ser especialmente
sentida numa fileira de homens e a força feminina numa fileira de mulheres.
Na fileira dos antepassados, a pessoa não ganha apenas o sentimento de que é sustentada e
apoiada pelos pais, pelo grupo familiar e pela grande alma, mas também o saber e a força de
perceber que ela própria é agora uma pessoa adulta. Justamente quando foram trabalhadas as
vivências traumáticas da criança e as necessidades infantis, entra em ação desta forma, além
do movimento amoroso, aquilo que dá apoio e sustento à pessoa. Ao mesmo tempo, abre-se

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

nesse ritual, para muitas pessoas, o olhar para a frente. Nossa vida não é apenas carregada
pela "fonte", mas também pelo "desnível" que nos puxa para a frente.

14. A constelação condensada

Nos últimos anos, Bert Hellinger vem trabalhando, com freqüência cada vez maior, com
constelações condensadas. Nessa forma breve - ou melhor, intensiva - de representação, não
colocamos e mantemos diante dos olhos um sistema familiar, mas a pessoa interessada, em
seu relacionamento individual com a mãe, o pai, um parceiro, um filho, uma doença ou a morte.
O que aqui está no centro da atenção não é tanto 0 emaranhamento ou a vinculação ao
destino que abrange toda a família, quanto as forças que atuam sobre a alma de alguém com
respeito a certos relacionamentos ou a temas como culpa pessoal, ressentimento e morte.
O terapeuta pede ao cliente que escolha e posicione em relação recíproca representantes para
as poucas pessoas que importam ou para as forças que atuam. A seguir, confia os
representantes à dinâmica que os move na representação, sem interferir no processo. Os
representantes expressam com o corpo e sem palavras aquilo que move sua alma.
O terapeuta geralmente não interfere. Desta forma coloca-se muitas vezes em movimento um
processo muito impressionante, que mostra tanto o problema e a necessidade quando a
solução. A pessoa envolvida presencia geralmente de fora e se entrega ao que ela vê, que se
comunica a ela e a toca.
Esse tipo de representação é especialmente recomendado quando uma constelação familiar
poderia desviar de algo que está imediatamente desafiando a alma. Quando alguém está
gravemente doente, pesquisar um emaranhamento não ajuda muito ou, em todo caso, só
ajudará depois que essa pessoa se defrontou com sua doença.
Um homem que sofria de câncer queria saber em que contexto familiar poderia entender sua
doença. Entretanto, o terapeuta lhe pediu que colocasse apenas a si mesmo, sua doença e sua
morte. No decurso da constelação, o representante escolhido evitava a doença e a morte e não
queria encará-las. A morte dava uma impressão de desamparo e a doença se postava de
braços abertos. Quando o representante, depois de algum tempo, se voltou para a doença --
representada por uma mulher mais velha -- e caminhou ao seu encontro, aconteceu um abraço
terno entre ambos. A morte se retirou um pouco, permaneceu ligada e deu a impressão de
tranqüilidade.
O terapeuta não interrogou o representante e também não comentou o trabalho realizado. O
homem pareceu muito tocado e tranqüilo. Apenas numa rodada seguinte ele se declarou
decepcionado por não saber o que fazer com aquela representação. Mas quando o terapeuta
lhe perguntou: "Que peso teria o saber que você busca, em confronto com aquilo que você
viu?", vieram-lhe lágrimas de novo e ele concordou com a cabeça. Numa encenação como
esta, ninguém sabe exatamente o que acontece e o que atua. Contudo, algo de essencial
surge diante dos olhos.
Às vezes, sobretudo quando se trata de um movimento interrompido, o terapeuta pode também
fazer com que a pessoa envolvida se coloque pessoalmente na relação, dispensando o
representante, e se exponha diretamente ao processo da encenação. Isto é indicado quando o
que está em primeiro plano é menos o que o cliente "vê" e mais o que ele sente, por exemplo,
a força liberadora do movimento para a mãe. Se a representação não progride, o terapeuta
pode interferir com cuidado para que o cliente ou um representante ultrapasse algum limiar,
deixando-os então entregues à continuação do processo até sua conclusão. Se o cliente ou os
representantes, apesar de sensibilizados, não se colocam em movimento, o terapeuta pode

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

também interrogá-los em busca de nova informação. Talvez seja ainda preciso introduzir outra
pessoa ou força personificada, ou também se possa ampliar a representação até que se
transforme numa constelação familiar. O terapeuta simplesmente se entrega ao que vê e sente,
e progride com a força da alma.
Mais ainda do que a constelação familiar, a representação condensada escapa de qualquer
rotina terapêutica e de qualquer "fazer" que pretenda ajudar. Embora transcorra de forma
simples e singela, ela exige dos representantes uma entrega completa e do terapeuta - que
aparentemente só deixa as coisas acontecerem - alto grau de atenção e concentração.
Justamente quando se trata de doença, morte e culpa, os participantes se defrontam com as
zonas limítrofes da vida e com a necessidade de uma profunda sintonia com a realidade.

15. Duração e término de uma constelação familiar

Duração
Uma constelação breve e concentrada é geralmente a mais eficiente. Pode-se gastar cinco a
dez minutos numa representação condensada, ou vinte a trinta minutos numa constelação
familiar. Porém já tive constelações que duraram quase uma hora, porque precisaram de todo
esse tempo. Isso acontece sobretudo quando, ao final de uma constelação, aparece uma
informação importante que exige a continuação do processo, quando é preciso procurar
solução também para outras pessoas da família, quando se deve aliviar representantes muito
sobrecarregados. O mesmo acontece em confrontos entre perpetradores e vítimas, onde é
preciso lutar intensamente por uma solução, e também quando um movimento interrompido
precisa ser resgatado dentro da constelação.
É essencial que a energia e a atenção sejam mantidas durante toda a constelação. Se os
representantes ficam cansados, o grupo inquieto e o cliente confuso, então geralmente a
constelação já durou um tempo excessivo. O risco de prolongá-la demais existe principalmente
quando o terapeuta se desvia numa interpretação, deixa os representantes excessivamente
entregues à própria dinâmica ou pretende resolver de uma vez todos os problemas que surgem
numa família. A força de uma constelação reside no seu mínimo.
Naturalmente existem constelações que estacam de repente ou cuja energia não se mantém
sempre num nível elevado. Às vezes, o terapeuta precisa buscar e experimentar o que faz
progredir e nessa tentativa nem sempre encontra o caminho certo. Ele tem o direito de se dar o
tempo de que precisa para que a constelação possa chegar a um bom resultado. É melhor
pagar o preço de uma baixa de energia durante a representação do que interrompê-la
prematuramente e forçar uma solução não confiável. Enquanto 0 terapeuta estiver agindo em
consonância com a alma da família que está sendo configurada, ele não poderá cometer
muitos erros. Caso perca o contato com a alma da família, ou esta se esquive, ou a busca da
solução se torne muito trabalhosa e cansativa, a constelação precisa ser interrompida. A
interrupção.
A interrupção de uma constelação familiar é uma intervenção de poderoso efeito, que deve
absolutamente resultar do que acontece na própria representação. Com freqüência a
interrupção alivia o cliente, porque ele mesmo percebe que ela não progride ou que entrou em
pista errada. Talvez ele tenha mais tarde nova oportunidade de colocar sua família quando isto
se torne possível em virtude de uma nova informação, de um novo direcionamento ou da
melhora de sua conexão interna com a família.
Às vezes, porém, o cliente foi muito mobilizado e reage até com ressentimento contra a
interrupção. O terapeuta deve mantê-la e não debitá-la a si mesmo, a não ser que a tenha

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

interrompido por estar fora de sintonia com o que estava acontecendo. Freqüentemente uma
interrupção incentiva a alma do cliente a buscar informações importantes ou o confronta com a
própria impotência em querer algo sem condições. Ou ainda, a interrupção pode mostrar que
se buscou a solução no lugar errado, por exemplo, no sistema de origem, embora a força da
solução aponte para o sistema atual. Sejam quais forem as razões para uma interrupção, ela
precisa estar sempre a serviço da alma de quem buscou conselho e não deve ser dirigida
contra ele.
A maioria das interrupções resulta da falta de informações importantes. A responsabilidade
pelo fato deve pertencer ao cliente ou à sua família. Freqüentemente, porém, as interrupções
são necessárias quando a pessoa se depara com uma fronteira difícil que ela não quer ou não
pode ultrapassar. O terapeuta renuncia então ao processo que resolveria a constelação, para
que essa fronteira seja plenamente encarada. Muitos clientes, que inicialmente ficam
chocados, mostram-se depois muito agradecidos. Pode acontecer, por exemplo, que alguém
seja deixado junto de pessoas mortas de quem não queira desprender-se. Há pouco tempo,
recebi uma carta de uma mulher gravemente enferma. Eu a tinha confrontado com a morte
numa representação e deixei a morte junto dela, sem ceder a seu pedido de uma solução
melhor. Agora, passados três anos, ela me escreveu: "Agradeço. A morte continua a meu lado
e estou viva". O término.
O melhor momento para terminar uma constelação familiar é quando aparece a solução e
chegam ao auge a força e a energia. A pessoa envolvida pode então abandonar a constelação
"carregada de solução". O fim da constelação é realmente um começo, que produz algo que
leva adiante na vida e que é alimentado por uma nova força da alma.
Isto não significa, porém, que só se deva encerrar uma constelação no seu auge. Muitas vezes
é preciso que se faça um pequeno acréscimo ou um fecho harmonioso. E embora o auge da
constelação tenha sido alcançado com uma emocionante reverência a um dos pais, o processo
precisa ser arredondado com o encontro com o outro progenitor, com o alinhamento dos
irmãos ou com alguma frase de solução que seja dita a outras pessoas da família que
passaram a ser importantes. Para muitas pessoas, é muito liberador experimentar como, ao
sair de um emaranhamento, o olhar fica livre para outros membros da família e a pessoa sente
o impulso de ir até elas para dizer-lhes algo ou abraçá-las. Sobretudo em constelações muito
liberadoras, nas quais também os representantes, que costumam ficar à margem do processo
da solução, estiveram muito presentes, existe uma necessidade de terminar a constelação
como uma festa e expressar solidariedade e alegria na despedida.
Se, entretanto, alguns representantes já querem voltar aos seus lugares enquanto outros
começam a conversar durante o processo, seguramente não se chegou a um final concentrado
e a constelação se desmancha. Por outro lado, se os representantes a abandonam contra a
vontade e sentem o impulso de prolongá-la posteriormente com suas reações, ela
provavelmente foi encerrada antes da hora. O encontro do final correto talvez seja a maior arte.
O final tem o melhor êxito quando permanece ligado ao início da constelação, à intenção que o
cliente expressou e à força que sustentou o processo.
O término de uma constelação exige também que, concluído o trabalho, o terapeuta e o grupo
deixem em paz a pessoa envolvida e sua alma. Muitas vezes, na melhor das intenções, os
representantes ainda querem acrescentar alguma coisa ou ocorre algo ao terapeuta que ele
ainda queira comunicar, e talvez o próprio cliente ainda não esteja satisfeito. Ceder a tais
impulsos prejudica a alma e compromete o efeito da constelação. Caso haja um complemento
importante do cliente, dos representantes ou do terapeuta, ele deve ser feito a serviço do
cliente e do que foi conseguido durante o trabalho. O que é importante não se perde e encontra
seu momento adequado.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Para que uma constelação possa ser eficaz, seu efeito precisa ficar visível no próprio decorrer
do processo. A própria pessoa que colocou a família mostra algo desse efeito, o terapeuta se
assegura dele na solução e também o grupo pode percebê-lo. Esse efeito permanece então
confiado à alma. Em última instância, não sabemos o que realmente resolve. Já presenciei
constelações muito satisfatórias que a longo prazo se revelaram pouco eficazes. E já
presenciei constelações "más" que posteriormente se mostraram extremamente eficazes. O
terapeuta só pode confiar naquilo que vê na constelação e então entregá-lo aonde pertence e
onde seguirá seu próprio caminho. Não podemos assegurar o êxito de uma constelação, por
mais experimentados e seguros que sejamos no trato com esse trabalho. O terapeuta colabora
com pouca coisa para o seu sucesso. Mas esse pouco compensa a coragem, o exercício, a
experiência e o esforço da compreensão crescente do terapeuta e o recompensa com um
trabalho muito satisfatório.

16. Das ordens do amor aos movimentos da alma

Nos últimos tempos, existe nas constelações de Bert Hellinger uma evolução das "ordens do
amor" para os "movimentos da alma". Tal evolução já se manifestou na "constelação
condensada". Sobretudo em casos onde os destinos familiares estão envolvidos em contextos
maiores e onde as soluções não podem mais provir da alma da família mas apenas do espaço
da "alma maior", por exemplo, em destinos de vítimas e agressores, especialmente em
conexão com acontecimentos políticos e sociais, Bert Hellinger muitas vezes deixa que os
representantes, freqüentemente colocados por ele mesmo, se movam livremente sem palavras,
sem interferir em seu processo interno e externo. Então se desenvolve um drama sem
palavras, com uma dinâmica espantosamente profunda. Às vezes Hellinger permite que os
representantes relatem posteriormente seus processos interiores, outras vezes não. Em tais
contextos tão amplos, nenhum terapeuta pode proporcionar uma "visão geral" e o
encaminhamento para uma solução. Ele próprio, como os demais que presenciam o processo,
limita-se a contemplar e acolher o que, no espaço dessa "alma maior", se manifesta em termos
de movimento e de solução.
Tais representações ultrapassam os limites da constelação familiar. Muitas vezes o
representantes relatam depois vivências e insights que os surpreenderam totalmente e que
eles não teriam podido imaginar. Mesmo quando trabalha com famílias, Bert Hellinger vem
confiando totalmente na manifestação dos movimentos da alma. Ainda Jakob Robert
Schneider, Sobre a 'Técnica (Ias Constelações Familiares 27 mais fortemente do que antes, o
olhar se converte das soluções procuradas dentro das ordens do amor à sintonia da alma com
a realidade, da forma como esta se revela..
Minha intenção aqui é apenas de aludir a esse desenvolvimento no trabalho de Bert Hellinger
com as constelações. Tal desenvolvimento não exclui o procedimento apresentado neste artigo
sobre as constelações familiares, mas vai além dele, mostrando em que medida permanece
ainda aberto e inconcluso o trabalho que se faz a serviço dos movimentos da alma.
Trabalho apresentado pelo autor para o 1 ° Módulo do ]'Treinamento Sul-americano em Terapia
sistêmica fenomenológica de Bert Hellinger, Rio de Janeiro, setembro de 2001
Do original alemão: Zur Technik des Familienstellens
Tradução de Newton Queiroz

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Referências:
(1) Ver Martin Heidegger, Úberlieferte Sprache zcnd technische Sprache (Linguagem
transmitida e linguagem técnica), Erker-Tterlag, St. Gallen, 1989.
(2) Martin Heidegger, op. cit. p. 25
(3) Martin Heidegger, op. cit. p. 27
Referências Adicionais
Referências adicionais sobre os assuntos abordados neste site podem ser encontradas em
nossa Bibliografia.

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TEXTOS – CONSTELAÇÃO FAMILIAR SISTÊMICA


Ana Lucia Braga

Constelação Sistêmica é uma abordagem terapêutica através da qual torna-se possível


identificar e solucionar problemas e conflitos de pessoas, empresas e organizações. Vem da
compreensão Sistêmica Fenomenológica, que preconiza que todo indivíduo é integrante de um
sistema, e como tal, sofre influências de outros membros do sistema.
Nos sistemas familiares, questões vivenciadas por gerações anteriores, como por exemplo,
injustiças cometidas, mortes precoces, suicídios, podem inconscientemente afetar a vida de
seus familiares com enfermidades inexplicáveis, depressões, novos suicídios, relações de
conflito, transtornos físicos e psíquicos, dificuldade de estabelecer relações duradouras com
parceiros, comportamentos conflitantes entre familiares, etc.
Bert Hellinger, filósofo e psicoterapeuta alemão, descobriu que por amor, lealdade e fidelidade
à família, quando algum ancestral deixa situações por resolver, pessoas de gerações seguintes
trarão o sentimento e o comportamento, a ação para a resolução dessas situações,
“emaranhando-se” e permanecendo, assim, prisioneiros a fatos e eventos pelos quais não são
responsáveis e muitas vezes sequer têm conhecimento. Esta é a herança afetiva, uma
transmissão transgeracional de problemas familiares, que acaba criando uma seqüência de
destinos trágicos. Nas Constelações Sistêmicas, configurando a família através de
representantes, é possível que se restabeleçam as “Ordens do Amor”, trazendo solução às
dinâmicas familiares. Do mesmo modo ocorre nas Constelações que envolvem empresas e
organizações.
Esta abordagem traz vantagens especiais quando comparada com outras formas de terapia,
como a rapidez, a profundidade e a simplicidade com que se processa. É um trabalho

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

desenvolvido em grupo, onde o processo de aprendizado acontece simultaneamente com o


cliente, com os representantes e com quem está apenas assistindo. Na maioria das vezes, são
necessárias uma ou duas sessões de intervenção.

CONSTELAÇÕES SISTÊMICAS - O Casal

Todo relacionamento de casal é um relacionamento entre sistemas. O reconhecimento da


necessidade um do outro e de que o homem e mulher são diferentes, porém equivalentes está
na base de todo relacionamento; este tem sucesso quando há equilíbrio entre dar e receber;
Ordem e Amor se completam: a Ordem vem primeiro e o amor está a serviço de uma ordem
maior. Essas são algumas afirmações de Bert Hellinger sobre casais.
Nas Constelações Sistêmicas, muitas vezes quando se configura o casal, os representantes
apontam uma indisponibilidade mútua, inconsciente e perceptível apenas nos atos. Às vezes
até desejam estar juntos, mas algo os impossibilita. Em geral, as dificuldades entre um casal
estão ligadas à possibilidade de haver questões anteriores não solucionadas. Questões que
nos remetem aos pais, à família de origem.
Para que um casal possa permanecer junto é necessária a separação da família de origem e a
libertação dos emaranhamentos nos destinos desta família.
As ordens na família envolvem o direito à pertinência, ou seja, todos têm o direito de
pertencer. Há uma hierarquia que deve ser respeitada, e deve haver equilíbrio entre o dar e
o tomar em todas as relações dentro do sistema familiar.
O amor da criança pelos pais e dos pais pela criança também faz parte da base de todo
relacionamento. Quando um dos parceiros não toma seus pais, também não pode tomar o
outro no casamento.
Outras questões percebidas nas Constelações Sistêmicas: o relacionamento do casal tem
precedência com relação à paternidade ou maternidade; a hierarquia é fundamental nas
famílias mistas - quando há mais de um casamento. Em um casamento com filhos, os
parceiros anteriores sempre precisam ser respeitados para que uma próxima relação dê certo,
não importando os motivos da separação.
E quando isso não acontece, os parceiros anteriores são representados no casamento pelos
filhos. O relacionamento entre um homem e uma mulher está inserido num contexto maior.
Pela sua natureza está direcionado aos filhos, à formação de uma família, à continuação da
vida.

Ana Lucia Braga


Terapeuta de Constelações Sistêmicas
Terapeuta Corporal Neo Reichiana
Psicopedagoga

CONSTELAÇÕES SISTÊMICAS

O sistema familiar pode ser descrito como um conjunto de pessoas que permanecem unidas ou
vinculadas em função de um interesse comum ou de forças que as permeiam, independente de
que tenham consciência.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Nossa consciência individual atua para nos manter vinculados. Ela manifesta-se quase como
uma voz. Essa consciência pessoal é limitada tanto na sua percepção quanto na sua
dimensão. Ela se coloca moralmente acima. A Razão está na consciência individual.
Nas Constelações Sistêmicas é preciso deixar de lado a consciência pessoal. A solução é
abandonar a consciência individual e ir além, além inclusive do bem e do mal. O trabalho
sistêmico fenomenológico possibilita uma nova percepção, que às vezes nos chega através
dos sentidos e não necessariamente através da compreensão e da razão. Ele nos faz olhar
para algo, nos permitindo ser tocados por aquilo, mesmo que nossa mente não entenda.
A Consciência do grupo é mais ampla e está ligada a necessidades do grupo. A pessoa é
impulsionada pelas forças do grupo. Essa consciência tem como objetivo manter o grupo. Para
se ter acesso a esta consciência é necessário que se olhe para todo o grupo. Na verdade, não
se tem acesso à consciência do grupo, só é possível observar e perceber o efeito através de
seus resultados.
Existem forças que atuam sobre a consciência de grupo, sobre o que Bert Hellinger chama de
alma. Essas forças são: pertinência, ordem ou hierarquia e equilíbrio. Quando estas forças não
são respeitadas são criados os emaranhamentos. As conseqüências do desrespeito às ordens,
os efeitos desse desrespeito são o surgimento de doenças, conflitos, sentimentos de
infelicidade. As gerações seguintes passarão a reproduzir esses efeitos de forma inconsciente.
O trabalho com Constelações Sistêmicas nos permite acessar algo que está presente no
sistema. Para sair da consciência pessoal e ir para a consciência grupal é preciso deixar de
lado crenças, conceitos, verdades e até mesmo a consciência pessoal.
Para que a solução aconteça, vários passos devem ser dados. Nas
Constelações o primeiro passo é a revelação da dinâmica, e isso, na maioria das vezes basta.
“Final feliz” não é importante. O que importa é o reconhecimento de uma nova ordem. E o
reconhecimento de que a Constelação é só o primeiro passo. Os outros, a alma saberá dar.
Ana Lucia Braga
Terapeuta de Constelações Sistêmicas
Terapeuta Corporal Neo Reichiana
Psicopedagoga
Consultório: Rua Abrão Caixe, 566 - Jd. Irajá - Ribeirão Preto - SP– Tel. 30215490 - 99947224

Constelação Sistêmica é uma abordagem terapêutica através da qual torna-se possível


identificar e solucionar problemas e conflitos de pessoas, empresas e organizações. Vem da
compreensão Sistêmica Fenomenológica, que preconiza que todo indivíduo é integrante de um
sistema, e como tal, sofre influências de outros membros do sistema.
O sistema é um conjunto de pessoas que permanecem unidas ou vinculadas em função de um
interesse comum ou forças que as permeiam, independente de que tenham consciência.
Quando pensamos em sistema familiar, podemos dizer que é um grupo de pessoas que se
mantém unido por uma força invisível que é o Amor. Fazendo uma analogia com o corpo
humano, o individuo está para a família assim como um órgão está para o corpo. Quando um
órgão não funciona adequadamente, o corpo humano tende a entrar em sofrimento; assim
como, quando uma pessoa da família não está bem, a família tende a entrar em desequilíbrio.
O desequilíbrio sistêmico é um desrespeito às Ordens, o que causa emaranhamentos. As
conseqüências ou os efeitos deste desrespeito é o surgimento de doenças, conflitos,
sentimentos de infelicidade. As gerações seguintes passarão a reproduzir esses efeitos de
forma inconsciente.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

O Trabalho de Constelações possibilita um novo olhar para o sistema. No sentido terapêutico,


a revelação da dinâmica do sistema é a própria intervenção.
Quando a pessoa configura sua Constelação, ela entra em contato com uma imagem que em
parte é fruto de sua consciência individual e outra é fruto de uma consciência maior que ela
não conhece, mas que se manifesta na configuração. A partir dos movimentos que acontecem
na Constelação, a pessoa pode criar uma nova imagem e essa nova imagem é que atua dentro
do sistema. A imagem inicial é limitada e a imagem final é ampliada.
Quando uma dinâmica é revelada, algo vem à tona. É o ponto mais importante do trabalho. Às
vezes é possível dar mais alguns passos e às vezes não. No trabalho Sistêmico de
Constelações não se trata de alterar ou mudar algo, se trata do terapeuta encontrar a força que
permeia aquela dinâmica, e encontrar posicionamentos dentro do sistema, ou completar frases
que de alguma forma não têm sido permitidos.
Para que uma cura aconteça, vários passos devem ser dados até que se restabeleça a cura
final. Nosso primeiro passo é a revelação da dinâmica, e muitas vezes isso basta. O importante
é o reconhecimento de uma nova ordem. E, se aquele que assiste chega a uma nova imagem
para seu sistema, significa que ele expandiu algo em seu sistema. Ele acompanhou os passos
e chegou a uma nova imagem, a alma dele encontrou uma solução e podemos perceber os
efeitos que isto causa na pessoa. Quando, em uma Constelação , se acompanha a dinâmica
dos fatos e se está em sintonia, isso é o suficiente, e em geral não depende de uma
compreensão racional.
Ana Lucia Braga
Terapeuta de Constelações Sistêmicas
Terapeuta Corporal Neo Reichiana
Psicopedagoga
Consultório: Rua Abrão Caixe, 566 - Jd. Irajá - Ribeirão Preto - SP – Tel. 30215490 - 99947224

CONSTELAÇÕES SISTÊMICAS COM BONECOS


As pessoas procuram um terapeuta em função de suas dificuldades pessoais. O trabalho
Sistêmico de Constelações também é procurado pelos mesmos motivos. A diferença é que se
olha para o todo, com uma visão sistêmico-fenomenológica, para a consciência do grupo, da
família, e não para a consciência individual, como nas terapias convencionais. E o trabalho de
Constelações pode ser desenvolvido tanto em grupo como individualmente.
Muitas pessoas que procuram um terapeuta não desejam um trabalho em grupo. Por este
motivo, a Constelação com bonecos (ou figuras, ou objetos) é uma possibilidade para o
trabalho sistêmico individualmente, no consultório. Os bonecos são colocados sobre a mesa e
representam as relações estabelecidas entre as pessoas da família ou as pessoas importantes
de um sistema. A orientação fenomenológica não permite que o terapeuta seja levado por
associações e caracterizações, ou por semelhanças com membros do sistema, como em
muitas abordagens terapêuticas, especialmente as que trabalham com o psicológico. No
trabalho sistêmico o importante é olhar os acontecimentos essenciais, os fatos, os destinos e
dinâmicas de relacionamentos. E levar em consideração as “Ordens do Amor”, sistematizadas
pelo terapeuta alemão Bert Hellinger, que implicam um olhar para as forças que atuam dentro
dos sistemas, como as leis da Pertinência, da Hierarquia e do Equilíbrio.
Os bonecos funcionam como os representantes no grupo e são posicionados pelo cliente do
mesmo modo como é feito nas Constelações em Grupo. Vivencia-se no consultório, entre
terapeuta, cliente e bonecos, o mesmo tipo de percepções, incluindo todos os canais do

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

sentido, como a visão, a audição e outras sensações experimentadas pelos representantes no


grupo, com a diferença de que o terapeuta acaba sendo o maior foco das percepções e tem
maior responsabilidade no explicitar dessas percepções, já que o campo morfogenético,
responsável pelos efeitos que se observa em uma Constelação , também está presente no
trabalho individual.
Como nas Constelações em Grupo, no trabalho com os bonecos o cliente pode olhar junto com
o terapeuta para suas questões, e ter uma imagem inicial, a partir do modo como posiciona os
bonecos e, a partir dela, possivelmente poderão ser percebidos os profundos processos
anímicos do seu sistema. Será olhado o contexto amplo do vínculo e da solução para os seus
relacionamentos.
Muitas vezes, em uma única sessão, pode-se ver com profundidade as dificuldades de uma
pessoa e de seu sistema, tendo em vista o princípio “tão breve quanto possível e tão efetivo
quanto necessário, como um ponto de partida que auxilia um forte processo de ajuda”, como
diz Jakob Schineider.
Ao olhar calmamente para os bonecos posicionados, cliente e terapeuta podem “ver” o que
acontece, sentir, perceber. E o terapeuta comunica ao cliente aquilo que “vê”. A partir daí, os
bonecos vão sendo posicionados de outros modos, com a percepção e o acompanhamento do
cliente, até uma imagem final. Frases de solução são sugeridas pelo terapeuta durante o
trabalho, que são verbalizadas pelo cliente, parecendo mesmo uma “brincadeira com bonecos”,
como fazem as crianças, mas que trazem solução e alívio, muitas vezes vivenciados
corporalmente pelo cliente, podendo este sentir os movimentos da alma. São frases de solução
que explicitam a verdade anímica, que evidenciam o amor sistêmico, que liberam e
reconciliam.
Neste trabalho lidamos com pontes visuais e com a reordenação dentro do sistema da pessoa.
No entanto, as Constelações vão além, como afirma Schineider: elas atuam em um campo
onde há espaço para imagens anímicas e energias ou forças que conduzem a dimensões
difíceis de serem descritas, para vivências de fenômenos de campos anímicos que estão além
da mera observação.
Ana Lucia Braga
Terapeuta de Constelações Sistêmicas
Terapeuta Corporal Neo Reichiana
Psicopedagoga
Consultório: Rua Abrão Caixe, 566 - Jd. Irajá - Ribeirão Preto - SP– Tel. 30215490 – 99947224

“CONSTELAÇÃO SISTÊMICA”

“Constelação Sistêmica” é um trabalho que busca na família a origem de dificuldades,


bloqueios, padrões comportamentais que trazem sofrimentos desenvolvidos pelas pessoas ao
longo da vida. Destina-se a todas as pessoas que desejam trabalhar suas relações familiares
e amorosas, separações, desequilíbrios emocionais, problemas de saúde, comportamentos
destrutivos, envolvimento com drogas, perdas e/ou luto, dificuldades financeiras, dificuldades
nos relacionamentos, entre outras dificuldades.
É uma abordagem terapêutica através da qual torna-se possível identificar as “Ordens do
Amor” dentro da estrutura familiar, trazendo à luz os profundos vínculos – conscientes ou
inconscientes - que as pessoas têm com sua família. Vem da compreensão Sistêmica

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Fenomenológica, que preconiza que todo indivíduo é integrante de um sistema, e como tal,
sofre influências de outros membros do sistema.
Questões vivenciadas por gerações anteriores, como por exemplo, injustiças cometidas,
mortes precoces, suicídios, podem inconscientemente afetar a vida de seus familiares com
enfermidades inexplicáveis, depressões, novos suicídios, relações de conflito, transtornos
físicos e psíquicos, dificuldade de estabelecer relações duradouras com parceiros,
comportamentos conflitantes entre familiares, etc. E, muitas vezes, por terem essas questões
implicações sistêmicas, não mostram melhoras com as terapias tradicionais.
Bert Hellinger descobriu que muitos dos problemas vivenciados pelas pessoas têm uma origem
sistêmica, ou seja, vêm do seio da família, muitas vezes de outras gerações. Por amor,
lealdade e fidelidade à família, quando algum antepassado deixa situações por resolver,
pessoas de gerações seguintes trarão o sentimento e o comportamento, a ação para a
resolução dessas situações, “emaranhando-se” e permanecendo, assim, prisioneiros a fatos e
eventos pelos quais não são responsáveis e muitas vezes sequer têm conhecimento. Esta é a
herança afetiva, uma transmissão transgeracional de problemas familiares, que acaba criando
uma seqüência de destinos trágicos. Ele diz que há Ordens dentro do sistema familiar e
chamou a essas de “Ordens do Amor”. Dentro deste amor, há o amor cego, infantil, que
determina os emaranhamentos, que são as origens dos conflitos e das grandes dificuldades de
uma pessoa; é o emaranhamento que mantém determinadas dinâmicas de sofrimento dentro
do sistema. O envolvimento sistêmico sempre se dá pela conturbação das Ordens, das regras
do sistema. Este amor cego, que cria sofrimento na tentativa de trazer solução às dinâmicas
familiares, também contém a sabedoria e a solução.
E foi através desta sabedoria que Hellinger descobriu, nas “Constelações Sistêmicas”, a
possibilidade de restabelecimento da Ordem e do fluxo do amor.
Esta abordagem traz vantagens especiais quando comparada com outras formas de terapia,
como a rapidez, a profundidade e a simplicidade com que se processa.
É um trabalho desenvolvido em grupo, onde o terapeuta, a partir de um problema trazido pelo
cliente, configura o seu sistema, representando os familiares com as pessoas do grupo.
O processo de aprendizado acontece simultaneamente com o cliente, com os representantes e
com quem está apenas assistindo. Na maioria das vezes, são necessárias uma ou duas
sessões de intervenção.
As Constelações Sistêmicas Empresariais são configuradas do mesmo modo, mudando-se
apenas do enfoque familiar para o organizacional.

Ana Lucia Braga


Terapeuta de Constelações Sistêmicas
Terapeuta Corporal Neo Reichiana
Psicopedagoga
Consultório: Rua Abrão Caixe, 566 - Jd. Irajá - Ribeirão Preto - SP – Tel. 30215490 –
99947224

TEXTO PARA O PEREGRINO

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Constelação Sistêmica é uma abordagem terapêutica através da qual torna-se possível


identificar e solucionar problemas e conflitos de pessoas, empresas e organizações. Vem da
compreensão Sistêmica Fenomenológica, que preconiza que todo indivíduo é integrante de um
sistema, e como tal, sofre influências de outros membros do sistema.
Nos sistemas familiares, questões vivenciadas por gerações anteriores, como por exemplo,
injustiças cometidas, mortes precoces, suicídios, podem inconscientemente afetar a vida de
seus familiares com enfermidades inexplicáveis, depressões, novos suicídios, relações de
conflito, transtornos físicos e psíquicos, dificuldade de estabelecer relações duradouras com
parceiros, comportamentos conflitantes entre familiares, etc.
Bert Hellinger, filósofo e psicoterapeuta alemão, descobriu que por amor, lealdade e fidelidade
à família, quando algum ancestral deixa situações por resolver, pessoas de gerações seguintes
trarão o sentimento e o comportamento, a ação para a resolução dessas situações,
“emaranhando-se” e permanecendo, assim, prisioneiros a fatos e eventos pelos quais não são
responsáveis e muitas vezes sequer têm conhecimento. Esta é a herança afetiva, uma
transmissão transgeracional de problemas familiares, que acaba criando uma seqüência de
destinos trágicos.
Nas Constelações Sistêmicas, configurando a família através de representantes, é possível
que se restabeleçam as “Ordens do Amor”, trazendo solução às dinâmicas familiares. Do
mesmo modo ocorre nas Constelações que envolvem empresas e organizações.
A constelação Sistêmica Familiar possibilita a conscientização do papel e da forma que as
pessoas estão enredadas dentro do sistema familiar, atuando nos processos de
desemaranhamento e harmonização de vínculos em famílias que possuem casos de
ressentimentos, co-dependência, relacionamentos destrutivos, doenças psicossomáticas,
alcoolismo, abortos, incesto, suicídio, mortes precoces, pessoas excluídas, conflitos
inexplicáveis etc.
O trabalho sistêmico empresarial permite uma visão clara e objetiva dos emaranhados dentro
de empresas, organizações, comércios, consultórios, departamentos etc. No campo sistêmico
é possível verificar as origens dos conflitos e experienciar novas soluções, possibilitando uma
melhor dinâmica de funcionamento para a empresa.
Nas Constelações de Casais, as dificuldades pessoais, assim como problemas de
relacionamentos são possíveis de serem configurados através de representantes, observados
os inúmeros emaranhamentos que afetam o casal e encontrar soluções adequadas para a
relação.
Esta abordagem traz vantagens especiais quando comparada com outras formas de terapia,
como a rapidez, a profundidade e a simplicidade com que se processa. É um trabalho
desenvolvido em grupo, onde o processo de aprendizado acontece simultaneamente com o
cliente, com os representantes e com quem está apenas assistindo. Na maioria das vezes, são
necessárias uma ou duas sessões de intervenção.

Ana Lucia Braga


Terapeuta de Constelações Sistêmicas
Terapeuta Corporal Neo Reichiana
Psicopedagoga
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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

A PERTINÊNCIA NOS SISTEMAS FAMILIARES

Sistematizadas por Bert Hellinger, terapeuta alemão, as Constelações Sistêmicas Familiares e


Organizacionais cada vez alcançam maior espaço no campo das terapias. São utilizadas no
trabalho individual, no consultório, a partir da aplicação da técnica com figuras ou bonecos, e
especialmente em intervenções grupais, em workshops com duração de um ou mais dias
consecutivos, nos quais são atendidos alguns clientes.
Hellinger descobriu as Ordens Sistêmicas dentro da família e de outros sistemas. Quando uma
das Ordens ou Leis Sistêmicas é desrespeitada, há emaranhamentos, ou seja, alguém de uma
geração seguinte pode envolver-se com essa desordem e entrar em sofrimento
(inconscientemente), conhecendo ou não a desordem, numa tentativa de trazer novamente o
equilíbrio, a ordem para seu sistema. Essas Ordens envolvem a Pertinência, a Hierarquia e o
Equilíbrio.
Nos próximos números serão abordadas as Leis da Hierarquia e do Equilíbrio. Aqui será
abordada a Lei da Pertinência, que quer dizer que ninguém pode ficar fora, que todos os
membros do sistema têm direito a pertencer. E quando algum dos elementos fica de fora, é
excluído, gerações seguintes emaranham-se com este membro, identificando-se com ele,
tentando, de algum modo reintegrá-lo ao sistema. É uma tentativa vã, já que o que move este
elemento que veio depois é o amor cego e infantil.
Fatos como mortes precoces, mortes ocorridas com menos de vinte e cinco anos, morte do pai
ou da mãe, deixando filhos com idade inferior a vinte e cinco anos, abortos espontâneos ou
provocados, mortes durante o parto, suicídios ou tentativas, assim como crimes onde se exclui
intencionalmente ou não a vítima ou o agressor, são essencialmente importantes no trabalho
de Constelações. São ainda importantes os assassinatos, as crianças abandonadas, os que
utilizam drogas, prostitutas, deficiências, entre outros fatos que possam estar ligados a
pessoas excluídas.
Devolver a Ordem, trazer o equilíbrio, restabelecer o fluxo energético, assim como a
reconciliação e o restabelecimento do fluxo amoroso é o objetivo do trabalho com as
Constelações Sistêmicas.
Ana Lucia Braga
Terapeuta de Constelações Sistêmicas
Terapeuta Corporal Neo Reichiana
Psicopedagoga
Consultório: Rua Abrão Caixe, 566 - Jd. Irajá - Ribeirão Preto - SP – Tel. 30215490 - 99947224

A HIERARQUIA NOS SISTEMAS FAMILIARES

A Hierarquia é uma Força, uma Lei que atua em todos os sistemas. Ela tem a ver com a
ordem nas posições, com o lugar que cada um ocupa dentro do sistema. Nas organizações
ou empresas também esta Força atua. E quando não é respeitada, criam-se emaranhamentos.
A consciência coletiva, aquela que serve como “vigia” dentro dos sistemas, diz que o todo é
mais importante que a soma de suas partes, e pede por “restauração” das infrações desta Lei –
Hierarquia -, assim como das outras Leis Sistêmicas: Pertinência e Equilíbrio. Neste sentido,
quando as pessoas estão fora de seus lugares dentro de um sistema, pode-se olhar para

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

possíveis emaranhamentos, que têm como efeito o sofrimento vivenciado pelas pessoas, tanto
na família como nas organizações.
Nas Constelações Sistêmicas (Familiares ou Organizacionais) pode-se ver a tentativa de
restauração da consciência coletiva. As gerações seguintes, inconscientemente, colocam-se a
serviço do que aconteceu anteriormente, tentando, por exemplo, corrigir injustiças ou reinserir
aqueles que foram excluídos. Quem vem depois acaba pagando a conta.
Cito como exemplos de situações que envolvem a Hierarquia o filho que se sente mais sábio e
mais importante que os pais. Para ele os pais têm muito o que aprender... O que este filho não
sabe é que comete uma infração contra seu sistema familiar, que possivelmente será cometida
também por seus filhos, estes últimos em defesa de seus avós. Sentir-se grande diante dos
pais traz, além desta, outras confusões, conflitos, perdas e sofrimentos na vida. Pode-se ver os
efeitos disto na vida das pessoas, quando estão emaranhadas com a Força da Hierarquia.
A precedência é clara: quem vem primeiro tem o lugar especial de primeiro. E os demais,
aconteça o que acontecer, devem respeitar o lugar desta pessoa. Muitas vezes um filho caçula
deseja assumir as responsabilidades do mais velho e paga um preço alto por isto. Muitos
casais não respeitam o primeiro parceiro. Às vezes até o chamam de “falecido”. Isso traz
profunda confusão sistêmica. Quando o segundo parceiro quer assumir o lugar do primeiro, em
geral este relacionamento também não dá certo. As famílias mistas atualmente sofrem em
profundidade com esta questão, sofrimento este que é estendido também aos filhos. A
prevalência quer dizer que o que é atual prevalece sobre o que é anterior, ainda que o que veio
antes não possa perder seu lugar. Por isso, o relacionamento atual prevalece sobre os
anteriores.
A Hierarquia é clara: o último vem depois dos primeiros. E o primeiro é realmente o primeiro.
Quando há uma inversão na ordem (filhos agindo como pais, por exemplo), há sofrimento
sistêmico.

Ana Lucia Braga


Terapeuta de Constelações Sistêmicas
Terapeuta Corporal Neo Reichiana
Psicopedagoga
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A LEI DO EQUILÍBRIO NOS SISTEMAS FAMILIARES

O Equilíbrio é uma Força, uma Lei presente em todos os sistemas. Dentro dos sistemas há
uma necessidade de compensação entre perdas e ganhos, dar e receber, e como uma Lei
Sistêmica, ela atua em todos os níveis. Consciente ou inconscientemente tem-se a
necessidade de compensação, e às vezes isso ocorre fazendo com que se perca algo, com
que se vivencie algo de ruim, mesmo sem a aparente necessidade ou sem se perceber de
onde isto vem. É como se houvesse um sentido de equilíbrio. Ele diz se há crédito ou débito
com alguém. É quase matemático: se você deu algo, então você espera receber algo também
(ainda que não seja na mesma moeda). O outro, por sua vez, sente uma pressão para retribuir,
dar também. Se deve algo, há uma pressão para pagar, para devolver, para quitar. Se esta
troca for efetiva, produtiva, positiva, a relação será fértil e rica. E isto ocorre tanto no positivo
quanto no negativo. A troca equilibra as relações, tornando possível uma convivência longa e
saudável. Se, em uma negociação há equilíbrio, então há também liberdade, alegria e portas

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

abertas para próximas negociações. Os dois lados ficam satisfeitos. Caso contrário, uma das
partes não se sente bem. E quando há dívida, uma das partes fica presa. A dívida funciona
como uma necessidade de pagar algo para que o equilíbrio retorne. Ela muitas vezes atua
como um fantasma, retorna, assombra, pode ser transformada em sentimentos de culpa,
atuando secundariamente, sem que se perceba sua origem. Os que recebem pouco –
injustiçados -, muitas vezes também ficam presos nesse sentimento, que se secundariza,
fazendo com que a pessoa se sinta uma vítima eterna, transforma sua vida em verdadeira
pobreza.
No negativo, quando há necessidade de troca, então é necessário que se retribua com menor
intensidade: um pouco menos. Isso traz possibilidades para um novo equilíbrio na relação. Se
há revide na mesma intensidade, ou em maior escala, então esta relação permanece
equilibrada no negativo, o que significa conflito e sofrimento.
Nos sistemas familiares é comum a observação de sentimentos de vazio ligados a não tomar
os pais, o que significa que os filhos querem receber apenas o que é bom dos pais, e rejeitar o
que não é bom. Para tomar os pais é necessário receber tudo o que eles têm de bom e de
ruim. Não é possível selecionar, separar. Muitas vezes os pais estão disponíveis – prontos para
se relacionar com o filho apenas como são, com o que têm (não é possível dar aquilo que não
se tem). E o filho critica, julga, condena, nega, reclama e simplesmente não recebe, não toma
seus pais. Muitas depressões têm origem nesta dinâmica. O filho acaba sentindo-se vazio, só.
Esta é uma dinâmica relacionada à Lei do Equilíbrio e que cria outros emaranhamentos.
O que traz solução é o bem, o respeito e o amor. Outros tipos de compensação que na maioria
das vezes estão vinculados ao sofrimento das pessoas, não trazem solução, apenas causam
mais desequilíbrios sistêmicos.

Ana Lucia Braga


Terapeuta de Constelações Sistêmicas
Terapeuta Corporal Neo Reichiana
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CONSTELAÇÕES SISTÊMICAS E OS CAMPOS MÓRFICOS I

Constelação sistêmica familiar é um trabalho que busca na família a origem de dificuldades,


bloqueios, padrões comportamentais que trazem sofrimentos desenvolvidos pelas pessoas ao
longo da vida. Destina-se a todas as pessoas que desejam trabalhar suas relações familiares e
amorosas, separações, desequilíbrios emocionais, problemas de saúde, comportamentos
destrutivos, envolvimento com drogas, perdas e/ou luto, dificuldades financeiras, dificuldades
nos relacionamentos, entre outras dificuldades. Atende, ainda, às organizações de todos os
tipos, empresas, escolas etc. que desejam diagnosticar e/ou resolver problemas
organizacionais. É um trabalho realizado em grupo ou individualmente. No grupo há a
participação das pessoas como representantes da família (isto é, do sistema familiar) do
cliente. Individualmente, realiza-se a intervenção com o auxílio de figuras ou bonecos.
A representação é parte do fenômeno que ocorre neste tipo de trabalho, onde o terapeuta e os
participantes disponibilizam suas percepções para "ver" o que acontece na dinâmica do
sistema do cliente. Este "ver" dá-se de diversos modos: as pessoas têm sensações físicas

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

como tremores, arrepios, dores, calor, frio, suores; sentimentos diversos como alegria, raiva,
tristeza, desconfiança, entre tantos outros. E há, na maioria das vezes, o reconhecimento pelo
cliente do comportamento, dos sentimentos, do modo como a pessoa representada é ou foi na
realidade, por vezes com a detecção de sintomas físicos, mesmo não tendo o representante
dado nenhuma informação sobre o que ocorre em seu sistema e sobre as pessoas
representadas.
A representação ocorre não em nível psíquico, mas em um nível que a ciência ainda não
consegue explicar.
O terapeuta, então, faz a sua leitura do que está física e espacialmente colocado no campo da
representação do sistema familiar do cliente e dá o direcionamento que julga adequado ou
necessário, buscando não a expressão de sentimentos e sim a ordem sistêmica, segundo as
leis sistematizadas pelo terapeuta e filósofo alemão Bert Hellinger, visando a reconciliação e o
restabelecimento do fluxo amoroso no sistema. A percepção dos representantes, utilizando a
mente expandida, é a mesma que o terapeuta utiliza dentro deste campo energético que se
abre ao se configurar um sistema, seja ele familiar ou empresarial. É a partir dele que se abre
também a possibilidade de movimentos e do restabelecimento da ordem e do equilíbrio, o que
significa possivelmente a eliminação do sofrimento da pessoa e também de outros elementos
do sistema.
(continua no próximo número)

CONSTELAÇÕES SISTÊMICAS E OS CAMPOS MÓRFICOS II

Constelação Sistêmica Familiar é um trabalho que busca na família a origem de dificuldades,


bloqueios, padrões comportamentais que trazem sofrimentos desenvolvidos pelas pessoas ao
longo da vida.
No número anterior falamos sobre a representação e concluímos dizendo que a mente
expandida é que possibilita o fenômeno da percepção dos representantes e do terapeuta
dentro do campo energético que se abre ao se configurar um sistema, seja ele familiar ou
empresarial. Abre-se também a possibilidade de movimentos e do restabelecimento da ordem
e do equilíbrio, o que significa possivelmente a eliminação do sofrimento da pessoa e também
de outros elementos do sistema, mesmo que esses elementos não estejam presentes no
momento da constelação, é o que tem sido observado em depoimentos de inúmeras pessoas
que constelaram. Este fenômeno ocorre em função dos “campos”, dos quais fazemos parte.
O biólogo Rupert Sheldrake propõe a idéia dos campos morfogenéticos, que nos auxiliam na
compreensão de como os sistemas adotam suas formas e comportamentos característicos, no
caso das famílias, padrões de sofrimento que muitas vezes se repetem geração após geração.
“O campos morfogenéticos são campos de forma; campos padrões ou estruturas de ordem.
São campos que levam informações, não energia, e são utilizáveis através do espaço e do
tempo sem perda alguma de intensidade depois de terem sido criados. Eles são campos não
físicos que exercem influência sobre sistemas que apresentam algum tipo de organização
inerente.” Estes campos organizam não só os campos de organismos vivos mas também de
cristais e moléculas, instinto ou padrão de comportamento. (...). Estes campos são os que
ordenam a natureza. Há muitos tipos de campos porque há muitos tipos de coisas e padrões
dentro da natureza...", afirma Sheldrake. Isso também significa que em cada nível, o total de
energia é mais que a soma das partes, o que ainda necessita de muitos estudos a serem
realizados pela ciência.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Por este motivo – a existência dos campos morfogenéticos – é que, nas Constelações
Familiares, podemos conceber as repetições de padrões de sofrimento, pois o modo como
foram organizados no passado influencia taxativamente o modo como as pessoas no seio da
família funcionam hoje. Há uma espécie de memória integrada nos campos mórficos. E os
fatos, os eventos ocorridos na família, por exemplo, podem tornar-se regularidades, “hábitos”.
Na intervenção Sistêmica Fenomenológica de Constelações, há a possibilidade de uma
interação inteligente, do acesso em outros níveis energéticos, da consciência e da mudança no
sistema, pois o campo mórfico é uma estrutura alterável, a partir do que Sheldrake chama de
ressonância mórfica e, neste sentido, não apenas o cliente que constela beneficia-se, mas todo
o sistema pode beneficiar-se das Constelações Sistêmicas.
Ana Lucia Braga
Terapeuta de Constelações Sistêmicas
Terapeuta Corporal Neo Reichiana
Psicopedagoga
Consultório: Tel. 30215490 – 99947224

Teoria do Vínculo e Constelação Familiar

Mexican Institute of Group and Organizational Relations


Gregório Baremblitt (organizador)
http://www.continents.com/Art34.htm
Chamamos grupo operativo a todo grupo no qual a explicitação da tarefa e a participação
através dela permite não só sua compreensão, mas também, a sua execução(...). O grupo
pode ser visualizado em dois planos: o da temática, extensão de temas que constituirão a
armação da tarefa; e o da dinâmica, no qual a interrelação evidenciará o sentir que se mobiliza
em dita temática.
Todo conjunto de pessoas ligadas entre si por constantes de tempo e espaço, e articuladas por
sua mútua representação interna, que se propõe explícita ou implicitamente uma tarefa que
constitui sua finalidade.
Podemos dizer então que estrutura, função, coesão e finalidade, juntamente com o número
determinado de integrantes, configuram a situação grupal que tem seu modelo natural no grupo
familiar (Pichon-Rivière).

TEORIA DO VÍNCULO

"É sempre uma situação em forma de espiral contínua, onde o que se diz ao paciente, por
exemplo - interpretação, no caso de um vínculo terapêutico - determina uma certa reacção do
paciente que é assimilada pelo terapeuta que por sua vez a reintroduz em uma nova
interpretação". Para Pichon, isto constitui um aprendizado tanto do ponto de vista teórico como
do ponto de vista objetivo. Pois à medida que conhece, se conhece, ou à medida que se
ensina, se aprende. Esta série de pares dialéticos devem ser considerados para qualquer
operação.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

"Todo vínculo é bi-corporal e tripessoal", isto é, em todo vínculo há uma presença sensorial
corpórea dos dois, mas há um personagem que está interferindo sempre em toda relação
humana, que é o terceiro. Sempre há alguém na mente de um ou outro que está olhando,
vigiando e corrigindo - alguns aspectos do que Freud descreveu como complexo superego -
ideal do ego - é algo que funciona automaticamente como uma escala de valores onde a
sinalização é interna e determina que a comunicação se estabeleça de uma maneira distorcida
e misteriosa.

ESTRUTURA

"Todo comportamento tem um caráter de estrutura significativa e que o estudo positivo de todo
comportamento humano consiste no esforço por fazer acessível esta significação" (...) "As
estruturas constitutivas do comportamento não são dados universais, e sim fatos específicos
nascidos de uma gênese passada em situação de sofrer transformação que perfila uma
evolução futura". (...) "O postulado básico de nossa teoria de enfermidade mental é: toda
resposta inadequada, toda conduta desviante, é a resultante de uma leitura distorcida e
empobrecida da realidade. A doença implica, portanto, numa perturbação do processo de
aprendizado da realidade, um déficit no circuito da comunicação, processos esses
(aprendizado e comunicação) que se realimentam mutuamente".
1) Princípio da policausalidade: no campo específico da conduta desviante podemos dizer que
na gênese das neuroses e psicoses nos deparamos com uma pluralidade causal, uma equação
etiológica composta por vários elementos que vão se articulando sucessiva e evolutivamente
ao que Freud chamou de séries complementares...Intervêm:
O fator constitucional, onde se distinguem os elementos genotípicos e hereditários e os
fenotípicos, isto é, aqueles elementos resultantes do contexto social que se manifestam em um
código biológico.
O fator disposicional, que está determinado pelo impacto da presença da criança no grupo
familiar, as características adquiridas pela constelação familiar com esta presença, os vínculos
positivos ou negativos da estrutura edípica triangular. Aqui surgem os chamados pontos
disposicionais considerados como um estancamento dos processos de aprendizado e
comunicação, o que Freud denominou de fixação da libido.
O fator atual ou desencadeante, que se refere a uma determinada quantidade de privação,
uma perda, uma frustração ou sofrimento, que determina uma inibição do aprendizado e
conseqüente regressão ao ponto disposicional e recorrência às técnicas de controlo da
angústia por meio das quais o sujeito tentará se libertar da situação de sofrimento.
2) Princípios de pluralidade fenomenológica: leva em consideração as três áreas de expressão
e conduta: a área da mente, a área do corpo e a área do mundo externo. Cada área é o campo
projetivo onde o sujeito coloca seus vínculos num inter-jogo entre mundo interno e contexto
externo, mediante processos de internalização. Cada uma dessas áreas tem um código
expressivo que lhe é próprio. Assim é possível construir toda uma psicopatologia em função
das áreas de expressão predominantes e as valências positivas ou negativas em cada uma
delas (pôr exemplo: o fóbico projeta e realiza sentimentos positivos e negativos na área três, do
mundo externo; a histeria tem predomínio de expressão na área dois, do corpo, etc.).
3) Princípio de continuidade genética e funcional: este princípio postula a existência de um
núcleo patogênico central de natureza depressiva e que todas as formas clínicas seriam
derivadas daquele núcleo. Este princípio está ligado à teoria de Pichon-Rivière de enfermidade
única. Haveria então um núcleo patogênico depressivo (enfermidade básica) e uma

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

instrumentação através de técnicas defensivas do mesmo, que são características da posição


esquizo-paranóide descrita pôr Melanie Klein e a que Pichon denomina pato-plástica ou
funcional. O fracasso na elaboração do sofrimento da posição depressiva acarreta, de forma
inevitável, o predomínio de defesas que implicam o bloqueio das emoções e da atividade da
fantasia. Essas defesas estereotipadas impedem sobretudo um certo grau de auto-
conhecimento e insight da realidade. Isto é fundamental para entender a importância do
momento depressivo de integração na realização dos grupos operativos. Pois a tentativa de
evitar este sofrimento "operativo" leva a um bloqueio do afeto, da fantasia e do pensamento,
que determina uma conexão empobrecida com a realidade, uma dificuldade para modificá-la e
de modificar-se nesta interação dialética que seria justamente um dos critérios operativos. Em
termos de grupo, podemos chamar operativo ou capacidade de autognose ao que permite ao
grupo elaborar um projeto com a inclusão da morte como situação própria e concreta. Isto
significa enfrentar os problemas existenciais e a conquista de uma adaptação ativa à realidade
com um destino e uma ideologia de vida próprias.
4) Mobilidade das estruturas: se refere basicamente às estruturas que são instrumentais e
situacionais em cada aqui e agora do processo de interação. Ou seja, que as modalidades ou
técnicas de manejo das ansiedades básicas, com sua localização de objetos e vínculos nas
distintas áreas, é modificável segundo os processos de interação com os quais o sujeito se
compromete. Esta afirmação tem importantes implicações no trabalho diagnóstico, pois todo
diagnóstico será então situacional e historicamente determinado.

PRÉ-TAREFA, TAREFA E PROJECTO

Pré-tarefa são todas aquelas atividades onde a presença dos medos básicos (ansiedade de
perda e ataque) determinam a utilização de técnicas defensivas que estruturam o que se
denomina resistência à mudança. A pré-tarefa está caracterizada pôr uma situação de
impostura que paralisa o prosseguimento do grupo. Se faz "como se" se trabalhasse, "como
se" se efetuasse um trabalho especificado. Nesta impostura o grupo aparece sem capacidade,
com uma certa transparência, onde o sujeito é como o negativo de si mesmo, faltando-lhe
revelação de si mesmo. Concorre para ressaltar a estranheza aos comportamentos alheios a
ele como grupo e como sujeito, mas afins a ele como homem alienado. Realiza, então uma
série de tarefas para passar o tempo (protelação, atrás da qual se oculta a impossibilidade de
suportar as frustrações de início e término da tarefa) o que gera uma insatisfação constante.
Isto se observa particularmente no tipo de manejo do tempo que realiza o grupo. Outra das
formas características de se manifestar a pré-tarefa é o "absolutismo dinâmico" que é uma
série de movimentos que apresentam uma ação mas que na realidade são realizados a fim de
impedir qualquer situação de transformação. É a expressão "gato pardismo" nos grupos, de
mudar algo para que nada mude.
O momento da tarefa consiste na abordagem e elaboração das ansiedades, e emergência da
posição depressiva básica o que, em termos de Pichon, se expressaria como consciência de
finitude e possibilidade de incluir a idéia da própria morte a partir de onde se poderia estruturar
a tarefa possível em termos de tempo e espaço. Na passagem da pré-tarefa à tarefa se efetua
um salto por somatização quantitativa de insight através do qual se personifica e se estabelece
uma relação com o outro (diferenciado).
O grupo aparece com uma percepção global dos elementos em jogo, com possibilidade de
instrumentá-los, com um contacto com a realidade onde é possível sua colocação como sujeito
ativo, onde pode elaborar estratégias e tácticas, onde pode intervir nas situações provocando
transformações.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Entramos, assim então, na idéia de projeto ou produto que seriam aquelas estratégias e
tácticas para produzir uma mudança que, pôr sua vez, voltariam a modificar o sujeito com o
qual o processo se põe outra vez em marcha.

PAPEL E LIDERANÇA

A análise dos papéis e a forma em que se configuram, constitui uma das operações básicas,
tendentes à constituição de um ecro grupal.
Cada um dos participantes de um grupo constrói seu papel em relação aos outros; assim, de
uma articulação entre o papel prescrito e o papel assumido, surge a actuação característica de
cada membro do grupo.
Este papel se constrói baseado no grupo interno (representação que cada um tem dos outros
membros) e que vai constituindo "o outro" generalizado do grupo. Na relação do sujeito com
este "outro generalizado" se vai constituindo o rol operativo diferenciado, que permitirá a
construção de uma estratégia, uma táctica, uma técnica e uma logística para a realização da
tarefa.
Os quatro papéis mais destacados, que se perfilam na operação grupal são: porta-voz, bode
expiatório, líder e sabotador.
O porta-voz é aquele que sendo depositário da ansiedade grupal, aparece, no grupo,
expressando-a de diversas maneiras (através de palavras, atos ou silêncios). Nele se inclui
uma interação entre sua verticalidade e a horizontalidade do grupo, o que lhe permite ser um
emergente qualificado para denunciar qual é a ansiedade predominante que está impedindo a
tarefa.
É importante discriminar no processo de "depósito" que constrói os diferentes papéis, os três
elementos que a constituem: o depositante e o depositário, para permitir assim, uma
redistribuirão de ansiedade e a ruptura do estereótipo dos papéis.
Outro papel que aparece frequentemente nos grupos, o de bode expiatório, surge como
contrapartida ou decadência do chamado líder messiânico. Esta situação é característica
quando existe uma forte predominância do pólo paranóico. O bode expiatório é o depositário de
todas as dificuldades do grupo e culpado de cada um de seus fracassos. As ideologias
messiânicas, ou com tendência à idealização, que se fazem a cargo do grupo, tendem
constantemente a desenvolver este tipo de papel.
Outros papéis que Pichon destaca em sua importância são: o de sabotador e o do bobo do
grupo Estes papéis, quase universais, são depositários das forças que se opõem à tarefa no
interior do grupo (grupo conspirador), o que determina o aparecimento de mecanismos de
segregação. A segregação é o fantasma que ameaça constantemente o grupo e é uma
tentativa fracassada de redistribuirão da ansiedade, o que implica em dificuldades para
enfrentar situações de mudanças. Podemos dizer que assim como a projeção é o fantasma
que ameaça constantemente a comunicação interpessoal, a segregação é o principal inimigo
na construção de uma comunicação grupal.
A detecção dos líderes tem uma importância fundamental na compreensão da dinâmica do
grupo, tanto é assim, que a estrutura e a função do grupo se configuram de acordo com os
tipos de liderança assumidos pelo coordenador. A liderança pode ser assumida tanto pelo
coordenador como pelos diferentes membros do grupo e a análise e a elucidação em ambos os
casos é necessária para quebrar as estereotipias de funcionamento.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

A teoria dos papéis se compõe então, dessa representação que cada um tem de si mesmo e
que responde a uma representação de expectativas que as demais pessoas têm de nós. Em
função das expectativas que temos dos outros, e que os outros têm de nós, se produz uma
correlação de condutas que denominamos interrelação social. Assim se dispõe cada um para o
outro com um protótipo de atitudes na qual cada um pode pré-julgar ou pré-dizer qual é o tipo
de conduta que receberá como respostas às mensagens que emite.
Isto é o que se chama expectativa de papel, ou seja, todas as condutas que esperamos das
pessoas ao nosso redor. Este conceito, no campo de certas psicologias sociais, constitui o que
se chama análise da atitude social, que configura o estudo das disposições que cada um de
nós tem para reagir frente a um fato social determinado.
Consideramos que, justamente, operar um grupo, consiste em romper com estas expectativas
fixas e atitudes prototípicas, gerando novos modos de comunicação e efeitos de sentido que
possibilitem uma transformação grupal.

ECRO GRUPAL

Esquema Conceitual, Referencial e Operativo


Este esquema conceitual-referencial está baseado na idéia de uma interdisciplinar que
compreenda o estudo geral da problemática abordada. Esta noção de interdisciplinar é a que
vai dar origem à necessidade de heterogeneidade nos grupos operativos, onde a maior
heterogeneidade entre seus membros corresponde à maior homogeneidade na tarefa. Este
ECRO é instrumental e operativo no sentido que a aprendizagem do grupo se estrutura como
um processo contínuo e com oscilações, articulando os momentos do ensinar e do aprender a
que se dá no aluno e professor como um todo estrutural e dinâmico.

Esquema Corporal

O esquema corporal se conforma através de sensos-percepção que vêm do próprio corpo


como também do corpo do outro.
Recebemos informações, através do córtex cerebral, de cinco diferentes tipos:
1. Sensações que vêm da superfície corporal.
2. Sensações que vêm do interior do corpo.
3. Sensações que provêm da tensão muscular.
4. Sensações que informam a postura corporal.
5. Sensações que provêm da percepção visual.
Considerando cada membro, cada órgão, como parte de um grupo interno corporal, conclui-se
que todos os órgãos de nosso corpo constituem um grupo, cuja tarefa é a aprendizagem e a
correção das enfermidades orgânicas. A tarefa do terapeuta consiste em esclarecer os conflitos
que existem entre eles, evitando que um dos órgãos seja o depositário da ansiedade do grupo,
assim como o enfermo mental é o depositário da enfermidade do grupo familiar.
Esta concepção de grupo orgânico e de grupo psicológico é fundamental para o tratamento
grupal dos enfermos chamados orgânicos e sem provas de sua organicidade. O estudo do
corpo do grupo nos leva ao conceito de distância social. Existiria uma distância ótima, uma

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

altura espacial e emocional ótima, que permite uma melhor comunicação, uma maior
segurança psicológica e uma maior operatividade para cada situação. Se a distância é
exagerada aparecem perturbações na comunicação; se, pelo contrário, existe um excesso de
aproximação, se produz uma situação de rejeição e bloqueio no outro. Esta distância social
implica tanto o corporal como o emotivo, tanto o espaço do eu como o espaço do id.
Dizemos, finalmente, que devemos entender o esquema corporal não como a representação
empírica do próprio corpo, mas sim como a representação fantasmática grupal constituída pôr
todos os vínculos espaços-temporais.

CONE INVERTIDO

É um esquema constituído pôr vários vetores na base dos quais se fundamenta a operação no
interior do grupo. A partir da análise interrelacionada destes vetores se chega a uma avaliação
da tarefa que o grupo realiza.
A eleição do desenho do cone invertido se deve a que em sua parte superior estariam os
conteúdos manifestos e em sua parte inferior, as fantasias latentes grupais. Pichon propõe que
o movimento de espiral que vai fazer explícito o que é implícito, atua ante os medos básicos
subjacentes, permitindo enfrentar o temor à mudança.
Os vetores são:
Filiação e Pertinência: a filiação se pode considerar como um asso anterior à pertinência, é
uma aproximação não fixa com a tarefa. Seriam aqueles que estão interessados pelo trabalho
grupal, seriam "os torcedores e não os jogadores". Pertinência é quando os participantes
entram no grupo, "na cancha". Na dinâmica grupal, tradicionalmente é medida em relação à
presença no grupo, à pontualidade do seu início, às intervenções etc.
Cooperação: é dada pela possibilidade do grupo fazer consciente a estratégia geral do mesmo.
"Se vê na justiça dos passes, na exatidão das jogadas gerais". No movimento grupal se
manifesta pela capacidade de se colocar no lugar do outro.
Pertinência: é um terceiro vetor que surge da realização dos dois anteriores. "Se mede pela
quantidade de suor que tem a camiseta ao final da partida", é a realização da tarefa
estratégica. "O gol contra seria o cúmulo da falta de pertinência". Cabe aclarar que o alcance
da pertinência grupal não é proposta como um ato de vontade mas sim como a expressão do
desejo grupal, revelado na análise dos medos básicos.
Aprendizagem: a aprendizagem inclui vários aspectos que são o da estratégia - o da táctica
(que seria moldar na prática os objetivos estratégicos); o da técnica, que é a arte e o
artesanato para levar a tarefa adiante, e a logística, que é a possibilidade de avaliar as
estratégias dos elementos que se opõem à realização da tarefa em relação aos do próprio
grupo, para permitir uma operação no nível adequado.
Para Pichon (...) o indivíduo nos momentos de intensa resistência à mudança, voltaria
regressivamente mais que a comportamentos próprios da etapa libidinal onde está
predominantemente fixado, a repetir atitudes mal aprendidas que dificultaram sua passagem a
uma etapa posterior. Assim substitui o conceito de instinto pelo de necessidade não satisfeita.
A repetição seria provocada pôr dificuldades na aprendizagem e na comunicação, não
permitindo assim a elaboração de uma estratégia adequada em seu devido momento.
Assim, a transferência, mais que uma simples repetição, seria a colocação em jogo de
estratégias e tácticas mal aprendidas, com a intenção de poder corrigir as dificuldades ou os
obstáculos que não puderam ser encarados daquela vez.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

A aprendizagem operativa no grupo, através da tarefa, permite novas abordagens ao objeto e o


esclarecimento dos fantasmas que impedem sua penetração, permitindo a operação grupal.
Comunicação: esse vetor é tomado pôr Pichon como o lugar privilegiado pelo qual se
expressam os transtornos e dificuldades do grupo para enfrentar a tarefa. Na medida em que
cada transtorno da comunicação remete-se a um transtorno da aprendizagem, veremos os
sujeitos grupais tratarem de desenvolver velhas atitudes, em geral mal aprendidas, com a
intenção de abordar os objetos novos de conhecimento. Este objeto pode ser nos grupos
operativos, indistintamente, desde a compreensão de um conceito ao desenvolvimento de um
processo terapêutico. Entendendo a aprendizagem, então, como a ruptura de certos
estereótipos de comunicação e a obtenção de novos estilos, o que implica sempre
reestruturações e redistribuirão dos papéis desempenhados pelos integrantes do grupo.
Tele: este vetor se refere ao clima afetivo que prepondera no grupo em diferentes momentos. É
um conceito tomado da sociometria de Moreno para assinalar o grau de empatia positiva ou
negativa que se dá entre os membros do grupo. A fundamentação deste conceito parte da
base de que todo encontro é na realidade um reencontro, ou como gostava de dizer o próprio
Pinchos: "Todo amor é um amor à primeira vista". Isto quer dizer que o afastamento e a
aproximação entre as pessoas de um grupo, não tem que ver com essa pessoa real presente,
mas com a recordação de outras pessoas e outras situações que ela evoca.

INTERPRETAÇÃO

A interpretação no grupo operativo está tomada do modelo da interpretação psicanalítica que,


sinteticamente, consistiria em procurar fazer explícito o implícito.
O propósito geral da interpretação é o esclarecimento em termos das ansiedades básicas,
aprendizagem, esquema referencial, semântica, decisão etc. Desta maneira coincidem a
aprendizagem, a comunicação, esclarecimento e a resolução de tarefas com a cura. Tenta-se
criar então um novo esquema referencial.

COORDENADOR E OBSERVADOR

O coordenador de grupo operativo não pode trabalhar nem como um característico psicanalista
de grupo nem como um simples coordenador de grupo de discussão e tarefa. Sua intervenção
se limita a sinalizar as dificuldades que impedem ao grupo enfrentar a tarefa. Dispõe para isso
de um ECRO a partir do qual tentará decifrar essas dificuldades e num processo adequado em
relação aos quatro passos que são, estratégia, táctica, técnica e logística, irá propondo ao
grupo as hipóteses que lhe permitam tomar-se a si mesmo como objeto de estudo e ir
revelando as dificuldades que aparecem na comunicação e aprendizagem. O coordenador não
está ali para responder às questões, mas para ajudar o grupo a formular aquelas que
permitirão o enfrentar dos medos básicos. Ele cumpre no grupo um papel prescrito: o de ajudar
os membros a pensar, abordando o obstáculo epistemológico configurado pelas ansiedades
básicas. Seu instrumento é a sinalização das situações manifestas e a interpretação da
causalidade subjacente.
Forma uma equipe com o observador que, na forma tradicional de grupo operativo, é um
observador não participante. Este ao mesmo tempo que serve de tela de projeção pôr sua
característica de permanecer silencioso, recolhe material expresso tanto verbalmente como
pré-verbalmente nos distintos momentos grupais. As notas do observador são analisadas logo

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

em conjunto com o coordenador que com esses elementos pode repensar as hipóteses
formuladas e adequá-las em função do processo grupal.
Posted by at August 2, 2004 01:45 AM

CONSTELAÇÃO FAMILIAR SEGUNDO


BERT HELLINGER

O Trabalho com as Constelações Familiares: O caminho do conhecimento

Dois movimentos nos levam ao conhecimento. O primeiro se estende e quer abarcar algo até
então desconhecido para dele se apropriar e dele dispor. O esforço científico pertence a esse
tipo e sabemos quanto ele transformou, assegurou e enriqueceu o nosso mundo e a nossa
vida. O segundo movimento se origina quando nos detemos, durante nosso esforço em abarcar
o desconhecido, e dirigimos o olhar, não mais para um determinado objeto palpável, mas para
um todo. Assim, o olhar está disposto a receber, simultaneamente, a diversidade que se
encontra à sua frente. Quando nos deixamos levar por esse movimento, por exemplo, diante de
uma paisagem, uma tarefa ou um problema, notamos como nosso olhar fica, ao mesmo tempo,
pleno e vazio. Pois só podemos nos expor à plenitude e suportá-la, quando prescindimos
primeiramente dos detalhes.
Assim, detemo-nos em nosso movimento exploratório e nos retraímos um pouco, até
atingirmos aquele vazio que pode resistir à plenitude e à diversidade. Esse movimento, que
primeiramente se detém e depois se retrai, chamo de fenomenológico. Ele nos conduz a
conhecimentos distintos daqueles obtidos pelo movimento do conhecimento exploratório.
Contudo, ambos se completam. Pois também no movimento do conhecimento científico
exploratório precisamos, às vezes, deter-nos e dirigir nosso olhar, do estreito ao amplo, do
próximo ao distante. Por sua vez, o conhecimento resultante do procedimento fenomenológico
precisa ser verificado no indivíduo e no próximo.

O processo

No caminho do conhecimento fenomenológico, expomo-nos, dentro de um determinado


horizonte, à diversidade dos fenômenos, sem escolher entre eles e nem avaliá-los. Esse
caminho do conhecimento exige, portanto, um esvaziar-se, tanto em relação às idéias
preexistentes quanto aos movimentos internos, sejam eles da esfera do sentimento, da
vontade ou do julgamento. Nesse processo, a atenção é simultaneamente dirigida e não
dirigida, centrada e vazia. A postura fenomenológica requer uma prontidão tensionada para a
ação, sem passar, entretanto, à execução. Graças a essa tensão, tornamo-nos extremamente
capazes e prontos para perceber. Quem a suporta percebe, depois de algum tempo, como a
diversidade presente no horizonte se dispõe em torno de um centro e, de repente, reconhece
uma conexão, uma ordem talvez, uma verdade ou o passo que leva adiante. Esse
conhecimento provém igualmente de fora, é vivenciado como uma dádiva e é, via de regra,
limitado.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

O Trabalho com as Constelações Familiares

O que o procedimento fenomenológico possibilita e requer pode ser experimentado e descrito


de modo especialmente marcante através do trabalho com as constelações familiares. Pois a
colocação da constelação familiar é, por um lado, o resultado de um caminho do conhecimento
fenomenológico e, por outro lado, o procedimento fenomenológico obtém resultado, quando se
trata do essencial, apenas através da contenção e confiança na experiência e compreensão
por ele possibilitadas.

O cliente

O que acontece quando um cliente coloca a sua família na psicoterapia? Em primeiro lugar,
escolhe entre as pessoas de um grupo, representantes para os membros de sua família.
Portanto, para o pai, para a mãe, para os irmãos e para si mesmo, não importando quem ele
escolhe para representar os diversos membros de sua família. Na verdade, é melhor ainda se
escolher os representantes independentemente de aparências externas e sem uma
determinada intenção. Isto já é o primeiro passo em direção a uma contenção e uma renúncia
à intenções e velhas imagens.
Quem escolhe seguindo aspectos exteriores, por exemplo, idade ou características corporais
não se encontra numa postura aberta para o essencial e invisível. Limita a força expressiva da
colocação através de considerações externas. Com isso a colocação de sua constelação
familiar já pode estar, para ele, talvez fadada ao fracasso. Por isso também não importa e
algumas vezes é melhor que o terapeuta escolha os representantes e deixe o cliente configurar
com estes a sua família. Porém, o que deve ser considerado é o sexo das pessoas escolhidas,
isto é, que homens sejam escolhidos para representar os homens e mulheres para as
mulheres.
Escolhidos os representantes o cliente coloca-os no espaço um em relação ao outro. No
momento da colocação é de grande ajuda que ele os segure com ambas as mãos pelos
ombros e assim em contato com eles os posicione em seu lugar. Durante a montagem
permanece centrado, prestando atenção ao seu movimento interior, seguindo-o até sentir que o
lugar para onde conduziu o representante seja o certo. Durante a colocação está em contato
não somente consigo e com o representante, senão também com uma esfera, recebendo daí
também sinais que o ajudarão a encontrar o lugar certo para essa pessoa. Prossegue assim
com os outros representantes até que todos se encontrem em seus lugares. Durante este
processo o cliente está , por assim dizer, esquecido de si mesmo.
Desperta deste esquecimento de si mesmo quando todos estão posicionados. Algumas vezes
é de ajuda quando, em seguida, dá uma volta e corrige o que ainda não está totalmente certo.
Senta-se, então. Podemos perceber imediatamente quando alguém não se encontra nesta
postura de esquecimento de si mesmo e contenção. Por exemplo, quando prescreve para cada
um dos representantes uma determinada postura corporal no sentido de uma escultura, ou
quando monta a constelação muito depressa como se seguisse uma imagem preconcebida ou
quando se esquece de colocar uma pessoa, ou quando declara que uma pessoa já está em
seu lugar certo sem tê-la posicionado de modo concentrado.
Uma constelação familiar que não foi configurada deste modo concentrado termina num beco
sem saída ou de forma confusa.

O terapeuta

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

O terapeuta precisa também se libertar de suas intenções e imagens a fim de que a colocação
de uma constelação familiar tenha êxito. Na medida em que se contém e se expõe centrado à
constelação, reconhece imediatamente se o cliente quer influenciá-lo através de imagens
preconcebidas ou esquivar-se daquilo que começa a se mostrar. Então ele ajuda-o a se centrar
e o conduz a um estado de disposição para que se exponha ao que está acontecendo. Se isso
não for possível, pára com a colocação.

Os representantes

Exige-se também dos representantes uma contenção interna de suas próprias idéias, intenções
e medo. Isso significa que eles devem observar exatamente as mudanças que se manifestam
em seu estado corporal e seus sentimentos enquanto são colocados. Por exemplo, que o
coração bate mais depressa, que querem olhar para o chão, que se sentem repentinamente
pesados ou leves, ou estão com raiva ou tristes. É também de grande ajuda quando prestam
atenção às imagens que emergem e que ouçam os sons e palavras que afloram.
Por exemplo, um americano que estava começando a aprender alemão, ouvia constantemente
durante uma colocação familiar na qual ele representava um pai a sentença alemã: "Diga
Albert". Mais tarde ele perguntou ao cliente se o nome Albert tinha algum significado para ele.
"Mas é claro", foi a resposta", é o nome do meu pai, do meu avô e Albert é o meu segundo
prenome."
Uma outra pessoa que representava em uma constelação o filho de um pai que havia morrido
em um acidente de helicóptero ouvia constantemente o ruído do rotor de um helicóptero. Certa
vez este filho tinha sido o piloto de um helicóptero em que estava também o pai. O helicóptero
caiu, mas os dois sobreviveram. Para que essa postura obtenha resultado são naturalmente
necessárias uma grande sensibilidade e uma enorme prontidão para se distanciar de suas
próprias idéias. E o terapeuta precisa ser muito cauteloso para que as fantasias dos
representantes não sejam captadas como percepções. Tanto o terapeuta quanto os
representantes podem escapar mais facilmente deste perigo quanto menos informações
tiverem sobre a família.

As perguntas

A percepção fenomenológica obtém melhores resultados quando se pergunta só o essencial,


diretamente antes da colocação familiar. As perguntas necessárias são:
Quem pertence à família?
Existem natimortos ou membros da família que morreram precocemente ? Houve na família
destinos especiais, por exemplo deficientes?
Um dos pais ou avós teve anteriormente um relacionamento firme, portanto, foi noivo(a),
casado(a) ou teve de alguma forma um relacionamento longo e significante?
Uma anamnésia extensa dificulta, via de regra, a percepção fenomenológica tanto do terapeuta
como também dos representantes. Por isso, o terapeuta recusa também conversas prévias ou
questionários que vão além das perguntas mencionadas. Pelo mesmo motivo os clientes não
devem dizer nada durante a colocação nem os representantes devem fazer peguntas de
qualquer tipo para os clientes.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Centrar-se em si mesmo
Alguns representantes são tentados a extrair da imagem externa da constelação o que sentem
em vez de prestar atenção à sua percepção corporal e ao seu sentimento interno imediato. Por
exemplo, o representante de um pai dissera que se sentia confrontado pelos filhos porque
estes tinham sido colocados à sua frente. Entretanto, quando prestou atenção ao seu
sentimento interior imediato, percebeu que estava se sentindo bem. Ele se desviara de sua
percepção imediata por causa da imagem externa. Algumas vezes, quando um representante
sente algo que lhe parece indecoroso, não o menciona. Por exemplo, que ele, como pai, sente
uma atração erótica pela filha. Ou uma representante não se arrisca a dizer que ela, como
mãe, se sente melhor quando um de seus filhos quer seguir um membro da família na morte.
O terapeuta presta atenção, portanto, aos leves sinais corporais, por exemplo, um sorriso ou
um retesamento, ou uma aproximação involuntária das pessoas. Quando comunica tais
percepções os representantes podem verificar novamente a sua própria percepção. Alguns
representantes fazem também afirmações amáveis porque pensam que com isso poderão
ajudar ou consolar o cliente. Tais representantes não estão em contato com o que acontece e o
terapeuta deve substitui-los por outros imediatamente.

Os sinais

Um terapeuta que não se mantém constantemente durante a situação inteira em sua


percepção centrada, isto é, sem intenção e sem medo, é levado, muitas vezes através de
afirmações de primeiro plano a um caminho errado ou a um beco sem saída. Com isso os
outros representantes ficam também inseguros. Existe um sinal infalível se uma colocação
familiar está no caminho certo ou não. Quando começa a se perceber no grupo observador
inquietação e a atenção diminui, a colocação não tem mais chance. Nesse caso, quanto mais
depressa o terapeuta interromper o trabalho tanto melhor.
A interrupção permite a todos os participantes concentrar-se novamente e depois de algum
tempo recomeçar o trabalho. Algumas vezes o grupo observador também apresenta sugestões
que levam adiante. Entretanto isto deve ser apenas uma observação. Se tentarem somente
adivinhar ou interpretar, isso aumenta a confusão. Então o terapeuta também deve parar a
discussão e reconduzir o grupo à concentração e seriedade.

A abertura

Tratei minuciosamente destas formas de procedimento e dos obstáculos que podem surgir a
fim de por limites às colocações feitas levianamente. Senão o trabalho com as constelações
familiares pode cair facilmente em descrédito. Alguns procedem de outra forma nas
constelações familiares. Se isso ocorrer a partir de uma atenção centrada pode obter bons
resultados. Entretanto, se ocorrer somente por uma necessidade de delimitação ou para
ganhar prestígio a abertura fenomenológica fica limitada devido às intenções.
A melhor forma de adquirir prestígio é quando se tem novas percepções que podem ser
comprovadas pelos resultados e nas quais se deixa também outros participarem. Se,
entretanto, a delimitação segue idéias teóricas ou é influenciada por intenções e medos que se
recusam em concordar com a realidade que se mostra, isto leva à perda da prontidão para
apreender, com as respectivas consequências para o efeito terapêutico. Se a colocação da
constelação familiar for feita só por curiosidade ela perde a sua seriedade e força. Restam,
então, do fogo talvez apenas as cinzas e do vestido apenas a cauda.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

O início

De volta agora ao trabalho com as constelações familiares. A questão que o terapeuta deve
decidir, em primeiro lugar, é:
Coloco a família atual ou a de origem?
Deu bons resultados começar com a família atual. Pois, dessa maneira, pode-se colocar mais
tarde aquelas pessoas da família de origem que ainda agem fortemente na família atual.
Obtém-se assim uma imagem em que as influências que sobrecarregam e curam através das
várias gerações ficam visíveis e podem ser sentidas. Unicamente quando os destinos da
família de origem são especialmente trágicos é que se começa com a família de origem.

A próxima pergunta é:

Com quem começo a colocação?


Começa-se com o núcleo familiar, portanto, pai, mãe e filhos. Se existe um natimorto ou uma
criança que morreu precocemente, coloca-se esta criança mais tarde para poder ver qual o
efeito que tem na família quando está à vista. A regra é começar com poucas pessoas, deixar-
se conduzir por elas e desenvolver passo a passo a constelação.

O procedimento

Quando a primeira imagem é configurada dá-se ao cliente e aos representantes um pouco de


tempo para que se exponham à ela, deixando-a atuar. Muitas vezes os representantes
começam a reagir espontaneamente, por exemplo, começam a tremer ou chorar ou abaixam a
cabeça, respiram com dificuldade ou olham com interesse ou apaixonadamente para alguém.
Alguns terapeutas perguntam aos representantes muito depressa como eles estão se sentindo,
impedindo ou interrompendo dessa maneira este processo.
Quem faz perguntas aos representantes apressadamente, utiliza este procedimento facilmente
como substituto para a sua própria percepção, tornando os representantes inseguros também.
O terapeuta deixa, em primeiro lugar, a imagem atuar também sobre ele. Freqüentemente vê
imediatamente qual a pessoa que está mais carregada ou em perigo. Se, por exemplo, ela foi
colocada de costas ou de lado, o terapeuta vê que ela quer partir ou morrer. Apenas precisa,
sem perguntar nada a ninguém, dirigi-la uns poucos passos à frente na direção em que está
olhando e prestar atenção ao efeito que esta mudança provoca nela e nos outros
representantes.
Ou se todos os representantes olham para uma mesma direção o terapeuta sabe,
imediatamente, que alguém deve estar na frente deles: uma pessoa que foi esquecida ou
excluída. Por exemplo, uma criança que morreu precocemente ou um noivo anterior da mãe
que morreu na guerra. Então ele pergunta ao cliente quem poderia ser e coloca a pessoa no
quadro antes que qualquer um dos representantes tenha dito algo.
Ou quando a mãe está cercada pelos filhos dando a impressão de que eles estão impedindo a
sua partida, o terapeuta pergunta ao cliente imediatamente: O que aconteceu na família de
origem da mãe que possa esclarecer esta atração por partir. Então ele procura, em primeiro

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

lugar, um alívio e solução para a mãe antes de continuar a trabalhar com os outros
representantes.
O terapeuta desenvolve, portanto, os próximos passos a partir da colocação inicial e busca
informações adicionais do cliente para o próximo passo, sem fazer ou perguntar nada além do
que ele precise para este passo. Com isso a constelação mantém a concentração no essencial
e a sua especial densidade e tensão. Cada passo desnecessário, cada pergunta
desnecessária, cada pessoa adicional que não seja necessária para a solução diminui a tensão
e desvia a atenção das pessoas e dos acontecimentos importantes.

Constelações familiares densas

Freqüentemente é suficiente colocar somente dois representantes, por exemplo, a mãe e o


filho com aids. O terapeuta nem precisa então dar maiores instruções. Deixa os representantes
seguir os movimentos que resultam do campo de forças entre eles, entretanto sem nada dizer.
Assim ocorre um drama mudo, no qual vem à luz não somente os sentimentos das pessoas
participantes mas também emerge um movimento que mostra quais os passos que são
possíveis ou adequados para ambos.

O espaço

Aqui se apresenta o mais surpreendente efeito da postura fenomenológica e sua forma de


procedimento. A contenção centrada do terapeuta e do grupo participante cria o espaço no
qual relacionamentos e emaranhamentos vêm à tona. Eles se movimentam em direção à uma
solução dando a impressão de que os representantes são movidos por uma força poderosa
exterior.
Esta força serve-se deles e deixa parecer muitas das usuais suposições psicológicas e
filosóficas insuficientes e falhas.

A participação

Em primeiro lugar vê-se que existe obviamente um conhecimento através da participação. Os


representantes comportam-se e se sentem como as pessoas que representam embora nem
eles nem o terapeuta possuam informações prévias que vão além dos fatores e
acontecimentos externos mencionados anteriormente. Muitas vezes o cliente fica estupefado
que os representantes expressam as mesmas coisas que conhece das pessoas reais ou que
mostram os mesmos sentimentos e sintomas que as pessoas reais têm. Por isso pode-se
concluir que os membros reais da família também possuem este conhecimento através da
participação de modo que nada de significativo permanece oculto à sua alma.
Há pouco tempo uma conhecida de uma mulher relatou que o seu pai era judeu e que tinha
ocultado este fato de seus filhos, batizando-se. Ela tomara conhecimento disto pouco antes de
sua morte. Nesta oportunidade soube também que o pai tinha ainda duas irmãs que haviam
morrido em um campo de concentração. Esta mulher tivera muitas profissões, uma atrás da
outra. Primeiro tinha sido uma camponesa, depois foi restauradora de velhos móveis antes de
escolher a sua atual profissão de terapeuta. Quando então pesquisou sobre as circunstâncias
da vida de suas duas tias mortas veio à tona que uma delas administrara uma fazenda e a

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

outra uma loja de antigüidades. Sem ter conhecimento disto tinha seguido as duas através de
suas profissões, ligando-se desse modo a elas.

O campo de forças

O esclarecimento para isso permanece um mistério. Rupert Sheldrake provou através de


observações e muitas experiências que cães demonstram através de seu comportamento que
sentem imediatamente quando seu dono ou dona que estão ausentes se põem a caminho de
casa e que percebem imediatamente quando este caminho é interrompido. Sentem também,
algumas vezes, através dos continentes. Portanto, deve existir um campo de forças através do
qual ambos estão diretamente ligados.

Os mortos

Nas constelações familiares torna-se ainda mais evidente através do comportamento dos
representantes e com isso, naturalmente, através do comportamento e dos destinos dos
membros reais da família que eles estão ligados às pessoas que já faleceram há muito tempo.
Como poder-se-ia de outra forma ser esclarecido que numa família, durante os últimos 100
anos, três homens de várias gerações tenham se suicidado com 27 anos de idade no dia 31 de
dezembro e pesquisas revelaram que o primeiro marido da bisavó tinha falecido com 27 anos
no dia 31 de dezembro e tinha sido provavelmente envenenado pela bisavó e seu segundo
marido?

A alma

Aqui atua mais do que um campo de forças. Aqui atua uma alma comum que liga não somente
os vivos mas também os membros falecidos da família. Esta alma abarca somente certos
membros familiares e nós podemos ver pelo alcance de sua atuação quais os membros da
família que foram por ela abrangidos e tomados a seu serviço.
Começando pelos descendentes são os seguintes:
os filhos, inclusive os natimortos e os falecidos,
os pais e seus irmãos,
os avós, algumas vezes ainda um ou outro avô ou avó e também ancestrais que estão ainda
mais longe todos - e isto é especialmente significativo - aqueles que deram lugar para a
vantagem dos membros mencionados anteriormente, principalmente parceiros anteriores dos
pais ou avós, e todos aqueles que através de sua infelicidade ou morte a família teve vantagem
ou lucro.
as vítimas de violência ou morte causadas por membros anteriores dessa família.
Sobre os dois últimos grupos mencionados gostaria de comunicar o que experiências recentes
trouxeram à luz. Nas colocações das constelações familiares de descendentes de pessoas que
acumularam uma grande riqueza, chamou-me a atenção que netos e bisnetos têm tido
destinos terríveis que não podem ser entendidos somente pelos acontecimentos dentro da
família.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Somente depois que as vítimas cuja morte ou infelicidade havia sido o preço para esta riqueza
foram colocadas na constelação veio à tona a extensão da atuação dos destinos destas
pessoas na família. Exemplos para estes casos: trabalhadores que morreram na construção de
ferrovias ou sondagens de petróleo, cuja contribuição para a riqueza e bem-estar dos
industriais não tinha sido reconhecida e valorizada. Em muitas colocações de descendentes de
assassinos, por exemplo, agressores nazistas do 3° Reich pôde-se ver que os netos e bisnetos
queriam se deitar junto às vítimas e com isso corriam extremo risco de se suicidar.
A solução para ambos os grupos era a mesma. As vítimas devem ser vistas e respeitadas por
todos os membros da família. Todos devem reverenciá-las, inclinando-se diante delas, sentir
tristeza e chorar por elas. Depois disso, os ganhadores e agressores originais devem se deitar
ao lado das vítimas e os outros membros da família devem deixá-los aí. Só assim os
descendentes ficam livres. Aqui fica evidente que os membros da família se comportam como
se tivessem uma alma comum e como se fossem chamados a serviço por uma instância
comum preordenada e como se esta instância servisse uma certa ordem e seguisse um certo
objetivo.

O amor

Em primeiro lugar podemos ver que a alma liga os membros da família uns aos outros. Isso vai
tão longe que a alma de uma criança anseia seguir na morte o pai que morreu cedo ou a mãe
que morreu cedo. Pais ou avós também desejam às vezes seguir na morte um(a) filho(a) ou
um(a) neto(a). Podemos observar esse anseio também entre parceiros. Se um deles morre o
outro freqüentemente também não quer mais viver.

O equilíbrio

Em segundo lugar, podemos ver que existe em uma família uma necessidade de equilíbrio
entre o ganho e a perda que abarca várias gerações. Isto é, os que ganharam às custas de
outros pagam com uma perda compensando assim o que ganhou. Ou, se no caso dos
ganhadores se tratarem de agressores, geralmente não são eles que pagam, senão os seus
descendentes. Estes são escolhidos pela alma da família para compensar no lugar de seus
antecedentes, freqüentemente sem que tenham consciência disso.

A precedência dos antecedentes

A alma da família, portanto, dá preferência aos antecedentes em relação aos descendentes,


sendo este o terceiro movimento ou a ordem que a alma da família segue. Um descendente ou
está disposto a morrer por um antepassado se achar que com isso pode evitar a morte dele ou
está disposto a expiar a culpa pendente de um membro familiar anterior. Ou uma filha
representa a mulher anterior de seu pai e se comporta em relação ao pai como se fosse a sua
parceira e como rival em relação à mãe. Se a mulher anterior foi injustiçada, então a filha
apresenta os sentimentos dessa mulher perante os pais.

A totalidade

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Aqui podemos ver também o quarto movimento e a ordem que a alma da família segue. Ele
vela para que a família esteja completa e restaura a sua totalidade com o auxílio de
descendentes para representar os que foram esquecidos, rejeitados ou excluídos. Resumi
aqui, de modo sucinto, os movimentos da alma da família, as leis e as ordens que ela segue.
Eu os descrevo minuciosamente em meu livro " Die Mitte fühlt sich leicht an" ("No centro
sentimos com leveza") nos capítulos "Culpa e Inocência em Sistemas", "Os Limites da
Consciência" e "Corpo e Alma, Vida e Morte" assim como em meu livro "Ordnungen der Liebe"
("As Ordens do Amor") no capítulo "Do Céu que provoca Doenças e da Terra que cura".

As soluções

As questões são as seguintes:


Como o terapeuta encontra uma solução para o cliente?
O que é aqui o procedimento fenomenológico?
Ele vai do próximo ao distante e do estreito ao amplo. Isto é, em vez de olhar somente para o
cliente o terapeuta olha para a sua família e, em vez de olhar somente para o cliente e sua
família ele olha para além deles, para um campo de forças e para a alma que os abarca. Pois é
evidente que o indivíduo e sua família estão integrados em um campo de forças maior e em
uma grande alma e são usados e tomados a seu serviço.
Da mesma forma que o reconhecimento do problema e as soluções possíveis só surgem
freqüentemente através da ligação com algo maior. Por isso se quero ajudar a alma do cliente
eu a vejo governada pela alma da família. Mas se olhar aqui somente para o cliente e sua
família, reconheço, talvez , as ordens e leis que levam a emaranhamentos. Entretanto,
somente apreendo onde estão as soluções se encontro um acesso ao campo de forças e
dimensões da alma que ultrapassam o indivíduo e a sua família.
Não podemos influenciar estas dimensões da alma. Nós podemos somente nos abrir. Porque
quando se tratar de algo decisivo, a compreensão das imagens, frases e passos que
solucionam e curam nos será presenteada por esta alma. O terapeuta abre-se para a atuação
desta grande alma através do recolhimento total de suas intenções e sua consideração pelo
que ele talvez receie, inclusive o receio de fracassar. Então surge repentinamente uma imagem
ou uma palavra ou uma frase que lhe possibilita dar o próximo passo. No entanto é sempre um
passo no escuro.
Apenas no final é que se releva se foi o passo certo que inverte a necessidade. Através da
postura fenomenológica entramos, portanto, em contato com estas dimensões da alma. Isto é,
mais através da não-ação centrada do que através da ação. Através de sua presença centrada
o terapeuta ajuda também o cliente a adquirir esta postura, a compreensão e a força que daí
advêm. Muitas vezes o cliente não agüenta esta compreensão e se fecha a ela novamente. O
terapeuta também concorda com isso, através de seu recolhimento. Também aqui ele não se
deixa envolver nem através de uma reivindicação interna nem externa no destino do cliente e
de sua família.
Pode parecer duro, mas o resultado da experiência mostra que cada compreensão que foi
presenteada desta forma é incompleta e temporária, tanto para o terapeuta quanto para o
cliente.
Retorno, no final, ao começo " à diferença entre o caminho do conhecimento científico e do
fenomenológico". Eu a sintetizei num poema que escrevi já há alguns anos atrás. Ele se
chama:

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Duas maneiras de saber

Um erudito perguntou a um sábio,


como as partes se unem num todo
e como o saber sobre as muitas partes
se diferencia do saber sobre o todo.
O sábio respondeu:
O disperso se agrega num todo
quando encontra seu centro
e passa a atuar.
Pois so tendo um centro, o muito torna-se Essencial e real,
e o todo então se nos revela como algo simples,
quase como pouco,
como força serena que segue adiante,
uma força que tem peso
e está contígua àquilo que sustenta.
Assim, para conhecer
ou transmitir o todo,
não preciso
saber,
dizer,
ter,
fazer
tudo em detalhe.
Quem quer entrar na cidade
passa por uma única porta.
Quem dá uma badalada num sino
faz retinir, com esse único som, muitos outros.
E quem colhe a maçã madura
não precisa averiguar a sua origem.
Ele a segura na mão
e a come.
O erudito não concordou: quem quer a verdade,
tem que conhecer também todos os detalhes.
Mas o sábio contestou.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Sabe-se muito apenas sobre a verdade que nos foi legada .


A verdade que leva adiante
é nova,
e ousada.
Pois ela contém o seu fim
assim como, uma semente, a árvore.
Portanto, aquele que ainda hesita em agir,
porque quer saber mais
do que lhe permite o próximo passo,
não aproveita o que atua.
Ele toma a moeda
pela mercadoria,
e transforma em lenha
as árvores.
O erudito acha
que essa só pode ser uma parte da resposta
e pede-lhe
um pouco mais.
Mas o sábio se recusa,
pois o todo é, no princípio, como um barril de mosto:
doce e turvo.
E precisa fermentação durante um tempo suficiente,
até ficar claro.
Então, aquele que o bebe em vez de degustá-lo,
passa a cambalear embriagado.

CONSTELAÇÃO FAMILIAR – O RESGATE DE SI MESMO

Constelação Familiar é um método eficaz e poderoso, para reconhecer emaranhamentos na


vida familiar do ser humano, trazendo relaxamento e compreensão nas situações
problemáticas vivenciadas na família. Isso permite que o amor flua novamente entre os
membros do Sistema Familiar.
A Terapia Sistêmica Fenomenológica foi criada pelo Terapeuta alemão Bert Hellinger. Seu
trabalho mostra como forças entranhadas profundamente no Sistema Familiar podem ser
redirecionadas para o equilíbrio, quando membros desse sistema são reconhecidos,
respeitados e colocados no seu devido lugar. Bert Hellinger desenvolveu uma série de novos
procedimentos psicoterapêuticos. Enfocando dinâmicas que envolvem várias gerações trouxe a

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

compreensão das implicações fatídicas e freqüentemente inconscientes dentro das famílias,


implicações essas que ele reuniu sob o conceito “ Ordens do Amor”. No caminho do
conhecimento fenomenológico, é necessário expor-se, dentro de um determinado horizonte, à
diversidade dos fenômenos, onde não se escolhe entre eles e nem os avalia. Apenas, esse
procedimento exige um esvaziar-se em relação às idéias preexistentes quanto aos movimentos
internos, sendo eles do campo do sentimento, da vontade ou do julgamento. Em suma, nesse
processo a atenção é dirigida e não dirigida, centrada e vazia, acarretando a postura
fenomenológica que requer um estado de prontidão tencionada para a ação, sem executá-la.
Devido a esta tensão, torna-se a pessoa extremamente capaz e pronta para perceber. E, após
um tempo, ela vê como a diversidade presente no horizonte se dispõe ao redor de um centro e,
de repente, reconhece uma conexão, uma ordem, uma verdade ou o passo que permite
continuar adiante. Esse procedimento é externo, experienciado como uma dádiva e, via de
regra, limitado. O procedimento fenomenológico possibilita e requer a experiência do que foi
descrito acima. Através da colocação da Constelação Familiar experiencia-se o resultado de
um caminho do conhecimento fenomenológico e ao mesmo tempo, obtém-se o procedimento
fenomenológico como resultado. O trabalho é realizado dentro de um contexto onde o cliente
escolhe entre as pessoas de um grupo, representantes para os membros de sua família. Seu
pai, sua mãe, seus irmãos e para si mesmo, não importando quem ele escolha para
representar os vários membros de sua família. É considerado melhor se ele escolher os
representantes independentemente de aparências externas e sem uma determinada intenção.
Este é o primeiro passo para uma contenção e renúncia a intenções ou antigas imagens. Quem
busca semelhanças físicas nos representantes, por ex, não se encontra numa postura aberta
para o essencial e invisível. Limita, assim, a força expressiva da colocação através de
considerações externas. Assim sendo, a colocação de sua Constelação Familiar já pode estar,
para ele, fadada ao fracasso. Algumas vezes é melhor que o Terapeuta escolha os
representantes e deixe o cliente configurar sua família. Deve ser considerado o sexo das
pessoas escolhidas, isto é, que homens sejam escolhidos para representar os homens e
mulheres para as mulheres. O cliente coloca os representantes no espaço um em relação ao
outro. Neste momento é importante que ele os segure com ambas as mãos pelos ombros, e,
assim, em contato com eles os posicione em seu lugar. É imprescindível que durante a
montagem o cliente esteja centrado, observando seu movimento interior, seguindo-o ate sentir
que o lugar para onde conduziu o representante seja o correto. Assim ele prossegue até que
todos os representantes se encontrem em seus lugares. Durante esse processo o cliente
encontra-se esquecido de si mesmo. À medida que todos estejam posicionados ele desperta
deste esquecimento e é de grande ajuda, quando ele dá uma volta e corrige algo que não
esteja totalmente correto. Aí ele se senta. Pode-se perceber quando o cliente não está
esquecido de si mesmo. Por ex., quando coloca um dos representantes tal e qual uma
escultura, ou quando monta a Constelação Familiar muito rapidamente, como se seguisse uma
imagem pré-concebida ou quando se esquece de colocar uma pessoa, ou quando declara que
uma pessoa já esta em seu lugar certo sem tê-la posicionado de modo concentrado. Esta
Constelação Familiar tende a terminar num beco sem saída ou de forma confusa. É necessário
que o Terapeuta também se liberte de suas intenções e imagens para que a colocação de uma
Constelação Familiar tenha êxito. À medida que se contém e se centra na Constelação,
reconhece imediatamente se o cliente quer influenciá-lo com imagens pré-concebidas ou
esquivar-se daquilo que começa a se mostrar. Então, ele leva o cliente a se centrar e o conduz
ao estado de disposição para que se exponha ao que está acontecendo. Quando isso não é
possível, interrompe-se a Constelação. Cabe também aos representantes uma contenção
interna de suas intenções, idéias e medo. Isso possibilita a observação das mudanças que se
manifestam em seu estado corporal e seus sentimentos enquanto são colocados. Por ex., que
querem olhar para o chão, para o alto, que se sentem pesados ou leves, que o coração bate
mais depressa, se estão com raiva ou tristes, ou com medo. Ajuda bastante quando prestam
atenção às imagens que emergem e que ouçam os sons e palavras que afloram. É necessária

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

uma grande sensibilidade e uma enorme prontidão para se distanciar de suas próprias idéias.
É necessário que o Terapeuta seja muito cauteloso para que as fantasias dos representantes
não sejam captadas como percepções. Tanto o Terapeuta como os representantes podem
escapar mais facilmente desta situação quanto menos informações tiverem sobre a família. A
percepção fenomenológica acarreta melhores resultados quando se questiona só o essencial,
diretamente antes da Constelação Familiar. As perguntas necessárias são: 1-Quem pertence à
família? 2-Houve na família destinos especiais, por ex., deficientes? Há natimortos? Ou
membros da família morreram precocemente? 3-Um dos pais ou avós teve anteriormente um
relacionamento firme? A percepção fenomenológica do Terapeuta e representantes será
dificultada se a anamnese for muito longa. Cabe ao Terapeuta recusar conversas prévias ou
questionários que vão além das perguntas citadas anteriormente. Pela mesma razão o cliente
deve calar-se durante a colocação e nem os participantes devem fazer perguntas de qualquer
natureza para o cliente. Faz-se necessário que os representantes comuniquem ao Terapeuta o
que sentem ao invés de prestarem atenção à imagem externa da Constelação ou que tentem
“ajudar” o cliente com afirmações amáveis. Nestes casos, o Terapeuta deve substituí-los por
outros imediatamente. É importante que o representante fale ao Terapeuta o que realmente
experiência interiormente. Por ex., um pai que sente uma atração erótica pela filha, ou uma
mãe que se sente melhor quando um de seus filhos quer seguir um membro da família na
morte. A atenção do Terapeuta é direcionada para os mais leves sinais corporais, por ex, um
retesamento, uma aproximação ou afastamento involuntário das pessoas, um sorriso. Estando
ele centrado perceptivamente, isto é, livre de intenções e medos à colocação da Constelação
Familiar terá sempre êxito. Um sinal infalível de que algo está errado, é quando se percebe que
no grupo observador há inquietação e a atenção diminui. Neste caso, quanto mais rápido o
Terapeuta interromper o trabalho será melhor. A interrupção permite a todos os participantes
concentrar-se novamente e, depois de algum tempo, recomeçar o trabalho. Pode acontecer
que o grupo observador apresente sugestões. Porém isto deve ser apenas uma observação.
Nada de interpretações. Ou de colocações feitas levianamente, ou em busca de adquirir
prestígio, ou por curiosidade. Perde-se a sua seriedade e forma. Cabe ao terapeuta, decidir
com qual família ele iniciará seu trabalho. Família atual ou a de origem? Colocando-se a família
atual pode-se colocar mais tarde aquelas pessoas da família de origem que ainda atuam
fortemente na família atual. Desta forma, tem-se uma imagem onde as influências que
sobrecarregam e trazem o equilíbrio através de várias gerações tornam-se visíveis e podem
ser sentidas. Onde existem trágicos destinos na família de origem é necessário iniciar-se o
trabalho com ela. É importante começar a colocação com o núcleo familiar, isto é, pai, mãe e
filhos. Quando existe um natimorto ou uma criança que morreu precocemente, coloca-se esta
criança posteriormente para se observar qual o efeito que tem sobre a família. É mais
proveitoso iniciar a colocação com poucas pessoas, deixar-se conduzir por elas e desenvolver
a Constelação. Quando se configura a primeira imagem, permite-se ao cliente e representantes
um tempo para que se exponham a ela, deixando-a atuar. Há ocasiões em que os
representantes começam a agir, por ex., tremendo, chorando ou abaixando a cabeça,
respirando dificilmente ou olhando com interesse ou apaixonadamente para alguém. É
importante o Terapeuta dar tempo e observar suas reações, permitindo a verdadeira situação
se concretizar. O Terapeuta em sua postura perceptiva, vai primeiramente até à pessoa que
sente estar mais necessitada. Se, por ex., ela foi colocada de costas ou de lado, o Terapeuta
vê que ela quer partir ou morrer. Apenas conduzí-la uns passos para a frente na direção em
que ela está olhando e prestar atenção ao efeito provocado nela e nos outros. Caso todos os
representantes olhem para uma só direção, o Terapeuta sabe que alguém deve estar na frente
deles: uma pessoa esquecida ou excluída. O Terapeuta pergunta quem será esta pessoa e a
coloca na Constelação dando continuidade ao trabalho. Outro exemplo é quando a mãe está
cercada pelos filhos, onde se tem a impressão que eles a impedem de partir. O Terapeuta
pergunta o que aconteceu na família de origem dela e, procura uma solução para a mãe antes
de continuar com os demais representantes. O Terapeuta irá desenvolver os passos seguintes

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

sempre respeitando a colocação inicial e mantendo a concentração no essencial, na densidade


e na tensão próprias ao trabalho. Passos desnecessários acarretarão a diminuição da tensão e
desviará a atenção das pessoas e acontecimentos importantes. Há casos mais densos onde
coloca-se somente dois representantes. Por ex., mãe e filho com uma doença incurável. O
Terapeuta nada diz. Só observa o que se passa entre eles dentro deste campo de forças.
Desta forma, vem à luz não somente os sentimentos das pessoas mas também emerge um
movimento onde surgem os passos possíveis ou adequados a ambos. Os representantes
comportam-se e se sentem como as pessoas que representam, embora não possuam
informações prévias dos acontecimentos externos mencionados anteriormente. O campo de
forças não pode ser esclarecido: permanece um mistério. Evidencia-se também, através do
comportamento dos representantes e, com isso, através do comportamento e dos destinos dos
membros reais da família, que eles estão ligados às pessoas que já faleceram há muito tempo.
Há uma alma que atua mais que um campo de forças. Atua uma alma comum que liga não
somente os vivos mas também os membros falecidos de uma família. Através da Constelação
Familiar o Terapeuta vai do próximo ao distante e do estreito ao amplo. Ele olha para o cliente
e sua família, para a alma deles, para um campo de forças e para a alma que os abarca. Pois
eles estão integrados em um campo de forças maior e em uma grande alma e são usados e
tomados a seu serviço. No centro das atenções está a percepção de forças atuantes ( por ex.:
O “amor vinculador”, a “consciência”, a “alma grande”) que se devotam ao bem-estar e ao
direito de todos, inclusive de familiares falecidos há muito tempo,e que mantém coesos a
família e o clã. Partindo da montagem da sua Constelação o cliente visualiza as implicações,
os bloqueios, os vínculos secretos, transformando-se em ponto de partida de um processo de
solução. Transformar o amor primário da criança em amor sensato e cônscio; libertar o
indivíduo da identificação com familiares excluídos, inserindo-o no Sistema Familiar pela
valorização; transformar a culpa reconhecida em força para o bem; experimentar a
benevolência e a força que emanam dos falecidos quando estes são devidamente
reconhecidos; consentir com a Existência para que seja possível a reconciliação e a aceitação
de um destino difícil, de enfermidades e da morte. Representantes, cliente e Terapeuta
experienciam as soluções em consonância com o todo. Seu procedimento é fenomenológico.
Através da Constelação Familiar pode-se trazer à luz a dinâmica escondida no Sistema
Familiar e desenvolver a força interior nesta família. A capacidade de entender seu próprio
comportamento fica ampliada, sendo possível, a reconciliação consigo mesmo e com os outros
membros do Sistema. É uma forma eficaz de resolver emaranhamentos antigos e liberar toda a
energia para se viver uma vida mais saudável, natural e espontânea- redirecionando a energia
para o equilíbrio. Dissolvendo os “nós” familiares antigos, o cliente libertar-se-á bem como a
gerações passadas e futuras de sua família. Normalmente este trabalho é realizado em grupos
ou individualmente. Sessões individuais também funcionam num nível bem profundo, onde
diferentes símbolos são usados para representar as posições dos membros da família. A
abrangência deste trabalho atinge profissionais de todas as áreas, pessoas que queiram
trabalhar suas relações familiares e amorosas, perdas e/ou lutos, comportamentos destrutivos,
dificuldades profissionais, bloqueios afetivos etc. Através das Constelações Familiares o ser
humano se dispõe a ir bem mais profundamente dentro de si mesmo, aprofundando e
ampliando seu auto-conhecimento – resgatando-se e sentindo-se mais autêntico em sua vida.
Eloyana Silveira é Terapeuta Holística, CRT 21105, modalidade Psicanalista e é também
Pedagoga. Desde 1995 viaja à Índia, dividindo seu tempo entre Brasil e este país e dedicando-
se a uma intensa jornada interior. Participou de diferentes cursos, grupos, treinamentos e
meditações na Osho Multiversity, em Pune, Índia.
Em sua caminhada está sempre em busca de algo novo que traga mais expansão para a sua
consciência, maior paz para si mesma e para se dedicar à sua vocação: ser facilitadora da
busca/encontro de seus semelhantes.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Está sempre atualizando-se através de estudos constantes no Brasil e nos trabalhos da Osho
Multiversity.
Em 1998, em Pune, experienciou o trabalho de Bert Hellinger com as Constelações Familiares.
Desde então, tem se aprofundado nesta terapia, experienciando em si mesma a profundidade,
o equilíbrio e a paz decorrentes dos resgates que tem feito em sua vida. Faz da Meditação o
caminho para se conectar com a Perfeita Essência da VIDA.
Ela desenvolve seu trabalho no Brasil e em Pune atendendo pessoas de diferentes partes do
mundo que vão ate à Índia em busca de um crescimento interior.

Palestra de Bert Hellinger


São Paulo –Agosto de 1999

Para que o Amor dê Certo

. Sumário
. Ordem e amor (poema)
. Tomar a vida
. E algo que é próprio
. O mesmo (poema)
. Aceitar tudo o mais que nossos pais nos dão
. O tamanho de criança
. Receber e exigir
. A equiparação
. O grupo familiar
. O direito de pertencer
. Os excluídos são representados
. A solução
. A imagem mágica do mundo e suas conseqüências
. Homens e Mulheres
. O vínculo
. A ordem de precedência
. Dois modos de ser feliz (uma história)

Sumário

Muita gente julga que o amor tem o poder de superar tudo, que é preciso apenas amar
bastante e tudo ficará bem. Contudo, a experiência mostra que isto não é verdade. Muitos

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

pais são forçados a experimentar que, apesar do amor que dão a seus filhos, estes não se
desenvolvem como eles esperavam. São forçados a ver seus filhos adoecerem, se
drogarem ou suicidarem, apesar de todo o amor que lhes dão. Para que o amor dê certo, é
preciso que exista alguma outra coisa ao lado dele. É necessário que haja o conhecimento
e o reconhecimento de uma ordem oculta do amor.

Ordem e amor

O amor preenche o que a ordem abarca.


O amor é a água, a ordem é o jarro.
A ordem ajunta,
o amor flui.
Ordem e amor atuam juntos.
Como uma linda canção obedece às harmonias,
assim o amor obedece à ordem.
Assim como o ouvido dificilmente se acostuma
às dissonâncias, mesmo quando são explicadas,
assim também nossa alma dificilmente se acostuma
ao amor sem ordem.
Muita gente trata essa ordem
como se ela fosse uma opinião
que se pode ter ou mudar à vontade.
Contudo, ela nos preexiste.
Ela atua, mesmo que não a entendamos.
Não é inventada, mas encontrada.
É por seus efeitos que a descobrimos,
Como descobrimos o sentido e a alma.

Muitas dessas ordens são ocultas. Não podemos sondá-las. Elas atuam nas profundezas da
alma, e freqüentemente as encobrimos com pensamentos, objeções, desejos e medos. É
preciso tocar no fundo da alma para vivenciar as ordens do amor.

Tomar a vida

Direi primeiro alguma coisa sobre as ordens do amor entre pais e filhos e, do ponto de
vista da criança, isto é, do filho para com seus pais. Aqui menciono algumas verdades
banais. Elas são tão óbvias que eu quase me envergonho de citá-las. Não obstante, são
freqüentemente esquecidas.
O primeiro ponto é que os pais, ao darem a vida, dão à criança, nesse mais profundo ato
humano, tudo o que possuem. A isso eles nada podem acrescentar, disso nada podem

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

tirar. Na consumação do amor, o pai e a mãe entregam a totalidade do que possuem.


Pertence portanto à ordem do amor que o filho tome a vida tal como a recebe de seus pais.
Dela, o filho nada pode excluir, nem desejar que não exista. A ela, também, nada pode
acrescentar. O filho é os seus pais. Portanto, pertence à ordem do amor para um filho, em
primeiro lugar, que ele diga sim a seus pais como eles são -- sem qualquer outro desejo e
sem nenhum medo. Só assim cada um recebe a vida: através dos seus pais, da forma
como eles são.
Esse ato de tomar a vida é uma realização muito profunda. Ele consiste em assumir minha
vida e meu destino, tal como me foi dado através de meus pais. Com os limites que me são
impostos. Com as possibilidades que me são concedidas. Com o emaranhamento nos
destinos e na culpa dessa família, no que houver nela de leve e de pesado, seja o que for.
Essa aceitação da vida é um ato religioso. É um ato de despojamento, uma renúncia a
qualquer exigência que ultrapasse o que me foi transmitido através de meus pais. Essa
aceitação vai muito além dos pais. Por esta razão, não posso, nesse ato, considerar apenas
os meus pais. Preciso olhar para além deles, para o espaço distante de onde se origina a
vida e me curvar diante de seu mistério. No ato de tomar os meus pais, digo sim a esse
mistério e me ajusto a ele.
O efeito desse ato pode ser comprovado na própria alma. Imaginem-se curvando-se
profundamente diante de seus pais e dizendo-lhes:"Eu tomo esta vida pelo preço que
custou a vocês e que custa a mim. Eu tomo esta vida com tudo o que lhe pertence, com
seus limites e oportunidades". Nesse exato momento, o coração se expande. Quem
consegue realizar esse ato, fica bem consigo, sente-se inteiro.
Como contraprova, pode-se igualmente imaginar o efeito da atitude oposta, quando uma
pessoa diz: "Eu gostaria de ter outros pais. Não os suporto como eles são." Que
atrevimento! Quem fala assim, sente-se vazio e pobre, não pode estar em paz consigo
mesmo.
Algumas pessoas acreditam que, se aceitarem plenamente seus pais, algo de mau poderá
infiltrar-se nelas. Assim, não se expõem à totalidade da vida. Com isto, contudo, perdem
também o que é bom. Quem assume seus pais, como eles são, assume a plenitude da
vida, como ela é.

E algo que é próprio

Mas aqui existe ainda um mistério que não posso justificar. Com efeito, cada um
experimenta que também tem em si algo de único, algo que é inteiramente próprio,
irrepetível, e não pode ser derivado de seus pais. Isso também ele precisa assumir. Pode
ser algo de leve ou de pesado, algo de bom ou de mau. Isto não podemos julgar.
A pessoa que encara o mundo e sua própria vida com olhos desimpedidos pode ver que
tudo o que ela faz obedece a uma ordem. Tudo o que ela faz ou deixa de fazer, tudo o que
ela apoia ou combate, ela o realiza porque foi encarregada de um serviço que ela própria
não entende. Aquele que se entrega a tal serviço, experimenta-o como uma tarefa ou
como um chamado, que não se baseia nos próprios méritos nem na própria culpa (quando
for algo de pesado ou cruel). Ele foi simplesmente tomado a serviço.
Quando contemplamos o mundo desta maneira, cessam as diferenças habituais. Costumo
descrever isto com o dito seguinte:

O mesmo

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

A brisa sopra e sussurra,


A tempestade varre e se enfurece,
E no entanto
é o mesmo vento,
o mesmo canto.
A mesma água
nos tira a sede e nos afoga,
nos carrega e nos sepulta.
Todo ser vivo se desgasta,
se mantém vivo e se aniquila.
Em ambos os casos,
a mesma força o impele.
Ela é que conta.
A quem servem então as diferenças?
Falei até aqui sobre a ordem fundamental da vida. Foi-nos concedido termos pais e sermos
filhos. E temos também algo de próprio.

Aceitar tudo o mais que nossos pais nos dão

Na verdade, os pais não dão aos filhos apenas a vida. Eles nos dão também outras coisas:
alimentam-nos, educam-nos, cuidam de nós e assim por diante. Convém à criança que ela
tome tudo isso, da forma como o recebe. Quando a criança o aceita de bom grado,
costuma bastar. Existem exceções, que todos conhecemos, mas via de regra é suficiente.
Pode não ser sempre o que desejamos, mas é o bastante.
Nesse particular, pertence à ordem que o filho diga a seus pais: "Eu recebi muito. Sei que é
muito, é o bastante. Eu o tomo com amor". Então ele se sente pleno e rico, seja qual for a
situação. Então ele acrescenta: "o resto, eu mesmo faço". Isto também é um belo
pensamento. Finalmente, o filho ainda pode dizer aos pais: "E agora eu os deixo em paz".
O efeito destas frases vai muito fundo: agora o filho tem seus pais e os pais têm o filho.
Pais e filho estão simultaneamente separados e felizes. Os pais concluíram sua obra e a
criança está livre para viver sua vida, com respeito pelos seus pais mas sem dependência.
Imaginem agora a situação contrária, quando o filho diz aos pais: "O que vocês me deram
foi errado e foi muito pouco. Vocês ainda estão me devendo muito". O que esse filho tem
de seus pais? Nada. E o que têm dele os pais? Igualmente nada. Esse filho não consegue
soltar-se de seus pais. Sua censura e sua reivindicação o vinculam a eles, mas de uma
forma tal que ele não os tem. Ele se sente vazio, pequeno e fraco.
Esta seria a segunda lei do amor entre filhos e pais.

O tamanho de criança

Existe algo que os pais adquirem por mérito pessoal. Se a mãe, por exemplo, tem um dom
especial - suponhamos que ela seja pintora e pinte quadros maravilhosos - então isso

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

pertence a ela e não ao filho. Este não pode reivindicar ser também um bom pintor, a não
ser que o tenha merecido por dotação própria e dedicação pessoal.
A mesma coisa vale para a riqueza dos pais. O filho não tem o direito de reivindicá-la,
como é o caso da herança. O que ele vier a receber será puro presente.
Isto vale ainda para a culpa pessoal dos pais. Também esta pertence exclusivamente a
eles. Com freqüência, uma criança presume, por amor, tomar sobre si essa culpa, carregá-
la em nome dos pais. Também isto vai contra a ordem. A criança se arroga um direito que
não lhe compete. Quando os filhos querem expiar pelos pais, estão se julgando superiores
a eles. Os pais passam a ser tratados como crianças, cuidadas por seus próprios filhos, que
assumem o papel de pais.
Uma senhora, que recentemente participou de um grupo meu, tinha um pai cego e uma
mãe surda. Os dois se completavam bem, mas a filha achava que devia cuidar deles.
Quando montei a constelação de sua família, ela se comportou como se fosse ela a pessoa
grande. Porém sua mãe lhe disse: "Esse assunto com seu pai eu resolvo sozinha". E o pai
lhe disse: "Esse assunto com sua mãe eu resolvo sozinho. Não precisamos de você para
isso". Aquela senhora ficou muito desapontada, porque foi reduzida ao seu tamanho de
criança.
Na noite seguinte, ela não conseguiu dormir. Aliás, ela sentia uma grande dificuldade para
adormecer. Perguntou-me se eu podia ajudá-la. Respondi: "Quem não consegue dormir
talvez esteja pensando que precisa vigiar". Contei-lhe então a história de Borchert sobre o
menino de Berlim que, no fim da guerra, tomava conta de seu irmão morto, para que os
ratos não o comessem. O menino estava esgotado, porque achava que devia ficar vigiando.
Nisto, passou por ali um senhor simpático que lhe disse: "Mas os ratos dormem à noite". E
a criança adormeceu.
Na noite seguinte, aquela senhora dormiu melhor.
Portanto, a ordem do amor entre filhos e pais estabelece, em terceiro lugar, que
respeitemos o que pertence pessoalmente a nossos pais e o que eles podem e devem fazer
sozinhos.

Receber e exigir

A ordem do amor entre pais e filhos envolve ainda um quarto elemento. Os pais são
grandes, os filhos pequenos. Assim, o certo é que os pais dêem e os filhos recebam. Pelo
fato de receber tanto, o filho sente a necessidade de pagar. Dificilmente suportamos
quando recebemos algo sem dar algo em troca. Mas, em relação a nossos pais, nunca
podemos compensar. Eles sempre nos dão muito mais do que podemos retribuir.
Alguns filhos querem escapar da pressão de retribuir e dos sentimentos de obrigação ou de
culpa. Eles dizem então: "Prefiro nada receber, assim não sinto obrigação nem culpa".
Esses filhos se fecham para seus pais e, nessa mesma medida, sentem-se pobres e vazios.
Pertence à ordem do amor que os filhos digam: "Eu recebo tudo com amor". Assim, eles
irradiam contentamento para os pais, e estes percebem a felicidade deles. Esta é uma
forma de receber que é simultaneamente uma compensação, porque os pais se sentem
respeitados por esse receber com amor. Eles dão, então, com um prazer ainda maior.
Quando, porém, os filhos dizem: "Vocês têm que me dar mais", o coração dos pais se
fecha. Por causa da exigência do filho, eles não podem mais cumulá-lo de amor. Este é o
efeito de tais reivindicações. Esse filho, por sua vez, mesmo quando recebe alguma coisa,
não consegue tomar o que exigiu.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

A equiparação

A verdadeira equiparação entre o dar e o tomar na família consiste em passar adiante o


dom. Quando a criança diz: "Eu tomo tudo, e quando eu crescer, eu darei por minha vez",
os pais ficam felizes. A criança, no seu dar, não olha para trás, mas para a frente. Os pais
fizeram o mesmo. Eles receberam de seus pais e deram a seus filhos. Justamente pelo fato
de terem recebido tanto, sentem-se pressionados a dar, e podem igualmente fazê-lo.
Até aqui, falei das ordens do amor entre filhos e pais.

O grupo familiar

Entretanto, nossa vinculação não se limita aos pais. Pertencemos também a um grupo
familiar, a uma estirpe, um sistema maior. O grupo familiar se comporta como se fosse
dirigido por uma instância comum e superior. Ele é comparável a um bando de pássaros
em formação. De repente, todos mudam a direção do vôo, como se tivessem sido movidos
por uma força superior comum.
No grupo familiar, essa instância superior atua quase como um comando (Gewissen)
interior partilhado por todos, e que atua de modo amplamente inconsciente. Reconhecemos
as ordens a que obedece pelos bons efeitos de sua observância e pelos maus efeitos de sua
violação.
Quero citar, para começar, o círculo de pessoas que são abarcadas e dirigidas por esse
comando interior (Gewissen), cuja amplitude podemos reconhecer por seus efeitos. Estão
nele incluídos:
Todos os filhos, inclusive os que morreram ou foram abortados;
Os pais e todos os seus irmãos;
Os avós;
Eventualmente, algum bisavô ou até mesmo um antepassado ainda mais distante,
principalmente se teve um destino mau.
Incluem-se ainda pessoas sem relação de parentesco, a saber, aquelas de cuja morte ou
infelicidade pessoas da família se beneficiaram, como são, por exemplo, antigos parceiros
dos pais e dos avós.

O direito de pertencer

No interior de cada grupo familiar, vale a ordem básica, a lei fundamental: todas as
pessoas do grupo familiar possuem o mesmo direito de pertencer. Em muitas famílias e
grupo familiares, determinados membros são excluídos. Alguns dizem, por exemplo: "Esse
tio não vale nada, ele não pertence a nós", ou então: "Dessa criança ilegítima nada
queremos saber". Com isso, recusam a essas pessoas o direito de pertencer.
Existem também os que dizem: "Sou católico, você é evangélico. Como católico, tenho
mais direito de pertencer que você". Ou inversamente: "Como protestante, tenho mais
direito, porque minha fé é mais verdadeira. Você é menos crente do que eu, portanto tem
menos direito de pertencer". Isto não é hoje tão freqüente como antigamente, mas ainda
acontece.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Ocorre ainda, quando um filho morre prematuramente, que seus pais dão seu nome ao
filho seguinte. Com isto, estão dizendo ao primeiro: "Você não pertence à família. Temos
um substituto para você". Assim o filho morto não conserva nem mesmo o seu próprio
nome. Com freqüência, não é mais contado nem mencionado. Assim lhe é negado e
retirado o direito de pertencer.
O excesso de moral de alguns, que se sentem melhores e superiores a outros, na prática
significa dizer-lhes: "Tenho mais direito de pertencer que você". Ou, quando alguém
condena uma pessoa ou a considera má, praticamente está lhe dizendo: "Você tem menos
direito de pertencer do que eu". "Bom" significa então: "Tenho mais direitos", e "mau"
significa: "Você tem menos direitos".

Os excluídos são representados

Essa lei fundamental, que assegura a todos o mesmo direito de pertencer, não tolera
nenhuma violação. Quando isso acontece, existe no sistema uma necessidade inconsciente
de compensação, que faz com que os excluídos ou desprezados sejam mais tarde
representados por algum outro membro da família, sem que essa pessoa tenha consciência
do fato.
Quando, por exemplo, um homem casado se relaciona com outra mulher e diz à própria
esposa: "Não quero mais saber de você", inventando falsas razões e cometendo injustiça
contra ela, e depois se casa com a segunda mulher e tem filhos com ela, sua primeira
mulher será representada por um desses filhos. Uma menina, por exemplo, combaterá o
pai com o mesmo ódio da parceira rejeitada, sem que tenha a menor consciência dessa
representação. Aqui atua uma força secreta de compensação, para que a injustiça feita à
primeira pessoa seja vingada por uma segunda.
Muitos acontecimentos infelizes na família como, por exemplo, desvios de comportamento
dos filhos, doenças, acidentes e suicídios acontecem pelo fato de que um filho
inconscientemente representa um excluído e quer dar-lhe reconhecimento. Nisso se revela
ainda uma outra propriedade da instância superior. Ela faz reinar justiça para com aqueles
que vieram antes e injustiça para os que vêm depois.

A solução

A solução de um tal emaranhamento torna-se possível quando a ordem básica é


restabelecida, isto é, quando os excluídos voltam a ser acolhidos e respeitados. Neste caso,
por exemplo, a segunda mulher deveria dizer à primeira: "Eu tenho este homem às suas
custas. Eu honro isto e reconheço que foi feita injustiça a você. Por favor, queira bem a
mim e a meus filhos". Desta forma, a primeira mulher é respeitada. Nas constelações
familiares, pode-se perceber então como se relaxa o rosto da primeira mulher, como ela se
torna amigável pelo fato de ser respeitada. Com isso, é reconhecido o seu direito de
pertencer.
A solução exige também que a menina, que imita essa mulher, lhe diga interiormente: "Eu
pertenço apenas à minha mãe e ao meu pai. Aquilo que se passou entre vocês adultos não
tem nada a ver comigo". Ela diz a seu pai: "Você é meu pai, e eu sou sua filha. Por favor,
olhe-me como sua filha". Então o pai não precisa mais ver nela sua ex-mulher, não precisa
mais defrontar-se com o ódio ou a tristeza que ela possa ter. Ou, se ele ainda a ama, não
precisa ver a criança como sua amante, mas apenas como sua filha. Então a criança pode
ser a filha, e o pai pode ser o pai.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

A criança precisa também dizer ao pai: "Esta aqui é a minha mãe. Com sua primeira
mulher não tenho nada a ver. Eu tomo esta como minha mãe. Esta é para mim a certa". E
então ela precisa dizer à mãe: "Com a outra mulher eu nada tenho a ver". De outra forma,
essa criança se tornará uma rival da mãe, e não poderá ser filha. Talvez a mãe veja nela
inconscientemente a outra mulher, e então mãe e filha entram em conflito como se fossem
duas amantes rivais. Mas quando a criança diz: "Você é minha mãe e eu sou sua filha, com
a outra não tenho nada a ver. Eu tomo você como minha mãe", então a ordem é
restabelecida.
Existem contudo emaranhamentos bem mais complicados. Quando, por exemplo, numa
família, um filho morre prematuramente, os filhos sobreviventes carregam muitas vezes
um sentimento de culpa pelo fato de estarem vivos, enquanto seu irmão está morto.
Acreditam que, por estarem vivos, possuem uma vantagem sobre o irmão falecido. Então
eles querem compensar isto, por exemplo, deixando-se ficar mal, adoecendo ou mesmo
desejando morrer, sem que saibam por quê.
Aqui pertence à ordem do amor que eles digam interiormente ao irmão morto: "Você é
meu irmão (minha irmã). Eu respeito você como meu irmão (minha irmã). Você tem um
lugar em meu coração. Eu me curvo diante do seu destino, da forma como lhe aconteceu, e
digo sim ao meu destino, da forma como me foi determinado". Então a criança morta é
respeitada, e a outra pode permanecer viva sem sentimento de culpa.

A imagem mágica do mundo e suas conseqüências

Por trás da necessidade de compensação, que faz adoecer, atua uma fantasia mágica, a
saber, que eu posso salvar uma outra pessoa de seu pesado destino, desde que eu tome
também algo de pesado sobre mim. É o caso da criança que diz à mãe gravemente doente:
"Antes eu adoeça do que você. Antes morra eu do que você". Ou ainda, quando a mãe
quer abandonar a vida, um filho se suicida, para que a mãe possa ficar viva.
Um exemplo disto é a magreza compulsiva. O anoréxico vai se tornando cada vez menor,
desaparece, por assim dizer, até a morte. Em sua alma, essa criança diz a seu pai ou a sua
mãe: "Antes desapareça eu do que você". Aqui atua um amor profundo. Mas quando a
criança morre, qual é o efeito desse amor? Ele é totalmente inútil.
Quando trabalho com uma pessoa com essa compulsão, faço que olhe nos olhos de seu pai
ou de sua mãe e diga: "Antes desapareça eu do que você". Quando ela os encara nos olhos
a ponto de realmente os ver, ela não consegue mais dizer essa frase, porque percebe que
o pai ou a mãe não aceitará isto dela. É que o amor mágico desconhece o fato de que
também a outra pessoa ama e que ela recusaria isto, independentemente da inutilidade de
tal amor.
Quando a mãe morre no nascimento de uma criança, é muito difícil para essa criança
tomar a sua vida. Ela precisaria encarar a mãe nos olhos e dizer: "Mamãe, mesmo por este
alto custo eu tomo esta vida e faço algo de bom com ela, em sua memória. Você precisa
saber que não foi em vão". Isto é amor, num nível mais elevado. Ele exige o abandono da
fantasia mágica de poder interferir no destino de outra pessoa e mudá-lo. Ele exige a
passagem de um amor que faz adoecer para um amor que cura.
A fantasia do amor mágico está associada a uma presunção, a um sentimento de poder e
superioridade. A criança realmente acha que, através de sua doença e de sua morte, pode
salvar da morte outra pessoa. Renunciar a essa idéia só é possível pela humildade.
Até aqui falei da ordem do amor na relação entre filhos e pais.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Homens e Mulheres

Quero também dizer mais alguma coisa sobre a ordem do amor na relação do casal. Este
tema nos fala mais de perto. Muitos se envergonham disso, como se fosse algo que a
gente deveria ocultar. Aquilo que diferencia os homens das mulheres, que realmente os
diferencia, é escondido. Ou, pode-se dizer também, é protegido. Pois é o lugar onde cada
um é mais vulnerável. É o lugar próprio da vergonha. Vergonha significa, neste contexto,
que eu guardo alguma coisa, para que nada de mau aconteça. E é o lugar onde nos
sentimos mais entregues.
Alguns falam depreciativamente do instinto sexual e esquecem que ele é a força real e
mais profunda, que tudo mantém unido e dirige, que toma cada pessoa a seu serviço, sem
que ela possa se defender. Pela pura razão, ninguém se casaria ou teria filhos. Só esse
instinto consegue isso. É através dele que estamos em sintonia mais profunda com a alma
do mundo. Esse instinto é o que existe de mais espiritual. Todo entendimento e toda
consideração racional empalidecem diante da força que atua por detrás desse instinto.
A ordem do amor entre homem e mulher exige portanto, em primeiro lugar, que o homem
admita que lhe falta a mulher, e que ele, por si só, jamais poderá alcançar o que uma
mulher tem. E exige igualmente que a mulher admita que lhe falta o homem, e que ela,
por si só, jamais poderá alcançar o que o homem tem. Então ambos se experimentam
como incompletos e admitem isto.
Quando o homem admite que precisa da mulher e que só através dela se torna um
homem, e quando a mulher admite que precisa do homem e só através dele se torna uma
mulher, então essa carência os liga um ao outro, justamente pelo fato de a admitirem.
Então o homem recebe o feminino como presente da mulher, e a mulher recebe o
masculino como presente do homem.
Imaginem agora um homem que desenvolve em si o feminino e uma mulher que
desenvolve em si o masculino, como muitos consideram ideal. Se esse homem quiser se
ligar a essa mulher, qual será a profundidade dessa relação? No fundo, eles não precisam
um do outro. Inversamente, quando o homem renuncia ao feminino e a mulher ao
masculino, então eles precisam um do outro e isto os mantém juntos.

O vínculo

Quando o homem e a mulher se aceitam mutuamente como tais, a consumação de seu


amor cria um vínculo. Esse vinculo é indissolúvel. Isto nada tem a ver com a doutrina
moral da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio. A realização do amor cria uma
ligação, independentemente do casamento e de qualquer rito externo.
A existência de uma tal ligação é percebida pelos seus efeitos. Por exemplo, o homem que
se separa levianamente de uma parceira a quem estava vinculado dessa forma pela
consumação do amor, via de regra não conseguirá conservar uma segunda parceira num
outro relacionamento. Pois esta percebe o seu vínculo com a parceira anterior, e não ousa
tomá-lo plenamente. Quando um homem abandona uma mulher e se casa de novo, talvez
sua segunda mulher se considere melhor que a primeira e diga: "Agora eu o tenho para
mim". Ela entretanto o perderá. Nesse próprio triunfo o perde, pois reconhece o vínculo
desse homem com a sua primeira mulher.
Então ela não o assumirá completamente. Nas constelações familiares, pode-se perceber
que uma segunda mulher se distancia um pouco do homem. Ela não ousa colocar-se perto
dele, pelo fato de não ser sua primeira ligação, mas a segunda.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

A profundidade de um tal vínculo pode ser avaliada pelo seu efeito. A separação do
primeiro amor é a mais difícil de se conseguir. É a mais dolorosa. Quando uma segunda
ligação se desfaz, a dor é menor. Numa terceira, é ainda menor.
Essa ligação não é porém sinônimo de amor. O amor pode ser pequeno e o vínculo
profundo. Inversamente, o amor pode ser profundo e a ligação pequena. O vínculo se
origina do ato sexual. Por isto, ele também nasce de um incesto ou de um estupro. Para
que mais tarde uma nova ligação seja possível, é preciso que a primeira seja corretamente
resolvida. Ela é resolvida quando é reconhecida e quando é honrado o respectivo parceiro.
Quem amaldiçoa o primeiro vínculo impede uma ligação ulterior.

A ordem de precedência

O fruto do amor entre o homem e a mulher são os filhos. Também aqui é importante
observar uma ordem do amor, uma ordem de precedência no amor. Ela se orienta pelo
começo. Isto significa que o que vem antes tem, via de regra, precedência sobre o que
vem depois. Numa família, existe primeiro o casal homem-mulher. Seu amor funda a
família. Por isso, seu amor como homem e mulher tem precedência sobre tudo o que vem
depois, portanto, sobre seu amor de pais por seus filhos. Muitas vezes acontece nas
famílias que os filhos atraem sobre si toda a atenção. Então os pais não são antes de tudo
um casal, mas pais. Com isto os filhos não se sentem bem.
Quando a relação do casal tem prioridade, o pai diz a seu filho: "Em você, eu respeito e
amo também a sua mãe". E a mãe diz ao filho: "Em você, eu respeito e amo também o seu
pai". E a mulher diz ao homem: "Em nossos filhos, eu respeito e amo a você". E o homem
diz à mulher: "Em nossos filhos, eu respeito e amo a você". Então o amor dos pais é a
continuação do amor do casal. Este tem a prioridade. Os filhos então se sentem muito
bem.
Várias famílias são segundas e terceiras famílias, quando o homem e a mulher já eram
casados anteriormente e trouxeram filhos do matrimônio anterior. Como é então a ordem
de precedência?
Eles são primeiramente pai e mãe de seus próprios filhos, e só depois disso constituem um
casal. Por conseguinte, seu amor como casal não pode continuar nos filhos, pois já foram
pais anteriormente. Então, o novo parceiro deve reconhecer que o outro é, em primeiro
lugar, pai ou mãe dos próprios filhos, e que seu maior amor e sua maior força fluem para
eles e, neles, naturalmente, também para o parceiro anterior. Só então seu amor e sua
força fluem para o novo parceiro. Quando ambos os parceiros reconhecem isto, seu amor
pode ser bem sucedido. Quando, porém, um parceiro diz ao outro: "Eu tenho prioridade em
seu amor, e só então vêm seus filhos", a relação fica em perigo. Essa situação não se
mantém por longo tempo.
Se eles mais tarde têm filhos em comum, então são, em primeiro lugar, pai e mãe dos
filhos do primeiro casamento; em segundo lugar, são um casal e, em terceiro lugar, são
pais de seus filhos comuns. Esta seria a ordem, neste caso. Quando se sabe disto, pode-se
resolver ou evitar conflitos em muitas famílias.
Falei até aqui sobre algumas ordens do amor na relação entre o homem e a mulher. Para
terminar, contarei a vocês uma história sobre o amor. Ela é assim:
Dois modos de ser feliz
Antigamente, quando os deuses ainda pareciam bem próximos dos homens, viviam numa
pequena cidade dois cantores que se chamavam Orfeu.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Um deles era o grande. Tinha inventado a cítara, um tipo primitivo de guitarra. Quando
tocava o instrumento e cantava, toda a natureza ficava enfeitiçada em torno dele. Animais
ferozes se deitavam mansamente a seus pés, árvores altas se inclinavam para ele: nada
podia resistir a seus cantos. Pelo fato de ser tão grande, ele conquistou a mais bela
mulher. E aí começou a descida.
Enquanto ele ainda festejava o casamento, morreu a bela Eurídice, e a taça cheia, que ele
erguia nas mãos, se partiu. Contudo, para o grande Orfeu, a morte ainda não foi o fim.
Com a ajuda de sua arte requintada, encontrou a entrada para o mundo subterrâneo,
desceu ao reino das sombras, atravessou o rio do esquecimento, passou pelo cão dos
infernos, chegou vivo diante do trono do deus da morte e o comoveu com seu canto.
A morte liberou Eurídice -- porém sob uma condição, e Orfeu estava tão feliz que não
percebeu o que se escondia por trás desse favor. Orfeu pôs-se a caminho de volta, ouvindo
atrás de si os passos da mulher amada. Passaram ilesos pelo cão de guarda do inferno,
atravessaram o rio do esquecimento, começaram o caminho para a luz, que já viam de
longe. Então Orfeu ouviu um grito - Eurídice tinha tropeçado - horrorizado, ele se voltou,
viu ainda a sombra dela caindo na noite e ficou sozinho. Esmagado pela dor, ele cantou sua
canção de despedida: "Ai de mim, eu a perdi, toda a minha felicidade se foi!"
Ele próprio voltou à luz. Entretanto, no reino dos mortos, passara a estranhar a vida.
Quando mulheres ébrias quiseram levá-lo à festa do novo vinho, ele se recusou, e elas o
despedaçaram vivo.
Tão grande foi sua desgraça, tão inútil foi sua arte. Entretanto, todo o mundo o conhece.
O outro Orfeu era o pequeno. Era apenas um cantor de rua, aparecia em pequenas festas,
tocava para gente humilde, alegrava um pouco e curtia isso. Como não conseguia viver de
sua arte, aprendeu um ofício comum, casou-se com uma mulher comum, teve filhos
comuns, pecou eventualmente, foi feliz de modo comum, morreu velho e satisfeito da vida.
Entretanto, ninguém o conhece - exceto eu!
1

................................................
Usando Figuras para fazer constelações familiares com
clientes individuais 1
Jakob Schneider

As constelações de famílias e outros sistemas se tornaram bem conhecidas em um contexto de grupos. Este trabalho
e as áreas de soluções psicoterapêuticas orientadas sistemicamente e fenomenologicamente tem alcançado uma
significância fundamental nas áreas psicosociais e tem tido também efeitos em varias abordagens na terapia
individual.
Há muitos terapeutas e conselheiros trabalhando em situações nas quais não existe permissão para o trabalho de
grupo com constelações. Há também alguns que não se sentem confortáveis ao trabalhar no contexto de um grupo.
Além do mais, num nível profundo, muitos desses terapeutas se sentem atraídos para os conceitos subjacentes e
ferramentas do trabalho de constelações e estão buscando modos de integrar esta abordagem em seu trabalho com
1
1 Publicado em : Weber, Gunthard (Ed.) (2000): Praxis des Familien-Stellens.
Beiträge zu Systemischen Lösungen nach Bert Hellinger. Heidelberg (Carl-
Auer-Systeme), traduzido para o português por Décio Fábio de Oliveira Jr. A partir de uma versão inglesa do site www.constelationflow.com
reproduzido aqui no site da editora Atman ltda. com permissão expressa da Carl-Auer Verlag. A reprodução desse artigo exceto para uso
privativo ou distribuição por qualquer meio sem permissão expressa do detentor do "copyright" constitui violação de direito de cópia e fere a
legislação brasileira e internacional em vigor.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

indivíduos, casais e famílias e talvez mesmo em pequenos grupos de supervisão.


O trabalho de constelações com figuras ou objetos oferece um método direto e simples. As figuras, representando
membros da família ou pessoas importantes do sistema em particular, são arranjadas numa mesa ou dentro de um
espaço definido do local de trabalho.

As figuras

O que se segue é baseado em minha experiência pessoal com constelações de figuras. Desde o início após minha
primeira experiência com as constelações familiares de Bert Hellinger e minhas primeiras tentativas de trabalhar
com esse método em grupos, eu tomei uma bolsa com figuras playmobil de meu filho que há muito tempo ele havia
posto de lado. Eu comecei a carregá-las comigo a todos os lugares onde não havia o apoio de um grupo para meu
trabalho de aconselhamento e terapia. Esses lugares incluíam um centro de aconselhamento para casados e famílias,
uma clinica psicossomática, pequenos grupos de supervisão, e minha própria prática privada.
Eu fui compelido de certa forma a agir dessa forma. Após minha primeira experiência com constelações familiares
em grupo e já estava certo que este era "meu" método e "meu" modo de fazer terapia, seja em grupos ou com
indivíduos. Alcançar isso pelos playmobil foi algo que aconteceu naturalmente, sem muita consideração previa.
Elas estavam simplesmente disponíveis, praticas, e fáceis de carregar, e havia apenas mínimas diferenças entre elas,
simplesmente, homens e mulheres com algumas combinações de cor. Graças aso céus eu não pedi a ninguém sobre
isso naquela época pois eu fui capaz de ganhar experiência com as figuras sem qualquer opinião ou objeção
externa. Naqueles dias, eu não estava nem mesmo seguro que você poderia ainda comprar as figuras playmobil
simples mas isso não era tão terrivelmente importante que tipo de figuras eram usadas, Havia, por exemplo, um
assim chamado "quadro familiar" com figuras de madeira que está agora no mercado. Há alguns critérios que eu
considero importante na escolha das figuras:
-- Elas devem ser figuras com as quais o terapeuta possa trabalhar confortavelmente. Não se preocupe se o s
clientes aceitarão as figuras. Se o método e as ferramentas estão certas para o terapeuta, os clientes sempre virão.
– As figures deverão ter o mínimo de "personalidade própria" possível, deste modo mantendo-se tão livres de pré-
conceitos quanto possível e também reduzindo qualquer distração daquilo que não é essencial. As figuras não são
importantes por si mesmas, mas apenas como projeções espaciais dos membros do sistema. Trabalhando com
figuras é mais fácil se elas permitem algumas poucas distinções básicas, como por exemplo, entre homens e
mulheres, algum modo de indicar em que direção a figura está olhando e talvez cores, ou alguma marca que
permita distinguir uma pessoa da outra. Usando figuras menores para crianças pode ser uma forma de distração À
medida que isso sugere uma orientação para uma referência temporal que se afasta da qualidade "atemporal" do
trabalho de constelações.

Experiência anterior com grupos de constelações

Eu, por mim mesmo, trabalhei primariamente com grupos e meu uso das figures no trabalho individual é baseado
totalmente em meu trabalho com grupos de constelação. Eu acredito que precisamos de experiência com grupos de
forma a trabalhar com competência usando constelações de figuras. Essa experiência não precisa ser de trabalhar
diretamente com grupos fazendo constelações. Eu recomendaria experiência com uma constelação pessoal em um
grupo, e observação de constelações sistêmicas em grupos, ou vídeos daquelas que possam fornecer algumas
impressões de como elas são. Eu conheço terapeutas e conselheiros que trabalham com figuras sem terem nem
mesmo liderado um grupo de constelações, mas eu não sei de ninguém que tentaria trabalhar com figuras sem ter
ao menos visto uma constelação em grupos.
Na próxima sessão eu entrarei em detalhes sobre quando uma constelação com figuras é apropriado e como eu
procedo em uma sessão individual quando eu estou usando uma constelação de figuras, como eu a introduzo ao
cliente e como eu trabalho com a constelação de figuras. Eu então irei mostrar os riscos e as oportunidades
inerentes a este método e finalmente eu direi algo sobre constelações de figuras e a "alma" do trabalho e o valor da
abordagem a esse respeito.

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O lugar da constelação com figuras na terapia

Aconselhamento e terapia estão preocupados com apoiar um processo que se move em direção a uma solução. Tais
processos podem aparecer em uma variedade de formas.
Primeiramente, há os problemas que podem ser resolvidos pelas mudanças de comportamento, através de
aprendizagem, criatividade espiritualidade. Aqui a preocupação em uma certa extensão é com algum tipo de
atividade mental que libera o cliente de pensar e agir de formas que bloqueiam a solução.
Então há a área do trauma, as feridas profundas que usualmente tem a ver com a ruptura do amor, o movimento
interrompido em direção à mãe , ao pai, outras pessoas importantes, ou para com a vida em si mesma. Tais injúrias
traumáticas muito frequentemente advém de experiências muito precoces na infância. Elas podem ser resolvidas
por um processo retroativo de cura na alma entre a criança e uma outra pessoa essencial na vida desta. Finalmente,
há uma ampla área de ligação e liberação nas relações. Problemas advém das profundas ligações das pessoas com o
destino da comunidade, e as conseqüências que se seguem, primariamente dentro da família e da família ampliada.
A solução é encontrada através do reconhecimento das ordens do amor.
O trabalho de constelações é focado nos processos de vínculo e liberação da alma. Soluções emergem através do
olhar para a integridade do sistema de relações.Todo mundo no sistema tem um igual direito de pertencer e tem de
ser permitido tomar seu próprio lugar de direito. Todo mundo carrega seu próprio destino por si e tem de se refrear
de meter-se no destino dos outros, e todos os membros do sistema tem que permitir que aquelas coisas que
aconteceram no passado pertençam realmente ao passado. Isso tem a ver com a vida e com a morte, boa e má sorte,
saúde e doença, sucesso ou fracasso nas relações, pertinência e exclusão, dar e receber, recompensa e dívida, e
auto-determinação como um contraponto a ser um instrumento, sujeito às influências do sistema.
Em essência, há também o critério que indica quando uma constelação familiar deve ser um método útil: quando
quer que haja algo na "alma do grupo" que quer ordem, paz e conclusão; quando emaranhamentos estão impedindo
um processo de solução; ou quando um destino difícil em uma família está gerando um fardo.

Procedimentos com Constelações de figuras

Muitos terapeutas e conselheiros vão querer integrar as constelações familiares usando figuras em seu próprio
modo de trabalhar com sua própria orientação terapêutica básica. Para mim, quando há questões de vínculo e
desenlace, eu normalmente faço só uma sessão na qual o trabalho é concentrado plenamente na constelação com
figuras. Há , contudo, muito certamente uma ampla variedade de procedimentos. Há certos elementos que são
importantes no prosseguir com uma constelação de figuras. Assim como em uma constelação de grupo, é essencial
em uma sessão individual que a constelação esteja lidando com uma questão séria e seja carregada pela energia do
cliente. O terapeuta é dependente desta energia que leva em direção à solução e o "peso da alma" da questão do
cliente. Como ponto inicial, perguntas sobre a natureza da questão em tela e então sobre qual seria um boa
resolução trazem clareza e força que são críticas ao sucesso de uma constelação familiar. O terapeuta e o cliente
precisam saber desde o início para onde devem dirigir sua energia. Ambos tem de ter algum sentido da "alma
grupal" que conduz seus esforços em busca de uma boa solução.
A questão real do cliente é frequentemente oculta no início da sessão individual, como está também a força que
deve ter um efeito positivo na solução. Uma orientação é necessária no trabalho com constelações e o processo na
alma que apóia este trabalho. Essa orientação deverá ser mais curta, levando imediatamente para fora de qualquer
questões , ou distrações, evitando dispersar a atenção e energia em direção aos processo familiares fundamentais e
construindo confiança para um trabalho conjunto. Eu usualmente comento brevemente sobre meu modo de
trabalhar, sobre emaranhamentos nos sistemas familiares, crises nas relações e sobre coisas que nós iremos
procurar. Se eu já tenho alguma idéia onde nosso trabalho poderá ser orientado eu direi uma ou mais estórias
apropriadas a partir de outros casos anteriores que eu já trabalhei antes. Se eu não tenho a menor idéia de qual
direção o trabalho irá, algumas vezes será útil oferecer uma mistura de exemplos curtos e prestar atenção à reação
do cliente. A base para um passo que resolve em uma constelação é construída a partir da informação relevante: os
eventos mais relevantes na história da família, a família de origem ou a família atual, os destinos naqueles da
família ou do clã. Esta informação e o modo como os clientes compartilham–na freqüentemente levam a um
profundo movimento através das relações do sistema e a primeira vista um amor que atua, a um respeito e a

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

emaranhamentos. Ou, você pode sentir imediatamente que informação tem força e qual não tem. Se algo é
importante e foi omitido, ou se o cliente não tem uma informação crítica.
Essa troca de informação é dialógica e ambos o cliente e o terapeuta precisam ter contato com a "alma do grupo". O
processo reside no essencial e existe a serviço da solução. Ela pode ser alcançada só com respeito e consentimento
relativos aos eventos e fatos envolvidos.
O nucleio da orientação do trabalho sistêmico é a imagem da constelação em si mesma: encontrar – permitindo a si
mesmo ser tocado por – as dinâmicas das relações do sistema, rearranjando as posições das figuras na "imagem de
solução" e falando as sentenças apropriadas de vínculo e liberação.

Introduzindo as constelações com figuras

Quando alguém já tem visto ou experimentado com constelações familiares em grupos ou já conhece os livros ou
vídeos de Bert Hellinger, uma constelação com figuras raramente necessita de uma introdução. Você simplesmente
pode pedir ao cliente para posicionar os membros de sua família com as figuras. Aqui também , contudo, assim
como com as pessoas não familiarizadas com as constelações familiares, eu me refiro ao trabalho em grupo com
constelações e descrevo brevemente o curso de uma constelação em um grupo. Pelo menos para mim, isso
simplifica o trabalho se eu trabalho com figuras com numa constelação com representantes.
Após eu ter estabelecido a conexão entre a constelação com figuras e a constelação em grupos, eu determino com o
cliente que pessoas são importantes – ou pelo menos inicialmente importantes – para a constelação, e coloco as
figuras necessárias na mesa. Então , eu peço ao cliente que posicione as figuras em relação uma à outra, sem falar
ou explicar, de acordo com uma imagem interna, sem ligar para qualquer tempo específico, sem qualquer
justificativa, mas simplesmente de tal forma que ele sinta que é apropriada. Na maioria das vezes, os clientes
podem posicionar a constelação sem nenhuma dificuldade.
Quando surgem problemas, eles não são diferentes do que acontece num grupo. Pode não ser o momento certo de
fazer uma constelação porque o cliente não tem ainda a prontidão interna necessária, ou não confia no método ou
no terapeuta ou o que é realmente o tema é uma constelação de um sistema diferente, talvez a família de origem ao
invés da família atual, ou vice-versa. Isso revela uma das grandes desvantagens da terapia individual quando
comparada com a terapia em grupos. Em um grupo você pode trabalhar primeiro com aqueles que estão prontos.
Outros que podem estar reticentes, indecisos ou em dúvida podem entrar no trabalho lentamente através do
processo na constelação dos demais ou atuando como representantes no sistema familiar dos outros participantes.
Eles podem tomar tempo para o seu próprio processo interno. Se isso se provar difícil, que alguém coloque as
figuras umas em relação às outras, eu algumas vezes faço isso para ele ou ela de acordo com o que me parece
apropriado com as informações que eu tenho. Eu então peço ao cliente que "corrija" a minha constelação. Se você
tem a impressão que a constelação está sendo posicionada com alguma idéia ou se isso não bate de alguma forma
com as informações dadas, ou se todas as figuras são colocadas em linha viradas de face para o cliente na mesa,
você deve solicitar à pessoa que verifique o posicionamento novamente. A Dificuldade mencionada por último, as
figuras colocadas em linha, ocorre repetidamente, mas é facilmente corrigida. Relembre o cliente que ele ou ela já
está representado por uma figura e que a constelação tem de refletir a relação de cada pessoa com as demais da
família.

Trabalhando com constelações de figuras

Uma constelação de figuras serve para revelar os emaranhamentos do cliente no seu sistema familiar e tornar os
vínculos e as soluções claros. Isso permite ao indivíduo tomar uma posição apropriada na sua rede de relações, uma
posição a partir da qual seja possível tomar, honrar e respeitar ambos os pais. Isso permite à pessoa deixar algo ou
alguém ir com amor, ver quem tem de ser permitido ir em paz, e tomar de volta todos que tenham sido excluídos de
uma forma apropriada no sistema e no coração do cliente.
As dinâmicas de vínculo e solução têm de se tornar claras pela constelação com figuras sem o apoio dos
sentimentos e depoimentos dos representantes, pois as figuras não podem sentir ou falar. Fica a cargo do terapeuta
ou conselheiro, usar a constelação com figuras para sentir e expressar os sentimentos que refletem as dinâmicas

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

familiares presentes dentro do sistema. Naturalmente, você pode pedir que o cliente faça isto por si mesmo, o que
algumas vezes resulta em uma súbita experiência do tipo "Aha!". Em minha experiência, contudo, clientes estão
freqüentemente cegos às dinâmicas essenciais de suas famílias. Eles trazem um entendimento inconsciente ao
processo ou eles não seriam capazes de posicionar uma constelação propriamente e o terapeuta não seria capaz de
obter uma percepção do sistema, mas esse conhecimento inconsciente é oculto. A tarefa do terapeuta, daquele que
observa de fora, é ajudar a "alma de grupo" do cliente a abrir-se de tal forma que aquilo que está oculto seja
revelado e possa ser dito abertamente. Já desde o começo, eu apresento o conceito de constelação em grupos como
nosso trabalho ideal e baseio meus comentários sobre as dinâmicas familiares no processo em grupos. Como uma
pessoa que olha a partir de fora, eu proclamo os sentimentos para cada membro da família em cada posição
particular. Isso quer dizer, eu não digo como os membros da família eles próprios se sentem naquela posição, mas o
que os representantes provavelmente diriam sobre os sentimentos naquela posição. Eu faço isso porque isso dá ao
cliente alguma distância de sua experiência dominante com os membros da família e porque isso deixa a mim e ao
cliente mais liberdade para experimentar e tomar aquilo que pode ser visto na constelação. Isso também torna mais
fácil para eu corrigir o que tem sido dito para contornar possível resistência. Se o que eu digo sobre a dinâmica
familiar e os sentimentos dos representantes "encaixa" e toca em algo do cliente ele estará em contato com sua
família em um estado de transe de maior ou menor grau.
Por assim dizer, eu presto atenção à reação do cliente. Algumas vezes eu pergunto se meu modo de sentir as coisas
parece correto e faz sentido para o cliente. Quando tenho sucesso em penetrar dentro do sistema e suas dinâmicas, o
cliente está ganho e usualmente nada mais fica entre nós no caminho até uma boa solução. Não é incomum que um
cliente pergunte, atordoado, "Como você sabe disso?".
Na próxima fase, eu continuo a trabalhar com as figuras assim como nas constelações em grupos. Eu mudo as
posições das figuras, eu digo em voz alta que mudanças ocorrem nas dinâmicas e nos sentimentos, até que nós
possamos ver aquilo que está tentando se revelar por si mesmo. Eu continuo dessa forma até que nós cheguemos a
uma imagem de solução. Quando eu estou certo, porque meus próprios sentimentos se deixam tocar assim como
aqueles do cliente, eu simplesmente permaneço com aquilo que emerge e falo isso em voz alta. Se eu não sinto que
está certo, eu interrompo o processo e pergunto o que o cliente está sentindo, em termos de si ou de outros
membros da família, ao olhar para os movimentos das figuras. Eu peço informação adicional ou tento diferentes
posições das figuras para determinar o que parece mais correto. Eu continuo até que as dinâmicas e a solução sejam
reveladas com clareza suficiente.
Eu peço ao cliente para sentir-se na posição de solução e relatar seus sentimentos. Eu observo para ver se nesse
lugar há um alívio para o cliente e se isso parece curar, resolver ou tornar mais leve. Eu algumas vezes paro a
constelação com figuras nesse ponto.
Eu frequentemente uso as sentenças de solução que seriam ditas numa constelação em grupo quando o cliente
substitui seu representante na constelação, ou uma sentença que um representante possa dizer diretamente ao
cliente. Eu faço isso quando um cliente está experimentando dificuldade em tomar seu próprio novo lugar no
sistema ou quando a solução a qual nós temos chegado ainda não "assentou" ou parece precisar de mais
esclarecimento ou aprofundamento.
Frequentemente, a parte mais importante do processo em uma constelação com figuras – como numa constelação
em grupo – é ser tocado pelas sentenças que revelam os profundos vínculos e o alívio e liberação nas frases de
força. Eu freqüentemente peço a um cliente para falar as palavras apropriadas, silenciosamente ou em voz alta, e
imaginar-se fazendo, ou realmente fazer, os gestos que acompanham tais frases, por exemplo, um movimento de
reverência.
Se acontecer que eu não consigo sentir o meu caminho através das dinâmicas do sistema, se eu não tenho nenhum
sentimento pelos membros da família representados pelas figuras ou das dinâmicas do sistema, ou se o cliente
permanece intocável pela minha "imagem" da rede de relações, então eu interrompo o processo da constelação e
obtenho mais informação, conto estórias curtas ou simplesmente paro o trabalho.

Riscos e oportunidades nas constelações com figuras

Os risco e erros que podem ser causados ao se fazer uma constelação com figuras são basicamente os mesmos que
se apresentam quando fazemos constelações em grupos:

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

 Que você está trabalhando sem que o cliente esteja totalmente pronto para trabalhar e sem a força do
cliente;
 Que você está seguindo algum padrão pré-determinado que não permite que aquilo que é novo e diferente
surja.
 Que você está trabalhando com excesso de informação, ou está perdendo informação crítica;
 Que você está sendo influenciado por padrões visuais e associações que não estão em harmonia com a
alma.

A principal desvantagem quando comparado a uma constelação em grupo é que um terapeuta pode frequentemente
encontrar dinâmicas sistêmicas ocultas através de afirmações bastante surpreendentes dos representantes.
Especialmente em casos difíceis, com dinâmica novas e incomuns, isso é crítico. Por exemplo, se uma pessoa no
sistema está sendo levada a ir no lugar de outra, isso é freqüentemente algo que não fica imediatamente claro numa
constelação. É o relato dos representantes que pode fornecer indicações dessa dinâmica. Se um terapeuta tem uma
suspeita sobre algo desse tipo, é mais fácil checar isso num grupo. A energia e participação dos membros do grupo
que observam a constelação também dão importantes indicações sobre a acurácia das hipóteses levantadas.

Essas dificuldades, contudo, não são críticas. As dinâmicas da "alma de grupo" do cliente não são reveladas pelos
representantes, mas pela alma do cliente. Em uma situação de atendimento individual você também pode sentir a
força quando uma hipótese traz algo essencial à luz. O último critério é o sentimento de harmonia e de se sentir
tocado, percebido tanto pelo cliente como pelo terapeuta. Isso pode ser muito surpreendente numa constelação com
figuras. O terapeuta vê a solução através da compreensão do cliente. Compreensão significa introjetar aquilo que
emerge da profundidade oculta. A antiga palavra grega para verdade significa aquilo que não está oculto à visão.
As coisas que se desemaranham e resolvem usualmente vem inesperadamente e calmamente. Elas tocam, servem à
paz e elas favorecem à ação. Elas honram todos e são benéficas a todos no sistema.
As constelações de figuras também oferecem uma oportunidade, quando um terapeuta ou conselheiro não se sente
competente para manejar um processo em grupo. Uma constelação em grupo pode tomar uma dinâmica por si
mesma que não mais serve ao sistema do cliente se está faltando uma visão clara, uma percepção precisa, e certa
qualidade de liderança do terapeuta. Uma constelação de figuras também evita o perigo dos representantes trazerem
para dentro dela seus próprios problemas pessoais. O preço pelo controle desse aspecto é que haverá menos
controle sobre os prejuízos e pontos cegos do terapeuta, e num atendimento individual, um terapeuta é mais
vulnerável aos caprichos do cliente, que podem ser algumas vezes consideráveis.

Constelações com figures e o trabalho na Alma

Em constelações de grupo, aqueles que são posicionados na constelação estão ressonando a alma do sistema.
Figuras não podem fazer isso. Elas permanecem como objetos representativos que funcionam para o olho da mente.
Você não precisa pedir às figuras que saiam de seus papéis ao final da constelação.
Uma constelação de figuras pode ser limitada a uma representação visual, que era como eu trabalhava nos meus
primeiros anos com a técnica. As figuras forneciam uma ponte visual, um resumo gráfico do que havia sido
discutido, um método que talvez permitisse sugestões indiretas. Tudo isso pode ser muito útil, mas uma constelação
com figuras pode oferecer mais. É surpreendente o quão rapidamente ela estabelece um espaço para a alma na qual
a "alma do grupo" pode ressonar. Essa ressonância é efetuada pelo terapeuta e pelo cliente. O trabalho de
constelação não é apenas trabalhar com imagens visuais. Ele toca e move porque oferece espaço para as imagens.
Imagens espacialmente representadas são diferentes de imagens planas bidimensionais, não só por fornecerem as
dimensões corretas para as relações, mas mais importante que isso, ao permitirem que algo surge para fora da
imagem, algo difícil de descrever que não é visível através de um simples olhar para a imagem. O que surge é
como um campo de ressonância.
A ressonância do cliente e do terapeuta com a "alma do grupo" e suas dinâmicas não vem das figuras, mas através

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

delas. Ao mesmo tempo, uma constelação com figuras apóia um processo terapêutico que é externalizado e levado
a partir de idéias e pensamentos internos. Ele vive mais perto da realidade do que simplesmente "falar a respeito".
A surpreendente profundidade dos sentimentos de ser tocado não vem só da constelação. A "ressonância" é
também conectada às palavras: a palavras que refletem verdades básicas, a palavras que trazem clareza, a palavras
que ligam e palavras que desemaranham, a palavras de amor e força. As experiências profundamente tocantes
também emergem dos gestos, uma expressão física dos movimentos da alma. Trabalhar com figuras tem um efeito
profundo só quando vai além dos aspectos visuais para o campo da rede de relações, quando ao poder desse campo
é permitido penetrar e abrir os diálogos e gestos que curam.

O valor das constelações com figures como método

Qualquer um que esteja convencido da profundidade de alcance dos processos em sistemas familiares e na alma
pode também de fato, trabalhar em direção a solução sem constelações, grupos de figuras, só através de um
consciência dos fatos essências e destinos, estando em harmonia com a alma da pessoa que busca ajuda na procura
por compreensão.
Normalmente, contudo, tais métodos fazem o trabalho do terapeuta mais fácil e também dão ao cliente acesso a
aquilo que é essencial e critico. Isso coleta informação, estrutura os procedimentos e foca a atenção. Usando as
constelações, é mais fácil para o cliente e o terapeuta experimentar estar num caminho conjunto, abrir ao que possa
emergir das profundidades ocultas. Eles se juntam em um espaço da alma do cliente, só o tanto necessário para
achar uma solução. Em uma constelação de figuras e em uma imagem de solução, o cliente experimenta algo que
pode ser levado para casa, -- algo que continua a trabalhar na alma e frequentemente só se desdobra plenamente em
seus efeitos plenos após um certo período de tempo.

Talvez seja algo similar a uma apresentação teatral. Só ler a peça pode me manter falando, mas a apresentação no
teatro é usualmente uma experiência mais profunda e mais impressionante. Isso é verdade, contudo, só quando
permanece fiel ao coração da peça, à realidade, e a uma transformação na audiência.


PEDAGOGIA SISTÊMICA
“Paradigma Sistêmico-Fenomenológico”
Uma nova visão educativa

A pedagogia sistêmica ou paradigma sistêmico-fenomenológico é um método


educativo, não se trata de uma teoria única, definindo verdades, mas de uma prática
dinâmica que está vinculada no contexto educativo e que denominamos campos de
aprendizagem. Temos como autêntica articuladora Angélica Olvera (México); seu marido
Alfonso Malpica ambos responsáveis pelo CUDEC (Centro Universitário Doutor Emilio
Cárdenas - México) entre outros também citamos Marianne Franke (mestra e terapeuta
alemã) que trabalha essa abordagem com alunos, professores e pais, ministra workshops
em vários países, inclusive o Brasil.
Esse novo paradigma vem sendo desenvolvido nos últimos sete anos em vários
países do mundo, ampliando a visão significativa do todo na relação escola-família,
trazendo a possibilidade de criarmos a partir da escola um ambiente de inclusão onde
todos possam assumir os seus papéis, levando em conta os sistemas familiares, educativos
e institucionais. Se algo caracteriza a pedagogia sistêmica é, justamente, em sua firme
proposta de inclusão. Devemos o seu desenvolvimento a Bert Hellinger (psicoterapeuta

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

alemão) criador da Terapia Sistêmica Fenomenológica - Constelações Familiares, técnica


terapêutica que permite olhar o indivíduo dentro do seu contexto familiar a partir das
relações que estabelece com pessoas da família e com pessoas que não fazem parte da
família, através de vínculos de amor e lealdade. A solução para os conflitos e as desordens
ocorridas nestas relações se faz através das “ordens do amor”, promovendo equilíbrio e
harmonia.
A Pedagogia Sistêmica se manifesta no contexto educativo. Resulta necessariamente
em observar como traduzimos e integramos os princípios que sustentam as “ordens do
amor” para que nos sirvam de orientação e de tarefa escolar como:
 a importância da ordem; quem veio antes e depois tem a ver com o vínculo entre
gerações (tanto para os alunos como para os professores);
 a importância do lugar onde cada qual tenha a sua correspondência; tem a ver
com as funções, quem e como é o pai, mãe, professor, diretor, outros (os pais
dão e os filhos recebem, os professores oferecem e os alunos tomam);
 o valor da inclusão em contrapartida com as implicações da exclusão; em aula,
na escola, como um espaço de comunicação em que todos tenham um lugar
(pertencimento);
 o peso das culturas de origem, que tem a ver com a fidelidade no contexto da
qual viemos (o que também podemos chamar de consciência);
 o significado das interações; todos os membros de um sistema estão vinculados
aos outros, irremediavelmente, o qual é especialmente interessante no sentido de
que, quando um desses membros mostra algum tipo de sintoma, a razão de ser
deste não está tanto na forma concreta, mas na informação que dá ao sistema de
que haja alguma questão que não resulta função para o bem estar coletivo e
individual.

Essa visão geral das relações sistêmicas aparece a partir de três perspectivas
complementares: rede familiar (entre uma geração e a seguinte, ex: pais e filhos), rede
social (entre diversas gerações, ex: avôs e netos) e a perspectiva que existe dentro das
gerações (peculiaridades e influências no contexto educativo e social).
Um dos elementos que caracteriza a perspectiva sistêmica na pedagogia é a
capacidade de desenvolver com respeito a nossa percepção. Assim para estarmos
conectados com esta percepção, nós devemos conhecer nossas próprias origens, saber
sobre os nossos vínculos e trazer à superfície as identificações, as substituições e todas
aquelas cargas que configuram nossa história. Se não fizermos isso, se por alguma razão
não tomamos o suficiente de nossos pais e nos sentimos demasiadamente arrogantes
porque nos consideramos melhores que eles e vamos ser ainda melhores para nossos
filhos; dessa forma não vamos estar dispostos a investir nessa área, porque a nossa
percepção esta envolvida por idéias, conceitos, princípios, crenças, etc, que nos impedirão
de percebermos o que acontece com a vida de nossos alunos e o tipo de interação que
podemos estabelecer entre eles.
Quando um docente está bem centrado, tem uma boa percepção e respeito, ele
reconhece com profundidade o que há em sua volta, tanto no seu sistema como no sistema
dos alunos, portanto, está caracterizada uma boa disposição para ensinar, impor limites e
acompanhar como se adquire uma autoridade natural.
Algumas estratégias permitem ampliar a visão de onde viemos, por isso, usamos
como ferramenta o genograma que é uma forma de construir a árvore genealógica, o

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

fotograma que traduz as imagens do conteúdo do genograma, autobiografia acadêmica que


permite mostrar a história de nossos estudos e dos vínculos que surgem com a família e as
pessoas do contexto educacional, outra ferramenta que podemos utilizar com professores e
pais é fazer as Constelações Familiares, que têm a ver com o que chamamos de
“movimentos sistêmicos”.
A pedagogia sistêmica e os quatro aspectos básicos para a função da escola:
1. Independente da maior ou menor complexidade e justificativa,
teórico-prático deste paradigma, se trata de um planejamento claramente
centrado nos objetivos fundamentais da escola, gerando um espaço orientado
para o aprendizado e o bem estar dos alunos.
2. Para que estes objetivos centrais possam se desenvolver é indispensável que os
pais dos alunos se sintam reconhecidos pela instituição e tenham um lugar de
privilégio dentro dela; deve existir uma declaração explícita no sentido de que a
área educativa começa pelos pais e que eles dão seu consentimento para que a
escola possa se ocupar de seus filhos com respeito nos processos de
aprendizagem.
3. A escola deve ser exclusivamente um espaço educativo em nenhum
momento um espaço terapêutico, apesar de que há certas intervenções
sistêmicas com movimentos terapêuticos associados à educação.
4. No momento em que todos os protagonistas implicados na tarefa
educativa (instituição, professores e os próprios pais) visarem com
responsabilidade à direção da tarefa que lhes compete, os alunos aprendem e se
desenvolvem sem maiores dificuldades.
Os seres humanos aprendem distinguindo, percebendo as diferenças e as
semelhanças. Na Pedagogia sistêmica o que fazemos é ampliar a visão, distinguindo essas
diferenças, desenvolvendo a capacidade de reconhecer a consciência de cada contexto e o
quê com ela se manifesta, de maneira que através dessa sensibilidade possamos passar
pela confrontação de “boas e más” consciências, num espaço de interações respeitosas em
que podemos ver em todas as direções, evitando cair na exclusão e na desclassificação,
pois no enfoque sistêmico-fenomenológico nos é permitido perceber que existem verdades
universais, que nada é absolutamente perene e que as pessoas atuam desde as boas
intenções por amor; apesar de que às vezes ambos sejam motivos suficientemente
funcionais para o equilíbrio e bem estar dos próprios sistemas.
Bert Hellinger, ao falar de como estabelecer uma boa relação e uma vinculação
desejável entre professores e pais, nos mostra um diálogo sensível de afirmações e
reconhecimentos, expressados de coração e ordenado do seguinte modo:
Obrigado, pela confiança em deixar nas nossas mãos vossos filhos que são sem dúvida
alguma o vosso bem mais precioso.
Por favor, com vosso consentimento sabemos que podemos participar com sensibilidade e
eficácia no processo educativo de vossos filhos.
Sim, desta maneira respeitamos vosso destino e não pretendemos interferir, mas
transmitir o que seja bom para vosso filho e para vossa família.
Angélica Olvera diz: “Na Pedagogia Sistêmica se ensina desde o profundo
respeito e amor pela vida; este respeito e amor imperam por si mesmos e isso
consiste em pedir permissão aos que nos permitiram ser”.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Com esta nova visão, temos a oportunidade de continuar o apaixonante dever da vida sabendo,
que para esta tarefa seja como docentes ou pais, aparecerá uma grande estrela de luz para orientar as
novas gerações.

Texto original espanhol publicado em setembro /2006


por Rachel Trocho em Cuadernos de Pedagogia nº 360
Tema: Escola e Família
Tradução e Resumo: Marly Cordeiro

Em novembro/2008 na cidade de Brasília, será realizado o III Congresso de


Pedagogia Sistêmica, maiores informações no site: (www.institutohellinger.com.br)

Campo Morfogenético
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Campo_morfogen%C3%A9tico
Em evolução, campo morfogenético é o nome dado a um campo hipotético que explica a emergência
simultânea da mesma função adaptativa em populações biológicas não-contígüas.
A hipótese dos campos morfogenéticos foi formulada por Rupert Sheldrake.

Segundo o holismo, os campos morfogenéticos são a memória coletiva a qual recorre cada membro da
espécie e para a qual cada um deles contribui.
“Morfo vem da palavra grega morphe que significa forma. O campos morfogenéticos são campos de
forma; campos padrões ou estruturas de ordem. Estes campos organizam não só os campos de organismos
vivos mas também de cristais e moléculas. Cada tipo de molécula, cada proteína por exemplo, tem o seu
próprio campo mórfico -a hemoglobina , um campo de insulina, etc. De um mesmo modo cada tipo de
cristal, cada tipo de organismo, cada tipo de instinto ou padrão de comportamento tem seu campo
mórfico. Estes campos são os que ordenam a natureza. Há muitos tipos de campos porque há muitos tipos
de coisas e padrões dentro da natureza..."

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

Os campos morfogenéticos ou campos mórficos são campos que levam informações, não energia , e são
utilizáveis através do espaço e do tempo sem perda alguma de intensidade depois tido sido criado. Eles
são campos não físicos que exercem influência sobre sistemas que apresentam algum tipo de organização
inerente. "
Os campos morfogenéticos agem sobre a matéria impondo padrões restritivos em processos de energia
cujos resultados são incertos ou probabilísticos. Os Campos Mórficos funcionam modificando eventos
probabilísticos . Quase toda a natureza é inerentemente caótica. Não é rigidamente determinada. Os
Campos Mórficos funcionam modificando a probabilidade de eventos puramente aleatórios. Em vez de
um grande aleatoriedade, de algum modo eles enfocam isto, de forma que certas coisas acontecem em vez
de outras. É deste modo como eu acredito que eles funcionam.
“Campos mórficos são laços afetivos entre pessoas, grupos de animais - como bandos de pássaros, cães,
gatos, peixes - e entre pessoas e animais. Não é uma coisa fisiológica, mas afetiva. São afinidades que
surgem entre os animais e as pessoas com quem eles convivem. Essas afinidades é que são responsáveis
pela comunicação.”
Um campo morfogenético não é uma estrutura inalterável mas que muda ao mesmo tempo, que muda o
sistema com o qual esta associado. O campo morfogenetico de uma samambaia tem a mesma estrutura
que o os campos morfogenético de samambaias anteriores do mesmo tipo. Os campos morfogenéticos de
todos os sistemas passados se fazem presentes para sistemas semelhantes e influenciam neles de forma
acumulativa através do espaço e o tempo.
A palavra chave aqui é " hábito ", sendo o fator que origina os campos morfogenéticos
. Através dos hábitos os campos morfogenéticos vão variando sua estrutura dando
causa deste modo às mudanças estruturais dos sistemas aos que estão associados.
Os ratos no laboratório é uma das primeiras experiências levado a cabo por Sheldrake e foi recapturado
do tempo em que ele começou a considerar os campos morfogeneticos. Consiste em ensinar a um grupo
de ratos uma certa aprendizagem, por exemplo, sair de um labirinto, em certo lugar, por exemplo,
Londres, para logo observar a habilidade de outros ratos em outro lugar então, por exemplo, Nova Iorque,
deixar o labirinto. Esta experiência já foi levada a cabo em numerosas ocasiões dando resultados muito
positivos.

Ressonância Mórfica
http://gnosisonline.org/Ciencia_Gnostica/Ressonancia_Morfica.shtml

Ressonância mórfica: a teoria do centésimo macaco.


Na biologia, surge uma nova hipótese que promete revolucionar toda a ciência.
Era uma vez duas ilhas tropicais, habitadas pela mesma espécie de macaco, mas sem qualquer contato
perceptível entre si. Depois de várias tentativas e erros, um esperto símio da ilha "A" descobre uma maneira
engenhosa de quebrar cocos, que lhe permite aproveitar melhor a água e a polpa. Ninguém jamais havia
quebrado cocos dessa forma. Por imitação, o procedimento rapidamente se difunde entre os seus companheiros e
logo uma população crítica de 99 macacos domina a nova metodologia.
Quando o centésimo símio da ilha "A" aprende a técnica recém-descoberta, os macacos da ilha "B" começam
espontaneamente a quebrar cocos da mesma maneira.
Não houve nenhuma comunicação convencional entre as duas populações: o conhecimento simplesmente se
incorporou aos hábitos da espécie. Este é uma história fictícia, não um relato verdadeiro. Numa versão alternativa,
em vez de quebrarem cocos, os macacos aprendem a lavar raízes antes de comê-las. De um modo ou de outro,
porém, ela ilustra uma das mais ousadas e instigantes idéias científicas da atualidade: a hipótese dos "campos
mórficos", proposta pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake.
Segundo o cientista, os campos mórficos são estruturas que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e o
comportamento de todos os sistemas do mundo material.

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Átomos, moléculas, cristais, organelas, células, tecidos, órgãos, organismos, sociedades, ecossistemas, sistemas
planetários, sistemas solares, galáxias: cada uma dessas entidades estaria associada a um campo mórfico
específico. São eles que fazem com que um sistema seja um sistema, isto é, uma totalidade articulada e não um
mero ajuntamento de partes.
Sua atuação é semelhante à dos campos magnéticos, da física. Quando colocamos uma folha de papel sobre um
ímã e espalhamos pó de ferro em cima dela, os grânulos metálicos distribuem-se ao longo de linhas
geometricamente precisas. Isso acontece porque o campo magnético do ímã afeta toda a região à sua volta. Não
podemos percebê-lo diretamente, mas somos capazes de detectar sua presença por meio do efeito que ele
produz, direcionando as partículas de ferro. De modo parecido, os campos mórficos distribuem-se
imperceptivelmente pelo espaço-tempo, conectando todos os sistemas individuais que a eles estão associados.
A analogia termina aqui, porém. Porque, ao contrário dos campos físicos, os campos mórficos de Sheldrake não
envolvem transmissão de energia. Por isso, sua intensidade não decai com o quadrado da distância, como ocorre,
por exemplo, com os campos gravitacional e eletromagnético. O que se transmite através deles é pura
informação. É isso que nos mostra o exemplo dos macacos. Nele, o conhecimento adquirido por um conjunto de
indivíduos agrega-se ao patrimônio coletivo, provocando um acréscimo de consciência que passa a ser
compartilhado por toda a espécie.
Até os cristais
O processo responsável por essa coletivização da informação foi batizado por Sheldrake com o nome de
"ressonância mórfica". Por meio dela, as informações se propagam no interior do campo mórfico, alimentando uma
espécie de memória coletiva. Em nosso exemplo, a ressonância mórfica entre macacos da mesma espécie teria
feito com que a nova técnica de quebrar cocos chegasse à ilha "B", sem que para isso fosse utilizado qualquer
meio usual de transmissão de informações.
Parece telepatia. Mas não é. Porque, tal como a conhecemos, a telepatia é uma atividade mental superior,
focalizada e intencional que relaciona dois ou mais indivíduos da espécie humana. A ressonância mórfica, ao
contrário, é um processo básico, difuso e não-intencional que articula coletividades de qualquer tipo. Sheldrake
apresenta um exemplo desconcertante dessa propriedade.
Quando uma nova substância química é sintetizada em laboratório - diz ele -, não existe nenhum precedente que
determine a maneira exata de como ela deverá cristalizar-se. Dependendo das características da molécula, várias
formas de cristalização são possíveis. Por acaso ou pela intervenção de fatores puramente circunstanciais, uma
dessas possibilidades se efetiva e a substância segue um padrão determinado de cristalização. Uma vez que isso
ocorra, porém, um novo campo mórfico passa a existir. A partir de então, a ressonância mórfica gerada pelos
primeiros cristais faz com que a ocorrência do mesmo padrão de cristalização se torne mais provável em qualquer
laboratório do mundo. E quanto mais vezes ele se efetivar, maior será a probabilidade de que aconteça
novamente em experimentos futuros.
Com afirmações como essa, não espanta que a hipótese de Sheldrake tenha causado tanta polêmica. Em 1981,
quando ele publicou seu primeiro livro, A New Science of Life (Uma nova ciência da vida), a obra foi recebida de
maneira diametralmente oposta pelas duas principais revistas científicas da Inglaterra. Enquanto a New Scientist
elogiava o trabalho como "uma importante pesquisa científica", a Nature o considerava "o melhor candidato à
fogueira em muitos anos".
Doutor em biologia pela tradicional Universidade de Cambridge e dono de uma larga experiência de vida,
Sheldrake já era, então, suficientemente seguro de si para não se deixar destruir pelas críticas. Ele sabia muito
bem que suas idéias heterodoxas não seriam aceitas com facilidade pela comunidade científica. Anos antes, havia
experimentado uma pequena amostra disso, quando, na condição de pesquisador da Universidade de Cambridge
e da Royal Society, lhe ocorreu pela primeira vez a hipótese dos campos mórficos. A idéia foi assimilada com
entusiasmo por filósofos de mente aberta, mas Sheldrake virou motivo de gozação entre seus colegas biólogos.
Cada vez que dizia alguma coisa do tipo "eu preciso telefonar", eles retrucavam com um "telefonar para quê?
Comunique-se por ressonância mórfica".
Era uma brincadeira amistosa, mas traduzia o desconforto da comunidade científica diante de uma hipótese que
trombava de frente com a visão de mundo dominante. Afinal, a corrente majoritária da biologia vangloriava-se de
reduzir a atividade dos organismos vivos à mera interação físico-química entre moléculas e fazia do DNA uma
resposta para todos os mistérios da vida.
A realidade, porém, é exuberante demais para caber na saia justa do figurino reducionista.
Exemplo disso é o processo de diferenciação e especialização celular que caracteriza o desenvolvimento
embrionário. Como explicar que um aglomerado de células absolutamente iguais, dotadas do mesmo patrimônio
genético, dê origem a um organismo complexo, no qual órgãos diferentes e especializados se formam, com
precisão milimétrica, no lugar certo e no momento adequado?

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A biologia reducionista diz que isso se deve à ativação ou inativação de genes específicos e que tal fato depende
das interações de cada célula com sua vizinhança (entendendo-se por vizinhança as outras células do
aglomerado e o meio ambiente). É preciso estar completamente entorpecido por um sistema de crenças para
engolir uma "explicação" dessas. Como é que interações entre partes vizinhas, sujeitas a tantos fatores casuais ou
acidentais, podem produzir um resultado de conjunto tão exato e previsível? Com todos os defeitos que possa ter,
a hipótese dos campos mórficos é bem mais plausível.
Uma estrutura espaço-temporal desse tipo direcionaria a diferenciação celular, fornecendo uma espécie de roteiro
básico ou matriz para a ativação ou inativação dos genes.
Ação modesta
A biologia reducionista transformou o DNA numa cartola de mágico, da qual é possível tirar qualquer coisa. Na
vida real, porém, a atuação do DNA é bem mais modesta. O código genético nele inscrito coordena a síntese das
proteínas, determinando a seqüência exata dos aminoácidos na construção dessas macro-moléculas. Os genes
ditam essa estrutura primária e ponto.
"A maneira como as proteínas se distribuem dentro das células, as células nos tecidos, os tecidos nos órgãos e os
órgãos nos organismos não estão programadas no código genético", afirma Sheldrake. "Dados os genes corretos,
e portanto as proteínas adequadas, supõe-se que o organismo, de alguma maneira, se monte automaticamente.
Isso é mais ou menos o mesmo que enviar, na ocasião certa, os materiais corretos para um local de construção e
esperar que a casa se construa espontaneamente."
A morfogênese, isto é, a modelagem formal de sistemas biológicos como as células, os tecidos, os órgãos e os
organismos seria ditada por um tipo particular de campo mórfico: os chamados "campos morfogenéticos". Se as
proteínas correspondem ao material de construção, os "campos morfogenéticos" desempenham um papel
semelhante ao da planta do edifício. Devemos ter claras, porém, as limitações dessa analogia. Porque a planta é
um conjunto estático de informações, que só pode ser implementado pela força de trabalho dos operários
envolvidos na construção. Os campos morfogenéticos, ao contrário, estão eles mesmos em permanente interação
com os sistemas vivos e se transformam o tempo todo graças ao processo de ressonância mórfica.
Tanto quanto a diferenciação celular, a regeneração de organismos simples é um outro fenômeno que desafia a
biologia reducionista e conspira a favor da hipótese dos campos morfogenéticos. Ela ocorre em espécies como a
dos platelmintos, por exemplo. Se um animal desses for cortado em pedaços, cada parte se transforma num
organismo completo.
Forma original
Como mostra a ilustração da página ao lado, o sucesso da operação independe da forma como o pequeno verme
é seccionado. O paradigma científico mecanicista, herdado do filósofo francês René Descartes (1596-1650),
capota desastrosamente diante de um caso assim. Porque Descartes concebia os animais como autômatos e uma
máquina perde a integridade e deixa de funcionar se algumas de suas peças forem retiradas. Um organismo como
o platelminto, ao contrário, parece estar associado a uma matriz invisível, que lhe permite regenerar sua forma
original mesmo que partes importantes sejam removidas.
A hipótese dos campos morfogenéticos é bem anterior a Sheldrake, tendo surgido nas cabeças de vários biólogos
durante a década de 20. O que Sheldrake fez foi generalizar essa idéia, elaborando o conceito mais amplo de
campos mórficos, aplicável a todos os sistemas naturais e não apenas aos entes biológicos. Propôs também a
existência do processo de ressonância mórfica, como princípio capaz de explicar o surgimento e a transformação
dos campos mórficos. Não é difícil perceber os impactos que tal processo teria na vida humana. "Experimentos em
psicologia mostram que é mais fácil aprender o que outras pessoas já aprenderam", informa Sheldrake.
Ele mesmo vem fazendo interessantes experimentos nessa área. Um deles mostrou que uma figura oculta numa
ilustração em alto contraste torna-se mais fácil de perceber depois de ter sido percebida por várias pessoas. Isso
foi verificado numa pesquisa realizada entre populações da Europa, das Américas e da África em 1983. Em duas
ocasiões, os pesquisadores mostraram as ilustrações 1 e 2 a pessoas que não conheciam suas respectivas
"soluções". Entre uma enquete e outra, a figura 2 e sua "resposta" foram transmitidas pela TV. Verificou-se que o
índice de acerto na segunda mostra subiu 76% para a ilustração 2, contra apenas 9% para a 1.
Aprendizado
Se for definitivamente comprovado que os conteúdos mentais se transmitem imperceptivelmente de pessoa a
pessoa, essa propriedade terá aplicações óbvias no domínio da educação. "Métodos educacionais que realcem o
processo de ressonância mórfica podem levar a uma notável aceleração do aprendizado", conjectura Sheldrake. E
essa possibilidade vem sendo testada na Ross School, uma escola experimental de Nova York dirigida pelo
matemático e filósofo Ralph Abraham.

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Outra conseqüência ocorreria no campo da psicologia. Teorias psicológicas como as de Carl Gustav Jung e
Stanislav Grof, que enfatizam as dimensões coletivas ou transpessoais da psique, receberiam um notável reforço,
em contraposição ao modelo reducionista de Sigmund Freud (leia o artigo "Nas fronteiras da consciência", em
Globo Ciência nº. 32).
Sem excluir outros fatores, o processo de ressonância mórfica forneceria um novo e importante ingrediente para a
compreensão de patologias coletivas, como o sadomasoquismo e os cultos da morbidez e da violência, que
assumiram proporções epidêmicas no mundo contemporâneo, e poderia propiciar a criação de métodos mais
efetivos de terapia.
"A ressonância mórfica tende a reforçar qualquer padrão repetitivo, seja ele bom ou mal", afirmou Sheldrake a
Galileu. "Por isso, cada um de nós é mais responsável do que imagina. Pois nossas ações podem influenciar os
outros e serem repetidas".
De todas as aplicações da ressonância mórfica, porém, as mais fantásticas insinuam-se no domínio da tecnologia.
Computadores quânticos, cujo funcionamento comporta uma grande margem de indeterminação, seriam
conectados por ressonância mórfica, produzindo sistemas em permanente transformação. "Isso poderia tornar-se
uma das tecnologias dominantes do novo milênio", entusiasma-se Sheldrake.

A Ressonância Morfogenética de Sheldrake


http://www.geocities.com/aguila-dorada/Shelldrake.html
Rupert Sheldrake é um dos biólogos mais controversiais de nosso tempo. As suas teorias não
só estão revolucionando a rama científica de seu campo se não estão transbordando para
outras áreas ou disciplinas como a física e a psicologia .
No seu livro “Uma Nova Ciência da Vida”, Sheldrake toma posições na corrente organicista ou
holística clássica, sustentadas por nomes como Von Bertalanffy e a sua Teoria Geral de
Sistemas ou E.S. Russell, para questionar de um modo definitivo a visão mecanicista, que da
por explicado qualquer comportamento dos seres vivos mediante o estudo de suas partes
constituintes e sua posterior redução para as leis químicas e físicas.
Por outro lado, Sheldrake propõe a idéia dos campos morfogenéticos, os quais ajudam a
compreender como os organismos adotam as suas formas e comportamentos característicos.
“Morfo vem da palavra grega morphe que significa forma. O campos morfogenéticos são
campos de forma; campos padrões ou estruturas de ordem. Estes campos organizam não só os
campos de organismos vivos mas também de cristais e moléculas. Cada tipo de molécula, cada
proteína por exemplo, tem o seu próprio campo mórfico -a hemoglobina , um campo de insulina,
etc. De um mesmo modo cada tipo de cristal, cada tipo de organismo, cada tipo de instinto ou
padrão de comportamento tem seu campo mórfico. Estes campos são os que ordenam a
natureza. Há muitos tipos de campos porque há muitos tipos de coisas e padrões dentro da
natureza..."
A grande contribuição de Sheldrake consistiu em juntar noções vagas sobre os campos
morfogenéticos (Weiss 1939) e os formular em uma teoria demonstrável. Desde que escrevera
o livro no qual apresenta a hipótese da Ressonância Mórfica, em 1981, foram feitas numerosas
experiências que, em princípio, deveriam demonstrar a validade, ou a invalidade, distas
hipóteses Você achará alguns dos mas relevantes ao término deste artigo.
Três enfoques sobre o fenômeno vital
Tradicionalmente houve 3 correntes filosóficas na natureza biológica da vida: vitalismo,
mecanicismo e organicismo.
O vitalismo sustenta que em toda forma de vida existe um fator intrínseco, -evasivo, inestimável
e não sujeito a medidas, que ativa a vida. Hans Driesch, biólogo e filósofo alemão precursor
principal do vitalismo depois da mudança de século, chamou a esse fator causal misterioso
enteléquia , que se fazia especialmente evidente em aspectos do desenvolvimento do
organismo como a regulação, regeneração e reprodução.
A forma clássica do vitalismo, tal e como foi exposto por numerosos biólogos a princípio de
século, especialmente por Driesch, foi criticado severamente pelo seu caráter acientifico. De

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acordo com Karl Popper, os critérios para estabelecer o status cientifico de uma teoria são o
falsifiabilidade , refutabilidade e demonstrabilidade. Deste modo, o vitalismo não estava
qualificado já que este novo fator causal incerto não pôde ser demonstrado de modo algum.
Ernest Nagel, filósofo da ciência escreveu em 1951 no seu livro Filosofia e Investigação
Fenomenológica:
O grosso do vitalismo ...é agora uma questão extinta... não tanto talvez para a crítica filosófica
e metodológica que se a revelado contra a doutrina mas para a infertilidade do vitalismo para
guiar a investigação biológica e pela superioridade heurística de focos alternativos.
Freqüentemente é dito que embora numerosos biólogos se dizem vitalistas, na prática eles são
mecanicistas no determinado no laboratório dada a exigência da investigação científica de
mostrar as experiências com parâmetros que possam ser medidos na físicas e a química.
Sheldrake afirma que o fracasso do vitalismo é devido principalmente a sua inabilidade para
fazer predições demonstráveis e para apresentar experiências novas.
O enfoque ortodoxo da biologia vem determinado pela teoria mecanicista da vida : no
momento,: os organismos vivos são considerado como máquinas físico-química e todos o
fenômeno vital pode ser explicado, em princípio, com leis físico-químicas. Na realidade isto é o
a posição reducionista que sustenta que os princípios biológicos podem ser reduzidos a leis
fixas e eternas destas duas ramas da ciência.
A ortodoxia científica adere a esta teoria porque oferece um marco de referência satisfatória
onde numerosas perguntas sobre os processos vitais podem ser respondidas e porque já
muito tem se investido nela. As raízes do mecanicismo são mesmo profundas. De acordo com
Sheldrake inclusive se você admitir que o enfoque mecanicista esta severamente limitado no
só na pratica mais no principio, não poderia ser abandonado,; no momento é o único método
disponível para a biologia experimental, e sem dúvida continuará o ser usado até ter outra
alternativa mais positiva.
O organicismo ou holismo recusam que os fenômenos da natureza possam ser reduzidos
exclusivamente a leis físico-químicas desde que elas não podem explicar a totalidade do
fenômeno vital. Por outro lado reconhece a existência de sistemas hierarquicamente
organizados com propriedades que não podem ser entendidas por meio do estudo de partes
isoladas mas em seu totalidade e interdependência. De lá o termino holismo, da palavra
whole"=todo em inglês. Em cada nível, o total de energia é mais que a soma das partes, é um
fator adicional que escapa a esta metodologia.
O organicismo foi desenvolvido debaixo de influências de diversos: sistemas filosóficos como
os de Alfred North Whitehead e J.C Smuts, psicologia Gestalt, conceitos como os campos
físicos e parte do mesmo vitalismo de Driesch.
“O organicismo trata os mesmos problemas que Driesch disse que eram insolúveis em termos
mecanicistas mas por enquanto ele propôs a enteléquia não física para explicar a totalidade e
diretividade dos organismos, os organicistas propuseram o conceito do campo morfogenético
(ou embriônico ou de desenvolvimento)". (Sheldrake 1981)

O que é um campo morfogenético ?


Os campos morfogenéticos ou campos mórficos são campos que levam informações, não
energia , e são utilizáveis através do espaço e do tempo sem perda alguma de intensidade
depois tido sido criado. Eles são campos não físicos que exercem influência sobre sistemas
que apresentam algum tipo de organização inerente. "
“A teoria do causasão formativa é centrada em como as coisas tomam formas ou padrões de
organização. Deste modo cobre a formação das galáxias, átomos, cristais, moléculas, plantas,
animais, células, sociedades,. Cobre todas as coisas que têm formas, padrões , estruturas ou
propriedades auto organizativas.
Todas estas coisas são organizadas por si mesmas . Um átomo não tem que ser criado por
algum agente externo, ele se organiza só. Uma molécula e um cristal não é organizado pelos

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seres humano peça por peça se não que cristaliza espontaneamente. Os animais crescem
espontaneamente. Todas estas coisas são diferentes das máquinas que são artificialmente
montadas pelos seres humanos.
Esta teoria trata sistemas naturais auto-organizados e a origem das formas. E eu assumo que a
causa das formas é a influência de campos organizacionais, campos formativos que eu chamo
de campos mórficos. A característica principal é que a forma das sociedades, idéias, cristais e
moléculas dependem do modo em que tipos semelhantes foram organizado no passado. Há
uma espécie de memória integrada nos campos mórficos de cada coisa organizada.. Eu
concebo as regularidades da natureza como hábitos mas que por coisas governadas por leis
matemáticas eternas que existem de algum modo fora da natureza "

Como funcionam os Campos Morfogenéticos?


Os campos morfogenéticos agem sobre a matéria impondo padrões restritivos em processos
de energia cujos resultados são incertos ou probabilísticos.
Por exemplo, dentro de um determinado sistema um processo físico-químico pode seguir
diversos caminhos possíveis. O que o sistema faz para optar para um deles? Do ponto de vista
mecânico esta eleição estaria em função de diferentes variáveis físico química que influenciam
no sistema: temperatura, pressão, substâncias presentes, polaridade, etc. cuja combinação
decantaria o processo para um certo caminho. Se fosse possível controlar todas as variáveis
em jogo você poderia predizer o um resultado final do processo. Porém não é deste modo, mas
o resultado final é sujeito ao acaso probabilístico, algo quantificável só por meio de análise
estatística.
Muito bem, o Campo Morfogenético relacionado com o sistema reduzira consideravelmente a
amplitude probabilística do processo, levando o resultado em uma direção determinada.

" Os Campos Mórficos funcionam , tal como eu explico em meu livro, A Presença do Passado,
modificando eventos probabilísticos . Quase toda a natureza é inerentemente caótica. Não é
rigidamente determinada. A dinâmica das ondas, os padrões atmosféricos, o fluxo turbulento
dos fluidos, o comportamento da chuva, todas estas coisas são corretamente incertas, como
são os eventos quânticos na teoria quântica. Com o declínio do átomo de urânio você não é
capaz de predizer se o átomo declinará hoje ou nos próximos 50.000 anos. É meramente
estatístico, Os Campos Mórficos funcionam modificando a probabilidade de eventos puramente
aleatórios. Em vez de um grande aleatoriedade, de algum modo eles enfocam isto, de forma
que certas coisas acontecem em vez de outras. É deste modo como eu acredito que eles
funcionam ".
De onde vêm os Campos Morfogenéticos?
Um campo morfogenético não é uma estrutura inalterável mas que muda ao mesmo tempo,
que muda o sistema com o qual esta associado. O campo morfogenético de uma samambaia
tem a mesma estrutura que o os campos morfogenético de samambaias anteriores do mesmo
tipo. Os campos morfogenéticos de todos os sistemas passados se fazem presentes para
sistemas semelhantes e influenciam neles de forma acumulativa a traves do espaço e o
tempo.

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A palavra chave aqui é " hábito ", sendo o fator que origina os campos morfogenéticos . A
traves dos hábitos os campos morfogenéticos vão variando sua estrutura dando causa deste
modo às mudanças estruturais dos sistemas a os que estão associados.
Por exemplo, em uma floresta de coníferas é gerado o habito de estender as raízes a mais
profundidade para absorver mas nutrientes. O campo morfogenético da conífera assimila e
armazena esta informação que é herdada não só por exemplares no seu entorno se não em
florestas de coníferas em todo o planeta por efeitos da ressonância mórfica..
EXPERIÊNCIAS
De acordo com Sheldrake, um modo simples para demonstrar a existência dos campos
morfogenéticos é criando um novo campo mórfico para logo observar seu desenvolvimento.
Nestes 2 figuras há uma imagem escondida. Teoricamente, deveria ser mas simples identificar
a imagem escondida porque foi já identificado pelos milhares de pessoas em experimentos
levado a cabo por cadeias de televisão européias como o BBC ou o ITV desde 1984. A
pergunta consiste em sintonizar com o campo de informação criado por milhares de europeus
para visualizar a imagem escondida nas figuras.

Imagens escondidas
Novo Código Morse
O Dr. Arden Mahlberg , psicólogo de Wisconsin, tem realizado experimento que analisam a
capacidade de duas pessoas para aprender 2 códigos Morse diferente. Um deles é o padrão
clássico e o segundo, inventado por ele variando as seqüências de pontos e linhas de modo
que fosse igualmente difícil (ou fácil) aprender o código. A pergunta é, é mais simples
aprender o verdadeiro Morse que o que a pessoa inventou porque milhões das pessoas já
aprenderam isto? E a resposta, aparentemente, é que sim.

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Ratos no labirinto
Este é um das primeiras experiências levado a cabo por Sheldrake e foi recapturado do tempo
em que ele começou a considerar os campos morfogenéticos . consiste em ensinar a um
grupo de ratos uma certa aprendizagem, por exemplo, sair de um labirinto, em certo lugar, por
exemplo, Londres, para logo observar a habilidade de outros ratos em outro lugar então, para
exemplo, Nova Iorque, deixar o labirinto. Esta experiência já foi levada a cabo em numerosas
ocasiões dando resultados muito positivos.
A TEORIA DA UNICIDADE DOS CAMPOS INTELIGENTES IPAHD
Acreditamos que Rupert Sheldrake esta no caminho certo , somente que esta trabalhando com
os efeitos de causas desconhecidas. Estas causas se originam em áreas na qual nosso
espectro visual e sensitivo físico não alcança a determinar. Consideramos determinados
processos em uma ordem fractalizada determinada por causas consistentes em um âmbito não
lineal e instável desde o ponto de vista do efeito sem considerar a inteligência suporte da
manifestação do mesmo.
Segundo nossa pesquisa com uma variedade de campos energéticos visíveis em determinadas
situações de alteração de nível consciencial por parte do observador, estaríamos no meio de
uma imensa malha energética, uma rede de partículas e ondas de energia, microfibras
luminosas de um tecido energético que permite a comunicação não somente as formas de
vida, si não também as formas estruturais atômicas em diferentes níveis vibratórios. Esta rede
seria a responsável pela comunicação dos diferentes Campos Inteligentes que interagem com
o homem, ate agora de forma unilateral, ou seja, sem consciência da parte do homem.
Consideramos que não existe auto organização causada por hábitos ou por padrões de
comportamento.
O descobrimento desta rede ou armação energética permitira um avanço considerável nas
diferentes áreas das ciências. Considerando que não existe auto organização das formas,
porem, a existência da rede não seria suficiente para ocasionar os efeitos dos campos
mórficos de Sheldrake.
Existem diferentes níveis de estruturas inteligentes em tudo o que existe no Universo.
Alcançamos uma estrutura inteligente quando de algum modo interagimos com ela, já seja com
um cachorro ou com um bosque de coníferas. A diferença radica na geração da resposta a
esse estimulo. Se agirmos com as coníferas, (plantas) estas apresentarão um efeito diferente
ao efeito evolutivo de ressonância com outras espécies similares no planeta.
Quando falamos de inteligência, falamos também de auto organização. Uma forma de vida não
poderia se auto organizar se não existisse uma inteligência que suportasse energeticamente
estas mudanças.
Onde radica então nosso problema?
Nosso problema principal radica na nossa falta de “visão” , na nossa falha em acessar níveis
energéticos que estão fora do espectro eletromagnético conhecido e na incapacidade de nos
comunicar conscientemente com as estruturas inteligentes que formam parte de nosso
universo. Isto só poderá ser feito quando nossos próprios cientistas admitam que é necessária
uma mudança radical na observação da vida neste planeta, quando eles possam “sentir” que
existe algo mais e que esse sentir seja real, seja capaz de alterar a própria consciência do
observador. Juan Valdes - IPHAD

A ORDEM E A INTELIGÊNCIA DO COSMOS – A


PERSPECTIVA DA FÍSICA
http://biosofia.net/2001/06/22/a-ordem-e-a-inteligencia-do-cosmos-a-perspectiva-esoterica/
O determinismo clássico
Dada como terminada nos finais do séc. XIX (1), a mecânica de Newton parecia descrever com
exatidão todos os fenômenos macroscópicos. Nada acontecia por acaso, sem uma causa. Nas

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

mesmas circunstâncias, causas idênticas originariam os mesmos efeitos. O mundo passou a ser
encarado como um imenso e preciso mecanismo de relojoaria.
Laplace haveria de escrever em 1814: “Devemos portanto encarar o estado presente do Universo
como o efeito do seu estado anterior, e como causa do estado que vai seguir-se. Uma inteligência que
em dado instante conhecesse todas as forças que animam a Natureza e a situação dos seres que a
compõem, se fosse suficientemente ampla para sujeitar estes dados à análise, juntaria na mesma
fórmula os movimentos dos maiores corpos celestes e os do átomo menor; para ela, nada haveria de
incerto; quer o futuro, quer o passado, estariam patentes a seus olhos.” Era o determinismo
Laplaciano. É com esta física Newtoniana, determinista, que ainda hoje vamos à Lua, andamos na
montanha russa e lançamos sondas para o espaço exterior.
Einstein(2) viria alterar este estado de coisas, fazendo da mecânica de Newton um caso particular (v
<<< c) da teoria da relatividade restrita (1905). Espaço e tempo deixaram de ser absolutos como
acontecia na Física Clássica.
Einstein e Niels Bohr
Não defensor do aparente estado caótico dos sistema quânticos, para Einstein “Deus não joga aos
dados”. Ele estava convencido da existência de “variáveis ocultas” que poderiam explicar as relações
de causa e efeito por detrás do aparente caos e da indeterminação da M.Quântica. O fato de não
conseguirmos determinar simultaneamente a posição e a velocidade de uma partícula - Principio de
incerteza de Heisemberg - só podia ser atribuído à incapacidade dos aparelhos de medida usados em
sondar os níveis mais profundos da substância. Se tal fosse possível, acabaríamos por observar
relações causais mascaradas pelo aparente caos quântico. Acreditava na existência de um Universo
físico objetivo e numa ordem global, mesmo à escala microscópica.
Contrariamente a Einstein, Niels Bohr3 terá afirmado: “A Física não trata das coisas, trata do nosso
conhecimento das coisas” ou seja, o cientista não lida com a realidade das coisas em si mas com
“fenômenos” e “objetos”, que estão muito próximos do que Kant considerou como a “matéria de
conhecimento” que nos “é enviada” pelas “coisas em si” ou númenos, e por nós recebida e
interpretada.
Para Neils Bohr não existe nenhuma imagem objetiva da Natureza. Nada a nível quântico tem
realidade objetiva. A realidade surge por um qualquer processo associado aos resultados das
medições. Não faz sentido descrever as propriedades de um objeto quântico antes de realizar sobre
ele uma medida. É esta faceta da descrição quântica, a incapacidade de dizer onde está um objeto
antes de se efetuar uma medição, que levou ao aparecimento de um dos paradoxos mais conhecidos
da M.Quântica, o “Paradoxo EPR” (4).
Para Bohr e Kant, o fenômeno resulta da “matéria de conhecimento” recebida em estruturas
previamente existentes, sejam elas aparelhos de física(5) (Bohr) ou façam parte da natureza humana
(Kant). Para Bohr, um eletron não é uma partícula nem é uma onda. Onda e corpúsculo são, para
ele, dois aspectos complementares de uma mesma entidade quântica. Recebido num certo tipo de
aparelho, por exemplo uma chapa fotográfica, ele é violentado e obrigado a comportar-se como
partícula(6). No entanto, se recebido noutro aparelho, por exemplo uma rede de difracção, é
obrigado a comportar-se como uma onda. É o princípio de complementaridade, enunciado por Bohr
em 1927.
Alguns físicos acham, no entanto, que para além do aparelho de medida é necessária também uma
consciência que seja informada do resultado. Nesta perspectiva, o método de observação, o
observador e o observado estão intimamente ligados, não são entidades disjuntas, mas contribuem
todos para o fenômeno observado. Por outras palavras, a realidade objetiva não existe por si só,
independente do observador e do método de observação, mas é construída pela interação dos
intervenientes no processo de busca. A realidade quântica do mundo subatômico, a existir, está
indissociavelmente ligada à organização do mundo macroscópico.
Esta idéia de fazer do observador o elemento principal da realidade física é contrário ao espírito da
ciência, cujo objetivo é a compreensão das leis que regem o, aparentemente, objetivo mundo
externo. Se essas leis não existem, e o Universo é subjetivo, dependente do observador e dos

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aparelhos de medida, então toda a ordem que possamos descortinar é mera abstração e fruto do
nosso intelecto. Existe apenas em nós e não no Universo. A procura das leis que a regem seria
absurda e a ciência esgotar-se-ia na necessidade que temos de ver ordem nas coisas. As 4 forças
fundamentais da natureza(7) descobertas pela Física e o tremendo esforço intelectual das últimas
décadas para encontrar uma teoria de Tudo que as unifique e permita explicar o átomo, a formiga, o
Sol, as nebulosas, o leitor e eu, não passariam de meros exercícios intelectuais destinados a ocupar
as nossas mentes ansiosas de estabelecer ordem onde ela não existe.
A parte que contém o Todo
Einstein, Podolsky e Rosen, como vimos já, conceberam uma experiência que originou o conhecido
“paradoxo EPR”. Enunciado inicialmente para analisar a posição e o momento de 2 partículas em
interação à luz dos princípios quânticos, e questionar o P. Incerteza de Heisenberg, esta experiência
levou a conclusões teóricas que obrigavam a uma de duas coisas: ou os fundamentos da mecânica
quântica estão errados e o estado de uma partícula pode ser conhecido mesmo sem ser medido, ou
admitimos a ação à distância, quer dizer, a medição efetuada sobre o primeiro fóton influenciou
instantaneamente e determinou o estado do segundo fóton, não importando se ele estava ao lado do
primeiro ou nos antípodas do Universo. Como as interações instantâneas à distância estavam fora de
questão, já que a não-localidade do fenômeno implicava interações ultra-lumínicas, logo superiores
à velocidade da luz(8), só restava a Einstein e seus colegas concluir que a M. quântica não descrevia
a realidade.
Bohr refutou as idéias de Einstein afirmando que, ainda que nenhum sinal ou influência direta possa
viajar entre as partículas, correlacionadas no passado, elas são partes inseparáveis de um sistema
quântico e portanto influenciam-se mutuamente.
A experiência de ASPECT, realizada em 1982 por Alain Aspect, veio dar razão a Neils Bohr. A M.
Quântica é não local, isto é objetos quânticos podem influenciar-se instantaneamente, ainda que
separados por distâncias tão grandes que nenhuma das interações conhecidas da física o possa
explicar.
Com base nos resultados da experiência de ASPECT e admitindo que todas as partículas tiveram
origem na mesma fonte, o Big-Bang, e, nesse sentido, estiveram um dia, num passado longínquo,
correlacionadas, podemos concluir que cada partícula, cada átomo, cada uma das diferentes espécies
dos reinos da Natureza contém em si informação sobre o Todo e que influencia e é influenciada pela
totalidade do Cosmos. A parte contém o Todo.
A ordem implícita
Seguidor da idéia das “variáveis ocultas” de Einstein, David Bohm, pelo contrário, teoriza a
existência de uma ordem universal implícita, invisível para nós, responsável por uma ordem
explícita, concreta e abarcante que age por retroação sobre a ordem implícita que lhe deu origem.
Somente uma pequena parte dessa ordem explícita nos é acessível através dos imperfeitos órgãos
sensoriais de que dispomos. A realidade não é apenas aquilo que os nossos sensores naturais - ou os
que criamos para extensão destes, como o telescópico, microscópio, detectores de partículas
elementares, rádio, TV, etc. - nos transmitem. Temos acesso àquela parte da ordem explícita que o
nosso estágio intelectual, tecnológico e consciencial nos permite, em cada época, compreender.
Também Rupert Sheldrake, biólogo inglês e autor da teoria dos campos morfogenéticos, partilha de
certa forma a idéia da ordem implícita de David Bohm, embora numa perspectiva biológica. Rupert
Sheldrake sugere ainda que, tal como os campos morfogenéticos são estabelecidos pelo hábito,
assim também as leis da Natureza são elaboradas como hábitos. As leis que regem a Natureza
evoluem com ela própria.
A procura da Ordem
Na tentativa de explicar o mundo fenomênico que nos rodeia e encontrar respostas aos enigmas do
Universo e da vida, a ciência constrói teorias atrás de teorias que, sujeitas ao crivo do teste e
refutação, são depuradas acabando por deixar, às mais capazes, o papel de paradigma científico da
época em que entram em cena, para depois declinarem e passarem a um plano secundário, ou serem

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abandonadas, por incapazes de explicar os novos fenômenos a que o acelerado desenvolvimento


tecnológico e intelectual nos dá acesso.
Em seu lugar aparecem outras hipóteses, por vezes em oposição ao estabelecido, explicando o que as
anteriores teorias já explicavam e indo mais além ou seja, alargando a nossa capacidade de antecipar
fenômenos ainda não conhecidos mas previstos pelas novas idéias.
Nessa azáfama da pesquisa da verdade, o determinismo laplaciano foi substituído pelas relações de
incerteza de Heisemberg; a continuidade da Mecânica Clássica pela noção de descontinuidade dos
“quanta” de Max Planck; a objetividade e ordem universais pela subjetividade e complementaridade
de Bohr; a onda e a partícula são agora aspectos diferentes, complementares, de uma mesma
entidade; o espaço e o tempo deixaram de ser absolutos e passaram a espaço-tempo, interligados e
interdependentes. A massa, o comprimento e o tempo passaram a depender da velocidade, na
relatividade de Einstein; a noção de energia e massa revelaram-se equivalentes; a gravidade passou
a encurvar o espaço-tempo; o observador, o observado e o processo de observação (medida) são
agora considerados como inseparáveis da realidade que construímos; o ADN por si só não explica o
desenvolvimento das formas na Natureza…
Estes e outros aspectos do nosso conhecimento da realidade, elaborados e desenvolvidos por
disciplinas tais como a Física teórica e experimental, e a Biologia, mostram as incertezas e limitações
em que se movimenta o intelecto humano, na procura das leis que regem o Universo.
O microcosmos emergente - incapaz de ser explicado pela Física Clássica, Newtoniana -, sustentado
por teorias cada vez mais gerais, revela-nos um Universo heterogêneo, evidenciado por um suporte
tecnológico laboratorial cada vez mais sofisticado9, onde a não-localidade dos fenômenos quânticos,
patenteada pelo paradoxo de EPR e confirmada pela experiência de ASPECT, põe em causa os
fundamentos da Relatividade e faz-nos admitir a troca instantânea de informação entre todas as
partes do Todo.
Talvez a junção das, aparentemente, disjuntas realidades dos mundos micro e macrocósmicos passe
pela descoberta de leis que englobem ambas e justifiquem a forma atualmente incompreensível
como o caos do mundo quântico pode gerar a aparente ordem do Universo manifesto: o caos, como
ordem implícita, gerador da ordem explícita manifestada.
Fernando Nenê
Licenciado em Microfísica e em Engenharia
1 Lord Kelvin, um dos mais brilhantes físicos da sua época, terá dito: “a física forma hoje, quanto ao
essencial, um conjunto perfeitamente harmonioso, um conjunto praticamente terminado”. Teria
ainda acrescentado: “Na verdade, há ainda dois pontos obscuros, a experiência de Michelson e a
radiação do corpo negro; mas julgo que em breve estarão esclarecidos.”
O esclarecimento destes dois pontos obscuros haveria de originar que, no caso da radiação do corpo
negro (catástrofe do ultravioleta), da “praticamente terminada física”, nascesse a “teoria dos quanta”
e a M. quântica, que é hoje a que melhor descreve os fenômenos do mundo subatômico. A
experiência de Michelson viria a obrigar à reformulação de alguns conceitos da Física Clássica e ao
aparecimento da Teoria da Relatividade restrita.
2 Um dos expoentes máximos da física do séc. XX e autor das Teorias da Relatividade Restrita e
Geral.
3 Físico dinamarquês que em 1913 quantificou as órbitas eletrônicas.
4 Idealizado por Einstein, Podolsky e Rosen (EPR).
5 Régua, osciloscópio, amperímetro, película fotográfica, contador de partículas, telescópio, etc.
6 - decompondo grânulos de nitrato de prata.
7 Forças nuclear forte, nuclear fraca, eletromagnética e gravítica.

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8 O que contraria um dos postulados fundamentais da Relatividade restrita, a constância da


velocidade da luz. Einstein não gostou.
9 Aceleradores e detectores de partículas, telescópios de luz visível e infra-vermelho,
radiotelescópios, espectroscopia de massa, espectrometria óptica, etc., etc.

A ORDEM E A INTELIGÊNCIA DO COSMOS - A


PERSPECTIVA ESOTÉRICA

A busca da verdade rigorosa sobre uma ordem, expressa em Leis, presente nos diferentes fenômenos
da Natureza, é o desígnio de todos os cientistas. Para qualquer Ciência - seja a Ciência das Ciências
(o Ocultismo), seja a Ciência Oficial (sem sentido depreciativo), ainda confinada aos mundos mais
densos, seja qualquer um dos seus ramos em particular -, a existência de uma tal ordem, que implica
inteligência, constitui uma base fundamental. É o pressuposto ou, pelo menos, a esperança da sua
existência que impulsiona e confere dignidade a qualquer pesquisa científica.
De que lado está a ordem?
A propósito dessa ordem, o esoterista coloca importantíssimas questões à Ciência Oficial,
nomeadamente a todos aqueles que trabalham nos domínios da Física, da Cosmologia e da Biologia.
Sem entrarmos em profundas abordagens epistemológicas - aliás, extremamente interessantes -,
lembremos a oposição entre dois pontos de vista principais:
Essa ordem pode existir como algo de objetivo, (também) do lado de lá da nossa percepção e
interpretação, podendo ser decodificada pela inteligência humana de modo também objetivo, ao
menos em grande medida;
Essa ordem não existe objetivamente, e representa apenas uma ficção, uma forma da nossa
inteligência - que tende a ser ordenadora e a pressupor nexo, coerência, relação causa-efeito -
interpretar fatos que, em si mesmos, são caóticos, desordenados, independentes de quaisquer leis.
Por outras palavras, a ordem só existe do lado de cá, subjetivamente.
Em termos de Teoria do Conhecimento, esta última hipótese foi defendida por vários filósofos ao
longo dos séculos. Abstemo-nos agora de comentários valorativos; veremos, mais adiante, qual a
posição da Filosofia Esotérica. Neste momento, basta dizer que, levando essa hipótese ao limite, a
Ciência, como procura da Verdade em si mesma, seria uma quimera, um esforço condenado ao
fracasso, uma causa inelutavelmente perdida (o que, decerto, significaria uma desilusão e um
desgosto para toda a comunidade científica). Ficaria, quando muito, confinada a um passatempo
intelectual (assim como uma charada que se esgota em si mesma) e/ou a um utilitarismo
tecnológico, visto que permite produzir máquinas, instrumentos, construções. Então, reduzida a
Ciência a essa expressão tão limitada, drasticamente diminuída na sua dignidade e inibida de atingir
o seu propósito inicial, o melhor seria quedarmo-nos por aqui em considerações.
Admitamos a outra hipótese. Continuando a simplificar, ela sustenta a validade do Conhecimento,
da Ciência, como compreensão susceptível de ser real, verdadeira e fidedigna de uma objetividade
em que há ordem, leis, inteligência.
Quem ou o Quê dispõe uma ordem inteligente?
Fixemos este ponto. A ordem implica inteligência. As leis, que a ciência se esforça por desvelar e
formular de modo compreensivo, implicam inteligência. Ora bem, onde há inteligência, tem que
haver algo ou alguém que seja inteligente; onde há ordem, tem de haver algo ou alguém que
disponha, garanta e mantenha a ordem. Se essa ordem inteligente existe no Cosmos (também) do
lado de lá da nossa subjetividade, então, quem ou o quê a detém, sustenta, É? Qual a realidade
ontológica desse Algo ou Alguém - seja singular ou plural - que é inteligente, extraordinariamente
inteligente a ponto de dar ordem a um Cosmos tão imenso e prodigioso?

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As teologias simplistas dão como resposta: é Deus, o Ser Perfeito, Absoluto, Onipotente e Onisciente.
Entretanto, se a Natureza revela ordem e inteligência, é igualmente verdade ela não é perfeita, nem
absoluta: há tentativas, há falhanços, há imperfeições. O Cosmos, maravilhoso mas imperfeito, não
pode, pois, ter sido obra direta de um Ser Absoluto, Onipotente, Onisciente.
O materialismo científico (assim chamado), ou certo tipo de agnosticismo, afirma: é a Natureza ou a
Matéria como um todo que é inteligente. Esta resposta, aflorando (tal como a anterior) uma verdade
profunda, é, contudo, insuficiente. É uma sustentação vaga, que conduz a uma abstração de fuga à
realidade ontológica (mais ainda quando, decompondo cada vez mais aquela que outrora julgou ser
a unidade última da matéria - e, ao fazê-lo, voltando a comprovar a correção das teses da “Doutrina
Secreta”, de H.P.Blavatsky, onde antecipadamente se sustentava a infinita divisibilidade do átomo -,
se depara com inúmeras partículas com vontade e inteligências próprias)… Na Natureza ou na
Matéria, vemos tantas Inteligências, ordens e forças paralelas, relativamente autônomas e com
domínios circunscritos - mas tantas vezes cruzando-se e chocando-se -, que uma tal afirmação é
redutora e simplista, passando por cima da questão: Quem ou o Quê opera na Matéria, na Natureza,
no Universo, conferindo-lhe ordem, inteligência, relações fenomênicas que podemos compreender
como Leis? Quem ou o Quê é o(s) sujeito(s) ou agentes legisladores?
Sobre estas questões, a Ciência e a Filosofia exotéricas (o oposto de esotéricas) estão longe de dar a
última palavra - na verdade, mal ainda balbuciaram a primeira. Entretanto, manda a Verdade que se
diga que esta é uma interrogação vital e insofismável.
Vejamos, então, qual é a resposta do Esoterismo.
Quanto às relações sujeito-objeto, nada melhor do que citar a obra magistral de Helena Blavatsky:
“Tudo o que é, emana do Absoluto, que, por força mesmo desta qualidade, é a única Realidade; e,
assim, tudo aquilo que é estranho ao Absoluto, a esse Elemento causativo e gerador, deve ser uma
ilusão, sem nenhuma sombra de dúvida. Isto, porém, do ponto de vista exclusivamente metafísico.
(…) A impressão experimentada em qualquer dos Planos é uma realidade para o ser que a
experimenta e cuja consciência pertença ao mesmo Plano”. Noutra passagem, escreveu HPB: “Nada
é permanente, a não ser a Existência Una, absoluta e oculta, que contém em si mesma os númenos
de todas as realidades (…) No entanto, todas as coisas são relativamente reais, porque o conhecedor
é também um reflexo, e por isso as coisas conhecidas lhe parecem tão reais quanto ele próprio. (…)
Seja qual for o Plano em que possa estar a atuar a nossa consciência, tanto nós como as coisas
pertencentes ao mesmo Plano somos as únicas realidades do momento.”(1)
Por outras palavras: sendo que o Imanifestado ou Absoluto é a verdadeira Realidade, porque
incondicionada e além de toda a ilusão (que é impossível aí, por inexistir diferenciação entre sujeito
ou conhecedor, e objeto ou cognoscível), no domínio da Manifestação (onde há objetos que podem
ser conhecidos por sujeitos e que é, portanto, o campo da Ciência), existe uma harmonia e
consubstancialidade entre os objetos de um Plano ou Mundo em particular e a Consciência de um
sujeito cuja percepção está focalizada nesse Mundo. E, assim, há uma correspondência entre o tipo
de ordem e de inteligência manifestada objetivamente nesse Mundo ou Plano e o molde de
inteligência e de sentido de ordem do sujeito que a pretende conhecer. Consequentemente, o esforço
da Ciência e do Conhecimento é válido, porque a ordem existe em ambos os lados (objetivo e
subjetivo); ainda que todo o Universo manifestado, do ponto de vista puramente espiritual seja
ilusório, o esforço de conhecimento é a via pela qual, subindo de Plano em Plano nas
correspondências subjetivo-objetivo, nos podemos sucessivamente elevar da estagnação própria da
ignorância e da inércia.
Deixamos, num parêntesis, duas notas: alguns reconhecerão aqui fios de conexão com a Filosofia
Sânkhya e com a Monadologia de Leibnitz, o grande filósofo e cientista alemão dos Sécs. XVII-
XVIII. Por outro lado, julgamos que, desta forma, fica desvanecida a anedota do oriental que,
considerando este mundo como Maya, despertaria desse (suposto) delírio ao embater com a cabeça
numa parede.
Esclarecido, embora em traços muitíssimos gerais, o tema da validade do Conhecimento Científico,
sob o prisma da Filosofia Esotérica, vejamos agora o que a Ciência Oculta tem a dizer acerca do
substrato ontológico das leis, da inteligência e da ordem manifesta no Cosmos.

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O Ocultista afirma a evidência do Ser Absoluto, cuja realidade necessariamente admite, por ser
insustentável um niilismo radical; porém, declara honestamente que, qualquer Entidade existente
num Universo relativo e dual, nada pode dizer diretamente sobre a Realidade Absoluta, Una e
Imanifestada, exceto que É e, ao Ser, permite que todas as coisas, mundos e fenômenos possam
existir. O Absoluto está além de toda a compreensão relativa, por mais excelsa que seja.
Acrescentamos ainda, citando um excerto do livro “Cartas de Luxor”, do CLUC: “O Divino é a grande
e única realidade do Cosmos; não obstante, a Eterna Sabedoria jamais pode aceitar como sendo
rigorosa a concepção das religiões populares e desvirtuadas sobre um único Ato Criador, pelo qual
um Pai Absoluto teria instantaneamente criado o Universo. Sustenta, sim, que o Deus Uno, a
Essência Pura do Universo é a Causa Primordial que, depois, se desdobra numa infinidade de
potências ou causas criadoras - tão vastas em número quanto as Consciências que se diferenciam no
seio do Ser–Consciência da Unidade Divina -, todas elas concorrendo para a construção (ou, no
final, a dissolução) e evolução de todas as formas, de todos os mundos, de todas as esferas de Ser.” 2
Por outras palavras: temos a primordial energia una, sobre a qual trabalha o Pensamento Divino.
Este, contudo, para não ser uma simples abstração além do espaço e do tempo, é integrado e dotado
de substância-energia atuante pelas legiões de deuses, Hierarquias Criadoras ou Dhyani-Chohans
(conhecidos como Serafins, Tronos, Arcanjos, etc., nas tradições espirituais do Ocidente) isto é, de
“seres inteligentes que ajustam e controlam a evolução, encarnando em si mesmos aquelas
manifestações da Lei Una que conhecemos como “Leis da Natureza”(1) e “colaborando na
construção, sustentação e direção de todo o Universo objetivo, de cada uma das suas formas, de cada
um dos seus átomos.”(3)
Se bem que possamos expressar uma Lei da Natureza através de uma fórmula matemática, tal não
explica o que a torna viva e atuante. Uma fórmula, por si, não gera seqüências ordenadas -
inteligentes - de fenômenos, não gera formas ordenadas - inteligentes - se não tiver vida, ser,
energia.
Esses Seres, essas Hierarquias Criadoras ou Dhyani Chohans (4), são, pois os meios, através dos
quais se transmite o Pensamento Divino, o grande Propósito Inteligente do Universo - Universo de
que são os verdadeiros arquitetos, construtores e dinamizadores. São eles as (invisíveis) forças vivas
atuantes em toda a substância, são eles o ser e o dinamismo das leis universais. Não são eles
perfeitos ou absolutos e, assim, tão pouco o é o Cosmos manifestado. Se o qualificativo de deuses
lhes pode ser geralmente aplicado, tal se deve ao fato de serem invisíveis e, nas suas classes mais
elevadas, sapientíssimos, brilhantes, luminosos (5).
Entretanto, de um ponto de vista mais científico, são eles as forças inteligentes (ou semi-
inteligentes) e ordenadoras e diretoras da Natureza.
Entre as Hierarquias mais elevadas, temos grandes arquitetos e construtores de Universos; nos
degraus inferiores de uma escada imensa, temos as pequenas vidas elementais - representadas nos
folclores de todos os povos6 - que, por exemplo, constituem a (embora diminuta) vontade e
inteligência das partículas atômicas, de cujos agregados se compõem as formas do Universo visível.
José Manuel Anacleto
Presidente do Centro Lusitano de Unificação Cultural
1 In “A Doutrina Secreta, Vol. I” (Ed. Pensamento, S.Paulo)
2 Centro Lusitano de Unificação Cultural, Lisboa, 2000
3 José Manuel Anacleto, “Noções Básicas da Cosmogênese”, in “Portugal Teosófico o 79″, Ed. STP,
Lisboa, 2000
4 Literalmente, em sânscrito, “Os Senhores da Luz”.
5 Os Devas do Hinduísmo são, justamente, os “seres brilhantes” ou “luminosos”.
6 Que justificam um estudo mais rigoroso do que a mera curiosidade complacente. Povos antigos,
intelectualmente mais infantis, ainda na curva descendente para a materialidade, tinham algum

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acesso a mundos mais subtis, expressando-o de um modo simbólico, colorido e fantasiado, que é
necessário saber decodificar e entender no seu contexto.

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