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Expediente Sumário
4 Editorial
O Espiritismo e a Verdade
11 Entrevista: Maria Helena Marcon
A Doutrina Espírita é tesouro inestimável
Fundada em 21 de janeiro de 1883
Fundador: Augusto Elias da Silva
14 Presença de Chico Xavier
Servir mais – Irmão X
21 Esflorando o Evangelho
Revista de Espiritismo Cristão
Ano 124 / Fevereiro, 2006 / N o 2.123 Semeadura – Emmanuel
ISSN 1413-1749 26 A FEB e o Esperanto
Propriedade e orientação da Esperantistas no Rotary – Affonso Soares
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
Diretor: NESTOR JOÃO MASOTTI 38 Páginas da Revue Spirite
Diretor-Substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA
Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO Epitáfio de Benjamin Franklin – Allan Kardec
CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO
NOLETO BEZERRA e LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO
O Index da cúria romana – Allan Kardec
Secretária: SÔNIA REGINA FERREIRA ZAGHETTO 42 Seara Espírita
Gerente: AMAURY ALVES DA SILVA
Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE
Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR
TORRES E CLAUDIO CARVALHO
Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA
5 A Verdade – Juvanir Borges de Souza
CARVALHO
8 Bom humor – Richard Simonetti
REFORMADOR: Registro de publicação
o
9 Enquanto – João Coutinho
n 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-
cia Federal do Ministérioda Justiça), 10 Oração – Bezerra de Menezes
CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503
13 Viagem à Luz – Paulo Nunes Batista
Direção e Redação:
Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 15 A fuga para os “montes”... – Kleber Halfeld
70830-030 • Brasília (DF)
Tel.: (61) 3321-1767 18 Perguntas que o Centro Espírita nos faz –
FAX: (61) 3322-0523
Departamento Editorial e Gráfico: Cezar Braga Said
Rua Souza Valente, 17 • 20941-040
Rio de Janeiro (RJ) • Brasil 22 União de qualidades – Suely Caldas Schubert
Tel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298
E-mail: redacao.reformador@febrasil.org.br 28 Humanidade, “acorda enquanto é dia!” –
Home page: http://www.febnet.org.br A. Merci Spada Borges
E-mail: feb@febrasil.org.br e
webmaster@febnet.org.br
32 Em dia com o Espiritismo – O que é vida? –
Marta Antunes Moura
PARA O BRASIL
Assinatura anual R$ 39,00 34 Vigilância no trabalho – Joaquim Olympio de Paiva
Número avulso R$ 5,00
35 Diante do mal, o bem é a meta – Jorge Hessen
PARA O EXTERIOR
Assinatura anual US$ 35,00 39 Confraternização Espírita do Estado do
Assinatura de Reformador:
Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274 Rio de Janeiro
E-mail: 40 Transcomunicação instrumental – Rildo G. Mouta
assinaturas.reformador@febrasil.org.br
41 Retorno a Pátria Espiritual –
Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA
Capa: JULIO MOREIRA Eduardo Carvalho Monteiro
reformador fevereiro 2006 - FINAL A.qxp 10/2/2006 08:36 Page 4
Editorial
O Espiritismo
e a Verdade
U
m dos maiores desafios que Allan Kardec enfrentou na codificação da
Doutrina Espírita foi o de separar, no trato com a manifestação dos
Espíritos, o que era efetivamente verdadeiro, do que era apenas opinião
pessoal dos Espíritos comunicantes.
Estudando o fenômeno mediúnico com acurado afinco, reconheceu que estava
diante de um fato. E como todo fato tem suas leis, caberia ao pesquisador sincero
aprofundar a sua análise visando o seu correto conhecimento, a fim de utilizá-lo de
forma adequada. Com este pensamento, empenhou o resto da sua existência nesse
trabalho, descortinando para os homens o mundo dos Espíritos.
Sabedor de que o mundo espiritual é habitado por Espíritos de diferentes níveis
de conhecimento e moralidade, tal como ocorre entre os homens, utilizou o mé-
todo do controle universal dos ensinos dos Espíritos – descrito na Introdução de
O Evangelho segundo o Espiritismo –, para encontrar a verdade revelada pelos
Espíritos Superiores. Esse método consiste em só aceitar como verdade o que é
manifestado por diversos Espíritos, através de vários médiuns, em distintos lugares,
e submeter, ainda, essa manifestação ao crivo da razão, verificando se o ensino
transmitido não conflita com os demais princípios que vão sendo gradativamente
consagrados.
Jamais aceitou como verdadeira uma afirmação pelo simples fato de ter sido atri-
buída a um Espírito de renome, pois compreendeu, desde o início, que qualquer
comunicante pode adotar o nome que lhe aprouver, passando por um Espírito ele-
vado, e abusando da boa-fé dos homens.
Com este cuidado, Allan Kardec materializou na Terra o Consolador Prometido
por Jesus, que ficará eternamente conosco: “O Espírito de Verdade, que o mundo
não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas, quanto a
vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós.” (João, 14:17.)
Fiel à busca da verdade, Allan Kardec deixou, no século XIX, uma Doutrina soli-
damente construída, que venceu os desafios decorrentes dos avanços da Ciência no
século XX, avanços estes que vêm confirmando os ensinos dos Espíritos Superiores,
colhidos pelo Codificador no seu nobre e meticuloso trabalho.
Capa
A Verdade J U VA N I R B O R G E S DE SOUZA
N
arra o Evangelho de João, soluto, é eterna e imutável. Pro- a realidade da imortalidade do
em seu capítulo 18, ver- vém de Deus, o Criador de todas Espírito.
sículos 37 e 38, que Pôncio as coisas, e os habitantes deste Outros obtiveram respostas par-
Pilatos, o governador romano da mundo de expiações e de provas ciais e incompletas para o grande
Judéia, no julgamento de Jesus, estão longe de conhecê-la. enigma. Continuam a jornada em
interrogou-o: “Logo tu és rei?” Já em seu sentido relativo, ao busca da verdade–realidade.
Ao que o Mestre respondeu: “Tu alcance dos homens sob muitos Uma terceira parcela da Hu-
dizes que eu sou rei. Eu para isso aspectos, sua percepção depende manidade ainda permanece no
nasci, e para isso vim ao mundo, a das condições individuais, nas estágio inicial da busca da verda-
fim de dar testemunho da verda- quais influenciam a inteligência, de e precisa caminhar muito pa-
de. Todo aquele que é da verdade o interesse, a vontade, além de ra encontrar as respostas corre-
ouve a minha voz”. fatores materiais. tas.
Perguntou então Pilatos: “Que A busca da verdade acompa- Se buscarmos, através das ida-
é a verdade?” nha o homem desde os tempos des e das civilizações conhecidas,
Não obteve resposta. primitivos até os nossos dias e o roteiro do progresso, vamos
O silêncio de Jesus representa continuará no futuro. perceber que os povos de todos
um ensinamento admirável para Na construção do conhecimen- os quadrantes, as raças humanas
a posteridade. to, através das ciências e da ob- espalhadas pelas múltiplas nacio-
De que adiantaria falar o Mes- servação, e no aperfeiçoamento nalidades, todo o gênero huma-
tre de algo que não estava ao al- ético-moral do Espírito, a verda- no, ao lado de seu esforço para
cance da compreensão do gover- de é sempre fundamental. progredir, recebem o auxílio, o
nador romano, que representava, Todas as criaturas humanas, alento da Divina Providência.
naquele momento, a ignorância no gozo pleno de seu equilíbrio, O estudo das religiões mais
de todos os que ainda não des- são buscadoras das realidades, antigas e a pesquisa dos sistemas
pertaram para o entendimento do sinônimas da própria verdade. filosóficos e morais demonstram
superior, do transcendente? Não há quem não se tenha in- que os povos, raças, nações, tri-
Seria pura perda de tempo e quirido, de alguma forma, com es- bos e grupamentos humanos ti-
acréscimo de responsabilidade pa- tas indagações: “Quem sou?”, “De veram seus missionários, seus
ra o interlocutor a abordagem de onde venho?”, “Para onde vou?”. guias, seus pensadores e profetas,
questão que estava acima e além Há os que têm encontrado res- Espíritos mais adiantados, mais
de sua capacidade de percepção. postas satisfatórias e são relativa- esclarecidos, que vieram em mis-
A verdade, em seu sentido ab- mente felizes ao depararem com são para auxiliar o progresso es-
Capa
piritual de determinada parcela de ir separando a verdade pura do aclaram os motivos pelos quais
do gênero humano. erro, o joio do trigo. se fez necessária a vinda do Con-
O auxílio da Espiritualidade não A Providência Divina jamais dei- solador:
significa a revelação de toda a ver- xou suas criaturas ao desamparo.
dade, mas sim o amparo de ensina- As revelações, à medida que “627 – Uma vez que Jesus ensi-
mentos apropriados às necessida- os homens se colocam em situa- nou as verdadeiras leis de Deus,
des de cada época e de cada povo. ção de recebê-las, são trazidas pe- qual a utilidade do ensino que os
Para se chegar a essa conclusão los missionários, em todas as épo- Espíritos dão? Terão que nos ensi-
basta compulsar os ensinamen- cas. nar mais alguma coisa?
tos de missionários e pensadores O próprio Cristo confirma es- Resp. – Jesus empregava amiú-
como Lao-Tsé, Fo-Hi e Confúcio, sa regra superior. de, na sua linguagem, alegorias e
na China milenar; Rama, Krishna Anunciada pelos profetas sua parábolas, porque falava de con-
e Buda, na Índia; Amenhotep IV, vinda, com grande antecedência, formidade com os tempos e os
no Egito antigo; Zaratustra, na an- o Mestre e Governador deste or- lugares. Faz-se mister agora que a
tiga Pérsia; Hermes Trismegisto, be representa a verdade, retifica- verdade se torne inteligível para
Pitágoras, Sócrates, Platão, na dora de entendimentos anterio- todo mundo. Muito necessário é
Grécia antiga; os profetas bíblicos res, mas não toda a verdade, co- que aquelas leis sejam explicadas
Samuel, Isaías, Jeremias, Ezequiel, mo Ele mesmo declarou. e desenvolvidas, tão poucos são
Daniel, Oséias, Joel, Amós, Mi- Trouxe aos homens o que es- os que as compreendem e ainda
quéias, Naum, Zacarias e Mala- tes estavam em condições de re- menos os que as praticam. A nos-
quias, entre os hebreus; Maomé, ceber, mas prometeu enviar ou- sa missão consiste em abrir os
no mundo árabe. tro Consolador para comple- olhos e os ouvidos a todos, con-
À luz da Doutrina Espírita, mentar e aclarar muitos de seus fundindo os orgulhosos e desmas-
podemos compreender hoje que ensinos. carando os hipócritas: os que ves-
todos esses missionários, além E o Consolador já está no mun- tem a capa da virtude e da reli-
de outros, procuraram elevar os do, com o Espírito de Verdade, gião, a fim de ocultarem suas tor-
conhecimentos e os sentimentos cumprindo a promessa do Cristo, pezas. O ensino dos Espíritos tem
dos seres humanos de muitas ge- para complementar e aclarar mui- que ser claro e sem equívocos,
rações, dentro de um ritmo su- tos de seus ensinos, e para retificar para que ninguém possa pretex-
perior àquele em que se encon- tradições, dogmas, preconceitos e tar ignorância e para que todos o
travam. todos os erros resultantes do espí- possam julgar e apreciar com a
O mesmo ocorreu com as Re- rito de dominação e das interpre- razão. Estamos incumbidos de
velações representadas por Moi- tações inexatas da grande Mensa- preparar o reino do bem que Je-
sés, o Cristo e o Espiritismo, este gem Cristã. sus anunciou. Daí a necessidade
último, como o Consolador pro- O Espiritismo, o Consolador, é de que a ninguém seja possível
metido por Jesus, trazendo no- o advento da verdade cristã, au- interpretar a lei de Deus ao sabor
vos esclarecimentos e conheci- têntica, que através de muitos de suas paixões, nem falsear o
mentos em consonância com o séculos foi desvirtuada pelos sentido de uma lei toda de amor
progresso alcançado nos tempos múltiplos interesses humanos. e de caridade.”
atuais. Os Espíritos Reveladores, nas “628 – Por que a verdade não
À Humanidade, através de questões 627 e 628 de O Livro foi sempre posta ao alcance de to-
seus guias tutelares, cabe a tarefa dos Espíritos, transcritas a seguir, da gente?
Capa
Resp. – Importa que cada queremos, nem ao que nos é sim- que forma encontrarão o cami-
coisa venha a seu tempo. A ver- pático em certo momento. É uma nho correto para alcançar a ver-
dade é como a luz: o homem realidade viva, invariável, inde- dadeira vida. Sua autoridade re-
precisa habituar-se a ela, pouco pendente da simpatia ou antipatia sulta de seus conhecimentos su-
a pouco; do contrário, fica des- por determinada idéia ou aprecia- periores, do rumo que Ele deu à
lumbrado.” ção. sua trajetória como o Filho de
Por isso a verdade pode pare- Deus, sem paralelo neste mundo,
Torna-se claro, pelos ensinos cer estranha a quem a rejeita e a como seu Governador.
dos Espíritos Reveladores, que a combate, mesmo diante de ques- A luz divina da verdade não é
verdade guarda relatividade com tões simples e claras, preferindo- edificada somente com as infor-
as épocas em que são enuncia- -se a mentira, com suas vanta- mações e influências alheias. Cabe
das. Só se desenvolve na percep- gens provisórias. a cada um edificá-la em si mesmo,
ção humana quando o homem utilizando o auxílio que vem dos
está apto a compreendê-la. seus semelhantes, mas sob a res-
Assim, quanto mais se eleva o
Espírito, mais apto se apresenta
“A verdade é ponsabilidade da própria cons-
ciência.
para os conhecimentos corretos
de ordem intelectual e moral.
como a luz: Essa construção interior, essa
certeza de que foi encontrado o
Como recurso poderoso e efi-
caz na retificação dos erros e enga- o homem rumo certo do conhecimento, da
verdade, é, por vezes, trabalhosa
nos, a verdade só deve ser utilizada e demorada, demandando mui-
de conformidade com a condição precisa tas experiências e sofrimentos.
espiritual e de receptividade de ca- Cada individualidade ou gru-
da um, sob pena de não ser nem habituar-se pos de indivíduos, que retêm
compreendida nem aceita. maiores parcelas de verdades, estão
Conhecer a verdade é, pois, de
certo modo, perceber o sentido
a ela, pouco habilitados a distribuí-las, mas não
devem esquecer a capacidade de
da própria vida do ser, que se ex-
pande e se aperfeiçoa.
a pouco” compreensão de quem as recebe.
Estão nesse caso os espíritas e as
Pelas leis naturais, Deus con- Casas Espíritas, os quais precisam
cede às criaturas os meios e as Sendo a verdade imutável, eter- atentar para a realidade de que
formas para que cada um con- na, indestrutível, ela está encrava- muitas criaturas, por sua formação
quiste sua libertação. da no amor, na justiça, na solida- religiosa ou por sua descrença ou
Por isso Jesus afirmou, referin- riedade, compreendendo todas as indiferença, não estão em condi-
do-se ao futuro de cada ser: “Co- Leis Divinas, das quais faz parte. ção de receber determinados ensi-
nhecereis a verdade e a verdade O homem ainda não conhece namentos da Doutrina Espírita.
vos libertará.” (João, 8:32.) toda a verdade em sua vida; por O encontro com a verdade, ob-
Não precisou, o Mestre, a oca- isso está sujeito a erros e desvios jetivo visado pela lei do progresso
sião desse conhecimento, já que no curso de sua jornada. na busca da perfeição, permitirá
essa luz superior é conquista Ao afirmar Jesus que é “o ao homem orientar-se com segu-
de cada um, de acordo com seu Caminho, a Verdade e a Vida”, rança na solução dos grandes
esforço e merecimento. Esse co- procurou evidenciar aos homens, problemas da vida do Espírito,
nhecimento não atende ao que através de seus ensinamentos, de em todos os planos da vida.
C
hico Xavier passava por lho, para mim preciosa, que é a Espíritos irritados, agressivos,
uma crise de labirintite, que mediunidade. Preciso voltar para certamente nos lembram o refrão
muito o afligia. a minha carroça, doutor. Tenha dó do samba famoso, de Dorival
Em oração, viu o Dr. Bezerra de desta besta! Como pessoa eu não Caymmi:
Menezes, o generoso Benfeitor es- mereço, mas como besta, quero
piritual. trabalhar! Quem não gosta de samba, bom
Logo apelou: E ele, sorrindo: sujeito não é. É ruim da cabeça ou
– Dr. Bezerra, rogo-lhe que me – Você, besta, Chico? E eu, doente do pé.
auxilie. Estou passando muito quem sou?
mal. Não lhe peço como gente, – O senhor é o veterinário de Quem não curte o bom humor,
mas na condição de besta. Faça- Deus. Espírito bom não é. Tem perturba-
mos de conta que eu estou fazen- Chico contou este episódio num ção na cachola ou coração sem fé.
do parte de uma carroça de traba- programa de televisão, quando lhe
perguntaram se os Espíritos tam-
bém apreciam momentos de hu- Vale, também, para os reencar-
mor. Destacou que sim, informan- nados.
do que o Dr. Bezerra recebeu com O bom humor é a marca regis-
gostosa gargalhada sua observação. trada dos Espíritos Superiores, em
trânsito pela Terra.
Enfrentam os dissabores da
Considerando-se o humor existência, lutas e desafios, sem ja-
como um estado de espíri- mais pretenderem que carregam o
to, obviamente iremos peso do Mundo nas costas.
encontrar, assim como O próprio Chico, embora sua
no plano físico, gente infância atribulada e as lutas que
bem ou mal-humo- enfrentou durante a existência in-
rada do outro lado. teira, estimava a alegria.
Diríamos mes- Revelam os que tiveram a ventu-
mo que um dos de- ra de privar de sua intimidade que
talhes a levar em con- ele estava sempre animado, dispos-
sideração, quando se to a ressaltar aspectos positivos de
pretenda identificar a seu dia-a-dia, sem tempo ruim.
condição das entidades
que se manifestam em
reuniões mediúnicas, diz Allan Kardec – quem diria! –,
respeito ao seu humor. que muitos imaginam sisudo e
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Oração
Senhor! amor dirigido aos infelizes de to- tigo assim estamos, sem Ti o nosso
A
ntes de agradecermos, dese- do jaez e não olvidaste de pedir será o fracasso irrefragável.
jamos prosseguir pedindo. ao Pai que perdoasse aqueles que Porfiai, filhos da alma, nos vos-
Invariavelmente, as roga- Te não compreendiam, porque, sos compromissos!
tivas da Terra são direcionadas ao de fato, eles não sabiam o que es- Reconhecemos que são, estes,
Teu coração, suplicando em favor tavam fazendo. dias muitos difíceis. Mas, estais
dos que sofrem. Permite-nos pedir- Voltamos a pedir, humildemen- equipados dos instrumentos há-
-Te, neste momento, por aqueles te, compaixão para os que perde- beis para os enfrentamentos típi-
que promovem o sofrimento. ram a direção da verdade, intoxi- cos do cristão.
É comum que Te roguemos pe- cando-se na prepotência, na pre- Não vos iludais com as quime-
los que são perseguidos, agora de- sunção, em todos esses hábitos infe- ras nem as facécias do momento.
sejamos suplicar-Te pelos perse- lizes da personalidade enferma. Sede fiéis a Jesus, que nos tem sido
guidores. Dá-lhes, Jesus, a chance de des- fiel até agora.
A grande maioria pede pelos pertar para compreender que a exis- Muitas vezes, ver-vos-eis envol-
que passam fome, e nós queremos tência transitória na carne tem por tos por dificuldades e enfrentareis
rogar a Tua magnanimidade em fa- finalidade a construção do bem. desafios que parecem insuperáveis.
vor dos fomentadores da miséria. Não temos outras palavras se- Confiai em Jesus e observareis
Há muita dor no mundo e o não aquelas que aprendemos Con- que com Ele tudo se resolve, en-
nosso coração compadece-se da- tigo, assinaladas pela compaixão, quanto sem Ele as dificuldades são
queles que, na sua alucinação, ge- pelo amor, pela misericórdia que intransponíveis.
ram todas essas desditas que se vertem de nosso Pai. Vencereis o egoísmo, conquista-
acumulam na psicosfera terrestre. Então, recebe a guirlanda de flo- reis a paz interior e triunfareis por-
A violência alcança índices qua- res dos nossos sentimentos em que esta é a destinação de todos
se insuportáveis de dor, e é por is- forma de gratidão, pela honra ime- nós que viajamos no rumo da li-
so que Te suplicamos pelos adep- recida de conhecer-Te, de termos berdade total.
tos da agressividade que se com- aceito o Teu convite para que pu- Que Deus vos abençoe!
prazem em desencadear os confli- déssemos trabalhar na Tua seara. Com carinho, o servidor humí-
tos e as dores acerbas. Mas, ajuda-nos a ser escolhidos limo e paternal de sempre,
Tu conviveste com a massa igna- quando terminarmos o labor mo-
ra; transitaste entre os poderosos mentaneamente em nossas mãos. Bezerra
de um momento; lecionaste o Teu Permanece conosco ensementando
amor nas vidas, mas libertando Muita paz, meus filhos!
nossa vida das amarras hediondas
que nos mantêm no primarismo
(Oração proferida através de Divaldo
que nos leva às defecções morais.
Pereira Franco, por via psicofônica, no
Sê conosco, portanto, Mestre, encerramento da Reunião do CFN, em 12
hoje e sempre, para que não des- de novembro de 2005 – Brasília (DF).)
faleçamos na luta porque, se Con- Nota: Texto revisado pelo Autor espiritual.
reformador fevereiro 2006 - FINAL A.qxp 10/2/2006 08:38 Page 11
Entrevista M A R I A H E L E N A M A R C O N
A Doutrina Espírita
é tesouro inestimável
Maria Helena Marcon, Presidente da Federação Espírita do Paraná, comenta as ações
federativas e de difusão doutrinária desenvolvidas no Estado do Paraná
Reformador: Que ações federati- mos de Reunião Inter-Regional. Pa- um extremo a outro do Estado,
vas a FEP realiza em nível regio- ra o evento, os trabalhadores espíri- excetuando-se as UREs Metropo-
nal? tas das cidades que compõem a litanas, por óbvio). Sob a respon-
Maria Helena: A Federação Espí- Inter-Regional (duas, três ou cinco sabilidade do Departamento de
rita do Paraná (FEP) tem agenda UREs) se inscrevem, com antece- Orientação à Infância e Juventu-
previamente estabelecida, sempre dência, optando pelo Seminário de, sempre nos anos pares, ocorre
para o período entendido entre de sua eleição, de acordo com sua o Encontro Confraternizativo de
setembro de um ano e agosto do área de atuação: Administrati- Juventudes Espíritas do Paraná.
ano seguinte, ofertando Seminá- va/Institucional, Doutrinária/Di- Nos anos ímpares, o Encontro Es-
rios e Treinamentos às 17 Uniões vulgação, Infância e Juventude e tadual de Coordenadores de Juven-
Regionais Espíritas (UREs), em Serviço Assistencial Espírita. A
suas cidades-sedes. No presente reunião inicia-se sempre com um
período, são 21 diferentes Semi- Seminário Geral de que todos par-
nários em desenvolvimento, em to- ticipam. No corrente ano, o tema é
do o Estado, envolvendo 15 equi- “A dinâmica da União”.
pes, numa média de dois treina-
mentos a cada final de semana. Reformador: Há promoção de even-
Some-se a isso ainda a ação direta tos em nível estadual?
das UREs que têm sua Agenda M. Helena: Sim, e são vários.
própria, contemplando treina- Anualmente, acontece a Confe-
mentos específicos, entendendo- rência Estadual Espírita, na Ca-
-se que elas são os braços estendi- pital do Estado, e o Encontro
dos da FEP, atuando regional- Estadual Espírita do Interior do
mente. Como o Estado é dividido Paraná, que é itinerante, candida-
em 5 Inter-Regionais, também tando-se as UREs para o abrigar,
ocorrem, anualmente, Encontros conforme regulamento vigente,
de caráter Inter-Regional, ocasião aprovado pelo Conselho Federati-
em que a FEP, com sua equipe, se vo Estadual (CFE), que estabele-
desloca a determinada cidade, pre- ce as linhas mestras da estrutura
viamente selecionada pelas UREs física e de recursos humanos exi-
envolvidas, e realiza o que chama- gidas, a ordem de inscrição (de
Entrevista
tudes Espíritas. Para 2006, já está seu papel é de coordenação e acervo, de segunda a sexta-feira,
programado o 1o Encontro Esta- orientação do Movimento Espíri- das 8h às 18h e, aos sábados, das 8h
dual de Evangelizadores do Para- ta, não lhe cabendo competir com às 12h. Na Biblioteca Infantil, que
ná, atendendo a uma necessidade as demais Instituições Espíritas, funciona em idêntico período, as
do Movimento Espírita Estadual. na realização de tarefas que lhes crianças deitam e rolam embaladas
Além desses, dadas as necessidades são próprias. No Teatro da FEP pelo universo das palavras. Formu-
que são percebidas e as solicitações mantém, através do Departamen- lada e construída segundo as dire-
das Uniões Regionais Espíritas, são to CEPE – Centro de Estudos e trizes da Fundação Abrinq pelos
promovidos eventos estaduais de Pesquisas Espíritas –, palestras Direitos da Criança e do Adoles-
caráter específico. Cite-se, a título públicas, somente com a explana- cente, a Biblioteca possui estantes
de exemplo, os Encontros de Co- ção evangélico-doutrinária, sem que permitem maior visibilidade
municação Social Espírita. administração de passes, atendi- aos 817 livros, apresentando-os
mento fraterno ou qualquer outra com a capa virada para a frente e ao
Reformador: Como o tradicional particularidade de atendimento alcance da criança.
Mundo Espírita se tornou órgão espiritual, aos domingos, às 10 ho- O ambiente possui almofadas e
oficial da FEP? ras, cuja afluência gira em torno tapetes coloridos, mesas e cadei-
M. Helena: Foi no ano de 1949 de 200 a 300 pessoas, e com lota- ras pequenas, tudo para que a li-
que Lins de Vasconcellos decidiu ção completa (430), em ocasiões e berdade e o sentimento especial
transferir para a FEP a Gráfica e o convidados especiais. Através do da leitura sejam partes da histó-
jornal Mundo Espírita. Em virtu- mesmo Departamento, oferece aos ria. Ali, como na Livraria Mundo
de das dificuldades, Lins já havia trabalhadores das Casas Espíritas Espírita e no Teatro da FEP, ocor-
investido apreciável soma de di- treinamentos mensais. rem, periodicamente, contação de
nheiro e assumira a responsabili- histórias, atraindo crianças de
dade total. Ele sonhara para o Reformador: Como funcionam as toda cidade. De importância res-
jornal o prosseguimento da pro- bibliotecas da FEP? saltar-se a criação da Biblioteca
paganda espírita. Assim, ressarciu M. Helena: A Biblioteca da FEP Espírita Virtual, em agosto de
o fundador e até então mantene- tem por objetivo permitir à co- 2004, através da qual a FEP dispo-
dor, Dr. Henrique de Andrade, munidade em geral o acesso ao nibiliza livros espíritas “raros”, ga-
saldou débitos com outras edito- livro espírita, melhorando o co- rantindo para as gerações futuras
ras e externou ao Conselho da FEP nhecimento e estudo do Espiritis- o acesso a esse material de vital
o seu sonho. Sua saúde física se mo. Os quatro andares da Sede importância para o conhecimento
encontrava seriamente abalada e Histórica da FEP foram reforma- da Ciência Espírita. Como “raros”
ele ansiava que a FEP desse pros- dos para oferecer amplo espaço, consideramos livros e periódicos
seguimento ao jornal. Suas espe- boa luminosidade e mobiliário publicados no século XIX e que
ranças repousavam nela. O Con- confortável. sejam de interesse do Espiritismo.
selho se mostra favorável e gráfica Um sistema de busca informa- O propósito principal da Biblio-
e jornal foram trazidos ao Paraná, tizado permite fácil acesso aos teca Espírita Virtual é disponibili-
no ano de 1953. mais de cinco mil livros, em di- zar cópias fiéis dessas obras, que
versas línguas, entre os quais 657 são digitalizadas como imagem,
Reformador: A FEP mantém um obras raras restauradas e conserva- garantindo-se, assim, seu conteú-
campo experimental em sua sede? das segundo padrões internacio- do original, na língua em que
M. Helena: A FEP não tem ati- nais, 45 em Braille, mais apostilas e foram escritas. Já estão digitaliza-
vidades próprias de Centro Espí- periódicos. A Biblioteca é aberta das, podendo ser acessadas pelo
rita, há muito entendendo que ao público, para consulta local do site www.bibliotecaespirita.com, 32
Entrevista
obras, incluindo o periódico Re- -las endereçou. A obra Expoentes aqueles que nos encontramos na
vue Spirite, e até o momento te- da Codificação Espírita traz minu- condição de líderes do Movimen-
mos cerca de 800 pessoas cadas- ciosa pesquisa a respeito dos Es- to Espírita, porfiemos na fidelida-
tradas, que fizeram download de píritos ilustres que assinaram a Co- de à Doutrina Espírita, não per-
arquivos. Nesse particular, lou- dificação, apresentando síntese mitindo, por comodismo, desâni-
vem-se estudiosos da Doutrina biográfica de 44 deles. mo ou qualquer outro motivo que
Espírita que, possuidores de acer- os lídimos princípios espíritas se-
vo privilegiado de obras espíritas Reformador: Mensagem para o jam deturpados, esquecidos. A
raras, sensibilizados pela inicia- leitor de Reformador. Doutrina Espírita é um tesouro
tiva da FEP, as têm oferecido, a M. Helena: Estudemos Kardec, inestimável. Zelemos pela sua
título de empréstimo alguns, co- vivamo-lo em profundidade, a correta divulgação, não nos per-
mo doação outros, entendendo fim de atendermos aos propósi- mitindo o desculpismo do cansa-
que preservar o acervo espírita tos progressistas que nos fizeram ço, das dificuldades dessa ou da-
mundial, tornando-o acessível a retornar à carne. Especialmente quela natureza.
todos, é, mais do que um dever,
uma demonstração de amor à
Doutrina Espírita.
Servir mais
E
fraim ben Assef, caudilho de Israel contra o – É preciso mais renúncia e servir mais.
poderio romano, viera a Jerusalém para le- – E os assassinos? que comportamento adotar,
vantar as forças da resistência, e, informado junto daqueles que incendeiam campos e lares, ex-
de que Jesus, o profeta, fora recebido festivamente na terminando mulheres e crianças?
cidade, resolveu procurá-lo, na casa de Obede, o – É preciso mais perdão e servir mais.
guardador de cabras, a fim de ouvi-lo. Exasperado, por não encontrar alicerces ao revide
– Mestre – falou o guerreiro –, não te procuro como político que aspirava a empreender em mais larga
quem desconhece a justiça de Deus, que corrige os escala, indagou Efraim:
erros do mundo, todos os dias... Tenho necessidade de – Mestre, que pretendes dizer por “servir mais”?
instrução para a minha conduta pessoal no auxílio do Jesus afagou uma das crianças que o procuravam
povo. Como agir, quando o orgulho dos outros se agi- e replicou, sem afetação:
ganta e nos entrava o caminho?... quando a vaidade os- – Convencidos de que a justiça de Deus está
tenta o poder e multiplica as lágrimas de quem chora? regendo a vida, a nossa obrigação, no mundo íntimo,
– É preciso ser mais humilde e servir mais – res- é viver retamente na prática do bem, com a certeza
pondeu o Senhor, fixando nele o olhar translúcido. de que a Lei cuidará de todos. Não temos, desse
– Mas... e quando a maldade se ergue, espreitan- modo, outro caminho mais alto senão servir ao bem
do-nos a porta? que fazer, quando os ímpios nos ca- dos semelhantes, sempre mais...
luniam à feição de verdugos? O chefe israelita, manifestando imenso desprezo,
E Jesus: abandonou a pequena sala, sem despedir-se.
– É preciso mais amor e servir mais. Decorridos dois dias, quando os esbirros do
– Senhor, e a palavra feroz? que medidas tomar Sinédrio chegaram, em companhia de Judas, para
para coibi-la? como proceder, quando a boca do deter o Messias, Efraim ben Assef estava à frente. E,
ofensor cospe fogo de violência, qual nuvem de tem- sorrindo, ao algemar-lhe o pulso, qual se prendesse
pestade, arremessando raios de morte? temível salteador, perguntou, sarcástico:
– É preciso mais brandura e servir mais. – Não reages, galileu?
– E diante dos golpes? há criaturas que se esme- Mas o Cristo pousou nele, de novo, o olhar tran-
ram na crueldade, ferindo-nos até o sangue... De que qüilo e disse apenas:
modo conduzir nosso passo, à frente dos que nos – É preciso compreender e servir mais.
perseguem sem motivo e odeiam sem razão?
– É preciso mais paciência e servir mais.
Pelo Espírito Irmão X
– E a pilhagem, Senhor? que diretrizes buscar, pe-
rante aqueles que furtam, desapiedados e poderosos,
assegurando a própria impunidade à custa do ouro Fonte: XAVIER, Francisco C. Contos Desta e Doutra Vida. 12. ed.
que ajuntam sobre o pranto dos semelhantes? Rio de Janeiro: FEB, 2005, cap. 7, p. 35-37.
A fuga para os
“montes”... KLEBER HALFELD
Q
uando nos entregamos ao truição quando chega às regiões Entretanto, uma curiosa infor-
estudo dos princípios fun- costeiras. mação foi divulgada à época: a
damentais da Doutrina A palavra deriva do japonês tsu de que muitas pessoas se salvaram,
Espírita, aquele referente à Evolu- (porto) e nami (onda), e suas cau- uma vez que, ou estavam nos mon-
ção – ao qual tudo na natureza es- sas estão ligadas aos terremotos e tes ou para eles se dirigiram apres-
tá subordinado –, automaticamen- erupções subaquáticas, bem como sadamente buscando abrigo salva-
te desvia nossas vistas para os fe- aos meteoritos. dor.
nômenos de ordem física que têm Uma onda desta natureza po- (Sem mencionar aqui as cente-
envolvido o ser humano. de facilmente viajar a mais de nas de animais que por estranho
São estes, como esclarecemos 700km/h e seu comprimento po- sentido se deslocaram para os
no artigo publicado por Reforma- de ter mais de 100km. montes, mesmo antes da chegada
dor, em sua edição de agosto de Consoante levantamento feito da onda destruidora.)
1992, “Os Instrumentos do Gran- pelos meios de comunicação, o fe- Deixando à margem os dados
de Cirurgião” para operar a trans- nômeno tsunami de dezembro de referentes a este temível fenôme-
formação do planeta Terra. 2004 foi responsável pela morte no da Natureza, fixemos nossa
de centenas de milhares de pes- atenção no Evangelho de Mateus
Se consultarmos as enciclopé- soas na região norte da ilha indo- (capítulo 24, versículo 16) no qual
dias verificaremos que o termo nésia de Sumatra, Sri Lanka, Ín- está o alerta de Jesus:
tsunami identifica uma onda gi- dia, Tailândia, Ilhas Maldivas, Ma-
gante gerada por distúrbios sísmi- lásia, Mianmá, Somália, Tanzânia Então os que estiverem na Ju-
cos e que possui alto poder de des- e Quênia. déia, fujam para os montes.
reformador fevereiro 2006 - FINAL A.qxp 10/2/2006 08:38 Page 16
Vida, evidencia Emmanuel que ao Universo para extirpar do mundo, Respostas, confirmando as pala-
termo Judéia se deve emprestar a destinado a marchar para a frente, vras do Espírito Demeure, chega a
conotação estágio do ser humano os elementos gangrenados que nele esclarecer que semelhante transi-
quando se propõe a empreender provocam desordens incompatíveis ção se operará por volta de 2057,
sua evolução, embora, no sentido com o seu novo estado. Cada órgão quando se iniciará novo ciclo para
meramente material, identifique a ou, para melhor dizer, cada região a história da Terra, a qual entra-
região de colinas e planaltos ao sul será, passo a passo, batida por fla- rá na fase de planeta de regenera-
da Palestina. (Os montes da Judéia gelos de naturezas diversas. Aqui a ção.
constituem a principal região da epidemia sob todas as suas formas; Recordando pois as palavras
Cisjordânia, ocupada por Israel ali, a guerra, a fome. Cada um de- destes dois Instrutores Espirituais,
desde o ano de 1967.) ve, pois, preparar-se para suportar como de outros que têm alertado
Quanto ao termo montes, que a prova nas melhores condições a Humanidade para sua respon-
para nós se refere a um acidente possíveis, melhorando-se e se ins- sabilidade maior, repetimos ser
geográfico, para o autor da obra truindo, a fim de não ser surpreen- imperiosa a necessidade de aqueles
mencionada recebe o sentido de dido de improviso. Já algumas re- que estejam na simbólica Judéia
idéias superiores. giões foram provadas, mas seus ha- retirem-se para os montes das
bitantes estariam em completo idéias superiores...
erro se se fiassem na era de calma,
Diante do que foi exposto, re- que vai suceder à tempestade, para Notas: a) O presente artigo já
tornemos ao trabalho que publi- recair nos seus antigos erros. Há estava redigido quando os meios
camos em Reformador de agosto um período de mora, que lhes é de comunicação divulgaram as
de 1992, quando inserimos em concedido, para entrarem num ca- notícias dos furacões Ofélia e Rita
seu contexto a mensagem do Es- minho melhor. Se não o aproveita- que assolaram as costas dos Esta-
pírito Demeure, da qual, mais rem, o instrumento de morte os ex- dos Unidos; b) O citado capítulo
uma vez, extraímos agora o trecho perimentará até os trazer ao arre- 24 do livro de Mateus tem o título
a seguir, por considerarmos opor- pendimento.2 “A Grande Tribulação”. Entre ou-
tunas suas palavras: Emmanuel, na obra Plantão de tros versículos, pode-se ler estes
(...)Cada dia mais entramos no (17 e 18):
período transitório, que deve trazer 2 O que se achar no eirado [telha-
Esta mensagem foi recebida em
a transformação orgânica da Terra 23/10/1868 na Sociedade Parisiense de Es- do], não desça a tirar as coisas de
e a regeneração de seus habitantes. tudos Espíritas e publicada na Revista Es- sua casa;
Os flagelos são instrumentos de pírita em seu número de novembro do E o que estiver no campo, não
que se serve o grande cirurgião do mesmo ano. volte para tomar a sua capa.
Perguntas que o
Centro Espírita
nos faz
C E Z A R B R AG A S A I D
N
o livro Dramas da Obses- ção aos demais. Isso se dá, entre Num exercício imaginativo, ad-
são, psicografado pela mé- outras coisas, devido aos objetivos mitamos que o Centro Espírita
dium Yvonne Pereira, o dos fundadores, às prioridades es- em que atuamos tenha vida pró-
Espírito Bezerra de Menezes1 afir- tabelecidas pelos dirigentes, à re- pria, exatamente como nos dese-
ma existirem centros espíritas que gião onde está situado e ao que se nhos animados ou filmes de fic-
se assemelham mais a clubes, ci- estuda em suas reuniões. ção. Ele por certo externaria suas
tando as características que os dis- preocupações, alegrias e decepções.
tanciam da condição de templos É possível que num dado instante
religiosos e escolas de aprimora- ele nos dirigisse algumas pergun-
mento do Espírito imortal. tas, procurando sensibilizar-nos,
Ao mesmo tempo que nos aler- levando-nos a refletir sobre coisas
ta quanto às distorções que po- para as quais nem sempre damos
dem ocorrer no cotidiano dos muita importância. Provavelmen-
nossos centros, ressalta que cada te perguntaria:
templo espírita tem sua ambiên-
cia específica. Esta ambiência, nós 1. Você tem conseguido vir aqui
sabemos, resulta dos pensamen- com mais assiduidade?
tos emitidos, do tônus mental e 2. Você tem criticado menos os
emocional de encarnados e de- que trabalham, e se apresen-
sencarnados que atuam em suas tado mais para o serviço?
dependências. 3. Para colaborar ou prosseguir
Isso nos faz pensar que cada colaborando, você faz ques-
Centro Espírita tem suas próprias tão de cargos?
características, muitas delas co- 4. O Espiritismo não exige san-
muns e outras diferentes em rela- tidade de ninguém, mas pe-
lo menos aqui você tem pro-
1
curado educar seus pensa-
PEREIRA, Yvone A. Dramas da Obsessão,
mentos e impulsos, sem per-
pelo Espírito Bezerra de Menezes. 8. ed.
Rio de Janeiro: FEB, 1994, Conclusão III, der a espontaneidade e sem
p. 145-152. deixar de ser você mesmo?
5. Você tem procurado se apro- 12. Quando você vai a um outro • ser democrático sem ser per-
ximar mais daqueles que centro procura observar as missivo;
aqui estão e que considera se- coisas boas para incorporá- • ser sincero sem ferir delibera-
jam frios, distantes, antipáti- -las à minha rotina ou perce- damente os sentimentos dos
cos, vaidosos, centralizado- be apenas os erros, dando gra- outros;
res, procurando conhecê-los ças a Deus por eles não existi- • falar para as pessoas e não das
melhor? rem aqui? pessoas;
6. Além de um hospital e de 13. Você colabora quando pode • conviver com as diferenças;
uma escola, você já percebe ou é daqueles que abando- • não pensar apenas na boa exe-
que sou também uma ofici- nam o lar, esquecendo-se dos cução da própria tarefa, mas
na de trabalho e que existe compromissos familiares as- colaborar, dentro do possível,
algo que você pode fazer por sumidos para se refugiar em para que outros companhei-
aqui? minhas dependências? ros encontrem êxito e satisfa-
7. Estou sempre com as portas 14. Quando alguém se afasta de ção no que fazem;
abertas para recebê-lo, mas mim você tenta entender as • aceitar cargos e encargos, a fim
gostaria de saber por que você razões, ou censura e lamenta de não sobrecarregar os outros,
me procura. Obrigação? Pra- sem procurar saber os moti- sabendo o quanto é difícil agra-
zer? Dedicação? Necessidade? vos reais que levaram a pessoa dar a todos;
Dependência? Desencargo de a se ausentar? • aprender a aceitar críticas;
consciência? Amor? 15. Você já consegue perceber • reconhecer o valor dos compa-
8. Você tem permitido aos com- que eu não tenho que ser igual nheiros;
panheiros e companheiras a nenhum outro centro e que • aceitar a colaboração e dire-
espíritas conhecê-lo melhor? nenhum outro tem que ser ção alheias sem se sentir dimi-
Tem priorizado suas relações igual a mim? Já entende que nuído.
ou apenas o trabalho? podemos ser diferentes em al- Cada instituição social possui
9. Você imagina quanto custa guns aspectos, embora siga- uma cultura que lhe é própria, que
por mês manter-me funcio- mos as mesmas diretrizes que a caracteriza diante das demais
nando? estão na Codificação Espírita? e nos permite compreender por
10. Tenho dado de mim o que que funciona dessa ou daquela
posso para oferecer-lhe um Responder com sinceridade a maneira. O Centro Espírita, por
mínimo de conforto, um espa- essas perguntas pode ajudar-nos não ser um templo religioso tra-
ço de trabalho, estudo, confra- a nos situar melhor em nossa re- dicional, tem aspectos distintos
ternização e crescimento. Você lação com o Centro Espírita on- dos templos das demais reli-
tem percebido e valorizado o de atuamos. Embora se diga que giões. Isto percebemos não ape-
que lhe ofereço? é fácil ser espírita dentro do cen- nas na arquitetura, mas princi-
11. Você tem aberto espaço para tro e que fora dele é que os teste- palmente na aplicação dos prin-
outros se revezarem com você munhos são importantes, enten- cípios doutrinários no seu coti-
nas funções que ocupa, ou é demos que nele existem desafios diano.
mais um a alegar a ausência que se renovam e que se forem Apesar disso, encontramos aque-
de colaboradores, sem prepa- gradativamente enfrentados e les que se assemelham, e muito, a
rar com alegria e desapego os vencidos, mais facilmente lidare- templos de várias denominações
que estão à sua volta e que mos com aqueles que se apresen- religiosas, em virtude dos atavis-
por timidez ainda não se can- tam na vida social. Eis alguns des- mos de alguns companheiros que,
didataram ao trabalho? ses desafios: interpretando a Codificação de for-
ma muito pessoal, justificam tais de doação para os carentes e paira nar para a introdução de compa-
procedimentos baseados naquilo nesse tipo de centro uma atmos- nheiros em reuniões mediúnicas.
que julgam tenha sido dito por fera de missionarismo. Nesses núcleos, há formação de
Allan Kardec. equipes e expansão no número
Ao analisar as características Tipo Oráculo de freqüentadores.
dos centros espíritas, o confrade Há valorização exclusiva das
Cesar Perri2 chegou a uma classi- consultas e de opinião de Mento- Tipo Escola/Assistência
ficação de dez tipos de centros, res espirituais, o estudo é acessó- Neste tipo há implantação de
baseada nas suas observações e vi- rio e o exercício da mediunidade é curso básico de Espiritismo e, su-
vências. Vamos reproduzi-la a se- a atividade principal. cessivamente, de cursos sobre cada
guir, condensando-a e correndo obra de Kardec e autores clássicos
o risco de mutilar ou simplificar Tipo Repartição Pública do Espiritismo. Com o crescimen-
demais o pensamento do com- Neste tipo de centro há convênio to da procura por cursos e integra-
panheiro. Os que desejarem tê-la de toda a espécie, as pessoas espe- ção dos freqüentadores nos traba-
na íntegra bastará consultarem o cializam-se em apresentar propos- lhos assistenciais, o centro amplia
seu livro. tas, realizar relatórios e prestar con- sua integração com a comunidade
tas: visão apenas administrativa. onde se localiza.
Tipo Personalista
Sociedade centrada na pessoa Tipo Linha Auxiliar de Go- O fato é que o Centro Espírita
do dirigente/médium, onde difi- vernos representa um investimento con-
cilmente ocorre renovação na li- Desejando atender o próximo, junto de encarnados e desencarna-
derança, havendo dificuldades na o centro se atrela aos poderes dos, visando divulgar o Espiritis-
constituição de equipes. políticos constituídos, ficando mo e criar ambiente onde a igual-
como uma espécie de “braço ou dade, a liberdade e a fraternidade
Tipo Curador ramificação” destes. Isso se torna possam ser vividas sob a inspira-
O foco é o atendimento a pes- ruim quando a Direção perde a ção do Evangelho de Jesus.
soas necessitadas de “cura”. Há autonomia, submetendo-se às di- Pense nas perguntas que dia-
pouco ou quase nada de informa- retrizes do poder público e não às riamente o Centro Espírita que
ção doutrinária. diretrizes espíritas. você freqüenta lhe faz. Antecipe-
-se a elas inquirindo-se sobre o
Tipo Igreja Tradicional Tipo Assistencial envolvimento que já é capaz de
O ambiente é frio, as reuniões Entidade fundada com o obje- ter.
são rotineiras e não há estímulo à tivo de fazer assistência social, es- Observe o comportamento
criação de vínculos do freqüenta- pecificamente com crianças órfãs. alheio, mas não copie ninguém;
dor com a instituição. A ausência de base doutrinária di- verifique a sua disponibilidade e
ficulta a formação de equipes e a em que medida deseja se envol-
Tipo Salvacionista solução foi a criação de um Cen- ver. Decidido a fazer a sua parte
Predomina um ambiente pseu- tro Espírita para gerir a obra. faça-a da melhor maneira, mas
do-evangélico, marcado por mui- não se esqueça de que outros de-
ta ingenuidade. Há preocupação Tipo Doutrinário sejam ajudá-lo e outros preci-
Centro que procura introduzir sam da sua ajuda, experiência e
2 curso de orientação e educação da estímulo, a fim de produzirem
CARVALHO, Antonio Cesar Perri de.
Espiritismo e Modernidade. São Paulo: mediunidade e curso básico de cada vez mais, e, sobretudo, me-
USE, 1996, p. 80-84. Espiritismo, como etapa prelimi- lhor.
Semeadura
“Mas, tendo sido semeado, cresce.”
– JESUS. (MARCOS, 4:32.)
É que praticam nas atividades diárias. Ainda que estejam obedecendo a certos
regulamentos do mundo, que os compelem a determinadas atitudes, é
imprescindível examinar a qualidade de sua contribuição pessoal no mecanismo
das circunstâncias, porquanto é da lei de Deus que toda semeadura se desenvolva.
O bem semeia a vida, o mal semeia a morte. O primeiro é o movimento evoluti-
vo na escala ascensional para a Divindade, o segundo é a estagnação.
Muitos Espíritos, de corpo em corpo, permanecem na Terra com as mesmas
recapitulações durante milênios. A semeadura prejudicial condicionou-os à cha-
mada “morte no pecado”. Atravessam os dias, resgatando débitos escabrosos e
caindo de novo pela renovação da sementeira indesejável. A existência deles cons-
titui largo círculo vicioso, porque o mal os enraíza ao solo ardente e árido das pai-
xões ingratas.
Somente o bem pode conferir o galardão da liberdade suprema, representando a
chave única suscetível de abrir as portas sagradas do Infinito à alma ansiosa.
Haja, pois, suficiente cuidado em nós, cada dia, porquanto o bem ou o mal,
tendo sido semeados, crescerão junto de nós, de conformidade com as leis que
regem a vida.
Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. 1. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005,
cap. 35, p. 85-86.
União de
qualidades
“Amai-vos uns aos outros, eis toda a lei, lei divina, mediante a qual governa Deus os
mundos. O amor é a lei de atração para os seres vivos e organizados. A atração é a lei
de amor para a matéria inorgânica.”
SÃO VICENTE DE PAULO (O Livro dos Espíritos, questão 888-a.)
S U E LY C A L DA S S C H U B E RT
E
m sua magistral obra, Mis- àquele que em precedente exis- da, tece várias considerações em
sionários da Luz,1 André Luiz tência lhe aniquilara a vida física, torno do sexo, que tem sido tão
aborda questões de alta re- Adelino, com o pensamento en- aviltado entre os encarnados, afir-
levância, evidenciando a ação da venenado pelo ódio, destruía os mando que “muitas inteligências
Espiritualidade Superior em favor genes responsáveis pela heredita- admiráveis preferem demorar em
dos que ainda estão no plano físi- riedade, pois, segundo Alexan- baixas correntes evolutivas”.
co. Através da sábia e amorosa pa- dre, a sua mente perturbada emi- Menciona que o amor, nessas
lavra do Instrutor Alexandre, fica- tia raios magnéticos de alto poder circunstâncias, é como se fosse o
mos cientes de aspectos verdadei- destrutivo, o que impedia a fecun- ouro perdido em vasta ganga. Di-
ramente surpreendentes e de su- dação. Foi, então, providenciado o ferente, explica, é a união sexual
perior significado em relação às encontro de Adelino, em desdo- entre criaturas que já se encami-
luminosas leis cósmicas que re- bramento durante o sono físico, nham, de fato, a planos mais ele-
gem a vida universal. com Segismundo, para que se har- vados.
Neste artigo vamos ressaltar um monizassem. Tendo Adelino con- “(...) Traduz a permuta sublime
trecho que, ao longo dos anos, te- cedido o perdão sincero, as vibra- das energias perispirituais, simbo-
mos lido com imensa admiração ções de ódio desapareceram. lizando alimento divino para a in-
por sua beleza, profundidade e ra- A partir deste trecho inicia-se teligência e para o coração e força
ra elevação espiritual. uma admirável preleção em torno criadora não somente de filhos car-
Trata-se das elucidações de Ale- do amor. nais, mas também de obras e reali-
xandre atinentes ao sexo. Vamos Alexandre assevera: zações generosas da alma para a
nos prender nestes comentários “(...)E quando ensinamos, em vida eterna.”
ao trecho que se inicia após Ade- toda parte, a necessidade da prática Alexandre reporta-se aos obje-
lino perdoar ao Espírito Segis- do amor, não procedemos obe- tivos sagrados da Criação e não
mundo, do qual seria pai quando dientes a meros princípios de es- exclusivamente à procriação, pois
do retorno deste à Terra. (Cap. 13, sência religiosa, mas atendendo a esta pode ser decorrente do amor,
p.127.) imperativos reais da própria vida.” sem ser a finalidade exclusiva dos
Antes de conceder o perdão O nobre orientador, em segui- relacionamentos humanos.
no lar, a defesa armada cedeu ao di- “– Essa ‘união de qualidades’, Ante as preciosas e profundas
reito, a floresta selvagem transfor- entre os astros, chama-se magne- elucidações do Instrutor, André
mou-se na lavoura pacífica, a he- tismo planetário da atração, entre menciona que estas abriram para
terogeneidade dos impulsos nas as almas denomina-se amor, entre ele novos horizontes ao pensa-
imensas extensões de território os elementos químicos é conheci- mento. É inegável que tais revela-
abriu campo à comunhão dos da por afinidade. Não seria possí- ções descortinam, também para
ideais na pátria progressista, a bar- vel, portanto, reduzir semelhante nós, perspectivas tão vastas, que
bárie ergueu-se em civilização, os fundamento da vida universal, cir- trazem, ao mesmo tempo, uma
processos rudes da atração tran- cunscrevendo-o a meras atividades sensação feliz de imortalidade e de
substanciaram-se nos anseios artís- de certos órgãos do aparelho físico. liberdade.
ticos que dignificam o ser, o grito A paternidade ou a maternidade Ampliando essas importantes
elevou-se ao cântico: e, estimulada são tarefas sublimes; não represen- instruções, Alexandre remete-nos
pela força criadora do sexo, a cole- tam, porém, os únicos serviços à Criação universal:
tividade humana avança, vagarosa- divinos, no setor da Criação infini- “– Não há criação sem fecun-
mente embora, para o supremo al- ta. O apóstolo que produz no do- dação. As formas físicas descen-
vo do divino amor.”4 mínio da Virtude, da Ciência ou da dem das uniões físicas. As cons-
Anotemos agora a bela argu- Arte vale-se dos mesmos princí- truções espirituais procedem das
mentação de Alexandre, na conti- pios de troca, apenas com a dife- uniões espirituais. A obra do Uni-
nuidade de suas explicações, quan- rença de planos, porque, para ele, a verso é filha de Deus.”1
do passa a desdobrar a questão da permuta de qualidades se verifica A mesma idéia podemos obser-
“união de qualidades”: em esferas superiores. Há fecunda- var em A Gênese, nos esclareci-
ções físicas e fecundações psíqui- mentos do Espírito Galileu, através
cas. As primeiras exigem as dispo- do médium Camille Flammarion:
sições da forma, a fim de atende- “(...) O poder criador nunca se
rem a exigências da vida, em cará- contradiz e, como todas as coisas,
ter provisório, no campo das expe- o Universo nasceu criança.”5
riências necessárias. As segundas, A ilustre escritora espírita
porém, prescindem do cárcere Marlene Nobre, em seu notável
de limitações e efetuam-se livro O Clamor da Vida6 mencio-
nos resplandecentes domí- na que a expressão o Universo
nios da alma, em proces- nasceu criança “é utilizada, hoje,
so maravilhoso de eter- com freqüência, pelos cientistas
nidade. Quando nos de nosso tempo, referindo-se aos
referimos ao amor do universos bebês, os que estão nos
Onipotente, quando seus primórdios, como, um dia,
sentimos sede da Divin- há cerca de 15 bilhões de anos, o
dade, nossos espíritos não nosso já o foi”.
procuram outra coisa se- A partir desse encadeamento de
não a troca de qualida- raciocínio compreendemos, com
des com as esferas su- mais profundidade e beleza, o que
blimes do Universo, André Luiz descortina para nós,
sequiosos do Eter- em Evolução em dois Mundos. É o
no Princípio Fe- que ele denomina de “Co-criação
cundante...”1 em plano maior”.2
reformador fevereiro 2006 - FINAL B.qxp 10/2/2006 08:40 Page 25
Aprendamos, pois: do lugar no maravilhoso concerto veio à Terra e semeou nas leiras
“Nessa substância original, ao dos orbes que integram a nossa dos corações os seus ensinamen-
influxo do próprio Senhor Supre- galáxia. tos, que a parábola do semeador
mo, operam as Inteligências Di- André Luiz registra: expressa claramente. Ao se despe-
vinas a Ele agregadas, em proces- “(...) Jesus não partilhou o dir, prometeu que enviaria mais
so de comunhão indescritível, os matrimônio normal na Terra, e, no tarde o Consolador, cuja semente
grandes Devas da teologia hindu entanto, a família de seu coração já estava lançada e fecundada. No
ou os Arcanjos da interpretação de cresce com os dias; suas forças não tempo próprio medrou e, com o
variados templos religiosos, ex- geraram formas passageiras nos advento do Espiritismo, tornou-
traindo desse hálito espiritual os círculos carnais, e, contudo, suas -se árvore portentosa, oferecendo
celeiros da energia com que cons- energias fecundantes renovaram abrigo e frutos opimos aos vian-
troem os sistemas da Imensidade, a civilização, transformando-lhe o dantes cansados à procura de
em serviço de Co-criação em pla- curso, prosseguindo, até hoje, no paz, aos angustiados e sofredores,
no maior, de conformidade com os aprimoramento do mundo.”4 enfim, aos que procuram a pleni-
desígnios do Todo-Misericordioso, Jesus, o Governador da Terra, o tude da vida.
que faz deles agentes orientadores Divino Semeador, lançou semen- Vivemos instantes decisivos.
da Criação Excelsa. tes fecundadas pelo seu amor para Temos a responsabilidade de ser
Essas Inteligências Gloriosas to- que o Planeta se tornasse habitável. também semeadores, trabalhando
mam o plasma divino e conver- Arroteou a leira imensa, aduban- com amor e abnegação para que
tem-no em habitações cósmicas, do-a no transcurso dos bilhões de a tarefa da ensementação seja fe-
de múltiplas expressões, radiantes anos até que se tornasse apropria- cunda, alcançando assim “os res-
ou obscuras, gaseificadas ou sóli- da à vida. E esta surgiu em sur- plandecentes domínios da alma,
das, obedecendo a leis predetermi- preendentes transformações até em processo maravilhoso de eter-
nadas, quais moradias que perdu- atingir as condições de habitabili- nidade”.
ram por milênios e milênios, mas dade e assim receber os seres inte-
que se desgastam e se transfor- ligentes da Criação. Enviou outros Referências Bibliográficas:
1
mam, por fim, de vez que o Es- semeadores – os profetas –, que XAVIER, Francisco C. Missionários da
pírito Criado pode formar ou co- abriram caminhos para a realidade Luz, pelo Espírito André Luiz. 5. ed. Rio
-criar, mas só Deus é o Criador de maior da existência terrena. de Janeiro: FEB, 1956, cap. 13.
Toda a Eternidade.”2 Desbravadores, filósofos, cien- 2
_____. Evolução em dois Mundos, pelo
Paramos por aqui, para não nos tistas, humanistas, religiosos, in- Espírito André Luiz. 1. ed. Rio de Janei-
alongarmos em demasia, convi- ventores, prodigalizaram, sob a sua ro: FEB, 1959, cap. 18, item “Origem do
dando aos amáveis leitores a bus- misericordiosa proteção, novas instinto sexual”; cap. 1, item “Co-cria-
car mais detalhes nas obras men- idéias, e procuraram, em todos os ção em plano maior”.
3
cionadas. tempos, despertar os seres huma- FRANCO, Divaldo. Após a Tempestade,
nos. A ação de cada um é como o pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salva-
fermento a levedar a massa. dor (BA): LEAL, 1974.
4
Fecundações psíquicas e fecun- De época em época surgem XAVIER, Francisco C. No Mundo Maior,
dações físicas – eis a saga da Hu- novos semeadores, as sementes se pelo Espírito André Luiz. 5. ed. Rio de
manidade. renovam, as idéias fermentam, Janeiro: FEB, 1970, cap. 11.
5
Nos primórdios dos tempos, o ensejando o progresso material e KARDEC, Allan. A Gênese. 41. ed. Rio
psiquismo do Cristo, em processo espiritual. de Janeiro: FEB, 2002, cap. VI, item 15.
6
sublime, fecundou o planeta em Na esteira do progresso, deter- NOBRE, Marlene. O Clamor da Vida.
formação e a Terra surgiu, toman- minismo da Lei Divina, Jesus São Paulo: FE, 2000.
A FEB e o Esperanto
Esperantistas
no
Rotary A F F O N S O S OA R E S
N
ossos companheiros nos ideais espírita e Caros irmãos rotarianos, cremos firmemente que
esperantista, o casal Giuseppe e Úrsula daqui a cem anos não mais existirão guerras, fome e
Grattappaglia, de Alto Paraíso (GO), gentil- injustiça.
mente nos enviaram a versão eletrônica do boletim Temos a esperança de que todos se considerarão
R.A.D.E-Informilo, referente ao mês de setembro cidadãos do mundo, usando, além de sua língua
de 2005. materna, a língua neutra esperanto como sua segun-
R.A.D.E-Informilo (Informativo do R.A.D.E.) é o da língua, de modo que as culturas étnicas estejam
órgão de divulgação das atividades do Rotaria protegidas.
Amikaro de Esperantistoj (Esperantistas Amigos do Rotarianos de todo o mundo usarão e sustentarão
Rotary), com sede na cidade francesa de Lyon e cujo esse nobre ideal como parte significativa dos quatro
endereço eletrônico é <levin.marc@wanadoo.fr>. “conceitos éticos” do Rotary.*
Da notícia sobre as comemorações do centená-
rio do Rotary Club (Chicago, 1905), quando cerca
de 42.000 rotarianos lotaram o Mc Cormick Place, Como arremate de nossa notícia, reservamos o
em Chicago, entre 18 e 22 de junho de 2005, co- texto, sob o título “Considerações”, com que Giuseppe
lhemos a informação sobre interessante iniciativa Grattappaglia argumenta, de maneira simples e con-
daquele encontro, chamada “Cápsula do Tempo”, vincente, sobre a conveniência de que as organiza-
em que os presidentes de milhares de clubes rota- ções de âmbito mundial, como o Rotary, adotem,
rios espalhados em 166 países depositaram men- por todas as razões de ordem material e espiritual, o
sagens para serem abertas daqui a cem anos, por belo, fácil e neutro esperanto como língua para as
ocasião do bicentenário daquela organização relações internacionais de seus membros.
mundial. Ei-lo, em tradução do esperanto:
Úrsula Grattappaglia, em nome do Rotary Clube
de Alto Paraíso, deixou na “Cápsula do Tempo” o *
O que você faz, diz e pensa é justo, verdadeiro, oportuno e
seguinte texto, em esperanto: honesto?
Durante cinco anos consecutivos o R.A.D.E. tem Rotary esse “milagre” de verdadeira amizade inter-
participado das Convenções Mundiais do Rotary com nacional. Utopia? Não! O tempo trabalha em nos-
um estande instalado no grande e tradicional “Salão so favor.
da Amizade”, onde dezenas de milhares de rotaria-
nos de 166 países recebem informações sobre o es-
peranto. Pelo mundo, tais situações se multiplicam em
São eventos efetivamente grandiosos, em que se um sem-número de encontros internacionais,
reúne um tipo de coletividade consciente dos seus quando falantes de diversas línguas devem confor-
nobres objetivos de amizade, solidariedade, serviço e mar-se com as limitações impostas por um injus-
paz no mundo. to sistema de comunicação que, ou privilegia uma
Mas, será que essa generosa coletividade atinge em ou duas línguas nacionais com o status de lín-
plenitude os seus objetivos durante as Convenções gua(s) de trabalho, ou disponibiliza um serviço de
Mundiais do Rotary? interpretação precário nos seus resultados e vulto-
Absolutamente não! so nos seus custos.
Podemos afirmar, por experiência própria, que o Jamais se apagará de nossa memória de esperan-
maior obstáculo à consecução desses objetivos é o pro- tista a impressão grandiosa que recebemos duran-
blema lingüístico. te os trabalhos do 72o Congresso Universal de Es-
Com efeito, os congressistas, que em grande maioria peranto, realizado em 1987 na cidade de Varsóvia,
têm o inglês como língua materna, desfrutam plena- Polônia, por ocasião do Jubileu Centenário da Lín-
mente do encontro junto aos que falam a sua língua, gua Internacional Neutra. Cerca de 6.000 congres-
exprimem-se em voz alta, discutem e riem, abraçam-se sistas, provenientes de uma centena de países de
e até mesmo se esforçam, algumas vezes, por compreen- todos os continentes, comunicavam-se em plenitu-
der o tartamudear dos outros rotarianos, cuja língua de, sem quaisquer intermediários, abordando des-
materna não é o inglês. de os assuntos mais prosaicos aos mais grandiosos
Esta minoria vagueia, muda, entre as dezenas de temas da arte, da religião, da filosofia, graças ao
milhares de rotarianos, buscando, cada qual, encon- genial esperanto, cujo uso, diferentemente de qual-
trar os que falam a sua língua, a fim de não se enfas- quer língua nacional, não lhes causava nenhum
tiarem num encontro em que só se usa o inglês e é ofe- constrangimento, nenhum sentimento de inferio-
recido, de modo esporádico, um dispendioso serviço de ridade.
interpretação simultânea para apenas 4 ou 5 das 10 O Movimento Espírita, tendendo irreversivel-
línguas oficiais do Rotary Internacional. mente a tomar dimensões mundiais, se defrontará a
Para que esse isolamento seja, de alguma forma, cada passo, de modo sempre mais e mais intenso,
superado, são distribuídos distintivos autocolantes com com o problema lingüístico. A solução já existe e
a indicação de que se fala o coreano, o japonês, o espa- os espíritas do Brasil a conhecem há cerca de um
nhol, o italiano, ou o alemão, fazendo com que as aten- século, dedicam-lhe fecundos esforços no sentido de
ções sejam avidamente concentradas sobre tais distin- divulgá-la, ensiná-la e utilizá-la para a disseminação
tivos, de modo que as pessoas localizem alguém a quem dos princípios da Doutrina. Cabe-nos agora traba-
possam dirigir a palavra. lhar por conscientizar nossos irmãos de outras ter-
Que diferença entre essa numerosa reunião de quase ras sobre a excelência do instrumento que efetiva-
surdos-mudos e os congressos universais de esperanto, mente possibilita a solução do problema lingüístico
onde é perfeito o entendimento entre pessoas das mais em bases justas e fraternas. Assim o querem os gran-
diferentes partes do mundo! des Espíritos. Trabalhemos, pois, nesse sentido. É
A R.A.D.E. trabalha no sentido de introduzir no nosso dever de fraternidade.
Humanidade,
“acorda enquanto é dia!”
Eu sou o bom Pastor: o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ove-
lhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a
minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor. (João, 10:11 e 16.)
A. M E R C I S PA DA B O R G E S
ou não depende do livre-arbítrio quistas daqueles povos cheios de tribuir os bens divinos. Pode-se
de cada um. piedade e virtudes (...). verificar essa afirmativa por infin-
É importante reportar-se a O As grandes comunidades espiri- dáveis exemplos, mas poucos são
Livro dos Espíritos, questão 121: tuais, diretoras do Cosmos, delibe- necessários para elucidar:
Por que é que alguns Espíritos ram, então, localizar aquelas enti- A voz! Que dom abençoado!
seguiram o caminho do bem e ou- dades, que se tornaram pertinazes Que o diga aquele que cumpre ex-
tros o do mal? no crime, aqui na Terra longínqua, piação sem ela! Instrumento por
“– Não têm eles o livre-arbítrio? onde aprenderiam a realizar, na excelência de comunicação, edifi-
Deus não os criou maus; criou-os dor e nos trabalhos penosos do seu ca, constrói, pacifica, consola, en-
simples e ignorantes, isto é, tendo ambiente, as grandes conquistas do sina, orienta, corrige, liberta, no
tanta aptidão para o bem quanta coração e impulsionando, simulta- entanto quanta tragédia se verifi-
para o mal. Os que são maus, assim neamente, o progresso dos seus ir- ca com o seu mau uso!
se tornaram por vontade própria.” mãos inferiores.” (A Caminho da As drogas! Usadas corretamen-
Todavia, chegará o tempo em Luz, psicografado por Francisco te são medicamentos imprescin-
que as pedras desprezadas pelos C. Xavier, 32. ed. FEB, 2005, item díveis. Princípios ativos retirados
edificadores, entulhos que impe- “Um mundo em transições”.) das plantas; riqueza natural que,
dem a evolução da Terra, serão É verdade! Estamos vivenciando manipulada pelas mãos respon-
reaproveitadas como pedra de ân- momentos graves, impera o crime sáveis de pesquisadores, quími-
gulo em planetas inferiores. Não de todos os teores, a violência pare- cos, farmacêuticos, biólogos, po-
mais merecedores de permanecer ce dominar a vinha do Senhor. As dem aliviar muitas dores, curar
neste orbe; não mais capazes de pedras agridem o corpo e o Espí- inúmeras moléstias, salvar muitas
participar da reconstrução do Jar- rito; grandes, pequenas, pontiagu- vidas. Entretanto, em mãos irres-
dim que teimam em destruir. Cer- das, partem de todos os lugares; ora ponsáveis destroem vidas, lares e
tamente serão expulsos conforme sem direção, ora destinadas à des- nações.
afirmativa de Jesus na parábola truição. A dor recrudesce... A energia atômica! Que poten-
em estudo: Portanto eu vos digo O orbe evolui, apesar dos maus cial para a evolução humana! No
que o reino de Deus vos será tirado, lavradores. O leme está firme nas entanto, direcionada de forma erra-
e será dado a uma nação que dê os mãos de Jesus. Ele já previra: E, da, torna-se terrível destruidora.
seus frutos. por se multiplicar a iniqüidade, o Somente a prática constante das
Assim, pela segunda vez Espí- amor de muitos esfriará. Mas aque- leis divinas situará a Humanidade
ritos renitentes serão vestidos pe- le que perseverar até ao fim será no trilho certo.
lo Senhor com túnicas de peles e salvo. (Mateus, 24:12-13.) O após- A Doutrina Espírita, dois mil
serão expulsos do jardim do pla- tolo Paulo reitera: Oh! em verdade anos após Jesus, restaura o seu
neta. vos digo, cessai, cessai de pôr em Evangelho e revela a maior de to-
É do Espírito Emmanuel: paralelo, na sua eternidade, o Bem, das as advertências: Fora da cari-
Há muitos milênios, um dos or- essência do Criador, com o Mal, dade não há salvação.
bes da Capela, que guarda muitas essência da criatura. (O Livro dos Aqueles que não desejarem fa-
afinidades com o globo terrestre, Espíritos, questão 1009.) zer parte da mole que será exilada
atingira a culminância de um de Por que então o mal existe? da Terra só têm uma opção: se-
seus extraordinários ciclos evoluti- Porque usamos os recursos di- guir a Lei – Amar a Deus sobre to-
vos. (...) vinos, destinados à nossa evolu- das as coisas e ao próximo como a
Alguns milhões de Espíritos re- ção, de forma inconveniente. O si mesmo.
beldes lá existiam (...) dificultando mal, portanto, está na maneira er- Humanidade, só há uma opção:
a consolidação das penosas con- rada de agir, de usufruir e de dis- acorda enquanto é dia!
O que é vida?
M A RTA A N T U N E S M O U R A
E
is uma questão cuja res- vivos são vistos como “máquinas” e 75, a-1 e 2.) Na Idade Moder-
posta é complexa, pois os químicas possuidoras de um sis- na, René Descartes (1596-1650) e
seus diferentes significa- tema cibernético que governa e Thomas Hobbes (1588-1679) in-
dos são, em geral, controvertidos. controla estas unidades químicas. troduzem o conceito mecanicista
Etimologicamente, vida signifi- Os conceitos filosóficos de vida de vida (“o organismo vivo é uma
ca “existência” (do latim vita). Pre- são variáveis e extensos. Podemos, máquina bem montada”), opon-
tendem alguns estudiosos concei- num esforço de síntese, caracteri- do-se a identidade da vida com a
tuá-la, em termos metafísicos, co- zar os mais significativos. Desde alma: “a matéria corpórea, em cer-
mo qualidade sobrenatural que a Antigüidade, a vida é entendida tas formas de organização, teria
transcende as propriedades da ma- como um fenômeno natural, pró- condições de mover-se ou de de-
téria. Outros consideram a vida prio dos seres que possuem movi- senvolver-se por si”. (ABBAGNA-
um estado de atividade da subs- mento, se nutrem, crescem, repro- NO, 2000, p. 1001.) Nasce, em
tância organizada, comum aos duzem e morrem. Platão (427- conseqüência, a conhecida disputa
animais e aos vegetais. Há cientis- -347 a.C.) identificava a alma e a entre filósofos mecanicistas e vi-
tas que especificam ser a vida um vida como sendo a mesma coisa. talistas – ou reducionistas e não
conjunto de atividades e funções Aristóteles (384-322 a.C.) conce- reducionistas – cujas discussões
orgânicas que distingue o corpo bia a vida como a capacidade de alcançaram o século XX.
vivo do morto. Os biólogos, de- nutrição, crescimento e destrui- Para a doutrina mecanicista a
fensores da teoria evolucionista, ção existente no chamado ser vi- vida é decorrente da organização
entendem que a vida é um sistema vo. (De generatione animalium físico-química da matéria corpó-
capacitado, submetido às regras II/I, 412-413.) Na Idade Média, o rea, enquanto para a teoria vitalis-
da evolução, e que, devido à sele- conceito filosófico de vida está re- ta a vida depende da existência de
ção natural, abrange processos de sumido no pensamento escolásti- um princípio espiritual. Para Im-
replicação, mutação e de replica- co de Tomás de Aquino (1227- manuel Kant (1724-1804) nem os
ção das mutações. Os bioquími- -1274): “Vida é a capacidade de mecanicistas nem os vitalistas ti-
cos e os geneticistas consideram a uma substância mover-se ou con- nham razão, pois a vida consis-
vida como sendo unidades fun- duzir-se espontaneamente, ten- te na concordância da ação das
cionais capazes de autoconstruí- do a alma como seu princípio”. substâncias, preestabelecidas por
rem-se. Nesta hipótese, os seres (Summa Theologiae I, questão 18 Deus (1705: Sur le principe de vie
ou “Sobre o princípio de vida”). que o absorvem e assimilam. (KAR- por exemplo] (KARDEC, 2005,
Friedrich Schelling (1775-1854), DEC, questão 63, p. 92.) item 18, p. 116-117); é a força
por outro lado, afirma que a vida O princípio vital apresenta as motriz dos corpos orgânicos; f) a
é um processo de auto-regulação seguintes características, segundo união dos dois, princípio vital
presente nos seres orgânicos e au- a Codificação Espírita (KARDEC, e matéria, produz a vida.
sente nos seres inorgânicos. (WER- questões 65 a 67, p. 92-93.): a) Parece-nos que o conceito espí-
KE, I, III, p. 89.) tem como fonte o fluido cósmico rita de vida, entre todos os que
Em O Livro dos Espíritos, Parte universal, ou matéria cósmica pri- aqui foram citados, é o mais com-
Primeira, introdução ao capítulo mitiva, que continha os elemen- pleto porque oferece explicações,
IV, “Do Princípio Vital”, há a infor- tos materiais, fluídicos e vitais de ainda não cogitadas pela Ciência, e
mação de que os seres orgânicos são todos os universos que estadeiam nem se perde nas diferentes inda-
os que têm em si uma fonte de ativi- gações suscitadas pela Filosofia.
dade íntima que lhes dá a vida. Mostra, de forma simples e inequí-
Nascem, crescem, reproduzem-se voca, que nas manifestações da
por si mesmos e morrem. São vida (...) em todos os reinos da
providos de órgãos especiais Natureza palpita a vibração
para a execução dos di- de Deus, como o Verbo
ferentes atos da vida, Divino da Criação In-
órgãos esses apro- finita; e, no quadro
priados às necessi- sem-fim do trabalho
dades que a conser- da experiência, to-
vação própria lhes dos os princípios, co-
impõe. Nessa classe mo todos os indiví-
estão compreendi- duos, catalogam os
dos os homens, os seus valores e aqui-
animais e as plan- sições sagradas para
tas. Seres inorgâni- a vida imortal. (XA-
cos são todos os que ca- VIER, 2004, p.35.)
recem de vitalidade, de
movimentos próprios e que
se formam apenas pela agrega- Bibliografia:
ção da matéria. Tais são os mine- ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Fi-
rais, a água, o ar, etc. Em seguida, losofia. Tradução de Ivone Castilho Be-
os orientadores espirituais esclare- suas magnificências diante da eter- nedetti. 4. ed. São Paulo: Martins Fon-
tes, 2000, p. 1001.
cem, na questão 63, que o princí- nidade (KARDEC, item 17, p.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.
pio vital (ou “fonte de atividade 115-116.); b) atua como interme-
86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005,
íntima que dá a vida”) pode ser diário entre o Espírito e a matéria;
questões 63, 65, 66 e 67, p. 92-93.
entendido como efeito e como c) apresenta-se modificado nas ______. A Gênese. 47. ed. Rio de
causa, pois, (...) a vida é um efeito inúmeras espécies orgânicas, con- Janeiro: FEB, 2005, cap. VI, itens 17-
devido à ação de um agente sobre a cedendo-lhes movimento e ativi- -18, p. 115-117.
matéria. Esse agente, sem a matéria, dade; d) não existe na matéria XAVIER, Francisco Cândido. O Conso-
não é a vida, do mesmo modo que a totalmente inerte; e) as moléculas lador, pelo Espírito Emmanuel. 25. ed.
matéria não pode viver sem esse do mineral têm uma certa soma Rio de Janeiro: FEB, 2004, questão 28,
agente. Ele dá a vida a todos os seres dessa vida [percebida nos cristais, p. 35.
Vigilância no
Amigos, louvado seja Deus!
trabalho
valem dos cochilos morais dos li- rantindo que cremos, que assumi-
O
tempo urge, de fato, convo- dadores, embora a sua atuação nas mos exatamente aquilo que esta-
cando as almas de boa von- atividades do Movimento Espírita. mos transmitindo a outras inteli-
tade ao trabalho libertador. A razão de enfocarmos essa te- gências, guardando, assim, coerên-
É a grande ensancha que Deus mática, no momento, deve-se ao cia entre o nosso discurso e o curso
oferta aos filhos Seus, que se en- fato de que muitos confrades res- da nossa vida.
contram realizando esforços de peitáveis, que vêm operando um Dispostos, então, a envolver-
evolução na Terra. considerável labor positivo no âm- -nos com o vero espírito do Espiri-
Fomos obsequiados com as bên- bito da mensagem luminosa do tismo, que não nos cobra perfei-
çãos do Criador para que, mesmo Espiritismo, não têm mantido o ção, mas que nos pede fidelidade,
sob o azorrague de intensas pelejas, esperado cuidado relativamente tratemos de não desmentir com os
realizássemos o próprio progresso, às suas vidas pessoais, particula- feitos o que apregoamos com nos-
deixando ao pretérito as experiên- res, muitas vezes por entender que sas palavras escritas ou faladas.
cias em que desconsiderávamos a se possa ser espírita por turnos... Conscientes quanto à honra de
nossa condição de seres imortais, Num turno, faz-se tudo o que a viver tão eloqüente contexto espiri-
fazendo uso indevido das oportu- Doutrina Espírita propõe, con- tista, nesses tempos complicados do
nidades da reencarnação. quistando a consideração e os mundo contemporâneo, unamo-
O trabalho dos Emissários de Je- encômios dos irmãos de crença, -nos, fraternalmente, e confraterni-
sus, o Nazareno, junto aos seareiros enquanto noutro libera-se o ho- zemos em torno desse Ideal, sem
do bem vem sendo, curiosamente, mem-velho para que se possa ex- perdermos a ocasião de exercitar,
o de envolvê-los em fluidos saluta- perimentar todos os sabores do ainda que pouco a pouco, a fideli-
res específicos, o de protegê-los com mundo passageiro, mesmo que dade proposta por Jesus aos Seus
recursos apropriados, impedindo amargos, seja na esfera dos negó- seguidores de todos os tempos.
que sejam desnorteados ou traga- cios, da vida com a família ou do É com augúrios de muito pro-
dos por influências nefastas do relacionamento com os confrades, gresso e paz, que abraço os irmãos,
campo espiritual sombrio, que se desatendendo aos preceitos da ho- na condição de pequeno servidor.
norabilidade, da fidelidade e da
fraternidade, como se fosse per- Joaquim Olympio de Paiva*
feitamente normal essa dualida-
de moral. É do Apóstolo Paulo a (Mensagem psicografada pelo médium
orientação: vede prudentemente Raul Teixeira, durante a Reunião do CFN
como andais...(Efésios, 5:15.) da FEB, em 11/11/2005, em Brasília (DF).)
Na órbita das realizações espíri-
tas, torna-se um dever de cada um *
Pioneiro espírita cearense (1848-1937).
de nós guardar a devida vigilância Fundou, com Vianna de Carvalho, em
em torno dos próprios passos, ga- 1910, o Centro Espírita Cearense.
reformador fevereiro 2006 - FINAL B.qxp 10/2/2006 08:41 Page 35
Diante do mal, o
bem é a meta JORGE HESSEN
A
ntes de expormos algumas sinal de passagem livre para os penetrá-lo profundamente, a pon-
ponderações doutrinárias cimos da Vida Superior, enquan- to de fazer nele morada, podem
acerca do mal e do bem é to que o mal significa sentença de ser extirpadas.
interessante sabermos os seus sig- interdição, constrangendo-nos a Para muitos o mal seria mais
nificados. Filosoficamente o pri- paradas mais ou menos difíceis de forte que o bem, e os Espíritos do
meiro (mal) define-se como pri- reajuste.3 mal estariam conseguindo derro-
vação ou imperfeição, ou aquilo A maldade dos homens sempre tar os Benfeitores espirituais, frus-
que é nocivo, prejudicial, que se inquietou os pensadores dos mais trando-lhes os desígnios superio-
opõe ao bem, à virtude, à probi- diversos campos do saber e da res. Em que pese sua antiga tradi-
dade, à honra. No que reporta ao ação humana: filosofia, ciência, ção, tais conceitos são insustentá-
bem, são-lhe atribuídas ações e arte, religião. A exemplo de Hanna veis e falsos, diríamos mesmo,
obras humanas que lhe conferem Arendt, filósofa judia, que estudou absurdos. Admitir o triunfo do
um caráter moral.1 E para não as questões do mal e cujas teses mal, em prejuízo da Humanida-
incorrer no maniqueísmo2 inócuo, estão ínsitas no livro Eichmann de, é o mesmo que negar ao Se-
consignamos que a evolução para em Jerusalém, o qual analisa o jul- nhor da Vida os atributos da
Deus pode ser comparada a uma gamento do verdugo nazista, onisciência e da onipotência, sem
viagem divina. O bem constitui mentor da morte de milhares de os quais não poderia ser verda-
pessoas. Tendo como referencial deiramente Deus.
1
Esta qualidade se anuncia através de fa- o caso Eichmann, Arendt justifi- O mal não é criação do Todo-
tores subjetivos (o sentimento de apro- ca que o mal pode tornar-se ba- -Poderoso como imaginam algu-
vação, o sentimento de dever) que levam à
busca e à definição de um fundamento nal e difundir-se pela sociedade mas pessoas, especialmente aque-
que os possa explicar. como um fungo, porém, apenas las que vivem distanciadas do
2
1. Filos. Doutrina do persa Mani ou Ma- em sua superfície. Para ela, as raí- entendimento evangélico. O mal é
nes (séc. III), sobre a qual se criou uma zes do mal não estão definitiva- transitório, não tem raízes, o bem
seita religiosa que teve adeptos na Índia,
China, África, Itália e S. da Espanha, e
mente instaladas no coração do é permanente. O mal definha à
segundo a qual o Universo foi criado e é homem e, por não conseguirem medida que o bem se estabelece.
dominado por dois princípios antagôni- Foi por isso que Jesus dizia que o
cos e irredutíveis: Deus ou o bem absolu- Reino dos Céus começa em nosso
3
to, e o mal absoluto ou o Diabo. 2. P. ext. XAVIER, Francisco Cândido. Ação e Rea-
Doutrina que se funda em princípios ção, pelo Espírito André Luiz, 26. ed. Rio coração e compara-o ao fermento
opostos, bem e mal. de Janeiro: FEB, 2004, cap. 19, p. 321-322. que transforma e engrandece a
massa; o Rei- de física e verdade metafísica, em motivos alheios de queixa por con-
no dos Céus é que o instinto cede em face da ra- ta dos nossos atos. Revisemos pe-
como a semente zão, e a sábia consciência direciona riodicamente nossas quedas e des-
de mostarda, cuja os sentimentos sublimes de amor, lizes no campo moral, ativando a
árvore é múltipla em justiça e caridade. memória para nos lembrarmos dos
benefícios. Mas não há como se desconhe- tantos espinhos que já trazemos
A Humanidade vem, cer a luta pela subsistência. São as cravados na “carne do espírito”,4 tal
nos últimos anos, passan- enfermidades, as insatisfações, os como ensina Paulo de Tarso. Estes
do por transformações preo- conflitos emocionais, os desenga- espinhos nos lembrarão a nossa
cupantes. A influência da nos, as imperfeições próprias da- condição de enfermos em estágio
matéria sobre a vida social queles com os quais convivemos. de longa recuperação, necessitados
cresce incessantemente. Os valo- Enfim, as mil e uma vicissitudes da de cautela. O mal não é invencível,
res morais estão sendo corrompi- pelo contrário. O homem possui
dos com espantosa velocidade. na sua natureza a flama do bem.
Nunca o mundo precisou tanto Somente quando se distancia da
dos ensinos espíritas como neste sua origem divina é que se com-
tempo. praz com o mal. Para se livrar
Vivenciamos instantes em das ações negativas dos mal-
que se aguça o individualis- feitores espirituais, basta sin-
mo enodoando o tecido so- tonizar-se com seu lado
cial, e nos vendavais da Tec- superior, buscando fazer o
nologia somos remetidos bem aos outros: em pensa-
aos acirramentos das desi- mentos, palavras e ações. E,
gualdades e isolamentos, es- claro, não se deve transferir a
tabelecendo-se níveis de con- responsabilidade dos próprios
forto e exclusão sociais nunca erros à intervenção do verdugo
antes experimentados. Atualmen- do além, que só exerce a sua in-
te, consegue-se a compra pela In- fluência porque encontra campo
ternet, assiste-se ao filme no shop- fértil para isso.
ping, trafega-se pelas avenidas em Allan Kardec registra em Obras
veículos luxuosos. Vive-se sem existência. Nesse autêntico amál- Póstumas: “Ele [Deus] não criou o
convivência fraterna, numa doen- gama, usando e abusando do li- mal; o homem é quem o produz,
tia soledade, a despeito de um vre-arbítrio, cada qual vai colhen- abusando dos dons de Deus, em
mundo superpovoado de seres hu- do vitórias ou amargando derro- virtude do seu livre-arbítrio.”5
manos, em que pese para os mais tas, segundo o grau de experiência Não é simples, porém, nos livrar-
otimistas a convicção do alvorecer conquistado. Uns riem hoje, para mos do mal que praticamos. Mal
da Nova Era espiritual que vem chorarem amanhã, e outros, que
chegando, ocupando espaço, no agora se exaltam, serão humilha- 4 a
2 Epístola de Paulo aos Coríntios: (12:7) –
contexto dos avanços da Ciência dos depois. “E, para que não me exaltasse pelas excelên-
que impulsiona a massa humana Devemos interrogar a própria cias das revelações, foi-me dado um espinho
na carne, a saber, um mensageiro de Satanás
para a conquista da paz. E ante os consciência, passando em revista
para me esbofetear, a fim de me não exaltar”.
paradoxos, acredita-se na existên- os atos cotidianos, para a identifi- 5
KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 37. ed.
cia do elo entre a fé e a razão, entre cação dos desvios dos deveres que Rio de Janeiro: FEB, 2005, “O egoísmo e o
a Ciência e a Religião, entre verda- precisavam ser cumpridos e dos orgulho”, p. 225.
que nasce em nós, nos impregna e Deus e o quer saber. Deus lhe deu Para que possamos vislumbrar
temporariamente passa a fazer racionalidade para distinguir um um mundo sem angústias nem
parte de nossa personalidade. Pau- do outro. Urge, porém, meditar- problemas sociais, livre das misé-
lo de Tarso, na sua carta aos Roma- mos que o bem não nos imuniza- rias econômicas e políticas, apele-
nos, tece comentários sobre as lutas rá do sofrimento, resolvendo to- mos para o amor incondicional,
que se devem travar para combater dos os problemas, mas nos aju- que possui os recursos eficazes na
o mal em nós mesmos, em frase já dará a arrostar os momentos cru- conciliação, no perdão, na trans-
célebre: Porque não faço o bem que ciais com ânimo robusto, evitando formação moral, fomentando o
quero, mas o mal que não quero esse que nos cristalizemos no pessimis- bem e o progresso, o que concorre
faço.6 O mal a que se refere Paulo mo, e oferecendo-nos resistência para enriquecer nossa sensibilida-
em suas epístolas é o mal trivial que para vencermos dificuldades, não de, aprimorar nosso caráter, fazer
subsiste em nós e é alimentado por contraindo novos compromissos que nos desabrochem novas facul-
nossa vontade. E que, em certa me- negativos no campo moral. dades, o que vale dizer, se dilatem
dida, nos proporciona prazer pelo Joanna de Ângelis induz-nos a nossos gozos e aumente nossa feli-
torpor de consciência. Daí a nossa lembrar para nunca desistirmos de cidade.9
dificuldade de nos desembaraçar- fazer o bem, em face do aparente
mos dele. triunfo do mal em desgoverno, em
8
Diante da banalização do mal torno de nossas vidas: Passada a FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos
– conforme anota Arendt – que tempestade, a luz volta a fulgir. A Enriquecedores, pelo Espírito Joanna de
se espalha pelo mundo dos ho- sombra é somente ausência da clari- Ângelis. Salvador (BA): LEAL, 1994.
9
mens, resta-nos individual e cole- dade. Não é real. Só Deus é Vida; Reformador, janeiro de 1966, “O problema
tivamente nos lançarmos ao bom somente o Bem é meta.8 do Mal”, de Rodolfo Calligaris, p. 14(10).
combate, conforme o Apóstolo dos
Gentios,7 que é constante, exigin-
do-nos disciplina e perseverança. E
uma das questões cruciais, que
funciona como divisor de águas
da Doutrina Espírita em relação a
outras religiões, é a necessidade
de se praticar o bem para o cresci-
mento espiritual.
O Espírito, encarnado ou não, é
um ser inteligente; desta forma, o
bem para ser bem, para ter eficá-
cia, não prescinde de um conteú-
do pedagógico, cujo fundamento
está justamente no porquê fazer o
bem. O homem tem recursos para
distinguir por si mesmo o que é
bem do que é mal, quando crê em
6
Romanos, 7:19.
7
(2 Timóteo, 4:7.) “Combati o bom com-
bate, percorri o caminho e guardei a fé.”
Confraternização
Espírita do Estado do
Rio de Janeiro
O ano de 2005, no Rio de Ja- As atividades iniciaram-se com um Painel Expositivo sobre as Ta-
neiro, encerrou-se com a conclusão conferência de Divaldo Franco, refas do Espiritismo e a preparação
das homenagens ao Bicentenário de sobre Allan Kardec e a Era da Rege- da Casa Espírita para os desafios do
Nascimento de Allan Kardec, nos neração, concitando todos os es- Século XXI. Pela Federação Espírita
dias 9, 10 e 11 de dezembro. Sob o píritas à união. No segundo dia, Brasileira, participaram, também,
patrocínio do Conselho Espírita de pela manhã, ocorreu um seminá- do evento: Geraldo Campetti So-
Unificação, a União das Sociedades rio sobre Relações Interpessoais na brinho, José Carlos da Silva Sil-
Espíritas do Estado do Rio de Casa Espírita, com Jorge Cerquei- veira, Maria Euny Herrera Masotti,
Janeiro (USEERJ) conduziu a XVII ra, Jorge Pio e Milton Menezes. Na Marta Antunes de Oliveira Moura,
Confraternização Espírita do Esta- parte da tarde, aos participantes Isabel Cristina Vieira da Cunha e
do do Rio de Janeiro, nas depen- foram oferecidos 20 Centros de Sônia Zaghetto.
dências do Pavilhão de Congres- Interesses, que abrangeram um A CEERJ foi transmitida on-li-
sos 5, do Centro de Exposições do amplo espectro de ações nas Ins- ne pela Internet, quando houve
Riocentro, com o tema central –, tituições Espíritas. O dia encer- média de 1.000 internautas co-
Allan Kardec e a Era da Regeneração. rou-se com a mesa-redonda Temas nectados, durante a programa-
A XVII CEERJ reuniu 2.000 ta- Atuais da Sociedade, com a coorde- ção, através dos sites da USEERJ
refeiros e dirigentes espíritas de nação de Yasmin Madeira, e os de- www.useerj.org.br e da Rádio Rio
todo o Estado do Rio de Janeiro, batedores Jorge Andréa, Luzia Ma- de Janeiro www.radioriodejanei-
em clima de muito entusiasmo e thias, Nadja do Couto Valle e Ra- ro.am.br
alegria, nos três dias de convivên- quel Chrispino. No domingo, os Resta registrar a expressiva as-
cia fraternal e espírita no Rio- confrades Altivo Ferreira (FEB), sistência espiritual durante todo o
centro. Foi um memorável aconte- Antonio Cesar Perri de Carvalho evento, que marcou o momento
cimento a homenagem ao Codifi- (FEB) e Cesar Soares dos Reis (Lar histórico do movimento espírita
cador do Espiritismo. Fabiano de Cristo) conduziram do Rio de Janeiro.
Transcomunicação
instrumental R I L D O G. M O U TA
C
ada vez mais, a existência do sas entidades espirituais e mostrá- Nick, médico americano, falecido
mundo espiritual vai sen- -las em telas de TV! em 1973. Cinco anos após, em
do constatada indiscutivel- Nos Estados Unidos, por exem- 1978, conseguiu-se uma outra co-
mente. Numa reafirmação de que plo, o engenheiro George William municação, desta vez com o faleci-
a Doutrina Espírita está com a Meek fundou e presidiu a Meta- do Dr. George Jaffries Mueller,
Verdade, ao comprovar, desde ciense Foundation, com sede em que, da Espiritualidade, orientou a
1857, através de O Livro dos Espí- Franklin, onde se estuda a criação, William J. O’Neil no aperfeiçoa-
ritos, início da Codificação Karde- cada vez mais aperfeiçoada, de um mento do anterior aparelho, crian-
quiana, que há vida após a chama- sistema de comunicação verbal, do o Spiricom-Mark – IV, com o
da morte. em dois sentidos, com o Plano Es- qual foram feitas, inicialmente, 20
Ensinando-nos, ainda, haver piritual. horas de conversação com os Espí-
do “outro lado” seres inteligentes, Assim sendo, em 1971, este ritos.
capazes de entrar em comunica- engenheiro, com a ajuda de seus De lá para cá, e, principalmen-
ção conosco, os encarnados, e vi- auxiliares, Paul Jones e Hans te, em vários países da Europa,
ce-versa. Comunicações essas, co- Heckmann, montou um labora- tem havido rápido progresso na
mo sabemos, feitas através dos tório com esta específica finali- chamada transcomunicação ins-
chamados médiuns. dade. E os resultados têm sido os trumental, obtendo-se a captação,
Atualmente, porém, um grupo melhores. em vídeo, de imagens de pessoas
de cientistas americanos e euro- O referido sistema de interco- falecidas e considerável número
peus, com a ajuda da própria Es- municação entre vivos e “mor- de fotografias do Plano Espiritual,
piritualidade, está criando apare- tos” baseia-se no já existente: são como as conseguidas por Klaus
lhos eletrônicos com capacidade gravadas, em fitas magnéticas, as Schreiber, já desencarnado, e
de permitir conversação com es- vozes dos desencarnados, deno- Martin Wenzel, na Alemanha
minado EVP – Electronic Voice Ocidental, recebendo-as através
Phenomenon. Porém, só após seis de aparelhos de TV, equipados
anos de estudos, em 27/10/1977, com feed-back.
foi que o técnico eletrônico Por sua vez, o Dr. Rainer Hol-
William John O’Neil, ligado à Me- be, diretor da Rádio Luxembur-
taciense Foundation, conseguiu, go, escreveu uma obra intitulada
pela primeira vez no mundo, ob- Imagens do Distante Reino dos
ter uma conversação, através de Mortos, onde são mostradas cer-
aparelhos eletrônicos, com um ser ca de duas dúzias de fotos de
espiritual que se denominou Doc pessoas falecidas, agora na Espi-
reformador fevereiro 2006 - FINAL B.qxp 10/2/2006 08:42 Page 41
Seara Espírita