Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
de exame de necropsia das vítimas (fls. 521/528, 3º vol.); pelo termo de entrega
da arma de fogo calibre 38, marca Taurus, com número raspado, apreendida em
poder do denunciado Moacir Ribeiro (f. 631, 3º vol.) e pelo respectivo laudo de
exame de arma de fogo e munição (fls. 634/635, 3º vol.).
Nesta fase, que tem caráter declaratório de admissibilidade
ou não da acusação para julgamento pelo Tribunal do Júri, juiz competente
constitucionalmente para julgar os crimes dolosos contra a vida (art. 5º,
XXXVIII, “d”, da CF/88), para a pronúncia do réu é necessário a existência de
indícios de autoria que viabilizem eventual condenação pelo Tribunal do Júri.
escura, nas proximidades da fazenda da vítima Adão Matozo, no dia dos fatos
narrados na denúncia, verbis:
“...que no dia dos fatos, entre 17:00 e 18:00 horas, viu um
Vectra azul escuro, quase preto, estacionado na frente do
portão da fazenda do senhor Armindo; que viu quatro
pessoas em seu interior, nenhuma ao lado de fora; que uma
das pessoas era lata (sic) ruiva, uma outra era morena
escura e dois rapazes e pelo que se recorda os dois tinham
barbas, sendo que um deles era um dos mais jovens; que
no dia anterior também tinha visto este veículo parado na
estrada da frente do portão da fazenda do Senhor
Armindo; que passou perto do tal veículo e também
percebeu que havia quatro pessoas que eram as mesmas
pessoas que estavam no carro no dia do crime; que
desconfiou que eram ladrões de gado; que nunca tinha
visto nenhuma dessas pessoas; que no dia dos fato, já de
noite, por volta das 19:00 horas, viu uma caminhonete
Hilux passando pela estrada, o mesmo que estava
estacionado naquela tarde ali na beira da estrada; que o
declarante acredita que de onde o veículo estava parado
dava parta ver a a entrada da fazenda da vítima Adão; (...)
que no dia dos fatos chegou a conversar com o individuo
ruivo; que o individuo perguntou ao declarante se ele
morava por ali e se tinha bastante gado; que o declarante
perguntou onde ele morava, sendo que o mesmo respondeu
que morava em Santa Cecília do Pavão/SC; que o
31
Recurso em Sentido Estrito nº 409743-4.
juízo, ao afirmar que “a versão que relatou na fase inquisitorial foi inventada
pela Polícia Civil de Palmital/PR” (f.871, 4º vol.).
É sabido que as provas orais produzidas durante o inquérito
policial, por não se revestirem das garantias do contraditório e da ampla defesa,
não podem ser o único fundamento a embasar a condenação do réu. A confissão
extrajudicial do co-réu Moacir Ribeiro, aliada aos demais elementos
probatórios indicados ao longo deste voto, servem como indícios de autoria e,
como tais, são suficientes a justificar a pronúncia dos acusados.
Ademais, verifica-se que também há indícios de que os ora
recorrentes cometerem os crimes de corrupção de menores (art. 1º da Lei nº
2.252/54), tendo em vista que o co-réu Moacir Ribeiro, em seu interrogatório
prestado perante a autoridade policial, confirmou a participação dos menores
E.A.G.M. e C.G.M., filhos do co-réu Edson Natalino Granemann Melo, nos
fatos narrados na denúncia, verbis:
“...QUE EDSON e CLEVERSON estavam no banco da
frente e o interrogado e o outro filho estavam no banco de
trás; (...) QUE EDSON estava com a espingarda calibre 12
e seu filho CLEVERSON com o revólver calibre 38; (...)
QUE o interrogado e EDSON foram na caminhonete e os
dois filhos de EDSON no GM/Vectra; (...) QUE primeiro o
interrogado e EDSON desceram com o mais gordo moreno
e depois seus filhos abriram o porta malas do GM/Vectra e
as duas outras vítimas foram retiradas do porta malas;
QUE então, CLEVERSON estava com o revólver 38 e deu
um tiro na cabeça do mais gordo, que de imediato caiu no
chão; QUE após, CLEVERSON deu um tiro no fazendeiro
34
Recurso em Sentido Estrito nº 409743-4.
Adalvir Silva dos Santos, ficando o co-réu Moacir Ribeiro pronunciado como
incurso nas sanções dos arts. 121, § 2º, I e IV (homicídio qualificado – vítima
Adão Matozo da Rocha), 121, § 2º, IV e V, por duas vezes (duplo homicídio
qualificado – vítimas Júnior Domingos de Deus e Adalvir Silva dos Santos),
211 (ocultação de cadáver), todos do Código Penal, e do art. 1º da Lei nº
2.252/54 (corrupção de menores).
Participaram do julgamento, votando com o relator, os
senhores Desembargadores Campos Marques e Oto Luiz Sponholz
(Presidente).
Curitiba, 23 de agosto de 2007.