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d Byron Vivemos em uma sociedade repleta de contradies. Algumas pessoas, no entanto, insistem em viver na iluso das aparncias. So as otimistas, as bem resolvidas, as tranqilas. Nessa multido, algumas vozes soam fora do tom. No to bem aceitas socialmente, essas so as loucas, as depressivas, as pessimistas, as ansiosas e as agressivas. Encarar nosso mundo como o melhor dos mundos possveis, no s uma filosofia, tambm uma forma de manter as coisas como esto. Se as condies no so favorveis, elas so necessrias, fazem parte de nosso eterno calvrio. Somos, a todo o momento, colocados prova por uma estranha ordem divina. Se recebermos um tapa na cara, devemos, antes de qualquer coisa, oferecer a outra face. No deveramos, quem sabe, questionar de onde veio o tapa, em que condies foi forjado, por quem e com que objetivo foi dado? Se assim fizssemos, o ministrio da sade e da verdade logo advertiria: questionar provoca comportamentos obsessivos, transtornos compulsivos e manias de perseguio. A um passo da loucura, deveramos estar sedados. E estamos. Com remdios, plulas de felicidade e imagens distorcidas. Talvez fosse mais nobre, usar um capacete como o que Perseu usava para se esconder dos monstros. Talvez fosse mais potico colorir nossas paredes de azul, e dizer que estamos no cu. Porm, mais insano seria, gritar a nudez do rei, subvertendo a ordem e traando novos caminhos para o progresso. Pois no existem caminhos fceis, nem mares navegveis. E nessas dificuldades, o bem e o mal andaro juntos. A tristeza e a alegria tambm. Melanclicos despertaremos, ns, os insanos. J que no preciso rir o tempo todo para ser feliz. Nem ser otimista para se ter vontade, nem pessimista para saber que as coisas no esto to boas. A esperana uma utopia que se sonha acordado, e por isso, uma loucura. Menos mal, que quem sonha nunca fica parado.