“alma mater”, “mãe nutridora”, é como os norte-americanos denominam a

universidade na qual a pessoa se graduou. não é apenas uma expressão de afeto, de

gratidão; significa a permanência de vínculos emocionais, ou profissionais, ou
científicos. os membros de uma mesma “alma mater” formam uma verdadeira
comunidade, que fazem questão de manter.
em nosso meio, esta tradição não é tão forte. muitos de nós, médicos,
passamos – durante o curso, no internato, na residência – por notáveis serviços,
verdadeiros centros de excelência (no meu caso foi a enfermaria 29, dirigida pelo
grande mestre rubens maciel). mas ainda são raras as obras que falam dessa
experiência, rica experiência que merece ser partilhada. por isso, é muito importante
a publicação deste “polêmicas e benefícios da educação médica informal na décima
enfermaria”. o editor é ivan seibel, que teve a colaboração de vários profissionais
que, como ele, gozam de alto renome na medicina gaúcha: roberto pelegrini coral,
carlos alberto fuhrmeister, claudio telöken, luiz peroni, ----- pitrez, telmo kruse e
paulo radici. todos dão depoimentos sobre a décima enfermaria. e o resultado é um
verdadeiro painel, uma coletânea sobre essa transcendente experiência humana que é
o aprendizado da medicina. uma experiência, diga-se de passagem, sobre a qual
pouco se fala; comenta-se muito sobre os avanços da medicina, sobre os dilemas da
medicina, sobre os custos da medicina – mas o que é, exatamente, a medicina? o que
faz com que um jovem escolha esta profissão? por que transformações passa, em sua
trajetória rumo ao diploma universitário? respostas para estas, e muitas outras
questões, encontraremos nesta obra que nos comove tanto pela simplicidade como
pela autenticidade. É uma obra que, desde já, se incorpora ao acervo histórico da
medicina gaúcha e brasileira. porque, ao fim e ao cabo, é história que temos aqui,
história com h maiúsculo. história ainda recente, história vista pela ótica de pessoas
que nela participaram, mas história, sim. e como história ela nos ensina muito. a
décima enfermaria, “alma mater” para tantos médicos gaúchos, continua sendo fonte
de inspiração. exatamente como se esperaria de “uma alma mater”.