prezados leitores e leitoras, preparem-se para uma enorme e gratíssima
surpresa. seguinte: vocês conheciam o kledir ramil grande compositor. vocês conheciam o kledir ramil cantor, daquela fantástica dupla kleiton & kledir. pois agora vocês vão conhecer o kledir cronista. e vocês ficarão, como eu fiquei, de queixo caído. o homem é um tremendo cronista, uma verdadeira revelação neste gênero visceralmente brasileiro, que deu, em nosso país, uma gama de nomes famosos que vão de rubem braga a luís fernando veríssimo. pois é a este time que o kledir acaba de se incorporar. e o faz graças a um enorme talento e um não menor humor. É tanto talento que a gente até se sente na obrigação de reclamar: precisava ser tão talentoso assim, esse cara? não podia se restringir à música, onde já é aquilo que classicamente costuma se denominar de “lenda viva”? estamos diante de um claro caso de imperialismo do talento. o kledir literário junta-se ao kledir musical para mostrar quem, afinal, é o dono do campinho. mas nós nos curvamos de bom grado a esse domínio. porque são notáveis, estas crônicas. elas nos fazem ver o mundo com outros olhos. tomem, por exemplo, o texto tipo assim e concordem comigo: tudo o que precisava ser dito sobre choque de gerações na sua forma atual está ali. de um lado, a gíria dos adolescentes que é, tipo assim, tipo assim (entenderam? se não entenderam, vocês são adultos normais). de outro lado, a nostalgia do simca chambord, da camisa volta ao mundo e da jovem guarda. ou tomem um gaúcho em paris e concordem comigo: as viagens ao exterior nunca mais serão as mesmas. todos aqueles caras que arrotavam grandeza falando de suas viagens à europa ficarão sem graça diante desta fina e inteligente gozação. agora: vocês sabem qual é o pior de tudo? o pior de tudo é que o kledir é modesto. termina o seu currículo dizendo que “só escreve abobrinhas”. abobrinhas, kledir? abobrinhas? se estes textos são abobrinhas, então abobrinhas passam imediatamente à categoria de manjar dos deuses. eu, particularmente, não tenho a menor dúvida: troco qualquer caviar literário metido a besta pelas abobrinhas do kledir. experimentem, e vocês nunca mais quererão outro prato.