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Teatro

Define o ato de interpretar, principalmente a palavra, criar personagens e vivenciar


a obra poética.

Nasceu com o próprio homem e seus anseios.

Surge na Grécia antiga: Theatron e é incorporado no latin: Theatrum. Indica o


edifício, o espaço ou construções ao ar livre para a encenação de espetáculos,
Como afirmou Nelson de Araújo na História do Teatro, todas as tentativas de
definição do teatro convergem para um ponto comum, onde são eliminadas as
dificuldades do terreno, quando ao ar livre, ou acústica, visando a comunhão do
público com um espetáculo vivo.

Vale dizer que é por excelência uma arte em comunidade e de comunidade.

As primeiras manifestações cênicas eram predominantemente religiosas do ponto


de vista de sua imagem histórica, mas também e, tal como cerimônia, o ato era
portador de mensagens sociais, como exigimos hoje, vinte e cinco séculos depois.

Teatro de Arena
E foi também o ano em que surgiria o Teatro de Arena, uma antiga aspiração de
José Renato Pécora. O espaço pequeno, com capacidade para 150 pessoas e muito
próximo dos atores, exigia de cada intérprete, uma criação interiorizada. Surge
"Marido Magro Mulher Chata" de Augusto Boal, foi a peça que marcou a abertura
do inovador espaço. Vários espetáculos foram montados como: "Só o Faraó tem
Alma" e "Chapetuba Futebol Clube" de Oduvaldo Vianna Filho. Tudo isso para se
chegar ao grande momento. A montagem de "Eles não usam Black-Tie" de
Gianfrancesco Guarnieri. No elenco: Lélia Abramo, Eugênio Kusnet,
Gianfrancesco Guarnieri, Riva Nimitz, Celeste Lima, Francisco de Assis, Milton
Gonçalves, Henrique César, Flávio Migliaccio, Xand’o Batista e Nelson Xavier.
Lélia Abramo interpretando Mariana, recebeu todos os prêmios em São Paulo e
Rio de Janeiro. O sucesso de crítica e público graças a receptividade de "Eles não
usam Black-Tie", aliviou o Teatro de Arena de uma situação difícil que vinha
atravessando. E foi naquele espaço mágico que foram encenados anos mais tarde
grandes musicais como: "Arena Canta Zumbi" e "Arena Canta Tiradentes". Depois
de 45 anos continua em pé, com o espaço aberto a grupos de todo o Brasil, graças a
dinâmica administração da FUNART.
O Teatro no Brasil

Pe. José de Anchieta


Beatificado pelo papa João Paulo II, em 22 de junho de 1980, Padre José de
Anchieta, o apóstolo do Brasil, fundador do nosso teatro, contava apenas 19 anos
quando deixou Lisboa.

Em missão de Companhia de Jesus, chegou à Bahia no dia 8 de junho de 1553, na


comitiva de 2º governador-geral Duarte de Costa.

Embora muito jovem, era considerado um dos mais cultos da congregação, daí ter
sido enviado ao novo continente, descoberto há apenas 47 anos.

Poeta dos mais admirados em Coimbra e escritor e autor de mistérios, utilizava-se


do latim, português, espanhol e tupi.

Nasceu em 1534 em Tenerife, uma das ilhas Canárias, tendo ingressado ainda
garoto na Companhia de Jesus, daí sua profunda formação religiosa e cultura.
Escrevia cartas, contos, sermões e poemas religioso e textos dramáticos.

Expressava-se na linguagem popular e erudita. Quando permaneceu como refém


dos índios tamoios, escreveu o famoso poema, "De Beata Virgine dei Matre Maria"
que continha 5902 versos.

Como dramaturgo, Anchieta deixou originais modelos: "Na Festa de São


Lourenço", "Pregação Universal", "A Santa Inês", "Na Vila da Vitória". "Mistério
de Jesus" e "O Rico Avarento e o Lázaro Pobre", esta última encenada em
Pernambuco em 1575.

As primeiras platéias que assitiam as apresentações dos jesuitas, sempre abordando


obras de Anchieta e por ele mesmo dirigidas eram formadas por tribos, atraídas
pelo acontecimento, europeus, e mal feitores de toda casta, para cá enviados em
degrêdo. Familias já formadas aqui e nobres, faziam-se presentes, como também
figurões pertencentes à administração, quer como funcionários ou chefes.

Estátua do Pe. José de Anchieta


Entre os intérpretes das obras teatrais, era comum figurarem índios catequizados
como: Guiaxara. Aimbire e Saravana que, foram personagens de relevo do célebre
auto: "Mistério de Jesus". Ao lado do Pe. Manoel da Nóbrega. No dia 25 de janeiro
de 1554, O Pe. José de Anchieta tomou parte atuante na fundação de São Paulo e
com justos fundamentos, é considerado "Fundador de São Paulo", já que defendeu
Piratininga do ataque dos Tamoios, durante a realização da primeira missa
celebrada no planalto. Vibrante como poucos, 13 anos depois, em 1567, teve
importante desempenho na explusão dos franceses do Rio de Janeiro. Com
produção incessante, em 1595, foi publicada em Coimbra, a sua Arte de Gramática
da Língua Mais Usada na Costa do Brasil".

No dia 9 de junho de 1597, em Reritiba no Espirito Santo (hoje Anchieta) falece o


Venerável jesuita. Dos seus 63 anos de existência, 45 foram vividos na Companhia
de Jesus; 3 em Portugal e 25 no Brasil.

Nossa Dramaturgia
Com o desaparecimento do Pe. José de Anchieta em 1597, e a constante
preocupação dos portugueses com as invasões ao cobiçado novo continente, o
início da escravatura e o nascimento dos latifundiários, poucas manifestações
literárias e artísticas ocorreram no século XVII.

A não ser a poesia do baiano Gregório de Matos e a obra teatral de Manoel Botelho
de Almeida, também baiano, e considerado o primeiro brasileiro a escrever para
teatro.

Só no início do século XVIII, ou seja em 1705, nasceria Antônio José da Silva o


Judeu, um dos precurssores do teatro brasileiro

Chegaram até nós: "A vida de D. Quixote", "Encantos de Medéia" e "O Anfitrião".
No início do século XIX é que se revela a gêneses dramática com as obras de
Gonçalves de Magalhães nascido em 1811 e que escreveu: "Antônio José ou o
Poeta e a Inquisição" e "Olgiato".

Com Luiz Carlos Martins Pena, nascido no Rio de Janeiro a 5 de novembro de


1815 e, tendo falecido em Lisboa a 7 de dezembro de 1848, com apenas 33 anos,
vítima da tuberculose, é que surge a comédia de costumes.

Entre inúmeras escritas entre 21 e 31 anos, citamos: "O Juiz de Paz na Roça", "O
Judas em Sábado da Aleluia", "O cigano", "Irmão das Almas", "Ciúme de um
Pedestre", "Os Dous ou o Inglês Maquinista" e "O Noviço", esta última estreada no
Rio em 1843 e nos últimos anos a obra teve três versões. Uma com Bibi Ferreira,
interpretando o protagonista; montagem do Teatro de Arena e recentemente do
grupo TAPA. Tipicamente brasileiro.

Ainda no século XIX e por ordem cronológicas tivemos os seguintes dramaturgo:


Joaquim Manoel de Macedo, 1820-1882; Gonçalves Dias, 1823-1864; Qorpo-
Santo, 1833-1883; França Junior, 1838-1890 e Artur Azevedo, nascido em 7 de
julho de 1855.

É considerado o pai da burleta, gênero tipicamente brasileiro, já que graças aos


seus textos, nasceria a revista musical em nosso país, ainda hoje em pleno vigor na
Argentina.

Embora tenha vivido somente até os 43 anos, sua obra é muito extensa. Entre as
mais conhecidas: "Capital Federal", dirigida por Flávio Rangel e grande elenco,
encabeçado por Etty Frazer, Chico Martins, Suely Franco e Eliana kwasinski.
Temos ainda "Uma Véspera de Reis". "O badejo", "Almanjarra" e "Mambembe", já
encenada por Fernanda Montenegro e o Teatro dos Sete.

Deve-se a Artur Azevedo a Construção do Teatro Municipal do Rio, inaugurado no


dia 14 de julho de 1909, com a presença do prefeito Nilo Peçanha que, na ocasião
descerrou uma placa: Teatro Municipal Artur Azevedo. O dramaturgo falecera um
ano antes na sua querida São Luiz do Maranhão.

Gastão Tojeiro
Seguindo a ordem cronológica de nascimentos, temos agora: Gastão Magalhães
Tojeiro que viveu entre 1880 e 1965. Simboliza bem o espirito, o clima da
transição do século. Escreveu mais de cem peças e, uma delas sucesso de Walmor
Chagas e Lilian Lemmertz: "Onde Canta o Sabiá". É o patrono da Sociedade
Lítero-Dramática, pioneira na apresentação de leituras públicas há sete anos.

Nascido em 1892, Oduvaldo Viana foi um dos mais dinâmicos e criativos de sua
época. Além de ter escrito textos como: "Feitiço", "Canção de Felicidade",
"Manhãs de Sol", "Amor", "Castagnero" e "O Vendedor de Ilusão". Homem
versátil, dirigiu Vicente Celestino e Gilda de Abreu no filme, "Bonequinha de
Seda" e foi o pioneiro em rádionovelas na década de 40. Faleceu no Rio de Janeiro
em 1972.
Silveira Sampaio que nasceu em 1914 e faleceu muito cedo em 1964, foi o
primeiro one-man-show do Brasil e responsável pelo gênero Talk-show, tendo
agora um seguidor que é o Jô Soares. Autor de uma dramaturgia muito original,
atuou em quase todos seus espetáculos. Talento cômico, sempre teve plateias
cativas. "A Inconveniência de ser Esposa", "Da Necessidade de ser Polígamo" e "A
Garçoniere de meu Marido", fazem parte da "Trilogia, do Heroi Grotesco". "Só o
Faraó tem Alma"fez sucesso no Teatro de Arena.

Fase Moderna
Embora o teatro, a dramaturgia não fizessem parte das manifestações da "Semana
de 22", foi Mário de Andrade, poeta, folclorista e contista, um dos que primeiro
usaram em suas obras a língua nacional, libertando as formas literárias brasileiras,
das regras gramaticais da língua de portugal. Quanto ao grande ator João Caetano,
nascido no Rio de Janeiro em 1808, foi um dos pioneiros na criação de uma
dramaturgia e, de uma arte de representar, autenticamente nacionais.

O ano de 1948, foi muito importante para a cena brasileira. Enquanto no Rio de
Janeiro Pascoal Carlos Magno, fundador do Teatro do Estudante do Brasil, estreava
"Hamlet", com Cacilda Becker e Sérgio Cardoso, aqui em São Paulo era
inaugurado o Teatro Brasileiro de Comédia, no dia 11 de outubro com o monólogo
"A Voz humana" de Gean Cocteau, interpretado por Henriette Morineau num
espetáculo que era complementado com "A Mulher do Próximo" de Abilio Pereira
de Almeida. Era o início da nova fase do teatro brasileiro em nosso país. A
inauguração do TBC surgiu graças as iniciativas de Franco Zampari, Francisco
Matarazzo Sobrinho e Paulo Álvaro Assunção.

Assim como a fundação da Companhia Cinematográfica Vera Cruz. O primeiro


filme a ser produzido foi "Caiçara", com direção de Tom Payne tendo no elenco
Eliane Lage e Ruth de Souza nos principais papéis.

Dinamismo
Com a inauguração do Teatro Brasileiro de Comédia em São Paulo e o Teatro de
Estudantes no Rio, seguidas depois pelos "Os Comediantes", a dramaturgia e
encenações no Brasil adquirem novo impulso e surgem espetáculos de impacto,
principalmente com a vinda dos diretores italianos ao nosso país.

Eis os nomes dos nossos principais dramaturgos que hoje são os responsáveis pela
renovação das nossas encenações"Abilio Pereira de Almeida, Alcides Nogueira,
Alcione Araújo, Ana Maria Dias, Analy Alvarez, Antônio Bivar, Antônio Chaves,
Ariano Suassuna, Augusto Boal, Benedito Rui Barbosa, Bosco Brasil, Carlos
Alberto Soffredine, Carlos Queiros Telles, Celso Luiz Paulini, Chico de Assis,
Claudia DallaVerde, Consuelo de Castro, Dias Gomes, Domingos de Oliveira, Ênio
Gonçalves, Fernando Melo, Flávio Márcio, Gianfrancesco Guarnieri, Isabel
Câmara, Isaias Almada, Jandira Martini, João Falcão, Jorge Andrade,
José Antônio de Souza, José Celso Martinez Correia, José Eduardo Vendramini,
José Rubens Siqueira, Juca de Olivera, Leilah Assupção, Leo Lama, Luiz Alberto
de Abreu, Luiz Marinho, Luis Carlos Cardoso, Marcelo Rubens Paiva, Marcílio de
Morais, Marcos Caruso, Maria Adelaide Amaral, Mauro Chaves, Mauro Rasi,
Miguel Falabella, Naomi Marinho, Naum Alves de Souza, Nelson Rodrigues, Nery
Gomide, Oduvaldo Viana, Oduvaldo Viana Filho, Paulo César Coutinho, Paulo
Pontes, Plínio Marcos, Renato Borghi, Roberto Athayde, Ronaldo Ciambroni,
Silveira Sampaio, Timotchenco, Whebi, Walter Quaglia e Wilson Souza Filho,
Wladimir Capella, Zeca Capellini, Zeno Wilde e muitos outros. Como vemos, uma
renovação rara já que tudo começou na década de 1950.

uem Foram os Diretores do Passado?


Embora João Caetano, considerado um dos nossos maiores atores, tenha estreado
em 1831 e, Leopoldo Fróes tenha feito grande sucesso entre 1917 e 27 em todo o
Brasil, e Itália Fausta e Miroel Silveira, quer traduzindo ou dirigindo, tenham sido
os responsáveis pelas encenações de grandes montagens, nem sempre o nome do
diretor vem à tona. Quantos trabalhos desenvolveram?

Entre 30-40, concretamente temos o trabalho de Pascoal Carlos Magno ao fundar o


Teatro do Estudante do Brasil em 1938, vinda de Mariam Z. Ziembinski em 1941,
e a chegada ao nosso país de grandes diretores italianos.

Carlos Magno teve atuação como diretor definitiva entre os anos 40 e 50 e o


repertório do seu jovem grupo, era todo voltado para as obras de Shakespeare.
Entre inúmeras; "Romeu e Julieta"e "Hamlet" que, lançou Cacilda Becker e Sérgio
Cardoso.

Ziembinski que, depois de ter atuado durante 15 anos nos principais teatros
poloneses, como dissemos, chegou ao Rio de Janeiro em 1941 e uniu-se ao grupo
"Os Comediantes". Foi o responsável pela encenação de "Vestido de Noiva" em
1943. A montagem é considerada o início do moderno teatro brasileiro. Em 1950 já
estava dirigindo e atuando no Teatro Brasileiro de Comédia ao lado de outros
grandes diretores italianos.

Sobre essa fase a revista Dyonysos nº 32, traz uma matéria, resultado de uma
pesquisa realizada pela atriz Betti Rabetti que, aborda justamente a atuação no
Brasil de grandes personalidades italianas a partir dos anos 40 e 50. "Na área da
crítica do ensaismo e do ensino, destaca-se a contribuição de Alberto D’Aversa e
Ruggero Jacobbi, que, além das suas experiências como diretores, atuaram na
imprensa, na Escola de Arte Dramática e outros centros de ensino no Brasil.
Através do Teatro Brasileiro de Comédia vieram: Luciano Salce, que atuou como
diretor do TBC e como diretor cinematográfico na Companhia Vera Cruz. Já
Adolfo Celi, se firmou como ator, diretor e empresário teatral, tendo formado a
Companhia Tonia-Celi-Autran tendo à frente do elenco Tonia Carrero e Paulo
Autran. Flaminio Bollini Cerri, destacou-se como diretor do TBC e em outros
grupos teatrais. Acrescente-se além desses, o nome de Gianni Ratto, que, veio ao
Brasil convidado pelo Teatro Popular de Arte, fundado por Sandro Poloni e Maria
Della Costa. Ratto dirigia o já histórico, "O Canto da Cotovia" de Anouilh".

Foram encenados no TBC: "Arlequim Servidor de Dois Amos" com direção de


Ruggero Jacobbi; "A Dama das Camélias" com direção de Luciano Salce e tendo
Cacilda Becker como protagonista; "Ralé" de Máximo Gorki com direção de
Flávio Bollini, tendo no elenco: Ziembinski, Maria Della Costa, Carlos Vergueiro e
Paulo Autran; "Inimigos Íntimos" de Pierre Barillet e J.P.Gredy; "Um Panorama
Visto da Ponte" com direção de Alberto D’Aversa com: Leonardo Vilar, Nathalia
Timberg, Miriam Mehler e Egydio Eccio; "Senhorita Júlia" com Tereza Rachel e
Felipe Wagner; e muito outros. Seguiu-se no TBC a apresentação de um grande
repertório, incluindo-se autores e diretores brasileiros, como exemplo "Paiol
Velho" de Abílio Pereira de Almeida em 1951.

E os Diretores Brasileiros?
Ao mesmo tempo que o TBC fazia sucesso impressionante com o público cativo,
os brasileiros iam se firmando no cenário artístico como é o caso de José Renato
que, em 1955 fundou o Teatro de Arena. Abolindo, devido principalmente ao
espaço e, proposta, o grupo optou por uma dramaturgia participante, visando
valorizar o autor nacional e expressar a realidade brasileira.

Surgiram autores como: Augusto Boal, Oduvaldo Viana Filho, Flavio Migliaccio e
Gianfrancesco Guarnieri que, em 1958 estreava "Eles não usam Black-Tie", um
verdadeiro marco na dramaturgia e estilo de representação, lançando no teatro
profissional, Lélia Abramo, um talento raro que até então representava com grupos
amadores em língua italiana. Antunes Filho depois de muitos estudos e pesquisas,
estreava, "Plantão 21" de Sidney Kingsley, uma versão teatral do filme "Chaga de
Fogo" com Eleonor Parker e Kirk Douglas.
Foi um marco, graças à direção, cenário e interpretações inovadoras na linha
dramática-intimista. Flávio Rangel em a Flávio Rangel magníficos trabalhos como:
"Capital Federal" de Artur Azevedo com Etty Frazer e grande elenco, "Depois da
Queda", de Artur Miller, também responsável pela tradução ao lado de Enio
Silveira. Direção ainda de Cyrano de Bergerac e o magnífico "Piaf" com Bibi
Ferreira.
O comovente e último trabalho interpretado por Cacilda Becker foi dirigido por
Flávio Rangel. Como sabemos, "Esperando Godot" de Samuel Becket em versão
Clown. Osmar Rodrigues Cruz que, depois de ter estreado com "Cidade Assassina"
de Antonio Calado com o Teatro Popular do SESI e, no início, ocupando vários
teatros, alugando as salas, fixou-se no belo Teatro na Avenida Paulista, 1313. O
Teatro Popular do SESI construído pela FIESP e, hoje um centro cultural.
Alguns dos melhores espetáculos brasileiros foram montados naquele endereço
como: "Feitiço" de Oduvaldo Viana, a vida de Chiquinha Gonzaga e Noel Rosa.
Mas antes de chegar definitiva na Paulista, Osmar Rodrigues Cruz mostra a vida e
luta de Helen Keller num elenco encabeçado por Nize a Odavlas Petti Silva e
Elizabeth Hartman. Outros diretores: Jorge Takla, Kiko Jaess, Antonio Abujanra,
mesclando atividades de intérprete e direção, Roberto Vignati, Roberto Lage,
Marcio Aurélio, Ademar Guerra, responsável pela direção de "Hair" e espetáculos
memoráveis, Victor Garcia que dirigiu as grandes produções de Ruth Escobar,
Odavlas Petti, Benedito Corsi, Bráulio Pedroso, Fauze Arap e Eduardo Tolentino
de Araújo entre dezenas.

Espetáculos Infantis
No dia 15 de julho de 2000 a Rede Globo colocou no ar "50 anos de TV Infantil" e,
nos palcos de São Paulo temos 30 espetáculos em cartaz. Isso vem comprovar o
interesse que o gênero desperta e o espaço que se reserva às crianças. Mas nem
sempre foi assim.

Como o cinema sonoro chegou ao nosso país em 1930 e a pioneira Tupí foi
inaugurada em 1950, com exceção da eterna arte circense, poucas ou quase
nenhuma oportunidade de entretenimento era oferecido à infância e adolescentes.

Foi com Monteiro Lobato, nascido em 1882 e falecido em 1948, que teríamos
vasta e maravilhosa literatura.

Como Maria Clara Machado a autora de "Pluft, o Fantasminha", só surgiria anos


mais tarde as opções de lazer às crianças, chegariam através de Júlio Gouveia e
Tatiana Belinky, com o inesquecível programa "O Sítio do Pica-Pau Amarelo", no
ar por mais de 15 anos.

Com o elenco formado pelo Teatro-Escola São Paulo - TESP, o famoso casal
formou várias gerações, tanto de interpretes como de apreciadores.
A TV Globo e, mais tarde a Cultura, levaria ao ar outro grande sucesso: "Vila
Sésamo", com Sônia Braga, Aracy Balabanian, Laerte Morrone, Armando Bogus, e
muitos outros.
Nos últimos anos a série "Castelo Rá-Tim-Bum", através da cultura e, em versão
também para o teatro e cinema, vem alcançando excelentes índices de audiências e
conquistando novíssimas gerações.

Sem ser um dramatrugo, mas escrevendo e realizando magníficas ilustrações,


Ziraldo muito tem contribuido com o teatro e cinema. "O Menino Maluquinho" fez
grande sucesso em todo o Brasil e, "O Bichinho da Maçã" também de Ziraldo é o
cartaz do Espaço Cultural Moema.

Não se pode esquecer de Maurício de Souza, criador da Mônica e sua turma. Hoje
em dia com um parque fixo no Shopping Eldorado.

É, independente de todos os programas de TV que possuímos hoje, voltados às


crianças, o teatro infantil tão relegado até a década de 60, hoje em dia possui a
mesma força e receptividade destinados aos espetáculos adultos.

Lobato no Teatro Imprensa


E como todos sabemos do pioneirismo da obra de Monteiro Lobato nos meios de
comunicação, Cintia Abravanel Diretora do Teatro Imprensa está de parabéns, pois
o famoso autor, faz-se presente naquela importante casa de espetáculo desde 1998.
Foi em março naquele ano que estreou a primeira montagem: "No Reino das Água
Claras", adaptação do livo, "Reinações de Narizinho". Montagem e produções
espetaculares, a encenação obteve grande sucesso de crítica e público e
permaneceu um ano e meio em cartaz. Ganhou seis categorias das onze a que foi
indicado ao prêmio da APETESP (Associação dos Produtores de Espetáculos
Teatrais do Estado de São Paulo). Melhor espetáculo, cenários, figurinos,
iluminação, coreografia e melhor atriz - protagonista. Ganhou também o prêmio
AVON de melhor maquiagem de 1998. A dispendiosa e bela produção levou mais
de 105.000 pessoas ao teatro, encantando e fazendo com que crianças que não
conhecia as personagens de Lobato, passassem a admirar e viajar com sua
imaginação nesse universo rico de uma obra grandiosa e genial. E para a alegria da
produtora e toda a equipe, perceberam que os adultos resgatavam o sonho de sua
infância, mergulhando nas emoções das histórias de um grande mestre.

Terror dos Mares


Inspirada e confiante na sua produção de "No Reino das Águas Claras", Cintia
Abravanel deu continuidade ao seu repertório, e produziu mais uma vez para o
Teatro Imprensa outra de Monteiro Lobato, "O Terror dos Mares", uma adaptação
do livro "A Geografia de Dona Benta", adaptação de Ronaldo Ciambroni e direção
de Cesar Pezzuoli. O numeroso elenco é encabeçado por: Amanda Acosta, Ana
Saguia e Armando Filho.

Musical coloca em cena os personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo, realizando


uma viagem de faz-de-conta por diversos estados brasileiros. A nova produção já
foi vista por mais de 60.000 e se transformou em outros sucessos de crítica e
público. Novamente uma obra de Monteiro Lobato, graças a produção do Teatro
Imprensa, é considerado APCA o melhor espetáculo infantil de 1999.

Pela dedicação de grandes profissionais e de um trabalho que prima pelo que é


bom teatro significa, as produções em teatro infantil do Teatro Imprensa se
diferenciam em todos os aspéctos, levando ao público o que há de melhor em
teatro, tanto técnica quanto culturalmente, não sendo apenas um teatro infantil, mas
sim o bom teatro.

O Panorama do Teatro Paulista


Se tomarmos como ponto de partida, uma rara publicação ocorrida na gestão de
Mário Covas, quando era prefeito de São Paulo, entre 1982 e 1986, ficaremos
sabendo, principalmente através do documentário fotográfico, o que aconteceu no
Teatro Paulista entre 1900 e 1985, graças a edição de: Imagens do Teatro Paulista.
A iniciativa desse resgate cênico partiu do ator Gianfrancesco Guarnieri, então
Secretário Municipal de Cultura. José Geraldo Martins de Oliveira era diretor do
Centro Cultural São Paulo e a jornalista e crítica teatral, Mariângela Muraro Alves
de Lima, diretora da Divisão de Pesquisas.

Entre 30-40, concretamente temos o trabalho de Pascoal Carlos Magno ao fundar o


Teatro do Estudante do Brasil em 1938, vinda de Mariam Z. Ziembinski em 1941,
e a chegada ao nosso país de grandes diretores italianos.

O belo exemplar foi editado na Imprensa Oficial do Estado a IMESP, graças a


Audálio Dantas, Diretor Superintendente. Com uma tiragem de dois mil
exemplares hoje em dia, é uma obra rara que encantou aos que tiveram o privilégio
de obtê-la.

Procópio Ferreira realizava temporada em São Paulo no Teatro Apolo no Braz com
"Manhãs de Sol" de Oduvaldo Viana. No elenco estavam Bibi Ferreira com menos
de dois anos, Apolônia Pinto, grande atriz da época e Jorge Diniz. E Ainda na
mesma casa de espetáculo Procópio Ferreira retornaria em 1932 com "Deus lhe
Pague" de Joracy Camargo, tendo no elenco Elza Gomes. O ator encenaria esse
texto, interpretado no cinema em versão Argentina por Arthuro de Córdoba durante
boa parte de sua vida. Mas voltando ao Teatro Brasileiro de Comédia, e estréia
como já vimos no dia 11 de outubro de 1948 ocorreu com dois espetáculos: "A Voz
Humana" de Jean a Henriette Morineau a Cacilda Becker
Cocteau com Henriette Morineau e "A Mulher do Próximo" de Abílio Pereira de
Almeida, com direção do autor e com: Cacilda Becker, Marina Freire, Delmiro
Gonçalves e outros. A temporada teve 20 apresentações e compareceram mais de 4
mil pessoas. O que foi uma grande surpresa.

A segunda atração aconteceu com "Nick Bar" (The Time of Our Live" de William
Saroyan. O TBC encenaria na sequência 140 peças sendo 29 brasileiras, 32
francesas, 17 norte-americanas, 35 inglesas, 2 alemãs, 4 russas,
1 suéca, 1 holandesa, 1 grega e 1 hungara, o que prova a diversificação do
repertório. A peça "Nick Bar" já fora dirigida por Adolfo Celi, primeiro de uma
série de artistas italianos que viriam a colaborar permanentemente com o TBC.
"Pega Fogo"de Jules Renard na magistral interpretação de Cacilda Becker, que,
surge interpretando um adolescente, atua ao lado de Ziembinski e causou o maior
impacto.

Procópio Ferreira realizava temporada em São Paulo no Teatro Apolo no Braz com
"Manhãs de Sol" de Oduvaldo Viana. No elenco estavam Bibi Ferreira com menos
de dois anos, Apolônia Pinto, grande atriz da época e Jorge Diniz. E Ainda na
mesma casa de espetáculo Procópio Ferreira retornaria em 1932 com "Deus lhe
Pague" de Joracy Camargo, tendo no elenco Elza Gomes. O ator encenaria esse
texto, interpretado no cinema em versão Argentina por Arthuro de Córdoba durante
boa parte de sua vida. Mas voltando ao Teatro Brasileiro de Comédia, e estréia
como já vimos no dia 11 de outubro de 1948 ocorreu com dois espetáculos: "A Voz
Humana" de Jean a Henriette Morineau a Cacilda Becker
Cocteau com Henriette Morineau e "A Mulher do Próximo" de Abílio Pereira de
Almeida, com direção do autor e com: Cacilda Becker, Marina Freire, Delmiro
Gonçalves e outros. A temporada teve 20 apresentações e compareceram mais de 4
mil pessoas. O que foi uma grande surpresa.

A segunda atração aconteceu com "Nick Bar" (The Time of Our Live" de William
Saroyan. O TBC encenaria na sequência 140 peças sendo 29 brasileiras, 32
francesas, 17 norte-americanas, 35 inglesas, 2 alemãs, 4 russas,
1 suéca, 1 holandesa, 1 grega e 1 hungara, o que prova a diversificação do
repertório. A peça "Nick Bar" já fora dirigida por Adolfo Celi, primeiro de uma
série de artistas italianos que viriam a colaborar permanentemente com o TBC.
"Pega Fogo"de Jules Renard na magistral interpretação de Cacilda Becker, que,
surge interpretando um adolescente, atua ao lado de Ziembinski e causou o maior
impacto.

Alfredo Mesquita e Décio de Almeida Prado


Quando os estudiosos ou apreciadores da arte teatral paulista pretenderam
descobrir o verdadeiro início, a valorosa semente que foi lançada bem antes da
inauguração do Teatro Brasileiro de Comédia em 1948, temos que lembrar dos
grupos amadores dirigidos por Alfredo Mesquita e Décio de Almeida Prado.
"Noites de São Paulo" de autoria e direção de Alfredo Mesquita foi apresentada no
Teatro Municipal em 1936. O belo cenário e figurinos eram de autoria de Westh
Rodigues. "Casa Assombrada" e "Dona Branca" do mesmo autor e diretor, foram
encenadas respectivamente nos anos de 1936 e 39. Em 1943, o respeito do grupo
amador da época, retornava ao Municipal com "A Sombra do Mal" de autoria de H.
Lenormand e com o mesmo alto nível de produção. Também em 1943, o Grupo
Universitário de Teatro sob a direção de Décio de Almeida Prado estreava com "Os
Irmãos das Almas" de Martins Penna. Dois anos mais tarde voltam ao Municipal
com "Farsa de Inês Pereira e do Escudeiro". A cenografia e figurinos eram de
autoria de Clóvis Graciano. Cacilda Becker fazia parte do elenco. Como vemos, os
grupos da época tinham acesso ao palco do Teatro Municipal, devido ao nível, à
qualidade dos espetáculos. Em 3 de maio de 1948 Alfredo Mesquita funda a Escola
de Arte Dramática, nesse mesmo ano Alfredo Mesquita dirigia "A Margem da
Vida" de Tenesse Wiliams apresentado no Teatro Municipal.

Fatos Históricos
Segundo edição de Imagens de Teatro Paulista, constatamos que bem antes da
criação da Escola de Arte Dramática e do Teatro Brasileiro de Comédia em 11 de
outubro de 1948, em 1922, Procópio Ferreira realizava temporada em São Paulo no
Teatro Apolo no Braz com "Manhãs de Sol" de Oduvaldo Viana. No elenco
estavam Bibi Ferreira com menos de dois anos, Apolônia Pinto, grande atriz da
época e Jorge Diniz. E Ainda na mesma casa de espetáculo Procópio Ferreira
retornaria em 1932 com "Deus lhe Pague" de Joracy Camargo, tendo no elenco
Elza Gomes. O ator encenaria esse texto, interpretado no cinema em versão
Argentina por Arthuro de Córdoba durante boa parte de sua vida. Mas voltando ao
Teatro Brasileiro de Comédia, e estréia como já vimos no dia 11 de outubro de
1948 ocorreu com dois espetáculos: "A Voz Humana" de Jean a Henriette
Morineau a Cacilda Becker
Cocteau com Henriette Morineau e "A Mulher do Próximo" de Abílio Pereira de
Almeida, com direção do autor e com: Cacilda Becker, Marina Freire, Delmiro
Gonçalves e outros. A temporada teve 20 apresentações e compareceram mais de 4
mil pessoas. O que foi uma grande surpresa.

A segunda atração aconteceu com "Nick Bar" (The Time of Our Live" de William
Saroyan. O TBC encenaria na sequência 140 peças sendo 29 brasileiras, 32
francesas, 17 norte-americanas, 35 inglesas, 2 alemãs, 4 russas,
1 suéca, 1 holandesa, 1 grega e 1 hungara, o que prova a diversificação do
repertório. A peça "Nick Bar" já fora dirigida por Adolfo Celi, primeiro de uma
série de artistas italianos que viriam a colaborar permanentemente com o TBC.
"Pega Fogo"de Jules Renard na magistral interpretação de Cacilda Becker, que,
surge interpretando um adolescente, atua ao lado de Ziembinski e causou o maior
impacto.

Repertório
As próximas montagens de casa de espetáculos de rua Major Diogo em 1950
foram: "Entre Quatro Paredes" de Jean-Paul Sartre, com tradução de Guilherme de
Almeida e direção de Adolfo Celi. No elenco: Cacilda Becker, Nydia Lícia e
Sérgio Cardoso; "Do Mundo Nada se Leva" de G. Kaufman e Moss Hart. Direção
de Luciano Salce e no elenco: Ziembinski, Célia Biar, Sérgio Cardoso e como
vemos, atuando em duas peças num só ano, Waldemar Wey e Jurema Ranzani.
Nesse final de 50, Cacilda Becker retorna com "Anjo de Pedra" de Tennessee
Williams.

Na seqüência e, em 1951 é um ano histórico para a recém inaugurada casa de


espetáculos.
É que foram produzidos sete espetáculos sendo que, "A Dama das Camélias" de
Alexandre Dumas Filho, um dos grandes trabalhos de Cacilda Becker, foi
apresentada no Teatro Municipal. As demais montagens foram: "Convite ao Baile"
de Jean Anouilh, já com direção de Luciano Salce e com dois incríveis atores
estrangeiros: Eugênio Kusnet, russo e Ziembinski polonês, Figurinos de Carlos
Thiré; "Grilo na Lareira" de Charles Dikens, com tradução de Brutus Pedreira e
direção de Ziembinski; "Arsênico e Alfazema" de Joseph Kesselring, com: Paulo
Autran, A. C. Carvalho, Rui Afonso e Mauricio Barroso; "Seis personagens a
Procura de um Autor" de Luigi Pirandello,
também com Cacilda Becker, Clayde Yaconis, Sérgio Cardoso e Maria Augusta.
Sérgio Cardoso em 51 apareceria em mais um espetáculo: "O Inventor do Cavalo"
de Achille Campanile. Finalmente, "Harvey" de Mary Chase com Marisa Prado e
Mário Sérgio com direção de Ziembinski.

Em 1952 teremos três montagens: "Diálogo dos Surdos" de Clô Prado, já com
direção de Flaminio Bollini Cerri e com: Cleyde Yaconis e Elizabeth Henraid.
"Antígone" de Jean Anouilh na interpretação de Cacilda Becker e Direção
de Adolfo a Paulo Autran. Jardel Filho e Cacilda Becker em: Leito Nupcial Celi e
cenografia e figurinos de Aldo Calvo. "Inimigos Íntimos", de Pierre Barrilet e J. L.
Grédy é o próximo trabalho de Cacilda e Mauricio Barroso. Surge uma peça
comercial para preencher todo o ano de 1953: "Uma Certa Cabana" de André
Roussin, Tradução de Brício de Abreu e mais uma vez direção de Adolfo Celli.
Com toda sua beleza Tônia Carrero era a protagonista. Cenografia bem tropical de
Mauro Francini e, figurinos audaciosos para a época, de Aldo Calvo.

No ano de 1954, um outro grande sucesso comercial.

Agora é com "Leito Nupcial" de Jan de Hartog, tendo como únicos intérpretes:
Cacilda Becker e Jardel Filho. Direção de Luciano Salce e cenografia de Mauro
Francini. Um imenso leito, uma vez que toda ação se passava na alcova.

Dois Grandes Acontecimentos


O público que já vibrava com dois acontecimentos importantes: a receptividade do
repertório do Teatro Brasileiro de Comédia e a programação da TV Tupi, em 1954,
comemorou mais dois eventos. O IV Centenário de São Paulo, eternizado na
composição de Mário Zan e a inauguração do Teatro Maria Della Costa. Depois do
Teatro Municipal inaugurado em 1911, era a primeira casa de espetáculos
planejada e projetada para grandes encenações e a valorização dos textos.

O Teatro surgia na rua Paim, na época com poucos prédios ao redor.


A nova casa de espetáculos trazia muitas inovações. Palco com grande boca de
cena, altura e profundidade, inclinação ao estilo grego e poltronas recuáveis,
permitindo melhor visão do palco, única até hoje. Para a inauguração um texto e
espetáculo grandioso: "O Canto da Cotovia" de Jean Anouilh. A direção foi de
Gianni Ratto, jovem talento e, um dos melhores do Piccolo Teatro de Milão,
trazido ao nosso país, graças a um feliz encontro com Sandro Polonio e Maria
Della Costa na Itália.

Sandro foi um dos fundadores do Teatro do Estudante do Brasil em 1939, e estreou


em "Romeu e Julieta" de Shakespeare ao lado de Italia Fausta de quem era
sobrinho.
Seguiram-se inúmeras montagens graças aos espetáculos produzidos por Pascoal
Carlos Magno. Em 1946 com o grupo "Os comediantes", Sandro torna-se
profissional. Convidado por Ziembinsky interpretou um dos principais papeis em
"Desejo", ao lado de Olga Navarro. Em 1948, desliga-se do grupo e funda o Teatro
Pupular de Arte, estreando no Teatro Fênix do Rio e a seguir, ao lado de Italia
Fausta e Maria Della Costa que conhecera em "Inês de Castro", excurssionam por
todo o Brasil.

teatrochik / história / Repertório 2

Repertório

Maria Della Costa em O Canto da Cotovia


Sandro Poloni renuncia a carreira de ator e a condição de galã e começa a formar o
que é hoje considerado o melhor repertório do teatro brasileiro.

"Anjo Negro" de Nelson Rodrigues, especialmente escrita para Maria Della Costa
causa grande impacto. Seguem-se "Tabacco Road" de Claudwell; "Tereza Raquin"
de E. Zola; "A Prostituta Respeitosa" de Jean Paul Sartre; "O fundo do Poço" de
Helena Silveira, "A Família Barret"de R. Bessier; "Sonata a Quatro Mãos" de G.
Cantini, "Woyzeck" de G. Buchener, "Anel Mágico" de Rabelo de Almeida,
lançando o gênero infantil, "Escola de Cocotes" de Armont Gerbidon. "Manequin"
de Henrique Pongetti e Finalmente, "O Canto da Cotovia", que, como a Maria
Della Costa e Artur Miller vimos, inaugurou o Teatro Maria Della Costa.
Seguiram-se o que Lélia Abramo e a jornalista Tânia Brandão, denominam, "o
mais raro repertório"; "Com a Pulga Atras da Orelha" de G, Feydeau, "A
Moratória" de Jorge Andrade, lançando Fernanda Montenegro como

Maria Della Costa e Artur Miller


protagonista, "Mirandolina" de Goldoni, "Ilha dos Papagaios" de Sérgio Tofani, "A
Casa da Bernarda Alba" de Garcia lorca; "Rosa Tatuada" de T. Willians; "Moral em
Concordata" de Abilio Pereira de Almeida; "A Lição" e "Cantora Careca" de
Ionesco; "Gimba" de Gianfrancesco Guarnieri, "O Marido Vai à Caça" de Georges
Feydeau, "Armadilha para um Homem Só" de Robert Thomaz; "Pindaura Saia" de
Graça Mello; "Depois de Queda" de Arthur Miller; "Tudo no Jardim" de a Maria
Della Costa e esposa de Brechet Eduard Albee, "Alma Boa de Setsuan de Bertold
Brechet "As Alegres Comadres de Windsor" de Shakespeare e "Alice que Delicia"
e "Abre a Janela e Deixa Entrar o Ar Puro da Manhã" de

Maria Della Costa e esposa de Brechet


Antonio Bivar; "O Morro dos Ventos Uivantes" de Emele Bronté; "Rebeca a
Mulher Inesquecível" de D. de Maurier; " A Carreira de Zazá" de Armont e
Gebidos; "Volta a Mocidade" de W. Inge; "Esses Fantasmas" de Eduardo Filipo;
"Sociedade em Pijama" de Henrique pongete; "Maria Entre os Leões" de Aldo de
Benebette; "A Próxima Vítima" de Marcos Rey; "Homens de Papel" de Plínio
Marcos; "Bodas de Sangue" de Garcia Lorca e "Tome Conta de Amelie" de George
Feydeau e muitos outros textos, que, era apreciado não somente pelo público
brasileiro, mas principalmnte pelo europeu. Maria e Sandro gozavam de grande
popularidade em Portugal, Italia e França.

Novos Grupos
Nos seus sete anos de existência, o Teatro Brasileiro de Comédia crescera, tanto e,
era tão respeitado e admirado que, artistas de todo o país desejavam ingressar no
elenco do famoso centro gerador de cultura. Mas quem fazia parte do elenco, sentia
que já estava na hora de fundar sua própria companhia, escolher seu próprio
repertório, ter vida independente.

Em 1956, Sérgio Cardoso e Nydia Licia formam sua própria companhia.

Como sede recuperam um cinema desativado na rua Conselheiro Ramalho,


nascendo no local o Teatro Bela Vista. Com direção do próprio Sergio Cardoso,
reestréia seu antigo sucesso e lançador de seu talento: "Hamlet, Príncipe da
Dinamarca".
No mesmo ano estrearia um espetáculo que seria um dos grandes sucessos
comercial da empresa: "A Raposa e as Uvas", uma fábula de Guilherme de
Almeida. Sérgio Cardoso convidou a Bibi Ferreira, nosso talento universal, e co-
dirigiram o espetáculo. Em 1957 surgem dois grandes sucessos na Cia Nidya Licia-
Sérgio Cardoso: "Chá e Simpatia"de Robert Anderson, na época também sucesso
na Brodway. No elenco: Nydia Licia, Carlos Zara e Jorge Fischer. "Henrique IV"
de Luigi Pirandello com tradução de Brutus Pedreira foi a segunda produção.
Direção de Ruggero Jacobbi e cenários e figurinos de Aldo Calvo. No elenco:
Sérgio Cardoso, Berta Zemel, Carlos Zara,
Córdula Reis e Raymundo Duprat. Até ser demolido e dar lugar ao atual Teatro
Sérgio Cardoso, grandes produções foram encenadas no Teatro Bela Vista, algumas
inesquecíveis: "Oh Que Delícia de Guerra" e "Marat-Sade", ambas dirigidas por
Ademar Guerra. Não poderemos esquecer que o Teatro Bela Vista foi ainda o
responsável por duas temporadas de Dulcina de Morais: "Chuva" e "Tia Mame",
sucessos absoluto de público já que Dulcina e Odilon faziam sucesso desde 1940
no Rio de Janeiro quando marcaram a adesão do teatro profissional ao movimento
renovador. Na ocasião encenaram: "César e Cleópatra" e "Santa Joana" ambas de
Bernard Shaw. Depois de "Chuva" foi apresentada a peça "As Visões de Simone
Machard" de Brecht com Lelia Abramo, Miriam Mehler e grande elenco.

Teatro Cacilda Becker


Também Cacilda Becker e Walmor Chagas, como já tinham feito Sérgio Cardoso e
Nydia Licia, desejaram ter sua própria companhia, escolher seu repertório. E assim
em 1961, fundam o Teatro Cacilda Becker que instala-se num espaço no primeiro
andar no prédio da Federação Paulista de Futebol. A estréia ocorreu com "Raízes",
de Arnold Wesker. Direção de Antonio Abujamra e no elenco Cacilda Becker e
Lélia Abramo entre outros, No mesmo ano seguiram-se: "Rinoceronte" de Eugênio
Ionesco com tradução de Luiz de Lima e grande elenco encabeçado por Walmor
Chagas e Cacilda Becker. Ainda em 61, a montagem de Oscar de Claude Magnier,
tradução de Gert Meyer e direção de Cacilda Becker. Nos principais papeis:
Walmor Chagas e Jô Soares. Em 1962 a montagem de "A Terceira Pessoa..." de
Andrew Rosenthal. Direção de Walmor Chagas que também estava no elenco e
mais: Cacilda Becker, Sérgio Cardoso, Célia Biar, Fred Kleemann e a menina
Elisabeth Becker. Na época Walmor afirmou: "Nos propusemos a montar o drama,
uma densa obra teatral, sobre os problemas do homossexualismo estreado no Arts
Theatre Club, sendo recebido com agrado pela crítica e publico de Londres". Ainda
em 62, a companhia encena "A Visita de Velha Senhora" de Friedrich Durrenmatt e
direção de Walmor Chagas. Mais de 20 atores em cena, encabeçado por Sérgio
Cardoso e Walmor Chagas. A temporada aconteceu no Teatro Record. As próximas
atrações foram: "Calígula", "César e Cleópatra", "Onde Canta o Sabiá" e "O Santo
Milagroso" esta de Lauro César Muniz. Em 1964 foi encenado, "Noites de Iguana"
de Tennesse Willians. "Isso Devia Ser Proibido", um musical de autoria de Bráulio
Pedroso, foi o penúltimo trabalho de Cacilda Becker. Na vesperal do dia 6 de maio
de 1969, durante a encenaçõa da peça, "Esperando Godot" de Samuel Becket,
Cacilda Becker sofre um derrame cerebral em cena, em consequêcia do
rompimento de um aneurisma. Permaneceu 38 dias em coma no Hospital São Luiz,
quando veio a falecer. Agora é um intenso ponto luminoso de luz no firmanento.
Teatro Oficina
Em fins da década de 50, um jovem autor chega em São Paulo, vindo da intelectual
Araraquara. "Incubadeira", um de seus textos, foi encenado no Teatro de Arena.
Falamos de José Celso Martinez Correa. Em 1961 com Etty Frazer e Renato
Borghi, funda o Teatro Oficina. Antes de alguns trabalhos de grande impacto que
seriam lançandos, após ter inaugurado um espaço com duas platéias, lembrando o
teatro grego. Embora sua primeira peça, "A Vida Impressa em Dollar" de Cliffod
Odets tivesse estreado em palco italiano, no Teatro Cacilda Becker, seu espaço na
rua Jaceguai estava sendo preparado. Em julho de 1962 O Teatro Oficina é
inaugurado com "Um Bonde a Maria Fernanda em Um Bonde Chamado Desejo
Chamado Desejo" de Tenesse Williams com Maria Fernanda, Mauro Mendonça,
Célia Helena nos principais papéis. Veio a seguir, "Todo Anjo é Terrível" de John
Osborne, tendo Henriette Morineau no principal papel. Em janeiro de 1963 surge
"Quatro num Quarto" de Valentim Kataiev e tradução de Eugênio Kusnet. No
elenco: Rosa Maria Murtinho, Ronaldo Daniel, hoje em
São Paulo dirigindo Raul Cortez em "Rei Lear", Miriam Mehler, Renato Borghi,
Libero Ripoli Filho, Moema Brun e outros. A peça permaneceu oito meses em
cartaz. Surge "Os Pequenos Burgueses" de Máximo Gorki, tendo estreado em
setembro de 1963. No elenco: Etty Frazer como Akoulina, Célia Helena, Eugênio
Kusnet, Fernando Peixoto, Ítala Nandi, Miriam Mehler, Raul Cortez, Renato
Borghi, Ronaldo Daniel e Rosa Maria Murtinho. A peça foi um marco na história
do teatro brasileiro e permaneceu vários meses em cartaz. Na seqüência, José
Celso Martinez Correa foi apresentando seus trabalhos e inovações : "Os
Inimigos", também de Gorki em 1966; "O Rei da Vela" em 1967; "Roda Viva",
agora no Teatro Ruth Escobar em 1968. Em 1973, "As Três Irmãs" de Anton
Tchecov, quando aconteceu uma interrupção nas atividades do grupo.
A reforma no espaço durou anos, até que em 1993, o original e novo espaço foi
inaugurado com "Hamlet" de Shakespeare. Agora com o nome de Uzina-Uzona, o
grupo continuou com suas atividades: "Mistérios Gozozos" de Oswald de Andrade;
"As Bacantes" de Euripedes; "Os Sertões" de Euclides da Cunha; "Acordes" de
Bertold Brecht e "Cacilda", um dos trabalhos mais premiados do autor, ator e
diretor. O espaço criado por Lina Bo Bardi e Edílson Elito é único no mundo
inteiro.

TBC – 16 Anos Depois


Com a saída de Sérgio Cardoso e Nydia Lícia em 1956, de Cacilda Becker e
Walmor Chagas em 1961 e a ausência de Tônia Carrero, Paulo Autran e Adolfo
Celli que também haviam formado companhia própria, a direção do TBC como era
natural, foi acolhendo outros diretores e intérpretes. Cleyde Yaconis foi uma das
poucas atrizes que participou da inauguração e que continuou atuando no TBC.

Fernanda Montenegro fez grande sucesso ao interpretar "Vestir os Nus" de


Pirandello e "Nossa Vida com Papai". Ao lado de Felipe Wagner, Tereza Rachel
teve excelente atuação em "Senhorita Julia"de Strindberg em 1959.

Grandes espetáculos e nomes valorosos continuaram a atuar no tradicional espaço.


Em abril de 1962, fazia sucesso uma versão de "A Morte do Caixeiro Viajante"
com Cleyde Yaconis, Leonardo Vilar, Dionísio de Azevedo e Juca de Oliveira. A
peça de Arthur Miller permaneceu vários meses em cartaz. Seguiu-se a
apresentação de "Yerma" de Garcia Lorca com direção de Antunes Filho com um
elenco formado por: Cleyde Yaconis, Lélia Abramo, Dina Lisboa, Nilda Maria e
muitas outras.

Em agosto de 1962, estreava "O Pagador de Promessas", de Dias Gomes com


Natalia Timberg e Leonardo Vilar. Seguiu-se "Revolução dos Beatos", também de
Dias Gomes e com direção de Flávio Rangel. A próxima atração foi "Tiro e Queda"
de Marcel Achard, tendo no elenco Raul Cortez, Monah Delacy, Maria Helena
Dias e outros. Um grande sucesso de público e crítica.

Devido ao sucesso de Tonia Carrero, só em fevereiro de 1963 é que estrearia "Os


Ossos do Barão" de Jorge Andrade com direção de Maurice Vaneau e com : Otelo
Zeloni, Lélia Abramo, Silvio Zilber, Rubens de Falco, Cleyde Yaconis, Aracy
Balabanian, Áurea Campos, Hedy Toledo, Dina Lisboa, Carmem Silva, Lea Surian
e Sylvio Rocha. A peça permaneceu um ano em cartaz, transformando-se a seguir
em novela da Globo, também de grande sucesso e tendo no elenco Lélia Abramo.
No final de 1964, infelizmente a companhia encerra suas atividades. O edifício
permaneceu. Passou por algumas reformas, diferentes diretrizes e até decadência.

Só 34 anos depois é que o empresário Marcos Tiderman Duarte, decide arrendar a


casa. Submete-se a reforma e restauração, reequipa suas 4 salas de espetáculo e
reinaugura o novo TBC em 28 de setembro de 1999.

Desde o início do ano a direção artística é de Gabriel Vilela. O público redescobriu


o novo endereço. Quem o conheceu há 10, 20 anos atrás, não dirá que é o mesmo
prédio. A impressão que temos é que tudo surgiu dos alicerces, agora da estaca
zero. Com uma programação dinâmica e muito diversificada o novo TBC
transformou-se novamente no centro das atenções.

Dois grandes sucessos da casa de espetáculos: "Replay" de Max Miller com


direção de Gabriel Vilela e com: Raul Gazolla, Vera Zimmermann, Cláudio
Fontana, Mateus Carrieri e outros. Uma outra atração é a versão carioca de "O Rei
da Vela" de Oswald de Andrade. Grande sucesso do Oficina em 1967 e que vale à
pena ver ou rever.

Cenografia e Figurinos
Sugerido pelo próprio autor, as peças de Nelson Rodrigues, vem sendo encenadas
num palco despido. No máximo alguns tablados, figurinos planejados e criativa
iluminação.

Muitas obras como: "Dois Perdidos Numa Noite Suja". "Zoo Story", "Dias Felizes"
e "Morte e Vida Sereverina", também dispensam cenários, entre tantas outras.

E por incrível que possa parecer, foi graças aos planos criados por Santa Rosa e a
original iluminação de Ziembinski que "Vestido de Noiva", do próprio Nelson, foi
um marco na encenação do teatro brasileiro.

Outras entretanto, não existiriam sem a criação de um magestoso cenário, como foi
o caso de "Canto de Cotovia" de Jean Anouilh, com direção e cenários de Gianni
Ratto ou "A Dama das Camélias" de Alexandre Dumas Filho, dirigido por Luciano
Salce e com cenários e figurinos de Aldo Calvo.

"Deus lhe Pague" de joracy Camargo, protagonizado por Procópio Ferreira em


1932, teve cenografia de Henrique Manzo. Clóvis Graciano criou inúmeros
cenários e figurinos para os espetáculos de Alfredo mesquita e Décio de Almeida
Prado, entre 1936 e 45.

Nossas homenagens: Lívio Abramo, Flavio Império, Hélio


Oiticica, José Agrippino de Paula, José de Anchieta, Flávio
Phebo, Elifas Andreato, Bassano Vaccarini, Carlos
Giacchieri, Túlio Costa, Mauro francini, Clara Hethenyi,
Eduardo Suhr, Irênio Maia, Cyro del Nero, Joaquim
Guedes, Kleber Macedo, Jean Gillon, Napoleão Moniz
Freire, Hélio Martinez, Maurice Vaneau, Marcos
Weinstock, Marcos Flaksman, Hélio Eichbauer, Wladimir
Pereira Cardoso, Victor Garcia, Pernambuco de Oliveira,
Olavo Saldanha, Maria Bonomi, Darcy Penteado, Zecarlos
Andrade, Marcio Tadeu, Germano Blum, Regina Casé, Cena de "Roda Viva",
Patricia Travassos, Aderbal Junior, Analu Prestes, Pedro figurino e cenários de
Ivan, Carlos Eduardo Andrade, Ricardo de Almeida, Felipe Flávio Império.
Crescenti, Marilena Ansaldi, Domingos Fuschini, Irineu Chamisio, Anisio
Medeiros, Murilo Sola, Luiz Carlos Mendes Ripper, maria Cecília Motta, Cissa
Carvalho, Marcio Colaferro, Kalma Murtinho, Cláudio Luchesi, Lina do Bardi,
Ângelo Lazary, Wasth Rodrigues, Carlos Thiré, Mauro Junqueira, Francini Nieta,
Ded
Bourbonais, Edgard Koetz, Anísio Medeiros, Janice
Lôbo, Paulo José Gomes de Souza, Joel de Carvalho,
Marcos Weinstock, Chico Petraco, Ennio Passebon, Ilo
krugli, Naum Alves de Souza, Otávio Donasci, Chico
Ozanan, jr. Clodovil Hernandez, Murilo Sola, Jorge
Takla, Murtinho, Márcio Colarerro, Alfredo Mesquita,
Anísio Medeiros, Norman Westwater, José Armando
Ferrara, Clóvis Bueno, Fuad Jorge, Alzira Andrade, Cena de "Macunaíma",
Francisco Padilha, Renato Scripiliti, J. C. Serroni. Cenário e figurinos de Naul
Alves de Souza.

Teatro Durante a Repressão


Como arte viva e contundente, desde que se concretizou há dois mil e quinhentos
anos, o teatro foi muito perseguido e censurado.

Felizmente no dia 27 de março de 1985, Fernando Lira, Ministro da Justiça


declarou. "A partir desta data declaro uma nova era entre Estados e intelectuais".

A data é histórica e foi muito comemorada por todos os meios de comunicação.


Além da censura à imprensa, os produtores teatrais na maioria das vezes, não
podiam estrear na data prevista.

Além de ter por obrigação levar quatro textos para que os censores os lessem com
antecedência, exigia-se o ensaio geral.

Mas antes disso os textos já vinham com os cortes, extirpando-se, não só frases,
como cenas inteiras. Isso quando o texto não era definitivamente proibido segundo
expressão na época de ser encenado. Oduvaldo Viana, Dias Gomes, Plinio Marcos
estiveram entre os mais visados. Eis o que diz o grande intelectual o Sábato
Magaldi estudioso do nosso teatro que, ao lado de Maria Thereza Vargas, está
escrevendo "Cem anos de Cena Brasileira". Com relação ao período de repressão
diz no seu livro, Panorama do Teatro Brasileiro, "O florescimento da literatura
dramática brasileira tornou-se signo da nossa maturidade artística e eis que o Golpe
Militar de 1964, desastroso em todos os sentidos, trouxe para o palco a hegemonia
da censura. Ela não veio de repente, como se houvesse outras prioridades a
cumprir. A sobrevivência do teatro tonou-se dificílima com a edição do Ato
Institucional nº 5 e o advento do governo Médici, que sufocou o que ainda restava
de liberdade. No palco só se passou a respirar de novo com a abertura política
iniciada no governo Geisel e prosseguida no governo Figueiredo".

Algumas companhias como o Teatro Brasileiro de Comédia e o Teatro Popular de


Arte, de Sandro e Maria Della Costa, preferiram encerrar suas atividades.

Alternativas
Já o Teatro Oficina lançou obras traduzidas como:
"Andorra" de Max Frish em 66 e "Quatro Num Quarto" de
Valentin Kataiev, em 1967. Mas mesmo com a pressão da
censura, o Teatro Oficina conseguiu montar "O Rei da
Vela" de Oswaldo de Andrade. No Teatro Bela vista em 69.
"O Assalto" de José Vicente e direção de Fauze Arap. Em
1971 tivemos a apresentação de "Corpo a Corpo" de
Oduvaldo Viana Filho com direção de Antunes Filho e Juca
de Oliveira como protagonista. Em 1976, Fernanda
Montenegro e Fernando Torres optaram por "Seria Cômico
se não fosse Sério" de F. Durrenmatt. No ano seguinte o Arena Conta Zumbi
Teatro a Corpo a Corpo com Juca de Oliveira Augusta com Dina Sfat
optou por "Volpone" de Ben Jonson com Laura Cardoso,
principal papel. Ainda nesse ano, Marilena Ansaldi surge com "Escuta Zé
Ninguém", baseado no livro Wilhelm Reich. Em 1977, ainda a encenação de "O
Último Carro" de João das Neves, encenado no pavilhão da Bienal. Marilia Pera
que começou no teatro ainda criança em 1978 surgiria
com o monólogo, "Apareceu a Margarida" de Roberto
Athayde. Teve direção de Aderbal Junior em 1978 e como
vimos sempre driblando a censura estavam em cartaz os
seguintes espetáculos: "Salada Paulista" pelo grupo Pod
Minoga, "Gata em Teto de Zinco Quente" com direção de
Kiko Jaess e Cléo Ventura no principal papel. Autoria de
Tennessee Wiliams. "Zoo Story" com Lorival Pariz e Marco
Nanini. Em 1979 Fernanda Montenegro e a É... com
Fernanda Montenegro e Fernando Torres Fernando Torres
retornam a São Paulo com "E..." de Millor Fernandes e
fazendo grande sucesso. Em 1980, cinco anos antes da
Corpo a Corpo com
liberação total da censura, mas já tenho certa abertura,
Juca de Oliveira
tivemos a apresentação de alguns espetáculos até então
proibidos: "Rasga Coração" de Oduvaldo Vianna Filho, direção de José Renato e
tendo no elenco Raul Cortez; "Calabar" de Chico Buarque de Holanda e Rui
Guerra e finalmente uma das mais proibidas, "Abajur Lilás" de Plínio Marcos com
Walderez de Barros e direção de
Fauzi Arap. E o Teatro Brasileiro de Comédia que
havia fechado suas portas em 1964, em 1981 reabre
para acolher o espetáculo: "Em Defesa do
Companheiro Gigi Damiani" de Eliana Rocha e Jandira
Martini, também responsável pela direção. No elenco:
Zecarlos Andrade, Naria Hilma, Paulo Herculano,
Walter Breda, Eliana Rocha e Luiz Roberto Galizia.
É... com Fernanda
Montenegro e Fernando
Torres

Lembrar é Resistir
Um dos grandes sucessos de público e crítica do momento
foi destinado ao espetáculo "Lembrar é Resistir", de autoria
de Analy Alvarez e Izaias Almada. Encenada no antigo
DOPS representa por inteiro o que foi a repressão, a
censura, a perseguição no Brasil. Marcos Mendonça,
secretário de cultura afirmou - "A Era do Silêncio, instituída
no Brasil com a instalação do governo autoritário, fez calar
aqueles que lutavam pela volta da liberdade democrática,
mas fez também ecoar todas as vozes que abominavam
aquele sistema de organizar pela força: comandar sob
violência e controlar mediante tortura, muitas vezes até a Capa do programa
morte. Jovens estudantes, trabalhadores, artistas, líderes
sindicais, intelectuais, facções religiosas e políticas, enfim, brasileiros queriam o
País livre e não se pouparam nem mesmo do próprio sangue para fazer soar aquela
voz que ansiava pelo direito de simplesmente viver, desfrutando da livre escolha de
pensamento. Desde 1964, o Brasil foi brutalmente coberto pelo manto da
proibição. Pela imposição do autoritarismo, peças de teatro e jornais foram
censurados, músicas foram banidas das emissoras de rádio, pessoas presas,
torturadas e muitas desapareceram, políticos foram cassados ou exilados. O País
que ostentava na sua bandeira, desejo pela "Ordem e Progresso" inscrevia, com o
sangue dos cidadãos, as páginas que a História jamais deixar apagar da memória
do seu povo".

Quanto aos autores, Analy Alvarez e Izaias Almada


afirmam: "Construída guerilheiramente para ser
apresentada no âmbito das comemorações dos 20 anos
de anistia, em setembro de 1999, LEMBRAR É
RESISTIR, ultrapassou todas as expectativas do seus

Lembrar é Resistir
criadores. Além de resgatar para as atividades culturais, um espaço que durante
anos foi usado para reprimir a livre manifestação do pensamento, a peça acabou
por reunir pessoas que não se viam há muitos anos e que, de uma ou de outra
maneira, reencontraram-se com um passado, não muito distante e puderam refletir
sob a luz de novos tempos... "E como é gostoso ver nos olhinhos vermelhos dos
expectadores no final de cada sessão que valeu à pena. Valeu à pena exorcizar os
fantasmas de um prédio maldito, que nos ajuda ainda como protagonista de um
drama de milhares de brasileiros que por aqui passaram a contar suas histórias, mas
que agora quer se mostrar para São Paulo, no novo milênio que se aproxima, não
como uma casa de horrores, mas como um espaço livre, democrático e humano.
Humano na melhor acepção que essa palavra possa ter, por vezes tão esquecida em
tempos de frias estatísticas... ".
"Lembrar é Resistir" foi dirigida por Silney Siqueira, o
mesmo diretor de "Morte e Vida Severina", de João
Cabral Melo Neto e apresentada em 1966, no Teatro da
Universidade Católica. A música era de Chico Buarque
de Holanda.

No elenco: Nilda Maria, Luiz Serra, João Acaiabe,


Lourdes de Moraes, Tin Urbinati, Carlos Meceni, Mais uma cena da peça
Amaury Alvarez, Malú Rocha, Pedro Pianzo, Emerson
Caperbat, Luti Amgelli, Ia Santos, Walter Mendonça, Neusa Velasco e José Ferro.
Direção musical de Murilo Alvarenga. Produção e administração de Annita Malufe
e Efren Colombani. Supervisão geral de Analy Alvarez. "Não se trata de conservar
o passado, mas de resgatar as esperanças do passado" Adorno/Horkheimer.

Sete anos de Leituras Dramáticas


Quando lemos o roteiro teatral dos jornais americanos ou estamos na Broadway,
estranhamos os horários: sessões de terça a domingo às 14 e 19 horas. O sistema
visa facilitar a vida de quem mora distante, outros estados e, principalmente o
turista.

No Brasil e principalmente em São Paulo, até 1970, as companhias apresentavam


seus espetáculos de terças às sextas às 21 horas sendo que na quinta havia uma
vesperal às 16 horas. No sábado às 20 e 22 hs e aos domingos às 16 e 21 horas.

Com o passar dos anos aboliu-se as terças feiras. De cinco anos para cá, com raras
exceções, espetáculos somente às sextas, sábados e domingos.
Antigamente os atores só descansavam, na segunda.

Como agora trabalham menos durante a semana, adotaram a segunda-feira como


uma noite de leituras, entretenimento e confraternização.

Estamos falando da Sociedade Lítero-Dramática Gastão Tojeiro. As leituras


acontecem no Teatro Maria Della Costa na Sala Sandro Polloni. Tem início às 21
horas e a entrada é franca.

No ano passado o projeto, "O que a Gente fez nesses 500 anos..." resgatou,
selecionou 22 dos mais representativos autores teatrais do período e organizou um
ciclo de leituras dramáticas. Os textos foram lidos de 5 de julho a 29 de novembro
de 1999.

Para registrar o evento, tão significativo nas comemorações dos 500 anos de
descobrimento do Brasil, a Sociedade Lítero Dramática Gastão Tojeiro, contou
com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo para a produção de
todo o material gráfico, que resultou em importante documento no resgate da
história da nossa dramaturgia.

Pioneira na apresentação de leituras dramáticas públicas, que realiza há sete anos


consecutivos, a Gastão Tojero aproveitou a oportunidade para agradecer a adesão
recebida da classe teatral, autores, diretores, atores e estudiosos. O
comparecimento em massa sem dúvida contribui para o êxito das leituras e,
conseqüentemente para o engrandecimento do panorama do teatro brasileiro.

A sociedade é composta por Silnei Siqueira, Luiz Guilherme, Izaias Almada,


Geraldine Quaglia, Ernê Vazfregni, Luiz Serra, Fernando Bezerra, Marcus
Carelíquio, Yara Grey, Diaulas Ulisses, Solange Moreno, Lourdes de Moraes,
Raffaella Pouppolo, Neusa Velasco, Annita Malufe, Analy Alvarez, Inajá
Bevilácqua, Zecarlos Andrade, Lúcia Capuani, Amaury Alvarez, Efren Colombani,
Luti Angelelli, José Ferro, Will Damas, André Latorres, Pedro Pianzo, Malu
Rocha, Mariana Guarnieri, Leonal Prata, Ewill Rebouças e Mauro de Almeida.
Como vemos, uma equipe que forma um grande elenco.

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