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Teatro de Arena
E foi também o ano em que surgiria o Teatro de Arena, uma antiga aspiração de
José Renato Pécora. O espaço pequeno, com capacidade para 150 pessoas e muito
próximo dos atores, exigia de cada intérprete, uma criação interiorizada. Surge
"Marido Magro Mulher Chata" de Augusto Boal, foi a peça que marcou a abertura
do inovador espaço. Vários espetáculos foram montados como: "Só o Faraó tem
Alma" e "Chapetuba Futebol Clube" de Oduvaldo Vianna Filho. Tudo isso para se
chegar ao grande momento. A montagem de "Eles não usam Black-Tie" de
Gianfrancesco Guarnieri. No elenco: Lélia Abramo, Eugênio Kusnet,
Gianfrancesco Guarnieri, Riva Nimitz, Celeste Lima, Francisco de Assis, Milton
Gonçalves, Henrique César, Flávio Migliaccio, Xand’o Batista e Nelson Xavier.
Lélia Abramo interpretando Mariana, recebeu todos os prêmios em São Paulo e
Rio de Janeiro. O sucesso de crítica e público graças a receptividade de "Eles não
usam Black-Tie", aliviou o Teatro de Arena de uma situação difícil que vinha
atravessando. E foi naquele espaço mágico que foram encenados anos mais tarde
grandes musicais como: "Arena Canta Zumbi" e "Arena Canta Tiradentes". Depois
de 45 anos continua em pé, com o espaço aberto a grupos de todo o Brasil, graças a
dinâmica administração da FUNART.
O Teatro no Brasil
Embora muito jovem, era considerado um dos mais cultos da congregação, daí ter
sido enviado ao novo continente, descoberto há apenas 47 anos.
Nasceu em 1534 em Tenerife, uma das ilhas Canárias, tendo ingressado ainda
garoto na Companhia de Jesus, daí sua profunda formação religiosa e cultura.
Escrevia cartas, contos, sermões e poemas religioso e textos dramáticos.
Nossa Dramaturgia
Com o desaparecimento do Pe. José de Anchieta em 1597, e a constante
preocupação dos portugueses com as invasões ao cobiçado novo continente, o
início da escravatura e o nascimento dos latifundiários, poucas manifestações
literárias e artísticas ocorreram no século XVII.
A não ser a poesia do baiano Gregório de Matos e a obra teatral de Manoel Botelho
de Almeida, também baiano, e considerado o primeiro brasileiro a escrever para
teatro.
Chegaram até nós: "A vida de D. Quixote", "Encantos de Medéia" e "O Anfitrião".
No início do século XIX é que se revela a gêneses dramática com as obras de
Gonçalves de Magalhães nascido em 1811 e que escreveu: "Antônio José ou o
Poeta e a Inquisição" e "Olgiato".
Entre inúmeras escritas entre 21 e 31 anos, citamos: "O Juiz de Paz na Roça", "O
Judas em Sábado da Aleluia", "O cigano", "Irmão das Almas", "Ciúme de um
Pedestre", "Os Dous ou o Inglês Maquinista" e "O Noviço", esta última estreada no
Rio em 1843 e nos últimos anos a obra teve três versões. Uma com Bibi Ferreira,
interpretando o protagonista; montagem do Teatro de Arena e recentemente do
grupo TAPA. Tipicamente brasileiro.
Embora tenha vivido somente até os 43 anos, sua obra é muito extensa. Entre as
mais conhecidas: "Capital Federal", dirigida por Flávio Rangel e grande elenco,
encabeçado por Etty Frazer, Chico Martins, Suely Franco e Eliana kwasinski.
Temos ainda "Uma Véspera de Reis". "O badejo", "Almanjarra" e "Mambembe", já
encenada por Fernanda Montenegro e o Teatro dos Sete.
Gastão Tojeiro
Seguindo a ordem cronológica de nascimentos, temos agora: Gastão Magalhães
Tojeiro que viveu entre 1880 e 1965. Simboliza bem o espirito, o clima da
transição do século. Escreveu mais de cem peças e, uma delas sucesso de Walmor
Chagas e Lilian Lemmertz: "Onde Canta o Sabiá". É o patrono da Sociedade
Lítero-Dramática, pioneira na apresentação de leituras públicas há sete anos.
Nascido em 1892, Oduvaldo Viana foi um dos mais dinâmicos e criativos de sua
época. Além de ter escrito textos como: "Feitiço", "Canção de Felicidade",
"Manhãs de Sol", "Amor", "Castagnero" e "O Vendedor de Ilusão". Homem
versátil, dirigiu Vicente Celestino e Gilda de Abreu no filme, "Bonequinha de
Seda" e foi o pioneiro em rádionovelas na década de 40. Faleceu no Rio de Janeiro
em 1972.
Silveira Sampaio que nasceu em 1914 e faleceu muito cedo em 1964, foi o
primeiro one-man-show do Brasil e responsável pelo gênero Talk-show, tendo
agora um seguidor que é o Jô Soares. Autor de uma dramaturgia muito original,
atuou em quase todos seus espetáculos. Talento cômico, sempre teve plateias
cativas. "A Inconveniência de ser Esposa", "Da Necessidade de ser Polígamo" e "A
Garçoniere de meu Marido", fazem parte da "Trilogia, do Heroi Grotesco". "Só o
Faraó tem Alma"fez sucesso no Teatro de Arena.
Fase Moderna
Embora o teatro, a dramaturgia não fizessem parte das manifestações da "Semana
de 22", foi Mário de Andrade, poeta, folclorista e contista, um dos que primeiro
usaram em suas obras a língua nacional, libertando as formas literárias brasileiras,
das regras gramaticais da língua de portugal. Quanto ao grande ator João Caetano,
nascido no Rio de Janeiro em 1808, foi um dos pioneiros na criação de uma
dramaturgia e, de uma arte de representar, autenticamente nacionais.
O ano de 1948, foi muito importante para a cena brasileira. Enquanto no Rio de
Janeiro Pascoal Carlos Magno, fundador do Teatro do Estudante do Brasil, estreava
"Hamlet", com Cacilda Becker e Sérgio Cardoso, aqui em São Paulo era
inaugurado o Teatro Brasileiro de Comédia, no dia 11 de outubro com o monólogo
"A Voz humana" de Gean Cocteau, interpretado por Henriette Morineau num
espetáculo que era complementado com "A Mulher do Próximo" de Abilio Pereira
de Almeida. Era o início da nova fase do teatro brasileiro em nosso país. A
inauguração do TBC surgiu graças as iniciativas de Franco Zampari, Francisco
Matarazzo Sobrinho e Paulo Álvaro Assunção.
Dinamismo
Com a inauguração do Teatro Brasileiro de Comédia em São Paulo e o Teatro de
Estudantes no Rio, seguidas depois pelos "Os Comediantes", a dramaturgia e
encenações no Brasil adquirem novo impulso e surgem espetáculos de impacto,
principalmente com a vinda dos diretores italianos ao nosso país.
Eis os nomes dos nossos principais dramaturgos que hoje são os responsáveis pela
renovação das nossas encenações"Abilio Pereira de Almeida, Alcides Nogueira,
Alcione Araújo, Ana Maria Dias, Analy Alvarez, Antônio Bivar, Antônio Chaves,
Ariano Suassuna, Augusto Boal, Benedito Rui Barbosa, Bosco Brasil, Carlos
Alberto Soffredine, Carlos Queiros Telles, Celso Luiz Paulini, Chico de Assis,
Claudia DallaVerde, Consuelo de Castro, Dias Gomes, Domingos de Oliveira, Ênio
Gonçalves, Fernando Melo, Flávio Márcio, Gianfrancesco Guarnieri, Isabel
Câmara, Isaias Almada, Jandira Martini, João Falcão, Jorge Andrade,
José Antônio de Souza, José Celso Martinez Correia, José Eduardo Vendramini,
José Rubens Siqueira, Juca de Olivera, Leilah Assupção, Leo Lama, Luiz Alberto
de Abreu, Luiz Marinho, Luis Carlos Cardoso, Marcelo Rubens Paiva, Marcílio de
Morais, Marcos Caruso, Maria Adelaide Amaral, Mauro Chaves, Mauro Rasi,
Miguel Falabella, Naomi Marinho, Naum Alves de Souza, Nelson Rodrigues, Nery
Gomide, Oduvaldo Viana, Oduvaldo Viana Filho, Paulo César Coutinho, Paulo
Pontes, Plínio Marcos, Renato Borghi, Roberto Athayde, Ronaldo Ciambroni,
Silveira Sampaio, Timotchenco, Whebi, Walter Quaglia e Wilson Souza Filho,
Wladimir Capella, Zeca Capellini, Zeno Wilde e muitos outros. Como vemos, uma
renovação rara já que tudo começou na década de 1950.
Ziembinski que, depois de ter atuado durante 15 anos nos principais teatros
poloneses, como dissemos, chegou ao Rio de Janeiro em 1941 e uniu-se ao grupo
"Os Comediantes". Foi o responsável pela encenação de "Vestido de Noiva" em
1943. A montagem é considerada o início do moderno teatro brasileiro. Em 1950 já
estava dirigindo e atuando no Teatro Brasileiro de Comédia ao lado de outros
grandes diretores italianos.
Sobre essa fase a revista Dyonysos nº 32, traz uma matéria, resultado de uma
pesquisa realizada pela atriz Betti Rabetti que, aborda justamente a atuação no
Brasil de grandes personalidades italianas a partir dos anos 40 e 50. "Na área da
crítica do ensaismo e do ensino, destaca-se a contribuição de Alberto D’Aversa e
Ruggero Jacobbi, que, além das suas experiências como diretores, atuaram na
imprensa, na Escola de Arte Dramática e outros centros de ensino no Brasil.
Através do Teatro Brasileiro de Comédia vieram: Luciano Salce, que atuou como
diretor do TBC e como diretor cinematográfico na Companhia Vera Cruz. Já
Adolfo Celi, se firmou como ator, diretor e empresário teatral, tendo formado a
Companhia Tonia-Celi-Autran tendo à frente do elenco Tonia Carrero e Paulo
Autran. Flaminio Bollini Cerri, destacou-se como diretor do TBC e em outros
grupos teatrais. Acrescente-se além desses, o nome de Gianni Ratto, que, veio ao
Brasil convidado pelo Teatro Popular de Arte, fundado por Sandro Poloni e Maria
Della Costa. Ratto dirigia o já histórico, "O Canto da Cotovia" de Anouilh".
E os Diretores Brasileiros?
Ao mesmo tempo que o TBC fazia sucesso impressionante com o público cativo,
os brasileiros iam se firmando no cenário artístico como é o caso de José Renato
que, em 1955 fundou o Teatro de Arena. Abolindo, devido principalmente ao
espaço e, proposta, o grupo optou por uma dramaturgia participante, visando
valorizar o autor nacional e expressar a realidade brasileira.
Surgiram autores como: Augusto Boal, Oduvaldo Viana Filho, Flavio Migliaccio e
Gianfrancesco Guarnieri que, em 1958 estreava "Eles não usam Black-Tie", um
verdadeiro marco na dramaturgia e estilo de representação, lançando no teatro
profissional, Lélia Abramo, um talento raro que até então representava com grupos
amadores em língua italiana. Antunes Filho depois de muitos estudos e pesquisas,
estreava, "Plantão 21" de Sidney Kingsley, uma versão teatral do filme "Chaga de
Fogo" com Eleonor Parker e Kirk Douglas.
Foi um marco, graças à direção, cenário e interpretações inovadoras na linha
dramática-intimista. Flávio Rangel em a Flávio Rangel magníficos trabalhos como:
"Capital Federal" de Artur Azevedo com Etty Frazer e grande elenco, "Depois da
Queda", de Artur Miller, também responsável pela tradução ao lado de Enio
Silveira. Direção ainda de Cyrano de Bergerac e o magnífico "Piaf" com Bibi
Ferreira.
O comovente e último trabalho interpretado por Cacilda Becker foi dirigido por
Flávio Rangel. Como sabemos, "Esperando Godot" de Samuel Becket em versão
Clown. Osmar Rodrigues Cruz que, depois de ter estreado com "Cidade Assassina"
de Antonio Calado com o Teatro Popular do SESI e, no início, ocupando vários
teatros, alugando as salas, fixou-se no belo Teatro na Avenida Paulista, 1313. O
Teatro Popular do SESI construído pela FIESP e, hoje um centro cultural.
Alguns dos melhores espetáculos brasileiros foram montados naquele endereço
como: "Feitiço" de Oduvaldo Viana, a vida de Chiquinha Gonzaga e Noel Rosa.
Mas antes de chegar definitiva na Paulista, Osmar Rodrigues Cruz mostra a vida e
luta de Helen Keller num elenco encabeçado por Nize a Odavlas Petti Silva e
Elizabeth Hartman. Outros diretores: Jorge Takla, Kiko Jaess, Antonio Abujanra,
mesclando atividades de intérprete e direção, Roberto Vignati, Roberto Lage,
Marcio Aurélio, Ademar Guerra, responsável pela direção de "Hair" e espetáculos
memoráveis, Victor Garcia que dirigiu as grandes produções de Ruth Escobar,
Odavlas Petti, Benedito Corsi, Bráulio Pedroso, Fauze Arap e Eduardo Tolentino
de Araújo entre dezenas.
Espetáculos Infantis
No dia 15 de julho de 2000 a Rede Globo colocou no ar "50 anos de TV Infantil" e,
nos palcos de São Paulo temos 30 espetáculos em cartaz. Isso vem comprovar o
interesse que o gênero desperta e o espaço que se reserva às crianças. Mas nem
sempre foi assim.
Como o cinema sonoro chegou ao nosso país em 1930 e a pioneira Tupí foi
inaugurada em 1950, com exceção da eterna arte circense, poucas ou quase
nenhuma oportunidade de entretenimento era oferecido à infância e adolescentes.
Foi com Monteiro Lobato, nascido em 1882 e falecido em 1948, que teríamos
vasta e maravilhosa literatura.
Com o elenco formado pelo Teatro-Escola São Paulo - TESP, o famoso casal
formou várias gerações, tanto de interpretes como de apreciadores.
A TV Globo e, mais tarde a Cultura, levaria ao ar outro grande sucesso: "Vila
Sésamo", com Sônia Braga, Aracy Balabanian, Laerte Morrone, Armando Bogus, e
muitos outros.
Nos últimos anos a série "Castelo Rá-Tim-Bum", através da cultura e, em versão
também para o teatro e cinema, vem alcançando excelentes índices de audiências e
conquistando novíssimas gerações.
Não se pode esquecer de Maurício de Souza, criador da Mônica e sua turma. Hoje
em dia com um parque fixo no Shopping Eldorado.
Procópio Ferreira realizava temporada em São Paulo no Teatro Apolo no Braz com
"Manhãs de Sol" de Oduvaldo Viana. No elenco estavam Bibi Ferreira com menos
de dois anos, Apolônia Pinto, grande atriz da época e Jorge Diniz. E Ainda na
mesma casa de espetáculo Procópio Ferreira retornaria em 1932 com "Deus lhe
Pague" de Joracy Camargo, tendo no elenco Elza Gomes. O ator encenaria esse
texto, interpretado no cinema em versão Argentina por Arthuro de Córdoba durante
boa parte de sua vida. Mas voltando ao Teatro Brasileiro de Comédia, e estréia
como já vimos no dia 11 de outubro de 1948 ocorreu com dois espetáculos: "A Voz
Humana" de Jean a Henriette Morineau a Cacilda Becker
Cocteau com Henriette Morineau e "A Mulher do Próximo" de Abílio Pereira de
Almeida, com direção do autor e com: Cacilda Becker, Marina Freire, Delmiro
Gonçalves e outros. A temporada teve 20 apresentações e compareceram mais de 4
mil pessoas. O que foi uma grande surpresa.
A segunda atração aconteceu com "Nick Bar" (The Time of Our Live" de William
Saroyan. O TBC encenaria na sequência 140 peças sendo 29 brasileiras, 32
francesas, 17 norte-americanas, 35 inglesas, 2 alemãs, 4 russas,
1 suéca, 1 holandesa, 1 grega e 1 hungara, o que prova a diversificação do
repertório. A peça "Nick Bar" já fora dirigida por Adolfo Celi, primeiro de uma
série de artistas italianos que viriam a colaborar permanentemente com o TBC.
"Pega Fogo"de Jules Renard na magistral interpretação de Cacilda Becker, que,
surge interpretando um adolescente, atua ao lado de Ziembinski e causou o maior
impacto.
Procópio Ferreira realizava temporada em São Paulo no Teatro Apolo no Braz com
"Manhãs de Sol" de Oduvaldo Viana. No elenco estavam Bibi Ferreira com menos
de dois anos, Apolônia Pinto, grande atriz da época e Jorge Diniz. E Ainda na
mesma casa de espetáculo Procópio Ferreira retornaria em 1932 com "Deus lhe
Pague" de Joracy Camargo, tendo no elenco Elza Gomes. O ator encenaria esse
texto, interpretado no cinema em versão Argentina por Arthuro de Córdoba durante
boa parte de sua vida. Mas voltando ao Teatro Brasileiro de Comédia, e estréia
como já vimos no dia 11 de outubro de 1948 ocorreu com dois espetáculos: "A Voz
Humana" de Jean a Henriette Morineau a Cacilda Becker
Cocteau com Henriette Morineau e "A Mulher do Próximo" de Abílio Pereira de
Almeida, com direção do autor e com: Cacilda Becker, Marina Freire, Delmiro
Gonçalves e outros. A temporada teve 20 apresentações e compareceram mais de 4
mil pessoas. O que foi uma grande surpresa.
A segunda atração aconteceu com "Nick Bar" (The Time of Our Live" de William
Saroyan. O TBC encenaria na sequência 140 peças sendo 29 brasileiras, 32
francesas, 17 norte-americanas, 35 inglesas, 2 alemãs, 4 russas,
1 suéca, 1 holandesa, 1 grega e 1 hungara, o que prova a diversificação do
repertório. A peça "Nick Bar" já fora dirigida por Adolfo Celi, primeiro de uma
série de artistas italianos que viriam a colaborar permanentemente com o TBC.
"Pega Fogo"de Jules Renard na magistral interpretação de Cacilda Becker, que,
surge interpretando um adolescente, atua ao lado de Ziembinski e causou o maior
impacto.
Fatos Históricos
Segundo edição de Imagens de Teatro Paulista, constatamos que bem antes da
criação da Escola de Arte Dramática e do Teatro Brasileiro de Comédia em 11 de
outubro de 1948, em 1922, Procópio Ferreira realizava temporada em São Paulo no
Teatro Apolo no Braz com "Manhãs de Sol" de Oduvaldo Viana. No elenco
estavam Bibi Ferreira com menos de dois anos, Apolônia Pinto, grande atriz da
época e Jorge Diniz. E Ainda na mesma casa de espetáculo Procópio Ferreira
retornaria em 1932 com "Deus lhe Pague" de Joracy Camargo, tendo no elenco
Elza Gomes. O ator encenaria esse texto, interpretado no cinema em versão
Argentina por Arthuro de Córdoba durante boa parte de sua vida. Mas voltando ao
Teatro Brasileiro de Comédia, e estréia como já vimos no dia 11 de outubro de
1948 ocorreu com dois espetáculos: "A Voz Humana" de Jean a Henriette
Morineau a Cacilda Becker
Cocteau com Henriette Morineau e "A Mulher do Próximo" de Abílio Pereira de
Almeida, com direção do autor e com: Cacilda Becker, Marina Freire, Delmiro
Gonçalves e outros. A temporada teve 20 apresentações e compareceram mais de 4
mil pessoas. O que foi uma grande surpresa.
A segunda atração aconteceu com "Nick Bar" (The Time of Our Live" de William
Saroyan. O TBC encenaria na sequência 140 peças sendo 29 brasileiras, 32
francesas, 17 norte-americanas, 35 inglesas, 2 alemãs, 4 russas,
1 suéca, 1 holandesa, 1 grega e 1 hungara, o que prova a diversificação do
repertório. A peça "Nick Bar" já fora dirigida por Adolfo Celi, primeiro de uma
série de artistas italianos que viriam a colaborar permanentemente com o TBC.
"Pega Fogo"de Jules Renard na magistral interpretação de Cacilda Becker, que,
surge interpretando um adolescente, atua ao lado de Ziembinski e causou o maior
impacto.
Repertório
As próximas montagens de casa de espetáculos de rua Major Diogo em 1950
foram: "Entre Quatro Paredes" de Jean-Paul Sartre, com tradução de Guilherme de
Almeida e direção de Adolfo Celi. No elenco: Cacilda Becker, Nydia Lícia e
Sérgio Cardoso; "Do Mundo Nada se Leva" de G. Kaufman e Moss Hart. Direção
de Luciano Salce e no elenco: Ziembinski, Célia Biar, Sérgio Cardoso e como
vemos, atuando em duas peças num só ano, Waldemar Wey e Jurema Ranzani.
Nesse final de 50, Cacilda Becker retorna com "Anjo de Pedra" de Tennessee
Williams.
Em 1952 teremos três montagens: "Diálogo dos Surdos" de Clô Prado, já com
direção de Flaminio Bollini Cerri e com: Cleyde Yaconis e Elizabeth Henraid.
"Antígone" de Jean Anouilh na interpretação de Cacilda Becker e Direção
de Adolfo a Paulo Autran. Jardel Filho e Cacilda Becker em: Leito Nupcial Celi e
cenografia e figurinos de Aldo Calvo. "Inimigos Íntimos", de Pierre Barrilet e J. L.
Grédy é o próximo trabalho de Cacilda e Mauricio Barroso. Surge uma peça
comercial para preencher todo o ano de 1953: "Uma Certa Cabana" de André
Roussin, Tradução de Brício de Abreu e mais uma vez direção de Adolfo Celli.
Com toda sua beleza Tônia Carrero era a protagonista. Cenografia bem tropical de
Mauro Francini e, figurinos audaciosos para a época, de Aldo Calvo.
Agora é com "Leito Nupcial" de Jan de Hartog, tendo como únicos intérpretes:
Cacilda Becker e Jardel Filho. Direção de Luciano Salce e cenografia de Mauro
Francini. Um imenso leito, uma vez que toda ação se passava na alcova.
Repertório
"Anjo Negro" de Nelson Rodrigues, especialmente escrita para Maria Della Costa
causa grande impacto. Seguem-se "Tabacco Road" de Claudwell; "Tereza Raquin"
de E. Zola; "A Prostituta Respeitosa" de Jean Paul Sartre; "O fundo do Poço" de
Helena Silveira, "A Família Barret"de R. Bessier; "Sonata a Quatro Mãos" de G.
Cantini, "Woyzeck" de G. Buchener, "Anel Mágico" de Rabelo de Almeida,
lançando o gênero infantil, "Escola de Cocotes" de Armont Gerbidon. "Manequin"
de Henrique Pongetti e Finalmente, "O Canto da Cotovia", que, como a Maria
Della Costa e Artur Miller vimos, inaugurou o Teatro Maria Della Costa.
Seguiram-se o que Lélia Abramo e a jornalista Tânia Brandão, denominam, "o
mais raro repertório"; "Com a Pulga Atras da Orelha" de G, Feydeau, "A
Moratória" de Jorge Andrade, lançando Fernanda Montenegro como
Novos Grupos
Nos seus sete anos de existência, o Teatro Brasileiro de Comédia crescera, tanto e,
era tão respeitado e admirado que, artistas de todo o país desejavam ingressar no
elenco do famoso centro gerador de cultura. Mas quem fazia parte do elenco, sentia
que já estava na hora de fundar sua própria companhia, escolher seu próprio
repertório, ter vida independente.
Cenografia e Figurinos
Sugerido pelo próprio autor, as peças de Nelson Rodrigues, vem sendo encenadas
num palco despido. No máximo alguns tablados, figurinos planejados e criativa
iluminação.
Muitas obras como: "Dois Perdidos Numa Noite Suja". "Zoo Story", "Dias Felizes"
e "Morte e Vida Sereverina", também dispensam cenários, entre tantas outras.
E por incrível que possa parecer, foi graças aos planos criados por Santa Rosa e a
original iluminação de Ziembinski que "Vestido de Noiva", do próprio Nelson, foi
um marco na encenação do teatro brasileiro.
Outras entretanto, não existiriam sem a criação de um magestoso cenário, como foi
o caso de "Canto de Cotovia" de Jean Anouilh, com direção e cenários de Gianni
Ratto ou "A Dama das Camélias" de Alexandre Dumas Filho, dirigido por Luciano
Salce e com cenários e figurinos de Aldo Calvo.
Além de ter por obrigação levar quatro textos para que os censores os lessem com
antecedência, exigia-se o ensaio geral.
Mas antes disso os textos já vinham com os cortes, extirpando-se, não só frases,
como cenas inteiras. Isso quando o texto não era definitivamente proibido segundo
expressão na época de ser encenado. Oduvaldo Viana, Dias Gomes, Plinio Marcos
estiveram entre os mais visados. Eis o que diz o grande intelectual o Sábato
Magaldi estudioso do nosso teatro que, ao lado de Maria Thereza Vargas, está
escrevendo "Cem anos de Cena Brasileira". Com relação ao período de repressão
diz no seu livro, Panorama do Teatro Brasileiro, "O florescimento da literatura
dramática brasileira tornou-se signo da nossa maturidade artística e eis que o Golpe
Militar de 1964, desastroso em todos os sentidos, trouxe para o palco a hegemonia
da censura. Ela não veio de repente, como se houvesse outras prioridades a
cumprir. A sobrevivência do teatro tonou-se dificílima com a edição do Ato
Institucional nº 5 e o advento do governo Médici, que sufocou o que ainda restava
de liberdade. No palco só se passou a respirar de novo com a abertura política
iniciada no governo Geisel e prosseguida no governo Figueiredo".
Alternativas
Já o Teatro Oficina lançou obras traduzidas como:
"Andorra" de Max Frish em 66 e "Quatro Num Quarto" de
Valentin Kataiev, em 1967. Mas mesmo com a pressão da
censura, o Teatro Oficina conseguiu montar "O Rei da
Vela" de Oswaldo de Andrade. No Teatro Bela vista em 69.
"O Assalto" de José Vicente e direção de Fauze Arap. Em
1971 tivemos a apresentação de "Corpo a Corpo" de
Oduvaldo Viana Filho com direção de Antunes Filho e Juca
de Oliveira como protagonista. Em 1976, Fernanda
Montenegro e Fernando Torres optaram por "Seria Cômico
se não fosse Sério" de F. Durrenmatt. No ano seguinte o Arena Conta Zumbi
Teatro a Corpo a Corpo com Juca de Oliveira Augusta com Dina Sfat
optou por "Volpone" de Ben Jonson com Laura Cardoso,
principal papel. Ainda nesse ano, Marilena Ansaldi surge com "Escuta Zé
Ninguém", baseado no livro Wilhelm Reich. Em 1977, ainda a encenação de "O
Último Carro" de João das Neves, encenado no pavilhão da Bienal. Marilia Pera
que começou no teatro ainda criança em 1978 surgiria
com o monólogo, "Apareceu a Margarida" de Roberto
Athayde. Teve direção de Aderbal Junior em 1978 e como
vimos sempre driblando a censura estavam em cartaz os
seguintes espetáculos: "Salada Paulista" pelo grupo Pod
Minoga, "Gata em Teto de Zinco Quente" com direção de
Kiko Jaess e Cléo Ventura no principal papel. Autoria de
Tennessee Wiliams. "Zoo Story" com Lorival Pariz e Marco
Nanini. Em 1979 Fernanda Montenegro e a É... com
Fernanda Montenegro e Fernando Torres Fernando Torres
retornam a São Paulo com "E..." de Millor Fernandes e
fazendo grande sucesso. Em 1980, cinco anos antes da
Corpo a Corpo com
liberação total da censura, mas já tenho certa abertura,
Juca de Oliveira
tivemos a apresentação de alguns espetáculos até então
proibidos: "Rasga Coração" de Oduvaldo Vianna Filho, direção de José Renato e
tendo no elenco Raul Cortez; "Calabar" de Chico Buarque de Holanda e Rui
Guerra e finalmente uma das mais proibidas, "Abajur Lilás" de Plínio Marcos com
Walderez de Barros e direção de
Fauzi Arap. E o Teatro Brasileiro de Comédia que
havia fechado suas portas em 1964, em 1981 reabre
para acolher o espetáculo: "Em Defesa do
Companheiro Gigi Damiani" de Eliana Rocha e Jandira
Martini, também responsável pela direção. No elenco:
Zecarlos Andrade, Naria Hilma, Paulo Herculano,
Walter Breda, Eliana Rocha e Luiz Roberto Galizia.
É... com Fernanda
Montenegro e Fernando
Torres
Lembrar é Resistir
Um dos grandes sucessos de público e crítica do momento
foi destinado ao espetáculo "Lembrar é Resistir", de autoria
de Analy Alvarez e Izaias Almada. Encenada no antigo
DOPS representa por inteiro o que foi a repressão, a
censura, a perseguição no Brasil. Marcos Mendonça,
secretário de cultura afirmou - "A Era do Silêncio, instituída
no Brasil com a instalação do governo autoritário, fez calar
aqueles que lutavam pela volta da liberdade democrática,
mas fez também ecoar todas as vozes que abominavam
aquele sistema de organizar pela força: comandar sob
violência e controlar mediante tortura, muitas vezes até a Capa do programa
morte. Jovens estudantes, trabalhadores, artistas, líderes
sindicais, intelectuais, facções religiosas e políticas, enfim, brasileiros queriam o
País livre e não se pouparam nem mesmo do próprio sangue para fazer soar aquela
voz que ansiava pelo direito de simplesmente viver, desfrutando da livre escolha de
pensamento. Desde 1964, o Brasil foi brutalmente coberto pelo manto da
proibição. Pela imposição do autoritarismo, peças de teatro e jornais foram
censurados, músicas foram banidas das emissoras de rádio, pessoas presas,
torturadas e muitas desapareceram, políticos foram cassados ou exilados. O País
que ostentava na sua bandeira, desejo pela "Ordem e Progresso" inscrevia, com o
sangue dos cidadãos, as páginas que a História jamais deixar apagar da memória
do seu povo".
Lembrar é Resistir
criadores. Além de resgatar para as atividades culturais, um espaço que durante
anos foi usado para reprimir a livre manifestação do pensamento, a peça acabou
por reunir pessoas que não se viam há muitos anos e que, de uma ou de outra
maneira, reencontraram-se com um passado, não muito distante e puderam refletir
sob a luz de novos tempos... "E como é gostoso ver nos olhinhos vermelhos dos
expectadores no final de cada sessão que valeu à pena. Valeu à pena exorcizar os
fantasmas de um prédio maldito, que nos ajuda ainda como protagonista de um
drama de milhares de brasileiros que por aqui passaram a contar suas histórias, mas
que agora quer se mostrar para São Paulo, no novo milênio que se aproxima, não
como uma casa de horrores, mas como um espaço livre, democrático e humano.
Humano na melhor acepção que essa palavra possa ter, por vezes tão esquecida em
tempos de frias estatísticas... ".
"Lembrar é Resistir" foi dirigida por Silney Siqueira, o
mesmo diretor de "Morte e Vida Severina", de João
Cabral Melo Neto e apresentada em 1966, no Teatro da
Universidade Católica. A música era de Chico Buarque
de Holanda.
Com o passar dos anos aboliu-se as terças feiras. De cinco anos para cá, com raras
exceções, espetáculos somente às sextas, sábados e domingos.
Antigamente os atores só descansavam, na segunda.
No ano passado o projeto, "O que a Gente fez nesses 500 anos..." resgatou,
selecionou 22 dos mais representativos autores teatrais do período e organizou um
ciclo de leituras dramáticas. Os textos foram lidos de 5 de julho a 29 de novembro
de 1999.
Para registrar o evento, tão significativo nas comemorações dos 500 anos de
descobrimento do Brasil, a Sociedade Lítero Dramática Gastão Tojeiro, contou
com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo para a produção de
todo o material gráfico, que resultou em importante documento no resgate da
história da nossa dramaturgia.