Você está na página 1de 19

1

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

DIREITO ROMANO

UNIDADE INSTRUCIONAL I

Autoria: Prof. Especialista Ludmila Medeiros


Revisão: Fábia Pimentel
Especialista em EAD

Brasília – DF
2006

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
2

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

DIREITO ROMANO

UNIDADE I: Origem do Direito Romano, sua história e o status


libertatis

• A história de Roma e sua divisão política;


• O estudo do Direito Romano em periodização;
• Fontes do Direito Romano;
• O direito das pessoas;
• Pessoa natural;
• Capacidade jurídica;
• Pessoa jurídica;
• Fontes da escravidão;
• Aquisição da libertas;
• Mancipium;
• Colonato.

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
3

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

UNIDADE I – Origem do Direito Romano, sua história e o status


libertatis

Objetivos

Ao final desta Unidade, o aluno será capaz de:

• Descrever a origem e a história do Direito Romano;


• Identificar os princípios do Direito Romano;
• Identificar as fontes do Direito Romano;
• Reconhecer a importância do status libertatis para o cidadão romano.

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
4

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

A DIVISÃO POLÍTICA DE ROMA, FONTES DO DIREITO ROMANO E


DIREITO DAS PESSOAS
Os romanos eram possuidores de um orgulho nobre, eles queriam ser a cabeça do mundo
(caput mundi). Buscavam deixar legados para a história. Um espírito de proteção aos
indivíduos, autonomia da família, prestígio do paterfamilias 1 e valorização da palavra
empenhada eram parte das suas ideologias.

Fundação de Roma (segundo a lenda, Rômulo e Remo foram alimentados por uma loba)

1) HISTÓRIA DE ROMA: DIVISÃO POLÍTICA

A história da urbs 2 se divide em Realeza (da fundação de Roma até 510 a.C), República (de
510 a.C até o ano de 27 a.C) e Império.

1.1. A Realeza e suas instituições políticas

A fundação de Roma, com os gêmeos Rômulo e Remo, é datada de 753 a.C. Nos séculos
seguintes, assim como as outras cidades-estado da região, era governada por um rei.

A realeza em Roma era vitalícia, porém efetiva e, principalmente, não hereditária.

As assembléias, chamadas comicios curiatos, escolhiam o rei cujo nome havia sido proposto
pelo Senado, investiam-no no imperium, poder total que abrangia os âmbitos civil, militar,
religioso e judiciário. Este soberano era o juiz supremo, não havendo apelação contra suas
sentenças.

Reuniões do Senado Romano

1
Paterfamilias: o chefe da comunidade familiar romana.
2
urbs: cidade

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
5

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

Senatus vem da palavra senis, que quer dizer ancião. No final da realeza, o Senado era
composto por 300 membros, que eram conselheiros do rei. Durante este período, o Senado
não tinha poder, aconselhava quando era solicitado, mas o rei não era obrigado a seguir seus
conselhos.

Já os comicios curiatos eram reuniões de todos os homens considerados como “povo”, ou seja,
patrícios e clientes, ficando de fora os plebeus e escravos.

Os patrícios, cidadãos de Roma, Os plebeus (do latim plebem, que significa


constituíam a aristocracia romana, multidão), eram homens livres, podiam possuir
a elite. Descendentes das famílias terras, pagavam impostos e prestavam serviços
mais antigas da cidade, eram donos militares. Alguns, a fim de melhorar sua
das maiores e melhores terras e os situação, colocavam-se sob a tutela de uma
únicos a possuir direitos políticos. família patrícia, na qualidade de “clientes”. A
princípio, os plebeus não possuíam direitos
políticos, nem civis.

1.2. A República e suas instituições políticas

Quando da fundação da República (Res + Publicae = coisa do povo), os romanos decidiram


pulverizar o Poder Executivo para as mãos de muitos, com mandatos curtos, um ano, assim
evitando que alguém pudesse ter um poder exacerbado nas mãos.

Somente o Senado permanecia vitalício, entretanto, sua função primordial durante este
período foi a de cuidar de questões externas. Contudo, devido à temporariedade do mandato
dos cargos executivos da política republicana frente à vitaliciedade do Senado, este acabara
possuindo uma autoridade permanente, sendo o centro do governo.

Estes, que detinham o Poder Executivo na Roma Republicana, eram chamados magistrados e
cada qual tinha sua função específica.

Note-se que a palavra magistrado hoje em dia tem apenas uma conotação de membro do
judiciário. Este termo em Roma é utilizado de forma muito mais abrangente e não
exclusivamente para aqueles que cuidam da Justiça, mesmo porque a divisão do Estado em 3
poderes é moderna.

Eles eram divididos entre magistrados ordinários e extraordinários.

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
6

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

• Os Ordinários - que mais interessam neste estudo - Cônsules, Pretores, Edis,


Questores, eram permanentes e eram eleitos anualmente.

• Os Extraordinários, como os censores, eram temporários e somente eram escolhidos


quando havia necessidade.

Os candidatos a determinada magistratura tinham que obedecer


a determinadas condições. Primeiramente, deveriam ser
cidadãos plenos (optimu iure) e, dependendo do cargo almejado,
já terem exercido outras atividades públicas do cursus honorum.

O cursus honorum ou caminho da honra era uma escalada de


cargos que deviam ser alcançados sucessivamente, a saber:
primeiro, devia-se alcançar a questura e depois edilidade, a
pretura e o consulado.

No século 1 a.C. ficou estabelecida uma idade mínima para o


desempenho de cada uma destas magistraturas:
• questura (31 anos);
• edilidade (37 anos);
• pretura (40 anos);
Candidatos a magistrados • consulado (43 anos).

1.2.1) Cônsules

Eram sempre em número de dois, com poderes equivalentes (princípio da colegialidade). Eles
comandavam o Exército, presidiam o Senado e os comícios, representavam a cidade em
cerimônias religiosas e em questões administrativas. Eles eram os superintendentes dos
funcionários.

1.2.2) Pretores

São os magistrados mais importantes para nosso estudo porque sua atuação era relativa à
Justiça.

Eram dois tipos: o Pretor Urbano, que cuidava de questões envolvendo apenas romanos na
cidade e o Pretor Peregrino, que cuidava de questões de justiça no campo e aquelas
envolvendo estrangeiros. É importante salientar que não há, hoje dia, equivalência possível
quando se trata das funções do Pretor.

Este cuidava da administração da justiça, mas não era juiz. Tratava da primeira fase do
processo entre particulares, verificando as alegações das partes e fixando os entes da disputa
judicial. Feito isso, o Pretor remetia o caso a um juiz particular para que este julgasse o caso.

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
7

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

A partir da Lei Aebutia 3 (séc II a.C) que modificou o processo, os pretores tiveram aumentado
ainda mais seus poderes discricionários 4 , visto que, a partir de então, eles podiam fixar os
limites da contenda e dar instruções ao juiz particular em como este deveria proceder.

1.2.3) Edis

Com a função de cuidar fisicamente da cidade, velavam pela segurança pública e pelo tráfico
urbano; vigiavam aumentos abusivos dos preços e a exatidão dos pesos e medidas do
mercado, cuidavam da conservação de edifícios e monumentos públicos, da pavimentação da
cidade, organizavam e promoviam jogos públicos.

1.2.4) Questores

Durante a República, estes magistrados cuidavam, principalmente, das questões da fazenda.


Custodiavam o tesouro público, cobravam os devedores e denunciavam à justiça. Seguiam
generais e governadores como tesoureiros.

1.2.5) Censores

Embora não fizesse parte do cursus honorum, era um cargo cobiçado como um dos mais
respeitados da República e, geralmente, só era ocupado por cidadãos respeitadíssimos e que já
tivessem ocupado o cargo de cônsul.

Eram eleitos de cinco em cinco anos, em número de dois, mas um só permanecia no cargo
por, no máximo, dezoito meses. Os censores eram responsáveis pelo censo (recenseamento),
que era realizado de 5 em 5 anos.

Os cidadãos se apresentavam com seus bens móveis diante da repartição dos censores (villa
publica), instalada no Campo de Marte, para fazerem a declaração (fassio) do estado civil,
relações de serviço e riqueza perante os censores. As mulheres, os filhos e clientes eram
representados pelo chefe da família. Comissários do censo eram enviados aos exércitos que se
encontravam em campanha.

Eles eram responsáveis, também e, principalmente, pelo Regimen Morum, o policiamento dos
costumes. Eles podiam devassar a vida de um indivíduo e denunciavam, nas Assembléias
Públicas, maus exemplos e filosofias não condizentes para um cidadão romano. Caso um
acusado pelo censor tivesse sua culpa comprovada, poderia, inclusive, perder por algum
tempo seus direitos políticos.

1.3. O Império e suas Instituições Públicas

Durante o Império, a figura principal do governo romano era, obviamente, o Imperador. Este
nome, Imperatos, significava que o princeps (primeiro homem de Roma) possuía o imperium
em todos os aspectos: o civil, o militar e o judiciário.

3
A Lei Aebutia, criada no ano de 520, em Roma, concedia ao pretor o poder de criar ações não previstas pelo direito honorário.
4
Discricionários: poderes sem condições

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
8

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

Neste período, as magistraturas republicanas subsistem, mas


não têm mais a força e importância anterior. O consulado,
por exemplo, continua existindo até Justiniano, entretanto, é
um cargo apenas honorífico.

O Senado continua existindo, entretanto, a cada dia com


atribuições mais limitadas. Por outro lado, teve sua
competência ampliada nos terrenos legislativo, eleitoral e
judicial, já que podia, conforme a vontade dos senadores,
conhecer qualquer delito, principalmente atentado contra o
Estado ou a pessoa do Imperador.

1.4. As mudanças em Roma após as conquistas

Dividimos a História Romana em três partes, todas elas políticas: Realeza, República e
Império. Vale a pena destacar, principalmente para um entendimento panorâmico mais eficaz
da História deste povo, que há também uma outra forma de dividirmos o caminho dos
romanos.

É preciso apenas considerar que Roma começou como uma pequena cidade do Lácio 5 e
tornou-se a capital do mundo conhecido. Era uma cidade de agricultores que se tornaram os
donos do mundo. Antes das grandes conquistas, eram muito mais tradicionais. Depois,
tornaram-se cosmopolitas, mais voltados para o mundo e abertos a mudanças.

1.5. Direito Romano

Como um todo, o Direito Romano é o conjunto de normas vigentes em Roma da Fundação


(século VIII a.C) até Justiniano (século VI d.C.).

Trata-se de uma criação deste povo, e graças a ele, hoje habitamos países que se intitulam
“Estado de Direito 6 ”.

Para os romanos, a definição de Direito passava por seus mandamentos que são:

“viver honestamente,
não lesar ninguém e
dar a cada um o que é seu’’.

Um simples olhar a um manual de Direito Romano revela-nos seu espírito: proteção, prestígio
e poder do paterfamilias, além da valorização da palavra empenhada.

5
O Lácio é uma região da Itália central com 5 milhões de habitantes e 17 203 km², cuja capital é Roma.
6
Estado de Direito significa que nenhum indivíduo, presidente ou cidadão comum, está acima da lei. Os governos democráticos
exercem a autoridade por meio da lei e estão eles próprios sujeitos aos constrangimentos impostos pela lei, que deve expressar a
vontade do povo.

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
9

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

1.6. Periodização do Direito Romano

Podemos identificar três períodos ou fases de evolução do Direito Romano. Estas fases são
distintas entre si e cada uma tem características próprias. Esta divisão, de certa forma
didática, ajuda-nos a compreender panoramicamente o Direito Romano. São três os períodos:

• o Período Arcaico ou Pré- Clássico,


• o Período Clássico,
• o Período Pós- clássico.

1.6.1) Período Arcaico

Vai da fundação de Roma, no século VIII a.C até o


século II a.C. Neste, o Direito caracteriza-se pelo
formalismo, pela rigidez, pela ritualidade, mesmo
porque o Estado Romano, somente depois de algum
tempo, tornou-se mais presente no dia-a-dia da
cidade.

O Estado tinha funções limitadas. A família era o


centro de tudo, até mesmo do Direito. Os cidadãos
romanos eram vistos essencialmente como membros
de uma unidade familiar, e, em segundo plano, como
indivíduos. Até a segurança dos cidadãos dependia
muito mais do grupo a que eles pertenciam do que do
Estado.

A plebe romana lutou durante séculos por igualdade


civil e política com os patrícios e obteve vitórias
importantes como a Lei das XII Tábuas e a Licínia
Sextia - Século IX a.C., que proibia a escravidão por A família romana
dívidas.

O mais importante marco deste período é a Lei das XII Tábuas, feita em 451 e 450 a.C.
como resposta a uma das revoltas da plebe romana. Esta legislação foi a codificação de
regras costumeiras e, mesmo entrando rapidamente em desuso, foi chamada durante toda
a História de Roma como a fonte de todo direito.

Esse direito primitivo, intimamente ligado às regras religiosas, fixado e promulgado pela
publicação das Leis das XII Tábuas, já representava um avanço na sua época, mas com o
passar do tempo e pela mudança de condições, tornou-se antiquado e superado. Mesmo
assim, o tradicionalismo dos romanos fez com que esse direito arcaico nunca fosse
considerado como revogado: o próprio Justiniano, dez séculos depois, fala dele com respeito.

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
10

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

1.6.2) Período Clássico

Este período do século II a.C. até o século III d.C. foi o auge do Direito Romano. O poder do
Estado foi centralizado e dois personagens - pretores e jusconsultos - adquirindo mais poder
de modificar as regras existentes, puderam revolucionar constantemente o Direito.

1.6.3) Período Pós-Clássico

Do século III d.C. até o século VI d.C, o Direito Romano não teve grandes inovações. Vivia-se
do legado da fase áurea. Entretanto, para acompanhar as novas situações, o Direito
vulgarizou-se e sentiu-se a necessidade de fixarem-se, definitivamente, as regras por meio de
uma codificação que, a princípio, era muito mal vista pelos romanos.

Depois da Lei das XII Tábuas, século V a.C,


nenhuma codificação foi empreendida pelos
romanos, por não considerarem uma codificação
necessária.

Houve algumas tentativas, neste período, de


codificação do Direito vigente, porém, estas eram
feitas de forma restrita, como por exemplo,
Codex Gregorianus 7 .

Somente após a queda do Império no Ocidente,


Justiniano, Imperador do Oriente, conseguiu
empreender tal feito.

A codificação Justinianéia, chamada Corpus Juris


Civilis - foi considerada conclusiva, pois
praticamente todos os códigos modernos trazem
a marca desta obra.

O Corpus Juris Civilis é composto por quatro


obras:
Elaboração do código Justiniano

• Codex - reunião das Constituições Imperiais;


• Digesto (também chamado de Pandectas) - seleção das obras dos Jusconsultos;
• Institutas - manual de Direito para estudantes;
• Novelas - publicação das leis do próprio Justiniano.

7
Codex Gregorianus (Código Gregoriano) foi uma das primeiras compilações das leis existentes na época; dividia-se em 15 livros,
compreendendo as constituições desde o tempo de Adriano até o ano de 291.

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
11

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

2) FONTES DO DIREITO ROMANO

Algumas fontes do Direito Romano são gerais, independentemente da época, outras são mais
específicas a um período da História de Roma.

A forma mais espontânea e mais antiga de constituição do direito é o costume. Este não pode
ser entendido apenas como fonte específica do Direito, mas, entre os romanos, pode ser visto
também como adjetivos obrigatórios ao bom romano.

Os romanos tinham como suporte fundamental e modelo do seu viver comum a tradição, no
sentido de observância dos costumes dos antepassados. A título de exemplo, podemos citar:

• A fides, muito usada no Direito e que tem como sentido o cumprimento de um


juramento que compromete ambas as partes na observância de um pacto. Trata-se de
uma qualidade imprescindível do bom romano e existe no Direito, no mínimo, desde as
Leis das XII Tábuas.

• A pietas justifica o poder do paterfamilias, visto que ela se define como um sentimento
de obrigação para com aqueles a quem o homem está ligado pelo sangue.

• Gravitas era uma das qualidades mais utilizadas para a defesa de um indivíduo no
tribunal. Era usada no sentido de indicar que um homem era sério, compenetrado.

Outras qualidades que podemos apontar são as dignitas, que são relacionadas com a
dignidade e com o exercício de cargos públicos.

2.1. Leis e Plebiscitos

Para o Direito Romano, a palavra lex tem significado mais amplo do que se tem
modernamente. Para eles, a lex indicava uma deliberação de vontade com efeitos obrigatórios.
Desta forma, referia-se a uma cláusula de contrato como leges privatae (leis privadas), para
referir-se ao estatuto de uma cidade, os romanos falavam em lex colegii e, para deliberações
dos órgãos do Estado, lex publica.
No período republicano há duas espécies de leis,
dependendo de onde se origina: a lex rogata e a lex
data.

A lex data era a lei proveniente do Senado ou de


algum magistrado.

A lex rogata eram as leis votadas pelos cidadãos


romanos, reunidos em comício. Eram propostas pelos
magistrados e somente entravam em vigor após a
ratificação pelo Senado. Caso a aprovação fosse feita
somente pelos plebeus (parte da sociedade romana)
nos plebiscitos, eram válidas, a princípio, somente
para os próprios plebeus, porém, após a Lei Hortência
de 286 a.C., as decisões do Plebiscito tinham força de
lei para a sociedade como um todo.
CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
12

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

2.2. Edito dos magistrados

Os pretores, ao iniciar seu mandato, publicavam um edito para tornar pública a maneira pela
qual administrariam a justiça durante seu ano.

Com os editos, os pretores acabavam criando novas normas e estes acabavam por estratificar-
se, visto que os pretores que entravam utilizavam-se largamente das experiências bem
sucedidas dos editos dos pretores anteriores. Estes editos eram chamados edictum tralacium e
eram diferenciados dos editos que continham inovações propostas pelo pretor, chamados
edictum repentinum.

O resultado dessas experiências foi um corpo estratificado de regras aceitas e copiadas pelos
pretores que se sucediam e que finalmente, por volta de 130 a.C. foram codificadas pelo
jurista Sálvio Juliano, por ordem do Imperador Adriano.

Este direito pretoriano chamado de honorarium nunca foi equiparado ao jus civile, haja que
este último era o direito aplicado aos cidadãos romanos.

2.3. Jurisconsultos

No princípio da História Romana, somente os sacerdotes conheciam as normas jurídicas e


somente eles as interpretavam. A partir do século IV a.C., esse monopólio sacerdotal passou a
não mais existir e peritos leigos apareceram, eram os jurisconsultos.

Os jurisconsultos, principalmente no período clássico do


direito romano, foram personagens da mais profunda
importância para o desenvolvimento do Direito. Eles
eram considerados como pertencentes a uma aristocracia
intelectual, distinção essa devida aos seus dotes de
inteligência e aos seus conhecimentos técnicos.

A atividade destes homens, chamada prudente, consistia


em indicar as formas dos atos processuais aos
magistrados e às partes. Eles também auxiliavam na
elaboração escrita de instrumentos jurídicos. Era ainda da
parte dos jurisconsultos a obrigação de responder, que
consistia em emitir pareceres jurídicos sobre questões a
pedidos de particulares e magistrados.

Até pelo menos o fim da República, a atividade dos jurisconsultos não era utilizada como fonte
do Direito, tinha apenas valor para o caso específico apresentado a ele. Entretanto, a partir do
século I a.C., com Augusto, seus pareceres passaram a responder, ou seja, com a mesma
autoridade do príncipe. A jurisprudência passou a ser considerada, então, como fonte do
Direito.

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
13

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

2.4. Senatus-Consultos

São deliberações do Senado, mediante proposta


dos magistrados. Estas somente passam a ser
fontes de Lei após o principado (século I a.C). No
período anterior, isto é, durante a República, o
Senado não legislava, entretanto, indiretamente,
influenciava o Direito à medida que aconselhava
os magistrados para que seguissem
determinadas prescrições administrativas da
Justiça.

Quando os imperadores passaram a centralizar


mais fortemente o poder, os Senatus-Consultos
passaram a ser somente um formalismo que era
desejado pelo imperador quando este queria
fazer valer uma decisão que era impopular.

2.5. Constituições Imperiais

Depois do imperador Adriano, as decisões dos imperadores passaram a ser fontes do Direito.
Durante o Império, com o poder cada vez mais centralizado, o imperador passou a substituir
as outras fontes do Direito pelas suas providências legislativas.

As providências legislativas do imperador eram chamadas constitutiones e podem ser na forma


de:
• edicta - deliberações de ordem geral;
• mandata - instruções dadas pelo imperador aos funcionários imperiais e governadores
de províncias;
• decreta - decisões do imperador proferidas em um processo no exercício do supremo
poder jurisdicional;
• rescripta - respostas solicitadas ao imperador a respeito de casos jurídicos a ele
submetidos pelos magistrados ou particulares.

3) DIREITO DAS PESSOAS

No Direito Romano, a condição de homem, por si só, não garante a capacidade jurídica.
Exemplo: escravos não possuíam paridade com os outros seres humanos. Há três requisitos
para se considerar uma pessoa no Direito Romano: nascimento com vida, revestir forma
humana e viabilidade fetal. Para adquirir capacidade jurídica, o cidadão romano tinha que
ter o status civilis (libertas, civitas, familia).

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
14

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

3.1. Capitis deminutio

Capitis deminutio era o instituto que alterava a capacidade jurídica do cidadão romano.

• Capitis deminutio máxima (liberdade): o cidadão romano livre passa a ser escravo.
Exemplo: cidadão romano livre condenado às feras do circo, antes de perder a vida, já
perdera sua personalidade, isso equivale a ser escravo;

• Capitis deminutio média (cidadania): o cidadão romano passa a ser peregrino.


Exemplo: desterrados condenados a trabalho perpétuo em obras públicas;

• Capitis deminutio mínima (família):

¾ Mesmo nível: cidadão romano alieni juris de uma família passa para a
mesma situação de alienis juris em outra família (adoção);

¾ Para melhor nível: cidadão romano alienis juris passa a ser sui juris
(emancipação);

¾ Para pior nível: cidadão sui juris passa a ser alienis juris (ad-rogação).

3.2. Pessoa Jurídica

Pessoas jurídicas ou morais (universitates) são conjuntos de pessoas ou coisas, a quem os


romanos atribuem personalidade, tornando-os sujeitos de direitos. O agrupamento constitui
um corpo distinto da pessoa individual.

3.2.1) Universitates personarum (corporações)

Conjunto de pessoas físicas com personalidade diferente de seus membros. Exemplo: Estado
Romano, cidades, colônias, municípios e associações.

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
15

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

3.2.2) Universitates rerum (fundações)

Bens personalizados dirigidos a um determinado fim. Exemplo: mosteiros, conventos, igrejas e


hospitais.

3.3. O Estado de liberdade

A liberdade era o bem maior para o cidadão romano. O escravo não era considerado
ser humano e sim, coisa. Do mesmo modo que uma coisa, o escravo podia ser
vendido e destruído.

Dominica potestas é a relação jurídica que liga o dominus aos servus.

3.3.1) Fontes da escravidão

• pelo nascimento - filho de escravo, escravo é, ou seja, não se leva em conta a


condição paterna;
• fatos posteriores ao nascimento: inimigos aprisionados ficam escravos do Estado
Romano; soldado desertor fica escravo do Estado romano; negligentes, que não se
inscrevem nos registros do censo, ficam escravos do Estado Romano; devedores
insolventes caíam nas mãos de seus credores e os mesmos poderiam vendê-los; aquele
pego em flagrante era entregue à vítima .

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
16

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

Em todos os casos, o cidadão romano só pode ser vendido fora dos limites da cidade, ou seja,
para lá do rio Tibre, pois era considerado desonra tornar-se escravo dentro da cidade de
Roma.

Na fase do Império, tornavam-se


também escravos os condenados
a trabalho forçado (ad metalla) e
às feras do circo (ad bestias).

Mais tarde, ainda se tornam escravos: a mulher livre, que manteve relações com escravo
alheio; o homem livre, que com intuito de fraude, se faz vender como escravo para um
cúmplice e o liberto ingrato.

A princípio, escravo é coisa, mas, à medida que se passa o tempo é permitido até que o
escravo represente seu senhor em certos atos jurídicos, desde que seja no sentido de
aumentar o patrimônio do senhor e nunca diminuir.

Na fase da República, ocorre a humanização do Direito Romano, assim, há o abrandamento da


dominica potestas. Os senhores não podem abandonar escravos velhos, doentes e recém
nascidos, e também era proibido atirar escravos às feras, a não ser com a autorização do
magistrado.

3.3.2) Como um escravo pode ficar livre adquirindo a libertas?

• Jus postliminii - cidadão romano que, feito escravo, foge e volta à cidade de Roma;

• manumissão ou alforria - dação da liberdade;

¾ formas solenes: censo, vindicta, testamento, in sacrosatis eclesiis;

¾ formas não solenes: intera amicos, post mensam, per epistolam.

Pelo censo, o escravo é libertado desde que o dominus lhe permita inscrever-se nos registros
do recenseamento. O censo ocorria de cinco em cinco anos.

Pela vindicta o senhor dirige-se ao magistrado em companhia do escravo e de um amigo. O


amigo toca o escravo com a vindicta (varinha) e declara que aquele homem está livre. O
dominus, calando-se, acabava consentindo com a liberdade e, assim, o magistrado declarava o
escravo livre.

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
17

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

Pelo testamento, havia uma cláusula testamentária que encarregava um herdeiro a alforriar o
escravo.

No Baixo Império, nova forma de manumissão 8 surge no Direito Romano influenciada pelo
Cristianismo (in sacrosactis eclesiis). É uma declaração solene do sacerdote diante do
proprietário do escravo e dos fiéis, que servem de testemunha.

Paralelamente às formas solenes, surgem as não solenes de manumissão. Pode o senhor


alforriar escravos sem recorrer a nenhum processo formal solene, mas diante de amigos (inter
amicos), depois da ceia (post mensam) ou por uma carta dirigida ao escravo (per epistolam).

Em relação ao dominus que o libertou, o escravo, agora livre, recebe o nome de liberto, em
relação às demais pessoas, tem o nome de libertino. Ingênuo é aquele que nasce livre e
continua livre (cidadãos romanos, latinos e peregrinos).

3.4. Mancipium

É o poder exercido por um homem livre sobre outro homem livre colocado sob suas potestas.
Acham-se em mancipium:

• o alieni juris, que por haver cometido delito, é abandonado pelo paterfamilias à vítima
(abandono noxal);

• o alieni júris, que é vendido por um paterfamilias com intuito de lucro pelo processo da
mancipatio (modo solene de transferência de propriedade a outro paterfamilias).

Embora semelhante, a situação do escravo não se confunde com esta da pessoa em


mancipium, que, ao contrário daquela, conserva a libertas e a civitas, tanto assim que, ao
adquirir a liberdade, o escravo se torna liberto e a pessoa em mancipium volta à situação de
ingênuo.

3.5. Colonato

É a vinculação de um homem a terra. Este não é considerado escravo e sim, semi-livre,


entretanto, não podia abandonar a gleba. O colono era acessório da gleba e, portanto, seguia
o principal (a terra). Caso fuja, o dominus pode persegui-lo, obrigando-o a voltar como
escravo fugitivo. Se a terra é vendida pelo senhor, o colono é vendido junto.

3.5.1) Fontes do colonato

ƒ pelo nascimento: filho de colono, colono é;


ƒ por convenção: um homem livre na miséria, vende-se a um senhor e torna-se colono;
ƒ por prescrição: um homem livre que cultiva uma gleba durante trinta anos, sem
interrupção, se torna colono;
ƒ por denúncia: os mendigos tornam-se colonos de quem os denunciar;

8
Manumissão: alforria

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
18

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

ƒ por iniciativa do Estado: o Estado romano, em vez de reduzir a escravidão, pode


reduzi-lo à situação de colono.

3.5.2) Deixa de ser colono

ƒ por meio da compra da gleba cultivada;


ƒ pela elevação do colono ao episcopado (ministros da religião).


ATIVIDADE
9 Faça um pequeno teste para verificar a sua compreensão sobre o
conteúdo estudado nesta Unidade.
9 Para isto, acesse o Portal Educat UniDF e realize os exercícios
correspondentes à Unidade I de Direito Romano.

VAMOS DEBATER?

Reflita e discuta com os seus colegas no fórum de debates:


O Direito Romano exigia três requisitos para aquisição da capacidade
jurídica:
⋅ nascimento com vida,
⋅ revestir forma humana e
⋅ viabilidade fetal.
9 Analise e justifique se os dois últimos requisitos são
necessários no Direito Brasileiro.

&
FIM DA UNIDADE I

Realize as atividades propostas para a Unidade.


Em caso de dúvidas, entre em contato com seu tutor.

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br
19

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL -UniDF


PRÓ-REITORIA DE GESTÃO ACADÊMICA PRGA
CENTRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL CTE

Referências Bibliográficas

BIBLIOGRAFIA BÁSICA:

ALVES, José Carlos Moreira. Direito romano. São Paulo: Saraiva, 2005. v. l e II.
CORREIA, Alexandre. SCIASCIA, Gaetano. Manual de Direito Romano .Saraiva .
CRETELLA JUNIOR, José. Curso de direito romano. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
MARKY, Thomas. Curso elementar de direito romano. 8. ed. São Paulo: Saraiva,
1995.
MOREIRA, José Carlos Barbosa .Direito Romano , vol. I e II . Saraiva

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

FILARDI ,Antônio Luiz . Curso de Direito Romano . Atlas


Marky , Thomas . Curso Elementar de Direito Romano . Saraiva
MONCADA, Luis Cabral de. Elementos de história do direito romano. Coimbra:
MEIRA, Silvio Augusto de Bastos. Instituições de direito romano. 4. ed. São Paulo:
Max Limonad, 1970.

CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
Fones: (61) 3321 3838 www.unidf.edu.br

Você também pode gostar