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DIREITO ROMANO
UNIDADE INSTRUCIONAL I
Brasília – DF
2006
CTE
SEP Sul EQ 704 / 904 Conjunto A - 70390-045 Brasília – DF
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
DIREITO ROMANO
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Objetivos
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Fundação de Roma (segundo a lenda, Rômulo e Remo foram alimentados por uma loba)
A história da urbs 2 se divide em Realeza (da fundação de Roma até 510 a.C), República (de
510 a.C até o ano de 27 a.C) e Império.
A fundação de Roma, com os gêmeos Rômulo e Remo, é datada de 753 a.C. Nos séculos
seguintes, assim como as outras cidades-estado da região, era governada por um rei.
As assembléias, chamadas comicios curiatos, escolhiam o rei cujo nome havia sido proposto
pelo Senado, investiam-no no imperium, poder total que abrangia os âmbitos civil, militar,
religioso e judiciário. Este soberano era o juiz supremo, não havendo apelação contra suas
sentenças.
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Paterfamilias: o chefe da comunidade familiar romana.
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urbs: cidade
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Senatus vem da palavra senis, que quer dizer ancião. No final da realeza, o Senado era
composto por 300 membros, que eram conselheiros do rei. Durante este período, o Senado
não tinha poder, aconselhava quando era solicitado, mas o rei não era obrigado a seguir seus
conselhos.
Já os comicios curiatos eram reuniões de todos os homens considerados como “povo”, ou seja,
patrícios e clientes, ficando de fora os plebeus e escravos.
Somente o Senado permanecia vitalício, entretanto, sua função primordial durante este
período foi a de cuidar de questões externas. Contudo, devido à temporariedade do mandato
dos cargos executivos da política republicana frente à vitaliciedade do Senado, este acabara
possuindo uma autoridade permanente, sendo o centro do governo.
Estes, que detinham o Poder Executivo na Roma Republicana, eram chamados magistrados e
cada qual tinha sua função específica.
Note-se que a palavra magistrado hoje em dia tem apenas uma conotação de membro do
judiciário. Este termo em Roma é utilizado de forma muito mais abrangente e não
exclusivamente para aqueles que cuidam da Justiça, mesmo porque a divisão do Estado em 3
poderes é moderna.
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1.2.1) Cônsules
Eram sempre em número de dois, com poderes equivalentes (princípio da colegialidade). Eles
comandavam o Exército, presidiam o Senado e os comícios, representavam a cidade em
cerimônias religiosas e em questões administrativas. Eles eram os superintendentes dos
funcionários.
1.2.2) Pretores
São os magistrados mais importantes para nosso estudo porque sua atuação era relativa à
Justiça.
Eram dois tipos: o Pretor Urbano, que cuidava de questões envolvendo apenas romanos na
cidade e o Pretor Peregrino, que cuidava de questões de justiça no campo e aquelas
envolvendo estrangeiros. É importante salientar que não há, hoje dia, equivalência possível
quando se trata das funções do Pretor.
Este cuidava da administração da justiça, mas não era juiz. Tratava da primeira fase do
processo entre particulares, verificando as alegações das partes e fixando os entes da disputa
judicial. Feito isso, o Pretor remetia o caso a um juiz particular para que este julgasse o caso.
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A partir da Lei Aebutia 3 (séc II a.C) que modificou o processo, os pretores tiveram aumentado
ainda mais seus poderes discricionários 4 , visto que, a partir de então, eles podiam fixar os
limites da contenda e dar instruções ao juiz particular em como este deveria proceder.
1.2.3) Edis
Com a função de cuidar fisicamente da cidade, velavam pela segurança pública e pelo tráfico
urbano; vigiavam aumentos abusivos dos preços e a exatidão dos pesos e medidas do
mercado, cuidavam da conservação de edifícios e monumentos públicos, da pavimentação da
cidade, organizavam e promoviam jogos públicos.
1.2.4) Questores
1.2.5) Censores
Embora não fizesse parte do cursus honorum, era um cargo cobiçado como um dos mais
respeitados da República e, geralmente, só era ocupado por cidadãos respeitadíssimos e que já
tivessem ocupado o cargo de cônsul.
Eram eleitos de cinco em cinco anos, em número de dois, mas um só permanecia no cargo
por, no máximo, dezoito meses. Os censores eram responsáveis pelo censo (recenseamento),
que era realizado de 5 em 5 anos.
Os cidadãos se apresentavam com seus bens móveis diante da repartição dos censores (villa
publica), instalada no Campo de Marte, para fazerem a declaração (fassio) do estado civil,
relações de serviço e riqueza perante os censores. As mulheres, os filhos e clientes eram
representados pelo chefe da família. Comissários do censo eram enviados aos exércitos que se
encontravam em campanha.
Eles eram responsáveis, também e, principalmente, pelo Regimen Morum, o policiamento dos
costumes. Eles podiam devassar a vida de um indivíduo e denunciavam, nas Assembléias
Públicas, maus exemplos e filosofias não condizentes para um cidadão romano. Caso um
acusado pelo censor tivesse sua culpa comprovada, poderia, inclusive, perder por algum
tempo seus direitos políticos.
Durante o Império, a figura principal do governo romano era, obviamente, o Imperador. Este
nome, Imperatos, significava que o princeps (primeiro homem de Roma) possuía o imperium
em todos os aspectos: o civil, o militar e o judiciário.
3
A Lei Aebutia, criada no ano de 520, em Roma, concedia ao pretor o poder de criar ações não previstas pelo direito honorário.
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Discricionários: poderes sem condições
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Dividimos a História Romana em três partes, todas elas políticas: Realeza, República e
Império. Vale a pena destacar, principalmente para um entendimento panorâmico mais eficaz
da História deste povo, que há também uma outra forma de dividirmos o caminho dos
romanos.
É preciso apenas considerar que Roma começou como uma pequena cidade do Lácio 5 e
tornou-se a capital do mundo conhecido. Era uma cidade de agricultores que se tornaram os
donos do mundo. Antes das grandes conquistas, eram muito mais tradicionais. Depois,
tornaram-se cosmopolitas, mais voltados para o mundo e abertos a mudanças.
Trata-se de uma criação deste povo, e graças a ele, hoje habitamos países que se intitulam
“Estado de Direito 6 ”.
Para os romanos, a definição de Direito passava por seus mandamentos que são:
“viver honestamente,
não lesar ninguém e
dar a cada um o que é seu’’.
Um simples olhar a um manual de Direito Romano revela-nos seu espírito: proteção, prestígio
e poder do paterfamilias, além da valorização da palavra empenhada.
5
O Lácio é uma região da Itália central com 5 milhões de habitantes e 17 203 km², cuja capital é Roma.
6
Estado de Direito significa que nenhum indivíduo, presidente ou cidadão comum, está acima da lei. Os governos democráticos
exercem a autoridade por meio da lei e estão eles próprios sujeitos aos constrangimentos impostos pela lei, que deve expressar a
vontade do povo.
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Podemos identificar três períodos ou fases de evolução do Direito Romano. Estas fases são
distintas entre si e cada uma tem características próprias. Esta divisão, de certa forma
didática, ajuda-nos a compreender panoramicamente o Direito Romano. São três os períodos:
O mais importante marco deste período é a Lei das XII Tábuas, feita em 451 e 450 a.C.
como resposta a uma das revoltas da plebe romana. Esta legislação foi a codificação de
regras costumeiras e, mesmo entrando rapidamente em desuso, foi chamada durante toda
a História de Roma como a fonte de todo direito.
Esse direito primitivo, intimamente ligado às regras religiosas, fixado e promulgado pela
publicação das Leis das XII Tábuas, já representava um avanço na sua época, mas com o
passar do tempo e pela mudança de condições, tornou-se antiquado e superado. Mesmo
assim, o tradicionalismo dos romanos fez com que esse direito arcaico nunca fosse
considerado como revogado: o próprio Justiniano, dez séculos depois, fala dele com respeito.
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Este período do século II a.C. até o século III d.C. foi o auge do Direito Romano. O poder do
Estado foi centralizado e dois personagens - pretores e jusconsultos - adquirindo mais poder
de modificar as regras existentes, puderam revolucionar constantemente o Direito.
Do século III d.C. até o século VI d.C, o Direito Romano não teve grandes inovações. Vivia-se
do legado da fase áurea. Entretanto, para acompanhar as novas situações, o Direito
vulgarizou-se e sentiu-se a necessidade de fixarem-se, definitivamente, as regras por meio de
uma codificação que, a princípio, era muito mal vista pelos romanos.
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Codex Gregorianus (Código Gregoriano) foi uma das primeiras compilações das leis existentes na época; dividia-se em 15 livros,
compreendendo as constituições desde o tempo de Adriano até o ano de 291.
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Algumas fontes do Direito Romano são gerais, independentemente da época, outras são mais
específicas a um período da História de Roma.
A forma mais espontânea e mais antiga de constituição do direito é o costume. Este não pode
ser entendido apenas como fonte específica do Direito, mas, entre os romanos, pode ser visto
também como adjetivos obrigatórios ao bom romano.
Os romanos tinham como suporte fundamental e modelo do seu viver comum a tradição, no
sentido de observância dos costumes dos antepassados. A título de exemplo, podemos citar:
• A pietas justifica o poder do paterfamilias, visto que ela se define como um sentimento
de obrigação para com aqueles a quem o homem está ligado pelo sangue.
• Gravitas era uma das qualidades mais utilizadas para a defesa de um indivíduo no
tribunal. Era usada no sentido de indicar que um homem era sério, compenetrado.
Outras qualidades que podemos apontar são as dignitas, que são relacionadas com a
dignidade e com o exercício de cargos públicos.
Para o Direito Romano, a palavra lex tem significado mais amplo do que se tem
modernamente. Para eles, a lex indicava uma deliberação de vontade com efeitos obrigatórios.
Desta forma, referia-se a uma cláusula de contrato como leges privatae (leis privadas), para
referir-se ao estatuto de uma cidade, os romanos falavam em lex colegii e, para deliberações
dos órgãos do Estado, lex publica.
No período republicano há duas espécies de leis,
dependendo de onde se origina: a lex rogata e a lex
data.
Os pretores, ao iniciar seu mandato, publicavam um edito para tornar pública a maneira pela
qual administrariam a justiça durante seu ano.
Com os editos, os pretores acabavam criando novas normas e estes acabavam por estratificar-
se, visto que os pretores que entravam utilizavam-se largamente das experiências bem
sucedidas dos editos dos pretores anteriores. Estes editos eram chamados edictum tralacium e
eram diferenciados dos editos que continham inovações propostas pelo pretor, chamados
edictum repentinum.
O resultado dessas experiências foi um corpo estratificado de regras aceitas e copiadas pelos
pretores que se sucediam e que finalmente, por volta de 130 a.C. foram codificadas pelo
jurista Sálvio Juliano, por ordem do Imperador Adriano.
Este direito pretoriano chamado de honorarium nunca foi equiparado ao jus civile, haja que
este último era o direito aplicado aos cidadãos romanos.
2.3. Jurisconsultos
Até pelo menos o fim da República, a atividade dos jurisconsultos não era utilizada como fonte
do Direito, tinha apenas valor para o caso específico apresentado a ele. Entretanto, a partir do
século I a.C., com Augusto, seus pareceres passaram a responder, ou seja, com a mesma
autoridade do príncipe. A jurisprudência passou a ser considerada, então, como fonte do
Direito.
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2.4. Senatus-Consultos
Depois do imperador Adriano, as decisões dos imperadores passaram a ser fontes do Direito.
Durante o Império, com o poder cada vez mais centralizado, o imperador passou a substituir
as outras fontes do Direito pelas suas providências legislativas.
No Direito Romano, a condição de homem, por si só, não garante a capacidade jurídica.
Exemplo: escravos não possuíam paridade com os outros seres humanos. Há três requisitos
para se considerar uma pessoa no Direito Romano: nascimento com vida, revestir forma
humana e viabilidade fetal. Para adquirir capacidade jurídica, o cidadão romano tinha que
ter o status civilis (libertas, civitas, familia).
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Capitis deminutio era o instituto que alterava a capacidade jurídica do cidadão romano.
• Capitis deminutio máxima (liberdade): o cidadão romano livre passa a ser escravo.
Exemplo: cidadão romano livre condenado às feras do circo, antes de perder a vida, já
perdera sua personalidade, isso equivale a ser escravo;
¾ Mesmo nível: cidadão romano alieni juris de uma família passa para a
mesma situação de alienis juris em outra família (adoção);
¾ Para melhor nível: cidadão romano alienis juris passa a ser sui juris
(emancipação);
¾ Para pior nível: cidadão sui juris passa a ser alienis juris (ad-rogação).
Conjunto de pessoas físicas com personalidade diferente de seus membros. Exemplo: Estado
Romano, cidades, colônias, municípios e associações.
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A liberdade era o bem maior para o cidadão romano. O escravo não era considerado
ser humano e sim, coisa. Do mesmo modo que uma coisa, o escravo podia ser
vendido e destruído.
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Em todos os casos, o cidadão romano só pode ser vendido fora dos limites da cidade, ou seja,
para lá do rio Tibre, pois era considerado desonra tornar-se escravo dentro da cidade de
Roma.
Mais tarde, ainda se tornam escravos: a mulher livre, que manteve relações com escravo
alheio; o homem livre, que com intuito de fraude, se faz vender como escravo para um
cúmplice e o liberto ingrato.
A princípio, escravo é coisa, mas, à medida que se passa o tempo é permitido até que o
escravo represente seu senhor em certos atos jurídicos, desde que seja no sentido de
aumentar o patrimônio do senhor e nunca diminuir.
• Jus postliminii - cidadão romano que, feito escravo, foge e volta à cidade de Roma;
Pelo censo, o escravo é libertado desde que o dominus lhe permita inscrever-se nos registros
do recenseamento. O censo ocorria de cinco em cinco anos.
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Pelo testamento, havia uma cláusula testamentária que encarregava um herdeiro a alforriar o
escravo.
No Baixo Império, nova forma de manumissão 8 surge no Direito Romano influenciada pelo
Cristianismo (in sacrosactis eclesiis). É uma declaração solene do sacerdote diante do
proprietário do escravo e dos fiéis, que servem de testemunha.
Em relação ao dominus que o libertou, o escravo, agora livre, recebe o nome de liberto, em
relação às demais pessoas, tem o nome de libertino. Ingênuo é aquele que nasce livre e
continua livre (cidadãos romanos, latinos e peregrinos).
3.4. Mancipium
É o poder exercido por um homem livre sobre outro homem livre colocado sob suas potestas.
Acham-se em mancipium:
• o alieni juris, que por haver cometido delito, é abandonado pelo paterfamilias à vítima
(abandono noxal);
• o alieni júris, que é vendido por um paterfamilias com intuito de lucro pelo processo da
mancipatio (modo solene de transferência de propriedade a outro paterfamilias).
3.5. Colonato
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Manumissão: alforria
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ATIVIDADE
9 Faça um pequeno teste para verificar a sua compreensão sobre o
conteúdo estudado nesta Unidade.
9 Para isto, acesse o Portal Educat UniDF e realize os exercícios
correspondentes à Unidade I de Direito Romano.
VAMOS DEBATER?
&
FIM DA UNIDADE I
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Referências Bibliográficas
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
ALVES, José Carlos Moreira. Direito romano. São Paulo: Saraiva, 2005. v. l e II.
CORREIA, Alexandre. SCIASCIA, Gaetano. Manual de Direito Romano .Saraiva .
CRETELLA JUNIOR, José. Curso de direito romano. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
MARKY, Thomas. Curso elementar de direito romano. 8. ed. São Paulo: Saraiva,
1995.
MOREIRA, José Carlos Barbosa .Direito Romano , vol. I e II . Saraiva
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
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