$4.0/,/08 como estas que estamos considerando no tm as nossas razes para trabalhar se que entre elas se encontre algo parecido com o que faz o burocrata na repartio ou o operrio na fbrica, comandados pelos administradores, pela linha de montagem, pelo relgio de ponto, pelo salrio no fim do ms. "Trabalham" para viver, para prover s festas, para presentear. Mas nunca mais que o estritamente necessrio: a labuta no um valor em si, no algo que tem preo, que se oferece num mercado; no se ope ao lazer, dele no se separando cronologicamente ("hora de trabalhar, trabalhar"); no acontece em lugar especial, nem se desvincula das demais atividades sociais (parentesco, magia, religio, poltica, educao...). Sempre que se paream com o que chamamos "trabalho", tais atividades so imediatamente detestadas. Alis, no fundo, no fundo, no o so tambm entre ns? [...] De vez em quando se trabalha um pouco mais que o necessrio satisfao do "consumo" regular. Mas com maior freqncia, dentro do tempo normal de "trabalho", se produz algo que transborde o necessrio. Esta , em geral, a parte das solenidades, das festas, dos rituais, dos presentes, das destruies ostentatrias, das manifestaes polticas, da hospitalidade... e o significado desse algo mais nunca acumular, investir. H a, portanto, uma grande diferena em relao nossa atitude oficial para com o trabalho. Mas no h, ao mesmo tempo, algo que intimamente invej amos? Algo com colorao de sonho, para ns, que mais ou menos reservadamente trabalhamos de olho na hora da sada, no fim de semana, no feriado prolongado, nas frias, na aposentadoria?
RODRGUES. Jos Carlos. Antropologia e comunicao: princpios radicais. Rio deJaneiro: Espao e Tempo, 1989. p. 101.
1. Aps a leitura do texto, procure responder s questes que o prprio autor formula.
2. Troque idias com seus colegas: como seria a vida de vocs sem os equipamentos eletrnicos que existem hoje? Compartilhar