Onde est a fiscalizao? 25.Nov.2003 | Jos C. Manhabusco * Na semana passada a cidade de Dourados, novamente, foi notcia nacional.

Desta vez, com relao ao fato ocorrido na empresa SEARA ALIMENTOS S/A, onde, cerca de 1.800 funcionrios ficaram refm do vazamento de um tipo de gs que tem em sua composio a amnia. No demais lembrar que a Constituio da Repblica garante a proteo dos funcionrios, obrigando os empregadores a reduzirem os riscos inerentes ao trabalho, por meios de normas de sade e higiene e segurana. Da mesma forma em que obriga ao pagamento do adicional de insalubridade/periculosidade em caso de exposio queles agentes, na forma da lei. Tudo isto ratificado pelo contido na Consolidao das Leis do Trabalho que prev o recebimento de adicionais em caso de exposio a agentes insalubres ou perigosos. Para este advogado o acontecimento no novidade, pois, por diversas vezes j teve a oportunidade de manifestar preocupao com a exposio ao gs amonaco, ao acompanhar trabalhos periciais naquela unidade. A verdade que as autoridades precisam tomar medidas, efetivas, para obrigar as empresas a procederem ao controle da exposio a riscos inerentes ao trabalho, seja no que diz respeito insalubridade ou a periculosidade, seja na parte ocupacional. Pode-se dizer que se trata de um simples acidente; casual; espordico. Todavia, no o primeiro, nem ser o ltimo. At o presente momento no h notcia da ocorrncia de bito, porm h grvidas

entre as pessoas expostas e atendidas pelo departamento mdico. As conseqncias podero ser sentidas dias, meses ou anos aps o evento. Os rgos responsveis pela fiscalizao devem observar melhor o sistema de controle, operando de modo mais eficaz, sem contudo comprometer a atividade das empresas. O empregador no sobrevive sem o empregado. As mquinas no so melhores que os homens. Dizer que por conta dos fatos h uma tendncia a trocar os homens pelas mquinas, no significa que a produo ser melhor e que no haver risco a correr. A substituio to malfica como o descaso com a sade e a segurana do ser humano. O Governo o nico responsvel pela falta de fiscalizao. Se houvesse fiscalizao, com certeza os riscos seriam bem menores, ou nenhum. A preveno poderia evitar o acontecimento. A empresa no a nica culpada. A culpa concorrente. Entretanto, quem assume a responsabilidade e o dano o funcionrio. COM A PALAVRA AS NOBRES AUTORIDADES.

*Advogado e Conselheiro Estadual da OAB/MS. E-mail: manhabusco@hotmail.com