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ESTERILIZAÇÃO FEMININA:
ESTERILIZAÇÃO FEMININA:
Na ótica dos direitos reprodutivos,
da ética e do controle de natalidade
RENATA JARDIM
Orientadora: Profª. MARIA CLAUDIA CRESPO BRAUNER
São Leopoldo
2003
Agradecimentos...
À minha cara professora
orientadora que muito me inspirou com
seus ideais,
Aos meus pais pelo carinho e
compreensão,
Às minhas queridas amigas
Patricia Bado e Juçara Roth, pelo apoio
e exemplo de humanidade
E a todos que me
acompanharam nessa jornada.
RESUMO ............................................................................................................ 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................... 6
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DOS DIREITOS REPRODUTIVOS........................... 9
1.1 Conceito e evolução histórica ..................................................................... 10
1.2 Diferença entre diretos sexuais e direitos reprodutivos .............................. 15
1.3 Saúde reprodutiva....................................................................................... 19
1.4 A importância do movimento feminista ....................................................... 22
1.5 Direitos reprodutivos como direitos humanos ............................................. 25
1.6 Os direitos reprodutivos na norma brasileira............................................... 31
2 ESTERILIZAÇÃO VOLUNTÁRIA FEMININA ............................................... 35
2.1 Da cirurgia de laqueadura tubária e sua interpretação jurídica................... 36
2.2 Do caráter definitivo .................................................................................... 39
2.3 Legitimidade, consentimento informado e autorização expressa do cônjuge
na esterilização voluntária .............................................................................. 41
2.4 Ilegalidade da cirurgia durante a cesárea ................................................... 44
2.5 Capacidade de decidir sobre a esterilização. Sujeitos absolutamente
incapazes........................................................................................................ 46
2.6 O uso indiscriminado da esterilização em mulheres ................................... 51
3 A ESTERILIZAÇÃO VOLUNTÁRIA COMO CONTROLE DE NATALIDADE54
3.1 A preocupação do estado com o controle da natalidade ............................ 55
3.2 A ética médica no procedimento de esterilização ....................................... 61
3.3 Eficácia da lei – plano de políticas públicas para sua implementação
adequada........................................................................................................ 64
4 CONCLUSÃO................................................................................................ 72
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 75
INTRODUÇÃO
decidir sobre seu corpo e sobre sua reprodução. Para tanto, contextualizou-se
tais direitos na sua atual concepção, através de sua evolução histórica. Neste
conjunto, comenta-se suas diferenças com relação aos direitos sexuais, bem
por tal método contraceptivo em nosso país, traçando uma crítica do uso
história. Para tanto, se faz necessário conceituar ditos direitos, conforme sua
evolução ao longo dos anos. Atento com a extensa bibliografia que trata
reprodutiva.
brasileira, no que tange sua classificação, seja como direitos humanos, seja
por ser um tema pouco abordado no universo jurídico, apesar de ser discutido
Internacionais2.
Implica, assim, na ampliação dos direitos das mulheres para além da área de
1
DORA, Denise Dourado; SILVEIRA, Domingos Dresch de (orgs.). Direitos Humanos, ética e direitos
reprodutivos. Porto Alegre: THEMIS, 1998. p.41.
2
Cabe aqui, fazer um paralelo necessário; os Tratados Internacionais que versam sobre direitos e
garantias fundamentais possuem força normativa constitucional, auto aplicáveis desde sua ratificação pelo
Brasil, por força do artigo 5º, § 1º e 2° da CF, já os Tratados e Convenções tradicionais devem seguir a
sistemática da incorporação legislativa, tendo com natureza norma infraconstitucional, nos termos do
artigo 102, III, b da CF.
3
ÁVILA, Maria Betânia. Feminismo e sujeito político. Proposta, vol.29, 84-85. 2000. op cite em
BORGES, Lenise Santana. Direitos Reprodutivos. In: LIBARDONI, Marlene.(coord.) Curso Nacional de
Advocacia Feminista em Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos. Brasília: Agende, 2002. p.186.
11
tanto para o controle de natalidade, quanto para procriação sem riscos para a
saúde.
reprodução.
4
BORGES, Lenise Santana. Direitos Reprodutivos. In: LIBARDONI, Marlene.(coord.) Curso Nacional
de Advocacia Feminista em Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos. Brasília: Agende, 2002. p.186
5
PIOVESAN, Flávia. Temas atuais de direitos humanos. São Paulo: 1998. p.168.
6
BUGLIONE, Samantha. Reprodução, esterilização e justiça: os pressupostos liberais e utilitaristas na
construção do sujeito de direito. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Direito da PUC/RS.
Porto Alegre, 2003. p.12.
12
7
ÁVILA, Maria Betânia. Direitos reprodutivos. In: LIBARDONI, Marlene.(coord.) Curso Nacional de
Advocacia Feminista em Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos. Brasília: Agende, 2002. p.105.
8
BRAUNER, Maria Cláudia Crespo. Direito, sexualidade e reprodução humana: Conquistas médicas e o
debate bioético. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. p.02.
9
ÁVILA, Maria Betânia. CORRÈA, Sonia. O movimento de Saúde e direitos reprodutivos no Brasil:
revisitando percursos. Galvão, Loren e DIAZ, Juan. Saúde Sexual e Reprodutiva no Brasil: Dilemas e
Desafios. São Paulo: Editora Hucitec. Population Concil, 1999. p.73.
13
Como conseqüência desta nova visão acerca dos direitos das mulheres
Humanos, no Teerã, em 1968, onde surgiu a primeira idéia do que viria a ser,
Capítulo 16:
Os pais têm o Direito Humano fundamental de determinar livremente
o número de seus filhos e os intervalos entre seus nascimentos.
Tal norma prevê a total liberdade de decisão do casal com relação a sua
10
Gênero diz respeito a ordenadores sociais, que transcendem corpos, práticas e identidades. É uma
dimensão a partir da qual organiza-se o mundo e a vida. As dinâmicas de gênero estão entrelaçadas pelas
posições de poder, que classificam e normatizam corpos, identidades práticas, instituições, relações
sociais e etc. (BUGLIONE, Samantha. Reprodução, esterilização e justiça: os pressupostos liberais e
14
presente trabalho.
Art. 226.
...
§ 7º. Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da
paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do
casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma
coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
notável; na esfera legislativa as ações têm sido tímidas, analisando pelo prisma
entre outros.12
próprio prazer.13
12
BARSTED, Leila de Andrade Linhares. Sexualidade e Reprodução. In: BILAC, Elisabete Dória e
ROCHA, Maria Isabel Baltar da. Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe. Temas e
Problemas. São Paulo: Editora 34. 1998. p.149-150.
13
BRAUNER, Maria Cláudia Crespo. Direitos Sexuais e Reprodutivos. Texto obtido em
culturabrasil.art.Br/rib/dpbboletim1.htm.
16
14
BUGLIONE, Samantha. Ações em direitos sexuais e direitos reprodutivos. Relatório realizado pela
Themis: 1999/2001. In: www.themis.com.br.
15
ARRILHA, Margareth. 9º Programa de Estudos em Saúde Reprodutiva e Sexualidade. NEPO – Núcleo
de Estudos de População, 08 a 26 de maio de 2000, UNICAMP/Campinas. Op cite em BUGLIONE,
Samantha. Ações em direitos sexuais e direitos reprodutivos. Relatório realizado pela Themis: 1999/2001.
In: www.themis.com.br.
17
limitando sua ação na esfera pública. Tal radicalidade, segundo Maria Betânia
privada e pública.
contemporâneas lutaram por sua autonomia, ou seja, por uma existência com
16
FOUCAULT, Michel. Historia da Sexualidade e a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1997.
BUGLIONE, Samantha. Ações em direitos sexuais e direitos reprodutivos. Relatório realizado pela
Themis: 1999/2001. In: www.themis.com.br.
18
mulheres com relação a sua fecundidade e sua vida sexual. No Brasil e mundo,
coercitiva.18
reprodução.19
sexual.20
17
ÁVILA, Maria Betânia. CORRÊA, Sonia. O movimento de saúde e direitos reprodutivos no Brasil:
revisitando percursos. In: GALVÃO, Loren. DIAZ, Juan (org). Saúde Sexual e Reprodutiva no Brasil:
Dilemas e Desafios. São Paulo: Editora Hucitec, Population Concil, 1999. p.74.
18
ÁVILA, Maria Betânia. CORRÈA, Sonia. O movimento de Saúde e direitos reprodutivos no Brasil:
revisitando percursos. GALVÃO, Loren e DIAZ, Juan (orgs.). Saúde Sexual e Reprodutiva no Brasil:
Dilemas e Desafios. São Paulo: Editora Hucitec. Population Concil, 1999. p.74.
19
BUGLIONE, Samantha. Reprodução e Sexualidade: uma questão de justiça. THEMIS, 2000. p.12.
20
BUGLIONE, Samantha. Reprodução e Sexualidade: uma questão de justiça. THEMIS, 2000. p.13.
19
21
BUGLIONE, Samantha. Ações em direitos sexuais e direitos reprodutivos. Relatório realizado pela
Themis: 1999/2001. In: www.themis.com.br.
22
Além do termo saúde reprodutiva, surge conjuntamente em nosso país o termo direitos reprodutivos,
conforme já mencionado no item 1.1.
23
Realizada em 1994 na cidade do Cairo.
20
de uma vida sexual satisfatória, podendo o indivíduo decidir com quem e com
pela nova concepção, saúde reprodutiva não se preocupa apenas com o corpo
lactação.25
24
ALVES, J.A.L. Conferência de Cairo sobre população e Desenvolvimento e o Paradigma de
Hungtington. In. Revista Brasileira de Estudos de População, vol. 12, nº 1-2. 1995.
25
SANTOS, Tais de Freitas. Saúde Reprodutiva. PUC Minas Virtual, 2003.
26
Os chamados controlistas adotam uma posição neomalthusina, que defende o controle populacional
como política a ser implantada pelo Estado. Orientam-se, ainda, por uma lógica socioeconômica e política
de caráter restritivo e conservador no que diz respeito ao direito individual de decidir sobre a fecundidade.
(BARSTED, Leila de Andrade Linhares. Sexualidade e reprodução: Estado e sociedade. In: BILAC,
Elisabete Dória e ROCHA, Maria Isabel Baltar da. Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no
Caribe. Temas e Problemas. São Paulo: Editora 34. 1998. p.154).
21
consiste:
27
CHASE, J. e PERPÉTUO, I. H. Um marco de Referência para o Ciclo de Seminário sobre Saúde
reprodutiva. Texto não publicado, de circulação interna. Op cite em SANTOS, Tais de Freitas. Saúde
Reprodutiva. PUC Minas Virtual, 2003.
28
Tabela de definições. GALVÃO, Loren. Saúde sexual e reprodutiva, saúde da mulher e saúde
materna: a evolução dos conceitos no mundo e no Brasil. In: GALVÃO, Loren e DIAZ, Juan. Saúde
Sexual e Reprodutiva no Brasil. Dilemas e desafios. HUCITEC: São Paulo, 1999. p.170.
22
consonância com os ideais éticos dos grupos sociais. As mulheres nos dias
cuidar, administrar a casa e zelar por seu marido e filhos, e sim de ter seu
tornarem-se independentes.
Municipal dos Direitos da Mulher, criado pela Lei 347/95. Lá, encontra-se um
mais diversas iniciativas voltadas para esta questão, como por exemplo, a
familiar, guiado pela certeza de que a democracia seria a solução para que a
29
A idéia de reapropriação do próprio corpo contida na afirmação nosso corpo nos pertence se ancora
no reconhecimento de que o corpo de cada uma/um é o lugar primeiro da existência humana, lugar
partindo do qual ganham sentido as experiências individuais no cotidiano e nos processos coletivos da
história. A afirmação vincula-se tanto às dimensões matérias com as simbólicas da existência, diz
respeito à existência corporal (biológica) e à existência social e política, mas também ao “ser no
mundo” como pessoa. Contempla tanto aos aspectos associados à individualização das mulheres,
quanto suas relações na vida coletiva. A existência ganha sentido na relação com o outro, mas para isso
é necessária uma apropriação de si para ter uma existência própria e, a partir daí, ganhar e dar sentido
em relação com o outro. (ÁVILA, Maria Betânia. CORRÈA, Sonia. O movimento de Saúde e direitos
reprodutivos no Brasil: revisitando percursos. In: Galvão, Loren e DIAZ, Juan. Saúde Sexual e
Reprodutiva no Brasil: Dilemas e Desafios. São Paulo: Editora Hucitec. Population Concil, 1999, p.73).
24
30
CORREA, Sonia. PAISM: uma história sem fim. In: Revista Brasileira de Estudos de População. Vol.
10 n. ½. ABEP: 1993. p.3.
31
CORREA, Sonia. PAISM: uma história sem fim. In: Revista Brasileira de Estudos de População. Vol.
10 n. ½. ABEP: 1993. p.4.
25
brasileira.
32
BUGLIONE, Samantha. Ações em direitos sexuais e direitos reprodutivos. Relatório realizado pela
Themis: 1999/2001. In: www.themis.com.br.
33
Ano da fundação da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
34
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei 5452 de 1º de maio de 1943.
26
todos36:
aprovada pelo Brasil no mesmo ano, inova em seu texto, ao dizer que os
35
DORA, Denise Dourado. Os Direitos Humanos das mulheres. In: DORA, Denise Dourado;
SILVEIRA, Domingos Dresch de (orgs.). Direitos Humanos, ética e direitos reprodutivos. Porto Alegre:
THEMIS, 1998. p.33-39.
36
BUGLIONE, Samantha. Ações em direitos sexuais e direitos reprodutivos. Relatório realizado pela
THEMIS, 1999/2001. In: www.themis.com.br.
27
internacionais posteriores:38
Artigo 1º
Para fins da presente Convenção, a expressão discriminação contra a
mulher significará toda a distinção, exclusão ou restrição baseada no
sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o
reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, independente de seu
estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos
direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos políticos,
econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo.
ratificada pelo Brasil no mesmo ano, que é dito explicitamente que os direitos
37
BUGLIONE, Samantha. Ações em direitos sexuais e direitos reprodutivos. Relatório realizado pela
Themis: 1999/2001. In: www.themis.com.br.
38
DORA, Denise Dourado. Os Direitos Humanos das mulheres. In: DORA, Denise Dourado;
SILVEIRA, Domingos Dresch de (orgs.). Direitos Humanos, ética e direitos reprodutivos. Porto Alegre:
THEMIS, 1998. p.33.
39
A Conferência de Viena, como a do Cairo, 1994 e a de Beijin, 1995, não são Convenções
Internacionais, mas Programas de Ação, não sendo fonte legislativa, mas costumeira.
40
DORA, Denise Dourado. Os Direitos Humanos das mulheres. In: DORA, Denise Dourado;
SILVEIRA, Domingos Dresch de (orgs.). Direitos Humanos, ética e direitos reprodutivos. Porto Alegre:
THEMIS, 1998. p.34.
41
BARSTED, Leila Linhares e HERMANN, Jacqueline. As mulheres e os direitos humanos: os direitos
das mulheres são direitos humanos. Editora CEPIA. Rio de Janeiro:1999. p.45.
28
mulher, garantindo que ela controle sua própria fecundidade, além de afirmar
42
Contudo a liberdade de expressão sexual e orientação sexual jamais receberam reconhecimento como
um direito humano, nem na Conferência do Cairo, nem em qualquer outra. (BUGLIONE, Samantha.
Ações em direitos sexuais e direitos reprodutivos. Relatório realizado pela Themis: 1999/2001. In:
www.themis.com.br).
43
PITANGY, Jacqueline e HERINGER, Rosana. Diretos Humanos no Mercosul. Caderno Fórum Civil.
Ano 3. nº 4. Rio de Janeiro: 2001.
29
mulheres. Sendo que, o Brasil assinou, sem reservas, ambas.44 No item 7.3,
humanos devem reproduzir-se, quantos filhos devem ter e nem mesmo de que
44
BARSTED, Leila Linhares e HERMANN, Jacqueline. As mulheres e os direitos humanos: os direitos
das mulheres são direitos humanos. Editora CEPIA. Rio de Janeiro: 1999.
30
desse mesmo art., c/c art. 1º, III e art. 4º, II; todos da Carta Magna. Porém o
Supremo Tribunal Federal jamais decidiu neste sentido, dando aos tratados
mulheres. No entanto, muito ainda tem que ser feito no campo do legislativo.
das Nações Unidas gera uma espécie de “cultura” jurídica que fortalece os
45
DORA, Denise Dourado. Os Direitos Humanos das mulheres. In: DORA, Denise Dourado;
SILVEIRA, Domingos Dresch de (orgs.). Direitos Humanos, ética e direitos reprodutivos. Porto Alegre:
THEMIS, 1998. p.34.
46
BUGLIONE, Samantha. Reprodução e Sexualidade: uma questão de justiça. THEMIS, 2000. p.23.
47
BUGLIONE, Samantha. Reprodução e Sexualidade: uma questão de justiça. THEMIS, 2000. p.23-24.
48
BARSTED, Leila Linhares e HERMANN, Jacqueline. As mulheres e os direitos humanos: os direitos
das mulheres são direitos humanos. Editora CEPIA. Rio de Janeiro:1999. p.41.
31
lei e na vida.
nosso país. Salienta Flávia Piovesan que o texto constitucional deve ser
Nesta linha, a Constituição Federal deve ser analisada sob a ótica dos
pessoa humana (art. 1º, III da CF), da promoção do bem estar de todos, sem
discriminação (art. 3º, IV c/c art. 5º, I50 da CF), todos estes essenciais na
49
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e direito constitucional internacional. 2ª ed. São Paulo: Max
Limonad, 1997.
50
Como direito e garantia fundamental, o texto constitucional neste artigo, derroga todo e qualquer tipo
de discriminação quanto à mulher existente na ordem infraconstitucional. (BUGLIONE, Samantha.
Reprodução e Sexualidade: uma questão de justiça. THEMIS, 2000. p.25).
32
mesmo diploma legal define com direitos dos trabalhadores rurais e urbanos,
além de outros que visem à melhoria da condição social dos mesmos, a licença
civil. E ainda art. 10, II, “b” do ato das Disposições Transitórias veda a dispensa
VIII, “Da ordem Social”, que a Constituição Federal consagrou a saúde com
Saúde e pela Conferência do Cairo, que afirma que a saúde não se restringe a
51
Conforme art. 10, §1º, até que a lei venha a disciplinar, o tempo da licença paternidade é de cinco dias.
33
discriminação.52
art. 203, I diz que a assistência social será prestada a quem dela necessitar,
velhice.
como exemplificativos.54 Sendo assim, deve ter proteção especial todo o tipo
compartilhada.
52
BUGLIONE, Samantha. Reprodução, esterilização e justiça: os pressupostos liberais e utilitaristas na
construção do sujeito de direito. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Direito da
PUC/RS. Porto Alegre, 2003. p.27.
53
Segundo dispõem o artigo 226, §3º e §4º, é reconhecida a união estável entre homem e mulher ou
comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes com entidade familiar.
54
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e direito constitucional internacional. 2ª ed. São Paulo: Max
Limonad, 1997.
34
ano de 1996 que o Estado regulou tal dispositivo legal, através da Lei 9.263 de
12 de janeiro de 1996.
Art. 2º. Para fins desta lei, entende-se planejamento familiar como o
conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos
iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher,
pelo homem, ou pelo casal.
e Convenções Internacionais.
familiar. Em dezenove de agosto de 1997, após ter sido retirado os vetos aos
artigos 10, 11, 15 e parágrafo único do artigo 14 da Lei nº. 9.263 de 1996, a
Por ser um ato cirúrgico e de difícil reversão, foi regulado pela legislação
brasileira, de tal forma que restringiu sua utilização somente para casos
face da Lei do Planejamento familiar que foi promulgada buscando legalizar tal
55
Conforme prevê o artigo 10, §3º da Lei do Planejamento Familiar, a esterilização cirúrgica como
método contraceptivo é permitida somente através da laqueadura tubária nas mulheres, vasectomia nos
homens ou de outro método cientificamente aceito, vedado a histerectomia e ooforectomia.
36
ato cirúrgico há muito tempo elegido por muitas mulheres como forma de evitar
nova gravidez.
laqueadura tubária, feita com anestesia geral, que interrompe a passagem das
concepções:
56
Notícia do Correio Brasiliense, 10/09/2003. In: http://www.correioweb.com.br.
57
BUGLIONE, Samantha. Reprodução, esterilização e justiça: os pressupostos liberais e utilitaristas na
construção do sujeito de direito. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Direito da
PUC/RS. Porto Alegre, 2003. p.22.
37
como lesão corporal com perda da função (artigo 129, §, III do Código Penal)
de 1999, a Portaria 048 de revogou a Portaria nº. 144, para trazer inovações a
58
BRAUNER, Maria Cláudia Crespo. Direito, sexualidade e reprodução humana: Conquistas médicas e
o debate bioético. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. p.29.
38
ato cirúrgico representasse risco de vida para a mulher. Assim, são criados
mais quatro novos códigos de procedimentos cirúrgicos pagos pelo SUS para
com o advento da Lei do Planejamento Familiar. Porém, dita prática tem sido
largamente utilizada há muito tempo pelo setor privado de saúde. Elza Berquó
nos serviços de saúde do Estado. Cita, ainda, diversos autores que coadunam
59
Nenhuma das Portarias de regulamentação da lei especifica o número de cesarianas sucessivas a partir
da qual a esterilização feminina seria permitida no momento do parto, mas é de comum conhecimento que
três cesarianas sucessivas é usada como parâmetro, ou seja, duas cesarianas sucessivas anteriores
viabilizam a realização da laqueadura durante um terceiro parto por cesariana.
60
BERQUÓ, Elza e CAVENAGUI, Suzana. Direitos Reprodutivos de Mulheres e Homens Face à Nova
Legislação sobre Esterilização Voluntária. In: XIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais da
ABEP - Ouro Preto 2002: 2002.
39
61
BERQUÓ, Elza e CAVENAGUI, Suzana. Direitos Reprodutivos de Mulheres e Homens Face à Nova
Legislação sobre Esterilização Voluntária. In: XIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais da
ABEP - Ouro Preto 2002: 2002.
62
CORREIO BRASILIENSE, em 10/09/2003. O drama de quem quer voltar a ter um filho. In:
http://www.unb.br.
40
pacientes separadas que voltam a se casar e querem ter filhos com o novo
reversíveis.
63
O procedimento de reversão da laqueadura consiste em religar as trompas, costurando-as por dentro e
por fora. Como um dos principais papéis das trompas é levar o óvulo fecundado até o útero, ficando
interrompido por muito tempo, o canal perde a capacidade de empurrar o futuro bebê em direção às
paredes uterinas. Por isso, as chances de engravidar das mulheres que revertem a laqueadura é de no
máximo 60%.
64
CORREIO BRASILIENSE, em 10/09/2003. O drama de quem quer voltar a ter um filho. In:
http://www.unb.br.
41
com menos de 25 anos) é muito alto: entre 65 e 70%65. O trabalho mostra que
Para tanto, a esterilização voluntária deve ser uma decisão muito bem
pelo menos, com dois filhos vivos (artigo 10, I da Lei 9263/1996).
1999, apontou que, na opinião dos médicos, a idade mínima prevista na Lei
65
Os dados foram coletados com base em uma pesquisa da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) realizada em 1998, considerando, também, recentes entrevistas com 100 mulheres que
procuraram espontaneamente o serviço de reprodução humana do Hospital Universitário de Brasília
(HUB) para tentar reverter a laqueadura e engravidar.
66
Visando registrar o impacto das mudanças legais, a Comissão de Cidadania e Reprodução (CCR)
desenvolveu em 1999 uma pesquisa junto a 23 serviços de esterilização, em um universo de 37 hospitais e
ambulatórios públicos que realizam o procedimento na Região Metropolitana de São Paulo. Os resultados
revelaram que, apesar de existirem serviços de excelente qualidade técnica, prevalece uma distância entre
a lei e os serviços efetivamente oferecidos. Os obstáculos vão desde a falta de insumos adequados até
42
irreversível.67
seja, através de uma avaliação integral que considere todos esses fatores,
No mesmo inciso que dispõem quem pode esterilizar-se (regra geral: art.
9263/1996).
clientelismo eleitoral, passando, em muitos casos, por uma arraigada cultura de resistência à esterilização,
entre médicos e outros profissionais de saúde.
67
LUIZ, Olinda C. e CITELI, Maria Teresa. Esterilização Cirúrgica: lei que fica no papel. Jornal da
Rede Feminista de Saúde - nº. 20 - Maio 2000.
68
BOYACIYAN, Krikor. Considerações a respeito da nova Lei da Laqueadura.. In:
http://www.sogesp.com.br.
43
relatório escrito de testemunho, assinado por dois médicos (art. 10, II da Lei do
Planejamento Familiar).
vontade de quem deseja submeter-se à esterilização (art. 10, II, §1º da Lei do
Familiar).
como, por exemplo, por cesarianas sucessivas anteriores (art. 10, II, §2º da Lei
do Planejamento Familiar).
(art. 226, §7º da CF e art. 1565, §2º do CC), uma vez que assumem
44
Esta taxa é 25 vezes maior que a do Canadá, exemplifica. Conclui, assim, que
Atualmente essas taxas ainda se mantêm altas, mas tudo indica que
69
BERQUÓ, Elza e CAVENAGUI, Suzana. Direitos Reprodutivos de Mulheres e Homens Face à Nova
Legislação sobre Esterilização Voluntária. In: XIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais da
ABEP - Ouro Preto 2002: 2002.
70
COSTA, Ana Maria. Planejamento Familiar no Brasil. In: http://www.cfm.org.br.
71
LUIZ, Olinda C. e CITELI, Maria Teresa. Esterilização Cirúrgica: lei que fica no papel. Jornal da
Rede Feminista de Saúde - nº 20 - Maio 2000.
46
e acarreta alta nos custos. Para Olinda e Maria Teresa72, a minimização desse
problema poderia ser obtida com pequena alteração nas normas, como permitir
aconselhamento etc.).
incapazes.
72
LUIZ, Olinda C. e CITELI, Maria Teresa. Esterilização Cirúrgica: lei que fica no papel. Jornal da
Rede Feminista de Saúde - nº 20 - Maio 2000.
73
Conforme artigo 3º do CC, são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil
os menores de dezesseis anos; os que, por enfermidade mental, não tiverem necessário discernimento para
a prática desses atos; e os que mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
47
fim, não poder ser acolhido o pedido, ainda porque a curatelada é “pessoa
como ao futuro concepto, Considerando que não havia amparo legal, moral ou
74
AC nº 122.818-8 TJ/PR. In: www.mppr.gov.br.
49
ainda, a necessidade de uma punição aos “elementos que praticam este tipo
setor. Para ele, a lei poderia prever a esterilização dos culpados pela prática do
crime.75
incapacitada para os atos da vida civil e sem vontade para consentir, poderá
ainda, o Relator, que existe outros métodos para controlar a concepção, visto
Os casos expostos acima são alguns dos poucos julgados com relação à
mestrado, analisa algumas decisões que tratam deste tema e conclui que as
75
Revista Consultor Jurídico de 28 de novembro de 2002.
76
AC nº 596.210.153. TJ/RS. In: www.tj.rs.gov.br.
77
BUGLIONE, Samantha. Reprodução, esterilização e justiça: os pressupostos liberais e utilitaristas na
construção do sujeito de direito.Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Direito da PUC/RS.
Porto Alegre, 2003. p.59.
50
liberdade individual.
78
Sobre o estudo, ver SEM, Amarty. Fertility and Coercion. The Univrsity of Chicago Law rewie,
Chicago, vol. 63, n. 03, 1996. apub em BUGLIONE, Samantha. Reprodução, esterilização e justiça: os
pressupostos liberais e utilitaristas na construção do sujeito de direito. Dissertação de Mestrado
apresentada à Faculdade de Direito da PUC/RS. Porto Alegre, 2003. p.59.
51
79
BUGLIONE, Samantha. Reprodução, esterilização e justiça: os pressupostos liberais e utilitaristas na
construção do sujeito de direito. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Direito da
PUC/RS. Porto Alegre, 2003. p.12.
52
vetar esse artigo e requereu ao Congresso que derrubasse seu veto, o que só
esterilização precoce.81
recentes sobre o assunto datam de 1986 e 199682, quando foi traçado o perfil
para evitar a gravidez era 64,5%, sendo que 42,2% utilizaram a esterilização
com forma anticonceptiva. E, dentre mulheres entre 15-44 anos de idade, 66,2
80
SILVA, Susana Maria Veleda da. Inovações nas políticas populacionais: o planejamento familiar no
Brasil. Scripta Nova.. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Universidad de Barcelona, nº
69 (25) 1 de agosto de 2000.
81
SILVA, Susana Maria Veleda da. Inovações nas políticas populacionais: o planejamento familiar no
Brasil. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Universidad de Barcelona, nº
69 (25) 1 de agosto de 2000.
82
Pesquisa Nacional sobre Saúde Materno Infantil e Planejamento Familiar de 1986 e Pesquisa Nacional
de Demografia e Saúde de 1996.
83
JARDIM, Maria de Lourdes Teixeira. Fecundidade no Rio Grande do Sul (palestra proferida no
Seminário “O novo perfil demográfico da população do Rio Grande do Sul no séc. XXI”. Porto Alegre,
2002).
53
feminina não pode ser utilizada desta forma. Todas as pesquisas mencionadas
esterilização, visto que são eles que estão na ponta do processo de aplicação
das leis, quando são procurados pelas pacientes que precisam de orientação a
alimentos.
84
DORA, Denise Dourado. Os Direitos Humanos das Mulheres. DORA, Denise Dourado; SILVEIRA,
Domingos Dresch de (orgs.). Direitos Humanos, ética e direitos reprodutivos. Porto Alegre: THEMIS,
1998. p.37.
85
Onde houve uma tendência pró-natalista, influenciado em parte pelo governo Getúlio Vargas.
56
86
Alves, José Eustáquio Diniz .A Polêmica Malthus versus Condorcet reavaliada à luz da transição
demográfica. Rio de Janeiro : Escola Nacional de Ciências Estatísticas, 2002. 56p. - (Textos para
discussão. Escola Nacional de Ciências Estatísticas, ISSN 1677-7093 ; n.4).
57
aborto.87
pobres.88
87
Alves, José Eustáquio Diniz .A Polêmica Malthus versus Condorcet reavaliada à luz da transição
demográfica. Rio de Janeiro : Escola Nacional de Ciências Estatísticas, 2002. 56p. (Textos para
discussão. Escola Nacional de Ciências Estatísticas, ISSN 1677-7093 ; n.4).
88
No Brasil, na década de 60, o IPPF financiou entidades e outras instituições para realizarem o controle
da natalidade, provocando um impacto profundo na organização das famílias, no perfil populacional da
sociedade e na saúde das mulheres brasileiras. (BUGLIONE, Samantha. Ações em direitos sexuais e
direitos reprodutivos. Relatório realizado pela Themis: 1999/2001. In: www.themis.com.br ).
89
BERQUÓ, Elza. O Brasil e as Recomendações do Plano de Ação do Cairo. In: BILAC, Elisabete Dória
e ROCHA, Maria Isabel Baltar da. Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe. Temas e
Problemas. São Paulo: Editora 34. 1998. p.24.
58
sociedade.
ter educação, informação e meios para que possa concretizar tal direito.90
ainda, que melhorar o status da mulher e elevar seu papel é meta relevante em
90
SANTOS, Tais de Freitas. Saúde Reprodutiva. PUC Minas Virtual, 2003
91
SANTOS, Tais de Freitas. Saúde Reprodutiva. PUC Minas Virtual, 2003.
59
92
BERQUÓ, Elza. O Brasil e as recomendações do Plano de Ação do Cairo. In: BILAC, Elisabete Dória
e ROCHA, Maria Isabel Baltar da. Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe. Temas e
Problemas. São Paulo: Editora 34. 1998. p.26.
93
MARTINE, G. O mito da explosão demográfica. Ciência Hoje, 9 (51), 1989. op. cite em HITA, Maria
Gabriela e SILVA, Maria das Graças da. Esterilização Feminina no nordeste brasileiro: uma decisão
voluntária? In: BILAC, Elisabete Dória e ROCHA, Maria Isabel Baltar da. Saúde Sexual e Reprodutiva
na América Latina e no Caribe. Temas e Problemas. São Paulo: Editora 34. 1998. p.291.
60
1980. E de 6,2 filhos por mulher, entre 1950-55, a taxa despencou para 4,5 em
intensamente).95
teoria da modernização.
94
BERQUÓ, E. O crescimento da População da América Latina e mudanças na Fecundidade. In:
AZEREDO, S. & STOLCKE, V. (coord.) Direitos Reprodutivos. São Paulo, Fundação Carlos
Chagas/PRODIR, 1991 e BERQUÓ, E. Brasil, um caso exemplar: anticoncepção e parto cirúrgico à
espera de uma ação exemplar. Campinas, 1993 (Trabalho apresentado no Seminário Situação da Mulher
e Desenvolvimento, organizado pelo Ministério das Relações Exteriores e NEPO/UNICAMP). op cite em
HITA, Maria Gabriela e SILVA, Maria das Graças da. Esterilização Feminina no nordeste brasileiro:
uma decisão voluntária? In: BILAC, Elisabete Dória e ROCHA, Maria Isabel Baltar da. Saúde Sexual e
Reprodutiva na América Latina e no Caribe. Temas e Problemas. São Paulo: Editora 34. 1998.
95
BERQUÓ, E. Brasil, um caso exemplar: anticoncepção e parto cirúrgico à espera de uma ação
exemplar. Campinas, 1993 (Trabalho apresentado no Seminário Situação da Mulher e Desenvolvimento,
organizado pelo Ministério das Relações Exteriores e NEPO/UNICAMP). op. cite em HITA, Maria
Gabriela e SILVA, Maria das Graças da. Esterilização Feminina no nordeste brasileiro: uma decisão
voluntária? In: BILAC, Elisabete Dória e ROCHA, Maria Isabel Baltar da. Saúde Sexual e Reprodutiva
na América Latina e no Caribe. Temas e Problemas. São Paulo: Editora 34. 1998.
96
ÁVILA, M. B. Modernidade e cidadania reprodutiva. Estudos Feministas, Vol. 1, nº 2. Rio de Janeiro:
CIEC/ECO/UFRJ,1993. op cite em SILVA, Susana Maria Veleda da. Inovações nas políticas
populacionais: o planejamento familiar no Brasil. In: Revista Electrónica de Geografía y Ciencias
Sociales Scripta Nova. Universidad de Barcelona. nº 69 (25) 1 de agosto de 2000.
61
valoriza o sujeito e sua livre vontade. Para tanto, cada indivíduo tem o atributo
de optar, em se tratando de sua prole, pelo que julga ser o melhor para si,
reconhecida pela bioética, que busca propiciar, meios para construir a sua
ser humano, individualmente, para que possa atingir de forma plena suas
indivíduo tem acerca da natureza, dos seus objetos de vida e dos recursos
97
... A “boa vida” refere-se concomitantemente ao hedeonismo, doutrina fundada no prazer como fonte
da felicidade, presente em todas as épocas e em todas as latitudes, e à beatitude, que norteava as antigas
éticas, de Platão e São Tomás de Aquino. A beatitude pode ser entendida não apenas como uma condição
de santidade, o conceito exclusivamente religioso, mas, acima de tudo, como a realização plena da
condição humana e seus predicados. (Anticoncepção e ética. Protocolos-Anticoncepção. In:
http://www.sogesp.com.br.)
98
Tal entendimento se deve ao fato que, para o ser humano o sexo tem fins maiores do que,
simplesmente, meio de reprodução, ou de manutenção da espécie. Quanto mais evoluída a sociedade,
mais nítida se torna a dissociação entre sexo e reprodução. (Anticoncepção e ética. Protocolos-
Anticoncepção. In: http://www.sogesp.com.br.)
62
faça a opção pelo recurso ou método auxiliado pelo médico, que terá como
que ações e política moralmente corretas são aquelas que resultam em maior
sociedade.99
mulher deixe de ser apenas esposa e mãe e possa ter vida própria, capaz de
ser produto da vontade divina e passam a ser fruto da vontade dos pais,
eram considerados quando existia indicação médica precisa, atestada por dois
99
FAÚNDES, Anibal e HARDY, Ellen. Ética Médica e Planejamento Familiar no Brasil. In:
http://www.cfm.org.br.
100
Anticoncepção e ética. Protocolos-Anticoncepção. In: http://www.sogesp.com.br
63
101
BERQUÓ, Elza e CAVENAGUI, Suzana. Direitos Reprodutivos de Mulheres e Homens Face à Nova
Legislação sobre Esterilização Voluntária.In: XIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais da
ABEP - Ouro Preto 2002: 2002.
102
ÁVILA, Maria Betânia. Direitos Reprodutivos. In: LIBARDONI, Marlene. (coord.) Curso Nacional
de Advocacia Feminista em Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos. Brasília: Agende, 2002.
103
ÁVILA, Maria Betânia. Direitos Reprodutivos. In: LIBARDONI, Marlene. (coord.) Curso Nacional
de Advocacia Feminista em Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos. Brasília: Agende, 2002.
64
104
CORREIO DO POVO, em 13/03/2003. Lula defende planejamento familiar, primeira página.
105
O processo de proletarização teria destruído o sistema anterior que estimularia o padrão de alta
fecundidade, pois na medida em que a produção doméstica é eliminada e que aumenta o custo de
subsistência da força de trabalho, o processo de assalariamento parece atuar como desestimulador de
famílias grandes. (SILVA, Susana Maria Veleda da. Inovações nas políticas populacionais: o
planejamento familiar no Brasil. In: Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales Scripta Nova.
Universidad de Barcelona. nº 69 (25) 1 de agosto de 2000).
65
tarefa árdua.106
detrimento da ação das pessoas, defendendo, assim, uma nova leitura para o
no Brasil.
106
SILVA, Susana Maria Veleda da. Inovações nas políticas populacionais: o planejamento familiar no
Brasil. In: Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales Scripta Nova. Universidad de Barcelona.
nº.69 (25) 1 de agosto de 2000.
107
FARIA, V. Políticas de governo e regulação da fecundidade: conseqüências não antecipadas e efeitos
perversos. Ciências Sociais Hoje. São Paulo: Vértice/ANPOCS, 1989. op cite em SILVA, Susana Maria
Veleda da. Inovações nas políticas populacionais: o planejamento familiar no Brasil. In: Revista
Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales Scripta Nova. Universidad de Barcelona. nº.69 (25) 1 de
agosto de 2000.
108
BERQUÓ, Elza. Sobre a política de planejamento familiar. Revista Brasileira de Estudos de
População. v.4, n.1, jan./jun. 1987. Edição Especial: ABEP 10 ANOS. p.99.
66
109
ÁVILA, M. B. Modernidade e cidadania reprodutiva. Estudos Feministas, Vol.1, nº.2. Rio de Janeiro:
CIEC/ECO/UFRJ,1993. op cite em SILVA, Susana Maria Veleda da. Inovações nas políticas
populacionais: o planejamento familiar no Brasil. In: Revista Electrónica de Geografía y Ciencias
Sociales Scripta Nova. Universidad de Barcelona. nº.69 (25) 1 de agosto de 2000.
110
Sobre a Conferência de Bucareste, ver item 3.1.
111
BERQUÓ, Elza. Sobre a política de planejamento familiar. Revista brasileira e estudos de população.
v.4, n.1, jan./jun. 1987. Edição Especial: ABEP 10 ANOS. p.100.
112
BERQUÓ, Elza. Sobre a política de planejamento familiar. Revista brasileira e estudos de população.
v.4, n.1, jan./jun. 1987. Edição Especial: ABEP 10 ANOS. p.100.
67
113
Surgem, nesta mesma data, denúncias de abuso dos contraceptivos hormonais orais, sem devida
prescrição médica.
114
BERQUÓ, Elza. Sobre a política de planejamento familiar Revista Brasileira de Estudos de
População. v.4, n.1, jan./jun. 1987. Edição Especial: ABEP 10 ANOS. p.100.
68
familiar com qualquer caráter coercitivo para as famílias que venham a utilizá-
las.115
vez que trouxe a concepção de saúde reprodutiva nos moldes da adotada pela
115
Ministério da Saúde, 1984. Assistência Integral à Saúde da Mulher: Bases de Ação Programática.
Brasília: Centro de Documentação, Ministério da Saúde.op cite em OSIS, Maria José Martins Duarte.
Paism: um marco na abordagem da saúde reprodutiva no Brasil. Cad Saúde Pública, Rio de Janeiro, 14
(Supl. 1) 25-32, 1998. In: http://www.scielo.br.
69
inoperância do PAISM.116
somente em 1992.117
e ações.118
116
OSIS, Maria José Martins Duarte. Paism: um marco na abordagem da saúde reprodutiva no Brasil.
Cad Saúde Pública, Rio de Janeiro, 14 (Supl. 1) 25-32, 1998. In: http://www.scielo.br.
117
Comissão Nacional de População e Desenvolvimento. Cairo + 5. O caso Brasileiro. Brasília, 1999.
p.80.
118
BERQUÓ, Elza. O Brasil e as recomendações do Plano de Ação do Cairo. In: BILAC, Elisabete
Dória e ROCHA, Maria Isabel Baltar da. Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe.
Temas e Problemas. São Paulo: Editora 34. 1998. p.29-30.
70
Políticas para as Mulheres que hoje coordena o Conselho Nacional dos Direitos
119
Comissão Nacional de População e Desenvolvimento. Cairo + 5. O caso Brasileiro. Brasília, 1999.
p.82.
120
LISBOA, Carla. País precisa cumprir as leis em favor da mulher. Brasília, 13.07.2003. In:
www.gevarahome.org.
71
Familiar.
121
In: www.mj.gov.br
4 CONCLUSÃO
Porém, não basta promulgar uma Lei para que seja garantido o respeito
tivesse uma educação para decidir sobre seu planejamento familiar, não
deve-se deixar que a mulher decida pelo seu corpo e defina quando quiser por
fim a sua capacidade reprodutiva. Devendo ser assegurada sua saúde pela
74
CORREA, Sonia. PAISM: uma história sem fim. In: Revista Brasileira de
Estudos de População. Vol. 10 n. ½. ABEP: 1993.
LUIZ, Olinda C. e CITELI, Maria Teresa. Esterilização Cirúrgica: lei que fica no
papel Jornal da Rede Feminista de Saúde - n. 20 - Maio 2000.
SEM, Amarty. Fertility and Coercion. The Univrsity of Chicago Law rewie,
Chicago, vol. 63, n. 03, 1996. op cite em BUGLIONE, Samantha. Reprodução,
esterilização e justiça: os pressupostos liberais e utilitaristas na construção do
sujeito de direito.Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Direito
da PUC/RS. Porto Alegre, 2003.