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Recreando
Recriando
E-BOOK
Recreando
Recriando
Os originais desta obra foram averbados na Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura,
Escritório de Direitos Autorais. Rio de Janeiro. Brasil.
O autor é graduado em Psicologia, Direito e Filosofia. Como mantenedor, dirigiu, em São Paulo,
durante 16 anos, uma escola de Primeiro Grau e de Educação Infantil.
São Paulo (Br)
01/03/2002
1.ª edição
Veja outros trabalhos do mesmo autor no
http://sites.uol.com.br/luizlei
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ÍNDICE
Apresentação 4
Orientações gerais 6
A Alimentação 8
B Eliminação 17
C Autoconceito 22
D A mãe - A mulher 32
E O pai - O homem 37
F O casal - pais - família 40
G Agressividade – violência 45
H Fuga – timidez 50
I Sexualidade 55
J Socialidade 63
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APRESENTAÇÃO
Com o advento dos computadores e de sistemas como a Internet, estaria a escola destin ada a
desaparecer? Com freqüência ouvimos essa pergunta e nossa resposta tem sido sempre negativa.
Nós julgamos que, muito ao contrário, a escola não só continuará a desempenhar seu papel nos
campos das ciê ncias e da cultura, como assumirá uma nova e extraordinária função, a de
acompanhar e complementar o trabalho dos pais na formação psicológica dos filhos.
Cada vez mais torna-se evidente em nossos dias que a educação de uma criança no lar não é
tarefa simples, que possa ser desenvolvida apenas seguindo-se os “instintos”. O ser humano é mais
complexo do que se pensava até há pouco, e o tratamento a ser dado a ele na infância exige
elaborados cuidados. Infelizmente, a experiência tem demonstrado que nem sempre os pais estão
suficientemente preparados para cumprir com seus deveres. Quase sempre, por falta de preparo, de
informações. Muitas vezes, em razão de problemas emocionais que interferem no relacionamento
deles com os filhos. Nestas ocasiões, raramente é procurada a colaboração de um profissional.
Outras vezes, em função da profunda mudança social que se observa hoje em dia e que traz também
transformações para a família, tradicionalmente conhecida como a célula da sociedade. A união
estável do casal, obrigatória para toda a vida, está se tornando algo cada vez menos real.
As conseqüências geradas por essas situações inadequadas podem ser graves. As falhas na
educação irão produzir pr oblemas psicológicos que, se não forem corrigidos, tenderão não só a se
manter, como a se aprofundar. Com isso, todo o desempenho da criança, em relação a si própria e
em relação aos outros, estará prejudicado. Sofr erão a criança, a família, a escola e a sociedade. O
indivíduo terá seriamente limitadas suas possibilidades de auto-realização. A escola enfrentará
problemas redobrados para repassar a esse aluno o conteúdo de seus programas. E uma vivência
infeliz da infância poderá resultar num grau de satisfação tão baixo que o leve, num futuro não muito
distante, à procura de compensações em atos anti-sociais ou nas drogas.
Esse quadro aponta para a necessidade de que a escola assuma a educação psicológica como
uma responsabilidade também sua. O aluno passa, durante muitos anos, boa parte dos seus dias
dentro do estabelecimento educacional. Suas atividades aí são variadas, envolvendo intenso
relacionamento afetivo com professores, colegas e com a direção da escola. Deste modo, a escola
tem excelentes possibilidades de proporcionar a ele uma educação que não se limite aos aspectos
científico-culturais, mas que vise ao indivíduo em sua totalidade. Ganharia o próprio ensino que,
removidos ou minorados eventuais entraves emocionais dos alunos, teria seu trabalho de transmitir
as matérias tradicionais facilitado. A sociedade seria benefic iada com a formação de um maior
número de cidadãos cooperativos. E, de modo particular, o próprio aluno iria contar com a
oportunidade de descobrir um mundo mais amigável e de ser feliz nas experiências de sua vida.
A coleção "Recreando Recriando" oferece uma série de sugestões para esse trabalho
psicológico junto aos alunos, na forma de variados exercícios a serem ministrados às classes do
maternal à oitava série. Não se trata de uma lista de aconselhamentos sobre o que o aluno e a aluna
devem seguir, ou sermões sobre o que não fazer. As lições têm como finalidade transmitir e
aprofundar nas cria nças e nos jovens uma visão adequada da realidade. O pressuposto é que o
comportamento de um indivíduo depende basicamente da “visão” que ele formar do mundo. Se esta
visão for boa, ele terá uma atitude positiva em relação ao mundo. E desta atitude fluirá, de modo
inteiramente espontâneo, um comportamento apto, vantajoso, normal, cooperativo, tanto em relação
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a si próprio, como em relação às demais pessoas. Ele será feliz e os outros, quanto dependam dele,
também o serão. Se a sua visão for negativa, seu comportamento será negativo. E com isso sofrerão
ele e todas as pessoas com as quais se relacionar.
Os princípios que orientaram o desenvolvimento dessas aulas de formação psicológica
encontram-se expostos no livro Psicologias e Psicoterapias, um Ponto de Encontro , publicado
pela editora Marco Markovitch. Os capítulos mais importantes para a compreensão do sistema
exposto no livro encontram-se disponibilizados na Internet sob o título Psicoterapia dos Conceitos
Fundamentais que pode ser acessado voltando para a página principal.
Como dissemos, o comportamento normal, apto, eficaz depende de uma visão adequada da
realidade, ou seja, de uma visão positiva do mundo. E como se forma essa visão do mundo?
Através das experiências em relação ao que denominamos de nove entidades fundamentais. Essas
entidades são, em primeiro lugar, o próprio indivíduo, o homem, a mulher. O relacionamento do
indivíduo com essas entidades se faz através de seis formas de atitudes e de ação: a alime ntação, a
sexualidade, a socialidade; a agressividade, a fuga e a eliminação. Quando o indivíduo forma através
de suas experiências, particularmente na infância, conceitos bons, positivos, dessas entidades, ele
poderá relacionar-se bem com elas, poderá utilizar-se delas e com isso realizar suas potencialidades.
Se, no entanto, formar dessas entidades conceitos negativos – de que são frustradores, perigosos,
sem valor, proibidos, ocasião de sofrimento – ele terá dificuldade em utilizar-se desses meios para a
auto-realização. E com isso, todo o seu comportamento estará prejudicado.
Os exercícios aqui apresentados visam, nos alunos que já tenham formado esses conceitos de
modo positivo, a reforçá-los. E nos alunos que tenham formado esses conceitos de modo negativo,
a corrigir esses conceitos, a transformá-los, na medida do possível, em positivos.
É importante acrescentar que o material apresentado é apenas uma minuta, um rascunho. Ele
não foi testado na prática. São sugestões que deverão ser avaliadas, experimentadas, desenvolvidas
e adaptadas para as várias séries, de acordo com as circunstâncias sociais e culturais dos alunos.
Nesse sentido, elas poderão ser adotadas integralmente, parcialmente, ou servirem apenas como
indicadores a seguir no sentido de uma atuação mais direta da escola no plano psicológico do aluno.
Nossa idéia inicial era desenvolver esse programa em um formato semelhante ao utilizado pela
publicação Crescendo (copyright – Sttima – Editora e Distribuidora). Como nos convencemos de
que esse trabalho iria nos tomar um tempo do qual não iríamos provavelmente dispor, resolvemos
disponibilizar as “sementes” do projeto para que possam crescer, adaptar-se e desenvolver em
outras searas. Nesse desenvolvimento, é importante que fiquem sempre mantidos os princípios
psicológicos que norteiam as nossas sugestões, o primeiro dos quais é que o comportamento do
indivíduo se desenvolve a partir da Visão que ele tiver da realidade. O que interessa de modo
particular, no plano psicológico, é transmitir à criança uma visão positiva da realidade, das entidades
fundamentais.
x
Esses exercícios podem ser utilizados também na Psicoterapia, particularmente na Psicoterapia
de cr ianças.
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ORIENTAÇÕES GERAIS
1. As lições a seguir foram desenvolvidas, na sua maioria, voltadas para as crianças da Escola
Infantil ou Pré-Escola. Sua utilização para alunos de outras séries exigirá uma adaptação de
linguagem. Mesmo temas que parecem muito infantis, como "a comida não vai faltar, conscientização
do ato de comer, do sabor da comida, de que a comida não é má" etc. devem ser adaptados para
os alunos mais adiantados.
2. De acordo com o que expusemos na Apresentação, entendemos que os sentimentos são
efeitos do modo pelo qual a criança vê cada entidade. Por isso, só uma vez ou outra o orientador
deve apelar para os sentimentos. Deve-se evitar, então, dizer frases como: “Você não pode ter
inveja, raiva, ciúmes, medo etc.” Essas expressões serão usadas apenas como reforço do trabalho
de mudar uma visão: “Você não precisa ter medo, ele não é perigoso. Ele gosta de você, foi sem
querer que ele o machucou, assim você não precisa ter raiva dele.” Com esse trabalho de mudar a
visão da realidade você irá obter o efeito desejado. Os sentimentos nocivos se extinguirão quando a
visão negativa mudar.
3. Durante os exercícios, o ambiente deve estar tranqüilo, para possibilitar o máximo de
concentração. Retirar dele os objetos que possam ocasionar distração.
4. A atenção deve estar sempre voltada para o tema. Deixar a conversa correr solta, mas, se o
assunto se desviar, trazê -lo com jeito de volta. Só impedir comportamentos que importem risco de
dano ao próprio aluno, a colegas, ao orientador, a móveis e objetos. Também, com jeito,
comportamentos que distraiam devem ser desestimulados. Em caso de atos agressivos, não censurar
o aluno. Pergunte calmamente, de modo compreensivo, sem tom de crítica, se ele está com raiva.
Procure saber o motivo:
— Você está com medo de que eu dê mais atenção aos outros? Às vezes a gente sente isso. A
gente sente medo de ficar esquecido. — Você acha que os outros estão querendo que eu dê
atenção só a eles? — Você gostaria que eu desse atenção só para você? — Em sua casa, acontece
o mesmo em relação ao papai, à mamãe, aos seus irmãos?
Em suma, evitar críticas a comportamentos. Analisar o porquê da ação. Sempre com o cuidado
de não gerar culpa. Mostrar o motivo: insegurança, medo de abandono, de ser deixado para trás,
em segundo lugar. Ter sempre presente que a criança não está se comportando por maldade, mas
porque está reagindo de acordo com seus conceitos inadequados. São estes que precisam ser
modificados.
5. Em algumas lições aparecerão referências a temas sexuais. O mais indicado é não só tolerar,
mas apoiar toda a expressão verbal que os alunos possam apresentar sobre o tema. O orientador
não pode se mostrar atingido, ofendido por essas expressões. Nunca deve revidar com
provocações às provocações dos alunos. Deve recebê-las naturalmente, de modo adulto,
percebendo que aí está um problema a ser analisado. Não fugir do assunto, mas aproveitar a
ocasião para trabalhá-lo. Nada melhor para acabar com uma obsessão por um tema sexual do que
falar ou deixar o aluno falar abertamente sobre ele. Permitir que sejam empregados me smo termos
chulos.
6. Tomar o cuidado para não sugestionar a criança de que ocorreram fatos negativos em sua
vida. Apenas pergunte de modo geral. Ou diga que às vezes esses acontecimentos ocorrem.
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Receber os seus relatos de modo afetuoso, demonstrando compaixão, sem esquecer, no entanto,
que essas histórias por vezes refletem apenas fantasias.
7. Estas lições devem ser dadas por psicólogos ou por psicopedagogos. Se possível, os temas
mais ligados à mãe, à mulher (alimentação, eliminação, figura materna, autoconceito da menina,
sexualidade da menina) devem ser tratados por uma orientadora e os temas mais ligados ao pai
(figura paterna, autoconceito e sexualidade do menino), por um orientador. (Aproveitamos a ocasião
para assinalar que também seria recomendável que houvesse nas escolas infantis e de primeiro grau
um maior equilíbrio no número de professoras e de professores.)
8. Todas as lições devem sempre ter o objetivo de extinguir um hábito de ver as entidades
fundamentais como negativas e criar ou reforçar o hábito de vê-las como positivas. Enfatizar, então,
sempre, os aspectos positivos, tranqüilizadores.
9. Seria de todo recomendável que um trabalho paralelo fosse desenvolvido pelo orientador
junto aos pais. Estes deveriam receber uma circular falando sobre o assunto que iria ser tratado.
Melhor, ainda, se pudessem comparecer a uma reunião para conversar sobre cada tema e receber
orientações de como proceder em relação a seus filhos naquela área trabalhada.
10. Nestas reuniões, jamais acusar os pais pelos problemas dos filhos. Tomar cuidado para não
fazê-los sentir-se culpados. Enfatizar que eles certamente procuraram agir do melhor modo possível.
Mas que a educação de uma criança é uma tarefa bastante difícil. É provável que tenha havido
falhas involuntárias. Pequenos erros podem provocar com o tempo problemas para a criança. Às
vezes, esses erros vêm da falta de orientação, de dificuldades emocionais da pessoa, do casal, de
problemas de saúde ou econômicos. Orientá-los em relação às atitudes que devem mudar e às que
devem tomar. Em alguns casos, sugerir consulta a um psicólogo.
11. Também os professores das outras matérias devem participar deste trabalho, mantendo uma
atitude coerente com os princípios aqui expostos, fornecendo ao orientador informações sobre seus
alunos e recebendo dele instruções de como agir em casos especiais.
12. É possível que alguns exercícios exijam a divisão de uma classe em grupos menores, para
que seus temas possam ser melhor trabalhados.
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Lição A-1
Falar com as crianças sobre um cachorrinho qualquer. Deixar a conversa correr em torno do
tema. Não permitir que se fuja dele. É importante que o assunto seja desenvolvido em tom leve, de
brincadeira.
— Quem tem um cachorrinho?
Deixar que todos falem. Num determinado momento, lançar a pergunta:
— O cachorrinho já mordeu você?
Agora, em tom de brincadeira:
— E vocês já morderam o cachorrinho? (Ri.)
— Vamos brincar de cachorrinho. Todos engatinhando como cachorrinho. Todos fazendo au-
au-au.
— Cada um faz de conta que vai morder o outro. Mas sem morder!
Se julgar mais prudente, substituir esta brincadeira pelo desenho de um cachorrinho. Este tema
pode ser repetido em outras ocasiões, falando de outros bichos. Clima de descontração.
Enfatizar a todo o momento os aspectos positivos, tranqüilizadores.
Aviso aos pais: Vamos trata r do tema da comida. Reforce com estas frases: "Tem bastante
comida em casa. A comida não falta. Pode comer quanto quiser." Se a criança apresentar
comportamento de morder os outros, avise-nos. Não insista para que ela coma mais. Apenas
diga que, se ela quiser, tem bastante comida.
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Lição A-2
Medo de devorar
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Lição A-3
Na parede pode estar a estampa de uma mãe com seios meio à mostra. Se na gravura aparecer
um bebezinho mamando, observe se o aluno o vê como concorrente. Procure levar a criança a se
identificar com ele.
— Falar dos cachorrinhos mamando na cachorra.
— Dos gatinhos mamando na gata.
— Quando você era pequenininho, você também mamava na mamãe, ou na mamadeira.
— A mamãe tem leite.
— O leite é o alimento do bebê. Sua comida.
— O leite vai para a barriguinha do nenê para fazer o nenê ficar forte.
— Você tinha fome, chorava, a mamãe dava o leite. Aí você ficava contente.
— Vamos todos chorar. Quero leite, quero leite.
Distribuir um copo de leite para cada um.
— Falar para eles beberem o leite. Falar para eles prestarem atenção ao leite.
— Dizer que eles podem beber o quanto quiserem.
Observação. Verificar antes se algum aluno tem alergia por leite. Ver também se o leite tem boa
procedência, se não está com a data de uso vencida.
Aviso aos pais. Vamos falar sobre a época em que ele(a) era bem pequeno e mamava. Se ele
fizer perguntas sobre esse assunto, responda com tranqüilidade e amor. Se não deu de mamar
no peito e ele perguntar, conte que ele mamava na mamadeira.
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Lição A-4
Agressividade oral
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Lição A-5
A comida é boa
No dia anterior, avisar: Ninguém se esqueça do lanche amanhã. Todos devem trazê-lo.
Alternativa: a escola prepararia para as crianças um lanche especial.
Na hora do lanche, apagar quase todas as luzes da sala. Deixar um ambiente de concentração.
— Cada um vai comer o lanche prestando atenção no que está fazendo.
— Para que serve o lanche, a comida?
— Associar o lanche a outras comidas, almoço, janta, café da manhã.
— Cada um deve prestar atenção no sabor.
— Agora a comida está na sua barriguinha e vai ajudar você.
— Vai ajudar você a ser inteligente. Bonito. Forte. Bonzinho. Vai ajudar você a crescer. (Fazer
alongamento com as crianças.)
— Passar a mão na barriguinha de cada um dizendo: Comida gostosa. Comida boa.
— Fantasiar que a barriguinha é um salão, que a comida está dançando lá dentro. Um alimento
dizendo: Eu vou fazer que ele fique forte! Que ele fique inteligente! Que ele fique alegre! Que ele
fique bonzinho!
Aviso aos pais. Vamos dizer que a comida é boa. Reforce pedindo à criança que
experimente várias espécies de comida de olhos fechados, e descubra o que cada uma é:
açúcar, sal, danone, suco.
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Lição A-6
A comida é boa
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Lição A-7
Aviso aos pais. O tema é “a comida não vai faltar”. Repita essa frase para o seu filho
várias vezes. Diga também que, se a comida demora, ele não precisa ficar com medo, porque a
comida não vai faltar. Ele pode comer à vontade.
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Lição A-8
— Quando você era nenê, às vezes a mamãe atrasava para dar sua comida. O que ela estava
fazendo?
— Pode ser que às vezes, quando você mamava, o leite não era suficiente.
— Aí você ficou pensando que sempre a comida vai faltar.
— Agora, na hora do almoço ou do jantar, você vê a comida na mesa. E vê que tem o papai
que vai comer aquela comida. A mamãe que vai comer aquela comida. Quem mais? O irmãozinho?
A irmãzinha? O cachorrinho também? O gatinho?
— E aí você começa a pensar : A comida não vai dar para todo mundo. Se todo esse pessoal
comer, vai faltar comida. Vai faltar comida para mim. E você fica com medo de ficar sem comida. E
fica com raiva.
— Você não precisa ficar com medo. Não precisa ficar com raiva. Tem comida para todos.
Tem comida para você também. E bastante. Quanto você quiser. E você pode comer de tudo (não
fale deve) . É gostoso também comer carne, leite, salada, arroz, macarrão. O que mais ? Frutas,
batata, lanche.
— A comida não vai faltar. Repetir em coro. Cantando.
— Convidar as crianças a se imaginar nadando em uma banhe ira de leite.
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Lição A-9
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Lição B -1
A eliminação
— Para viver, o nenê precisa comer. No começo, a comida dele é só leite. Depois a mãe dá
papinha, caldinho, sopinha. Mais tarde, arroz, feijão, carne, verduras, macarrão... refrigerante.
— Para onde vai toda essa alimentação? Vai para a barriguinha. Para o estômago. Lá, o
estômago tira da comida a parte melhor que vai ser distribuída pelo corpo. E a parte que não tem
utilidade o corpo coloca para fora. É o cocô. É o xixi. O xixi é a água que sobra. O cocô é a parte
da comida que não serve mais.
— É importante que esse resto de comida seja colocada para fora porque, se ficasse dentro do
corpo, ele ocuparia espaço na barriga e a gente não ia poder comer mais.
— Quando você era bebê, você não sabia falar. E por isso não sabia avisar sua mãe que estava
com dor de barriga e queria fazer cocô e xixi. E você fazia cocô e xixi na fralda.
— Como a mamãe é boazinha, depois que você fazia cocô e xixi na fralda, ela tirava a fralda e
dava banho em você e colocava em você uma fralda limpinha.
Nesta lição existe a possibilidade de alguma criança voltar a urinar de noite na cama. Isto
indicaria necessidade de atenção. Talvez seja o caso de prevenir esse resultado com
observações de que, agora, elas, as crianças, já sabem se controlar, não são mais bebezinhos.
Acrescentar as vantagens de serem maiores.
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Lição B -2
A eliminação
— Às vezes a mamãe tinha que trocar muitas fraldas em você. E ela acabava perdendo a
paciência. E ela dizia: "Mas que cocô fedido! Meu nenê já fez cocô de novo! Já fez xixi de novo!”
— Você ouvia aquilo e às vezes ficava chateado. E pensava: minha mamãe é chata. Não vê que
eu não sei falar? E você ficava com raiva da mamãe. Pode ser até que acabasse pensando: Então eu
não posso fazer cocô e xixi? Pois agora eu vou fazer cocô e xixi de propósito, só para ela ficar
chateada também.
— Fazer cocô e xixi é importante porque o cocô e o xixi são um material que não presta mais.
— A gente precisa esvaziar a barriga para dar espaço para colocar lá dentro outras comidas
gostosas que a mamãe faz. A mamãe sabe disso. Não precisa mais brigar com ela por causa disso.
Aviso aos pais.Vamos dizer ao filho que quando a gente vai ao banheiro, a gente está
fazendo uma coisa boa, porque está aliviando o corpo de um material que se tornou inútil. Se
ele falar sobre o assunto, responda com naturalidade.
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Lição B -3
Prisão de ventre
— Como eu já falei, pode ter acontecido que, às vezes, a mamãe se atrasava ao dar o leite para
vocês. Aí, o que acontecia?
— Vocês começavam a achar que a comida sempre ia faltar.
— Pensando que a comida vai faltar, algumas crianças começam a segurar a comida na barriga.
Quando vão ao banheiro, não fazem cocô. Ficam com aquilo que a mamãe chama de prisão de
ventre.
— Agora nós já sabemos que a comida não vai faltar, não é verdade? Então a gente pode ir ao
banheiro, fazer cocô e assim a barriga fica vazia para receber nova comida.
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Lição B -4
Prisão de ventre
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Lição B -5
Enurese
— Quando vocês nasceram, a mamãe e o papai davam bastante atenção para vocês.
Carregavam vocês no colo, davam comida, banho, trocavam suas roupinhas. Aí vocês cresceram.
Aprenderam a andar, a falar, a ir ao banheiro sozinhos.
— Com alguns de vocês aconteceu, então, que nasceu um irmãozinho.
— Quem daqui tem um irmãozinho ou irmãzinha?
— E quem vai ganhar um irmãozinho ou irmãzinha?
— Quem tem um irmãozinho gosta dele? E quem tem uma irmãzinha, gosta dela?
— Muito bem. Vocês gostam de seus irmãozinhos.
— Às vezes, no entanto, quando a criança ganha um irmãozinho, ela não gosta muito. Ela fica
com medo de que a mamãe e o papai pensem só no irmãozinho e irmãzinha e se esqueçam dela.
— Aí pode ser que vocês começaram a pensar uma coisa. Para que minha mãe e o meu pai
não se esqueçam de mim, eu vou fazer tudo o que meu irmãozinho ou irmãzinha fazem. Vocês
começam a chorar como o irmãozinho chora. Vocês percebem, também, que seu irmãozinho faz xixi
nas fraldas. E vocês começam a fazer xixi na cama. Como quando vocês eram bebês. Fazem xixi na
cama para chamar a atenção da mamãe e do papai. Vocês querem dizer para eles: Olha, eu também
sou nenê. Eu preciso que vocês cuidem de mim como cuidam do meu irmãozinho.
— Será que precisa fazer isso? Não, não precisa. A mamãe e o papai continuam gostando de
vocês. E vocês não precisam ficar sempre bebês. Vocês vão crescer para poder brincar, correr,
andar de bicicleta, nadar, conversar com a mamãe e o papai, ir ao shopping, vir para a escola,
estudar com os coleguinhas. Isso é melhor do que ficar o dia inteiro no berço, não é?
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Lição C-1
Para esta Lição a monitora deve contar com um espaço de tempo mais longo. Especialmente
para as crianças pequenas seria bastante recomendável que pudesse dispor de um desses túneis de
pano à venda nos fornecedores de material para a pré-escola.
— Como vocês começaram? Apareceram numa árvore? Mamãe comprou vocês no
supermercado?
— Cada um de vocês começou a existir na barriga da mamãe.
— Foi crescendo. Até ficar um bebezinho bonitinho.
— Como era lá dentro da barriga da mamãe?
Era um lugar quentinho, silencioso. Não precisava nem comer.
— Mas chega um dia em que o bebê já está bem grandinho. Ele já não cabe lá dentro. Ele não
quer mais ficar lá sozinho. Ele quer ver uma porção de coisas. Ganhar brinquedos. Brincar com
outras crianças. Vestir roupas bonitas. Ter amiguinhos. Jogar futebol. Quer ir para a escola.
— Então ele avisa a mamãe que quer sair. Começa a se mexer bastante lá dentro.
— E o pessoal aqui fora prepara o nascimento dele. Compra roupinhas azuis para o bebê
menino, cor-de-rosa para o bebê menina. Avisa o tio médico. O papai telefona para a maternidade
e leva a mamãe para lá. A mamãe vai para uma sala, deita numa cama para esperar você na scer. O
papai fica perto da mamãe.
— E aí chega uma hora em que você começa a descer da barriga da mamãe e aparecer fora da
barriga dela. Você estranha a luz da sala porque lá dentro da barriga era tudo escuro. Agora é tudo
claro. O médico pega você com bastante cuidado e mostra você para a mamãe e para o papai que
estão rindo de alegria. Aí levam você para tomar um banho quentinho e deixam você dormindo para
descansar do esforço que você fez.
— Vamos agora fazer uma brincadeira. Aqui está este túnel de pano. Faz de conta que é a
barriga da mamãe. Vocês vão entrar por aquela abertura e vão nascer por este lado.
A criança entra pela extremidade mais distante e vai caminhando para sair na extremidade perto
da monitora. As outras crianças começam a “incentivar” o “nascimento” do coleguinha chamando
pelo nome dele. Quando ele sai do túnel a monitora o abraça carinhosamente e todos batem palma
e dão viva.
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Aviso aos pais. Vamos falar do nascimento do seu filho. Contem a ele como foi. Suas
expectativas. Seus desejos de que ele fosse uma criança feliz. Como prepararam a chegada
dele. A festa de todos com o nascimento dele.
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Lição C-2
Fazer um grande círculo. Cada criança vai falar de si. Nome. Idade. Família. Onde mora. Do
que gosta.
Usar um espelho grande. Pedir para cada uma sorrir na frente dele. Fazer cara de choro. De
raiva. De medo. Beicinho. Gritar, berrar. Falar baixinho.
Observar se a criança se vê de modo positivo ou negativo. Procurar notar alguma coisa de bom
nela. Evitar, porém, elogios mecânicos, estereotipados, padronizados. Mostrar convicção. Levar as
crianças a concentrarem a atenção em quem estiver realizando o desempenho. Impedir que as
outras atrapalhem, que tentem desviar a atenção dela.
Seria indicado contar com uma auxiliar que tomaria conta da classe enquanto a monitora
trabalharia com cada criança em particular.
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Lição C-3
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Lição C-4
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Lição C-5
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Lição C-6
Quem sou eu
Conversar sobre o que cada um faz. De que é capaz. Do que gosta. Do que brinca. Pedir para
demonstrar: subir uma escada; carregar uma cadeira, um pequeno peso; correr; chutar uma bola;
encestá-la; assobiar; cantar; fazer caretas engraçadas. Centrar as atenções em quem estiver fazendo
uma demonstração.
Note, essas demonstrações não têm a finalidade de mostrar habilidades especiais, de rivalidade,
de disputa. Destinam-se apenas a ajudar na tomada de consciência de si, de seu corpo, de sua
força, de seu desenvolvimento. Fazer o aluno sentir-se notado, sentir que existe para os outros.
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Lição C-7
Quem sou eu
— Algumas pessoas acostumam-se a se ver de maneira negativa. Às vezes esse hábito resulta
do fato de os pais só terem apontado os defeitos delas. Outras vezes isso acontece porque, quando
se viam frustradas na infância, elas reagiam com raiva, com agressividade, e os outros diziam para
elas que isso era mau.
Deixar que os alunos comentem esse problema livremente, oferecendo apoio, quando
necessário.
— Para esses indivíduos, tudo o que fazem é errado e só os outros são bons. Se falham em
alguma tarefa, é porque falham. Se obtêm algum sucesso, acham sempre que poderiam ter feito
melhor. Os outros são mais fortes, mais bonitos, mais inteligentes do que eles. Nunca reparam no
aspecto positivo do que eles fazem, de como eles são.
— Esse hábito de se ver negativamente estraga a vida inteira de uma pessoa. Ela vive
deprimida, insegura, insatisfeita consigo mesma, com raiva dos outros que sempre parecem melhores
que ela.
— É muito importante, então, mudar esse hábito. Se você se comportava mal, era porque você
estava achando que não o estavam tratando bem. Era uma defesa sua. Era o seu modo de reagir.
Você não era mau. E se você continuar a se ver negativamente, você continuará a se comportar
negativamente.
— Então, de hoje em diante, você vai fazer um esforço especial para reparar sempre nas suas
qualidades positivas. No que você faz de bom. No que vo cê acerta, no progresso que você
consegue fazer, por mínimo que seja.
— Como todo o mundo, às vezes você irá errar. Reconheça o erro, veja se nesse erro tem
algum aspecto positivo, e planeje como na próxima vez você poderá melhorar.
— É possível que você tenha o hábito também de ver os outros só pelo lado negativo. As
coisas ficarão mais fáceis se você mudar e aprender a ver no outros, de preferência, os aspectos
positivos, por mínimos que sejam: nos jogos, em casa etc.
Esta aula é da maior importância e deve ser repetida várias vezes ou, pelo menos,
continuamente relembrada.
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Lição C-8
Quem sou eu
Contar a história de sua vida. Convidar a criança a representar determinados episódios que
foram importantes para ela, incentivando-a a experimentar de novo os mesmos sentime ntos da
época passada: tristeza, dor, medo, raiva, inveja. Se chorar, deixar que chore o quanto quiser, não
impedi-la, não tentar fazer que pare de chorar. Procurar consolá-la. Promover o apoio da turma. O
orientador deve ressaltar o crescimento, o aumento da força, o progresso, a superação das fases
difíceis. Será importante que a criança receba ao menos um pouco daquela compreensão, presença,
carinho, solidariedade que possivelmente lhe faltaram um dia.
Comentar ao final: Isso deve ter sido muito triste para você. Veja, no entanto, que tudo já
passou. Você já cresceu, tem uma professora que gosta de você, tem coleguinhas com quem você
brinca... Você pode pensar no seu passado, lamentá-lo, mas não deixe que ele estrague seu
presente. Pensar mais no dia de hoje e no futuro.
30
Lição C-9
Quem sou eu
A criança e o seu projeto. O que ela gostaria de fazer. O que ela pretende ser. Crescer é bom,
não é? Também dá um pouco de medo às vezes.
31
Lição D-1
32
— Vejam vocês. Todas as mamães fazem coisas que a gente gosta. E fazem coisas que a
gente não gosta. Às vezes elas fazem coisas que a gente não gosta porque precisa. A ge nte não
gosta de tomar injeção, mas precisa. Outras vezes a mãe faz coisas que a gente não gosta por erro
dela. Porque ela não sabe fazer as coisas certas. Porque não ensinaram a ela como tratar os bebês,
como tratar as crianças. Mas elas não erram por querer. Elas querem fazer só o que é bom para o
bebê, para o filhinho ou a filhinha.
Aviso aos pais. Vamos falar dos aspectos negativos da mãe. Às vezes, ela faz coisas que o
bebê não gosta (dar um remédio amargo, uma injeção). Às vezes, a mamãe está cansada,
irritada e perde a paciência. Mas não é porque a mamãe não goste dele. A mamãe gosta mu ito
dele.
33
Lição D-2
— De onde vocês vieram? De uma árvore? Mamãe comprou vocês num supermercado?
— Vocês vieram da mamãe. No começo vocês eram uma coisinha pequenininha, menor que um
grão de arroz. Aí vocês foram crescendo. (Mostrar figuras de nenês na barriga da mãe.) Crescendo.
E um dia vocês nasceram. Saíram da mamãe.
— Que trabalho que a mamãe teve durante a gestação, enquanto vocês estavam lá dentro. Ir ao
médico para ver se estava tudo bem com vocês. Comer bastante para vocês crescerem fortes.
Fazer roupinhas. Comprar cobertores, fraldas, bercinho, brinquedos.
— Aí a mamãe foi para o hospital para o médico bonzinho ajudar você a sair.
— Depois a mamãe e você foram para a casa. Lá uma porção de gente foi ver você. E eles
diziam: que nenezinho bonitinho. Que nenezinha bonitinha. Todo o mundo queria pegar você,
carregar no colo.
—Aí a mamãe dava de mamar... uma porção de vezes por dia, para você. De noite ela
acordava porque você estava com fome e ela não queria que você ficasse com fome. Acordava
para dar de mamar para você.
— E você durante o dia sujava uma porção de vezes a fralda. E ela trocava você, para você
ficar limpinho. Pra você ficar limpinha.
— Às vezes você ficava doente. E ela dizia: coitadinho de meu bebezinho. Vamos levar o meu
fofinho, a minha fofinha para o tio médico fazer que ele ou ela fique bonzinho, boazinha.
— Quantas vezes você ficava chorando a noite inteira e ela não podia dormir. Ficava tomando
conta de você, carregando você no colo e dando remedinho. Então, a mamãe não é boazinha?
Observação. Um problema que pode se apresentar em relação a este tema é de alguma criança
ter uma mãe cujo comportamento apresente falhas graves, seja devido a ignorância, ou a problemas
psicológicos. Neste caso, a orientadora tentará fornecer explicações para as possíveis falhas da mãe
(jamais lançando a culpa na criança) e oferecer palavras de conforto até onde for possível: agora
isso já passou, você já cresceu, tem amiguinhos que gostam de você... Se possível, com muito jeito,
conversar com a mãe e indicar que consulte um psicólogo.
Aviso aos pais. Tema dado: a mãe é boa. Conte quantas coisas boas você fez e faz para ele.
Não diga que ele deu muito trabalho. Diga que tudo o que você fez foi por amor, com alegria,
porque queria que ele fosse feliz. Demonstre carinho, afeto para com ele. Pegue-o no colo.
Beije-o. Converse com ele. Talvez, se for o caso, reconheça possíveis falhas suas.
34
Lição D-3
35
Lição D-4
— Às vezes um indivíduo se acostuma a ver a mulher de maneira negativa. Não falamos de uma
mulher ou outra. São todas as mulheres. Para esse indivíduo, nenhuma mulher é legal. Tudo o que
elas fazem é errado, é mau.
— Isto acontece porque quando ele era criança ou nenê, sua mãe não soube ou não pôde dar a
ele um cuidado adequado, cheio de carinho. Talvez sua mãe naquela época esta va com algum
problema especial. Pode ter sido uma dificuldade econômica na família, ou uma doença.
— Essa pessoa formou, então, o conceito de que a mãe não era boa para ele. Como as
mulheres são parecidas com a mãe, ele começa a pensar que todas as mulher es não serão boas. E
passa a só observar os aspectos negativos delas. Isso vai acontecer em relação às colegas de classe,
às irmãs, tias, avós, colegas de trabalho, às namoradas, companheiras ou esposas.
— As coisas pioram um pouco porque, ao julgar que as mulheres são ruins, esse indivíduo vai
também tratá-las de modo agressivo. E, como contrapartida, receberá por parte delas também um
tratamento agressivo. Para ele isso confirma sua impressão inicial. Não percebe que elas estão
apenas reagindo a um comportamento negativo dele. Não entende que, se elas fossem bem tratadas,
iriam responder de uma forma positiva.
— Como se pode ver, esse conceito ruim da mulher irá estragar toda a vida do sujeito. Irá
colocá-lo em contínuo conflito com elas.
— É importante, então, que a pessoa que formou esse conceito se convença de que está
errado. E comece logo a observar que a mulher é, de modo geral, boa. Será preciso que ele passe
reparar muito nos aspectos positivos dela. E não dê tanta importância aos aspectos negativos, como
vinha fazendo continuamente. Isto vai melhorar seu relacionamento com elas. E logo, logo ele vai se
convencer de que realmente estava errado.
Note-se que nós não estamos afirmando que as mulheres são perfeitas. Elas têm seus defeitos,
como também os homens têm. Elas erram com freqüência. Mas, de modo geral, seu
comportamento, suas intenções são positivas.
Este tema deve ser repetido várias vezes durante todo o ano, de formas diversas. Observe-se,
ainda, que o problema acima analisado pode encont rar-se tanto em um menino como em uma
menina. Estas também podem formar conceitos maus da mulher, o que irá dificultar seu
relacionamento com as colegas e, particularmente, dificultará a formação de seu autoconceito.
36
Lição E-1
— Toda a criança, além de uma mãe, tem também um pai. A mãe cria o nenê na barriga e trata
dele dando de mamar, fazendo-lhe a higiene etc. Em geral ela cuida da casa e, às vezes, também
trabalha fora.
— O pai providencia o dinheiro para pagar os gastos da família. Em relação ao bebê, ele é uma
pessoa também muito importante. Ele é o seu amigo e protetor. O bebê precisa de seu amor, de sua
atenção, de seu apoio.
— Os bebês, em geral, recebem essa atenção, esse amor do pai. Mas não é sempre. Muitas
vezes esse amor, essa atenção não são suficientes. Existem mesmo pais que nem sabem que
precisam demonstrar para o bebê o quanto eles o amam. Eles pensam que basta gostar, não precisa
demonstrar.
— Sem receber as demonstrações de afeto, os bebês ficam tristes. E passam mesmo a sentir
raiva do pai. Eles têm toda a razão. Hoje os psicólogos já insistem com os pais para que eles
carreguem os bebês no colo, levem os filhinhos passear, brinquem, conversem com eles. E muitos já
estão fazendo isso.
— Se o seu pai não demonstrou muito afeto para você, você tem toda a razão para ficar
chateado e para bronquear com ele. Não se sinta culpado por isso. Se achar que vale a pena, fale
com ele, explique a ele o que você está sentindo. Ou peça que uma outra pessoa fale com ele por
você.
— Se isso não der resultado, procure se convencer de que não vai adiantar ficar cobrando essa
dívida passada. Se ele não cumpriu com todo o seu papel, certamente foi porque não conseguiu.
Não estava ao alcance dele. É provável que ele próprio tenha recebido menos afeto do que deu a
você. Não fez mais porque não pôde ou não sabia.
— Procure olhar para a frente. Não pense agora que todos os homens são maus. Não fique
observando só os aspectos negativos deles. Insista em ver o que eles fazem de bom e responda com
atitudes positivas.
Este tema deve ser relembrado várias vezes durante o ano
37
Problemas que podem ocorrer: separação dos pais ou o pai ter falecido. Adiante será tratada a
separação dos pais.
38
Lição E-2
— Logo que você nasceu, você só conhecia uma pessoa. Quem? A mamãe. Toda a hora ela
dava de mamar para você, trocava suas fraldas. Pegava você no colo.
— Depois você foi crescendo e aí você certamente conheceu uma outra pessoa. Que m era?
— O papai. O papai já vivia com a mamãe. Ele ajudava a mamãe a cuidar de você. Às vezes
ele levava você para o médico dar remédio para você sarar.
— O que mais faz o papai? Ele trabalha para ganhar dinheiro. Ele levanta cedo, e vai para o
serviço. No serviço tem vários tipos de trabalho para fazer. (Exemplificar.)
— Que trabalho faz seu pai ?
— O papai é bom porque se ele não trabalhasse ele não teria dinheiro para comprar comida
para você. Não teria dinheiro para pagar o aluguel ou para comprar a casa em que você mora.
— É o papai também que protege você. Não deixa que os moleques batam em você.
— O papai deve ser seu amigo. Alguns são muito bons. Conversam com os filhos. Ensinam o
que eles podem fazer e o que não podem. Dão bons conselhos.
— O papai é homem. Quando o menino crescer, vai ser homem como o papai.
— Quando o papai é bom, a menina gosta dele também. Quando ela crescer ela vai poder
namorar um outro homem como ela gosta agora do papai.
— Às vezes o papai não é muito bom. Ele gosta dos filhos, mas não sabe mostrar para os filhos
que gosta deles. Procure sempre ver o que o pai faz de bom para você. Se ele faz alguma coisa que
você não gosta, fale com ele. Se não der certo, procure esquecer e se lembrar só do que ele faz de
bom.
Aviso aos pais. Vamos falar do pai. O pai é muito importante para a criança. Deve estar
continuamente presente na vida dela. Deve ser um grande amigo dela. Conversar com ela.
Passear com ela. Brincar com ela. Pegá-la no colo. Nos casos de separação, seria importante
que algum homem (avô, tio, amigo) tomasse as vezes dele, ao menos em parte.
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Lição E-3
O pai - os homens
— O pai deve ser um amigo da criança. Deve tratá-la com afeto, com carinho. Às vezes, no
entanto, o pai não faz isso. Ele está sempre de mau humor, é agressivo, autoritário, não gosta de
ouvir as razões dos outros. Ou pelo menos ele é uma pessoa sem afeto, frio, distante. É como se ele
não existisse.
— Nesses casos, a criança pode fazer do pai uma m i agem ruim. Vai guardar que ele é uma
pessoa sem afeto, difícil de tratar. Ou que ele é agressivo, perigoso.
— O que pode ocorrer, então, é que essa criança passe a ver todos os outros homens como se
eles fossem iguais ao seu pai. Começa a achar que os colegas da rua, da escola ou do trabalho são
todos indivíduos chatos, agressivos, perigosos. E aí não vai gostar deles, vai sentir raiva deles, ou
medo.
— A partir desses sentimentos de raiva e de medo, o suje ito começa a ser também uma pessoa
agressiva. Passa a provocar todo o mundo, a querer brigar. Ou então torna -se tímido, sempre à
espera de que vai receber uma agressão, uma bronca a qualquer hora.
— Esse sujeito precisa se convencer de que ele está tendo uma visão errada da realidade. Os
homens não são todos chatos, nem agressivos. Quase sempre, cada um está cuidando de sua vida.
Não está provocando ninguém. E muitos deles são amigos, cooperam, seja no esporte, no estudo,
no trabalho. Todos precisam ter amigos. Não é só você. Os outros também. Então, é só começar a
reparar mais nos aspectos positivos deles. E não dar a importância que você vem dando aos
aspectos negativos que eles possam apresentar.
— Antes de pensar que uma pessoa é má, chata, procure ver se você a tratou bem. Talvez seu
modo de comportar-se em relação a ela não foi muito bom. Mostre-se amigo e certamente as coisas
vão ficar mais fáceis.
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Lição F-1
Mãe - pai
— A mamãe faz uma porção de coisas para o bebê. Pega -o no colo. Dá-lhe de mamar. Dá
banho. Troca as fraldas.
— E o nenê gosta disso. Fica alegre, fica feliz com o carinho da mamãe.
— O nenê aprende que a mãe gosta dele. Mas ele começa a perceber que ela gosta também de
outras pessoas. Gosta do papai do nenê. Conversa com ele. Ela beija o papai. Dorme com ele na
mesma cama.
— Aí o bebê fica chateado. Fica com raiva cada vez que a mamãe conversa com o papai. Não
gosta que a mãe beije o papai. Quando ela dá atenção para o papai, o nenê começa a chorar. E
começa a fazer manha, a brigar com o pai ou com a mãe. Ele está com medo de que a mãe deixe de
gostar dele. Quando chega a noite, começa a dizer que está com medo de dormir sozinho só para ir
para a cama da mamãe.
— O nenê quer a mamãe só para ele. Quer que ela só preste atenção nele. Só olhe para ele. Só
converse com ele.
— Agora vocês já não são bebês. Vocês já cresceram. São menininhos e menininhas. E já
podem compreender que a mãe deve gostar de todo o mundo. Deve gostar de vocês. Mas deve
gostar dos outros também, especialmente do papai que é bom para ela e para vocês também. Não é
porque a mamãe gosta dos outros que ela não gosta de vocês.
— Vocês podem ficar tranqüilos. A mamãe gosta muito de vocês (mesmo que às vezes não
saiba ou não possa mostrar isso). Assim, vocês podem deixar que elas gostam também do papai.
41
Lição F-2
Irmãos - Pais
Pressupostos: Por algum erro de tratamento dos pais, uma criança pode
começar a sentir que está recebendo uma quantidade de afeto
insuficiente. Com o tempo, ela termina por não reparar mais em qualquer
demonstração de afeto que os pais façam em relação a ela. Mas ela repara
muito bem em todas as ocasiões em que os pais dão atenção ou afeto
para os outros. Ela começa a interpretar, então, que os outros estão
roubando o afeto que deveria ser dado a ela. E passa a culpar a eles pela
sua infelicidade. Como conseqüência, desenvolve uma carga de
agressividade, de inveja, de ciúmes em relação às pessoas que recebam
atenção, que recebam afeto. Estas reações agressivas podem ser sentidas
mais tarde como más e provocar sentimentos de culpa.
Objetivos: 1. Devolver à criança a capacidade de perceber as
demonstrações de afeto dos outros em relação a ela. 2. Demonstrar que
as pessoas que recebem afeto não são culpadas, não são a causa de seu
sofrimento. 3. Esvaziar os sentimentos de culpa.
42
Lição F-3
Irmãos - Pais
Pressuposto. Se a criança sentir que seu irmão está recebendo mais af eto
que ela, pode tentar copiá-lo, procura ser igual a ele.
Objetivo. Levar a criança a conscientizar-se dessa possível ocorrência e a
reparar no afeto que está sendo dado a ela.
— Às vezes a criança pensa que a mãe e o pai gostam mais do irmão dela. Então a criança
pensa: vou ser igual ao meu irmão. Assim a mamãe e o papai vão gostar de mim.
— Tem o caso da criança que ganha um irmãozinho ou irmãzinha. Se ela vê a mãe dar de
mamar para o irmãozinho ou irmãzinha, ela também quer voltar a mamar. Quer voltar a tomar
mamadeira. Se ela vê que a mãe troca fralda toda a vez que o irmãozinho faz xixi, ela também
começa a fazer xixi na cama, para a mãe dar atenção a ela, para trocar a roupa dela, para todo o
mundo falar dela.
— Às vezes o menininho tem uma irmãzinha. E ele pensa que a mãe gosta mais da irmãzinha.
Então ele pensa: eu vou ser igual à minha irmãzinha para a mamãe também gostar mais de mim. E faz
tudo como a irmãzinha faz. Não está certo. Ele precisa começar a reparar que a mãe gosta dele
também. Vamos lembrar uma coisa boa que a mamãe faz para você?
Às vezes é a menininha que tem um irmãozinho. E ela pensa que a mãe gosta mais do
irmãozinho. Então ela procura fazer tudo o que o irmãozinho faz. Não está certo. Ela precisa reparar
que a mãe gosta dela também. Não precisa ser igual ao irmãozinho para a mamãe gostar dela.
Aviso aos pais. Vamos falar do ciúmes. Ter ciúmes não é mau. A criança que demonstra
ciú mes está revelando que não está certa do amor da mãe ou do pai. Ela está insegura. É
preciso tranqüilizá-la. Assegure a ela que você gosta muito dela. Que você gosta de todos. Que
não pode amar só a ela. Mas que ela é muito importante para você.
43
Lição F-4
— Há alguns anos atrás o papai era bem jovem, era um rapaz e vivia com os pais dele. A
mamãe também era uma garota e vivia com os pais dela. Esse rapaz e essa garota um dia se
encontraram. Gostaram um do outro, namoraram e se uniram para formar uma nova família.
— Em geral eles continuam gostando um do outro. Às vezes, no entanto, algum tempo depois
do casamento, começam a aparecer problemas no relacionamento entre o pai e a mãe. São
pequenas discussões, brigas, ofensas. Com o passar dos anos, o clima em casa pode ficar tenso e
eles resolvem se separar.
— Nessas ocasiões, a criança sofre bastante. Ela precisa de um ambiente de tranqüilid ade, de
amor para se desenvolver. Ela precisa tanto da mãe quanto do pai. Ela quer que tanto um como o
outro sejam bons para ela. E não suporta ver os dois brigando. A criança sofre por ver um deles
ofendido pelo outro. E as coisas pioram quando um dos pais força a criança a tomar partido nas
brigas entre eles.
— Quando há separação, a criança sente falta daquele que foi embora, que deixou o lar.
— Essas situações são muito difíceis e não há muito o que fazer para melhorá-las.
— Em geral, a criança que tem esse problema em casa, pensa que isso só acontece com ela.
Não é verdade. Discussões, brigas dentro da família, separações dos pais infelizmente são
freqüentes.
— Se os pais brigam é porque apareceram problemas entre eles que eles não sabem resolver.
Isso pode acontecer com qualquer um. É preciso, então, tentar compreendê-los.
— Se em casa a situação não está boa, uma forma de compensar é voltar sua atenção para fora
de casa. Dedique-se mais aos estudos, aos esportes. Ligue-se mais nos seus professores, nos seus
colegas de escola. Procure apoio fora de casa. Tenha confiança em si. Você vai desenvolver bem
suas potencialidades e vai construir uma vida feliz para você.
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Lição F-5
— Às vezes a gente não gosta do que o outro faz e briga com ele. Já aconteceu isso com
vocês? Isso acontece com os nossos pais. Eles também brigam, discutem um com o outro de vez
em quando. Pode ocorrer até que essas brigas sejam tão freqüentes que eles acabem separando-se
um do outro. Nesses casos vamos chamar a atenção para um detalhe.
— Em geral a criança que vê seus pais discutindo, brigando, sofre. Não gosta disso. Se
pudesse, faria que eles parassem com as agressões mútuas.
— Às vezes, no entanto, acontece uma outra coisa. Vocês vão ficar surpresos do que eu vou
dizer.
— A criança quer receber afeto tanto da mãe quanto do pai. Em alguns casos, a criança
gostaria mesmo é que a mãe gostasse só dela. E que o pai também gostasse só dela. Por isso,
quando ela vê a mãe e o pai gostando um do outro, ela fica um pouco chateada.
— Se ela vê, então, os pais discutindo entre si, ela pensa: Isso é porque eles não estão
gostando um do outro. E ela fica, lá no fundo, até um pouco contente. Agora, a mamãe não está
gostando do papai. Está gostando só de mim. E o papai não está gostando da mamãe. Está
gostando só de mim. Era isso que eu queria. Pode até pensar que eles estão discutindo entre si, só
porque ela está gostando disso.
— Depois, ela começa a pensar: Mas o que eu estou sentindo, pensando e desejando é feio.
Como é que eu vou querer que minha mãe e meu pai briguem um com o outro? Como é que eu vou
querer ficar com a minha mãe só para mim? Como é que eu vou querer ficar com o meu pai só para
mim?
— E aí a criança começa a achar que, se ela tem esses pensamentos, ela é ruim. Merece
castigo. E fica com medo, angustiada.
— O que a gente quer dizer para vocês é que a criança que tem esses pensamentos não é ruim
não. Muitas crianças pensam da mesma maneira. É natural. Esses pensamentos vêm à cabeça
porque a criança está vivendo uma situação difícil. É uma situação irregular que está provocando
uma desorientação nela. É claro que esse é um pensamento só do momento. O que ela quer mesmo
é que os pais façam as pazes e vivam felizes, dando muito amor, muito carinho para ela.
45
Lição G-1
A agressividade
— Por agressividade entendemos uma forma de defesa pela qual procuramos provocar o
afastamento de um elemento que esteja ameaçando causar um prejuízo a nós ou a uma outra
pessoa. Essa forma de defesa pode ser feita de modo adequado, dentro de certos limites, ou de
modo inadequado, se for feita com violência.
— A agressividade realizada de modo adequado é uma forma legítima, boa, necessária de
defesa, que qualquer pessoa pode e deve usar, se for necessário. A agressividade realizada de
modo inadequado é má, condenável. Assim, se alguém pisa no nosso pé, é legítimo que gritemos
com ela ou que a empurremos, para nos livrarmos da dor, mas seria condenável se lhe déssemos um
soco na cara.
— Nós dissemos que a agressividade é uma forma de defesa necessária na vida, desde que seja
usada de forma adequada. Isso significa que o indivíduo que, mesmo podendo, nunca reage às
provocações, que permite sempre que os outros lhe causem prejuízo, não está agindo certo. Ele tem
deveres para consigo mesmo. E entre esses deveres está o de defender os próprios valores: sua
integridade, sua vida, seus bens. Se ele não se defende, ele pode estar mal orientado. Talvez ele
pense que sempre tem que parecer bonzinho para os outros. Talvez nunca deram valor a ele e ele se
convenceu de que não tem valor, não tem direito de se defender. Pode acontecer também que os
seus pais foram muito severos, para com ele. Aí ele cresceu tendo medo dos seus pais e tendo
medo de todo o mundo. Nestes casos é importante que ele comece a reparar, o quanto antes
possível, que ele tem coisas boas também. Ele tem valor. E que os outros também não são tão
perigosos como ele vem pensando.
46
Lição G-2
A agressividade - Riscos
— Nós definimos a agressividade como uma forma de defesa pela qual procuramos provocar o
afastamento de um elemento que esteja ameaçando causar um prejuízo a nós ou a uma outra
pessoa. Dissemos que existe uma agressividade boa, se realizada de maneira adequada, e uma ruim,
se realizada de maneira inadequada.
— Dissemos, também, que a agressividade é uma forma necessária de defesa. No entanto,
devemos observar aqui que, ao nos utilizarmos da agressividade, podemos estar provocando na
outra pessoa uma contra-reação. Se criticamos um erro de uma pessoa, esta pode responder,
defender-se ou nos criticar. Se empurramos um colega, ele pode nos empurrar também. Se dermos
um soco, podemos receber outro.
— Aqui nós queremos alertar para o fato de que, antes de usarmos da agressividade, devemos
considerar os possíveis riscos desse ato. Isto é verdade especialmente quando não conhecemos a
pessoa que nos está prejudicando. É muito comum, por exemplo, numa discussão, numa briga, que
um dos envolvidos perca a cabeça, descontrole -se e parta para a violência.
— Então, cada vez que for usar da agressividade, calcule até onde você pode ir. Conforme as
circunstâncias, pode ser melhor fazer de conta que não ligou para uma ofensa, ou mesmo sofrer
algum prejuízo, do que se arriscar a sofrer um dano maior. Às vezes, é melhor ter medo (que
também é uma forma importante de defesa) e sair de fininho. Você certamente já ouviu a frase: Mais
vale um covarde vivo do que um herói morto. Não precisa ser covarde, mas não se exponha a um
grande risco só para não parecer medroso.
— Essas observações são particularmente importantes no trânsito ou com pessoas alcoolizadas.
No caso de um assalto, a polícia sempre insiste que, em geral, o assaltado leva a pior se reagir. O
assaltante quase sempre está drogado, tem mais experiência no uso de armas e não pensa duas
vezes para puxar o gatilho.
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Lição G-3
Agressividade - Violência
— Às vezes a gente pensa que a violência é coisa de marginal, de bandido. Não é. A violência
pode estar também em nós mesmos, nos nossos familiares, nos nossos colegas de escola ou de rua.
— É violência quando os pais aproveitam-se da força física para bater nos filhos. Ou quando
não lhes permitem defender-se das imposições que eles, pais, lhes aplicam. Quando não dialogam
com eles.
— Somos violentos quando aproveitamos da fraqueza dos outros para impor nossa vontade.
Para tirar vantagem. É violência quando um aluno persegue o outro. Quando coloca a classe contra
um colega. Quando inventa coisas dele, quando o difama. Quando não respeita o modo part icular
de ser dele (cor, nacionalidade, classe social, nível econômico, preferência sexual).
— Também é violência quando o professor persegue um aluno. Quando deixa de dar sua
matéria de modo responsável. Quando não dialoga com a classe, mas prefere sempre impor sua
vontade.
— Na sociedade, são atos de violência, os assaltos, as brigas, os assassinatos. Também, não
pagar os impostos devidos, dirigir veículo sem estar em condições, colocando a vida dos outros em
perigo.
48
Lição G-4
Agressividade - Violência
49
em que começar a ver que as outras pessoas são capazes de muitas boas ações, ela sentirá menos
agressividade e passará mesmo a gostar delas.
50
Lição G-5
Agressividade
Intercalar as Lições acima apresentadas com outras em que sejam realizadas mesas-redondas e
trabalhos diversos (comp osições, recortes de jornais e revistas, murais, entrevistas) sobre a
Agressividade e a Violência. Distinções. Exemplos. Ligação com o álcool e os tóxicos.
51
Lição H -1
A fuga - O medo
.
— Em geral se critica quem tem medo, quem foge. Se a pessoa está sempre com medo, se está
sempre fugindo, de fato, existe alguma coisa de errado nela que precisa ser consertado. Muitas
vezes, no entanto, é importante que o indivíduo, se estiver frente a um perigo, sinta medo e fuja,
como meio de defesa. Não há nada de vergonhoso nisso. Como vocês já ouviram falar: Vale mais
um covarde vivo do que um herói morto. Não é o caso de ser covarde, mas de saber que muitas
vezes fugir de um perigo é o comportamento indicado.
— Há muitas formas de fuga: correr de um animal perigoso; esconder-se embaixo de uma mesa
durante um assalto a um banco; não responder a uma provocação, se achar que não vale a pena;
evitar a companhia de uma pessoa desagradável ou uma situação perigosa, quando isso é possível.
— A pessoa que não foge de alguns tipos de perigo, que não os evita, pode expor-se a graves
danos. É o caso do jovem que não evita a companhia de colegas que usam drogas. Que
experimenta drogas porque pensa que nunca vai se viciar. Que não toma cuidado numa relação
sexual, expondo-se a contrair doenças graves ou a provocar uma gravidez indesejada. Que participa
de brincadeiras arriscadas, como rachas.
52
Lição H -2
A timidez
— Nós vimos que ter medo e fugir, em determinadas ocasiões, é uma reação boa, necessária.
Já, a timidez é um medo habitual e excessivo. O tímido sente um medo grande a toda a hora. Diante
do professor, dos colegas, do pai, da mãe, de estranhos, de uma situação um pouco difícil, como,
por exemplo, uma prova.
— Esse aluno tímido nasceu assim? Ele é menos gente do que os outros? Não, ele é igual aos
outros. Apenas ele aprendeu que as pessoas são seres muito perigosos.
— É possível, por exemplo, que o pai dele fosse meio bruto. Estava sempre de mau humor,
gritava por qualquer coisa, batia. Não sabia dar afeto para os filhos, não sabia ser amigo deles. Esse
aluno aprendeu que o homem é um bicho perigoso. Agora, cada vez que está diante de um outro
homem, ele pensa que está em presença de alguma coisa perigosa. Fica esperando que já vai ouvir
uma repreensão, um grito, que já vai apanhar. Começa a achar que já está fazendo alguma coisa de
errado. E então ele sente medo e vontade de fugir.
— O que ele deve fazer, então, para acabar com essa timidez? Ele deve ir se convencendo,
todos os dias, toda a hora em que ele sentir medo exagerado, de que ele está errado. Ele deve
demonstrar para si que os homens não são perigosos como ele pensa. Eles não vão mo rdê-lo, não
vão gritar com ele, não vão bater nele. Ele é exatamente igual à pessoa que está na sua frente. Assim
como ele não é perigoso, as pessoas com quem ele se relaciona também não são.
— Também ele deve se lembrar que muitas vezes ele sentiu medo e nessas ocasiões nada de
mau aconteceu. E se alguma coisa de ruim aconteceu, foi exatamente porque ele ficou com um medo
exagerado e não soube se defender. Ele deve, em cada situação, deixar de se concentrar nos
aspectos negativos, e procurar ver melhor os aspectos positivos, tranqüilizadores.
53
Lição H -3
A timidez
54
Lição H -4
— O fumo, o cigarro causa um prazer, uma certa excitação em quem o usa. Mas, produz
também dois efeitos muito negativos. Em primeiro lugar, produz dependência. O indivíduo
acostuma-se com o cigarro e, depois, o organismo passa a exigir que ele continue fumando para
sempre.
— Em segundo lugar, com o passar do tempo, o cigarro produz uma série grande de
enfermidades muito graves. Entre essas enfermidades citam-se particularmente as moléstias
pulmonares e as cardiovasculares. Também o esôfago, o fígado e o estômago podem ser afetados.
— Parece que esses argumentos são suficientes para que qualquer pessoa procure evitar
totalmente o cigarro. Para muitos jovens, no entanto, fumar é uma forma de mostrar aos outros que
já são adultos, que são independentes, um modo de chamar a atenção. Um dia, talvez depois de um
enfarte, eles vão querer libertar-se desse vício, e aí vão descobrir que isso não é nada fácil. Exige
uma capacidade de autocontrole muito grande. Nessa hora, estarão arrependidos de ter começado
com esse hábito.
— Tomar bebida alcoólica com moderação traz prazer e, de si, não é condenável. Passa a ser
um comportamento ruim se transformar-se numa dependência. E ele se torna uma dependência
quando é usado para compensar problemas psicológicos. É o caso do indivíduo tímido que se
liberta de seu medo depois de algumas doses. Já, para alguns, parece que a garrafa de bebida faz o
papel da mamadeira que foi insuficiente quando eles eram bebês. Esses problemas são resultado de
uma visão negativa de si mesmo, do homem, da mulher, da alimentação, da sexualidade, da
agressividade. Com essa visão o indivíduo tem dificuldades para atuar na realidade, fica confuso,
fracassa, e então procura compensação no prazer da bebida.
— Em relação às drogas pode-se afirmar quase tudo o que falamos do álcool. (Repetir.) Deve-
se acrescentar, porém, que tomar uma droga é sempre um ato de imenso perigo. As possibilidades
de desenvolver uma dependência são muito maiores e essa dependência se faz sentir com tanta
força que é extremamente difícil libertar-se dela. Mesmo a maconha que parece não causar
dependência, deve ser absolutamente evitada, porque muitas vezes é o caminho para experime ntar
drogas mais fortes. O garoto e a garota devem evitar totalmente a companhia de jovens drogados,
pois um dia poderão não resistir a uma provocação desses colegas e iniciar um caminho sem volta,
que o levará para a destruição. Se, dentro de uma escola, souberem da existência de colegas
viciados ou que estejam passando drogas para os outros, é obrigação participar para a direção,
para que esta possa prestar ajuda a esses indivíduos que se encontram em tais dificuldades.
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— O caminho de um sujeito para as drogas pode ser um ato de imprudência, uma curiosidade,
a ilusão de que com ele não vai acontecer o mesmo que ocorre com os outros. Com muito mais
freqüência a pessoa entra para o mundo das drogas, no entanto, por problemas emocionais. Por
uma visão negativa do mundo, por uma sensação contínua de abandono, de tristeza, pela
impossibilidade de sentir prazer na vida. O meio de evitar esse caminho será, então, a mudança da
visão do mundo, seja por um esforço próprio, seja pela procura do apoio de um psicólogo.
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Lição I-1
Sexualidade
— Aqui temos uma porção de meninos e uma porção de meninas. Os meninos são homens. As
meninas são mulheres.
— Os meninos são homens como o papai, como o titio, como o vovô. E as meninas são
mulheres como a mamãe, a titia, a vovó.
— Quando o menininho cresce, ele fica um rapaz, um moço. E quando a menininha cresce, ela
fica uma moça. Aí um rapaz e uma moça começam a gostar um do outro e começam a namorar.
Depois de um tempo de namoro, eles se casam. E têm filhos.
— Quando o menininho ainda é muito pequeno, ele gosta muito da mãe. Às vezes ele gosta
tanto da mãe que ele até fica com ciúmes e raiva do pai, cada vez que o pai fala com a mãe, beija a
mãe ou vai dormir com a mãe. Ele gostaria de ficar com a mãe só para ele. De noite, quando a mãe
vai dormir com o pai, ele fica triste, com raiva ou com medo. Mas não é preciso ficar triste, não. A
mamãe gosta dele também. E ele tem outras coleguinhas na escola. Pode gostar delas. E quando
crescer, vai poder namorar e casar com uma menina de quem ele goste.
— A menininha, quando ainda é bem pequena, gosta muito do pai. Às vezes ela gosta tanto do
pai que até fica com ciúmes, com raiva da mãe cada vez que ela fala com o pai, beija o pai, ou vai
dormir com o pai. Ela gostaria de ficar com o pai só para ela. De noite, quando o pai vai dormir
com a mãe, ela fica triste, com raiva e com medo. Mas não é preciso ficar triste. A mãe gosta dela
também. E ela tem os coleguinhas na escola. Pode gostar deles. E, quando crescer, vai poder
namorar e casar com um garoto de quem ela goste.
Aviso aos pais. Vamos passar aos alunos algumas noções sobre sexualidade. Se seu filho se
referir a esse assunto, procure responder com naturalidade. Não o proíba de falar sobre esse
tema.
57
Lição I-2
Sexualidade
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Lição I-3
Sexualidade
— A sexualidade tem dois aspectos. Um físico e um psicológico. Esses dois aspectos estão
intimamente interligados. Um não será completo sem o outro.
— A parte física envolve a união íntima entre dois corpos. Ela está ligada à experiência de um
grande prazer.
— Essa união, no entanto, para ser completa, precisa estar acompanhada de uma ligação
afetiva entre as duas partes. Quando há um grande entendimento, uma grande ligação, um grande
amor entre as duas partes, aí a experiência sexual produzirá o maior prazer possível, tanto para uma
parte como para a outra.
— Isso significa que, na vivência do dia-a-dia, tanto o homem como a mulher devem respeitar
um ao outro. Procurar saber o que agrada e o que desagrada ao outro. Por exemplo, é preciso
saber que não só o toque físico, mas também as palavras são elementos importantes, tanto na
atividade diária como na própria atividade sexual.
— Lembramos aqui um detalhe da psicologia feminina na atividade sexual. Em geral, para o
homem, com o orgasmo, ele termina sua atividade sexual. Vira-se para o outro lado e dorme. Já a
mulher gostaria que, após o orgasmo, as carícias prosseguissem por um certo tempo. A falta deste
prolongamento traz frustrações a ela, é como se o ato sexual tivesse sido interrompido antes de
terminar.
— Pode acontecer também que o rapaz às vezes não esteja disposto a praticar o ato sexual. Ele
pode, então, não ter a ereção. Nesses casos, ele não precisa preocupar-se. Não precisa forçar-se.
Ele pode provocar o prazer na mulher com as mãos, e usando de palavras excitantes. Às vezes,
nessa atividade, ele mesmo acaba se interessando pelo assunto e participando mais diretamente. É
importante lembrar que o problema de um não deve levar o outro a uma frustração. Pelo menos,
que isso não seja freqüente. Essas observações valem também para a mulher, em relação ao
homem. Ela também pode fazer que ele atinja o prazer, sem que haja o ato sexual completo.
59
Lição I-4
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relações sexuais, particularmente fora do casamento ou de uma união estável. Usar ou não usar o
preservativo pode significar a vida ou a morte ou, pelo menos, um sofrimento muito grande.
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Lição I-5
— Continuando a lição anterior, vamos falar hoje de mais alguns aspectos que dizem respeito
ao tema da sexualidade.
— Masturbação. Até há alguns anos atrás havia a crença entre garotos e garotas de que a
masturbação causava problemas de saúde. Hoje ninguém mais acredita nisso. É uma lenda. A
masturbação não traz fraqueza nem doença alguma. Produz um prazer que qualquer pessoa pode
procurar. O que acontece é que algumas religiões não são muito favoráveis à prática da
masturbação, ensinando que toda a atividade sexual deve ser praticada dentro do casamento. Em
relação a esse aspecto, a decisão cabe ao indivíduo que segue essas religiões.
— Impotência Um problema que pode afetar um garoto é o de não ter ereção do pênis na hora
do relacionamento sexual. Em geral se trata apenas de falta de experiência, de uma insegurança que
são superados com o tempo, se ele não se deixar impressionar com esses primeiros insucessos.
Uma estratégia boa para resolver esse problema é ir para o ato sexual, sem intenção de realizar a
penetração. Ficar apenas em brincadeiras, em troca de carinho. Com o tempo irá perceber que o
seu problema vai deixar de existir.
— Ejaculação precoce significa a emissão do sêmen antes da introdução do pênis na vagina ou
logo depois da introdução. As causas podem ser as mesmas apontadas na impotência — falta de
experiência, insegurança — e desaparece após as primeiras experiências sexuais. Sempre é
importante procurar não se preocupar. É preciso se lembrar que para fazer alguma coisa nova na
vida, a gente precisa treinar. Isso aconteceu para você aprender a andar, a comer e a falar. E isso se
repete no relacionamento sexual.
— Às vezes, tanto na impotência, como na ejaculação precoce pode estar envolvido algum
conceito fundamental inadequado. O garoto pode ter aprendido na infância que a mulher é um ser
frustrador e agora não quer dar prazer a ela. Ou aprendeu que a mulher é mandona, autoritária,
exigente. E está com um pouquinho de medo dela. Ainda, pode achar que ele não tem muito valor
para os outros, pode não ter muita confiança em si. Nesses casos, é preciso um trabalho de mudar
esses conceitos. Começar a observar que a mulher é diferente do que ele pensa. E ele também tem
valor. Com esses exercícios o medo dele irá diminuindo, seu afeto pela mulher irá aumentando, ele
irá ganhando cada vez mais confiança em si. Também pode aparecer na idéia a lembrança de um pai
autoritário, como se ele tivesse ali presente censurando o relacionamento sexual. Aqui é preciso ver
que tudo isso é bobagem. Se ele estivesse presente, estaria até dando apoio ao que o filho está
fazendo.
— A frigidez ocorre quando a mulher não sente prazer no relacionamento sexual. As causas são
semelhantes as acima analisadas. Falta de experiência, tensão, inibição, que desaparecem com o
tempo. Ou são conceitos fundamentais inadequados. A imagem do homem como um ser frustrador.
Ou como um ser perigoso, autoritário. Nesses casos, a raiva, o medo inibem a sensação do prazer.
Também a garota pode estar se vendo como um ser sem valor e a insegurança que esse conceito
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produz atrapalha o seu desempenho. Em todos esses casos, a solução está em modificar esses
conceitos. A pessoa que está com ela não é frustradora, não é perigosa, e ela deve ter valor, caso
contrário, não estaria ali. A lembrança inconsciente de uma mãe autoritária, que estaria censurando o
seu ato pode ser combatida com a conscientização de que hoje a situação não é a mesma de sua
infância. O ato sexual não é condenado socialmente, ao contrário, é valorizado.
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Lição I-6
Namoro, Casamento
— O namoro é uma forma de se preparar para o casamento ou para uma união mais
duradoura. Desse casamento ou união em geral nascem os filhos. A constituição da família envolve
vários fatores que é preciso analisar para que os resultados sejam felizes.
— O casamento significa uma expectativa de viver junto com uma outra pessoa por toda a vida.
Essa expectativa terá tanto maior probabilidade de se realizar, quanto maior for a afeição, o amor, o
carinho, a compreensão que o homem e a mulher tiverem um pelo outro. Precisa ser dos dois. Só o
afeto, a paixão de um não basta. Pior ainda se o amor dos dois um pelo outro, for fraco, se não
houver compatibilidade de gênio, se houver mesmo, junto com a afeição, uma certa hostilidade de
um para com o outro. Nesses casos, os problemas que normalmente aparecem numa família se
encarregarão de promover a separação dos dois. Se agora o amor não existe, não se pense que ele
vai aparecer com o tempo. Que um vai corrigir determinados comportamentos desajustados do
outro (falta de gosto pelo trabalho, dependência do álcool ou das drogas, infidelidade habitual). Os
casamentos em que um se une ao outro para "ajudá-lo" a superar um problema, por "dó" dele ou
dela, de modo geral não dão certo.
— A geração e a educação dos filhos são algumas das finalidades do casamento. Em vista
disso, é preciso assegurar uma razoável expectativa de que união do casal vai ser durável. E de que
haverá possibilidade para arcar com os gastos que o nascimento e os cuidados com um bebê
envolvem.
— No relacionamento entre os dois, será importante que eles se esforcem a cada dia, a cada
hora e minuto, para serem cordiais, para serem criativos, para se preocuparem a todo o momento
com o bem-estar um do outro. Se fora de casa, na rua, no trabalho, nós procuramos nos controlar,
mostrar boa educação, é importante que em casa também nos comportemos da mesma fo rma. Não
é porque estamos em nossa casa que podemos soltar nosso mau humor para cima dos nossos
familiares. Ao contrário, são eles que merecem nosso maior esforço para controlar nossos defeitos e
para mostrar nossas virtudes.
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Lição I-7
Homossexualismo
— O homossexual é aquele que tem atração sexual pelas pessoas de seu sexo. Pode ser
masculino ou feminino.
— É importante notar, logo de início, que essa atração não é resultado de uma opção do
homossexual. Não resulta de uma escolha dele. Ele não é homossexual só porque quer. Se não
quisesse, não seria.
— As pesquisas até hoje realizadas têm demonstrado que o homossexual é, do ponto de vista
orgânico, igual aos heterossexuais (os que têm atração sexual pelas pessoas do outro sexo). Eles
têm as mesmas características orgânicas básicas dos heterossexuais.
— Certos autores dizem que alguns indivíduos são homossexuais devido a uma tendência, a
uma orientação genética especial. Eles possuiriam uma composição de genes diferente das pessoas
heterossexuais e, então, seus impulsos sexuais seriam orientados de modo diferente.
— De acordo com o nosso ponto de vista, parece mais provável que o homossexualismo
resulte de um bloqueio emocional. Em certos indivíduos, os sentimentos que eles deveriam dirigir
para as pessoas de outro sexo, por algum motivo, foram bloqueados. E, em razão desse bloqueio,
esses sentimentos se voltam para as pessoas do mesmo sexo.
— Por que esses sentimentos seriam bloqueados?
— Antes de apresentarmos nossa explicação, vamos avisar a vocês que não devem começar a
encucar com o que vamos dizer. Não precisa ficar se perguntando: Será que eu tenho esse
bloqueio? Será que o que ele está falando é para mim? Nós vamos falar de vários fatores que
podem bloquear o impulso heterossexual. No entanto, alguém pode ter todos esses bloqueios que
vamos citar e, no entanto, não ser homossexual. Certamente, cada um desses bloqueios vai causar
algum tipo de problema para o indivíduo. Mas esse problema pode ser um outro, bem diferente do
homossexualismo.
— Um primeiro caso em que o indivíduo pode ter seus impulsos heterossexuais bloqueados é
quando ele forma das pessoas de outro sexo o conceito de que são más, perigosas, violentas. Ou
que as pessoas de outro sexo são sem afeto, sem valor, que não merecem amor. Esses casos
aparecem quando a mãe foi muito agressiva com o filho ou o pai foi muito agressivo com a filha. Ou,
então, quando a mãe não conseguiu mostrar afeto para o filho. Ou o pai não conseguiu mostrar afeto
para a filha. Se o indivíduo acha que as pessoas de outro sexo não são boas, ele terá dificuldade de
amá-las, ele vai ter medo ou ter raiva delas. Nesses casos, seu impulso sexual pode ficar bloqueado
e desviar-se para as pessoas do mesmo sexo.
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— O segundo caso pode acontecer quando o pai foi sempre agressivo com o filho. Aí o filho
começa a pensar que o pai e os homens em geral são contra a sexualidade dele. Que o pai quer a
mãe só para ele. Que os outros homens querem as mulheres só para eles e proíbem a ele de ter a
sua.
— Quando a mãe foi agressiva com a filha, da mesma forma, esta poderá sentir que a mãe quer
o pai só para ela e não permite que a menina também goste do pai. Pode pensar que as outras
mulheres querem os homens só para elas e não vão permitir à menina ter o seu namorado. Aí, com
medo, ela deixa de gostar dos rapazes e passa a gostar das meninas.
— Voltamos aqui a advertir que meninos e meninas puderam ter pais que falharam desses
modos ao educar seus filhos e, no entanto, estes não serem homossexuais.
— Qualquer que seja sua causa, um ponto importante a se guardar é que o homossexualismo é
o modo possível de vida de um bom número de pessoas. Eles não se comportam de forma diferente
dos outros por quererem, por livre escolha, da mesma forma que os heterossexuais não preferem as
pessoas de outro sexo por livre escolha. Mesmo que queiram, elas não podem mudar seu modo de
ser. Os homossexuais devem, então, ser tratados com todo o respeito, sem nenhuma discriminação.
A preferência homossexual de um indivíduo é assunto dele e não pode nunca ser objeto de crítica,
de provocação, de discriminação, de zombaria, de ofensa. Tanto os heterossexuais como os
homossexuais têm direito a viver suas tendências, a procurarem ser felizes do modo como cada um
deles é. Devemos lembrar que grandes figuras da história foram homossexuais e deram valiosíssimas
contribuições à humanidade.
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Lição I-8
Abuso sexual
— Quando um adulto ou um jovem força uma criança, um garoto ou uma garota a praticar sexo
com ele, é um abuso sexual. Ele pode usar da força física, de ameaças ou tentar cons eguir o que
quer por meio de doces e presentes.
— Esse comportamento do adulto ou do jovem constitui um crime. Ninguém pode ser forçado
a praticar sexo. A criança não está ainda preparada para a vida sexual. Ela não tem conhecimentos
suficientes para viver essas experiências. Ela pode aceitar essa prática por ingenuidade. E essas
experiências podem marcá-la por toda a vida.
— Em matéria de sexualidade, vocês devem estar alertas. Não é o caso de ficar desconfiando
de todo o mundo. Mas se perceberem de parte de um colega mais velho, de um conhecido, de um
parente alguma atitude estranha, é bom tomar cuidado. Sentindo-se ameaçados ou se houver
violência da parte de alguém, procurem alguma pessoa de confiança e peçam ajuda. Pode ser
alguém da família, da direção da escola, um médico. Existe também este telefone ( ) que vocês
podem usar em qualquer ocasião em que se sentirem em perigo.
— De modo particular, tomem cuidado com pessoas estranhas. Nunca aceitem convites de
desconhecidos para se distanciar de casa, para entrar no carro de um desconhecido.
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Lição J-1
Socialidade - Em casa
— O homem é um ser social. Ele precisa viver junto com outros seres humanos para manter sua
vida, sua integridade, sua saúde, e para desenvolver suas potencialidades.
— Seus primeiros anos ele passa dentro de uma micro-sociedade, que é sua família. Aí ele vai
relacionar-se com seus pais, tios, avós, e com seus irmãos e sobrinhos.
— Dos mais velhos, a criança deve receber afeto, apoio, proteção, conhecimentos sobre a
realidade. Os irmãos mais velhos devem ter consciência da importância que eles representam para
os irmãos mais novos. Eles podem servir de companhia para eles, podem protegê-los, ensinar-lhes,
esclarecer dúvidas, participar em brincadeiras e jogos. Devem tomar cuidado para não se aproveitar
da maior força e experiência para impor sua vontade, para chantagear os irmãos mais novos.
Também, os irmãos mais velhos não devem mandar nos mais novos. Neste aspecto, pode haver
exceção nos casos de grande diferenç a de idade e na ausência ou falta dos pais.
— Os irmãos mais novos devem mostrar seu reconhecimento pelo comportamento cooperativo
dos irmãos mais velhos e retribuir com sua colaboração.
— Todos devem colaborar na manutenção da ordem, da limpeza da casa, e também na
economia, evitando estragar coisas.
— Esse tipo saudável de relacionamento se produzirá de maneira natural se os pais tiverem
dado aos filhos um tratamento adequado, acompanhado de muito afeto. No caso em que esse
tratamento não tenha sido bom, conceitos negativos podem ter se formado nos filhos, e o
relacionamento entre os membros da família se tornará problemático.
— Se esse conceito negativo for acerca dos pais, desenvo lver-se-á um relacionamento tenso
dos filhos para com os pais. Se o afeto dos pais para com o filho foi insuficiente, formar-se-á neste a
impressão de que os outros estão recebendo mais do que ele, e ele se sentirá inseguro, reagindo
continuamente com ciúmes, inveja e agressividade em relação aos irmãos. Os pais devem estar
atentos para a possibilidade de ocorrência desse quadro e os próprios filhos devem ter presente que
a impressão de que eles estão recebendo menos afeto do que os outros, e de que estes são
culpados pelo seu problema pode ser falsa.
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Lição J-2
Na sala de aula
— Quando o nenê começa a crescer, a mamãe e o papai pensam: está na hora de meu filhinho
ou minha filhinha ir para a escola. Na escola ele vai ter mais amiguinhos para brincar. Lá ele vai ter a
professora para cuidar dele. A professora vai ensinar a ele a escrever, a ler, e uma porção de outras
coisas.
— Foi isso que aconteceu com vocês? E vocês gostaram de vir para a escola? É, a escola tem
uma porção de coisas boas.
— Mas tem também umas coisas de que vocês não gostam muito. Por exemplo, vocês aqui na
escola ficam longe da mamãe. Vocês gostam disso? É, no começo é chato. Mas, depois, vocês
tornam-se cada vez mais fortes e não precisam mais ficar sempre perto da mamãe, grudados nela.
— Algum de vocês tem irmão? Onde ele está? Em casa? Junto com a mamãe? Você fica triste
porque gostaria de estar lá também junto com a mamãe? Tem medo de que a mamãe goste mais
dele? Não é verdade. A mamãe gosta muito de você. E foi por isso que ela colocou você na escola
para você crescer inteligente e ficar igual a ela e o papai. Quando terminar a aula você já vai estar de
novo perto dela. Aí você vai poder contar uma porção de coisas que você fez na escola.
— Aqui na escola, você gosta dos coleguinhas da classe? Você conversa com eles? Brinca com
eles? Mas, me diga uma coisa. Quando a professora fala com um seu amiguinho, você não fica com
um pouco de ciúmes? Com um pouco de raiva deles? Você não fica chateado de que a professora
dê atenção aos outros coleguinhas? Com um pouco de raiva dela? Você não tem medo de que a
professora goste mais dos outros alunos do que de você? Isso acontece com muitos alunos.
— Mas você não precisa ter medo. A professora gosta de todos os alunos. Ela gosta muito de
você. Eu estou aqui para ensinar você. Para ajudar você a crescer e ficar forte e inteligente.
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Lição J-3
Na sociedade
— À medida que cresce, a criança, o jovem vai-se integrando na grande sociedade. Nessa
sociedade ele vai ganhar novos conhecimentos, ampliar seu círculo de relacionamentos, encontrar
trabalho para prover seu sustento, constituir família. Enfim, nessa sociedade ele vai ter renovadas
possibilidades de desenvolver suas potencialidades.
— A sociedade em que ele vai viver é resultado de um longo processo de evolução. É produto
do trabalho de milhões de seres humanos que trabalharam para construí-la, para aperfeiçoá-la, para
descobrir formas de viver cada vez melhores. Os conhecimentos que temos hoje, o conforto, a arte,
o nível de vida, tudo isso é resultado do trabalho de uma porção de homens e mulheres que nem
sempre foram recompensados pelo esforço que desenvolveram. Você vai participar dessa
sociedade para usufruir dessas vantagens. Mas você pode perceber que também tem uma tarefa a
realizar. Essa tarefa é colaborar para que essa sociedade mantenha o grau de evolução que alcançou
e ajudá-la a dar mais alguns passos à frente.
— Não é possível construir uma sociedade se cada um puder fazer o que bem entender. Para
existir uma sociedade é preciso que haja organização dos participantes. Uma sociedade é
organizada por meio de leis. Essas leis foram estabelecidas por um acordo, por um consenso entre
os diversos grupos sociais. Essas leis podem ser discutidas, mas, enquanto estiverem vigentes, elas
deverão ser obedecidas. Só assim se mantém a ordem numa sociedade, só assim ela pode
funcionar. Lembremos três dos maiores princípios do direito:
• Deve-se respeitar o que é de cada um.
• O direito de um vai até onde começa o direito do outro.
• Ninguém pode alegar que não conhece uma lei.
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Lição J-4
Trabalho
— Até uma certa idade, a criança, o jovem é sustentado pelos pais. À medida que ele vai
crescendo, é preciso que comece a pensar numa fo rma de ganhar o sustento próprio e da família
que pretende constituir. Talvez, nesse momento, apareça algum receio de se lançar na vida. De
enfrentar a concorrência e problemas desconhecidos. É possível que comece, lá no fundo, a surgir
um desejo de continuar criança, desfrutando as vantagens da segurança no lar e de ter tudo à mão
sem necessidade de nenhum esforço. Essas reações podem se manter por algum tempo, mas logo
serão superadas no momento em que você tomar plena consciência de que a procura do ganho do
próprio sustento significa também alcançar uma série de vantagens, como a liberdade de gerir a
própria vida, a aquisição da condição de adulto, o orgulho de realizar coisas, de mostrar as próprias
qualidades.
— Na procura de uma profissão, o ideal é encontrá-la numa área da qual você goste. Aí, cada
um precisa conferir se tem realmente jeito para o tipo de trabalho desejado, condições de chegar até
ele e se esse trabalho proporciona o ganho pretendido. Isto se torna nos nossos dias mais fácil,
porque novos campos de trabalho estão surgindo continuamente, oferecendo oportunidades antes
inexistentes de auto-realização.
— Hoje, o sucesso no trabalho está dependendo cada vez mais de estudo. Dificilmente alguém
encontra um emprego ou estabelece um negócio que proporcione uma remuneração razoável sem
uma boa base escolar. A concorrência está maior e o exercício da mais simples profissão exige cada
vez mais conhecimentos.
— Lembre-se de que cada ramo de atividade depende de conhecimentos e cuidados
específicos. Em todos, no entanto, é preciso mostrar criatividade, cooperação e também precaução.
Em relação a este último item, por exemplo, no caso de estabelecer uma firma, é importante estar
continuamente bem a par da contabilidade, para não se expor a ter um dia uma desagradável
surpresa.
— Se você conseguir manter dentro da sociedade um comportamento honesto, cooperativo, ao
final de sua vida você terá a satisfação de poder afirmar que realizou sua tarefa, que cumpriu o seu
papel, e que o mundo é, agora, pelo menos um pouco mais feliz, por sua causa.
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Outros temas
Solidariedade: os alunos que se negam a revelar os nomes de colegas que prejudicaram outros
colegas ou a classe em geral. Por um falso coleguismo, eles não estariam se prejudicando e
prejudicando ao próprio colega? Colocar em discussão o tema.
Noções de patriotismo. Política. Sobre este segundo tema, o monitor precisa ter cuidado para não
transmitir suas preferências pessoais.
Democracia.
Participação em movimentos sociais.
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