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Capitulo 23. A teoria da base econémica José da Silva Costa, Ana Paula Delgado e Isabel Maria Godinho 23.1 - Introdugado No quadro dos modelos de crescimento e desenvolvimento regional e urbano, os autores tém distinguido entre as actividades orientadas para satisfazer a procura externa e as actividades orientadas para a satisfacao das necessidades da economia local. Desenvolvida inicialmente como um instrumento de andlise dos efeitos de um acréscimo exégeno e auténomo da procura sobre o nivel de actividade econémica de uma regido, a teoria da base econémica (HOYT, 1939, 1954; NORTH, 1955; TIEBOUT, 1956) atribui as actividades de exportagdo - basicas - um papel estratégico e motor no desenvolvimento regional (local). A ideia central subjacente a teoria da base é que, sendo as economias regionais economias abertas, a procura externa dos produtos de uma regiéo tera uma importancia fundamental no seu crescimento. De ‘acordo com a teoria da base o volume de producao e de emprego de uma regido depende das suas actividades de exportacdo as quais induzem, através de mecanismos de interdependéncia na produgao e no consumo, o crescimento do emprego e do rendimento das actividades a montante e das actividades orientadas para a satisfacao das necessidades de consumo da sua populacao. © modelo da base econémica distingue entre actividades basicas e actividades de suporte (actividades nao basicas). A hipdtese central é que as actividades basicas constituem a chave do crescimento regional, contribuindo a expansao do sector basico para acelerar o crescimento do sector nao basico e, por conseguinte, da economia regional no seu todo. O modelo realca portanto o papel de factores exdgenos e relacionados com 0 lado da procura na explicacao do crescimento regional. Assim, e em ultima anélise, a taxa de crescimento do produto regional é determinada pela taxa de crescimento das exportacées da regiao. Deste modo, o sector exportador, basico oti exdgeno, compreende o conjunto de actividades produtoras de bens e servicos que se destinam a satisfazer necessidades externas a regido (exportacdo), constituindo o motor do crescimento da regido. O sector nao basico, local ou endégeno, agrega as 194 actividades cuja fungao é produzir bens e servicos destinados a satisfazer a procura interna da regiao, designadamente a da populacao que reside na regido e a de actividades complementares do sector exportador. 23.2 - Métodos de determinacao da _ base econémica Sendo o motor do crescimento regional determinado pela procura-externa.a regiao, havera que definir o sector basico da economia regional, para o que é preciso escolher as variaveis que permitem exprimir a importancia deste sector na economia regional. Para o efeito usa-se, em regra, a variavel emprego dado que, historicamente, a disponibilidade de dados relativos a esta variavel era maior. Um segundo aspecto reside na necessidade de isolar as actividades basicas das locais, 0 que levanta problemas nomeadamente porque varias actividades podem simultaneamente satisfazer a procura local e a procura externa. A determinacao do sector basico requerera o recurso a quadros detalhados sobre trocas inter-regionais ou a inquéritos junto das unidades produtivas a fim de apurar a estrutura espacial das suas vendas. O recurso a tais métodos directos é condicionado quer pela disponibilidade de informacao quer pelo custo decorrente da realizacdo de inquéritos. Dai que sejam frequentemente utilizados métodos indirectos de determinacdo da base econémica, os quais s6 requerem que se disponha de dados para cada sector de actividade econémica ao nivel da regiao e do pais (espaco de referéncia). De entre os métodos indirectos vamos estudar aquele que recorre ao conceito de quociente de localizacao para identificar os sectores exportadores ¢ estimar a parte da producao dos sectores basicos imputavel as exportacoes. 23.2.1 - Notagdes Ex - Emprego regional no sector de actividade k! E - Emprego regional total Nx - Emprego no sector de actividade k, no espaco de referéncia N - Emprego total no espago de referéncia EBy - Emprego basico do sector de actividade k ELx - Emprego nao basico do sector de actividade k EB - Emprego basico total da regiao EL - Emprego néo basico total da regiao Vic - Volume de producao do sector de actividade k 1 Note-se que todas as varidveis se referem a um mesmo momento do tempo. en Xi — Exportagées do sector de actividade k VLx - Produgao do sector de actividade k destinada a satisfazer a procura local X - Exportagées regionais totais VL - Total da produgao regional para satisfacao da procura interna 23.2.2 - Calculo do emprego basico e nao basico Um sector de actividade k é, na regiéo em andlise, um sector exportador, se possui uma maior importancia relativa no emprego regional do que no emprego do espaco de referéncia, isto é, se 0 seu quociente de localizacdo é superior @ unidade. ee bao i Sendo o sector de actividade k um sector exportador, nem todo o emprego do sector esta afecto a producdo de bens ou servigos para exportagao. A capacidade exportadora do sector k é medida pelo excesso de emprego que o sector regista na regido face ao que deveria ter se a producao do sector se destinasse apenas a satisfazer a procura interna da regiao. Ou, ainda, face ao que deveria ter se o contributo relativo do sector para o emprego regional fosse igual ao que o sector detem no espaco de referéncia. Consequentemente, Nx/N funciona como medida das necessidades internas de bens e servicos produzidos pelo sector k. Deste modo, o emprego basico do sector k sera: eo =, -8(%y J, ve Ob. >t ou, alternativamente, EB, = #(Ft)eu =1)Wk:OL, >1 © emprego nao basico ou local do sector k sera, por conseguinte: N. EL, =E,- 5B, ov ELy=£(5% O emprego bAsico total da regiao seré a soma dos empregos basicos sectoriais, isto EB =) EB,, Vk: QL, >1 T e 0 emprego nao basico ou local da regido ser a diferenca entre o emprego regional total e o emprego basico da regia EL=E-EB Note-se que o emprego local nao coincide com o emprego regional nos sectores nao basicos pois havera que acrescentar a este a parte do emprego

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