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O VERBO

(Marcelo Batista)

E se meus braços forem curtos para te abraçar?


E se de minha boca nada sai que possa abrandar?
E se minhas noites desprezarem tua insônia?

E se meus traços me levarem a outras paragens?


Se meus versos traírem seca paisagem?
Se a razão surtar no cirúrgico talho?

E se no papel não couberem teus ais?


E se meus ais não mais forem iguais
Aos ais dos normais, objetos fractais?
E se abertos portais, desiguais, preferirem outros tais?

* * *

Em paragliders alheios liberto-te


Nos ventos da torre empino-te
Em páginas de jornais sobrescrevo-te

Usa-me, turba-me, sorva-me, leva-me, ouça-me


Apruma-te, decifra-te, erga-te, isenta-te, ama-te
Escreva-nos, suplanta-nos, planta-nos a semente do Verbo

Viva o Vivo Verbo paternal!


Sal da Vida que estanca feridas
Caminho estreito cujo início é o final

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