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ARTIGOS

Mudança estrutural no fluxo


do conhecimento:
a comunicação eletrônica

Aldo de Albuquerque Barreto A estrutura da relação entre o fluxo de Contudo, pensando existencialmente, o
informação e o público a quem o fenômeno da informação que tentamos
conhecimento é dirigido vem se pesquisar e entender é quase um
modificando com o tempo, como uma milagre, pois se insere na solidão
função das diferentes técnicas que fundamental de cada indivíduo. Solidão
operam na transferência da informação no sentido de que uma experiência por
do gerador ao receptor. O fluxo em si, mim experienciada é só minha e de mais
uma sucessão de eventos, de um ninguém; a minha experiência não pode
processo de mediação entre a geração tornar-se experiência de outro. Ela se
da informação por uma fonte emissora encontra na esfera mais privada de minha
e a aceitação da informação pela individualidade. A única forma de
entidade receptora, realiza uma das transferir essa experiência para a esfera
bases conceituais que se acredita ser pública é por meio da informação que
o cerne da ciência da informação: a produzo e direciono ao fluxo de
geração de conhecimento no indivíduo transferência (Ricoeur 1). Essa é a
e no seu espaço de convivência. qualidade e a característica do fluxo de
informação, por essa razão tão raro e
Assim, é nosso propósito neste artigo extraordinário.
mostrar que o fluxo da informação que
interliga gerador e receptor vem agregan- Sob esse olhar, os propósitos da ciên-
do competência na transmissão, em cia da informação ficam mais atraentes
uma relação direta com as fases por que e não menos verdadeiros. Porém, o flu-
Resumo passou o desenvolvimento do processo xo de informação, que, mediante pro-
de transferência da informação até che- cessos de comunicação, realiza a
A estrutura da relação entre o fluxo de
informação e o público a quem o gar ao tempo da comunicação eletrôni- intencionalidade do fenômeno da infor-
conhecimento é dirigido vem se ca, que viabiliza com maior intensidade mação, não almeja somente uma pas-
modificando, com o tempo, como uma função a relação de interação que nos interes- sagem. Ao atingir o público a que se
das diferentes técnicas que operam na sa observar. destina deve promover uma alteração;
transferência da informação, do gerador ao
receptor. O fluxo em si, uma sucessão de aqueles que recebem e podem elaborar
eventos, de um processo de mediação, entre O propósito da ciência da informação é a informação estão expostos a um pro-
a geração da informação por uma fonte conhecer e fazer acontecer o sutil cesso de desenvolvimento, que permite
emissora e a aceitação da informação pela fenômeno de percepção da informação acessar um estágio qualitativamente
entidade receptora, realiza uma das bases
conceituais que se acredita ser o cerne da pela consciência, percepção esta que superior nas diversas e diferentes
ciência da informação: a geração de direciona ao conhecimento do objeto gradações da condição humana. E esse
conhecimento no indivíduo e no seu espaço percebido. A Essência – Essência é desenvolvimento é repassado ao seu
de convivência. Assim, o propósito deste ação com vigor dinâmico – do fenômeno mundo de convivência.
artigo é mostrar que o fluxo da informação
que interliga gerador e receptor vem
da informação é a sua intencionalidade.
agregando competência na transmissão, em Uma mensagem de informação deve ser Esse é o objetivo da ciência da informa-
uma relação direta com as fases por que intencional, arbitrária e contingente ao ção: criar condições para a reunião da
passou o desenvolvimento do processo de atingir o seu destino: criar conhecimento informação institucionalizada, sua dis-
transferência da informação até chegar ao
tempo da comunicação eletrônica, que
no indivíduo e em sua realidade. tribuição adequada para um público que,
viabiliza com maior intensidade a relação de ao julgar sua relevância, a valorize para
interação que nos interessa observar. Em um processo de comunicação, o uso com o intuito de semear o desen-
transporte dessa mensagem é um fato volvimento do indivíduo e dos espaços
Palavras-chave
bastante acessível ao entendimento. Os que este habita.
Comunicação do conhecimento; Fluxo de eventos são claros, as pessoas se
informação; Comunicação eletrônica. comunicam, falam e escrevem entre si.

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Mudança estrutural no fluxo do conhecimento: a comunicação eletrônica

Assim, por coerência, o objetivo da A publicidade do conhecimento Podemos, ainda, exemplificar as modi-
pesquisa em ciência da informação é ficações estruturais na publicidade do
permitir que esse ciclo se complete e A publicidade do conhecimento produ- conhecimento e suas conseqüências
se renove infinitamente (informação ⇒ zido é uma condição necessária para através dos estágios por que passou a
conhecimento ⇒ desenvolvimento ⇒ sua validação e socialização, cons- constituição da comunicação na esfera
informação) e, ainda, para que seu truindo, também, um ciclo constante e pública: a comunicação oral das cultu-
direcionamento esteja correto, sua auto-regenerativo: conhecimento ⇒ pu- ras tribais, a comunicação escrita da
velocidade compatível e seus espaços blicidade ⇒ opinião pública ⇒ novo co- cultura tipográfica e a comunicação ci-
adequados. nhecimento. bernética da culturas eletrônicas*. A
comunicação oral auditiva era própria
Além de estarem coerentes com os A rapidez e a qualidade desse ciclo e das culturas tribais que viviam em um
objetivos da área, os resultados da da informação que está sendo mundo fechado de ressonância tribal e
pesquisa, também mensagens de legitimada dependerão da velocidade com o sentido auditivo da vida. O ouvi-
informação, precisam representar um com que se processam os eventos que do é sensitivo, dependente para a har-
anseio da comunidade que elabora as se sucedem na cadeia de eventos da monia de todos os membros do grupo.
suas práticas cotidianas. A opinião do publicidade do conhecimento. A opinião O que um sabia todos sabiam no mun-
público que detém o saber acumulado do público a quem se direciona o do de espaços acústicos, espaços si-
no campo pesquisado deve aceitar a conhecimento é que vai lhe conferir ou multâneos. O indivíduo era emocional,
informação de pesquisa como verdade não legitimidade e aceitação. Essa é a mítico e ritualista. No fluxo de informa-
e, por consenso, socializar esse sua condição de reingresso no fluxo de ção oral, o tempo e o espaço se reali-
conhecimento como um novo informação e conhecimento. zavam no momento da transmissão da
conhecimento público, aceito pelos mensagem.
pares em comunidade. A opinião pública é o resultado
esclarecido da reflexão conjunta e Na cultura escrita, o espaço visual é
Assim, além da existência de um fluxo pública em que se está presente uma extensão e intensificação do olho,
de informação que funcione adequada- fisicamente ou por meio de seus o espaço é uniforme, seqüencial e con-
mente, o conhecimento contido na men- pensamentos inscritos. Daí resulta o tínuo. O campo visual é sucessivo, frag-
sagem transmitida necessita do aval postulado da publicidade como mentado, individualista na interpretação
dos demais pesquisadores da área es- princípio: o uso público da própria razão de cada observador, explícito e espe-
pecífica. Dessa forma, no processo de deve ser sempre livre, e isso pode fazer cializado na sua estrutura: um texto de
validação de um novo saber existem: brilhar as luzes entre os homens. Cada física nunca será de sociologia. A es-
um está convocado para ser um crita deu ao homem valores visuais li-
1. um fluxo de informação e uma publicador que fala através de textos ao neares e uma consciência fragmenta-
mensagem; público propriamente dito, ao mundo da, ao contrário da rede de convivência
(Habermas2). profunda dos espaços auditivos, em que
2. uma opinião pública, que expressa a comunicação podia ser multivariada.
um julgamento de valor e socializa o A esfera pública aparece funcionando Fragmentou o espaço de convivência
novo conhecimento como verdadeiro; politicamente na Inglaterra no final do com os indivíduos posicionados em um
século XVII. Conversações com a tempo linear e um espaço euclidiano. A
3. a agregação do novo conhecimento intenção de tornar público fatos e idéias tipografia terminou de vez com a cultu-
como uma inovação ao corpo de aconteciam nos cafés e clubes, sendo ra tribal e multiplicou as características
saber existente. consideradas foco de agitação. Em da cultura escrita no tempo e no espa-
1711, aparece o jornal Examiner e, em ço. O homem passou a raciocinar de
Queremos discutir neste artigo o papel 1785, o Times, também na Inglaterra. maneira linear, seqüencial alfabética,
do fluxo de informação como agente A opinião pública agrega à estrutura oral categorizando e classificando a informa-
inovador entre a pesquisa e o campo da presença física a estrutura textual da ção. Tornou-se um ser especializado em
pesquisado. Mostrar que houve uma não presença. sua produção de novos conhecimentos.
modificação estrutural nesse fluxo,
afetando o seu tempo de duração e o Em 1926, acontece a primeira transmis-
espaço de sua atuação. Acreditamos, são de televisão na Inglaterra, e os Esta-
ainda, que diferentes contextos de dos Unidos colocam o primeiro satélite
transmissão da informação afetam a em órbita geoestacionária, e, em 1972,
estrutura dos eventos que formam o a Intel Co., também nos Estados Uni-
fluxo de informação e intercedem na dos, produz o primeiro microprocessa-
publicidade e na aceitação de um novo dor, e a esfera pública se move, tam-
conhecimento e na sua integração bém, para o ciberespaço da multipre-
como uma inovação. sença.
* Não se pretende aqui desenhar uma pesqui-
sa antropológica ou uma historiografia da co-
municação social, mas tão-somente dar pince-
ladas de acontecimentos para contextualizar
nosso tema.

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Essa passagem da cultura tribal para a FIGURA 1
cultura escrita/tipográfica foi uma trans- As diferentes fases da comunicação da informação
formação tão profunda para o indivíduo
e para a sociedade, como vem sendo a
passagem da cultura escrita para a cul-
tura eletrônica que ora presenciamos.
O desenvolvimento, a vivência, a espe-
cialização do conhecimento na cultura
escrita/tipográfica influíram na ocorrên-
cia da revolução industrial e do nacio-
nalismo radical, fatos relevantes da his-
tória da humanidade. As transformações
que estão ocorrendo com a passagem
para a cultura eletrônica ainda estão se
delineando.

Contudo, a chegada da comunicação ele-


trônica da informação do conhecimento
modificou novamente a delimitação de
tempo e espaço da informação. A impor-
tância do instrumental da tecnologia da
informação forneceu a infra-estrutura para
modificações, sem retorno, das relações TABELA 1
da informação com seus usuários. A estrutura da comunicação do conhecimento
Também no relacionamento com os Tipo de Comunicação
receptores, foi importante todo o Característica Oral Escrita tipográfica Eletrônica
instrumental tecnológico desenvolvido,
Fundamental Linguagem Escrita alfabética, Interação homem –
que permitiu as transformações
associadas à interação individual com texto linear máquina
as memórias de informação e a Tempo de Imediato Interação com o texto Tempo real = imediato
conectividade aos diferentes espaços de transferência
acessos à essa informação.
Espaço de Convivência auditiva Geográfico Redes integradas
A figura 1 mostra as diferentes fases por transferência
que passou a comunicação da Armazenamento Memória do emissor Memórias físicas Memórias magnéticas
informação. construídas

O Brasil foi um país de publicidade tardia Relação de audiência Um para vários Um para muitos Muitos para muitos
do conhecimento. Até 1808, a opinião Estrutura da Interativa com o Alfabética, seqüencial, Hipertextual com
pública era formada na corte e nas informação emissor, uma um tipo de linguagem diferentes tipos de
casas das grandes propriedades rurais,
linguagem linguagens
basicamente utilizando a comunicação
oral. Embora a troca de correspondência Interação com o Conversacional Visual, seqüencial, Interativa
interna fosse possível entre os eruditos, receptor Gestual linear
pois o correio, com a Europa, já existia, Conectividade Unidirecionado Unidirecionado Multidirecionado
levava-se de quatro a cinco meses para
(acesso)
efetivar o recebimento de um carta
postada. Com a vinda da família real em
1808, também chegaram as máquinas Modificações na estrutura do fluxo cação oral com a comunicação ele-
tipográficas da Imprensa Régia, e a de informação e conhecimento trônica. Muitas vezes, a comunica-
Gazeta do Rio de Janeiro começou sua ção eletrônica, devido à especifici-
publicação em 10 de setembro daquele Com a tabela 1, procuramos indicar dade contextual que pode assumir
ano, inaugurando oficialmente o espaço alguns pontos focais para ilustrar as somada às suas características con-
público impresso no Brasil. As tentativas modificações na estrutura da comuni- versacionais, assume uma intencio-
anteriores de instalar a imprensa no cação do conhecimento entre as dife- nalidade tribal na publicidade dos
Brasil aconteceram sem muito sucesso. rentes fases que determinaram o seu fatos e idéias. Não é raro encontrar
Vale notar, ainda, que, em junho de contexto. grupos de usuários de listas de dis-
1808, Hipólito José da Costa lançou o cussão ou com outros interesses
Correio Braziliense, editado e publicado Algumas coincidências aparecem na comuns que se autodenominam tri-
em Londres (Rizzini4). comparação do contexto da comuni- bos de informação.

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O fluxo de informação tradicional e FIGURA 2


utilizado pelo documento escrito possui Fluxo tradicional de informação
características marcantes e uma
ideologia interna que está sedimentada
há cerca de 50 anos, cujos principais
pontos são: C

1. Unidirecionamento: o receptor da
informação tem acesso a um estoque
de informação a cada interação, ou a
cada tempo de interação o receptor tem A
acesso a um acervo físico por vez, seja
na biblioteca, no arquivo ou no museu.

2. A estrutura de informação possui a


mesma característica em sua totalidade:
ou é uma estrutura textual com figuras,
mas de estrutura linear, ou um objeto,
som ou imagem.

3. Existe sempre a mediação de um


profissional de interface para o receptor
interagir com o fluxo de informação, ou
em sua questão inicial, ou na avaliação
do produto final. B

4. Encadeamento interno dos eventos é


povoado por rituais de ocultamento da
informação. Esses protocolos de
segredo se verificam em várias fases da
organização interna da informação
para armazenamento e recuperação. Porém, o fluxo normal é transmitido atra- • Tempo de interação: o receptor
O primeiro se dá quando o conteúdo do vés das caixas superiores: documento, conectado on-line está desenhando a
documento é substituído por indicadores documentação e comunicação. Em to- sua própria interação com o fluxo de
que, supostamente, substituem o total dos os canais, verifica-se uma media- informação em tempo real, isto é, com
da informação contida em sua forma ção dos profissionais de interface, os uma velocidade que reduz o tempo de
original por palavras-chave ou artimanha quais operam com mais vigor no fluxo contato ao entorno de zero. Essa
semelhante. O segundo ritual de segredo completo, em - C. Nessa estratégia do velocidade de acesso e uso o coloca
ocorre quando esses indicadores são fluxo, nota-se com mais força os rituais em nova dimensão para o julgamento
cifrados em uma metalinguagem de de ocultamento, principalmente, na par- de valor da informação; o receptor passa
indexação que substitui a linguagem te referente ao processamento da infor- a ser o julgador de relevância da
natural. Esse ocultamento da informação mação para armazenamento e recupe- informação acessada em tempo real, no
se dá na entrada da informação no fluxo ração. momento de sua interação e não mais
e quando da interação do receptor na em uma condição ex-post de
sua procura por informação. A comunicação eletrônica e o retroalimentação intermediada;
conhecimento
5. O julgamento da relevância da • A estrutura da mensagem: em um
informação recebida é feita pelo receptor A comunicação eletrônica modifica mesmo documento, o receptor pode
sempre em uma condição ex-post após estruturalmente o fluxo de informação e elaborar a informação em diversas
a sua interação com o fluxo de conhecimento, atuando basicamente linguagens, combinando texto, imagem
informação. nos seguintes pontos: e som. Não está mais preso a uma
estrutura linear da informação, que
A figura 2 ilustra o fluxo tradicional de • A interação do receptor com a passa a ser associativa em condições
informação. informação: o receptor da informação de um hipertexto “As we may think”
deixa a sua posição de distanciamento (como pensamos), diria Vanevar Bush5
No fluxo tradicional de informação, os alienante em ralação ao fluxo de em artigo histórico. Cada receptor
fatos e idéias gerados no contexto são informação e passa a participar de sua interage com o texto da mensagem
repassados através do canal - A - para o fluidez como se estivesse posicionado circularmente, e cria o seu próprio
receptor através do sistema de comuni- em seu interior. Sua interação com a documento com a intencionalidade de
cação; de outra forma, atingem o recep- informação é direta, conversacional e uma percepção orientada por sua
tor através do canal - B - diretamente. sem intermediários; decisão;

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•A facilidade de ir e vir: a dimensão de FIGURA 3


seu espaço de comunicação é ampliada O fluxo de informação multiorientado
por uma conexão em rede, o receptor
passeia por diferentes memórias ou
estoques de informação no momento de C
sua vontade.

Tentamos ilustrar o fluxo de conhecimen-


to em uma condição de comunicação A
eletrônica, como na figura 3.

Pelos pontos que indicamos anterior-


mente, a comunicação eletrônica impri-
me uma velocidade muito maior na pos-
sibilidade de acesso e no uso da infor-
mação. Coloca o receptor como se vir-
tualmente estivesse posicionado em di-
versos elos de sua cadeia.

Não só a publicidade do conhecimento


se torna mais rápida, como o seu acesso B
e julgamento ficam facilitados. A
assimilação da informação, o estágio
que antecede o conhecimento público,
torna-se mais operante devido às novas
condições da estrutura de informação e
das possibilidades espaciais criadas
pela conectividade. A comunicação eletrônica veio definiti- O instrumental tecnológico que
vamente libertar o texto e a informação possibilita essa nova interação é
Por muito tempo, foi atribuído, ao com- de uma ideologia envelhecida e autori- restritivo em termos econômicos e de
putador e à sua tecnologia de processa- tária dos gestores da recuperação da aprendizado socialmente pouco
mento de texto, a vilania contra a lingua- informação, defensores de uma preten- difundido. Isso, contudo, não pode
gem natural. Seria o computador o cul- sa qualidade ameaçada, os fatais in- anular as condições técnicas que
pado por reduções semióticas, devido à termediários e porta-vozes que vêem colocam a comunicação eletrônica
sua peculiar forma de lidar com a lin- seus poderes ameaçados cada vez como uma nova e mais eficiente maneira
guagem. Contudo, penso hoje, que o fa- mais pela facilidade da convivência di- de divulgar as mensagens intentadas
tor de maior entrave ao desenvolvimento reta entre os geradores e consumido- para as diversas tribos de informação,
do pensamento e ao livre fluxo da infor- res da informação. com a intenção de criar conhecimento.
mação é a ideologia envelhecida daque-
les que defendem os rituais de oculta-
mento da informação ao reformatarem as
mensagens com seus instrumentais de
metalinguagens, metaconhecimento e
universos semânticos privados.

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Structural change of the


knowledge flow: the electronic
communication

Abstract
The relationship between the information
flow and the public, which is exposed to
knowledge assimilation, has changed its
structural model. Information technology has
played a major role in this changing process.
The electronic communication is analyzed
as a way of disseminating information more
profitable to the user than the oral or written
Aldo de Albuquerque Barreto
process. The publicity of information and
knowledge has become more efficient and
Pesquisador titular CNPq/IBICT. Presidente da
accessible in the computer era.
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-
Graduação em Ciência da Informação (Ancib).
Keywords
aldoibct@ax.apc.org
Communication of knowledge; Information
flow; Electronic communication.

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