INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
Setembro de 2006
Por
Não poderia, nesta ocasião, deixar agradecer a todos aqueles que, pelo apoio e estímulo,
tornaram possível a realização desta dissertação:
Ao Professor Doutor Eduardo Luís Cardoso, que aceitou orientar a dissertação, a quem
agradeço o apoio e a disponibilidade, bem como as imprescindíveis observações.
Ao Eduardo, que esteve sempre ao meu lado, apoiando-me em todos os momentos, nos
sorrisos e nos desânimos, com um optimismo que só ele sabe transmitir.
Aos meus pais, ao meu irmão e ao meu avô, sempre atentos, perdoem a falta de
disponibilidade e o tempo que deixei de vos dedicar.
A todos quantos, directa ou indirectamente, com a sua ajuda e boa vontade, tornaram
possível este trabalho.
- iii -
Resumo
Da análise dos dados sobressai que os professores de Inglês usam ainda pouco as TIC
com os alunos, especialmente em termos de actividades de comunicação e intercâmbio
em rede. Os resultados também sugerem que uma formação mais ligada à própria
iniciativa ou à vontade de saber mais são factores que favorecem o uso pedagógico das
TIC. Por outro lado, uma atitude negativa face às novas tecnologias, assim como
constrangimentos económicos, técnicos e formativos parecem condicionar essa mesma
utilização. Os aspectos mais animadores do nosso estudo são as atitudes positivas dos
professores face às TIC e a importância que atribuem às suas potencialidades.
- iv -
Abstract
The recent economic, social and cultural change and the integration of Information and
Communication Technologies (ICT) in all aspects of current life have consequences for
Education. In this sense, it is important to understand how ICT are being used in school
contexts.
Through literature revision, we were able to point out some initiatives that aimed at
integrating ICT in school contexts in Portugal, as well as to refer to the current situation
in terms of ICT use at our schools and to some constraints to ICT use. In the same way,
we were able to determine that technology has always been a part of language teaching
and that, over the past few years, ICT have been considered a tool at the disposal of
language teachers, especially in terms of the Internet and its advantages. Based on these
conclusions, we sought to understand how ICT are being used by English teachers
inside classrooms, as well as to determine which factors may promote or limit their use
with students. In order to do so, a study was carried out with the help of a questionnaire
for English teachers, which provided some answers to the questions being asked.
The data analysis reveals that English teachers do not tend to use ICT with students, in
particular when it comes to communication and network exchange. Results also suggest
that there is an increase in ICT use inside the classroom when teachers receive training
associated with their own initiative or will to learn more. On the other hand, it was also
determined that negative attitudes towards ITC, as well as economic, technical and
training constraints, tend to limit this use in Education. Teachers’ positive attitudes
towards ICT and the importance they attach to their potentialities are the most
encouraging facts revealed by this study.
-v-
ÍNDICE GERAL
1. Introdução...................................................................................................................... 1
- vi -
5. Análise e discussão dos Resultados ............................................................................ 90
6. Conclusões.................................................................................................................. 129
ÍNDICE DE GRÁFICOS
ÍNDICE DE TABELAS
- vii -
Tabela 8 – Formação em TIC dos professores da amostra......................................................... 92
Tabela 9 – Equipamento informático pessoal dos professores da amostra e recurso às TIC a
nível pessoal ............................................................................................................................... 96
Tabela 10 – Utilização das TIC no ensino-aprendizagem do Inglês ........................................ 100
Tabela 11 – Distribuição dos professores de acordo com a atitude face às TIC ...................... 101
Tabela 12 – Média das atitudes face às TIC, segundo cada item ............................................. 102
Tabela 13 – Relação entre a variável sexo dos professores e a frequência de utilização das TIC
na aula de Inglês ....................................................................................................................... 106
Tabela 14 - Relação entre a variável sexo dos professores e alguns indicadores de utilização das
TIC ........................................................................................................................................... 107
Tabela 15 – Correlação entre a variável classe etária e alguns indicadores de utilização das TIC
.................................................................................................................................................. 109
Tabela 16 – Relação entre a variável situação profissional e alguns indicadores de utilização das
TIC ........................................................................................................................................... 110
Tabela 17 – Relação entre a variável tempo de serviço e a utilização das TIC na aula de Inglês
.................................................................................................................................................. 111
Tabela 18 – Correlação entre a variável tempo de serviço e alguns indicadores de utilização das
TIC ........................................................................................................................................... 112
Tabela 19 - Relação entre a variável nível de ensino e alguns indicadores de utilização das TIC
.................................................................................................................................................. 115
Tabela 20 – Relação entre a variável formação em TIC e a utilização das TIC na aula de Inglês
.................................................................................................................................................. 116
Tabela 21 – Relação entre a auto-formação e acções de formação (fora do âmbito do ME) e
alguns indicadores de utilização das TIC ................................................................................. 117
Tabela 22 - Relação entre a variável relação com o computador e alguns indicadores de
utilização das TIC..................................................................................................................... 119
Tabela 23 - Correlação entre a variável horas ao computador e alguns indicadores de utilização
das TIC ..................................................................................................................................... 120
Tabela 24 - Relação entre a atitude dos professores face às TIC e alguns indicadores de
utilização das TIC..................................................................................................................... 122
Tabela 25 - Relação entre a variável obstáculos face às TIC e a utilização das TIC na aula de
Inglês ........................................................................................................................................ 123
Tabela 26 - Relação entre os obstáculos ao uso pedagógico das TIC e alguns indicadores de
utilização das TIC..................................................................................................................... 125
- viii -
As Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino - Aprendizagem do Inglês:
Potencialidades, Práticas e Constrangimentos
1. Introdução
“A substituição do átomo pelo bit, do físico pelo digital, a um ritmo exponencial, vai
converter o homo sapiens em homo digitalis. Desde os seus humildes começos, faz
agora pouco mais de meio século, o computador evolui de tal modo que se aproximou
das nossas vidas quotidianas, convertendo-se numa ferramenta de uso progressivamente
generalizado” (p.31).
Esta nova realidade circundante implica saberes diferenciados, que passam por novas
formas de criar, produzir e gerir, novos mecanismos de entretenimento e estilos de vida,
e novos métodos de organização do trabalho, fontes de conhecimento e estilos de
aprendizagem (Carneiro, 2003). O trabalhador do século XXI depara-se com um
patamar mínimo de competências mais elevado, com uma valorização de aspectos
técnicos, profissionais, sociais, organizacionais e no âmbito cognitivo e estratégico
(Lima, 2003). Todos devem possuir um mínimo de competências para aprender,
trabalhar e realizar-se na Sociedade da Informação. Trata-se de obter as competências
básicas tradicionais como a leitura, a escrita e o cálculo, mas também desenvolver
competências mais recentes, que têm vindo, progressivamente, a ser mais valorizadas.
1
A expressão “sociedade da informação” tem assumido várias expressões que dela derivam,
nomeadamente “sociedade do conhecimento”, “sociedade da aprendizagem”, “sociedade cognitiva”,
“sociedade informacional”, “sociedade em rede” ou “terceira onda”.
Capítulo 1 – lntrodução 1
As Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino - Aprendizagem do Inglês:
Potencialidades, Práticas e Constrangimentos
Capítulo 1 – lntrodução 2
As Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino - Aprendizagem do Inglês:
Potencialidades, Práticas e Constrangimentos
A organização deste documento parte deste capítulo introdutório para uma revisão da
literatura existente na área. Assim, o capítulo 2 aborda o percurso realizado na
implementação das TIC no contexto nacional, efectua um ponto da situação a partir de
estudos nacionais e aponta para os principais obstáculos a este processo. O capítulo 3
apresenta, numa perspectiva diacrónica, a presença das tecnologias na aprendizagem das
línguas, e a actual influência das TIC neste processo, salientando, em particular, as
potencialidades da Internet. O capítulo 4 descreve a metodologia de investigação
adoptada no estudo e o capítulo 5 inclui a análise e discussão dos resultados. O último
capítulo resume os principais contributos do estudo, as suas limitações e pistas para
trabalhos futuros.
Capítulo 1 – lntrodução 3
As Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino - Aprendizagem do Inglês:
Potencialidades, Práticas e Constrangimentos
2
A escolha do termo MINERVA pode ser considerada significativa, dado que se trata da deusa da
mitologia romana que presidia às artes e às ciências. Em sentido figurado, remete para pessoa sábia ou
professora.
O Projecto MINERVA, que se estendeu desde 1985 até 19943, foi o primeiro grande
projecto financiado pelo Ministério da Educação (ME) com vista à disseminação das
Tecnologias de Informação no ensino nacional. Tendo surgido num momento de grande
entusiasmo tecnológico, dado as famílias portuguesas possuírem já um elevado número
de pequenos computadores da geração “Sinclair Spectrum”, tinha como objectivo
transpor esta realidade exterior à escola para o campo da educação. Segundo Ponte
(1986), em 1985 existiam já 200.000 microcomputadores para uso familiar no nosso
país, pelo que se pode falar de uma média de 1 computador por cada 13 famílias,
números bastante positivos para a data.
O projecto conheceu três períodos distintos, definidos por Ponte no seu relatório do
Projecto MINERVA de 1994: lançamento ou “fase-piloto”, de 1985 a 1988, com o
surgimento e desenvolvimento de equipas de trabalho, infra-estruturas e iniciativas
variadas; desenvolvimento ou fase “operacional do projecto”, de 1988-1992, com a
propagação dos intervenientes envolvidos, aumento do financiamento do projecto e um
carácter mais formal e sistemático das iniciativas; e término ou “encerramento”, de
1992-1994, em período de contenção orçamental e com a “concorrência” motivada pelo
desenvolvimento de outras iniciativas. O último ano do Projecto MINERVA foi já
reservado para um balanço global das actividades realizadas no seu âmbito.
3
A criação do Projecto MINERVA foi oficializada através do Despacho 206/ME/85, com a aprovação do
Ministro da Educação, Professor João de Deus Pinheiro. Na prática, o seu início data de Julho desse ano.
Minho, Coimbra, Lisboa, Porto e Aveiro. Na fase final do projecto, registavam-se cerca
de 25 Pólos por todo o país, desdobrados em 90 CAL (Centro de Apoio Local) e em
mais de 1000 CEM (Centro Escolar Minerva) (Lima, 2003), uma estrutura que permitiu
potenciar e promover a acção de cada pólo.
4
Neologismo criado por Minc e Nora em 1978, para designar o conjunto de técnicas de comunicação dos
computadores pela rede telefónica.
“Estes centros retomam a tradição dos clubes de tempos livres do 2º ciclo, constituindo
espaços onde pequenos grupos de alunos - normalmente voluntários - num ambiente
mais informal do que a sala de aula, desenvolvem jogos e outras actividades sob
orientação de um ou dois professores. Alguns destes centros, sendo razoavelmente
espaçosos e possuindo um número suficiente de equipamentos, servem igualmente de
local de realização de aulas onde se faz utilização do computador” (pp. 35-36).
5
O BBS (Bulletin Board System) é um sistema que permite a partilha de informação através de uma rede
local, que pode estar ligada à Internet, e a que os utilizadores podem recorrer para afixar e ler mensagens,
entrar em chats, enviar e-mails.
No balanço final do projecto, são de referir duas publicações de 1994, uma nacional,
pelo Professor Doutor João Pedro da Ponte, e outra por avaliadores exteriores, da
OCDE.
Ponte (1994) salienta que dos três objectivos do Projecto MINERVA, definidos
anteriormente, apenas o primeiro, a inclusão do ensino das tecnologias de informação
nos planos curriculares, não percorreu todo o projecto. Relativamente aos outros
objectivos, o uso das tecnologias de informação como meios auxiliares do ensino de
outras disciplinas escolares, e a formação de orientadores, formadores e professores,
assistiu-se a um trabalho positivo, apesar de estes objectivos não terem sido atingidos na
totalidade. Conclui, portanto, que:
6
Os avaliadores que participaram neste projecto foram Ehrmann, Somekh, Withers e Grandbastien.
O Projecto MINERVA não resolveu todos os problemas de uso das TIC na escola, mas
lançou as bases para novos desenvolvimentos nesta área e novos projectos e programas.
A estrutura do Nónio assentava nos seus Centros de Competência, tendo sido criados 27
Centros de Competência por todo o país, em instituições do ensino superior, centros de
formação de professores, entre outras entidades ligadas à educação. Estes centros foram
acreditados em 1997 e 1998 como “promotores de reflexão, estudo e investigação de
temas concretos e utilização das tecnologias de informação e comunicação, bem como
de apoio à preparação e ao desenvolvimento dos projectos específicos apresentados
pelas escolas” (DAPP, 2002b:11).
7
O Programa Nónio foi criado pelo Despacho nº 232/ME/96, DR 251, II Série, de 29/10/1996, com a
duração de 3 anos, tendo sido posteriormente prolongado por mais 3, através do Despacho nº 16126/2000
do Ministério da Educação.
8
Com a extinção do DEPGEF(Departamento de Programação e Gestão Financeira), pelo DL n.º 47/97, de
25 de Fevereiro - DR I Série A, n.º 47, algumas das competências deste organismo foram atribuídas ao
DAPP e outras competências ao GEF (Gabinete de Gestão Financeira). Ao DAPP sucede o GIASE, pela
alínea d) n.º 1 - art.º 33.º do DL n.º 208/2002, de 17 de Outubro - DR I Série A, n.º 240.
9
Nónio é um instrumento para medir com a máxima exactidão as fracções de uma divisão numa escala
graduada. Neste sentido, é um símbolo de rigor e de conhecimento da realidade. Também as novas
tecnologias são encaradas como forma de rigor e saber, em termos presente e futuro, nomeadamente para
o século XXI.
10
Cf. http://www.giase.min-edu.pt/nonio/defaulta.asp (acedido em 15 Fevereiro de 2006).
De uma forma geral, o Nónio esteve ligado a vários projectos nacionais e internacionais.
A nível nacional, a realização de dois Concursos Nacionais de Projectos de Aplicação
das TIC na Educação permitiu, entre 1997 e 2001, o financiamento de 430 projectos e o
envolvimento de cerca de 760 escolas, de todos os níveis de ensino (DAPP, 2002b).
Apesar de se tratar de uma percentagem muito reduzida de estabelecimentos de ensino,
considerando o todo das escolas portuguesas, os projectos desenvolvidos foram um
exemplo positivo de “boas práticas”.
Estes projectos tiveram a duração máxima de três anos, pelo que a sua avaliação global
já é conhecida. Dos Relatórios de Avaliação do I Concurso (DAPP, 2002c) e do II
Concurso (DAPP, 2003), feita pelos intervenientes, destacam-se algumas conclusões:
• Existiu um maior envolvimento das escolas do litoral do país, Lisboa e Porto, no
I Concurso, e Lisboa, Porto, Braga e Leiria, no II Concurso;
• As escolas de 1º ciclo foram as mais representadas, mesmo considerando, num
mesmo conjunto, as escolas dos restantes níveis de escolaridade básica, as
escolas secundárias e as escolas profissionais;
• Os alunos e professores das escolas básicas, 1º, 2º e 3º ciclos, foram os que mais
intervieram directamente nas iniciativas;
• O contexto de utilização das TIC foi preferencialmente inter/multidisciplinar,
disciplinar e de livre acesso, por oposição a um menor recurso às TIC no
contexto dos currículos alternativos;
• Registou-se uma homogeneidade nas equipas de docentes dos ensinos básico e
secundário, no I Concurso, e uma diminuição do número de professores do
ensino secundário a integrarem as equipas de trabalho, no II Concurso;
• Os grupos disciplinares mais representados nas equipas foram o 4º
(Matemática/Ciências Naturais), em termos do 2º ciclo, e o 8º
(Português/Francês), em termos do 3º ciclo e secundário;
• Em termos do Inglês, o grupo de Português, Inglês e Alemão é o terceiro grupo
mais representado a nível do 2º ciclo, sendo que o 9º grupo (Inglês e Alemão),
de 3º ciclo e secundário, não se destaca tanto, neste contexto. Ainda assim,
verificou-se um maior número de professores do 9º grupo a participarem no II
Concurso;
11
Cf. http://www.giase.min-edu.pt/nonio/internac/internac.htm (acedido em 10 Abril de 2006).
12
Cf. http://www.crie.min-edu.pt/proj_enis/enis_acerca.htm (acedido em 10 Abril de 2006).
De um modo geral, através dos projectos que abarcou, o Programa Nónio permitiu um
renovado investimento em equipamento informático, formação docente, produção de
software educativo, criação de páginas e de materiais educativos, participação em redes
de comunicação e integração das TIC no quotidiano das escolas.
13
Cf. http://www.giase.min-edu.pt/nonio/netdays2004/termos.htm (acedido em 10 Abril de 2006).
Na mesma altura em que teve início o Programa Nónio Século XXI, surge também, em
Portugal, o Programa Internet na Escola (PIE). Este programa foi determinante para a
ligação definitiva entre “informática” e “escola”, através da Internet e, em especial, da
World Wide Web (WWW ou Web), que Portugal conheceu no final de 1994.
O PIE teve por base as medidas patentes no “Livro Verde Para a Sociedade da
Informação em Portugal”, em particular a Medida 4.1, que remete para “Instalar em
todas as Bibliotecas Escolares do 5º ao 12º anos um computador Multimédia Ligado à
Internet” (MSI, 1997:49). Neste sentido, procurou promover a ligação à Internet das
bibliotecas/mediatecas das escolas, facultando-lhe um acesso gratuito, e contribuindo,
desta forma, para que todos os alunos e professores pudessem beneficiar de um acesso
melhorado à informação, em forma de CD-ROM, ou através da Internet.
O PIE conheceu duas fases. Numa primeira fase, que teve início no ano lectivo de
1997/98, foram ligadas cerca de 1700 escolas públicas e privadas, de 2º e 3º ciclos e
ensino secundário. Foram ainda abrangidas algumas escolas do 1º ciclo, assim como
bibliotecas públicas, museus e entidades de natureza associativa, cultural, científica e
educativa. Na segunda fase do processo, de 1998 a 2001, em parceria com entidades
como autarquias e Centros de Formação de Professores, foi possível o alargamento
deste processo a 1781 escolas, do 5º ao 12º ano, assim como a 8775 escolas, do 1º ciclo.
Todas as escolas públicas encontravam-se ligadas ou em processo de ligação, um ponto
de situação que colocava Portugal numa posição de destaque no contexto europeu.
14
Destes 15 pontos de acesso, 14 são no continente e 1 situa-se na Direcção Regional de Educação dos
Açores.
foi uma extensão da Rede da Comunidade Científica Nacional (RCCN), que apenas
assegurava a ligação das instituições universitárias públicas. Tornou-se, nesta medida,
um instrumento de comunicações computacionais mais amplo, que passou a incluir
universidades públicas e privadas, institutos politécnicos, laboratórios do estado e outras
instituições públicas de investigação, escolas do ensino básico e secundário, bibliotecas
públicas, museus e associações científicas, educativas e culturais15.
15
Cf. http://www.fct.mces.pt/programas/interescola.htm (acedido em 10 Abril de 2006).
16
A extinção da uARTE em 2003 deixa em aberto um espaço relativo à utilização da Internet na
educação, tendo-se entretanto desenvolvido, com o apoio da EDUCOM – Associação Portuguesa de
Telemática Educativa, o Projecto UARTE@EDUCOM, que procura trabalhar nessa mesma linha. Este
projecto conta com a colaboração de antigos membros da uARTE – Alexandra Pinho, Alexandra Vieira,
Helena Gil Guerreiro, João Correia de Freitas, José Vítor Pedroso, Margarida Belchior, Maria João Horta
e Rui Páscoa.
No ano da conclusão do PIE, todas as escolas estavam ligadas à Internet, mas o rácio
aluno/computador e aluno/computador com ligação à Internet era, na altura, ainda
pouco significativo. Tal como é visível na Tabela 1, no ano escolar de 2001/2002
regista-se uma média de 21 alunos por computador e de 39 alunos por computador com
ligação à Internet.
A Iniciativa Nacional para a Banda Larga, dinamizada pela UMIC17 e parte integrante
do Plano de Acção para a Sociedade da Informação, insere-se, segundo o próprio sítio
da UMIC, num conjunto de objectivos que pretendem contribuir para integrar Portugal
no grupo de países europeus líderes no cumprimento dos objectivos definidos na
Estratégia de Lisboa e no Plano de Acção eEurope 2005.
Esta iniciativa traça vários objectivos em diversas áreas até 2005, sendo que, em termos
educativos, se destaca a seguinte meta: “O número de computadores por cada 100
alunos, com acesso à Internet em Banda Larga, nas escolas será superior à média
europeia” (UMIC, 2003:10). Paralelamente, defende-se o estimular da utilização da
17
A UMIC, criada em 2002, é a entidade que coordena os projectos governamentais ao nível da
Sociedade da Informação.
banda larga por parte dos intervenientes no processo educativo, nomeadamente através
de formação em TIC, criação de redes escolares de acesso em Banda Larga gratuito
(Escolas Virtuais) e tempos escolares dedicados a “visitas de estudo virtuais”.
Um outro projecto de integração das TIC nas escolas, também no âmbito da Iniciativa
Nacional para a Banda Larga, teve como objectivo uma maior familiarização dos alunos
mais jovens com as TIC, de forma natural e intuitiva. Nesta linha, a iniciativa previa,
com a colaboração da Associação Nacional da Municípios Portugueses, a colocação de
um computador multimédia e respectivo software educativo em cada escola do pré-
escolar de tutela Municipal e em cada sala de aula das escolas do 1º ciclo do ensino
básico até fim de 2005 (UMIC, 2004).
18
A EduTic, a Unidade para o Desenvolvimento das TIC na Educação, criada pelo despacho nº
7072/2005 publicado no DR nº 67, II Série, de 6 de Abril de 2005, deu continuidade ao Nónio por um
período curto de tempo, sendo as suas competências, com a criação da CRIE, transferidas para esta
equipa.
19
O CRIE foi criado pelo Despacho nº 16793/2005, II Série, de 3 de Agosto de 2005.
20
Cf. http://www.crie.min-edu.pt (acedido em 20 Maio de 2006).
A nível nacional, são de realçar duas iniciativas principais, que contam com o apoio do
PRODEP, e que se enquadram no objectivo do CRIE de promoção e dinamização do
uso dos computadores, de redes e da Internet nas escolas. Por um lado, o “1º Concurso
de Projectos de Produção de Conteúdos Educativos”, que pretende ser uma forma de
Na Europa, a parceria entre escolas é uma prática cada vez mais comum. É neste
contexto que surge o eTwinning, uma acção de geminação electrónica, inserida no
Programa eLearning23 da União Europeia, que teve o seu início em 200524.
Tem como estrutura de apoio, a nível central, o CSS (European Central Support
Service), constituído por elementos da EUN em Bruxelas e, a nível nacional, nos
21
Cf. http://www.crie.min-edu.pt (acedido em 20 Maio de 2006).
22
Cf. http://eforms.crie.min-edu.pt/portateis/ (acedido em 27 Junho de 2006).
23
O Programa eLearning é composto por quarto linhas de acção, que são acções transversais para a
promoção da aprendizagem electrónica (e-learning) na Europa: promover a geminação electrónica de
escolas na Europa, a literacia digital, os campos virtuais europeus e a formação de professores.
24
O registo das escolas no portal eTwinning começou a 15 de Janeiro de 2005. No entanto, a 2 de
Novembro de 2004 tinha sido já inaugurado um portal provisório, contendo toda a informação básica
sobre esta acção.
Encontra-se ainda numa fase relativamente inicial, mas conta já com o registo de 14.943
escolas europeias, e com a participação, no caso português, de 398 escolas, que
colaboraram no desenvolvimento de 162 projectos sobre Línguas Estrangeiras, e 84
projectos sobre Línguas e Literatura26.
A parceria pioneira que deu origem a esta acção é exemplo de um dos projectos
passíveis de serem desenvolvidos no âmbito da disciplina de Inglês. Consistiu numa
rede entre uma escola britânica de 1º ciclo e uma escola romena secundária. Através do
25
O eTwinning aplica-se aos Estados Membros de UE: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Dinamarca,
Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália,
Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa e Suécia.
Territórios e países ultramarinos são também elegíveis.
26
Estes dados referem-se à data de consulta, Maio de 2006.
envio de cartas ao Pai Natal, via e-mail, e de respostas subsequentes, foi possível, aos
primeiros, aprender a usar o correio electrónico e, aos segundos, desenvolver a escrita e
a leitura do Inglês. Ainda neste contexto, destaca-se a primeira verdadeira parceria
eTwinning que surge também no âmbito da aprendizagem de LE. Ao longo de um ano
alunos franceses e alemães comunicaram através de chat, desenvolvendo competências
linguísticas e aprendendo vocabulário no campo do jornalismo, sendo que, no final,
após vários intercâmbios, cada grupo apresentou um programa de televisão ou de rádio
na Língua Materna do outro.
São vários os temas sobre os quais a geminação pode versar, nomeadamente temas
transversais (cidadania, educação ambiental, educação intercultural, educação para a
paz, educação para os media, temas específicos para alunos com NEE) e
monocurriculares, dentro dos tópicos e temáticas abordados nas diferentes disciplinas.
Paralelamente, o eTwinning pode ser uma forma de desenvolvimento de conhecimentos
e competências dos professores relativamente às TIC e um ponto de encontro entre
docentes dos vários grupos disciplinares, com vista à troca de ideias, informações,
experiências e materiais. Foi com este objectivo que se constituiu, por exemplo, o
projecto “Duas cabeças são melhores que uma”, uma parceria entre professores de
Inglês de duas escolas, uma da República Checa e outra da Grécia, mencionada já no
primeiro boletim informativo (Newsletter) desta acção, que data de Janeiro de 2005.
27
A secção “eTwinning por disciplina” era inicialmente designada de “Temas em destaque”.
Como forma de dar visibilidade à acção foram entretanto criados o Selo de Qualidade e
os Prémios eTwinning. Este Selo é atribuído a professores que desenvolvam projectos
de qualidade, podendo ser atribuído pelo NSS (Selo de Qualidade Nacional) ou pelo
CSS (Selo de Qualidade Europeia). Os Prémios eTwinning pretendem premiar o mérito
das geminações com maior sucesso, em três categorias: colaboração entre escolas,
inovação pedagógica e recursos digitais. Os primeiros vencedores foram conhecidos em
Janeiro de 2006, não se registando nenhuma escola portuguesa entre as galardoadas.
Todas as parcerias têm, no entanto, um Selo eTwinning, certificado concedido a todas
as geminações aprovadas pelo NSS.
28
Cf. http://www.ligarportugal.pt (acedido em 15 de Julho de 2006).
Tendo em conta estes objectivos, são definidas metas para o Portugal Digital 2010, que
têm em conta duas vertentes principais: infra-estruturas e acessos, por um lado, e
criação de emprego, desenvolvimento económico e apropriação social, por outro. No
campo da educação, a meta definida estabelece o multiplicar do número de
computadores nas escolas, de forma a atingir a proporção média de 1 computador por
cada 5 estudantes até 2010.
Tendo sido abordadas as diferentes iniciativas para a implementação das TIC nas
escolas portuguesas, importa agora considerar o ponto da situação relativo à sua
utilização. Este trabalho foi realizado por Paiva (2002a, 2002b, 2003) em dois estudos a
nível nacional, relativos à utilização das TIC por professores e por alunos.
Paiva (2002a, 2002b), num estudo nacional sobre a utilização das TIC, nos contextos
pessoal e educativo/pedagógico, pelos professores portugueses do ensino básico e
secundário, das redes pública e privada, conclui que “se utiliza pouco o computador em
contexto educativo e que há indícios que a sua utilização não seja a mais sistemática,
planificada e pedagogicamente cuidada” (Paiva, 2002b:128). Deste estudo destacamos
as seguintes conclusões:
• O equipamento informático pessoal dos professores é abundante,
comparativamente com o da população portuguesa também em 2001 – 88% dos
professores possuem computador pessoal e cerca de 57% têm ligação à Internet,
contra 39% e 30% da população portuguesa, respectivamente (Mata, 2002);
• A iniciação ao uso das TIC é feita maioritariamente por auto-formação e
realização de acções de formação. A auto-formação está relacionada com uma
maior utilização e uma utilização de maior qualidade das TIC no ensino;
Um outro estudo de Paiva (2003) sobre a utilização das TIC pelos alunos portugueses de
todos os níveis de ensino, à excepção do superior, revela também “o diminuto número
de horas de utilização dos computadores pelos alunos na globalidade dos contextos
educativos” (p.69). Deste estudo, que abarcou estudantes do 4º, 6º, 8º, 9º e 11º anos,
destacam-se algumas conclusões relevantes para a nossa investigação:
• O equipamento informático das famílias portuguesas, tem vindo a aumentar,
comparando dados de 2001 e 2003: em 2001, 39% da população tinham
computador e 30% tinham ligação à Internet (Mata, 2002); neste estudo de Paiva
(2003), 64% dos alunos afirmam ter computador em casa e 36% dizem ter
Hannafin e Savenye (1993, citado por Machado & Freitas, 1999), considerando uma
revisão da literatura de 1920 a 1983, atribuem o fracasso do uso das TIC na escola à
incapacidade dos professores em adaptarem os seus estilos de ensino às inovações.
Por seu lado, estudos recentes de Paiva (2002a, 2002b) e Paiva, Mendes e Canavarro
(2003), representativos dos professores portugueses, concluíram que a falta de meios
técnicos é apontada como o maior obstáculo à integração das TIC no ensino: “Para a
maioria dos professores é a falta de meios técnicos o obstáculo mais determinante para a
implementação das TIC no contexto educativo (43%)” (Paiva, 2002b:127).
Tal como outros investigadores, Patrocínio (2004) contesta que a ideia de que a mera
existência de meios conduza, por si só, à utilização das TIC no ensino:
Na mesma linha, Silva (1998:57), afirma que “equipar as escolas com meios é uma
condição necessária para a integração na dinâmica do processo curricular, mas não é
condição suficiente”, uma vez que a existência de meios não leva, necessariamente, à
sua integração na escola. Considera, ainda, que esse sucesso deve ter em conta três
factores: a) as tecnologias devem estar integradas no contexto do Projecto Curricular; b)
a utilização pedagógica das tecnologias está para além do seu desenho e produção; c) a
sua integração deve assumir-se como ponte de renovação pedagógica.
Moreira (2001), por seu lado, analisa constrangimentos de ordem económica, política e
formativa. Refere-se, em particular, às aulas de línguas. Neste contexto,
Bonilla (2002) considera que são vários os factores que provocam ou dificultam a
transformação do modelo educativo, analisando, neste contexto, diferentes aspectos, a
saber: políticas educacionais; implementação de programas de inovação tecnológica;
organização escolar; papel da liderança nas escolas; formação de professores. Não
sendo os únicos que influenciam a implementação das TIC, considera, porém, que se
destacam no contexto escolar.
Romero e Silva (2003) referem-se, por um lado, a factores impulsionadores das TIC na
Educação (liderança, formação e organização), e, por outro lado, a constrangimento à
efectiva integração das TIC no ensino:
• Constrangimentos psicológicos – passam por uma resistência à mudança, fruto
do receio do desconhecido e falta de auto-confiança, insegurança no saber e falta
de sensibilização prévia para o uso das TIC;
• Constrangimentos sociais – estão relacionados com as desigualdades de
oportunidades, a falta de estruturas, o uso indevido das novas tecnologias fora da
sala de aula, o analfabetismo tecnológico;
• Constrangimentos económicos e técnicos – reportam-se a problemas
económicos, falta de software adequado e de apoio técnico;
• Constrangimentos formativos – incluem a necessidade de formação inicial e
contínua dos docentes, a par de uma mudança de atitude face às TIC.
Podemos também referir o estudo de Costa (2004), que analisa quatro das razões que
são geralmente apontadas para se justificar o facto de as escolas portuguesas estarem na
cauda da Europa em termos do uso de TIC, a saber:
• Razões baseadas na capacidade económica e nos recursos financeiros,
consideradas importantes, mas não suficientes como motivo justificativo;
• Razões derivadas das próprias tecnologias e do elevado ritmo de
desenvolvimento tecnológico, também relevantes, apesar de se considerar que o
O termo “tecnologia” deriva do grego tekhnología, “tratado sobre uma arte”, e pode ser
entendido como “conjunto dos instrumentos, métodos e processos específicos de
qualquer arte, ofício ou técnica” (Costa & Melo, 1998:1574).
Nem todas as tecnologias são novas tecnologias e, não o sendo, muitas vezes nem são
qualificadas como tecnologia. São parte do nosso quotidiano, encaramo-las como
naturais, e habituámo-nos à sua presença nas nossas vidas. As novas tecnologias, por
seu lado, tiveram muitas vezes início durante a nossa própria existência, pelo que não
estão tão disseminadas e acessíveis a todos.
No contexto educativo, a caneta, o livro e o quadro preto da sala de aula são exemplos
típicos de tecnologia usada, quotidianamente, nas nossas escolas, desde há muitas
décadas.
29
Não será aqui problematizado o conceito de “Língua Estrangeira” e a sua relação com outros conceitos
como “Segunda Língua” ou “Língua Não Materna”. Partimos sempre do princípio que os alunos
portugueses não possuem o Inglês como Língua Materna e que, como tal, o vislumbram como LE.
30
A terminologia “método” não levanta consenso geral, pois alguns autores utilizam a designação
“abordagem”, para a mesma realidade. Devido à grande abrangência com que se usava o termo “método”
no passado – desde a fundamentação teórica que sustenta o próprio método até à elaboração de normas
Já entre o final do século XIX e o início do século XX surge o Método Directo31, que
teve especial popularidade na Europa32. Este método foi proposto por Sauveur (1826-
1907) e posteriormente difundido pelo Movimento da escola Berlitz, fundado por
Maximilian Berlitz.
Considerava a língua como um sistema que se desenvolve através da fala, pelo que uma
LE deveria ser aprendida do mesmo modo que a Língua Materna. O termo “directo”
remete para este acesso directo ao sentido, sem intervenção da tradução, de modo a que
o aluno pensasse directamente na LE. Esta noção está associada à teoria associacionista
da psicologia, que considera que a associação é o princípio básico da actividade mental,
pelo que se defende a ligação dos significados directamente com a LE, sem interferência
da Língua Materna. O objectivo principal era a comunicação na língua-alvo. Valorizava
a aprendizagem da língua de forma indutiva, ou seja, através do seu uso.
31
Alguns autores defendem que o Método Directo data já do início do século XVI. Leffa (1988) refere o
caso de Montaigne, ensaísta francês, que já na década de 1530 terá aprendido latim pelo Método Directo.
32
Um dos poucos países que não deu apoio oficial ao Método Directo foram os EUA, com o argumento
que o objectivo principal do ensino de línguas não é o desenvolvimento da oralidade (Leffa, 1988). Aqui,
o Método Directo ficou, pois, limitado às escolas de línguas.
A língua deixa de ser vista como um conjunto de regras a memorizar, mas como um
conjunto de hábitos a automatizar. Tem por base a teoria behaviorista da psicologia, de
Watson, Skinner e Pavlov, que defende a noção que a aprendizagem é um
comportamento observável e que um estímulo conduz a uma determinada resposta. É
essencialmente antimentalista e considera o ser humano como um repertório de
comportamentos, entre os quais o linguístico. Em termos da linguística, o Método
Áudio-lingual baseia-se na teoria estruturalista, que teve o contributo de Saussure e
Bloomfield, entre outros linguistas, e nos estudos de análise contrastiva, que facultaram
os suportes necessários para escolher as estruturas sintácticas dos materiais. A evolução
da fonologia e da entonação também influenciaram este método, que procura valorizar a
pronúncia e a entonação (Paiva, 2005).
33
Com a entrada dos EUA na Segunda Grande Guerra Mundial, o exército criou um programa de treino
linguístico, com a colaboração de diversas universidades. O objectivo era a proficiência em conversação
dos seus soldados, pois durante muitos anos o ensino americano foi baseado no ensino da leitura, com o
Método de Gramática e Tradução, apesar da existência do Método Directo, o qual era, porém, limitado às
escolas de línguas, como já foi referido.
34
O Método Áudio-lingual teve uma variante, denominada Método Áudio-visual. Desenvolvida por
Crédif na França, e muito adoptada nos anos 60, fazia uso combinado do gravador, do projector de slides,
de textos, de cartões ilustrativos e de objectos reais. Tal como o Método Áudio-lingual, recorria, porém,
ainda, a diálogos não contextualizados e frases soltas (Paiva, 2005).
35
Esta abordagem não é um método em si, mas princípios teóricos que orientam o ensino-aprendizagem
das LE (Maciel, 2004). Ao nível dos procedimentos e implementação, há divergências e diferentes
propostas.
ideal, que conhece a língua e não se deixa afectar por imperfeições no desempenho dos
outros falantes, i.e., no uso que fazem da língua (ibid.), nem por condições
momentâneas, seja por distracção, cansaço, falta de memória, etc. (Maciel, 2004).
Chomsky defende que a competência linguística implica um “saber como” (por
exemplo, “saber (como) falar inglês”) e também um “saber que”, especial, porque não é
explícito. O gramático tenta revelar este conhecimento tácito, que explica como o
falante-ouvinte consegue distinguir o que é gramatical do que não é.
A partir da definição de Hymes, vários outros autores tentaram também definir o termo
“competência comunicativa”, nomeadamente Savignon, Halliday ou Widdowson
(Ibid.), o que justifica que este seja um dos mais discutidos em termos da Linguística.
No entanto, foi o trabalho de Canale e Swain (1980), e a posterior revisão de Canale
(1983), que lhe deram um arcabouço teórico e o definiram como é actualmente mais
conhecido: “o conhecimento e a habilidade de usar esse conhecimento para se
comunicar” (Oliveira, 2003: 99). Canale (1983) sugere que a competência comunicativa
implica quatro componentes:
O manual deixa de ser a tecnologia usada por excelência e torna-se apenas um dos
recursos a usar, em paralelo com revistas, jornais, canções, mapas, gráficos, filmes,
programas de rádio ou televisão e recursos da Internet. O uso de textos simplificados
deve ser evitado, porque prejudica o carácter autêntico do material. Pode simplificar-se
a tarefa, mas não a língua (Leffa, 1988).
Podemos constatar que o ensino das línguas, nomeadamente das LE, foi influenciado
por diferentes teorias de ensino e aprendizagem. Cada período não é, porém, estanque e
não implica a rejeição da fase anterior. Como é típico de qualquer inovação, a mudança
e a aceitação são sempre progressivas, morosas e acontecem de forma desigual. Esta
evolução tem vindo a ser acompanhada pelo recurso a diferentes tecnologias. Ao longo
dos últimos anos o computador tem-se destacado, neste contexto, como um instrumento
potencialmente facilitador da prática educativa. Este recurso ao computador no ensino-
aprendizagem de línguas é internacionalmente conhecido como CALL (Computer-
Assited Language Learning) – Aprendizagem de Línguas Assistida por Computador.
36
Os exercícios de “drill and practice” são por vezes designados pejorativamente de “drill and kill”, dado
que se baseiam numa repetição de formas, em detrimento do conteúdo (Warschauer & Meskill, 2000).
Segundo Levy (1997, citado por Moreira, 2003), esta fase baseia-se nos seguintes
princípios:
• Aprendizagem dividida em passos distintos de forma altamente directiva;
• Desenvolvimento de aplicações para áreas mais “programáveis” da língua,
nomeadamente morfologia, sintaxe e vocabulário;
• Treino de aspectos da língua de forma isolada;
• Feedback imediato;
• Aprendizagem ao ritmo de cada aluno.
A segunda fase definida por Warschauer (1996b, 2000) e Warschauer e Healey (1998) é
chamada de CALL Comunicativo. Surge nos anos 70 e 80 como resultado de um
declínio do Behaviorismo e da emergência de novas ideias que culminaram no
aparecimento da Abordagem Comunicativa no ensino de línguas. Tem também como
impulsionador a introdução do computador pessoal nos EUA e no Japão, que, sendo
mais pequeno e menos dispendioso, permitiu um maior acesso à tecnologia. Os
trabalhos já mencionados de Chomsky, Dell Hymes, Vygotsky e Piaget também
influenciaram decisivamente esta nova fase da aprendizagem de línguas. De acordo com
Underwood (1984, citado por Warschauer, 1996b), esta fase do CALL:
• Foca mais no uso da forma do que na própria forma;
• Ensina gramática de forma implícita e não explícita;
• Encoraja o aluno a produzir enunciados originais e não enunciados pré-
fabricados;
• Não julga e avalia cada resposta do aluno com luzes a piscar ou com mensagens
de parabéns;
• Evita dizer ao aluno que está errado e aceita diferentes respostas;
• Faz uso exclusivo da língua-alvo e cria condições para que esta seja usada de
forma autêntica e natural.
O computador continua a ser o detentor das respostas correctas, mas assiste-se a uma
mudança no modo de obter essa resposta, pois o aluno passa a fazer as suas próprias
escolhas e a ter maior controlo sobre a interacção com a máquina. O computador é ainda
um Tutor, tal como se pode constatar em diferentes jogos e actividade de reconstrução
de texto. Contudo, funciona, ao mesmo tempo, como um Estímulo à discussão, à escrita
e ao pensamento crítico, muitas vezes através de programas que não foram
especificamente criados para o ensino da língua, como SimCity ou Where in the World
is San Diego. Nesta fase, o computador tem ainda uma outra função, a de Ferramenta,
pois apoia o aluno no uso e compreensão da língua, através do recurso a processadores
de texto, correctores ortográficos e gramaticais, ou programas para edição de textos.
Esta fase predominou até finais dos anos 80, quando um reexame do CALL
Comunicativo permitiu concluir que, apesar de este ter sido um avanço relativamente à
perspectiva behaviorista, o computador dava ainda uma contribuição pouco significativa
para o ensino-aprendizagem de uma língua. Paralelamente, assiste-se à alteração da
Abordagem Comunicativa, que se afasta da concepção mais cognitiva de Chomsky em
direcção à visão mais sócio-cognitiva de Hymes. A nível da técnica, salienta-se o
advento da tecnologia multimédia e da Internet. Está criado o contexto para o
surgimento de uma terceira fase CALL, designada por Warschauer (1996b, 2000) e
Warschauer e Healey (1998) de CALL Integrativo.
A Internet, para além de ser uma fonte de informação através dos links disponíveis na
Web, permite também que o aluno comunique directamente com outros falantes, de
forma síncrona ou assíncrona, um-para-um ou um-para-muitos. É precisamente a
Internet que potencia o principal objectivo desta fase do CALL, designado por
Warschauer (2000) de “agency”. Ultrapassa-se a mera exactidão (accuracy), defendida
na fase behaviorista, e a mera fluência (fluency), da fase comunicativa (Tabela 2). O
aluno de línguas do século XXI tem agora a possibilidade de expressar a sua identidade,
dar o seu contributo e ter um impacto real no mundo, através do seu trabalho, textos ou
materiais multimédia, publicados na rede das redes e acessíveis ao púbico, em geral.
37
ESP (English for Special Purposes) refere-se ao Inglês com objectivos específicos; EAP (English for
Academic Purposes) refere-se ao Inglês com objectivos académicos.
Esta divisão em três fases sugerida por Warschauer (1996b, 2000) e Warschauer e
Healey (1998), que apresentamos na tabela anterior, pretende mostrar, de uma forma
global, o percurso evolutivo da presença do computador na aprendizagem de Inglês,
mas não descreve o que efectivamente aconteceu, e ainda acontece, nas práticas de
CALL. Tal como os autores defendem, estas fases não são estanques e os recursos de
cada uma delas convivem, certamente, hoje, em muitas instituições e escolas, sendo
utilizados por diferentes professores e alunos com fins diversos. Esta divisão serve
também o propósito de mostrar que o entendimento das potencialidades do computador
na aprendizagem de línguas implica considerar não apenas as possibilidades técnicas da
máquina, mas também, e sobretudo, a sua relação com a perspectiva metodológica
adoptada e com o quadro sócio-económico mais vasto em que o computador se insere
(Buzato, 2001).
38
O site “The No Significant Difference” (http://nosignificantdifference.com) e o livro “The No
Significant Difference Phenomenon”, criados por Thomas Russell, são exemplos destas conclusões
diversas. Integram uma selecção bibliográfica indexada e completa de centenas de estudos que comparam
a aprendizagem baseada nas novas tecnologias e/ou a distância e a aprendizagem presencial. Em alguns
estudos não se encontram diferenças significativas; noutros estudos, indexados no site referido, verificam-
se diferenças significativas, agrupadas em 3 categorias: melhores resultados através da tecnologia;
melhores resultados na sala de aula; resultados mistos.
Desde que o computador é usado nas aulas de línguas que se procurou analisar e
conhecer melhor as potencialidades deste recurso.
Padron (1993, citado por Buzato, 2001) considera que o uso do computador na aula de
LE é positivo. Aponta os seguintes motivos: ser motivador; não emitir juízos de valor;
permitir tornar o ensino mais individualizado e adequado às necessidades e capacidades
do aluno; permitir maior autonomia; oferecer feedback imediato; dar ao aluno um
sentido de responsabilidade pessoal e de controlo; ser menos intimidador; proporcionar
um ambiente de aprendizagem linguisticamente rico; diminuir o papel do professor
como autoridade do saber; diminuir o constrangimento do aluno que não sabe uma
resposta.
Pennington (1996, citado por Buzato, 2001) também apresenta uma reflexão sobre as
vantagens globais do computador no ensino de línguas, que divide em três categorias:
• Vantagens Físicas – prendem-se com o que a autora denomina de “fingertips
effect” ou efeito da informação na ponta dos dedos e que tem a ver com o facto
de a informação poder ser acedida com menor esforço físico, de deslocação
temporal e espacial. Consultar uma enciclopédia em CD-ROM ou na Internet,
em vez de em suporte papel, ou fazer recurso de funcionalidades como “Cortar”
e “Colar”, do processador de texto, são exemplos deste menor esforço físico;
• Vantagens Psicológicas – o computador é um elemento de motivação porque é
apelativo e lúdico, com a possibilidade de se mudarem cores, formas e sons nas
interfaces mais actuais. De igual modo, fomenta a privacidade, pois permite a
auto-aprendizagem e o recurso a identidades virtuais on-line. Este anonimato
pode também ser muito positivo, especialmente para aqueles alunos tímidos, que
ficariam mais constrangidos perante uma situação de comunicação face-a-face;
• Vantagens Cognitivas – o computador permite aumentar a eficácia da
aprendizagem, dada a maior variedade e oportunidades para aprender, que a
integração de diferentes media possibilita.
podem também ser importantes na aprendizagem de uma LE, uma vez que, ao contactar
com este software, o aluno contacta com elementos da cultura e sociedade da língua que
está a aprender.
Este conceito viria a ganhar forma em 1969, quando o Departamento de Defesa dos
EUA, sob a presidência de Eisenhower, atribui à agência ARPA (Advanced Reasearch
Projects Agency)39 a tarefa de criar uma rede experimental para troca de informação
entre quatro nós: as Universidades da Califórnia, de Los Angeles e de Santa Bárbara, a
Universidade de Utah e o Instituto de Pesquisas de Stanford.
A ARPAnet (Advanced Reasearch Projects Agency Network) foi inicialmente uma rede
sem servidor central, capaz de continuar a funcionar em caso de avaria das máquinas
conectadas. Esta preocupação surge em plena Guerra Fria, após o lançamento do
primeiro satélite da URSS, o Sputnik, em 1957, motivada pelo receio que a rede
informática militar americana fosse vulnerável a um ataque nuclear.
A rede começou então a crescer40. Inicialmente, por razões de segurança, era muito
controlada pelos militares. Com o final da Guerra Fria, porém, começou a ser mais
difícil justificar os investimentos efectuados na ARPAnet (Santos, 2003). Assim, esta
acabou por extrapolar os seus objectivos iniciais, puramente militares, expandindo-se,
progressivamente, ao meio universitário, para troca de informações entre universidades.
Nos anos 70, deram-se as primeiras internacionalizações, com ligações entre
universidades dos EUA, Reino Unido e Noruega, e criou-se o correio electrónico, a
Telnet (Telecommunication Network Protocol) e um novo protoloco de transferência de
ficheiros, o FTP (File Transfer Protocol). A década de 80 foi também uma época de
mudança. A comunicação na ARPAnet passou a ser efectuada através do protocolo
TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol)41, ainda hoje na base do
funcionamento da Internet, em substituição do protocolo NCP (Network Control
Protocol). A ARPAnet separou-se, dando origem à MILnet, com fins militares, e à
CSnet (Computer Science Network). Segundo Almeida (1993, citado por Marcelo,
39
A agência ARPA mudou o seu nome para DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency), em
1971. Regressou à designação de ARPA, em 1993, e, finalmente, à designação de DARPA, em 1996.
Usamos o termos ARPA, contemporâneo à data em questão.
40
Em 1971, eram 13 os computadores ligados em rede; um ano mais tarde, este número subiu para os 50
computadores, interligados por 20 nós de comutação; em 1980, registavam-se já 213 computadores em
rede; em 1993, 1.313.000 computadores estavam ligados à Internet (Santos, 2003).
41
Trata-se de um sistema que permite fragmentar a informação em pacotes e enviá-la por caminhos
diferentes, podendo, então, ser reconstruída a informação original.
2001), a separação da MILnet foi muito importante para que a rede se tornasse mais
livre, ficando reunidas as condições para ser alargada a toda a sociedade. O número de
redes continuou a crescer e estas a ligarem-se entre si. Foram criadas a EUnet
(European Unix Network), em 1982, a EARN (European Academic and Research
Network), em 1983, e a NFSnet, a rede científica da National Science Foundation, em
198642, sendo conectadas à ARPAnet. Ainda em meados da década de 80, as empresas
começaram a ligar-se à rede, e muitas criaram redes próprias, baseadas nos protocolos
IP (D’Eça, 1998). A adopção de protocolo TCP/IP por diferentes redes foi,
efectivamente, um grande contributo para a criação da rede das redes. Em 1990, a
ARPAnet seria desactivada, dando finalmente origem à Internet. Registavam-se, na
altura, mais de 100.000 computadores ligados (Terceiro, 1997). Em 1992, Portugal
também se liga à Internet, via EBONE, gerida pela RCCN (Santos, 2003).
Porém, é no início dos anos 90 que se regista um maior boom na Internet, com um
grande acesso de empresas e particulares, e novos serviços mais amigáveis,
nomeadamente o Gopher43 e a World Wide Web (Lima, 2003). A primeira versão da
WWW foi colocada na Internet em 1991, mas conheceu um período de maior expansão
com o lançamento do navegador (browser) Mosaic44, em 1993, e com o surgimento do
conceito de hipertexto e da linguagem HTML (Hyper Text Mark-Up Language). A
Internet adquiria um novo estatuto como meio de comunicação mundial, patente em
praticamente todos os campos da actividade humana e teoricamente acessível a qualquer
pessoa.
Não tendo sido criada com objectivos pedagógicos, a Internet abre um verdadeiro
mundo novo para o processo de aprendizagem, e como tal, também para a
aprendizagem de línguas. Diversos autores têm chamado a atenção para a sua
42
O grande mérito da NSFnet foi ser a primeira rede a permitir o acesso universal a institições de ensino
superior e a comunicação entre investigadores académicos e governamentais (D’Eça, 1998).
43
Tartaruga vulgar nos estados americanos do sul, muito hábil a procurar coisas, e mascote da
Universidade do Minesota, onde o sistema foi criado por Paul Lindner e Mark McCahill.
44
Para se usar a WWW é necessário um browser, um programa que consegue ler e refazer, no nosso
computador, uma página Web, que se encontra gravada num outro computador ligado à Internet.
Actualmente, existem outros browsers, alguns mais usados e populares, como o Communicator, da
Netscape, ou o Internet Explorer, da Microsoft.
D’Eça (1998) destaca, neste contexto, seis principais benefícios do recurso às novas
tecnologias, nomeadamente ao e-mail e à Web:
• Treino da escrita, com objectivos mais ou menos específicos;
• Aumento da motivação pela escrita e maior cuidado devido à dimensão que o
público-alvo pode assumir;
• Treino da leitura;
• Manancial de informação actualizada à disposição;
• Capacidade de interacção permanente entre pares oriundos de qualquer zona;
• Número de contactos/amizades que podem resultar, sem a intervenção de ideias
pré-concebidas ou estereotipadas.
Warschauer et al. (2000) referem cinco razões principais para o uso da Internet no
ensino do Inglês, como LE. O objectivo, formulado em Inglês (come ALIVE), é levar a
turma e a aprendizagem da LE a ter vida:
• Authenticity - Contextos autênticos e significativos;
• Literacy - Aumento da literacia pela leitura, escrita e publicação na Internet;
• Interaction – Possibilidade de interacção, a melhor forma de aprender uma
língua;
• Vitality - Vitalidade possibilitada pela comunicação através de um meio flexível
e de multimédia;
• Empowerment - Aumento da autonomia do aluno.
45
Warschauer é um dos investigadores mais produtivos na área das potencialidades da Internet na
aprendizagem do Inglês como LE. Os seus artigos podem ser encontrados na sua homepage
http://www.gse.uci.edu/faculty/markw/ (acedido em 12 de Julho de 2006).
Numa visão geral, Terceiro (1997:99) considera que “hoje a Net é um meio universal de
comunicação e procura de informação”. São dois os aspectos que se destacam: por um
lado, a Internet é um veículo de comunicação; por outro, é uma fonte de pesquisa.
que ganha relevância em relação aos fóruns, grupos de discussão, quadro virtual ou
bulletin boards.
46
O correio tradicional é, por vezes, designado de “snail-mail” ou “correio-caracol”, em virtude da sua
lentidão, em termos comparativos.
O correio electrónico, e a CMC, em geral, têm sido apontados pela investigação como
vantajosos em termos da quantidade e qualidade de língua produzida e da igualdade de
oportunidade de participação. Por um lado, permitem que os alunos participem mais e
com mais qualidade, dada a maior complexidade dos enunciados produzidos
(Warschauer, 1996a). Por outro lado, potenciam uma maior igualdade de oportunidade
de intervenção de todos os alunos, especialmente aqueles com maiores dificuldades
linguísticas ou determinadas inibições (D’Eça, 1998; Tella, 1992a; Warschauer, et al.,
2000). A CMC reduz, efectivamente, determinadas pistas sociais relacionadas com
sexo, raça, posição social, entre outras; diminui aspectos não verbais, como o hesitar ou
o franzir de sobrancelhas, que podem ser intimidadores para o aluno; permite que este
participe segundo o seu próprio ritmo, neutralizando a vantagem daqueles que tendem a
falar mais, mais alto e a interromper os outros (Warschauer, 1997).
47
Emoticons ou smileys são “carinhas” produzidas a partir de caracteres e utilizadas para expressar
emoções e sentimentos, por exemplo ;-) ou ☺ .
Em geral, a investigação sobre o uso do e-mail na aula de línguas tem apontado para um
aumento da motivação (D’Eça, 2002; Kern, 1996; Warschauer, 1996c), da colaboração
(D'Eça, 2002), da interacção social (Chun, 1994; D’Eça, 2002; Liaw, 1998), do
conhecimento da cultura do outro (D’Eça, 1998; Kern, 1996), da negociação de sentido
(Paiva, 1999), do conhecimento das TIC (D’Eça, 2002; Greenfield, 2003) e da
participação dos alunos (D’Eça, 2002). Destaca também um maior equilíbrio nas
intervenções (D’Eça, 1998; Warschauer, et al., 2000); uso autêntico da língua (D’Eça,
2002; Liaw, 1998; Tella, 1992b; Young, 2003); uso diversificado de funções da
linguagem (Paiva, 1999; Tella, 1992b) e desenvolvimento da competência da escrita,
com a possibilidade de se escrever, reescrever, editar e modificar a mensagem, ao ritmo
do próprio aluno, uma vez que se trata de uma forma de comunicação assíncrona
(D’Eça, 1998; Tella, 1992b; Young, 2003).
Neste contexto, destacam-se, desde a década de 90, tanto a nível internacional como
nacional, várias experiências educativas de recurso à comunicação assíncrona no
contexto da aprendizagem de uma LE.
Liaw (1998) promoveu um projecto de troca de e-mails durante um semestre entre duas
turmas de uma universidade de Taiwan, com recuso ao Inglês como língua de
aprendizagem. Apesar de não terem sido óbvias melhorias em termos de competências
na língua inglesa, mais no que se refere à leitura do que à escrita, esta experiência criou
nos alunos a necessidade de comunicar em Inglês e aponta para progressos em termos
Liaw e Johnson (2000) referem um intercâmbio com base no correio electrónico entre
estudantes de uma universidade de Taiwan e professores estagiários de línguas dos
EUA, que se revelou uma boa experiência para fomentar uma maior sensibilização
relativamente à cultura do “outro” e à compreensão entre culturas.
Greenfield (2003) refere uma parceria entre estudantes do 10º ano de Hong Kong, e
alunos do 11º ano de Iowa, com resultados positivos em termos de conhecimento
linguístico, competências em TIC e grau de satisfação, especialmente para os alunos
com menos conhecimentos informáticos. Denotou-se, porém, alguma ambivalência nos
resultados desta investigação em termos de melhorias em competências exigidas a nível
de exames, nomeadamente uso gramatical da língua e funções da linguagem.
48
Nos últimos anos, Teresa d’Eça tem-se dedicado mais às possibilidades de intercâmbio de experiências
entre docentes de Inglês, assim como às potencialidades do Blog, como instrumento de aprendizagem do
Inglês como LE.
alunos envolvidos, apesar de se verificar que a interacção poderia ter sido mais
desenvolvida. Esta parceria manteve-se no ano lectivo seguinte, com o Projecto “The
Spirit of Christmas”, abordando-se aspectos ligados ao âmbito natalício, nomeadamente
tradições, prendas, comida e bebida. Já no ano lectivo de 1999/2000 registou-se um
outro intercâmbio num âmbito ligeiramente diferente, “Portugal and Brazil: a 500-year-
old common culture?”, entre estudantes do 7º ano da Parede e alunos de uma escola de
Florianópolis, Brasil. A língua de comunicação foi também a inglesa49.
A comunicação síncrona on-line pode ser limitada à sala de aula de línguas, com
programas como o Daedalus Interchange50, bastante usado nos primeiros estudos sobre
a CMC em tempo real. Pode também fazer uso de sítios da Internet, desenvolvidos com
objectivos comunicativos, que permitem já uma interacção a distância e o contacto, não
só entre os alunos da turma, mas entre estes e colegas de outras escolas ou de outros
países. Duas opções são as salas de chat e o IRC. Estas opções têm algumas
características distintivas. O IRC, inventado na Finlândia em 1988, requer que se instale
e configure um programa cliente do IRC, sendo o mIRC um dos mais populares. As
salas de chat são acessíveis através de um browser da Web. Ambos implicam registo,
mas as salas de chat são mais frequentemente gratuitas. O IRC, por seu lado, tem a
vantagem de maior velocidade de conexão (Chinnery, 2005). Em termos de
comunicação síncrona, podemos também referir a áudio/vídeo-conferência; programas
de mensagens instantâneas, que combinam a privacidade do correio electrónico com o
carácter imediato de um chat; e os MOOs (MUD Object Oriented) ou MUDs (Multi-
User Dungeon/Dimension), ambientes de chat, baseado em texto, em que se comunica
em tempo real e/ou se fazem simulações.
49
Cf. http://www.malhatlantica.pt/teresadeca/indiceoverview.htm#Projects (acedido em 3 de Julho de
2006).
50
Este programa de escrita síncrono era uma LAN (Local Área Network) que permitia a comunicação
entre alunos e professores, dentro da mesma escola. Frequentemente, os alunos de uma mesma turma
reuniam-se numa sala multimédia e enviavam mensagens instantâneas entre si, que eram listadas
cronologicamente no ecrã. A sessão podia depois ser gravada e dada aos mesmos (Warschauer & Meskill,
2000).
Tal como o correio electrónico, a conversação em directo é uma forma de CMC que
permite comunicar segundo quatro modalidades: de um-para-um, de um-para-muitos, de
muitos-para-um e de muitos-para-muitos. Esta comunicação é efectuada especialmente
através de texto, mas pode também recorrer-se ao som, à imagem ou ao vídeo, sendo
para tal necessário equipamento e software apropriados. Assim, podem ser treinadas
várias competências linguísticas, tais como escrita, oralidade, audição e pronúncia.
Kelm (1992) retrata uma experiência com estudantes de Português como LE. As
mensagens enviadas pelos mesmos, em interacção síncrona, foram utilizadas como
forma de revisão de determinados aspectos gramaticais, notando-se uma redução de
80% em certos erros gramaticais. Concluiu, pois, que a interacção síncrona pode ter
efeitos positivos a nível de aprendizagem dos alunos e da sua proficiência na língua.
Registou, paralelamente, uma maior participação, um debate de ideias mais aberto, e
uma maior vontade dos estudantes expressarem os seus pontos de vista.
Kern (1995) realizou um estudo com dois grupos de estudantes de Francês, sendo que
um comunicava oralmente, usando ferramentas de comunicação síncronas, e o outro
interagia numa sala de aula normal. Como resultado desta investigação salienta que a
intervenção do professor foi significativamente menor no primeiro grupo, registando-se
uma maior interacção entre os próprios alunos. De igual modo, verificou que a produção
de enunciados mais complexos e de discursos diversificados era beneficiada na CMC;
que havia uma participação mais equilibrada on-line; e que estes alunos registavam duas
vezes mais intervenções do que os que interagiam na sala de aula.
Sullivan e Pratt (1996) também apontam para uma maior participação dos alunos
electronicamente, com 100% dos alunos a participarem na CMC, e apenas 50%, na
interacção presencial. Contudo, os resultados desta investigação não são conclusivos em
termos de melhorias na capacidade de escrita dos alunos, ao longo do semestre.
Kern (2000), analisando o uso de chat na aula de Francês como LE, conclui que se
verifica uma mudança na estrutura da participação. Se as trocas orais se dão
linearmente, as escritas no chat são multilineares e associativas e a troca e a mudança de
vez para “falar” não se dá de forma consecutiva. Para além disso, a participação não é
determinada pelo professor, mas pela turma, de forma colaborativa.
O estudo de Abrams (2003) vai na mesma linha. Referindo-se à fluência em LE, medida
tanto nas tarefas de interacção on-line, síncrona e assíncrona, como na sala de aula,
através contagem da quantidade de língua produzida por minuto, salienta que essa
quantidade foi maior no grupo de interacção síncrona do que no de comunicação
assíncrono ou presencialmente. Verificou, contudo, que não se registaram diferenças
significativas entre os grupos, em termos de qualidade da linguagem, medida através da
riqueza e diversidade lexical e complexidade sintáctica.
A World Wide Web é uma das aplicações de referência da Internet, sendo a sua face
mais visível e utilizada. Desenvolvida por Tim Berners-Lee, um jovem engenheiro
britânico, no CERN (Centre Européen pour la Recherche Nucléaire)51, consiste num
sistema hipertextual multimédia do tipo all-in-one, permitindo explorar, pesquisar,
procurar, importar e exportar documentos (D’Eça, 1998). Com uma ligação normal à
Internet e um programa de browsing é possível visualizar e aceder à informação
disponível, através da utilização de uma linguagem informática. A mais popular é a
HTML.
O nome World Wide Web deriva da capacidade da Web para criar um número ilimitado
ou uma “teia” de links entre diversos tipos de dados, localizados em diferentes pontos,
por intermédio do hipertexto (D’Eça, 1998). Não se pode, efectivamente, falar da
WWW sem falar de hipertexto52. Funcionalmente, consiste num sistema que envolve
uma forma de organização e de acesso à informação através de associações e elos de
ligações, “saltando-se” de uma representação para outra, de modo a preencher uma
lacuna de informação. Tecnicamente, é um conjunto de nós (palavras, imagens,
gráficos, etc.) e de ligações que os interligam de modo reticular.
51
O objectivo de Tim Berners-Lee era produzir um novo sistema de informação que fomentasse a
colaboração e a troca de informação entre investigadores, que era dificultada pela dispersão geográfica.
52
A diferença entre os conceitos “hipertexto” e “hipermédia” não tem gerado consenso entre
investigadores. Na sua génese, o primeiro remetia para o uso exclusivo do discurso scripto e o segundo
para a inclusão de outros discursos. A tendência actual é de fusão, sendo que ambos implicam o prefixo
grego “hiper” (para além de), que indica uma forma não-linear de organizar a informação. O termo
“hiperdocumento” também é comum.
53
Segundo Nielson (1995, citado por Carvalho, 1999), memex resulta da expressão “memory expander”.
informático. Nelson idealiza uma imensa rede acessível em tempo real, que permitisse a
milhões de pessoas escrever, interligar-se, interagir, comentar textos, etc. – o Xanadu.
Tratou-se de um objectivo demasiado ambicioso, que não chegou a ser realizado na
totalidade, apesar de encontrar pontos de contacto com sistemas de dimensão mais
modesta, como obras de carácter enciclopédico, e, obviamente, com a Internet.
Finalmente, em 1978, Andy Lippman concebeu o primeiro hipermédia, um videodisco
que incluía o registo simultâneo de texto, imagem, som e vídeo, em formato digital.
A WWW é uma excelente oportunidade para os alunos divulgarem o seu trabalho para a
turma, a escola, a comunidade educativa, o mundo. Neste sentido, os alunos tornam-se
mais activos e “co-editores” do conteúdo informacional da Internet. Para além disso, a
publicação on-line tem sido apontada como forma de motivação da turma, uma vez que,
para muitos estudantes, é ainda algo de novo, e é passível de ser vista por um número
alargado de pessoas, de qualquer parte do mundo. É a possibilidade de o aluno exprimir
as suas ideias, a sua forma de ver o mundo, a sua identidade e, a partir da sala de aula,
ter um impacto no seu exterior, o que Warschauer (2000) designa de “agency”.
Paralelamente, este público-alvo alargado, real e desconhecido faz com que o aluno
tenha um cuidado especial na realização dos trabalhos a publicar, nomeadamente em
termos de revisão de texto (Carvalho, 2005). De igual modo, a publicação dos trabalhos
dos alunos, ou até de actividades realizadas na escola, em termos gerais, permite uma
abertura da Escola à comunidade, que não seria possível sem este recurso (Baía, 2000).
com o registo que se obtém dos acessos exteriores a um servidor, este termo acabou por
dar lugar à forma abreviada “blogue” ou “blog” (Carvalho, 2005). Existem diferentes
definições de blog. D’Eça (2006) descreve-o como:
“uma página interactiva que começou por ser usada como um diário online. De diário
rapidamente começou a ser utilizado para divulgar qualquer tipo de conteúdos, e
rapidamente a ser utilizado como instrumento pedagógico no mundo da educação, onde
tem um número infindável de aplicações: o limite é a imaginação!” (p. 1).
Um blog pode ser um diário na Web54, uma página pessoal onde se incluem reflexões,
comentários, imagens, links favoritos, e se estabelece, de forma simples e amigável,
uma comunicação com o “outro”.
No final da década de 90, eram ainda poucos os blogs existentes. O grande boom deu-se
com o aparecimento de ferramentas de construção de blogs, grátis, fáceis de usar e
intuitivas. Esta “explosão” no número de blogs sentiu-se também no campo educativo,
onde podem ter um papel muito importante. Na aprendizagem de uma LE, as
competências que mais beneficiam com este recurso são a escrita e a leitura (Carvalho,
2005). Segundo D’Eça (2004), um blog educativo permite despertar nos alunos o gosto
pela leitura e escrita, assim como permite dar-lhes voz, dar visibilidade aos seus
trabalhos e dar-lhes um público mais alargado e real. Tem, portanto, as mesmas
potencialidades que uma página Web (facilitar um processo de escrita mais cuidado e
com maior correcção gramatical; potenciar a leitura como competência agregada;
cultivar a voz própria do aluno e a sua autonomia; promover a motivação para a escrita
e a aprendizagem da língua) mas, paralelamente, é capaz de gerar interacção e
estabelecer um diálogo entre indivíduos, nomeadamente aluno-professor, professor-
aluno e aluno-aluno.
A nível nacional, D’Eça tem vindo a desenvolver, desde 2003, várias actividades com
os seus alunos na blogoesfera. Com base nas suas páginas Let’s Blog!, Have Fun with
English! e Have Fun with English! 2, solicita-se uma participação activa dos alunos,
comentando os conteúdos inseridos, sugerindo temas e estabelecendo diálogos. A
54
Como já foi referido, blog é a simplificação de Weblog ou Web log, sendo log um diário de bordo ou
voo.
interacção acabou por extrapolou fronteiras e por ser associada a actividades na sala de
aula de recurso ao computador e à Internet, que D’Eça designou de CALL Lessons
2003-2004. As experiências foram consideradas interessantes e D’Eça (2006) salienta
que a motivação dos alunos e a sua capacidade de escrita e correcção linguística saíram
particularmente beneficiadas.
Por outro lado, as páginas da Web caracterizam-se pela utilização de múltiplos media
para representar o conhecimento: texto, som, imagem animada, vídeo. O facto de a
informação ser acedida de múltiplas formas pode também ser positivo para a
55
Há elementos na Web que a afastam desse conceito: a sua diversidade de serviços, credibilidade
instável, publicação efémera e ausência de uma informação verdadeiramente indexada, de forma
especializada (Lagarto, 2004).
56
Em 1997, mais de 80% do conteúdo na WWW era em Inglês; em Março de 2004, este número
diminuiu para 68% (Chinnery, 2005).
aluno a esses vários contextos de forma não linear, porém articulada, evitando, ao
mesmo tempo, que o aluno adquira apenas parcialmente o significado daquele item na
L-Alvo e que o aluno se sinta inseguro quanto ao uso desse mesmo item numa situação
"real"” (Buzato, 2001:61).
“an inquiry-oriented activity in which most or all of the information used by learners is
drawn from the Web. Webquests are designed to use learners’ time well, to focus on
using information rather than looking for it, and to support learners’ thinking at the
levels of analysis, synthesis, and evaluation” (Dodge, 1998:¶2)58.
Inserindo uma selecção prévia, por parte do professor, dos endereços que considera, a
priori, mais relevantes para o tema a investigar, a Webquest permite que os estudantes
saibam o que vão fazer e o que devem pesquisar antes de iniciarem a actividade. Há um
trabalho de guia do professor, mas há simultaneamente respostas que não estão
definidas e que têm de ser encontradas. Neste sentido, potencia uma aprendizagem mais
motivadora, construtiva, colaborativa, com recurso à resolução de problemas e a tarefas
e materiais autênticos (March, 1998). O aluno é colocado no centro do processo e
constrói o seu conhecimento, ao seu próprio ritmo. Avança progressivamente na sua
pesquisa, passo a passo, sem correr o risco de se perder na imensa quantidade de
informação da WWW, segundo o conceito de “scaffolding”59. Uma Webquest pode
também ser uma mais valia na Sociedade da Informação e Comunicação, na medida em
que o seu uso educativo favorece o desenvolvimento da proficiência informática e de
competências essenciais no actual mercado de trabalho: competências de pesquisa,
selecção crítica, análise, reconstrução e produção de informação. Pode também ser
enriquecedora dos conteúdos disponíveis e permitir um maior acesso a bons materiais.
57
Também designadas de “Aventuras na Net”, como é proposto pelo Instituto de Inovação Educacional
(IIE), uma tradução não literal, que de outra forma remeteria para “Demanda na Web”.
58
“uma actividade de pesquisa orientada em que a maior parte ou toda a informação utilizada pelos
alunos provém da Web. As Webquests destinam-se a aproveitar o tempo dos alunos, focar na utilização da
informação e não na procura da informação, e apoiar os alunos ao nível da análise, síntese e avaliação”
(nossa tradução).
59
O conceito de “scaffolding” remete para “andaime”. Trata-se de dividir uma tarefa mais complexa em
partes mais pequenas, de modo a que o aluno trabalhe em subtarefas, que o guiam na difícil actividade de
pesquisar e aplicar o seu conhecimento.
Desde a sua criação que o conceito de WebQuest tem sido adoptado por professores de
diferentes áreas, contando-se actualmente com mais de 10.000 páginas na Web, com
propostas de educadores de diversas partes do mundo.
A Universidade Estadual de São Diego mantém, desde há 10 anos, uma base de dados
que contém já mais de 2500 Webquests. Podem pesquisar-se Webquests por
título/descrição, autor ou URL, seleccionando-se também a língua pretendida60. O sítio
http://bestwebquests.com também inclui uma selecção de WebQuests, segundo a
orientação de March. Registam-se, aqui, algumas boas sugestões, apesar de, em termos
de língua estrangeira, se destinarem apenas ao Francês e Espanhol61. No sítio
http://www.livre.escolabr.com/ferramentas/wq, que foi traduzido do Espanhol para o
Português, o professor de Inglês pode encontrar Webquests já feitas e utilizadas na sala
de aula, através de uma pesquisa por título, autor, data ou tipo. As Webquests “All about
Pets and Wild animals” e “Know the animals” são dois exemplos de Webquests que
podem ser utilizadas a nível da iniciação da aprendizagem da língua inglesa, uma vez
que fazem uso do Inglês, mas também do Português. A Webquest “Year book” utiliza a
mesma estratégia, com vista à criação de um anuário da turma, com identificação e
caracterização de cada um dos seus alunos e das suas expectativas no Inglês, que, no
final do ano, serão comparadas com as suas efectivas realizações na disciplina 62.
60
Cf. http://webquest.org/ (acedido em 12 de Julho de 2006).
61
Cf http://bestwebquests.com (acedido em 12 de Julho de 2006).
62
Cf http://www.livre.escolabr.com/ferramentas/wq (acedido em 12 de Julho de 2006).
63
Cf. http://www.minerva.uevora.pt/subm03_3.htm#webquests (acedido em 12 Julho de 2006).
64
Cf. http://www.nonio.uminho.pt/webquests (acedido em 25 de Agosto de 2006).
4. Percurso Metodológico
o HO 7 – O uso pedagógico das TIC é favorecido por uma boa relação dos
professores com o computador;
o HO 8 – O uso pedagógico das TIC aumenta com o número de horas que
os professores de Inglês passam ao computador.
• Hipótese Geral 4 – O uso pedagógico das TIC varia em função das atitudes e
dos constrangimentos face às TIC, dos professores de Inglês:
o HO 9 – O uso pedagógico das TIC aumenta quando os professores de
Inglês apresentam uma atitude mais positiva face às TIC;
o HO 10 – Os factores económicos e técnicos e os factores formativos são
os obstáculos que mais condicionam uma real integração das TIC no
ensino-aprendizagem do Inglês, em relação aos factores psicológicos e
de política educativa.
De acordo com Coutinho (2003:94), a metodologia é um nível mais geral que “analisa e
descreve os métodos, distancia-se da prática para poder tecer considerações teóricas em
torno do seu potencial na produção do conhecimento científico”. O nosso estudo situa-
se numa perspectiva metodológica mais quantitativa que, por sua vez, se insere num
paradigma positivista/quantitativo e numa epistemologia objectivista. A mesma autora
estabelece alguns traços gerais da metodologia de cariz quantitativo: implica uma teoria
a testar, problemas e hipóteses derivados da teoria, conceitos e variáveis
operacionalizados a partir da teoria, e recolha de dados que confirmem a teoria. Falar de
quantitativo é muitas vezes associado a falar de experimental. Porém, o estudo que
pelo que permite quantificar a informação obtida. Pardal e Correia (1995) mencionam
algumas das desvantagens do questionário, nomeadamente não ser aplicável com certas
populações, por exemplo, analfabetas; ser apenas viável para populações homogéneas; a
devolução poder ser morosa ou poder haver deturpação nas respostas, no caso de se
responder em grupo. Quivy e Campenhoudt (2003) referem também a possível
superficialidade das respostas, decorrente do próprio método, e a frágil credibilidade do
instrumento, se não foram previstas certas condições, entre elas, se o questionário não
for correctamente construído e respondido ou se não houver rigor na escolha da
amostra.
O questionário de Paiva (2002a, 2002b) é composto por vinte e quatro perguntas. Todas
as questões são de resposta fechada, menos subjectivas e cansativas para o inquirido, o
que pode concorrer para uma taxa de resposta maior. Este formato de resposta
proporciona também um tratamento estatístico dos dados mais completo (Hill & Hill,
2005). Existe, em algumas questões, a opção “outros”, onde o professor pode assinalar a
Como já foi referido, o bloco de questões I inclui também uma questão sobre o código
do grupo a que o professor pertence (I G). Os códigos dos grupos sofreram uma
alteração com as novas regras do concurso para o ano lectivo de 2006/2007: o 3º grupo
corresponde agora ao grupo 220 e o 9º grupo corresponde ao grupo 330. Optamos,
contudo, no questionário, por manter a terminologia que vigorou até ao presente ano
lectivo, uma vez que o professor já se encontra familiarizado com esta e se torna mais
fácil a sua identificação.
(Questões II O, P, Q). No bloco II foi ainda adicionada uma questão (R), de modo a
explorar a percepção dos professores sobre a eficácia da utilização das TIC no
desempenho dos seus alunos.
Os itens relativos às atitudes face às TIC (questão III A) mantiveram-se de acordo com
a versão original, de modo a permitir comparações. Substituiu-se, contudo, a resposta
dicotómica (“Sim” e “Não”) por uma escala de likert de 5 pontos, para uma exploração
mais aprofundada dos resultados: “Concordo Totalmente” (CT), “Concordo” (C), “Sem
Opinião” (SO), “Discordo” (D) e “Discordo Totalmente” (DT).
Na pergunta relativa aos principais obstáculos a uma real integração das TIC no ensino-
aprendizagem do Inglês (III B) foram acrescentados quatro itens (itens 6 a 9), com o
objectivo de aprofundar a análise de possíveis constrangimentos a essa mesma
integração e considerando que, no questionário de Paiva (2002a, 2002b), 7% dos
professores apontaram para “outro motivo”. O inquirido tem que seleccionar três dos
obstáculos que considera mais pertinentes. Considerando a revisão da literatura
efectuada, e analisando os obstáculos já definidos por Paiva (2002a, 2002b), concluímos
que os principais obstáculos referidos pelos especialistas se encontram já patentes nesse
questionário, nomeadamente de natureza económica e técnica (“Falta de meios
técnicos”, “Falta de recursos humanos específicos para apoio do professor face às suas
dúvidas de informática” e “Falta de software e recursos tecnológicos apropriados”) e
formativa (“Falta de formação específica para a integração das TIC junto dos alunos”).
Está também presente um constrangimento de natureza psicológica (“Falta de
motivação dos professores”). Dada a importância que é atribuída aos obstáculos de
natureza psicológica, independentemente das diferentes terminologias adoptadas, em
termos de literatura, decidimos adicionar ao questionário um outro obstáculo desta
mesma natureza (“Falta de sensibilização prévia dos professores para o uso das TIC e
para as suas potencialidades”). Para além disso, incluímos mais três obstáculos que
remetem para uma vertente de política educativa: “Falta de incentivo para o uso das TIC
no Currículo”, “Falta de flexibilidade de tempo e dos programas disciplinares” e “Falta
de uma estrutura organizacional apropriada na escola”.
Litoral Interior
Total
Braga / Porto / Viana do Castelo Vila Real / Bragança
Cidade Vila/Aldeia TOTAL Cidade Vila/Aldeia TOTAL
Escolas
101 62 163 14 15 29 192
Básicas
Escolas
Mistas e 61 31 92 14 17 31 123
Secundárias
Optou-se pelo método de amostragem por conglomerados, uma vez que “os casos estão
agrupados em unidades ou clusters” (Hill & Hill, 2005:49), ou seja, neste caso podemos
agrupar os professores por escola. Para além disso, este métodos pareceu-nos
apropriado pois o universo a analisar é relativamente grande, e porque sentimos
dificuldade em obter dados oficiais sobre o número de professores de Inglês, não apenas
de Quadro de Escola e de Quadro de Zona Pedagógica, mas também contratados,
caracterizados pela sua constante mobilidade.
Litoral Interior
Total
Braga / Porto / Viana do Castelo Vila Real / Bragança
Escolas
10 7 17 5 5 10 27
Básicas
Escolas
Mistas e 6 3 9 5 5 10 19
Secundárias
Total 16 10 26 10 10 20 46
Como foi referido no capítulo 4.6., utilizamos o questionário “As TIC no Ensino-
Aprendizagem do Inglês: Potencialidades, Práticas e Constrangimentos” como
instrumento privilegiado no processo de recolha de dados deste trabalho. Este foi
destinado a professores de Inglês, do 2º e 3º ciclos do ensino básico e do ensino
secundário, de escolas públicas das Coordenações Educativas de Braga, Bragança,
Porto, Viana do Castelo e Vila Real, com vista a um estudo sobre a utilização das TIC
pelos mesmos.
Após a recolha dos dados, e tendo em conta os objectivos traçados para o estudo,
procedeu-se ao seu tratamento estatístico, que foi realizado no programa SPSS for
Windows (versão 13.0), recorrendo-se ao teste de independência do Qui-Quadrado, para
estudar a relação entre duas variáveis nominais, assim como ao coeficiente V de Cramer
de modo a determinar a intensidade das relações registadas; aos testes não paramétricos
Kolmogorov-Smirnov e Kruskal-Wallis, para atender à relação entre uma variável
ordinal e uma nominal; à análise de variância multivariada (Manova), para estudar o
efeito de uma variável qualitativa (factor) num conjunto de variáveis dependentes
quantitativas; e ao coeficiente de correlação Ró de Spearman, para medir a intensidade
de relação entre duas variáveis ordinais (Pestana & Gageiro, 2005).
Dado que se recorreu a uma escala de avaliação das atitudes dos professores face às
TIC, o tratamento de dados passou também por alguns procedimentos com vista a aferir
a sua “adequabilidade” para a população do estudo e aferir se a mesma logrou o intuito
de utilização. Este processo de adaptação/confrontação em relação à amostra foi
alpha de
Item correlacionado
. Afirmações Cronbach (se
Correlação Total
excluído item)
1 Gostaria de saber mais acerca das TIC -,083 ,772
2 Os computadores assustam-me! ,328 ,749
As TIC ajudam-me a encontrar mais e melhor
3 ,471 ,741
informação para a minha prática lectiva
Ao utilizar as TIC nas aulas de Inglês, torno-as mais
4 ,428 ,743
motivantes para os alunos
Uso das TIC em meu benefício, mas não sei como
5 ,443 ,739
ensinar os meus alunos a usá-las
Manuseio a informação muito melhor porque uso das
6 ,448 ,741
TIC
Acho que as TIC tornam mais fáceis as minhas rotinas de
7 ,455 ,741
professor(a)
Penso que as TIC ajudam os meus alunos a adquirir
8 ,265 ,754
conhecimentos novos e efectivos
Nunca recebi formação em TIC e desconheço as
9 ,458 ,737
possibilidades de que disponho
O uso das TIC, na aula de Inglês, exige-me novas
10 -,104 ,775
competências como professor(a)
11 Sinto-me apoiado(a) para usar as TIC ,327 ,749
Encontro pouca informação na Internet para a disciplina
12 ,391 ,744
de Inglês
As TIC encorajam os meus alunos a trabalhar em
13 ,069 ,764
colaboração
A minha escola não dispõe de condições para usar o
14 ,250 ,759
computador na aula de Inglês
A minha escola tem uma atitude positiva relativamente
15 ,209 ,758
ao uso das TIC
Os meus alunos, em muitos casos, dominam os
16 ,354 ,747
computadores melhor do que eu
Não me sinto motivado(a) para usar as TIC com os meus
17 ,609 ,721
alunos
Não conheço a fundo as vantagens pedagógicas do uso
18 ,577 ,724
das TIC com os meus alunos
Tabela 5 – Consistência interna inicial da escala de atitudes face às TIC
No que toca à extracção de factores propriamente dita, optou-se por reter os itens com
valores próprios superiores a 1,5, o que resultou numa estrutura de dois factores, que
granjeiam uma capacidade explicativa, da variância total, de 48,1%, o que pode ser
considerado muito satisfatório. O primeiro factor tem uma capacidade explicativa de
25,7%, enquanto o segundo explica 22,4% da variância total. A distribuição dos itens
pelos factores foi efectuada com base nos níveis de associação apresentados por cada
item face aos factores.
Deste modo, tal como pode ser consultado na tabela que se apresenta a seguir (Tabela
6), as atitudes face às TIC foram organizadas em dois factores: o primeiro componente,
que agrupa itens referentes a padrões atitudinais de negatividade face às TIC (Itens 2, 5,
9, 12, 16, 17, 18), e o segundo componente, relativo aos padrões atitudinais de
positividade face às TIC (Itens 3, 4, 6, 7, 8). Esta análise da validade, com base na ACP,
aconselhou a exclusão de mais um item, o item 11, na medida em que este apresentava
um loading inferior a 0,3, traduzindo uma fraca correlação face aos demais itens do
respectivo factor.
Como o modelo factorial é composto por dois componentes, importa, também, conferir
a respectiva consistência interna. Os coeficientes de alpha foram calculados para cada
factor, evidenciando, em ambas as situações, uma consistência interna muito razoável –
,77 e ,77, respectivamente. Assim, podemos afirmar que a escala é fiável e válida, quer
como duas dimensões distintas, quer utilizada como um todo, obtendo-se para a escala
final de 12 itens o coeficiente alpha de Cronbach de ,81, que pode ser considerado,
segundo Hill e Hill (2005:149), um valor “bom” (Tabela 6).
tempo de serviço, mais de dois terços dos professores da amostra têm mais de 10 anos
de serviço (71,5%), e em termos de formação inicial de base, a grande maioria dos
professores inquiridos tem formação universitária (83,5%). Em relação aos níveis de
ensino, os docentes leccionam no 2º ciclo (28,4%), no 3º ciclo (30,2%), no secundário
(19,6%) ou ainda no 3º ciclo e no ensino secundário em simultâneo (20,9%). Apenas
0,9% dos inquiridos referem outros níveis mistos, pelo que se optou por não considerar
estes grupos de professores no tratamento de dados.
Nº de professores
Variáveis (N=231)
f %
Feminino 211 91,3
Sexo
Masculino 20 8,7
18-35 79 34,2
Classe etária 36-45 81 35,1
≥46 71 30,7
Quadro de Escola (QE) 167 72,9
Quadro de Zona Pedagógica (QZP) 30 13,1
Situação profissional
Contratado 21 9,2
Estágio/Profissionalização 11 4,8
Até 10 anos 65 28,5
Tempo de serviço 11-20 anos 87 38,2
>20 anos 76 33,3
Politécnico 34 14,8
Formação inicial Universidade 192 83,5
Outro 4 1,7
2º ciclo 64 28,4
3º ciclo 68 30,2
Nível de ensino Secundário 44 19,6
3º ciclo e secundário 47 20,9
Outros 2 0,9
Sim 219 96,9
Componente lectiva
Não 7 3,1
Código 3 – 3º Grupo / Grupo 220 76 32,9
Código de Grupo
Código 22 – 9º Grupo / Grupo 330 155 67,1
Tabela 7 – Caracterização dos dados pessoais e profissionais dos professores da amostra
Nº de professores
Variáveis (N=231)
f %
Não fez iniciação 2 0,9
Auto-formação 148 64,6
Apoio de familiar/amigo 103 45
Modo de iniciação ao mundo Acções de formação do ME 96 41,9
da informática Outras acções de formação 59 25,8
Durante o curso superior 23 10
Formação superior em informática 1 0,4
Outra forma 13 5,7
Realização de acções de Sim 153 68,3
formação Não 71 31,7
Generalista 149 97,4
Âmbito das acções de
Da disciplina de Inglês 12 7,8
formação
De outra disciplina 2 1,3
Muito positivo 29 19,6
Balanço das acções de Positivo 94 63,5
formação Pouco positivo 22 14,9
Nada positivo 3 2
Necessidade de mais Sim 208 90
formação Não 23 10
Desconheço tudo 5 2,4
Software pedagógico 123 59,1
Folha cálculo 119 57,2
Programas gráficos/de desenho 96 46,2
Áreas com maior necessidade WWW 62 29,8
de formação Fórum 39 18,8
E-mail 30 14,4
Chat 30 14,4
Processador de Texto 28 13,5
Outra área 9 4,3
Tabela 8 – Formação em TIC dos professores da amostra
Consultando a tabela anterior, verifica-se que 90% dos professores afirmam que
necessitam de uma maior formação em informática ao serviço do ensino-aprendizagem,
sendo que, destes, 2,4% professores dizem mesmo desconhecer tudo sobre as TIC. A
maioria dos professores gostaria de saber mais sobre software pedagógico (59,1%),
65
Inclui Portugal Continental e Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores.
Só computador 0,9
0 20 40 60 80 100
Tal como se pode observar na Tabela 9, 99,6% dos professores utilizam o computador a
nível pessoal, uma percentagem bastante superior à média nacional, de 39,6%, e à
média da região norte, em particular, de 35% (INE/UMIC, 2005). Destes, apenas 3%
referem que o utilizam raramente. A maioria utiliza o computador para múltiplas tarefas
(64,8%), sendo que 25,7% o utilizam apenas para processamento de texto (Tabela 9).
Noventa e quatro vírgula três porcento dos professores utilizam a Internet. Esta é uma
taxa de utilização bastante superior aos dados de 2005 relativos à população portuguesa,
que são de 32% para a média nacional e de cerca de 27% para a zona norte (INE/UMIC,
2005). Dos utilizadores, 56,7% utilizam a Internet apenas num sítio; 39,2% usam-na em
dois sítios e apenas 4,1% referem uma utilização em três ou mais locais. Assim, dos
professores que usam a Internet, a maioria usa-a em casa (72,8%), seguindo-se a escola
como local de utilização (64,5%) (Gráfico 2). Relativamente aos dados apresentados por
Paiva para o ano lectivo 2001/2002 (Paiva, 2002a, 2002b), os nossos dados relativos a
2005/2006 parecem sugerir um aumento de 29,3% de utilização da Internet. A utilização
em casa mantém-se aproximadamente nos mesmos valores, pelo que este aumento se
poderá dever a um aumento significativo de utilização da Internet na escola: em
2001/2002, 45% dos professores utilizavam a Internet no local de trabalho, contra os
64,5% agora encontrados.
O e-mail é também bastante utilizado pelos docentes, sendo mencionado por 73% dos
inquiridos (Tabela 9). Destes, 41,7% referem que usam o correio electrónico apenas
para comunicar com um dos grupos referidos no questionário; 39,9% comunicam com
dois grupos e 18,5%, com três ou mais grupos. A grande maioria dos inquiridos utiliza o
e-mail para contactar com amigos (89,3%) ou com colegas professores (51,2%), mas
apenas 7,1% usam-no para comunicar com a escola. De destacar que somente 8,9%
referem o correio electrónico para contactar com os alunos (Gráfico 3). Estes dados são
ligeiramente inferiores aos apresentados por Paiva (2002a, 2002b) relativamente a uma
população semelhante (10%). Refira-se ainda que 22,6% dos inquiridos referem que
comunicam com “outros”. Esta percentagem é ainda significativa, pelo que seria
interessante conhecer melhor com quem este contacto se estabelece.
100
80 72,8
64,5
60
40
20
8,8
0
Usa emcasa Usa na escola Usa noutros lugares
100 89,3
80
60 51,2
40
22,6
20 8,9 7,1
0
Usa e-mail com Usa e-mail com Usa e-mail com Usa e-mail com Outra situação
alunos amigos colegas escola
professores
Nº de professores
Variáveis (N=231)
f %
Computador 224 97
Impressora 220 95,2
Ligação à Internet 173 74,9
Equipamento informático
Scanner 164 71
pessoal
DVD 161 69,7
Gravador CD’s 148 64,1
Outro 8 3,5
Não usa 1 0,4
Usa raramente 7 3
Relação com o computador Usa para processamento de texto 59 25,7
Usa para múltiplas tarefas 149 64,8
Outra situação 14 6,1
Zero horas 4 1,8
De 0h a 3h 63 27,6
Horas por semana ao
De 3h a 5h 80 35,1
computador
De 5h a 10h 47 20,6
Mais de 10h 34 14,9
Sim 217 94,3
Utilização da Internet
Não 13 5,7
Sim 168 73
Utilização do e-mail
Não 62 27
Tabela 9 – Equipamento informático pessoal dos professores da amostra e recurso às TIC a nível
pessoal
Tal como se pode observar na Tabela 10, 95,7% dos inquiridos utilizam o computador
na preparação das suas aulas. Destes, a maior parte recorre às TIC para duas situações
(54,1%); 27,3 utilizam o computador para realizar três ou mais tipos de actividades
informáticas de preparação de aula e 18,6% usam-no apenas numa situação. Assim, a
grande maioria dos inquiridos elabora fichas e/ou testes (98,6), seguindo-se a realização
de pesquisas sobre conteúdos da disciplina (79,1%), a preparação de apresentações
audiovisuais (25%) e outras actividades (7,7%). Denota-se, novamente, um valor
superior àquele apresentado por Paiva no seu estudo de 2002, relativamente à utilização
do computador para fins de trabalho, fora do contexto de sala de aula. Neste âmbito,
destaca-se o número de professores que se referem à realização de pesquisas na Internet.
No estudo de Paiva, apenas 54% dos inquiridos pesquisavam na Internet como forma de
preparação de aulas, contra os 79,1% do nosso estudo.
A maioria dos professores (70,4%) não utiliza o computador com os seus alunos, fora
do âmbito da aula de Inglês, em clubes ou aulas de apoio de Inglês (Gráfico 4). Dos
29,6% dos inquiridos que utilizam, quase metade afirma que usou quatro ou mais vezes,
no ano de 2004/2005 (44,8%). Por seu lado, 34,3% utilizaram entre uma a três vezes.
Nos extremos verificamos que 13,4% não utilizaram nenhuma vez, nesse ano lectivo, e
7,5% utilizaram sempre (Tabela 10).
De igual modo, a maioria dos professores não usa o computador com os alunos no
contexto da aula de Inglês (64,5%). Dos 35,5% que usam, quase metade afirma que o
utilizaram quatro ou mais vezes (48,1%) e 24,1% dos professores utilizaram entre uma a
três vezes. Contudo, nenhum docente afirma ter usado sempre as TIC na sala de aula e
27,8% não efectuaram nenhuma utilização no ano transacto.
70,4
Não utiliza o computador
64,5
Utilizou 0 vezes 3,9
9,5
1,7
Utilizou 1 vez
1,3
3,5 Clubes/Aulas de Apoio
Utilizou 2 vezes
2,6 Sala de aula de Inglês
Utilizou 3 vezes 4,8
4,3
Utilizou 4 ou mais vezes 13
16,5
Utilizou sempre 2,2
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Gráfico 4 – Nível de utilização das TIC dentro e fora do âmbito da aula de Inglês (%)
Em geral, os professores não tendem a fazer uma utilização efectiva das TIC no
contexto educativo. Estes resultados estão em concordância com os de outros estudos
(Paiva, 2001, 2002a, 2002b; Rolo & Afonso, 2005; Silva, 2005; Viseu, 2003). Ainda
assim, parece haver uma tendência para um aumento de utilização do computador, tanto
a nível de clubes/aulas de apoio, como em termos disciplinares, em relação ao ano
lectivo 2001/2002, dado que o estudo de Paiva (2002a, 2002b) refere taxas de utilização
de 26%, em ambos os contextos educativos.
Dos professores que recorrem às TIC na aula de Inglês, a maioria utiliza duas ou três
das oito aplicações referidas no questionário (63%); 29,6% recorrem a apenas um tipo
de aplicação e uma percentagem reduzida de 7,4% fazem uso de mais de três tipos de
aplicações. Assim, sem surpresas, 66,7% dos inquiridos referem que estas aplicações
permitem a realização de dois ou três tipos de actividades; 24,7% afirmam que realizam
apenas um tipo de actividade com os alunos e 8,6% utilizam as aplicações informáticas
para efectuar mais de três tipos de actividades na sala de aula de Inglês.
Tal como é apresentado na Tabela 10, praticamente todos os professores que usam as
TIC na sala de aula de Inglês fazem um balanço positivo deste uso no desempenho dos
seus alunos. Apenas 1,3% referem que esta utilização foi pouco positiva. Nenhum
professor afirma que esta não foi nada positiva.
Nº de professores
Variáveis (N=231)
f %
Utilização do computador Sim 220 95,7
para preparação de aulas Não 10 4,3
Elaboração de fichas/testes 217 98,6
Actividades realizadas para Pesquisas na Internet 174 79,1
preparação de aulas Apresentações audiovisuais 55 25
Outra situação 17 7,7
Utilização do computador em Sim 68 29,6
clubes/aulas de apoio Não 162 70,4
Zero 9 13,4
Uma 4 6
Frequência de uso do
Duas 8 11,9
computador em clubes/aulas
Três 11 16,4
de apoio no ano transacto
Quatro ou mais 30 44,8
Sempre 5 7,5
Utilização do computador na Sim 82 35,5
aula de Inglês Não 149 64,5
Zero 22 27,8
Frequência de uso do Uma 3 3,8
computador na aula de Inglês Duas 6 7,6
no ano transacto Três 10 12,7
Quatro ou mais 38 48,1
Software Pedagógico 52 64,2
Processador de Texto 42 51,9
WWW 41 50,6
Aplicações informáticas E-mail 7 8,6
usadas na aula de Inglês Folha de Cálculo 5 6,2
Chat 2 2,5
Fórum 0 0
Outra 14 17,3
Consulta e pesquisa de informação 65 80,2
Produção e edição de informação 38 46,9
Actividades informáticas Recreativa/jogos 34 42
realizadas na aula de Inglês Organização e gestão de informação 28 34,6
Comunicação e intercâmbio em rede 2 2,5
Outra 5 6,2
Muito positivo 20 25,6
Balanço das actividades
Positivo 57 73,1
informáticas realizadas na
Pouco positivo 1 1,3
aula de Inglês
Nada positivo 0 0
Tabela 10 – Utilização das TIC no ensino-aprendizagem do Inglês
A partir da análise dos valores obtidos nas escala de atitudes, observa-se que os
professores revelam, em geral, atitudes mais positivas do que negativas face às TIC,
resultados que corroboram os de outros estudos com professores portugueses (Dalvi et
al., 2003; Paiva, 2002a, 2002b; Rolo & Afonso, 2005). Assim, 91% dos inquiridos
revelam atitudes positivas ou muito positivas face às TIC, e nenhum docente revela
atitudes muito negativas, de acordo com o “score” obtido na escala de atitudes (Tabela
11). O conjunto destes resultados permite obter um “score” de 2, pelo que a média das
atitudes dos docentes é, em termos gerais, positiva.
Professores (%)
“Score” Atitude
(N=231)
≥1 e ≤1,75 28 Atitude muito positiva
>1,75 e ≤2,5 63 Atitude positiva
>2,5 e ≤3,25 9 Atitude negativa
>3,25 e ≤4 0 Atitude muito negativa
Tabela 11 – Distribuição dos professores de acordo com a atitude face às TIC
Analisando as atitudes dos docentes, em termos dos itens individuais, confirma-se esta
mesma tendência (Tabela 12). Os inquiridos revelam atitudes positivas relativamente à
maioria dos itens, com excepção do item 16, cujo conteúdo merece uma atitude mais
negativa por parte dos mesmos, no que se refere ao maior domínio das TIC por parte
dos alunos, comparativamente com o próprio docente. Verifica-se também que, apesar
de se registar um “score” positivo em termos dos itens 5 e 18, referentes ao uso das TIC
a nível pessoal, mas não pedagógico, e ao conhecimento, a fundo, das vantagens
pedagógicas das TIC, este resultado não é muito expressivo, pois aponta para um
equilíbrio de respostas por parte dos professores, o que é confirmado através de uma
análise da frequência de respostas. Comparando estes resultados com o estudo de Paiva
(2002a, 2002b), os professores de ambas as amostras demonstram atitudes negativas e
positivas face aos mesmos itens aqui analisados (Tabela 12). Porém, em termos gerais, e
atendendo à análise da frequência de respostas, a percentagem de professores que
revelam atitudes mais positivas face às TIC é superior na amostra do presente estudo,
comparativamente com a amostra nacional daquele estudo.
Da análise da tabela anterior, pode destacar-se o item 2, com uma média de atitudes
geral muito positiva, o que parece contrariar a ideia de que os computadores ainda
assustam os professores. De ressalvar, também, que os professores se dizem motivados
para usar as TIC com os alunos, uma vez que o item 17 regista uma atitude positiva,
ainda que a análise da frequência de respostas permita verificar que 27,7% dos docentes
refiram que não sentem esta motivação, um valor significativo se considerarmos que a
motivação e a predisposição para aderir a novos desafios é um aspecto essencial para a
mudança (Silva, 2005).
Os dados obtidos em termos do item 5 (“Uso as TIC em meu benefício, mas não sei
como ensinar os meus alunos a usá-las”) são consistente com os obtidos em relação ao
uso das TIC a nível pessoal e pedagógico (Tabelas 9 e 10), na medida em que se assiste
a uma utilização efectiva das novas tecnologias pelos professores, a nível pessoal, mas
não no contexto da sala de aula. Por outro lado, os resultados obtidos em termos do item
18, referente ao conhecimento aprofundado das vantagens das TIC, podem ser
considerados significativos, na medida em que um aspecto que condiciona fortemente as
atitudes dos professores é, precisamente, o desconhecimento das potencialidades
pedagógicas de uma qualquer inovação, neste caso concreto, das TIC (Aparici, 1993,
citado por Machado & Freitas, 1999).
apontando como principais obstáculos a uma real integração das TIC no ensino-
aprendizagem do Inglês os factores económicos e técnicos (89,2%), que incluem a falta
de meios técnicos (computadores, salas, etc.) (71%), assim como a falta de recursos
humanos (39%) e de software e recursos tecnológicos (28,6%) (Gráfico 5). Seguem-se
os factores de política educativa (63,6%), dentro dos quais se destaca a falta de
flexibilidade de tempo e dos programas disciplinares (43,3%), sendo menos referidas a
falta de uma estrutura organizacional na escola e de incentivo para o uso das TIC no
currículo (20,8% e 8,2%, respectivamente). Os constrangimentos de ordem psicológica
são referidos por 41,6% dos docentes, e passam pela falta de motivação e de uma
sensibilização prévia para o uso das TIC (23,8%). Os factores formativos foram
seleccionados por 39,8% dos respondentes.
Estes resultados estão em concordância com os de outros estudos, que também apontam
para a falta de meios técnicos como o principal obstáculo mencionado pelos docentes,
para uma utilização efectiva das TIC na escola (Brito, Duarte & Baía, 2004; Dalvi et al.,
2003; DAPP, 2002a, 2002c, 2003; Paiva, et al., 2003; Ponte & Serrazina, 1998; Rolo &
Afonso, 2005).
Outro 0,9
0 20 40 60 80 100
Reservamos este espaço para testar e discutir, uma a uma, as hipóteses avançadas neste
estudo, que foram operacionalizadas considerando o recurso às TIC, em interacção
directa com os alunos, na sala de aula de Inglês (Questão II N). Outros indicadores
serão também analisados, como a própria frequência de utilização (Questão II O), a
quantidade de aplicações informáticas usadas e de actividades informáticas realizadas
(Questões II P e II Q), assim como o balanço que os docentes fazem desse uso no
desempenho dos seus alunos (Questão II R). Apresentaremos a sua análise e
sustentaremos a sua discussão à luz da investigação nesta área.
Para analisar se o uso pedagógico das TIC varia em função das características pessoais
dos professores de Inglês (HG1), procedeu-se à análise das variáveis “sexo” (HO1) e
“classe etária” (HO2).
Sexo
Masculino Feminino Total
Nº vezes que usou Zero Nº professores 0 22 22
o computador na % dentro de categoria Sexo ,0% 31,0% 27,8%
disciplina de Inglês Uma Nº professores 0 3 3
% dentro de categoria Sexo ,0% 4,2% 3,8%
Duas Nº professores 0 6 6
% dentro de categoria Sexo ,0% 8,5% 7,6%
Três Nº professores 1 9 10
% dentro de categoria Sexo 12,5% 12,7% 12,7%
Quatro Nº professores 7 31 38
ou mais % dentro de categoria Sexo 87,5% 43,7% 48,1%
Total Nº professores 8 71 79
% dentro de categoria Sexo 100,0% 100,0% 100%
Tabela 13 – Relação entre a variável sexo dos professores e a frequência de utilização das TIC na
aula de Inglês
Estes resultados contrastam com a investigação na área, que tem apontado para um
maior recurso às TIC por parte do sexo masculino, registando diferenças significativas a
este nível. Silva (2005) encontrou uma relação significativa entre a utilização
pedagógica das TIC e a variável “sexo”, com os professores a usarem mais as TIC que
as professoras. Também Paiva (2001:58) concluiu que “a relação do sexo com o uso ou
não do computador em contexto educativo é evidente, mas neste caso quando em
estreita ligação com o agrupamento disciplinar 2 (…), basicamente as línguas”, o que
poderá ajudar a explicar que, no nosso estudo, composto exclusivamente por
professores de línguas, se perca aquela variabilidade.
Nº de Nº de
Frequência aplicações actividades Balanço de
de uso informáticas informáticas uso das TIC
Kolmogorov-Smirnov Z 1,175 1,179 ,079 ,245
Valor de p ,126 ,124 1,000 1,000
Tabela 14 - Relação entre a variável sexo dos professores e alguns indicadores de utilização das TIC
Influência da classe etária dos professores de Inglês no uso pedagógico das TIC
Numa primeira análise das frequências de resposta, verifica-se que o rácio entre a
utilização e a não utilização das TIC, dentro de cada uma das faixas etárias, tende a
aumentar à medida que aumenta a idade. Parece, assim, haver uma ligeira
preponderância para o uso do computador na aula de Inglês ser realizado pelos
professores mais jovens, entre os 18-35 anos (39,2%). Desagregando ainda mais esta
classe etária, a tendência para os professores mais jovens utilizarem mais as TIC
continua a verificar-se. Assim, 42,9% dos docentes entre 18 e 25 anos e 38,5% dos
docentes entre 26 e 35 anos usam as TIC com os alunos. No entanto, a relação entre as
variáveis utilização pedagógica das TIC e classe etária dos professores não é
estatisticamente significativa, segundo o teste Kolmogorov-Smirnov (K-s = ,715; p =
,685), pelo que as variáveis surgem como independentes.
2002b; Silva, 2005). Ainda assim, o estudo de Paiva (2002a, 2002b), refere a tendência
para uma menor utilização da classe etária acima dos 56 anos, embora esta diferença
não seja estatisticamente significativa.
De igual modo, verifica-se que os grupos etários não se correlacionam com o número de
aplicações informáticas usadas, com o número de actividades com base nas TIC
efectuadas com os alunos e com o balanço que os professores efectuam desta utilização
das TIC no desempenho dos seus alunos (Tabela 15). Apesar de não terem expressão
estatística significativa, são de realçar dois aspectos: a) o grupo de professores entre 36-
45 anos é o que mais usa a Web e é o único que refere o chat; b) os professores mais
jovens tendem a fazer um balanço mais positivo do uso pedagógico das TIC.
Classe
etária
Ró de Frequência de uso Coeficiente de correlação ,002
Spearman Valor de p ,988
Nº de aplicações Coeficiente de correlação 79
informáticas Valor de p ,465
Nº de actividades com Coeficiente de correlação -,106
base nas TIC Valor de p ,345
Balanço do uso das Coeficiente de correlação ,093
TIC Valor de p ,419
Tabela 15 – Correlação entre a variável classe etária e alguns indicadores de utilização das TIC
Concluindo, a análise dos dados permite verificar que o uso pedagógico das TIC não
varia em função das características pessoais dos professores de Inglês, apesar de haver
uma ligeira preponderância para esta utilização ser efectuada por professores mais
jovens e pelos do sexo masculino.
Para analisar se o uso pedagógico das TIC varia em função das características
profissionais dos professores de Inglês (HG2), procedeu-se à análise das variáveis
“situação profissional” (HO3), “tempo de serviço” (HO4) e “nível de ensino” (HO5).
Analisando outros indiciadores de utilização das TIC, parece haver uma ligeira
preponderância para os professores em estágio ou profissionalização usarem mais vezes
o computador em contexto educativo. Estes docentes situam-se nos extremos em termos
do número de vezes que usaram o computador com os alunos, no ano transacto, ou seja,
ou usaram quatro ou mais vezes (66,7%) ou não usaram nenhuma vez (33,3%). Mais
uma vez, esta ausência pode estar relacionada com o facto de os mesmos ainda não
terem integrado a carreira docente na altura. São os professores contratados os que mais
afirmam não terem usado nenhuma vez o computador no ano transacto (37,5%),
situação passível de ser associada à própria instabilidade da sua situação profissional e à
possibilidade de não terem estado colocados numa escola. Verifica-se também que
parece existir uma maior propensão para os professores contratados e em
estágio/profissionalização fazerem um balanço mais positivo do uso pedagógico das
TIC, comparativamente com os docentes com vínculo ao ME. No entanto, através do
teste Kruskal-Wallis, as diferenças em termos da frequência de utilização das TIC, do
número de aplicações informáticas usadas e de actividades informáticas realizadas com
os alunos e do balanço que os professores efectuam desta utilização, não parecem ser
estatisticamente significativas (Tabela 16).
Tabela 16 – Relação entre a variável situação profissional e alguns indicadores de utilização das
TIC
Influência do tempo de serviço dos professores de Inglês no uso pedagógico das TIC
Os dados analisados indicam que não há uma relação estatisticamente significativa entre
as variáveis (K-s = ,415; p = ,995). Portanto, a utilização pedagógica das TIC não
parece variar em função do tempo de serviço dos professores de Inglês.
Tempo de Serviço
até 10 11-20 > 20
anos anos anos Total
Usa o computador Sim Nº professores 26 31 24 81
com os alunos na % dentro de categoria
disciplina de Inglês? 40,0% 35,6% 31,6% 35,5%
Tempo de Serviço
Não Nº professores 39 56 52 147
% dentro de categoria
60,0% 64,4% 68,4% 64,5%
Tempo de Serviço
Total Nº professores 65 87 76 228
% dentro de categoria
100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Tempo de Serviço
Tabela 17 – Relação entre a variável tempo de serviço e a utilização das TIC na aula de Inglês
O teste Ró de Spearman também não aponta para uma relação significativa entre as
variáveis tempo de serviço e frequência de utilização das TIC (Tabela 18). Apesar disso,
considerando cinco categorias de tempo de serviço (<5 anos; 5-10 anos; 11-15 anos;16-
20 anos; >20 anos), pode verificar-se que os professores que têm entre 11 e 15 anos de
serviço são os que mais afirmam ter usado mais vezes o computador na sala de aula,
sendo seguidos pelos professores com menos de 5 anos (60% e 57,1%, respectivamente,
mencionaram um grau de utilização igual ou superior a quatro vezes). Em
concomitância, denota-se que é neste último grupo de profissionais que se verifica,
também, a maior percentagem de inquiridos a não usarem nenhuma vez o computador
no ano lectivo de 2004/2005 (42,9%).
Outro grupo que, apesar de reportar a utilização das TIC na interacção directa com os
alunos, se situa nos extremos, pois tende a não utilizar o computador ou a utilizar com
maior frequência, é o que comporta os docentes com mais de 20 anos de serviço, o que
confirma os dados obtidos em termos do nível etário. Assim, 41,7% destes inquiridos
referem um nível de utilização de zero vezes e 50% reportaram um nível de utilização
igual ou superior a quatro vezes, sendo que apenas 8,4% referem a frequência
intermédia de duas/três utilizações.
Relativamente a outros indicadores de uso das TIC, parece haver uma propensão para os
professores que têm entre 11 e 20 anos de serviço usarem um maior número de
aplicações informáticas e realizarem um maior número de actividades informáticas com
os seus alunos (16,1% recorreram a mais de 3 aplicações e 12,9% realizaram mais de
três actividades na aula de Inglês), assim como tenderem a fazer mais recurso à WWW
e ao e-mail, sendo o único grupo que se refere ao uso do chat com os alunos e à
realização de actividades de comunicação e intercâmbio em rede. Apesar desta
propensão, o coeficiente Ró de Spearman não aponta para uma correlação entre o tempo
de serviço e a quantidade de aplicações informáticas usadas, a quantidade de actividades
informáticas realizadas com a turma e o balanço do uso das TIC no desempenho dos
alunos (Tabela 18).
Tempo de
Serviço
Ró de Frequência de uso Coeficiente de correlação ,055
Spearman Valor de p ,630
Nº de aplicações Coeficiente de correlação -,009
informática Valor de p ,934
Nº de actividades com Coeficiente de correlação -,037
base nas TIC Valor de p ,743
Balanço do uso das Coeficiente de correlação ,043
TIC Valor de p ,710
Tabela 18 – Correlação entre a variável tempo de serviço e alguns indicadores de utilização das
TIC
Os estudos sobre a relação entre as duas variáveis aqui analisadas apontam para
resultados diversos. Paiva (2001) e Silva (2005) consideram que o uso do computador
não está dependente do nível de ensino. Num outro estudo, Paiva (2002a, 2002b) não
aponta para nenhuma diferença significativa, mas releva que, à excepção dos docentes
do 1º ciclo, os professores de 3º ciclo e do ensino secundário são os que mais fazem uso
das TIC em contexto educativo, o que é consistente com os nossos resultados.
vezes”), verifica-se uma superioridade de recurso às TIC por parte dos docentes que
leccionam no nível misto de 3ºciclo e secundário (71,4%), dos que leccionam no 3º
ciclo (64,3%) e dos que leccionam no secundário (61,9%), comparativamente com os
que leccionam no 2º ciclo (40%). Há um equilíbrio de níveis de utilização em todos os
níveis de ensino, à excepção do 2º ciclo, no qual se verifica uma tendência para os
professores usarem muitas vezes as TIC ou não usarem nenhuma vez, já que, dos
professores de 2º ciclo que recorreram ao computador no ano lectivo 2004/2005, 40%
fizeram-no quatro ou mais vezes, mas 53,3% não realizaram nenhuma actividade com
base nas TIC.
Este resultado poderá sugerir que a utilização pedagógica das TIC depende não (só) de
factores pessoais, profissionais ou atitudinais dos professores, mas que aquela variável
também será influenciada pelas características dos próprios alunos, o que será natural e
desejável num processo de ensino-aprendizagem. Assim, poderemos considerar que as
características desenvolvimentais e os estilos de aprendizagem dos alunos do 2º ciclo
poderão não favorecer estratégias de ensino-aprendizagem com as características
normalmente associadas às TIC, nomeadamente assentes num maior nível de autonomia
por parte dos aprendentes. Assim, os professores destes alunos optariam por recorrer a
outro tipo de estratégias de ensino-aprendizagem, não propriamente por não se sentirem
competentes na utilização das TIC, mas sim por percepcionarem essas estratégias
pedagógicas como menos adequadas aos seus alunos. De facto, os modelos pedagógicos
cada vez tendem a ser mais interaccionistas e sistémicos, valorizando, de forma
crescente, o papel de diferentes intervenientes, neste processo, e da própria
interacção/interrelação entre eles. Efectivamente, as características pessoais e
profissionais dos professores não evidenciaram efeitos significativos, por si só, na
utilização pedagógica das TIC.
Tabela 19 - Relação entre a variável nível de ensino e alguns indicadores de utilização das TIC
Concluindo, a análise dos resultados sugere que o uso pedagógico das TIC não varia em
função de algumas características profissionais dos professores de Inglês, tais como a
sua situação profissional e o seu tempo de serviço. Contudo, verificou-se que o recurso
às TIC em interacção directa com os alunos, na aula de Inglês, varia em função da
característica profissional “nível de ensino”, pois os dados indicam que são os
professores do ensino secundário os que mais usam o computador na sala de aula de
Inglês.
Influência do tipo de formação em TIC no uso pedagógico das TIC pelos professores
de Inglês
A distribuição da variável uso pedagógico das TIC pelos diversos tipos de formação em
TIC revelou que este uso varia em função da auto-formação, mas também da realização
de acções de formação que não estão sob a alçada do ME. Denota-se, em ambos os
casos, uma relação estatisticamente significativa, a partir do teste do Qui-Quadrado
(Tabela 20). Deste modo, não se pode rejeitar a hipótese nula (H0).
significativa entre a utilização das TIC e o modo como é feita a iniciação à informática,
assim como considera que não se revela significativo o grau de aprofundamento com
que foi feita a iniciação à informática ou o facto de o professor ter frequentado ou não
acções de formação em TIC.
Estabelecida a relação entre o uso pedagógico das TIC e os dois tipos de formação
referidos, através do teste do Qui-quadrado, importa determinar a sua intensidade. O
coeficiente V de Cramer aponta para uma associação entre variáveis que é
estatisticamente significativa, mas muito fraca, devido aos seus baixos valores, tanto em
termos da auto-formação (V = ,152; p = ,021), como em termos da frequência de acções
de formação (V = ,143; p = ,030).
Nº de Nº de
Frequência de Balanço de
aplicações actividades
uso uso das TIC
informáticas informáticas
K-s ,713 ,382 ,274 ,494
Auto-formação
Valor de p ,689 ,999 1 ,968
Outras acções de K-s 1,066 1,237 ,447 ,400
formação (não ME) Valor de p ,206 ,094 ,988 ,997
Tabela 21 – Relação entre a auto-formação e acções de formação (fora do âmbito do ME) e alguns
indicadores de utilização das TIC
Influência da relação dos professores com o computador no uso pedagógico das TIC
A investigação tem apontado para uma relação entre competência tecnológica e recurso
às TIC em contexto de sala de aula. Russell e Bradley (1997), num estudo levado cabo
no ensino básico australiano, apontam para uma correlação negativa entre a
competência tecnológica e a ansiedade causada pelo uso pedagógico do computador,
pois a vergonha de não dominar a técnica, o receio de usar o computador na sala de
aula, de o danificar, ou de não ser bem sucedido no desempenho das tarefas, conduz a
uma maior ansiedade e, consequentemente, a um menor uso do computador na sala de
aula.
No nosso estudo, os dados permitem verificar que quem afirma não usar o computador,
em geral, também não o usa em interacção directa com os alunos. Contudo, o teste Qui-
Quadrado aponta para a independência das variáveis, ou seja, não foi detectada
nenhuma relação estatisticamente significativa entre o uso pedagógico das TIC e uma
boa relação com o computador (QQ = 4,782; g.l. = 3; p = ,188), um resultado que pode
ser considerado esperado mediante a amostra encontrada, uma vez que a maior parte dos
docentes usa o computador com frequência, independentemente de usar ou não as TIC
com os alunos.
Tabela 22 - Relação entre a variável relação com o computador e alguns indicadores de utilização
das TIC
de 5 horas por semana referem o uso de mais de três aplicações informáticas e o recurso
ao e-mail.
No entanto, não se denota nenhuma correlação entre o uso pedagógico das TIC e o
número de actividades informáticas realizadas com os alunos, nem entre esta utilização
e o balanço que os docentes fazem dessas actividades no desempenho dos seus alunos
(Tabela 23).
Horas semanais
ao computador
Ró de Frequência de uso Coeficiente de correlação ,285
Spearman Valor de p ,011
Nº de aplicações Coeficiente de correlação ,330
informáticas Valor de p ,003
Nº de actividades Coeficiente de correlação ,087
informáticas Valor de p ,441
Balanço de uso das Coeficiente de correlação -,104
TIC Valor de p ,367
Tabela 23 - Correlação entre a variável horas ao computador e alguns indicadores de utilização das
TIC
Concluindo, a partir da análise dos dados não é possível afirmar-se que existe uma
relação estatisticamente significativa entre a competência tecnológica evidenciada pelo
professor e o uso pedagógico das TIC. Verifica-se, porém, existe uma relação
estatisticamente significativa entre a utilização das TIC na sala de aula e a auto-
formação, por um lado, e a realização de acções de formação fora do âmbito do ME, por
outro. De igual modo, um maior número de horas passadas ao computador reflecte-se
numa maior utilização das TIC em interacção directa com os alunos, assim como numa
maior frequência de uso pedagógico das TIC e num maior número de aplicações
informáticas usadas com os alunos. Denota-se também que os professores que usam o
computador com frequência, a nível pessoal, para processamento de texto ou para
múltiplas tarefas, são os que realizam um maior número de actividades baseadas nas
TIC, com os alunos, na sala de aula de Inglês.
Influência das atitudes face às TIC no seu uso pedagógico pelos professores de Inglês
Relativamente a outros indicadores de uso, e tal como se verifica na Tabela 24, denota-
se, mais uma vez, uma relação estatisticamente significativa entre uma atitude de
negatividade e o número de aplicações informáticas usadas na sala de aula de Inglês (F
= 8,962; g.l. = 2; p = <,001), uma vez que os professores que revelam uma atitude mais
negativa face às TIC tendem a usar apenas uma aplicação informática em interacção
directa com os alunos. Esta relação não se verifica em termos de uma atitude de
positividade face às TIC, assim como não se denotam outras relações estatisticamente
significativas em relação a outros indicadores de uso (Tabela 24).
Nº de Nº de
Frequência de aplicações actividades Balanço de uso
uso informáticas informáticas das TIC
Atitude de F 1,776 8,962 2,864 ,599
negatividade g.l. 4 2 2 2
face às TIC Valor de p ,143 ,000 ,063 ,552
Atitude de F ,952 2,467 2 2,713
positividade g.l. 4 2 2 2
face às TIC Valor de p ,439 ,092 ,143 ,073
Tabela 24 - Relação entre a atitude dos professores face às TIC e alguns indicadores de utilização
das TIC
A análise dos dados, a partir do teste do Qui-Quadrado, permite estabelecer uma relação
estatisticamente significativa entre o uso pedagógico das TIC e os obstáculos
económicos e técnicos, assim como em relação aos obstáculos do domínio formativo.
Esta relação não se verifica em termos dos obstáculos psicológicos e de política
educativa, tal como se verifica na tabela seguinte.
Denota-se, pois, que a falta de formação é mais referida pelos professores que não
fazem uso pedagógico das TIC do que pelos que fazem, sendo que 72,8% dos docentes
que mencionam este factor referem que não usam as TIC em interacção directa com os
alunos. Por seu lado, apesar de se verificar que a propensão para assinalar os obstáculos
económicos e técnicos é superior nos inquiridos que recorrem às TIC (97,6% contra
84,6%), denota-se que, na ausência deste condicionalismo, poderia haver um maior
usufruto das TIC por parte destes docentes, em termos de frequência de uso.
Deste modo, os dados parecem apontar para os factores económicos e técnicos e para o
factor formativo como os que mais condicionam a utilização pedagógica das TIC, pelo
que se rejeita a hipótese nula (H0).
De igual modo, vários outros estudos têm apontado para a importância dos factores
económicos e técnicos. Podemos referir um estudo realizado pela rede Eurydice sobre a
utilização das TIC nas escolas da UE, que permite concluir que nos países onde o rácio
alunos por computador é elevado, os alunos recorrem pouco ao computador,
estabelecendo uma relação directa entre estas duas variáveis (Seixas, 2004). A falta de
recursos humanos específicos para apoio do professor face às suas dúvidas de
informática é também apontada por diferentes estudos (Chagas, 2001; DAPP, 2002c,
2003; Romero & Silva, 2003), assim como a falta de software e recursos tecnológicos
(Chagas, 2001; Romero & Silva, 2003). De igual modo, os factores formativos são
Ressalve-se, porém, que um número significativo de docentes não faz uso das TIC,
independentemente da subsistência ou não dos obstáculos referidos. Efectivamente,
92% dos docentes que não sentem dificuldades em termos económicos e técnicos, não
usam as TIC, sendo esta percentagem de 59%, no que se refere aos obstáculos
formativos. Assim, apesar de contribuírem para o actual cenário em termos do uso
pedagógico das TIC, estes constrangimentos não parecem consubstanciar,
integralmente, a não integração das TIC no processo de ensino-aprendizagem do Inglês.
No referente a outros indicadores de uso das TIC, tais como a frequência de utilização, a
quantidade de aplicações e actividades informáticas referidas e o balanço efectuado das
actividades informáticas realizadas com os alunos, não se detectaram diferenças
significativas, com recurso ao teste Kolmogorov-Smirnov (Tabela 26).
Nº de Nº de Balanço de
Frequência de
aplicações actividades uso das
uso
informáticas informáticas TIC
Obstáculos económicos K-s ,689 ,424 ,354 ,367
e técnicos Valor de p ,729 ,994 1 ,999
K-s ,588 ,339 1,004 ,208
Obstáculos formativos
Valor de p ,879 1 ,266 1
K-s ,815 ,176 ,645 ,508
Obstáculos psicológicos
Valor de p ,520 1 ,800 ,959
Obstáculos de política K-s ,489 ,460 ,261 ,090
educativa Valor de p ,971 ,984 1 1
Tabela 26 - Relação entre os obstáculos ao uso pedagógico das TIC e alguns indicadores de
utilização das TIC
Concluindo, a análise dos dados permite verificar que uma atitude de negatividade face
às TIC e constrangimentos de ordem económica e técnica e de foro formativo parecem
condicionar o uso pedagógico das TIC pelos professores de Inglês.
5.3. Síntese
Por seu lado, a análise estatística inferencial permitiu analisar o impacto das seguintes
variáveis no uso pedagógico das TIC na sala de aula de Inglês: características pessoais
(sexo e classe etária), características profissionais (situação profissional, tempo de
serviço e nível de ensino), competência tecnológica (formação em TIC, relação com o
computador e horas passadas ao computador) e atitudes e constrangimentos face às TIC.
Os resultados obtidos apontam para a existência de algumas relações estatisticamente
significativas. Assim, pudemos constatar que:
• Os professores do ensino secundário são os que usam mais as TIC em interacção
directa com os alunos;
• Os professores que fazem auto-formação e que realizam acções de formação
fora da alçada do ME são os que usam mais as TIC em interacção directa com
os alunos;
• Os professores que passam mais horas ao computador são os que usam mais as
TIC em interacção directa com os alunos, assim como fazem uma utilização
mais frequente, com recurso a um maior número de aplicações informáticas;
6. Conclusões
Pensamos que, a partir deste estudo, é possível ficar a conhecer melhor que uso
pedagógico efectivo das TIC é efectuado pelos professores de Inglês, assim como retirar
algumas indicações capazes de contribuir para a reflexão sobre a definição de
estratégias conducentes a uma melhor integração das TIC no processo de ensino-
aprendizagem do Inglês como LE.
Os professores de Inglês usam ainda pouco as TIC em interacção directa com os alunos,
na sala de aula de Inglês, dado que 64,5% dos docentes afirmam não fazer uso do
computador, neste contexto (Gráfico 4). A frequência de utilização, em termos dos
35,5% dos docentes que fazem uso pedagógico do computador, aponta para dados mais
positivos, pois, apesar de nenhum professor referir um recurso sistemático às TIC e
27,8% não terem usado nenhuma vez o computador, no ano transacto, registam-se taxas
de recurso ao computador de uma a três vezes, em relação a 24,1% dos inquiridos, e de
quatro ou mais vezes, no que se refere a 48,1% dos professores da amostra (Tabela 10).
A utilização das TIC, em interacção directa com os alunos, na sala de aula de Inglês,
baseia-se bastante no recurso ao software pedagógico, ao processador de texto e à
WWW, com taxas de utilização de 64,2%, 51,9% e 50,6%, respectivamente (Tabela
10). Uma reduzida percentagem de docentes (6,2%) refere o recurso à folha de cálculo,
um nível de utilização que não surpreende, dado este não ser um dos recursos com mais
potencialidades em termos da aprendizagem de uma LE. Contudo, num contexto em
que 76,2% dos inquiridos consideram que os professores estão suficientemente
sensibilizados para o uso das TIC (Gráfico 5), não deixa de surpreender que novas
tecnologias ou novas utilizações de tecnologias, tais como o fórum, o chat ou o e-mail,
estejam associadas a níveis de utilização reduzidos (Tabela 10), assim como, refira-se, a
um fraca necessidade de formação (Tabela 8). Isto parece indiciar que o interesse por
estas ferramentas mais colaborativas é ainda diminuto e que estas ainda não são uma
prioridade dos professores, como ferramentas a utilizar em interacção directa com os
alunos, numa área como a aprendizagem de uma língua, onde as potencialidades deste
tipo de ferramentas, potenciadoras da comunicação, podem ser significativas.
Comparando com o software pedagógico, verifica-se, como referido e como patente na
Tabela 10, que este tem uma grande percentagem de utilização na sala de aula e que os
professores sentem necessidades de aprofundar esses mesmos conhecimentos (Tabela
8), o que indica que lhe atribuem importância na sua prática lectiva. De igual modo, este
pouco recurso às ferramentas colaborativas poderá estar relacionado com algum
desconhecimento das suas potencialidades, se considerarmos a média de atitudes obtida
em termos do item 18 da escala de atitudes (Tabela 12), que remete para algum não
conhecimento, a fundo, das potencialidades pedagógicas das TIC.
A utilização das TIC parece, assim, ainda estar numa fase embrionária e o tipo de
actividades desenvolvidas encontram-se ainda longe do potencial dos seus recursos.
Houve uma disseminação da utilização das TIC em termos da sua manipulação técnica,
mas não da sua exploração pedagógica (Cardoso, 1999; Silva, 2005). Isto justifica que,
em termos pessoais, o recurso às TIC pelos professores atinja níveis de utilização tão
positivos, nomeadamente em termos da sua relação com o computador, da utilização da
Internet e do e-mail (Tabela 9) e, inclusive, em termos da preparação de aulas com
auxílio de meios informáticos (Tabela 10), mas que, em interacção directa com os
alunos, este uso seja ainda reduzido, como já se referiu.
Por outro lado, denota-se também que um maior número de horas passadas com
computador, que patenteia uma maior experiência informática, se reflecte num maior
uso pedagógico das TIC, pelo que a formação docente poderá também ter um papel a
desempenhar neste domínio, no sentido de dotar os professores de competência
tecnológica dentro dos âmbitos mais relacionados com as suas reais necessidades.
66
A figura do Coordenador TIC foi criada pelo Diário da República nº 247, Despacho nº 26691/2005 (2ª
série). Os Coordenadores TIC deverão estar nomeados até ao início do ano lectivo 2006/2007. Poderão
decorrer um ou dois anos até que os resultados desta medida se façam sentir.
Por outro lado, verificamos, neste estudo, que os factores económicos e técnicos,
referidos por 89,2% dos inquiridos, parecem ser os obstáculos que mais condicionam o
uso pedagógico das TIC, a par dos factores formativos. Estes factores incluem a falta de
meios técnicos, que foi mencionada por 71% dos inquiridos (Gráfico 5). Assim, apesar
de os docentes possuírem um bom parque informático pessoal (Gráfico 1) e fazerem um
bom uso dele, a nível pessoal, como já foi referido, o mesmo não se verifica a nível da
utilização das TIC na sala de aula, o que parece estar associado à falta de meios técnicos
da escola, segundo opinião dos próprios docentes. A literatura aponta, efectivamente,
para esta relação e para a importância de se equipar a escola informaticamente, como
condição base para o uso pedagógico das TIC (Brito, et al., 2004; Dalvi et al., 2003;
DAPP, 2002a, 2002c, 2003; Paiva, et al., 2003; Ponte & Serrazina, 1998; Rolo &
Afonso, 2005). Apesar dos investimentos já efectuados neste sentido, os dados
recolhidos mostram que as escolas continuam a apresentar lacunas em termos de
equipamento disponível para utilização dos professores com os alunos, nos âmbitos
disciplinar e não disciplinar.
Para além da falta de meios técnicos, os factores económicos e técnicos incluem a falta
de recursos humanos e de software e recursos tecnológicos. A falta de recursos
humanos específicos para apoio do professor face às suas dúvidas de informática é
mencionada por 39% dos docentes (Gráfico 5) e reforçada por diferentes estudos
(Chagas, 2001; DAPP, 2002c, 2003; Romero & Silva, 2003). As escolas não têm,
efectivamente, um quadro de pessoal técnico de informática. O Coordenador de
Informática pode colmatar algumas dificuldades de coordenação de meios e manutenção
dos equipamentos, mas não pode ser um técnico de informática ao serviço dos
professores, presente na escola para auxiliar os docentes no momento em que surja
algum problema técnico, durante uma aula. Os imprevistos que envolvem as TIC em
relação à parte técnica, além de serem fonte de transtorno e insegurança, prejudicam a
tarefa planeada para a aula, exigindo que o professor acabe por preparar duas aulas
diferentes, se necessário, o que pode ser um motivo de desencorajamento e um
obstáculo ao uso das TIC na sala de aula.
Costa (2004) defende que a mudança para a introdução das TIC no sistema de ensino-
aprendizagem português, passa necessariamente por todos os que intervêm no sistema,
que deverão actuar, cada um ao seu nível. Neste sentido, apresentamos em seguida
algumas recomendações, que serão agrupadas em três grandes níveis de actuação:
Nível da escola:
• Reorganização e rentabilização dos equipamentos e espaços escolares e dos
horários e da dimensão das turmas, com vista a fomentar um melhor acesso aos
computadores;
• Presença de um técnico de informática na escola, capaz de auxiliar as
actividades informáticas dos professores com os alunos, em contexto disciplinar
e não disciplinar, assim como de um coordenador/dinamizador de projectos,
para assegurar a implementação e manutenção de actividades no âmbito das
TIC;
• Adequação da formação às necessidades efectivas dos docentes das escolas ou
dos agrupamentos;
• Ênfase na realização de acções de formação em informática que focalizem na
exploração pedagógica das TIC;
• Definição de critérios de avaliação dos alunos no âmbito das TIC.
Nível do professor:
• Promoção da discussão acerca das reais potencialidades e vantagens
pedagógicas das TIC, assim como de formas de integração das TIC, em contexto
educativo;
• Desenvolvimento de uma postura activa na sugestão de actividades e promoção
de projectos no âmbito das TIC;
Uma primeira limitação do nosso estudo tem a ver com a própria natureza do
instrumento de recolha de dados. Como se sabe, uma das características do questionário
é que os dados recolhidos são declarados e não observados. Para além disso, um
questionário, aplicado num dado momento, a determinada amostra, implica sempre que
os dados recolhidos digam respeito a um período delimitado de tempo.
Uma segunda limitação prende-se com a desejabilidade social das respostas, ou seja, a
tendência para se responder de acordo com o que se associa a uma maior aprovação
social. Porém, só um teste de “desiderabilidade social” ou de “mentira” permitiria
chegar a dados mais objectivos.
Finalmente, refira-se também o carácter do estudo, que é do tipo correlacional, pelo que,
como já o dissemos, não permite inferências de natureza causal.
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As Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino - Aprendizagem do Inglês:
Potencialidades, Práticas e Constrangimentos
Warschauer, M. (2000). “The death of cyberspace and the rebirth of CALL”. English
Teachers’ Journal, 53, pp.61-67, em
http://www.gse.uci.edu/faculty/markw/cyberspace.html (acedido em 16 de Junho de
2006).
Warschauer, M., & Meskill, C. (2000). “Technology and second language learning”. In
J. Rosenthal (Ed.) Handbook of undergraduate second language education.
Mahwah, New Jersey: Lawrence Erlbaum, em
http://www.gse.uci.edu/faculty/markw/tslt.html (acedido em 16 de Junho de 2006).
Warschauer, M., Schetzer, H., & Meloni, C. (2000). Internet for English Teaching.
Alexandria: Tesol.
Bibliografia 148
As Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino - Aprendizagem do Inglês:
Potencialidades, Práticas e Constrangimentos
Anexos
Anexos 149
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Potencialidades, Práticas e Constrangimentos
I. Identificação
A – Sexo:
B – Idade:
C – Situação profissional:
D – Tempo de serviço:
1: < 5 anos 2: 5-10 anos 3: 11-15 anos 4: 16-20 anos 5: > 20 anos
1
Adaptado do questionário usado pelo Programa Nónio Século XXI – “As Tecnologias de Informação e
Comunicação: utilização pelos professores” (2002).
Anexos 150
As Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino - Aprendizagem do Inglês:
Potencialidades, Práticas e Constrangimentos
Nesta, como noutras questões, pode escolher mais do que uma opção:
F – No presente ano lectivo lecciona níveis de Inglês:
1: Não tenho componente lectiva de Inglês (continue a responder a partir daqui reportando-se ao
último ano em que deu aulas de Inglês e preencha, inclusive, na linha abaixo, os níveis que então
leccionou)
1: Ainda não se fez
5: Tenho formação superior em informática ou afim
2: Auto-formação
6: Acções de formação do Ministério da Educação
3: Apoio de familiar/amigo(a)
7: Outras acções de formação não previstas em 6
4: Durante o curso superior
8: De outra forma
Anexos 151
As Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino - Aprendizagem do Inglês:
Potencialidades, Práticas e Constrangimentos
1: Não realizei nenhuma acção de formação em informática (se assinalou esta opção, por favor
não responda à questão D)
2: Muito positivo 3: Positivo 4: Pouco positivo 5: Nada positivo
D – De que âmbito foi a maioria das acções de formação em informática que realizou?
1: Sim 2: Não (se assinalou esta opção, por favor não responda à questão F)
Anexos 152
As Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino - Aprendizagem do Inglês:
Potencialidades, Práticas e Constrangimentos
1: Zero horas
2: De 0h a 3h
3: De 3h a 5h
4: De 5h a 10h
5: Mais de 10h
5
I – Usa a Internet?
1: Não 2: Sim, em casa 3: Sim, na escola 4: Sim, noutros locais
1: Não uso e-mail
4: Com colegas professores (por razões profissionais)
2: Com alunos
5: Com a escola (órgão de gestão, serviços administrativos, etc.)
3: Com amigos
6: Outros
K – Na preparação das suas aulas de Inglês com que fins usa o computador?
1: Não uso o computador para preparar as aulas
4: Elaboração de fichas/testes
2: Pesquisas na Internet de assuntos da disciplina
5: Outra situação
3: Apresentações audiovisuais (Power Point, etc.)
Anexos 153
As Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino - Aprendizagem do Inglês:
Potencialidades, Práticas e Constrangimentos
1: Sim 2: Não (se assinalou esta opção, por favor não responda à questão M)
M – No ano lectivo passado, quantas vezes usou o computador com os alunos, fora do
âmbito da aula de Inglês (clubes de Inglês, apoio de Inglês, etc.)?
1: Zero 2: Uma 3: Duas 4: Três 5: Quatro ou mais 6: Sempre
1: Sim 2: Não (se assinalou esta opção, por favor passe para a questão III A)
1: Zero 2: Uma 3: Duas 4: Três 5: Quatro ou mais 6: Sempre
Anexos 154
As Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino - Aprendizagem do Inglês:
Potencialidades, Práticas e Constrangimentos
Q – Indique o(s) tipo(s) de actividade que realiza com os seus alunos quando estes
utilizam as aplicações informáticas que referiu em P?
R – Que balanço faz da utilização das TIC, na sala de aula de Inglês, no desempenho
dos seus alunos?
1: Muito positivo 2: Positivo 3: Pouco positivo 4: Nada positivo
Anexos 155
As Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino - Aprendizagem do Inglês:
Potencialidades, Práticas e Constrangimentos
B – No seu entender quais são os obstáculo mais difícil de ultrapassar para uma real
integração das TIC no ensino e aprendizagem do Inglês? (Mencione até 3 obstáculos)
3: Falta de formação específica para a integração das TIC junto dos alunos
4: Falta de software e recursos tecnológicos apropriados
5: Falta de motivação dos professores
6: Falta de sensibilização prévia dos professores para uso das TIC e para as suas
potencialidades
introdução das TIC como um objectivo a ter em conta no Projecto Educativo da escola)
10: Outro
Anexos 156
As Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino - Aprendizagem do Inglês:
Potencialidades, Práticas e Constrangimentos
do Professor Doutor Eduardo Luís Cardoso, que se destina a analisar a temática das TIC
Neste âmbito, irei efectuar um inquérito a professores de Inglês, que vai muito
dado, entre outros factores, a população a que se destina ser mais restrita.
Os meus cumprimentos
Anexos 157
As Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino - Aprendizagem do Inglês:
Potencialidades, Práticas e Constrangimentos
Ao dispor
Jacinta Paiva
Anexos 158
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Potencialidades, Práticas e Constrangimentos
Concelho do
Estratificação dos Designação do estabelecimento de
estabelecimento de
estabelecimentos de ensino ensino
ensino
1 EB 2,3 de Viatodos Barcelos
2 EB 2,3 de Gondomar Gondomar
3 EB 2,3 de Matosinhos Matosinhos
4 EB 2,3 Francisco Torrinha Porto
5 EB 2,3 de Paranhos Porto
Litoral Urbano Básico
6 EB 2,3 Pêro Vaz de Caminha Porto
7 EB 2,3 Dr. Flávio Gonçalves Povoa de Varzim
8 EB 2,3 Frei Bartolomeu dos Mártires Viana do Castelo
9 EB 2,3 de Viana do Castelo Viana do Castelo
10 EB 2,3 Júlio Brandão Vila Nova de Famalicão
11 EB 2,3 de Cabeceiras de Basto Cabeceiras de Basto
12 EB 2,3 de Apúlia Esposende
13 EB 2,3 de Monção Monção
Litoral Rural Básico 14 EB 2,3 de Pias Monção
15 EBI Aves Santo Tirso
16 EB 2,3 de Rio Caldo Terras de Bouro
17 EB 2,3 de Vila Verde Vila Verde
18 ES/3 Sá de Miranda Braga
19 ES/3 de Gondomar Gondomar
20 ES/3 Francisco de Holanda Guimarães
Litoral Urbano Secundário
21 ES/3 João Gonçalves Zarco Matosinhos
22 ES/3 Garcia de Orta Porto
23 ES Santa Maria Maior Viana do Castelo
24 EB 2,3/S Sidónio Pais Caminha
Litoral Rural Secundário 25 EB 2,3/S de Celorico de Basto Celorico de Basto
26 ES/3 de Ponte da Barca Ponte da Barca
27 EB 2,3 Augusto Moreno Bragança
28 EB 2,3 Luciano Cordeiro Mirandela
Interior Urbano Básico 29 EB 2,3 Peso da Régua Peso da Régua
30 EB 2,3 Diogo Cão Vila Real
31 EB 2,3 Monsenhor Jerónimo do Amaral Vila Real
32 EB 2 de Mogadouro Mogadouro
33 EB 2,3 Visconde de Vila Maior Torre de Moncorvo
Interior Rural Básico 34 EB 2,3 de Vila Pouca de Aguiar Vila Pouca de Aguiar
35 EB 2,3 de Vimioso Vimioso
36 EB 2,3 de Vinhais Vinhais
37 ES/3 Miguel Torga Bragança
38 ES/3 de Macedo de Cavaleiros Macedo de Cavaleiros
Interior Urbano Secundário 39 ES/3 Dr. João de Araújo Correia Peso da Régua
40 ES/3 Camilo Castelo Branco Vila Real
41 ES/3 Morgado Mateus Vila Real
42 EB 2,3/S de Carrazeda de Ansiães Carrazeda de Ansiães
43 ES/3 de Mogadouro Mogadouro
Interior Rural Secundário 44 EB 2,3/S de Murça Murça
45 EB 2,3/S de Vila Flor Vila Flor
46 ES/3 de Vila Pouca de Aguiar Vila Pouca de Aguiar
Anexos 159