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e mudang¢as ambientais Kenitiro Suguio Aneotecténicaea tectdénica quaternaria 8.1 Generaupanes © termo neotectdnica fol introduzi- do na literatura geolégica por Obru- chev (1948) para designar “movimentos tectanicos ocorridos no fim do Terciério eno Quaternério, os quais desempenha- ram um papel decisive na configuracaio topogréfica contemporanea da superfi- cle terrestre”. A partir de entdo, 0 con- ceito associado ao tormo sofreu varias modificacées, principalmente no que di respeito ao intervalo de tempo envolvi do. Assim, segundo Angelier (1976), “a neotecténica versaria sobre o periodo no qual as observagées geofisicas poderiam ser extrapoladas & iz dos dados geol6- givos”, enquanto que, para Vita-Finzi (1986), a “neotectdnica deveria tratar das deformagses do Cenozoico tardio". ‘Mérner (19a) ressalta que, namaior parte das definigdes sobre a neotectini- ca, no ve motives significativos para 0 estabelecimento do limite inferior de idade; porém, admite que os iltimos 3 a 2,5 milhées de anos (Ma) foram caracte- rizados por intensa atividade tectOnica, causando soerguimentos e subsidéncias (Fig. 8.1). Essa reorganizagio estrutural poderia ter propiciado mudancas nas circulagdes atmosféricas e oceanogréfi- cas que, por sua vez, teriam deflagrado as glaciagdes (Fig. 8.2) Paralelamente ao progress dos conhecimentos sobre neotecténica, sur- giram os conceitos de sismotectonica © paleossismicidade. A sismotectonica teataria dos movimentos crustais indu- zidos por eventos sismicos (terremotos) atuais, ao passo que a paleossismicidade versaria sobre terremotos pretéritos, registrados como evidéncias estrutu- rais (falhas e dobras) ou morfolégicas Ginhas de costa) pré-instrumenta: (érner, 1989). 8.2 TECTONICA € cinTUROES MOVES 0s movimentes crustais preocu- pam os geocientistas ha muito tempo. A partir da metade do século XTX, as pes- quisas sobre a tecténica foram transferi- das para as questdes ligadas a formacao de cadeias montanhosas dobradas dos Alpes, sendo assim firmados os concei- tos de geossinclinio e de cinturdo oroge- nético, ¢, atéo fim da primeira metade do séoulo XX, prevaleceu a teoria do mec nismo orogenético baseada na contragao da crosta. Desse modo, houve a diferen- clagdo entre os movimentos crustais mais ou menos répidos de falhas ¢ obras, ligados a orogénese (origem das montanes), ¢ 0s movimentos crustais Ientos de soerguimento e subsidéncia, relacionados a eplrogénese (origem dos continentes}, Admitiu-se também que a faixa orogenética (ou cinturtio mével) ocorreria nas margens das reas conti- 230 Geo1oci 90 QuarimAno ‘reas de soeruiment: Parte res do Maden Parte donor da ropa Pana de Bogs Pare da Cranes doe Andes Parte le Montana chose Pino do suderte os Aca, Pinto doen Montsnbaransantartas ‘res compress “nce oats absbo do Golfo da Gund Mar Medemaneo Feta fechado: "xe de Balboa Area subiderte, aca de Bal Mar spo su Marien Baca dor do Norte Fando submarine profundo em geal sets abertos eto de raid Esto de Bering Forte soerguimento No quaniado 10-20 Soerguimento significative Scerquimento sgrfeatvo o9km 10-20km 20-30km Form. do ita do Panam 1 18k 20km 20%m Subsidies Subs. genertzads Hoje com 1204 Invaso da biota do Pactica Fig. 8.1 Atividades tectonicas globas entre 3 a5 Ma, segundo MOrner (1983), () indica soerguimenta, (Indica subsidnciae setas de sentidos opostoscovrespondem & abertura deestreitor nentais estaveis, possuindo um micleo de embasamento cristalino antigo. Na década de 1960, como advento da teoria de tectonica de placas, ficou escla- recido que 0 fund submarino, como 0 continente, constituia uma parte estavel da crosta na classica teoria orogenética, ‘mas movimentava-se horizontalment tendo a cadeia mesocednica como érea teotonicamente muito ativa (Fig. 8.3) Hoje om dia, admite-se que a crosta ter- restre seja estruturalmente composta por cinturdes méveis, nicleos continen- tais, fundos submarinos e cadeias meso-

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