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MOÇÃO

Os professores da Escola Secundária Professor Herculano de Carvalho, reunidos


em 2008/11/04, no Anfiteatro, pelas dezassete horas, face ao actual modelo de avaliação
de desempenho, introduzido pelo Decreto Regulamentar nº2/2008 de 10 de Janeiro,
apresentaram os seguintes considerandos:

1. quando o processo de avaliação recorre a grelhas pré-formatadas pelo ME,


com ligeiras alterações pelo Conselho Pedagógico que anulam, por conveniência
burocrática de agilização, aspectos importantes na avaliação de um professor;
2. quando se impõe unilateralmente um modelo para mostrar e satisfazer uma
opinião pública apressada e pouco esclarecida que quer resultados milagreiros para
ontem, na área da educação;
3. quando se avalia em condições cada vez mais penosas (horários gravemente
acrescidos, exigência de cumprimento de inúmeras tarefas que pouco têm a ver com o
digno ofício de ensinar, …), “sem dias lisos, planos”, citando Sophia de Mello Breyner
Andresen, enfim, privados de tempo para a reflexão, a formação e o desenvolvimento
da nossa criatividade;
4. quando nos impõem um “modo funcionário de viver”, que exige a rasura dos
valores da justiça, da adequação e da qualidade, para se sobreporem, a qualquer preço,
os valores da rendibilidade estatística do sucesso escolar, os professores declararam que
este modelo de avaliação de desempenho:
1. é inaplicável à luz de critérios de imparcialidade, rigor, justiça e equidade;
2. se caracteriza pela subjectividade dos seus parâmetros;
3. não contribui para uma alteração positiva das práticas pedagógicas dos
professores;
4. perturba fortemente o funcionamento das escolas, criando um clima de
instabilidade e desmotivação pela imposição de tarefas burocráticas que subvertem a
função docente e descaracterizam a profissão;
5. potencia a conflitualidade e a arbitrariedade criadas pelo ECD,
nomeadamente, pela divisão da carreira e pela implementação do concurso para
professor titular;
6. cria graves assimetrias devido à forma díspar como está prevista a sua
operacionalização, dadas as diferentes interpretações de regras e de procedimentos;
7. impõe cotas que desvirtuam qualquer perspectiva dos docentes terem os seus
méritos devidamente reconhecidos.

Assim sendo, os abaixo assinados decidem suspender a aplicação deste modelo


de avaliação até que se proceda à sua substituição por outro que contribua para uma
efectiva melhoria da escola pública, para o verdadeiro reconhecimento do mérito e para
a recolocação dos professores na sua missão fundamental que é a de ensinar.

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