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Affaire Na cermica branca e nova do cho da sala jaze o meu colcho solitrio como uma mosca, pronto pra

morrer no fim do dia. A brisa que perpassa da porta ao fim carrega o teu cheiro pela eternidade, essa que dura uma passada em direo cozinha, que visa um gole de caf. E como que por milagre, no h formigas no aucareiro. E eu olho em volta, atnito, abrupto o susto: h um susto que me interrompe do cansao destas paredes, da forma dos mveis, da falta que tudo em absoluto me faz. Passo a mo nos cabelos e encontro teu afago, lano os olhos fechados pela mente e encontro teu rosto, passeio por mim e me desencontro fugido, sob uma rvore de mil galhos. Secos, como um soluo. O morno da xcara me lembra teu colo, as nuances de teu toque, diabolicamente divino em minha existncia, em minha irresistncia, nos meus neologismos fractais. O tilintar do mensageiro dos ventos, a trilha sonora do filme, a vontade de me esquentar, transpassar, ascender, transcender, me transar em elos afixados no teu corpo, argolas de meus porm. Meu quarto me extingue, e eu me desfao nas formas que tomam a fumaa do cigarro, me desvaneo, sou dissipado, carregado e farfalho intangvel no teu abrao. Pairo transparente frente da tua casa, te vejo dormir, E paro. Meu sorriso de desdm.

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