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International Working Group on the Diabetic Foot Consultative Section of the IDF 20,0 if Directivas Praticas SCN eT Oar Mac ret) do Pé Diabético baseadas no Consenso Internacional sobre o Pé Diabetico elaboradas pelo Grupo de Trabalho Internacional sobre o Pé Diabético fetes ees Prefacio 0 A historia natural do Pé Diabético 6 geralmente uma historia tragica. O doente diabético pode desenvolver neuropatia periférica e/ou doenca vascular ao longo dos anos da sua doenga e culminar numa ferida crénica do pé com necessidade de amputagao do membro inferior. De facto, a Diabetes continua a ser a principal causa de amputagées ndo traumaticas dos membros inferiores em todo o mundo e, em Portugal, esta complicagao acarreta enormes custos econdmicos e sociais na populago. Mas podemos alterar a histéria natural do Pé Diabético. ‘Sabemos que a intervencao multidisciplinar nos varios niveis de cuidados de satide leva a uma redugao da taxa de amputagées nos doentes diabéticos através da prevencao e tratamento mais eficazes por pessoas especialmente motivadas para o seu desempenho. E isso que temos vindo a assistir no nosso Pais nos dltimos anos, fruto do nascimento e desenvolvimento de varias Consultas Multidisciplinares de Pé Diabético ‘onde se tem verificado uma redugao dessas amputacoes. Estas Directivas Priticas pretendem ser mais um contributo para ‘motivar os que se tém empenhado na modificagao do curso natural do Pé Diabético e mobilizar outros para esta tarefa de reducdo das amputacoes dos membros inferiores nos doentes diabéticos, porque todos nunca ‘seremos demais nesta luta contra a evolugao do Pé Diabé Como disse a Dra. Maria Beatriz Serra: “Os meios necessaries iar uma consulta eficaz de Pé Diabético sao surpreendentemente haja profissionais motivados para impedir esta catastrofe”. = Prefacio digo do 1960 icc Um jovem operério, diabético desde os vito anos de idade, voltou @ calgar as botas de trabalho depois do descanso do almoco. Elas eram pesadas, grossas e com biqueira de aco, tal como se usa na construgao Civil. Caled-las, era rotina no seu dia de operario mas, nesse dia, a ponta de uma ficara pousada sobre uma chapa aquecida. O interior da biqueira estava escaldante mas ele nao o sentiu. Sé.no fim do dia viu a meia molhada elas flictenas dos dedos entretanto rebentadas. No dia seguinte © todo @ resto da semana, continuou a trabalhar. Nunca a dor da infec¢ao que $e desenvolvia 0 perturbou. Sofreu uma amputacao transmetatarsiana @ esteve longos meses sem trabalhar. Nunca ihe tinham explicado que a etes poderia insensibilizar os pés @ 0 risco que isso significava para ‘sta é uma histéria real, ocorrida ha corca de um ano. Muitas outras, parecidas, jé sucederam depois. Poderiam ter sido evitadas? «Um grande nimero de diabéticos tarde ou cedo deia de ter recepeao de ‘nformagao sensitive vinda dos pés e isto ccasiona um fenémeno de amputagao no seu jesquema (deativo @ afectivo corporal. Olhando o chao ele vé os ps, mas no 0s sente ‘mais seus que 0s sapatos. Progressivamente eles sdo removidos dos automatismos de Cefesa corporal e depois jamais retamam, mesma aoentes. O médico assistonte poderia fevitar essa perda no esquema corporal mental do dliabético com neuropatia periferica 88 na rotine do rastreo das potenciais complicacdes organicas vigiasse rigoresamente ® desde code esse perigoso foco, mas quase nunca durante a consulta se Ihe pede que rate os sapatos e as meias. Como quase nunca se investiga se ji ex ‘squémia, menos depois se vigiam os efeitos das potenciais causas 'Nés todos, profissionais de saude de Portugal, assinamos Vincent. Mesmo sem este vinculo, é premente meinorar as esperancas de vida Saudével no ‘na830 meio milhdo de dlabéticos, evitando a todo o custo a catastrofe que para um idoso significa perder uma perra. A experiéncia da Consulta Pluricisciplinar do Pe Diabotico co Hospital Garal de Santo Anténio indica que na maior parte dos casos isso ¢ possivel com fecursos @ moles relativamente simples. Temas é de conhecer bem as rogras dese jogo e vida ou morte ceiviar que decorre silenciaso, implacdvel ¢ sem remissdo, no interior os sapatoss, (MB Sera em Capitulo "Pé Diabético, problema assistencial erenciado e grave 170 nosso pais” do lvro "O Pé Diabético e a Prevengdo da Catistrofe" 1996) Espera-se que a formacao do Grupo de Pé Diabético da Sociedade Portuguesa de Diabetologia dé um contributo importante no arranque da Prevengao efectiva do Pé Diabético no nosso Pais. Maria Beatriz Serra

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