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Que alegria era bater os ps na chuva. Que aproveitasse bem, qualquer coisa no ar dizia que era a ltima vez.

No asfalto espelhado de gua viu um rosto to velho e cansado, o seu. Doze anos. Uma criana, talvez. Do pai no sabia, me nunca tivera, irmos? Mais doze. Ele, mais velho, tinha por obrigao cuidar dos pequenos. Nem sempre era fcil ter o que comer. Roubar no queria, no princpio at tinha princpios. Mas o que no faz o tempo e a fome. No primeiro dia roubou uma sacola de pes, quase dez. No sobrou para ele. Misturou as migalhas num copo de gua e bebeu quando os irmos ressonavam com o banquete de reis na barriga. Chovia. Mas ele estava feliz, longe do barraco onde morava. L, muito provavelmente, a gua j teria inundado os colches. Por certo que o barro, sem pedir licena, entrava pela porta, se duvidar, at pela janela. Vinicius LInn

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