Você está na página 1de 48
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa Direito Processual Civil | Proposta de resolucao do caso pratico n.2 50 Ae B, casados em comunhao de adquiridos, compraram a C, mercadoria no valor de 500€, a qual no pagaram. C colocou accéo de condenagdo contra A. a) Aprecie a legitimidade activa e passiva b) E sea divida tivesse sido contr: encargos normais da vida familiar ja apenas por A e destina-se a ocorrer aos A titulo acessério poder-se-ia identificar: * Pedido: condenagao ao pagamento da mercadoria * Causa de Pedir: contrato de compra e venda da mercadoria [a0 abrigo do artigo 879.2, alinea c) do Codigo Civil a falta de um efeito essencial do contrato, a obrigacao de pagar 0 prego} ‘+ Valor da Causa: 500€ (art. 306.2, n.2 1 C. Processo Civil, a quantia certa em dinheiro que se pretende) ‘* Tipo de Processo: Comum Sumarissimo, art. 462.2, 28 parte. O valor no ultrapassa a alada do Tribunal de Comarca (art. 24.2, n.2 1 LOFTJ, fixa a alcada em 5.000€) e a accdo destina-se a0 cumprimento de uma obrigacao pecuniaria * Tipo de Accao: declarativa de condenagao [art. 4.2, n.2 2, al. b] CPC] * Tribunal competente: art. 74.2, n.2 1 CPC, a ac¢ao ser proposta no tribunal do domicilio do réu + Personalidade: pelo critério da coincidéncia do n.22, art. 5.2 CPC, tendo os sujeitos personalidade juridica ao abrigo do art. 67.2 C. Civil tem também personalidade judiciaria (susceptibilidade de ser parte) * Patrocinio Judicidrio: naoé obrigatéria a constituigso de advogado pelo disposto no art. 32.2 CPC, podendo as partes prosseguirem por si a acco ou fazerem-se representar por mandatario judicial, sendo por isso facultativo o patrocinio, art. 34.2 CPC. Ricardo Celorinda Luis, n® 16345, A-4, 3.2 ano Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa Direito Processual Civil | a)H4 que definir desde logo a legitimidade, a luz do art. 26.2, n.2 1 CPC como 0 interesse directo que o agente tem na acco, seja activa quando seja o autor que tem © interesse em demandar a acco e passiva quando seja 0 réu a ter interesse directo em contradizer a acco, 0 n.° 2 do mesmo dé-nos o critério para aferir esse “interesse directo”, a utilidade da acgao para o autor e 0 prejuizo dessa no caso dos réus. No caso a legitimidade activa ¢ a situag3o de C, enquanto a legitimidade passiva esté na esfera de A e B, sendo conjuges, esta-se perante uma situagao de litiscons6rcio necessario legal (art. 28.-A, n.23 CPC), sendo necessario que todos os interessados devem ser demandados, no caso ambos os cénjuges. Assim, ao abrigo da 12 parte do 1n.2 3, do art. 28.°-A, quando 0 objecto do processo é um facto praticado por ambos os cOnjuges, no caso a divida ¢ contraida por ambos e pelo art. 1691.2, n.24, al. a} C. Civil so os dois responsaveis por tal divida e pela qual respondem os bens comuns do casal ¢, subsidiariamente, os bens préprios de qualquer um deles pelo disposto no art 1695.2, n.21€.¢. Ao faltar assim um dos interessados origina-se uma ilegitimidade, mas esta é sandvel, quer através de um despacho pré-saneador, art. 508.2, n.21, al. a), o juiz providencia o suprimento da excepcao dilatéria [art. 494.2, al. e}] nos termos do n.2 2 do art. 265.2 (decorre do poder de direc¢do do processo e do principio do inquisitério do juiz), no ficando sanada esta ilegitimidade, poder-se-4 recorrer a intervencdo principal do cénjuge nao presente, provocada quer pelo autor da acco, art. 269.2, n.21, mesmo que nos 30 dias subsequentes ao trénsito em julgado pela decisio de absolvigao da instancia [despacho saneador, art. 510.2, n.2 1, al. a)], .22, art. 269.2, quer pelo cénjuge demandado ao abrigo do n.21 do art. 325.2, Nota: * Se faltar um pressuposto processual que afecte um dos litisconsortes (uma vez que tém de estar preenchidos em relagéo a todos os interessados na acco) e se dessa falta se determinar a absolvicio na instancia, os demais litisconsortes também serao absolvides, pois aquela absolvigao torna-os parte ilegitima, Exemplo: incapacidade judiciaria do réu, no sanada pelo autor, arts 494.2, al. c) e 288.2, n.24, al. c). * 0 itisconsércio passivo entre cénjuges acompanha, em regra, a responsabilidade patrimonial pelo pagamento das dividas, se por estas forem responsaveis bens comuns ou préprios do cénjuge nao contratante, art. 1695.2 C.C., devem ser por isso demandados a ambos os cénjuges, e a disponibilidade substantiva sobre os bens em causa na acco. * 0 litisconsércio passivo entre cénjuges ao abrigo do n.23 do art. 28.2. também pode operar apés a dissolugéo, declaracdo de nulidade ou anulago do casamento, basta que o acto tenha sido praticado pelos ex- 2 Ricardo Celorinda Luis, n? 16345, A-4, 3.2 ano Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa Direito Processual Civil | Cénjuges ou que ainda nao se tenha procedido a partilha. Se existir novo casamento, 0 novo cénjuge também pode ser demandado, importa para tal delimitar os bens do ex-cénjuge perante os bens do novo casal ou bens préprios do cénjuge. Se no caso se trata-se de uma acco colocada pelo casal aC, estar-se-ia perante uma legitimidade activa de A e B. Assim teria a acco ser proposta por ambos os cénjuges, art. 28.2-A, n.21, quando dessa acco possa resultar a perda ou oneragdo de bens que s6 possam ser alienados por ambos ou a perda de direitos que s6 por ambos possam ser excluidos (para tal pode-se recorrer ao art. 1678.2, n.£3 C. Civil relativamente aos actos de administra¢do dos bens comuns do casal e também ao art. 1691.2 C.C. e 1694.2 C.C. relativo as dividas comunicaveis, tendo por base 0 art. 1695.2 C.C. sobre os bens que respondem pelas dividas de responsabilidade de ambos os cénjuges) Se a acco for proposta sé por um dos cOnjuges, sem que se tenha verificado 0 consentimento do outro cOnjuge gera-se uma ilegitimidade, que pode ser sanada através da obtengdo da autorizaco do cénjuge em falta, se este no der 0 seu consentimento entéo ainda pode ser sanado pelo suprimento judicial, previsto no 1.22 do art. 28.2-A, utilizando-se o proceso do art. 1425.2 CPC. Nota: * Na falta de um pressuposto processual (como atrés referido para 0 caso da legitimidade passiva) serd o réu a ser absolvido da instancia com base na ilegitimidade dos autores. b) Na hipstese da divida ter sido contraida apenas por um dos cénjuges mas destinando-se a ocorrer nos encargos normais da vida familiar, a solucdo ¢ idéntica & apresentada na primeira alinea do caso pratico, apenas alterando a base da resolucéo, uma vez que esta, embora assente também no n.23 do art. 28.2-A, jd ndo é na 1? parte deste, mas sim na 32 parte, remetendo esta para o que nos é disposto no n.1 do mesmo artigo, que conjugado com o art. 1681.2, n.21, al. b) C.C., de onde resulta a comunicabilidade desta divida, e respondendo por isso os bens 1695. C.C,, pode desta acco resultar uma perda ou oneraco de bens do cdnjuge que no participou directamente na divida, considerando-se por isso um litisconsércio necessario legal entre cOnjuges ao abrigo do art. 28.2-A CPC. spostos no art. Nota: Ricardo Celorinda Luis, n® 16345, A-4, 3.° ano

Você também pode gostar