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PRINCIPIOS DE. CIENCIA DOS MATERIAIS ae WAC" PRINGIPIOS DE GIENGIA DOS MATERIAIS i titulo original: ELEMENTS OF MATERIALS SCIENCE A edicdo em lingua inglesa foi publicada pela ADDISON-WESLEY PUBLISHING COMPANY, INC. Copyright © 1964, by Addison-Wesley Publishing Company, Inc. direitos reservados para a lingua portuguésa pela Editora Edgard Bliicher Lida. 1970 134 reimpresséo - 2000 | E proibida a reproduedo total ou parcial aetna sem autorizegiio escrita da editora EDITORA EDGARD BLUCHER LIDA Rua Pedroso Alvarenga, 1245 ~ cj. 22 04531-012 ~ S. Paulo — SP = Brasil Fax: {Oxx11) 3062-2707 |: eblucher@internetcom.com.br e-mat Impresso no Brasil Printed in Brazil EDITORA AFILIADA Prefacio Antes de ter sido publicada a primeira edicio déste texto, a matéria ensinada nos cursos de Materiais de Construcio sofreu profundas alteragdes. As apresentagbes empiricas ¢ as descrigdes dos materiais © de suas propriedades deram lugar & apresentacao e andlises mais sistematicas. Uma ciéncia dos materiais, baseada na fisica e quimica das estruturas internas, estava se desenvolvendo. A primeira edigdo déste livro de texto tentou apresentar aos estu- dantes de engenharia os principics basicos desta nova ciéncia, de uma forma introdutéria. Embora se possa dizer que éste objetivo tenha sido completemente atingido, seu uso nas salas de aula mostrou algumas modificacdes, adigdes e supressdes desejiveis. Além disso, recentes avangos na ciéncia dos materiais néo podem passar desapercebidos. Os fatéres acima levaram a uma revisio que constitui éste “Elements of Materials Science”. Antes de tentar uma revisio, o autor discutiu, com muitos outros engenheiros ¢ profes- séres de engenharia, a melhor forma de ensinar a Ciéncia dos Materiais. Deveria haver um curso geral para todos os engenheiros ou um curso especial para cada curriculo de engenharia? Estas discussdes, reforcadas pela experiéncia do autor no ensino, levaram 4 conclusio de que um curso geral sdbr2 materiais é vantajoso em muitas escolas ¢ departamentos. Como © curso é analitico, os mesmos argumentos usados a favor de cursos gerais para introducio de fisica e quimica podem ser usados a favor de um curso de introcugao sébre materiais. Ninguém sugere que engenheiros mecinicos eletricistas ou de outros tipas necessitam de cursos separados e distintos de quimica e fisica. A mesma conclusio, aplicada a um curso geral sobre materiais, tem uma excego légica: se um certo curriculo necessita de outras ciéncias bésicas como fisico-quimica ou fisica moderna, pode ser desejvel ter-se um curso de materiais especialmente adequado, a fim de aproveitar esta base maior. ‘A segunda edigdo déste texto, tal como a primeira, esta dirigida especificamente aos alunos de cursos de engenbaria que tiveram quimica geral ¢ que estejam tendo, concomitan- temente, fisica geral. Embora nao apresenta o rigor encontrado nos cursos de fisica do estado sdlido, éstz texto tenta ser sistematico. © Cap. 1, aqui tal como na edigdo anterior, é uma introdugao destinada a orientar 0 leitor no estudo dessa ciéncia de engenharia ¢ a familiarizd-lo com a terminologia aplicavel as propriedades dos materiais. Os capitulos que se seguem so concernentes 4 estrutura in- terna dos -nateriais ¢ 4 dependéncia de suas propriedades com as virias estruturas. A se- qiiéncia dada vai das estruturas atémicas para as estruturas grosseiras, do simples para o mais complexo. Esta seqiiéncia — de dtomos para cristais, para fases. para mictoestruturas ¢ finalmente para macroestruturas — é légica tanto cientificamente como pedagdgicamente, pois as estruturas ¢ propriedades mais grosseiras dependem das carateristicas estruturais mais finas. Tem-se material névo na area anteriormente negligenciada das imperfeigdes estruturais € movimertos atémicos e dois importantes rearranjos 20 texto: (a) O comportamento elé- trico € introduzido mais cedo nesta edigdo que na primeira, o que p2rmite a consideragao de propriedades elétricas simultaneamente com as mecdnicas nos Caps. 6, 7, 8, n0s quais slo discutidos os metais, polimeros € materiais cermicos, respectivamente. (b) © compor- tamento em servico, que ocupava os uiltimos cinco capitulos da primsira edigdo, foi conso- lidado com parte do material coberto em um capitulc sébre a estabilidade dos materiais em servigo. A parte restante da discussio s6bre o comportamento em servico foi incluida nas segdes precedentes s6bre propriedades dos materiais metalicos, poliméricos e cerimicos. Estas modificacdes permitem uma apresentacHo mais logica ¢ eficiente. Os problemas que servem como exemplos ¢ aquéles colocados no fim dos capitulos foram revistos € os menos pertinentes foram abandonados em favor de novos. Todas estas alteragdes se originaram no resultado do desenvolvimento nas salas de aula pelo autor e seus associados. Tendo em mente que um livro de texto como éste deve satisfazer as necessidades de escolas variadas, o autor tentou superar um problema majoritério com que freqiientemente se defronta 0 professor: uma limitagio de tempo que torna necessario o abandone de certos tépicos. O autor indicou aquéles t6picos, exemplos e problemas que podem ou néo ser con- siderados, a critério do instrutor. Os alunos que nao estudarem o raterial opcional nao terdo dificuldades nas secdes que se seguem. Aquelas segdes e subsegdts assinaladas por um ponto (.) contém material que nao é pré-requisito para as segdes posteriores no assinaladas. (Entretanto, éste material pode ser necessaric para outras segSes opcionais). Portanto, os instrutores tm elementos para ajustar o tempo de acérdo com as nevessidades. As secdes assinaladas contém (a) ilustragdes de interésse em engeaharia (como as jungdes ¢ — n), (b) certos tépicos novos ou mais avancados que nfo eram encontrados na primeira edigio (por exemplo, a relagdo entre os coeficientes de difusio e a temperatura) 2 (c) tépicos incluidos na primeira edicdo, mas dispensaveis em um curso com tempo limitado (por exemplo, pro- cessos de grafitizagao). Um livro como éste no pode ser projeto de um ‘nico homem. Embora seja impossivel agradecer, individualmente, a ajuda dos colegas de Universidade e dos grande nimero de estudantes que contribuiram, a seu modo, para éste livro, o autor deseja agora expressar sua gratiddo a todos éles, assim como Aqueles colegas de outras instituigdes, os quais ofere- ceram seus comentirios, sugestdes e corregdes a primeira edico. Na revisio déste texto, cada uma destas sugestdes foi considerada, Devem ser dirigidos agradzcimentos especificos ao Professor W. C. Bigelow (Universidade de Michigan) ¢ ao Professor Mortis Cohen (“Mas- sachusetts Institute of Technology”) que trabalharam em estreita colaboragdo com o autor. A ajuda de Miss Delores Gillies em Ann Arbor ¢ do pessoal da Addisca-Wesley em Reading foi também inestimavel. Ann Arbor Fevereiro de 1964 L.HV. Vv. Prefacio da Edicao Brasileira “O campo de ciéncia dos materiais vem se desenvolvendo rapidamente devido ao reco- nhecimento de que principios cieatificos idénticos se aplicam as propriedades dos metais, dos materiais inorginicos ndo-metilicos ¢ dos materiais organicos. No passado, tecnologias individuais foram desenvolvidas para materiais diferentes, porque ésses principios amplos € sua aplicabilidade gera’ nao havia sido reconhecida. Recentemente, desenvolvimentos em metalurgia, ceramica, fisica e quimica tornaram possivel estabslecer uma tentativa para os fundamentos gerais da ciéncia dos materiais, transcedendo os detalhes da tecnologia corrente nesses campos. Em particular, 0 notavel sucesso que a metalurgia tem tido, correlacicnando as propriedades dos metaise ligas com as respectivas propriedades estruturais, levou a adocaio dessa metodologia para materiais cerdmicos, semicondutores, materiais plasticos e outres tipos de materiais polimerizados”. (Publicagdo do Departamento de Metalurgia e Ciéncia dos Ma- teriais do “Massachusetts Institute of Technology”, 1961). Dada a natureza interdisciplinar do assunto ¢ a origem norte-americana do livro, foram usadas, como base para a tradugzo para nossa lingua, além da consulta a especialistas, as seguintes obra James L. Taylor ~ “English-Portuguese Metallurgical Dictionary’, Institute of Hispanic American and Luso-Brazilian Studies, Stanford University, California, 1963. Werner Gustav Krauledat ~ “Notagao ¢ Nomenclatura de Quimica Inorganica”, Cam- panha de Aperfeigoamerto € Difusio do Ensino Secundario, Ministério de Educacio ¢ Cultura, 1960, Instituto Nacional de Pesos e Medidas — Quadro de Unidades Legais no Brasil — Deereto n.° 52.423 de 30 de agésto de 1963, Rio de Janeiro, 1964. Associagao Brasileira de Normas Técnicas. — Terminologia de Material Refratario — TB-4. Glossitio de Térmos da Indistria de Refratarios — TB-13. E nossa intengio, ao apresentar a edicdo brasileira da obra de Van Vlack sébre Ciéncia dos Materiais, j4 conhecida ¢ utilizada entre nés ha varios anes, tornar clara a necessidade da existéncia de livros, em lingua portuguésa, que fornecam aos estudantes das Universidades Brasileiras 0 conhecimento modemo para os estudos fundamentais de materizis. Visamos, assim, uma posterior aplicagao na utiliza¢do pratica de materiais de construcio em enge- nharia civil, mecdnica, metahirgica, quimica, naval, aerondutica, de minas, de eletticidade, eletrénica e outras © qual é fundamental ao desenvolvimento tecnologico brasileiro. Persio de Souza Santos Professor Titular, Dept.° de Eng. Quimica da EPUSP e Chefe da Segio de Ceramica do Instituto de Pesquisas Tecnologicas do Estado de Sao Paulo — Caracteristicas exigidas nos materiais usados em engenharia 4-1 Introdua ............ 1 1-2. Propriedades mecdnicas 2 13 Propriedades térmicas . ft 7 1-4 Propriedades elétricas 9 1-5 Propriedades quimicas . i 1-6 ‘Propriedades dpticas uM 1-7 Custo vn ll Ha I-8 Medida das propriedades de interésse em engenhatia :............ uw 2 = Ligagéo quimica A ESTRUTURA DOS ATOMOS 2-1 Introdugdo ........, 18 2-2 Néutrons, prétons e 2létrons 18 2-3. Massa etOmica e niimero atémico iN 20 2-4 © Niimeros quinticos 20 2-5 © Notacio eletrénica . 22 ATRACOES INTERATOMICAS 2-6 Introdugdo .... 0.2... 25 2-7 Ligagdo i6nica ........... 25 28 Ligacdo covalente ....... 26 : 2-9 Ligacdo metalica . 30 ul 2 Combinagao dos varics tipos de ligagao 31 11 Forgas de Van der Waals ..... Se 32 © Tépicos opcionais. COORDENAGAO ATOMICA 2-12 Introdugao 2-13 Distaneias interatémicas . 2-14 Raio atémico ¢ idnico 2-15 Numero de coordenagio SUMARIO 2-16 Generalizagbes relativas as propriedades. 2-17 Tipos de materiais 3 - Arranjos atémicos . ESTRUTURAS MOLECULARES 341. Introdugio 3-2 Niimero de ligacdes.. .. 3-3 Comprimentos e energias de ligacdo. 3-4 Angulos entre ligagdes .. 3-5. Isémeros if i 3-6 Hidrocarbonetos saturados - 3-7 Hidrocarbonetos insaturados 3-8 Moléculas poliméricas . ESTRUTURA CRISTALINA 3-9 Cristalinidade 3-10 Sistemas cristalinos 3-11 Cristais citbicos ... 3-12 Cristais hexagonais 3-13 Outros reticulos cristalinos 3-14 Diregdes no cristal 3 Planos cristalinos . © Analises por raios 3X 3-17 Seqiiéncias de empilhamento 3-18 Polimorfismo (Alotropia) 3-19 Cristais moleculares .. . ESTRUTURAS NAO CRISTALINAS (AMORFAS) 3-20 Introdugdo Gases .. Liquidos Vidros .. . FASES 3-24 Fases cristalinas e amorfas 4 ~ Imperfeigdes estruturais e muvimentos atémicos AI Tnirodugsio MAMMA nnM Mau 34 34 36 37 4 a2 45 45 4B 4B 4 50 50 51 33 34 58 39 6 62 6 0 0 1 7 n nD B 4 Dv FASES IMPURAS 42 Solucdes 4-3 Solugdes s6licas em metais . 4-4 Solucdes sélidas em compostos iénicos . ‘5 Co-polimerizasao .. IMPERFEICOES CRISTALINAS 4-6 Introdugao . 4-7 Defeitos pontuais ...... 48 Defeitos de lisha (Discordancias) 4-9 Fronteiras . beet ee eee MOVIMENTOS ATOMICOS 4-10 Introducio 4-11 Mecanismos de movimentos atémicos . 4-12 © Distribuicio de energia térmica . 4-13 Difusdo atomica 4-14 Coeficientes de ifusio .. 5 - Estruturas e processes eletrénicos S-1 Introdugio ..... CONDUTIVIDADE ELETRICA 5-2 Definigées 3 Condutividade iénica . 5-4 Condutividade eletréaica 5-5 Isolantes . 3-6 Semiconduteres ...... 5-7 Resistividade eletrénica “Versus” temperatura ENERGIAS ELETRONICAS 5-8 Introdugao H 5-9 Bandas de energia . COMPORTAMENTO MAGNETICO $-10 Introdugdo 5-11 Ferromagnetismo . “ 5-12 Campos magnéticos alternados © Supercondutividade . COMPORTAMENTO OPTICO 5-14 Opacidade ¢ transparéncia S-1§ © Luminescéncia ....... 79 30 84 85 85 86 88 90 92 94 95 Pn 98 105 105 106 107 109 109 113 113 114 118 119 121 123 124 125 6 - Fases metdlicas ¢ suas propriedades Goll Mlatroducao Mane Lea MMUE Le eae METAIS MONOFASICOS 6-2 Ligas monofisicas 6-3 Microestruturas ...... DEFORMACAO DOS METAIS 6-4 Deformagio elastica dos metais. i 6&5 Deformagio plastica de cristais mesdlicos . 6-6 Deformasio plistica nos metais policristalinos . 6-7 Propriedades dos metais deformades plasticamente 6-8. Recristalizagio .. RUPTURA DOS METAIS 6-9 -Introduydo .. MW 6-10 Fluéncia (“creep”). yan 6-11 Fratura . LA 6-12 Fadiga .. 7 ~ Materiais orgénicos e suas propriedades 71 Introdugdo a 7-2 Massas moleculares ........ MECANISMOS DE POLIMERIZAGAO Introdusdo ..... Polimerizagdo por adigao Polimerizagao por condensacao Degradecdo ou despolimerizacao . gare ESTRUTURA DOS POLIMEROS 7-7 Introducao . 7-8 Forma das moléculas poliméricas . 1-9 Estéreo-isomeria . 7-10 Cristalizacao i 7-11 Ligagdes cruzadas .. 7-12 Ramificagao .. . DEFORMAGAO DOS POLIMEROS 7-13 Deformacio elistica de polimeros 7-14 Deformacio plastica de polimeros.. 130 130 131 135 138 145 146 147 152 153 155 157 164 164 167 168 172 174 175 175 177 179 179 181 COMPORTAMENTO DOS POLIMEROS 7-15 Comportamento térmico . 7-16 Comportamento mecinico . f TAT Proptiedades elétricas dos materiais organicos . TAB Reagées quimisas de materials orginicos. 8 ~ Fases cerdmicas e suas propriedades 874i hineroducso | auMuM nae FASES CERAMICAS 8-2 Exemplos de materiais ceramicos ...... 8-3 Comparagdo entre as fases ceramicas e nao-ce-Amicas ESTRUTURA CRISTALINA DAS FASES CERAMICAS 8-4 Introdugo . i 8-5 Compostos de empacatamento, fechado . 8-6 © Estrutura dos silicatos . 185 186 189 191 199 199 200 201 201 206 EFEITO DA ESTRUTURA NO COMPORTAMENTO DaS FASES CERAMICAS 8-7 Introdugao 8 Materiais ceramicos dielétricos « 9 © Semicondutores ceramicos . 1 1 0 Materiais cerimicos magnéticos ...... a 8 8-1 8-11 Comportamento mecdnico dos materiais ceramicos « 9 - Materiais polifasicos relagdes de equililibrio 9-1 Introdugao RELACGES QUALITATIVAS DE FASE Solugdes versus misturas heterogéneas Solubilidade.. Diagrama de fases. Faixas de solidificagao . Equilibrio........... & Py ah RELAGOES QUANTITATIVAS DE FASES 9-7 Composigies de fase........... 9-8 Quantidades relativas de fases .. 28 equitirie|!a ULAMUNN LIGAS FERRO-CARBONO 9-10 Introdugio . os 9-11 O diagrama de fases Fe-C. PR iH 9-13 Nomenclatura dos agos 215 216 219 220 221 229 230 232 234 234 235 237 239 241 242 245 250 DIAGRAMA DE FASES PARA SISTEMAS COM MAIS DE DOIS COMPONENTES 9-14 © Diagramas terndrios .......... 00.22.0000 WAMU Sra Pe Sis Clee cea eae NU a A 252 10 — Reagdes no estado sélido 10-1 introduc) yen Pen REAGOES NO ESTADO SOLIDO 10-2 Transformagdes polimérficas 269 10-3 Reagdes eutetéides . 270 10-4 Solubilizacdo € precipitago em s 21 VELOCIDADE DE REAGAO- 10-5 Introdugdo ... i 272 10-6 Efeito da temperatura na velocicace de reagio ... 272 10-7 Transformagao isoférmica....... mt I i 279 10-8 Contréle das velocidades de reagao ... 281 FASES METASTAVEIS 10-9 Introdusaio 2 10-10 Martensita. Uma fase 2 10-i1 Martensita revenida :. 2 \ 11 ~ Modificagées de propriedades através de alteragées na microestrutura 291 291 11-1 Introdugaio 11-2. Microestruturas polifisicas .... «. PROPRIEDADES “VERSUS” MICROESTRUTURAS 11-3. Propriedades aditivas 11-4 Propriedades interativas ... CONTROLE DE MICROESTRUTURAS B13) ered) NE Pee 0 11-6 Tratamentos de recozimento ... PH a Hi 11-7 Tratamentos de precipitagio (ou envelhecimento) .. HED TORE 11-8 Processos de transformagao isotérmica . 307 11-9 Tratamento de témpera e revenido ... 308 11-10 Endurecibilidade 3u 11-11 © Processos de grafitizagao 317 12 - Estabilidade dos materiais nas condigdes de servigo 12-1 Estabilidade em servigo ............2.. UNE CORROSAO. 12-2. Introdugao Be Corrosio por dissolugao Oxidagao eletroquimica . Potencial de eletrodo .. Células galvanicas .......... Tipos de cé-ulas galvanicas .. Sumario do mecanismo de cortosio galvanica Prevengio da corrosio. Camadas protetoras . - Meios de evitar a formagio de pares galvanicos Protegio galvinica i OxIDACAO 12-13 Introdugio Ha 12-14 Envelhecimento da torracha 12-15 Oxidagdo de metais ..... ESTABILIDADE TERMICA 12-16 Introdugio 12-17 Dilatagio térmica e tensdes internas. 12-18 © Ruptura térmica .. ALTERAGOES PELAS RADIACOES (“RADIATION DAMAGE") 12-19 Introdugdo a 12-20 Alterac es:rutural .... 12-21 Alteragées de propriedades 13 — Materiais compostos 13-1 Macroestruturas .. MATERIAIS AGLOMERADOS 13-2 Introdugao . a 133 Tamanho de particula .. 13-4 Propriedades relacionadas com volume aparente . 13-5 Conereto 13-6 Produtos sintetizados . MODIFICACOES DA SUPERFICIE 13-7 Endurecimente superficial 13-8 Superficies compressivas .- . 13.9 © Revestimentos de protecdo . 13-10 Superticies para fins elétricos >> .. 325 325 326 327 329 333 338 339 339 342 345 345 345 346 348 348 351 353 353 358 364 364 367 368 370 372 376 378 378 378 MATERIAIS REFORGADOS 13-11 Materiais reforados por dispersio . 13-12 Reforgamento por fibras 13-13 Concluséo ...... 4.0... Apéndice A. Constantes selecionados . Apéndice B. Glossario de térmos aplicados ¢ materiais .........- Apéndice C. Comparagio entre as escalas de dureza ........ Apéndice D. Tabela de elementos ....... Apéndice E. Propriedades de alguns materiais usados em engenharia ... Apéndice F. Estruturas orginicas de interésse em engenharia ........ Apéndice G. Lista de plisticos de interésse em engenharia ..............-- 379 380 380 384 385 307 398 404 407 413 CAPITULO 1 CARACTERISTICAS EXIGIDAS NOS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA 1-1 INTRODUGAO. Todo engenheiro-mecanico, civil, eletricisia oir de outra especialidade — esta vitalmente interessado nos materiais que Ihe so disponiveis. Quer seu produto seja uma ponte, um computador, um veiculo espacial ou um automével, deve ter um profundo conhecimento das propriedades caracteristicas do comportamento dos materiais que vai usar. Considere-se, por exemplo, a variedade de materiais usados na manufatura de um automével: ferro, ago, vidro, plasticos, borracha, apenas para citar alguns. E, somente para 0 ago, ha cérca de 2000 tipos ou modificagdes. Com que critéria ¢ feita a escolha do material adequado para uma determinada peca? Ao fazer a sua escolha, o engenheiro deve levar em conta propriedades tais como resis- téncia mecénica, condutividade elétrica ¢/ou térmica, densidade e outras, Além disso, deve considerar o comportamento do material durante o processamento e o uso, onde plasticidade, usinabilidade, estabilidade elétrica, durabilidade quimica, comportamento irradiante sio importantes, assim como, custo € disponibilidade. Por exemplo (Fig. 1-1), 0 ago para um pinh&o motor deve ser facilmente usinado durante o processamento, mas, quando pronto, © pinhao deve ser suficientemente tenaz para resistir a severas condigdes de uso. Paralamas devem ser feitos com um metal que seja facilmente moldavel, mas que devera resistir 4 defor- magio por impacto. Condutores elétricos deve suportar temperaturas extremas ¢ a carac- teristica “corrente/tensio” de um semicondutor deve permanecer constante por um longo periodo de tempo. Muitos projetos avanzados em engenharia dependem do desenvolvimento de materiais completamente novos. Por exemplo, o transistor nunca poéeria ter sido construido com 08 materiais disponiveis ha dez anos atris; 0 desenvolvimento da bateria solar requereu um névo tipo de semicondutor; ¢, embora os projetos de turbinas a gas estejam muito avan- cados, ainda se necessita de um material barato e que resista a altas temperaturas, para as pas da turbina. 2 PRINCIPIOS DE CIENCIA BOS MATERIAS Fig. 1-1. Pinhdo motor terminado. Esta engrenagem deve ser usinada durante a produgao e antes de ser usada, suas propriedades devem ser alteradas a fim de torné-la tenaz. (Cortesia de Climax Molybde- num Co.) Desde que, Sbviamente, é impossivel para o engenheiro ter um conhecimento detalhaa dos muitos milhares de materiais agora disponiveis, assim como manter-se a par dos novos desenvolvimentos, éle deve ter um conhecimento adequado dos principios gerais que governam as propriedades de todos os materiais. Comeraremos nos familiarizando com alguns térmos ¢ medidas usados em engenharia e, em seguida, consideraremos (1) a estrutura dos materiais ©, @) como as propriedades dos materiais so afetadas quando em uso, i Nossoestudoda estrutura vai incluir desde as caracteristicas possiveis de uma observacdo direta até aquelas submicroscépicas; desde as pegas componentes até os gros e cristais que compéem as mesmias ¢, até mesmo, as particu‘as subatémicas que determinam as proprie- dades do material. Nosso estudo das condigdes em servigo incluiré os efeitos da sclicitagao mecdnica, temperatura, campos elétricos ¢ magnéticos, caracteristitas quimicas do meio circundante e exposigao a radiagSes, 1-2 PROPRIEDADES MECANICAS. Provavelmente a primeira propriedade de um mz- terial que nos vem a mente, pafticularmente quando em conexao com estruturas to grandes como pontes ou edificios, & a resisténcia mecinica. Outras propriedades mecanicas so elas- ticidade, ductilidade, fluéncia, dureza e tenacidade. Cada uma delas est associada habilidade do material resistir a f6rgas mecénicas. Mas, o engenheiro‘nem sempre deseja que seus mate- riais resistam a tédas as deformagées; uma mola, por exemplo, deve elongar-se quando solicitada por um esfér¢o, embora nfio deva persistir nénhuma deformagao permanente apés a retirada da carga. Por outro lado, o material usado para o paralama de um automével deve ficar permanentemente deformado durante a operagao de mokiagem. A fim. de se ter uma base comum para fazer comparagées entre as propriedades estruturais £08 efeitos das condigdes em servico nas mesmas, vamos primeiramente definir alguns dos térmos mais comuns em engenharia. Tensdo é definida como a forga por unidade de area ¢ é expressa em libras por polegadas quadrada (psi)' ov em quilogramas fora por centimetro quadrado (kgf/cm?) ou por mili- metro quadrado (kgi/mm?). A tens&o é calculada simplesmente dividindo-se a farca pela area na qual atua. Exemplo 1-1 Qual a pega solicitada por maior’tens&o: (a) uma barra de aluminio, de segZo reta 0,97 'N. do T. psi= “pounds per square inch”. CARACTERISTICAS EXIGIDAS NDS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA 3 mm x 1,21 mm solicitada por tima carga de 16,75 kgf ou (b) uma barra de aco de seco cir- cular de diémetro 0,505 mm sob uma carga de 10,8 kgf? kgf (mm) (mm) 16.750 971,21) 10.800 @/4)0,5057 Resposta: Unidades: kgf/mm? Calculos (a) = 143 kgf/mm? ib) = 54 kgf/mm? Como efeito da tensio, tem-se a deformacdo. O engenheiro comumente expressa defor- magio em uma de duas maneiras: (1) 0 nimero de centimetros de deformacao por centi- metro do comprimento, ou (2) o comprimento deformado como uma porcentagem do com- primento original. A deformacao pode ser eldstica ou plastica. Exemplo 1-2 Em uma haste de cobre sio marcados dois tragos que distam entre si 50 mm. A haste é tensionada de forma que a distfincia entre os tragos passa a ser de 56,7 mm. Calcular a deformagao. (mm-mm) _ mm _ porcentagem _ om mm mm 100 com 56,7 - 50,0 50,0 A deformagao eldstice é reversivel; desaparece quando a tens&o & removida. A defor- macio elistica € priticamente proporcional 4 tensdo aplicada (Fig. 1-2). O médulo de elasticidade (médulo de Young) é o quociente entre a tensao aplicada e a deformagao elistica resultante. Ble est relacionado com a rigidez do material. O médulo de elasticidade resultante de trago ou compressio é expresso em psi ouem kgf/mm?. O valor déste médulo é primordialmente determinado pela composicio do material (Apéndice E) e € apenas indiretamente relacionado com as demais propriedades mecanicas. Resposta: Unidade: Caleulo 0,135 emjem = 13,5% Tensio—> vB ‘Tensio. Deformagao— ‘Deformaga0—> 12, Relagdo elastica tensto-deformacdo. A CFig. 1-3. Relagdo plastica tensio-deformagio. A deformacao elistica € direramente proporcional “deformago plastica que se segue 4 deformacéo & tensio. elistica inicial nfo € reversivel. A deformagao eldstica contizua a aumentar durante a deforma- do plastica, -nas é reversivel. (Compare com a Fig, 12) 4 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS NATERIAIS Exemplo 1-3 Se o médulo médio de elasticidade de um ago é 21.000 kgf/mm’, quanto se elongard um fio de 0,25 em de didmetro ede 3 m de comprimento, quando solicitado por uma carge de 500 kgf? exsio deformagao j Unidades: kgf/mm? — "e/a" em/em 500/(7/4)(0,25)* deformagio deformagio = 0,0043 em/em unidades: (em/em(em) = em Deformagio total = 0,0043 x 300 = 1,29 cm Respesta: Médulo de elasticidade (it) CAlculo: 21.000 = Deformasao pléstica é a deformac&o permanente provocada por tensdes que ultrapassam © limite de elasticidade (Fig. 1-3). A deformagdio plastica é o resultado de um deslocamento permanente dos atomos que constituem o material e, portanto, difere da deformagao eldstica onde os atomos mantém suas posigdes relativas. Ductilidade & 2 deformacio plastica total até 0 ponto de ruptura. Assim sendo, 0 seu valor pode ser expresso como alongamento e nas mesmas unidades de deformagio. Um com- primento comum (embora no universal) para a medide da elongagdo ¢ $0 mm. Comé mos- trado na Fig. 1-4, o comprimento considerade é importante pois a deformacao plastica nor- malmente é localizada. Comprimento de medida Alongamento 200 mm 22,5% 50 mm 560% Fig. 1-4. Elongagio versus comprimento de medida. Como a deformagao final & localizada, 0 valor da elongagdo nao tem significado, a menos que se indique © comprimento de medica. CARACTERISTICAS EXIGIDAS NOS MATERIA'S USADOS EM ENGENHARIA 5 Uma segunda medida da duciilidade ¢ a estricedo que # a redugio na area da segio reta do corpo, imediatamente antes da ruptura. Os materiais altamente dicteis sofrem grande redugio na area da seco reta antes da ruptura. Este indice é sempre expresso em porcentagem e é calculado como se segue: Estriegio (1-2) Relagdes tensio-deformacdo. Agora é possivel ser mais especifico sdbre 0 efeito da tenso na deformagio. A Fig. 1-5 mostra, grificamente, esta relagao para diferentes tipos de materiais, sendo que, para todos, tem-se um intervalo de deformacdo elistica. © material correspondente 4 Fig. S-1a ndo deforma plasticamente antes da ruptura; € um material de comportamento frdgil. Um material diictil tem um limite eldstico (ou limite de proporcionalidade) além do qual ocorre deformagao permanente. A capacidade do material resistir 4 deformagdo plastica € medida pela tensdo de escoamento que é determinada pela relago entre a forca que inicia a deformacdo permanente ¢ a area da segio reta. Em materiais tais como 0s agos doces, ¢ limite de escoamento ¢ bem definido pois, para uma dada tensiio, © material escoa, isto é, ocorre deformagao plastica sem praticamente aumento na tensio (Fig. 1-5b). Em outros materiais, nio ocorre um escoamento propriamente dito; neste caso, define-se um limite convencional de escoamento que corresponde A tensao necessarie para provocar uma deformac&o permanente de 0,2% (ou um outro valor especificado) (Fig, 1-5c). L Re oe iii L. Ru} a fe ail 02% eu EL PM a LE. 5 - e & Deformaséo Deformagio 92% Deformagdo -—-Deformacio @) o () (@) Fig. 1-5. Diagramas tensio-deformagdc. (a) Matetial nio dutil sem deformacdo plastica (exemplo: Ferro fundido). (b) Material dutil som limite de escoamento (exemplo: ago de baixo carbono). (¢) Material dati! sem limite de escoamento nitido (exemplo: aluminio). (4) Curva verdadeira tensio-deformagio versus curva convencional L. Ru. = Limite de ruptura, L. Re. = Limite de resisténcia, LE. = Limite de escoamento, Elong. = Elongaciio, X = ruptura. limite de resisténcia a tracdo de um material é calculado dividindo-se a carga maxima suportada pelo mesmo pela area da segdo reta inicial. Esse limite, tal como os demais, € expresso em unidades de’ tensdo. Deve-se notar que o limite de resisténcia @ calculado em relagdo a area inicial. Essa é uma observagao importante, particularmente para os mate- riais dicteis, pois os mesmos sofrem uma redugao de area quando solicitados pela carga maxima, Embora a tensio verdadeira que solicita 0 material seja calculada considerando-se a rea real (Fig. 1-Sd), a tensio tel como definida anteriormente é mais importante para o engenheiro, pois os projetos devem ser feitos com base nas dimensdes iniciais. Em vistude da 4rea da seco reta de um material dictil poder se reduzir antes da ruptura, © limite de ruptura pode ser inferior ao limite de resisténcia. Por defini¢ao, ambos sao calculados considerando-se a Area inicial (Fig. 1-50). fF nN PRINCIPIOS BE CIENCIA DOS MATERIAIS © Exemplo 1-4 Um fo de cobre tem uma tensdo de ruptura de 30 kgf/mm? e apresenta uma estricgao de 77%, Caleular (a) a tenso verdadeira de ruptura e (b} a deformagao verdadeira e, na rup- tura (a deformacao instantanea de é igual a di/). F Resposia: (a) [= 30 kef/mm*, F = 30 o ‘ F F 30 = 131 kgffmm? Avr (1=0,77)Aq 028 " dl dl @) de>: | fe I inl Mas: Ag lo = Ay ly Ao Ao igen = 147 ou 147% arg AS O3E4s mA 200: ae 150) 200 400 600 “Dureza Brinell Limite de resisténcia Fig. 1-6. Limite de resisténcia versus dureza Brinell. Exemplos: agos, lates ¢ ferros fundidos. A duresa € definida pela resisténcia da superficie do material 4 penetragdio. Como se pode esperar, a dureza ¢ a resisténcia 4 tracHo estao intimamente relacionadas (Fig. 1-6). A escala Brinell de dureza (BNH)? é um indice de medida da dureza, calculado a partir da rea de penetragdo de uma bilha no material. A penetrecio desta bilhz, que é uma esfera de ago duro ou de carbeto de tungsténio, ¢ feita mediante uma forga padronizadz. A escala Rocwell de dureza, outra das mais comuns escalas de dureza usadas em engenharia, esta relacionada 20 BNH (Apéndice C), mas é medida pela profundidade de penetragao de uma pequena biJha padronizada. Muitas escalas Rocwell foram estabelecidas para materiais com diferentes Zaixas de dureza; estas escalas diferem entre si nas dimensdes da bilha na carga de penetragio. © Exemplos, precedidos por um ponto, podem ser designados como trabalho aos alunos a crité- rio do professor (ver pr 2N. do T. BNH = “Brinell hardness number”. GARACTERISTICAS EXIGIDAS NOS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA 7 Tenacidade & a medide da energia necessiria para rompe: o material. Difere pois da resisténcia & tragdo, que & a medida da tensdo necessaria paca romper o material. Energia, © produto de uma forga multiplicada por um deslocamento, é medida em lb.pé ou em kgf.cm; essa energia est intimamente relacionada 4 tea sob a curva tensdo versus deformacao. Um material crictil com a mesma resisténcia de um material f-4gil ira requerer maior energia para ser rompido ¢ portanto é mais tenaz (Fig. 1-7). Ensaios padronizados Charpy ou Izod so usados para medir tenacidade. Esses métodos diferem entre si apenas na forma do corpo de prova e no método de aplicayio da energia. Deformagao Deformagio Deformagio fa) (by () Fig. 1-7. Tenacidade é a medida da erergia necessaria para romper o material. Portanto, ela pode ser representada pela area sob a curva tenso-deformagao. A parte (c) representa o comportamento mais tenaz dos trés exemplos. 1-3 PROPRIEDADES TERMICAS. E extremamente importante a distingo entre calor ¢ temperatura. Temperatura é um nivel de atividade térmica enquanto que calor é a energia térmica. Em engenharia, sdo comumente utilizadas duas escalas para medir temperatura: escala Fahrenheit 2 a Celsius (centigrada). Calculos so mais ficeis com a escala Celsius ¢ um niimero crescente de processos industriais esto pasando a utilizd-la. Uma conversdo direta pode ser feita de uma escala para outra, através das seguintes relagdes: °F = 1,8 (°C) + 32 (1-3) ij, FlCH-32] 4) Para qualquer componente quimico de um material, 0 porto de fusdo e 0 ponto de ebu- ligdo so temperaturas importantes pois correspondem 4 transicdo entre diferentes rranjos estruturais dos atomos no material. Calor é expresso em “Btu”, na escala inglésa e em calorias no sistema métrico. Um Btu é a energia requerida para aumentar de 1°F a temperatura de uma libra de agua, na temperatura de maior densidade da agua (39°F). Portanto, as unidades para capecidade térmica so Btu/lb.°F no sistema inglés ou cal/g.°C no sistema métrico. O calor especifico de um material ¢ definido como sendo 0 quociente entre a capacidad: térmica do material ea da agua. Varios calores de transformagio sio importantes no estudo de materiais. Os mais conhe- cidos déles sA0 0 calor latente de fusio ¢ 0 calor latente de vaporizagdo, que sho os calores reque- ridos, respectivamente, para a fusio e vaporizagio. Cada um déstes processos envolve uma SN, do T. Btu “British termal unit” 8 PRINCIPIOS 2E CIENCIA DOS MATERIAIS mudanca interna no material que passa de um arranjo atémico para outro. Veremos, mais tarde, que hi varias outras mudancas estruturais possiveis para os s6lidos e que estas mudangas também requerem uma alteragZo no contedo térmico do material. A dilatagdo térmica ¢ comumente expressa em pol/pol.°F ou em cm/om.°C. Em geral, admitimos que 0 coeficiente de dilatagao térmica é independente da temperatura. Por razées que serio apresentadas mais tarde, deve ser observado que 0 cocficiente de dilatacdo térmica depende da temperatura ¢, em geral, aumentando-se 2 temperatura o coeficiente também aumenta (Fig. 1-8). Descontinuidades na variagio do volume com ¢ temperatura ocorrem & aman oO INLD 1000 1100°C 95 & | ——Condutividade (ler a direita) 30 3 a H i & -Dilatagio (ler a esquerda) — {1 99 21] £ 1 morse iin Smee ile els i eet ee 07% & MRA Ae 23 os § eu 8 a2 fi 9 H —- 025 5a 6 3 O™ ~0,25 3 2 rN inner re 3 Jo MINS 5001000 1002600 il 6 Temperatura, °F Fig. 1-8. P:opriedades térmicas versus temperatura, A descontinuidade para olcobre a 1085°C (1985°F) € resultade da fustio. O ferro possui uma descontinuidade em virtude de um rearranjo dos étomos a 910°C (167°F), Ver Cap. 3. com mudangas de estado, porque ha uma alteragdo no arranjo dos atomos ¢ moléculas do material. Aqui, como no caso da deformagao mecdnica, temos dois tipos de mudancas estru- turais: um tipo, onde as mudangas so aquelas em que os dtomos vizinhos de um determi- nado étome permanecem sendo os mesmos & outro, em que os atomos ou moléculas sio rearranjados. Esse contraste persistiré ao longo das discussdes futuras. A transferéncia de calor entre sdlidos ocorre comumente por condutividade térmica que é medida em (Btu.pol) (°F hit?) ou (cal.cm)/(°Cs.cm”), A condutividade térmica de um ma- terial também depende da temperatura. Entretanto, ao contrario do coeficiente de dilatacio térmica, a condutividade diminui com o aumento da temperatura. (As razdes para ésse com- portamento serio discutidas mais tarde). As mudangas no empacotamento atémico que acompanham a fusio e outros rearranjos atémicos decorrentes de variagdes na temperatura produzem descontinuidades na curva condutividade térmica versus temperatura. engenheiro esté comumente interessado em transferéncias térmicas quer em regime permanente quer em regime nfo permanente. No regime ndo permanente, a transferénciz térmica produz uma variaco na temperatura e, portanto, diminui o gradienze térmico. Nestas condigdes, a difusibilidade térmica h é importante: h=K/egp, (1-5) CARACTERISTICAS EXIGIOAS NOS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA ° onde k é a condutividade térmica, c, ¢ a capacidade térmica e p é a densidade. Um material com calor especifico por volume ¢,p tem uma difusibilidade baixa, simplesmente porque mais calorias devem ser cedidas ou removidas, a fim de alterar a temperatura do material. As unidades aplicaveis a difusibilidade térmica, indicadas abaixo, servirao de base para con- sideragdes posteriores da difusibilidade atémica. Condutividade (capacidade térmica} (densidade) (cal-cm)/(°C-s-om?) ~ “(ealig*Olg/em) = cm*/s (1-6) 1-4 PROPRIEDADES ELETRICAS. A mais conhecida propriedade elétrica de um material é a resistividade. E expressa em chm-cm (ou ohmpol) e est relacionada com as unidades comuns de resisténcia, como se segue: Difusibilidade térmica = Hn WI comprimento Resisténcia = (resistividade) (ez) {om = (ohmem) ( (ohm-cm) () (pol = (ohm-pol) (2) (7) Exemplo 1-5 O cobre tem uma resistividade de 1,7 x 1076 ohm-em. Qual é a resisténcia de um fio com 0,1 cm de didmetro ¢ 30 m de comprimento? Blt = 6,65-ohm O1P = A condutividade elétrica € 0 inverso da resistividade. E expressa em mho/cm {mho = = ohm~') A relacdo entre a condutividade e o atimero de transportadores de carga elétrica, a carga por transportador e a mobilidade sera discutida em maior detalhe no Cap. 5, assim como a relagdo entre a condutividade elétrica ¢ (1) a temperatura e (2) a deformaca: Em contraste com os condutores elétricos que transferem cargas elétricas, muitos ma- teriais de importancia em engenkaria sio usados como dielétricos ou nao condutores. Se Resposta: Célculo: Resisténcia = 1,7 x 10~° Fig. 1-9. A constante dielétrica relativa pode discutida em térmos da quantidade de elet dade que pode ser armazenada cm um conden- sador. A constante dielétrica relativa é igual a | Zz Ld quantidade de cletricidade armazenada usando Chat ate Fe Fe Fe um material isolante dividide pela quantidade armazenada usando vicuo. + - 0 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS um material dielétrico é usado sémente como isolante elétrico, é nevessario considerar-se a sua rigide: dielétrica. Esta propriedade 6, geralmente, expressa em volts por mil (1000 mil = = 1 pol) au em volts por cm; entretanto, deve-se notar que a capacidade isolente de um material nem sempre aumenta proporcionalmente 4 espessura. Muitos outros fatéres, tais como area especifica, porosidade e defeitos, infiuem nas caracteristicas de isolagao éo material. ‘Uma outra propriedade dielétrica importante é a constante dielétrica que é melhor expli- cada em térmos de um condensador, que € um dispositive para armazenar carga elétrica Um condensador ¢ composto de um eletrodo negativo e outro positivo, entre os quais ¢ feito 0 vacuo ou é colocado um material isolante. O eletrodo negativo armazena carga ¢ hé a remagdo de carga do eletrodo positivo (Fig. 1-9). A quantidade de carga que é arma- zenada depende, entre outras coisas, do material colocado entre as placas. Esses dielétricos no transportam carga elétrica, mas nfo so isolantes inertes porque a aplicagio de um campo elétrico externo pode deslocar cargas eletrénicas e idnicas de suas posigdes normais na estru- tura interna do material. Esse comportamento pode ser comparado 4 deformacao mecénica elastica, visto que as cargas retornam 4 sua posigao normal quando 0 campo elitrico € re- movido. (Ver Cap. 5 para maiores detalhes). A carga Q (expressa em coulombs ou amp’), que ¢ contida no condensador, é propor- cional a diferenca de potencial Vaplicada, sendo a constante de proporcionalidade C a capa- cidade do condencador que é expressa em farads (F): Q=cv (1-8) A capacidade é, além disso, dependente da constante dielétrica relativa K’ e da geometria do condensador. Para um capacitor de placas paralelas: KA ~ 370054 Mi ic onde C esté em microfarads, A éa drea em cm?e d é a distdncia entre as placas. O fator de conversio, 11,32, ¢ escolhido de forma que a constante dielétrica X’ seja adimensional ¢ igual a 1,0 quando é feito o vacuo entre as placas. A constante K' para os varios materiais que podem ser usados como dielétrico depende do deslocamento de carga que ocorre como resultado do campo elétrico aplicado. Uma combinagio das Eqs. (1-8) e (1-9) mostra que a quantidade de carga armazenada em um capacitor é diretamente proporcional a constante dielétrica relativa (Fig. 1-9). Exemplo 1-6 l Um condensador projetado para usar papel encerado (constante dielétrica K’ = 1,75) como dielétrico entre eletrodos de félha de aluminio, tem uma capacidade de 0,013 farad. Esta se cogitando na substituiggo do papel per um filme plastico (K’ = 2,10) de mesmas dimensées. Com todos os demais fatéres permanecendo constantes, qual seria a nova capa- cidade do condensador? TRespeatas| ean va (8) ) (1132) 0094 “\K) AR = (0.013) 2,10) Crag, = SOO = 00156 fara Como a constante dielétrica é conseqiiéncia de um deslocamento de carga no interior do material, seu valor depende tanto da temperatura como da fregiiéncia e da estrutura do material. Estes fatores receberdo atengc nos capitulos subseqiientes. CARACTERISTICAS EXIGIDAS NOS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA n 1-5 PROPRIEDADES QUIMICAS. Quase todos os materiais usados pelos engenheiros slio suscetiveis de corrosdo por ataque quimico. Para alguns materiais, a solubilizagdo é importante. Em outros casos, 0 eieito da oxidapdo direta de um metal ou de um material orginico como a borracha ¢0 mais importante. Além disso, a resisténcia do material 4 corrosdo quimica, devido ao meio ambiente, é da maior importancia. A atencao que damos aos nossos automéveis é um exemplo dbvio da nossa preocupagao com a corrosio. Desde que freqiien- temente, o ataque pela corrosdo é irregular, é muito dificil medi-la. A unidade mais comum para a corrosdo é polegadas de superficie perdida por ano. 1-6 PROPRIEDADES OPTICAS. Embora entre’ as _propriedades épticas importantes para a engenharia se inc'uam o indice de refragdo, a absorgao e a emissividade, apenas a primeira delas sera discutida aqui, porque as outras duas j4 slo mais especializadas. O indice de refragio n é a razio entre a velocidade da luz no vacuo ce a velocidade da luz no mate- rial, Va? (1-10) Rio indice também pede ser expresso em térmos do angulo de incidéncia i e do angulo de refracio r: seni sen (1-11) 1-7 CUSTO. Embora certamente 0 custo no seja uma propriedade intrinsica ao material, freqiientemente, é o fator determinante na selegdo de um certo material para uma dada apli- cacao. O custo é usualmente expresso em valor por quilograma ou por pega, mas um indice mais significativo € 0 custo por unidade de vida util. E, muaitas vézes, vantajoso pegar-se mais por quilograma ou for pega, se isto implicar em um aumento da vida e uma diminuicao dos custos de manutengao e substituicao, 1-8 MEDIDA DAS PROPRIEDADES DE INTERESSE EM ENGENHARIA. Informagdo qualitativa. Diagramas esquematicos, mostrando o efeito de uma varidvel sobre uma certa propriedade, so ferramentas indispensdveis no entendimento de complicadas relagdes empiricas em térmos qualitativos. A Fig. 1-10, por exemplo, ilustra a variagao da resisténcia do concreto em fungio de tzor de égua adicionado. O concreto, certamente, é mais resistente quanto menor for a quantidade de agua utilizada, embora deva existir 4gua suficiente a fim de tornar 0 concreto trabalhavel. compressiio Resisténcia & Resisténcia @ compressio __———_ Agua adicionada——~ gua adicionada —~ ig. 1-10, Representacdo esquematica de duas va- Fig. 1-11. Representacio ssquematica de tés va- ridvels, Resistincia do concreto versus teor de riveis. A resistEncia do concreto esta relacionada agua. O teor de agua & a variével independente, com 0 tempo ¢ ¢ 0 teor de agua. 12 PRINGIPIOS DE CIENCIA COS MATERIALS Outras variaveis podem ser mostradas esquemiticamente através do uso de parametros adicionais. A Fig. 1-11 adiciona 6 pardmetro tempo 4 relagdo préviamente mostzada na Fig. 1-10, A Fig. 1-11 nos diz que (1) para uma dada quantidade de agua adicionads, a resisténcia aumenta com o tempo; (2) para um dado periodo de tempo, a resisténcia é menor quanto maior for 0 excesso de agua adicionado; ¢ (3) uma dada resisténcia pode ser atingida em um tempo menor, se menos agua for usada. 450-5, & 600 38 dias 400} $ * ‘3 E 350; 8 5000 & 5 = 2 = 300- 8 - 4000 250} | a _ ‘ea A -B-3000, — FE nn 20) 22m 24125) 23h 20 32 Agua adicicnada, |/saco de cimento Fig. 1-12. Valores quantitativos. Resisténcia do concreto versus teor de agua. (ASTM Testing Standards N.° C 39-49). Representagdes esquematicas ajudam o engenheiro a determinar, préviamente, quais as variaveis que devem ser controladas, a fim de obter um determinade resultado. Com esta informagio, pode-se antecipar as possiveis modificagées dos materiais durante a produgio ou em servigo. Dados quantitativos. E, muitas vézes, importante dispor-se de dados quantitativos concer- nentes as propriedades dos materiais. Assim, da Fig. 1-12, o engenheiro de projetos observa que 0 concreto pode ter uma resisténcia 4 compressao de 3,1 kgf/mm?, se 24 litros de agua so usados para cada saco de cimento. Entretanto, a fim de se ter a informacao completa, © parémetro tempo essim como dados relativos a granulometria e 4 temperatura devem ser incluidos, pois que cada um déstes fatéres influencia as relagdes quantitativas. 100| | i x 8 Média & ; ; . a g 3 60 I 2 3 : 2 eli | 3 eH iil é oot | Pa men ane a eee o 10 2 Namero do ensaio Variagdo porcentual wo (b> Fig. 1-13. Grande varianga. Variagdes encontradas no ensaio de impacto Charpy para o ago SAE 1040 (20°C), Todos os ensaios foram idénticos. (a) Distribuigdo dos resultados. (b) Distribuicdo de freqiiéncias. CARACTERISTICAS EXIGIDAS NOS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA 13 Um outro fator, igualmente importante na apresentacao de muitos dados quantitativos, éa varianga* que pode ser encontrada no ensaio, Fig. 1-13 mostra a faixa de val6res obtidos no ensaio de impacto de cinquenta amostras de ago a 20°C. Ha uma variago muito grande nos dados, embora as amostras sejam as mesmas € 0 métedo de ensaio seja constante, dentro do possivel. A variagio nos valéres abtidos pode ser originéria de muitas fontes: (1) diferengas nao detectaveis no ago dos corpos de prova, (2) ciferengas na preparacio das amostras, (3) diferencas durante a execugo do ensaio. A grande variacao aqui observada torna necessirios outros testes para estabelecer a resisténcia média ao impacto. B 100+ cof il 3 Média B80 re tty st s& £0 3 ¢ A = 60 3 60 2 4 z 40 3 aor & Pa alle) 20 3 ea 0! FeO M NS MN =e N= so aa =2-10 0 {0 20 a Numero do ensaio Variagéo porcentual @ ) Fig. 1-14. Pequena varianga. Variacdes encontradas ne ensaio de tragdo de um ago SAE 1040 (20°C). Todos os ensaios foram idgnticos. (a) Distribuigdo dos resultados. (b) Distribuigo de freqiiéncias. Embora a varianga nem sempre seja tio acentuada como no exemplo da Fig. 1-13 (ver Fig. 1-14), 0 engenheiro deve prever a espécie das variagGes a serem esperadas, pois, freqiien- temente, éle'riio pode testar diretamente os materiais que vai usar. Ainda mais, deve-se uti- lizat uma margem de seguranca adequada a fim de levar em conta fontes adicionais de varia- 40 encontradas em servico, Um dos exemplos mais sigaificativos foi 0 efeito do tempo de servigo nos primeiros Comet* ingléses, onde nenhuma margem de seguranca foi deixada, a fim de levar em conta o efeito da pressurizacao e despressurizacdo na fadiga do metal das cabines déstes avides em altitudes elevadas. REFERENCIAS PARA LEITURA ADICIONAL Propriedades dos materiais 1-1. Apéndice E. Propriedades de Materiais Selecionados. 1-2. Brady, G. S., Materials Handbook. New York: McGraw-Hill, 1951. Este liveo apresenta um ou dois pardgrafos descrevendo, cada um, cérca de mil tipos de material. 1-3, Ceramic Data Book. Chicago: Industria! Publications, Inc., publicado anualmente. Contém dados s6bre as propriedades dos materiais cerdmicos mais comuns, incluindo dados especificos nas seguintes divises: refratarios, cerimica estrutural, esmaltes, vidro, cerdmica branca e produtos cerdmicos para utilizacdes elétricas + Varianga é uma medida estatistica da variagio provavel e & igual o quadrado do desvio padrao. 4N. do T. — Avifio inglés comercial a jatopropulsio. “ PRINCIPIOS EE CIENCIA DOS MATERIAIS 1-4, Corrosion in Action. New Yor! 4 corrosio; excelentemente ilustrado. 1-5. Kinney, G. F., Engineering Properties and Applications of Plastics. New York: John Wiley & Sons, 1957. O primeiro capitulo considera as principais categorias de plasticos. Subseqiientemente, suas propriedades mecdnicas, térmicas, épticas e elétricas sio consideradas. 1-6. Marin, J, Mechanical Behavior of Engineering Materials. Englewood Clifis, N. Prentice-Hall, 1962. Da um tratamento geral das propriedades mecinicas. 1-7. Metals Handbook, Volume I, Cleveland: American Society for Metals, 1961. Esta referéneia basica para todos os metalurgistas é essencialmente uma enciclopédia de metais. 1-8, “Plastics Encyclopedia Issue”, Modern Plastics. O niimero de setembro de cada ano. Material técnico e de referéncia sto incluidos, proporcionando um rapido acesso a uma variedade de informagies sObre resinas e plasticos. 1-9. Reactor Handbook, Volume 3, Section 1: General Properties of Materials Washington, D. C.: Atomic Energy Commission, 1955. Um compéndio de dados sdbre propriedades de materiais de interésse em tecnologia nuclear. Como éste manual cobre muitas variedades de materiais, serve como referéncia, também para outros propésitos. 1:10. Richards, C. W., Engineering Materials Science, San Francisco: Wadsworth, 1961 Uma discussio completa das propriedades mecanicas 1-11. Smithells, C. J. Metai Reference Book, 3 edi¢do. New York: Interscience Pu- blishers, Inc., 1961. Um livro de referéncia em dcis volumes composto quase qué inteiramente de dados tabulados; adequado a0 engenheiro que conhece o significado das diferengas no comportamento de um metal. 1-12. Woldmaa, N. F., Engineering Alloys. Cleveland: American Society for Metals, 195: Cérca de 19,000 ligas diferentes sio citadas com suas propriedades, composigSes ¢ aplica- ses tipicas. international Nickel Co., 1955. Uma introdugio Ensaio de materiais 1-13. ASTM Standards. Philadelphia: American Society for Tésting Materials, 1961 (com freqiientes revis6es). E um conjunto de varios volumes contendo ensaios padronizados aceitos por uma larga porcdo da industria emericana. Os ensaios so esquematizados em detalhe’. 1-14, Bornemann, A.,e R. S. Williams, Metals Tecinology. Cleveiand: American Society for Metals, 1954. Inclui experiéncias de laboratério ao lado da descri¢do dos aparelhos de ensaio mais comuns. Aplicagdo (geral) dos materiais 1-15. Materials in Design Engineering. New York: Reinhold; publicado mensalmente. Uma revista técnica, com artigos sObre t6des as espécies de materiais de impcrténcia em engenharia, escrito em um nivel técnico de um engenheiro competente, 1-16. Ceramic Industry. Uma das muitas revistas técnicas especializadas em materiais ceramicos.® 1-17. Metal Progress. Uma das muitas revistas técnicas especializadas em materiais metalicos.” 1-18. Modern Plastics. Uma das muitas revistas técnicas especializadas em materiais metilicos. SN. ¢o T. Ver também ABNT — Associasdo Brasileira de Normas Técnicas. SN, ¢o T. Consultar também a revista “Cerdmica”, da Associagio Brasileira de Cerimi 7N. co T. Consultar também a revista “Meralurgia", da Associagio Brasileira de Metais. CARACTERISTICAS EXIGIDAS NOS MATERIAIS USADOS EM. PROBLEMAS 1-1. (a) Uma barra, com didmetro igual a 1,25 cm, suporta uma carga de 6.500 kgf. Qual a tensio que solicita a barra? (b) Se o material da barra da parte (a) possui um médulo de elasticiéade de 21,000 kgf/mm, qual a deformag3o que a barra sofre ao ser solicitada pela carga de 6500 kgf? Resposta: (a) 54 kgf/mm? (b) 0,25%. 1-2. A barra de Probl. 1-1 suporta uma carga maxima de 11.800 kgf, sem deformaco permanente, Qual o seu limite de 2 1-3. A barra do Probl. 1-1 rompe com uma carga de 11.400 kg. O seu didmetro final € 0,80 cm. (a) Qual a tensHio verdadeira de rupturz? (b) Qual a tenso convencional de ruptura? (©) Qual a deformagiio verdadeira na fratura? Resposta: (a) 231 kgf/mm? (b) 89 kgf/mm? (c) 96% 1-4, Uma barra de cluminio com 1,25 cm de diametro possui duas marcas que distam entre si de 50 mm. Os seguintes dados sao obtidos: Distancia entre as Carga, kg ean a 500 30,05 1800 50,09 2700 30,15 3600 548. (2) Construa a curva tensio-deformagao. (b) Qual o médulo de elasticidade da barra? 1-5. Uma liga de cobre possui um médulo de elasticidade de 11.000 kgf/mm*, um limite de escoamento de 33,6 kgf/mm? ¢ um limite de resisténcia de 35,7 kgf/mm? . (a) Qual a tensio necessaria para aumentar de 0,15 em 0 comprimento de uma de 3 m desta liga? (b) Que di- metro deve ter uma barra desta liga para que a mesma barra suporte uma carga de 2300 kgf sem deformacio permanente? Resposta: (a) 5,6 kgf/mm? (b) 0,91 cm de didmetro. 1-6. Uma barra de ago de segdo retangular 0,6 x 1,25 cm ¢ com 300 m de comprimento suporta uma carga longitudinal maxima de 7600 kgf, sem deformagdo permanente. (a) Qual © limite de elasticidade da barra? {b) Determine o comprimento da barra solicitada por esta carga, sabendo-se que o médulo de elasticidade do ago & 21.000 kgfjmm? 1-7, Uma liga de alurainio (6151) possui um médulo de elasticidade de 7000 kgf/mm? ¢ um limite de escoamento de 28 kgf/mm? (a) Qual a carga maxima que pode ser suportada por um fio de 0,275 em de diametro sem deformacao permanente? (b) Admitindo-se que um fio déste didmetro de 30 m de comprimento esteja sendo solicitado por uma carga de 44 kef, qual o aumento total no comprimento do mesmo? Resposta: (a) 167 kaf (b) 3,2 cm 1-8. O metal monel (70 Ni-30 Cu) possui um médulo de elasticidade de 18.000 kgf/mm* ¢ um limite de escoamento de 45,5 kef/mm* (a) Qual a carga méxima que pode ser suportada por uma batra com 1,8 cm de diametro sem deformagao permanente? (b) Admitindo-se como deformagio total maxima permissivel 0,25 cm para uma barra de 210 cm do diémetro acima, qual a carga maxima que pode ser aplicada 4 barra? 1-9, Uma barra de ago 1020 com 0,6 om de didmetro ¢ 1,80 m de comprimento suporta 16 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS um péso de 500 kg. Qual a diferenga de deformagio total se esta barra for substituida por outra igual de monel 70-30? (Ver Problema 1-8). 1-10. Os seguintes dados foram obtidos durante o ensaio de trayéo de uma barra meta- lica com 1,25 cm de diametro. Carga, ket Deformagio, em/em 1800 1005 3580 0010 4680 0.015 5260 002 5720 0.03 6000 0.04 5900 0.06 000 0.08 2 om) 4900 Rompe (diémetro Calcule: (a) limite de resisténcie, (b) limite de escoamento convencional (0,2.% de deformagio permanente), (c) dutilidade (d) tensdes de ruptura (verdadeira e convencional). 1-IL. Uma carga de 450 kgf, quando aplicada a um fio de ago com 240 cm de compri- mento ¢ 0,16 cm? de area da segdo transversal, provoca uma deformagao clastica de 0,3 cm. Caleule (2) a tensfo, (b) a deformacao ¢ (c) o valor do médulo de Young. 1-12, Uma regra empirica diz que o limite de resisténcia (em kgf/mm?) ¢o aco é 0,35 da sua dureza Brinell. (a) Qual o érro (em porcentagem) que se comete ao se usar esta regra para os seis agos mostrados na Fig. 1-6? (b) e para os cinco ferros fundidos? 1-13, Qual é a condutividade térmica maxima que uma parede de 2,5 om de espessura pode ter para que o fluxo de calor no supere, sendo a temperatura do lado frio 200°C ¢ a do lado quente 520°C? i 1-14. Uma parede com 12,5 m de espessura possui uma cdndutividade térmica de 0,000495 cal-em/cm?-s°C. Qual é a perda de calor por hora, através desta parede, se a tem- peratura interna é de 53°C e a externa de 20°C? 1-15. O coeficiente médio de dilatagio térmica de uma barra de ago é de 13,5 x 10- cm/cm/*C. (a) Qual variagdo de temperatura é necessdria para produzir a mesma variacio linear que uma tensio de 63 kgf/mm”? (b) Qual a variagdo de volume que esta variacdo de temperatura produz? Resposta: (a) 220°C (b) 09% em volume 1-15. A calcita (calcéreo) possui um coeficiente médio de dilatagdo linear de 11,5 x x 10-6 em/em/"C entre 20°C e 200°C € de 13,5 x 107¢ cm/em/°C entre 20°C e 530°C. (a) Qual é c coeficiente médio de expansdo entre 200°C ¢ 530°C? (b) O volume a 200°C é 1,000 cm? Qual o volume a 20°C? 1-17, O calor especifico C, do ferro & 3,04 + 7,58 x 107? T + 0,60 x 10° T~? caly- mol’K. [a) Qual 8 a difusividade térmica do ferro a 20°C? (b) a 500°C? [Nota: Use 0s daéox da Fig. 1-8]; Resposta: (a) 0,23 cm?/s (b) 0,12 cm*/s 1-18. A resistividade de uma liga de aluminio ¢ 2,8 x 10° ohm-em. Qual deve ser a resisténcia de um fio de aluminio com 1 m de comprimento ¢ 0,01 cm? de area da secdio transversal? 1-19, (a) Se se usar um fio de cobre puro (resistividade = 1,7 x 10-° ohm-cm) con CARACTERISTICAS EXIGIOAS NDS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA ” 0,1 cm de didmetro em um circuito elétrico transportando uma corrente de 10 A, quantos watts de calor so perdidos, por metro de fio? (b) Quantos watts mais sero perdides, se 0 fio de cobre for substituico por um de lato de mesmo tamanho iresistividade = 3,2 x x 10-§ okmem)? i Resposta: (a) 2,1 W (b) 1,9 W 1-20, Um fio de cobre nossui um diametro de 0,027 em. © cobre possui uma resistividade de 1,7 x 1076 ohm-em. Quantos metros de fio sio necessarics para se obter uma resisténcia de 3,0 ohm? __ 1.21. pesquisa no campo dos plasticos levou a um névo tipo de isolante. A rigides diclé- trica é de 38 V/y, na freciifncia de 60 ciclos por segundo. Que espessura deve ter uma ca- mada déste plastico para isolar um fio na tens&o de 18.500 V ¢ com um fator de seguranga de 13% __ 1-22, Aconstante die’étrica de uma tira de vidro € 5,1. Um capacitor, usando esta tira de vidro com 0,01 cm de espessura, deveria ter maior ou menor capacidade que um ontro se- melhante usando um plasiico com 0,005 em de espessura e de constante dielétrica igual a 2,1? LIGAGAO aumica ee Wee ee ees opemg|e2a|2 22/83 3)842/828] (_8]e. A fl 5 Rage 5 f ee = g 3 3 se) Mites = syrmSjon Slo Sige Sle. ale xe S = > = ii = ==] =i] 522) == < Ns Nb 5 1 Sjeosisatsagseauises Blas “ i ine |e | aa ee ee eet | g i 3 UME sj MN NN eal = 4 g B[-xgle< 3/8 esas x252)/|,Sleee| é = 8 e278 &| |saai8 és 8 PS g CAPITULO 2 Zz ala 8), 28 3 = 7 5 Pleossaalssajega see} Blow 2 a =) 2 as = ef) se ee 2 = 7 Ss a x 7 Pa Son 82285 e8le- 875 2 é LIGACAO QUIMICA ANNA 2] a) =e | 3) 2] 5a l= Y | i = a a] |Saa8oxR 2 i elias ta 3 2 5 = & C3 Le ! B/SSsSSs Sis} |oako uel F 1 FIPS STP S[PR el (sagisag| . i aA i ml Ble F8)n wo 5B! 8 3 eNO es Ve slRas| |xsNoes & s = SB) /eogeoa 4 o = = = ° aeblersiecg||_28lecs] 3 BSR Shs leaslsax] 2 A ESTRUTURA DOS ATOMOS § 5 7 i Bling Sess eed 8 e 2.1. INTRODUGAO. Até uma certa época, acreditava-se que o tomo era a menor unidade Ey Sdg/Sealeag| log gisce| § em que a matéria podia ser subdividida. Entretanto, posteriormente, tornou-se conhecido kal EI il 5 que 0 tomo & composto de unidades ainda menores. Atualmente, & possivel subdividir 0 ge8lss5ea3 i 3 4tomo ¢ explorar a sua estrutura interna. Se git slFosi is fslaex| 3 Nenhuma tentativa vai ser feita aqui de se considerar tédas as relagdes substémicas. ees i 2 Entretanto, é necessario considerar-se a estratura geral do atomo, a fim de se tomar conhe- SlesSleealeg3| ae |e * “ my S 2st|te Hs lor Nan S| Ba cimento dos fatéres que governam as propriedades dos materiais. Por exemplo, quando um 2 IAN R)\S2e8 ea] 3 material & tensionado, a forga de atragao entre os Atomos resiste 4 tenso ¢ controle a defor- 3 i PTs Ms es I magéo e a fragmentagio do material. A condutividade elétrica é conseqiiéncia da mobilidade = E/Ad6g/83 Ste 3 Panes NU 2 dos elétrons associados com os dtomos do material. A oxidagdo dos metais é causada pela bed Bem Se 3 difusio de dtomos metilicos ou de oxigénio através da superficie a fim de formar 0 éxido. Nn = = g Estes outros fendmenos so melhor explicados considerando-se um modélo de um dtomo. EIRP SISZ SPE Sl lee dos 5 ia tLe 2-2 NEUTRONS, PROTONS E ELETRONS. 0 atomo é composto por um niicleo cit a ess ele cundado por elétrons. O nitcleo ¢ composto por protons e néutrons. Os clétrons séio particulas z S/FS glh Fe carregadas e com 1/1836 da massa de um névtron. A carga do elétron é convencionada nega- 7 — = 3 tiva. Como os elé:rons sio componentes de todos os atomos, sua carga elétrica é freqiien- Elag Blan S/T 3 Sle 3s r-] temente comada como unidade. Em unidades fisicas, a carga do elétron vale 1,6 x 10-' 5 Bye" Sls 1 8 | coulombs. I pes | ee 5 (UIs iy Sabemos que um préton possui uma carga que é numéricamente igual 4 de elétron, 4 El 88s 25lasSlen8leehlegs 2 sé que de sinal oposto. Por exemplo, 0 dtomo de hidrogénio, o mais simples de todos, é com- : eM rie ih =) = posto de um proton ¢ de um elé:ron ¢ é elétricamente aeutro. O fato do néutron ser elétrica- : Re ex) UT J mente neutro, sugere que o mesmo pode ser considerado como uma combinag4o mais intima SJ-RB)-3 g-2aS8 sae | BSq|5ER de um prston e um elétron. Esta conclusao é suficiente para nossos propésitos, pois, foi mos- trado que a seguintereasio pode ocorrer com uma spropriada troca de energia: PTT il Pat PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS 2-3 MASSA ATOMICA E NUMERO ATOMICO. De uma forma simplificada, um atomo de um certo elemento pode ser considerado como sendo uma combinagao de protons néutrons em um niicleo circundado por elétrons. Como um elétron possui uma massa de apenas 0,0005 da massa de um préton ou de um néutron, a massa total de um dtomo é apro- ximadamente proporcional ao atimero de préton e néutrons no nucleo. Essa massa de um elemento ¢ denominada de massa atémica. As massas atémicas variam desde 1,008 para o hidrogénio, que tem apenas um proton, até cérca de 250 para alguns dos elementos instaveis transurfnicos (Fig. 2-1 ¢ Apéndice D), A massa atémica é expressa em gramas por dtomo- ‘-grama. Um Atomo-grama sempre contém 6,02 x 10? atomos (Numero de Avogadro). Entio, massa_atémica Massa do at —— assa do tomo = “Tass aN expresso em g g/itomo-grama #tomo tomos/dtomo-grama Surpreendentemente, com excesio da densidade e do calor especifico, o fator massa at6mica exerce uma influéncia relativamente pequena sobre as propriedades dos materiais, descritos no capitulo anterior. O mimero de elétrons que circundam o niicleo-de um dtomo neutro é mais significativo. Esse niimero, denominado mimero atémico, é igual ao némezo de prétons no niicleo. Cada elemento é singular com respeito ao nismero de seus elétrons € prétons. Q apéndice D relaciona os elementos desde o hidrogenio até os transuranicos. Sio os elétrons, particularmente os mais externos que afetam a maior parte das propriedades de interésse em engeaharia: éles determinam as propriedades quimicas; estabelecem a natureza da ligago interatomica e, portanto, os caracteristicos mecénicos e de resisténcia; éles con- trolam o tamanho do dtomo e afetam a condutividade elétrica dos metais e, ainda, influenciam as caracteristicas épticas. Conseqiientemente, prenderemos nossa afengio a distribuigio e aos niveis de energia dos elétrons ao redor do niicleo do tomo. ! © 2.4 NUMEROS QUANTICOS. Ha um tipo de comportamento entre os elementos, que ja foi reconhecido ha muito tempo e que deit origem é tabela periddica (Fig. 2-1). Esta tabela € muito iil para os quimicos, porque os elementos que pertencem ao mesmo grupo tém comportamento quimico semelhante. Essa petiodicidade é também significativa quando se consideram as propriedades elétricas, magnéticas e mecdnicas dos materiais. A tabela perié- dica é arranjada do’ mesmo modo com que vio se dispondo os elétrons adicionais dos ele- mentos, conforme se aumenta o niimero atémico. Os elétrons que circundam 0 micleo do étomo no tém todos o mesmo nivel energético; 6, portanto, conveniente dividir os elétrons em niveis ou grupos com propriedades energé- ticas diferentes. O primeito nivel qudntico, o de menor energia, contém um maximo de dois elétrons. O segundo contém um maximo de 8; 0 terceiro, 18 € 0 quarto, 32. Portanto, o niimero maximo de elétrons em um dado nivel é 2n, onde » € 0 chamadc niimero quantico prin- cipal do nivel. Embora o conceito de nivel quantico seja muito conveniente ¢ sera usado freqiiente- mente nes partes que se seguem, na verdade, éle implica em uma simplificago, pois se admite que todos os elétrons, dentro de um determinado nivel, sejam equivalentes. Na realidade, ales nao so equivalentes ¢ um tratamento mais completo é necessirio para se entender as propriedades dos materiais. Este tratamento é possivel sem explicagdes rigorosas e pode ser feito através do chamado principio da excluséo de Pauli: apenas dois elétrors podem ter © Sogées precedidas por um ponto, devem ser citadas a critério do professor (Ver Preticio). LiGacAo aulanica a © (a) by Probabilidade—= Fig. 2-2. Hidrogénio, (a) Esquema simplificado mostrando um prétoa no micleo ¢ vm elétron no primeiro nivel quantico. (b) Probabilidade de se encontrar o elétron em fungao da distancia ao micieo. Embora a dis- tancia do cétron ao préton ado seja fixa, existe uma certa distancia para a qual a probabilidade & mi- xima. Com excerio dos momentos magnéticos que sdo opostos, os dois elétronsdo hélio possuer: energias € distribuigo de probabilidades semelhantes és do tinico elétron do hidrogénio. ‘0s mesmos niimeros quénticos otbitais, e mesmo éstes dois ndo sdo completamente idénticos pois exibem comportamentos magnéticos contririos, isto & so de “spins” opostos: Este principio afirma que ha regras especificas governando o nivel energético ¢ a provavel loca- lizagao des elétrons ao redor do micleo. Por exemplo, 0 inico elétron do atomo de hidrogénio esté normalmente no nivel mais baixo de energia, o que resulta que a mais provavel posi¢ao do elétron é a indicada na Fig 2-2. Os dois elétrons do étomo de hélio completam o primeiro nivel quantico. Por causa disso, éste elemento é muito estivel nao se combina com outros elementos. Ainda mais, para se remover um dos elétrons do hélio é necessaria uma energia consideravel. jade—> Probabili i Raio——— (a) oo Fig. 2-3. Litio. (a) Este esquema simplificado mostra como o segundo nivel quantico comega, quando © primeiro fica totalmente preenchido com dois elétrons. (b) Probabilidade de se encontrar um elétron em fungdo da distancia ao nicleo. ___ Olitio tem nimero aSmico trés. Seu terceiro elétron deve ir pare o segundo nivel quan- tico, com a provavel localizacao mostrada na Fig. 2-3. Em seguida, vem o berilio, boro, car- bono, nitrogénio, oxigénio, fluor € nednio, cada um dos quais adiciona mais unr elétron a0 segundo nivel quantico. Entretanto, como j4 observamos préviamente, apenas dois elé trons podem ter as mesmas caracteristicas de energia e, portanto, a mesma localiza¢ao pro- vavel. Conseqiientemente, surgem novas localizagdes possiveis e estabelecem-se 0s cha- mados subniveis. A Fig. 2-4 mostra a distribuigio dos oito elttrons de valencia do neénio. (Os dois elétrons do primeiro nivel nao so elétrons de valéncia). Esta distribuigdo de oito clétrons em térno do miicleo, sempre que ocorre, € muito estavel. 2 PRINCIPIOS CE CIENCIA DOS MATERIAIS i (b Fig. 2-4. Nednio. Apenas os elétrons de valéncia esto mostrados. (a) Neste esquema simplificado, 0 segundo nivel quantico esta totalmente preenchida. (b) A distribuicdo de protebilidade é esférica apenas para dois dos oito elétrons de valéncia. Os trés pares restantes de elétrons estdo em subniveis que possuem uma maio- probabilidade ao longo dos trés eixos. Este arranjo eletrénico é muito estivel. © 2.5 NOTAGAO ELETRONICA. A verifizagao experimental dos grupamentos ¢ subgru- pamentos eletrdnicos foi feita inicialmente através de dados de espetroscopia, dos quais se concluiu que é necessdrio um quantum de energia para mover o eléiron de um certo nivel para um outro de maior energia, Inversamente, um quantum de energia (um féton) é libertado quando o elétron cai de um nivel de maior energia para outro de menor energia. A energia E do foton pode ser calculada diretamente, conhecendo-se 0 comprimento de onda 2 do foton, através da equacdo: he = onde h é a constante de Planck ec é a velocidade da luz A freqtiéncia da radiagacé ¢/4 ou ¥. ‘Nas discussdes das primeiras experiéncias espetroscépicas, foi incorporada a notagio espetrografica. Assim sendo, como as linhas espetrais mais nitidas tinham como origem a transigéo de um clétron para o subnivel mais baixo de um determinado nivel quintico, notagio! s passou a ser usada para os elétrons de cada nivel que pertencessem a &ste sub- nivel mais baixo. Conseqiientemente, 1s? indica que dois elétrons (de “spins” opostos) esto na posigo de baixa energia do primeiro nivel eletrdnico (isto é, o nivel K). Andlogamente, 2s? indica que dois elétrons estio colocados na posigzo de menor energia do segundo nivel (nivel L). O nimero maximo de elétrons que pode existir em um subnivel s é éois. Depois do nivel K, que apenas possui um subnivel 5, todos os demais niveis tém dois ou mais subniveis que sio designados p, d ¢ f? O mimero maximo de elétrons nestes sub- niveis é respectivamente, 6, 10°, 14. Tomemos, por exemplo, o nednio, que apresenta 0 nivel Leompleto. Isto corresponde a seguinte notagio eletrénica: 1 s? 2s? 2p®, que indica que ha dois elétrons no nivel K e oito elétrons no segundo nivel (com dois no seu subnivel mais baixo e seis no subnivel seguinte, de maior energia). A extenséo déste esquema de notacao, indicado acima, pode ser obtida através da Tabela 2-1. E hy, (23) © Exemplo 2-1. fecro tem 26 protons. Dois elétrons vao para o subnivel 4s antes do subnivel 3d co- 2N, do T. — Esta letra s é a primeira letra da palavra inglésa sharp (aitido) 2N. do T. Do inglés: p = “principal”; d = “éiffuse”; f = “fundamental”. i 4 a 2 ucag&o auimica © Tabela 2-1 ‘Niimeros Quiinticos Eletrdnices 23 Eeato /X@=5|i@=5| ¥@=H ] N@~d | 0-5 | Pano [m= |simbolo Nimero| ts | 2p | Z| a @ | oe op wy |e | EME N INE eA UN ENNMNE NNT | aN MI Sen MSN aN eN | MMe enn ed SMM SAN eA OMEN MAA alllel MeN Stale | et Mts | RST SUNTAN TE ace Maa MM Hal | as Hee eH Balen Me Meg | Pa ee NL A eM aa | MMs Hed Mal | eM zat em ed Meha | PsA AH MAM Aa | UTE NCCES i SHAMIM a Aad ead a ae a SAMMI NM eA MeN ellie SM EMME N eA MEME ll lia SMM AMMEN eM ete MEH SMM AMMEN eM Medel la sal MAM SAAN Mele ea SAMA AMAe AeA Made lalla SelM AT Nee Mee : NMA INNeNeNee Hein SAM Mel aie deal ils a AM eM ede Ne Ney aa t= SEMI IEE EEN ENE SERENE NIE Ea MENACHEM NEL ET EIEN EAN ENR eH MAMMA Made Male Noo alk ame MNNN A MNENANENPaNIANG 7 Sa AMMA eae ay el nal lal 2 aa SMA N eA Hall ell=ailllehteH tet MN es eal AN SAMA N eA at} ella ate H 3) eal MAMMA EN eA Med eH =2h eed est nt ral aHMMA HN ead A ed elh=a| aye edn SMM eM eleloi shel ei A ran EMA Sn EE ean | es MAMMA N eA ad edlea| = eh eH NI al MAMTA sae A MSH ellos tii (continua) 28 © Tabla 21 Niimeros Quiinticos EletrOnicos PRINGIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS | Simbolo Nimero Blemento Kiw=)] Lm =3] u@=s) a P@=3 [Qm=7 Ag ca In 8a 8b Te I Xe 7 58 10 10 10 10 10 10 10 10 7 Ba Yb w 2 6 2 5 2 6 2 8 2 6 2 6 2 6 2 6 2 6 2 5 2 6 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 10 0 0 Th 6 6 6 6 6 6 6 € 6 6 6 6 6 6 6 6 6 5 5 6 8 6 6 6 6 | 2 3 4 5 5 5 6 6 8 6 6 6 6 6 6 3 6 LsaGao auimica 25 megar a ser preenchido. Mostre e-notagdo eletrénica para um atomo neutro de ferro e para 08 ions ferroso ¢ férrico. Resposta: Fe 1s72s?2p®3s? ¢ 3p°sd®4s? Fe?* 1s72s?2p835°3p°3d° Fe* 1s%2s?2p3s?3p83a5 A seqiiéncia progressiva dos niveis torna-se clara, quando se examina a Tabela 2-1. Deve ser dado énfase & ocorréncia de uma superposigao nos niveis de energia de subniveis sucessivos ¢ também de niveis quinticos suezssivos. Em virtude desta superposicao, grupos quanticos de mimeros mais elevados podem receber elétrons em seus subniveis de menor energia antes dos niveis ou subniveis anteriores estarem completamente preenchidos, isto porque os elé trons, seguindo o comportamento geral, sio mais estaveis quando possuem menor energia. Assim, ha grupos de elementos de transico, como a série escndio — niquel (ver Tabela 2-1) nos quais o nivel mais externo ou de valéncia fica parcialmente preenchido antes que dez clétrons estejam presentes no subnivel 3d. A mesma situagio ocorre 20 subnivel 4d na série itrio-paladio, Ainda mais, est claro que na série das terras-raras, hé uma adico sucessiva de elétrons ao subnivel 4f, apesar de ja se ter oito ou mais elétrons no nivel O. Finalmente, a adigao de elétrons Sf comesa uina segunda série de terras-raras que inclui o uranio ¢ 0s elementos vizinhos. ATRACOES INTERATOMICAS 2-6 INTRODUGAO. Como a maioria dos materiais usados pelo engenheiro é sélida ou liquida, & desejavel conecer-se as atragdes que mantém os atomos unidos nesses estados. A importincia destas atragSes pode ser ilustrada através de um pedago de fio de cobre, 0 qual contém, em cada grama, (602 x 10*3)/63,34 atomos. Nas condigGes usuais, as forgas de atragio que mantém os dtomos unidos so fortes. Se tal nao ocorresse, os atomos seriam facilmente separados, o metal se deformaria sob pequenas solicitagdes e as vibragées até- micas associadas @ energia térmica provocariam a gaseificacdo dos atomos em temperaturas baixas. Assim, como no caso déste fio, as propriedades de qualquer material dependem das forcas interatémicas presentes. As atrages interatémicas so conseqliéncia da estrutura eletrénica dos étomos. Os gases nobres (inertes ou quimicamente inativos), tais como He, Ne, A, etc., apresentam apenas uma pequena atraco pelos cutros Atomos porque éles tém um erranjo muito estivel de vito elé- trons (2 para o He) na sua camada mais externa (camada de valéncia, a0 mesmo tempo que sdo elétricamente neutros, pois possuem igual niimero de protons ¢ de elétrons. A maior parte dos outros elementos, ao contrario dos gases nobres, deve adquirir a configuragdo altamente estavel de oito elétrons na camada mais externa, através de um dos seguintes mecanismos: (1) recebendo elétrons (2) perdendo elétrons, ou (3) compartilhando elétrons. Os dois pri- meiros processos produzem ions negativos e positives e, portanto, implicam na existéncia de forgas coulombianas de atragio entre ions de cargas opostas. O terceiro processo Sbvia- mente requer uma intima associagdo entre os étomos a fim de que o compartithamento dos elétrons seja eficaz. Quando aplicaveis, os trés processos anteriormente citados produzem ligagées fortes. Energias de aproximadamente 100 kcal/mol (is.'0 € 100.000 cal/6,02 x 107% ligagGes) so requeridas para romper estas ligagdes. Outras ligacdes mais fracas ou secun- darias (menos que 10 kcal/mol) esto sempre presentes, mas somente ganham importincia quando sio as timicas presentes. i 2-7 LIGAGAO IONICA. A ligagdo interatémica que é mais facil de ser descrita a ligagdo iénica, que resulta da atragdo mittua entre ions positives e negativos. Atomos de elementos Ls PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MaTERIAIS como sédio c cdlcio, com um ¢ dois elétrons na camada de valencia, respectivamente, perdem cilmente éstes elétrons externos ¢ se tornam ions positivos. Por outro lado, os Atomos de cloro ¢ de oxigénio facilmente recebem um ou dois elétrons na camada mais externa, respec- tivamente, de modo a completar oito elétrons nesta camada. Como sempre ha uma atracdo coulombiana entre fons positivos ¢ negativos, aparece uma ligagio entre fons vizinhos de carga oposta (Fig. 2-5). ‘Nossa primeira inclinagio é esperar que os ions origindrios do sédio e do cloro se jun- tem aos pares, mas um momento ce reflexio torna duvidosa esta possibilidade. De fato, se isto acontecesse, haveria um: atrago muito grande entre os ions que formavam o par, mas a atracdc entre os varios pares seria pequena. Como conseqiiéncia, o sélido NaCl nao poderia existir tal como nés 0 conhecemos. Oy Fig. 2-5. lonizagdo. A transferéncia de elé:rons na formacdo do NaC! produz camedas externas estaveis Os ions acgativos ¢ positives que se formam se atraem miituamente através de forgas coulombianas, formando a ligagao iénica. Realmente, uma carga negativa é atraida por tddas as cargas positivas e uma carga po- sitiva por tédas as negativas. Conseqiientemente, os fons de sédio ficam envolvidos por ions cloreto, ¢ os ions cloreto por ions sédio, sendo a atragao igual em tddas as diregdes. (Fig, 2-6). © principal requisito que um material iénico sempre satisfaz é a neutralidade elé- ttica, isto é, 0 niimero de cargas positivas ¢ sempre igual ao numero de cargas negativas. Assim sendo, o cloreto de sédio tem a composi¢ao NaCl. O cloreto de magnésio corresponde 4 composicéo MgCl2, porque o atomo de magnésio fornece dois elétrons de sua camada de valéncia, ao passo que cada étomo de cloro s6 pode aceitar um. 28 LIGACAO COVALENTE. Outra ligacio forte é a ligagao covalente. Como ja foi dito anteriormente, a estrutura eletrénica de um atomo é relativamente estavel se 0 mesmo con- tém oito elétrons na camada de valéncia (uma excec&o € a primeira camada ou camada K, que é estével com dois elétrons). Muitas vézes, um 4tomo pode adquirir éstes oito elétrons LGAGAO aUiMICA a Fig. 2-6, Estrutura tridimensional do clo- reto de sédio. O cation sédioé igualmente atraido por todes os seis anions Cl” que cercam. (Compare com a Fig. 3-10}. compartilhando elétrons com um atomo adjacente. O exemplo mais simples déste compar- tilhamento é o encontrado na molécula do hidrogénio, Hz . Como indicado esquematicamente ra Fig. 2-7 (a ¢ b), os dois elétrons se localizam entre os prétons ¢, assim, formam a ligagao eatre os dois dtomos de hidrogénio. Um tanto mais especificamente, a Fig. 2-7 (c) mostra a distribuigao probabilistica para os elétrons. Por conseguinte, a ligagao covalente pode ser considerada como uma igacdo de elétrons carregados negativamente entre niicleos positivos. H oe @ (b) {e) Fig. 2-7. Ligagao covalente do hidrogéaio. As partes (a) e (b) séo representagdes simplificadas. A parte (©) mostra a distribuicdo de probabilidades para os do's elétrons que formam « ligagio covalente na molécula de hidrogénic. brsoa ba,io a4 o mee booed (a) [oO Fig. 2-8. Moléculas diatSmicas. Arranjo esquemitico dos elétrons da camada mais externa para: (a) Os () Nz, (©) Ha, (@) Fa; (€) HF. Observar (1) que as distancias interatémicas menores sio produzidas pelo compartilhamento de um maior iimero de elétroas e (2) 0 desbalanceamento de cargas 10 HF. 23 PRINGIPIOS OE CIENCIA DOS WATERIAIS LIGAGAG auIMIcA Outras moléculas diatémicas esto mostradas esquematicamente na Fig. 2-8. Deve-se Tabela 2-2 observar que os Atomos ligados por covaléncia nfo sio necessariamente iguais; por exemplo, a molécula HF. Também se nota que a distancia interatémica diminui quando mais de um par de elétrons é compartilhado. t | Estrutura e Estabilidade Térmica de Moléculas Simples Combinagées poliatémicas so igualmente comuns. O metano (Fig. 2-9) ¢ um exem- PAE Estrutura Ponto de | Ponto de ebu- plo. Neste caso, 0 dtomo de carbono é circundado por quatro dtomos de hidrogénio, de covalente - fusao, °C ligdo, °C acérdo com a relagdo He HH —259 252 an Cle 102 | 34 f iN nN H Oz —218 —183 Embora a Fig 2-9(b) mostre um modélo de “esferas rigidas”, com uma superficie externa definida dos étomos, o leitor deve compreender que as superficies dos dtomos nio so pre- I cisas (cf. Fig. 2-70). l Ne —209 —195 CHs 183 —161 CFs 185 —128 a CCl 2c: —23 76 rf | &) i o il | Fig. 2-9. Modelos do metano, CH,.. (a) Representacio bidimensional. (b) Modélo tridimensional de es- H feras rigidas. (c) Ligagdes covalent. NBs —i8 —33 Que a ligagdo covalente implica em intensas forgas de atragao entre os étomos ¢ cvi- denciado no diamante, que é o mais duro material encontrado na natureza e que é inteiramente CH a2 —88 constituide por carbono. Cada atomo de carbono tem quatro elétzons na camada de va- Iéncia, que sio compartilhados com quatro dtomos adjacentes, para formar um reticulado | tridimensional inteiramente ligado por pares covalentes (Fig. 2-10). A forca da ligagéo cova- Iente no diamante é demonstrada nao sé pela sua clevada dureza como também pela tempe- Osis mea —104 ratura extremamente clevada (> 3300°C) a que pode ser aquecido antes da destruigao da estrutura pela energia térmica. Embora as ligagdes covalentes sejam sempre fortes, nem todos os materiais com ligagdes covalentes apresentem pontos de fusdo e ebulligao clevados ou alta dureza. O metano, por exemplo, tem muitas ligagdes covalentes (Fig. 2-9a), mas a molécula resultante tem apenas CeHaCl —160 4 uma pequend atracdo pelas moléculas adjacentes, porque camadas eletrénicas externas ja estiio preenchidas. Portanto a molécula do metano, assim como os atomos dos gases nobres, atuam quase que independentemente das outras moléculas. Conseqiientemente, 0 metano 5 no se ccndensa até que a sua temperatura caia a -161°C. A Tabela 2-2 mostra as tempera- : turas de fusdo e de ebulicdo de outras moléculas ligadas por covaléncia, com fortes atragdes intramoleculares mas com fracas atragdes intermoleculares. - 30 PRINGIPIOS DE CIENCIA 20S MATERIAS illic) c CMe Glen eiic | EINK) c @ o Fig. 2-10. Estrutura do diamante. A forga da ligacfo covalente explica a grande dureza do diamante. (a) Representagio bidimensional. (b) Representacdo tridimensional. i 2-9 LIGACAO METALICA. Ao lado das ligages iénicas e covalentes, um terceiro tipo de forga interatémica forte, a ligagdo metdlica, é capaz de manter atomos unidos. Infortuna- damente, um modélo de ligagio metilica nao é to facil de ser construido como aquéles da idnica (Fig. 2-5) ¢ da covalente (Fig. 2-8). Entretanto, uma visio simplificada é suficiente para os nossos propésitos. Se um atomo apresenta apenas uns poucos elétrons de valéncia, éstes podem ser removidos com relativa facilidade, enquanto que os demais eléirons sio firmemente ligados ao miicleo. Isto, com efeito, origina uma estrutura formada por ions positivos e elétrons “livres” (Fig. 2-11). Os fons positivos so constituidos pelo niicleo e pelos elétrons que nfo pertencem 4 camada de valéacia. Como os elétrons de valéncia podem se mover livremente dentro da estrutura metalica, éles formam o que freqiientemente & deno- minado de “gas eletrénico” ou “nuvem eletrénica”. Como mostrado na Fig. 2-11, 0s ions i ® © ® Fig. 2-11. Ligagdo metilica. Representayio esque- @&) TF matica dos ‘elétrons livres (“nuvem” cletrénica) em uma estrutura de iens positives. A ligagdo me- talica pode ser consicerada como uma atracio @&) ® a entre as ions positives ¢ os elétrons livres (exem- mt plo: cobre positivos ¢ a “nuvem” eletrénica negativa originam férgas de atragdo que ligam os étomos do metal entre si Embora esta descrigdo seja muito simplificada, ela permite uma explicaglo itil para muitas propriedades dos metais, Por exemplo, o arrazjo cristalino dos atomos em um metal sblido (ver Seg4o 3-11) ajuda a determinar as propriedades mecénicas do metal. Os elétrons livres dio ao metal sua condutividade elétrica elevada caracteristica, pois podem se mover livremenie sob agao de um campo elétrico. A condutividade térmica elevada dos metais esta LGACAO auimica a também associada 4 mobilidadle dos elétrons de valéncia, que podem transferir energia tér- mica de um nivel de alta temperatura para outro de baixa. Um quarto efeito da ligago me- tdlica é que os elétrons I:ves do metal absorvem a energia luminosa, dai serem todos os metais opacos. 2:10 COMBINAGAO DOS VARIOS TIPOS DE LIGACAO. Embora tenhamos tratado isoladamente de cada um dos tipos de ligacdo, muitos materiais podem ser ligados de mais de uma maneira. Por exemplo, oselétrons de valencia do HCl podem se distribuir em qualquer das duas configurages mostradas na Fig. 2-12. Como mostrado na Fig. 2-13, 0 Hz tem trés alternativas para a distribuicao de seus elétrous de valéncia, pois sic possiveis dois arranjos idnicos ¢ um covalente. A experiéncia mostrou que cada uma destas trés modificazdes real- mente existe na molécula Hz. Embora os elétrons possam ressoar livremente entre éstes (A) Ténico (B) Covalente Fig. 2-12. Duas estruturas possiveis do HCI (simplificado). A escolta depende do meio, Par exemplo, a forma (a) predomina em uma solugdo liquida, (b) no estado gesoso. é * (a) ) © Fig. 2-13, Estruturas possiveis do hidrogénio. As reas sombreades indicam a distribuigo de probabi- lidades para os dois elétrons em cada um dos trés arranjos. As parces (a) ¢ (¢) sfio equivalentes ¢ inicas; (b)é covalente. A forma mais usual &a covalente, que é 2 do gis hidrogénio. Entretanto, (a) e (c) podem existir embora por periodos muito curtos de tempo. trés arranjos, no hidrogénio, usualmente a distribuigio é 0 covalente. Como resultado, dois 4tomos de hidrogénio atuam como uma molécula diatémica. E também possivel encontrar mais de um tipo de ligago em um dado material. O sul- fato de célcio (CaSO,) é um exemplo, melhor ilustrado pela reagio: FIO! SIG Ca+ .0:8:0° > Ca% + 70:8:0: 0 stole) (2-8) Para o grupo SO,, faltam apenas dois elétrons para preencaer a camada de valéncia de cada um dos seus cinco atomos, enquanto que o cilcio tem dois eléirons que podem ser facilmente removides e transferidos para o SO,. Como resultado, origina-se uma ligagio idnica entre 08 ions Ca?* e SOZ~. Por outro lado, no ion sulfato, os atomos de oxigénio se unem a0 en- x@fre por covaléncia. 2 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAS 2-11 FORGAS DE VAN DER WAALS. Os trés tipos de ligagdo considerados anteriormente correspondem, todos, a ligagdes fortes. Ligagdes secundarias, mais fracas, que também con- tribuem para a atragao interatémica, sio agrupadas aqui sob o nome genérico de fércas de Van der Weals, embora realmente existam muitos mecanismos diferentes envolvidos. Se no fosse pelo fato de, muitas vézes, serem as tinicas fOrcas que atuam, as forcas de Van der Waals poderiam ser desprezadas. Em um gas nobre como o hélio, a camada mais externa, que tem dois elétrons, est4 com- pleta, e 05 outros gases nobres, como o nednio ¢ 0 argénio, tém todos oito elétrons na altima ‘camada. Nestas situagées de estabilidade, nenhum dos tipos de ligarao jé estudados pode ser efetivo, ja que, tanto a ligagdc iénica como a metalica e a covalente requerem ajusiamentos nos elétrons de valéncia. Como conseqliéncia, os atomos déstes gases nobres tém pouca atra- 40 uns pelos outros e, com ratas excegSes, permanecem monoatémicos nas temperaturas ordinarias. Sémente em temperaturas extremamente baixas, quando as vibragGes térmicas esto drasticamente reduzidas, ¢ que éstes gases se condensam (Tabela 2-3). E justamente esta condensacdo que torna evidente a existéncia de ligacdes fracas que tendem a manter os Atomos unidos. Uma evidéncia similar, a favor destas atragdes fracas, é encontrada nas substancias consideradas na Tabela 2-2. Como ja foi assinalado anteriormente, nestes gases, os 4tomos componentes adquirem uma configuracao estivel através de ligagées covalentes dentro da molécula. A condensagio destas moléculas simpies ocorre s6mente quando a agitacdo t mica for suficientemente reduzida, de modo a permitir que as forgas de Van.der Waals se tornem efetivas. Tabela 2-3 Temperaturas de Fusio e Ebulicéo dos Gases Nobres Ponto Ponto | | | | G4 | de fusio, °C | de ebuli¢ao, °C Polarizagao molecular. A maior parte das forgas de atragao de Van der Waals se origina de dipolas elétricos, 0 que pode ser ilustrado com simplicidade em uma molécula como 0 fluoreto de hidroginio (Fig, 2-14a). Ha dois elé:rons disponiveis para a camada K do hidro- genio e oito para a camada mais externa Lo fhior. Entretanto, dentro da molécula hé um desbalanceamento elétrico, porque o par eletrénico compartilhado circunda mais eficaz- mente 0 micleo positivo do flior do que o micleo do hidrogénio. Conseqiientemente, 0 centro de carga positiva nio coincide com o centro de carga negativa e tem-se a formagao de um dipolo ektrico (Fig. 2-14). Um dipolo elétrico é formado em téda molécula assimétrica, tornando possivel um me- canismo de ligagao entre as moléculas. A Fig. 2-14(c) ilustra as atragées polares entre mo- Iéoulas adjacentes. A polarizagdo molecular do HF é to pronunciada, que possui um dos mais elevados ponto de ebulig&o de moléculas diatémicas (19,4°C). Moléculas poliatémicas UgAcAo avimica 33 podem desenvolver polarizacies ainda mais pronunciadas, porque existem possibilidades adicionais de desbalanceamento elétrico interno. Efeitos de dispersac. Em tédas as moléculas simétricas e nos atomos de todos os gases nobres, uma polatizacZo momentnea écorre como resultado do movimento do acaso dos @ Centro das cargas positives © Centro das cargas negativas @ ta) (b) Fig. 2-14. Polarizacdo. (a) Nas molécalas assimétricas como o HF, ocorre um desbalanceamento elétrico denominaco polarizacao. (b) Este desbalanceamento produz um dipolo elétrco com uma extremidade positiva e outra negativa. () Os dipolos resultantes originam forgas de atragdo secundérias entre as moléculas. A extremidade positiva de um dipolo é atraida pela negativa de outro. elétrons, (Fig. 2-15). Esta polarizagao flutuante ao acaso tem sido denominada de efeito de dispersio. As atragSes interatdmicas resultantes so fracas, mas nfo despreziveis, como é evidenciado pelo fato de moléculas simétricas e gases monoatémicos se condensarem em temperaturas suficientemente baixas. Tabela 2-4 Temperaturas de Ebulicdo versus Massas Moleculares Massa) Temperat Gas | molecular,| 4. ctoticay @ | ea de ebuligao, ° | He 2,016 252 | Ne 28,016 —195 Oz 32,0000 —183 Cle 70,91 — 34 CH 16,04 —161 CFs 88,01 —128 CCl | 153,83 + 76 He 4,003 —268,9 Ne 20,18 —245,9 A 39,94 —185,7 Ponte de hidrogénic. Um terceiro tipo de ligacdo fraca-é a ponte de hidrogénio. A exis- téncia dessa ligacdo provoca a atragiio entre moléculas HO, sendo responsavel pelo alto ponto de ebulic&o e clevado calor de vaporizacdo da agua. A ponte de hidrogénio é, na ver- dade, um caso especial de polarizagéo molecular. O pequeno miicleo do hidrogénio, que é

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