Florianópolis - SC
Junho/2003
Estudo do alumínio e suas ligas 1
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ÍNDICE
Página
1. Introdução 02
2. Histórico 02
3. Ocorrência 03
4. Aplicações do alumínio e características químicas 05
5. Propriedades 07
6. Impactos à saúde 08
7. Elementos de liga e seus efeitos sobre o alumínio 08
8. Mecanismos de corrosão possíveis no alumínio 11
8.1 Corrosão galvânica 11
8.2 Corrosão por ponto (pite) 12
8.3 Corrosão intergranular 12
8.4 Corrosão por exfoliação 13
8.5 Corrosão sob tensão 13
9. Trincas de solidificação 14
9.1 Trincas a quente 14
9.2 Trincas de liquação 17
10. Sistema de classificação do alumínio e suas ligas 19
10.1 Ligas trabalháveis 19
10.2 Ligas fundidas 22
11. Características e aplicações das ligas trabalháveis 23
12. Aspectos da soldabilidade do alumínio e suas ligas 36
12.1 Processo de soldagem 36
12.2 Metal de adição 36
12.3 Seleção do metal de adição 38
12.4 Gás de proteção 38
12.5 Aspectos da soldagem do alumínio e suas ligas 39
12.6 Cuidados na soldagem do alumínio 42
12.7 Efeito do calor aportado e do comprimento de arco sobre o
metal de solda 44
12.8 Defeitos e técnicas corretivas 44
13. Bibliografia 47
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1. Introdução
O alumínio, em função da apropriada combinação entre suas propriedades
físicas (relação resistência mecânica x peso) e químicas (passividade), vem se
caracterizando como um potencial substituto do aço e outras ligas metálicas, em
algumas aplicações indústrias. Além disso, devido sua baixa densidade o
alumínio é classificado como um metal leve e freqüentemente tem sua aplicação
onde o peso final do componente mecânico ou da estrutura é um fator importante
no projeto. Este trabalho, portanto, se deterá no estudo das características do
alumínio e suas ligas visando relacionar as propriedades apresentadas por estas
ligas com as características de soldabilidade.
2. Histórico
O alumínio é o mais abundante elemento metálico presente na crosta
terrestre (cerca de 8,13%) e, após o oxigênio e o silício, o mais profuso de todos
os elementos químico nesta região. Devido a sua forte afinidade com o oxigênio,
o alumínio não é encontrado no seu estado elementar, mas apenas na forma
combinada como óxidos ou silicatos.
O nome do metal alumínio (Al), abreviado inicialmente por alum, deriva do
latim alumen (pedra mineral de natureza salina). Em 1761, L. B. de Morveau
propôs o nome alumina para a base em alumínio, óxido. Lavoisier, em 1787,
identifica este óxido como sendo de um metal ainda não conhecido. Em 1807, Sir
Humphrey Davy propõe finalmente o nome alumínio. A denominação “alumínio”
(aluminium) foi adotada, também, para entrar em conformidade com o sufixo
“ium”, comum na terminação do nome de outros elementos químicos.
Hans Christian Oested, em 1825, foi o primeiro pesquisador a obter o
alumínio metálico. Ele conseguiu isolar o alumínio empregando o aquecimento de
cloreto de alumínio conjuntamente com uma liga de potássio e mercúrio
(amálgama), com a posterior destilação do mercúrio. Frederick Wöhler, entre
1827 e 1845, aperfeiçoou o processo substituindo a amálgama e melhorando o
processo de desidratação do alumínio. Em 1854, próximo a Paris, Henri Saint-
Claire Deville substituindo o potássio pelo sódio e, através da utilização de sódio,
alumínio e cloreto no lugar de cloreto de alumínio, produz a primeira quantidade
de alumínio em escala comercial. Várias plantas utilizando este processo foram
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3. Ocorrência
A maior parte do alumínio produzido comercialmente é extraída da bauxita.
Outra fonte de matéria prima, em menor escala, para a extração do alumínio é a
nefelina, que é um silicato natural de alumínio, sódio e potássio.
O termo bauxita, que é genérico, deriva do nome de um lugarejo no sul da
França chamado de Les Bauxs, onde o minério foi descoberto em 1821. A bauxita
refere-se a uma mistura de um ou mais minerais ricos em óxidos hidratados e é
formada principalmente por rochas aluminosas como a nefelina, feldspato,
serpentina, argila, etc.
Sob condições climáticas favoráveis, como nas regiões tropicais e
subtropicais, o silicato é decomposto e o produto da decomposição (sílica, soda,
brometo de cal, potassa, etc.) é lixiviado, restando um resíduo enriquecido em
alumina, óxido de ferro, óxido de titânio e alguma sílica. Esta é a explicação dos
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elétrica. As células de redução da alumina operam sob uma corrente elétrica entre
100000 e 200000 A e tensão na ordem de 5 V. Em termos de números a Albras
consome cerca de 620 MW dos 1500 MW gerados no estado do Pará, o que
equivale a um consumo maior do que uma cidade com 1.600.000 habitantes (na
ordem de 400 MW).
5. Propriedades
A tabela 1 resume algumas propriedades específicas do alumínio.
Calor específico 940 J.kg-1.0C-1, que corresponde quase o dobro do valor do aço (496 J.kg-1.0C-1).
A baixa densidade do alumínio e de suas ligas (na ordem de 2700 kg/m3) é uma das
explicações para a grande utilização do alumínio em relações a outros metais. A
Densidade densidade do alumínio corresponde à cerca de um terço do valor da densidade do
aço e a 30% da densidade do cobre. A ótima relação resistência por densidade torna
as ligas de alumínio ainda mais atraentes.
α t) e
Difusividade térmica (α αt = 8,5 – 10 x10-5 m2.s-1
condutividade térmica (ct) ct = 222 W.m-1.0C-1 (a 25 0C). Este valor é 4,8 vezes maior que o apresentado pelo
aço.
Normalmente, o alumínio reflete 80% da luz branca e este valor pode ser melhorado
Refletividade
pela preparação adequada da superfície (acabamento).
6. Impactos à saúde
O alumínio é inerte ao organismo humano. Alguns estudos, contudo,
relatam que problemas pulmonares e fibrose foram observados em cobaias
expostas a prolongada inalação de elevada concentração de partículas de
alumínio. Em contraste com o cobre e outros metais, o alumínio não acelera a
perda de vitaminas nos alimentos. A quantidade de alumínio absorvido pelo
alimento preparado em utensílio de alumínio é insignificante.
O fato de que composto de alumínio vem sendo utilizado a um bom tempo
no tratamento de úlceras e acidez gástrica, sem algum efeito adverso aparente,
mostra que a intoxicação oral do alumínio é desprezível.
9. Trincas de solidificação
A tabela 4 apresenta a classificação geral das possíveis trincas geradas em
materiais metálicos.
9.1.2 Forma
♦ Irregular (macrotrinca – na ordem de algumas dezenas de mm e
microtrinca – na ordem de alguns décimos de mm);
♦ Bidimensional;
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0
Série 2XXX
Al-Cu
0
Série 5XXX
Al-Mg
0
Série 6XXX
Al-Mg2Si
0
0 1 2 3 5 6 8
Adição de elemento de liga ao Al (%)
Filme líquido
Direção de
solidificação
Tensões devido
à contração
♦ Mecânicos
Tensão devido à contração;
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Grau de restrição.
♦ Térmico
Calor aportado.
9.2.2 Forma
♦ Irregular (macrotrinca e microtrinca);
♦ Bidimensional;
♦ Propagação preferencial intergranular perpendicularmente à direção de
contração.
♦ Mecânicos
Tensão devido à contração;
Grau de restrição.
♦ Térmico
Aporte de calor.
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♦ 5183
5 (Y) – Liga de Al-Mg;
1 (X1) – Modificação da liga original;
83 (X2 e X3) – identificação da liga do grupo.
H (L) – Encruado;
2 (N1) – Encruado e recozido parcialmente;
7 (N2) – Grau de encruamento.
♦ 6061-T3
T (L) – Tratado termicamente;
3 (N1) – Solubilizado, deformado à frio e envelhecido naturalmente até uma
condição estável.
(*) Variação de resistência através de encruamento; (**) Variação de resistência através de tratamento térmico.
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H1 – Endurecido por deformação HN12 – 25% endurecida; Quando utilizado indicará variação na
apenas; HN14 – 50% endurecida; tempera obtida com dois dígitos.
H2 – Endurecido por deformação e HN18 – Totalmente endurecida (75% de
parcialmente recozido; redução/deformação);
H3 – Endurecido por deformação e HN19 – Extra endurecida.
estabilizado.
4XX.X Al-Si
5XX.X Al-Mg
7XX.X Al-Zn
8XX.X Al-Sn
As características das ligas desta série podem ser baseadas tanto no teor
de Mg quanto no teor de Mg-Mn.
As ligas da série 5XXX apresentam seu mecanismo de resistência
mecânica baseado no endurecimento por deformação e possuem moderada
resistência mecânica, excelente resistência à corrosão em ambientes salinos
(água do mar) e alta tenacidade em temperaturas criogênicas próximas ao zero
absoluto. Elas são facilmente soldáveis por diferentes processos e técnicas,
mesmo em espessuras acima de 20 cm. Como resultado, as ligas da série 5XXX
0
encontram grande aplicação na construção pontes, criogenia (até -270 C),
embarcações, tanques de armazenagem e vasos de pressão.
As ligas 5052, 5086 e 5083 são referências do ponto de vista estrutural
pela excelente resistência mecânica está associada com o teor de magnésio da
liga. Alguns exemplos da versatilidade proporcionada pelas ligas da série 5XXX
podem ser representados por:
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Fase primária δ’
Ligas ternárias Al3Li
Liga representativa 01420
Al-Li-Mg
salpicos e menor preço. O Hélio, por sua vez, gera um arco mais quente e uma
maior penetração.
Perfil de dureza
Microdureza Vickers
100
80 AlSi/AlMg
HV100
60
40 AlSi/Al(99,5%)
20
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Medida
ZF
ZTA
LF
100 µ m 100 µm
MB
(b) Visualização da zona fundida (ZF), metal de
(a) Visualização da linha de fusão (LF) base (MB) e ZTA
Figura 13 – Identificação do cordão de solda através de análise metalográfica.
50 µm
13. Bibliografia
ASM. ASM Specialty Handbook – Aluminum and Aluminum Alloys. Fourth Edition.
USA. ASM International, 1998.
AWS. What You Should Know About Welding Aluminum. In: WELDING
JOURNAL, USA, p. 54-58, Junuary. 2000.
POLMEAR, J.. Light Alloys – Metallurgy of the Light Metals. First Edition. USA.
Eduard Arnold, 1981.
RYAN, P.. Tips on Welding Aluminum with the GMAW Process. In: WELDING
JOURNAL, USA, p. 43-45, December. 1988.