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INTRODUÇÃO

O BIOMA
CAATINGA

O bioma caatinga ocupa uma extensa área, estimada em cerca de


850.000km2, correspondendo à maior parte da região semi-ári-
da do Nordeste brasileiro, estendendo-se desde ca. 02°50’S em seu limite
norte, nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte, a ca. 17°20’S no norte
do estado de Minas Gerais. A deficiência de água durante uma grande
parte do ano e a irregularidade temporal na distribuição das chuvas são os
principais fatores que determinam a existência da caatinga. Essa deficiência
hídrica ocorre por uma combinação de elevada evapotranspiração potencial
(1500-2000 mm.ano-1) com precipitações baixas (300-1000 mm.ano-1) e
concentradas em 3-5 meses.
O nome caatinga deriva da língua Tupi, significando “mata clara” [ca’a:
planta ou floresta; tî: branco, em forma contraída de morotî; ’ngá: semel-
hante a], fazendo referência ao aspecto acinzentado e claro na estação seca,
quando a maioria das árvores e arbustos encontram-se sem folhas e a luz
pode penetrar até o nível do solo. Na classificação fitogeográfica de Mar-
tius, a caatinga foi denominada de “Hamadryades” e descrita como “silva
aestu aphylla”, referindo-se à ausência de folhas no “verão”, ou ainda como
“silva horrida”, demonstrando a forte impressão que o ambiente hostil da


caatinga deve ter provocado em um naturalista europeu.
Existe alguma confusão, especialmente nos meios de comunicação, en-
tre caatinga e semi-árido. Algumas vezes o termo caatinga é usado para
designar uma região e o termo semi-árido o é para um tipo de vegetação.
O semi-árido corresponde à região do Nordeste do Brasil e norte de Minas
Gerais incluída em um polígono delimitado pela isoieta de 1000mm.ano-
1 de precipitação pluvial média. Essa delimitação coincide com a adotada
pelo governo brasileiro para a região do “polígono das secas”. Assim, o ter-
mo semi-árido pode ter uma conotação geográfica, a região onde predomi-
na o clima semi-árido, ou política, coincidindo, nesse caso, com o polígono
das secas. Os limites externos da caatinga podem ser considerados como
coincidentes com os da região semi-árida mas é importante ressaltar que
dentro desses limites há ambientes mais úmidos com vegetação diferente
da caatinga tanto em fisionomia quanto em composição florística.
Outro termo comumente utilizado para se referir à caatinga é sertão.
Alguns autores chegaram a usar este termo para designar a vegetação das
áreas mais secas no bioma caatinga (Vasconcelos-Sobrinho 1941, An-
drade-Lima 1954). No entanto, sertão é uma palavra que tem sido usada
com diferentes significados, sendo o mais comum deles o que designa o
interior inóspito do Brasil. Isso é exemplarmente ilustrado pelo grande es-
critor Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas ao dizer que “O sertão
aceita todos os nomes: aqui é o Gerais, lá é o Chapadão, lá acolá é a caatinga.”
Assim, o uso de sertão para se referir à caatinga como um todo ou a parte
dela é mais aceitável de um ponto de vista literário ou cultural mas deve ser
evitado de um ponto de vista científico pois introduz mais imprecisão na
nomenclatura fitogeográfica.
A vegetação incluída no semi-árido, longe de ser homogênea, apresen-
ta uma grande variação fisionômica e florística. Essa variação reflete uma
grande heterogeneidade de condições ambientais e fatores históricos que


alteraram a distribuição das biotas provavelmente desde o Terciário (Quei-
roz 2006). Dentre as primeiras podemos citar o relevo e o solo; dentre as
segundas, flutuações climáticas e eventos tectônicos. Resulta disso que a
vegetação do semi-árido nordestino é uma das mais complexas e difíceis de
classificar dentre os grandes domínios morfoclimáticos brasileiros.

Meio Físico
Geologia e geomorfologia
Do ponto de vista geomorfológico, a região incluída no semi-árido está
longe de ser uma região homogênea (Fig. 1). A interação dos fatores do

Figura 1 - Aspectos geomorfológicos do Nordeste do Brasil e sua relação com a vegetação do Bioma Caatinga:
CT: Caatinga em áreas de depressão; CA: Carrasco em superfícies sedimentares residuais; FS: Florestas serranas
(”brejos”); FC: florestas ciliares; FE: Florestas estacionais e caatinga arbórea na encosta das serras; CE: Cerrados
e campos rupestres sobre serras; FT: Florestas pluviais litorâneas (Mata Atlântica); TB: superfícies de tabuleiros
costeiros com vegetação semelhante à do cerrado (modificado de Coe 1960).

clima e do solo com a geomorfologia local permite reconhecer diferentes


unidades de paisagem, das quais as principais são apresentadas a seguir.


A principal feição geomorfológica onde se encontra a vegetação da
caatinga corresponde à das grandes depressões, também conhecida como
depressão sertaneja. As depressões constituem a unidade de paisagem mais
típica do bioma caatinga, caracterizando-se por extensas superfícies aplain-
adas, totalizando cerca de 368.216km2 (ca. 43,3% da superfície total do
bioma). As principais áreas de depressão são conhecidas como Depressão
Sanfranciscana, situada ao longo do percurso do rio São Francisco; a De-
pressão Cearense, limitada pela Chapada do Araripe (a sul), pelo Planalto
da Borborema (a leste) e pelas cuestas da Serra do Ibiapaba (a oeste); a De-
pressão do Meio-Norte, localizada no Nordeste Ocidental, tem sua área de
caatinga incluída no estado do Piauí.
Nesta grande área aflora, na sua maior parte, o embasamento cristalino
pré-cambriano, na forma de granitos, gnaisses e xistos. Essa exposição do
embasamento cristalino é resultado de um grande processo de pediplanação
que vem ocorrendo desde o Terciário superior (Ab’Sáber 1974). Relevos re-
siduais na forma de inselbergs, serras ou chapadas, ocorrem ao longo de toda
a área de depressão, testemunhando estes ciclos de erosão intensa. Prev-
elecem solos rasos e pedregosos que, no entanto, variam bastante em estru-
tura, granulometria, fertilidade e salinidade. Nessa região predominam dois
regimes de chuvas distintos. O primeiro, mais característico das áreas mais
secas, tem as chuvas concentradas entre outubro e abril enquanto as áreas
localizadas mais à leste, na região denominada de agreste, possui o período
chuvoso entre janeiro e junho (Sá et al. 2004). A precipitação média anual
em toda a área é da ordem de 500 a 800mm.
As chapadas altas são regiões onde predominam platôs com altitudes
superiores a 800m. Somam cerca de 147.059km2, o que corresponde a cer-
ca de 17,3% da área do bioma.
Associadas a relevos residuais encontram-se superfícies sedimentares,
sendo as mais extensas encontradas na Chapada do Araripe (estados do


Ceará, Pernambuco e Piauí), na serra Serra do Ibiapaba (limites dos esta-
dos do Ceará e Paiuí) e nas bacias sedimentares do Tucano-Jatobá. Essas
áreas apresentam solos predominantemente arenosos e profundos, em geral
distróficos.
A Chapada Diamantina constitui o principal maciço montanhoso
inserido no semi-árido, ocupando a porção central do estado da Bahia.
Apresenta serras com altitudes médias superiores a 1.000m, alcançando
até 2.033m no Pico do Barbado, circundada pela caatinga nas terras mais
baixas. As condições climáticas são distintas das áreas de depressão, ap-
resentando índices de pluviosidade mais elevados e, em conseqüência da
interação de fatores climáticos, de solo e de relevo muito especiais, apre-
sentam mosaicos de tipos de vegetação adaptadas a condições de maior
umidade, incluindo campos rupestres, cerrados de altitude e diferentes ti-
pos de florestas de altitude (Harley 1995, Juncá et al. 2005). No entanto,
há extensas áreas de caatinga na Chapada Diamantina, especialmente nas
suas porções setentrionais e nos vales encaixados entre as principais serras
(Queiroz et al. 2005).
O Planalto da Borborema ocupa uma área de em forma de arco na
porção oriental dos estados do Rio Grande Norte até Alagoas, constituído
por serras e platôs com altitude variando de 600 a 1.000m. Há uma grande
variação de clima e solos, predominando solos de fertilidade média a alta. A
precipitação pluvial média varia de 400 a 600mm.ano-1, mas apresentando
áreas úmidas com até 1.300mm.ano-1, até algumas das áreas mais secas do
Nordeste, como as regiões dos Cariris e do Curimataú, ambos no estado
da Paraíba.
Duas outras feições geomorfológicas merecem destaque, apesar de
serem reduzidas em áres. A primeira é a das superfícies cársticas, áreas
relacionadas a afloramentos calcários. Essas superfícies ocorrem de forma
descontínua e as áreas suas maiores extensões encontram-se na Chapada


do Apodi (Rio Grande do Norte), chapadão de Irecê (centro-norte da Ba-
hia) e encostas orientais dos Gerais (Bahia) e borda oriental do planalto do
São Francisco (Minas Gerais), entre Bom Jesus da Lapa (Bahia) e Januária
(norte de Minas Gerais). Essas áreas geralmente apresentam solos de ferti-
lidade elevada que suportam formas mais arbóreas de caatinga, com dossel
a ca. 15-20m de altura. A segunda corresponde às áreas de dunas continen-
tais, encontradas principalmente na região do baixo-médio São Francisco,
em Barra, Pilão Arcado e Casa Nova, no estado da Bahia. Essas dunas
constituem depósitos eólicos, com até 100m de altura, de areias quartzo-
sas distróficas e vegetação característica em moitas. Nos vales interdunares
ocorrem veredas com solos hidromórficos e ocorrência característica da
carnaubeira (Copernicia prunifera (Mill.) H.E.Moore).

Clima
A área do biom a caatinga apresenta um clima megatérmico semi-árido.
As temperaturas médias anuais estão dentre as mais elevadas do Brasil, var-
iando entre 26 e 28°C, embora as médias das temperaturas máximas rara-
mente ultrapassem 40°C (Nimer 1972). No entanto, dentre os parâmetros
meteorológicos, os que mais caracterizam o clima do bioma caatinga são as
precipitações pluviais baixas e irregulares, limitadas, na maior parte da área,
a um período muito curto do ano. A delimitação do bioma caatinga, coin-
cide, a grosso modo, com uma isoieta de 1.000mm.ano-1 de precipitação
pluvial média (Nimer 1972, Reis 1976). Cerca da metade da área do bioma
recebe menos de 750mm.ano-1 (Nimer 1972) havendo núcleos onde essas
taxas são menores do que 500mm.ano-1, estes localizados principalmente
em uma faixa que se estende do nordeste de Alagoas ao sul do Rio Grande
do Norte, incluindo a maior parte dos estados de Pernambuco e Paraíba,
associada à sombra de chuvas do Planalto da Borborema (Fig. 2B).
No entanto, dois outros fatores relacionados aos regimes de chuvas têm


grande influência na vegetação. Um diz respeito à distribuição das chuvas
ao longo do ano. Em quase toda a área do bioma caatinga, 50 a 70% da pre-
cipitação anual estão concentrados em três meses consecutivos (Fig. 2A),

Figura 2 - Aspectos relacionados ao clima na região do Bioma Caatinga. A: número de meses secos por ano; B: isoietas
de precipitação média anual (em cor, áreas com até 1000mm.ano); C: percentual de precipitação nos três meses mais
chuvosos; D: percentual anual de desvio das médias (A e C de Velloso et al. 2002; B e D de Nimer 1972).


caracterizando um clima marcadamente sazonal com estação seca muito
longa, via de regra variando de seis a nove meses, chegando, em alguns
núcleos mais secos, a dez ou onze meses (Fig. 2C), como é o caso do Raso
da Catarina, na Bahia, e da região dos Cariris Velhos, na Paraíba (Nimer
1972). Assim, mais do que a precipitação pluvial total, é a concentração
das chuvas em curtos períodos intercalados por longos períodos secos, que
exerce efeito mais acentuado sobre as características morfofuncionais das
plantas que ocorrem nesta área. Além da concentração do total de chu-
vas de um ano em uma estação muito curta, o clima do bioma caatinga
caracteriza-se, também, pela grande irregularidade das chuvas de um ano
para outro. Esse desvio da moda pode ser superior a 50%, com alguns anos
praticamente sem chuvas, caracterizando períodos de secas mais prolonga-
das do que os usuais (Fig. 2D).
As principais massas atmosféricas que influenciam o clima da caatinga
encontram-se descritas em Reis (1976).

Solos
Os solos encontrados na região do bioma caatinga são extremamente di-
versos mesmo em escalas locais, produzindo um mosaico de tipos de difícil
caracterização em uma escala mais ampla. De modo geral, os solos sobre
o embasamento cristalino tendem a ser rasos, argilosos e pedregosos, com
a rocha-mãe pouco intemperizada e localizada a pequenas profundidades,
freqüentemente aflorando na forma de lajedos (Tricart 1961, Ab’Sáber
1974); estes solos são geralmente classificados como litossolos, regossolos e
brunos não-cálcicos. Os localizados sobre as superfícies sedimentares ten-
dem a ser profundos e arenosos, geralmente classificados como latossolos,
podzólicos e areias quartzosas (Sampaio 1995).
Montmorilonita é o tipo de argila predominante nos solos da caat-
inga (Tricart 1972). Esse fato pode ser relacionado ao regime de chuvas


da região pois a formação de caolinita ou montmorilonita dependem do
pH do solo em formação. Em uma área de clima úmido, com chuvas bem
distribuídas, há uma contínua lixiviação de sais que produzem pH alcalino
resultando em meio ácido e formação de caolinita. No caso dos solos da
caatinga, filmes de sal acumulam-se no solo indicando a lixiviação incipi-
ente desses sais, resultando em um pH alcalino e a conseqüente formação
de montmorilonita. A presença desse tipo de argila determina a existência
de tipos particulares de solo, especialmente grumissolos e vertissolos.

Vegetação do bioma caatinga


Pela predominância de um estrato arbóreo ou aubustivo-arbóreo e
características morfofuncionais das plantas, a vegetação da caatinga pode
ser conceituada como um tipo de floresta de porte baixo, com dossel geral-
mente descontínuo, folhagem decídua na estação seca e árvores com rami-
ficação profusa, comumente armadas com espinhos ou acúleos. Microfilia e
características xeromorfas são, também, freqüentes.
No entanto, ao longo da extensão do bioma, há uma grande variação
na vegetação, variação essa observada tanto do ponto de vista fisionômico,
quanto do ponto de vista florístico e de aspectos morfofuncionais. Essa
diversidade de tipos vegetacionais responde primariamente às grandes uni-
dades geomorfológicas e, secundariamente, à variação na intensidade do
déficit hídrico, topografia e condições físicas e químicas do solo em escala
local. De um modo geral, a vegetação de caatinga é encontrada nas grandes
depressões, em parte das chapadas sedimentares, nas superfícies cársticas
e nos campos de dunas. Na maior parte das chapadas altas predomina
vegetação de cerrado, as quais se encontram disjuntas de sua área-core no
Brasil Central enquanto no alto de serras isoladas encontramos florestas
montanas (Fig. 1), denominadas de ‘brejos’ nos estados de Pernambuco e
Paraíba. Na Chapada Diamantina verifica-se uma situação particular, com

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os campos rupestres predominando acima de 900m.s.n.m., cerrados de al-
titude recobrindo os platôs arenosos, diferentes tipos de florestas nas áreas
mais úmidas e com solos mais profundos e férteis, e caatinga nos vales
encaixados e áreas de menor altitude.

Caracterização da vegetação
Rodal & Sampaio (2002) propuseram três critérios para reconhecimen-
to e delimitação do bioma caatinga. O primeiro critério é geográfico, ou
seja, a vegetação que recobre uma área mais ou menos contínua sob clima
quente e semi-árido, circundada por áreas de clima mais úmido. O segundo
critério é referente a características estruturais e adaptativas à deficiência
hídrica: caducifolia, herbáceas anuais, suculência, armamento, predom-
inância de arbustos e árvores de pequeno porte e cobertura descontínua
das copas. O terceiro é florístico: presença de espécies endêmicas e outras
que ocorrem na caatinga e outras áreas secas mais ou menos distantes, mas
não ocorrem nas áreas úmidas que fazem limite com a caatinga. O critério
florístico será discutido mais adiante, enfatizando a família Leguminosae
(ver seção Tipos de Vegetação, pág. xx) de modo que, nesta seção, serão trata-
dos com mais detalhe os aspectos estruturais e adaptativos relacionados aos
critérios morfofuncionais da vegetação.

Formas de vida
Árvores e arbustos predominam na caatinga. De modo geral, estas plan-
tas caatinga apresentam porte mais baixo e formato de copa distinto do de
plantas de florestas. Na maior parte das áreas de caatinga, a altura das copas
está em torno de 4 a 7m. Algumas emergentes podem alcançar até 10m
como, por exemplo, Anadenanthera colubrina e Pseudobombax simplicifolius
A.Robyns (Bombacaceae). A maioria das espécies apresenta uma ramifi-
cação muito intensa e uma lignificação precoce que resultam, no conjunto,

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em uma profusão de galhos em copas abertas, geralmente tomando a forma
de uma pirâmide invertida. Em geral, as copas não chegam a formar um
dossel contínuo, como nas florestas. Muitas espécies têm os ramos arma-
dos por espinhos ou acúleos ou, não raramente, apresentam tricomas urti-
cantes.
Um aspecto freqüentemente mencionado para a caatinga, relacionado
com características morfológicas das plantas, é a redução da superfície fo-
liar. Esta se dá pela ausência de folhas ou sua transformação em espinhos,
como em cactáceas e eufórbias cactiformes, como pela presença de folhas
compostas com folíolos reduzidos. Esta situação ocorre em muitas espécies
de Leguminosae, Anacardiaceae, Burseraceae e Rutaceae. É importante
ressaltar que algumas espécies lenhosas possuem uma entrecasca clorofi-
lada e, com isso, apresentam o potencial de manter um certo nível de ativi-
dade fotossintética mesmo quando desprovidas de folhas na estação seca.
Um exemplo notável deste fato é o da umburana, Commiphora leptophloeos
(Mart.) J.B.Gillet (Burseraceae) mas o mesmo pode ser obervado em Am-
burana cearensis, assim como em espécies de Jatropha ( J. mollissima Baill.
e J. mutabilis (Pohl) Baill., Euphorbiaceae), em Cissus decidua Lombardi
(Vitaceae) e em espécies de Pseudobombax (Malvaceae). Estas espécies ap-
resentam em comum, além da entrecasca verde, a casca muito fina, lisa e
descamante.
Há, no entanto, uma grande heterogeneidade estrutural que pode estar
relacionada a variações locais no déficit hídrico, ao relevo e ao tipo de sub-
strato. Nas áreas onde o déficit hídrico é menor e os solos mais profundos
há uma predominância do estrato arbóreo, o qual atinge um porte mais el-
evado. Em outros casos pode haver adensamento do estrato arbustivo com
diminuição do número de árvores ou, em outros, diminuição do número de
espécies armadas. Estas características tem sido usadas para definir tipos e
subtipos de caatinga.

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Suculentas podem ser observadas tanto no estrato arbustivo-arbóreo
quanto no herbáceo-subarbustivo. Dentre as herbáceas, destacam-se várias
espécies de Potulacca (Portulaccaceae), além de espécies de Bromeliaceae
(especialmente dos gêneros Bromelia e Neoglaziovia) e de Cactaceae, par-
ticularmente do gênero Melocactus e, nas áreas mais arenosas, Tacinga in-
amoena (K.Schum.) N.P.Taylor & Stuppy. No estrato arbóreo-arbustivo
as suculentas são principalmente da família Cactaceae, com espécies de
muitos gêneros presentes, destacando-se Pilosocereus, Tacinga, Cereus, Arro-
jadoa, dentre outros (Taylor & Zappi 2004). Algumas espécies cactiformes
de Euphorbiaceae também estão presentes, destacando-se Euphorbia phos-
phorea Mart.
Além da existência de espécies suculentas, órgãos armazenadores de
água ocorrem com freqüência em espécies não suculentas, como pode
ser observado, por exemplo, nos troncos bojudos de Cavanillesia arborea
(Willd.) K.Schum. e Ceiba glaziovii (Kuntze) K.Schum. (ambas da sub-
família Bombacoideae da família Malvaceae, denominadas de barriguda-
lisa e barriguda-de-espinho, respectivamente), pelos ramos dilatados de
Jatropha mollissima e J. mutabilis (Euphorbiaceae) e nas raízes tuberosas
de Spondia tuberosa Arr.-Câmara (Anacardiaceae) e de muitas espécies de
Manihot (Euphorbiaceae).
Lianas não são muito freqüentes e são representadas, principalmente,
por espécies de Bignoniaceae. Dentre as leguminosas, espécies de Dioclea
e de Phanera estão entre os poucos exemplos. Trepadeiras são, no entanto,
relativamente freqüentes na estação chuvosa, particularmente da família
Convolvulaceae (espécies de Ipomoea, Jacquemontia e Merremia) e da
subfamília Papilionoideae (espécies de Canavalia, Chaetocalyx, Galactia,
Macroptilium e Rhynchosia).
Palmeiras são relativamente raras embora em algumas áreas arenosas
Syagrus coronata (Mart.) Becc., conhecida como licurizeiro ou ouricurizei-

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ro, seja uma das espécies dominantes.
Epífitas são praticamente ausentes. Na caatinga, as epífitas ocorrem
principalmente nas bainhas foliares do licurizeiro (Syagrus coronata) e, por-
tanto, a distribuição de muitas espécies é limitada às áreas onde ocorre esta
palmeira. São exemplos destas espécies Billbergia porteana Beer., B. fosteri-
ana L.B.Sm. (Bromeliaceae), Catasetum luridum Lindl. e Cyrtopodium gi-
gas (Vell.) Hoehne (Orchidaceae). Em algumas áreas de caatinga arbórea
ocorre Oncidium cebolleta ( Jacq.) Sw. (Orchidaceae).

Ritmos fenológicos
A caducifolia marcante do estrato arbóreo-arbustivo é, provavelmente,
a característica adaptativa mais marcante da vegetação da caatinga, em-
bora também haja sincronia na atividade reprodutiva. O contraste entre o
aspecto exuberante no período chuvoso e a desolação no auge da estação
seca é impressionante. Euclides da Cunha, em Os Sertões, sintetizou esta
impressão com maestria em uma única frase: “Barbaramente estéreis; mar-
avilhosamente exuberantes...” O nome caatinga ressalta esse aspecto aberto
da vegetação quando, na estação seca, as copas estão sem folhas e a luz pode
penetrar até o nível do solo. Poucas espécies mantém as folhas na estação
seca. Exemplos que são freqüentemente citados são o juazeiro (na verdade
duas espécies de Rhamnaceae do gênero Ziziphus: Z. joazeiro Mart. e Z.
cotinifolia Reiss.), a oiticica (Licania rigida Benth., Chrysobalanaceae) e o
icó (Capparis yco (Mart.) Eichl., Capparaceae). Deve-se ressaltar, no en-
tanto, que, com exceção do icó, as espécies com folhagem perene ocorrem
com mais freqüência em margem de rios que, mesmo temporários, podem
apresentar maior reserva de água próximo ao solo, possível de ser explorada
pelo sistema radicular destas plantas. As espécies de leguminosas arbóreas e
arbustivas são, quase todas, caducifolias. Uma exceção notável é Parkinsonia
aculeata mas, da mesma forma que as citadas acima, ela habita preferencial-

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mente margem de rios e riachos temporários.
Contrastando com o aspecto desolador da estação seca, após as primei-
ras chuvas as plantas arbóreas reverdessem quase que instantaneamente.
No caso das leguminosas, isso parece estar associado à ocorrência de gemas
peruladas que, à semelhança de plantas das florestas temperadas, apresen-
tam folhas pré-formadas que se expandem rapidamente quando há água
disponível.
O estrato herbáceo-subarbustivo na caatinga está presente, em geral,
apenas na estação chuvosa. A maioria das espécies herbáceas cresce ap-
enas neste período, quer a partir de sementes (espécies anuais), quer por
brotamento a partir de órgãos subterrâneos (geófitas). Dentre as anuais
destacam-se várias espécies de gramíneas (p.ex., Aristida longifolia Trin. e
A. setifolia Kunth), Convolvulaceae (Evolvulus spp.) e plantas que crescem
em brejos temporários como, por exemplo, Anamaria heterophylla (Giul. &
V.C.Souza) V.C.Souza (Scrophulariaceae) e Heterantia decipiens Ness &
Mart. (Solanaceae). Espécies anuais de leguminosas podem ser encontra-
das nos gêneros Crotalaria, Macroptilium, Stylosanthes e Zornia. As plantas
geófitas passam a estação seca na forma de bulbos ou rizomas e rebrotam
rapidamente no início da estação chuvosa. Esta estratégia pode ser obser-
vada em várias espécies de monocotiledôneas, especialmente nos gêneros
Habranthus e Zephiranthes (Amaryllidaceae), e em poucas dicotiledôneas,
como algumas espécies de Oxalis (Oxalidaceae). Entre as leguminosas de
caatinga são desconhecidas espécies geófitas.
Outro aspecto que pode ser influenciado pelos ritmos fenológicos da
vegetação são as estratégias reprodutivas. Durante a estação seca, a maioria
das plantas não está apenas sem folhas, está também sem flores. Assim, du-
rante a curta estação chuvosa, as plantas devem investir tanto na produção de
folhas quanto no esforço reprodutivo. Uma estratégia relativamente comum
em árvores e arbustos da caatinga é a floração concomitante à expansão das

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novas folhas, no início do período chuvoso (Bullock 1995, Machado et al.
1997), como ocorre em muitas espécies de leguminosas. Menos freqüente é
a floração maciça antes da expansão das folhas; exemplos notáveis ocorrem
em espécies de Ptilochaeta (Malpighiaceae), Pterogyne nitens e Chloroleucon
foliolosum (Leguminosae). Em ambos os casos a floração é muito conspícua
pois se dá quando há relativamente poucas folhas na vegetação como um
todo. A influência destas estratégias no aspecto geral da paisagem fica bem
visível quando se comparam anos “típicos”, ou seja aqueles com estação
seca prolongada, com alguns anos “atípicos”, quando ocorrem chuvas prati-
camente todo o ano. Enquanto naqueles anos o início da estação chuvosa
é marcado por uma explosão da floração, quase apoteótica, nestes as flores
são muito menos visíveis, encobertas que estão pela folhagem viçosa, e não
concentradas em um curto período do ano.
Nas áreas sedimentares, especialmente nas que ocorrem sobre areias
quartzosas, os ritmos fenológicos não mostram a sazonalidade marcante
apresentada pelas áreas situadas sobre o cristalino. Um estudo realizado por
Rocha et al. (2004) em um campo de dunas na região do Baixo-Médio São
Francisco demonstrou que a vegetação apresenta uma caducifolia relativa-
mente baixa com cerca de 50% dos indivíduos lenhosos produzindo folhas
ao longo do ano. A floração não é sincronizada entre as espécies e não
apresenta dependência das chuvas. Assim, além da composição florística,
a fenologia da vegetação também sugere a existência de biotas distintas no
bioma caatinga.

Classificação da vegetação
A classificação da vegetação do bioma caatinga tem sido muito contro-
versa. Isso reflete, por um lado, a heterogeneidade de padrões fisionômicos
e florísticos e, por outro, a carência de informações para muitas das áreas
incluídas no bioma caatinga.

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Numa escala mais ampla, a caatinga pode ser reconhecida como uma
unidade por apresentar um conjunto da características florísticas, estruturais
e morfofuncionais distintas dos biomas circundantes. Estas características
incluem uma vegetação lenhosa, geralmente de porte baixo,
Rodal & Sampaio (2002) ressaltaram que a informação florística, as
características morfofuncionais das plantas e os fatores ambientais que
condicionam sua distribuição tem sido substituídos “pelo conhecimento sub-
jetivo de alguns poucos estudiosos, com experiência suficiente para definir alguns
conjuntos coerentes mas imprecisamente caracterizados”.
Apesar de distintas, as vegetações do cristalino e das superfícies sedi-
mentares mostram um certo grau de paralelismo na variação da fisionomia,
o qual pode representar modificações locais determinadas por variações
menores na topografia, regime de chuvas e solo. Os principais atributos
da vegetação que podem refletir essas variações do meio físico são a altura
do dossel, densidade do estrato arbustivo, grau de cobertura do solo por
bromélias e plantas suculentas e freqüência de grupos com hábitos par-
ticulares como cactáceas e palmeiras. O reconhecimento dessas variações
locais resulta em classificações fisionômicas que, embora pouco informa-
tivas quanto a aspectos históricos e da composição taxonômica, podem ser
bons indicadores dos fatores ambientais determinantes. Um exemplo desse
tipo de classificação é a proposta por Eiten (1983), baseado na densidade
relativa dos estratos arbóreo, arbustivo e herbáceo, reconhecendo as seg-
uintes categorias: (1) caatinga arbórea aberta com estrato arbustivo aberto, (2)
caatinga arbóreo-arbustiva com estrato arbustivo fechado, (3) caatinga arbus-
tiva espinhosa fechada com árvores baixas espalhadas, (4) caatinga arbustiva
espinhosa fechada, (5) caatinga arbustiva aberta, savana arbustiva com camada
de gramíneas (‘seridó’) e (6) palmares de Copernicia.
Outros autores propuseram sistemas de classificação florístico-ecológi-
cos, enfatizando a relação entre a composição florística e possíveis fatores

17
ecológicos condicionantes, como as classificações propostas por Luetzel-
burg (1922-23) e Andrade-Lima (1981). No entanto, os essas propostas
foram baseadas em um conhecimento muito fragmentado da flora o que,
por um lado, resultou no reconhecimento de muitos tipos e subtipos e,
por outro, limitou o reconhecimento de relações entre eles. Além disso,
os critérios para reconhecimento de tipos e subtipos não são claramente
explicitados nem eles são mapeados, o que dificulta sua aplicação. Prado
(2003) adotou a classificação proposta por Andrade-Lima acrescentando
um novo tipo, mas sem corrigir os problemas aqui apontados (Tabela 1).
Velloso et al. (2002) utilizaram outro tipo de abordagem, combinando
dados de distribuição da biota com os principais fatores abióticos, recon-
hecendo oito ecorregiões para o bioma caatinga (Fig. 3). A delimitação
dessas ecorregiões representa um avanço importante para o conhecimento
da espacialização da biota do bioma caatinga permitindo testar tais limites
com informações biogeográficas de diferentes grupos de organismos.
Queiroz (2006), baseado no estudo dos padrões fitogeográficos da
família Leguminosae, reconheceu dois conjuntos florísticos distintos no bi-
oma caatinga, esses associados às superfícies expostas do embasamento cris-
talino ou aos solos arenosos das superfícies sedimentares. Essa proposição
reforça dados que demonstram a distinção dessas duas biotas (Rodal &
Sampaio 2002, Rodrigues 2003, Araújo et al. 2005). Esses dois conjuntos,
além de ocorrer sobre solos distintos, apresentam diferentes características
fenológicas e morfofuncionais e são, provavelmente, derivados de difer-
entes estoques florísticos. Assim, Queiroz (2006) propôs a hipótese de que
a vegetação das superfícies arenosas poderia ter tido uma distribuição mais
ampla no Terciário superior, quando o intenso processo de pediplanação
(Ab’Sáber 1974) acabou por isolar sua biota nas superfícies sedimenta-
res residuais e, ao mesmo tempo, abrir caminho para a “invasão” da flora
das florestas sazonalmente secas do Neotrópico que passou a dominar a

18
Ecorregião Caracteríticas principais
Extensa planície baixa de relevo predominantemente
Depressão suave-ondulado e elevações residuais disseminadas.
Solos rasos, pedregosos, de origem cristalina e
Sertaneja fertilidade média a alta. Altitude de 20 a 500m. Não
Setentrional contem rios permanentes. Vegetação de caatinga
arbustiva a arbórea.
Extensa planície baixa de relevo predominantemente
suave-ondulado e elevações residuais disseminadas,
Depressão presença de algumas áreas de planalto, no sudeste
da ecorregião, e de alguns afloramentos calcários.
Sertaneja Grande diversidade de solos que, em geral, são mais
Meridional profundos do que na anterior. Caatinga arbustiva a
arbórea, de porte mais alto que na anterior,
especialmente nas áreas cársticas.
Solos sedimentares mal drenados que formam
Complexo de planícies inundáveis com 50 a 200m de altitude.
Predominam ecótonos caatinga-cerrado e cerrado-
Campo floresta, com vegetação estacional caducifólia ou
Maior subcaducifolia, e presença de caranubais nas
planícies inundáveis.
e grau de escleromorfismo (Tabela 2).

Inclui as Chapadas do Ibiapaba e do Araripe, em


Complexo altitudes de 650 a 950m (caindo a 100-700m no
reverso da cuesta). Solos profundos de fertilidade
Ibiapaba- baixa, geralmente arenosos e bem drenados.
Araripe Florestas nas encostas leste das chapadas, cerradão
e carrasco no topo das serras.
Maciço granítico de relevo movimentado, com
altitudes de 150-650m e picos de 650-1000m. Solos
Planalto da de profundidade e fertilidade variáveis, geralmente
Borborema férteis. Alguns rios perenes de pequena vazão.
Caatinga arbustiva aberta a caatinga arbórea e áreas
de florestas montanas.
Área mais elevada, em geral acima de 500m, com
Complexo da picos acima de 2000m. Grande diversidade de solos,
Chapada geralmente derivados de arenitos. Mosaico
Diamantina vegetacional que inclui caatinga, cerrado, florestas e
campos rupestres.
Depósitos eólicos de areia com até 100m de altura
que formam solos profundos, muito drenados, de
Dunas do São
fertilidade muito baixa. Caatinga agrupada em

Figura 3 – Ecorregiões propostas para o bioma caatinga, de acordo com Velloso et al. (2002).
Francisco moitas constituídas por arbustos e arvoretas e
bromélias terrestres. Nas áreas de tabuleiro a
não apenas em composição, mas também em estrutura, ritmos fenológicos
vegetação das superfícies do cristalino. Essa hipótese é reforçada pela con-
statação de que as vegetações das áreas do cristalino e sedimentares diferem,

19
Tabela 1. Unidades e tipos de vegetação encontrados no bioma caatinga
propostos por Andrade-Lima (1981) e modificado por Prado (2005).
Fisionomia e
Unidade Tipo de Vegetação Substrato
distribuição
Tabebuia- Floresta de caatinga alta Rochas calcárias da
Anadenanthera- (caatinga arbórea). Norte formação Bambuí ou
I 1
Myracrodruon- da Minas Gerais e rochas cristalinas do
Cavanillesia-Schinopsis Centro-Sul da Bahia Pré-Cambriano
Floresta de caatinga Principalmente rochas
Myracrodruon-
2 média. Maior parte do cristalinas do Pré-
Schinopsis-Caesalpinia
centro do bioma Cambriano
Floresta de caatinga
Caesalpinia-Spondias- Principalmente rochas
média. Áreas mais secas
3 Commiphora- cristalinas do Pré-
do que as do tipo
Aspidosperma Cambriano
anterior
Floresta de caatinga Principalmente rochas
Mimosa-Syagrus-
4 baixa. Centro-norte da cristalinas do Pré-
Spondias-Cereus
II Bahia Cambriano
Caatinga arbórea aberta.
Sudoeste do Ceará e Principalmente rochas
Cnidoscolus-
6 áreas medianamente cristalinas do Pré-
Commiphora-Caesalpinia
secas com solos soltos e Cambriano
ácidos
Floresta de caatinga
Auxemma-Mimosa- média. Oeste do Rio Principalmente solos
13
Luetzelburgia-Thiloa Grande do Norte e aluviais
centro do Ceará
Floresta de caatinga
Pilosocereus-Poeppigia-
III 5 baixa. Solos arenosos da Arenitos da série Cipó
Dalbergia-Piptadenia
série Cipó
Caatinga arbustiva. Principalmente rochas
Caesalpinia-
7 Áreas mais secas do vale cristalinas do Pré-
Aspidosperma-Jatropha
do rio São Francisco Cambriano
Caatinga arbustiva Principalmente rochas
Caesalpinia-
8 aberta. Cariris Velhos, cristalinas do Pré-
Aspidosperma
Paraíba Cambriano
IV Caatinga arbustiva
Principalmente rochas
Mimosa-Caesalpinia- aberta (seridó). Rio
9 cristalinas do Pré-
Aristida Grande do Norte e
Cambriano
Paraíba
Caatinga arbustiva Principalmente rochas
Aspidoseprma-
10 aberta. Cabaceiras, cristalinas do Pré-
Pilosocereus
Paraíba Cambriano
Caatinga arbustiva
aberta. Pequenas áreas Principalmente rochas
V 11 Calliandra-Pilosocereus restritas e espalhadas metamórficas do Pré-
com solos ricos em Cambriano
cascalhos
Floresta de galeria. Principalmente solos
Copernicia-Geofforoea-
VI 12 Vales dos rios do Ceará aluviais ao longo dos
Licania
e Rio Grande do Norte vales dos rios

20
Tipos de vegetação
Os principais tipos de vegetação encontrados no bioma caatinga são
condicionados pela interação de fatores abióticos atuais e da história da
sua biota. Enquanto os primeiros influenciam fortemente a fisionomia e
respostas adaptativas, a história tem uma influência mais direta na com-
posição de espécies de uma dada área.
Foram excluídos os tipos de vegetação que, apesar de estarem incluí-
dos na área delimitada para o bioma caatinga, claramente representam dis-
junções de outros conjuntos florísticos, como é o caso dos cerrados, que
ocorrem nos platôs de algumas serras com complementos florísticos rela-
cionados à flora do Brasil Central. Também os campos rupestres não foram
tratados como um tipo vegetacional do bioma caatinga; dentro da área do
bioma, eles ocorrem apenas na Chapada Diamantina, em altitudes acima
de 900m, e apresentam uma composição florística muito distinta da encon-
trada na caatinga.
Assim, os tipos de vegetação reconhecidos como parte do bioma caat-
inga são a caatinga s.s., o carrasco e as florestas estacionais e serranas.
Caatinga s.s. – corresponde ao tipo de vegetação mais característico
do bioma caatinga. Pode ser diagnosticado pelo estrato arbóreo de porte
baixo (3-7m de altura), geralmente sem formar um dossel contínuo; ár-
vores e arbustos geralmente com troncos finos e perfilhos ao nível do solo,
freqüentemente com folhas pequenas ou compostas, decíduas na estação
seca, e muitas vezes armadas com espinhos ou acúleos; cactáceas coluna-
res e bromélias terrestres são comuns; estrato herbáceo efêmero, presente
apenas na estação chuvosa, constituído principalmente por ervas anuais e
algumas geófitas.
Algumas espécies características desse tipo de vegetação são Poin-
cianella pyramidalis, Anadenanthera colubrina, Senegalia langsdorffii, Chloro-
leucon foliolosum (Leguminosae), Cereus jamacaru DC., Pilosocereus gounel-

21
lei (F.A.C.Webber) Byles & G.D.Rowley (Cactaceae), Croton sonderianus
Müll.Arg., Cnidoscolus obtusifolius Pohl ex Baill. (Euphorbiaceae), Spondias
tuberosa Arruda (Anacardiaceae).
Florestas estacionais e serranas – ocorrem principalmente próximas aos
limites orientais do bioma e em áreas centrais onde as condições climáticas
são mais amenas, geralmente também associadas a solos mais férteis. Essas
florestas apresentam uma gradação de formas que variam desde florestas
serranas perenifólias até florestas estacionais deciduais pouco diferenciadas
de formas arbóreas de caatinga. As florestas serranas (‘brejos’) mostram-
se muito variáveis em composição florística e provavelmente não formam
uma unidade distinta das florestas estacionais ou da Mata Atlântica. Santos
(2002) mostrou que as florestas serranas de Pernambuco mais próximas do
litoral apresentam composição florística semelhante à da Mata Atlântica
enquanto as localizadas mais para o interior apresentam muitas espécies
típicas das florestas estacionais.
As florestas estacionais possuem um porte mais elevado do que a caat-
inga (10-20m de altura), dossel contínuo; presença de sub-bosque; cactá-
ceas colunares raras; lianas e epífitas freqüentes. As árvores são predomi-
nantemente caducifólias na estação seca, mas o grau de deciduidade da
folhagem depende da intensidade da seca. Espécies características do dos-
sel são Piptadenia viridiflora, Anadenanthera colubrina, Poincianella bracteosa
(Leguminosae), Myracrodruon urundeuva Allemão, Schinopsis brasiliensis
Engl. (Anacardiaceae), Brasiliopuntia brasiliensis (Willd.) Haw. (Cactaceae),
Ruprechtia laxiflora Meisn. (Polygonaceae), Cavanillesia arborea (Willd.)
K.Schum. (Malvaceae). No sub-bosque, são comuns espécies de Myrta-
ceae (p.ex. Myrcia rostrata DC.) e Rubiaceae (p.ex. Psychotria carthagenensis
Jacq.).
Carrasco – o termo carrasco tem sido usado para designar diferentes
tipos vegetacionais. No entanto, tem se fixado um conceito de carrasco

22
23
como um tipo de vegetação do semi-árido, uniestratificado, com estrato
arbóreo-arbustivo muito denso constituído por plantas com troncos finos,
baixa representatividade de plantas armadas e quase ausência de cactáceas e
bromélias terrestres que cresce sobre areias quartzosas da serra do Ibiapaba,
no estado do Ceará (Fernandes 1990, Fernandes & Bezerra 1990, Araújo
et al 1999). Mais recentemente, Queiroz (2006) demonstrou que existe
uma unidade florística entre diferentes superfícies sedimentares com solos
arenosos, no caso os da serra do Ibiapaba, do Raso da Catarina, das dunas
do rio São Francisco e das baixadas inundáveis do norte da Bahia, sul do
Piauí e sudoeste de Pernambuco. Assim, o termo carrasco está sendo usado,
nesse trabalho, em um sentido mais amplo, incluindo a vegetação de todas
as citadas superfícies sedimentares.
Essa unidade florística pode ser demonstrada pela presença de espécies
características e que ocorrem disjuntas entre essas diferentes áreas como,
por exemplo, Lonchocarpus araripensis, Trischidium molle, Cratylia mollis
(Leguminosae), Harpochilus neesianus Mart.ex Nees (Acanthaceae) e Tac-
inga inamoena (K.Schum.) N.P.Taylor & Stuppy (Cactaceae).

24
SUBFAMILIA

LEGUMINOSAE

As leguminosas estão entre as plantas mais familiares para as pes-


soas de diversas partes do mundo. Muitas são as plantas que
usamos como alimento, como feijão, fava, soja, amendoim, ervilhas, grão-
de-bico, entre outras. Outras são cultivadas na arborização de ruas como o
flamboyant (Delonix regia (Bpjer ex Hook.) Raf.), a sibipiruna (Caesalpi-
nia [Poincianella] pluviosa) e várias espécies de Erythrina, Acacia, Bauhinia,
dentre outras.
Para a população do meio rural da caatinga, as leguminosas são mais do
que plantas alimentícias e ornamentais. Além de apresentar um sistema de
produção baseado em feijão e milho, os sertanejos apresentam uma relação
íntima com as plantas da caatinga e as leguminosas estão entre elas, forne-
cendo-lhes alimento, pastagens naturais, lenha, material para construção,
produtos medicinais e até mesmo fazendo parte de seu folclore e rituais
religiosos.
Leguminosae é a terceira maior família de plantas. Tem distribuição
cosmopolita e inclui 727 gêneros e 19.327 espécies. Em importância eco-
nômica é superada apenas pelas gramíneas (a família do arroz, milho, trigo
e outros cereais). Espécies de leguminosas são encontradas em praticamen-

25
te todos os ambientes terrestres, desde a beira do mar até o alto das monta-
nhas. Podem ocorrer desde florestas pluviais luxuriantes até desertos, desde
de áreas quentes equatoriais até próximo aos pólos. Variam desde pequenas
ervas efêmeras e anuais, até árvores emergentes em florestas tropicais úmi-
das, como a Dinizia excelsa Ducke da floresta amazônica, reputada como
uma das maiores árvores do Brasil.
Parte do sucesso das Leguminosas pode ser explicado pela associação
com bactérias fixadoras de Nitrogênio que habitam nódulos nas suas raízes.
Isso ocorre em outras famílias de plantas, em especial no chamado clado
fixador de Nitrogênio que inclui as ordens Fabales (onde se encontram
as Leguminosas), Rosales, Cucurbitales e Fagales. Mas em nenhum ou-
tro grupo essa associação é tão desenvolvida nem tão eficente como nas
Leguminosas. Graças a isso, elas podem colonizar ambientes pobres em
Nitrogênio e estocar maior quatidade de compostos nitrogenados em suas
sementes.
As Leguminosas apresentam uma grande diversidade morfológica,
como pode ser visto a seguir. De modo geral, a família pode ser caracteriza-
da pela seguinte combinação de características: folhas alternas, compostas,
com estípulas; flores pentâmeras, períginas ou hipóginas, diclamídeas, di-
plostêmones, apresentando um ovário súpero, unicarpelar, unilocular, com
os óvulos inseridos de forma alterna em uma placenta marginal. No entan-
to, existem exceções para praticamente todas essas características.
A seguir são apresentados alguns aspectos relacionados à morfologia,
filogenia e classificação das Leguminosas, dando-se ênfase aos grupos en-
contrados na caatinga.

MORFOLOGIA COM ÊNFASE NOS GRUPOS DE CAATINGA


Hábito
As leguminosas da caatinga apresentam praticamente toda a diversi-

26
dade de hábitos encontrada na família, desde árvores de grande porte até
ervas anuais ou perenes ou ainda trepadeiras ou lianas.
As espécies arbóreas apresentam porte muito variável a depender das con-
dições locais. Freqüentemente uma mesma espécie pode ser encontrada
como uma árvore de grande porte, com 15 a 20m de altura, em áreas com
estação seca mais curta e solos de maior fertilidade, ou como plantas mais
baixas, com cerca de 3m de altura, onde clima é mais árido ou os solos são
mais rasos e de menor fertilidade. Isso pode ser observado em muitas es-
pécies como, por exemplo, Anadenanthera colubrina, Pterogyne nitens e Ge-
offroea spinosa.
O hábito arbustivo é o mais comumente encontrado em espécies da
caatinga. Muitas leguminosas arbustivas apresentam-se ramificadas no ní-
vel do solo, com vários perfilhos, copa aberta e ramificação profusa. De
modo semelhante ao observado para as árvores, há uma grande variação
intraespecífica no porte e no grau de ramificação, provavelmente também
dependente das condições ambientais. No entanto, algumas espécies apa-
recem consistentemente como arbustos anões, apresentando-se extrema-
mente ramificadas e ramos fortemente lenhosos mas com altura inferior a
1m, como pode ser observado em espécies como Calliandra depauperata e
Calliandra leptopoda.
Praticamente todas as leguminosas arbóreas e arbustivas da caatinga
perdem as folhas na estação seca. Um aspecto morfológico importante que
pode influenciar na fenologia dessas espécies é a ocorrência de gemas axi-
lares dormentes. Elas são chamadas de gemas peruladas pelo fato de se-
rem revestidas por profilos imbricados conspícuos (pérulas) e permanecem
dormentes durante todo o estio. No início da estação chuvosa, essas gemas
retomam o crescimento e rapidamente as folhas, que se encontravam pré-
formadas no interior da gema, expandem-se e a planta rapidamente cobre-
se de novas folhas. Esse é um tipo de adaptação observado também em

27
plantas de florestas temperadas decíduas na qual há uma forte restrição de
água para as plantas durante o inverno. Nas plantas da caatinga, isso pode
ser observado em grupos não relacionados como, por exemplo, em espécies
de Poincianella (Caesalpinioideae), Chloroleucon, Enterolobium (Mimosoi-
deae) e Luetzelburgia (Papilionoideae).
Subarbustos e ervas aparecem principalmente em grupos de Papilio-
noideae, embora ocorram em gêneros de outras subfamílias como Chama-
ecrista (Caesalpinioideae) e Mimosa (Mimosoideae). As espécies herbáceas
e subarbustivas da caatinga fenecem na estação seca. Algumas dessas es-
pécies são anuais, ou seja, os indivíduos que nascem no início do período
chuvoso apresentam crescimento rápido e completam o ciclo reprodutivo
em um período curto, produzindo novas sementes antes da estação seca
seguinte. Essas plantas não apresentam estruturas de reserva e podem ser
exemplificadas por espécies do gênero Zornia e Stylosanthes. Em outros ca-
sos, a parte aérea fenece estação seca mas a planta rebrota após as primeiras
chuvas, como ocorre, por exemplo, em Mimosa xiquexiquensis.
Trepadeiras herbáceas (aqui simplesmente referidas como trepadei-
ras) e lianas (trepadeiras lenhosas) também ocorrem dentre as espécies
de caatinga. A grande maioria delas apresenta o caule volúvel; apenas no
gênero Phanera são observadas espécies de lianas com gavinhas. As trepa-
deiras apresentam comportamento fenológico semelhante ao das ervas e
subarbustos, fenecendo durante a seca e crescendo vigorosamente durante
a estação chuvosa, algumas se comportando como pioneiras ou invasoras,
como é o caso de Macroptilium martii e Chaetocalyx scandens var. pubescens.
As lianas, por sua vez, têm um comportamento fenológico semelhante ao
das árvores e arbustos, possuindo folhagem decídua na estação seca como,
por exemplo, Dioclea grandiflora e Phanera microstachya.
Armamento – um aspecto importante do hábito das leguminosas da caa-
tinga diz respeito ao armamento dos ramos. Muitas espécies são inermes,

28
mas é comum encontrarmos espécies armadas com espinhos ou acúleos.
Espinhos são órgãos modificados com ápice pungente e função de pro-
teção. Nas leguminosas os espinhos ocorrem associados ao nó. A origem
mais comum dos espinhos é a modificação das estípulas. Nesse caso, os es-
pinhos aparecem aos pares em posição lateral às folhas, como, por exemplo,
em Parkinsonia aculeata, Piptadenia viridiflora e Vachellia farnesiana. Em
Chloroleucon os espinhos são derivados da modificação de ramos jovens e,
portanto, eles aparecem isolados em posição axilar às folhas.
Diferentemente dos espinhos, acúleos não são órgãos modificados e sim
especializações da epiderme. Portanto, os acúleos não guardam uma posi-
ção constante e bem definida em relação aos demais órgãos aéreos, sendo
encontrados principalmente nos entrenós. Freqüentemente os acúleos que
ocorrem nos ramos estendam-se até as folhas. Os acúleos freqüentemente
apresentam número indefinido e ocorrem em diferentes posições nos en-
trenós, tendo sido aqui denominados de acúleos dispersos. Isso pode ser
observado, por exemplo, em espécies de Senegalia e Mimosa. Em outras es-
pécies, os acúleos estão organizados em fileiras longitudinais sobre costelas
do entrenó, geralmente se continuando pela superfície inferior do pecíolo e
da raque foliar. Esse tipo de acúleo ocorre, por exemplo, em Senegalia mar-
tiusiana e Mimosa invisa; são aqui denominados de acúleos seriais. Em al-
gumas espécies de Mimosa (p.ex. M. pudica, M. ursina), os acúleos formam
um complexo infranodal, geralmente aparecendo em grupos de três abaixo
da folha e são aqui denominados de acúleos infranodais.
Folhas
As leguminosas apresentam, caracteristicamente, folhas alternas, com-
postas, estipuladas, com base dilatada e modificada em pulvino. Folhas
opostas ocorrem apenas no gênero Platymiscium.
As estípulas são freqüentemente caducas e, portanto, são visíveis ape-
nas nas partes jovens dos ramos. Apresentam grande variação morfológica,

29
ocorrendo desde setáceas e inconspícuas até foliáceas, às vezes chegando a
obscurecer a folha adjacente. Em alguns gêneros são modificadas em espi-
nhos (ver armamento). A posição das estípulas é, geralmente, lateral com
exceção dos representantes da tribo Detarieae que apresentam estípulas
intrapeciolares. Em alguns gêneros, as estípulas podem apresentar-se sol-
dadas ao pecíolo, condição observada nos gêneros Arachis e Stylosanthes.
Em outros casos, pode estar soldada a parte do entrenó, ficando decurrente
sobre o caule, como em algumas espécies de Crotalaria. Em geral as estí-
pulas estão presas ao caule pela sua base. No entanto, em algumas espécies
de Aeschynomene, Dioclea e Vigna e no gênero Zornia, as estípulas tem a
base prolongada abaixo do seu ponto de inserção, sendo denominadas de
estípulas peltadas.
No caso das folhas compostas, podem existir pequenos apêndices na
raque, associados aos pontos de inserção dos folíolos, chamados de estipe-
las. Essas estruturas estão presentes principalmente em representantes da
subfamília Papilionoideae.
O pulvino é uma dilatação da base do pecíolo, freqüentemente res-
ponsável pelos movimentos foliares. Além dos pulvinos, os folíolos podem
apresentar pulvínulos, que também promovem movimentos dos folíolos
em relação à raque.
Nectários extraflorais podem estar presentes no pecíolo e/ou na ra-
que. Tais nectários são comuns nos representantes das Mimosoideae que
podem, então, ser reconhecidos pela combinação de folhas bipinadas com
nectários (fazem exceção todas as espécies de Calliandra e a maioria das
espécies de Mimosa que têm folhas bipinadas sem nectários, e Inga vera que
tem folhas paripinadas com nectários). Além das Mimosoideae, nectários
foliares podem ser observados em espécies de Senna e Chamaecrista, tendo
a superfície secretora convexa no primeiro e côncava no segundo.
Uma das principais características das leguminosas é a folha composta,

30
ou seja, com o limbo dividido em folíolos. Entre as espécies de caatinga, há
poucos exemplos de plantas com folhas simples, como é o caso de Zoller-
nia ilicifolia e Pterocarpus monophyllus. Nesse caso, as partes constituintes da
folha são o pecíolo e a lâmina foliar.
O tipo de folha composta mais comum nas espécies de caatinga é o pi-
nado. Nesse caso a folha apresenta um eixo constituído pelo pecíolo e pela
raque. Quando for necessário fazer referência conjunta ao pecíolo e à raque,
será utilizado o termo eixo foliar. Os folíolos estão inseridos ao longo da
raque podendo se dispor de forma oposta ou alterna. Folhas paripinadas
terminam por um par de folíolos e são comuns nas Caesalpinioideae e no
gênero Inga (Mimosoideae). Folhas imparipinadas terminam por um único
folíolo e são comuns nas Papilionoideae. Há no entanto exceções como é o
caso dos gêneros Apuleia, Martiodendron e Melanoxylon, das Caesalpinioi-
deae, que apresentam folhas imparipinadas, e dos gêneros Arachis, Poiretia,
Sesbania e Coursetia, das Papilionoideae, que apresentam folhas paripina-
das.
Folhas bipinadas possuem pinas ao longo da raque, em lugar de folío-
los. Neste caso, os folíolos inserem-se nas pinas. De modo geral as pinas são
opostas enquanto os folíolos podem ser alternos ou opostos em cada pina.
Esse tipo de folha ocorre em todas as espécies de Mimosoideae da caatin-
ga exceto em Inga vera. Nas Caesalpinioideae estão presentes em alguns
gêneros da tribo Caesalpinieae (Erythrostemon, Poincianella, Libidibia, Pel-
tophorum e Parkinsonia). Estão ausentes nas Papilionoideae. Geralmente as
folhas bipinadas terminam em um par de pinas. No entanto, em Erythros-
temon, Libidibia e Poincianella as folhas podem apresentar uma única pina
terminal (folhas impari-bipinadas).

31
32
33
Folhas palmadas (ou digitadas) são caracterizadas pela presença de
três ou mais folíolos e ausência de raque, ficando os folíolos inseridos dire-
tamente no ápice do pecíolo. Ocorrem em alguns gêneros de Papilionoide-
ae como em espécies tetrafolioladas de Zornia e em espécies trifolioladas
de Crotalaria.
Alguns grupos podem ser caracterizados pelo número constante de
folíolos na folha. Folhas trifolioladas ocorrem apenas na subfamília Pa-
pilionoideae. Podem apresentar uma raque foliar (pinado-trifolioladas),
condição comum nos gêneros da tribo Phaseoleae além dos gêneros Des-
modium e Stylosanthes. No gênero Crotalaria a raque está ausente (folhas
palmado-trifolioladas). Folhas bifolioladas caracterizam alguns gêneros
de Caesalpinioideae como Hymenaea, Peltogyne e Guibourtia. Ocorrem
também em algumas espécies de Phanera e Chamaecrista, da mesma subfa-
mília, e em espécies de Zornia (Papilionoideae).
Com relação às folhas dos gêneros Bauhinia e Phanera, existe muita
discussão na literatura em considerá-las como (i) folhas bifolioladas unidas
lateralmente, (ii) folhas simples com limbo bilobado ou (iii) folhas unifo-
lioladas com folíolo lobado. A terminologia utilizada varia, também, de
acordo com o conceito adotado. Nesse trabalho, as folhas das espécies des-
ses gêneros são tratadas como simples com nervação palminérvia e limbo
inteiro ou bilobado. A presença de um pulvino na base do limbo e a exis-
tência de variação intraespecífica, em algumas plantas, de folhas bifoliola-
das a bilobadas, indica sua derivação das folhas simples a partir da fusão
dos dois folíolos de uma folha bifoliolada.

Inflorescência
A maioria das espécies de leguminosas de caatinga apresenta flores
agrupadas em inflorescências. Flores isoladas são relativamente raras,
ocorrendo, por exemplo, nas espécies de Arachis. Racemo é o tipo de inflo-

34
rescência mais comum; é caracterizado pelas flores pedicleadas dispostas
ao longo de um eixo alongado (raque). Brácteas podem estar presentes
na raque, nos pontos de inserção das flores. Bractéolas, quando presentes,
ocorrem em um par, opostas ou alternas, ao longo do pedicelo. Nas Papilio-
noideae é comum que as duas bractéolas sejam opostas e estejam no ápice
do pedicelo aparecendo, portanto, lateralmente ao cálice.
O pseudoracemo é uma modificação do racemo ocorre em algumas
Papilionoideae (tribos Millettieae, Phaseoleae e Desmodieae) e algumas
espécies do gênero Bauhinia. Esse tipo de inflorescência apresenta um eixo
racemoso mas de cada bráctea parte um fascículo de duas ou mais flores
em vez de apenas uma flor, como nos racemos. O ponto de inserção dos
fascículos pode ser indiferenciado (pseudoracemo não nodoso) ou pode
apresentar ramos curtos e espessados, denominados de braquiblastos, e,
então, a inflorescência é denominada de pseudoracemo nodoso.
Panículas ocorrem em diferentes grupos de Caesalpinioideae e Papi-
lionoideae como, por exemplo, nos gêneros Melanoxylon e Andira. Inflores-
cências cimosas ocorrem em grupos não relacionados como, por exemplo,
nos gêneros Apuleia e Hymenaea, das Caesalpinioideae, e em espécies de
Dalbergia, Machaerium e Aeschynomene, das Papilionoideae.
Nas Mimosoideae as inflorescências apresentam uma grande condensa-
ção, aparecendo geralmente como espigas ou glomérulos, menos freqüen-
temente como umbelas. As espigas assemelham-se aos racemos pela pre-
sença da raque mas as flores são sésseis. Glomérulos e umbelas não têm
raque e diferenciam-se pelos pedicelos, ausentes nas primeiras e presentes
nas segundas. Espigas são encontradas também em algumas Papilionoide-
ae como, por exemplo, no gênero Zornia.

Flor
A flor das leguminosas pode ser caracterizada como pentâmera, com

35
dois verticilos protetores distintos (cálice e corola), hermafrodita, diplostê-
mone, com um pistilo apresentando um ovário monômero. Um hipanto de
natureza receptacular está geralmente presente, podendo estar ausente em
grupos das três subfamílias. As flores são, portanto, períginas ou hipóginas.
A forma do hipanto, quando presente, é muito variável, em geral ocorrendo
de campanulado a oblongo. Em Arachis e Stylosanthes, o hipanto é linear
e muito alongado, simulando um pedicelo, especialmente no primeiro, no
qual pode alcançar até 7 cm de comprimento. O ovário pode ser séssil ou
estar no ápice de um estípite (ovário estipitado).
Há, no entanto, uma imensa diversidade de variações nesse padrão floral
que definem grupos de diferentes níveis hierárquicos, as quais são breve-
mente apresentadas abaixo. Duas características florais são, entretanto, mais
constantes e podem caracterizar a flor da família. A primeira é a orientação
da flor em relação ao eixo da inflorescência, deixando a pétala adaxial em
posição mediana (situação que pode ser alterada em caso de flores ressupi-
nadas). O segundo caráter floral diagnóstico da família é o ovário súpero,
monômero (unicarpelar), unilocular, com dois ou mais óvulos formando
duas fileiras alternas em uma placenta marginal (ou sutural).
Em alguns grupos, especialmente em algumas Papilionoideae herbáce-
as, podem existir flores menores do que as flores ‘normais’ e que se mantêm
fechadas e produzem frutos por processos de autogamia. Essas flores são
chamadas de cleistógamas e ocorrem ao mesmo tempo que as flores cas-
mógamas. Exemplos podem ser encontrados em espécies de Centrosema e
Arachis.
Dada a diversidade de tipos florais encontrados nas leguminosas, aspec-
tos da morfologia floral são apresentados por subfamília.
Flor das Mimosoideae – as Mimosoideae apresentam a organização floral
mais simples e mais conservada. O cálice é gamossépalo e a corola é ge-
ralmente gamopétala com simetria actinomorfa e pré-floração valvar. O

36
perianto é relativamente curto e inconspícuo em relação aos estames, que
são longamente exsertos e constituem o elemento atrativo da flor.
O androceu é diplostêmone na maioria dos gêneros da tribo Mimoseae.
No entanto, no gênero Mimosa pode haver perda de um verticilo de esta-
mes e a flor ser isostêmone. Também nesse gênero pode ocorrer variação do
nível de meria e as flores serem tetrâmeras ou trímeras. Nas demais tribos
(Acacieae e Ingeae) ocorre um aumento do número de estames e flores,
portanto, polistêmones. Em Acacieae os estames são livres e em Ingeae
concrescidos em tubo.
O pólen nessa subfamília tende a ser liberado de forma agrupada. Em
muitos grupos é liberado na forma de tétrades mas é comum o agrupa-
mento em massas com maior número de células, denominadas de polía-
des.
Em alguns gêneros da tribo Mimoseae, as anteras apresentam uma pe-
quena glândula apical, caduca após a antese. Essa estrutura está presente
em Plathymenia, Prosopis, Pseudipiptadenia, Piptadenia, Parapiptadenia e
em Anadenanthera colubrina.
Dimorfismo floral ocorre em alguns gêneros com inflorescências con-
gestas (glomérulos ou umbelas). Um dimorfismo discreto ocorre em al-
gumas espécies de Mimosa nas quais as flores periféricas são masculinas e
as demais hermafroditas. Em Neptunia e Desmanthus esse dimorfismo é
muito acentuado, com as flores periféricas estéreis com estaminódios pe-
talóides e flores centrais hermafroditas. Em outros gêneros, a flor central
pode se diferenciar das demais apresentando um perianto maior, um tubo
estaminal mais longo ou mais largo ou ambos; isso pode ser observado em
espécies de Calliandra, Blanchetiodendron, Chloroleucon, Samanea e Albizia.

Flor das Caesalpinioideae – a estrutura floral das Caesalpinioideae é muito


variável, o que é esperado pelo fato do grupo não ser monofilético.

37
O cálice está sempre presente nas espécies de caatinga (embora possa
estar ausente em outras espécies) e é geralmente dialissépalo. Cálice ga-
mossépalo é observado em Poeppigia e em espécies de Bauhinia que pode
se abrir irregularmente ou como uma espata (cálice espatáceo).
A corola é dialipétala, estando ausente em Copaifera e Guibourtia. A
pré-floração é imbricativa com a pétala adaxial (“estandarte”) ocupando
posição interna no botão sendo, então, chamada de imbricativa ascenden-
te ou carenal.
O androceu é, geralmente diplostêmone, apresentando os estames li-
vres. Nas Cassiinae (Cassia, Senna e Chamaecrista) o androceu mostra-se
mais especializado: as anteras são poricidas ou se abrem por pequenas fen-
das apicais; alguns estames (geralmente os três adaxiais) são modificados
em estaminódios em Senna e Cassia; os três estames abaxiais em Cassia
têm os filetes sigmóides. Freqüentemente os poros apontam para as pétalas
e não para o centro da flor e Westerkamp (2004) demonstrou que essa é
uma estratégia para colocar o pólen sobre o corpo das abelhas visitantes em
uma posição inacessível para elas por meio de ricohetes (polinização por
ricochete). Anteras poricidas podem ser, também, encontradas em Martio-
dendron.

Flor das Papilionoideae – esta subfamília apresenta as flores mais especia-


lizadas das leguminosas, a flor papilionóide. Esse tipo de flor é caracteri-
zado pela simetria fortemente zigomorfa, por um tipo peculiar de pré-flo-
ração e por uma organização particular dos elementos da corola, androceu
e gineceu. A pré-floração típica das Papilionoideae é imbricativa mas, ao
contrário das Caesalpinioideae, tem a pétala adaxial mais externa no botão,
sendo, portanto, denominada de imbricativa descendente ou vexilar.
O cálice é gamossépalo. As pétalas apresentam uma forte diferencia-
ção dorsiventral. A pétala adaxial é denominada de estandarte (ou vexilo);

38
é geralmente maior do que as demais e na antese fica reflexa e oposta às
outras pétalas as quais são mantidas, em conjunto, em posição horizontal.
Há duas pétalas laterais, denominadas de alas (ou asas). As duas pétalas
mais internas podem ser livres entre si ou, mais freqüentemente, soldadas
próximo ao ápice constituindo a carena (ou quilha). Pela disposição das
alas e das pétalas da carena, os elementos reprodutivos da flor geralmente
não ficam expostos.

39
40
O androceu é constituído por dez estames. Raramente há um núme-
ro maior de estames, como no gênero Trischidium. Os estames são livres
apenas em Trischidium e nos gêneros da tribo Sophoreae (Amburana, Zol-
lernia e Luetzelburgia); nas demais Papilionoideae, os estames apresentam
os filetes concrescidos de diferentes maneiras ao redor do pistilo. Os dez
estames podem estar concrescidos em um tubo, sendo nesse caso, denomi-
nado de monadelfo. Às vezes o tubo é inteiro, outras vezes apresenta duas
aberturas na base sendo, então, chamado de pseudomonadelfo. Androceu
diadelfo ocorre quando os estames organizam-se em dois conjuntos. Fre-
qüentemente o androceu apresenta nove estames soldados em uma bainha
e o estame adaxial (“vexilar”) livre. Outras vezes os estames são soldados
em duas falanges de cinco estames cada, como acontece em espécies de
Dalbergia e Aeschynomene.
As anteras são geralmente uniformes. Porém, há casos de anteras di-
mórficas, ou seja, estames com anteras maiores (férteis) alternando com es-
tames com anteras menores (geralmente estéreis). Isso pode ser observado
nos gêneros Dioclea, Stylosanthes, Crotalaria e Poecilanthe.
A carena pode ser constituída por pétalas levemente conadas apenas
próximo ao ápice, ao longo da margem inferior. No entanto, há grupos
em que as pétalas da carena são soldadas dos dois lados exceto pelo ápice,
deixando um orifício através do qual passam as anteras e o estilete por oca-
sião da visita de polinizadores. Essa situação está geralmente relacionada à
ocorrência de anteras dimórficas, com as anteras menores formando uma
barreira que impede o refluxo do pólen para dentro da flor, como pode ser
observado em espécies de Dioclea e Stylosanthes. Em outros gêneros, essa
morfologia da carena está associada a modificações do estilete, que se torna
dilatado e piloso, funcionando como uma escova que “varre” para o exterior
o pólen do tubo formado pelo ápice da carena.
Outro tipo de especialização na estrutura floral ocorre, por exemplo,

41
em Desmodium e Indigofera. Nesses gêneros, as pétalas da carena são total-
mente fusionadas e unidas, ainda, às alas. Esse conjunto de pétalas cresce
em direção oposta à do conjunto androceu-gineceu de modo que, na flor
adulta, as pétalas ficam submetidas a uma forte tensão. Quando um visitan-
te pousa na flor, seu peso provoca a abertura da carena que, devido à tensão
a que estava submetida, rompe-se de modo explosivo. Os estames liberam,
então, uma nuvem de pólen sobre o polinizador.
Flores menos especializadas ocorrem nos gêneros de Swartzieae e So-
phoreae. Trischidium tem flores abertas com apenas uma pétala (o estan-
darte). Nas Sophoreae, Amburana também tem flores em que o estandarte
é a única pétala presente mas possui um hipanto alongado. Myrocarpus e
Acosmium possuem flores quase actinomorfas com pétalas pouco diferen-
ciadas entre si. Luetzelburgia apresenta uma flor semelhante à papilionóide,
com o estandarte bem diferenciado e ereto mas as demais pétalas livres
entre si.

Fruto
O fruto típico das leguminosas é o legume, um fruto derivado de um
ovário monômero, seco, deiscente pelas duas margens: a margem superior,
correspondendo à sutura, e a margem inferior, correspondendo à costa
(nervura principal) da folha carpelar. Esse tipo de deiscência resulta na for-
mação de duas valvas que, geralmente, se torcem e expulsam as sementes.
Há, no entanto, uma grande variação de tipos de fruto na família. Fru-
tos deiscentes do tipo folículo ocorrem em alguns gêneros de Mimosoide-
ae como, por exemplo, Anadenanthera e Pseudopiptadenia.
Frutos indeiscentes são também comuns. Nos gêneros Arachis (Papi-
lionoideae), Hymenaea (Caesalpinioideae), Vachellia e Samanea (Mimosoi-
deae) ocorrem legumes indeiscentes. Esse tipo de fruto pode ser definido
como um fruto seco, indeiscente, derivado de um ovário monômero, com

42
as sementes não aderidas ao pericarpo. Às vezes o pericarpo pode se tor-
nar carnoso e o fruto pode ser definido como um legume bacáceo; esse
tipo é encontrado, por exemplo, no gênero Enterolobium (Mimosoideae) e
em algumas espécies de Senna (Caesalpinioideae). Drupas caracterizam-se
pelo endocarpo aderido ao tegumento da semente formando um pireno
(“caroço”) e podem ser encontradas nos gêneros Andira e Geoffroea.
Frutos alados ou sâmaras ocorrem em gêneros de diferentes subfamí-
lias. Sâmaras com núcleo seminífero basal e ala cultriforme distal ocor-
rem nos gêneros Machaerium, Luetzelburgia, Centrolobium (Papilionoideae)
e Pterogyne (Caesalpinioideae). Em Machaerium e Pterogyne os núcleos se-
miníferos são achatados, planos ou quase planos; em Petrogyne apresenta
um pequeno bico excêntrico que representa um resquício do estilete. Em
Luetzelburgia e Centrolobium o núcleo seminífero é dilatado, sendo qua-
se orbicular em seção tranversal; no primeiro ele é ladeado por uma ala
acessória e no secundo revestido por longos acúleos. Sâmaras com núcleo
seminífero distal e ala cultriforme basal ocorre no gênero Platypodium.
Outros gêneros apresentam sâmaras com núcleo seminífero central e
ala marginal. Esse tipo de fruto ocorrem em gêneros das seguintes tribos:
Dalbergieae (Dalbergia, Platymiscium, Pterocarpus, Riedeliella), Sophoreae
(Myrocarpus e Acosmium), Caesalpinieae (Peltophorum), Cassieae (Martio-
dendron) e Cercideae (Phanera).
Diferentes tipos de frutos articulados também ocorrem nas legumino-
sas. Lomento é um tipo de fruto que se quebra em artículos monospérmi-
cos sem deixar replo. Aparece em Desmodium, Aeschynomene, Chaetocalyx,
Poiretia e Zornia. Em Discolobium o lomento apresenta apenas três artícu-
los suborbiculares dos quais apenas o mediano é fértil. Em Mimosa o fruto
é semelhante ao lomento mas as margens do fruto persistem após a queda
dos artículos constituindo um replo. O fruto é, então, denominado de cras-
pédio.

43
Algumas modificações do fruto afetam apenas o endocarpo. Em Pla-
thymenia, Melanoxylon e em Albizia inundata, o fruto é deiscente mas o
endocarpo fragmenta-se em envelopes paleáceos que são dispersos pelo
vento como artículos monospérmicos. Podem ser, então, denominados de
criptolomentos. Por sua vez, o fruto de Amburana cearensis apresenta o en-
dosperma formando uma ala basal e possuindo uma dilatação distal onde
se aloja a semente; pode ser definido como uma criptosâmara.

Sementes
As leguminosas apresentam sementes com embrião conspícuo e prati-
camente sem endosperma. O funículo pode se espessar e tornar-se carnoso
formando um arilo, como, por exemplo, em Copaifera, Peltogyne e Pithe-
cellobium. A testa pode não se diferenciar, situação em que as sementes
ficam revestidas por um tecido membranáceo e não tem forma definida;
são denominadas de overgrown seeds e podem ser observadas em Inga e
Arachis.
Nas Caesalpinioideae e Mimosoideae as sementes apresentam um hilo
diminuto e terminal, ou seja, localizado na extremidade da semente. O em-
brião é reto nestas subfamílias. Na maioria das Mimosoideae a superfície
da semente é marcada por uma linha translúcida chamada de pleurogra-
ma, geralmente em forma de “U”, com a abertura voltada para a região do
hilo.
As Papilionoideae apresentam sementes com morfologia mais dife-
renciada. Elas são, comumente, reniformes com hilo alongado, localizado
na porção mediana. Abaixo do hilo encontra-se a micrópila. O embrião é
curvo com eixo hipocótilo-radicular infletido em relação aos cotilédones.
Sementes de alguns grupos apresentam o hilo ainda mais alongado, cir-
cundando de ½ a ¾ da circunferência da semente. Sementes com tais hilos
lineares são encontrados, por exemplo, em Dioclea e Canavalia.

44
45
FILOGENIA
Estudos de filogenia, desenvolvidos princialmente a partir da década
de 1980, produziram mudanças substanciais na compreensão das relações
evolutivas entre os grupos de Leguminosae e seu relacionamento com ou-
tros grupos de plantas.
Sistemas taxonômicos pré-cladísticos incluiam a família nas Rosidae
e diferentes famílias foram consideradas como mais afins às Legumino-
sae como, por exemplo, Connaraceae, Chrysobalanaceae, Krameriaceae e
Sapindaceae (ver revisões em Dickison 1981 e Thorne 1992). Um estudo
clássico de filogenia das angiospermas realizado por Chase et al. (1993)
com base no gene de cloroplasto rbcL revelou, no entanto, que as Legu-
minosas formam um clado com as Polygalaceae e Surianaceae. Estudos
subseqüentes utilizando várias outras regiões do genoma nuclear ou dos
plastídios (Soltis et al. 1995, 2000, Källersjö et al. 1998, Savolainen et al.
2000, Steele et al. 2000) deram grande suporte a essa hipótese e mostra-
ram, ainda, que o gênero Quillaja (antes classificado na família Rosaceae)
é relacionado a essas famílias. Nos sistemas de classificação mais modernos
para as Angiospermas (APG 1998, APG II 2003) a família Leguminosae
está posicionada na ordem Fabales que inclui, também, as Polygalaceae,
Surianaceae e Quillajaceae.
Um outro aspecto interessante revelado pelos estudos filogenéticos é o
fato de que as ordens nas quais se encontram plantas que fazem associa-
ção com bactérias fixadoras de Nitrogênio aparecem juntas em um grupo
monofilético denominado de clado fixador de Nitrogênio. Este inclui, além
das Fabales, as ordens Rosales, Cucurbitales e Fagales e uma sinapomorfia
não molecular dessa ordem é exatamente a habilidade de desenvolver asso-
ciações com organismos fixadores de Nitrogênio.
A família Leguminosae tem sido sustentada como monofilética com
base em diferentes marcadores moleculares (rbcL, trnL, matK; ver revisão

46
em Wojciechowsky 2004).
Várias possíveis sinapomorfias não moleculares também sustentam o mo-
nofiletismo das Leguminosae (Chappill 1995, Doyle et al. 2000). Destas, a
mais evidente é o gineceu monômero que dá origem ao fruto legume. Ou-
tras sinapomorfias morfológicas incluem a pré-floração imbricativa com o
par de pétalas abaxiais (‘pétalas da carena) interna às laterais (‘alas’), pétala
adaxial em posição mediana, óvulos dispostos em placentação marginal, es-
pessamento das paredes das células do endotécio das anteras espessamento
com menos de seis costelas e espassamento entre as costelas menor do que
o dobro do comprimento das costelas. Além destas, potenciais sinapomor-
fias das Leguminosae são a presença de células-ampulheta e de umacama-
da de mucilagem na testa da semente.
A classificação tradicional das Leguminosae reconhece três subfamí-
lias: Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae. Trabalhos de filo-
genia baseados tanto em dados morfológicos quanto em dados molecula-
res apoiam o monofiletismo da família. As Papilionoideae e Mimosoideae
(com a possível exclusão de Dinizia) são apoiadas como monofiléticas mas
aninhadas na subfamília Caesalpinioideae que é, portanto, parafilética.
A tribo Cercideae (incluindo os gêneros Cercis, Bauhinia e Phanera)
aparece consistentemente como a principal divergência basal. As flores de
Cercis são fortemente zigomorfas, um caráter mais associado às Papilionoi-
deae, o que contradiz as idéias tradicionais de que as flores primitivas nas
Leguminosae seriam actinomorfas. Por outro lado, isso pode estar mais de
acordo com as hipóteses atuais que colocam as Polygalaceae, que também
possui flores zigomorfas, como um possível grupo irmão das Legumino-
sae.
Dentre os próximos clados a divergir está o clado Detarieae s.l. Este
clado corresponde às tribos Detarieae e Amherstieae, é mais diverso na
África tropical e é representado na caatinga por gêneros como Goniorhachis,

47
Figura 8 – Cladograma representando a filogenia das Leguminosae, ressaltando o parafiletismo das Caesalpinioideae
em relação às Mimosoideae e às Papilionoideae

Copaifera, Guibourtia e Hymenaea. Esse clado é marcado por uma altera-


ção nas estípulas para uma posição intrapeciolar e muitas modificações na
morfologia floral, como perda de pétalas, de sépalas ou de estames, muitas
vezes determinada pela formação de um meristema floral em anel (Tucker
2001, 2003).

48
As tribos Cassieae e Caesalpinieae aparecem como polifiléticas. Um
clado incluindo Poeppigia (tribo Caesalpinieae) e as Dialiinae (tribo Cas-
sieae, do qual o gênero Martiodendron é representado na caatinga) aparece
como grupo irmão do restante das Leguminosae, as quais incluem parte
dos gêneros tradicionalmente classificados em Cassieae e Caesalpinieae
além de todas as Mimosoideae e Papilionoideae. Assim, a circunscrição
das Dialiinae foi ampliada para incluir o gênero Poeppigia e uma possível
sinapomorfia para esse clado é a inflorescência cimosa.
O grupo irmão das Dialiinae inclui dois grandes clados: as Papilionoi-
deae e o clado Cesalpinióide (o qual também abrange as Mimosoideae;
Wojciechowski et al. 2004). Dentro desse clado Cesalpinióide, um subcla-
do, denominado de clado Umtiza (Herendeen et al. 2003a, b), diverge do
restante do clado Cesalpinióide e inclui gêneros geográfica e morfologi-
camente isolados, antes classificados nas tribos Caesalpinieae (Acrocarpus,
Gleditsia, Gymnocladus e Tetrapterocarpon), Cassieae (Ceratonia) e Detarie-
ae (Umtiza).
A relação filogenética entre os demais grupos do clado Cesalpinióide
apresenta conflitos entre diferentes estudos. A subtribo Cassiinae, que in-
clui os gêneros Cassia, Senna e Chamaecrista, é apoiada como monofilética
mas a relação entre esses gêneros não é muito clara. Alguns estudos apoiam
Cassia como grupo irmão de Senna e esse clado não relacionado com Cha-
maecrista (Bruneau et al. 2001). Outros apoiam Senna como grupo irmão de
Chamaecrista mas não relacionado a Cassia (Herendeen et al. 2003a). Outra
relação suportada por alguns estudos mas não por outros inclui a observa-
da entre o gênero Pterogyne (tribo Caesalpinieae) e o grupo Caesalpinia.
Este último grupo corresponde aos gêneros afins a Caesalpinia, o qual não
é apoiado como monofilético. Do grupo Caesalpinia estão representados
na caatinga os gêneros Libidibia, Poincianella, Erythrostemon e Cenostigma.
O gênero Pakinsonia, considerado por Polhill & Vidal (1981) como parte

49
do grupo Caesalpinia parece ser mais relacionado ao grupo Peltophorum.
Gêneros do grupo Peltophorum representados na caatinga incluem, além de
Parkinsonia, Melanoxylon e Peltophorum.
O grupo Dimorphandra inclui gêneros considerados transicionais entre
as Casalpinioideae e as Mimosoideae. Esse grupo aparece como um grado
parafilético que inclui a subfamília Mimosoideae (Herendeen et al. 2003a)
ou com o gênero Dinizia (Mimosoideae) como irmão de Erythrophleum
(Caesalpinioideae; Lucow et al. 2003).

50
SUBFAMÍLIA

MIMOSOIDEAE

A subfamília Mimosoideae é sustentada como monofilética com a possí-


vel exceção de Dinizia, que aparece como grupo irmão de Erythrophleum
(Casalpinioideae). O clado das Mimosoideae mostra relacionamentos mal
resolvidos ou ramos internos mais curtos do que os observados em outros
clados de Leguminosae, sugerindo uma taxa baixa de substituição de nu-
cletídeos ou uma diversificação relativamente recente (Wojciechowski et
al. 2004). Possíveis sinapomorfias morfológicas do grupo incluem a pétala
mediana em posição abaxial, pré-floração da corola valvar, estames proemi-
nentemente exsertos, pólen agrupado em políades tetracelulares e semen-
tes com pleurograma (Chappill 1995) Outras sinapomorfias potenciais são
a presença de filamentos protéicos nos plastídios dos elementos de tubo
crivado, placa basal do endotécio ausente e espessamentos costelares do
endotécio mais de seis, colunaes e não ramificadas (Doyle et al. 2000). No
entanto, esses caracteres do floema e do endotécio não foram investigados
para os grupos Dimorphandra e Sclerolobium e, portanto, podem definir um
grupo maior do que apenas a subfamília Mimosoideae. Folhas bipinadas
podem ser uma sinapomorfia do clado que inclui as Mimosoideae e o gru-
po Dimorphandra das Caesalpinioideae.

51
Figura 9 – Sumário de hipóteses de filogenia das Mimosoideae. Nenhuma das tribos reconhecidas por Polhill (1994)
são sustentadas como monofiléticas (a tribo monogenéica Mimozyganthae não está respresentada). O gênero Dinizia
aparece como mais relacionado às Caesalpinioideae. Os subgêneros representados de Acacia são denominados de Vachel-
lia (subgn. Acacia), Senegalia (subgn. Aculeiferum) e Acacia (subgn. Phyllodinae) (ver discussão no texto).

A classificação das Mimosoideae em tribos leva em consideração prin-


cipalmente caracteres florais. As tribos Parkieae e Mimozygantheae são

52
definidas pelo cálice com pré-floração imbricativa (com sépalas livres em
Mimozygantheae e conadas em Parkieae) enquanto nas demais tribos a
pré-floração do cálice é valvar. A tribo Mimoseae é definida pelo andro-
ceu diplostêmone (ou secundariamente isostêmene) enquanto Acacieae e
Ingeae possuem androceu polistêmone, sendo diferenciadas pelos estames
livres em Acacieae e conados em tubo em Ingeae. Mimozygantheae inclui
apenas Mimozyganthus carinatus (Griseb.) Burkart. Nenhuma das demais
tribos de Mimosoideae é sustentada como monofilética.
No nível genérico, os dados publicados por Lucow et al. (2003) rejeitam
o monofiletismo de Piptadenia já que P. viridiflora aparece mais relacionado
ao gênero Anadenanthera mas com baixo suporte de bootstrap, indicando a
necessidade de mais estudos. O monofiletismo de Acacia também é rejeita-
do (Miller & Bayer 2001, Lucow et al. 2003) e uma proposta de conserva-
ção de um novo tipo de Acacia para uma planta do subgênero Phyllodinae,
aceita pelo comitê de nomenclatura, obrigará renomear todas as espécies
americanas, incluindo as apresentadas neste livro, para os gêneros Senegalia
e Vachellia.

53
SUBFAMÍLIA

PAPILIONOIDEAE

As Papilionoideae aparecem como um grupo sustentado por diferentes


seqüências de DNA. Estes estudos permitem rejeitar algumas classificações
anteriores que excluíam os gêneros da tribo Swartzieae das Papilionoideae
e os classificavam nas Caesalpinioideae. Possíveis sinapomorfias do grupo
incluem as folhas imparipinadas, pétalas ungüiculadas, sementes com hilo
lateral, sulco hilar e barra de traqueídios, embrião com radicula curva, xi-
lema com pontuações guarnecidas e sépalas com iniciação unidirecional
(Doyle et al. 2000).
Um grupo que inclui elementos das tribos Swartzieae, Sophoreae e
Dipterygeae é resolvido como grupo irmão das demais Papilionoidae ba-
seado em dados de matK (Wojciechowski et al. 2004), aqui denominado
de clado Swartzióide. Esse clado Swartzióide é fortemente concentrado
no Neotrópico e apresenta dois subclados.Um dos subclados deste clado
basal corresponde às core-Swartzióides (clado Swartzióide de Ireland et
al. 2000, Pennington et al. 2001), que inclui, além de Swartzia e Bocoa, o
gênero Trischidium, representado na caatinga. Os membros desse subclado
apresentam um meristema floral em anel e produzem nódulos radiculares.
O outro subclado inclui Amburana, Myrocarpus e gêneros afins e a tribo

54
Figura 10 – Filogenia das Papilionoideae mostrando os grandes grupos sustentados por dados moleculares, dos quais
os clados Swartzióide, Genistóide, Dalbergióide e o clado acumulador de canavanina estão representados na caatinga.
Uma sinapomorfia molecular para um grupo que inclui a grande maiorias das Papilionoideae é uma inversão de 50
kbases no genoma do cloproplasto, indicada por uma seta.

Dipterygeae (Dipteryx e Pterodon), gêneros que aparentemente não têm


habilidade em nodular (Sprent 2000, 2001).
No restante das Papilionoideae ocorre a divergência de linhagens tradi-

55
cionalmente classificadas na tribo Sophoreae, caracterizadas pela condição
plesiomórfica de estames livres. Dentro desse grado Sophoróide, apenas o
clado Vataireóide apresenta represententes na caatinga. Esse grupo foi ini-
cialmente reconhecido em análises de trnL (Ireland et al. 2000, Pennington
et al. 2001) e confirmado em análises de matK (Wojciechowski et al. 2004)
e inclui gêneros neotropicais antes classificados nas tribos Swartzieae e So-
phoreae dos quais Luetzelburgia é representado na caatinga.
Um grande clado das Papilionoideae é marcado por uma inversão de
50 kb no genoma do cloroplasto. A maior parte das linhagens consideradas
primitivas das Papilionoideae não apresentam essa inversão. Dentro des-
te grande grupo, evidências crescentes tem apoiado a resolução de quatro
grandes clados:
(1) clado Genistóide – a definição aqui adotada corresponde às Genis-
tóides s.l. (Wojciechowski et al. 2004) que também inclui as Brongniar-
tieae. Além de dados de seqüências de DNA, esse clado é apoiado pela
presença de alcalóides quinolizidínicos. Abriga um clado bem sustentado
que inclui linhagens principalmente africanas e eurasiáticas das tribos Ge-
nisteae, Crotalarieae, Thermopsideae, Podalyrieae [incluindo Liparieae] e
Sophoreae s.s. [incluindo Euchresteae], denominadas de core-Genistóides
(Crisp et al. 2000, Wojciechowski et al. 2004). Esse clado core-Genistóide
encontra-se aninhado em um grado basal do qual derivam dois subclados:
(a) as Brongniartieae, um grupo predominantemente americano mas com
um representante australiano (o gênero Hovea) que, na circunscrição atual,
inclui também os gêneros Cycloclobium e Poecilanthe, antes classificados na
tribo Millettieae; (b) um clado que reúne gêneros arbóreos sulamericanos
tradicionalmente classificados na tribo Sophoreae, como os gêneros Acos-
mium, Bowdichia e Diplotropis.
(2) clado Dalbergióide – compreende as tribos Adesmieae, Aeschynome-
neae, a subtribo Bryinae da tribo Desmodieae e a tribo Dalbergieae (ex-

56
Figura 11 – Filogenia do grupo Dalbergióide, ressaltando a inclusão de gêneros antes classificados nas tribos Dalber-
gieae, Aeschynomeneae e Desmodieae.

ceto pelos gêneros Andira, Hymenolobium, Vatairea e Vataireopsis) (Lavin


et al. 2001). Esse grupo é predominantemente tropical com 44 gêneros
e ca. 1.100 espécies. Além de caracteres moleculares, esse grupo pode ser
caracterizado pela não acumulação de canavanina, nódulos radiculares aes-
chynomenóides e inflorescências cimosas. Além disso, possuem frutos in-
deiscentes do tipo lomento ou sâmara.

57
(3) clado Millettióide (ou Millettióide-Phaseolóide) – inclui as tribos Mil-

Figura 12 – Filogenia do clado acumulador de canavamina, caracterizado pelo acúmulo desse aminoácido nãoprotéico
na semente. Esse clado é mais representado no Velho Mundo e inclui dois grandes grupos. Um desses grupos é definidos
pela inflorescência em pseudoracemo (Indigofereae + clado Millettióide). O segundo, o clado Hologalegina, é mais
diversificado em

lettieae, Phaseoleae, Abreae, Psoraleeae e as subtribos Desmodiinae e Les-


pedezinae da tribo Desmodieae (Lavin et al. 1998, Hu et al. 2000, Kajita et
al. 2001). A tribo Indigofereae aparece como grupo irmão desse clado com
suporte moderado (Wojciechowski et al. 2004). Uma possível sinapomor-
fia desse clado é a inflorescência pseudoracemosa. A maioria dos gêneros

58
estão agrupados em dois clados principais. O primeiro compreende princi-
palmente gêneros classificados na tribo Millettieae além de representantes
das subtribos Diocleinae e Ophrestiinae (Phaseoleae), incluindo os gêne-
ros Lonchocarpus, Tephrosia, Dioclea, Canavalia e Galactia, representados na
caatinga. O segundo corresponde principalmente a tribo Phaseoleae ani-
nhando os gêneros das tribos Desmodieae e Psoraleeae. Outros grupos de
Millettieae são relacionados às Brongniartieae (Cycloclobium e Poecilanthe)
ou ao clado Hologalegina (Wisteria e gêneros relacionados).
(4) clado Hologalegina – esse clado compreende dois subclados principais:
o clado IRL e as Robinióides. O clado IRL é assim denominado pois uma
de suas pricipais sinapomorfias é a ausência de uma das duas cópias da
seqüência invertida-repetida do genoma do cloroplasto, com 25 kb (em
inglês: inverted-repeat-lacking clade ou IRLC; Lavin et al. 1990). Corres-
ponde ao grupo herbáceo temperado de Polhill (1981), compreendendo
todos os membros das tribos Carmichaelieae, Cicereae, Hedysareae, Tri-
folieae, Vicieae e Galegeae, além dos gêneros Afgekia, Callerya e Wisteria
(Millettieae). É definido por várias sinapomorfias como o hábito herbáceo,
folhas compostas sem pulvinos, número cromossômico básico n = 7 ou n
= 8. O grupo irmão do clado IRL é o clado Robinióide, primariamente
distribuído no hemisfério norte do Novo Mundo, Europa e África (Lavin
& Sousa 1995). Corresponde às tribos Robinieae e Loteae. Todo o clado
Hologalegina é mal representado na caatinga, apresentando poucas espé-
cies de Coursetia e Sesbania.

CLASSIFICAÇÃO
A classificação atual das Leguminosae ainda sofre grande influência
das propostas taxonômicas de Bentham (1865) e Polhill (1994). Alguns
grupos não monofiléticos continuam sendo aceitos, principalmente por-
que hipóteses sobre a filogenia de alguns grupos críticos ainda apresentam

59
pequeno suporte. Assim, a classificação apresentada aqui (seguindo Lewis
et al. 2005) deve sofrer grandes alterações em um futuro próximo, especial-
mente com a subdivisão das Caesalpinioideae em quatro ou cinco novas
subfamílias e reorganização das tribos.
Atualmente, são reconhecidas três subfamílias e 36 tribos de Legumi-
nosae (Lewis et al. 2005). Os gêneros nativos da caatinga distribuem-se em
18 tribos das três subfamílias.

60
Tabela 2. Classificação dos gêneros de Leguminosae nativos da caatinga
(de acordo com Lewis et al. 2005).
1. Subfamília CAESALPINIOIDEAE Enterolobium Mart.
Tribo Cercideae
Bauhinia L. 3. Subfamília PAPILIONOIDEAE
Phanera Lour. Tribo Swartzieae
Tribo Detarieae Trischidium Tul.
Goniorhachis Taub. Amburana Schwacke & Taub.
Peltogyne Vogel Zollernia Wied.-Neuw. & Nees
Hymenaea L. Tribo Sophoreae
Guibourtia Benn. Luetzelburgia Harms
Copaifera L. Acosmium Schott
Tribo Cassieae Tribo Brongniartieae
Poeppigia C.Presl Poecilanthe Benth.
Apuleia Mart. Tribo Crotalarieae
Martiodendron Gleason Crotalaria L.
Chamaecrista Moench Tribo Dalbergieae
Senna Mill. Andira Lam.
Cassia L. Zornia J.F.Gmel.
Tribo Caesalpinieae Poiretia Vent.
Pterogyne Tul. Chaetocalyx DC.
Erythrostemon Cav. Riedeliella Harms.
Poincianella Britton & Rose Discolobium Benth.
Cenostigma Tul. Platymiscium Vogel
Libidibia (DC.) Schltdl. Platypodium Vogel
Melanoxylon Schott Centrolobium Mart. ex Benth.
Peltophorum (Vogel) Benth. Pterocarpus Jacq.
Parkinsonia L. Geoffroea Jacq.
Diptychandra Tul. Stylosanthes Sw.
Arachis L.
2. Subfamíla MIMOSOIDEAE Dalbergia L.f.
Tribo Mimoseae Machaerium Pers.
Plathymenia Benth. Aeschynomene L.
Prosopis L. Tribo Indigofereae
Neptunia Lour. Indigofera L.
Desmanthus Willd. Tribo Millettieae
Anadenanthera Speg. Lonchocarpus Kunth
Pseudopiptadenia Rauschert Tephrosia Pers.
Piptadenia Benth. Tribo Phaseoleae
Parapiptadenia Brenan Dioclea Kunth
Mimosa L. Canavalia DC.
Tribo Acacieae Cratylia Mart. ex Benth.
Senegalia Raf. Galactia P.Browne
Vachellia Wight & Arn. Centrosema (DC.) Benth.
Tribo Ingeae Periandra Mart. ex Benth.
Zapoteca H.M.Hern. Rhynchosia Lour.
Calliandra Benth. Erythrina L.
Inga Mill. Calopogonium Desv.
Zygia P.Browne Vigna Savi
Blanchetiodendron Barbenby & Macroptilium (Benth.) Urb.
J.W.Grimes Mysanthus G.P.Lewis & A.Delgado
Leucochloron Barbenby & Tribo Desmodieae
J.W.Grimes Desmodium Desv.
Chloroleucon (Benth.) Britton & Tribo Sesbanieae
Rose Sesbania Adans.
Pithecellobium Mart. Tribo Robinieae
Samanea (Benth.) Merr. Coursetia DC.
Albizia Durazz.

61
FORMATO E
CRITÉRIOS

Critérios de inclusão
Uma dificuldade enfrentada na elaboração desse trabalho foi delimitar
uma área a ser considerada como “caatinga”, o que depende de um conceito
a ser empregado. Por um lado, a aplicação de um conceito restritivo, como
o de Luetzelburg (1922-23), resultaria na perda de informação relevante
para muitos grupos. Por outro, considerar os limites externos do bioma
sem excluir as áreas recobertas por outros tipos vegetacionais nos levaria
a inclusão de elementos típicos de cerrado e de campos rupestres os quais
não são relacionados à flora da caatinga.
Nesse trabalho, foi adotado uma delimitação de área pelos limites
externos do semi-árido, definidos por uma isoieta de 1.000mm.ano-1, o que
corresponde a uma área de quase 900.000 km2. Diferentes fisionomias de
caatinga e florestas estacionais presentes nessa grande área foram, então,
cobertas nesse trabalho. No entanto, foram excluídas áreas de cerrado e
campos rupestres que se encontravam dentro desses limites como, por
exemplo, grande parte das áreas mais elevadas da Chapada Diamantina, na
Bahia, e da Chapada do Araripe, no sul do Ceará e norte de Pernambuco.
Outra dificuldade diz respeito às áreas limítrofes do Bioma Caatinga.

62
A leste, a caatinga faz limite com a Mata Atlântica, que penetra mais para
o interior ao longo dos vales de alguns rios ou em algumas áreas de serras.
Espécies presentes na apenas nessas áreas úmidas e na Mata Atlântica
foram consideradas como parte desse bioma e não foram incluídas nesse
trabalho. Esse mesmo critério foi adotado para muitas plantas das ‘matas
de cipó’ do Planalto de Vitória da Conquista que ocorriam apenas na Mata
Atlântica e nessas matas mais baixas e densas.
Situação semelhante ocorre a oeste, onde a caatinga faz fronteira com
o cerrado. Plantas típicas do cerrado que foram encontradas apenas nessa
áreas limítrofes do Bioma Caatinga foram consideradas como elementos
do Bioma Cerrado e não foram incluídas nesse trabalho. Situação mais
complicada foi encontrada para plantas coletadas no sul do Piauí e noroesta
da Bahia, onde manchas de cerrado e caatinga ocorrem lado a lado. Em
casos de hesitação, optei por incluir a espécie e fazer um breve comentário
no texto.

Apresentação dos gêneros


Os gêneros são apresentados por subfamília de acordo com a classificação
proposta por Lewis et al. (2005). Gêneros que não têm sido sustentados
como monofiléticos aparecem, na classificação desses autores, divididos
em gêneros menores e mais naturais. No caso dos grupos de caatinga isso
afeta os gêneros Bauhinia e Caesalpinia. No caso do primeiro, ocorrem na
caatinga representantes dos gêneros Bauhinia (s.s.) e Phanera. No caso de
Caesalpinia, as espécies de caatinga pertencem aos gêneros Erythrostemon,
Libidibia e Poincianella e o gênero Caesalpinia (s.s.), nesse novo conceito,
não mais ocorre na caatinga. Por outro lado, no caso do gênero Acacia
optei por um tratamento diferente do de Lewis et al. (2005). Esses autores
reconheceram Acacia no seu sentido tradicional, contendo os subgêneros
Acacia, Aculeiferum e Phyllodinae. No entanto, há forte suporte para a

63
hipótese de que Acacia é um grupo polifilético. Assim, aqui são reconhecidos
os gêneros Vachellia e Senegalia, segregados de Acacia de acordo com a
proposta de Orchard & Maslin (2003) de conservação de um novo tipo
para Acacia. Essa proposta foi aprovada na Sessão de Nomenclatura no
Congresso Internacional de Botânica de Viena em 2005 e o nome Acacia
hoje é aplicado apenas ao subgênero Phyllodinae, concentrado no continente
australiano, não representado na caatinga.
Para gêneros com mais de uma espécie é apresentada uma descrição
baseada nas espécies de caatinga, seguida de uma chave para identificação
das espécies da caatinga. Gêneros representados na caatinga por apenas
uma espécie não apresentam uma descrição do gênero.

Apresentação das espécies


Cada espécie apresenta uma referência completa do protólogo e os
sinônimos principais, aqui considerados como os nomes presentes na
Flora Brasiliensis, em Legumes of Bahia (Lewis 1987), em monografias
taxonômicas e em catálogos agronômicos como, por exemplo, o de espécies
forrageiras do CIAT (Centro Internacional de Agricultura Tropical, Cali,
Colômbia) e do USDA (United States Department of Agriculture).
As descrições das espécies levam em consideração apenas a variação
observada nos espécimes de caatinga. Quando necessário, as descrições
foram complementadas com informações de espécimes de outras localidades
e isso está indicado no texto. Há uma boa dose de assimetria nas descrições.
Quando a espécie é a única representante de um gênero na caatinga, sua
descrição é mais completa. No caso de gêneros representados por mais
de uma espécie, as descrições de suas espécies em geral complementam
a descrição do gênero. Algumas exceções foram feitas para gêneros de
maior complexidade taxonômica ou para gêneros cujas espécies são mal
conhecidas, quando se optou por descrições mais competas. As descrições

64
são complementadas com comentários taxonômicos que objetivam auxiliar
o leitor na sua identificação, dando-se ênfase na comparação com espécies
com as quais ela pode ser confundida.
Além da descrição, é apresentado um mapa de distribuição de cada
espécie no Bioma Caatinga. Os pontos presentes no mapa representam
principalmente espécimes depositados em herbários cujas etiquetas
contêm coordenadas geográficas. Em grande parte, essas informações
foram baseadas nos bancos de dados do herbário HUEFS e do projeto
“Instituto do Milênio do Semi-árido” (IMSEAR), que reúne dados de
coletas recentes dos principais herbários do Nordeste. Além disso, foram
complementados com pontos de um banco de dados elaborado por mim
com base em espécimes depositados nos herbários analisados (ver Apêndice
1, pág. xxx).
Alguns comentários sobre a distribuição e aspectos da ecologia da
planta são apresentados. Dados da distribuição geral da planta foram
retirados da literatura mas sua distribuição no Bioma Caatinga é baseada
em informações de exsicatas. Finalmente, há uma lista de materiais
examinados ou selecionados. Em geral, um espécime é referido por
município ou grande área (p.ex., Raso da Catarina). Tipos nomenclaturais
analisados, coletados no Bioma Caatinga, são indicados dentro do material
examinado.
Nomes vernaculares, se presentes, foram baseados em informações de
exsicatas. Alguns nomes adicionais foram extraídos de Lewis (1987) se eu
estivesse seguro de que se tratava de um nome usado na área da caatinga.
Alguns comentários foram feitos sobre esses nomes baseados em minha
própria experiência.

Chaves de identificação
Nesse livro são usados dois tipos de chaves de identificação. A primeira

65
é uma chave dicotômica tradicional. A segunda é uma chave multientrada
na forma de uma matriz.
Às vezes os dois tipos de chave estão presentes para o mesmo grupo. Essa
estratégia objetivou oferecer maiores recursos para o leitor proceder a
identificação dos táxons. Em geral, as matrizes de identificação permitem
identificar grupos de táxons mais semelhantes e reduz, assim, o número de
escolhas possíveis. No caso de uma determinada célula da matriz conter um
grupo de táxons, ela remete a uma chave auxiliar onde a identificação final
pode ser feita.

66
CHAVE PARA AS
SUBFAMÍLIAS

1. Folhas bipinadas

2. Flores actinomorfas, pequenas, em espigas, glomérulos ou umbelas;


corola com pré-floração valvar; sementes com pleurograma em
forma de ‘U’. ............................................................. Mimosoideae

2. Flores zigomorfas, em racemos ou panículas; corola com pré-floração


imbricativa; sementes sem pleurograma...............Caesalpinioideae

1. Folhas não bipinadas

3. Folhas simples ou unifolioladas

4. Folhas 3-multinervadas, bilobadas ou inteiras....Caesalpinioideae

4. Folhas peninérvias, com apenas uma nervura

principal............................................................. Papilionoideae

3. Folhas compostas com mais de um folíolo

5. Folhas com dois folíolos

6. Árvores, arbustos ou lianas; pétalas brancas, rosa ou

67
vermelhas....................................................Caesalpinioideae

6. Ervas ou subarbustos; pétalas amarelas

7. Flores isoladas, axilares; corola não papilionóide; fruto


legume...................................................Caesalpinioideae

7. Flores em espigas; corola papilionóide; fruto lomento..........


Papilionoideae

5. Folhas com três ou mais folíolos

8. Folhas palmadas (raque foliar ausente)......... Papilionoideae

8. Folhas pinadas (raque foliar presente)

9. Folhas terminando em um folíolo (imparipinadas)

10. Corola papilionóide, com pétalas diferenciadas em


estandarte, alas e carena ou corola reduzida a uma
pétala............................................... Papilionoideae

10. Corola não papilionóide, sempre com cinco

pétalas...........................................Caesalpinioideae

9. Folhas terminando em dois folíolos (paripinadas)


11. Flores actinomorfas; corola com pré-floração valvar;
estames numerosos concrescidos em

tubo................................................... Mimosoideae

11. Flores zigomorfas ou assimétricas; corola com pré-


floração imbricativa; estames 10 ou menos

12. Flores papilionóides, com pétalas diferenciadas em


estandarte, alas e carena; androceu monadelfo.....
Papilionoideae

68
12. Flores não papilionóides ou sem pétalas; estames
livres.........................................Caesalpinioideae

69
Subfamília Caesalpinioideae

1. Folhas simples com ápice bilobado a inteiro e 5 a 9 nervuras principais

2. Arbustos ou árvores; gavinhas ausentes; flores com hipanto longo,


estreitamente cilíndrico; sépalas formando um cálice espatáceo
ou irregularmente conadas ............................................... Bauhinia

2. Lianas com gavinhas; flores com hipanto curto; sépalas conadas


em cálice campanulado a urceolado....................................Phanera

1. Folhas compostas por 2 ou mais folíolos

3. Folhas bipinadas

4. Ramos com espinhos nodais; folhas com um par de pinas,


pecíolo subnulo e raque das pinas achatado; fruto
moniliforme.............................................................Parkinsonia

4. Ramos inermes; folhas pecioladas; raque das pinas cilíndrica;


fruto plano

5. Folhas terminado em um par de pinas; estandarte

70
não difernciado das demais pétalas em coloração ou
consistência; fruto sâmara com uma semente.....Peltophorum

5. Folhas terminando em uma pina, raramente em um par;


estandarte carnoso, geralmente também diferenciado em
coloração das demais pétalas membranáceas; fruto legume
deiscente ou indeiscente, com mais de uma semente

6. Folíolos alternos na raque da pina, ± rombóides com


base fortemente assimétrica............................Poincianella

6. Folíolos opostos na raque da pina, elípticos a oblongos


com base simétrica

7. Inflorescência panícula; frutos inflados, indeiscentes;


árvores, tronco com casca fina e descamante
revelando a entrcasca verde............................. Libidibia

7. Inflorescência racemo; frutos plano-compressos,


deiscentes; arbustos, tronco com casca não
descamante............................................ Erythrostemon

3. Folhas bifolioladas ou pinadas, nunca bipinadas

8. Flores bifolioladas

9. Ervas ou subarbustos prostrados a decumbentes; pétalas


amarelas............................................................ Chamaecrista

9. Árvores, arbustos ou lianas; pétalas brancas

10. Lianas com gavinhas............................................ Bauhinia

10. Árvores ou arbustos

11. Folíolos com pontuações glandulares translúcidas;


flores apétalas.............................................. Guibourtia

71
11. Folíolos sem pontuações translúcidas; flores com
pétalas

12. Inflorescência com ramos robustos, ca. 5 mm


diâm.; frutos indeiscentes, cilíndricos, lenhosos,
com mais de uma semente.......................Hymenaea

12. Inflorescência com ramos delgados; frutos


deiscentes, suborbiculares a triangulares, com
valvas coriáceas e apenas uma semente......Peltogyne

8. Folhas pinadas com mais de dois folíolos

13. Folhas terminando por um folíolo

14. Flores 3-5 mm diâm. em inflorescências curtas e


pêndulas; fruto sâmara com núcleo seminífero
basal................................................................... Pterogyne

14. Flores maiores (> 5 mm diâm.); inflorescências dicásios


ou panículas; fruto samaróide com núcleo seminífero
central ou fruto deiscente

15. Flores ca. 1 cm diâm.; pétalas 3, brancas; fruto


samaróide, alado apenas na margem superior....Apuleia

15. Flores maiores do que 1 cm diâm.; pétalas 5,


amarelas; fruto sâmara com alas nas duas margens
ou fruto deiscente

16. Estames (3-)4 com anteras longas e deiscentes


por pequenas fendas apicias (“poricidas”); fruto
sâmara . ............................................Martiodendron

16. Estames 10 com anteras curtas e rimosas;


fruto deiscente, bivalvar, internamente

72
septado, liberando as sementes em
envelopes monospérmicos do endocarpo
(criptolomento).................................... Melanoxylon

13. Folhas terminando por um par de folíolos

17. Folhas com nectários no pecíolo ou na raque

18. Nectários clavados, com superfície secretora convexa;


pedicelo não bracteolado; frutos indeiscentes ou
deiscentes mas com valvas não espiraladas após a
deiscência............................................................ Senna

18. Nectários discóides, com superfície secretora


côncava; pedicelo com duas bractéolas alternas;
frutos deiscentes com valvas espiraladas após a
deiscência................................................ Chamaecrista

17. Folhas desprovidas de nectários

19. Estípulas intrapeciolares, caducas; flores apétalas ou


com pétalas brancas

20. Flores apétalas, sésseis, apresentando disposição


dística nos ramos da inflorescência; frutos
suborbiculares a triangulares; semente 1,
elipsóide, arilada....................................... Copaifera

20. Flores com pétalas, dispostas em panículas


obpiramidais; frutos oblongos a oblongo-
lineares, compressos; sementes 1-3, compressas,
não ariladas.........................................Goniorrhachis

19. Estípulas laterais ou ausentes; flores com pétalas


amarelas

73
21. Flores sem hipanto com anteras deiscentes por
poros ou pequenas fendas apicais

22. Inflorescência pêndula; pedicelo apresentando


duas bractéolas na base; filetes dos três
estames abaxiais sigmóides.........................Cassia

22. Inflorescência patente ou ereta; pedicelo sem


bractéolas ou com duas bractéolas a partir do
meio; filetes não sigmóides

23. Bractéolas ausentes; fruto cilíndrico e


indeiscente ou compresso e deiscente,
então com valvas não espiraladas após a
deiscência.............................................. Senna

23. Duas bractéolas presentes do meio para


o ápice do pedicelo; fruto compresso e
deiscente, valvas tornando-se espiraladas
após a deiscência........................ Chamaecrista

21. Flores com hipanto; anteras deiscentes por fendas


laterais

24. Indumento de tricomas ramificados,


arborescentes; flores ca. 3 cm diâm.; fruto
com uma crista basal na margem superior e
valvas lenhosas.................................. Cenostigma

24. Indumento de tricomas simples; flores com


menos de 1 cm diâm.; fruto sem crista basal,
com valvas coriáceas

25. Folhas dísticas com mais de 8 pares de

74
folíolos; flores zigomorfas com estandarte
ereto e as demais pétalas retas, simulando
uma corola papilionóide; fruto indeiscente
com menos de 5 cm compr. e margem
superior com uma ala estreita; sementes
não aladas........................................ Poeppigia

25. Folhas espiraladas com 2 pares de folíolos;


flores actinomorfas com corola não
pseudopapilionóide; fruto deiscente com
mais de 8 cm compr. e margens não aladas;
sementes aladas......................... Diptychandra

Matriz para identificação dos gêneros e chaves auxiliares:

Folhas compostas
Folhas Folhas pinadas
Caesalpinioideae simples Folhas Folhas
bipinadas bifolioladas Folhas Folhas
paripinadas imparipinadas
Grupo 2 Grupo 3
Bauhinia
Flores brancas Bauhinia Guibourtia Copaifera Apuleia
Árvores ou arbustos

Hymenaea Goniorrhachis
Peltogyne
Grupo 1 Grupo 4
Cassia Grupo 6
Parkinsonia Cenostigma
Flores
amarelas
Peltophorum Chamaecrista Pterogyne
Erythrostemon Diptychandra Martiodendron
Libidibia Poeppigia Melanoxylon
Poincianella Senna

Lianas Phanera Phanera

Grupo 5
Ervas ou subarbustos Chamaecrista
Chamaecrista
Senna

75
Chaves auxiliares
Grupo 1:
1. Ramos armados por espinhos nodais pareados; folhas com pecíolo
curto ou ausente; raque das pinas achatada, verde, com folíolos
reduzidos e esparsos; fruto moniliforme............................Parkinsonia

1. Ramos inermes; folhas pecioladas; raque cilíndrica; folíolos


desenvolvidos; fruto não moniliforme

2. Folhas terminando por um par de pinas; estandarte não


diferenciado em cor e consistência das demais pétalas; fruto
sâmara com núcleo seminífero central.........................Peltophorum

2. Folhas terminando em uma pina; estandarte carnoso, diferenciado


em consistência das demais pétalas membranáceas, geralmente
também diferenciado em cor; fruto legume deiscente ou
indeiscente

3. Folíolos alternos na raque da pina, ± rombóides com base


fortemente assimétrica.............................................Poincianella

3. Folíolos opostos na raque da pina, elípticos a oblongos com


base simétrica

4. Inflorescência panícula; frutos inflados, indeiscentes;


árvores, tronco com casca fina e descamante revelando a
entrcasca verde......................................................... Libidibia

4. Inflorescência racemo; frutos plano-compressos, deiscentes;


arbustos, tronco com casca não descamante.... Erythrostemon

76
Grupo 2:
1. Ramos armados com um par de espinhos em cada nó.............. Bauhinia

1. Plantas inermess

2. Flores apétalas; folíolos apresentando pontuações translúcidas.........


Guibourtia

2. Flores com pétalas; folíolos sem pontuações translúcidas

3. Eixos da inflorescência robustos, ca. 5 mm diâm. ou mais


espessos; fruto indeiscente, cilíndrico, com 2 ou mais sementes;
sementes sem arilo........................................................Hymenaea

3. Eixos da inflorescência delgados; fruto deiscente, suborbicular


a triangular, com apenas 1 semente; semente com arilo..Peltogyne

Grupo 3:
1. Flores dísticas nos ramos da inflorescências; pétalas ausentes; fruto
suborbicular a triangular com apenas 1 semente; semente com
arilo...................................................................................... Copaifera

1. Flores dispostas de modo espiralado nos eixos da inflorescência;


pétalas presentes; fruto oblongo a oblongo-linear, com 2 ou mais
sementes; sementes sem arilo..........................................Goniorrhachis

Grupo 4:
1. Folhas com nectários no pecíolo ou na raque

2. Nectários clavados, superfície secretora convexa; pedicelos não


bracteolados; frutos cilíndricos e indeiscentes ou compressos
e deiscentes mas, então, com valvas não espiraladas após a

77
deiscência............................................................................... Senna

2. Nectários discóides, superfície secretora côncava; pedicelos com


duas bractéolas; frutos compressos, discentes, com valvas
espiraladas após a deiscência...................................... Chamaecrista

1. Folhas sem nectários

3. Frutos cilíndricos, indeiscentes, com pericarpo lenhoso ou carnoso

4. Pedicelo com um par de bractéolas na base; 3 estames abaxiais


com filetes sigmóides.........................................................Cassia

4. Pedicelo não bracteolado; filetes não sigmóides.................... Senna

3. Frutos compressos, deiscentes ou indeiscentes, se indeiscentes


com pericarpo seco e coriáceo

5. Anteras poricidas

6. Pedicelo com duas bractéolas; frutos com deiscência elástica,


valvas espiraladas após a deiscência................... Chamaecrista

6. Pedicelo sem bractéolas; frutos com deiscência inerte, valvas


não espiraladas após a deiscência.................................. Senna

6. Anteras rimosas

7. Indumento de tricomas ramificados, arborescentes; flores


com sépala abaxial maior, cimbiforme; fruto deiscente,
com valvas lenhosas; sementes não aladas............ Cenostigma

7. Indumento de tricomas simples; sépala abaxial não


cimbiforme; fruto indeiscente ou deiscente mas então
com valvas coriáceas e sementes aladas

8. Folhas dísticas com mais de 8 pares de folíolos; flores


zigomorfas com estandarte ereto e as demais pétalas

78
retas, simulando uma corola papilionóide; fruto
indeiscente com menos de 5 cm compr. e margem
superior com uma ala estreita; sementes não
aladas................................................................. Poeppigia

8. Folhas espiraladas com 2 pares de folíolos; flores


actinomorfas com corola não pseudopapilionóide;
fruto deiscente com mais de 8 cm compr. e margens
não aladas; sementes aladas.......................... Diptychandra

Grupo 5:
1. Nectários clavados, superfície secretora convexa; pedicelos não
bracteolados; frutos cilíndricos e indeiscentes ou compressos
e deiscentes mas, então, com valvas não espiraladas após a
deiscência.................................................................................... Senna

1. Nectários discóides, superfície secretora côncava; pedicelos com duas


bractéolas; frutos compressos, discentes, com valvas espiraladas
após a deiscência............................................................. Chamaecrista

Grupo 6:
1. Flores pequenas, menores do que 5 mm diâm., agrupadas em
inflorescências pêndulas, curtas; fruto sâmara com núcleo
seminífero basal.................................................................... Pterogyne

1. Flores grandes, maiores do que 10 mm diâm., agrupadas em panículas


terminais; fruto deiscente ou sâmara com núcleo seminífero central

2. Estames 4 com anteras deiscentes por pequenas fendas apicais;


fruto sâmara com núcleo seminífero central............Martiodendron

79
2. Estames 10 com anteras rimosas; fruto deiscente, internamente
septado, com sementes liberadas em um envelope do
endocarpo................................................................... Melanoxylon

Bauhinia L.

Arbustos ou lianas, menos freqüentemente pequenas árvores, inermes

ou armadas com espinhos estipulares ou acúleos infranodais. Folhas

geralmente simples, bilobadas ou inteiras, 5-11-nervadas, mais raramente

divididas em dois folíolos. Inflorescências em pseudoracemos a

espigas terminais ou em fascículos opositifólios ou supra-axilares.

Flores pentâmeras; hipanto longo e tubular até obsoleto; sépalas livres

ou concrescidas; pétalas brancas ou róseas; androceu diplostêmone,

com os 10 estames férteis ou, mais raramente, com 5 estames férteis

alternos a 5 estames estéreis; ovário estipitado, pluriovulado. Fruto linear,

elasticamente deiscente, valvas lenhosas.

Bauhinia, na circunscrição atual, inclui 150-160 espécies com distribuição


pantropical concentradas principalmente no Neotrópico. O gênero
homenageia os irmãos Jean e Gaspar Bauhin, médicos e botânicos suíços
do século XVII, representados pelas folhas geminadas de suas espécies.

Diferentes circunscrições têm sido utilizadas para Bauhinia, na mais ampla


sendo quase coincidente com a subtribe Bauhiniinae da tribo Cercideae
(Wunderlin et al. 1987), mais comumente segregado em vários gêneros.
Atualmente são aceitos seis gêneros que estiveram na circusncrição mais
ampla do gênero (Lewis et al. 2005), dos quais Bauhinia s.s. e Phanera estão
representados na caatinga.

Bauhinia é facilmente reconhecível pela combinação do hábito com


caracteres foliares e florais. As folhas são tecnicamente folhas simples

80
embora devam ter resultado de um processo de fusão lateral de dois folíolos,
o que pode ser parcialmente justificado pela presença de um pulvino na base
da lâmina que possibilita o movimento de fechamento da folha ao longo da
nervura mediana. O grau de fusão entre os “folíolos” varia e a folha pode se
apresentar tanto inteira quanto lobada. O tamanho dos lobos em relação ao
comprimento da folha, assim como o número de nervuras e o indumento
são caracteres importantes na taxonomia das espécies de caatinga. Phanera
também apresenta folhas lobadas, semelhantes às observadas em Bauhinia.
Estes gêneros podem ser diferenciados pelo hábito (arbustos ou árvores em
Bauhinia vs. lianas com gavinhas em Phanera), pelo hipanto (estreitamente
cilíndrico vs. obsoleto, respectivamente) e pelo cálice (sépalas soldadas
irregularmente ou formando um cálice espatáceo vs. sépalas soldadas
formando um cálice campanulado com lacínias livres no ápice).

A taxonomia das espécies neotropicais é bastante confusa devido, talvez, à


ênfase em caracteres vegetativos quantitativos, os quais podem estar sujeitos
a certa plasticidade ambiental e a possíveis paralelismos. O tratamento dado
às espécies de caatinga foi extremamente pragmático e alguns espécimes
permanecem não identificados. Recentemente, um avanço significativo foi
dado pelo trabalho de Vaz & Tozzi (2003).

Bauhinia ungulata L., uma espécie amplamente distribuída no Neotrópico,


ocorre dentro da área de domínio de caatinga, nos estados do Ceará e
Piauí, mas os espécimes examinados foram coletados em cerrado e florestas
serranas, não sendo, então, incluída neste trabalho.

81
Folhas com
Folhas tão ou mais
Bauhinia comprimento maior do que
largas do que longas
a largura

Grupo 1:
Plantas inermes

pseudoracemos
Flores em

terminais

B. cheilantha
B. acuruana
B. dumosa
B. brevipes
B. pulchella
B. dubia
B. subclavata

Grupo 2
Flores isoladas ou
Plantas armadas

opositifolias
pareadas,

B. aculeata B. aculeata
B. forficata B. bauhinioides
B. pentandra B. cacovia

Chaves auxiliares:
Grupo 1:
1. Folhas ovais, mais longas do que largas, inteiras ou divididas menos
de 1/4 do seu comprimento, os lobos resultantes agudos

2. Folhas divididas por 1/5-1/4 do seu comprimento em lobos


agudos, (7-) 9-nervadas; nervuras secundárias muito numerosas,
quase perpendiculares às principais e não ramificadas.......B. brevipes

2. Folhas inteiras, 5-7-nervadas, com nervuras secundárias formando


um ângulo de ca. 45° com as principais

3. Folhas com ápice arredondado ou emarginado, face abaxial


pubescente; botões clavados........................................B. acuruana

3. Folhas com ápice acuminado, glabras; botões cilíndricos...B. dubia

1. Folhas largo-ovais a orbiculares, tão ou mais largas do que longas,


divididas por 1/4 a 1/2 do seu comprimento, os lobos resultantes

82
arredondados, raramente inteiras (então folhas suborbiculares ca. 8-
9 x 7-8 cm)

4. Folhas grandes, com pelo menos 6 cm de comprimento e 6 cm de


largura; botões florais clavados, dilatados no ápice

5. Folhas divididas por 1/3 a 1/2 do seu comprimento, com 11-13


nervuras; pétalas obovais com ca. 20 mm larg.; botões florais
não estriados no ápice................................................B. cheilantha

5. Folhas divididas por até 1/4 do seu comprimento ou quase


inteiras, com 9 nervuras; pétalas lineares com ca. 1 mm
larg.; botões florais com ápice 5-costado a estreitamente
5-alado...................................................................... B. subclavata

4. Folhas com até 4 cm de comprimento e 4 cm de largura (em geral


bem menores); botões florais cilíndricos, não dilatados no ápice

6. Folhas tomentosas na face abaxial, não glaucas; nervuras


secundárias salientes, numerosas e ± perpendiculares às
primárias........................................................................B. dumosa

6. Folhas glaucas com face abaxial glabra exceto por


tricomas esparsos sobre as nervuras; nervuras secundárias
inconspícuas................................................................. B. pulchella

Grupo 2:
1. Folhas divididas por mais da metade do seu comprimento ou
bifolioladas; armamento constituído por apenas um par de espinhos
nodais; estames férteis 5 alternos a 5 estaminódios; pétalas lineares,
até 1 mm larg.

2. Folhas glaucas, grandes, de pelo menos 5 cm compr., divididas

83
por ca. 2/3 do seu comprimento, os lobos resultantes oblongos
e fortemente divergentes; cálice no botão costado até
alado . ............................................................................B. pentandra

2. Folhas menores, de até 2,5 cm compr., não glaucas, bifolioladas;


cálice não costado nem alado no botão....................... B. bauhinioides

1. Folhas divididas por 1/4 a 1/2 do seu comprimento; acúleo infranodal


presente logo abaixo da base do pecíolo; estames férteis 10; pétalas
obovais, 6-10 mm larg.

3. Folhas grandes, com pelo menos 7,5 cm de comprimento e 5


cm de largura, dividida por até 1/4 do seu comprimento; lobos
resultantes agudos; árvores copadas; frutos de 20 cm compr. ou
maiores..............................................................................B. forficata

3. Folhas menores, divididas por 1/3-1/2 do seu comprimento; lobos


obtusos a arredondados (se alcançando as dimensões acima então
folhas divididas por ca. 1/3 e lobos nunca agudos); arbustos;
frutos de até 15 cm compr.

4.Folhas pubescentes em ambas as faces,na face abaxial tomentosas


com tricomas longos e flexuosos; lobos arredondados e
paralelos; gemas axilares ovais, conspícuas....................B. aculeata

4. Folhas glabras, às vezes esparsamente pubérula na face abaxial;


lobos obtusos; gemas axilares inconspícuas ou ausentes

5. Folhas glaucas com face abaxial glabra exceto por


tricomas esparsos sobre as nervuras; nervuras secundárias
inconspícuas............................................................ B. pulchella

5. Folhas não glaucas, com face abaxial esparsamente pubérula,


tricomas curtos e retos.............................................. B. cacovia

84
Bauhinia aculeata L., Sp. Pl.: 374. 1753.
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Bauhinia catingae Harms, Bot. Jahrb. 42:
��������������
109. 1908.

Arbusto 1-3 m alt., ± virgado, copado; ramos jovens fractiflexos,

densamente pubérulos, armados com um acúleo infranodal cônico,

ligeiramente recurvado, às vezes muito pequeno ou ausente; gemas

axilares conspícuas, ovóides. Pecíolo 4-5(-17) mm; lâmina cartácea, 1,8-

3,5(-6) x 1,4-3,1(-4,1) cm, contorno elíptico a oval, 1,1-1,5x mais longa

do que larga, dividida no ápice por ca. 1/4 do seu comprimento, lobos

arredondados, paralelos, base cordada, nervuras 7, salientes na face

abaxial, nervuras secundárias inconspícuas, face adaxial curtamente

pubérula, face abaxial tomentosa, tricomas glandulares esparsos na

face abaxial. Botões estreitamente elipsóides, 5-costados, ligeiramente

constritos no ápice, em pré-antese retos e medindo ca. 3,5 cm compr.

Flores isoladas, opositifolias; hipanto cilíndrico, ca. 6-7 mm compr.; cálice

verde, 17-26 x 8-10 mm, espatáceo, oval; pétalas brancas, 35-40 x 10-

16 mm, obovais; estames férteis 10, ca. 25 mm compr., recurvados no

ápice; ovário longamente estipitado, exserto do hipanto, glabro mas com

tricomas glandulares densos. Legume 8-9,5 x 1,6-1,7 cm, linear-obovado,

apiculado, elasticamente deiscente; estípite 0,5-1,2 cm; valvas lenhosas,

glabras, nigrescentes.

Espécie de caatinga, ocorrendo na região Nordeste do estado do Ceará ao


estado da Bahia, em altitudes de 400 a 600 m. Floração: x-xii. Frutificação:
xii.

Apresenta maior afinidade a B. forficata e B. cacovia das quais se diferencia


pelas folhas pubescentes, menores e com lobos arredondados. Esta espécie
apresenta gemas axilares dormente conspícuas e revestidas por vários
catáfilos, as quais persistem na estação seca, quando as folhas caem, e
permitem uma rápida expansão de nova folhagem no início da estação

85
chuvosa.

Nomes vernaculars: mororó ou miriró (geral), unha-de-vaca (Ceará),


mororozinho, coração-de-cágado (ambos em Tucano, BA).

Material selecionado: Bahia: Brumado, A. M. de Carvalho et al. 2653 (CEPEC, K);

Conceição do Coité, L. P. Queiroz et al. 1109 (HUEFS, K); Euclides da Cunha, C. Correia

et al. 244 (HUEFS); Iaçu, L. P. Queiroz et al. 9162 (HUEFS); Ichu, A. S. Carneiro 11

(HUEFS); Itiúba, J. G. Nascimento & C. Correia 25 (HUEFS); Jussara, H. P. Bautista & O.

A. Salgado 923 (HRB, HUEFS); Livramento do Brumado, R. M. Harley & N. Taylor 27069

(CEPEC, K); Manoel Vitorino, A. M. de Carvalho et al. 2653 (CEPEC, K); Maracás, M. M.

Silva et al. 285 (HUEFS); Marcionílio Souza (“Tamburi“), E. Ule 7277 (isótipo de B. catingae:

K, foto HUEFS); Ponto Novo, T. S. Nunes et al. 594 (HUEFS); Retirolândia, R. P. Oliveira

et al. 274 (HUEFS); Santa Bárbara, L. P. Queiroz et al. 3034 (HUEFS, K); Serrinha, G. L.

Webster et al. 25693 (HUEFS, K); Tucano, D. Cardoso 98 (HUEFS); Urandi, T. Ribeiro et

al. 397 (HRB, HUEFS). Ceará: Pereiro, A. Sarmento & J. A. de Assis 737 (HRB, K). Minas

Gerais: Januária, J. A. Lombardi & L. G. Temponi 2206 (HUEFS). Pernambuco: Inajá, A.

M. Miranda 1233 (Hst, HUEFS). Sergipe: Canindé do São Francisco, L. M. Cordeiro 45

(HUEFS, Xingo).

Bauhinia acuruana Moric., Pl. nouv. Amér. 6: 77, tab. 5. 1840.


Bauhinia acuruana var. nitida Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15
������������������
(2): 187. 1870.
Bauhinia lamprophylla Harms, Bot. Jahrb. 33
������������������
(72): 22. 1903.

Arbusto de 2-4 m alt., pouco ramificado, ramos ± virgados, ramos jovens

densamente pubérulos, ferrugíneos. Pecíolo 2-6 mm; lâmina coriácea,

4,5-7,4(-9,8) x 2,7-3,9(-6) cm, oval, 1,5-2x mais longa do que larga, inteira

ou ligeiramente emarginada no ápice, base cordada, nervuras 5, salientes

na face abaxial, nervuras secundárias numerosas, ± perpendiculares às

principais, face adaxial glabra ou glabrescente e rugosa, face abaxial

86
densamente pubescente, principalmente sobre as nervuras, tricomas

esbranquiçados ou amarelados e tricomas glandulares muito esparsos.

Pseudoracemos terminais. Botões cilíndricos, ligeiramente dilatados

e estriados no ápice, encurvados para cima, na pre-antese ca. 45 mm

compr. Flores com hipanto cilíndrico, 15-21 mm compr., sépalas 30-40

x 1-1,5 mm, lineares, espiraladas e torcidas na antese; pétalas brancas,


20-30 x 0,5 mm, lineares; estames férteis 10, ca. 35 mm compr.; ovário

estipitado, tomentoso. Legume 14-17,5 x 1-1,4 cm, linear, elasticamente

deiscente; estípite 2,5-4 cm; valvas lenhosas glabras a pubérulas.

Ocorre nos estados de Pernambuco, Bahia e Minas Gerais, geralmente


associada a áreas de caatinga arenosa em serras com embasamento de
quartzito do complexo do Espinhaço, em altitudes de 790 a 1000 m.
Floração: xii-ii. Frutificação: ii-v.

Apresenta grande semelhança a B. brevipes, ambas apresentando folhas


de forma e tamanho similares. B. acuruana diferencia-se de B. brevipes
principalmente pelas folhas inteiras (vs. lobadas) e com menor número
de nervuras primárias (5 em B. acuruana vs. 9, ocasionalmente 7, em B.
brevipes). Além disso, B. acuruana possui o botão floral estriado, condição
não observada nos botões de B. brevipes.
Nomes vernaculars: miroró, mororó (comuns na Bahia e Piauí), unha-de-
vaca (local em Morro do Chapéu, BA).

Material selecionado: Bahia: Barra, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3934 (HUEFS); Bom

Jesus da Lapa, L. P. Queiroz et al. 5824 (HUEFS); Brotas de Macaúbas, M. L. S. Guedes

& D. P. Filho 7939 (ALCB, HUEFS); Campo Alegre de Lourdes, L. P. Queiroz et al. 6231

(HUEFS); Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 9108 (HUEFS); Gentio do Ouro, R. M. Harley

et al. 180948 (CEPEC, K); Ibotirama, L. Coradin et al. 6621 (CEN, K); Ipupiara, E. Saar

et al. 68 (ALCB, HUEFS); Morpará, M. L. S. Guedes et al. 7794 (ALCB, HUEFS); Morro

do Chapéu, A. M. Giulietti et al. PCD 2286 (ALCB, HUEFS); Pilão Arcado, T. S. Nunes

87
et al. 1074 (HUEFS); Raso da Catarina, L. P. Queiroz et al. 7274 (HUEFS); Remanso,

E. Ule 7380 (K); Serra do Açuruá, S. J. Blanchet 2825 (isótipo de B. acuruana: K, foto

HUEFS). Minas Gerais: Pedras de Maria da Cruz, L. P. Queiroz et al. 7512 (HUEFS).

Pernambuco: Buíque, A. Laurênio et al. 23 (K, PEUFR); Ibimirim, L. B. Oliveira et al.

53 (Hst, HUEFS). Piauí: Caracol, R. Barros et al. 1412 (HUEFS, TEPB); Floresta, L. P.

Queiroz et al. 10139 (HUEFS); Oeiras, G. Gardner 2152 (K); Padre Marcos, M. E. Alencar
245 (HUEFS, TEPB); São Braz do Piauí, L. P. Queiroz 10124 (HUEFS).

Bauhinia bauhinioides (Mart.) Macbr., Contrib. Gray Herb., n.s. 59: 22.
1919.
Perlebia bauhinioides Mart., Reise Bras. 1: 555. 1823.
Bauhinia microphylla Vogel, Linnaea 13: 301. 1839.

Arbusto ca. 1,8 m alt.; ramos glabrescentes armados em cada nó por

um par de espinhos estipulares cônico-subulados, retos ou ligeiramente

curvos para cima, acúleo infranodal ausente; gemas axilares inconspícuas.

Folha bifoliolada; pecíolo 8-12 mm; folíolos papiráceos, 2,3-2,5 x 1,6-1,8

cm, largamente elípticos, ca. 1,4x mais longos do que largos, ápice e base

arredondados, nervuras 3, salientes na face abaxial, nervuras secundárias

inconspícuas, face adaxial glabra, face abaxial revestida por tricomas


muito curtos e adpressos. Botões cilíndricos, não costados, em pré-antese

ligeiramente dilatados no ápice, curvados para cima e medindo ca. 3 cm

compr. Flores pareadas, supra-axilares; hipanto cilíndrico, estriado, ca. 12

x 5 mm, cálice ca. 20 x 9 mm, espatáceo, oval; pétalas esverdeadas (seg.

material do Paraguai), ca. 20 x 1 mm, lineares, densamente barbadas;

androceu dimórfico, filetes soldados na base em tubo viloso, estames

férteis 5, ca. 22 mm compr., curvados para cima no ápice; estaminódios 5,

pouco desenvolvidos além da base soldada; ovário longamente estipitado,

exserto do hipanto, curtamente tomentoso. Legume 10,5-12 x 0,9-1,2

88
cm, linear, elasticamente deiscente; estípite 2,8-3 cm; valvas lenhosas,

glabras, nigrescentes.

Espécie relativamente pouco coletada, ocorrendo esporadicamente no leste-


nordeste do Brasil, no Paraguai-Mato Grosso do Sul e em Cuba. Parece ser
uma espécie localmente rara e aparentemente possui uma preferência por
bancos inundáveis de rios. Floração e frutificação: viii.

Bauhinia bauhinioides apresenta redução do número de estames férteis a 5,


semelhante ao observado em B. pentandra. No entanto, estas duas espécies
podem ser facilmente diferenciadas pelo tamanho e forma das folhas, como
pode ser notado na chave de identificação. Além disso, B. bauhinioides possui
a folha completamente dividida em dois folíolos, sendo a única espécie
arbustiva do gênero a apresentar esse caráter.

Material examinado: Bahia:Jacobina, A. M. Amorim et al. 1789 (CEPEC, K); Xique Xique,

L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3919 (HUEFS). Piauí: local exato não especificado,

“banks Gurgeia”, G. Gardner 2352 (K).

Bauhinia brevipes Vogel, Linnaea 13: 307. 1839.


Bauhinia bongardii Steud., Nom. Bot. ed. 2, 1: 191. 1840.

Arbusto ca. 2-3 m alt.; ramos jovens densamente pubérulos, ferrugíneos.

Pecíolo 3-5 mm; lâmina coriácea, 3.1-4,4 x 1,8-2,7 cm, oval, 1,5-1,8x mais

longa do que larga, dividida no ápice menos de 1/4 do seu comprimento,

lobos agudos, paralelos, base cordada, nervuras (7-) 9, salientes na face

abaxial, nervuras secundárias numerosas, ± perpendiculares às principais,

face adaxial glabra a esparsamente pubérula, rugosa, face abaxial

densamente pubescente sobre as nervuras, tricomas ferrugíneos, tricomas

glandulares numerosos nas áreas intervenais. Pseudoracemos terminais.

Botões cilíndricos, ligeiramente dilatados no ápice, não estriados, retos,

89
na pre-antese ca. 38-40 mm compr. Flores com hipanto cilíndrico, 9-13

mm compr., sépalas 24-32 x 2 mm, lineares, espiraladas e torcidas na

antese; pétalas brancas, 20-23 x 1-2,5 mm, lineares; estames férteis 10,

ca. 25-28 mm compr.; ovário estipitado, tomentoso. Legume 10-11 x 0,9

cm, linear, elasticamente deiscente; estípite 2,4-3,2 cm; valvas lenhosas

velutinas.

Bauhinia brevipes é caracteristicamente uma espécie do cerrado, ocorrendo


no Brasil central (estados de Mato Grosso e Goiás) e leste e nordeste do
Brasil (estados do Maranhão, Piauí, Bahia e Minas Gerais). Na caatinga,
ocorre principalmente em áreas de contato caatinga-cerrado na Bahia e
no Piauí, em altitudes de 500 a 1000 m. Floração: vi-viii. Frutificação: vii-
viii.

Esta espécie apresenta grande semelhança e pode ser facilmente confundida


com B. acuruana. Os caracteres diferenciais entre estas plantas estão
mencionados na discussão de B. acuruana. Dentro do domínio da caatinga,
as áreas de distribuição destas duas espécies apresentam pouca sobreposição
pois, enquanto B. brevipes distribui-se principalmente a oeste do rio São
Francisco com apenas uma coleta em Bom Jesus da Lapa, próximo ao limite
meridional da caatinga, B. acuruana distribui-se principalmente a leste do
rio São Francisco, próximo aos limites dos estados da Bahia, Pernambuco
e Piauí.

É uma planta referida como apreciada por caprinos (fide L. Coradin 5749
in sched.).

Nome vernacular: miroró (Riachão das Neves, BA).

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, L. Coradin et al. 6351 (CEN, HUEFS,

K); Malhada, T. R. S. Silva et al. 152 (HUEFS); Riachão das Neves, L. P. Queiroz & N.

S. Nascimento 4119 (HUEFS); Santa Rita de Cássia, L. Coradin et al. 5749 (CEN, K);

Urandi, T. Ribeiro et al. 421 (HRB, HUEFS). Piauí: Cristiano Castro, L. P. Félix 7928 (Hst,

90
HUEFS); vale do rio Gurguéia, G. Gardner 2530 (K).

Bauhinia cacovia R.Wunderlin subsp. blanchetiana R.Wunderlin, sp. e


subsp. ined.

Arbusto até pequena árvore de 2-3,5 m alt.; ramos jovens ± fractiflexos,


curtamente pubérulos; armamento constituído por um par de espinhos

nodais curtos e curvados para cima, aparentemente derivados da base

da estípula, e por um acúleo (espinho ?) infranodal conspícuo, cônico,

ligeiramente recurvado; gemas axilares inconspícuas. Pecíolo 10-16 mm;

lâmina papirácea, 5,4-7,8 x 4,1-7,2 cm, contorno subquadrado a largo-

oval, 1,1-1,3x mais longa do que larga, dividida no ápice por ca. 1/3 do

seu comprimento, lobos obtusos, divergentes (ângulo ca. 30°-45°), base

cordada; nervuras (7-)9, salientes na face abaxial, nervuras secundárias

inconspícuas, face adaxial glabra, face abaxial curta e esparsamente

pubérula, tricomas glandulares esparsos na face abaxial. Botões

estreitamente elipsóides, não costados, constritos no ápice, em pré-antese

retos e medindo ca. 4,5 cm compr. Flores pareadas, supra-axilares;

hipanto estreitamente infundibuliforme, ca. 7-9 mm compr.; cálice 27-35 x

11-16 mm, na antese espatáceo, oval-lanceolado; pétalas brancas, 35-40


x 7-10 mm, obovais; estames férteis 10, ca. 40 mm compr., recurvados

no ápice; ovário longamente estipitado, exserto do hipanto, densamente

pubérulo. Legume (não completamente maduro) ca. 15 x 1,1 cm, linear,

apiculado; estípite ca. 2 cm; valvas lenhosas, castanho-nigrescentes,

curtamente pubérula.

Bauhinia cacovia é um nome usado por Wunderlin para espécimes


relacionados a B. forficata e B. aculeata mas, infelizmente, ainda não
publicado. Apesar disso, tem sido usado em trabalhos florísticos, como é
o caso das leguminosas da Bahia (Lewis, 1987) e deste trabalho. Baseado

91
nos espécimes identificados por Wunderlin, duas subespécies podem ser
reconhecidas, a subsp. cacovia distribuída no litoral sul da Bahia (região
da mata atlântica sul-baiana) e a subsp. blanchetiana, distribuída apenas na
Bahia, em caatinga e floresta estacional (“mata de cipó”). Floração: ii-iii(vi).
Frutificação: iv.

Intermediária entre B. aculeata e B. forficata em caracteres vegetativos,


apresentando folhas maiores do que as de B. aculeata (1,8-3,5 cm compr.
em B. aculeata vs. 5,4-7,8 cm compr. em B. cacovia), com indumento mais
esparso (face adaxial glabra e abaxial glabrescente) e lobos mais obtusos do
que arredondados. As flores aprecem em pares opositifolios mas em posição
supra-axilar. O armamento é constituído por uma tríade de espinhos, dois
laterais e um terceiro logo abaixo da folha. Os dois laterais poderiam ser
interpretados como estípulas modificadas mas o exame de alguns espécimes
revela que a lâmina da estípula e o acúleo podem estar presentes ao
mesmo tempo, derivando do mesmo ponto do nó e representando, talvez,
uma especialização da base da estípula. Estudos ontogenéticos seriam
extremamente importantes para elucidar a natureza destas estruturas.

Material selecionado: Bahia: Anagé, L. P. Félix 5204 (Hst, HUEFS); Iraquara, S. A .Mori

et al. 14434 (CEPEC, K); Maracás, A. M. de Carvalho et al. 1871 (CEPEC, HUEFS, K);

Poções, S. A. Mori et al. 9510 (CEPEC, K); Santa Inês, D. A. Lima 58-2913 (K). Minas

Gerais: Janaúba, L. P. Queiroz et al. 7482 (HUEFS).

Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.,


������ Nom. Bot. ed. 2, 1: 191. 1840.
Pauletia cheilantha Bong., Mem. Acad. Imp. Sci. Estame.
�������������������������������������
Petersb., ser. 6, Sci. Math.
4 (2): 120. 1836.
Bauhinia aromatica Ducke, An. Acad. Brasil. Ciênc. 31: 295. 1959.

Arbusto 1,5-3,5 m alt.; ramos jovens densamente pubérulos, tricomas

92
curtos e amarelados. Pecíolo 15-25 mm; lâmina cartácea, 6-14 x 6,2-13

cm, suborbicular, ± tão longa quanto larga, dividida no ápice por 1/3 a

1/2 do seu comprimento, lobos largamente arredondados, ligeiramente

divergentes (ângulo < 30°), base cordada, nervuras 11 (-13), salientes

na face abaxial, nervuras secundárias salientes e ± perpendiculares às

primárias, face adaxial esparsamente pubérula, face abaxial tomentosa,


tricomas glandulares esparsos a numerosos nas áreas intervenais.

Pseudoracemos terminais. Botões clavados, não estriados, retos, na

pré-antese ca. 28-35 mm compr. Flores com hipanto cilíndrico, 14-15

mm compr., sépalas 20-22 x 3-5 mm, lineares, reflexas na antese; pétalas

brancas, ca. 45 x 20 mm, obovais; estames férteis 10, ca. 30 mm compr.;

ovário estipitado, tomentoso. Legume 11-13 x 1,5 cm, linear, elasticamente

desicente; estípite ca. 1,5 cm; valvas lenhosas, pubérulas.

Bauhinia cheilantha tem uma distribuição bicêntrica, ocorrendo no nordeste


do Brasil, do Piauí e Ceará à Bahia, e do Mato Grosso ao Paraguai,
geralmente associada a florestas estacionais. Na caatinga, B. cheilantha
ocorre principalmente em formações mais abertas, vegetando bem sobre
solos pobres e pedregosos, em altitudes de 350 a 560 m. Floração: i, viii.
Frutificação: i-vii
Diferencia-se das demais espécies de Bauhinia da caatinga pelas suas
pétalas largas e obovais. No entanto, assemelha-se muito a B. dumosa e B.
subclavata em caracteres vegetativos, todas elas apresentando folhas com
lobos arredondados e revestidas por indumento tomentoso acinzentado.
Em geral, B. cheilantha apresenta folhas maiores do que B. dumosa (6-14 x
6,2-13 cm em B. cheilantha e 2-3,7 x 3,2-4 cm em B. dumosa) e folhas com
indumento mais denso e lobos mais profundos do que B. subclavata.

Esta espécie é reputada como boa forrageira para bovinos.

Nomes vernaculars: miroró, mororó, mão-de-vaca, pata-de-vaca, unha-de-

93
vaca (todos usados comumente na area de distribuição da espécie), mororó-
de-boi (Canudos, BA), merosa (São José dos Cordeiros, PB).

Material selecionado: Alagoas: Piranhas, L. M. Cordeiro 105 (HUEFS, Xingo). Bahia:

Bendegó, A. M. Giulietti & R. M. Harley 1776 (HUEFS); Campo Alegre de Lourdes, L. P.

Queiroz et al. 6222 (HUEFS); Canudos, L. P. Queiroz et al. 9054 (HUEFS); Casa Nova, L.

P. Queiroz et al. 9061 (HUEFS); Ipirá, E. A. Dutra 39 (HUEFS, K); Iraquara, L. P. Queiroz

& N. S. Nascimento 3391 (HUEFS, K); Juazeiro, M. R. Fonseca et al. 1334 (ALCB,

HUEFS); Marcionílio Souza, L. P. Queiroz 5704 (HUEFS); Monte Santo, L. P. Queiroz &

N. S. Nascimento 4615 (HUEFS); Remanso, L. P. Queiroz et al. 10063 (HUEFS); Serra

Preta, H. C. de Lima et al. 3878 (K); Xique Xique, E. Ule 7542 (K). Ceará: Aiuaba, J. R.

Lemos 178 (HUEFS, Uva); Quixeré, E. de O. Barros et al. 136 (EAC, HUEFS). Paraíba:

Camalau, J. E. R. Collare et al. 201 (HRB, HUEFS); São José dos Cordeiros, M. R.

Barbosa et al. 2351 (HUEFS). Pernambuco: Betânia, E. L. Araújo et al. 434 (PEUFR);

Pombos, L. Coradin et al. 2449 (CEN, HUEFS); Serra Talhada, R. M. Harley & A. M.

Giulietti 54118 (HUEFS); Sertânia, R. M. Harley & A. M. Giulietti 54176 (HUEFS). Piauí:

Boa Esperança, G. Gardner 2i55 (K); Picada Grande, Ph. von Luetzelburg 362A (K); São

Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1105 (K). Sergipe: Canindé do São

Francisco, R. M. Harley et al. 54288 (HUEFS).

Bauhinia dubia G.Don, Gen. Syst. 2: 463. 1832.


Bauhinia nitida Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15(2): 184. 1870.
Bauhinia viridiflora Ducke, Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 3: 105. 1922.

Arbusto; ramos jovens glabros a glabrescentes. Pecíolo 5-15 mm; lâmina

papirácea, 6-14 x 3,2-8 cm, inteira, oval, ca. 2x mais longa do que larga,

ápice acuminado, base cordada a truncada, nervuras 5-7, salientes na

face abaxial, nervuras secundárias salientes, face adaxial glabra, face

abaxial glabra, às vezes com tricomas glandulares esparsos nas áreas

intervenais. Pseudoracemos terminais. Botões cilíndricos, não estriados,

94
retos, na pré-antese ca. 70 mm compr. Flores com hipanto curto-cilíndrico,

10 mm compr.; sépalas 35-40 x 2 mm, lineares, retorcidas e espiraladas na

antese; pétalas brancas, ca. 20 x 1 mm, lineares; estames férteis 10, 34-40

mm compr.; ovário estipitado, glabro, com tricomas glandulares esparsos.

Fruto ca. 14 x 1,2 cm, linear, elasticamente deiscente; estípite ca. 3,5 cm;

valvas lenhosas, glabras.

Ocorre principalmente na região meio-norte, do leste do Pará ao Ceará e,


para o sul, ao oeste de Pernambuco, sudeste do Piauí e norte de Tocantins.
É principalmente uma espécie de cerrado e florestas estacionais, apenas
ocasionalmente ocorrendo em caatinga sobre solo arenoso, em altitudes de
350 a 560 m. Floração: i-iii. Frutificação: v.

Bauhinia dubia é uma espécie de reconhecimento relativamente fácil pelas


suas folhas papiráceas, glabras, mais longas do que largas e com ápice inteiro
e acuminado.

Nome vernacular: mororó-da-folha-inteira (Crateús, CE, fide F.S.Araújo


1397)

Material selecionado: Bahia: Formosa do Rio Preto, M. L. S. Guedes et al. 6796 (ALCB,

HUEFS). Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1397 (EAC, HUEFS). Piauí: Piracuruca, A. Carvalho
& C. G. Lopes 101 (HUEFS, TEPB).

Bauhinia dumosa Benth. in Mart., Fl. Brasil.


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15(2): 194. 1870.

var. dumosa

Arbusto 1,5-1,7 m alt.; ramos jovens densamente pubérulos, tricomas

curtos, acinzentados. Pecíolo 7-20 mm; lâmina cartácea, 2-3,7 x 3,2-4

cm, largamente oval a suborbicular, ± tão longa quanto larga, dividida no

ápice por 1/4 a 1/2 do seu comprimento, lobos largamente arredondados,

95
divergentes (ângulo ca. 30°), base cordada, nervuras 7-9, salientes

na face abaxial, nervuras secundárias salientes e ± perpendiculares às

primárias, face adaxial esparsamente pubérula, face abaxial tomentosa,

tricomas glandulares numerosos nas áreas intervenais. Pseudoracemos

terminais. Botões cilíndricos, discretamente estriados. Flores com hipanto

cilíndrico, ca. 16 mm compr.; sépalas ca. 26 x 2-4 mm, lineares, na antese


espiraladas e torcidas; pétalas brancas, lineares; estames férteis 10, 22-

30 mm compr.; ovário estipitado, densamente pubérulo. Legume (descrito

a partir de material de Goiás) 10-11,6 x 0,9 cm, linear, elasticamente

deiscente; estípite 2-2,2 cm; valvas lenhosas, velutinas.

Bauhinia dumosa ocorre esporadicamente em Goiás e na Bahia.


Aparentemente é sempre uma planta rara, ocorrendo sempre em pequenas
populações em cerrado e caatinga. Floração: vii-viii. Frutificação: ?

Esta espécie parece ser mais relacionada a B. subclavata e B. pulchella,


apresentando as folhas com tamanho e forma semelhantes às da segunda
mas com o indumento mais característico da primeira. É possível que se
trate de um híbrido natural entre estas espécies.

Material selecionado: Bahia: Juazeiro, K. F. P. von Martius s. n., s. d. (“in sylvis ad fl. S.

Franc. prope Juazeiro in Prov. Bahia, inundatis”; foto do síntipo de M: K); Queimadas, K. F.
P. von Martius s. n., s. d. (“Habitat in sylvis catingas interiores Prov. Bahia ad Queimadas”

foto do síntipo de M: K); Piritiba, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3469 (HUEFS, K);

Remanso, T. S. Nunes et al. 677 (HUEFS).

Bauhinia forficata Link, Enum. Pl. Hort. Berol. 1: 404. 1821.

Árvore de 3-7 m alt., copada; ramos jovens não fractiflexos, glabros;

armamento constituído por um par de espinhos nodais curtos e curvados

para cima, aparentemente derivados da base da estípula, e por um

96
espinho infranodal conspícuo, cônico, ligeiramente recurvado; gemas

axilares inconspícuas. Pecíolo 8-16 mm; lâmina papirácea, 7,5-13 x 5-

7,8 cm, contorno elíptico, 1,5-1,8x mais longa do que larga, dividida no

ápice até 1/4 do seu comprimento, lobos agudos, paralelos, base truncada

a ligeiramente cordada, nervuras 9, salientes na face abaxial, nervuras

secundárias ramificadas, formando um ângulo de ca. 45° com as principais,


face adaxial glabra, face abaxial glabra exceto por tricomas esparsos sobre

as nervuras. Botões estreitamente elipsóides, 5-costados, constritos no

ápice, em pré-antese retos e medindo ca. 5 cm compr. Flores pareadas,

supra-axilares; hipanto estreitamente infundibuliforme, 8-9 mm compr.;

cálice verde-amarelado, 45-48 x 14-16 mm, espatáceo, oval-lanceolado;

pétalas brancas, ca. 60 x 6 mm, oblanceoladas; estames férteis 10, ca. 77

mm compr., recurvados no ápice; ovário longamente estipitado, exserto do

hipanto, glabro mas com tricomas glandulares densos. Legume 22-24 x 3-

4,5 cm, linear; estípite 3-4,5 cm; valvas lenhosas, nigrescentes, glabras.

Espécie arbórea relativamente bem distribuída em mata atlântica e florestas


estacionais do leste do Brasil. Na caatinga tem sido raramente coletada,
especialmente na região sudeste da Bahia, próximo à cidade de Jequié, e no
Piauí, em altitude de ca. 320 m. Floração: x-xii. Frutificação: x-iii.
Pode ser diferenciada das demais espécies de Bauhinia da caatinga pelos
lobos das folhas agudos e relativamente curtos (geralmente menores do que
1/4 do comprimento total da lâmina). Das espécies mais afins (B. aculeata e
B. cacovia), pode ser diferenciada por, além dos caracteres já mencionados,
apresentar folhas, flores e frutos significativamente maiores.

Nome vernacular: miroró ( Jequié, BA).

Material selecionado: Bahia: Itaberaba, L. P. Queiroz et al. 9815 (HUEFS); Jequié, G. P.

Lewis el al. 984 (CEPEC, K). Piauí: Esperantina, E. A. Franco 170 (HUEFS, TEPB).

97
Bauhinia pentandra (Bong.) Vogel ex Steud., Nom. Bot. ed. 2, 1: 992. 1840.
Pauletia pentandra Bong., Mem. Acad. Imp. Sci. Estame. Petersb., ser. 6, Sci. Math.
4 (2): 126. 1836.
Bauhinia heterandra Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 196. 1870.

Arbusto ca. 2-3 m alt., virgado, às vezes escandente; ramos jovens

curtamente pubérulos, armados em cada nó por um par de espinhos

estipulares cônicos, ligeiramente recurvos, acúleo infranodal ausente;

gemas axilares inconspícuas. Pecíolo 11-20 mm; lâmina cartácea a

coriácea, verde-azulada, 5-10,5 x 2,5-6,4 cm, o contorno geralmente

obtrapezoidal com 1/3 inferior ligeiramente pandurado, largamente

elípticos, ca. 1,5-2x mais longos do que largos, dividida por ca. 2/3-3/4

do seu comprimento, lobos oblongos, estreitamente arredondados no

ápice, divergentes (ângulo ca. 60°), base truncada a ligeiramente cordada,

nervuras 9, discolores na face adaxial, salientes na face abaxial, nervuras

secundárias salientes, fortemente ramificadas, deixando a face abaxial

reticulada, face adaxial glabra, face abaxial glabra, raramente pubérula.

Botões subclavados, 5-costados a 5-alados, em pré-antese dilatados no

ápice, curvados para cima e medindo ca. 6,5 cm compr. Flores pareadas,

supra-axilares, geralmente aparecendo no meio do internó; hipanto

cilíndrico, estriado, 21-25 x 6 mm; cálice 37-45 mm, na antese dividido

em 2-4 segmentos, sépalas individuais geralmente corniculadas no dorso

próximo ao ápice; pétalas verde-esbranquiçadas, ca. 22 x 0,5 mm, lineares,

esparsamente barbadas na base; androceu dimórfico, estames férteis 5,

ca. 40 mm compr., curvados para cima no ápice; estaminódios 5, ca. 2/3

do comprimento dos estames, sem anteras ou com anteras atrofiadas;

ovário longamente estipitado, exserto do hipanto, glabro. Legume 15-16,5

x 1,5-1,7 cm, linear, elasticamente deiscente; estípite 3,5-4 cm; valvas

lenhosas, glabras, nigrescentes.

98
Distribuída principalmente no nordeste do Brasil, dos estados do Piauí a
Ceará até a Bahia e norte de Minas Gerais, no Brasil central (Mato Grosso
e Goiás) até o estado de São Paulo. É uma planta encontrada associada a
vegetação sujeita a secas sazonais, como é o caso da caatinga e de florestas
estacionais, mas comumente ocorre em áreas alagáveis dentro destes
ambientes. No domínio da caatinga, ocorre em diferentes fisionomias tanto
sobre solo arenoso quanto argiloso, a altitudes de 220 a 45o m. Floração:
i-ii. Frutificação: i-iv.

Bauhinia pentandra é relativamente fácil de ser reconhecida dentre as espécies


arbustivas pelas suas folhas glaucas relativamente grandes, profundamente
divididas com lobos oblongos e divergentes, além das flores com androceu
dimórfico apresentando 5 estames férteis alternos a 5 estaminódios com
filetes mais curtos e anteras ausentes ou atrofiadas.

Esta planta é referida como boa forrageira para caprinos e bovinos que
pastam suas folhas e frutos jovens (fide Nascimento 425 in sched.).

Nomes vernaculares: mororó-de-bode, pé-de-bode, embira-de-bode (todos


registrados no Piauí).

Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6710 (HUEFS, MAC).

Bahia: Barra do Mendes, M. V. O. Moraes 172 (HUEFS); Bom Jesus da Lapa, R. M.

Harley et al. 21548 (CEPEC, K); Casa Nova, K. R. B. Leite et al. 395 (HUEFS); Ibiraba, L.

P. Queiroz 4892 (HUEFS, SPF); Ipupiara, M. L. S. Guedes et al. 7942 (ALCB, HUEFS);

Morpará, M. L. S. Guedes et al. 7775 (ALCB, HUEFS); Pilão Arcado, L. P. Queiroz et al.

6596 (HUEFS); Santana, L. P. Queiroz et al. 6018 (HUEFS); Serra do Ramalho, J. G.

Jardim et al. 3446 (CEPEC, HUEFS); Sobradinho, L. Coradin et al. 5984 (CEN, HUEFS,

K). Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1411 (EAC, HUEFS); Icó, G. Gardner 1565 (lectótipo

de Bauhinia heterandra Benth.: K); Quixadá, A. Gentry et al. 50211 (K). Minas Gerais:

Pedras de Maria da Cruz, L. P. Queiroz et al. 7518 (HUEFS). Pernambuco: Buíque, E.

Inácio et al. 48 (K, PEUFR). Piauí: Oeiras, g. Gardner 2156 (K); Picos, G. Eiten & L. T.

99
Eiten 10837 (K); São João do Piauí, M. S. B. Nascimento 425 (K); São Raimundo Nonato,

G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1158 (CEPEC, K). Sergipe: Canindé do São Francisco, R.

Silva 1469 (HUEFS, Xingo).

Bauhinia pulchella Benth. in Mart., Fl. Brasil.


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15(2): 190, tab. 49. 1870.
Bauhinia pulchella var. parvifolia Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15(2): 190. 1870.

Arbusto 1,5-3 m alt., ± virgado, ramificação aberta; ramos jovens glabros,

geralmente cerosos. Pecíolo 4-10 mm; lâmina cartácea, 2-3,5(-4,1) x 3,2-

3,9 cm, suborbicular a depressamente suborbicular, tão ou mais larga

do que longa, dividida no ápice por 1/4 a 1/2 do seu comprimento, lobos

largamente arredondados, divergentes (ângulo ca. 30°), base cordada;

nervuras 7, discolores na face adaxial, pouco salientes na face abaxial,

nervuras secundárias inconspícuas, face adaxial glabra, glauca, face

abaxial glabra exceto ocasionalmente por tricomas curtos, esparsos e

ferrugíneos sobre as nervuras, tricomas glandulares numerosos na face

abaxial. Pseudoracemos terminais. Botões cilíndricos, discretamente

estriados, em pre-antese com ápice curvado para cima, medindo ca.

3,5-5,5 cm compr. Flores com hipanto cilíndrico, ca. 12-15 mm compr.;

sépalas ca. 36-55 x 1,5 mm, lineares, na antese espiraladas e torcidas;


pétalas brancas, ca. da metade do comprimento das sépalas, ca. 0,5 mm

larg., lineares; estames férteis 10, 40-70 mm compr.; ovário longamente

estipitado, exserto do hipanto, glabrescente mas com tricomas glandulares

densos. Legume 7-8,5 x 0,8 cm, linear, elasticamente deiscente; estípite

3,5 cm; valvas lenhosas, glabras, nigrescentes.

Bauhinia pulchella ocorre principalmente em cerrado, campos e campos


rupestres do Brasil Central, Pará, Rondônia e Nordeste até Minas Gerais.
Na caatinga ocorre principalmente sobre serras e em áreas de contato com
cerrado nos estados da Bahia e do Piauí, em altitudes de 500 a 1000 m.

100
Floração: ii-viii. Frutificação: iii-vi.

Esta espécie é facilmente diferenciada das demais espécies arbustivas


e inermes da caatinga pelas suas folhas glabras e glaucas, relativamente
pequenas, nervuras secundárias inconspícuas, flores relativamente maiores
e frutos mais estreitos.

Planta referida como pastejada por asininos, caprinos, bovinos e ovinos que
comem as folhas e frutos jovens tanto na estação seca quanto na chuvosa
(fide Nascimento 1080 in sched.).

Nomes vernaculares: mororó-de-bode (Ceará e Piauí), miroró, pata-de-


cabra (ambos em Campo Alegre de Lourdes, BA), pata-de-bode (Gentio
do Ouro, BA), catingueira (Crateús, CE)

Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 3087 (HUEFS, K, SPF); Campo Alegre de

Lourdes, L. P. Queiroz et al. 6178 (HUEFS); Campo Formoso, L. Coradin et al. 6064 (CEN,

HUEFS); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16858 (CEPEC, K); Morpará, M. L. S. Guedes & D.

P. Filho 7864 (ALCB, HUEFS); Remanso, L. Coradin et al. 5942 (CEN, K); Rio de Contas,

A. M. Giulietti et al. 2020 (HUEFS); Santo Inácio, E. Ule 7209 (K); Serra do Açuruá, S. J.

Blanchet 2897 (K); Umburanas, L. P. Queiroz et al. 5243 (HUEFS); Urandi, T. Ribeiro et al.

416 (HRB, HUEFS). Ceará: Aiuaba, L. W. Lima-Verde et al. 220 (EAC, HUEFS); Crateús,

F. S. Araújo 1563 (EAC, HUEFS); Serra da Meruoca, A. Fenandes s.n. (EAC, HUEFS

80711). Piauí: Correntes, L. Coradin et al. 5813 (CEN, HUEFS, K); Oeiras, G. Gardner

2150 (K).

Bauhinia subclavata Benth. in Mart., Fl. Brasil.


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15(2): 188. 1870.

Arbusto 1,5-3 m alt.; ramos jovens pubérulos, raramente glabros. Pecíolo

20-33 mm; lâmina cartácea, 8-13 x 7-10 cm, suborbicular, ± tão ou larga

quanto longa, dividida no ápice por ca. 1/4 do seu comprimento até quase

inteira, lobos largamente arredondados, pouco divergentes (ângulo <

101
30°), base truncada e ligeiramente cordada, nervuras 9, salientes na face

abaxial, nervuras secundárias salientes e geralmente perpendiculares

às principais, face adaxial glabra a esparsamente pubérula, face abaxial

curtamente tomentosa até glabrescente. Pseudoracemos terminais

longamente exsertos. Botões cilíndricos, no ápice dilatados e 5-costados

até 5-alados. Flores com hipanto cilíndrico, ca. 11 mm compr.; sépalas ca.
25 x 2 mm, lineares, na antese espiraladas e torcidas; pétalas brancas, ca.

da metade do comprimento das sépalas, ca. 1 mm larg., lineares; estames

férteis 10, 30 mm compr.; ovário longamente estipitado, exserto do hipanto,

pubérulo. Legume 11-19 x 1,1-1,7 cm, linear, elasticamente deiscente;

estípite 2,6-4,5 cm; valvas lenhosas, pubérulas a glabras, nigrescentes a

castanhas.

Conhecida principalmente na caatinga setentrional, distribuindo-se


do Piauí até o Rio Grande do Norte e, para o sul, até a região limítrofe
entre os estados de Pernambuco e Alagoas, estendendo-se para oeste até
o Maranhão. Na Bahia é conhecida por poucas coletas na região do médio
São Francisco (Bom Jesus da Lapa a Ibotirama). Ocorre em caatinga sobre
solo arenoso e área de contato caatinga-cerrado, em altitudes de 200-250
m. O material abaixo referido para o estado da Bahia necessita ser melhor
estudado e pode pertencer a outro táxon afim a esta espécie. Floração: iv-vi
(-viii). Frutificação: iv-viii.

Bauhinia subclavata é reconhecida principalmente pelos botões florais


dilatados no ápice, fortemente costados até estreitamente alados no ápice.
Na ausência de flores é difícil separá-la de B. cheilantha (ver discussão sob
essa espécie). Por outro lado, apresenta grande variação nos atributos foliares,
especialmente no indumento e na extensão dos lobos. É possível que um
estudo mais detalhado das plantas de caatinga resulte no reconhecimento
de mais de uma espécie. Wunderlin (in sched.) identificou um espécime
relacionado a B. subclavata (R. M. Harley et al. 16521) como B. bonfimensis,

102
Figura 13 A: Bauhinia pulchella (1 - hábito; 2 - flor; 3 - corte longitudinal

103
um táxon ainda inédito.

Planta referida como boa forrageira para diferentes tipos de animais (fide
M. S. B. Nascimento in sched.).

Nomes vernaculares: miroró (geral), mororó-de-boi, mororó-da-chapada,


embira-de-bode (todos no Piauí), pata-de-vaca (Itatim, BA).

Material selecionado: Bahia: Ibotirama, L. Coradin et al. 6594 (CEN, HUEFS, K); Itatim,

E. Melo et al. 1560 (HUEFS); Pilão Arcado, L. Passos et al. 400 (ALCB, HUEFS);

Senhor do Bonfim, K. R. B. Leite et al. 410 (HUEFS); Tucano, D. Cardoso 158 (HUEFS).

Pernambuco: Pesqueira, M. Correia 436 (HUEFS). Piauí: Castelo do Piauí, M. E. Alencar

1089 (K); Colônia do Piauí, F. G. Alcoforado f. (K); Corrente, M. S. B. Nascimento 528 (K);

Gilbués, L. Coradin et al. 5854 (CEN, K); Oeiras, G. Gardner 2154 (tipo de B. subclavata:

K, foto HUEFS); Padre Marcos, M. E. Alencar 244 (HUEFS, TEPB); São Braz do Piauí, L.

P. Queiroz et al. 10090 (HUEFS); Serra Branca, E. Ule 7162 (K).

Phanera Lour.

Lianas inermes, gavinhas axilares ou na base da inflorescência. Folhas

geralmente simples, bilobadas ou inteiras, 5-11-nervadas, mais raramente

divididas em dois folíolos. Inflorescências espigas ou racemes terminais.

Flores pentâmeras; hipanto curto; cálice campanulado a urceolado,

lacínias mais curtas do que o tubo; pétalas brancas ou róseas, estandate

indiferenciado ou diferenciado; androceu diplostêmone, 10 estames férteis;

ovário séssil, 1-5-ovulado. Fruto oblongo a elíptico, indeiscente ou com

deiscência elástica, valvas coriáceas a lenhosas.

Phanera inclui 120-130 espécies distribuídas no Novo Mundo, sul da Ásia e


Malásia. Foi tratado como um subgênero de Bauhinia por Wunderlin et al.
(1987) e na maioria dos herbários e trabalhos florísticos tem suas espécies

104
tratadas como Bauhinia. É possível que estudos filogenéticos que incluam
uma maior representatividade de táxons do Novo Mundo revelem que as
espécies de Phanera deste hemisfério devam ser classificadas no gênero
Schnella, atualmente considerado como sinônimo de Phanera (Lewis et al.
2005).

Phanera assemelha-se a Bauhinia pelas folhas bilobadas com nervação


palminérvia podendo ser diferenciado pelo hábito de liana com gavinhas
(vs. arbustos ou árvores) e pelas flores com hipanto predominantemente
campanulado (vs. estreitamente cilíndrico).

Chave para as espécies de Phanera da caatinga

1. Botões florais com 3-5 mm compr., ovóides, terminando em ápice


inteiro e obtuso; frutos achatados, papiráceos, com uma só semente

2. Flores sésseis; folhas divididas por 1/4 a 1/2 do seu comprimento,


com indumento denso e ferrugíneo na face abaxial.... P. microstachya

2. Flores pediceladas; folhas divididas por mais de 2/3 do seu


comprimento até bifolioladas, glabras................................ P. flexuosa

1. Botões florais com 8-12 mm compr., obcônicos, abruptamente


constritos em uma coroa de 5 lacínias; frutos lenhosos a papiráceos
com mais de 2 sementes

3. Folhas divididas por até 1/3 do seu comprimento, os lobos


resultantes largamente arredondados e face abaxial glabra exceto
sobre as nervuras de maior porte; pétalas rosa-choque P. trichosepala

3. Folhas divididas por mais da metade do seu comprimento até


bifolioladas, o ápice dos lobos (ou dos folíolos) acuminados e
face abaxial densamente seríceo-ferrugínea; pétalas brancas...............
P. outimouta

105
Phanera flexuosa (Moric.) L.P.Queiroz, Neodiversity 1 (1): 6. 2006.
Bauhinia flexuosa Moric., Pl. nouv. Amér. 6: 80, tab. 53. 1840.
Schnella flexuosa (Moric.) Walp.,
����� Repert. Bot. Syst. (Walpers) 5: 572. 1846.
�����

Liana escandendo a 3,5-5 m; ramos glabros; gavinhas geralmente axilares

nas folhas da base da inflorescência. Pecíolo 6-15 mm; lâmina coriácea,

1,7-4,2 x 1,9-5,1 cm, ligeiramente mais largas do que longas, profundamente

bilobadas por mais da metade do comprimento até bifolioladas, lobos

arredondados, paralelos ou divergentes; base profundamente cordada;

nervuras 7, discolores em ambas as faces, nervação de menor porte

reticulada. Racemos laxos, axilares ou terminais; pedicelo 3-7 mm compr.

Botões ovóides, obtusos. Flores com cálice campanulado, tubo ca. 1,5

mm, lacínias 1,5-3,5 mm compr; pétalas brancas, 3-5 x 3-4 mm, obovais;

estames férteis 10, brancos; ovário séssil, viloso, tricomas ferrugíneos, 1-

ovulado. Fruto indeiscente (ou tardiamente deiscente ?), séssil, oblongo-

elíptico, 1,7-2,5 x 0,9-1,3 cm, glabro, papiráceo.

Phanera flexuosa é conhecida principalmente de caatinga e florestas


estacionais no nordeste do Brasil e de algumas coletas antigas (final do
século XIX) do Rio de Janeiro. Ocorre principalmente em caatinga arbórea
do Piauí ao sul da Bahia, sendo mais comum nos limites meridionais
da caatinga, entre Bom Jesus da Lapa e Brumado (estado da Bahia), em
altitudes de 300 a 450 m. Floração: xii-iii. Frutificação: i-iv.

Dentre as espécies de Phanera, P. flexuosa é de fácil reconhecimento pela


combinação de flores pequenas, alcançando no máximo 5 mm compr.,
pediceladas e frutos também relativamente pequenos (até 2,5 cm compr.).
Apresenta maior afinidade com P. microstachya da qual se distingue
pelos folíolos glabros e profundamente divididos, lobos amplamente
arredondados, além das características já referidas.

106
As flores são referidas como fortemente perfumadas e visitadas por abelhas
e borboletas (fide Lewis 1148 in sched.).

Nomes vernaculares: escada-de-macaco-da-catinga (Bahia), cipó-de-mixla


(Piauí), miroró (Boquira, BA, nome comumente usado para várias espécies
de Bauhinia).

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21551 (CEPEC,

K); Boquira, H.P.Bautista et al. 861 (HRB, HUEFS); Brumado, A. M. de Carvalho et

al. 2645 (CEPEC, K); Caetité, B.L.Stannard et al. PCD 5313 (ALCB, HUEFS, K); Don

Basílio, L.P.Queiroz et al. 7070 (HUEFS); Formosa do Rio Preto, E.B.Miranda et al. 329

(HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1878 (CEPEC,

K); Morpará, M.L.S.Guedes & D.P.Filho 7843 (ALCB, HUEFS); Remanso, T.S.Nunes et

al. 676 (HUEFS); Serra do Açuruá, S. J. Blanchet 2853 (síntipo de Bauhinia flexuosa: K,

foto HUEFS). Piauí: s.l., entre Boa Esperança e Santana das Mercês, G. Gardner 2157

(síntipo de Bauhinia flexuosa: K, foto HUEFS); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H.

P. N. Pearson 1148 (K).

Phanera microstachya (Raddi) L.P.Queiroz, Neodiversity 1 (1): 6. 2006.


Schnella microstachya Raddi, Mem. Mat. Fis. Soc. Ital. Sci. Modena, Pt. Mem. Fis.
18: 411. 1820.
Bauhinia langsdorffiana Bong., Mem. Acad. Imp. Sci. Estame. Petersb., ser. 6, Sci.
Math. 4 (2): 109. 1836.
�����
Bauhinia bahiensis Bong., Mem. Acad. Imp. Sci. Estame. Petersb., ser. 6, Sci. Math.
4 (2): 114. 1836.
Bauhinia langsdorffiana var. bahiensis (Bong.) Benth. in Mart., Fl. Brasil.
����������������
15 (2):
204. 1870.
Bauhinia microstachya (Raddi) Macbr., Contrib. Gray Herb., n.s. 59: 22. 1919.
Bauhinia microstachya var. bahiensis (Bong.) Macbr., Contrib. Gray Herb., n.s. 59:
22. 1919.

107
Liana, ramos jovens longitudinalmente estriados, densamente velutinos,

ferrugíneos; gavinhas localizadas próximo ou acima do meio do pedúnculo

da inflorescência. Pecíolo 1,5-10 mm; lâmina coriácea, 2,4-5,4 x 2,6-3 cm,

muito variáveis em forma e grau de divisão dos lobos, o contorno desde

oval, ca. 2x mais longo do que largo, até sub-retangular, ca. 1,5x mais longo

do que largo, lobos de 1/5 a ca. 1/2 do comprimento da lâmina, obtusos a


estreitamente arredondados, paralelos ou ligeiramente divergentes; base

ligeiramente cordada; nervuras 9, salientes na face abaxial, nervuras de

menor porte inconspícuas; face adaxial glabrescente, nítida e rugosa, face

abaxial velutina, tricomas ferrugíneos. Espigas laxas terminais, tendendo

a se agrupar em panículas no ápice dos ramos. Botões ovóides, obtusos.

Flores com cálice campanulado, tubo ca. 2 mm, lacínias ca. 3 mm compr;

pétalas brancas, ca. 6 mm compr., obovais; estames férteis 10; ovário

séssil, viloso, tricomas ferrugíneos, 1-ovulado. Fruto indeiscente, séssil,

oblongo, 4-4,5 x 1,5 cm, papiráceo, indumento velutino, ferrugíneo.

Phanera microstachya ocorre principalmente de florestas úmidas, presente


tanto na Amazônia quanto na mata atlântica. Na região de domínio da
caatinga, é encontrada em áreas de transição com as florestas litorâneas, em
formações conhecidas como matas de cipó e, mais raramente, em algumas
áreas de caatinga arbórea, em altitudes próximas a 900 m. Floração: ii-v.
Frutificação: v.

Esta espécie é muito variável na forma e dimensões das folhas e é possível


que um estudo mais detalhado de sua variação revele que mais de uma
espécie esteja camuflada em sua variação. No contexto das espécies de
Phanera da caatinga, apresenta maior afinidade com P. flexuosa da qual
difere principalmente pelas flores sésseis e folhas com indumento velutino
e ferrugíneo na face abaxial. Além disso, as folhas são lobadas a até metade
do seu comprimento enquanto B. flexuosa tem folhas com lobos alcançando
2/3 ou mais do comprimento total da folha.

108
Material selecionado: Bahia: s.l., S. J. Blanchet 1721 (K); Encruzilhada, A. M. de Carvalho

et al. 6962 (CEPEC, HUEFS); Itiruçu, J. A. de Jesus & T. S. dos Santos 438 (CEPEC, K);

Lajedo do Tabocal, L. C. Sena et al. 14 (HUEFS); Maracás, S. A. Mori & T. S. dos Santos

11787 (CEPEC, K); Seabra, H. S. Irwin et al. 31164 (K). Paraíba: Itapororoca, L. P. Félix

7122 (Hst, HUEFS).

Phanera outimouta (Aubl.) L.P.Queiroz, Neodiversity 1 (1): 7. 2006.


Bauhinia outimouta Aubl., Hist. Pl. Guiane 1: 375, t. 144. 1775.
Bauhinia rubiginosa Bong., Mem. Acad. Imp. Sci. Estame. Petersb., ser. 6, Sci. Math.
4 (2): 112. 1836.

Liana, ramos jovens densamente pubérulos, ferrugíneos. Estípulas

reniformes, 6-8 x 7-10 mm. Pecíolo 25-42 mm; lâmina coriácea, largamente

oval, um pouco mais longa do que larga, dividida por mais da metade de seu

comprimento até bifoliolada, medindo 8-8,5 x 7-7,2 cm, quando bifoliolada

os folíolos medindo 7,5-9 x 3-3,5 cm; lobos acuminados, divergentes

(ângulo ca. 30°); base cordada; nervuras 9, salientes na face abaxial,

nervuras de menor porte inconspícuas; face adaxial glabra e nítida, face

abaxial serícea, ferrugínea. Espigas densas axilares ou terminais. Botões

obcônicos, constritos e 5-apendiculados no ápice. Flores com cálice ±


urceolado, estriado, truncado, 6-7 mm compr., lacínios 3-4 mm compr;

pétalas brancas, 10-14 x 5-8 mm, obovais, unguiculadas; estames férteis

10; ovário séssil, viloso, tricomas ferrugíneos, 4-5-ovulados. Legume

elasticamente deiscente, séssil, oblongo-linear, ca. 8 x 2,4 cm; valvas

lenhosas revestidas por indumento pubérulo e ferrugíneo.

Phanera outimouta é uma espécie mais característica de florestas úmidas,


ocorrendo desde a região amazônica até a mata atlântica e em matas
ciliares do Brasil central. Na região de domínio da caatinga é encontrada
principalmente em matas ciliares e áreas de contato com vegetação florestal

109
de condições mais úmidas, especialmente nos estados do Ceará e Paraíba,
em altitudes de ca. 600 m. Floração: ix-x. Frutificação: ix.

No contexto das espécies de caatinga, P. outimouta possui maior afinidade


com P. trichosepala, da qual se diferencia pelas folhas mais profundamente
lobadas com lobos acuminados e face abaxial serícea e ferrugínea, além
das flores com pétalas brancas. Ambas essas espécies apresentam a pétala
adaxial bem diferenciada, com consistência carnosa e ungüículo dobrado
formando um canal que pode representar um guia de néctar. Dessa forma,
essa pétala pode desempenhar um papel no posicionamento de visitantes
florais que podem atuar como polinizadores efetivos.

Nome vernacular: cipó-de-escada (Mulungu, CE).

Material selecionado: Bahia: Brotas de Macaúbas, L. Coradin et al. 8545 (CEN, HUEFS).

Ceará: Crato, G. Gardner 1566 (K); Mulungu, A. S. F. Castro s.n. (EAC, HUEFS 80692).

Serra do Baturité, E. Ule 9052 (K). Paraíba: Areias, V. P. B. Fevereiro M57 (K).

Phanera trichosepala L.P.Queiroz, Neodiversity 1 (1): 7. 2006.

Liana, alcançando ca. 7-10 m alt.; ramos jovens densamente pubérulos,

ferrugíneos; gavinhas axilares nas folhas da base da inflorescência.

Estípulas setáceas. Pecíolo (6-) 21-26 mm; lâmina 4,4-6 x 5,4-8 cm,

cartácea, suborbicular, um pouco mais larga do que longa, dividida por 1/4

- 1/3 de seu comprimento; lobos amplamente arredondados, divergentes

(ângulo ca. 30°); base fortemente cordada; nervuras 9, salientes na face

abaxial, nervuras de menor porte ± reticuladas, face adaxial glabrescente e

rugosa, face abaxial glabrescente exceto tricomas velutinos e ferrugíneos

sobre as nervuras maiores. Espigas densas, terminais. Botões obcônicos,

constritos e 5-apendiculados no ápice. Flores com cálice largamente

cilíndrico, estriado, truncado, ca. 6 mm compr., lacínias ca. 2 mm compr;

110
pétalas rosa-choque, ca. 25 x 10 mm, obovais, unguiculadas; estames

férteis 10; ovário séssil, viloso, tricomas ferrugíneos, 4-5-ovulado. Legume

indeiscente, estipitado, elíptico-linear, ca. 16 x 4,6 cm, coriáceo, glabro e

nigrescente.

Phanera trichosepala ocorre em caatinga arbórea e matas estacionais,


principalmente sobre solos mais ricos, muitas vezes associada a regiões
próximas a afloramentos calcáreos e altitudes de 800 a 1000 m. Floração:
iii-v. Frutificação: iv-vii.

O nome Bauhinia trichosepala foi proposto por Wunderlin mas nunca


publicado. Esse nome tem sido usado desde a década de 1980 em
espécimes de herbário e trabalhos florísticos (e.g. Lewis 1987). É uma
planta extremamente decorativa, especialmente pelas suas belas flores de
coloração rosa brilhante. A cor da flor já permite reconhecer esta espécie
dentre as demais de Phanera da caatinga, pois todas as demais tem pétalas
brancas.

Plantas do sudoeste da Bahia tem as flores visitadas por várias espécies de


borboletas (Queiroz 5990 in sched.).

Nomes vernaculares: escada-de-macaco (Itaberaba, BA), mororó (Casa


Nova, BA)

Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 1754 (HUEFS, K, SPF); Andaraí, A. M.

Giulietti & R. M. Harley 2082 (HUEFS); Bom Jesus da Lapa, L. Coradin et al. 6353 (CEN,

K); Casa Nova, G. C. P. Pinto s.n. (ALCB, HUEFS 1506); Encruzilhada, R. P. Belém

3625 (K); Formosa do Rio Preto, R. M. Harley et al. 53782 (HUEFS); Ibotirama, T. S. dos

Santos 1592 (CEPEC, K); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3045 (HUEFS,

K); Itaberaba, L. P. Queiroz et al. 10725 (HUEFS); Morro do Chapéu, R. M. Harley et

al. 19397 (CEPEC, K); Ruy Barbosa, D. Cardoso 281 (HUEFS); Santa Maria da Vitória,

L. P. Queiroz et al. 5948 (HUEFS); Santa Rita de Cássia, E. Melo et al. 2743 (HUEFS);

Santana, L. P. Queiroz et al. 5990 (HUEFS); Saúde, M. L. S. Guedes et al. PCD 2901

111
(ALCB, HUEFS); Utinga, G. P. Silva et al. 3618 (CEN, HUEFS). Minas Gerais: s.l., BR

122 próx. trevo para Coronel Enéas, G. Hatschbach et al. 61845 (HUEFS, MBM).

Goniorrhachis Taub.
Gênero monoespecífico, conhecido apenas da Bahia e norte de Minas
Gerais, em caatinga e florestas estacionais.

Goniorrhachis tem um relacionamento ainda mal resolvido com outros


gêneros da subfamília Caesalpinioideae mas, morfologicamente, parece
muito relacionado ao gênero Brodriguesia (da mata atlântica do sul da
Bahia), com o qual compartilha as flores com hipanto alongado, cálice
com 4 sépalas e ovário adnado à porção lateral do hipanto. É possível que
estudos futuros revelem que são co-genéricos.

Goniorrhachis marginata Taub., Flora 75: 77. 1892.


Goniorrhachis marginata var. bahiana R.S.Cowan, Brittonia 33: 14. 1981, syn. nov.

Árvore 9-15(-30) m alt., copada; tronco 10-50 cm DAP, com casca lisa,

cinza-escura; ramos geralmente aparecendo anualmente a partir de gemas


terminais ou subterminais peruladas, os profilos persistentes na base dos

rebrotos, ramos floríferos então marcadamente diferenciados em uma

parte distal folhosa, acastanhada, pubescente, com lenticelas brancas, e

uma porção proximal acinzentada, glabra, geralmente áfila, com lenticelas

amarrozadas. Estípulas não observadas. Folhas dísticas, sem nectários

extraflorais; pecíolo 12-14 mm compr.; raque 1,7-2,6 cm; folíolos 2 pares,

opostos, papiráceos, ligeiramente acrescentes distalmente ou eqüilongos,

os distais 49-85 x 22-35 mm, 2-2,5x mais longos que largos, falcadamente

ovais a lanceolados, ápice obtuso, base fortemente ineqüilateral, fortemente

cordada no lado externo, obtusa no interno, margens crenadas e onduladas,

112
glabros, nervura principal fortemente excêntrica, saliente em ambas as

faces, nervuras secundárias e terciárias salientes e reticuladas em ambas

as faces, pontuações translúcidas ausentes. Panículas terminais, 8-11 cm,

às vezes com folhas reduzidas nos nós, o eixo principal fractiflexo, com 4-7

espigas dispostas disticamente, as espigas basais com 3-5,5 cm, também

com eixo fractiflexo e 5-9 flores com disposição dística; flores sésseis com
brácteas e bractéolas persistentes na base da flor formando uma estrutura

caliciforme, às vezes parecendo pediceladas pela redução dos eixos da

espiga a 1 flor na base da panícula. Botão claviforme, ca. 10 x 4 mm na pré-

antese. Flores perfumadas, pentâmeras, actinomorfas, ca. 15 mm diâm.;

hipanto infundibuliforme, ca. 5 x 3 mm; sépalas 4, reflexas na antese, 5-6

x 3-4 mm, externamente puberulentas, internamente glabras, fortemente

imbricadas; pétalas brancas, 9-11 x 3-6 mm, obovais a oblanceoladas;

estames 10, alternadamente mais longos e mais curtos, os mais longos

com filetes glabros de ca. 11 mm compr., anteras deiscentes por fendas

laterais, oblongas, ca. 2 mm compr.; disco ausente; ovário 10-13-ovulado,

posicionado lateralmente no ápice do hipanto pela adnação do estípite

ao hipanto, cilíndrico, ca. 4-5 mm compr., viloso em toda a superfície ou

apenas nas mergens, tricomas brancos. Legume 5,5-8,5 x 2,2-2,7 cm,

oblongo, oblongo-linear ou largamente elíptico, fortemente compresso,


sutura espessada, costada, ápice mucronado, estipitado, estípite 3-5

mm; valvas rígido-coriáceas, pubescentes, marrons. Sementes 1-3, ±

triangulares, planas, fortemente compressas, 21-23 x 20 mm.

Goniorhachis marginata é conhecida da região centro-sul da Bahia e norte


de Minas Gerais. Ocorre em florestas estacionais e caatinga, especialmente
caatinga arbórea sobre solos mais ricos e na margem de rios temporários,
em altitudes de 240-670 m. Floração: ii-iii. Frutificação: iv-vi(-ix).

É uma espécie taxonomicamente isolada e bem distinta das demais


Caesalpinioideae de caatinga, principalmente pelo seu hipanto longo

113
e infundibuliforme com o ovário lateralmente posicionado no seu ápice
pela adnação do estípite, dando à flor um aspecto semelhante ao de muitas
Connaraceae.

O tipo de G. marginata foi citado por Taubert (1892) como procedente


do Rio de Janeiro e é esta a localidade que consta no espécime (Glaziou
13726). No entanto, em sua lista, Glaziou faz referência ao local de coleta
desta planta como Serra da Babilônia, em Minas Gerais, de onde é mais
provável que este material seja originado dada a distribuição modernamente
conhecida. Cowan (1981) publicou uma nova variedade (var. bahiana)
baseado em diferenças no porte e no indumento do ovário, caracteres que
apresentam muita variação local, razão pela qual optamos por tratá-las
como sinônimos.

Esta planta é potencialmente uma grande árvore e um dos remanescentes


da flora de caatinga arbórea, hoje muito degradada. As plantas coletadas em
caatinga florescem massivamente após as chuvas e suas flores perfumadas
são visitadas por abelhas dos gêneros Centris e Apis (fide Lewis 1909 in
sched.).

Nomes vernaculares: itapicuru, itapicuru-preto.

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, G. Hatschbach & J. M. Silva 50495

(K, MBM); Castro Alves, Scardino in Grupo Pedra do Cavalo 1129 (ALCB, K); Itatim, F.

França et al. 1855 (HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade

1909 (CEPEC, K); Paratinga, G. Hatschbach et al. 61892 (K, MBM); Santa Terezinha, L.

P. Queiroz & N. S. Nascimento 3857 (HUEFS). Minas Gerais: Januária, J. A. Ratter et

al. 3237 (K); Monte Azul, G. Hatschbach et al. 64990 (HUEFS, MBM); Serra da Babilônia

(como “environs of Rio de Janeiro”), A. Glaziou 13726 (tipo de G. marginata; isótipo: K).

Peltogyne Vogel

114
Gênero americano com 23 espécies distribuídas do México e Antilhas até
o sudeste do Brasil, a maioria na Amazônia (Silva 1976).

Peltogyne é representado na caatinga por apenas uma espécie, P. pauciflora.


Silva (1976: 12) indica duas espécies para a caatinga, P. catingae Ducke e
P. pauciflora. No entanto, ao fazer esta afirmação a autora está igualando
dois tipos de vegetação completamente diferentes, as caatingas do nordeste
brasileiro, onde ocorre P. pauciflora, e as catingas amazônicas, onde ocorre P.
catingae. P. confertiflora (Hayne) Benth. é uma espécie que ocorre no oeste
da Bahia e sul do Piauí, mas sempre associada ao bioma cerrado, não sendo,
portanto, incluída neste trabalho.

Peltogyne pauciflora Benth. in Mart., Fl. Brasil.


��������������������������
15 (2): 234. 1870.
Cynometra glaziovii Taub., Flora 75: 76. 1892.
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Peltogyne glaziovii (Taub.) Dwyer, Ann. ����������������������������������
Missouri Bot. Gard. 45: 342. 1958.

Arbusto ou arvoreta (1-)3-6 m alt., ramificado desde a base; ramos

geralmente aparecendo anualmente a partir de gemas terminais ou

subterminais peruladas, os profilos persistentes na base dos rebrotos,

então densamente velutinos com tricomas ferrugíneos. Estípulas ca. 6

x 1,5 mm, oblongo-lineares, precocemente caducas. Folhas bifolioladas,

dísticas, sem nectários extraflorais; pecíolo 4-10 mm compr.; folíolos 1

par, opostos, cartáceos a coriáceos, 31-51 (-75) x 10-21 (-40) mm, 2,5-

3x mais longos que largos, falcadamente lanceolados, ápice obtuso, base

fortemente ineqüilateral, cordada a arredondada no lado externo, cuneada

no interno, face adaxial glabra, face abaxial esparsamente pubérula

(glabrescente) até pilosa, nervura principal fortemente excêntrica e muito

saliente na face abaxial, nervuras secundárias e terciárias salientes

e reticuladas na face abaxial, inconspícuas na adaxial, pontuações

glandulares translúcidas presentes. Panículas terminais curtas, 3-6 cm

115
compr., constituída de racemos curtos, os basais 1,5-2,5 cm; pedicelo 2-4

mm. Botão globoso, ca. 2 mm diâm. na pré-antese. Flores pentâmeras,

actinomorfas, ca. 4-5 mm diâm.; sépalas 5, ca. 3,5-4 x 2,5-3 mm, obovais,

obtusas, externamente puberulentas, internamente glabras, fortemente

imbricadas; pétalas brancas, ca. 4 x 1 mm, oblanceoladas; estames 10,

alternadamente mais longos e mais curtos, os mais longos com filetes


glabros de ca. 5 mm compr., anteras deiscentes por fendas laterais,

elípticas, ca. 1,2 mm compr.; disco inconspícuo; ovário 6-8-ovulado,

compresso, largamente elíptico, ca. 2,5 x 1,25 mm, glabro. Legume ca.

3,2 x 3,1 cm, suborbicular, fortemente compresso, sutura não alada, ápice

mucronado, estipitado, estípite ca. 1,5 mm; deiscência passiva ao longo da

sutura ventral; valvas lenhosas, glabras, nigrescentes. Semente elíptica,

compressa, 11-13 x 7 x 2 mm; testa óssea, lisa, castanho-escura.

Peltogyne pauciflora é uma espécie característica da caatinga, distribuindo-


se do Ceará ao norte de Minas Gerais (Silva 1976). Cresce principalmente
sobre areia, em dunas interiores, bancos arenosos de rios e ‘caatingas de
areia’, em altitudes de 250 a 400 m. Floração: x-ii. Frutificação: iii-ix.

Esta espécie pode ser diagnosticada, no contexto das plantas de caatinga,


pelas folhas bifolioladas com folíolos pontuados, flores pequenas (ca. 5
mm diâm.) com pétalas e frutos monospérmicos fortemente compressos.
Os outros gêneros da tribo Detarieae que incluem espécies com folhas
bifolioladas são Guibourtia e Hymenaea. De Guibourtia esta espécie pode
ser separada pelas flores com pétalas e de Hymenaea pelas flores muito
menores e frutos compressos (em Hymenaea as flores medem mais de 10
mm e os frutos são robustos, indeiscentes, com 2 ou mais sementes).

Nomes vernaculares: buranhê, imburanhê (gerais na Bahia), coração-de-


negro (Glória, BA).

Material selecionado: Bahia: s.l. (“Jacobina” ou “Villa da Barra”), J. S. Blanchet 3150 (tipo

116
de P. pauciflora; holótipo: K, foto HUEFS); Campo Formoso, L. Coradin et al. 6065 (CEN,

K); Cansanção, R. M. Harley et al. 16400 (CEPEC, K); Casa Nova, L. P. Queiroz et al.

7920 (HUEFS); Filadélfia, R. M. Harley et al. 16146 (CEPEC, K); Glória, F. P. Bandeira

132 (ALCB, HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick 3644 (HUEFS, K); Itaberaba, G. C. P. Pinto 97-84

(HRB, HUEFS); Itatim, F. França et al. 1481 (HUEFS); Pilão Arcado, A. M. Miranda et al.

3025 (Hst, HUEFS); Rio de Contas, A. M. Giulietti et al. 2009 (HUEFS); Serra do Açuruá,
H. C. de Lima et al. 3948 (K, RB); Xique Xique, A. M. Giulietti et al. PCD 2977 (ALCB,

HUEFS). Paraíba: Serra Branca, M. R. Barbosa et al. 2208 (HUEFS). Pernambuco:

Buíque, K. Andrade et al. 49 (K, PEUFR). Segipe: Canindé do São Francisco, R. Silva &

D. Moura 1736 (HUEFS, Xingo).

Hymenaea L.

Árvores grandes, copadas, menos freqüentemente arbustos, inermes;

tronco com exsudado resinoso. Folhas bifolioladas, dísticas, sem nectários

extraflorais; folíolos, sem pontuações glandulares translúcidas (pelo

menos não visíveis nas espécies de caatinga). Inflorescências panículas,

as unidades da inflorescência racemos, cada um com flores disticamente

dispostas; botões globosos. Flores pentâmeras, actinomorfas; hipanto


campanulado; sépalas 4, carnosas, fortemente imbricadas, pubescentes

externa e internamente; pétalas 5, brancas a creme, obovadas, sésseis

ou ungüiculadas; estames 10; anteras deiscentes por fendas laterais,

oblongas; disco intraestaminal presente; ovário 5-10-ovulado, estipitado,

compresso, glabro ou viloso, às vezes com apenas um tufo de tricomas

na base. Fruto indeiscente, lenhoso, oblongo a ± rombóide, cilíndrico

a ligeiramente compresso, a superfície rugosa devido à presença de

lenticelas e bolsas resinosas. Sementes 3-6, elipsóides a ± cuboidais,

envolvidas por endocarpo farináceo.

Hymenaea inclui cerca de 14 espécies, 13 das quais ocorrem no Neotrópico,

117
do México ao norte da Argentina, e uma espécie na costa oriental da África
(Lee & Langenheim 1975).

O gênero pode ser reconhecido pela combinação das folhas bifolioladas


com as flores relativamente grandes, com pétalas, e frutos robustos, lenhosos
e indeiscentes. As flores são relativamente maciças com antese noturna,
período no qual libera um forte odor frutífero. Estes caracteres podem ser
associados à polinização por morcegos, o que tem sido confirmado por
estudos de ecologia da polinização de diferentes espécies do gênero.

Hymenaea maranhensis Y.-T. Lee & Langenheim não foi incluída neste
trabalho. Ela é conhecida do sudeste do Maranhão, em área de cerrado,
sobre solo arenoso. Uma coleta feita sobre afloramentos rochosos em
Serra Branca (provavelmente sul do Piauí, Ule 7149) pode pertencer a esta
espécie, apresentando o mesmo tipo de indumento do ovário descrito por
Lee & Langenheim (1975), viloso na base e ao longo de uma das margens,
mas não apresenta os demais caracteres diagnósticos referidos por estes
autores. Estranhamente, este espécime não foi referido na monografia do
gênero, apesar de ter sido visto pelos autores.

1. Ovário viloso em toda sua extensão; pecíolo curto, com 2-5 mm


compr....................................................................................H. eriogyne

1. Ovário glabro ou com um tufo de tricomas apenas na base; pecíolo


com pelo menos 10 mm compr.

2. Folíolos com face abaxial pubérula até densamente


tomentosa....................................................................... H. martiana

2. Folíolos glabros nas duas faces

3. Folíolos com base bastante prolongada e amplamente cordada

118
no lado externo; ápice arredondado a emarginado.......H. velutina

3. Folíolos falcados, com a base arredondada ou ligeiramente


cordada no lado externo; ápice agudo a obtuso...........H. courbaril

Hymenaea courbaril L., Sp. Pl.: 1192. 1753.


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Árvore 8-15 m alt., tronco 25-50 cm DAP; ramos jovens glabros. Folhas

dísticas; pecíolo 13-17 mm compr.; folíolos coriáceos, 40-120 x 25-70

mm, ca. 1,5-2x mais longos que largos (ver variedades), falcadamente

lanceolados a elítpicos, ápice agudo a truncado e atenuado em ponta

aguda (ver variedades), base fortemente assimétrica, arredondada a

fortemente cordada no lado externo, cuneada a arredondada no interno,

glabros, nervura principal fortemente excêntrica, saliente na face abaxial;

pontuações translúcidas ausentes. Panícula terminal, 10-15 cm, eixos

glabros; pedicelo 6-10 mm compr. Botão obovóide, ca. 15 x 10 mm na

pré-antese. Flores com hipanto campanulado ca. 6 x 5 mm; sépalas 18-

22 x 8-18 mm, obovais, externamente pubescentes, tricomas ferrugíneos,

internamente seríceas, tricomas amarelos; pétalas brancas, 20-21 x 9-

10 mm, obovais; estames 35-40 mm compr.; ovário compresso, glabro,

estipitado, estípite 4-10 mm compr.; estilete ca. 25-30 mm. Fruto maduro 8-

15 x 4-6 x 2-5,5 cm, oblongo, cilíndrico, ligeiramente compresso, superfície

marrom-escura, lenticelosa.

Hymenaea courbaril é a espécie de Hymenaea com distribuição mais ampla,


ocorrendo do sul do México e Antilhas ao sudeste do Brasil (Lee &
Langenheim 1975). É, também, uma espécie muito variável em caracteres
morfológicos e seis variedades foram reconhecidas por Lee & Langenheim,
duas das quais ocorrem na caatinga (abaixo referidas).

No contexto das plantas de caatinga, H. courbaril pode ser facilmente

119
reconhecida pela combinação dos folíolos glabros e predominantemente
lanceolados a oblongos, com ápice agudo e obtuso.

Chave para as variedades

1. Folíolos elípticos com ápice arredondado atenuado em ponta obtusa,


de 8 a 12 cm compr. e 4 a 7 cm larg.................................. var. longifolia

1. Folíolos falcadamente lanceolados, agudos, de 5 a 7 cm compr. e 2,5-


3 cm larg. ................................................................... var. courbaril

Hymenaea courbaril L. var. courbaril

Planta com ampla distribuição geográfica, coincidente com a referida para


a espécie. É mais característica de ambientes florestais.

Nome vernacular: jatobá.

Material selecionado: Bahia: Campo Alegre de Lurdes, L. P. Queiroz et al. 6244 (HUEFS);

Quixaba, M. L. S. Guedes & D. P. Filho 7928 (ALCB).

Hymenaea courbaril var. longifolia (Benth.) Y.-T.Lee & D.A.Lima, J.


Arn. Arb. 55: 448. 1974.
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Hymenaea splendida var. longifolia Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 237. 1870.

Esta planta apresenta uma distribuição relativamente restrita, sendo


conhecida do sul do Caerá (Serra do Araripe) à Bahia, referida por Blanchet
(in sched.) como “Villa da Barra”. Infelizmente as amostras existentes não
têm boas indicações do habitat e as áreas onde esta espécie ocorre contêm
transições entre caatinga, cerrado e florestas estacionais. Floração: xi-xii.
Frutificação: ix.

Nomes vernaculares: jatobá (geral), jatobá-de-porco (Brasileira, PI).

120
Material selecionado: Bahia: s.l. (“Villa da Barra”), J. S. Blanchet 3135 (tipo de H. splendida

var. longifolia; holótipo: K, isótipo: R); Gentio do Ouro, R. Tourinho et al. 28 (HRB, HUEFS).

Ceará: Barra do Jardim, G. Gardner 1938 (K); Chapada do Araripe, Y.-T. Lee & D. A. Lima

110 (IPA, K). Piauí: Brasileira, M. E. Alencar et al. 812 (HUEFS, TEPB).

Hymenaea eriogyne Benth. in Mart., Fl. Brasil.


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15 (2): 237. 1870.

Árvore de 3-8 (-12) m alt., tronco com ca. 20 cm DAP, casca lisa e

acinzentada; ramos jovens glabros até vilosos. Folhas dísticas; pecíolo

2-4 mm compr.; folíolos coriáceos, 20-55 x 25-34 mm, ca. 1,5x mais

longos que largos, largamente oblongos a obovais, ápice arredondado

a emarginado, base fortemente assimétrica, cordada no lado externo,

cuneada no interno, margem espessa, revoluta, face adaxial glabra,

nítida, face abaxial pubérula até glabra, nervura principal fortemente

excêntrica, juntamente com os 6-7 pares de nervuras seundárias salientes

na face abaxial e imersas na adaxial, pontuações translúcidas ausentes.

Racemo ou panícula paucirramosa terminal, 7-15 cm; pedicelo 2-3 mm

compr. Botão elipsóide, ca. 26 x 14 mm na pré-antese. Flores ca. 2,6

cm diâm.; hipanto campanulado ca. 7 x 7 mm; sépalas 15-25 x 12-15

mm, obovais, externamente velutinas, tricomas ferrugíneos, internamente


seríceas, tricomas branco-amarelados; pétalas brancas, 18-22 x 8-12 mm,

oblanceoladas; estames 24-28 mm compr.; ovário compresso, oblongo, ca.

9 x 4 mm, densamente canescente-lanoso; estilete ca. 21-25 mm. Fruto

maduro 9-14 x 3-4,5 x ca. 3 cm (quando coletado imaturo freqüentemente

compresso), oblongo, subcilíndrico, superfície marrom revestida por

numerosas lenticelas.

Hymenaea eriogyne é uma espécie endêmica da caatinga, distribuindo-se


pelos estados do Ceará, Piauí, Pernambuco e Bahia. Ocorre com freqüência
em áreas de solo arenoso e/ou pedregoso, em altitudes de 300 a 500 m,

121
alcançando ca. 850 m na serra do Curral Feio (centro-norte da Bahia).
Floração: ii-iv. Frutificação: vi-ix.

Esta espécie é relativamente distinta das demais de caatinga pelas suas


folhas relativamente pequenas, com pecíolo e folíolos mais curtos do que
os das demais espécies. Além disso, é a única espécie de caatinga que
apresenta o ovário tomentoso em toda sua extensão. Quando apresentando
folhas novas, H. martiana pode ser confundida com H. eriogyne, pois ambas
apresentam folíolos obovais com ápice arredondado mas H. martiana tem
folhas, mesmo jovens, com pecíolo de pelo menos 10 mm compr., associado
ao ovário glabro ou com um tufo de tricomas na base.

Nomes vernaculares: jatobá (geral), jatobá-batinga (Crateús, CE).

Material selecionado: Bahia: s.l. (como “Villa da Barra” ou “Jacobina”), J. S. Blanchet

3096 (tipo de H. eriogyne; holótipo: K, foto HUEFS); Gentio do Ouro, E. Melo et al. 2701

(HUEFS); Juazeiro, H. S. Curran 250 (US); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16782 (CEPEC,

K); Morpará, M. L. S. Guedes & D. P. Filho 7901 (ALCB, HUEFS); Pilão Arcado, A. M.

Miranda et al. 3019 (Hst, HUEFS); Quixaba, M. L. S. Guedes & D. P. Filho 7929 (ALCB,

HUEFS); Santo Inácio, R. M. Harley at al. 19016 (CEPEC, K); Serra do Açuruá, H. C. de

Lima et al. 3947 (K, RB); Xique Xique, H. S. Brito et al. 316 (CEPEC, K). Ceará: s.l., Ph.

von Luetzelburg 26320 (M); Crateús, F. S. Araújo 1383 (EAC, HUEFS). Pernambuco:

Araripina, D. A. Lima & M. Magalhães 52-1094 (IPA). Piauí: Bom Jesus, L. Coradin et al.

5873 (CEN, K).

Hymenaea martiana Hayne, Arzneik. gebräuchl. 11, pl. 15. 1830.


Hymenaea sellowiana Hayne, Arzneik. gebräuchl. 11,
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p. 16. 1830.

Árvore de 5-12 (-30) m alt., tronco 20-40 (-50) cm DAP, casca lisa, cinza,

com algumas faixas horizontais mais claras; ramos jovens pubérulos.

Folhas dísticas; pecíolo 10-18 mm compr.; folíolos coriáceos, 48-78 x 27-

122
Figura 14 A: Goniorrhachis marginata (1 - hábito; 2 - botão floral; 3 - flor
aberta; 4 - estame); B: Hymenaea courbaril (1 - hábito; 2 - estame no botão

123
41 mm, ca. 1,8-2,3x mais longos que largos, obliquamente lanceolados

a elípticos, ápice arredondado, freqüentemente com uma ponta adicional

obtusa, base fortemente assimétrica, arredondada no lado externo, cuneada

no interno, margem espessa mas plana, face adaxial glabra, nítida, face

abaxial densamente tomentosa, raramente com indumento mais esparso

e pubérulo, nervura principal fortemente excêntrica, juntamente com os


7-8 pares de nervuras seundárias salientes na face abaxial e planas na

adaxial, pontuações translúcidas ausentes. Panícula curta, compacta,

multiflora, terminal, 8-9 cm; pedicelo 4-7 mm compr. Botão elipsóide, ca.

24 x 12 mm na pré-antese. Flores com hipanto campanulado ca. 7 x 7

mm; sépalas 12-14 x 8-10 mm, obovais, externamente velutinas, tricomas

ocráceos, internamente seríceas, tricomas esbranquiçados; pétalas

brancas, 15-17 x 6-8 mm, oboval-oblanceoladas; estames 24-26 mm

compr.; ovário compresso, oblongo, ca. 5 x 2,5-3 mm, totalmente glabro

ou, mais freqüentemente, com um tufo de pêlos longos na base; estilete

ca. 18 mm. Fruto maduro 9-12 x 3-4,5 x 2,5-3 cm, oblongo, cilíndrico ou ±

compresso, superfície marrom a nigrescente, lisa a lenticelosa.

Hymenaea martiana distribui-se no leste da América do Sul, do sul do


Ceará ao norte da Argentina, sendo encontrada principalmente em
cerrado e caatinga (Lee & Langenheim 1975). No bioma caatinga, ocorre
principalmente em áreas de contato com cerrado e com florestas estacionais
ou em margens arenosas de riachos temporários. Floração: xii. Frutificação:
i-iii.

Esta espécie pode ser diagnosticada pela combinação do ovário glabro ou


com um tufo de tricomas na base e folíolos predominantemente obovais
e pubescentes na face abaxial. Alguns espécimes com folhas jovens podem
ser confundidos com H. eriogyne, podendo ser distinguidos principalmente
pelo comprimento do pecíolo e indumento do ovário (ver discussão de H.
eriogyne).

124
Nome vernacular: jatobá.

Material selecionado: Bahia: Barro Alto, T. S. Nunes et al. 922 (HUEFS); Bom Jesus da

Lapa, R. M. Harley et al. 21570 (CEPEC, K); Campo Alegre de Lurdes, L. P. Queiroz et al.

7833 (HUEFS); Canudos, F. H. F. Nascimento et al. 346 (HUEFS); Jacobina, J. S. Blanchet

2648 (K); Gentio do Ouro, E. R. Souza et al. 283 (HUEFS); Livramento do Brumado, L.

P. Queiroz & N. S. Nascimento 3658 (HUEFS, K); Pernambuco: Parnamirim, Y.-T. Lee

& D. A. Lima 125 (IPA, K). Piauí: Paranaguá, G. Gardner 2533 (K, foto HUEFS, material

impropriamente designado como neótipo de H. martiana); São Raimundo Nonato, G. P.

Lewis & H. P. N. Pearson 1123 (K).

Hymenaea velutina Ducke, Archiv. Jard. Bot. Rio


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de Janeiro 4: 48. 1925.

Árvore de 2-5 m alt., tronco com casca lisa, acinzentada; ramos jovens

glabros, acastanhados, revestidos por lenticelas oblongas, esbranquiçadas.

Folhas dísticas; pecíolo 13-25 mm compr.; folíolos coriáceos, 40-98 x

20-52 mm, ca. 1,5-2x mais longos que largos, obliquamente oblongos a

obovais, ápice arredondado, freqüentemente com uma ponta adicional

obtusa, base fortemente assimétrica, fortemente cordada no lado externo,

obtusa a arredondada no interno, margem plana, glabros, nervura

principal fortemente excêntrica, apenas saliente na face abaxial, as

demais inconspícuas, incluindo os 7-8 pares de nervuras secundárias,

pontuações translúcidas ausentes. Panícula terminal paucirramosa, 9-13

cm, eixos velutinos, ferrugíneos; pedicelo 6-8 mm compr. Botão obovóide,

ca. 30 x 10 mm na pré-antese. Flores com hipanto campanulado ca. 8 x 7

mm; sépalas 18-20 x 9-12 mm, obovais, externamente velutinas, tricomas

ocráceos, internamente seríceas, tricomas amarelos; pétalas brancas, 20-

23 x 13-15 mm, obovais; estames 24-26 mm compr.; ovário compresso,

glabro, estipitado, estípite ca. 6 mm compr.; estilete ca. 18 mm. Fruto

maduro 6,5-11 x 2,5-5 x 1,7-3 cm, oblongo, cilíndrico, superfície marrom-

125
clara a escura, lenticelosa e densamente reticulada.

Endêmica do nordeste do Brasil (Lee & Langenheim 1975), distribuindo-


se do norte dos estados do Maranhão e Piauí ao centro-norte e oeste da
Bahia, a oeste do rio São Francisco. Os habitats desta planta no bioma
caatinga são pobremente registrados. Registros confiáveis indicam sua
presença sobre areia (tanto em áreas tabulares quanto em dunas interiores).
Floração: ix.xii. Frutificação: xii.

Hymenaea velutina apresenta alguma semelhança na forma dos folíolos


com H. eriogyne e H. martiana, todas elas possuindo folíolos ovais ou
obovais com ápice arredondado. No entanto, os folíolos de H. velutina
são completamente glabros e apresentam a base bastante prolongada
e auriculada do lado externo, condições não observadas nos folíolos das
outras espécies citadas. Folíolos glabros são também encontrados em H.
courbaril mas esta espécie possui folíolos predominantemente lanceolados
a oblongos com ápice agudo a obtuso, nunca com ápice arredondado como
em H. velutina.

Nomes vernaculares: jatobá-da-casca-fina, jatobá-da-catinga (ambos na


Bahia), jatobá-de-porco, jatobá-de-véia (ambos no Ceará).
Material selecionado: Bahia: Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 7404 (HUEFS); Gentio do

Ouro, A. M. de Carvalho & J. Saunders 2900 (CEPEC, K); Santa Rita de Cássia (como

“Santa Rita”), L. Zehntner 375 (R). Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1489 (EAC, HUEFS).

Piauí: Bom Jesus da Gurguéia, L. P. Félix 7943 (Hst, HUEFS); Parnaíba, D. A. Lima 54-

2091 (IPA); Picos, Y.-T. Lee & D. A. Lima 115 (IPA, K).

Guibourtia J.J.Benn.
Pequeno gênero tropical, com cerca de 14 espécies, a maioria da África e
apenas uma espécie nas Américas.

126
Guibourtia pode ser diagnosticado pelas folhas bifolioladas com folíolos
falcados e pontuados por glândulas translúcidas, racemos axilares, flores
apétalas com as 5 sépalas formando um cálice cruciforme, fruto folículo
e sementes com arilo carnoso. O gênero é claramente afim a Copaifera,
compartilhando os folíolos pontuados e as flores apétalas com cálice
cruciforme. Os caracteres que permitem distinguir os dois gêneros estão
referidos na discussão de Copaifera.

No contexto das plantas de caatinga, é possível confundir Guibourtia com


espécies de Hymenaea e Peltogyne, todos apresentando folhas bifolioladas
com folíolos falcados. Guibourtia é facilamente diferenciado de Hymenaea
pelos folíolos pontuados, pelas flores apétalas e pelo fruto compresso,
monospérmico e deiscente (em Hymenaea o fruto é cilíndrico, indeiscente
e com 3 ou mais sementes). De Peltogyne é diferenciado pelas flores
apétalas.

As espécies Copaifera com folhas unijugas foram reconhecidas como


distintas deste gênero quando Britton & Wilson (1929) criaram o
gênero Pseudocopaiva para acomodá-las. Posteriormente, Léonard (1949)
reconheceu a identidade de Pseudocopaiva com o gênero Guibourtia, até
então exclusivamente africano, e transferiu para Guibourtia as quatro
espécies americanas de Copaifera com folhas unijugas. Barneby (1996)
reuniu todas estas espécies em G. hymenaeifolia que, no conceito atual, é a
única para as Américas.

Guibourtia hymenaeifolia (Moric.) J.Léonard, Bull. Jard. Bot. État 19: 401.
1949.
Copaifera hymenaeifolia Moric., Mém. Soc. Phys. Genéve 6: 529, tab. 1. 1833.
Copaifera confertiflora Benth. in Mart., Fl. Bras.
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15 (2): 241. 1870 (erroneamente
grafado como ‘confertifolia’ por Dwyer 1951).

127
Pseudocopaiva hymenaeifolia (Moric.) Britton & Wilson, Trop. Woods. 20: 28.
1929.
Guibourtia confertiflora (Benth.) J.Léonard, Bull. Jard.
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Bot. État 19: 401. 1949.

Arbusto ou arvoreta, inerme; ramos jovens pubérulos. Estípulas lineares,

ca. 5 x 1 mm. Folhas bifolioladas, espiraladas, sem nectários extraflorais;

pecíolo 4-22 mm compr.; folíolos 1 par, opostos, papiráceos, 55-75 x

24-32 mm, ca. 2,3x mais longos que largos, falcadamente lanceolados,

agudos a obtusos, base fortemente ineqüilateral, cordada a arredondada

no lado externo, cuneada no interno, glabros nas duas faces; nervura

principal fortemente excêntrica, saliente na face abaxial, nervuras

secundárias e terciárias apenas ligeiramente salientes e reticuladas nas

duas faces; pontuações glandulares translúcidas presentes. Racemos

axilares, isolados ou geminados, 2,5-4,5 cm, mais curtos do que as folhas

subjacentes, flores dispostas congesta e espiraladamente no ápice do eixo

reto. Botão globoso, ca. 2 mm diâm. na pré-antese. Flores pentâmeras,

actinomorfas, ca. 9 mm diâm.; sépalas 5, brancas, 2 das quais coniventes

e côncavas no ápice, resultando em um cálice cruciforme, ca. 4 x 1,8 mm,

oval-lanceoladas, agudas, externamente puberulentas, internamente curta

e densamente pubescentes, fortemente imbricadas; pétalas ausentes;

estames 10, alternadamente mais longos e mais curtos, os mais longos

com filetes glabros de ca. 8 mm compr., anteras deiscentes por fendas

laterais, elípticas, ca. 1,5 mm compr.; disco inconspícuo; ovário 2-ovulado,

compresso, suborbicular, ca. 1,5 x 1,2 mm, margens hirsutas. Folículo 1,7-

2,5 x 1,3-1,4 x 0,5 cm, hemi-orbicular a largamente oblongo, compresso,

muito assimétrico no ápice e na base, apiculado, estipitado, estípite 1-

3 mm; deiscência passiva ao longo da sutura ventral; valvas lenhosas,


glabras, nigrescentes. Semente 1, elipsóide, ca. 11 x 7 x 4 mm; testa lisa,

castanha; arilo laranja, carnoso, ca. ¼ do comprimento da semente.

128
Guibourtia hymenaeifolia é uma espécie descontinuamente distribuída nas
Antilhas e América do Sul, ocorrendo em três áreas principais: Cuba e ilha
de Hispaniola, leste da Bolívia, norte do Paraguai e estado do Mato Grosso
do Sul (Brasil), e leste do Brasil, onde é conhecida por poucas coletas no
norte de Minas Gerais e sul do Piauí. Esta espécie foi incluída com alguma
hesitação pois não há indicação positiva de que ocorra no bioma caatinga.
Os materiais do norte de Minas Gerais foram coletados em áreas onde há
caatinga, cerrados e matas ciliares ( Jacinto, Januária e Pedra Azul), o mesmo
podendo ser verificado no sul do Piauí. Optei por incluí-la neste trabalho
a fim de chamar a atenção para a necessidade de novas coletas que possam
melhorar o conhecimento sobre essa planta. Floração: ?. Frutificação: ii-iv.

Dwyer (1951) estranhamente aceitou esta planta como uma espécie de


Copaifera (erroneamente grafada como ‘confertifolia’), apesar de aceitar
o gênero Pseudocopaia (Dwyer 1951: 149) praticamente na mesma
circunscrição moderna de Guibourtia.

Material selecionado: Bahia: Senhor do Bonfim, D. Cardoso 727 (HUEFS); Minas Gerais:

Jacinto, G. Hatschbach & J. Cordeiro 52720 (K, MBM); Januária, W. R. Anderson 9115

(K). Piauí: s.l. (provavelmente próximo a Oeiras), K. F. Ph. von Martius s. n., s. d. (M).

Copaifera L.

Árvores ou arvoretas, menos freqüentemente arbustos, inermes;

tronco com exsudado claro mas avermelhado quando oxidado, casca

freqüentemente aromática. Folhas paripinadas, dísticas, sem nectários

extraflorais; folíolos (sub-) opostos até alternos, 1-5 pares, com ou sem

pontuações glandulares translúcidas. Inflorescências panículas, as

unidades da inflorescência espigas dispostas disticamente, cada espiga

com flores dísticas; botões globosos. Flores pentâmeras, actinomorfas;

129
sépalas 5, 2 das quais coniventes e côncavas no ápice, resultando em um

cálice cruciforme, apenas ligeiramente imbricadas, subvalvares, geralmente

brancas na face interna; pétalas ausentes; estames 10, alternadamente

mais longos e mais curtos, anteras deiscentes por fendas laterais,

oblongas a elípticas; disco conspícuo intraestaminal, carnoso; ovário 1-

2-ovulado, curtamente estipitado, compresso, glabro ou com margens


hirsutas, estilete recurvado em gancho no ápice. Fruto ± suborbicular,

passivamente deiscente; valvas lenhosas a rígido-coriáceas, ± carnosas.

Semente 1, elipsóide, nigrescente; arilo carnoso, amarelo ou branco.

Copaifera é um gênero com cerca de 25-35 espécies, a maioria do Novo


Mundo e 4 espécies na África.

É um grupo com taxonomia complexa, apresentando limites imprecisos


em relação a outros gêneros da tribo Detarieae (p.ex. Guibourtia). No nível
intragenérico também apresenta uma taxonomia confusa, especialmente na
delimitação de suas espécies. O trabalho mais recente sobre a taxonomia
das espécies neotropicais (Dwyer 1951) apresenta muitos problemas, desde
uma má delimitação dos táxons até uma chave que é quase impossível de
ser utilizada por conta de erros cometidos pelo autor (ver, por exemplo,
comentários sobre C. coriacea). Necessita de uma urgente revisão,
combinando um intenso trabalho de herbário com trabalhos de campo
e dados moleculares a fim de estabelecer limites interespecíficos mais
precisos. Estudos de biologia de suas espécies também são extremamente
necessários pois nas zonas de contato entre diferentes táxons parece haver
formação de enxames de híbridos que podem ter como conseqüência uma
grande sobreposição em caracteres diagnósticos.

As espécies de caatinga pertencem a três complexos, cada um dos quais


com espécies muito semelhantes entre si e com caracteres diagnósticos
que podem ser interpretados como resultantes de diferentes condições

130
ecológicas às quais diferentes populações encontram-se submetidas. Um
destes complexos inclui C. langsdorffii, caracterizado pelo porte arbóreo
robusto e folhas multijugas com folíolos pontuados e arredondados no ápice.
Um segundo envolve C. cearensis e é caracterizado pelas folhas paucijugas
(2-3 pares de folíolos) com folíolos pontuados e atenuados no ápice. Este
complexo inclui ainda espécies como C. duckei, C. guianensis e C. officinalis
cuja separação de C. cearensis é muito tênue. O terceiro complexo inclui as
espécies semelhantes a C. coriacea e C. rigida, particularmente C. martii e C.
luetzelburgii, sendo caracterizado pelas folíolos coriáceos e não pontuados.

Um cuidado que se deve ter ao usar quaisquer dos trabalhos disponíveis


(inclusive este) para identificar espécies de Copaifera é a observação das
pontuações. Em geral este caráter é geralmente de fácil observação mas
pode ser dependente mais da espessura do limbo do que da presença ou não
de estruturas secretoras. Em material fresco, as glândulas, quando presentes,
em geral são facilmente visíveis quando os folíolo são observados contra a
luz. O mesmo é verdade para materiais secos embora, neste caso, materiais
herborizados com álcool possam ter as glândulas escuras e confundidas
com o mesofilo.

No contexto dos gêneros de caatinga, as espécies de Copaifea podem ser


facilmente reconhecidas pelas flores apétalas e inflorescências com ramos
dísticos. Os frutos também são bem característicos, apresentando forma ±
orbicular e são deiscentes com apenas uma semente, esta apresentando um
arilo conspícuo branco ou amarelo. Os caracteres das flores e dos frutos
podem também ser encontrados no gênero Guibourtia do qual Copaifera se
diferencia pelas folhas com 2 ou mais pares de folíolos (em Guibourtia as
folhas têm, sempre, exatamente 1 par de folíolos), pela filotaxia dística tanto
das folhas quanto dos eixos secundários da panícula (em Guibourtia ambos
são espiralados), pelas flores sésseis (vs. pediceladas) e pela deiscência do

131
fruto (legume bivalvar em Copaifera e folículo em Guibourtia.

1. Folíolos pontuados por glândulas translúcidas

2. Folíolos em 2-3 pares, ovais, com ápice atenuado e obtuso...............


C. cearensis

2. Folíolos em (3-) 4-5 pares, oblongos a elípticos, com ápice


arredondado e emarginado...........................................C. langsdorffii

1. Folíolos sem pontuações translúcidas

3. Folíolos em 4-5 pares com até 25 mm compr. e 15 mm larg.;


raque foliar com segmentos interfoliolares de 9-11 mm.... C. coriacea

3. Folíolos em 2-3 pares com pelo menos 40 mm compr. e 20 mm larg.


(geralmente maiores); raque foliar com segmentos interfoliolares
de 17-26 mm........................................................................C. rigida

Copaifera cearensis J.Huber ex Ducke, An. Acad. Brasil. Ci. 31: 291. 1959.

Árvore 5-7 m alt., copada, copa densa, ca. 5 m diâm., às vezes florescendo

com ca. 1,5 m alt., tronco com casca lisa e acastanhada, essencialmente

glabra. Pecíolo 15-20 mm compr.; raque 2,1-5,5 cm; segmentos

interfoliolares 15-35 mm; folíolos 2-3 pares, (sub-) opostos, coriáceos,

acrescentes distalmente, os distais 48-66(-73) x 29-45 mm, 1,5-1,8(-2,2)x

mais longos que largos, largamente-ovais a, raramente, oval-elípticos,

atenuados em ápice obtuso a acuminado e ligeiramente retuso, base

cordada, menos freqüentemente arredondada, glabros, nervura principal

ligeiramente excêntrica, nervuras secundárias 10-19 pares, divergindo na

principal em ângulo de ca. 60°, todas as nervuras, incluindo as de menor

porte salientes e fortemente reticuladas em ambas as faces, definindo

132
aréolas ± quadradas de ca. 1 mm diâm., pontuações pequenas (ca. 1/5

mm) ocupando o centro da aréola, amarelo-amarronzadas. Panícula

axilar, 6-8 cm, ± do mesmo comprimento da folha subjacente, com eixo

fractiflexo e 6-9 eixos laterais espiciformes dísticos, divergindo em ângulo

de ca. 45°; espigas basais 2-3 cm compr., 6-9-floras; brácteas ca. 1 x 1

mm, largamente oval, precocemente caduca. Botão globoso, ca. 4 mm


diâm. na pré-antese. Flores ca. 9 mm diâm.; sépalas ca. 4 x 1,5 mm,

lanceoladas, acuminadas, externamente glabras, internamente hirsutas

com tricomas branco-amarelados; estames 10, filetes glabros, 5-6 mm,

anteras dorsifixas, oblongas, ca. 2 mm, com conectivo muito espesso

separando as duas tecas; ovário 2-ovulado, compresso, suborbicular, ca.

1,8 x 1,2 mm, margens hirsutas; estilete geniculado na base e recurvado

em gancho no ápice. Legume 2,4-2,6 (-3,5) x 1,7-2,1 (-2,4) x 1-1,3 cm,

obliquamente oblongo, em seção transversal elíptico, assimétrico no ápice

e na base, apiculado, séssil ou estipitado, estípite 2-4 mm; valvas lenhosas,

± suculentas, glabras, castanhas. Semente elipsóide, ca. 19 x 10 x 8 mm;

testa nigrescente; arilo cupuliforme ântero-lateral, amarelo.

Copaifera cearensis é uma espécie aparentemente endêmica do nordeste do


Brasil, distribuída nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia
(Ducke 1959), ocorrendo em caatinga florestas plúvio-nebulares, assim
como em dunas litorâneas.

Dwyer (1951) incluiu as plantas da região da serra do Baturité em C. duckei


Dwyer. O material estudado de C. duckei, proveniente do Pará, mostra
folíolos mais delgados e inflorescências mais longas com ramos mais
delicados do que o observado em C. cearensis. É possível que após um estudo
mais amplo da variação neste grupo se conclua que se tratam, realmente, de
uma só espécie. Até então, estou mantendo C. cearensis como uma espécie
boa diferenciada de C. duckei pelos seus folíolos mais coriáceos, ramos da
inflorescência mais robustos e botões florais maiores.

133
Esta espécie pode ser reconhecida pelos seus folíolos pontuados, ovais,
atenuados em ápice obtuso, em 2 a 3 pares. A forma e dimensões dos
folíolos são semelhantes aos de C. martii, espécie que, diferentemente de
C. cearensis, apresenta os folíolos desprovidos de pontuações. C. langsdorfii,
da mesma forma que C. cearensis, apresenta os folíolos pontuados mas estes
ocorrem em maior número (3 a 5 pares, em plantas de caatinga) e tem a
forma predominantemente oblonga com ápice arredondado (não atenuado).
Além disso, as pontuações em C. langsdorffii são muito mais conspícuas, ca.
0,5-1 mm compr.

Ducke (1959) reconheceu duas variedades, as duas ocorrendo na caatinga,


as quais são diferenciadas principalmente pelo número de folíolos, como
pode ser visto na chave abaixo. Além do número de folíolos, a var. arenicola
tende a apresentar folíolos proporcionalmente mais largos e mais rígidos
do que na var. cearensis.

1. Folíolos em 2 pares com margem espessa e revoluta........... var. arenicola

1. Folíolos em 3 pares com margem espessa mas plana............var. cearensis

Copaifera cearensis var. arenicola Ducke, An. Acad. Brasil. Ci. 31: 293. 1959.

Raque foliar 1,5-2,4 cm; folíolos em 2 pares, largamente ovais, os distais

50-60-63 x 29-35-34 mm, ca. 1,7-1,9x mais longos do que largos, margem

espessa e revoluta; nervuras secundárias 10-13 pares.

Ocorre em dunas litorâneas e em caatinga, sempre em solos muito arenosos,


no Ceará e Rio Grande do Norte, reaparecendo na Bahia na região do Raso
da Catarina, em altitudes de até 300 m. Floração: xi-xii. Frutificação: v-vi.

Nome vernacular: pau-d’óleo (Bahia).

134
Material selecionado: Bahia: Canudos, L. P. Queiroz et al. 7186 (HUEFS); Raso da

Catarina, C. C. Bichara f. s. n. 17.xii.1982 (ALCB, K); Tucano, L. M. Gonçalves 107 (HRB,

K). Ceará: Fortaleza, A. Ducke 2368 (K; material de dunas litorâneas).

Copaifera cearensis J.Huber ex Ducke var. cearensis

Raque foliar 4,6-6,5 cm; folíolos em 3 pares, oval-elípticos, os distais 5-5,5

x 2,1-2,7, ca. 1,8-2,2x mais longos do que largos, raramente largamente

ovais, margem espessa mas plana; nervuras secundárias 17-19 pares.

Planta de caatinga e florestas estacionais sobre serras, sendo particularmente


comum na serra do Baturité (estado do Ceará). É referida por Ducke
(1959) para os estados do Ceará e Bahia mas eu só consegui confirmar sua
presença no Ceará, em altitudes de 300 a 700 m. Floração: vi. Frutificação:
vi-ix.

Nome vernacular: pau-d’óleo (Ceará).

Material selecionado: Ceará: Alcântara, A. Fernandes s.n. EAC 17048 (EAC, HUEFS);

Alto da Jibóia, A. Ducke 2446 (tipo de C. cearensis: K, foto HUEFS); Crato, P. Botelho s.

n. viii.1955 (K); Guaramiranga, F. Linhares s. n. ix.1955 (K); Serra da Aratanha, P. Bezerra

s. n. viii.1955 (K).

Copaifera coriacea Mart., Reise Bras. 1: 285. 1823.


Copaifera cordifolia Hayne, Arzneyk. Gebräu. 10: 21. 1825.

Arvoreta ou árvore de 1-5 m alt.; ramos jovens glabrescentes ou

curtamente pubérulos, tricomas amarronzados. Pecíolo 6-9 mm compr.;

raque 2,9-3,3 cm; segmentos interfoliolares curtos, 9-11 mm, deixando os

folíolos ± sobrepostos; folíolos (4-) 5 pares, opostos, fortemente coriáceos,

ligeiramente decrescentes em cada extremidade da raque, os distais 19-

25 x 12-15 mm, 1,6-1,8x mais longos que largos, elíptico-obovais, ápice

135
arredondado, emarginado, base arredondada a ligeiramente cordada,

face adaxial glabra, face abaxial curtamente pubérula, nervura principal

ligeiramente excêntrica, nervuras secundárias 8-10 pares, divergindo da

principal em ângulo de ca. 60°, nervuras salientes e fortemente reticuladas

na face adaxial, menos evidentes na abaxial, aréolas ± quadradas, muito

densas, ca. 0,3 mm diâm., pontuações ausentes. Panícula axilar ou


terminal, 9-11 cm, mais longa do que a folha subjacente, com eixo fractiflexo

e 9-11 eixos laterais espiciformes dísticos, divergindo em ângulo de ca.

60°; espigas basais 3,5-4,5 cm compr., 12-14-floras; brácteas ca. 2 x 1,5

mm, suborbiculares, caducas. Botão globoso, ca. 3,5 mm diâm. na pré-

antese. Flores ca. 6 mm diâm.; sépalas ca. 3 x 1,5 mm, oval-lanceoladas,

agudas, externamente glabras ou esparsamente pubérulas, internamente

hirsutas com tricomas branco-amarelados; filetes glabros, 3-4 mm, anteras

dorsifixas, oblongas, ca. 1 mm; ovário 2-ovulado, compresso, suborbicular,

ca. 1,3 x 1 mm, margens hirsutas. Legume 1,7 x 1,4 x 0,8 cm, obliquamente

suborbicular, assimétrico no ápice e na base, mucronado, curtamente

estipitado, estípite ca. 1 mm; valvas rígido-coriáceas, ± suculentas, glabras,

avermelhadas. Semente elipsóide, ca. 12 x 9 mm; testa nigrescente; arilo

cobrindo ca. ¼ do comprimento da semente.

Copaifera coriacea é uma espécie de caatinga, ocorrendo ao norte da Chapada


Diamantina e no sul do Piauí, especialmente em solo arenoso, sendo
particularmente comum na região do baixo-médio São Francisco e na serra
do Açuruá (Bahia), de 500 a 700 m alt. Floração: ii-iv, ix Frutificação: iv-
vi.

Esta espécie representa a forma mais reduzida das espécies de Copaifera com
folíolos não pontuados. Pode ser reconhecida pelos seus folíolos pequenos
e geralmente sobrepostos, pubérulos na face abaxial. Dwyer (1959) indicou
para esta espécie 8-10 pares de folíolos mas, analisando o mesmo material
citado por este autor encontramos 4 a 5 pares (8 a 10 folíolos).

136
Nome vernacular: sapucaia (Ibiraba, BA), cacuricabra (Casa Nova, BA),
podói-mirim (Piracuruca, PI).

Material selecionado: Bahia: Barra, J. S. Blanchet 3091 (BR, K, W); Casa Nova, L. P.

Queiroz et al. 7419 (HUEFS); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 19147 (CEPEC, K);

Ibiraba, L. P. Queiroz 4789 (HUEFS, SPF); Juazeiro, K. F. Ph. von Martius 2888 (tipo de

C. coriacea: M); Serra de Santo Inácio, E. Ule 7525 (K). Piauí: Campo Maior, C. G. Lopes

et al. 152 (HUEFS, TEPB); Oeiras, G. Gardner 2090 (K); Piaracuruca, M. E. Alencar 1261

(TEPB).

Copaifera langsdorffii Desf., Mem. Mus. Paris 7: 377. 1821.

Árvore 4-12 m alt., copada, às vezes florescendo com ca. 2 m alt.,

tronco com ca. 22-40 cm DAP, casca rugosa, amarronzada, fissurada,

a entrecasca alaranjada, com exsudado translúcido quando cortada;

ramos jovens e eixos da inflorescência densa e curtamente pubérulos,

tricomas acastanhados. Pecíolo 5-10 (-18) mm compr.; raque 3,1-3,7

(-7) cm; segmentos interfoliolares 14-25 mm; folíolos 3-5 pares, (sub-)

opostos a alternos, coriáceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os

distais 33-57 x 16-29 mm, 2-2,2x mais longos que largos, elípticos, ápice

arredondado a obliquamente obtuso, emarginado, base arredondada a

cuneada, margem nerviforme, discolor, avermelhada, glabros, às vezes

esparsa e muito curtamente pubérulos sobre a nervura principal, nervura

principal ligeiramente excêntrica, nervuras secundárias 11-12 pares,

divergindo na principal em ângulo de ca. 60°, todas as nervuras incluindo

as de menor porte salientes e fortemente reticuladas em ambas as faces

definindo aréolas ± quadradas de ca. 1 mm diâm., pontuações numerosas,

conspícuas (ca. 0,5-1 mm compr.), translúcidas, amarelo-claras. Panícula

axilar, 9,5 cm, ± do mesmo comprimento da folha subjacente, com eixo

fractiflexo e 9-15 eixos laterais espiciformes dísticos, divergindo em ângulo

137
de ca. 45°; espigas basais 1,5-1,8 cm compr., 5-10-floras; brácteas < 0,5

mm compr. Botão globoso, ca. 2,5 mm diâm. na pré-antese. Flores ca.

7 mm diâm.; sépalas creme-esverdeadas, 3-3,5 x 1-1,5 mm, lineares a

lanceoladas, agudas, externamente glabras, internamente hirsutas com

tricomas branco-amarelados; estames 10, filetes glabros, 5 mm, anteras

dorsifixas, oblongas, ca. 1 mm, apiculadas, com conectivo não espessado;


disco verde-escuro, quase preto; ovário 2-ovulado, compresso, suborbicular,

ca. 1-1,5 x 0,8-1 mm, margens hirsutas; estilete reto na base e recurvado

em gancho no ápice. Legume 2,1-2,8 x 1,5-1,9 x 0,6 cm, largamente

elíptico, ligeiramente compresso, em seção transversal estreitamente

elíptico, assimétrico no ápice e na base, mucronado, estipitado, estípite ca.

2 mm; valvas lenhosas, ± suculentas, glabras, avermelhadas. Semente

elipsóide, ca. 18 x 10 x 8 mm; testa nigrescente; arilo alcançando ca. ¾ do

comprimento da semente, avermelhado.

Copaifera langsdorffii é amplamente distribuída na América do Sul, das


Guianas até o Paraguai, sendo uma espécie relativamente comum em
florestas decíduas e cerradão. Não é uma planta muito característica da
caatinga e é provável que sua presença neste domínio ocorra apenas em
áreas de contato com estas outras formações, pois é coletada pricipalmente
em áreas de serras, de 600 a 950 m alt. Floração: xii-i. Frutificação: ii-iv.

É uma espécie taxonomicamente complexa e extremamente variável.


Bentham (1870) reconheceu quatro variedades que foram também aceitas
por Dwyer (1951), que ainda acrescentou uma variedade para a região
amazônica. É possível que, aplicando os conceitos de Bentham e Dwyer, as
plantas de caatinga se enquadrem nas variedades langsdorffii e grandifolia.
No entanto é necessário um bom estudo da variação desta espécie, inclusive
com o estabelecimento de limites mais naturais em relação a outras espécies,
pois muitos dos caracteres citados como diagnósticos por estes autores se
sobrepõem amplamente.

138
O conceito adotado neste trabalho de C. langsdorffii e que permite separá-
la das demais espécies de caatinga é o de plantas com 3-4 pares de folíolos,
pontuados, glabros, predominantemente oblongos a oblongo-elípticos e
com o cálice externamente glabro e internamente hirsuto. Infelizmente
esta circunscrição é insuficiente para diagnosticar essa espécie ao longo de
toda a sua área de distribuição.

No contexto das plantas de caatinga, alguns espécimes depauperados de C.


langsdorffii podem ser confundidos com C. coriacea mas esta espécie tem
folíolos mais espessos, fortemente coriáceos e sem pontuações glandulares.

Nomes vernaculares: copaíba, pau-d’óleo, podói (gerais).

Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 1507 (HUEFS, K, SPF); Barra, J. S.

Blanchet 3113 (síntipo de C. langsdorffii var. grandifolia Benth.: K, foto HUEFS); Brotas

de Macaúbas, G. Hatschbach et al. 67695 (HUEFS, MBM); Caetité, A. M. de Carvalho et

al. 1741 (CEPEC, K); Ipupiara, E. Saar et al. 54 (ALCB); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S.

Nascimento 3403 (HUEFS, K); Jacobina, A. M. Amorim et al. 992 (CEPEC, K); Lagoinha,

R. M. Harley et al. 16854 (CEPEC, K); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de

Andrade 1907 (CEPEC, K); Maracás, S. A. Mori et al. 10047 (CEPEC, K); Rio de Contas,

R. M. Harley et al. 27718 (CEPEC, K). Urandi, J. G. Jardim et al. 3340 (CEPEC, HUEFS).

Ceará: Barra do Jardim, G. Gardner 1929 (K); Crato, A. H. Gentry et al. 50032 (K); Crato,

A. M. Miranda & D. Lima 3100 (Hst, HUEFS). Minas Gerais: Januária, J. Costa 359

(HUEFS); Pedras de Maria da Cruz, L. P. Queiroz et al. 7515 (HUEFS). Pernambuco:

Brejo da Madre de Deus, L. M. Nascimento & A. G. da Silva 519 (HUEFS, PEUFR) Piauí:

Castelo do Piauí, J. M. Costa et al. 91 (HUEFS, TEPB).

Copaifera rigida Benth. in Mart., Fl. Brasil.


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15 (2): 243. 1870, excl. syn.
Copaifera martii Hayne.

Arbusto ou arvoreta 1,5-3 m alt.; ramos jovens curta e densamente

139
pubérulos, tricomas amarronzados a ferrugíneos. Pecíolo 6-17 mm compr.,

raramente ausente; raque 2,5-5,5 cm; segmentos interfoliolares 17-26

mm; folíolos 2-3 pares, (sub-) opostos, fortemente coriáceos, ligeiramente

acrescentes distalmente, os distais (40-) 42-53 x (20-) 25-34 mm, 1,5-1,7

(-2)x mais longos que largos, largamente elípticos a largamente obovais,

ápice arredondado, emarginado, base arredondada, face adaxial glabra,


face abaxial curtamente pubérula, às vezes pilosa sobre a nervura principal,

margens revolutas, nervura principal ligeiramente excêntrica, muito mais

saliente do que as demais na face abaxial, nervuras secundárias 13-15

pares, divergindo da principal em ângulo de quase 90°, pouco evidentes

mas as nervuras de menor porte salientes e fortemente reticuladas

nas duas faces, aréolas ± quadradas, muito densas, ca. 0,3 mm diâm.,

pontuações ausentes. Panícula axilar ou terminal, 11-17 cm, mais longa

do que a folha subjacente, com eixo reto ou ligeiramente sinuoso; espigas

15-21, divergindo em ângulo de ca. 45°; as basais 4-5,5 cm compr., 23-31-

floras; brácteas ca. 2-3 x 1,5-2 mm, largamente ovais, obtusas, caducas.

Botão globoso, ca. 3,5 mm diâm. na pré-antese. Flores ca. 7 mm diâm.;

sépalas ca. 3,5 x 2 mm, oval-lanceoladas, agudas, externamente glabras

ou esparsamente pubérulas no ápice, internamente hirsutas com tricomas

amarelados; filetes glabros, ca. 4 mm, anteras dorsifixas, oblongas, ca. 1


mm; ovário 1-2-ovulado, compresso, suborbicular, ca. 2,5 x 2 mm, margens

hirsutas. Legume ca. 1,7-1,9 x 1,2-1,3 x 1,1 cm, obliquamente elíptico,

muito assimétrico no ápice e na base, mucronado, curtamente estipitado,

estípite ca. 2 mm; valvas lenhosas, ± suculentas, glabras, avermelhadas.

Semente elipsóide, ca. 10 x 7 mm; testa nigrescente; arilo cobrindo ca. ¼

do comprimento da semente.

Copaifera rigida ocorre no nordeste do Brasil, no sul dos estados do Ceará


e Piauí e norte e noroeste da Bahia, onde ocorre em caatingas arbustivas,
geralmente sobre solos pedregosos. Floração: iii-vi. Frutificação: vi-ix (-

140
xii).

Copaifera rigida foi considerada por Ducke (1959) como uma variedade
de C. martii Hayne, e por Dwyer (1951) como um sinônimo desta espécie.
Analisando vários espécimes destes dois táxons, verifica-se que C. rigida
distingue-se de C. martii pelos folíolos largamente elípticos com ápice
arredondado e emarginado, com margem revoluta (em C. martii os folíolos
são ovais com ápice atenuado e obtuso e margem plana). Além disso, os
morfos associados a C. martii ocorrem na região amazônica enquanto os
relacionados a C. rigida são procedentes de caatinga e, talvez, de cerrado. É
possível que após um estudo mais aprofundado deste complexo se conclua
que estes táxons são realmente co-específicos mas, até lá, prefiro manter C.
rigida como uma espécie distinta.

Por outro lado, é possível que C. rigida seja co-específica com C. luetzelburgii,
um táxon mais característico de cerrado e com morfologia muito
semelhante à de C. rugida. Harms (1924) distinguiu C. luetzelburgii de C.
rigida principalmente pelas brácteas maiores e folíolos mais pubescentes,
caracteres variáveis em C. rigida, embora populações mais típicas de
cerrado apresentem, em geral, brácteas maiores. Os espécimes-tipo de
C. luetzelburgii não foram vistos de modo que estou mantendo C. rigida
como uma espécie distinta de C. luetzelburgii, a primeira sendo encontrada
proncipalmente na caatinga e a segunda no Brasil Central em cerrado e
matas ciliares.

Material selecionado: Bahia: Barra, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4070 (HUEFS, K);

Gentio do Ouro, R. T. Pennington & H. S Britto 255 (K) Ceará: Aracati, F. J. Mattos s. n.

iii.1956 (K); Crato, P. Botelho s. n. ix.1955 (K). Piauí: Correntes, L. Coradin et al. 5825

(CEN, K); Oeiras, G. Gardner 2089 (tipo de C. rigida; holótipo: K, foto HUEFS).

141
Poeppigia C.Presl
Gênero neotropical com apenas uma espécie, distribuída em três grandes
centros (ver discussão da espécie). Poeppigia é um gênero relativamente
isolado na subfamília Caesalpinioideae, sendo caracterizado pela corola
pseudopapilionóide, com a pétala adaxial ereta, simulando um estandarte,
e as demais quatro pétalas ± encurvadas, as abaxiais ladeando o androceu
de modo semelhante às pétalas da carena. Os frutos são indeiscentes,
fortemente compressos, com uma estreita ala dorsal. Estes caracteres,
associados aos numerosos e relativamente pequenos folíolos oblongos,
podem diferenciar prontamente Poeppigia dos demais grupos de caatinga.

Poeppigia procera C.Presl, Symb. Bot. 1: 16. 1830.

var. conferta Benth. in Mart., Fl. Brasil.


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15 (2): 54. 1870.
Poeppigia densiflora Tul., Ann. Sc. Nat. 4: 122. 1844.

Árvore (3-) 4-12 m alt., copada, DAP 8-15 cm, inerme, tronco com casca

lisa e acinzentada; ramos jovens pubérulos, precocemente lenhosos;

gemas ovóides, revestidas por profilos imbricados, presentes na axila

de algumas folhas antes da floração ou no final da frutificação, às vezes

visíveis na base dos ramos em expansão. Estípulas lineares, ca. 3 x 0,5

mm, caducas. Folhas dísticas, paripinadas, sem nectários extraflorais;

pecíolo 4-6 mm; raque 4,5-6,5 cm; segmentos interfoliolares 3-5 mm;

folíolos opostos, (8-)12-17 pares, papiráceos, ligeiramente decrescentes

nas duas extremidades da raque, os medianos 10-13 x 3,5-5 mm, ca. 2,6-

3,3x mais longos que largos, oblongos, ápice arredondado a truncado, face

adaxial glabra, face abaxial glabra a pubérula; nervura principal mediana,

juntamente com as secundárias saliente na face adaxial. Inflorescências

em dicásios axilares nas folhas distais dos ramos, com 3-4 ordens de

142
ramificação, 3,5-4 cm compr., mais curtos do que a folha sujacente e

imersos na folhagem; pedicelo 4-5 mm. Botões oblongóides. Flores

ca. 0,8 cm diâm., zigomorfas; hipanto campanulado, 2,5-3 mm compr.;

sépalas verde-amareladas, 0,8-1 x 0,5-1,2 mm, deltóides, agudas, eretas;

pétalas amarelas, ca. 9-10 x 2-3 mm, elípticas, ungüiculadas, a vexilar

ereta simulando um estandarte, as demais retas simulando alas e carena,


o perianto assim pseudo-papilionóide; estames 10, 8-10 mm compr.,

alternadamente mais longos e mais curtos, anteras curtas deiscentes por

2 fendas introrsas; ovário estipitado, exserto do hipanto, 8-10-ovulado,

tomentoso. Fruto indeiscente, 3,5-4,5 x 1,1-1,4 cm, oblongo, fortemente

compresso, margem dorsal com ala estreita de 1-1,5 mm larg.; pericarpo

papiráceo, glabro, verde-amarronzado.

Poeppigia procera é uma espécie com três áreas principais de distribuição, do


sul do México, Antilhas e América Central até o Paraguai, na parte sul da
Amazônia brasileira e no nordeste do Brasil até Minas Gerais (Prado 1991).
Não existe um estudo taxonômico recente de sua variação mas Bentham
(1870) reconheceu duas variedades, as plantas de caatinga correspondendo
à var. conferta. Na caatinga, esta planta ocorre do sul do Ceará e sudeste
do Piauí até o centro sul da Bahia (provavelmente também no norte de
Minas Gerais), principalmente em caatinga arbórea e sobre solos arenosos,
argilosos ou pedregosos, em altitudes de 320 a 925 m. Floração: xi-iii.
Frutificação: xii-vi.

Esta espécie pode ser reconhecida pela sua corola pseudopapilionóide


associada aos folíolos pequenos, oblongos e numerosos (12-17 pares) e aos
frutos papipráceos, fortemente compressos, com estreita ala dorsal.

Alguns dos nomes vernaculares sugerem que esta planta possui madeira
dura. A casca, quando cortada, apresenta odor semelhante ao de ervilha-de-
jardim, segundo alguns coletores ingleses. Provavelmente isso está associado

143
a substâncias presentes na casca que, em contato com a água, produz espuma
e, por isso, é usada como shampoo para lavagem de cabelo.

Nomes vernaculares: sabão, sabonete, saboeiro (Bahia), coração-de-negro


(Piauí), lava-cabeça (Caetité, BA), pau-branco (Glória, BA), sussarana
(Canudos, BA), pau-de-machado, pau-liso, cabo-enchó (São Raimundo
Nonato, PI).

Material examinado: Bahia: Abaíra, R. M. Harley et al. 50497 (HUEFS, K, SPF); Araci, A. M.

Giulietti & R. M. Harley 1714 (HUEFS); Boninal, G. Hatschbach & J. M. Silva 50159 (KM,

MBM); Caetité, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3641 (HUEFS); Canudos, F. H. M. Silva

et al. 301 (HUEFS); Glória, F. P. Bandeira 115 (ALCB, HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick 3610

(HUEFS); Itatim, F. França et al. 1955 (HUEFS); Jacobina, J. S. Blanchet 2667 (síntipo

de P. procera var. conferta: K); Jequié, A. M. de Carvalho 138 (CEPEC, K); Jeremoabo,

R. P. Orlandi 428 (HRB, K); Jussiape, G. P. Lewis et al. CFCR 6940 (K, SPF); Milagres,

R. M. Harley 19414 (CEPEC, K); Paramirim, R. M. Harley & N. Taylor 27027 (CEPEC, K);

Remanso, T. S. Nunes et al. 683 (HUEFS); Santa Terezinha, L. P. Queiroz 3850 (HUEFS);

Serra do Açuruá, J. S. Blanchet 2796 (síntipo de P. procera var. conferta: K); Tucano, A. M.

de Carvalho & D. J. N. Hind 3866 (CEPEC, HUEFS). Ceará: Campos Sales, A. H. Gentry

et al. 50126 (K). Pernambuco: Araripina, A. M. Miranda et al. 2943 (Hst, HUEFS). Piauí:

Jaicós, G. P. Lewis et al. 1338 (K); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson

1125 (K);s.l., entre Boa Esperança e Santana das Mercês, G. Gardner 2142 (síntipo de P.

procera var. conferta: K).

Apuleia Mart.

Árvores inermes, copadas, florescendo precocemente antes da expansão

das folhas a partir de gemas dormentes, estas protegidas por profilos

imbricados. Estípulas ovais, cedo caducas Folhas sem nectários

extraflorais, imparipinadas; folíolos alternos, nervação peninévia,

144
broquidódroma. Inflorescências dicásios com 3-4 ordens de ramificação,

geralmente agrupados em fascículos, geralmente partindo de braquiblastos

laterais ou de ramos áfilos em início de expansão. Flores pequenas, < 1

cm compr.; hipanto campanulado. sépalas fortemente reflexas na antese;

pétalas 3, brancas ou amareladas; estames 3(-4) com filetes espessados,

anteras basifixas deiscentes por 2 pequenas fendas apicais; ovário


curtamente estipitado, 1-4-ovulado, estilete espessado, estigma truncado

e oblíquo. Fruto indeiscente, plano-compresso, estipitado, largamente

elíptico a suborbicular, margem dorsal estreitamente alada.

Pequeno gênero da América do Sul, com duas a três espécies distribuídas


da Amazônia peruana e brasileira ao Paraguai passando pelo Nordeste do
Brasil e matas ciliares do Brasil Central.

O padrão de variação apresentado por diferentes populações de Apuleia


sugerem a existência de uma variação clinal no número, tamanho e
indumento dos folíolos assim como no tamanho dos frutos, caracteres
tradicionalmente usados para diagnosticar espécies neste gênero. Há,
portanto, desacordo entre diferentes autores quanto ao número de espécies
a serem reconhecidas em Apuleia e o gênero mereceria um bom estudo
morfométrico a fim de se avaliar com mais objetividade a sua problemática
taxonômica.

As duas espécies existentes na área de domínio da caatinga podem ser


separadas pelos seguintes caracteres:

1. Fruto com ápice cuspidado e corpo medindo 4-4,5 cm compr.;


sépalas densamente pubérulas; restrita à Chapada do Ibiapaba
(Ceará)............................................................................. A. grazielanae

1. Frutos com ápice mucronado, o corpo medindo até 3 cm

145
compr.; sépalas esparsamente pubérulas; centro-sul e sudeste da
Bahia.....................................................................................A. leiocarpa

Apuleia grazielanae Afr.Fern., Bradaea 6 (33): 284. 1994.

Árvore ca. 5 m alt.; ramos jovens pubérulos, castanho-escuros, lenticelosos.

Pecíolo 8-10 mm; raque 4-4,7 cm; segmentos interfoliolares 11-14 mm;

folíolos 5-7, cartáceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os distais 28-

35 x 15-19 mm, ca. 2x mais longos que largos, elípticos a oblongos, ápice

arredondado a ligeiramente retuso, face adaxial curtamente pubérula, face

abaxial pubérula; nervura principal mediana, muito saliente na face abaxial,

nervuras secundárias e terciárias discolores na face adaxial, salientes e

reticuladas em ambas as faces. Dicásios (poucos vistos) com eixo ca.

25 mm compr., congestos; pedicelos ca. 9 mm compr. Hipanto ca. 1 mm

compr.; sépalas ca. 4 x 1,5 mm, oblongo-lineares, densamente pubérulas

na face externa; pétalas (não vistas, descritas a partir de Fernandes 1994)

amarelas, menores do que as sépalas, obovais ou oblongas. Fruto 4-

4,5 x 2,4-4,8 cm, suborbicular a largamente elíptico, atenuado na base

em estípite de 12-13 mm, ápice cuspidado por 10-13 mm, ala dorsal ca.

1,5-2 mm larg.; valvas rígido-coriáceas, densamente seríceas, tricomas

dourados.

Apuleia grazielanae é uma espécie endêmica da área de domínio da


caatinga, ocorrendo apenas na Chapada do Ibiapaba sobre solos arenosos,
em vegetação localmente denominada de carrasco, em altitudes de ca. 700
m (fide Fernandes 1994). Floração e frutificação: xii (?).

Os caracteres diferencias entre A. leiocarpa (+ A. molaris) e A grazielanae


são relativamente instáveis em A. leiocarpa (forma, ápice e indumento
dos folíolos, forma dos dos frutos) exceto o ápice do fruto que nunca

146
se apresenta cuspidado como em A. grazielanae, sendo este o caráter
usado neste trabalho para separar estas duas espécies. Outro caráter que
pode auxiliar o reconhecimento desta espécie são as sépalas densamente
pubérulas, condição não observada em A. leiocarpa. Como foram observados
poucos espécimes desta planta de caatinga, este caráter deve ser usado com
precaução. De qualquer modo, A. grazielanae tem distribuição restrita à
Chapada do Ibiapaba, no Ceará, portanto alopátrica em relação a A.
leiocarpa.

Material examinado: Ceará: Viçosa do Ceará, A. Fernandes & Matos s. n. 14.xii.1985 (K).

Apuleia leiocarpa (Vogel) Macbride, Contr. Gray Herb. 59: 23. 1919.
Leptolobium ? leiocarpum Vogel, Linnaea 11: 393. 1837.
Apuleia praecox Mart., Herb. Fl. Bras.: 123. 1837.

Árvore 4-6 m alt.; tronco ca. 15 cm DAP, casca lisa, descamante

em placas irregulares, caducifolia, geralmente florescendo antes da

expansão das folhas e, portanto, as folhas adultas encontradas apenas

no espécimes com frutos; ramos esparsamente pubérulos, castanho-

escuros, lenticelosos. Pecíolo 10-14 mm; raque 3,8-5,2 cm; segmentos

interfoliolares 9-12 mm; folíolos 7-9, cartáceos, ligeiramente acrescentes

distalmente, os distais 28-40 x 13-19 mm, ca. 2x mais longos que largos,

elípticos a elíptico-oblongos, ápice arredondado a ligeiramente retuso,

face adaxial curtamente pubérula, face abaxial pubérula; nervura principal

mediana, muito saliente na face abaxial, nervuras secundárias e terciárias

discolores na face adaxial e salientes na abaxial, reticuladas. Dicásios

curtos, eixo 5-14 mm compr., congestos; pedicelos 6-7 mm compr. Hipanto

ca. 1 mm compr.; sépalas esverdeadas, ca. 4 x 1 mm, oblanceoladas,

esparsamente pubérulas, reflexas na antese; pétalas brancas, ca. 4 x 2

mm, elípticas a obovais, reflexas a patentes na antese. Fruto 2,8-3 x 2,2-

147
2,4 largamente elíptico a suborbicular, atenuado na base em estípite de

10-15 mm, ápice mucronado, ala dorsal ca. 1,5-2 mm larg.; valvas rígido-

coriáceas, densamente seríceas, tricomas dourados.

Apuleia leiocarpa é uma espécie amplamente distribuída no leste do Brasil até


a Argentina e Paraguai, ocorrendo em mata atlântica e florestas estacionais.
É provavelmente co-específica com A. mollaris Spruce ex Benth., o que
aumenta sua área de distribuição à região amazônica. Na caatinga pode
ser encontrada em caatinga arbórea em área de transição com florestas
estacionais (“matas de cipó”) no centro-sul e sudeste do estado da Bahia,
em altitudes de 600-750 m alt. Floração: ix (baseado em poucos espécimes).
Frutificação: i-iii.

Os caracteres diferencias entre A. leiocarpa e A grazielanae estão referidos


na discussão desta espécie.

Nomes vernaculares: garapa (geral), pau-de-rato (Boquira, BA), mulateira


(Tanque Novo, BA), jitaí-amarelo (Gentio do Ouro, BA).

Material examinado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 1178 (HUEFS, K, SPF); Boquira, H. P.

Bautista & O. S. Salgado 846 (HRB, HUEFS); Caetité, B. B. Klitgaard & F. C. P. Garcia 66

(AAU, K, RB); Livramento do Brumado, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3650 (HUEFS);

Poções, S. A. Mori et al. 9523 (CEPEC, K); Tanque Novo, S. B. da Silva 198 (HUEFS).

Martiodendron Gleason
Pequeno gênero com quatro espécies, distribuído no norte e leste da
América do Sul, principalmente na Amazônia (Koeppen & Iltis, 1962).
Apenas uma espécie ocorre na caatinga (ver descrição abaixo).

Martiodendron é um gênero bem diferenciado dos demais da subfamília


Caesalpinioideae principalmente pela redução dos estames a 4, filetes
muito curtos e anteras muito longas e deiscentes por 2 pequenas fendas

148
apicais, dispostas formando um cone em volta do ovário, lembrando,
superficialmente, uma flor de Solanum. Além disso, apresenta fruto do tipo
sâmara e folhas imparipinadas com folíolos alternos.

Martiodendron mediterraneum (Benth.) Koeppen, Brittonia 14: 203. 1962.


Amphymenium mediterraneum Mart. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 31. 1837.
Martiusia parvifolia Benth., J. Bot. (Hooker) 2: 103. 1840.
Martia parvifolia (Benth.) Benth. , J. Bot. (Hooker) 2: 146. 1840.
Martiodendron parvifolium (Benth.) Gleason, Phytologia 1: 141. 1935.
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Árvore 3-7 m alt., às vezes florescendo como arbusto de 2 m alt., inermes;

ramos jovens densa e curtamente pubérulos, precocemente lenhosos;

gemas ovóides, revestidas por profilos estriados e imbricados, presentes

na axila de algumas folhas antes da floração ou no final da frutificação.

Estípulas ca. 8 x 5 mm, ovais, carenadas, caducas. Folhas imparipinadas,

espiraladas, sem nectários extraflorais; pecíolo 5-16 mm; raque 4,5-8,5

cm; segmentos interfoliolares 17-25 mm; folíolos alternos, 7-9, cartáceos

a coriáceos, ligeiramente acrescentes distalmente, o terminal 42-65 x 21-

30 mm, ca. 2x mais longos que largos, oblongos a oblongo-lanceolados,

obtusos e ligeiramente emarginados, cordados, face adaxial glabra, face

abaxial esparsa e curtamente pubérula; nervura principal mediana, saliente

na face abaxial, as secundárias e terciárias inconspícuas mas a face

abaxial finamente reticulada. Inflorescência consistindo de uma série de

dicásios agrupados em tirsos terminais amplos e abertos, 9-15 cm compr.,

exsertos da folhagem. Botões lanceolados, acuminados, geralmente

com ápice encurvado. Flores ca. 4,5 cm diâm., ligeiramente zigomorfas;

sépalas 20-21 x 2,5 mm, lineares, acuminadas, reflexas na antese, externa

e internamente densamente pubescentes, tricomas marrom-amarelados;

pétalas amarelo-alaranjadas, 23 x 10 mm, obovais, a vexilar ligeiramente

149
Figura 15 A: Martiodendron mediterraneum (1 - hábito; 2 - fruto); B: Apuleia
leiocarpa (1 - hábito, ramos vegetativos e floríferos; 2 - flor); C: Poeppigia

150
mais larga; estames (3-) 4, com filetes muito curtos, ca 1,5 mm compr.,

e anteras muito longas, bege, linear-lanceoladas, alternadamente 2 mais

longas, ca. 15 mm compr., e 2 mais curtas, ca. 10 mm compr., todas

deiscentes por 2 fendas curtas distais; ovário séssil, 1-ovulado, densa

e curtamente pubérulo, afilando gradualmente até o estilete glabro e

reflexo. Fruto sâmara, castanho-avermelhado, indeiscente, 8-10 x 3,4 cm,

oblongo, fortemente compresso, alado a partir das duas suturas, ala dorsal

10-14 mm larg., ala ventral 5-7 mm larg.; pericarpo coriáceo, esparsa e

curtamente pubérulo.

Martiodendron mediterraneum ocorre no leste do Maranhão ao sul-sudeste


do Piauí, sendo conhecida por apenas uma coleta do século XIX do estado
da Bahia (serra de Itiúba, grafado como “Tiuba”) feita por Martius. Até o
presente nunca foi recoletada na Bahia. As poucas informações disponíveis
sobre esta espécie indicam que ela ocorre principalmente em caatinga
arbórea e florestas estacionais. Floração:iii-iv. Frutificação: iii-vii.

Esta espécie é facilmente diagnosticada pelas folhas imparipinadas com


folíolos alternos em combinação com as flores relativamente grandes
(ca. 4,5 cm diâm.) com apenas 4 estames e anteras muito mais longas do
que os filetes, deiscentes por duas pequenas fendas apicais, além do fruto
sâmara com as duas margens aladas. As folhas imparipinadas com folíolos
alternos e os frutos alados são caracteres que poderiam, em uma análise
pouco cuidadosa, levar a confundir esta espécie com grupos da subfamília
Papilionoideae mas a flor não papilionóide com número reduzido de estames,
as anteras “poricidas” são caracteres não encontrados nas Papilionoideae.
Além disso, a sâmara em Martiodendron tem forma muito característica,
além de apresentar duas nervuras conspícuas na base de cada ala.

Nomes vernaculares: quebra-machado (Irati, PI), violeta, violete (Piracuruca,


PI).

151
Material examinado: Bahia: Itiuba (como “Serra da Tiuba”), K. F. Ph. von Martius 73

(lectótipo de Amphymenium mediterraneum: M, foto K); Piauí: Irati, M. S. B. Nascimento

256 (Cpmn, HUEFS); Oeiras, G. Gardner 2149 (tipo de Martiusia parvifolia; holótipo: K);

L.P.Queiroz et al. 10188 (HUEFS); Piracuruca, M. E. Alencar et al. 637 (HUEFS, TEPB);

Teresina, F. C. e Silva 63 (K).

Chamaecrista Moench

Arbustos, ervas ou subarbustos eretos ou prostrados, raramente árvores,

quando ervas freqüentemente monocárpicas e invasoras, inermes; tricomas

víscido-setosos presentes ou ausentes nos ramos, pecíolo e/ou eixos

da inflorescência. Folhas paripinadas com 1 a muitos pares de folíolos

opostos; nectários extraflorais presentes ou ausentes, quando ausentes as

plantas apresentam tricomas víscido-setosos, quando presentes sésseis

e discóides a crateriformes ou estipitados e caliciformes a cilíndricos,

com superfície secretora sempre côncava, localizados no pecíolo ou

raramente, na raque entre os pares de folíolos. Inflorescências em (1)

racemos terminais, corimbosos ou não, (2) racemos curtos, ramifloros

ou (3) fascículos axilares ou supra-axilares; bractéolas alternas sempre

presentes próximo ou acima do meio do pedicelo. Flores pentâmeras,

assimétricas; hipanto geralmente indistinto; sépalas livres, eqüilongas ou

fortemente graduadas, as intermas maiores do que as externas; pétalas

amarelas, laranja ou rosa, uma das pétalas abaxiais, o cuculo, geralmente

diferenciada e oblíqua; estames 5-10; anteras deiscentes por 2 pequenas

fendas apicais, ciliadas ao longo das suturas laterais. Fruto legume, plano-

compresso, elasticamente deiscente, as valvas papiráceas, cartáceas ou

lenhosas tornando-se espiraladas após a liberação das sementes.

Chamaecrista é um gênero pantropical, com cerca de 330 espécies, tendo


seu centro de diversidade na América tropical onde ocorrem cerca de 266

152
(Irwin & Barneby 1982). Em muitos tratamentos florísticos, incluindo a
Flora Brasiliensis (Bentham 1870), as espécies referidas para Chamaecrista
estão incluídas em Cassia.

Apesar de ser um gênero bem representado na caatinga (27 espécies),


muitas delas são plantas invasoras com ampla distribuição nas Américas,
especialmente as espécies herbáceas. Um grupo bem diversificado na
caatinga é o dos arbustos com folhas 4-folioladas e sem nectários extraflorais
(seção Absus série Absoideae, Irwin & Barneby 1978, 1982).

O gênero tem taxonomia complexa, especialmente na seção Xerocalyx, que


tem sofrido dramáticos rearranjos taxonômicos. Por exemplo, Irwin (1964)
classificou a variação observada nesse grupo em 16 espécies, posteriormente
reduzidas a três espécies (Chamaecrista desvauxii, C. ramosa e C. diphylla)e
17 variedades por Irwin & Barneby (1982). Os limites entre essas espécies
é reconhecidamente artificial. Fernandes & Nunes (2005) assumem uma
posição intermediária e reconhecem dez espécies. Apesar desse estudo
não representar uma posição definitiva, as conclusões taxonômicas desses
autores são utilizadas neste trabalho. Assim, Chamaecrista langsdorfii e
C. ramosa são reconhecidas como espécies distintas de C. desvauxii, e C.
curvifolia como distinta de C. ramosa, diferentemente de Irwin & Barneby
(1982).

As flores lembram superficialmente as de espécies dos gêneros Cassia e


Senna. Destes gêneos, as espécies de caatinga de Chamaecrista podem ser
diferenciadas por algumas combinações de caracteres diagnósticos:

‑ ervas ou subarbustos com nectários extraflorais discóides ou calicióides,


sésseis ou estipitados localizados no pecíolo (em Senna, as poucas
espécies herbáceas tem nectários clavados localizados entre o par basal
de folíolos);

153
‑ ervas ou subarbustos prostrados, sem nectários extraflorais mas com
tricomas glandulosos deixando a planta viscosa;

‑ arbustos com folhas 4-folioladas, desprovidos de nectários extraflorais e


fruto plano-compresso elasticamente deiscente (em Senna são comuns
espécies 4-folioladas mas, neste caso, todas têm folhas com nectários
extra-florais entre o par basal de folíolos);

‑ árvores com inflorescências ramifloras.

As 27 espécies encontradas na área de domínio da caatinga podem ser


agrupadas de acordo com o diagrama abaixo.

Nectários foliares ausentes Nectários foliares presentes

Chamaecrista Folíolos em 2 pares Folíolos em mais de 2 pares


Folíolos em 1 par
Folíolos peninérvios Folíolos palminérvios

Grupo 2
Inflorescência axilar

Grupo 1
Flores isoladas ou em fascículos

Ch. calycioides
Ch. duckeana
Ch. rotundifolia Ch. curvifolia Ch. flexuosa
Ch. desvauxii Ch. serpens
Ch. langsdorffii Ch. supplex
Ch. linearis Ch. swainsonii
Ervas ou subarbustos

Ch. ramosa Ch. tenuisepala

Grupo 3
Inflorescência
supra-axilar

Ch. cuprea
Ch. duckeana
Ch. nictitans
Ch. pascuorum
Ch. repens
Grupo 4
Ch. absus
Ch. amiciella
Inflorescência terminal

Ch. carobinha
Ch. fagonioides
Ch. hispidula
Flores em racemo

Grupo 5
Arbustos ou árvores

Ch. acosmifolia
Ch. barbata
Ch. belemii
Ch. brevicalyx
Ch. viscosa
Ch. zygophylloides
ramiflora
Infl.

Ch. eitenorum Ch. eitenorum

Chaves auxiliares
Grupo 1:
Este grupo corresponde à seção Xerocalyx. As espécies nele incluídas são
muito polimórficas e os limites propostos por Irwin & Barneby (1982)

154
parecem bastante artificiais. Mesmo no contexto das plantas de caatinga é
difícil estabelecer critérios naturais para diferenciá-las. Assim, duas chaves
são apresentadas, uma para as duas espécies de caatinga, usando os critérios
quantitativos de Irwin & Barneby (1982) e uma outra reunindo o conjunto
de variedades presentes na caatinga para as duas espécies que ocorrem neste
bioma.

Chave para as espécies do Grupo 1

1. Folíolos com pelo menos 10 mm compr.

2. Nectários extraflorais estipitados; estípulas ca. 8-9 mm compr.,


recobrindo 2/3 a todo o internó; pedicelo 15-18 mm, maior ou
igual à folha subjacente e às sépalas.............................. Ch. desvauxii

2. Nectários extraflorais sésseis; estípulas com até 5 mm compr.,


mais curtas do que 1/3 do internó; pedicelo 3-4 mm, menor do
que a folha subjacente e do que as sépalas

3. Folíolos lineares, acuminados a agudos, com até 2,5 mm


larg....................................................................................Ch. linearis

3. Folíolos obovais a oblanceolados, ápice obtuso a arredondado, ca.


6 mm larg...................................................................Ch. langsdorffii

1. Folíolos com até 7 mm compr.

1. Folíolos obovados com nervura principal reta; nectário extrafloral


estipitado . ....................................................................... Ch. ramosa

1. Folíolos falcadamente obovados, com nervura principal encurvada;


nectário extrafloral séssil............................................... Ch. curvifolia

Chave para as espécies e variedades do Grupo 1

155
1. Nectários extraflorais estipitados

2. Estípulas maiores ca. 9 x 5 mm, recobrindo todo ou mais da metade


do internó; folíolos maiores ca. 13 x 7 mm; ramos, pecíolo e face
abaxial dos folíolos pubérulos....................Ch. desvauxii var. latifolia

2. Estípulas maiores ca. 4 x 1,5 mm, menores do que 1/3 do


comprimento do internó; folíolos maiores ca. 7 x 4 mm; planta
essencialmente glabra.....................................Ch. ramosa var. ramosa

1. Nectários extraflorais sésseis

3. Nervura principal dos folíolos encurvadas, os folíolos


então falcadamente obovados e medindo ca. 3 mm
compr..........................................................Ch. ramosa var. curvifolia

3. Nervura principal e folíolos retos, os folíolos medindo 13-25 mm


compr.

4. Folíolos lineares com ápice acuminado e com até 2,5 mm


larg........................................................ Ch. desvauxii var. linearis

4. Folíolos obovais a oblanceolados, ≥ 6 mm larg., com ápice


obtuso a arredondado.......................... Ch. desvauxii var. brevipes

Grupo 2:
1. Sépalas multiestriadas com muitas nervuras salientes e paralelas

2. Ervas prostradas; estípulas 3-5 mm compr.; folíolos em 6-7


pares..............................................................................Ch. calyciodes

2. Subarbustos eretos, mais de 1 m alt.; estípulas 8-17 mm; folíolos


12-24 pares.................................................................... Ch. duckeana

1. Sépalas não estriadas, as nervuras inconspícuas e reticuladas

156
3. Ramos fortemente fractiflexos; folíolos com duas nervuras
conspícuas definindo uma aréola sem nervuras

4. Folhas com 3 a 9 pares de folíolos; folíolos com ápice cuspidado


e espinescente; estípulas largamente ovais, com 9-15 mm
larg..........................................................................Ch. swainsonii
4. Folhas com 25 a 60 pares de folíolos; folíolos com ápice
mucronado; estípulas oval-lanceoladas com 3-5 mm
larg.............................................................................. Ch. flexuosa

3. Ramos não fractiflexos; nervuras dos folíolos não formando aréola


sem nervuras

5. Estípulas com base cordada; estames 3-5; fruto 9-10 mm


compr.; pedicelo curto, 2-5 mm compr.; flores pequenas, com
ca. 3 mm diâm.............................................................Ch. supplex

5. Estípulas com base obtusa a arredondada, não cordada;


estames 10; fruto 19-45 mm compr.; pedicelo maior, 17-22
mm compr.; flores maiores, com pelo menos 7 mm diâm.

6. Subarbustos ou pequenos arbustos eretos, pelo menos com


a base do caule lenhosa; folhas com 4(-5) pares de folíolos;
flores 15-20 mm diâm.......................................Ch. tenuisepala

6. Ervas prostradas com caule delgado, herbáceo; folhas com


6-8 pares de folíolos; flores 7-9 mm diâm............... Ch. serpens

Grupo 3:
1. Sépalas multiestriadas com muitas nervuras salientes e
paralelas............................................................................. Ch. duckeana

157
1. Sépalas não estriadas, as nervuras inconspícuas e/ou reticuladas

2. Folíolos em 9 a 20 pares; raque foliar com pelo menos 4 cm compr.

3. Subarbustos com base lenhosa; folíolos com nervura principal


fortemente excêntrica, dividindo a lâmina em uma proporção
de > 1:2,5; nectário peciolar séssil ou elevado em uma coluna
tão ou mais larga quanto seu diâmetro...........................Ch. repens

3. Ervas anuais; folíolos com nervura principal apenas ligeiramente


excêntrica, dividindo a lâmina em uma proporção de ca. 1:1,5;
nectário peciolar estipitado, o estípite claramente mais estreito
do que o diâmetro da cabeça...................................... Ch. nictitans

2. Folíolos em 3 a 7 pares; raque foliar com até 3 cm compr.

4. Estípulas 6-10 mm compr.; folíolos 10-17 mm compr.,


pubescentes em ambas as faces, em 4 a 7 pares nas folhas
maiores...................................................................Ch. pascuorum

4. Estípulas 1,5-2,5 mm compr.; folíolos 2,5-7 mm compr.,


glabros na face adaxial, glabros ou esparsamente pubérulos na
abaxial, em 2-4 pares (3 pares na maioria das folhas).... Ch. cuprea

Grupo 4:
1. Folhas dísticas apresentando na raque, entre cada par de folíolos,
um apêndice lingüiforme; flores pequenas, 6-7 mm diâm.; cuculo
não diferenciado; estames 2 a 7; estilete curto, 1,5-2 mm compr.,
dilatado e reflexo...................................................................... Ch. absus

1. Folhas espiraladas, sem apêndices na raque; flores maiores ca. 15-20


mm diâm.; uma das pétalas abaxiais diferenciadas, ± reniforme e
dobrada sobre os estames (cuculo); estames 10; estilete não dilatado

158
nem reflexo

2. Pecíolo proporcionalmente longo, ca. 2x ou mais o comprimento


dos folíolos proximais

3. Botões florais obtusos; folíolos 4-10 mm compr.; sépalas


com ápice obtuso, até 5 mm compr.; pétalas até 10 mm
compr.; folíolos concolores verdes ou com margem
avermelhada...............................................................Ch. amiciella

3. Botões florais agudos; folíolos 20-23 mm compr.; sépalas


com ápice agudo 8-11 mm compr.; pétalas 14-16 mm
compr.; folíolos freqüentemente discolores na face adaxial
com padrões de púpura ao lado das nervuras (só visíveis em
material fresco)......................................................... Ch. hispidula

2. Pecíolo mais curto ou até 1,4x mais longo do que os folíolos


proximais

3. Botões florais e sépalas agudos; pétalas amarelas...... Ch. carobinha

3. Botões florais e sépalas obtusos; pétalas laranja ou


rosa........................................................................ Ch. fagonioides

Grupo 5:
1. Epiderme dos ramos jovens tornando-se precocemente pálida (quase
branca em plantas secas) e exfoliante

2. Pecíolo proporcionalmente longo, pelo menos 1,5x mais longo do


que os folíolos proximais............................................. Ch. brevicalyx

2. Pecíolo proporcionalmente mais curto, pouco menor ou pouco


maior do que os folíolos proximais

159
3. Folíolos oval-lanceolados, 2,5-3x mais longos que largos, os
distais com pelo menos 55 mm compr.; racemos não corimbosos,
alongados, longamente exsertos da folhagem......... Ch. barbata

3. Folíolos elíptico-obovados, 1,4-1,7x mais longos do que largos,


com até 24 mm compr.; racemos corimbosos, curtamente
exsertos da folhagem.................................................... Ch. belemii

1. Epiderme dos ramos jovens não se tornando pálida e exfoliante, às


vezes longitudinalmente estriada

4. Folíolos obdeltóides com ápice obcordado.........................Ch. viscosa

4. Folíolos elípticos a obovados com ápice obtuso a arredondado

5. Folíolos distais 27-45 cm compr.; arbusto delgado com caule ±


sarmentoso e virgado............................................. Ch. acosmifolia

5. Folíolos distais 5-22 cm compr.; arbustos eretos com caule


muito ramificado

6. Flores com ca. 2 cm diâm.; pétalas 14-16 mm compr.;


pecíolo um pouco mais curto ou um pouco mais longo do
que os folíolos proximais......................................... Ch. belemii
6. Flores com ca. 1 cm diâm.; pétalas 7-10 mm compr.; pecíolo
proporcionalmente mais longo, ca. 1,5x maior do que os
folíolos proximais......................................... Ch. zygophylloides

Chamaecrista absus (L.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 35: 664. 1982.
Cassia absus L., Sp. Pl..: 376. 1753.
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var. absus

160
Erva monocárpica, prostrada, com ramos delgados e herbáceos,

esparsamente pubérulos e com tricomas setosos glandulares. Estípulas

2-3 x 1 mm, estreitamente triangulares, acuminadas. Pecíolo 15-45 mm,

ca. 1-2x o comprimento dos folíolos proximais; raque 6-11 mm; nectários

extraflorais ausentes; apêndices foliáceos presentes na raque entre cada

par de folíolos; folíolos 2 pares, fortemente acrescentes distalmente, os

distais 30-45 x 15-25 mm, obliquamente largo-obovais, 2-3x mais longos

do que largos, ápice obtuso, curtamente mucronado, adpresso-pilosos nas

duas faces; nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana. Racemo

terminal, curto, imerso na folhagem, 1-3 cm compr.; pedicelo 2-3 mm.

Botões ovóides, obtusos. Flores 0,6-0,7 cm diâm.; sépalas estreitamente

oblongas, obtusas, ± eqüilongas, ca. 3,5 x 1 mm; pétalas amarelas, eretas

(perianto ± campanulado), oboval-oblanceoladas, ca. 6 x 4 mm; estames

2-7. Legumes 3,7-4 x 0,5-0,6 cm, linear-oblongos, patentes; valvas

papiráceas, híspido-setosas e com tricomas glandulares.

Erva monocárpica invasora, pantropical, amplamente distribuída nas


Américas. Apesar de Irwin & Barneby (1978) considerarem sua possível
ausência no nordeste do Brasil, esta planta é conhecida da área de caatinga
por uma coleta relativamente recente (1993), em áreas degradadas e
sazonalmente úmidas, transicionais entre caatinga e floresta estacional.
Floração e frutificação: viii.

Chamaecrista absus é uma espécie taxonomicamente isolada, combinando


o indumento glandular das demais espécies da seção Absus (grupos 4 e
5), com o comportamento monocárpico e flores reduzidas e possivelmente
cleistógamas encontrados em algumas espécies da seção Chamaecrista
(grupos 2 e 3). No contexto das espécies de caatinga, pode ser superficialmente
confundida com Ch. hispidula e Ch. amiciella, todas combinando o hábito
herbáceo prostrado com as folhas 4-folioladas. No entanto, estas duas
espécies apresentam flores significativamente maiores, com 1,5 mm diâm.

161
ou mais, androceu com 10 estames e cuculo bem diferenciado. Ch. hispidula,
por sua vez, comumente apresenta os folíolos com a região adjacente às
nervuras de maior porte discolores, verde-prateadas.

Material examinado: Bahia: Caen, L. P. Queiroz & N. S. Nascimanto 3555 (HUEFS, K).

Chamaecrista acosmifolia (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New


York Bot. Gard. 35: 660. 1982.
Cassia acosmifolia Mart. ex Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15
������������������
(2): 133. 1870.

var. acosmifolia

Arbusto delgado até 2 m alt., ramos virgados e ± flexuosos, velutinos e

com tricomas setosos glandulares densos. Estípulas subuladas, 3-4 x 0,5

mm. Pecíolo 30-34 mm, um pouco mais curto ou um pouco mais longo do

que os folíolos proximais; raque 10-16 mm; nectários extraflorais ausentes;

folíolos 2 pares, cartáceos, acrescentes distalmente, os distais 27-45 x 11-

22 mm, elípticos, 2-3x mais longos do que largos, ápice obtuso, curtamente

mucronado, margem revoluta, face adaxial esparsamente pubérula, face

abaxial pilosa; nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana. Racemos

terminais não corimbosos, 1-3 cm compr., 6,5-8 cm, exserto da folhagem,


freqüentemente agrupados em panículas; pedicelo 12-21 mm. Botões

ovóides, obtusos. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas estreitamente ovais a

obovais, obtusas, ± eqüilongas, ca. 8-9 x 3-4 mm; pétalas amarelas, 4

eretas (perianto ± campanulado), obovais, 13-15 x 8-9 mm, cuculo hemi-

oval, dobrado sobre o androceu; estames 10. Legume 3,4-4,5 x 0,5-0,6

cm, linear-oblongo; valvas cartáceas, pubérulas e viscosas.

Chamaecrista acosmifolia ocorre em caatinga e cerrado no nordeste do Brasil


até Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso (Irwin & Barneby 1978). Das três
variedades reconhecidas por estes autores, apenas a variedade acosmifolia

162
ocorre na caatinga, sendo registrada para os estados da Bahia e do Piauí, em
altitudes de 500-600 m. Floração: i-iii. Frutificação: i-v.

Esta espécie assemelha-se a Ch. barbata da qual pode ser diferenciada pela
epiderme dos ramos não se tornando pálida (em Ch. barbata os ramos ficam
quase brancos nas plantas secas) e pelas flores distribuídas em panículas de
racemos relativamente curtos (vs. racemo simples, terminal, muito longo
em Ch. barbata).

Os espécimes do Piauí citados na Flora Brasiliensis (Bentham 1870)


como Cassia desertorum correspondem a esta espécie.

Material selecionado: Bahia: Andaraí, A. M. Giulietti & R. M. Harley 2080 (HUEFS);

Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 18902 (CEPEC, K); Jacobina, L. P. Queiroz et al. 2444

(HUEFS); Morro do Chapéu, F. França et al. 2855 (HUEFS); Seabra, L. C. de Oliveira f. &

J. C. A. Lima 102 (K, MBM). Piauí, Paranaguá, G. Gardner 2547 (K).

Chamaecrista amiciella (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby,


Mem. New
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York Bot. Gard. 35: 661. 1982.
Cassia amiciella H.S.Irwin & Barneby, Mem. New
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York Bot. Gard. 30: 267. 1978.

Erva prostrada a procumbente, até 30 cm alt.; ramos delgados, herbáceos,


indumento pubérulo associado a tricomas víscido-setosos e setas < 1 mm

compr. Estípulas setáceas, 1-1,5 x 0,5 mm. Pecíolo 12-15 mm, ca. 2x mais

longo do que os folíolos proximais; raque 1-4 mm; nectários extraflorais

ausentes; folíolos 2 pares, papiráceos, eqüilongos ou ligeiramente

acrescentes distalmente, os distais 4-10 x 2-6 mm, obovais, 1,7-2x mais

longos do que largos, ápice obtuso e apiculado ou emarginado, margem

plana, cuneados na base, glabros ou curta e esparsamente pubérulos

em ambas as faces; nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana,

juntamente com as secundárias inconspícuas. Racemos terminais ±

163
corimbosos, 2-12 cm compr.; pedicelo 14-18 mm. Botões globosos,

obtusos e discretamente apiculados. Flores ca. 1,5 cm diâm.; sépalas

esverdeadas, estreitamente elípticas, obtusas, ± eqüilongas, 4,5-5 x 1,5-2

mm; pétalas amarelas, eretas (perianto ± campanulado), oblanceoladas,

9-10 x 4-6 mm, cuculo hemi-oval, falcado, dobrado sobre o androceu;

estames 10. Legume 1,5-3 x 0,3-0,4 cm, linear-oblongo; valvas cartáceas,

víscido-setosas.

Chamaecrista amiciella é uma espécie endêmica da caatinga, conhecida do


sul do Ceará e oeste da Paraíba e norte da Bahia (Irwin & Barneby 1978).
Ocorre principalmente sobre solo arenoso em altitudes de 150 a 500 m.
Floração e frutificação: ii-vi.

Esta espécie é relativamente mal representada nos herbários devido,


provavelmente, ao seu ciclo rápido de crescimento, floração e produção
de sementes. É possível, portanto, que tenha distribuição mais ampla do
que a indicada acima. Vegetativamente, Ch. amiciella assemelha-se a Ch.
hispidula da qual se diferencia pelos tricomas setosos menores (< 1 mm em
Ch. amiciella e > 1 mm em Ch. hispidula) e, principalmente, pelos botões
florais obtusos (agudos em Ch. hispidula) e pelas flores menores, com
sépalas de até 5 mm compr. (vs. ≥ 7,5 mm compr. em Ch. hispidula). Estas
características do botão e das flores a aproxima de Ch. fagonioides, da qual
se diferencia facilmente pelo pecíolo proporcionalmente mais longo, ca.
2x o comprimento dos folíolos proximais (em Ch. fagonioides o pecíolo é
aproximadamente do mesmo comprimento dos folíolos proximais).
Material selecionado: Bahia: Ibotirama, G. C. P. Pinto s.n. (ALCB, HUEFS); Itatim, E. Melo

& F. França 1175 (HUEFS); Jacobina, G. C. P. Pinto s.n. (ALCB, HUEFS); Queimadas,

Rose & Russell 19837 (isótipo de Cassia amicilella: NY). Pernambuco: entre Ouricuri e

Parnamirim, E.P.Heringer et al. 632 (IPA).

164
Figura 16 A: Chamaecrista acosmifolia (hábito); B: Chamaecrista eitenorum
(1 - folha; 2 - detalhe do nectário foliar; 3 - fruto); C: Chamaecrista belemii
(1 - hábito; 2 - folíolo; 3 - inflorescência); D: Chamaecrista zygophylloides ( 1
folha; 2 - detalhe de um folíolo); E: Chamaecrista barbata (1 - folha; 2 - fruto);

165
Chamaecrista barbata (Nees & Mart.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New
York Bot. Gard. 35: 660. 1982.
Cassia barbata Nees & Mart., Nov. Act. Acad. Caes. Leop.-Carol. Nat. Cur. 12: 32.
1823.
Cassia barbata var. mollis Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15 (2): 133. 1870.

Arbusto delgado, pouco ramificado, 1,5-2 m alt.; ramos vilosos e víscido-

setulosos, a epiderme tornando-se precocemente pálida e exfoliante.

Estípulas setosas, 2,5-3,5 x 0,5 mm. Pecíolo 35-50 mm, um pouco

mais curto ou um pouco mais longo do que os folíolos proximais; raque

15-20 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, papiráceos,

acrescentes distalmente, os distais 55-85 x 21-37 mm, oval-lanceolados,

2,5-3x mais longos do que largos, ápice obtuso, às vezes também

longamente mucronado, margem revoluta, face adaxial glabra, reticulada,

raramente rugosa, face abaxial esparsa ou densamente pilosa, setosa

sobre as nervuras; nervação peninérvia, nervura principal mediana,

nervuras de menor porte fortemente reticuladas formando uma rede de

aréolas fechadas ca. 1 mm diâm. Racemos terminais não corimbosos,

8-36 cm compr., longamente exsertos da folhagem, não agrupados em

panículas; pedicelo 10-16 mm. Botões ovóides, obtusos. Flores ca. 2 cm


diâm.; sépalas verdes, às vezes tingidas de vermelho, elípticas, obtusas,

± eqüilongas, ca. 6-12 x 2-3 mm; pétalas amarelas, ascendentes (perianto

± campanulado), oblanceoladas, 16-18 x 9-10 mm, cuculo hemi-oval,

dobrado sobre o androceu; estames 10. Legume 5,2-6 x 0,8-0,9 cm,

linear-oblongo, ascendente; valvas pubérulas e setosas, viscosas.

Chamaecrista barbata ocorre principalmente na caatinga da Bahia, a


leste do rio São Francisco, e oeste de Pernambuco (Irwin & Barneby
1978), podendo também ocorrer em áreas de transição caatinga-cerrado
na Chapada Diamantina, em altitudes de 650 a 1000m. Floração: x-iii.

166
Frutificação: x-iii.

Esta espécie é relativamente fácil de ser reconhecida pela síndrome de


folíolos oval-lanceolados, revolutos na margem e densamente reticulados e
racemos longos e densamente multifloros.

Material selecionado: Alagoas: Arapiraca, D.Andrade-Lima 62-4069 (IPA). Bahia: Andaraí,


L. P. Queiroz et al. 1880 (HUEFS); Caetité, G. Hatschbach et al. 65844 (HUEFS, MBM);

Iaçu, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 3550 (HUEFS);Ituaçu, L. P. Queiroz 1652 (HUEFS);

Lagoinha, R. M. Harley et al. 16763 (CEPEC, K); Maracás, A. M. de Carvalho et al. 1996

(CEPEC, K); Morro do Chapéu, H. S. Irwin et al. 30724; Senhor do Bonfim, R. Mello-Silva

et al. CFCR 7593 (K, SPF). Pernambuco: Taquaritinga, D.Andrade-Lima 66-4452 (IPA).

Chamaecrista belemii (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby,


Mem. New
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York Bot. Gard. 35: 660. 1982.
Cassia belemii H.S.Irwin & Barneby, Mem. New
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York Bot. Gard. 30: 241. 1978.

Arbusto profusamente ramificado, 1,5-3 m alt.; ramos pubérulos e víscido-

setulosos, a epiderme tornando-se precocemente pálida e exfoliante.

Estípulas setosas, ca. 2 x 0,5 mm. Pecíolo 6-14 mm, um pouco mais curto

ou um pouco mais longo do que os folíolos proximais (ver variedades);


raque 4-5 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, cartáceos

a coriáceos, acrescentes distalmente, os distais 9-24 x 5-13 mm, elíptico-

obovados, 1,4-1,7x mais longos do que largos, ápice arredondado a

ligeiramente emarginado, margem plana, geralmente glabros exceto por

um tufo de tricomas lateralmente na base da nervura principal, raramente

pubérulos nas duas faces; nervação peninérvia, nervura principal 1,

mediana, nervuras de menor porte salientes e reticuladas em ambas

as faces. Racemos terminais ± corimbosos, 2,5-5 cm compr., apenas

curtamente exsertos da folhagem, às vezes agrupados em panículas

167
curtas; pedicelo 15-21 mm. Botões ovóides, obtusos. Flores ca. 2 cm

diâm.; sépalas verdes, elípticas a oblongas, obtusas, ± eqüilongas, 6-9 x 3-

4 mm; pétalas amarelas, ascendentes (perianto ± campanulado), obovais,

14-16 x 6-9 mm, cuculo hemi-oval, dobrado sobre o androceu; estames 10.

Legume 3-4,2 x 0,6-0,7 cm, linear-oblongo, ascendente; valvas glabras a

pubérulas e viscosas.

Chamaecrista belemii pode representar a forma mais xeromórfica das


espécies de Chamaecrista de caatinga, com o hábito arbustivo profusamente
ramificado e precocemente lenhoso, além dos folíolos menores e mais
consistentes do que o das demais espécies 4-folioladas. As folhas lembram
as de Ch. zygophylloides que, no entanto, pode ser diferenciada pelos folíolos
maiores. Por outro lado, a epiderme dos ramos torna-se pálida e precocemente
exfoliante, de modo semelhante ao observado em Ch. barbata, embora estas
duas espécies sejam difíceis de confundir pois Ch. belemii apresenta folíolos
elíptico-obovados (não oval-lanceolados) e significativamente menores (9-
24 mm vs. 55-85 mm), além de possuir racemos mais curtos (2,5-5 cm
vs. 8-36 cm) e ± corimbosos, com os botões em pré-antese ficando ± na
mesma altura das flores abertas.

Aparentemente endêmica da caatinga do estado da Bahia a leste do rio São


Francisco. Irwin & Barneby (1978, 1982), reconhecem duas variedades,
ambas ocorrendo na caatinga e diferenciadas pela chave apresentada abaixo.
Os caracteres apresentados são relativamente instáveis e é possível que uma
análise mais cuidadosa revele que tratam-se de pequenas variações locais
sem muito significado taxonômico.

1.Superfície dos folíolos e dos frutos glabras ou quase glabras; pedicelos


bracteolados abaixo do meio; folhas com raque de 3-6 mm..var. belemii

1. Superfície dos folíolos e dos frutos pubérulas; pedicelos bracteolados

168
acima do meio; folhas com raque de 1,5-2,5 (-3)mm...... var. paludicola

Chamaecrista belemii (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby


var. belemii

Planta de caatinga, distribuída principalmente no centro-leste da Bahia,


especialmente sobre solos arenosos, em altitudes de 200 a 600 m. Floração:
i-iii. Frutificação: i-v.

Nome vernacular: flor-de-são-joão.

Material selecionado: Bahia: s.l., BR-4 220 km S de Salvador, R. P. Belém & J. M. Mendes

316 (tipo de Cassia belemii; holótipo UB, isótipo: K, foto HUEFS); Casa Nova, L. P.

Queiroz et al. 7908 (HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 3552 (HUEFS, K);

Itatim, E. Melo et al. 1880 (HUEFS); Jeremoabo, L. P. Queiroz 3725 (HUEFS); Milagres,

R. M. Harley et al. 19439 (CEPEC, K); Ruy Barbosa, F. França et al. 2666 (HUEFS); Santa

Brígida, L. P. Queiroz 385 (ALCB, HUEFS). Pernambuco: Arcoverde, L. P. Félix et al.

5663 (Hst, HUEFS). Sergipe: Canindé do São Francisco, D. M. Coelho & R. A. Silva 148

(HUEFS, Xingo).

Chamaecrista belemii var. paludicola (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin


& Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 660. 1982.
Cassia belemii var. paludicola H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard.
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30:
243. 1978.

Em caatinga, sendo freqüentemente encontrada sobre afloramentos


graníticos, a 300-600 m alt. Floração: iii. Frutificação: iii-v.

Material selecionado: Bahia: s.l., “marais de Tapira”, J. S. Blanchet 3093 (tipo de Cassia

belemii var. paludicola; isótipo: K, foto HUEFS); Milagres, R. M. Harley et al. 19417

(CEPEC, K); Raso da Catarina, H. P. Bautista et al. 459 (HRB, K).

Chamaecrista brevicalyx (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York

169
Bot. Gard. 35: 660. 1982.
Cassia brevicalyx Benth. in Mart., Fl. Brasil.
��������������������������
15 (2): 134. 1870.

Arbusto ramificado, 1-3 m alt.; tricomas glanduloso-setosos densos sobre

os ramos, eixo foliar e eixos da inflorescência, a epiderme tornando-se

precocemente pálida (quase branca em material seco) e exfoliante.


Estípulas lineares, ca. 1-2 x 0,5-0,8 mm. Pecíolo longo, 30-55 mm,

pelo menos 1,5x maior do que os folíolos proximais; raque 4-8 mm;

nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, papiráceos, ligeiramente

acrescentes distalmente, os distais 22-38 x 12-20 mm, largamente ovais

a suborbiculares, ca. 1,5x mais longos do que largos, ápice obtuso a

arredondado ou elípticos com ápice agudo (ver variedades), margem

plana, glabros ou pubérulos em ambas as faces; nervação peninérvia,

nervura principal 1, mediana, juntamente com as secundárias e as

nervuras de menor porte salientes e abertamente reticuladas em ambas

as faces. Racemos terminais não corimbosos, longos, 9-28 cm compr.,

longamente exsertos da folhagem, raramente agrupados em panículas

terminais; pedicelo 15-30 mm. Botões ovóides, obtusos. Flores ca. 3 cm

diâm.; sépalas verde-amareladas, elípticas, obtusas, ± eqüilongas, ca. 8-

11 x 3-5 mm, reflexas na antese; pétalas amarelas, ascendentes (perianto


amplamente campanulado), obovais, 17-21 x 11-14 mm, cuculo hemi-oval,

dobrado sobre o androceu; estames 10. Legume 3,7-6 x 0,6-0,7 cm, linear-

oblongo, ascendente; valvas glabras a pubérulas e viscosas.

Chamaecrista brevicalyx ocorre principalmente em cerrado e caatinga no


leste do Brasil, da região central do Piauí até o norte de Minas Gerais
passando pelos estados da Paraíba, Pernambuco e Bahia.

A descamação precoce da epiderme dos ramos, deixando-os pálidos,


associada aos racemos longos e multifloros e às flores relativamente grandes
aproximam esta espécie de Ch. barbata, da qual pode ser diferenciada pelo

170
pecíolo proporcionalmente mais longo, ca. 1,5-2x mais longo do que
o primeiro par de folíolos. Os folíolos proporcionalmente mais largos
(largamente ovais a suborbiculares, não oval-lanceolados) também podem
servir para diferenciar estas espécies exceto pela rara variedade elliptica (ver
características abaixo).
O comprimento relativo do pecíolo a aproxima de Ch. zygophylloides, da
qual pode ser diferenciada pelas flores significativamente maiores (ca. 3
cm diâm. com pétalas de 17-21 mm compr. em Ch. barbata vs. ca. 1 cm de
diâm. com pétalas de 8-15 mm compr. em Ch. zygophylloides), além da já
referida peculiaridade da epiderme dos ramos.

Irwin & Barneby (1978, 1982) reconhecem duas variedades, as duas


ocorrendo na caatinga, podendo ser diferenciadas pela seguinte chave.

1. Folíolos largamente ovais a suborbiculares, glabros...........var. brevicalyx

1. Folíolos elípticos, pubérulos em ambas as faces.....................var. elliptica

Chamaecrista brevicalyx (Benth.) H.S.Irwin & Barneby var. brevicalyx

Planta de caatinga e cerrado, com distribuição coincidente com a da espécie.


Na caatinga ocorre principalmente sobre solo arenoso, de 400 a 1000 m alt.
Floração: xi-iii. Frutificação: i-iii.

Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 2818 (HUEFS, K, SPF); Boninal, G.

Hatschbach & J. M. Silva 50158 (K, MBM); Caetité, G. Hatschbach et al. 65878 (HUEFS,

MBM); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz et al. 7642 (HUEFS); Raso da Catarina, L. P.

Queiroz 456 (ALCB, HUEFS, K); Santa Brígida, L. P. Queiroz et al. 7290 (HUEFS). Paraíba:

J. C. Moraes 1979 (K). Pernambuco: Buíque, L. P. Félix et al. 7444 (Hst, HUEFS). Piauí:

Oeiras, G. Gardner 2122 (holótipo de Cassia brevicalyx: K, foto HUEFS); Piracuruca, A.

Carvalho & C. G. Lopes 118 (HUEFS, TEPB).

171
Chamaecrista brevicalyx var. elliptica (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin
& Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 660. 1982.
Cassia brevicalyx var. elliptica H.S.Irwin & Barneby, Mem. New
��������������������
York Bot. Gard.
30: 252. 1978.

Conhecida por apenas uma coleta em área de transição caatinga-cerrado


no norte da Bahia. Como afirmado por Irwin & Barneby (1978), é possível
que se trate de uma espécie distinta mas mais material seria necessário para
avaliar seu padrão de variação.Planta de caatinga e cerrado, com distribuição
coincidente com a da espécie. Na cattinga ocorre principalmente sobre solo
arenoso, de 400 a 1000 m alt. Floração e frutificação: ii.

Material examinado: Bahia: Lagoinha, R. M. Harley et al. 16785 (tipo de Cassia brevicalyx

var. elliptica; isótipo: K, foto HUEFS).

Chamaecrista calycioides (Collad.) Greene, Pittonia 4: 32. 1899.


Cassia calyciodes Collad., Hist. Nat. Méd. Casses:
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125, t. 120, fig. B. 1816.

var. calyciodes

Erva monocárpica, prostrada, com ramos delgados e herbáceos, pubérulos


e com tricomas setosos ca. 1,5 mm compr. Estípulas 3-4 x 1,5-2 mm,

oval-lanceoladas, acuminadas, base arredondada. Pecíolo 2,5-3,5 mm;

raque 1,2-1,6 cm; segmentos interfoliolares 1 mm; nectário peciolar 1,

delgadamente estipitado, localizado logo abaixo do par proximal de folíolos;

folíolos 8-10 pares, ligeiramente decrescentes proximal e distalmente, os

medianos 7-8 x 1,5-2 mm, oblongo-lineares, 3,5-5x mais longos do que

largos, ápice obtuso, às vezes adicionalmente mucronado, glabros nas

duas faces ou face abaxial esparsamente pubérula; nervura principal

fortemente excêntrica, submarginal. Pedicelo axilar, isolado, 0,5-1 mm.

Botões ovóides, acuminados. Flores 0,8-1 cm diâm.; sépalas lanceoladas,

172
acuminadas, ± eqüilongas, ca. 9 x 1,3 mm, nervuras paralelas, salientes;

pétalas amarelas, obovadas, ca. 6 x 5 mm. Legume 2,1-3,4 x 0,4 cm,

linear, reflexo; valvas papiráceas, pilosas.

Planta monocárpica invasora, amplamente distribuída na América tropical,


desde o Texas (U.S.A.) até a Argentina (Irwin & Barneby 1982). Das duas
variedades reconhecidas por estes autores, apenas a variedade calyciodes
ocorre na caatinga, geralmente em áreas degradadas e sazonalmente
inundadas. Floração e frutificação: provavelmente após as chuvas.

No seu aspecto geral,Ch. calyciodes assemelha-se a Ch. serpens,compartilhando


o hábito delicado e prostrado e os nectários delgadamente estipitados. Um
exame das sépalas permite separá-las com facilidade pois Ch. calycioides
apresenta sépalas multi-estriadas, com várias nervuras paralelas e salientes.
Além disso, o pedicelo das flores de Ch. calycioides é muito mais curto do que
o de Ch. serpens (0,5-1 mm vs. 17-20 mm, respectivamente). Este caráter a
aproxima de Ch. supplex, da qual difere pelo número maior de folíolos (8 a
10 pares em Ch. calyciodes vs. 5-6 pares em Ch. supplex).

Material examinado: Alagoas: Pão de Açúcar¸R.P.Lyra-Lemos 4850 (MAC). Bahia:

Remanso, L. Coradin et al. 5937 (CEN, K). Paraíba: Esperança, J.C.de Moraes s.n. IPA

13095 (IPA). Pernambuco: Lajedo, L. B. Oliveira & A. M. Miranda 142 (Hst, HUEFS);

Sertânia, A. M. Miranda et al. 2616 (Hst, HUEFS). Piauí: Colônia do Gurguéia, L. P.

Félix 7749 (Hst, HUEFS); Irati, M. S. B. Nascimento 229 (Cpmn, HUEFS); Oeiras, G.

Gardner 2130 (K); Palmas, M. S. B. Nascimento et al. 429 (Cpmn); São Sebastião, M. S.

B. Nascimento 147 (Cpmn, HUEFS).

Chamaecrista carobinha (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby,


Mem. New York Bot. Gard. 35: 661. 1982.
Cassia carobinha H.S.Irwin & Barneby, Mem. New
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York Bot. Gard. 30: 270. 1978.

173
Erva prostrada a procumbente, às vezes sarmentosa e ascendente até

1-1,5 m; ramos delgados, herbáceos, indumento pubérulo associado a

tricomas víscido-setosos ca. 0,5 mm compr. Estípulas setáceas, 1-2,5

x 0,5 mm. Pecíolo 13-32 mm, um pouco mais longo ou mais curto do

que os folíolos proximais; raque 5-17 mm; nectários extraflorais ausentes;

folíolos 2 pares, papiráceos, acrescentes distalmente, os distais 10-40 x

5-17 mm, oval-elípticos, ca. 2x mais longos do que largos, ápice obtuso

ou emarginado, margem revoluta, densamente pubérulos em ambas

as faces e, adicionalmente, esparsamente setosos sobre as nervuras;

nervura principal mediana, peninérvia, juntamente com as secundárias

inconspícuas. Racemos terminais não corimbosos, laxos, 10-30 cm compr.;

pedicelo delgado, 14-22 mm. Botões ovóides, agudos. Flores ca. 2 cm

diâm.; sépalas verde-avermelhadas, lanceoladas, agudas, ± eqüilongas,

8-9 x 2-3 mm; pétalas amarelas, eretas (perianto ± campanulado), obovais

a oblanceoladas, 13-14 x 5-8 mm, cuculo falcado-elíptico, dobrado sobre

o androceu; estames 10. Legume ca. 3 x 0,5 cm, linear-oblongo, pêndulo;

valvas cartáceas, pubérulas e esparsamente víscido-setosas.

Chamaecrista carobinha é uma espécie endêmica da caatinga, conhecida


apenas do sul do Piauí e norte da Bahia, de Juazeiro até o extremo
setentrional da Chapada Diamantina. Floração: iii-v. Frutificação: ?

Esta espécie combina os botões florais agudos, semelhantes aos de Ch.


hispidula, com o pecíolo proporcionalmente curto, como o de Ch. fagonioides.
A combinação destes dois caracteres diagnostica esta espécie e permite
separá-la tanto de Ch. hispidula (que tem pecíolo proporcionalmente muito
longo) como de Ch. fagonioides (que tem o botão obtuso e, adicionalmente,
pétalas laranja, não amarelas como em Ch. carobinha).

Material examinado: Bahia: Juazeiro, Löfgren 891 (holótipo de Cassia carobinha: RB);

Morro do Chapéu, G. Hatschbach & O. Guimarães 42346 (MBM). Piauí, Paranaguá, Ph.

174
von Luetzelburg 1490 (M).

Chamaecrista cuprea H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard.
35: 749. 1982.

Pequeno subarbusto 10-20 cm alt., formando pequenas moitas com

ramos encurvados e ascendentes, esparsamente pubérulos. Estípulas

1,5-2,5 x 0,5-1 mm, ovais a triangulares. Pecíolo 1,5-3,5 mm; raque

0,2-0,7 cm; segmentos interfoliolares 2,5-3 mm; nectário peciolar 1,

estipitado, localizado logo abaixo do par basal de folíolos; folíolos 3 (-

4) pares, glaucos, ligeiramente suculentos, discretamente decrescentes

proximal e distalmente, os medianos 2,5-7 x 1-4,5 mm, oblongo-obovados,

ca. 1,5-2,5x mais longos do que largos, ápice obtuso e mucronado, face

adaxial glabra, face abaxial glabra a esparsamente pubérula; nervação

palminérvia, nervura principal ligeiramente excêntrica. Pedicelos supra-

axilares, deslocados por 1,5-6 mm, isolados ou pareados, 5-11 mm;

bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados.

Flores ca. 1,5 cm diâm.; sépalas lanceoladas, ± eqüilongas, 7-10 x 2,5-3

mm; pétalas laranja-avermelhadas com margens amarelas, heteromórficas

com a adaxial e uma adjacente oblanceoladas, menores (ca. 8-11 mm

compr.), duas obovadas maiores (ca. 12-14 mm) e o cuculo em forma de

bumerangue; estames 10, com filetes alternadamente mais longos e mais

curtos. Legume 2,5-3,5 x 0,4 cm, linear, ascendente; valvas papiráceas.

Chamaecrista cuprea é conhecida apenas do espécime-tipo, procedente de


áreas arenosas sazonalmente inundadas no médio São Francisco, a ca. 300-
400 m alt. Floração e frutificação (mal documentada): ii.

Esta espécie é claramente afim a Ch. pascuorum, da qual difere mais por
caracteres quantitativos, mostrando-se em geral reduzida em estatura e
dimensões das estípulas e das folhas em relação a esta espécie (ver chave).

175
Ch. pascuorum, como ressaltado por Irwin & Barneby (1982), é uma espécie
muito variável mas se mostra consistentemente mais robusta, embora não
se possa descartar a possibilidade de que Ch. cuprea represente um extremo
da variação de Ch. pascuorum.

Material examinado: Bahia: Xique Xique (Lagoa Itaparica), R. M. Harley et al. 19123 (tipo
de Ch. pascuorum: holótipo: RB; isótipos: CEPEC, K [foto HUEFS]).

Chamaecrista curvifolia (Vogel) Afr.Fern. & E.P.Nunes, Ref. Tax.


Chamaecrista: 41. 2005.
Cassia curvifolia Vogel, Syn. Gen. Cassiae: 55. 1837.
Chamaecrista ramosa var. curvifolia (Vogel) G.P.Lewis, Legumes of Bahia: 84. 1987.

var. curvifolia

Subarbusto virgado a procumbente, 10-60 cm alt.; ramos jovens glabros

a pubérulos. Estípulas ovais, cordadas, ca. 2,5 x 1,5 mm, recobrindo

menos de 1/3 do internó. Pecíolo 0,5-2 mm; raque 0,5-1 mm; nectário

séssil localizado logo abaixo do par basal de folíolos; folíolos em 2

pares, cartáceos a coriácos, acrescentes distalmente, 3-7 x 1,5-4 mm,

folíolos 2,5-3,5 x 1,5 mm, falcadamente obovais; nervura principal e,


freqüentemente, também uma segunda nervura basal encurvadas;

nervação palmi-peninérvia com 3-5 nervuras salientes em ambas e faces e

nervura principal mediana, reta a encurvada, ramificada (ver variedades).

Pedicelos axilares, isolados, 6-7 mm; bractéolas localizadas próximo ao

ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 1,5 cm diâm.; sépalas

lanceoladas, acuminadas, externamente multiestriadas, muito desiguais

em tamanho, as internas 7-11 x 2-2,5 mm, ca. 2,5x maiores do que as

externas; pétalas amarelas, obovadas, 10-11 x 6 mm, obovadas, o cuculo

adaxial, ± semilunar e dobrado sobre as anteras; estames 10. Legume

176
2,4-2,5 x 0,4-0,5 cm, oblongo-linear, reflexo; valvas papiráceas, castanho-

escuras a nigrescentes, glabras a pubérulas.

Planta de hábitats abertos, em campos, restingas ou sobre rochas, distribuída


principalmente na costa leste do Brasil, do Amapá e Pará até o estado do
Paraná, penetrando para o interior nos estados do Ceará, Bahia e Minas
Gerais, onde ocorre principalmente associada a serras. É relativamente pouco
coletada dentro da área de domínio da caatinga embora algumas coletas
recentes confirmem sua ocorrência neste bioma, principalmente sobre solo
arenoso em áreas transicionais para cerrado. Floração e frutificação: ix.

Esta espécie corresponde ao morfo mais reduzido e xeromórfico do complexo


de táxons afins a Ch. ramosa, com a folhagem diminuta e ± ericóide, na
delimitação adotada por Irwin & Barneby (1982, como Ch. ramosa var.
mollissima). Fernandes & Nunes (2005) reconheceram Ch. curvifolia como
distinta de Ch. ramosa. É facilmente reconhecida pelos folíolos oblíquos e
falcados, acompanhando a curvatura da nervura principal ou das nervuras
de maior porte.

Material selecionado: Bahia: Formosa do Rio Preto, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

4147 (HUEFS); Umburanas, E. Melo et al. 2825 (HUEFS). Piauí: .

Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip, Brittonia 3 (2): 165. 1939.


Cassia desvauxii Collad., Hist. Nat. Méd. Casses: 131. 1816.

var. latifolia (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 35: 873. 1982.
Cassia uniflora var. latifolia Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15 (2): 158. 1870.
Cassia piauhiensis H.S.Irwin, Mem. New York Bot. Gard. 12: 61. 1964.

Subarbusto prostrado a procumbente, ca. 30 cm alt.; ramos jovens

177
pubérulos. Estípulas persistentes, ovais, cordadas, 8-9 x 5 mm, recobrindo

de 2/3 a todo o internó. Pecíolo 4-5 mm; raque ca. 2 mm; nectário estipitado,

ca. 1 mm compr.localizado logo abaixo do par basal de folíolos; folíolos em 2

pares, cartáceos, acrescentes distalmente, folíolos distais 10-13 x 6-7 mm,

glaucos, densa e curtamente pubérulos nas duas fabes ou só na abaxial,

nervação palmi-peninérvia com 4-5 nervuras salientes em ambas e faces

e nervura principal mediana e ramificada. Pedicelos axilares, isolados,

15-18 mm compr., tão ou mais longo do que a folha subjacente e do que

as sépalas; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides,

acuminados. Flores ca. 2,5 cm diâm.; sépalas lanceoladas, acuminadas,

externamente multiestriadas, muito desiguais em tamanho, as internas 8-

12 x 2-2,5 mm, ca. 2,5x maiores do que as externas; pétalas amarelas,

obovadas, 10-16 x 5-7 mm, obovadas, o cuculo adaxial, ± semilunar e

dobrado sobre as anteras; estames 10. Legume ca. 2,2 x 1 cm, oblongo-

linear, reflexo; valvas papiráceas, castanho-escuras a nigrescentes,

glabras a pubérulas.

Chamaecrista desvauxii é uma espécie amplamente distribuída nas Américas,


com exceção das Antilhas. Nas circunscrições adotadas por Irwin & Barneby
(1982) e por Fenandes & Nunes (2005) é uma espécie polirracial com
padrão de variação complexo. A var. latifolia é uma planta essencialmente
de caatinga, conhecida principalmente do estado da Bahia e sul do Piauí, e
por uma coleta no norte de Minas Gerais (Serra do Calixto, fide Irwin &
Barneby 1982). Ocorre sobre solo arenoso em altitudes de ca. 200 a 500 m.
Floração e frutificação: i-ii(v).
Material selecionado: Bahia: Conceição de Feira (referida como ‘Feira de Conceição’), K.

P. F. von Martius 2210 (holótipo de Cassia uniflora var. latifolia: M, foto K); Gentio do Ouro,

R. M. Harley et al. 19137 (CEPEC, K); Remanso, E. Ule 7379 (K). Piauí: Campo Grande,

Ph. von Luetzelburg 366 (holótipo de Cassia piauhiensis: NY); Irati, M. S. B. Nascimento

242 (Cpmn, HUEFS).

178
Chamaecrista duckeana (P.Bezerra & Afr.Fern.) H.S.Irwin
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& Barneby,
Mem. New York Bot. Gard. 35: 861. 1982.
Cassia duckeana P.Bezerra & Afr.Fern.., Bradaea 2 (50): 337. 1979.
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Subarbusto ereto, 1-1,5 m alt.; ramos pilosos. Estípulas 8-17 mm

compr., estreitamente lanceoladas. Eixo foliar 3-9 cm; nectário peciolar 1,


estipitado, localizado logo abaixo do par proximal de folíolos; folíolos 14-24

pares, 8-20 x 3-4 mm, oblongo-lineares, agudos ou obtusos, mucronados,

glabros ou pilósulos; nervação palminérvia, nervura principal ligeiramente

excêntrica. Pedicelo discretamente supra-axilar, fasciculados, 5-15 mm.

Sépalas 12-14 mm compr., nervuras paralelas, salientes; pétalas ca. 25

mm. Legume 4-8 x 0,4-0,5 cm, linear; valvas papiráceas, glabrescentes.

Esta planta foi incluída com hesitação pois é conhecida por apenas duas
amostras procedentes da serra da Meruoca (Bezerra & Fernandes 1979) e
na Chapada do Apodi, no estado do Ceará, em habitat não registrado.

Chamaecrista duckeana parece representar uma forma mais robusta de Ch.


calyciodes, as duas constituindo um grupo taxonomicamente isolado dentro
do gênero Chamaecrista (seção Caliciopsis), combinando caracteres da seção
Chamaecrista (folíolos peninérvios, flores não ressupinadas e sépalas ±
eqüilongas) com as sépalas multi-estriadas com várias nervuras paralelas e
salientes, típicas da seção Xerocalyx. Os caracteres diferenciais entre estas
espécies estão referidos na discussão de Ch. calycioides.

Material examinado: Ceará: Quixeré, L. W. Lima-Verde et al. 268 (EAC, HUEFS).

Chamaecrista eitenorum (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby,


Mem. New York Bot. Gard. 35: 642. 1982.
Cassia eitenorum H.S.Irwin & Barneby, Brittonia 29: 285. 1977.
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179
Árvores 3-8 m alt., tronco até 20 cm DAP, casca lisa com faixas horizontais

de várias tonalidades de cinza; ramos glabros. Estípulas obsoletas ou

caducas. Pecíolo 20-25 mm; raque variando de acordo com as variedades;

nectário discóide, séssil ou curtamente estipitado, localizado entre os dois

primeiros pares de folíolos; folíolos 2-4 pares (ver variedades), ligeiramente

acrescentes distalmente, os distais 5-9 x 2-5 cm, ca. 2x mais longos do

que largos, elípticos, ápice arredondado e, às vezes, também curtamente

acuminado, base ligeiramente cordada, glabros; nervação peninérvia,

nervura primária 1, mediana. Racemos ramifloros, 1-3-fasciculados, 1-3

cm compr.; pedicelos 1-2 cm; bractéolas localizadas próximo ou abaixo

do meio. Botões globosos. Flores ca. 3 cm diâm.; sépalas ca. 5 x 2 mm,

ovais, agudas; pétalas amarelas, pouco heteromórficas, as 3 adaxiais

oblanceoladas, uma abaxial obovada e o cuculo ligeiramente falcado;

estames 10. Legume 16,5-17,5 x 1,7-1,8 cm, linear; valvas lenhosas,

glabras.

Espécie do nordeste do Brasil, ocorrendo no Maranhão, Piauí, Bahia e


Minas Gerais. Ch. eitenorum é facilmente diferenciada das demais espécies
de Chamaecrista de caatinga pela combinação do hábito arbóreo, racemos
nascendo nos ramos, abaixo das folhas, nectários localizados na raque entre
os pares de folíolos e frutos grandes e lenhosos. A forma dos folíolos e a
posição dos nectários lembra superficialmente espécies do gênero Inga, da
subfamília Mimosoideae.

Irwin & Barneby (1977, 1982) reconhecem duas variedades para esta
espécie, as quais podem ser diferenciadas pelos seguintes caracteres:

1. Folhas com exatamente 2 pares de folíolos; nectário entre o primeiro


par de folíolos estipitado, estreito, não ou ligeiramente mais largo do
que o pecíolo.................................................................... var. eitenorum

180
1. Folhas com 3-4 pares de folíolos; nectário entre o primeiro par
diferenciado, discóide, séssil, mais largo do que o pecíolo..... var. regana

Chamaecrista eitenorum (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby


var. eitenorum
Planta conhecida da caatinga no estado do Piauí, penetrando para oeste
até o leste do Maranhão em florestas decíduas, ocorrendo ainda disjunta
na caatinga do norte de Minas Gerais. Ocorre principalmente em caatinga
arbustiva e em transição caatinga-cerrado a 300-450 m alt. Floração: i-iii.
Frutificação: ?

Nomes vernaculares: birro-preto, catingueiro (ambos no Piauí).

Material selecionado: Minas Gerais: Jacinto, G. Hatschbach & J. Cordeiro 52718 (K,

MBM). Piauí: Campo Largo, F. G. Alcoforado & J. H. de Carvalho 304 (HUEFS, TEPB);

Picos, G. Eiten & L. T. Eiten 10839 (tipo de Cassia eitenorum; isótipo: K, foto HUEFS);

São José do Piauí, M. R. A. Mendes et al. 300 (HUEFS, TEPB); Serra Branca, E. Ule 7189

(K); Valença do Piauí, G. P. Lewis et al. 1347 (K).

Chamaecrista eitenorum var. regana (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin


& Barneby, Mem. New York Bot. Gard.
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35: 642. 1982.
Cassia eitenorum var. regana H.S.Irwin & Barneby, Brittonia 29: 287. 1977.

Planta conhecida de caatinga arbórea e florestas estacionais na Chapada


Diamantina (estado da Bahia, em altitudes de ca. 1000 m. Floração: ii.
Frutificação: v-vii.

Nome vernacular: sem nome registrado para área de caatinga mas conhecida
por sena na região de Lençóis (BA).

Material selecionado: Bahia: Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3395 (HUEFS);

Seabra, H. S. Irwin et al. 31244 (tipo de Cassia eitenorum var. regana; holótipo: UB,

isótipos: K [foto HUEFS], RB).

181
Chamaecrista fagonioides (Vogel) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York
Bot. Gard. 35: 661. 1982.
Cassia fagonioides Vogel, Syn. Gen. Cassiae: 50. 1837.
Cassia hispidula var. fagonioides (Vogel) Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 131.
1970.

var. macrocalyx (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby, Mem.


New York Bot. Gard. 35: 661. 1982.
Cassia fagonioides var. macrocalyx H.S.Irwin & Barneby, Mem. New
��������������
York Bot.
Gard. 30: 276, 1978.

Erva prostrada a procumbente, às vezes sarmentosa e ascendente até

1,5 m; muito viscosa, ramos delgados, herbáceos, indumento víscido-

setuloso associado a setas ≥ 1 mm compr. Estípulas setáceas, 2-3 x 0,5

mm. Pecíolo 11-17 mm, um pouco mais curto a até ca. 1,4x mais longo do

que os folíolos proximais; raque 5-8 mm; nectários extraflorais ausentes;

folíolos 2 pares, papiráceos, verde-azulados, às vezes com manchas

esbranquiçadas na base, acrescentes distalmente, os distais 10-21 x 7-14

mm, elíptico-obovados, ca. 1,5x mais longos do que largos, ápice obtuso a

arredondado, curtamente mucronado, margem plana a revoluta, pubérulos


em ambas as faces e víscido-ciliados nas margens; nervação peninérvia,

nervura principal 1, mediana, juntamente com as secundárias e terciárias

salientes na face abaxial. Racemos terminais não corimbosos, laxos, 7,5-

12 cm compr.; pedicelo delgado, 15-28 mm. Botões globosos, obtusos.

Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas verde-avermelhadas, estreitamente

elípticas, obtusas, ± eqüilongas, ca. 8 x 3 mm; pétalas laranja ou rosa com

ápice laranja, eretas (perianto ± campanulado), oblanceoladas, 15-16 x

6-7 mm, cuculo falcado-elíptico, dobrado sobre o androceu; estames 10.

Legume 3-3,5 x 0,5-0,6 cm, linear-oblongo, pêndulo; valvas densamente

híspidas e glandulosas.

182
Chamaecrista fagonioides é uma espécie invasora que, segundo Irwin &
Barneby (1978) está amplamente distribuída na costa atlântica e caribenha
da América do Sul e América Central (var. fagonioides), conhecida no
interior apenas no nordeste do Brasil até Minas Gerais e Mato Grosso
(var. macrocalyx). Na caatinga, ocorre apenas a var. macrocalyx, um táxon
mais característico de cerrados que, na área de domínio da caatinga,
encontra-se principalmente em áreas degradadas, geralmente sobre solos
arenosos periodicamente inundados, em altitudes de ca. 500 m. Floração e
frutificação: iv-v.

Esta planta é muito semelhante na morfologia vegetativa a Ch. hispidula,


ao ponto em que ela foi tratada como variedade desta espécie na Flora
Brasiliensis (Bentham 1870). Ch. fagonioides pode ser diferenciada pelas suas
pétalas de cores vivas, laranja (não amarelas), pecíolos proporcionalmente
mais curtos (0,9-1,4x o comprimento dos folíolos proximais em Ch.
fagonioides e ca. 2x em Ch. hispidula) , folíolos com nervação saliente na face
abaxial e sépalas obtusas que resultam em um botão globoso (não agudo
como em Ch. hispidula).

Material selecionado: Bahia: Ibitiara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3414 (HUEFS);

Rio de Contas, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1944 (CEPEC, K). Piauí: Oeiras, G.
Gardner 2126 (K).

Chamaecrista flexuosa (L.) Greene, Pittonia 4: 27. 1899.


Cassia flexuosa L., Sp. Pl.: 379. 1753.

var. flexuosa
Cassia flexuosa var. pubescens Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 169. 1870.

Erva ou subarbusto, ereta, 10-30 cm alt.; ramos fractiflexos, quadrangulares,

quando jovens glabrescentes até densamente pubérulos. Estípulas 6-15 x

183
3-5 mm, oval-lanceoladas, acuminadas. Pecíolo 4-7 mm; raque 6,5-8,1 cm;

segmentos interfoliolares 1,5-2 mm; nectários peciolares 2-3, sésseis ou

curtamente estipitados; folíolos em 25-60 pares, coriáceos, decrescentes

proximal e distalmente, os medianos 5-8,5 x 1-2 mm, lineares, 4,5-5x

mais longos do que largos, mucronados a curtamente aristados, glabros

ou pubescentes em ambas as faces; nervação palminérvia; nervura

principal excêntrica, submarginal, nervura primária adjacente igualmente

saliente e paralela, as duas anastomosadas no ápice definindo uma aréola

sem nervuras e continuando no mucro. Pedicelos axilares, isolados ou

pareados, 10-21 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões

ovóides, acuminados. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas oval-lanceoladas,

agudas, ± eqüilongas, 10-16 x 4-4,5 mm; pétalas amarelo-pálidas,

obovadas, 14-20 x 8 mm, o cuculo abaxial, obliquamente oval; estames

10. Legume 4-5 x 0,4 cm, linear, ascendente; valvas cartáceas, castanhas,

glabras a pubérulas.

Espécie invasora distribuída desde o sul do México até a Argentina,


geralmente ocorrendo em ambientes degradados e áreas de cultivo, sendo
freqüente em gramados e plantações. Das duas variedades reconhecidas
por Irwin & Barneby (1982), apenas a variedade típica ocorre na área
do bioma caatinga, onde também cresce nos citados tipos de ambientes,
sobre diferentes tipos de solos, em altitudes de 150 a 700 m. Floração e
frutificação: ao longo do ano, mais concentrada em x-iv.

Chamaecrista flexuosa é uma espécie relativamente fácil de ser reconhecida no


campo pela combinação dos ramos 4-costados e fractiflexos com o número
elevado de folíolos (25 a 60 pares) e com o padrão peculiar de nervação
dos folíolos, com duas nervuras primárias anastomosadas circundando
uma aréola sem nervuras. Os ramos fractiflexos e a nervação dos folíolos a
aproxima de Ch. swainsonii de quem se diferencia pelo maior número de
folíolos e pelas estípulas menores pelo ápice dos folíolos não cuspidado e

184
espinescente, característico de Ch. swainsonii.

Nome vernacular: rapa-canela (Piauí).

Material selecionado: Bahia: Campo Formoso, L. Coradin et al. 6043 (CEN, K); Feira

de Santana, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 2630 (HUEFS); Gentio do Ouro, E. Ule

7527 (K); Itatim, F. França et al. 1469 (HUEFS); Maracás, L. P. Queiroz & V. L. Fraga
3289 (HUEFS); Milagres, R. M. Harley et al. 19415 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, R. M.

Harley et al. 19301 (CEPEC, K); Seabra, E. R. Souza et al. 318 (HUEFS). Pernambuco:

s.l., Serra da Mandioca, G. Gardner 989 (K); Buíque, A. M. Miranda et al. 2808 (Hst,

HUEFS). Piauí: Demerval Lobão, G. P. Lewis 1361 (CEPEC, K); Oeiras, G. Gardner 2131

(holótipo de Cassia flexuosa var. pubescens: K, foto HUEFS); Piracuruca, M. E. Alencar

567 (HUEFS, TEPB).

Chamaecrista hispidula (Vahl) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York


Bot. Gard. 35: 661. 1982.
Cassia hispidula Vahl, Eclog. Amer. 3: 10. 1807.
Cassia tetraphylla Martyn in Mill., Gard. Dict.,
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ed. 8, Cassia n° 20. 1768.
Cassia pauciflora Kunth, Nov. Gen. & Sp. 6: 360. 1824.

Erva prostrada a procumbente; ramos delgados, herbáceos, indumento


curtamente pubérulo associado a tricomas víscido-setulosos curtos e, nas

parte mais jovens, a setas híspidas ≥ 1 mm compr., estas mais freqüentes

sobre o pecíolo. Estípulas subuladas, 1-2 x 0,5 mm. Pecíolo 25-35 mm,

ca. 2x mais longo do que os folíolos proximais; raque 5-10 mm; nectários

extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, cartáceos, verde-escuros na face

adaxial com margem avermelhada e padrões de púrpura ao lado das

nervuras de maior porte, face abaxial glauca, acrescentes distalmente,

os distais 20-23 x 12-20 mm, elípticos a suborbiculares, 1-1,7x mais

longos do que largos, ápice obtuso a arredondado, às vezes ligeiramente

185
emarginado, margem plana, glabros exceto por ocasionalmente pubérulos

sobre a nervura principal na face abaxial e víscido-ciliados nas margens;

nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana, juntamente com as

secundárias pouco salientes na face abaxial, as terciárias não visíveis.

Racemos terminais ou opositifolios, não corimbosos, laxos, 5,6-12,5 cm

compr.; pedicelo delgado, 14-20 mm. Botões globosos, agudos. Flores ca.

2 cm diâm.; sépalas verde-avermelhadas, oblongas, agudas, ± eqüilongas,

8-11 x 2-3 mm; pétalas amarelo-ouro, eretas (perianto ± campanulado),

oblanceoladas, 14-16 x 6-7 mm, cuculo falcadamente hemi-oval, dobrado

sobre o androceu; estames 10. Legume 3,7-4 x 0,7 cm, linear-oblongo,

patente; valvas castanhas, glutinosas, esparsamente pubérulas associada

com tricomas híspidos muito esparsos.

Chamaecrista hispidula é uma planta de áreas abertas, comportando-se


freqüentemente como invasora e apresentando uma ampla distribuição
na costa atlântica da América do Sul, desde Trinidad até a Bahia e
ocorrendo em manchas isoladas no interior do continente (para detalhes
da distribuição da espécie ver Irwin & Barneby 1978). Na caatinga, ocorre
principalmente em áreas degradadas, geralmente sobre solos arenosos e,
menos freqüentemente, sobre afloramentos graníticos, de 200 a 650 m alt.
Floração e frutificação: ii-vii.

Esta espécie pode ser diagnosticada pela combinação do pecíolo


proporcionalmente muito longo (ca. 2x mais longo do que os folíolos
proximais), com as pétalas amarelas (não laranja) e, principalmente, botões
florais e sépalas agudos no ápice. O pecíolo longo associado à raque curta,
os 4 folíolos parecendo agrupados no ápice do folíolo, são caracteres
compartilhados com Ch. amiciella embora estas espécies sejam dificilmente
confundíveis dada a diferença significativa de tamanho nas folhas (folíolos
4-10 mm compr. em Ch. amiciella vs. 20-23 mm em Ch. hispidula) e flores
(pétalas com 9-10 mm compr. em Ch. amiciella vs. 14-16 mm em Ch.

186
hispidula). Na morfologia vegetativa, especialmente nas dimensões dos
folíolos, assemelha-se a Ch. fagonioides, embora uma análise cuidadosa
permita diferenciá-las com certa facilidade (ver caracteres diferenciais na
discussão de Ch. fagonioides var. macrocalyx).

Nome vernacular: mundubim-brabo (Pernambuco, provavelmente por


confusão ou semelhança com espécies de Arachis).

Material selecionado: Bahia: Campo Formoso, W. W. Thomas et al. 9686 (CEPEC,

HUEFS); Feira de Santana, L. P. Queiroz 4333 (HUEFS); Ipirá, B. C. Bastos 526 (BAH,

HUEFS); Jacobina, H. P. Bautista et al. 3084 (HRB); Monte Santo, R. M. Harley et al.

16405 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz et al. 7641 (HUEFS). Paraíba: s.l.

(“região do agreste”), J. C. Moraes 1998 (K). Pernambuco: Inajá, A. M. Miranda 1236

(Hst, HUEFS); Itacuruca, R. P. Orlandi 849 (HRB, HUEFS); Piauí: Campo Maior, R. R.

Farias & M. R. A. Mendes 492 (HUEFS, TEPB); Lagoa Comprida, G. Gardner 2121 (K).

Chamaecrista langsdorffii (Vogel) Britton ex Pittier, Third Conf. Interamer.


Agric. Caracas: 373. 1945.
Cassia langsdorffii Kunth ex Vogel, Syn. Gen. Cassiae: 55. 1837.

var. brevipes (H.S.Irwin & Barneby) Afr.Fern. & E.P.Nunes, Ref.


Tax. Chamaecrista:
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41. 2005.
Cassia brevipes DC. ex Collad., Hist. Nat. Méd. Casses: 119, t. 9, fig. A. 1816.
Cassia desvauxii var. brevipes Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 157. 1870.

Subarbusto virgado, 30-50 cm alt.; ramos jovens pubérulos. Estípulas

persistentes, ovais, cordadas, 4-5 x 2 mm, recobrindo menos de 1/3 do

internó. Pecíolo 4-5 mm; raque ca. 2 mm; nectário séssil, localizado logo

abaixo do par basal de folíolos; folíolos em 2 pares, cartáceos, acrescentes

distalmente, folíolos distais 21-22 x 6-7 mm, 3-3,5x mais longos do que

187
largos, esparsamente pubérulos na face abaxial, nervação palmi-peninérvia

com 4-5 nervuras salientes em ambas e faces e nervura principal mediana

e ramificada. Pedicelos axilares, isolados, 3-4 mm, mais curto do que a

folha subjacente e do que as sépalas; bractéolas localizadas próximo ao

ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. ca. 1,5 cm diâm.; sépalas

lanceoladas, acuminadas, externamente multiestriadas, muito desiguais

em tamanho, as internas 8-12 x 2-2,5 mm, ca. 2,5x maiores do que as

externas; pétalas amarelas, obovadas, 10-16 x 5-7 mm, obovadas, o cuculo

adaxial, ± semilunar e dobrado sobre as anteras; estames 10. Legume ca.

2,2 x 1 cm, oblongo-linear, reflexo; valvas papiráceas, castanho-escuras a

nigrescentes, glabras a pubérulas.

Planta principalmente de habitats campestres, bicentricamente distribuída


desde a América Central (Honduras e Nicarágua) até as Guianas e norte
do Brasil (Amapá e Roraima) e do sul do Ceará ao Mato Grosso, leste
da Bolívia e norte do Paraguai (Irwin & Barneby 1982). Esta planta
foi incluída neste trabalho com alguma hesitação pois o único material
disponível proveniente da área de domínio da caatinga não tinha detalhes
do ambiente e foi coletado em uma região onde ocorre transição entre
a caatinga e áreas disjuntas de cerrado, na Chapada do Araripe (Ceará).
Coletas mais recentes nesta região podem estabelecer com mais clareza a
presença deste táxon na caatinga.

Material examinado: Ceará: s.l., entre Crato e Brejo Grande, G. Gardner 2412 (K).

Chamaecrista linearis (H.S.Irwin & Barneby) Afr.Fern. & E.P.Nunes,


Ref. Tax. Chamaecrista: 41. 2005.

var. linearis
Cassia tetraphylla var. linearis H.S.Irwin, Mem. New York Bot. Gard. 12: 194.

188
1964.
Chamaecrista desvauxii var. linearis (H.S.Irwin) H.S.Irwin & Barneby, Mem.
New York Bot. Gard. 35: 878. 1982.

Subarbusto virgado 40-50 cm alt.; ramos jovens pubérulos. Estípulas

persistentes, ovais, cordadas, 4-5 x 1,5 mm, recobrindo menos de 1/3 do

internó. Pecíolo 2-4 mm; raque ca. 2 mm; nectário séssil; folíolos em 2

pares, cartáceos, acrescentes distalmente, folíolos distais 17-25 x 1,5-2,5

mm, ca. 10x mais longos do que largos, lineares, agudos a acuminados,

glabros ou pubérulos na face abaxial; nervação palmi-peninérvia com

4-5 nervuras salientes em ambas e faces e nervura principal mediana

e ramificada. Pedicelos axilares, isolados, 3-4 mm, mais curto do que

a folha subjacente e do que as sépalas; bractéolas localizadas próximo

ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 1 cm diâm.; sépalas

lanceoladas, acuminadas, externamente multiestriadas, muito desiguais

em tamanho, as internas 8-12 x 2-2,5 mm, ca. 2,5x maiores do que as

externas; pétalas amarelas, obovadas, 10-16 x 5-7 mm, obovadas, o cuculo

adaxial, ± semilunar e dobrado sobre as anteras; estames 10. Legume ca.

2,2 x 1 cm, oblongo-linear, reflexo; valvas papiráceas, castanho-escuras a

nigrescentes, glabras a pubérulas.

Planta conhecida por poucas coletas, ocorrendo no interior de Pernambuco


e no oeste da Bahia (Espigão Mestre). Esta variedade também foi incluída
com alguma hesitação pois não há referência ao hábitat no único material
disponível proveniente da área de domínio da caatinga. Este material foi
referido por Gardner como proveniente de Pernambuco (“banks of the Rio
Preto”) mas é provável que a procedência exata seja no extremo noroeste da
Bahia, na região de Formosa do Rio Preto, e que concorda com a distribuição
mais moderna desta veriedade.

Material examinado: Bahia: s.l., banks of the Rio Preto (citado como de Pernambuco), G.

189
Gardner 2828 (K, foto HUEFS).

Chamaecrista nictitans (L.) Moench, Methodus (Moench): 272. 1794.


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Cassia nictitans L., Sp. Pl.: 380. 1753.

Erva monocárpica, decumbente, 30-40 cm alt.; ramos cilíndricos,

pubérulos e com tricomas hirsutos de 1-2 mm. Estípulas 6-7 x 1,5-2 mm,

lanceoladas, acuminadas. Pecíolo 3-4 mm; raque 4-4,3 cm; segmentos

interfoliolares ca. 2,5 mm; nectário peciolar 1-2, estipitado, localizado logo

abaixo do par basal de folíolos e próximo ao meio do pecíolo; folíolos

18-20 pares, decrescentes proximal e distalmente, os medianos 10-12

x 2-3 mm, linear-oblongos, ca. 5-5,5x mais longos do que largos, ápice

obtuso a arredondado, mucronado, esparsamente pilosos em ambas as

faces; nervação palminérvias, nervuras primárias 4-5, nervura principal

mediana a ligeiramente excêntrica, ramificada. Pedicelos supra-axilares,

deslocados por 4-8 mm, isolados ou pareados, 6-9 mm; bractéolas

localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 1

cm diâm.; sépalas oval-lanceoladas, ± eqüilongas, 5-8 x 2,5-3 mm; pétalas

amarelas, heteromórficas, as três adaxiais oblanceoladas, menores (ca.

7-9 mm compr.), uma abaxial obovada, maior (ca. 9-10 mm) e o cuculo

reniforme; estames 10, com 2-3 maiores do que o restante. Legume 4,2-

4,5 x 0,3-0,4 cm, linear, ascendente; valvas papiráceas, pilosas.

Chamaecrista nictitans é uma espécie invasora separada de Ch. fasciculata


(Michx.) Greene pelo comportamento monocárpico. Distribui-se
amplamente nas Américas, dos Estados Unidos até a Argentina. Irwin
& Barneby (1982) classificam a variação observada nesta espécie em 4
subspécies e 11 variedades, das quais, apenas as variedades disadena e pilosa
ocorrem na caatinga. São plantas muito semelhantes mas que parecem
representar morfos braquistilos e dolicostilos, diferenciados, portanto,

190
basicamente pelo comprimento do estilete (ver chave abaixo).

No contexto das plantas de caatinga, esta espécie aproxima-se de Ch. repens


var. multijuga pela combinação das folhas mutifolioladas (+ 10 pares de
folíolos) com as inflorescências supra-axilares. Estas duas espécies podem
ser diferenciadas pela forma do nectário peciolar (séssil ou com estípite
robusta em Ch. repens vs. delgadamente estipitado em Ch. nictitans), pela
posição da nervura principal dos folíolos (fortemente excêntrica em Ch.
repens vs. mediana a ligeiramente excêntrica em Ch. nictitans) e pelo número
de folíolos (8-16 pares nas folhas maiores de Ch. repens vs. 20-24 em Ch.
nictitans).

1. Estilete linear, 3-6 mm compr.; pétalas 8-10 mm compr..... var. disadena

1. Estilete dilatado no ápice com até 2 mm compr.; pétalas 5-7 mm


compr...................................................................................... var. pilosa

Chamaecrista nictitans var. disadena (Steud.) H.S.Irwin


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& Barneby,
Mem. New York Bot. Gard. 35: 826. 1982.
Cassia disadena Steud., Flora 26: 760. 1843.
Cassia stenocarpa Vogel, Syn. Gen.
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Cassiae: 68. 1837.

Planta invasora, crescendo em terrenos degradados, ocorrendo do sul do


México ao norte da América do Sul e no leste do Brasil, do Ceará a Minas
Gerais(Irwin & Barneby, 1982). Na caatinga, ocorre em áreas antropizadas,
especialmente como invasora de pastagens e áreas cultivadas, florescendo
e produzindo sementes pouco tempo após o início do período chuvoso.
Floração e frutificação ao longo do ano, provavelmente em seguida ao
período chuvoso.

191
Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6674 (HUEFS). Bahia:

Caen, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3554 (HUEFS); Caetité, T. Ribeiro et al. 230 (HRB,

HUEFS); Delfino, L. P. Queiroz et al. 5228 (HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos

3659 (CEPEC, HUEFS); Juazeiro, A. L. Costa 1496 (ALCB, HUEFS); Santa Brígida,

L. P. Queiroz 295 (ALCB, HUEFS); Vitória da Conquista, L. P. Queiroz & I. C. Crepaldi

2163 (HUEFS). Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1368 (EAC). Minas Gerais: Januária, W. R.

Anderson 9193 (K).

Chamaecrista nictitans var. pilosa (Steud.) H.S.Irwin


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& Barneby, Mem.
New York Bot. Gard. 35: 829. 1982.
Cassia riparia var. pilosa Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15 (2): 174. 1870.

Planta invasora, monocárpica mas de ciclo mais longo que a var. disadena,
tornando-se então subarbustiva, com padrão de distribuição semelhante
ao da variedade precedente (Irwin & Barneby 1982). Na caatinga, foi
observado material apenas do estado da Bahia mas é provável que tenha
uma maior distribuição na área deste bioma. Floração e frutificação ao
longo do ano, provavelmente em seguida ao período chuvoso.

Material selecionado: Bahia: Don Macedo Costa, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 3966

(HUEFS, K); Feira de Santana, M. L. S. Matos et al. 5 (HUEFS); Ipecaetá, L. R. Noblick

& C. G. Lobo 4300 (HUEFS, K); Ipirá, E. L. P. G. Oliveira et al. 706 (BAH, HUEFS); Serra

Preta, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4146 (HUEFS, K).

Chamaecrista pascuorum (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New


York Bot. Gard. 35: 747. 1982.
Cassia pascuorum Mart. ex Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15
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(2): 165. 1870.
Cassia aristulifera Harms, Bot. Jahrb. 42: 209. 1908.

Erva a subarbusto perene, 20-70 cm alt., formando pequenas moitas,

ramos encurvados densamente pubérulos e com tricomas hípidos ca.

192
1-2 mm. Estípulas 6-10 x ca. 1 mm, linear-lanceoladas, acuminadas.

Pecíolo 3-7 mm; raque 2-2,8 cm; segmentos interfoliolares 5-7 mm;

nectário peciolar 1, curtamente estipitado, localizado logo abaixo ou até

o meio do pecíolo; folíolos 4-7 pares, cartáceos, decrescentes proximal

e distalmente, os medianos 2,5-7 x 1-4,5 mm, largamente obongos a

oblongo-obovados, 2,3-3,2x mais longos do que largos, ápice arredondado

a obtuso, cuspidado, face adaxial densa e curtamente pubérula até glabra,

face abaxial variando de velutina a pilosa até, raramente, glabra com as

margens ciliadas; nervação palminérvia, nervura primárias 5-7, a principal

ligeiramente excêntrica, ramificada, nervuras secundárias anastomosadas

com uma nervura marginal. Pedicelos supra-axilares, deslocados por 2-

5 mm, isolados ou pareados, 11-15 mm; bractéolas localizadas próximo

ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas

lanceoladas, ± eqüilongas, 11-15 x 2-2,5 mm; pétalas amarelas, quatro

obovais ou oblanceoladas 15-20 x 9-10 mm, o cuculo reniforme; estames

10, com filetes alternadamente mais longos e mais curtos. Legume 5,5-6 x

0,4 cm, linear, ereto; valvas papiráceas, nigrescentes, pubérulas.

Chamaecrista pascuorum ocorre em formações vegetacionais abertas no


nordeste do Brasil, do sul do Maranhão ao sul da Bahia, às vezes se tornando
± ruderal à beira de estradas em áreas onde ela é nativa. Na caatinga, ocorre
principalmente sobre solos arenosos entre 500 e 700 m alt., ascendendo
até ca. 1000 m alt. na Chapada Diamantina (estado da Bahia). Floração e
frutificação: principalmente xii-iii.
Esta espécie é relacionada a Ch. repens, que apresenta hábito e indumento
geral semelhante mas que se diferencia facilmente pelo número maior de
folíolos (9-16 pares em Ch. repens vs. 4-7 pares em Ch. pascuorum), pela
nervura principal mais excêntrica (em Ch. pascuorum a nervura principal
divide o folíolo em uma proporção de ca. 1:1,5 e não 1:2 ou mais como em
Ch. repens) e pelo nectário séssil ou com estípite robusta, mais larga do que

193
o diâmetro da cebeça. Também se relaciona com Ch. cuprea e os caracteres
diferencias entre elas encontram-se referidos na discussão de Ch. cuprea.

Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6840 (HUEFS). Bahia:

Brumado, A. M. de Carvalho et al. 2621 (CEPEC, K); Caetité, N. Roque et al. 629 (HRB,

HUEFS); Delfino, L. P. Queiroz et al. 5142 (HUEFS); Feira de Santana, L. P. Queiroz 4437
(HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1883 (CEPEC,

K); Monte Santo, C. M. L. Aguiar 24 (HUEFS); Morro do Chapéu, H. S. Irwin et al. 30666

(K); Poções, S. A. Mori et al. 9513 (CEPEC, K); Remanso, G. Cavalcanti et al. 16 (ALCB);

Santa Terezinha, A. A. Ribeiro-Filho 176 (HUEFS); Santo Inácio, E. Ule 7526 (parátipo

de Cassia aristulifera Harms: K). Ceará: Aiuaba, M. I. Bezerra-Loiola et al. 180 (EAC).

Pernambuco: Gravatá, A. M. Miranda et al. 5274 (Hst, HUEFS); Serra da Russa, A. M.

Miranda et al. 2972 (Hst, HUEFS). Piauí: Floriano, L. P. Félix et al. 7871 (Hst).

Chamaecrista ramosa (Vogel) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 35: 884. 1982.
Cassia ramosa Vogel, Syn. Gen. Cassiae: 55. 1837.

var. ramosa
Cassia uniflora var. ramosa Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 158. 1870.
Cassia ramosa var. maritma H.S.Irwin, Mem. New York Bot. Gard. 12: 77. 1964.

Subarbusto ereto, profusamente ramificado, ca. 20 cm alt.; ramos jovens

glabros a pubérulos. Estípulas ovais, cordadas, ca. 4 x 1,5 mm, recobrindo

menos de 1/3 do internó. Pecíolo 0,5-2 mm; raque 0,5-1 mm; nectário

estipitado, ca. 1 mm compr.localizado logo abaixo do par basal de folíolos;

folíolos em 2 pares, cartáceos a coriácos, acrescentes distalmente, 3-7 x

1,5-4 mm, folíolos distais 5-7 x 2,5-4 mm, obovais, retos; nervura principal

reta; nervação palmi-peninérvia com 3-5 nervuras salientes em ambas

194
e faces e nervura principal mediana, reta a encurvada, ramificada (ver

variedades). Pedicelos axilares, isolados, 6-7 mm; bractéolas localizadas

próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 1,5 cm diâm.;

sépalas lanceoladas, acuminadas, externamente multiestriadas, muito

desiguais em tamanho, as internas 7-11 x 2-2,5 mm, ca. 2,5x maiores do

que as externas; pétalas amarelas, obovadas, 10-11 x 6 mm, obovadas,

o cuculo adaxial, ± semilunar e dobrado sobre as anteras; estames 10.

Legume 2,4-2,5 x 0,4-0,5 cm, oblongo-linear, reflexo; valvas papiráceas,

castanho-escuras a nigrescentes, glabras a pubérulas.

Chamaecrista ramosa é uma espécie polirracial distribuída na América do


Sul, da Venezuela ao sudeste do Brasil (Irwin & Barneby 1982, Fernandes &
Nunes 2005). A var. ramosa ocorre do norte da América do Sul (Venezuela,
Guianas e norte do Brasil) ao leste do Brasil onde ocorre principalmente
no litoral mas com disjunções nas serras da Chapada Diamantina (estado
da Bahia). Dentro da área de domínio da caatinga, é conhecida apenas
de áreas de contato caatinga-cerrado na Chapada Diamantina, sobre solo
arenoso.

Nome vernacular: vassourinha.

Material selecionado: Bahia: Barra, L. P. Queiroz 4783 (HUEFS, SPF); Gentio do Ouro, R.

M. Harley et al. 18997 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, W. N. Fonseca 334 (HRB, HUEFS);

Rodelas, R. P. Orlandi 835 (HRB, HUEFS). Pernambuco: Arcoverde, P. Montouchet 2212

(HUEFS).

Chamaecrista repens (Vogel) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 35: 742. 1982.
Cassia repens Vogel, Syn. Gen. Casses: 60. 1837.

var. multijuga (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.

195
Figura 17 A: Chamaecrista rotundifolia (1 - hábito; 2 - folha); B: Chamaecrista
supplex (1 - hábito; 2 - folha; 3 - fruto); C: Chamaecrista swainsonii (1 - folío-

196
Gard. 35: 745. 1982.
Cassia brachypoda (?) var. multijuga Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 172. 1870.
Cassia drepanophylla Benth. in Mart., Fl. Brasil.
��������������������������
15 (2): 170. 1870.
Cassia subtriflora Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 176. 1870.

Subarbusto perene, 30-100 cm alt., ereto ou ascendente, ramificado,


ramos densamente pubérulos, quando jovens os tricomas freqüentemente

amarelados. Estípulas 4-7 x 1,5-2 mm, linear-lanceoladas, acuminadas.

Pecíolo 5-8 mm; raque 45-40 cm; segmentos interfoliolares 7-9 mm;

nectário peciolar 1, massivo, séssil ou curtamente estipitado, estípite

robusto tão ou mais largo do que a cabeça, localizado próximo ao meio

do pecíolo; folíolos (8-) 9-16 pares, cartáceos, decrescentes proximal e

distalmente, os medianos 14-23 x 3-5 mm, linear-obongos, 3,5-4,5x mais

longos do que largos, ápice obtuso, mucronado a cuspidado, densamente

pilosos nas duas faces; nervação palminérvia, nervuras primárias 4-5, a

principal ramificada, fortemente excêntrica, dividindo a lâmina em uma

proporção de 1:2-2,25 na base. Pedicelos supra-axilares, deslocados por

5-10 mm, isolados ou 2-3-fasciculados, 9-10 mm; bractéolas localizadas

próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 2 cm diâm.;

sépalas lanceoladas, acuminadas, ± eqüilongas, 13-14 x 2,5-3 mm; pétalas


amarelas, 3 adaxiais oblanceoladas menores (11-12 mm compr.), uma

abaxial largamente oboval (ca. 14-15 mm compr.) e o cuculo reniforme

(ca. 19 mm compr.); estames 10, com filetes alternadamente mais longos

e mais curtos. Legume 3,6-5 x 0,3-0,4 cm, linear, ereto ou ascendente;

valvas papiráceas, esparsamente pubérulas.

Chamaecrista repens é uma planta campestre, às vezes tornando-se ruderal,


com distribuição disjunta associada às duas variedades reconhecidas por
Irwin & Barneby (1982): a var. repens ocorrendo em área extratopical da
Argentina, Uruguai, Paraguai e sul do Brasil e a var. multijuga no nordeste

197
do Brasil até Minas Gerais. Apenas esta variedade ocorre na caatinga,
sobre diferentes tipos de solos e em altitudes de 500 a 1000 m. Floração e
frutificação: x-iii.

Dentre as espécies herbáceas e subarbustivas, Ch. repens destaca-se pelo


seu porte robusto e ereto, pela presença de um nectário peciolar robusto
e nervura principal fortemente excêntrica. As características de hábito e o
indumento são parcialmente compartilhadas com Ch. pascuorum da qual
ela se diferencia, além das características já citadas, pelo maior número de
folíolos (ver comentários em Ch. pascuorum).

Nome vernacular: angiquinho.

Material selecionado: Bahia: Caetité, R. M. Harley et al. 21111 (CEPEC, K); Canudos,

L. P. Queiroz et al. 7198 (HUEFS); Feira de Santana, M. J. S. Lemos 15 (HUEFS); Iaçu,

L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 3596 (HUEFS, K); Itaberaba, L. R. Noblick et al. 3136

(HUEFS); Lagedo do Tabocal, R. P. Oliveira et al. 333 (HUEFS); Maracás, L. C. Senra

et al. 5 (HUEFS); Morpará, H. P. Bautista & O. A. Salgado 900 (HRB, HUEFS); Morro do

Chapéu, L. P. Queiroz 3538 (HUEFS); Poções, S. A. Mori et al. 9514 (CEPEC, K); Rio de

Contas, R. M. Harley et al. 27716 (CEPEC, K); Vitória da Conquista, D. A. Lima 58-2927

(K); Xique Xique, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3948 (HUEFS). Ceará: Crateús, F.

S. Araújo 1484 (EAC, HUEFS); Serra do Araripe, G. Gardner 1572 (lectótipo de Cassia

drepanophylla: K, foto HUEFS). Paraíba: Teixeira, M. F. Agra et al. 5924 (HUEFS). Piauí:

Oeiras, G. Gardner 2127 (síntipo de Cassia subtriflora: K, foto HUEFS); Piracuruca, M. E.

Alencar et al. 633 (HUEFS, TEPB).

Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene, Pittonia 4: 31. 1899.


Cassia rotundifolia Pers., Syn. Pl. (Persoon) 1: 456. 1805.

Erva prostrada ou subarbusto ascendente, ramos glabros a densamente

pubérulos e, adicionalmente, híspido-setosos. Estípulas 6-12 x 2,5-4 mm,

198
ovais a lanceoladas, adpressas aos ramos. Pecíolo 3-6 mm; nectário

peciolar ausente; folíolos 1 par, 19-40 x 11-25 mm, obliquamente obovados,

ca. 1,3-1,7x mais longos do que largos, ápice arredondadp, truncado a

emarginado, pubérulos em ambas as faces ou facialmente glabros com

margens ciliadas; nervção palminérvia, nervuras primárias 4-5, a principal

excêntrica. Pedicelos supra-axilares, deslocados por 1-3 mm, isolados,

raramente pareados, 12-26 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice.

Botões deflexos, ovóides, acuminados. Flores com dimensões variáveis

(ver variedades); sépalas oval-lanceoladas, ± eqüilongas; pétalas

amarelas, obovadas, ± homomórficas, o cuculo pouco diferenciado das

demais; estames 5, às vezes com 2-3 estaminódios. Legume 3,5-4 x 0,4-

0,6 cm, linear; valvas papiráceas esparsamente pubérulas.

Chamaecrista rotundifolia é uma espécie amplamente distribuída no


Neotrópico, desde a Flórida (U.S.A.) e México até a Argentina, ocorrendo
em áreas abertas e, principalmente, antropizadas, onde se comporta como
planta invasora. Irwin & Barneby (1982) reconhecem duas variedades,
diferenciadas basicamente pelo tamanho das flores. No contexto das plantas
de caatinga, há, também, diferenças significativas no hábito, como pode ser
verificado na chave a seguir.

1. Flores relativamente pequenas, 5-7 mm diâm.; sépalas 3,5-4 mm


compr.; pétalas 3-5 mm compr.; ervas prostradas.......... var. rotundifolia

1. Flores maiores, 13-18 mm diâm.; sépalas 10-12 mm compr.;


pétalas 14-15 mm compr.; subarbustos ou pequenos arbustos
eretos...............................................................................var. grandiflora

Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora (Benth.) H.S.Irwin


������������
&
Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 732. 1982.
Cassia rotundifolia var. grandiflora Benth. in Mart., Fl. Brasil.
��������������������������
15 (2): 162. 1870.

199
Subarbustos ascendentes, formando touceiras, lenhosos na base, 30-70

(-100) cm alt. Flores 1,3-1,8 cm diâm.; sépalas lanceoladas, 10-12 x 2-3

mm; pétalas 14-15 x 6-7 mm.

Esta planta encontra-se descontinuamente distribuída dentro da área de


distribuição geral da espécie, ocorrendo em pontos isolados na América
Central e norte da América do Sul, planalto central do Brasil e, no leste
do Brasil, na Bahia e Espírito Santo (para mais detalhes da distribuição
desta variedade ver Irwin & Barneby 1982). Na caatinga, esta planta ocorre
como subarbusto ascendente e formando touceiras, comumente encontrada
sobre afloramentos graníticos, em altitudes de 400 a 900 m. Floração e
frutificação: ii-iv.

Nomes vernaculares: mata-pasto ( Jacobina, BA, talvez confusão com Senna


obtusifolia).

Material selecionado: Bahia: Itaberaba, L. R. Noblick & A. Carvalho 3158 (HUEFS);

Lagoinha, R. M. Harley et al. 16945 (CEPEC, K); Maracás, L. A. Mattos-Silva et al. 252

(CEPEC, K); Monte Santo, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4591 (HUEFS); Ruy Barbosa,

G. C. P. Pinto s.n. (ALCB, HUEFS).

Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene var. rotundifolia

Ervas prostradas, ramos delicados, herbáceos. Flores 0,5-0,7 cm diâm.;

sépalas oval-lanceoladas, 3,5-4 x 1 mm; pétalas 3-5 x 2-3 mm.

Distribuição coincidente com a da espécie. Ocorre na caatinga como


planta invasora em habitats degradados, entre 400 e 600 m alt. Floração e
frutificação: iv-x.

Nomes vernaculares: pasto-rasteiro, erva-do-coração (Ipirá, BA, talvez


alusão à forma geral da folha)

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21580 (CEPEC, K);

200
Caetité, L. R. Noblick 3795 (HUEFS); Delfino, L. P. Queiroz et al. 5265 (HUEFS); Feira

de Santana, L. R. Noblick & K. B. Britto 2070 (HUEFS); Ipirá, B. C. Bastos 523 (BAH);

Itiúba, J. G. Nascimento & T. S. Nunes 63 (HUEFS); Senhor do Bonfim, T. S. Nunes et al.

561 (HUEFS); Vitória da Conquista, L. P. Queiroz & I. C. Crepaldi 2165 (HUEFS). Ceará:

Crateús, F. S. Araújo 1410 (EAC, HUEFS); Tianguá, L. Coradin et al. 7878 (CEN, HUEFS)

Paraíba: Areia, V. P. B. Fevereiro et al. MJ 52 (K). Pernambuco: s.l., G. Gardner 967 (K);

Arcoverde, L. B. Oliveira et al. 101 (Hst, HUEFS); Buíque, L. B. Oliveira et al. 148 (Hst,

HUEFS); Serra Talhada, L. P. Félix et al. 9340 (Hst, HUEFS). Piauí: Itacuruca, M. S. B.

Nascimento 515 (Cpmn, HUEFS).

Chamaecrista serpens (L.) Greene


������, Pittonia 4: 29. 1899.
Cassia serpens L., Syst. Nat., ed. 10, 2: 1018. 1759.
�����

var. serpens

Erva monocárpica, prostrada, com ramos delgados e herbáceos;

pubérulos e com tricomas setosos ca. 1 mm compr. Estípulas 3-5 x 1-

1,2 mm, lanceoladas, acuminadas, base arredondada. Pecíolo 2-3 mm;

raque 1,4-1,8 cm; segmentos interfoliolares 1,5-3 mm; nectário peciolar 1,

delgadamente estipitado, localizado próximo ao meio do pecíolo; folíolos 6-8

pares, membranáceos, ligeiramente decrescentes proximal e distalmente,

os medianos 7-13 x 2-5 mm, oblongos, 2,6-4x mais longos do que largos,

ápice arredondado e mucronado, glabros exceto esparsamente setosos

na face abaxial sobre as nervuras de maior porte; nervação palminérvia,

nervura principal ligeiramente excêntrica. Pedicelo axilar, isolado, 17-

20 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides,

acuminados. Flores 0,7-0,9 cm diâm.; sépalas lanceoladas, acuminadas,

± eqüilongas, ca. 5 x 1,5 mm; pétalas amarelo-claras, obovadas, ca. 7 x 5

mm; estames 10, 5 maiores alternos a 5 menores. Legume 1,9-2,8 x 0,3-

0,4 cm, oblongo-linear, reflexo; valvas papiráceas, pilosas a glabras.

201
Chamaecrista serpens é uma planta monocárpica invasora, distribuída desde
o sul do México até a Argentina, geralmente ocorrendo em ambientes
degradados. Irwin & Barneby (1982) reconhecem sete variedades das
quais apenas a variedade serpens ocorre na caatinga, geralmente em áreas
degradadas e sazonalmente inundadas, de 300 a 600 m alt. Floração e
frutificação: ao longo do ano, provavelmente após as chuvas.

No contexto das espécies de Chamaecrista do grupo 2, Ch. serpens assemelha-


se bastante a Ch. tenuisepala, sendo relativamente fácil de ser diferenciada
em campo pelo seu hábito delgado e prostrado (vs. subarbustos eretos). No
entanto, espécimes de herbário sem boa indicação do hábito são facilmente
confundíveis, embora um exame no tamanho das flores seja suficiente para
separá-las, pois Ch. serpens tem flores menores (< 1 cm diâm vs. 1,5-2 cm
diâm. em Ch. tenuisepala) com sépalas de ca. 5 mm compr. (vs. 10 mm em
Ch. tenuisepala).

Nome vernacular: carqueja (Ipirá, BA, um nome mais comumente associado


a espécies do gênero Baccharis, Compositae).

Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6814 (HUEFS); Piranhas,

R. A. Silva et al. 276 (HUEFS, Xingo). Bahia: Feira de Santana, L. P. Queiroz 4444

(HUEFS); Ipirá, E. de A. Dutra 3 (HUEFS); Itiúba, J. G. Nascimento & T. S. Nunes 61

(HUEFS); Jaguarari, L. M. C. Gonçalves 200 (HRB, K); Nova Soure, L. P. Queiroz & N.

S. Nascimento 4556 (HUEFS); Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4101

(HUEFS, K); Piauí: Campo Maior, M. S. B. Nascimento & M. E. Alencar 1037 (Cpmn,

HUEFS); Canabrava, G. Gardner 2128 (K). Rio Grande do Norte: Currais Novos, B.

Pickersgill et al. RU 72-462 (K). Sergipe: Canindé do São Francisco, R. A. Silva & D.

Moura 996 (HUEFS, Xingo).

Chamaecrista supplex (Benth.) Britton & Rose ex Britton & Killip, Ann.
New York Acad. Sci. 35: 185. 1936.

202
Cassia supplex Mart. ex Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15 (2): 164. 1870.

Erva monocárpica, prostrada a decumbente formando pequenas moitas

com ramos geralmente entrelaçados; ramos geralmente glabros mas

margem das estípulas, eixo foliar, pedicelo e fruto densamente pilosos a

híspidos com tricomas longos de ca. 1-1,5 mm compr. Estípulas 2,5-4 x

1,5-2 mm, ovais, acuminadas, base fortemente cordada. Pecíolo 3-4 mm;

raque 0,7-1 cm; segmentos interfoliolares 2-2,5 mm; nectário peciolar 1,

delgadamente estipitado, localizado logo abaixo do par basal de folíolos;

folíolos 5-6 pares, membranáceos, decrescentes proximal e distalmente,

os medianos 7-9 x 2,5-3 mm, oblongos, ca. 3x mais longos do que largos,

ápice obtuso e mucronado, face adaxial glabra, face abaxial esparsa a

densamente pilosa; nervação palminérvia, nervura principal excêntrica.

Pedicelo axilar, isolado, 2-5 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice.

Botões ovóides, agudos. Flores ca. 0,3 cm diâm.; sépalas estreitamente

ovais, ± eqüilongas, 2,5-4 x 1-1,5 mm; pétalas amarelo-claras, rosadas

quando secas, obovadas, 3-4 x 1-2 mm; estames 3-5, os 5 do ciclo interno

ausentes. Legume 0,9-1 x 0,3 cm, oblongo, reflexo; valvas papiráceas,

pilosas.

Chamaecrista supplex é uma planta monocárpica de áreas abertas, distribuída


principalmente no nordeste do Brasil, do Maranhão e Ceará até a Bahia e
Goiás, com coletas esparsas no sul do Pará e no Rio de Janeiro (Irwin &
Barneby 1982). Na caatinga, ocorre principalmente de 300 a 500 m alt.,
sobre solo arenoso, em áreas sazonalmente inundadas, como em beira de
rios e lagos temporários. É uma planta de ciclo rápido que cresce, floresce e
frutifica em pouco tempo e, por isso, é possível que sua distribuição dentro
da caatinga seja subestimada. Floração e frutificação: provavelmente após
as chuvas, aparentemente concentrada de ii-vi.

O hábito herbáceo delicado de Ch. supplex lembra o de Ch. serpens. Estas

203
espécies compartilham, ainda, o nectário sobre um estípite delgado. Ch.
supplex pode ser diferenciada pelos folíolos, flores e frutos mais reduzidos
e, principalmente, pela estípula com base fortemente cordada.

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21490 (CEPEC,

K); Ibotirama, G. C. P. Pinto s.n. (ALCB, HUEFS); Juazeiro, A. L. Costa 1021 (ALCB,

HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1877 (CEPEC, K);

Pilão Arcado, L. P. Queiroz et al. 6578 (HUEFS); Remanso, L. Coradin et al. 5932 (CEN,

K); Xique Xique (Lagoa Itaparica), R. M. Harley et al. 19403 (CEPEC, K). Ceará: Aiuaba,

M. A. Figueiredo et al. 589 (EAC); Crateús, F. S. Araújo 1526 (EAC, HUEFS); Morada

Nova, J. E. R. Collares 168 (HRB, HUEFS).

Chamaecrista swainsonii (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New


York Bot. Gard. 35: 701. 1982.
Cassia swainsonii Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15 (2): 167. 1870.

Subarbusto ereto, 20-50 cm alt.; ramos abruptamente fractiflexos,

quadrangulares, indumento constituído por tricomas híspidos sobre uma

superfície densamente pubérula. Estípulas 11-18 x 9-15 mm, largamente

ovais, acuminado-aristadas. Pecíolo 7-10 mm; raque 3-4,2 cm; segmentos

interfoliolares 5-6 mm; nectário peciolar 1, subséssil; folíolos 4-7(-9) pares,

coriáceos, decrescentes proximal e distalmente, os medianos 17-26 x 4-8

mm, oblongo-lineares, 3-3,5x mais longos do que largos, ápice cuspidado

e espinescente por ca. 1-1,5 mm, pubescentes ou curtamente pubescentes

em ambas as faces; nervura principal excêntrica, submarginal, nervura

primária adjacente igualmente saliente e paralela, as duas anastomosadas

no ápice definindo uma aréola sem nervuras e continuando no cúspide.

Pedicelos axilares, isolados, 20-26 mm, ascendentes, na frutificação

reflexos; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides,

acuminados. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas oval-lanceoladas, agudas, ±

204
eqüilongas, 10-11 x 2,5-3 mm; pétalas amarelas, irregulares, obovadas, 12

x 5-7 mm, o cuculo abaxial, reniforme; estames 10. Legume 4-5 x 0,4-0,5

cm, linear, ascendente; valvas cartáceas, castanhas, híspidas.

Chamaecrista swainsonii é conhecida apenas do estado da Bahia, onde


ocorre em restinga, caatinga e campos cerrados (gerais), sempre sobre
solo arenoso. Na caatinga, distribui-se de 680 a 1000 m alt. Floração e
frutificação: xii-ii(vi).

Esta espécie apresenta maior afinidade a Ch. flexuosa mas pode ser facilmente
diferenciada pelo menor número de folíolos, pelo hábito mais robusto, além
de folhas e estípulas maiores (ver comentários em Ch. flexuosa).

Material selecionado: Bahia: Campo Formoso, L. Coradin et al. 6040 (CEN, K); Castro

Alves, Scardino in G° Pedra do Cavalo 285 (ALCB, HUEFS); Castro Alves, L. P. Queiroz

et al. 5269 (HUEFS); Jacobina, G. P. Lewis et al. CFCR 7495 (K, SPF); Morro do Chapéu,

H. S. Irwin et al. 32631 (K).

Chamaecrista tenuisepala (Benth.) H.S.Irwin


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& Barneby, Mem. New
York Bot. Gard. 35: 707. 1982.
Cassia tenuisepala Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15 (2): 164. 1870.

Subarbusto ereto 30-100 cm alt.; ramos cilíndricos, finamente pubérulos.

Estípulas 5-6 x 1-2 mm, ovais a lanceoladas, acuminadas, base arredondada.

Pecíolo 1,5-3 mm; raque 0,5-1,2 cm; segmentos interfoliolares ca. 2-3

mm; nectário peciolar 1, delgadamente estipitado, localizado logo abaixo

do par basal de folíolos; folíolos 4-5 pares, membranáceos, decrescentes

proximal e distalmente, os medianos 7-13 x 2,5-5 mm, oblongo-lineares,

ca. 3-3,6x mais longos do que largos, ápice arredondado e mucronado,

glabros exceto por ocasionalmente esparsamente pubérulos sobre as

nervuras maiores; nervação palminérvia, nervura principal ligeiramente

205
excêntrica. Pedicelo axilar, isolado, 20-22 mm; bractéolas localizadas

próximo ao ápice. Botões ovóides, agudos. Flores ca. 1,5-2 cm diâm.;

sépalas oblongas, agudas, ± eqüilongas, 8-10 x 2-4 mm; pétalas amarelas,

obovadas, 15-18 x 8-9 mm; estames 10, 5 maiores alternando com 5

menores. Legume 4,3-4,5 x 0,3 cm, linear; valvas pubérulas.

Chamaecrista tenuisepala é uma planta conhecida apenas do nordeste do


Brasil, distribuindo-se do sul do Maranhão e Piauí até o oeste de Pernambuco
e Paraíba (Irwin & Barneby 1982), principalmente em formas típicas de
caatinga mas também em carrasco e serras. Floração e frutificação: i-iii.

Esta espécie parece representar uma forma mais robusta e perene de Ch.
serpens, apresentando maiores dimensões em caracteres vegetativos e florais
(ver discussão em Ch. serpens).

Material examinado: Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1390 (EAC, HUEFS); Paraíba: Princesa

Isabel, J. E. R. Collares & J. A. da Silva 197 (HRB, K). Pernambuco: Santa Maria da Boa

Vista, E.P.Heringer 408 (IPA); Taquritinga do Norte, D.Andrade-Lima et al. 66-4470 (IPA).

Piauí: Oeiras, G. Gardner 2125 (lectótipo de Cassia tenuisepala: K); Serra Branca, E. Ule

7435 (K, foto HUEFS).

Chamaecrista viscosa (Kunth) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York


Bot. Gard. 35: 661. 1982.
Cassia viscosa Kunth., Nov. Gen. & Sp. Pl. 6: 360. 1823.

var. major (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard.
35: 661. 1982.
Cassia viscosa var. major Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15 (2): 132. 1870.

Arbusto ramificado, 1-2 m alt.; indumento curta e densamente pubérulo e,

adicionalmente, com tricomas glanduloso-setosos densos sobre os ramos,

eixo foliar e eixos da inflorescência, ramos mais velhos longitudinalmente

206
estriados. Estípulas subuladas, 1-1,5 x 0,5 mm. Folhas patentes; pecíolo

6-20 mm, mais curto a até um pouco mais longo do que os folíolos

proximais; raque 5-8 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares,

papiráceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os distais 10-20 x 8-12

mm, obcordados, 1,3-1,6x mais longos do que largos, ápice truncado a

emarginado, mucronado, base cuneada, margem revoluta, face adaxial

glabra, face abaxial víscido-setulosa; nervação peninérvia, nervura principal

1, mediana, nervuras secundárias ligeiramente salientes na face abaxial,

as de menor porte inconspícuas. Racemos terminais e axilares nas folhas

distais, corimbosos, 4,5-6 cm compr., geralmente imersos na folhagem;

pedicelo 11-14 mm. Botões ovóides a elipsóides, obtusos. Flores ca. 1,5

cm diâm.; sépalas amareladas, oblongas, obtusas, ± eqüilongas, 7-9 x 2-

2,5 mm; pétalas amarelas, ascendentes (perianto campanulado), obovais,

12-15 x 6-7 mm, cuculo hemi-oval, dobrado sobre o androceu; estames 10.

Legume 2-3 x 0,5 cm, linear-oblongo; valvas vilosas e viscosas.

Chamaecrista viscosa é uma espécie com ampla distribuição na América do


Sul, ocorrendo desde a Venezuela e Colômbia até o Paraguai e, disjunta,
no México, geralmente em hábitats abertos e savanóides. Irwin & Barneby
(1978, 1982) reconheceram três variedades das quais apenas a variedade
major ocorre na área de domínio das caatingas. Mesmo assim, essa planta foi
incluída neste trabalho após alguma hesitação pois os espécimes analisados
não continham informações de hábitat e foram coletados em locais onde
há transição entre caatinga e cerrado, como a Chapada do Araripe e o
planalto do Ibiapaba, ambos no estado do Ceará.

Esta planta pode ser diferenciada das demais espécies arbustivas e


tetrafolioladas de Chamaecrista da caatinga pela forma peculiar de seus
folíolos, com contorno inversamente triangular e obcordado e margem
revoluta.

207
Material examinado: Ceará: Barbalha, A. Duarte & A. Castellanos 471 (K); Barra do Jardim,

G. Gardner 2027 (K).

Chamaecrista zygophylloides (Taub.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New


York Bot. Gard. 35: 660. 1982.
Cassia zygophylloides Taub., Flora 75: 79. 1892.
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Arbusto profusamente ramificado, 1-3,5 m alt.; ramos glabros a

densamente pubérulos, adicionalmente com tricomas glanduloso-setosos

densos sobre os ramos, eixo foliar e eixos da inflorescência, ramos mais

velhos longitudinalmente estriados. Estípulas subuladas, 1-1,5 x 0,5 mm.

Pecíolo (6-)10-32 mm, ca. 1,5x maior do que os folíolos proximais na

maioria das folhas; raque 2-7 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos

2 pares, papiráceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os distais (7-)

12-22 x (6-) 9-15 mm, largamente obovais a suborbiculares, 1,2-1,5x mais

longos do que largos, ápice arredondado a emarginado, margem plana

a, raramente, revoluta, glabros até densamente pubérulos em ambas as

faces; nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana, juntamente com

as secundárias e as nervuras de menor porte salientes e abertamente

reticuladas em ambas ou apenas na face abaxial. Racemos terminais não

corimbosos, 5-12 cm compr., curta ou longamente exsertos da folhagem,

não agrupados em panículas terminais; pedicelo 8-15 mm. Botões ovóides,

obtusos. Flores ca. 1 cm diâm.; sépalas verde-claras, elípticas, obtusas,

± eqüilongas, 4-6 x 1,5-2 mm; pétalas amarelas, ascendentes (perianto

campanulado), obovais, 7-10 x 4-6 mm, cuculo hemi-oval, dobrado sobre

o androceu; estames 10. Legume 2,7-3,8 x 0,5-0,7 cm, linear-oblongo,

ascendente; valvas glabras a pubérulas e viscosas.

Chamaecrista zygophylloides distribui-se descontinuamente no México e


América Central, norte da América do Sul (Guianas e Venezuela) e no

208
leste do Brasil, do Ceará a Minas Gerais (Irwin & Barneby 1978).

No contexto das espécies de Chamaecrista de caatinga, Ch. zygophylloides


pode ser diagnosticada pelos pecíolo proporcionalmente longo, ca. 1,5x o
comprimento dos folíolos basais, os dois pares de folíolos congestos no
ápice da curta raque e pelas flores relativamente pequenas, ca. 1 cm diâm.,
com pétalas de até 10 mm compr. As folhas variam bastante em dimensão e
indumento e plantas desta espécie podem ser facilmente confundidas com
outras espécies arbustivas e tetrafolioladas, sendo, algumas vezes, de difícil
separação. Abaixo são relacionados alguns caracteres que podem auxiliar no
reconhecimento desta espécie em relação a outras semelhantes:

Chamaecrista acosmifolia e Ch. belemii – pecíolo proporcionalmente mais


longo (embora algumas populações depauperadas de Ch. zygophylloides var.
colligans possam ter o pecíolo proporcionalmente mais curto) e pelas flores
menores (em Ch. belemii as pétalas medem 14-16 mm compr.).

Chamaecrista barbata e Ch. brevicalyx– pecíolo proporcionalmente mais


longo (ver observação acima), epiderme dos ramos não ficando pálida e
descamando precocemente, flores menores, além dos folíolos menores
com a forma predominantemente obovada dos folíolos (nestas espécies os
folíolos se apresentam suborbiculares, elípticos ou oval-lanceolados).

Chamaecrista viscosa – folíolos largamente obovais a suborbiculares, não


obtriangulares com ápice emarginado.

Irwin & Barneby (1978, 1982) reconhecem quatro variedades para Ch.
zygophylloides, duas das quais ocorrem na caatinga e são diferenciadas pelos
caracteres abaixo.

1. Ovário e fruto vilosos e víscido-setosos; racemo não corimboso, os


botões em pré-antese não se posicionando ± na mesma altura das

209
flores em antese..........................................................var. zygophylloides

1. Ovário e fruto glabros; racemo ± corimbosos, os pedicelos dos botões


em pré-antese se alongando e se posicionando ± na mesma altura
das flores em antese, no ápice da inflorescência................... var. colligans

Chamaecrista zygophylloides var. colligans (H.S.Irwin & Barneby)


H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 661. 1982.
Cassia zygophylloides var. colligans H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 30: 254. 1978.

Pecíolo 3-8 mm; raque 2-7 mm; folíolos 7-22 x 6-15 mm. Racemo

corimboso, 1-6 cm compr. Ovário glabro. Fruto com valvas glabras.

Planta de caatinga, onde ocorre principalmente associada a serras do


Ceará até a Bahia (Irwin & Barneby 1978), de 600 a 900 m alt. Floração e
frutificação: i-iii.

Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 2702 (HUEFS, K, SPF); Delfino, L. P.

Queiroz et al. 5283 (HUEFS); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 18952 (CEPEC, K);

Lagoinha, R. M. Harley et al. 16772 (CEPEC, K); Milagres, R. M. Harley et al. 20520

(CEPEC, K); Mirangaba, R. P. Orlandi 353 (HRB, HUEFS); Morro do Chapéu, H. S. Irwin

et al. 30731 (isótipo de Cassia zygophylloides var. colligans: K, foto HUEFS); Santa

Terezinha, F. França et al. 1107 (HUEFS).

Chamaecrista zygophylloides (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin &


Barneby var. zygophylloides

Pecíolo 13-21 mm; raque 2-6 mm; folíolos 12-20 x 9-15 mm. Racemo com

raque alongada, 7-12 cm compr. Ovário viloso. Fruto com valvas vilosas

e víscido-setosas.

Caatinga, cerrado e campo rupestres, geralmente com distribuição associada

210
à Cadeia do Espinhaço. Na área de domínio da caatinga, distribui-se
principalmente ao sul da Chapada Diamantina e no planalto de Maracás,
em altitudes de 580 a 900 m. Floração: xii-iv. Frutificação: ii-iv.

Material selecionado: Bahia: Livramento do Brumado, R. M. Harley & N. Taylor 27073

(CEPEC, K); Maracás, A. M. de Carvalho & T. Plowman 1577 (CEPEC, K).

Notas adicionais sobre Chamaecrista

Chamaecrista coradinii foi inexplicavelmente descrita como nova espécie


duas vezes por Barneby (1992, 1996). Esse autor a refere, seguindo as
informações constantes no material examinado (L. Coradin et al. 6655) como
procedente da caatinga de Ibotirama (Bahia). No entanto, as coordenadas
geográficas associadas a esta amostra, indicam que ela foi coletada a
45°48’W, ou seja, a oeste da cidade de Barreiras na estrada para Brasília, a
mais de 150 km de Ibotirama e fora da área de domínio da caatinga. Assim,
esta espécie não foi incluída no presente trabalho. Barneby (1992, 1996)
incluiu Ch. coradinii na série Setosae, um grupo confinado aos cerrados do
planalto central do Brasil, exceto por uma espécie das savanas da Venezuela
(Irwin & Barneby 1978), de modo que considerar Ch. coradinii como uma
planta de cerrado do oeste da Bahia está mais de acordo como esperado
para o conjunto das espécies relacionadas.

Chamaecrista compitalis é uma conhecida por apenas uma coleta da região


de Encruzilhada. Nesta região predominam florestas estacionais localmente
conhecidas por matas de cipó e, por esse motivo, essa espécie não foi incluída
neste trabalho. Ela pertence à seção Apoucouita e pode ser diferenciada de
Ch. eitenorum (a única espécie da mesma seção com ocorrência confirmada
para a caatinga) pelas suas estípulas persistentes e conspícuas (até 8 mm
compr.).

211
Senna Mill.

Arbustos ou arvoretas, menos freqüentemente ervas a subarbustos anuais,

inermes. Folhas paripinadas com 2 a muitos pares de folíolos opostos;

nectários extraflorais presentes ou ausentes, quando presentes sésseis

ou estipitados, claviformes a elipsóides, com superfície secretora sempre


convexa, localizados entre os pares de folíolos ou na base do pecíolo.

Inflorescências em racemos axilares, freqüentemente corimbosos e/ou

agrupados em panículas amplas terminais; bractéolas ausentes. Flores

pentâmeras, zigomorfas (pela corola e/ou pelo androceu) ou assimétricas;

hipanto geralmente indistinto; sépalas livres, em geral fortemente

graduadas, as intermas maiores do que as externas; pétalas amarelas,

a vexilar em geral um pouco mais larga do que as demais, às vezes com

uma das pétalas abaxiais fortemente assimétrica, ± reniforme e oposta

ao pistilo que, neste caso, é lateralmente deslocado; estames 10, os 3

adaxiais curtos e estaminoidais, (6-) 7 estames férteis diferenciados em

um conjunto de 4 estames centrais e (2-) 3 abaxiais maiores ou do mesmo

comprimeto dos 4 centrais; anteras deiscentes por 2 poros ou pequenas

fendas apicais, glabras ou pubescentes mas nunca ciliadas ao longo das

suturas laterais; ovário cêntrico ou enantiostílico, 5-∞(+200)-ovulado.

Fruto deiscente ou indeiscente, quando indeiscente (ou tardiamente

deiscente) geralmente carnoso e ± cilíndrico, quando deiscente nunca com

deiscência elástica e então com valvas papiráceas a cartáceas abrindo-se

inertemente para liberar as sementes.

Senna é um gênero pantropical, com 295 a 300 espécies, cerca de 200


das quais ocorrem nas Américas (Irwin & Barneby 1982). Em muitos
tratamentos florísticos, incluindo a Flora Brasiliensis (Bentham 1870),
as espécies referidas para Senna estão incluídas em Cassia. O conceito
apresentado por Irwin & Barneby (1982) tem se mostrado relativamente

212
estável, pelo menos para os táxons do Novo Mundo, e estudos recentes
de filogenia das Leguminosae (embora com uma amostragem limitada
para as Cassiinae) tem apoiado a segregação de Senna como um gênero
monofilético.

O gênero é floristicamente importante na caatinga e muitas de suas espécies


estão entre as plantas mais conspícuas e as que mais contribuem para
constituir a paisagem característica da caatinga. São relativamente fáceis
de reconhecer pelas suas flores relativamente grandes com pétalas amarelo-
brilhantes e anteras amareladas, rígidas e deicentes por poros apicais. Estes
caracteres são encontrados também nos gêneros Cassia e Chamaecrista.

De Cassia, as espécies de Senna de caatinga podem ser diferenciadas por


uma combinação de caracteres diagnóstica para Cassia mas que, em geral,
não é encontrada nas suas espécies: folhas sem nectários extraflorais com
fruto cilíndrico e carnoso. A única exceção é S. spectabilis que pode ser
diferenciada de Cassia pela ausência de bractéolas na base do pedicelo
(sempre com um par presente em Cassia) e os 3 estames abaxiais nunca
curvados em forma de “S”. Além disso, as espécies de Senna da caatinga
têm inflorescências eretas ou patentes enquanto na única espécie de Cassia
da caatinga a inflorescência é pêndula.

Em relação a Chamaecrista, podem ser diferenciadas pelo fruto, cilíndrico


ou plano-compresso mas então com deiscência inerte. Em Chamaecrista
os frutos são sempre plano-compressos e com deiscência elástica, as valvas
tornando-se espiraladas durante a deiscência. Na ausência de frutos, as
espécies de Senna podem ser diferenciadas pela ausência de bractéolas no
pedicelo (em Chamaecrista o pedicelo tem duas bractéolas ± alternas pouco
acima do meio) e pelo androceu zigomorfo, com os 3 estames abaxiais
geralmente deslocados em relação ao eixo mediano da flor. Além disso,
em Chamaecrista, os nectários extraflorais quando presentes são em forma

213
de disco ou de cálice e, quando ausentes, a planta é revestida por tricomas
glandulares. Em Senna, as únicas espécies de caatinga que apresentam
tricomas glandulares também possuem nectários extrflorais e estes são
sempre convexos, claviformes a piramidais.

As 19 espécies encontradas na área de domínio da caatinga podem ser


agrupadas de acordo com o diagrama abaixo.

Folhas sem nectários Nectários extrflorais presentes

1 só nectário Mais de um nectário localizado entre os pares de folíolos


Senna
Fruto seco com Fruto carnoso,
Nectário no Nectário entre o Flores > 2 cm diâm
valvas planas cilíndrico Flores ” 1,5 cm
pecíolo próximo primeiro par de Estípula Estípula ± diâm.
ao pulvino folíolos subulada reniforme
Fruto seco,

cilíndrico compresso

Grupo 2
Folíolos em 2 pares

plano-

S. harleyi

S. gardneri
carnoso,

S. macranthera
Fruto

S. rizzinii
S. splendida

Grupo 1
petalóides,
amarelas
Brácteas

S. alata
Sem tricomas glandulares

S. martiana
S. reticulata
Mais de dois pares de folíolos

e na raque Racemos Mais de 2 flores

Grupo 4 Grupo 3 Grupo 5


Brácteas herbáceas

S. spectabilis S. cana
S. obtusifolia
S. occidentalis S. pendula S. cearensis
S. uniflora
S. lechriosperma
bifloros

Grupo 6

S. aversiflora
glandulares

S. acuruensis
no pecíolo
Tricomas

S. aristiguietae
S. catingae
S. trachypus

Chaves auxiliares:
Grupo 1:
1. Folhas com 17-23 pares de folíolos, cada folíolo oblíquo, oblongo,
agudo, com 11-18 mm larg.................................................. S. martiana

1. Folhas com 8-9 pares de folíolos, cada folíolo simétrico, largamente


oblongo, ápice obtuso a arredondado, com 33-50 mm larg.

2. tamanho do pecíolo, fruto + indumento das folhas................. S. alata

2. tamanho do pecíolo, fruto + indumento das folhas.......... S. reticulata

214
Grupo 2:
1. Frutos plano compressos, secos; óvulos 30-42; flores relativamente
pequenas, as pétalas medindo 10-15 mm compr.; brácteas linear-
lanceoladas............................................................................... S. harleyi

1. Frutos cilíndricos, ± carnosos; óvulos 80-240; flores maiores, as


pétalas medindo geralmente mais de 20 mm compr. (se pétalas
menores e óvulos 44-58 então as brácteas são suborbiculares)

2. Folíolos simétricos na base, glabros, com margem discolor,


geralmente avermelhada

3. Nervuras laterais estendendo-se até a margem dos


folíolos e anastomosando-se com uma nervura marginal
(nervação camptódroma); folíolos obovados com ápice
arredondado..................................................................S. gardneri

3. Nervuras laterais formando arcos e anastomosando-se entre


si antes de alcançar a margem (nervação broquidódroma);
folíolos elípticos a lanceolados com ápice agudo ou
obtuso......................................................................... S. splendida

2. Folíolos com base assimétrica devido ao posicionamento excêntrico


da nervura principal, pilosos a vilosos; margem concolor

4. Brácteas suborbiculares, pelo menos algumas persistindo


até a maturação dos frutos; flores ca. 3,5 cm diâm.; estames
pouco diferenciados em tamanho, as anteras dos 7 estames
alcançando ± a mesma altura.......................................... S. rizzini

4. Brácteas setáceas a lanceoladas, caducas logo após a antese;


flores ca. 4,5 cm diâm.; filetes dos 3 estames abaxiais mais
longos do que os dos estames centrais resultando em que suas

215
anteras ficam posicionadas mais altas em 1/3 ou mais do que
a dos estames centrais............................................ S. macranthera

Grupo 3:
1. Nectário faltando entre o par de folíolos basal; folíolos em 5 a 7
pares, os distais medindo 3,1 a 4,6 cm compr., 2,5-3 x mais longos
do que largos; estípulas de até 10 mm compr.; flores menores, ca. 3
cm diâm., com pétalas de 16 a 20 mm compr...............................S. cana

1. Nectário presente entre todos os pares de folíolos; folíolos em 3 a 4


pares, os distais medindo 4,5 a 8 cm compr., 1,5-2 x mais longos do
que largos; estípulas 10-25 mm compr.; flores ca. 5 cm diâm., com
pétalas de 25 a 30 mm compr.

2. Fruto ca. 5 mm larg., valvas fortemente costadas a ca. 2 mm da sutura


deixando o fruto com uma seção tranvsersal cruciforme S. cearensis

2. Fruto 9-10 mm larg., plano-compresso; valvas discretamente


costadas.....................................................................S. lechriosperma

Grupo 4:
1. Nectário localizado na base do pecíolo, próximo ao pulvino;
inflorescência muito mais curta do que a folha subjacente; fruto
seco, plano compresso......................................................S. occidentalis

1. Nectário localizado entre o par basal de folíolos; folíolos obovados


com ápice arredondado; inflorescência mais longa e exserta da
folhagem; fruto cilíndrico e carnoso.......................................S. pendula

Grupo 5:
1. Ramos e folhas revestidos por tricomas setosos, de 1-2 mm compr.,
amarelos a avermelhados; estilete curto, 1,5-2 mm; fruto curto
(até 4 cm compr.), reto, ereto, com valvas tranversalmente sulcadas

216
simulando um lomento...........................................................S. uniflora

1. Ramos e folhas glabros a glabrescentes (esparsamente pilosos);


estilete 2-4 mm compr.; fruto significativamente mais longo (10-13
cm compr.), arqueado, com superfície das valvas planas......S. obtusifolia

Grupo 6:
1. Cada racemo com exatamente duas flores; ramos e estípulas
híspidos, revestidos por tricomas longos (3-7 mm) e eretos; tricomas
glandulares ausentes; nectário 1, séssil, obpiriforme; pedicelo
apresentando na base uma glândula fusiforme................... S. aversiflora

1. Racemos 3-∞-floros; ramos e estípulas nunca híspidos; tricomas


víscido-glandulares presentes pelo menos no eixo foliar; mais de 1
nectário, estipitado, oblongo-clavados; base do pedicelo não glandular

2. Todas as sépalas densa e curtamente pubérulas na face dorsal;


estilete 5-7 mm compr.; raque do racemo < 2 mm..... S. aristeguietae

2. Sépalas glabras ou as externas esparsamente pilosas (as internas,


maiores, sempre glabras); estilete 1,5-3 mm compr.; raque do
racemo ≥ 3 mm

3. Margem do legume estreitamente alada (ala ca. 1 mm larg.);


folíolos 5-9 pares; pedúnculos víscido-setosos; planta do Piauí,
Ceará, Paraíba e extremo noroeste da Bahia............... S. trachypus

3. Margem do legume não alada; folíolos 4-20 pares mas se


4-9 pares então pedúnculo não víscido-setoso; planta de
Pernambuco e da Bahia a leste do rio São Francisco

4. Folíolos 14-20 pares, concolores, 10-18 x 4-8


mm ......................................................................S. acuruensis

4. Folíolos 4-7 pares, discolores, 15-37 x 12-18 mm . .. S. catingae

217
Senna acuruensis (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 35: 506. 1982.
Cassia acuruensis Benth. in Mart., Fl. Brasil.
��������������������������
15 (2): 122. 1870.

Arbusto a pequena árvore de 2-3(-5) m alt.; indumento dos ramos,

estípulas, eixo foliar e eixos da inflorescência densamente víscido-

setulosos. Estípulas 4-8 x 0,3-0,5 mm, setosas, subuladas. Pecíolo 0,9-

1,6 mm; raque 9-13.5 cm; segmentos interfoliolares 4-5 mm; nectários

oblongo-claviformes, estipitados, localizados entre os pares basais de

folíolos e, freqüentemente, entre todos os pares; folíolos 14-20 pares,

concolores, papiráceos, discretamente decrescentes em cada extremidade

da raque, 10-18 x 4-8 mm, 1,8-3x mais longos que largos, oblongos a

oblongo-obovais, ápice obtuso a truncado, mucronado, face adaxial

glabra, curtamente pilosos em ambas as faces; nervura principal mediana.

Racemos 3-5 cm, patentes, axilares nas folhas distais, às vezes tornando-

se paniculados pela não expansão das folhas; pedicelos 2,5-4,5 cm.

Botões globosos. Flores ca. 4,5 cm diâm.; sépalas glabras, esverdeadas

com margem amarelada, muito desiguais em forma e tamanho, as

internas suborbiculares, 7-11 mm compr., ca. 2x maiores do que as

externas; pétalas amarelas, muito desiguais, as adaxiais reduzidas e mais

longamente ungüiculadas, as abaxiais maiores uma das quais assimétrica,

subreniforme. Fruto 6-11 x 0,9-1,4 cm, patente ou pêndulo, oblongo-linear,

plano-compresso; estípite 5-8 mm; valvas papiráceas, nigrescentes.

Ocorre principalmente na caatinga meridional, inclusive em alguns vales


secos na Chapada Diamantina, em diferentes tipos de solos e a altitudes de
400 a 1000 m. Floração: xii-iii (-iv). Frutificação: xii-v (-vii).

Irwin & Barneby (1982) reduziram Cassia catingae Harms a variedade


dessa espécie e descreveram uma nova variedade. No entanto, S. acuruensis
apresenta número e dimensões dos folíolos e indumento distintos de C.

218
catingae. Além disso, dados moleculares indicam que S. acuruensis pode ser
mais relacionada a S. multijuga do que a C. catingae (Marazzi et al. 2006) a
qual é, aqui, excluída da circusncrição de S. acuruensis.

No seu limite sul de distribuição, S. acuruensis ocorre simpatricamente com


S. aristeguietae da qual se diferencia pelas sépalas glabras e estilete mais
curto (1,8-3 mm em S. acuruensis e 5-7 mm em S. aristeguietae).

Nomes vernaculares: são-joão, são-joãozinho (gerais), pau-de-besouro


(Glória, BA), canela-de-velho (Campo Alegre de Lurdes, BA).

Material selecionado: Bahia: Abaíra, L. P. Queiroz 2609 (HUEFS); Bom Jesus da Lapa,

R. M. Harley et al. 21538 ICEPEC, K); Boninal, L. Coradin et al. 6559 (CEN, K); Brumado,

A. M. de Carvalho et al. 2647 (CEPEC, K); Cetité, G. Hatschbach et al. 65841 (MBM);

Campo Alegre de Lurdes, A. M. Miranda et al. 3968 (Hst, HUEFS); Canudos, L. P. Queiroz

et al. 7168 (HUEFS); Filadélfia, R. M. Harley et al. 16144 (CEPEC, K); Gentio do Ouro,

R. M. Harley 18933 (CEPEC, K); Glória, H. P. Bautista 473 (HRB, K); Iaçu, L. R. Noblick

3625 (HUEFS); Ipupiara, E. Saar et al. 59 (ALCB, HUEFS); Jequié, S. A. Mori & T. S. dos

Santos 11830 (CEPEC, K); Jeremoabo, L. P. Queiroz et al. 3724 (HUEFS); Livramento

do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1911 (CEPEC, K); Mirangaba, W. N. da

Fonseca 409 (HRB, K); Morro do Chapéu, F. França et al. 4679 (HUEFS); Serra do Açuruá,

J. S. Blanchet 2851 (holótipo de Cassia acuruensis Benth.: K, foto HUEFS); Tucano, A.

M. de Carvalho et al. 3864 (CEPEC, HUEFS); Urandi, R. Mello-Silva et al. 1414 (HUEFS,

SPF). Pernambuco: Belo Jardim (serra do Genipapo): A. Chase 7695 (K).

Senna alata (L.) Roxb., Fl. Indica 2: 349. 1824.


Cassia alata L., Sp. Plant.:
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378. 1753.
Cassia bracteata L. f. , Suppl. Pl. Syst. Veg.: 232. 1781.
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Arbusto pequeno de crescimento rápido, 0,6-2 m alt.; ramos jovens densa

e curtamente pubérulos e finamente pilosos. Estípulas ca. 7-10 x 5-6 mm,

219
obliquamente lanceoladas, acuminadas, dilatadas e auriculadas no lado

oposto ao pecíolo, quase amplexicaules. Pecíolo 9-10 mm (7 dos quais

correspondendo ao pulvino); raque 20-22 cm; segmentos interfoliolares

20-22 mm; nectário ausente; folíolos em 9 pares, cartáceos, acrescentes

distalmente, os distais 8,2-8,8 x 5-5,5 cm, ca. 1,8x mais longos que

largos, oblongos, tornando-se obovais no ápice da raque, ápice obtuso

a arredondado, face adaxial glabra, face abaxial curta e densamente

pubérula e reticulada; nervura principal mediana, nervuras secundárias

salientes na face abaxial. Racemos 19-30 cm, robustos, eretos ou curvados

para cima, axilares; pedicelos 0,7-0,9 cm; brácteas 1,7-2,5 x 0,9-1,2 cm,

petalóides, amarelas, côncavas, recobrindo totalmente o botão e formando

um cone no ápice do racemo. Botões obovóides. Flores ca. 2,5 cm diâm.,

o perianto ± globoso na antese; sépalas petalóides, amarelo-alaranjadas,

12-15 mm compr.; pétalas amarelo-ouro, 1,6-2 x 0,9-1 cm, obovadas, a

vexilar diferenciada, subquadrada. Fruto 12-14 x 2-2,3 cm, ascendente,

em contorno largamente linear, plano-compresso, cada sutura carenada

e valvas papiráceas aladas de modo que o fruto apresenta uma seção

tetragonal.

Senna alata é uma espécie amplamente distribuída na América tropical


e cultivada em várias partes do mundo como ornamental ou medicinal,
tornando-se espontânea em algumas regiões do sul dos Estados Unidos e
nos trópicos da África, Ásia e Austrália (Irwin & Barneby 1982). Pode ser
considerada como uma espécie invasora, especialmente em áreas úmidas
ou sazonalmente inundáveis, devendo ter sido através da colonização de
terrenos antropizados que esta espécie penetrou na caatinga, onde ocorre
principalmente em brejos e em áreas transicionais caatinga-cerrado.
Floração e frutificação: vi (mal documentada, provavelmante ao longo do
ano).

Esta espécie apresenta grande semelhança morfológica em caracteres

220
vegetativos e florais com S. reticulata, embora o fruto permita uma rápida
distinção pois os de S. alata apresentam uma ala conspícua ± no meio da
valva, a qual está ausente nos frutos de S. reticulata. Além disso, as folhas
de S. alata apresentam o pecíolo muito curto, quase obsoleto, medindo
apenas 1 ou 2 mm além do pulvino, característica não apresentada por S.
reticulata.

Nomes vernaculares: mata-pastão (geral), canafistão (Campo Alegre de


Lurdes, BA).

Material selecionado: Bahia: Campo Alegre de Lurdes, L. P. Queiroz et al. 7374 (HUEFS);

Itaberaba, F. França et al. 1216 (HUEFS, K); Santo Inácio, T. S. Nunes et al. 976 (HUEFS)..

Piauí: Gilbués, L. Coradin et al. 5839 (CEN, K).

Senna aristeguietae H.S.Irwin & Barneby, Mem. New


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York Bot. Gard. 35:
502. 1982.

Arvoreta ca. 5 m alt. x 2 cm DAP, tronco com casca lisa e amarronzada;

indumento dos ramos, estípulas, eixo foliar e eixos da inflorescência

constituído por tricomas víscido-setulosos densos e tricomas tectores

curtos. Estípulas 6-7 x ca. 0,3 mm, setosas, subuladas. Pecíolo ca. 11 mm;
raque 7,3-7,5 cm; segmentos interfoliolares 7-9 mm; nectários oblongo-

claviformes, curtamente estipitados, localizados entre os dois primeiros

pares de folíolos; folíolos 7-11 pares, papiráceos, discolores, discretamente

decrescentes em cada extremidade da raque, os medianos 2,2-2,4 x 0,8-

0,9 cm, 2,4-3x mais longos que largos, oblongos, tornando-se oblongo-

obovados no ápice da raque, ápice truncado a arredondado, face adaxial

esparsamente pilosa, quase glabra, curtamente pubérula; nervura principal

mediana, nervuras secundárias e terciárias inconspícuas. Racemos 3,3-4

cm, subumbeliformes (eixo florífero < 2mm), patentes, axilares nas folhas

221
distais; pedicelos ca. 2 cm. Botões globosos. Flores ca. 5 cm diâm.;

sépalas minutamente pubérulas dorsalmente, muito desiguais em forma

e tamanho, as internas obovadas, ca. 14 mm compr., ca. 2x maiores do

que as externas; pétalas amarelas, 4 largamente obovadas e uma abaxial

assimétrica, subreniforme. Fruto não visto.

Senna aristeguietae apresenta uma distribuição disjunta entre o leste do Brasil


(sudeste da Bahia e nordeste de Minas Gerais) e a costa NW da Venezuela
(próximo ao lago Maracaibo). Irwin & Barneby (1982) especulam que ela
talvez tenha sido introduzida na Venezuela. Esta planta é conhecida de
poucas coletas de Minas Gerais e foi pela primeira vez coletada na Bahia
por G. P. Lewis, próximo a Livramento do Brumado, onde ocorre em
área transicional entre caatinga e cerrado (“campos gerais”). Floração: iv.
Frutificação: ?

Evidentemente afim a S. acuruensis (especialmente a S. acuruensis var.


interjecta) da qual se diferencia pelo estilete mais alongado (5-7 mm x 1,8-
3 mm) e pelas sépalas dorsalmente pubescentes (glabras em S. acuruensis).

Material examinado: Bahia: Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade

1992 (CEPEC, K).

Senna aversiflora (Herbert) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 35: 529. 1982.
Cassia aversiflora Herbert, Bot. Mag. 53, t. 2638. 1826.
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Arbusto virgado 1,5-2 m alt.; ramos esparsa ou densamente híspidos com

tricomas setosos eretos e longos, ca. 3-7 mm compr. Estípulas 5-13 x

ca. 0,3 mm, setosas. Pecíolo 15-22 mm; raque 2,7-4,5 cm; segmentos

interfoliolares 5-6 mm; nectário robusto, obpiriforme, séssil, alaranjado,

localizado entre os primeiro par de folíolos; folíolos 5-8 pares, papiráceos,

222
concolores, fortemente acrescentes distalmente, os distais 1,7-2,8 x 0,5-

1,2 cm, 2,2-3x mais longos que largos, obovais a oblanceolados, ápice

arredondado a ligeiramente emarginado, base cuneada, facialmente

glabros, a margem ocasionalmente ciliada; nervura principal mediana,

nervuras secundárias e terciárias inconspícuas. Racemos 2-4 cm, no ápice

dicotômicos e bifloros, patentes, axilares nas folhas subterminais; pedicelos

1,7-2 cm, biglandulares na base. Botões globosos. Flores 4,5-5 cm diâm.;

sépalas glabras, largamente obovais, desiguais em tamanho, as internas

7-10 mm compr., ca. 1,5x maiores do que as externas; pétalas amarelas,

4 largamente obovadas e uma abaxial assimétrica, subreniforme. Legume

9-15 x 0,4-0,5 cm, estreitamente linear, reto, plano-compresso; estípite 4-

10 mm; valvas amarronzadas, papiráceas formando elevações piramidais

em forma de X sobre cada semente.

Senna aversiflora é uma espécie endêmica da caatinga, distribuindo-se


principalmente na depressão sertaneja meridional, no estado da Bahia a
leste do rio São Francisco e em Pernambuco, apenas alcançando o estado da
Paraíba (Areias, fide Irwin & Barneby 1982). É uma planta mais freqüente
em bancos de rios sobre solos arenosos, em altitudes de 300 a 700 m.
Floração: xi-vii. Frutificação: ii-vii.

No contexto das espécies de caatinga, S. aversiflora é prontamente


reconhecida pelas inflorescências bifloras, as duas flores surgindo do
mesmo ponto no ápice do pedúnculo. Além disso, apresenta os folíolos
claramente acrescentes em direção ao ápice da raque (com os folíolos distais
visivelmente maiores do que os proximais) e o caule híspido, revestido por
tricomas setosos, eretos e muito longos (ca. 3-7 mm), embora alguma
cautela seja necessária em relação a este caráter pois existem alguns raros
indivíduos com caule glabro.

Esta espécie foi descrita de plantas cultivadas em estufas na Europa a partir

223
de sementes levadas do Brasil e nenhum tipo foi preservado. O epíteto
aversiflora foi dado a esta planta pelo deão Herbert em alusão à forma
singular com que as flores de cada par parecem se afastar pela curvatura das
pétalas, sendo esta, talvez, a primeira alusão a enantiostilia em Senna (Irwin
& Barneby 1982).

Nome vernacular: são-joão.

Material selecionado: Bahia: Brumado, F. França et al. 4195 (HUEFS); Cansansão, R. M.

Harley et al. 16481 (CEPEC, K); Conceição de Feira, L. R. Noblick 1976 (HUEFS); Don

Basílio, H. S. Brito & G. P. Lewis 301 (CEPEC, K); Ipirá, B. C. Bastos 527 (BAH, HUEFS);

Ituaçu, G. Hatschbach & J. M. Silva 50166 (K, MBM); Jequié, A. Duarte & A. Castellanos

351 (K); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1934 (CEPEC, K);

Miguel Calmon, L. R. Noblick 3927 (HUEFS, K); Monte Santo, E. Saar et al. 22 (ALCB,

HUEFS); Morro do Chapéu, H. S. Irwin et al. 30712 (K); Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick

& M. J. S Lemos 4104 (HUEFS, K); Serra Preta, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4221

(HUEFS, K). Pernambuco: Bezerros, A. M. Miranda et al. 2570 (Hst, HUEFS); Brejão, A.

M. Miranda et al. 2559 (Hst, HUEFS); Pesqueira, E. A. Shimabukuro et al. 278 (HUEFS).

Senna cana (Nees & Mart.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 35: 226. 1982.
Cassia cana Nees & Mart., Nova Acta Phys.-Med. Acad. Caes. Leop.-Carol. Nat.
Cur. 12: 34. 1825.
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var. cana

Arbusto 2-3 m alt. a arvoreta ca. 4 m; ramos longitudinalmente costados,

densamente pubérulos, tricomas curtos, acinzentados. Estípulas

persistentes, 6-10 x 4-6 mm, foliáceas, ± reniformes, ápice acuminado a

224
caudado. Pecíolo 5-10 mm; raque 4,9-7 cm; segmentos interfoliolares 10-

18 mm; nectários fusiformes a subulados, estipitados, localizados entre

todos os pares de folíolos exceto no basal e, freqüentemente, ausentes

também no distal; folíolos 5-7 pares, coriáceos, ligeiramente acrescentes

distalmente, os distais 3,1-4,6 x 1,2-1,5 cm, 2,6-3,1x mais longos que

largos, estreitamente elípticos a oblanceolados, ápice acuminado a agudo,

margem revoluta, fortemente discolores, face adaxial rugosa, glabra a,

raramente, esparsamente pilosa, face abaxial tomentosa, cinérea; nervura

principal central exceto muito próximo da base, nervuras secundárias

salientes e discolores na face abaxial. Racemos 7-13 cm, ± corimbosos,

patentes, axilares nas folhas distais; pedicelos 2,1-2,2 cm, geralmente

desprovidos de glândula na base ou glândula caduca. Botões globosos.

Flores ca. 3 cm diâm.; sépalas internas 8-11 mm compr., largamente

obovadas, ca. 2x maiores do que as externas; pétalas amarelas, obovais,

aproximadamente do mesmo tamanho, 16-20 x 12 mm. Legume 8,5-13,5

x 0,5 cm, estreitamente linear, ligeiramente curvo, compresso mas cada

valva apresentando uma nervura saliente próximo à sutura ventral (seção

transversal então semelhante a um “†” invertido); estípite 3-5 mm; valvas

amarronzadas, cartáceas.

Senna cana é uma espécie distribuída principalmente em cerrado e campo


rupestre,referida por Irwin & Barneby (1982) para os estados da Bahia, Goiás,
Minas Gerais e Espírito Santo. É uma espécie polimórfica nos caracteres
vegetativos e, baseado nestes caracteres, esses autores reconheceram cinco
variedades. Na caatinga, apenas a variedade cana ocorre ocasionalmente,
geralmente em regiões de transição caatinga/cerrado ou nas montanhas da
Chapada Diamantina, sobre solo arenoso, em altitudes de 400 a 1000 m.
Floração e frutificação ± concomitantes: i-vii.

Esta planta pode ser diferenciada de S. lechriosperma principalmente pelas


dimensões menores das flores, estípulas e folíolos, como pode ser observado

225
na chave para as espécies desse grupo. Além disso, nas plantas de caatinga
de S. cana var. cana, não há nectário entre o primeiro par de folíolos e,
freqüentemente, também entre o par distal, enquanto em S. lechriosperma
un nectário está sempre presente entre o par proximal.

Irwin & Barneby (1982) não referem esta espécie para o estado de
Pernambuco mas pelo menos três espécimes coletados em Buíque e Rio
Branco apresentam os caracteres acima referidos para essa espécie, não
deixando dúvida de que se tratam de espécimes de S. cana.

Nomes vernaculares: são-joão (geral), candieiro-preto (Buíque, PE).

Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 2808 (HUEFS, K, SPF); Caetité, G.

Hatschbach & J. M. Silva 50467 (K, MBM); Campo Formoso, L. Coradin et al. 6071 (CEN,

K); Ibotirama, L. Coradin et al. 6616 (CEN, K); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

3374 (HUEFS, K); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16713 (CEPEC, K); Mirangaba, W. N. da

Fonseca 395 (HRB, K); Morro do Chapéu, L. R. Noblick 3492 (HUEFS); Urandi, T. Jost et

al. 507 (HRB, HUEFS). Pernambuco: Buíque, Vasconcellos Sobrinho s. n. i.1940 (K); Rio

Branco, Vasconcellos Sobrinho s. n. vi.1937 (K).

Senna catingae (Harms) L.P.Queiroz, comb. nov.


Cassia catingae Harms. Bot. Jahrb. 42: 210. 1908.
Senna acuruensis var. catingae (Harms) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New
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York
Bot. Gard. 35: 509. 1982.
Senna acuruensis var. interjecta H.S.Irwin & Barneby, Mem. New
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York Bot. Gard.
35: 508. 1982.

Arbusto 2-3 m alt.; ramos e eixos da inflorescência glabros, tricomas

glandulares apenas no eixo foliar. Estípulas 4-8 x 0,3-0,5 mm, setosas,

subuladas. Pecíolo 7,5-13,5 cm; raque 3-5 cm; segmentos interfoliolares

ca. 10 mm; nectários oblongo-claviformes, estipitados, localizados entre os

226
pares basais de folíolos e, freqüentemente, entre todos os pares; folíolos

4-7 pares, papiráceos, fortemente discolores, discretamente decrescentes

em cada extremidade da raque, 15-37 x 12-18 mm, 1,5-2x mais longos

que largos, oblongo-obovais, ápice obtuso a truncado, mucronado, glabros

exceto ocasionalmente pilosos ao longo da nervure principal na face abaxial;

nervura principal mediana. Racemos 3-5 cm, patentes, axilares nas folhas

distais, às vezes tornando-se paniculados pela não expansão das folhas;

pedicelos 2,5-4,5 cm. Botões globosos. Flores ca. 4,5 cm diâm.; sépalas

glabras, esverdeadas com margem amarelada, muito desiguais em forma

e tamanho, as internas suborbiculares, 7-11 mm compr., ca. 2x maiores do

que as externas; pétalas amarelas, muito desiguais, as adaxiais reduzidas

e mais longamente ungüiculadas, as abaxiais maiores uma das quais

assimétrica, subreniforme. Fruto 6-11 x 0,9-1,4 cm, patente ou pêndulo,

oblongo-linear, plano-compresso; estipe 5-8 mm; valvas papiráceas,

nigrescentes.

Distribui-se na região sudeste do estado da Bahia, do planalto de Vitória


da Conquista até a região de Itaberaba. Ocorre tanto em caatinga arbustiva
quanto em mata de cipó, geralmente sobre solos argilosos, a altitudes de
500-800 m. Floração: x-iii (vi). Frutificação: ?

Diferencia-se de S. acuruensis pelos folíolos maiores e em menor número


(ver comentários sob essa espécie).

Nome vernacular: canjuão.


Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 1171 (HUEFS, K, SPF); Anajé, G.

Hatschbach & F. J. Zelma 50432 (K, MBM); Aracatu, R. M. Harley et al. 15022 (CEPEC,

K); Boa Vista do Tupim, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3875 (HUEFS); “Caldeirão”,

E. Ule 7250 (isótipo de Cassia catingae Harms: K, foto HUEFS); Ipirá, B. C. Bastos 521

(BAH, HUEFS); Itaberaba, R. M. Harley et al. 20525 (CEPEC, K); Jacobina, B. C. Bastos

227
429 (BAH, HUEFS); Jequié, A. M. de Carvalho & T. Plowman 1587 (CEPEC, K); Maracás,

L. P. Queiroz & V. L. Fraga (HUEFS); Nova Itarana, F. França et al. 3491 (HUEFS); Piritiba,

L. R. Noblick 1836 (HUEFS); Santa Inês, D. A. Lima 58-2914 (K); Tremandal, L. P. Queiroz

& N. S. Nascimento 3699 (HUEFS, K); Vitória da Conquista, E. Pereira & G. Pabst 9752

(K).

Senna cearensis Afr.Fern., Albertoa n.s. 7: 6. 2000.


Senna barnebyana Afr.Fern., Bradea 6: 282. 1994 (non Senna barnebyana Lass.,
Brittonia 33: 513. 1981).
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Arbusto 1-2 m; ramos jovens vilosos. Estípulas persistentes, 15-20 x 5-12

mm, foliáceas, ± reniformes, ápice longamente caudado. Pecíolo 8-20 mm;

raque 3-6 cm; segmentos interfoliolares 10-20 mm; nectários fusiformes,

estipitados, localizados entre todos os pares de folíolos; folíolos 3-4 pares,

discolores, papiráceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os distais 5-

9 x 2,5-4 cm, 1,4-1,8x mais longos que largos, obovais a oblongo-obovais,

ápice arredondado, mucronado; face adaxial pilosa, face abaxial vilosa;

nervura principal excêntrica na base, a partir daí mediana, nervuras

secundárias salientes na face abaxial. Racemos 7-9 cm, patentes, axilares

nas folhas distais; pedicelos 1,5-2,2 cm, ladeados na base por uma
glândula fusiforme. Botões obovóides. Flores ca. 5 cm diâm.; sépalas

internas ca. 10-15 mm compr., suborbiculares, ca. 2x maiores do que as

externas; pétalas amarelas, largamente obovais, aproximadamente do

mesmo tamanho, ca. 27-31 x 11-23 mm, a vexilar ligeiramente mais larga.

Legume 10,5-14 x ca. 0,5 cm, linear, encurvado, cada valva apresentando

uma nervura saliente excêntrica, seção transversal então em forma de “²”;

estípite 3-4 mm; valvas castanhas, cartáceas.

Senna cearensis é uma conhecida do estado do Ceará e norte de Pernambuco,


especialmente nas Chapadas do Araripe e do Planalto da Ibiapaba, sobre

228
solos arenosos. Floração: ii-iv. Frutificação: iii-vi.

Apresenta maior afinidade com S. lechriosperma, ambas ocorrendo


simpatricamente no Ceará. A principal diferença de S. cearensis em relação
a essa espécie reside no fruto que em S. cearensis apresenta-se linear, com ca.
5 mm de largura e seção transversal cruciforme enquanto em S. lechriosperma
apresenta-se linear-oblongo, com 9-10 mm de largura e seção transversal
plano-compressa. Fernandes (1994) descreveu S. barnebyana para chapadas
arenosas no Ceará e Piauí. Este nome já estava ocupado por S. barnebyana
Lass., uma espécie não relacionada do Peru. Posteriormente, Fernandes
(2000) corrigiu este nome para S. cearensis.

Material selecionado: Ceará: Barabalha, F.R.Costa s.n. EAC 32765 (EAC); Novo Oriente,

F.S.Araújo et al. s.n. EAC 16253 (EAC); Pindoré, F.S.Cavalcanti s.n. EAC 18515 (EAC);

Ubajara, A. Fernandes & Matos s. n. 22.iii.1980 (holótipo de S. barnebyana A. Fernandes

e de S. cearensis A. Fernandes: EAC). Pernambuco: s.l., campos da Serra do Araripe, D.

A. Lima & M. Magalhães 52-1136 (K).

Senna gardneri (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 35: 192. 1982.
Cassia gardneri Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15 (2): 120. 1870.

Arbusto virgado, pouco ramificado, 1,5-2,5 m alt.; ramos glabros, quando

jovens fractiflexos. Estípulas ca. 2-3 mm, linear-oblanceoladas. Pecíolo

18-23 mm; raque 4-6 mm; nectário robusto, piriforme, localizado entre

o primeiro par de folíolos; folíolos em 2 pares, cartáceos a coriáceos,

glaucos, acrescentes distalmente, os distais, 2,2-2,6 x 1,7-2 cm, 1,3-

1,5x mais longos que largos, obovados a largamente elípticos, obtusos a

arredondados, glabros; nervura principal mediana, nervuras secundárias

divergindo da central em um ângulo de ca. 45° e anastomosadas com

229
uma nervura marginal conspícua. Racemos 1-5,5 cm, axilares em poucas

folhas distais, às vezes agrupados em panículas; pedicelos 1,1-2,5 cm;

brácteas subuladas, inconspícuas. Botões globosos. Flores ca. 4,5 cm

diâm.; sépalas verdes com dorso acastanhado, as maiores internas ca. 10-

12 mm compr.; pétalas amarelo-alaranjadas, 2-2,3 x 1,2-1,3 cm, obovadas;

estames 7, anteras contraídas no ápice em um bico biporoso. Fruto ca.

6,1-0,9 x 1,2-1,7 cm, cilíndrico, carnoso, base contraída em estípite de ca.

9 mm; pericarpo glabro, nigrescente na maturação.

Senna gardneri é uma espécie endêmica da caatinga, ocorrendo do centro-


sul do Piauí ao norte da Bahia, estendendo-se mais para o sul pela bacia do
rio São Francisco até a altura de Bom Jesus da Lapa. Esta espécie ocorre
principalmente em solo arenoso, em altitudes de 300 a 700 m. Floração:
ii-vii. Frutificação: vi-vii.

Dentre as espécies de Senna com folha tetrafoliolada, S. gardneri é facilmente


reconhecível pelos folíolos com nervuras secundárias camptódromas, ou seja,
as nervuras secundárias estendem-se em direção à margem e anastomosam-
se a uma nervura marginal conspícua. Além disso, esta espécie apresenta
folíolos obovados e glabros enquanto as demais espécies tetrafolioladas de
Senna possuem folíolos pubescentes.

Nomes vernaculares: são-joão (Casa Nova, BA), são-joão-da-caatinga


(Ibiraba, BA)

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21537 (CEPEC,

K); Casa Nova, L. M. C. Gonçalves 210 (HRB, K); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al.
18906 (CEPEC, K); Ibiraba, L. P. Queiroz 4803 (HUEFS); Ibotirama, L. Coradin et al. 6315

(CEN, K); Pilão Arcado, L. P. Queiroz et al. 6599 (HUEFS); Remanso, L. P. Queiroz et al.

7866 (HUEFS); Serra do Açuruá, J. S. Blanchet 2890 (K); Uibaí, B. Stannard et al. PCD

2498 (ALCB, HUEFS, K); Xique Xique, H. S. Brito et al. 317 (CEPEC, K). Piauí: Cristiano

Castro, L. Coradin et al. 5911 (CEN, K); Oeiras, G. Gardner 2123 (lectótipo de S. gardneri:

230
K, foto HUEFS).

Senna harleyi H.S.Irwin & Barneby, Mem. New


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York Bot. Gard. 35: 209.
1982.

Arbusto virgado, 1-2 m alt.; ramos sulcados, densamente pubérulos,

tricomas patentes a adpressos. Estípulas ca. 3-7 mm, setiformes,

eretas. Pecíolo 12-16 mm; raque 6-7 mm; nectário fusiforme, estipitado,

localizado entre o primeiro par de folíolos; folíolos em 2 pares, cartáceos

a coriáceos, acrescentes distalmente, os distais, 2,3-3,2 x 1,2-1,6 cm, 1,9-

2,3x mais longos que largos, obovados a largamente elípticos, obtusos a

arredondados, margem ligeiramente revoluta, face adaxial minutamente

pubérula, face abaxial pilosa até densamente pilosa, subvelutina;

nervura principal excêntrica na base, nervuras secundárias ligeiramente

proeminentes na face abaxial. Racemos 2,5-4 cm, corimbosos, axilares

nas folhas distais, congestos no ápice dos ramos; pedicelos 1,2-1,5

cm; brácteas linear-lanceoladas, 5-8 mm compr. Flores ca. 1,8-2,2 cm

diâm.; sépalas maiores internas ca. 8-12 mm compr.; pétalas amarelo-

pálidas, 1-1,5 x 0,5-0,8 cm, oblanceoladas, a vexilar flabelada; estames

7, os 4 centrais e os 3 abaxiais ± do mesmo comprimento, estes com

anteras contraídas no ápice em um tubo. Fruto ca. 10-14 x 0,7-0,9 cm,

plano-compresso, linear, base contraída em estípite de ca. 3 mm; valvas

papiráceas, pubérulas, nigrescentes.

Senna harleyi é uma espécie endêmica da caatinga, tendo sido registrada


apenas para a Bahia a leste do rio São Francisco, especialmente na região
sudeste do estado, no planalto de Vitória da Conquista e no vale do rio
de Contas bem como na região de Morro do Chapéu. Ocorre tanto em
caatinga arbustiva quanto em mata de cipó, em altitudes de 300 a 700 m.
Floração: xii-iv. Frutificação: iii-iv.

231
Figura 18 A: Senna aversiflora (1 - hábito; 2 - estípulas; 3 - nectário foliar);
B: Senna acuruensis (1 - folha; 2 - folíolo; 3 - fruto); C: Senna pendula var.
glabrata (1 - hábito; 2 - folha; 3 - fruto); D: Senna alata (1 - folha; 2 - fruto);
E: Senna cana var. cana (1 - hábito; 2 - detalhe do nectário foliar; 3 - flor; 4
- fruto); F: Senna macranthera var. micans (1 - flor; 2 - fruto); G: Senna oc-

232
Senna harleyi é uma espécie taxonomicamente isolada, combinando as folhas
bijugas, o perianto relativamente pouco especializado e o tipo de androceu
da série Bacillares (que, adicionalmente, apresenta frutos cilíndricos) com
um fruto plano-compresso. Por esta razão, Irwin & Barneby (1982) a
colocaram em um grupo monoespecífico (série Harleyanae). No entanto,
vegetativamente ela apresenta forte paralelismo com S. rizzinii e S.
macranthera var. pudibunda, todas elas possuindo folhas assimétricas com
indumento denso e acinzentado na face abaxial dos folíolos. S. harleyi possui
um menor número de óvulos (30-42 em S. harleyi, 92-120 em S. macranthera
var. pudibunda e 44-58 em S. rizzinii) e apresenta flores menores do que as
destas espécies. Apesar disso, algumas formas depauperadas de S. rizzinii
podem apresentar flores com tamanho semelhante ao de S. harleyi (flores
com ca. 1,8-2,2 cm diâm. e pétalas 10-15 mm compr.) mas S. rizzinii
possui brácteas suborbiculares e ± persistentes até a maturação dos frutos
cuja presença permite separá-la de S. harleyi.

Material selecionado: Bahia: Aracatu, R. M. Harley et al. 15020 (tipo de S. harleyi: holótipo

CEPEC, isótipo K, foto HUEFS); Jequié, D. A. Lima 58-2915 (K); Manoel Vitorino, S. A.

Mori 13446 (CEPEC, K); Monte Alto, A. Castellanos 26601 (K); Poções, S. A. Mori et al.

9497 (CEPEC, K).

Senna lechriosperma H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35:
236. 1982.
Senna barnebyana Afr.Fern., Bradea 6: 282. 1994 (non Senna barnebyana Lass.,
Brittonia 33: 513. 1981), syn. nov.
Senna cearensis Afr.Fern., Albertoa n. s. 7: 6. 2000, pro Senna barnebyana Afr.Fern.,
syn. nov.

Arbusto a arvoreta, 1,5-3 m; ramos jovens tomentosos. Estípulas

persistentes, 10-18 (-25) x 4-10 (-15) mm, foliáceas, ± reniformes, ápice

233
longamente caudado. Pecíolo 8-20 mm; raque 2,5-6 cm; segmentos

interfoliolares 11-20 mm; nectários fusiformes, estipitados, localizados

entre todos os pares de folíolos; folíolos 3-4 pares, discolores, papiráceos,

ligeiramente acrescentes distalmente, os distais 4,5-8 x 2-4 cm, 1,6-2x

mais longos que largos, obovais a oblongo-obovais, ápice arredondado,

mucronado; face adaxial pilosa, face abaxial tomentosa; nervura principal

excêntrica na base, a partir daí mediana, nervuras secundárias salientes

na face abaxial. Racemos 8,5-9 cm, patentes, axilares nas folhas distais;

pedicelos 1,5-2,2 cm, ladeados na base por uma glândula fusiforme.

Botões globosos. Flores ca. 5 cm diâm.; sépalas ca. 10-15 mm compr.,

suborbiculares, ca. 2x maiores do que as externas; pétalas amarelas,

largamente obovais, aproximadamente do mesmo tamanho, ca. 25-30 x

10-22 mm, a vexilar ligeiramente mais larga. Legume 10-15 x 0,9-1 cm,

oblongo-linear, ligeiramente curvo, compresso (seção tranvesal plana

exceto por uma discreta nervura); estípite 3-4 mm; valvas castanhas,

cartáceas.

Senna lechriosperma é conhecida principalmente da depressão sertaneja


setentrional nos estados do Piauí, Ceará e Pernambuco, penetrando
ligeiramente para o sul, no norte da Bahia, e para o oeste, no leste do
Maranhão. Ocorre em solo arenoso, em altitudes de 200-750 m. Floração:
ix-iv(vi). Frutificação: iii-vi.

Esta espécie apresenta maior afinidade com S. cearensis e os caracteres


diferenciais entre elas são apresentados na discussão desta última. É uma
planta potencialmente forrageira, sendo pastejada por bovinos, caprinos e
ovinos (fide Alcoforado-Filho 441).

Nome vernacular: besouro (Ceará e Piauí).

Material selecionado: s. l., BR-020, entre a divisa Ceará/Piauí e a BR-230, P. Martins & E.

Nunes s. n. EAC 5988 (EAC, K). Bahia: Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 9630 (HUEFS);

234
Remanso, L. P. Queiroz et al. 10061 (HUEFS). Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1382 (EAC,

HUEFS). Pernambuco: Bezerros, L. P. Félix & M. de Paula 6733 (Hst, HUEFS); Brejo da

Madre de Deus, A. G. Silva & L. M. Nascimento 150 (HUEFS, PEUFR); Pesqueira, J. C.

Gomes 1247 (holótipo de S. lechriosperma: NY). Piauí: s.l., entre Santana das Mercês

e Santo Antônio, G. Gardner 2124 (BM, K); Bom Jesus, L. Coradin et al. 5871 (CEN, K);

Eliseu Martins, L. P. Félix 7823 (Hst, HUEFS); Floriano, L. P. Félix 7867 (Hst, HUEFS); São

Bráz do Piauí, L. P. Queiroz et al. 10092 (HUEFS); São João do Piauí, F. G. Alcoforado

f. 441 (K).

Senna macranthera (Collad.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 35: 181. 1982.
Cassia macranthera DC. ex Collad., Hist. Nat. Méd. Casses
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99, t. 8. 1816.

Arbusto a arvoreta 1,5-3,5 m alt.; ramos jovens ± quadrangulares,

pubérulos. Estípulas ca. 4-6 mm, setiformes. Pecíolo 10-35 mm; raque 4-

12 mm; nectário clavado, localizado entre o primeiro par de folíolos; folíolos

em 2 pares, cartáceos a coriáceos, acrescentes distalmente, os distais

elípticos a elíptico-obovados, 2-3,3x mais longos que largos, obtusos a

arredondados, variadamente pubescentes (para medidas e indumento dos

folíolos ver variedades); nervura principal excêntrica na base, nervuras

secundárias broquidódromas, salientes na face abaxial. Racemos 2,5-8

cm, axilares nas folhas distais, agrupados em panículas amplas terminais;

pedicelo 1,5-3 cm compr.; brácteas lanceoladas, ca. 2 mm compr. Botões

globosos. Flores ca. 5-6 cm diâm.; sépalas verde-amareladas, obtusas


(ver medida nas variedades); pétalas amarelo-alaranjadas, 2-2,8 x 1,3-

1,35 cm, obovadas; estames 7, anteras contraídas no ápice em um bico

biporoso. Fruto cilíndrico, carnoso, base contraída em estípite de ca. 5-7

mm; pericarpo glabro, nigrescente na maturação (ver medidas dos frutos

nas variedades).

235
Senna macranthera é uma espécie polimórfica distribuída na América do
Sul, desde a Venezuela e Andes peruanos e equatorianos até o sul do Brasil
(estados de São Paulo e Paraná). Ocorre em diferentes tipos de habitats,
desde borda de florestas pluviais até campos abertos.

Esta espécie assemelha-se no hábito e caracteres foliares a S. rizzini e S.


harleyi, embora a morfologia floral e dos frutos sejam bem distintas. S.
macranthera diferencia-se destas duas espécies pelas flores relativamente
grandes (ca. 5-6 cm diâm.) e androceu fortemente heteromórfico, com
o filete dos 3 estames abaxiais bem mais longos do que o dos 4 estames
medianos, ficando as anteras daqueles ca. 1/3 mais alta do que as destes. Além
disso, S. macranthera possui frutos carnosos e cilíndricos, como S. rizzinii,
diferenciando-se, assim, de S. harleyi, que apresenta frutos secos e plano-
compressos. Uma outra característica que pode auxiliar na diferenciação
desta espécie de S. rizzinii é o fato das brácteas serem lanceoladas e caducas
(vs. suborbiculares e ± persistentes em S. rizzinii).

Irwin & Barneby (1982) reconheceram oito variedades para esta espécie
das quais três ocorrem na caatinga e podem ser diferenciadas pela chave
abaixo.

1. Folíolos distais das folhas maiores 6,5-9,5 cm compr., com face


abaxial esparsamente pilosa; fruto 15-18 cm compr...............var. striata

1. Folíolos distais das folhas maiores 1,8-6,0(-6,5) cm compr., face


abaxial tomentosa a vilosa; fruto 7-10 cm compr.

2. Cálice relativamente pequeno com sépalas internas 4-6 x 2-4


mm................................................................................... var. micans

2. Cálice relativamente grande com sépalas internas 7-12 x 5-8


mm............................................................................. var. pudibunda

236
Senna macranthera var. micans (Nees) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New
York Bot. Gard. 35: 185. 1982.
Cassia micans Nees, Flora (Regensb.) 4: 303. 1821.
Cassia speciosa Schrad., Götting. Gelehrt. Anz.
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1: 718. 1821.

Arbusto a arvoreta 1,8-3,5 m alt. Pecíolo 20-25 mm; raque 8-12 mm;

folíolos distais 5,2-7,7 x 2,1-3,4 cm, face adaxial glabrescente, face abaxial

tomentosa, tricomas patentes, acinzentados. Sépalas maiores (internas)

4-6 x 2-4 mm. Fruto 5-11 cm.

Planta de caatinga, distribuindo-se do sul do Ceará (Chapada do Araripe,


Irwin & Barneby 1982) ao sudeste da Bahia. Comumente encontrada em
áreas degradadas. Floração: iii-iv. Frutificação: iii-vi.

Nomes vernaculares: canjuão, são-joão (gerais), besourinho (Pesqueira,


PE)

Material selecionado: Bahia: Canudos, A. A. Ribeiro-Filho et al. 129 (HUEFS); Itatim,

F. França et al. 1598A (HUEFS); Itiúba, J. G. Nascimento & T. S. Nunes 91 (HUEFS);

Feira de Santana, L. R. Noblick 2660 (HUEFS, NY); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16822

(CEPEC, K); Maracás, S. A. Mori et al. 10043 (CEPEC, K); Santa Inês, A. M. de Carvalho

& W. W. Thomas 3100 (CEPEC, K); Santa Terezinha, L. P. Queiroz et al. 1534 (HUEFS).

Pernambuco: Buíque, A. M. Miranda et al. 2753 (Hst, HUEFS); Garanhuns, A. M. Miranda

et al. 2554 (Hst, HUEFS); Pesqueira, M. Correia 433 (HUEFS). Piauí: Brasileira, M. E.

Alencar 1382 (HUEFS, TEPB).

Senna macranthera var. pudibunda (Benth.) H.S.Irwin


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& Barneby,
Mem. New York Bot. Gard. 35: 186. 1982.
Cassia pudibunda Mart. ex Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15 (2): 102. 1870.

Arbusto 1,5-2 m alt. Pecíolo 8-14 mm; raque 2-5 mm; folíolos distais

1,8-3,6 x 0,8-1,6 cm, face adaxial pubérula a glabrescente, face abaxial

237
tomentosa, raramente pubérula. Sépalas maiores (internas) 7-10 x 5-8

mm. Fruto 7-9 cm.

Planta de caatinga, distribuindo-se do Ceará e Rio Grande do Norte (Irwin


& Barneby 1982) à Bahia, em altitudes de 400-850 m, principalmente
sobre solo arenoso. Floração: xii-iv. Frutificação: iv-vi.

Nomes vernaculares: são-joão (geral).

Material selecionado: Bahia: Brumado, A. M. de Carvalho et al. 2649 (CEPEC, K); Casa

Nova, R. M. Harley et al. 54327 (HUEFS); Contendas do Sincorá, M. M. Silva et al. 339

(HUEFS); Ibitiara, G. Hatschbach & F. J. Zelma 50447 (K, MBM); Itaberaba, M. M. Silva et

al. 244 (HUEFS); Juazeiro, W. W. Thomas et al. 9629 (CEPEC, K, HUEFS); Livramento

do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1969 (CEPEC, K); Maracás, S. A. Mori

et al. 9999 (CEPEC, K); Miguel Calmon, L. R. Noblick 3897 (HUEFS); Morro do Chapéu,

L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3321 (HUEFS); Remanso, M. L. S. Guedes et al. 6993

(ALCB, HUEFS); Senhor do Bonfim, R. M. Harley et al. 16306 (CEPEC, K); Serra Preta,

L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4154 (HUEFS). Ceará: Aiuaba, L. W. Lima-Verde et al. 523

(EAC, HUEFS); Quixeré, L. de M. R. Melo & O. M. Gomes 77 (EAC, HUEFS). Piauí: Boa

Esperança, G. Gardner 2120 (K).

Senna macranthera var. striata (Vogel) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New
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York Bot. Gard. 35: 185. 1982.
Cassia striata Vogel, Syn. Gen. Cassiae: 39, 1837.
Cassia splendida var. striata (Vogel) Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 105. 1870.

Arbusto 1,5-2,5 m alt. Pecíolo 10-35 mm; raque 6-20 mm; folíolos distais
5,5-8,7 x 1,8-3,5 cm, face adaxial glabrescente, face abaxial esparsamente

pilosa. Sépalas maiores (internas) 8-14 x 5-8 mm. Fruto 15-18 cm.

Planta essencialmente de caatinga, ocorrendo em Pernambuco, centro-


leste da Bahia e no vale do rio São Francisco mas penetrando no cerrado no
oeste da Bahia até a região de Posse, no estado de Goiás (Irwin & Barneby

238
1982). Floração: xii-ii, vii. Frutificação: xii, vii.

Nomes vernaculares: ipê-falso (Recôncavo, BA).

Material selecionado: Bahia: Caetité, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3617A (HUEFS);

Cansansão, R. M. Harley et al. 16493 (CEPEC, K); Encruzilhada, R. P. Belém 3658 (K);

Iaçu, A. L. Costa s. n. (ALCB, HUEFS 2341); Ipecaetá, L. R. Noblick & C. G. Lobo 4294
(HUEFS); Jequié, G. P. Lewis et al. 976 (CEPEC, K); Santa Terezinha, L. P. Queiroz & T.

S. N. Sena 3245 (HUEFS); Serrinha, G. Eiten & L. T. Eiten 5012 (K).

Senna martiana (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 35: 465. 1982.
Cassia martiana Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15 (2): 127. 1870.

Arbusto até arvoreta, ramificação aberta a candelabriforme, 1-4 m

alt. e folhas congetas no ápice dos ramos devido aos internós muito

curtos; ramos jovens velutinos. Estípulas 7-18 x 3-5 mm, lanceoladas,

acuminadas, dilatadas e auriculadas no lado oposto ao pecíolo, quase

amplexicaules, base alaranjada, secretora. Pecíolo 20-33 mm; raque 24-

30 cm; segmentos interfoliolares 8-24 mm; nectário ausente; folíolos em

17-23 pares, cartáceos, decrescentes em cada extremidade da raque,


os medianos 3,3-5,2 x 1,1-1,8 cm, ca. 2,5-3,5x mais longos que largos,

obliquamente oblongos, ápice agudo e mucronado, densa e minutamente

pubérulos e reticulados nas duas faces; nervura principal ligeiramente

excêntrica e nervuras secundárias salientes nas duas faces. Racemos

10-45 cm, robustos, eretos ou curvados para cima, axilares; pedicelos 1-

1,5 cm; brácteas 1,8-2,3 x 1,5-1,9 cm, petalóides, amarelas, côncavas,

recobrindo totalmente o botão e formando um cone no ápice do racemo.

Botões obovóides. Flores ca. 5 cm diâm.; sépalas amareladas, 10-15

mm compr.; pétalas amarelas, 1,8-2,4 x 1,3-1,6 cm, obovadas, a vexilar

239
ligeiramente diferenciada, flabelada. Frutos 8-11 x 1,3-2 cm, patentes,

linear-oblongos, plano-compressos, não alados; valvas papiráceas,

nigrescentes, formando elevações ± cônicas sobre cada semente.

Senna martiana é uma espécie endêmica da caatinga, ocorrendo


principalmente nos bancos alagados de rios temporários e permanentes e
em áreas sujeitas a inundações periódicas, do Rio Grande do Norte (fide
Irwin & Barneby 1982) ao norte da Bahia e sudeste do Piauí passando
pela Paraíba e Pernambuco. É comum em solo arenoso, em altitudes de
200-450 m, às vezes colonizando áreas degradadas. Floração e frutificação
concomitantes e ao longo do ano, provavelmente associadas ao final da
estação chuvosa.

No contexto das espécies do grupo 2, S. martiana é facilmente diagnosticada


pelos folíolos mais numerosos, relativamente mais estreitos e com indumento
mais denso. Apesar de ser uma planta localmente comum, há um intervalo
de ca. 150 anos entre as coletas realizadas por Martius em Juazeiro (Bahia)
e as coletas seguintes, feitas já na década de 1970, demonstrando o quanto
a flora da caatinga era (ou ainda o é) mal amostrada na maioria das coleções
mais importantes.

Nomes vernaculares: besouro, mata-pasto (ambos na Bahia), fedegoso


(local em Remanso, BA, talvez por confusão com Senna occidentalis).

Material selecionado: Bahia: Campo Alegre de Lurdes, T. S. Nunes et al. 451 (HUEFS);

Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 7916 (HUEFS); Correnteza, R. C. Ribeiro 2 (HUEFS);

Curaçá, G. C. P. Pinto & S. B. da Silva 205/83 (HRB, K); Jaguarari, L. P. Queiroz et


al. 7359 (HUEFS); Juazeiro, L. Coradin et al. 5989 (CEN, K); Senhor do Bonfim, R. M.

Harley et al. 16323 (CEPEC, K); Sento Sé, F. França et al. 2915 (HUEFS); Uauá, N. G.

Jesus et al. 907 (HUEFS). Paraíba: Esperança, V. P. B. Fevereiro & S. J. Mayo 718 (K).

Pernambuco: Petrolina, L. Coradin et al. 5952 (CEN, K); Saloá, A. M. Miranda et al. 2516

(Hst, HUEFS); Santa Maria da Boa Vista, G. Eiten & L. T. Eiten 10866 (K); Serra Branca,

240
M. R. Barbosa et al. 2210 (HUEFS); Venturosa, K. C. Costa 181 (K, PEUFR). Piauí:

Dirceu Arcoverde, M. M. Silva et al. 453 (HUEFS); São Lourenço, G. P. Silva et al. 2455

(CEN, HUEFS); São Raimundo Nonato, L. Coradin et al. 5919 (CEN, K).

Senna obtusifolia (L.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard.
35: 252. 1982.
Cassia obtusifolia L., Sp. Pl.: 377. 1753.
Cassia tora sensu Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15(2): 115. 1870.

Erva a subarbusto com base ligeiramente lenhosa, 0,5-1 m alt.; ramos

glabros a esparsamente pilósulos. Estípulas 10-15 x 2 mm, lineares.

Pecíolo 25-35 mm; raque 2-2,6 cm; segmentos interfoliolares 14-18 mm;

nectários fusiformes, estipitados, localizados entre o primeiro e, geralmente,

o segundo pares de folíolos; folíolos 3 pares, membranáceos, fortemente

acrescentes distalmente, os distais 4-5,5 x 2-2,5 cm, 1,9-2,1x mais longos

que largos, largamente obovais, ápice arredondado e mucronulado,

base cuneada, face adaxial glabra, face abaxial glabra ou com tricomas

adpressos esparsos; nervura principal central e nervuras secundárias

pouco proeminentes. Racemos 0-0,4 cm, axilares; pedicelos 9-15 mm.

Botões globosos, deflexos. Flores ca. 1,5 cm diâm.; sépalas internas

6-9 mm compr., obovais, ca. 1,5x maiores do que as externas; pétalas

amarelo-pálidas, oblongo-obovais, a vexilar mais larga, aproximadamente

do mesmo comprimento, 10-12 x ca. 5 mm. Legume 10-13 x 0,2-0,3 cm,

estreitamente linear (quase filiforme), arqueado, ligeiramente compresso,


em seção transversal ± hexagonal; estípite ca. 3 mm; valvas papiráceas.

Senna obtusifolia é uma planta invasora que cresce principalmente próximo


a áreas úmidas ou periodicamente inundáveis, distribuída do México até
a Argentina mas também espontânea na África e Ásia tropicais (Irwin &
Barneby 1982). Na área de domínio da caatinga é comumente encontrada

241
em ambientes degradados em margens de rios e lagos, em altitudes de até
1000 m. Floração e frutificação ± concomitantes: iv-viii (mas provavelmente
dependente da chuva).

Esta espécie mostra, em muitos aspectos, convergência com S. uniflora,


especialmente no hábito herbáceo, no comportamento anual, no odor
repugnante e nas flores relativamente pequenas. Pode ser, no entanto,
facilmente diferenciada de S. uniflora pela falta de tricomas longos e
ferrugíneos nos ramos e pelos frutos com valvas planas.

Esta planta é referida como Cassia tora L. [= Senna tora (L.) Roxb.] em
muitos estudos florísticos, inclusive na Flora Brasiliensis (Bentham 1870).
Brenam (1967) discutiu a taxonomia destas duas espécies que são separadas
por caracteres crípticos, Senna tora podendo ser diagnosticada pelos pedicelo
menores (apenas 5-10 mm), anteras não caudadas no ápice e sementes com
pleurograma não linear. Além disso, S. tora é conhecida apenas para a Ásia
tropical (Índia à China) e por poucas localidades na África.

Irwin & Barneby (1982) mencionam que as folhas de S. obtusifolia fornecem


uma droga purgativa e ungüentos para aftas, úlceras e picadas de insetos,
além das sementes serem usadas como adulterantes do café. É também
considerada como uma espécie forrageira após passar por um processo de
fenação, sendo rejeitada pelos animais quando verdes (Nascimento et al.
1996), provavelmente pelas presenças de substâncias relacionadas ao seu
odor repulsivo.

Nomes vernaculares: mata-pasto (geral), mata-pasto-liso (provavelmente


em áreas de simpatria com S. uniflora, a qual é, então, diferenciada pelo
nome de mata-pasto-cabeludo), fedegoso (provevelmente por confusão
com S. occidentalis), fedegoso-branco (Ipirá, BA).

Material selecionado: Bahia: Anagé, G. Hatschbach 46345 (K, MBM); Angüera, F. França

242
et al. 1768 (HUEFS); Barro Alto, T. S. Nunes et al. 912 (HUEFS); Brotas de Macaúbas,

T. S. Nunes et al. 271 (HUEFS); Caetité, R. M. Harley et al. 21095 (CEPEC, K); Campo

Alegre de Lurdes, L. P. Queiroz et al. 6189 (HUEFS); Castro Alves, Farias in Grupo Pedra

do Cavalo 87 (ALCB, K); Contendas do Sincorá, M. M. Silva et al. 322 (HUEFS); Feira de

Santana, L. P. Queiroz et al. 1710 (HUEFS, K); Ichu, A. S. Carneiro 12 (HUEFS); Ipirá,

E. L. P. G. Oliveira et al. 762 (BAH, HUEFS); Ituaçu, L. P. Queiroz et al. 1612 (HUEFS);

Maracás, L. A. Mattos-Silva et al. 2288 (CEPEC, HUEFS); Mina Boquira, A. Castellanos

26002 (K); Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4078 (HUEFS); Serra

Preta, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4162 (HUEFS). Ceará: Aiuaba, M. A. Figueiredo et

al. 568 (EAC, HUEFS). Minas Gerais: Itaobim, T. Jost et al. 446 (HRB). Pernambuco:

Serra Talhada, V. Lima et al. IMSEAR 42 (HUEFS, IPA). Piauí: Campo Largo, F. G.

Alcoforado & J. H. de Carvalho 321 (HUEFS, TEPB); São Sebastião, M. S. B. Nascimento

138 (Cpmn, HUEFS).

Senna occidentalis (L.) Link, Handbuch [Link] 2: 140. 1831.


Cassia occidentalis L., Sp. Plant.: 377. 1753.
�����

Subarbusto ou pequeno arbusto de crescimento rápido, 0,7-1 m alt.,

geralmente anual e com odor repugnante; ramos jovens glabros. Estípulas

ca. 10 x 3 mm, lanceoladas, caducas. Pecíolo 28-37 mm; raque 5-13,5 cm;

segmentos interfoliolares 1,6-2,7 mm; nectário piramidal, séssil, localizado

na base do pecíolo logo acima do pulvino; folíolos 4-6 pares, membranáceos,

ligeiramente acrescentes distalmente, os distais 4,4-8 x 1,9-2,6 cm, ca. 3-

3,5x mais longos que largos, estreitamente elípticos, acuminados, glabros;


nervura principal mediana e nervuras secundárias salientes na face

abaxial. Racemos 0,4-0,7 cm, axilares, subumbeliformes; pedicelos ca. 1

cm. Botões globosos. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas internas 7-10 mm

compr., obovais, ca. 1,2x maiores do que as externas; pétalas amarelas,

ca. 1,5 x 1 cm, obovadas, a vexilar ligeiramente mais larga. Fruto 10-12

243
x 0,8-0,9 cm, séssil, ascendente, linear, ligeiramente encurvado, plano-

compresso; valvas papiráceas, longitudinalmente diferenciadas em uma

faixa marginal verde (verde-amarelada quando seca) e uma faixa central

avermelhada (depois marrom).

Senna occidentalis é uma planta invasora em praticamente todo a América


tropical e subtropical assim como na África, Ásia e Austrália (Irwin &
Barneby 1982). No domínio da caatinga, esta planta ocorre principalmente
em áreas degradadas, sendo particularmente freqüente em locais
periodicamente inundados onde se pratica agricultura de várzea, entre 300
e 1000 m de altitude. Floração e frutificação: i-vi (provavelmante ao longo
do ano).

No contexto das espécies de caatinga, S. occidentalis é uma espécie


relativamente isolada, sendo o único representante da série Basiglandulosae.
Pode ser facilmente reconhecida pela posição do nectário na base do pecíolo
– em todas as demais espécies de Senna de caatinga que têm nectário ele está
posicionado entre os pares de folíolos. Em muitos espécimes de herbário
parece haver alguma confusão entre esta espécie e S. obtusifolia. Além da
posição do nectário, elas podem ser facilmente separadas pelo número de
folíolos (4-6 pares em S. occidentalis vs. 2-3 pares em S. obtusifolia) e forma
dos folíolos (respectivamente elípticos com ápice acuminado vs. obovais
com ápice arredondado), além dos frutos (respectivamente retos, com 8-9
mm larg. vs. arqueados, com 2-3 mm larg.).

Com o nome de fedegoso, esta planta é reputada como medicinal no


Nordeste do Brasil e a literatura aponta uma série de usos populares em
todo o mundo (Irwin & Barneby 1982). Por outro lado, estes autores
ressaltam ainda de que a planta é evitada pelo gado, possivelmente por causa
de seu odor repulsivo e que, para esses animais, ela é tóxica e às vezes fatal.
As sementes torradas tem sido usadas como sucedâneo do café embora

244
a infusão não contenha cafeína ou outro alcalóide relacionado (Irwin &
Barneby 1982).

Nomes vernaculares: fedegoso (geral), manjerioba (Rio Grande do Norte


e Paraíba).

Material selecionado: Bahia: Brotas de Macaúbas, T. S. Nunes et al. 272 (HUEFS); Caetité,
R. M. Harley et al. 21105 (CEPEC, K); Campo Alegre de Lurdes, L. P. Queiroz et al. 6190

(HUEFS); Casa Nova, G. P. Silva et al. 2444 (CEN, HUEFS, K); Feira de Santana, L. R.

Noblick 1799 (HUEFS); Glória, F. P. Bandeira 207 (HUEFS); Ibiraba, L. P. Queiroz 4861

(HUEFS); Itiúba, J. G. Nascimento & T. S. Nunes 62 (HUEFS); Juazeiro, B. Pickersgill et

al. RU 72-83 (K); Miguel Calmon, L. R. Noblick 3918 (HUEFS); Retirolândia, R. P. Oliveira

et al. 302 (HUEFS); Serra Preta, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4127 (HUEFS); Tucano,

A. M. de Carvalho & D. J. N. Hind 3869 (CEPEC, HUEFS, K). Ceará: Aiuaba, E. de O.

Barros et al. 42 (EAC, HUEFS). Paraíba: Areia, V. P. B. Fevereiro et al. 11496 (K); Catolé

do Rocha, J. E. R. Collares & L. Dutra 163 (HRB, K). Pernambuco: Petrolândia, A. M.

Miranda et al. 2546 (Hst, HUEFS); Tapera, B. D. Pickel 259 (K). Piauí: Altos, S. B. Silva &

F. M. D. Hora 319 (K); Gilbués, L. Coradin et al. 5835 (CEN, K); São Raimundo Nonato,

G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1160 (CEPEC, K); São Sebastião, M. S. B. Nascimento

139 (Cpmn, HUEFS). Rio Grande do Norte: Portalegre, J. A. de Assis & A. C. Sarmento

357 (HRB, K).

Senna pendula (Willd.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard.
35: 378. 1982.
Cassia pendula Humb. &
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Bonpl. ex Willd., Enum. Pl. (Willdenow): 440. 1809.

Arbusto ou pequeno árvore 2-3 m alt. x ca. 5 cm DAP; ramos jovens

glabros. Estípulas ca. 3 x 1 mm, lanceoladas, caducas. Pecíolo 33-

37 mm; raque 3,5-4,9 cm; segmentos interfoliolares 7-10 mm; nectário

clavado a obovóide, séssil, localizado entre o par basal de folíolos; folíolos

245
(5-) 6 pares, membranáceos, acrescentes distalmente, os distais 3-3,7 x

1-1,3 cm, ca. 2,5-3x mais longos que largos, oblanceolados a obovais,

ápice arredondado, glabros, margem discolor, pálida; nervura principal

mediana saliente na face abaxial, nervuras secundárias e terciárias

inconspícuas ou ligeiramente salientes e reticuladas na face abaxial (ver

variedades). Racemos 4-5 cm, corimbosos, agrupados em panícula no

ápice dos ramos; pedicelos 1,5-2,5 cm. Botões obovóides. Flores ca. 3-4

cm diâm.; sépalas internas 12-15 mm compr., obovais, ca. 2x maiores do

que as externas; pétalas amarelas, ca. 2 x 1,3-1,5 cm, obovadas, a vexilar

ligeiramente mais larga. Fruto ca. 19,5 x 1,2 cm, estípite 4 mm compr.,

cilíndrico, pêndulo; pericarpo glabro, marrom-claro na maturação.

Como definida por Irwin & Barneby (1982), S. pendula distribui-se mais
ou menos continuamente do México à Argentina, exceto em áreas de
montanhas elevadas e florestas muito fechadas. Abarca uma grande variação
morfológica em caracteres vegetativos e florais, mas, no contexto das plantas
de caatinga, pode ser diagnosticada pela combinação dos seguintes caracteres:
folhas com mais de dois pares de folíolos apresentando um nectário entre o
par basal, folíolos predominantemente obovados, membranáceos, e frutos
cilíndricos, carnosos. As espécies do grupo 2 são semelhantes na forma
do fruto e na presença e posição do nectário mas possuem folhas com
exatamente dois pares de folíolos. S. spectabilis assemelha-se a S. pendula
pelas folhas com mais de dois pares de folíolos (embora em maior número)
e fruto cilíndrico mas possuem folhas desprovidas de nectário além de
possuir a corola assimétrica (zigomorfa em S. pendula) pela modificação de
uma das pétalas abaxias em associação com a enantiostilia.

Dezenove variedades foram reconhecidas para S. pendula por Irwin &


Barneby (1982). Destas, duas ocorrem na caatinga e não são facilmente
diferenciadas pois seus caracteres diagnósticos são relativamente instáveis e
são apresentados na chave abaixo:

246
1. Anteras dos estames abaxiais (os mais longos) 13-14 mm compr., tão
ou mais longos do que seus filetes; nervação secundária e terciária
inconspícua, os folíolos não reticulados.......................... var. dolichandra

1. Anteras dos dois estames abaxiais com 7-10 mm compr., mais curtos
do que seus filetes; folíolos adultos reticulados pelo menos na face
abaxial................................................................................. var. glabrata

Senna pendula var. dolichandra H.S.Irwin & Barneby, Mem. New


���������
York
Bot. Gard. 35: 387. 1982.

Esta variedade foi proposta para acomodar as plantas com anteras mais
longas do que as demais variedades de S. pendula.

Foi originalmente descrita de área de caatinga do norte de Minas Gerais e


da Paraíba (Irwin & Barneby 1982) mas Lewis (1987) também indica sua
presença em áreas de caatinga da Bahia. Ocorre em altitudes de 400-900
m, geralmente em área de transição com florestas estacionais. Floração:
vii-x. Frutificação: ?

Material selecionado: Bahia: Cafarnaum, G. Hatschbach 44229 (K, MBM); Jacobina, L.


Coradin et al. 6200 (CEN, K); Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4045

(HUEFS, K); Xique Xique, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3914 (HUEFS). Minas Gerais:

Pedra Azul, Z. A. Trinta & E. Fromm 801 (holótipo da var. dolichandra: NY).

Senna pendula var. glabrata (Vogel) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New
York Bot. Gard. 35: 383. 1982.
Cassia indecora var. [δ] glabrata Vogel, Syn. Gen. Cassiae: 19. 1837.
Cassia bicapsularis sensu Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15(2): 107. 1870.

Caracteres como apresentados na chave para variedades. Esta planta é


comumente referida como Cassia bicapsularis, um erro que remonta ao

247
tratamento de Bentham (1870) para a Flora Brasiliensis (Irwin & Barneby
1982).

Planta principalmente de cerrados e campos rupestres do Brasil central e


estados limítrofes, tornando-se às vezes ± ruderal. Na área de domínio da
caatinga, ocorre principalmente em contato caatinga - floresta estacional
no sudeste da Bahia e encraves de caatinga na Chapada Diamantina, a
altitudes de 600-1000 m. Floração: iv. Frutificação: vi.

Material selecionado: Bahia: Caetité, R. M. Harley et al. 21168 (CEPEC, K); Conceição

de Feira, L. R. Noblick 1979 (HUEFS); Iraquara, S. A. Mori et al. 14423 (CEPEC, K);

Maracás, S. A. Mori et al. 9964 (CEPEC, K); Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick & M. J. S.

Lemos 4045 (HUEFS); Serra Preta, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4136 (HUEFS).

Senna reticulata (Willd.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 35: 458. 1982.
Cassia reticulata Willd., Enum. Pl. (Willdenow) 1: 443. 1809.
Cassia strobilacea Kunth, Nov. Gen.
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& Sp. 6: 347. 1824.

Arbusto 2-2,5 m alt.; ramos jovens finamente pilosos. Estípulas ca.

9-11 x 5-6 mm, obliquamente lanceoladas, acuminadas, dilatadas e


auriculadas no lado oposto ao pecíolo, quase amplexicaules. Pecíolo

21-35 mm (7 dos quais correspondendo ao pulvino); raque 10-22 cm;

segmentos interfoliolares 12-34 mm; nectário ausente; folíolos em 8 pares,

papiráceos, acrescentes distalmente, os distais 6,2-8 x 3,3-4,3 cm, ca. 1,9x

mais longos que largos, oblongos, tornando-se obovais no ápice da raque,

ápice obtuso a arredondado, mucronado, face adaxial glabra a pilosa,

face abaxial esparsa a densamente pilosa e reticulada; nervura principal

mediana, nervuras secundárias salientes na face abaxial. Racemos 18-19

cm, robustos, eretos ou curvados para cima, axilares; pedicelos 0,7-1 cm;

248
brácteas 1,3-1,7 x 0,9-1,5 cm, petalóides, amarelas, côncavas, recobrindo

totalmente o botão e formando um cone no ápice do racemo. Botões

obovóides. Flores ca. 2,5 cm diâm.; sépalas petalóides, amareladas, 11-

14 mm compr.; pétalas amarelas, 1,7-2 x 1,1-1,2 cm, obovadas, a vexilar

ligeiramente diferenciada, flabelada. Fruto [descrito a partir de material

do Amazonas] 10-12 x 1,3-1,6 cm, ascendente, linear-oblongo, plano-

compresso, não alado; valvas papiráceas, elevadas sobre as sementes

em cones transversais, glabra, nigrescente.

Senna reticulata é uma espécie amplamente distribuída na América tropical,


do México ao sudeste do Brasil e Bolívia, possuindo comportamento de
invasora, principalmente em áreas sujeitas a alagamentos periódicos. Na
área de domínio da caatinga é também encontrada neste tipo de ambiente,
em altitudes de 500-600 m. Floração (mal documentada na caatinga): iv,
vii. Frutificação: ?

Quando em floração, possui grande semelhança e pode ser facilmente


confundida com S. alata. Em frutificação, pode ser rapidamente diferenciada
pelos seus frutos não alados. Outros caracteres diferenciais entre estas
espécies encontram-se mencionados na discussão de S. alata.

Nome vernacular: maria-mole (Piauí).

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21467 (CEPEC, K);

Xique Xique, S. Smith et al. PCD 2935 (ALCB, HUEFS). Piauí: Teresina, F. C. e Silva 54

(K).

Senna rizzinii H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 174.
1982.
Cassia granulata Rizzini, Leandra 4-5: 16. 1974.
Cassia chrysocarpa var. (?) psilocarpa Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15 (2): 101. 1870.

249
Arbusto 0,8-1,5(-3) m alt.; ramos jovens vilosos, tricomas acinzentados,

longos e retorcidos. Estípulas ca. 3-6 mm, setiformes. Pecíolo 13-21

mm; raque 5-10 mm; nectário clavado, curtamente estipitado, localizado

entre o primeiro par de folíolos; folíolos em 2 pares, cartáceos a coriáceos,

acrescentes distalmente, os distais 3,4-4,8 x 1,3-2,2 cm, 2-3,3x mais

longos que largos, elípticos, agudos a obtusos, face adaxial pubérula, face

abaxial vilosa; nervura principal excêntrica na base, nervuras secundárias

broquidódromas, geralmente inconspícuas. Racemos ± corimbosos, 2,5-

6,5 cm, axilares em poucas folhas distais; pedicelos 1-2,5 cm; brácteas

2-6 x 2-6 mm, suborbiculares, geralmente persistentes até a frutificação.

Botões globosos. Flores ca. 3,5 cm diâm.; sépalas verde-amareladas, as

maiores internas ca. 18 mm compr.; pétalas amarelo-alaranjadas, 1,4-1,8 x

0,7-0.9 cm, obovadas; estames 7, anteras contraídas no ápice em um bico

biporoso. Fruto ca. 4-8 x 1,2-1,8 cm, cilíndrico, carnoso, base contraída

em estípite de ca. 3-5 mm; pericarpo glabro e nigrescente na maturação.

Senna rizzinii é uma espécie essencialmente de caatinga, encontrando-se


distribuída do sul do Ceará e Paraíba até a região central do estado da
Bahia, a leste do rio São Francisco. Pode também ser encontrada em dunas
litorâneas no Ceará e na Paraíba (Irwin & Barneby 1982). Na caatinga, é
mais freqüentemente encontrada sobre solo arenoso, em altitudes de 400 a
900 m. Floração: xii-ii, v-vi. Frutificação: iii-vi.

Esta espécie apresenta grande convergência morfológica com S. macranthera


var. pudibunda e é possível que muitos espécimes de S. rizzinii estejam
identificados em herbários como S. macranthera. Além das flores menores
(ca. 3,5 cm diâm. em S. rizzinii vs. ca. 4,5 cm diâm. em S. macranthera) e dos
estames pouco diferenciados em tamanho (em S. macranthera os 3 estames
abaxiais são pelo menos 1/3 maiores do que os 4 centrais), S. rizzinii pode
ser reconhecida pelas brácteas suborbiculares que geralmente persistem até
a maturação dos frutos.

250
Nomes vernaculares: são-joão, sajoieiro (Canudos, BA), pau-de-besouro-
de-rama (Glória, BA), cipó-de-besouro (Serra Talhada, PE).

Material selecionado: Bahia: Araci, L. P. Queiroz & T. S. N. Sena 3104 (HUEFS); Filadélfia,

R. M. Harley et al. 16170 (CEPEC, K); Canudos, L. P. Queiroz et al. 7163 (HUEFS); Glória,

F. P. Bandeira 225 (HUEFS); Inhambupe, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4540 (HUEFS);


Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3402 (HUEFS); Jeremoabo, L. P. Queiroz

3721 (HUEFS) Lagoinha, R. M. Harley 16745 (CEPEC, K); Monte Santo, L. P. Queiroz

& N. S. Nascimento 4577 (HUEFS); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

3443 (HUEFS); Piritiba, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3462 (HUEFS); Paulo Afonso,

S. A. Mori & B. M. Boom 14236 (CEPEC, K); Raso da Catarina, L. P. Queiroz 740 (ALCB,

K); Santa Brígida, L. P. Queiroz 740 (ALCB, HUEFS); Seabra, E. R. Souza et al. 314

(HUEFS); Senhor do Bonfim, T. S. Nunes et al. 563 (HUEFS); Uauá, L. P. Queiroz & N.

S. Nascimento 4633 (HUEFS); Umburanas, L. P. Queiroz et al. 5460 (HUEFS). Ceará:

Aracati, G. Gardner 1568 (holótipo de Cassia chrysocarpa var. psilocarpa Benth.: K, foto

HUEFS); Crato, A. H. Gentry et al. 50159 (K). Paraíba: Teixeira, M. F. Agra et al. 5905

(HUEFS). Pernambuco: Buíque, N. F. Dornelas et al. s. n. (Hst, HUEFS); Pesqueira, M.

Correia 265 (HUEFS); Serra Talhada, V. Lima 26 (HUEFS, IPA).

Senna spectabilis (DC.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard.
35: 600. 1982.
Cassia spectabilis DC., Cat. Pl. Hort. Monsp.: 90. 1813.

var. excelsa (Schrad.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 35: 604. 1982.
Cassia excelsa Schrad., Gött. Gel. Anz. 1 (72): 717. 1821.
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Árvore a arbusto 3-6 m alt. x 8-15 cm DAP; ramos pilósulos. Estípulas

4-10 x 0,3-0,8 mm, setosas, subuladas. Pecíolo 15-35 mm; raque 12-35

251
cm; segmentos interfoliolares 10-25 mm; nectários ausentes; folíolos 14-

19 pares, cartáceos, decrescentes em cada extremidade da raque, os

medianos 2,2-4 x 1,1-1,5 cm, 2-3,2x mais longos que largos, elípticos, ápice

obtuso e, freqüentemente, mucronado, face adaxial glabra a esparsamente

pubérula, face abaxial glabrescente a pilosa, com tricomas ± adpressos,

reticulada; nervura principal mediana, nervuras secundárias e terciárias

salientes pelo menos na face abaxial. Racemos 6-15 cm, patentes,

distalmente agrupados em uma panícula ampla e ascendente, 30-70 cm

compr.; pedicelos 2-3 cm. Botões jovens globosos. Flores assimétricas,

ca. 3,5-4,5 cm diâm.; sépalas amareladas, reflexas, muito desiguais

em forma e tamanho, as internas suborbiculares, 6-10 mm compr., ca.

2x maiores do que as externas; pétalas amarelas, muito desiguais, 4

obovadas 18-30 mm compr., uma das abaxiais assimétrica, subreniforme,

22-38 mm compr. Fruto 19-36 x 0,9-1,2 cm, pêndulo, cilíndrico; estípite 3-7

mm; pericarpo glabro, nigrescente na maturação.

Senna spectabilis, como definida por Irwin & Barneby (1982) é uma espécie
com distribuição bicêntrica, uma variedade (var. spectabilis) ocorrendo no
México, América Central, norte da América do Sul e, pelos Andes, até
Argentina, Bolívia e Paraguai, enquanto a outra variedade (var. excelsa) ocorre
principalmente no nordeste do Brasil e no Brasil central. É relativamente
isolada taxonomicamente, tendo sido colocada por estes autores em uma
série monoespecífica (ser. Excelsae), definida pela combinação de folhas
sem nectários, corola assimétrica e frutos cilíndricos. Esta combinação
de caracteres facilmente separa S. spectabilis de qualquer outra espécie de
Senna da caatinga.

Das duas variedades, apenas S. spectabilis var. excelsa ocorre na caatinga.


É uma planta com distribuição concentrada principalmente na área de
domínio da caatinga, do Ceará e Rio Grande do Norte até o norte de
Minas Gerais, penetrando ligeiramente para oeste até o estado de Goiás.

252
Ocorre sobre diferentes tipos de solos em altitudes que variam de 200 a
1000 m. Floração: xi-iv(vi-vii). Frutificação: xii-vii.

Esta planta cresce freqüentemente em áreas degradadas onde, em alguma


situações, torna-se uma espécie localmente dominante. Pode ser, portanto,
uma planta com potencial para uso em recuperação de áreas degradadas na
caatinga.

Nomes vernaculares: canafista, canafístula, são-joão (todos gerais, os dois


primeiros mais específicos para esta planta).

Material selecionado: Bahia: Araci, V. de Souza 333 (CVRD, K); Barra do Choça, R.

M. Harley et al. 20202 (CEPEC, K); Barro Alto, T. S. Nunes 291 (HUEFS); Bom Jesus

da Lapa, R. M. Harley et al. 21383 (CEPEC, K); Caculé, A. M. de Carvalho et al. 1707

(CEPEC, K); Campo Alegre de Lurdes, L. P. Queiroz et al. 6179 (HUEFS); Castro Alves,

L. P. Queiroz et al. 3075 (HUEFS); Euclides da Cunha, G. Eiten & L. T. Eiten 5008 (K);

Filadélfia, R. M. Harley et al. 16151 (CEPEC, K); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al.

19051 (CEPEC, K); Iaçu, G. P. Lewis et al. 843 (CEPEC, K); Ipirá, L. P. Queiroz et al.

3127 (HUEFS); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3409 (HUEFS, K); Irecê, T.

S. Nunes & J. Costa 903 (HUEFS); Itatim, F. França et al. 1423 (HUEFS); Ituaçu, E. P.

Gouveia 18/83 (ALCB, K); Itiúba, J. G. Nascimento 7 T. S. Nunes 99 (HUEFS); Jacobina,

L. Coradin et al. 6034 (CEN, K); Jequié, G. P. Lewis et al. 979 (CEPEC, K); Jussiape,
R. M. Harley et al. 20013 (CEPEC, K); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16886 (CEPEC, K);

Maracás, S. A. Mori et al. 9963 (CEPEC, K); Milagres, M. M. Silva et al. 361 (HUEFS);

Monte Santo, C. L. Aguiar 25 (HUEFS); Remanso, T. Ribeiro et al. 80 (ALCB, HUEFS);

Rio de Contas, A. M. Giulietti & R. M. Harley 2077 (HUEFS); Serra Preta, L. R. Noblick &

M. J. S. Lemos 4153 (HUEFS); Vitória da Conquista, S. A. Mori et al. 9428 (CEPEC, K);

Xique Xique, R. M. Harley et al. 19172 (CEPEC, K). Ceará: Aiuaba, E. de O. Barros et al.

57 (EAC, HUEFS); Crato, G. Gardner 1912 (K). Minas Gerais: Itaobim, G. Hatschbach &

J. M. Silva 50396 (K, MBM); Januária, W. R. Anderson 9123 (K); Medina, G. Hatschbach

& J. Monteiro 52698 (K, MBM); Monte Azul, G. Hatschbach et al. 65769 (HUEFS, MBM).

253
Paraíba: Araruna, R. Lima et al. 1666 (HUEFS); Esperança, V. P. B. Fevereiro & S. J. Mayo

710 (K); São José dos Cordeiros, Z. G. Quirino & J. R. Lima 23 (HUEFS). Pernambuco:

Belo Jardim, F. Guimarães et al. 3 (Hst, HUEFS); Bezerros, A. M. Miranda et al. 2572 (Hst,

HUEFS); Garanhuns, A. M. Miranda et al. 2561 (Hst, HUEFS); Pesqueira, M. Correia 182

(HUEFS); Serra Talhada, V. Lima et al. IMSEAR 22 (HUEFS, IPA). Piauí: Amarante, S. B.

Silva & F. M. D. Horta 332 (HRB, K); Floriano, G. Eiten & L. T. Eiten 10828 (K); Jaicós, G.

Eiten & L. T. Eiten 10850 (K); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1113

(CEPEC,K); São João do Piauí, M. R. A. Mendes et al. 394 (HUEFS, TEPB). Sergipe:

“Villa Nova”, G. Gardner 1283 (K).

Senna splendida (Vogel) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 35: 190. 1982.
Cassia splendida Vogel, Syn. Gen. Cassiae: 17. 1837.

Arbusto a arvoreta ± escandente, 1,5-4 m alt.; ramos glabros, quando

jovens fractiflexos. Estípulas caducas, ca. 18-20 mm, linear-oblanceoladas.

Pecíolo 29-30 mm; raque 5-17 mm; nectário clavado, curtamente estipitado,

localizado entre o primeiro par de folíolos; folíolos em 2 pares, papiráceos,

glaucos, acrescentes distalmente, os distais, 4,6-8,2 x 1,7-3 cm, 2,5-2,8x

mais longos que largos, estreitamente elípticos, obtusos, glabros; nervura

principal mediana, nervuras secundárias broquidódromas, reticuladas na

face abaxial. Racemos 2,2-4,7 cm, ± corimbosos a umbeliformes, axilares

em poucas folhas distais, às vezes agrupados em panículas terminais;

pedicelos 1,6-2,8 cm; brácteas lanceoldas, 2-5 mm compr. Botões


globosos, no ápice inteiros ou apiculados. Flores ca. 6-7 cm diâm.; sépalas

verdes, as maiores internas ca. 10-30 mm compr.; pétalas amarelas, 3-4

x 2-3 cm, obovadas, a vexilar flabelada; estames 7, os 3 abaxiais ca. 2x

maiores do que os 4 centrais, anteras contraídas no ápice em um bico

biporoso. Fruto ca. 17-22 x 0,5-0,8 cm, cilíndrico, carnoso, base contraída

254
em estípite de ca. 7 mm; pericarpo glabro, verde-escuro na maturação.

Senna splendida é uma espécie do leste do Brasil, ocorrendo do estado do


Ceará ao estado de São Paulo, penetrando para oeste até o Piauí, Minas
Gerais e Paraguai. Ocorre geralmente em borda de floresta úmida, na mata
atlântica. Na caatinga, é mais encontrada no agreste, nas formas arbóreas
transicionais entre a floresta litorânea e as áreas mais secas do interior, e em
matas ciliares dentro do domínio da caatinga.

As duas variedades reconhecidas por Irwin & Barneby (1982) para esta
espécie ocorrem na caatinga e pode ser diferenciadas pelos seguintes
caracteres:

1. Sépalas todas obtusas, fortemente diferenciadas em tamanho, as duas


mais externas ca. ½ a 2/3 do comprimento das mais internas; botão
obtuso............................................................................... var. splendida

1. Sépalas externas com ápice apiculado recurvado, ± do mesmo


comprimento das internas; botão acuminado a caudado...... var. gloriosa

Senna splendida var. gloriosa H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.
Gard. 35: 192. 1982.

Esta planta pode ser reconhecida pelas sépalas aproximadamente do mesmo


comprimento, com ápice apiculado, recurvado, resultando em um botão
acuminado ou caudado.
Ocorre no nordeste do Brasil do Ceará e Rio Grande do Norte até o norte
de Minas Gerais, geralmente em caatinga, cerrado ou florestas estacionais,
geralmente sobre solos ricos, areno-argilosos, em altitudes de 450 a 1000
m. Floração: vi-x. Frutificação: x.

Nome vernacular: são-joão.

255
Material selecionado: Alagoas: Piranhas, R. Lemos et al. 6894 (HUEFS, MAC). Bahia:

Abaíra, W. Ganev 3 (HUEFS, K, SPF); Barra, A. L. Costa s.n. (ALCB 2297); Caculé, A. M.

de Carvalho et al. 1714 (CEPEC, K); Caetité, R. M. Harley et al. 21179 (CEPEC, K); Bom

Jesus da Lapa, G. Hatschbach & F. J. Zelma 50485 (K, MBM); Ibotirama, G. Hatschbach

44155 (K, MBM); Ipirá, E. L. P. G. Oliveira et al. 775 (BAH, HUEFS); Ituaçu, L. P. Queiroz

1658 (HUEFS); Jaguarari, L. Coradin et al. 6015 (CEN, K); Morro do Chapéu, A. M. de

Carvalho et al. 2406 (CEPEC, K); Seabra, E. R. Souza et al. 315 (HUEFS); Senhor do

Bonfim, T. S. Nunes et al. 559 (HUEFS); Xique Xique, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

3908 (HUEFS). Ceará: Aracati, G. Gardner 1571 (K). Pernambuco: Buíque, A. A. Frazão

et al. s.n. (Hst, HUEFS); Goiana, Vasconcelos Sobrinho s. n., 14.iv.1937 (K); Tapera, B.

Pickel 3057 (K); Saloá, A. M. Miranda et al. 2517 (Hst, HUEFS); Triunfo, A. M. Miranda

et al. 2506 (Hst, HUEFS). Rio Grande do Norte: s. l., estrada para Natal, M. J. Dove 24

(K).

Senna splendida (Vogel) H.S.Irwin & Barneby var. splendida

Diferencia-se da var. gloriosa pelas sépalas fortemente graduadas, as mais


externas apresentando ca. da ½ ou 2/3 do comprimento das mais internas.
Além disso, todas as sépalas apresentam o ápice obtuso ou arredondado e,
em conseqüência, o ápice do botão floral não se apresenta caudado.

Esta planta é muito mais característica da mata atlântica, ocorrendo desde


o nível do mar até ca. 1300 m alt. na serra do Mar e em florestas da Cadeia
do Espinhaço. Na área de domínio da caatinga é raramente coletada, sendo
mais observada em matas de cipó, em altitudes de ca. 900 m. Floração: v-
vii. Frutificação: ?
Material selecionado: Bahia: Maracás, S. A. Mori & T. S. dos Santos 11773 (CEPEC, K);

Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4046 (HUEFS, K).

Senna trachypus (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.

256
Gard. 35: 509. 1982.
Cassia trachypus Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15 (2): 122. 1870.

Arbusto a arvoreta 2-4 m alt.; ramos densamente víscido-setulosos.

Estípulas 4-10 x ca. 0,3 mm, setosas. Pecíolo 20-45 mm; raque 5-8,5

cm; segmentos interfoliolares 9-11 mm; nectários ovóide, séssil, localizado


entre todos os pares de folíolos ou apenas entre os dois basais; folíolos

5-9 pares, fortemente discolores, papiráceos, ligeiramente acrescentes

distalmente, os distais 2-3,8 x 1-1,8 cm, 1,6-2,5x mais longos que largos,

obovais a oblongo-obovais, ápice arredondado, glabros; nervura principal

excêntrica na base, a partir daí mediana, nervuras secundárias e terciárias

ligeiramente salientes na face abaxial. Racemos 2-7 cm, patentes, axilares

nas folhas distais; pedicelos 2,2-2,7 cm. Botões obovóides. Flores 3,5-4

cm diâm.; sépalas glabras, largamente obovais, desiguais em tamanho,

as internas 10-13 mm compr., ca. 2x maiores do que as externas; pétalas

amarelas, 4 largamente obovadas e uma abaxial assimétrica, subreniforme.

Legume 8-11 x 1,1-1,5 cm, oblongo, reto, plano-compresso; estípite 3-8

mm; valvas nigrescentes, papiráceas, planas, com margens prolongadas

em alas estreitas ca. 1 mm larg.

Senna trachypus é uma planta de caatinga da depressão sertaneja setentrional,


ocorrendo, também, esporadicamente no bioma cerrado, nos estados do
Maranhão e Piauí e penetrando na Bahia em área de caatinga arbórea, no
noroeste do estado. Geralmente ocorre associada a latossolos, em altitudes
de 350 a 600 m. Floração: iii-vi(x). Frutificação: v-x.

Esta espécie possui grande afinidade com S. acuruensis, da qual se diferencia


pelos frutos com margem estreitamente alada e pela combinação de
folíolos relativamente grandes e discolores (semelhantes aos encontrados
em S. acuruensis var. catingae, planta que apresenta os ramos e pedúnculos
não víscido-glandulosos) com tricomas víscido-setulosos densamente

257
distribuídos nos ramos e pedúnculos (as demais variedades de S. acuruensis
possuem folíolos menores, mais numerosos e não fortemente discolores).

Material selecionado: Bahia: Cansansão, R. M. Harley et al. 16481 (CEPEC, K); Don

Basílio, H. S. Brito & G. P. Lewis 301 (CEPEC, K); Ituaçu, G. Hatschbach & J. M. Silva

50166 (K, MBM); Jequié, A. Duarte & A. Castellanos 351 (K); Livramento do Brumado,
G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1934 (CEPEC, K); Miguel Calmon, L. R. Noblick 3927

(HUEFS, K); Morro do Chapéu, H. S. Irwin et al. 30712 (K); Riachão do Jacuípe, L. R.

Noblick & M. J. S Lemos 4104 (HUEFS, K); Serra Preta, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos

4221 (HUEFS, K). Ceará: Aiuaba, E. de O. Barros et al. 96 (EAC, HUEFS); Crateús, F.

S. Araújo 1438 (EAC, HUEFS); Jucás, J. E. R. Collares & L. Dutra 195 (HRB, HUEFS).

Paraíba: Junco do Seridó, A. M. Miranda & L. P. Félix 1905 (Hst). Piauí: Itavera, L. P. Félix

7864 (Hst, HUEFS); Oeiras, G. Gardner 2119 (Lectótipo de Cassia trachypus Benth.: K,

foto HUEFS); Padre Marcos, M. E. Alencar 249 (HUEFS, TEPB); Piripiri, L. P. Félix & M.

F. O. Pires 7786 (Hst, HUEFS).

Senna uniflora (Mill.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard.
35: 258. 1982.
Cassia uniflora Mill., Gard. Dict.,
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ed. 8, Cassia n° 5. 1768.
Cassia sericea Sw., Prodr. (Swartz): 66. 1788.

Erva a subarbusto, base ligeiramente lenhosa, 0,5-0,7 m alt.; ramos,

folhas e eixos da inflorescência revestidos com tricomas longos (ca. 1-2

mm), hirsutos, amarelos a ferrugíneos, eretos a patentes. Estípulas 13-

22 x 1-2 mm, lineares. Pecíolo 19-35 mm; raque 2,4-5 cm; segmentos

interfoliolares 8-12 mm; nectários fusiformes, longamente estipitados,

localizados entre todos os pares de folíolos, exceto o último par; folíolos

4-5 pares, membranáceos, acrescentes distalmente, os distais 2,8-5,1

x 1,5-2,6 cm, 1,9-2x mais longos que largos, largamente obovais, ápice

arredondado a largamente obtuso e mucronado, base cuneada, face

258
adaxial esparsamente pilosa, face abaxial rufo-setosa; nervura principal

central e nervuras secundárias proeminentes na face abaxial. Racemos

0,5-1,5 cm, axilares; pedicelos 5-10 mm. Botões globosos, deflexos.

Flores ca. 0,9 cm diâm.; sépalas internas 3-4 mm compr., obovais, pouco

maiores do que as externas; pétalas amarelo-pálidas, quando murchas ou

secas ficando avermelhadas, ca. 5-8 mm compr. Legume 3,7-4 x 0,3-0,4

cm, linear, reto, ereto, ligeiramente compresso, em seção transversal ±

tetragonal, com margens espessas e carenadas; estípite ca. 1 mm; valvas

papiráceas, transversalmente sulcadas simulando um lomento.

Planta invasora principalmente em áreas úmidas e áreas cultivadas,


especialmente pastagens, distribuindo-se em duas áreas principais: México
a América Central e nordeste do Brasil até Goiás e Minas Gerais. Na área
do bioma caatinga, ocorre freqüentemente em pastagens abandonadas, de
180 a 700 m alt. Floração e frutificação ± concomitantes: ii-viii.

Senna uniflora é uma espécie taxonomicamente isolada, classificada por


Irwin & Barneby (1982) em série monoespecífica (sect. Chamaefistula ser.
Confertae), diagnosticada principalmente pelo fruto curto e tranversalmente
sulcado que lembra, superficialmente, um lomento. Na Flora Brasiliensis
encontra-se citada pelo nome ilegítimo de Cassia sericea Sw. Os caracteres
diferenciais em relação a S. obtusifolia estão referidos na discussão desta
espécie e na chave acima.

Nomes vernaculares: mata-pasto (geral), mata-pasto-cabeludo (geralmente


para diferenciar de S. obtusifolia, então chamada de mata-pasto-liso), mata-
pasto-verdadeiro (Brotas de Macaúbas, BA).

Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6418 (HUEFS, MAC).

Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21356 (CEPEC, K); Barro Alto, T. S. Nunes

et al. 293 (HUEFS); Brotas de Macaúbas, T. S. Nunes et al. 279 (HUEFS); Brumado,

A. M. de Carvalho et al. 1677 (CEPEC, K); Don Basílio, H. S. Brito & G. P. Lewis 297

259
(CEPEC, K); Euclides da Cunha, G. Eiten & L. T. Eiten 5006 (K); iuiu, F. França et al.

3797 (HUEFS); Irecê, T. S. Nunes & J. Costa 901 (HUEFS); Jacobina, L. P. Queiroz et al.

5478 (HUEFS); Jequié, D. A. Lima 58-2916 (K); Juazeiro, B. Pickersgill et al. RU 72-82

(K); Manoel Vitorino, S. A. Mori 13445 (CEPEC, K). Ceará: Aiuaba, M. A. Figueiredo et al.

570 (EAC, HUEFS); Icó, G. Gardner 1570 (K); Quixeré, L. M. R. Melo et al. 102 (EAC).

Paraíba: Catolé do Rocha, J. E. R. Collares & L. Dutra 161 (HRB, K); Itabaiana, D. B.

Pickel 1754 (K). Piauí: Palmas, M. S. B. Nascimento et al. 420 (Cpmn, HUEFS).

Cassia L.
Gênero pantropical com cerca de 30 espécies, 12-13 das quais ocorrem
na América do Sul, a maioria da Amazônia, com um centro secundário
na Mata Atlântica, do sul da Bahia ao norte do Paraná. O conceito atual
de Cassia, muito mais restritivo do que o tradicional, foi apresentado II
Conferência Internacional sobre Leguminosas (Irwin & Barneby 1978)
e hoje encontra-se bem estabelecido, incluindo apenas árvores com folhas
paripinadas sem nectários extraflorais, filetes dos três estames abaxiais
sigmóides, curvados em forma de “S”, pedicelos com duas bractéolas na
base ou próximo a ela e frutos indeiscentes. Com isso, a maioria das espécies
tradicionalmente incluídas em Cassia foram transferidas para os gêneros
Senna e Chamaecrista.

Os caracteres acima citados podem, facilmente diferenciar a única espécie de


caatinga das espécies de Senna, gênero com o qual poderia ser confundido.
Além destes, a inflorescência pêndula é um caráter não encontrado em
qualquer espécie de Senna da caatinga.

Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC., Prod. 2: 489. 1825.


Bactyrilobium ferrugineum Schrad., Götting. Gelehrt. Anz.
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1 (72): 713. 1821.

260
var. ferruginea

Árvore 3-5 m alt., inermes; ramos jovens densamente puberulentos,

costados, estriados longitudinalmente. Estípulas peltadas, a porção distal

7-9 x 1 mm, porção proximal 3-4 x 1 mm. Folhas paripinadas, espiraladas,

sem nectários extraflorais; pecíolo 18-26 mm; raque 15-22 cm; segmentos
interfoliolares 9-14 mm; folíolos opostos, 17-19 pares, papiráceos,

ligeiramente decrescentes em cada extremidade da raque, os medianos

37-40 x 9-11 mm, ca. 3,6-4,3x mais longos que largos, estreitamente

oblongos, obtusos, curtamente mucronados, margem revoluta, face adaxial

muito curtamente pubérula, face abaxial pilosa; nervura principal mediana,

saliente na face abaxial, as secundárias pouco salientes e as terciárias

inconspícuas. Racemos pêndulos, arqueados, eixo 22-30 cm compr.;

pedicelos 25-35 mm compr., reflexos a divaricados. Botões ovóides,

obtusos. Flores ca. 2,5-3,5 cm diâm.; sépalas 7-9 x 3-5 mm, elípticas,

reflexas na antese; pétalas amarelas, 12-17 x 8-10 mm, obovais; estames

10, os 3 abaxiais muito mais longos, com filetes sigmóides ca. 15-20 mm,

dilatados no meio, anteras deiscentes por fendas introrsas, os restantes 7

estames muito mais curtos com filetes retos e anteras deiscentes por poros

basais; ovário curtamente pubérulo, estipitado. Fruto (descrito a partir de


material de Minas Gerais) ca. 50 x 1,5 cm, pêndulo, cilíndrico, reto.

Cassia ferruginea é uma espécie distribuída no leste do Brasil, do Ceará


ao norte do Paraná, penetrando para oeste até Goiás. Irwin & Barneby
(1982) reconhecem duas variedades das quais apenas a variedade ferruginea
ocorre ocasionalmente em caatinga. Na verdade esta espécie foi incluída
neste trabalho com alguma incerteza sobre sua presença em caatinga, pois a
maior parte dos espécimes coletados nesta região são de florestas estacionais
ou de áreas limítrofes entre caatinga e florestas estacionais. Floração:xii-ii.
Frutificação: ?.

261
Esta planta é facilmente reconhecível, quando em floração, pelos seus
racemos pêndulos densamente revestidos por grandes flores amarelas.
Quando em frutificação, pode ser confundida com algumas espécies de
Senna, embora as dimensões esperadas para os frutos desta espécie (40-50
cm compr.) não sejam igualados pelas espécies de Senna da caatinga.
Nomes vernaculares: são-joão-preto (Formosa do Rio Preto, BA).

Material examinado: Bahia: Andaraí, R. M. Harley et al. 20670 (CEPEC, K); Caetité, L. P.

Queiroz & N. S. Nascimento 3645 (HUEFS); Formosa do Rio Preto, L. P. Queiroz & N. S.

Nascimento 4140; Licínio do Almeida, L. P. Queiroz et al. 7472 (HUEFS). Ceará: Crato, G.

Gardner 1936 (K). Pernambuco: Mucheila, D. A. Lima 53-1219 (K).

Pterogyne Tul.
Gênero neotropical com apenas uma espécie, distribuída em duas grandes
áreas (ver discussão da espécie). Pterogyne é um gênero relativamente isolado,
caracterizado pelas inflorescências amentiformes com flores regulares muito
pequenas e congestamente dispostas em racemos curtos e axilares, pelo
estilete assimetricamente disposto em posição subterminal e pelos frutos
sâmaras com núcleo seminífero basal com margem nerviforme.

Pterogyne nitens Tul., Ann. Sc. Nat., Sér. 2, 20: 140. 1843.
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Árvore 5-15 m alt., copada, DAP alcançando 20-45 cm, inerme, tronco

com casca lisa, acinzentada, lenticelas horizontais amarronzadas; ramos

jovens pubérulos, mas logo se tornando lenhosos, escuros e brilhantes

com lenticelas esbranquiçadas. Estípulas ausentes (não observadas

mesmo em ramos muito jovens). Folhas espiraladas, paripinadas (mas

aparentando imparipinadas pelos folíolos alternos), sem nectários

262
extraflorais; pecíolo 26-45 mm; raque 12-17 cm; segmentos interfoliolares

20-35 mm; folíolos alternos, 7-9 pares, cartáceos a coriáceos, ligeiramente

decrescentes proximalmente, os medianos 46-50-56 x 19-25-26 mm, 2-2,5x

mais longos que largos, elípticos, oblongo-elípticos a elíptico-lanceolados,

ápice arredondado, ligeiramente emarginado, face adaxial glabra, brilhante,

face abaxial glabra, raramente curto-pubérula; nervura principal mediana,

saliente na face abaxial, as secundárias pouco salientes nas duas faces.

Racemos curtos, axilares, fortemente congestos, ± estrobiliforme antes da

antese, pêndulos, amentiformes, 2,5-3 cm, agrupados em fascículos de 2 ou

3 na axila das folhas subterminais, imersos na folhagem; pedicelos 3-4 mm.

Botões globosos. Flores 0,3-0,4 cm diâm., actinomorfas; hipanto ausente;

sépalas ca. 2 x 0,5 mm, lineares, reflexas na antese; pétalas amarelo-

pálidas, ca. 2 x 0,5 mm, oblanceoladas; estames 10, ca. 3 mm compr.,

anteras curtas deiscentes por 2 fendas introrsas; ovário estipitado, ovóide,

1-ovulado, esparsamente tomentoso; estilete subterminal, lateralmente

deslocado no ápice do ovário. Fruto sâmara, 4-4,5 cm compr., com núcleo

seminífero basal, 2-2,2 x 1,-1,3 cm, ovóide, fortemente reticulado, resto do

estilete formando um pequeno mucro dorsal, ala distal 2-2,5 x 1,4-1,6 cm,

papirácea, paleácea.

Pterogyne nitens ocorre principalmente em florestas secas no nordeste do


Brasil, na região limítrofe entre o Brasil, Argentina e Paraguai e, para oeste,
no Paraguai e Bolívia (Prado 1991). Na caatinga, é uma planta relativamente
comum nas formas arbóreas de caatinga, na base de serras e em pequenas
matas ciliares, onde é uma das árvores mais conspícuas, em altitudes de
450 - 780 (-1000). Floração: xi-iv (provavelmente após as chuvas; ver
observação abaixo). Frutificação: xii-viii.

Esta planta é relativamente fácil de ser reconhecida, principalmente pelos


seus folíolos alternos e brilhantes, pelas inflorescências pêndulas, curtas e

263
congestas, flores numerosas e muito pequenas (ca. 4 mm diâm.) e pelas
sâmaras com núcleo seminífero basal e margem nerviforme.

Esta espécie provavelmente apresenta uma estratégia fenológica tipo “big-


bang” pois, conforme relatado por Lewis (Lewis 1901 in sched.), as plantas
florescem copiosamente logo após as chuvas e dentro de 5 dias todas as
flores já estão passadas e os frutos jovens começam a se desenvolver. Esta
deve ser uma das razões pelas quais há relativamente poucas coletas de
espécimes com flores. As flores possuem forte odor de limão.

As folhas, segundo agricultores da região de Piritiba, são evitadas pelo gado,


mesmo na rebrota (Queiroz 3465 in sched.).

Nomes vernaculares: vilão, madeira-nova (ambos na Bahia).

Material selecionado: Alagoas: Tanc’Darca, R. P. de Lyra-Lemos et al. 295 (K). Bahia:

Bom Jesus da Lapa, L. P. Queiroz et al. 5813 (HUEFS); Boquira, H. P. Bautista & O. A.

Salgado 849 (HRB, HUEFS); Cabrália (estrada Piatã – Boninal), G. P. Lewis et al. CFCR

7399 (K, SPF); Caetité, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3633 (HUEFS); Cristópolis, S.

B. da Silva & R. Viegas 351 (HRB, HUEFS); Iraquara, S. A. Mori et al. 14433 (CEPEC, K);

Itaberaba, L. A. Mattos-Silva et al. 2736 (CEPEC, K); Ituaçu, L. P. Queiroz 1622 (HUEFS);

Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1901 (CEPEC, K); Morro


do Chapéu, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3453 (HUEFS, K); Piritiba, L. P. Queiroz

& N. S. Nascimento 3465 (HUEFS, K); Saúde, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3568

(HUEFS, K); Souto Soares, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3411 (HUEFS, K); Vitória

da Conquista, W. W. Thomas et al. 11108 (K). Ceará: Barra do Jardim, G. Gardner 1939

(K); Crato, A. H. Gentry et al. 50107 (K). Minas Gerais: Monte Azul, G. Hatschbach & J.

M. Silva 61883 (HUEFS, MBM).

Erythrostemon Klotsch
Gênero segregado de Caesalpinia por Lewis et al. (2005), inclui 12-13

264
espécies com distribuição restrita às Américas, a maioria na América do
Sul. Na caatinga, apenas uma espécie é registrada.

No contexto dos grupos de caatinga, Erythrostemon pode ser reconhecido


pela combinação de folhas bipinadas, folíolos opostos e simétricos, flores
zigomorfas com pétalas amarelas organizadas em racemos e frutos
compresses e deiscentes. O tipo de inflorescência e de fruto permite
diferenciá-lo de Libidibia, que apresenta panículas e frutos indeiscentes.
Os folíolos opostos diferenciam Erythrostemon de Poincianella já que as
espécies de caatinga deste gênero têm os folíolos alternos e rombóides.

Erythrostemon calycina (Benth.) L.P.Queiroz, comb. nov.


Caesalpinia calycina Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15 (2): 71. 1870.

Arbusto 2-4 m alt., inerme, geralmente com copa aberta; tronco com

casca lisa, amarronzada, descamante verticalmente; indumento dos

ramos e eixos da inflorescência pubérulo e densamente glandular, com

tricomas pedunculados em forma de cálice. Estípulas 5-7 x 4-5 mm, ovais,

fimbriadas, precocemente caducas durante a expansão da folha, às vezes

deixando uma cicatriz semi-lunar. Folhas iii-vi (+ pina terminal presente ou


ausente) / 10-12; pecíolo 40-68 mm; raque 5-15 cm; segmentos interpinais

25-46 mm; pinas opostas, 6,5-7,5 cm; folíolos opostos, papiráceos, semi-

suculentos, distantes entre si 4-5 mm, ligeiramente decrescentes em cada

extremidade da pina, os medianos 12-18 x 3-6 mm, 2,8-3,5x mais longos

que largos, oblongo-elípticos, obtusos, glabros, com glândulas puntiformes

pretas ao longo da margem na face abaxial; nervura principal ligeiramente

excêntrica, ligeiramente saliente na face abaxial, as demais inconspícuas.

Racemo terminal ou axilar, 15-28 cm compr., eretos, exsertos da folhagem;

brácteas ca. 15 x 7 mm, oval-lanceoladas, acuminadas; pedicelo ca.

60 mm, não articulado. Flores ca. 3 cm diâm.; sépala abaxial 12-15

265
mm compr.; pétalas amarelo-ouro, pétala vexilar com ou sem manchas

alaranjadas próximo ao ápice, pétalas laterais 18-20 x 13-16 mm (incluindo

o ungüículo), largamente elípticas; estames 22-24 mm compr., filetes

pubescentes na base; ovário ca. 7-ovulado. Legume 8,5-10 x 1,7-2,2 cm,

oblongo, fortemente compresso, apiculado; deiscência elástica; valvas

finamente lenhosas, pubérulas e glandulares.

Erythrostemon calycina é uma espécie endêmica da caatinga, conhecida


apenas do estado da Bahia e de uma pequena área ao sul de Pernambuco
(Lewis 1998). Ocorre principalmente em caatinga arbustiva, às vezes
em áreas moderadamente antropizadas, de 450 a 500 m alt. Floração e
frutificação: xi-vi (Lewis [1998] chama a atenção para o fato de que a
floração desta espécie ocorre associada às chuvas e, às vezes, ocorre duas
vezes por ano).

Os caracteres diferenciais dessa espécie em relação às espécies de Libidibia


e Poincianella estão referidos acima, na discussão sobre o gênero.

Material selecionado: Bahia: Brumado, G. Hatschbach & V. Nicolack 53353 (K, MBM);

Contendas do Sincorá, G. Hatschbach & R. Kummrow 47873 (K, MBM); Don Basílio, H.

S. Brito & G. P. Lewis 300 (CEPEC, K); Itaetê, L. P. Queiroz 5702 (HUEFS); Livramento

do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1864 (CEPEC, K); Rio de Contas

(provavelmente próximo a Livremento do Brumado), Pr. zu Wied-Neuwied s.n. (holótipo

de Caesalpinia calycina: BR). Pernambuco: s.l., (‘rio São Francisco”), D. A. Lima 52-1146

(IPA); Buíque, M. J. N. Rodal & A. P. S. Gomes 531 (K, PEUFR).

Poincianella Britton & Rose

Árvores copadas ou arvoretas, inermes; indumento com tricomas

tectores simples, às vezes também com tricomas plumosos nos eixos

da inflorescência e/ou nas folhas, às vezes adicionalmente com tricomas

266
glandulares pedunculados. Folhas bipinadas, espiraladas, sem nectários

extraflorais; pinas (sub-)opostas, geralmente com uma pina terminal;

folíolos alternos, ± rombóides, com nervura principal fortemente excêntrica

na base. Inflorescências em racemos ou panículas. Flores pentâmeras,

zigomorfas; hipanto amplamente campanulado; sépalas fortemente

imbricadas, a abaxial côncava e cuculada no ápice; pétalas amarelas,

a vexilar menor, ereta, carnosa, geralmente diferenciada das 4 pétalas

laterais membranáceas por manchas ou linhas avermelhadas a alaranjadas;

estames 10, deslocados para o lado inferior da flor, pubescentes na base

até o ½ ou 1/3 superior; anteras deiscentes por fendas introrsas; ovário

curtamente estipitado. Fruto compresso e elasticamente deiscente; valvas

lenhosas.

Poincianella é um gênero neotropical segregado de Caesalpinia, com cerca


de 35 espécies (Lewis et al. 2005). Na caatinga, é representado por seis
espécies.

No contexto dos grupos de caatinga, Poincianella pode ser diagnosticado


pela combinação de folhas bipinadas, folíolos alternos com nervura
principal fortemente assimétrica na base, flores zigomorfas e frutos
deiscentes. A taxonomia das espécies de caatinga não é simples pois muitas
espécies apresentam superposição em alguns dos caracteres diagnósticos,
talvez em conseqüência de hibridação e formação de enxames de híbridos
(envolvendo, p.ex., P. pluviosa ou P. laxiflora como parentais) ou a existência
de uma base genética ampla que permite a expressão de diferentes fenótipos
(G.P.Lewis, com. pess.).

1. Flores em racemos

2. Folhas com 1 a 3 pares de pina, cada pina com 3 a 9 folíolos;


folíolos com pelo menos 15 mm compr. (geralmente bem

267
maiores), glabros................................................................ P. laxiflora

2. Folhas com 3 a 10 pares de pina, cada pina com 13 a 21 folíolos;


folíolos com até 10 mm compr., pubérulos pelo menos na face
inferior

3. Eixo da inflorescência e superfície do fruto densamente


revestidos por tricomas glandulares pedunculados... P. microphylla

3. Eixo da inflorescência não glandular; fruto


glabro................................................. P. pluviosa (var. intermedia)

1. Flores em panículas

4. Pedicelo articulado próximo ao meio, ca. 10-12 mm abaixo do


hipanto.........................................................................P. pyramidalis

4. Pedicelo articulado logo abaixo ou a até 3 mm do hipanto

5. Brácteas largamente ovais, 8-12 mm compr.; flores grandes,


pétalas laterais 15-17 mm compr................................. P. bracteosa

5. Brácteas lanceoladas, 2,5-6 mm compr.; flores menores, pétalas


laterais 9-14 mm compr.

6. Folhas com 1 a 2 pares de pinas; filetes 8-14 mm compr.;


fruto com margem superior apenas espessada, ca. 3 mm
de largura total; norte 11 oS (estados do Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco........... P. gardneriana

6. Folhas com 2 a 4 pares de pinas; filetes 15-17 mm compr.;


fruto com margem superior carenada de cada lado,
ca. 7 mm de largura total; planta da Bahia e
norte de Minas Gerais (ocorrendo ao sul de
10oS)....................................... P. pluviosa (var. sanfranciscana)

268
Poincianella bracteosa (Tul.) L.P.Queiroz, comb. nov.
Caesalpinia bracteosa Tul., Arch. Mus. Hist. Nat., Paris 4: 141. 1844.

Arbusto ou arvoreta 1-6 m alt., inerme, tronco ca. 15 cm DAP, casca

acinzentada; indumento dos ramos jovens, eixos foliares e eixos da

inflorescência curta e densamente pubérulos até glabros, adicionalmente


com tricomas glandulares no eixo foliar e tricomas plumosos às vezes

presentes na inflorescência. Estípulas não vistas. Folhas i-iii (+ pina

terminal presente ou ausente) / 5-13; pecíolo 10-45 mm; raque 2,7-4,8 cm;

segmentos interpinais 22-36 mm; pinas opostas a alternas, 5-9 cm; folíolos

alternos, coriáceos, fétidos, distantes entre si 15-26 mm, acrescentes

distalmente, os medianos 23-55 x 15-40 mm, 1,4-2,2x mais longos que

largos, largamente ovais a ± rombóides, ápice obtuso a arredondado, base

assimétrica, margem revoluta, glabros ou esparsa a densamente pubérulos

em ambas as faces; nervura principal oblíqua e ligeiramente excêntrica na

base, juntamente com as nervuras secundárias e as terciárias reticuladas

salientes em ambas ou apenas na face abaxial. Panícula terminal, 8-26

cm compr., racemos individuais ascendentes, botões ± corimbosos no

ápice; brácteas ca. 8-12 x 5-7 mm, largamente ovais, agudas, côncavas;

pedicelo 8-12 mm, articulado logo abaixo do hipanto. Flores ca. 2,5 cm
diâm.; sépala abaxial 9-11 mm compr.; pétalas amarelo-ouro, pétala vexilar

com manchas alaranjadas, pétalas laterais 15-17 x 11-14 mm (incluindo

o ungüículo), suborbiculares a sub-retangulares; estames 18-21 mm

compr., filetes densamente pubescentes na base. Legume 8-14 x 2-2,7

cm, oblongo-oblanceolado, fortemente compresso, apiculado; deiscência

elástica; valvas lenhosas, glabrescentes.

Poincianella bracteosa ocorre no nordeste do Brasil (do Maranhão e Piauí até a


Bahia) e no Brasil central (Tocantins, Goiás e Mato Grosso), principalmente
em formações secas como caatinga, cerrados, florestas estacionais e dunas

269
litorâneas (Lewis 1998). Na caatinga, ocorre principalmente em caatinga
arbórea mas também em formas mais abertas sobre solo arenoso, de 100-
600 m alt. Floração: ix-vii. Frutificação: i-viii.

A folhagem e a inflorescência em panícula desta espécie a aproximam de


P. pyramidalis e P. gardneriana. No entanto, ela pode ser reconhecida pelas
brácteas (8-12 mm compr.) e flores relativamente grandes (pétalas laterais
15-17 mm compr.). Uma diferença adicional em relação a P. pyramidalis é
a articulação do pedicelo que, em P. bracteosa, dá-se logo abaixo do hipanto,
e em P. pyramidalis ocorre próximo ao meio do pedicelo.

Esta planta é relatada como tendo crescimento rápido e, por isso, é


potencialmente útil para recuperação de áreas degradadas. As folhas usadas
para fazer um chá para dor de estômago e febre (fide H. P. N. Pearson 44 in
sched.).

Nomes vernaculares: catingueira, pau-de-rato, catinga-de-porco (gerais),


pau-bica, estaladeira (ambos em Brotas de Macaúbas, BA), mané-ventura
(Barro Alto, BA).

Material selecionado: Bahia: Barro Alto, T. S. Nunes et al. 281 (HUEFS); Brotas de

Macaúbas, N. R. S Cruz et al. 3 (HUEFS); Campo Alegre de Lurdes, L. P. Queiroz et al.


7845 (HUEFS); Iaçu, V. C. Souza et al. 26506 (HUEFS); Irecê, T. S. Nunes & J. Costa

900 (HUEFS); Formosa do Rio Preto, E. B. Miranda et al. 366 (HUEFS); Pilão Arcado, G.

Cavalcanti et al. 28 (ALCB, HUEFS); Riachão das Neves, L. Coradin et al. 5738 (CEN, K);

Santa Rita de Cássia, H. P. Bautista 1514 (HRB, HUEFS); Xique Xique, G. Hatschbach

et al. 67744 (HUEFS, MBM). Ceará: Aiuaba, M. A. Figueiredo et al. 613 (EAC, HUEFS);

Aracati, G. Gardner 1577 (K); Pacatuba, E. de Paula 1288 (K); Potenji, A. H. Gentry et

al. 50130 (K). Piauí: Boa Esperança, G. Gardner 2144 (tipo de C. bracteosa; isótipo: K);

Buriti dos Lopes, F. A. R. Soares et al. PELD 51 (HUEFS, TEPB); Campo Largo, F. G.

Alcoforado-Filho & J. H. de Carvalho 329 (HUEFS); Campo Maior, R. R. Farias & M. R. A.

Mendes 518 (HUEFS, TEPB); Palmas, M. S. B. Nascimento & F. G. Alvoforado-Filho 444

270
(Cpmn, HUEFS); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1095 (K); São

José do Piauí, M. R. A Mendes et al. 395 (HUEFS, TEPB).

Poincianella gardneriana (Benth.) L.P.Queiroz, comb. nov.


Caesalpinia gardneriana Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15 (2): 68. 1870.

Arbusto ou arvoreta 3-8 m alt., inerme, tronco 15-25 cm DAP, casca

lisa, acinzentada; indumento dos ramos jovens, eixos foliares e eixos

da inflorescência esparsamente pubérulos até glabros, adicionalmente

com poucos tricomas glandulares no eixo foliar e tricomas plumosos às

vezes presentes e muito esparsos na inflorescência. Estípulas não vistas.

Folhas i-ii (+ pina terminal) / 6-10; pecíolo 18-23 mm; raque 1,7-2,7 cm;

pinas subopostas, 3,5-7 cm; folíolos alternos, coriáceos, distantes entre si

10-17 mm, acrescentes distalmente, os medianos 14-27 x 11-22 mm, 1-

1,4x mais longos que largos, suborbiculares a ± rombóides, ápice obtuso

a arredondado, base assimétrica, esparsa a densamente pubérulos em

ambas as faces; nervura principal oblíqua e excêntrica na base, juntamente

com as nervuras secundárias e as terciárias reticuladas, salientes em

ambas ou apenas na face abaxial. Panícula terminal curta, 4-8 cm compr.,

imersa na folhagem ou apenas ligeiramente exserta, racemos individuais

ascendentes, botões ± corimbosos no ápice; brácteas 2,5-4 x 1,5-3 mm,

oval-lanceoladas, agudas a acuminadas; pedicelo 5-9 mm, articulado

logo abaixo do hipanto. Flores ca. 1,5 cm diâm.; sépala abaxial 7-8 mm

compr.; pétalas amarelo-ouro, pétala vexilar com manchas avermelhadas,


pétalas laterais 9-12 x 7-8 mm (incluindo o ungüículo), suborbiculares a

sub-retangulares; estames 10-14 mm compr., filetes pubescentes na

base. Legume 7,5-8,5 x 1,7-2,2 cm, oblongo a oblongo-oblanceolado,

fortemente compresso, apiculado; deiscência elástica; valvas lenhosas,

esparsamente pubérulas.

271
Poincianella gardneriana é uma espécie da caatinga setentrional, ocorrendo
do estado do Piauí, para leste até o Rio Grande do Norte e para o sul
até Pernambuco. Aparentemente é uma espécie endêmica da caatinga,
principalmente nas formas mais abertas, tanto sobre areia como em
latossolos, em altitudes de 150 a 600 m. Floração: ix-vii. Frutificação: i-ix.
Esta espécie é muito semelhante a P. bracteosa, da qual parece ser uma
forma mais reduzida (Lewis 1998), apresentando folhas com geralmente
menor número de pinas e folíolos menores e menos numerosos, flores e,
especialmente, brácteas também menores.

Nomes vernaculares: catingueira, catinga-de-porco (gerais).

Material selecionado: Ceará: Irauçaba, L. Coradin et al. 1946 (CEN, K). Pernambuco:

Betânia, E. L. Araújo et al. 438 (HUEFS, PEUFR); Bodocó, G. Eiten & L. T. Eiten 10860

(K); Parnamirim, R. Souto et al. 8 (Hst, HUEFS); Venturosa, K. C. Costa et al. 119 (K,

PEUFR). Paraíba: Cacimba de Dentro, M. R. Barbosa et al. 2378 (HUEFS); Campina

Grande, M. F. Agra 1135 (K); Esperança, V. P. B. Fevereiro & S. J. Mayo 714 (K); São

Gonçalo, Ph. von Luetzelburg 26827 (K). Piauí: Boa Esperança, G. Gardner 2148 (tipo de

C. gardneriana; holótipo: K); São Sebastião, M. S. B. Nascimento 158 (Cpmn, HUEFS).

Rio Grande do Norte: Caraúbas, J. E. R. Collares & L. Dutra 144 (HRB, K); Pau dos

Ferros, J. A. de Assis & A. C. Sarmento 375 (HRB, K).

Poincianella laxiflora (Tul.) L.P.Queiroz, comb. nov.


Caesalpinia laxiflora Tul., Arch. Mus. Hist.
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Nat., Paris 4: 143. 1844.
Caesalpinia laxiflora var. pubescens Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15 (2): 70. 1870.

Arbusto ou arvoreta 0,7-6 m alt., inerme, com copa aberta, tronco 2-12 cm

DAP, contorcido, casca lisa, amarronzada ou acinzentada; indumento dos

ramos jovens, eixos foliares e eixos da inflorescência curtamente pubérulo

e, adicionalmente, com tricomas glandulares pedunculados nos pedicelos.

272
Estípulas ca. 5 x 0,8 mm, lineares, precocemente caducas durante a

expansão da folha. Folhas i-iii (+ pina terminal presente ou ausente) / 3-

9(-11); pecíolo 28-48 mm; raque 3,5-4(-10) cm; segmentos interpinais 12-

36 mm; pinas opostas a alternas, 4,5-7,5 cm; folíolos alternos, cartáceos,

distantes entre si 12-21 mm, ligeiramente acrescentes distalmente, os

medianos 15-60 x 16-10 mm, 1-1,4x mais longos que largos, largamente

ovais a suborbiculares, ápice arredondado, base fortemente assimétrica,

margem plana ou ondulada, glabros ou pubérulos em ambas as faces,

com ou sem tricomas glandulares sésseis ou pedunculados na face

abaxial; nervura principal ligeiramente excêntrica e nervuras secundárias

salientes na face abaxial, nervuras de menor porte reticuladas. Racemo

terminal, 8-18 cm compr., eretos, exsertos da folhagem; brácteas ca. 3

mm compr., lanceoladas, acuminadas; pedicelo 9-10 mm, articulado logo

abaixo do hipanto. Flores ca. 1,5 cm diâm.; sépala abaxial 6-7 mm compr.;

pétalas amarelas, pétala vexilar com nervuras vermelho-alaranjadas,

pétalas laterais 12-13 x 6-9 mm (incluindo o ungüículo), suborbiculares a

sub-retangulares; estames 10-12 mm compr., filetes pubescentes na base;

ovário ca. 5-6-ovulado. Legume 6-9,5 x 1,7-2,5 cm, oblongo-oblanceolado,

fortemente compresso, apiculado; deiscência elástica; valvas lenhosas,

pubérulas a glabras.

Poincianella laxiflora é aparentemente endêmica da caatinga, distribuída


no centro-sul da Bahia ao sul de Pernambuco. (Lewis 1998). Ocorre
principalmente em formas mais abertas de caatinga, geralmente com
predominância do estrato arbustivo, às vezes em áreas moderadamente
antropizadas, de 400 a 700 m alt. Lewis (1998) registra dois períodos
coincidentes de floração e frutificação: ii-vi, ix-xii.

Esta espécie pode ser diagnosticada pela combinação de racemos


laxifloros com folíolos largo-ovais a suborbiculares com margem ondulada.
Erythrosmeon calycina e P. pluviosa var. intermedia assemelham-se a P.

273
laxiflora pelas inflorescências racemosas simples (não paniculada) mas
possuem folhas com maior número de pinas e de folíolos por pinas, além de
folíolos menores e proporcionalmente mais estreitos. Por outro lado, Lewis
(1998) chama a atenção para alguns espécimes que podem representar
híbridos naturais de P. laxiflora com P. microphylla e com P. pluviosa, com
folíolos ligeiramente menores e mais numerosos do que o encontrado nas
formas típicas desta espécie.

Nome vernacular: catingueira (Bahia).

Material selecionado: Bahia: Anajé, E. Pereira & G. Pabst 9673 (K); Barra, J. S. Blanchet

3146 (tipo de Caesalpinia laxiflora: isótipos: BR, K); Bom Jesus da Lapa, G. Hatschbach

et al. 55159 (K. MBM); Brumado, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3654 (HUEFS, K);

Caculé, A. M. de Carvalho et al. 1696 (CEPEC, K, HUEFS); Contendas do Sincorá, G.

Hatschbach & J. M. Silva 50081 (K, MBM); Don Basílio, H. S. Brito & G. P. Lewis 300

(CEPEC, K); Gentio do Ouro, H. C. de Lima et al. 3924 (K, RB); Jacobina, J. S. Blanchet

3146 (tipo de C. laxiflora; isótipo: K, foto HUEFS); Jussiape, L. Coradin et al. 8624 (CEN,

K); Licínio do Almeida, T. Ribeiro et al. 434 (HRB, HUEFS); Livramento do Brumado,

G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1885 (CEPEC, K); Remanso, T. S. Nunes et al. 667

(HUEFS); Senhor do Bonfim, R. M. Harley et al. 16308 (CEPEC, K); Serra Preta, H. C.

de Lima et al. 3879 (K, RB); Tanhaçu, M. Barros 14 (HRB, HUEFS); Xique Xique, L. P.
Queiroz & N. S. Nascimento 3945 (HUEFS, K). Pernambuco: Cabrobró, E. P. Heringer et

al. 765 (RB); Petrolina, L. Coradin et al. 7747 (CEN, K).

Poincianella microphylla (Mart. ex G.Don) L.P.Queiroz, comb. nov.


Caesalpinia microphylla Mart. ex G.Don, Gen. Syst. 2: 431. 1832.
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Arbusto ou arvoreta 1-5 m alt., inerme, copa aberta, obpiramidal, tronco

com casca lisa, acinzentada ou amarronzada; indumento dos ramos jovens,

eixos foliares e eixos da inflorescência esparsa a densamente pubérulos,

274
tricomas glandulares pedunculados densos. Estípulas não vistas. Folhas

iii-x (+ pina terminal) / 11-21; pecíolo 10-15 mm; raque 3-9 cm; segmentos

interpinais 4-8 mm; pinas alternas ou opostas, 1,5-3 cm; folíolos alternos

a subopostos, coriáceos, distantes entre si 2-5 mm, ligeiramente

decrescentes em cada extremidade da pina, os medianos 1,5-10 x 1-7 mm,

1,7-1,9x mais longos que largos, oblongo-elípticos a largamente oblongos,

às vezes ± romboidais, ápice arredondado, base assimétrica, margem

revoluta, ciliada, curtamente e esparsa a densamente pubérulos na face

abaxial e, adicionalmente, com tricomas glandulares; nervura principal

oblíqua e excêntrica na base, juntamente com as secundárias pouco

salientes na face abaxial, as demais inconspícuas. Racemo terminal ou

axilar, curto, 3,5-6 cm compr., imerso na folhagem ou apenas ligeiramente

exserto, ereto, botões ± corimbosos no ápice; brácteas 2-5 x 0,8-1,2 mm,

linear-lanceoladas, acuminadas; pedicelo 8-13 mm, articulado 2-2,5 mm

abaixo do hipanto. Flores ca. 2 cm diâm.; sépala abaxial 7-8 mm compr.;

pétalas amarelo-ouro, pétala vexilar com manchas avermelhadas, pétalas

laterais 12-13 x 9-11 mm (incluindo o ungüículo), obovais a suborbiculares;

estames 9-12 mm compr., filetes pubescentes na base. Legume 6,6-9 x

1,5-1,9 cm, oblongo a oblongo-oblanceolado, fortemente compresso,

apiculado; deiscência elástica; valvas lenhosas, esparsamente pubérulas

e densamente glandulares.

Espécie típica de caatinga de areia, endêmica de uma área relativamente


pequena do sul do Piauí, sul de Pernambuco e norte da Bahia, sendo
particularmente comum na região do baixo-médio São Francisco, em
altitudes de 300 – 600 m. Floração e frutificação: xi-vi.

Poincianella microphylla pode ser diagnosticada pela combinação do


indumento densamente glandular e inflorescências em racemos com
folíolos alternos e assimétricos. Os dois primeiros caracteres são também
encontrados em Erythrostemon calycina que, no entanto, possui folíolos

275
opostos com nervura principal simétrica. Os folíolos numerosos, glandulares
e relativamente pequenos a diferencia das espécies mais relacionadas como
P. laxiflora, P. bracteosa e P. gardneriana. Folíolos em número e dimensões
comparáveis são encontrados, também, em P. pluviosa, uma espécie que
também tem inflorescências em racemos, mas esta espécie apresenta porte
arbóreo e indumento constituído por tricomas plumosos na face abaxial
dos folíolos, especialmente próximo à nervura principal.

Lewis (1998) considera que alguns espécimes de Pernambuco e do Raso da


Catarina (Bahia) podem representar híbridos naturais entre P. microphylla
e P. laxiflora.

As folhas desta espécie são relatadas como uma boa fonte de alimento para
o gado (Pearson 37 in sched.) e a casca é usada para preparação de um chá
medicinal contra febre e problemas estomacais (Lewis 1072 in sched.).

Nomes vernaculares: catinga-de-porco (Pernambuco e Piauí),catingueirinho


( Juazeiro, BA), pem-pem (região do Raso da Catarina, BA), catingueira-
rasteira (Tacaratu, PE).

Material selecionado: Bahia: s.l. (“Bahia, in sylvis Catingas”, provavelmente próximo a

Juazeiro), K. F. Ph. von Martius s. n. Obsv. 2274 (lectótipo de C. microphylla: lectótipo: M,


isolectótipo: K); Canudos, L. P. Queiroz et al. 7169 (HUEFS); Casa Nova, G. P. Lewis &

H. P. N. Pearson 1072 (K); Gentio do Ouro, H. C. de Lima 3927 (K); Glória, F. P. Bandeira

101 (ALCB, HUEFS); Jacobina, J. S. Blanchet 2684 (K); Jaguarari, N. P. Taylor et al. 1373

(BR, K); Juazeiro, W. W. Thomas et al. 9617 (CEPEC, K); Paulo Afonso, L. P. Queiroz et

al. 6564 (HUEFS); Pilão Arcado, B. S. Andrade et al. 6 (HUEFS); Raso da Catarina, L.

P. Queiroz 551 (det como provável híbrido tendo C. microphylla como um dos parentais;

ALCB, HUEFS, K); Remanso, E. Ule 7196 (K); Rodelas, M. C. Ferreira 595 (HRB,

HUEFS); Santo Inácio, R. M. Harley et al. 19163 (CEPEC, K); Senhor do Bonfim, R. M.

Harley et al. 16301 (CEPEC, K); Sento Sé, F. França et al. 2919 (HUEFS); Sobradinho, K.

R. B. Leite et al. 370 (HUEFS); Uauá, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4631 (HUEFS).

276
Pernambuco: Buíque, A. Laurênio 55 (K, PEUFR); Ibimirim, A. Laurênio & E. Ferraz 113

(K, PEUFR); Petrolina, L. Coradin et al. 7742 (CEN, K); Tacaratu, A. M. Miranda et al.

2537 (Hst, HUEFS). Piauí: s.l., Fundação Ruralista, H. P. N. Pearson 37 (K).

Poincianella pluviosa (DC.) L.P.Queiroz, comb. nov.


Caesalpinia pluviosa DC., Prodr. 2: 483. 1825.

Arbusto ou arvoreta 3-7 m alt., inerme, copa densa, tronco com DAP 10-

20 cm, casca acinzentada e entracasaca alaranjada; ou amarronzada;

indumento dos ramos jovens, eixos foliares e eixos da inflorescência

esparsa a densamente pubérulos, às vezes glabrescente nos ramos,

adicionalmente com tricomas glandulares pedunculados esparsos no eixo

foliar e tricomas plumosos nos eixos da inflorescência. Estípulas não

vistas. Folhas ii-vi (+ pina terminal) / 9-20 (ver número e dimensões das

estruturas foliares nas variedades); pecíolo 18-23 mm; raque 1,5-7 cm;

segmentos interpinais 0,9-1,4 ou 1,8-2,5 mm; pinas opostas ou alternas,

2-4 ou 4-7 cm; folíolos alternos, coriáceos, distantes entre si 4-5 ou 12-15

mm, ligeiramente acrescentes distalmente, os medianos 6-7 x 3,5-4 ou

20-31 x 10-17 mm, 1,8-2x mais longos que largos, oblongos, ± romboidais,

ápice obliquamente obtuso, base assimétrica, margem revoluta, curta

e esparsamente pubérulos na face abaxial, às vezes com glândulas

subepidérmicas nigrescentes; nervura principal oblíqua e excêntrica na

base, juntamente com as secundárias e as terciárias salientes e reticuladas

na face abaxial. Inflorescência uma panícula ou racemos terminais (ver


variedades); brácteas 2,5-6 x 1,5-2 mm, oval-lanceoladas, acuminadas;

pedicelo 8-20 mm, articulado logo abaixo ou até 1,5 mm abaixo do

hipanto. Flores 1-1,5 cm diâm. (ver variedades); sépala abaxial 7-9 mm

compr.; pétalas amarelo-ouro, pétala vexilar com manchas ou nervuras

alaranjadas, pétalas laterais 10-14 x 5,5-12 mm (incluindo o ungüículo),

277
obovais, suborbiculares até subretangulares; estames 7-10 ou 15-17 mm

compr. (ver variedades), filetes pubescentes e glandulares no 1/3 basal.

Legume 8-13 x 2-3,5 cm, oblongo-oblanceolado, fortemente compresso,

apiculado; deiscência elástica; valvas lenhosas, glabrescentes e não

glandulares na maturação.

Poincianella pluviosa é uma espécie com distribuição relativamente ampla,


ocorrendo da Bolívia ao leste do Brasil (Bahia e Minas Gerais ao norte do
Paraná) passado pelo Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraguai e norte
da Argentina.

Esta espécie apresenta um padrão de variação complexo, com alguns


intermediários com outras espécies, possivelmente representando híbridos
naturais. Ulibarri (1996) reconheceu esta espécie como um táxon polimórfico
mas sem individualizar táxons infraespecíficos. Lewis (1994a, 1998)
reconheceu seis variedades, das quais duas estão presentes na caatinga e são
relativamente distintas entre si e podendo ser diferenciadas pelos seguintes
caracteres.

1. Folhas com 2-4 pares pinas, cada pina com 9-13(-17) folíolos;
folíolos com 20-33 mm compr.; flores em panículas var. sanfranciscana

1. Folhas com 4-6 pares pinas, cada pina com 13-20 folíolos; folíolos
com 6-8 mm compr.; flores em racemos......................... var. intermedia

Poincianella pluviosa var. intermedia (G.P.Lewis) L.P.Queiroz, comb.


nov.
Caesalpinia pluviosa var. intermedia G.P.Lewis, Caesalpinia: Revis. Poincianella-
Erythrostemon group: 146. 1998.

Raque foliar 6-7 cm compr., segmentos interpinais 9-14 mm compr.; pinas

em 4-6 pares (mais a pina terminal), 2-4 cm compr., com segmentos

278
interfoliolares 4-6 mm compr.; folíolos 13-20 por pina, 6-7 x 3,5-4 mm. Flores

em racemos congestos, não corimbosos; estames 7-10 mm compr.

Planta restrita ao sudeste da Bahia e norte de Minas Gerais, onde ocorre


principalmente em caatinga e matas ciliares, em altitudes de até 600 m
(Lewis 1998). Floração: x-iii. Frutificação: ii-iii.

No contexto das espécies de caatinga, esta planta apresenta grande


semelhança com P. microphylla, apesar de, aparentemente, não serem
muito aparentadas. Esta semelhança se dá, principalmente, porque ambas
apresentam folíolos numerosos e relativamente pequenos. Podem ser
diferenciadas principalmente pelo indumento pois P. microphylla apresenta
os eixos da inflorescência e os frutos densamente revestidos por tricomas
glandulares pedunculados, condição não observada em P. pluviosa, incluindo
essa variedade. Além disso, apresentam distribuição alopátrica, com P.
microphylla ocorrendo no norte da Bahia (< 12°S) a Pernambuco e Piauí, e
P. pluviosa var. intermedia no sudeste da Bahia (> 13°S) a Minas Gerais.

Nome vernacular: catingueira-de-folha-miúda.

Material selecionado: Bahia: Abaíra, R. M. Harley et al. 24326 (tipo da variedade; isótipos:

K [foto HUEFS], SPF); Almadina, R. S. Pinheiro 96 (CEPEC); Jequié, R. S. Pinheiro 96

(CEPEC); Poções, J. E. M. Brazão 276 (CEPE, HRB, K, RB); Tremendal, J. E. M. Brazão

273 (CEPEC, HRB, K, RB). Minas Gerais: Salto da Divisa, G. Hatschbach & J. Cordeiro

52726 (K, MBM).

Poincianella pluviosa var. sanfranciscana (G.P.Lewis) L.P.Queiroz,


comb. nov.
Caesalpinia pluviosa var. sanfranciscana G.P.Lewis, Caesalpinia: Revis. Poincianella-
Erythrostemon group: 151. 1998.

Raque foliar 1,5-5,2 cm compr., segmentos interpinais 18-25 mm compr.;

279
pinas em 2-4 pares (mais a pina terminal), 4-7 cm compr., com segmentos

interfoliolares 12-15 mm compr.; folíolos 20-31 x 10-17 mm. Flores em

panículas piramidais, os racemos com botões ± corimbosos no ápice;

estames 15-17 mm compr.

Endêmica da região central da Bahia e norte de Minas Gerais, ao longo do


vale do rio São Francisco, em caatinga e florestas estacionais, de 400-610
m alt. (Lewis 1998). Floração: xi-iv. Frutificação: ii-iv(vii).

Pode ser confundida com P. pyramidalis, da qual pode ser diferenciada pela
inflorescência racemos simples, raramente agregados em panículas (vs.
panículas mutirramosas) e pedicelos articulados logo abaixo do cálice (vs.
aproximadamente no meio do pedicelo).

Nome vernacular: catingueira.

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, A. M. de Carvalho et al. 1806 (CEPEC,

K); Brotas de Macaúbas, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3420 (HUEFS, K); Caetitá,

M. L. S. Guedes et al. PCD 5280 (ALCB, HUEFS); Cafarnaum, L. P. Queiroz & N. S.

Nascimento 3427 (HUEFS, K); Guanambi, G. Hatschbach et al. 61901 (K, MBM); Jussiape,

A. M. Giulietti & R. M. Harley 1979 (HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M.

M. de Andrade 1862 (CEPEC, K); Paratinga, L. Coradin et al. 6331 (CEN, K); Santana, L.

P. Queiroz et al. 5987 (HUEFS); Urandi, T. Ribeiro et al. 398 (HRB, HUEFS); Xique Xique,

H. S. Brito & T. Pennington 309 (CEPEC, K). Minas Gerais: Janaúba, G. Hatschbach et

al. 55097 (K, MBM); Januária, B. A. S. Pereira 2456 (K).

Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz, comb. nov.

var. pyramidalis
Caesalpinia pyramidalis Tul., Arch. Mus. Hist.
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Nat. Paris 4: 139. 1844.
Caesalpinia pyramildalis var. alagoensis Tul., Arch. Mus. Hist. Nat. Paris
��������������
4: 140.

280
1844.

Arbusto ou arvoreta com troncos múltiplos, 1-6 m alt., inerme, copa densa

a aberta, tronco com DAP 8-35 cm, casca acinzentada a amarronzada;

indumento dos ramos jovens curtamente pubérulo, glabrescente, glabro ou

pubérulo no eixo foliar e, aqui, adicionalmente com tricomas glandulares

pedunculados densos ou esparsos; tricomas plumosos presentes ou

ausentes nos eixos da inflorescência. Estípulas oblanceoladas, 4-5 x 3 mm.

Folhas i-iii (+ pina terminal presente ou ausente) / 3-11; pecíolo 15-24 mm;

raque 0-5,8 cm; pinas (sub)opostas 3-7,5 cm; folíolos alternos, cartáceos

a coriáceos, distantes entre si 10-20 mm, acrescentes distalmente,

os medianos 15-36 x 10-30 mm, 1,4-1,5x mais longos que largos, ±

romboidais oblongos a suborbiculares, ápice obliquamente arredondado a

obtuso, base assimétrica, glabros ou esparsamente pubescentes na face

adaxial; nervura principal oblíqua e excêntrica na base, juntamente com

as secundárias e as terciárias salientes e reticuladas em ambas as faces.

Panículas terminal paucirramosa, pyramidal, constituída de racemos

terminais, multifloros, ± corimbosos no ápice; brácteas 3-6 x 1,5-2,5 mm,

oval-lanceoladas, agudas a acuminadas; pedicelo 13-19 mm, articulado

próximo ao meio, 10-12 mm abaixo do hipanto. Flores ca. 1,5 cm diâm.;


sépala abaxial 7-11 mm compr.; pétalas amarelas, pétala vexilar com

nervuras vermelho-alaranjadas, pétalas laterais 10-14 x 7-10 mm (incluindo

o ungüículo), obovais, elípticas, suborbiculares até subretangulares;

estames 13-17 mm compr., filetes pubescentes na base. Legume 8-14

x 1,8-3 cm, oblongo-oblanceolado, fortemente compresso, apiculado;

deiscência elástica; valvas lenhosas, pubérulas a glabrescentes.

Poincianella pyramidalis é uma espécie do norte e nordeste do Brasil,


ocorrendo do Maranhão e Ceará até a Bahia, com uma disjunção no estado
do Amazonas (Brasil). Lewis (1998) reconhece duas variedades das quais

281
a variedade típica ocorre na caatinga, distribuída principalmente na Bahia
e áreas adjacentes de Pernambuco e Alagoas, onde ocorre em diferentes
formas de caatinga mas, principalmente, em caatinga arbórea. Floração e
frutificação: xi-vii (ix-x).

Pode ser diagnosticada pelos pedicelos articulados próximo ou abaixo do


meio, o que é visível mesmo quando lignificados na frutificação.

Esta é uma das espécies mais comuns nas caatingas do leste da Bahia, e
uma das que mais contribuem para a fisionomia característica desse bioma.
É uma planta de crescimento rápido e com boa capacidade de rebrota, às
vezes se comportando como uma espécie colonizadora em áreas de recém
cortadas. Estas características podem indicar que é uma planta com grande
potencial para colonização de áreas degradadas e para produção de lenha.

Existem informações contraditórias quanto ao potencial dessa planta como


forrageira. Em algumas regiões as folhas e ramos jovens são ditos como
bem aceitos pelo gado, enquanto em outras se afirma que o gado evita se
alimentar dessa planta ou, mesmo, que ela tem efeito adverso sobre os animais
(Lewis 1998). Talvez essas diferentes informações estejam relacionadas
com variação em compostos químicos que impregnam as folhas com um
odor repulsivo, de onde provem o nome vulgar dessa planta.
Nomes vernaculares: catinga-de-porco, pau-de-rato, catingueira (gerais, os
dois primeiros sendo mais específicos desta espécie), catingueira-de-mulata
(Rodelas, BA), catingueira-grande (Glória, BA).

Material selecionado: Alagoas: Cacimbinhas, M. N. R. Staviski 925 (K); Pão de Açúcar,

M. Lemos et al. 6683 (MAC, HUEFS). Bahia: Anguera, L. P. Queiroz 2518 (HUEFS, K);

Boa Vista do Tupim, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3884 (HUEFS); Bom Jesus da

Lapa, A. M. de Carvalho et al. 3952 (CEPEC, K); Feira de Santana, L. R. Noblick & M. J.

S. Lemos 3545 (HUEFS, K); Glória, F. P. Bandeira 61 (ALCB, HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick

282
3631 (HUEFS); Ipirá, L. P. Queiroz et al. 3122 (HUEFS, K); Itaetê, L. A. Mattos-Silva et

al. 2847 (CEPEC, K); Itatim, F. França et al. 1427 (HUEFS); Itiúba, R. M. Harley et al.

16188 (CEPEC, K); Ituaçu, E. P. Gouveia 66-83 (ALCB, K); Jacobina, L. P. Queiroz & N.

S Nascimento 3508 (HUEFS, K); Jaguarari, L. Coradin et al. 6016 (CEN, K); Juazeiro, L.

Coradin et al. 5990 (CEN, K); Milagres, G. P. Lewis et al. 837 (CEPEC, K); Monte Santo,

R. M. Harley et al. 16466 (CEPEC, K); Paulo Afonso, S. A. Mori & B. M. Boom 14207

(CEPEC, K); Rodelas, L. B. Silva & G. O. M. Silva 26 (HUEFS); Santa Terezinha, L. P.

Queiroz et al. 3084 (HUEFS, K); Saúde, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3562 (HUEFS,

K); Serrinha, J. A. Ratter et al. 2708 (K); Tucano, A. M. de Carvalho & D. J. N. Hind 3879

(CEPEC, K); Uauá, N. P. Taylor et al. 1361 (BR, K); Valente, L. P. Queiroz et al. 3040

(HUEFS, K). Ceará: Igatu, M. Barros 24-84 (HRB, HUEFS); Irauçuba, L. Coradin et al.

1946 (CEN, HUEFS). Paraíba: São João do Cariri, M. R. Barbosa et al. 2339 (HUFES);

São José dos Cordeiros, M. R. Barbosa et al. 2654 (HUEFS). Pernambuco: Limoeiro,

M. V. B. Carvalho 116 (Hst, HUEFS); Serra Talhada, R. M. Harley & A. M. Giulietti 54133

(HUEFS); Sertânia, R. M. Harley & A. M. Giulietti 54183 (HUEFS). Piauí: Cocal, E. M.

S. Júnior 398 (HUEFS, TEPB). Rio Grande do Norte: Caraúbas, J. E. R. Collares &

L. Dutra 144 (HRB, HUEFS). Sergipe: Canindé do São Francisco, L. M. Cordeiro 40

(HUEFS, Xingo); Propriá (como de Alagoas), G. Gardner 1278 (tipo de C. pyramidalis var.

alagoensis; holótipo: BM; isótipo: K).

Cenostigma Tul.
Pequeno gênero com cerca de 3 espécies, distribuído da Amazônia até
o Paraguai (Lewis 1987, Lewis et al. 2005). Este gênero mostra grande
afinidade com Caesalpinia, diferenciando-se basicamente pelas folhas
paripinadas (vs. bipinadas), pelos tricomas arborescentes plumosos (ausentes
em espécies de Caesalpinia de caatinga, exceto C. pluviosa) e pelo fruto com
uma crista basal na margem superior.

Apenas uma espécie ocorre na caatinga, C. gardnerianum. Esta espécie é

283
muito semelhante e difícil de ser separada de C. macrophyllum Tul., uma
planta mais característica dos cerrados do Brasil Central mas que ocorre
simpatricamente com C. gardnerianum no oeste da Bahia e leste de
Goiás. Há uma coleta de C. macrophyllum do noroeste da Bahia (região de
Formosa do Rio Preto) sem detalhes do habitat (G. Gardner 2827, ix.1839,
como ‘Pernambuco, Rio Preto, Serra da Batalha’). Nesta região ocorrem
tanto cerrados quanto caatingas arbóreas; como todo o restante material
examinado de C. macrophyllum era inequivocamente de cerrado, esta espécie
não foi incluída neste trabalho.

Cenostigma gardnerianum Tul., Ann. Sc. Nat. 2 Sér. 20: 141. 1843.
Cenostigma angustifolium Tul., Ann. Sc. Nat. 2 Sér. 20: 141. 1843.

Arbusto de 1,5-3 m alt. até pequena árvore de 6-7 m alt., inerme,

tronco geralmente contorcido, costelado, com casca lisa e acinzentada;

indumento dos ramos, folhas, inflorescências e cálice constituído, pelo

menos parcialmente, por tricomas ramificados, arborescentes; ramos

castanhos com lenticelas brancas. Estípulas ca. 5 x 2 mm, lanceoladas,

acuminadas. Folhas paripinadas, espiraladas, sem nectários extraflorais;

pecíolo 12-32 mm; raque 1,5-6,5 cm; segmentos interfoliolares 10-26 mm;
folíolos 2-4(-5) pares, opostos, coriáceos, eqüilongos ou discretamente

acrescentes distalmente, os distais 45-60 x 20-30 mm, 2-2,8x mais

longos que largos, ovais a oblongos, mais raramente lanceolados, ápice

obtuso, em geral longamente mucronado, base arredondada, truncada a

subcordada, face adaxial pubérula, face abaxial tomentosa com tricomas

arborescentes longos; nervura principal mediana, muito saliente na face

abaxial, as secundárias ramificadas e salientes na face abaxial deixando-

a reticulada. Racemo terminal, 6-12 (-20) cm compr., eretos, exsertos

da folhagem; pedicelo 15-22 mm. Botões ovóides, agudos. Flores ca.

284
3 cm diâm., zigomorfas; hipanto amplamente campanulado, ca. 3 x 6

mm; sépalas oblongas, desiguais, a abaxial maior, côncava e cuculada

no ápice, 7-12 x 3-4 mm; pétala vexilar menor, ereta, amarelo-limão com

manchas alaranjadas, as demais patentes, amarelo-ouro, 15-16 x 11-12

mm (incluindo o ungüículo), lâmina largamente oboval; estames 10, 10-11

mm compr., filetes branco-tomentosos na base, anteras deiscentes por

2 fendas introrsas; ovário curtamente estipitado, 7-9-ovulado; estigma

com margem franjada. Legume 8,5-10 x 2,7-3,1 cm, oblongo, fortemente

compresso, apiculado, cristado na base ao longo da margem superior;

deiscência elástica; valvas lenhosas, glabras, amareladas antes da

maturação e então marrons.

Cenostigma gardnerianum é essencialmente uma espécie de caatinga,


penetrando no cerrado em Minas Gerais, oeste da Bahia e leste de Goiás e
Tocantins. Na caatinga, ocorre principalmente em formas arbustivas sobre
solo arenoso, sendo relativamente comum do centro-sul do Piauí ao centro-
norte da Bahia, em altitudes de 350-500 m. Floração: ao longo do ano, com
maior freqüência xii-iii. Frutificação: i-ix.

Dentre as Caesalpinioideae de caatinga com folhas pinadas, esta espécie


pode ser reconhecida pelo seu indumento com tricomas ramificados,
arborescentes ou plumosos, particularmente densos na face abaxial dos
folíolos e nos eixos da inflorescência. As flores são muito semelhantes às
encontradas nas espécies de Caesalpinia e Parkinsonia, todas elas possuindo
flores zigomorfas com pétala vexilar menor, ereta e com coloração
diferenciada (geralmente com pontuações ou linhas avermelhadas). No
entanto, C. gardnerianum possui folhas paripinadas enquanto as espécies
dos citados gêneros possuem folhas bipinadas. Quando em frutificação,
um caráter diagnóstico desta espécie é a presença de uma crsita basal na
margem superior do fruto.

285
Figura 19 A: Poincianella bracteosa (1 - folha; 2 - flor; 3 - fruto); B: Libidibia
ferrea var. ferrea (hábito); C: Erythrostemon calycina (1 - folha; 2 - detalhe de

286
As flores são descritas como perfumadas e visitadas por grandes abelhas
pretas (Lewis 1342 in sched.), provavelmente do gênero Xylocopa.

Nomes vernaculares: canela-de-velho (região norte da Bahia).

Material selecionado: Bahia: Barra, J. S. Blanchet 3114 (síntipo de C. angistifolium: K);

Campo Alegre de Lurdes, T. S. Nunes et al. 645 (HUEFS); Casa Nova, L. P. Queiroz et

al. 7426 (HUEFS); Gentio do Ouro, R. T. Pennington & H. S. Brito 260 (K); Ibotirama,

L. Coradin et al. 8523 (CEN, HUEFS); Morpará, H. P. Bautista & O. A. Salgado 885

(HRB, HUEFS); Remanso, E. Ule 7155 (K); Riachão das Neves, L. P. Queiroz & N. S.

Nascimento 4130 (HUEFS); Santo Inácio, R. M. Harley et al. 19005 (CEPEC, K); Serra

do Açuruá, J. S. Blanchet 2798 (síntipo de C. angistifolium: K); Xique Xique, M. M. Arbo

et al. 5348 (HUEFS, SPF). Minas Gerais: Manga, S. B. da Silva 120 (HRB, HUEFS).

Pernambuco: Petrolina, M. M. Silva et al. 26 (HUEFS). Piauí: s.l., G. Gardner 2523 (tipo

de C. gardnerianum; isótipo: K); Bom Jesus, L. Coradin et al. 5872 (CEN, K, HUEFS);

Cristiano Castro, L. Coradin et al. 5902 (CEN, K); Jaicós, G. P. Lewis et al. 1342 (K);

Nazaré do Piauí, G. Eiten & L. T. Eiten 10829 (K); Oeiras, G. Gardner 2145 (K); São

Raimundo Nonato, H. P. N. Pearson 63 (K).

Libidibia (DC.) Schltdl.


Gênero segregado de Caesalpinia por Lewis et al. (2005), inclui 6-8
espécies de áreas secas do Neotrópico. Na caatinga, apenas uma espécie é
registrada.

Libidibia pode ser diferenciado dos demais gêneros de caatinga pela


combinação de folhas bipinadas, folíolos opostos e simétricos, flores
zigomorfas com pétalas amarelas organizadas em panículas e frutos
indeiscentes, inflados, com secção ± tetragonal. Esse tipo de fruto o
diferencia de Erythrostemon e Poincianella, que apresentam frutos plano-
compressos e deiscentes. Os folíolos opostos o diferenciam de Poincianella

287
(cujos representantes de caatinga têm os folíolos alternos) e a inflorescência
em panícula o diferencia de Erythrostemon (já que nesse gênero as flores
ocorrem em racemos simples).

Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz, comb. nov.


Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul., Arch. Mus. Hist. Nat. Paris 4: 137. 1844.
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Árvore 4-15 m alt., inerme, copada, copa densa, tronco com DAP 10-40

cm, casca lisa e acinzentada, descamante, revelando a entrecasca verde

e deixando o tronco variegado; indumento dos ramos jovens, eixos foliares

e eixos da inflorescência esparsa a densamente pubérulos a totalmente

glabros, sem tricomas tricomas glandulares ou tricomas plumosos nestas

estruturas. Estípulas não vistas. Folhas iii-iv (+ pina terminal) / 4-15 pares

(ver número e dimensões das estruturas foliares nas variedades); pinas

opostas; folíolos opostos, cartáceos a coriáceos, estreitamente elípticos

a elíptico-obovais, ápice arredondado, base simétrica, arredondada

a ligeiramente cordada, margem revoluta, glabros a pubérulos (ver

variedades); nervura principal mediana, simetricamente disposta desde a

base, juntamente com as secundárias salientes pelo menos na face abaxial,

as demais inconspícuas. Inflorescência panícula terminal, multirramosa;


brácteas 1,5-3 x 0,8-2 mm, ovais, agudas; pedicelo 2-9 mm, articulado

logo abaixo ou 2-4 mm abaixo do hipanto (ver variedades). Flores ca.

1 cm diâm.; sépala abaxial 5-7 mm compr.; pétalas amarelo-ouro, pétala

vexilar pintalgada de vermelho-alaranjada, pétalas laterais 5-8 x 2,5-5 mm

(incluindo o ungüículo), obovais a subretangulares; estames 5-10 mm

compr., filetes pubescentes e estipitado-glandulares no 1/3 basal. Legume

indeiscente, 4,5-8 x 1,5-2 cm, oblongo, compresso, apiculado; pericarpo

lenhoso, na maturação glabro ou glabrescentes, nigrescente.

Libidibia ferrea pertence a um grupo de espécies muito semelhantes que

288
se distribui principalmente em florestas secas do Neotrópico. L. ferrea,
particularmente, apresenta uma variação extremamente complexa e difícil
de interpretar, com muitos intermediários entre ela e outras espécies afins.
O conceito atual é, praticamente, o mesmo apresentado por Bentham
(1870) que incluiu em L. ferrea os espécimes do leste do Brasil, com quatro
variedades (Ford 1995, como Caesalpinia). Três destas variedades ocorrem
na caatinga e a quarta (Caesalpinia ferrea var. leiostachya Benth.) é mais
característica da mata atlântica.

Nomes vernaculares: pau-ferro, jucá. Estes nomes são usados indistintamente


para as três variedades, sendo o primeiro usado principalmente na Bahia e
o segundo nos estados mais ao norte.

1. Folíolos com até 9 mm compr., glabros, em 12-16 pares; pedicelo


articulado imediatamente abaixo do hipanto (articulação pouco
perceptível)....................................................................... var. parvifolia

1. Folíolos com pelo menos 15 mm compr., em até 8(-10) pares (se


folíolos ca. 10 mm então eles são pubescentes); pedicelo articulado
4 mm abaixo do hipanto (articulação visível)

2. Folíolos e cálice glabros............................................... var. glabrescens


2. Folíolos e cálice pubescentes...............................................var. ferrea

Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz var. ferrea


Caesalpinia ferrea var. petiolulata Tul., Arch. Mus. Hist.
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Nat., Paris 4: 138. 1844.
Caesalpinia ferrea var. megaphylla Tul., Arch. Mus. Hist.
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Nat., Paris 4: 139. 1844.

Raque foliar 4,5-5 cm compr., segmentos interpinais 22-30 mm compr.;

pinas em (2-)3(-4) pares (mais a pina terminal), 4-4,9 cm compr., com

segmentos interfoliolares 5-7 mm compr.; folíolos 5-10 pares por pina, (10-

289
)15-31 x (5-)7-14 mm, oblongos a oblongo-oblanceolados, esparsamente

pubérulos na face adaxial, densamente pubérulos na abaxial. Pedicelo 7-9

mm, articulado 2-4 mm abaixo do cálice. Flores com hipanto pubérulo;

ovário velutino.

Planta de caatinga, especialmente em margens de rios temporários, menos


freqüentemente em caatinga arbórea, em altitudes de 300 a 750 m. Floração:
i-iii(-v), ix. Frutificação: iii-vii.

O conceito adotado neste trabalho para a variedade ferrea foi o de plantas


com folíolos pubérulos com mais de 15 mm compr. (alguns espécimes
depauperados podem apresentar folíolos com ca. 10 mm compr. mas, em
geral, com folíolos maiores em folhas do mesmo ramo). Plantas com folíolos
particularmente grandes (25-30 mm compr.) foram segregadas como as
variedades megaphylla e petiolulata por Tulasne (1844). Observa-se, no
entanto, que os mesmos limites de variação podem ser encontrados na var.
glabrescens, indicando uma possível plasticidade no tamanho dos folíolos
com pouco significado taxonômico. Assim, essas variedades são, aqui,
tratadas como sinônimos da var. ferrea, como proposto por Ford (1995).
Nenhum material foi observado de Caesalpinia ferrea var. cearensis Huber,
mas, a sucinta descrição apresentada no protólogo indica que pode se tratar
do mesmo táxon, como já indicado anteriormente por Lewis (1987).

A madeira é muito dura (daí provem o nome pau-ferro) e é usada para


construções e cercas. As sementes são usadas como medicinais para dores
nas articulações e a casca para alívio de dores em geral (Lewis & Pearson
1102 in sched.). As folhas tem uso forrageiro tanto fenadas (Coradin 1947 in
sched.) quanto in natura (Nascimento et al. 1996), assim como as vagens.

Nomes vernaculares: ver observação acima, na espécie.

Material selecionado: Alagoas: s.l. (“Ilha de St. Pedro, Rio St. Francisco), G. Gardner

1777 (síntipo de C. ferrea: K); Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6376 (HUEFS, Mac). Bahia:

290
s.l. (“Bahia, in catingas”), K. F. Ph. von Martius s. n. (Obsv. 2241) (síntipo de C. ferrea:

M, K); Boquira, H. P. Bautista & O. A. Salgado 851 (HRB, HUEFS); Cansansão, R. M.

Harley et al. 16495 (CEPEC, K); Feira de Santana, L. P. Queiroz 3180 (HUEFS); Juazeiro,

W. W. Thomas et al. 9639 (CEPEC, K); Palmas de Monte Alto, S. B. da Silva 214 (HRB,

HUEFS); Muquém, B. A. S. Pereira et al. 1641 (K); Paulo Afonso, S. A. Mori & B. M. Boom

14244 (CEPEC, K); Remanso, E. Ule 7197 (K); Rodelas, L. B. Silva & G. O. M. Silva 49

(HRB, HUEFS); Tucano, A. M. de Carvalho & D. J. N. Hind 3825 (CEPEC, K, HUEFS).

Ceará: Aracati, G. Gardner 1576 (K); Aiuaba, L. W. Lima-Verde et al. 234 (EAC, HUEFS);

Crato, G. Gardner 1934 (tipo de C. ferrea var. megaphylla; isótipo: K); Crateús, F. S.

Araújo 1555 (EAC, HUEFS); Irauçubá, L. Coradin et al. 1947 (CEN, K). Paraíba: São

José dos Cordeiros, M. R. Barbosa et al. 2683 (HUEFS). Pernambuco: Águas Belas,

V. Lima et al. 23 (HUEFS, IPA); Arcoverde, A. M. Miranda & M. F. O Pires 2444 (Hst,

HUEFS); Buíque, L. S. Figueirêdo & K. Andrade 119 (K, PEUFR); Serra Talhada, V. Lima

et al. 25 (HUEFS, IPA). Piauí: Oeiras, G. Gardner 2147 (tipo de C. ferrea var. petiolulata;

isótipo: K); Paranaguá, G. Gardner 2524 (K); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P.

N .Pearson 1102 (K).

Libidibia ferrea var. glabrescens (Benth.) L.P.Queiroz, comb. nov.


Caesalpinia ferrea var. glabrescens Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15 (2): 70. 1870.

Raque foliar 4,5-5,6 cm compr., segmentos interpinais 21-24 mm compr.;

pinas em 3-4 pares (mais a pina terminal), 3,5-6 cm compr., com segmentos

interfoliolares 5-6 mm compr.; folíolos 6-7(-10) pares por pina, 14-20 x 7-

10 mm, oblongos a oblongo-oblanceolados, glabros. Pedicelo 7-9 mm,

articulado 2-4 mm abaixo do cálice. Flores com hipanto glabrescente,

esparsamente pubérulo; ovário glabro.

Planta de caatinga, com distribuição mais restrita, incluída na da variedade


típica, ocorrendo na Bahia e sul do Piauí, em altitudes de 320-500 m.
Floração: i-ii. Frutificação: ii.

291
Libidibia ferrea var. glabrescens apresenta-se intermediária entre as
variedades ferrea, que tem folíolos em tamanho e número comparáveis mas
pubescentes, e parvifolia, que tem folíolos igualmente glabros mas menores
e mais numerosos. Alguns espécimes (e.g. Mori & Benton 13236) parecem
intermediários entre as variedades glabrescens e parvifolia.
Material selecionado: Alagoas: s.l. (“banks of the Rio St. Francisco, about 70 miles up),

G. Gardner 1274 (tipo de C. ferrea var. glabrescens; isótipo: K). Bahia: Cícero Dantas,

L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3716 (HUEFS); Iaçu, S. A. Mori & F. P. Benton 13236

(CEPEC, K); Itiúba, R. M. Harley et al. 16192 (CEPEC, K); Jeremoabo, L. P. Queiroz &

N. S. Nascimento 3744 (HUEFS). Piauí: São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N

.Pearson 1111 (K).

Libidibia ferrea var. parvifolia (Benth.) L.P.Queiroz, comb. nov.


Caesalpinia ferrea var. parvifolia Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15 (2): 70. 1870.

Raque foliar 4,5 cm compr., segmentos interpinais 11 mm compr.; pinas

em 4-6 pares (mais a pina terminal), 4-4,5 cm compr., com segmentos

interfoliolares 2,5-3 mm compr.; folíolos 12-15 pares por pina, 6-7 x 3 mm,

oblongos, glabros. Pedicelo 2,5-3 mm, articulado logo abaixo do cálice.

Flores com hipanto glabro; ovário glabro.

Planta de caatinga e florestas estacionais, aparentemente endêmica do


estado da Bahia. Floração: xii-iv. Frutificação: ?

Esta variedade pode ser caracterizada pelo número maior de pinas e de


folíolos por pina, e pelos folíolos relativamente pequenos e glabros. Além
disso, em todo o material examinado, o pedicelo mostra-se mais curto do
que nas demais variedades e encontra-se articulado logo abaixo do hipanto
(não 2-4 mm abaixo).

Bahia: Castro Alves, L. P. Queiroz et al. 3072 (HUEFS, K); Ipirá, L. P. Queiroz et al. 3124

292
(HUEFS, K); Feira de Santana, Scardino in Grupo Pedra do Cavalo 1102 (ALCB, K); Iaçu,

L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3867 (HUEFS); Itaberaba, C. T. Rizzini & Mattos s. n.

RB 132224 (K); Valente, L. P. Queiroz et al. 3027 (HUEFS, K); Vitória da Conquista, E.

Pereira & G. Pabst 9753 (K).

Melanoxylon Schott
Gênero sul-americano com 1 espécie do leste do Brasil (Lewis et al. 2005).
As flores assemelham-se às de Peltoporum, com hipanto curto e campanulado
e grandes pétalas amarelas, ungüiculadas, com margem ± franjada. No
entanto, Melanoxylon tem, caracteristicamente, filetes tomentosos e um
tipo particular de fruto, denominado de criptolomento. Neste fruto, as duas
valvas separam-se inteiras mas o endocarpo é fragmentado em artículos,
cada um dos quais contendo uma semente, que funcionam como a unidade
de dispersão.

Melanoxylon brauna Schott in Spreng., Syst. Veg. ed. 16, 4, Cur. Post.: 406.
1827.
Recordoxylon irwinii R.S.Cowan, Proc. Biol. Soc. Wash. 86(39): 453. 1973.
�����

Árvore de 5-12 m alt., copada, DAP 15-35 cm, inerme, tronco com casca

suberosa, acinzentada; ramos jovens pubérulos, tricomas ferrugíneos.

Estípulas ausentes (não observadas). Folhas imparipinadas, espiraladas,

sem nectários extraflorais; pecíolo 25-45 mm; raque 8-12 cm; segmentos
interfoliolares 25-34 mm; folíolos (sub-)opostos, 6-8 pares (folhas 13-

17-folioladas), ligeiramente acrescentes distalmente mas folíolo terminal

geralmente um pouco menor, os subterminais 46-55 x 16-22 mm, 2,5-

2,9x mais longos do que largos, lanceolados a oblongo-lanceolados,

ápice acuminado, base inequilateralmente cordada, margem ligeiramente

293
revoluta, essencialmente glabros na maturação exceto por esparsamente

pubérulo sobre as nervuras maiores; nervura principal ligeiramente

excêntrica na base, muito saliente na face abaxial, nervação reticulada

nas duas faces. Panícula terminal, 13-30 compr., exserta da folhagem;

pedicelos 19-21 mm. Botões globosos. Flores ca. 3,5 cm diâm.,

ligeiramente zigomorfas; hipanto infundibuliforme, ca. 3 mm compr.;

sépalas 8-10 x 4-5 mm, oblongas, reflexas na antese, externamente

ferrugíneo-tomentosas; pétalas amarelo-ouro, 16-18 x 8-10 mm (incluindo

o ungüículo), a lâmina suborbicular; estames 10, ca. 15 mm compr., filetes

ferrugíneo-tomentosos na base, anteras deiscentes por 2 fendas introrsas;

ovário estipitado, 11-13-ovulado, tomentoso, estilete glabro; estigma

dilatado. Fruto criptolomento (fruto maduro do Rio de Janeiro), 12,5 x 4

cm, oblongo, ligeiramente encurvado, fortemente compresso, inertemente

deiscente pelas duas margens; valvas sublenhosas, tranversalmente

costadas, glabras ou pubérulas; endocarpo articulado, fragmentando-se

em artículos transversalmente oblongos, ca. 35 x 9 mm, membranáceos,

paleáceos, cada um envolvendo uma semente. Sementes oblongas,

compressas, ca. 11 x 5 x 2 mm, testa lisa, atropurpúrea.

Melanoxylon brauna ocorre na mata atlântica, do Rio de Janeiro à Bahia,


penetrando para o interior em florestas estacionais e caatinga arbórea
em Minas Gerais e na Bahia, em altitudes de 900-1000. Floração: v-vii.
Frutificação: vi (frutos imaturos)-x.

Como dito anteriormente, esta espécie apresenta flores semelhantes às de


Peltophorum dubium mas exemplares floridos destas duas espécies podem
ser facilmente separados pelas folhas, que são imparipinadas em M. brauna
e bipinadas em P. dubium. Quando em frutificação, M. brauna é facilmente
reconhecida pelos frutos oblongos, encurvados, com valvas transversalmente
enrugadas, e pelos artículos monospérmicos do endocarpo.

294
Nome vernacular: braúna (Bahia), pau-ferro (local em Serra Dourada,
BA).

Material examinado: Bahia: Cafarnaum, A. C. Sarmento 871 (HRB, HUEFS); Encruzilhada,

R. P. Belém 3629 (K); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3394 (HUEFS, K);

Itiruçu, R. S. Pinheiro 1869 (CEPEC, K); Maracás, S. A. Mori et al. 10051 (CEPEC, K);

Seabra, H. S. Irwin et al. 31179 (tipo de Recordoxylon irwinii; isótipo: K); Serra Dourada,

M. M. Silva 84 (HRB, HUEFS).

Peltophorum (Vogel) Benth.


Pequeno gênero com 5-7 espécies, duas da América tropical, uma da
África e o restante na Ásia tropical a Austrália (Polhill & Vidal 1981). No
contexo das plantas de caatinga, este gênero é facilmente diagnosticado
pela combinação das folhas bipinadas com os filetes tomentosos na base,
estigma amplo, peltado e frutos indeiscentes fortemente compressos.

Os demais gêneros de Caesalpinioideae de caatinga que apresentam folhas


bipinadas são Caesalpinia e Parkinsonia. O fruto indeiscente, linear e fibroso
pode separar Peltophorum destes gêneros. Além disso, tanto Caesalpinia
quanto Parkinsonia possuem a flor mais marcadamente zigomorfa, com
a pétala adaxial diferenciada das demais em forma, textura e coloração.
Outro caráter que facilmente separa Peltophorum destes gêneros é o número
elevado de pinas (17-18 pares), sempre inferior tanto em Parkinsonia (1
par) quanto em Caesalpinia (3-10 pares).

Barneby (1996) reduziu as três espécies americanas a variedades de P.


dubium, das quais apenas a variedade típica ocorre na área de domínio da
caatinga.

Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. in Engl. &


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Prantl, Natürl.

295
Pflanzenfam. 3 (3): 176. 1892.
Caesalpinia dubia Spreng., Syst. Veg. 2: 343. 1825.
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Peltophorum vogelianum Benth., J. Bot. (Hooker) 2: 75. 1840.
�����

var. dubium

Árvore de 8-10 m alt., copada, DAP 30-60 cm, inermes, tronco com

casca acinzentada, fissurada; ramos castanhos com lenticelas brancas,

curtamente pubérulos. Estípulas muito precocemente caducas, subuladas,

com vestígios de folíolos, ca. 7-8 x 0,5 mm. Folhas bipinadas, xvii-xviii /

25-30 (pinas maiores, medianas), espiraladas, sem nectários extraflorais;

pecíolo 30-60 mm; raque 22-26(-30) cm; segmentos interpinais15-21 mm;

pinas opostas, decrescentes em cada extremidade da raque, as medianas

das folhas maiores 7-10,5 cm; folíolos opostos, papiráceos a cartáceos,

ligeiramente decrescentes em cada extremidade da pina, os medianos 9-11

x 3-4 mm, 2,8-3,3x mais longos que largos, oblongos, ápice arredondado,

mucronado, base obliquamente truncada, margem ligeiramente revoluta,

face adaxial glabra, face abaxial pubérula; nervura principal mediana ou

ligeiramente excêntrica apenas na base, muito saliente na face abaxial,

as demais nervuras inconspícuas. Panícula terminal ampla, piramidal,

29-36 cm compr., longamente exserta da folhagem; pedicelos 15-19 mm.

Botões globosos. Flores ca. 2,5-3 cm diâm., ligeiramente zigomorfas;

hipanto infundibuliforme, ca. 3 mm compr.; sépalas 4-5 x 2,5-3,5 mm,

ovais, reflexas na antese, externamente ferrugíneo-puberulentas; pétalas

amarelo-ouro, 12-16 x 9-12 mm (incluindo o ungüículo), lâmina largamente

oboval; estames 10, 6-8 mm compr., filetes ferrugíneo-tomentosos na base,

anteras deiscentes por 2 fendas introrsas; ovário curtamente estipitado, 2-

ovulado, ferrugíneo-tomentoso, estilete curto, tomentoso; estigma peltado.

Fruto indeiscente, samaróide, 8-9,5 x 1,6-2 cm, linear a linear-elíptico,

acuminado e cuneado, reto, plano-compresso, as margens sub-aladas;

pericarpo fibroso, esparsamente pubérulo, longitudinalmente estriado.

296
Peltophorum dubium é uma espécie descontinuamente distribuída na América
tropical; os táxons correspondentes a cada uma destas áreas tendo sido
reconhecidos como três variedades distintas por Barneby (1996). Apenas a
variedade dubium ocorre na caatinga. Esta não é uma espécie característica
da caatinga, ocorrendo principalmente em matas ciliares e bancos de rios
ao longo da área de domínio da caatinga mas, principalmente, na bacia do
rio São Francisco e na Bahia a leste do vale deste rio, em altitudes de 500-
600 m. Floração: xi-i. Frutificação: iii-iv, vi-viii.

Esta espécie é prontamente diferenciada das demais Caesalpinioideae


de caatinga pelas suas folhas bipinadas com muitas pinas (17-18 pares) e
muitos folíolos por pina.

As flores perfumadas são visitadas por diferentes grupos de abelhas (e.g.


Apis, Melipona, Xylocopa) mas os polinizadores efetivos são, provavelmente,
abelhas de grande porte do gênero Xylocopa.

Nomes vernaculares: farinha-seca, imbirá-puita (gerais), quebra-serra


(Igaporã, BA), pijuí (Pernambuco), canafista (ocasional, provavelmente por
confusão com Senna spectabilis).

Material examinado: s.l., “banks of the Rio St. Francisco about 80 miles up”, G. Gardner

1279 (K). Bahia: Andaraí, S. A. Mori & F. P. Benton 13206 (CEPEC, K); Barra, L. P. Queiroz

4856 (HUEFS); Bom Jesus da Lapa, F. França et al. 3524 (HUEFS); Brumado, A. M. de

Carvalho et al. 2656 (CEPEC, K); Caldeirão Grande, L. P. Queiroz et al. 1167 (HUEFS, K);

Iaçu, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3866 (HUEFS); Ibotirama, L. Coradin et al. 6593

(CEN, K); Igaorã, S. B. da Silva 88 (HRB, HUEFS); Itiúba, J. G. Nascimento & T. S. Nunes

32 (HUEFS); Jacobina, J. S. Blanchet 2659 (K); Jaguarari, L. Coradin et al. 5996 (CEN,

K); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1868 (CEPEC, K); Mairi,

E. L. P. G. Oliveira et al. 668 (BAH, HUEFS); Miguel Calmon, H. P. Bautista et al. 3040

(HRB, HUEFS); Milagres, M. A. S. Mayworm 16 (HUEFS); Paramirim, L. C. de Oliveira-

Filho & J. C. A. Lima 110 (HRB, HUEFS); Morro do Chapéu, R. M. Harley et al. PCD 5999

297
(ALCB, HUEFS); Poções, L. A. Mattos-Silva et al. 2342 (CEPEC, K); Saúde, L. P. Queiroz

& N. S. Nascimento 3560 (HUEFS, K); Vitória da Conquista, E. Pereira & G. Pabst 9751

(K); Xique Xique, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3916 (HUEFS). Paraíba: Areia, V. P. B.

Fevereiro et al. MI-40 (K). Pernambuco: Caruaru, M. Borjes et al. 21 (K, PEUFR).

Parkinsonia L.
Pequeno gênero com 11-12 espécies, a maioria de áreas secas da América do
Norte e 4 na África (Polhill & Vidal 1981, Lewis et al. 2005). No contexto
dos grupos de caatinga, o gênero Parkinsonia pode ser diagnosticado pela
presença de espinhos (nenhum outro gênero de Caesalpinioideae tem
plantas com espinhos) e pelas folhas bipinadas algo bizarras, com as pinas
filodiais inseridas em fascículos diretamente da parte superior do espinho.
Essa disposição das pinas nos leva a sugerir que o espinho em Parkinsonia
deve representar uma continuação da raque foliar.

Há controvérsias quanto aos limites entre os gêneros Cercidium e Parkinsonia.


Recentemente tem sido demonstrado que as espécies destes gêneros
apresentam grande parentesco, inclusive com a formação de híbridos
naturais entre espécies destes gêneros (Hawkins et al. 1999), reforçando a
tese de união dos mesmos.

Parkinsonia aculeata L., Sp. Pl. 1: 375. 1753.


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Parkinsonia spinosa Kunth, Nov. Gen. & Sp. 6: 335. 1824.
�����

Arbusto a arvoreta 2-4,5 m alt., tronco ca. 7 cm DAP, casca ligeiramente

rugosa e verde-acinzentada, vários ramos virgados e folhas pêndulas

formando uma copa aberta; ramos glabros, fractiflexos; plantas armadas,

com armamento complexo consistindo, em cada nó, de um espinho

cônico, reto, localizado abaixo das pinas (provavelmente derivado da

298
raque foliar) e por um par de espinhos laterais (provavelmente estípulas

modificadas), estes às vezes reduzidos, raramente ausentes. Folhas i-ii /

± 40-60, bipinadas, dísticas, sem nectários extraflorais; pecíolo nulo; raque

representada apenas pelos espinhos de 0,6-2 cm, segmentos interpinais

nulos, pinas, conseqüentemente, aparecendo fasciculadas sobre o espinho;

pinas 19-35 cm compr., complanadas, 2-3 mm larg.; folíolos alternos ou

subopostos, geralmente caducos, semi-suculentos, 2,5-4 x 1-1,5 mm, ca.

2,5x mais longos que largos, elípticos, peciolulados. Racemos axilares, 9-

18 cm compr., mais curtos do que a folha subjacente; pedicelo 12-15 mm.

Botões globosos. Flores 1,8-2 cm diâm., zigomorfas; hipanto amplamente

campanulado, ca. 1 x 3 mm; sépalas verde-amareladas, 5-6 x 2,5-3 mm,

lanceoladas, reflexas na antese, glabras; pétalas amarelas, a vexilar com

base pintalgada de vermelho, as 4 laterais ca. 10 x 7 mm (incluindo o

ungüículo), lâmina largamente oboval; estames 10, ca. 6 mm compr.,

filetes pubérulos na base, anteras deiscentes por 2 fendas introrsas; ovário

curtamente estipitado, piloso, estilete curto, glabro; estigma truncado.

Legume 6-8 x 0,5-0,7 cm, linear, ± cilíndrico, moniliforme, contraído entre

as 2-4 sementes; valvas cartáceas, glabras.

Parkinsonia aculeata é uma espécie amplamente distribuída na América e na


África tropicais, geralmente em áreas secas ou, pelo menos, sujeitas a secas
prolongadas. Na região da caatinga, esta espécie ocorre principalmente
sobre areias aluviais, geralmente associada a bancos de riachos temporários,
em altitudes 200 a 400 m. Floração e frutificação: viii-iii (provavelmente
ao longo do ano ou seguindo o período chuvoso).

Esta espécie é prontamente diferenciada pelo seu hábito particular,


copa aberta, tronco esverdeado (fotossinteizante ?), ramos fractiflexos
espinescentes, folhas pêndulas com raque longa, achatada e fotossintetizante
e folíolos vestigiais.

299
Figura 20 A: Pterogyne nitens (1 - hábito; 2 - flor; 3 - flor dissecada ressal-
tando o estilete subterminal; 4 - fruto); B: Parkinsonia aculeata (1 - hábito; 2
Comumente cultivada como ornamental em cidades do semi-árido. Lewis
(in sched., Lewis & Pearson 1120) descrevem um uso peculiar no Piauí, onde
as sementes são usadas para alimentar galinha e são comidas pelo homem.

Nomes vernaculares: turco, espinho-de-turco (gerais), espinho-de-jerusalém


(Feira de Santana, BA), supresta (Piauí).

Material selecionado: Bahia: Brumado, G. Hatschbach et al. 53355 (K, MBM); Camaleão,

R. M. Harley et al. 16453 (CEPEC, K); Glória, F. P. Bandeira 259 (HUEFS, K); Jaguarari, L.

300
Coradin et al. 5994 (CEN, K); Miguel Calmon, T. Ribeiro et al. 141 (HRB, HUEFS); Paulo

Afonso, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3728 (HUEFS); Remanso, T. S. Nunes et al. 497

(HUEFS); Retirolândia, R. P. Oliveira 264 (HUEFS); Rodelas, L. B. Silva et al. 90 (HRB,

HUEFS); Santa Luz, M. M. Arbo et al. 5500 (CTES, HUEFS, K, SPF); Santo Inácio, R.

M. Harley et al. 19095 (CEPEC, K); Tucano, L. P. Queiroz & T. S. N. Sena 3113 (HUEFS,

K); Xique Xique, H. C. de Lima et al. 3955 (K, RB). Ceará: Aquiraz, F. Drouet 2614 (K).

Paraíba: Camalau, J. E. R. Collares & J. A. da Silva 203 (HRB, HUEFS). Pernambuco:

Brejo da Madre de Deus, Z. Travassos 232 (K, PEUFR); Caruaru, M. V. B. Carvalho 21

(Hst, HUEFS). Piauí: São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1120 (K).

Diptychandra Tul.
Gênero sul-americano com uma espécie distribuída principalmente em
florestas estacionais e cerradões do Brasil Central até a Bolívia e Paraguai.
Este gênero pode ser diagnosticado pelas folhas paripinadas e folíolos
com pontuações translúcidas (nem sempre muito fáceis de serem vistas),
flores pequenas, regulares, agrupadas em racemos curtos terminais, com
hipanto curto e campanulado e ovário com estípite assentada no fundo do
hipanto (ou seja, não adnado a ele lateralmente). Estes caracteres podem
ser encontrados, também, no gênero Sclerolobium (sem representação nas
caatingas), do qual pode ser diferenciado pelo fruto deiscente, bivalvar, e
sementes aladas (em Sclerolobium o fruto é indeiscente).

Apenas uma das subespécies reconhecidas por Lima et al. (1990) ocorre
nas caatingas.

Diptychandra aurantiaca Tul., Ann. Sc. Nat. Sér. 2, 20: 139. 1843.
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Diptychandra glabra Benth. in Mart., Fl. Brasil.
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15(2): 52. 1870.

subsp. epunctata (Tul.) H.C.Lima, A.M.de Carvalho & C.G.Costa,

301
An. xxxv Congr. Nac. Bot. (Brasil): 180. 1984 (publ. 1990).
Diptychandra epunctata Tul., Ann. Sc. Nat. Sér. 2, 20: 139. 1843.

Árvore de até 7 m alt., copada, ou arbusto 1-3 m alt., inerme; ramos jovens

densa e curtamente pubérulos, precocemente lenhosos; gemas ovóides,

revestidas por profilos imbricados, presentes na axila de algumas folhas

antes da floração ou no final da frutificação, às vezes visíveis na base

dos ramos em expansão. Estípulas ausentes (não observadas mesmo

no ápice de ramos muito jovens). Folhas paripinadas, espiraladas, sem

nectários extraflorais; pecíolo 15-27 mm; raque 1,2-2,9 cm, ausente nas

folhas unijugas; folíolos opostos, (1-) 2 pares, cartáceos, ligeiramente

acrescentes distalmente, o terminal 36-68 x 25-37 mm (muitas vezes

florescendo quando as folhas ainda estão em expansão e, então, folíolos

menores do que o registrado aqui), ca. 1,2-1,8x mais longos que largos,

ovais, obtusos, base arredondada a ligeiramente cordada, face adaxial

glabra, face abaxial glabra a, raramente, pilosa, mas sempre pilosa sobre

a nervura principal; nervura principal mediana, saliente na face abaxial,

as secundárias e terciárias pouco salientes, reticuladas na face abaxial.

Racemo terminal, localizado no ápice do ramo principal e de ramos curtos

laterais, congesto, 4-8 cm compr.; pedicelo 4-7 mm. Botões globosos.

Flores ca. 0,5 cm diâm., actinomorfas; hipanto infundibuliforme, ca. 1 mm

compr.; sépalas creme, ca. 3 x 2 mm, obovais, ápice arredondado, reflexas

na antese, externa e internamente puberulentas; pétalas amarelo-ouro, ca.

4 x 2 mm, obovais; estames 10, 4,5-5 mm compr., filetes pubescentes

na base e anteras curtas deiscentes por 2 fendas introrsas; ovário

estipitado, 4-6-ovulado, tomentoso, estilete glabro; estigma dilatado.

Fruto legume, 8-12 x 2,5-3 cm, oblongo-linear a elíptico-linear, fortemente

compresso, inertemente deiscente pelas duas margens; valvas coriáceas,

glabras, marrom-claras, tenuemente reticuladas. Sementes aladas,

302
trasnversalmente oblongas, ca. 21-23 x 54-57 mm, núcleo tranversalmente

elíptico ca. 15 x 22-26 mm, alas paleáceas 15-17 mm.

Diptychandra aurantiaca distribui-se principalmente nos cerrados do Brasil


central (subsp. aurantiaca) e, no nordeste brasileiro (subsp. epunctata), onde
ocorre em caatinga, florestas estacionais e cerradões mesotróficos (Lima
et al. 1990), do Maranhão e Piauí até o centro-sul da Bahia. Na caatinga,
tem sido mais observada em caatinga arbórea sobre solos mais ricos, em
altitudes de 400 a 460 m. Floração: x-i. Frutificação: iv-vii.

No contexto das Caesalpinioideae de caatinga, esta espécie pode ser


reconhecida pelas combinação flores regulares e relativamente pequenas
(ca. 5 mm diâm.) agrupadas em racemos terminais densifloros, e pelas
sementes aladas. A única espécie de caatinga que pode ser confundida
quando em floração é Pterogyne nitens, que se diferencia desta espécie por
apresentar folíolos alternos (vs. opostos), racemos pêndulos, flores menores
(3-4 vs. 5 mm diâm.) e fruto indeiscente do tipo sâmara, com ala distal (vs.
legume).

Nomes vernaculares: birro, pau-de-birro (geral), catolé (Brotas de Macaúbas,


BA).
Material examinado: Bahia: Brotas de Macaúbas, N. R. S. Cruz et al. 1 (HUEFS); Campo

Alegre de Lurdes, L. P. Queiroz et al. 6204 (HUEFS); Livramento do Brumado, R. M.

Harley et al. 27137 (K, SPF); Morpará, H. P. Bautista & O. A. Salgado 905 (CEPEC, HRB);

Paramirim, R. M. Harley et al. 27022 (CEPEC, K); Paratinga, B. B. Klitgaard & F. C. P.

Garcia 70 (K, RB); Serra do Açuruá, J. S. Blanchet 2784 (tipo de Diptychandra epunctata;

isótipo: K). Piauí: Jupaguá, A. C. Sarmento 464 (HRB); Oeiras, G. Gardner 2143 (K); São

Miguel do Tapuio, A. Fernandes et al. s. n. 30.iv.1979 (EAC); São Raimundo Nonato, A.

Fernandes et al. s. n. 18.xii.1978 (EAC); Serra das Capivaras, L. Emperaire 433 (IPA);

Serra das Confusões, A. Fernandes & E. Nunes s. n. 18.xi.1981 (EAC, RB); Simplício

Mendes, D. A. Lima 1183 (IPA).

303
Subfamília Mimosoideae

(medidas dos glomérulos e espigas são dadas sem considerar os estames)

1. Folhas paripinadas com um nectário entre cada par de folíolos........Inga

1. Folhas bipinadas

2. Folhas sem nectários extraflorais

3. Flores isostêmones ou diplostêmones

4. Flores em glomérulos heteromórficos, as basais estéreis com


estaminódios petalóides amarelos; fruto folículo.....Neptunia

4. Flores em espigas, umbelas ou glomérulos homomórficos,


flores nunca com estaminódios petalóides; fruto
craspédio.................................................................... Mimosa

3. Flores polistêmones; estames soldados em tubo............Calliandra

2. Folhas com nectários extraflorais no pecíolo, na raque foliar ou


em ambos

304
5. Flores em espigas ou racemos

6. Flores polistêmones....................................................Senegalia

6. Flores diplostêmones

7. Flores pediceladas, pedicelo articulado próximo ao


meio; fruto deiscente, bivalvar, com endocarpo se
destacando independentemente em unidades paleáceas
monospérmicas..............................................Plathymenia

7. Flores sésseis; fruto indeiscente ou deiscente mas com


endocarpo nunca se destacando independentemente
do restante do pericarpo

8. Anteras desprovidas de glândula apical; flores


tetrâmeras; fruto craspédio............................... Mimosa

8. Anteras com glândula apical; flores pentâmeras; fruto


legume, folículo ou indeiscente

9. Plantas armadas com espinhos ou acúleos

10. Folhas com apenas um par de pinas e 2 a 4


pares de folíolos por pina; fruto carnoso,
indeiscente..............................................Prosopis

10. Folhas com maior número de pinas e folíolos;


fruto legume, compresso, com valvas coriáceas
e onduladas entre as sementes.............Piptadenia

9. Plantas inermes

11. Frutos moniliformes; sementes não compressas


e não aladas, com testa esbranquiçada Piptadenia

11. Frutos não moniliformes, com margens

305
retas ou irregularmente contritas entre as
sementes; sementes compressas, cartáceas,
estreitamente aladas

12. Fruto legume, abrindo-se pelas duas


suturas.....................................Parapiptadenia

12. Fruto folículo, abrindo-se por apenas uma


sutura................................... Pseudopiptadenia

5. Flores em glomérulos ou umbelas

13. Flores isostêmones ou diplostêmones

14. Glomérulos heteromórficos, com flores periféricas neutras

15. Flores basais com estaminódios petalóides amarelos;


fruto folículo, oblongo, estipitado...................Neptunia

15. Todas as flores com estames e estaminódios brancos;


fruto legume, linear, séssil.......................... Desmanthus

14. Glomérulos homomórficos

16. Árvores; folhas com pelo menos 10 pares de pinas


e folíolos diminutos, com no máximo 2 mm de
largura; fruto folículo; sementes com margem
alada......................................................Anadenanthera

16. Arbustos; folhas com até 9 pares de pinas e folíolos


maiores, os distais de pelo menos 7 mm de largura
(freqüentemente bem maiores); fruto craspédio;
sementes não aladas.......................................... Mimosa

13. Flores polistêmones

17. Estames livres ou ligeiramente soldados apenas na base

306
18. Estípulas modificadas em espinhos pareados nodais;
acúleos internodais ausentes; flores amarelas; fruto
cilíndrico, indeiscente...................................... Vachellia

18. Estípulas não modificadas em espinhos; armamento


de acúleos internodais ou plantas inermes; flores
brancas a creme; fruto plano, deiscente..........Senegalia

17. Estames concrescidos em tubo

19. Plantas armadas com espinhos

20. Folhas com apenas 1 par de pinas e 1 a 3 pares de


folíolos por pina.................................Pithecellobium

20. Plantas com maior número de pinas e folíolos...........


Chloroleucon

19. Plantas inermes

21. Folhas com apenas 1 par de pinas; inflorescências


caulifloras........................................................ Zygia

21. Folhas com mais de 1 par de pinas; inflorescências


terminais ou axilares
22. Fruto indeiscente com pericarpo lenhoso ou
carnoso

23. Fruto reto, oblongo-linear, com ca. 20


cm compr.; inflorescência obpiramidal;
flores pediceladas com estames bicolores,
brancos na base e vináceos no ápice.. Samanea

23. Fruto auriculiforme, curvo por ca. 180°, com


até 10 cm compr.; inflorescência globosa;

307
flores sésseis com estames brancos...................
Enterolobium

22. Fruto deiscente com pericarpo coriáceo

24. Arbustos; fruto com margens espessadas


com deiscência elástica longitudinal,
abrindo do ápice para a base, as valvas
ficando recurvadas após a liberação das
sementes............................................Zapoteca

24. Árvores; frutos com deiscência passiva

25. Flores pediceladas...........Blanchetiodendron

25. Flores sésseis

26. Fruto folículo; inflorescências


surgindo abaixo das folhas Leucochloron

26. Fruto legume ou um criptolomento


(endocarpo quebrando em pacotes
monospérmicos); inflorescências
sugindo acima das folhas ou em
suas axilas................................... Albizia

308
Matriz para identificação dos gêneros e chaves auxiliares:

Flores em Glomérulos ou Umbelas Flores em Espigas ou Racemos


Mimosoideae
Fruto Flores
Fruto deiscente Flores sésseis
indeiscente pediceladas

Fruto Craspédio Mimosa Mimosa


Até 10 estames

Grupo 1: Grupo 2:
Grupo 3:
Fruto não
Anadenanthera Parapiptadenia
Craspédio Plathymenia
Desmanthus Piptadenia
Prosopis
Neptunia Pseudopiptadenia

Estames livres Vachellia Senegalia Senegalia


Mais de 10 estames

Grupo 5:
Grupo 4:
Albizia Grupo 6:
Estames Blanchetiodendron
Calliandra Inga
concrescidos em Enterolobium
tubo Chloroleucon
Inga Inga
Leucochloron
Chloroleucon Pithecellobium
Pithecellobium
Samanea
Zapoteca
Zygia

Chaves auxiliares:
Grupo 1:
1. Árvores; glomérulos homomórficos; fruto com margens
onduladas; sementes compressas com margem estreitamente
alada.............................................................................Anadenanthera
1. Subarbustos ou pequenos arbustos; glomérulos heteromórficos com
flores periféricas neutras; fruto com margens retas; sementes não aladas

2. Flores basais com estaminódios petalóides amarelos; fruto folículo,


oblongo, estipitado............................................................Neptunia

2. Todas as flores com estames e estaminódios brancos; fruto legume,


linear, séssil................................................................... Desmanthus

309
Grupo 2:
1. Fruto folículo, abrindo-se apenas pela sutura inferior.. Pseudopiptadenia

1. Fruto legume, abrindo-se por ambas as suturas

2. Sementes aladas; flores com estames vináceos; fruto com valvas


fortemente onduladas...............................................Parapiptadenia

2. Sementes não aladas; flores com estames brancos; fruto com


valvas não onduladas.......................................................Piptadenia

Grupo 3:
1. Folhas com 1 par de pinas e 2 a 3 pares de folíolos por pina; plantas
armadas com espinhos robustos de 7 a 30 cm compr...............Prosopis

1. Folhas com 5 a 10 pares de pinas e 11 a 16 pares de folíolos por pina;


plantas inermes.................................................................Plathymenia

Grupo 4:
1. Folhas paripinadas com um nectário discóide na base de cada par de
folíolos...........................................................................................Inga

1. Folhas bipinadas

2. Plantas armadas com espinhos axilares............................Chloroleucon

2. Plantas inermes

3. Fruto reto, oblongo-linear, com ca. 20 cm compr.; inflorescência


obpiramidal; flores pediceladas com estames bicolores,
brancos na base e vináceos no ápice.............................. Samanea

310
3. Fruto auriculiforme, curvo por ca. 180°, com até 10 cm
compr.; inflorescência globosa; flores sésseis com estames
brancos.................................................................. Enterolobium

Grupo 5:
1. Plantas armadas

2. Folhas com 1 par de pinas e 1 a 3 pares de folíolos por


pina...........................................................................Pithecellobium

2. Folhas com maior número de pinas e folíolos.................Chloroleucon

1. Plantas inermes

3. Gemas axilares conspícuas, revestidas por profilos estriados

4. Inflorescências surgindo abaixo das folhas; flores sésseis; fruto


folículo, linear, 1,5-2 cm larg................................... Leucochloron

4. Inflorescências surgindo em ramos curtos laterais


agrupados acima das folhas; fruto legume, oblongo, 2-4
cm larg..........................................................Blanchetiodendron
3. Gemas axilares inconspícuas, profilos nunca estriados

5. Frutos com margens espessadas e desicência elástica, abrindo-


se longitudinalmente a partir do ápice, as valvas tornando-se
recurvadas

6. Nectários foliares presentes; inflorescência globosa......Zapoteca

6. Nectários foliares ausentes; inflorescência


obpiramidal............................................................Calliandra

5. Frutos com margens não espessadas e com deiscência passiva

311
7. Folhas com um par de pinas; inflorescências caulifloras... Zygia

7. Folhas com maior número de pinas; inflorescências terminais


ou axilares................................................................... Albizia

Grupo 6:
1. Folhas paripinadas com um nectário discóide entre cada par de folíolos;
corola 12-22 mm compr.; fruto reto, carnoso, indeiscente.............Inga

1. Folhas bipinadas com apenas 1 par de pinas e 1-3 pares de folíolos


por pina; corola 6-9 mm compr.; fruto espiralado com 1-2 voltas
completas, seco, deiscente..............................................Pithecellobium

Plathymenia Benth.
O gênero Plathymenia é caracterizado por uma combinação de caracteres
que inclui a inflorescência em racemo, apresentando flores com pedicelo
articulado e os fruto do tipo criptolomento apresentando o pericarpo
deiscente em duas valvas mas o endocarpo destaca-se separadamente e
segmenta-se em envelopes monospérmicos.

Todos os táxons descritos para o gênero estão, atualmente, sendo


considerados como co-específicos de modo que Plathymenia encontra-se
reduzido a uma só espécie (Warwick & Lewis 2003).

Plathymenia reticulata Benth. in Hook., J. Bot. 4: 334. 1842.


Plathymenia foliolosa Benth. in Hook., J. Bot. 4: 334. 1842.

Arbusto ca. 2-3 m alt. até arvoreta ca. 5-8 m alt.; ramos escuros, castanhos,

com lenticelas oblongas mais claras. Folhas bipinadas, v-x / 11-16, nectário

312
Figura 21 - A: Plathymenia reticulata (1 - hábito; 2 - detalhe de um folíolo; 3 - flor; 4 - estame; 5 - pistilo; 6 - fruto).

Figura 22 - A: Desmanthus pernambucanus (1 - hábito; 2 - detalhe do nectário foliar; 3 - detalhe de um folíolo; 4


- inflorescência; 5 - flor da região central do glomérulo; 6 - pistilo; 7 - semente); B: Neptunia plena (1 - folha; 2 -
detalhe do nectário foliar; 3 - detalhe de um folíolo; 4 - inflorescência; 5 - flor da porção central do glomérulo; 6 - fruto;
7 - semente).

313
crateriforme, oblongo, localizado na axila da folha e próximo ao pulvino,

nectários adicionais localizados no ápice das pinas, entre os folíolos

distais; pinas aproximadamente eqüilongas; folíolos alternos, os medianos

8-13 x 3-6 mm, decrescentes proximal e distalmente, elípticos, ápice

retuso, margem ligeiramente revoluta. Racemos isolados, supra-axilares

ou agrupados em panículas terminais, pedunculados, raque pubescente;


pedicelos articulados logo abaixo do cálice, persistentes após a queda

das flores. Flores pentâmeras, ca. 6-7 mm compr.; perianto verde; pétalas

livres, glabras; estames 10, brancos ou creme, anteras com glândulas

apicais; ovário densamente viloso, tricomas longos e brancos, estipitado.

Fruto, plano-compresso, margens retas, espessadas, 10-11,5 x 2-2,5

cm; valvas rígido-coriáceas, contínuas, planas, castanhas; endocarpo

segmentado, quebrando em segmentos retangulares, monospérmicos,

membranáceos, amarelados de ca. 1,2 x 2,1 cm.

Plathymenia reticulata é uma espécie com ampla distribuição nas áreas


tropicais da América do Sul, principalmente no Brasil Central alcançando
a Bolívia e Paraguai, para o sul, o Suriname e oes estados do Pará e Amapá,
para o norte. Ocorre principalmente em cerrado e florestas estacionais. Não
é uma espécie muito típica da caatinga. Dentro do domínio da caatinga,
é encontrada mais nas forma de caatinga arbórea transicionais para
florestas estacionais, em áreas de contato caatinga/cerrado. Floração x-xi.
Frutificação: iv.

Nome vernacular: vinhático (geral), angambira (Brotas de Macaúbas, BA),


candeia (Campo Alegre de Lourdes, BA e Castelo do Piauí, PI)

Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 1381 (HUEFS, K, SPF); Brotas de

Macaúbas, N. R. da Cruz et al. 8 (HUEFS); Caetité, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3609

(HUEFS, K); Campo Alegre de Lourdes, L. P. Queiroz et al. 6182 (HUEFS); Canudos, F. H.

M. Silva et al. 357 (HUEFS); Livramento do Brumado, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

314
3665 (HUEFS, K); Monte Santo, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4565 (HUEFS); Mundo

Novo, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3450 (HUEFS, K). Ceará: Crato, G. Gardner

1589 (holótipo de P. foliolosa: K). Pernambuco: Granjeiro, Ph. von Luetzelburg 25870 (K).

Piauí: Castelo do Piauí, M. S. B. Nascimento & M. E. Alencar 1070 (CPAMN, HUEFS).

Prosopis L.
Gênero tropical com cerca de 45 espécies distribuídas na África (2 espécies)
e no Novo Mundo (43 espécies), a maioria destas do porção austal da
América do Sul (Chaco e Patagônia) e dos Andes (Burkart 1976).

No contexto das plantas de caatinga o gênero pode ser diagnosticado pela


presença de grandes espinhos solitários em cada nó, cada um chegando a ca.
30 cm compr., flores pediceladas com pétalas livres e frutos com endocarpo
segmentado em artículos monospérmicos.

Uma das espécies de Prosopis é amplamente cultivada no nordeste do


Brasil, localmente conhecida como algaroba [Prosopis juliflora (Sw.) DC.],
tornando-se uma planta subespontânea em algumas áreas de caatinga cujas
plantações foram abandonadas. Uma segunda espécie presente na caatinga,
esta possivelmente nativa, é P. ruscifolia, abaixo descrita.

Prosopis ruscifolia Griseb., Goett. Abh. 19: 130. 1874.

Árvore armada com espinhos robustos de ca. 7-30 x 0,5-1 cm. Folhas

bipinadas, i / 2-4, espiraladas, nectários discóides, sésseis, localizados

entre as pinas e entre o par distal de folíolos de cada pina; pecíolo

60-65 mm; folíolos opostos, cartáceos, acrescentes distalmente, os

distais 55-70 x 13-17 mm, 3,2-4x mais longos que largos, lanceolados,

acuminados, base simétrica, truncada, glabros; nervação 3-5-palminérvia,

nervura principal mediana, as primárias e secundárias salientes na face

315
abaxial. Racemos espiciformes e amentiformes (inflorescência, flores

e frutos descritos de plantas do Paraguai) ca. 70 x 7 mm, solitárias ou

2-3- fasciculadas, axilares, pêndulas; pedicelo ca. 1 mm. Flores ca. 5-

6 mm compr.; cálice ca. 1 mm, largamente campanulado; pétalas livres,

oblongas, ca. 3 mm compr., com ápice pubescente, eretas, formando uma

corola cilíndrica; estames 10, ca. 6 mm; anteras oblongas com glândula
apical; ovário curtamente estipitado, viloso. Fruto um lomento drupáceo,

constituído por um epicarpo contínuo, amarelado, mesocarpo fibroso e ±

carnoso, adocicado, endocarpo segmentado em artículos monospérmicos

coriáceos, 6-10 x 0,6-0,8 cm, linear, reto ou ligeiramente curvado, margens

sinuosas até moniliformes, apiculado, estipitado, estípite 6-10 mm.

Prosopis ruscifolia foi incluída neste trabalho com hesitação. É uma espécie
característica do Chaco, sendo registrada para a Bolívia, Paraguai e Argentina
(Burkart 1976). Há, no entanto, uma coleta feita por Luetzelburg em área
de caatinga no extremo oeste do estado de Pernambuco (Cachoeira do
Roberto).

Andrade-Lima (1954: 27) já chamava a atenção para a singular distribuição


desta planta e relatou, a partir de suas próprias observações, que apenas duas
árvores cresciam no local e Burkart (1976) questionou se não teria sido
introduzida, enquanto Prado (1991) provavelmente ignorou sua existência
no Brasil pois a considerou como uma espécie endêmica do Chaco. A
existência de um nome vulgar de origem indígena (juncumarim) em uma
área onde populações indígenas não existem por longo tempo e bastante
distinto dos nomes locais na região chaquenha (vinal, visnal, ibopé-morotí,
quilín, algarrobo blanco; Hieronymus 1886, Prado 1993), favorece a idéia
de que a existência dessa planta na caatinga pode representar parte da sua
história natural e um exemplo de uma ligação florística pretérita entre essas
duas formações xerófilas sul-americanas, embora não se possa descartar
a possibilidade de que tenha sido introduzida no Nordeste por grupos

316
indígenas em um passado remoto.
Nomes vernaculares: pau-de-espinho, juncumarim.
Material examinado: Pernambuco: Cachoeira do Roberto, Ph. von Luetzelburg 1418 (K,
RB).

Neptunia Lour.

Subarbustos de habitats paludosos, ramos flutuantes, partes submersas

com córtex esponjosa, ramos emersos rígidos, semi-lenhosos. Folhas

bipinadas; nectário peciolar ausente ou localizado imediatamente abaixo

do primeiro par de pinas; pinas opostas; espículas interpinais ausentes;

parafilídios ausentes; folíolos sensitivos, oblongo-lineares, 1-nervados,

nervura principal subcêntrica, inconspícua. Glomérulos isolados, axilares,

reflexos, obovóides quando em botão, heteromórficos, com flores

periféricas estéreis e flores centrais hermafroditas; pedúnculo longo, com

2-3 internós, cada nó marcado por uma bráctea semi-amplexicaule. Flores

pentâmeras; corola com pétalas livres; flores periféricas estéreis com

estaminódios petalóides amarelos, brilhantes, sem gineceu; flores centrais

hermafroditas, estames 10, ovário estipitado. Fruto folículo, abrindo

apenas pela sutura superior, plano, oblongo, estipitado. Sementes ovais,

compressas, com pleurograma em forma de “U”.

Neptunia é um grupo pantropical com cerca de 12 espécies, a maioria


ocorrendo na Austrália e sul da Ásia (Lewis et al. 2005). O gênero pode
ser diagnosticado principalmente pelas inflorescências heteromórficas,
apresentando as flores basais estéreis com estaminódios petalóides e flores
distais hermafroditas. As plantas brasileiras ocorrem em brejos, parcialmente
submersas, o que diferencia este gênero de Desmanthus, que também possui
inflorescência em glomérulos heteromórficos.

O gênero teve sua taxonomia revisada por Windler (1966), que reconheceu

317
N. plena e N. oleracea como duas espécies distintas. Estas plantas apresentam
padrões e limites de variação morfológica semelhantes e simpatria na maior
parte de suas áreas de distribuição (exceto na África e sudeste asiático
onde ocorre apenas N. oleracea), diferenciando-se principalmente (talvez
exclusivamente) pela presença ou não de nectário extrafloral no pecíolo.
É possível que se tratem da mesma espécie com variação também neste
caráter pois a presença de nectário no pecíolo parece variar localmente.

Chave para identificação das espécies

1. Folhas apresentando um nectário extraflora no pecíolo, logo abaixo


do primeiro par de pinas................................................................. plena

1. Folhas sem nectários extraflorais............................................. N. oleracea

Neptunia plena (L.) Benth., J. Bot. (Hooker) 4: 355. 1842.


�����
Mimosa plena L., Sp. Pl.: 519. 1753.

Subarbusto anual de habitat paludoso, crescendo parcialmente imerso

pelo menos na estação chuvosa, desaparecendo na estação seca, ramos

submersos com córtex esponjosa, ramos emersos rígidos, semi-lenhosos.

Estípulas 6-10 x 3-5 mm, ovais, acuminadas. Folhas (i-) ii-iv / (10-)17-27

(pinas distais); nectário orbicular, localizado imediatamente abaixo do

primeiro par de pinas; folíolos medianos 6-7 x 1,5-2 mm, oblongo-lineares,

obtusos. Glomérulos 6-7 mm diâm.; pedúnculo 5-8,5 cm compr. Flores

com cálice branco e pétalas brancas; flores periféricas com estaminódios

longos, petalóides, ca. 10 mm compr., linear-oblanceolados, amarelo-

brilhantes, sem gineceu; flores centrais com filetes achatados brancos,

6-7 mm compr. Folículo 15-25 x 7-9 mm, plano, oblongo, reto, margens

retas; estípite 2-3 mm; valvas rígido-coriáceas, glaucas, castanho-escuras

a nigrescentes, dilatadas sobre as sementes. Sementes ca. 4 x 3,5 mm;

318
testa marrom.

Neptunia plena é uma espécie distribuída no Neotrópico desde o sul dos


Estados Unidos até o nordeste do Brasil (Bahia) e na Índia. Geralmente
ocorre no litoral mas, especialmente no Nordeste penetra para o interior
ocorrendo como uma planta dos brejos temporários que se formam
na caatinga. Floração e frutificação mais ou menos concomitantes
(provavelmente dependente das chuvas): ii-iv, vi-viii.

Esta planta é notável pelo variação observada no seu caule pois, quando
submerso, apresenta córtex esponjosa, aparentemente representando uma
adaptação para sua flutuação. Os ramos aéreos são rígidos e semi-lenhosos.
Como afirmado anteriormente, o único caráter usado para separar esta
espécie de N. oleracea é a presença de nectário no pecíolo em N. plena.
Windler (1966) utiliza ainda como caracteres diagnósticos destas espécies
o número de sementes (8 a 20 em N. plena e 4 a 8 em N. oleracea) e o
número de folíolos por pina (mais de 20 pares em N. plena e menos de 20
pares em N. oleracea). Nas plantas de caatinga estes caracteres mostram-se
muito instáveis pois existem espécimes com nectário no pecíolo (portanto
N. plena) com 4 a 7 sementes por fruto (p. ex. L. Coradin et al. 5866) e
com menos de 20 pares de folíolos nas pinas maiores das folhas mais
desenvolvidas (p. ex. R. M. Harley et al. 19075).

Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6399 (HUEFS, MAC).

Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21415 (CEPEC, K); Caetité, M. C. Ferreira

et al. 1245 (HRB, HUEFS); Feira de Santana, K. B. Britto 51 (HUEFS, K); Iaçu, L. R. Noblick

3651 (HUEFS, K); Ibiraba, L. P. Queiroz 4831 (HUEFS, SPF); Jacobina, J. S. Blanchet

2700 (K); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1887 (CEPEC,

K); Parnamirim, E. Saar et al. PCD 5187 (ALCB, HUEFS); Remanso, L. P. Queiroz et al.

7877 (HUEFS); Riacho de Santana, L. P. Queiroz et al. 5913 (HUEFS); Xique Xique, R.

M. Harley et al. 19075 (CEPEC, K); Rio das Fêmeas, Ph. von Lützelburg 787 (K). Piauí:

319
Boa Esperança, L. Coradin et al. 5866 (CEN, K).

Neptunia oleracea Lour., Fl. Conchinch.: 654. 1790.

Subarbusto de habitat paludoso; ramos (submersos ?) com córtex

esponjosa. Estípulas ca. 9 x 5 mm. Folhas iii / 27-29 (pinas distais);

nectário peciolar ausente; folíolos medianos 7-10 x 1,8-2 mm, oblongo-

lineares, obtusos. Glomérulos ca. 7 mm diâm.; pedúnculo 7-10 cm compr.

Flores periféricas com estaminódios petalóides, longos, ca. 11 mm compr.,

linear-oblanceolados, amarelo-brilhantes, sem gineceu; flores centrais

com filetes achatados, ca. 8 mm compr. Fruto não visto.

Neptunia oleracea distribui-se no Neotrópico, sobrepondo sua área de


distribuição à de N. plena do México ao Nordeste do Brasil e na Índia, mas
estendendo-se para a África e sudeste da Ásia (Indochina e Indonésia).
Para a área do domínio da caatinga, é conhecida apenas pelo espécime
relacionado abaixo. Floração e frutificação: ?

Como discutido acima, é possível que N. oleracea e N. plena sejam co-


específicas, dada a sobreposição nos limites de variação morfológica e de
suas áreas de distribuição.
Material examinado: Bahia: Juazeiro, K. P. von Martius s. n. (K).

Desmanthus Willd.
Gênero com cerca de 24 espécies distribuídas no Novo Mundo com maior
diversidade no México e sul dos Estados Unidos (Lucow 1993). O gênero
inclui principalmente ervas e subarbustos perenes e pode ser caracterizado
pelos glomérulos fortemente heteromórficos, com as flores periféricas
(basais) estéreis.

Dentre os demais gêneros da caatinga, Desmanthus possui maior afinidade

320
com Neptunia, com quem compartilha os glomérulos heteromórficos com
flores periféricas estéreis. Estes dois gêneros podem ser diferenciados
pelos frutos, lineares e sésseis em Desmanthus e oblongos e estipitados
em Neptunia, além da cor predominante das flores, brancas e amarelas,
respectivamente.

Apenas uma espécie ocorre na caatinga, a qual é descrita a seguir.

Desmanthus pernambucanus (L.) Thell., Mem. Soc. Natl.


�����������������������
Acad. Cherbourg,
ser. 4, 38: 296. 1912.
Mimosa pernambucana L., Sp. Pl.: 519. 1753.

Erva ou subarbusto ereto ou decumbente, 0,5-1,5 m alt., virgado, pouco

ramificado a partir da base, ramos longos e finos. Folhas bipinadas, ii-iv

/ 9-19; nectário discóide, séssil, elíptico, localizado entre o par de pinas

basais; pinas opostas; folíolos opostos, folíolos medianos 5-8 x 1-2 mm,

lineares a linear-oblongos, ápice obtuso a arredondado, mucronulado,

base truncada, assimétrica. Glomérulos isolados, axilares, pedunculados

contendo flores estéreis na base, flores masculinas na porção intermediária

e flores hermafroditas centrais. Flores estéreis 5-10 mm compr.; flores

masculinas e hermafroditas 5-8 mm compr., cálice infundibuliforme com

lobos curtos, pétalas livres, glabras; estames 10, brancos, anteras sem

glândulas apicais; ovário glabro, séssil. Fruto legume, séssil, 6,5-13 x

0,3-0,4 cm, linear, compresso, reto, margens espessadas retas; valvas

cartáceas, lisas a ligeiramente reticuladas, quase pretas. Sementes ovais

ou rombóides, compressas, 2,5-3 x 2-2,5 mm; testa preta ou amarronzada;

pleurograma em forma de U.

Desmanthus pernambucanus é uma espécie com ampla distribuição,


ocorrendo nas ilhas do Caribe, norte da América do Sul, leste do Brasil
e Uruguai. Foi provavelmente introduzida e tornou-se invasora em ilhas
dos oceanos Pacífico e Índico, sul da África e sul da Ásia. É uma planta

321
com capacidade de colonizar áreas antropizadas. Na caatinga, é geralmente
coletada em áreas limítrofes com formações vegetais características de clima
mais úmido, especialmente com a mata atlântica e florestas estacionais,
ocorrendo comumente em beira de estrada e plntações abandonadas. É
tida como uma planta potencialmente forrageira. Floração ao longo do ano,
principalmente x-iii. Frutificação: x-iv.

Esta espécie pertence ao complexo D. virgatus (L.) Willd. e, na maioria dos


herbários, encontra-se referida com este nome. Lucow (1993) reconheceu
D. pernambucanus como espécie distinta pelo número menor de pinas,
número menor de folíolos e folíolos maiores do que as demais espécies do
complexo D. virgatus.

Nomes vernaculares: pena-de-saracura, vergalho-de-vaqueiro, anis-de-


bode, canela-de-ema, junco-preto.

Material selecionado: Alagoas; Piranhas, R. Lemos et al. 6891 (HUEFS, MAC). Bahia:

Bom Jesus da Lapa, L. P. Queiroz et al. 5874 (HUEFS); Don Basílio, H. S. Brito & G. P.

Lewis 296 (CEPEC, K); Feira de Santana, L. P. Queiroz 3309 (HUEFS, K); Ibotirama,

L. Coradin et al. 7631 (CEN, HUEFS); Ichu, A. Carneiro 13 (HUEFS); Ipirá, E. L. P. G.

Oliveira et al. 690 (BAH, HUEFS); Irecê, E. L. P. G. Oliveira 210 (BAH, K); Itaberaba, E. A.

Dutra 6 (HUEFS); Itiúba, L. P. Queiroz et al. 7336 (HUEFS); Jequié, G. P. Lewis et al. 981

(CEPEC, K); Juazeiro, N. G. Jesus 897 (ALCB, HUEFS); Miguel Calmon, L. R. Noblick

3925 (HUEFS); Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4038 (HUEFS);

Ribeira do Pombal, L. R. Noblick 2952 (HUEFS); Serra Preta, L. R. Noblick & m. j. s.

Lemos 4140 (HUEFS); Tucano, L. P. Queiroz & T. S. N. Sena 3109 (HUEFS, K); Valente,

L. P. Queiroz et al. 3031 (HUEFS, K); Xique Xique, G. Hatschbach et al. 67738 (HUEFS,

MBM). Ceará: Crateús, L. Coradin et al. 2002 (CEN, HUEFS); Pacatuba, J. E. de Paula

& R. C. Mendonça 1286 (K); Quixeré, M. I. Bezerra-Loiola et al. 223 (EAC, HUEFS).

Minas Gerais: Espinosa, R. Mello-Silva et al. 778 (HUEFS, K, SPF); Januária, G. P. Silva

et al. 1037 (CEN, HUEFS); Salinas, T. Jost et al. 453 (HRB, HUEFS). Paraíba: Areias,

322
Vasconcellos 270 (NY). Pernambuco: Ibimirim, A. M. Miranda et al. 370 (Hst, HUEFS);

Tapera, B. Pickel s. n. (SP). Piauí: Faz. Olho d’Água, Carvalho s.n. (RB).

Anadenanthera Speg.

Árvores inermes mas com tronco às vezes revestido por projeções cônicas

e lenhosas. Folhas bipinadas, multijugas (10 a muitos pares de pinas);

nectário séssil, alongado, presente entre a região mediana do pecíolo e

o primeiro par de pinas; pinas opostas; espículas interpinais ausentes;

parafilídios ausentes; folíolos opostos, lineares, decrescendo de tamanho

em cada extremidade da pina, nervura principal subcêntrica a excêntrica.

Glomérulos agrupados em fascículos, axilares a pseudoracemosos

ou então em panículas terminais. Flores pentâmeras, sésseis, brancas

a creme; cálice infundibuliforme com lacínias curtas; corola ca. 1,5x o

comprimento do cálice, infundibuliforme, lacínias curtas; estames 10,

anteras com ou sem glândula apical; ovário glabro, estipitado. Fruto

folículo, reto ou arqueado, plano compresso, estipitado, margens regular ou

irregularemente constritas entre as sementes, valvas lenhosas. Sementes

plano-compressas, aladas, ala marginal estreita (ca. 1 mm larg.).

Anadenanthera é um pequeno gênero neotropical, reconhecido pela


combinação de flores diplostêmones, folhas com nectário peciolar,
inflorescência em glomérulo, fruto do tipo folículo e sementes compressas
com ala estreita e marginal.

De acordo com a classificação de Alstchull (1964), o gênero possui apenas


duas espécies, que ocorrem predominantemente em florestas estacionais
e matas ciliares. Estas apresentam grande semelhança morfológica e são
diferenciadas por caracteres relativamente crípticos, como pode ser notado
na chave abaixo, embora estáveis.

323
As espécies desse gênero têm uma longa tradição de uso na fonte de
substâncias alucinógenas em rituais indígenas, especialmente na forma de
rapé, especialmente pela presença de triptaminas (DMT e bufotenina) e
B-carbolinas. Além disso, a casca das árvores é muito usada na curtição de
couro devido ao elevado teor de tanino.

1. Bráctea involucral localizada no ápice do pedúnculo, logo abaixo


do glomérulo; superfície do fruto lisa ou reticulada; anteras com
glândula apical..................................................................... A. colubrina

1. Bráctea involucral localizada no pedúnculo a ca. ¾ da sua base;


superfície do fruto verrucosa; anteras sem glândula apical.. A. peregrina

Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, Kew Bull. 10: 182. 1955.

Árvore (4-)7-15 m alt., copa geralmente estreita e elíptica; tronco geralmente

com projeções cônicas da periderme; ramos inermes, castanho-escuros

a nigrescentes com lenticelas puntiformes claras. Folhas (xiv-)xvii-xxii

/ (32-)41-56 (pinas medianas); nectário vináceo, oblongo a oblongo-

elíptico, localizado no pecíolo, entre a metade do comprimento do

pecíolo e o primeiro par de pinas; folíolos medianos 3-3,5 x 0,8-1 mm,

lineares, ápice agudo, base assimétrica, obliquamente truncada ou hemi-

cordada, 1-nervados, nervura principal subcêntrica, nervuras secundárias

inconspícuas ou nervuras secundárias e principal salientes e reticuladas


na face abaxial. Glomérulos 5-7 mm diâm., 2-5-fasciculados na axila

foliar, às vezes tornando-se curtamente pseudoramosos no ápice dos

ramos pela não expansão das folhas distais, ou agrupados em panículas

terminais exsertas da folhagem; pedúnculo 12-20 mm compr.; bráctea

involucral localizada no ápice do pedúnculo, logo abaixo do glomérulo,

324
às só visível em glomérulos muito jovens pois fica encoberta pelas flores

em desenvolvimento. Flores pentâmeras, brancas a creme; cálice e

corola infundibuliformes com lacínias eretas; estames 10, brancos, 6-7

mm compr., anteras com glândula apical caduca. Folículo 17-21(-33) x

1,8-2,2 cm, estípite 2-4,5 cm, plano, linear, reto ou ligeiramente arqueado,

margens regular ou irregularmente contraídas entre as sementes; valvas


lenhosas, castanho-escuras a nigrescentes, lisas a reticuladas, nítidas.

Sementes suborbiculares, núcleo seminífero ca. 9-11 mm diâm, alas ca. 1

mm; testa castanho-escura.

Anadenanthera colubrina ocorre principalmente em florestas estacionais,


distribuindo-se do nordeste do Brasil (Maranhão a Minas Gerais), onde
ocorre na caatinga e em florestas estacionais, ao longo das bacias dos rios
Paraguai e Paraná no sul do Brasil, nordeste da Argentina e sudeste da
Bolívia, e florestas subandinas do noroeste da Argentina e sudoeste da
Bolívia até o sul do Equador (Prado & Gibbs, 1993).

Esta espécie pode ser diferenciada de A. peregrina principalmente pela


posição da bráctea involucral que se localiza logo abaixo do glomérulo
enquanto em A. peregrina ela localiza-se no pedúnculo, a ca. de ¾ da sua base.
No caso de A. colubrina, esta bráctea muitas vezes não é visível pois, devido
à sua proximidade do glomérulo, ela fica encoberta pelas flores que estão se
desenvolvendo. Além desse caráter, A. colubrina pode ser diferenciada de A.
peregrina pela superfície do fruto lisa ou reticulada (nunca verrucosa) e pela
nervação secundária dos folíolos que é saliente na face abaxial.

Em sua revisão do gênero Anadenanthera, Alstchull (1964) reconheceu duas


variedades para esta espécie, as duas ocorrendo na caatinga. Elas podem ser
diferenciadas pela seguinte chave de identificação:

Chave para identificação das variedades de Anadenthera colubrina:

1. Nervura principal dos folíolos mais saliente do que as secundárias,

325
estas geralmente não visíveis; inflorescência em panícula terminal,
exserta da folhagem; margens do fruto regularmente contraídas
entre as sementes...............................................................var. colubrina

1. Nervuras principal e secundárias igualmente saliente, a nervação


reticulada na face abaxial; inflorescência em glomérulos axilares
ou pseudoracemos curtos, terminais; margens do fruto em geral
irregularmente contraídas......................................................... var. cebil

Anadenathera colubrina var. cebil (Griseb.) ��������


Altschul, Contrib. Gray Herb.
193: 53. 1964.
Acacia cebil Griseb., Goett. Abh. 19: 136. 1874.
Piptadenia macrocarpa Benth., J. Bot. (Hooker) 4: 341. 1842.
�����
Piptadenia macrocarpa var. cebil (Griseb.) ���������������
Chodat & Hassl., Bull. Herb. Boiss. ser. 2,
4: 560. 1904.
�����
Anadenathera macrocarpa (Benth.) Brenan, Kew Bull. 10: 182. 1955.

Esta variedade é a mais comumente encontrada na caatinga, em altitudes


que variam de 300 a 800 m, ocorrendo principalmente na caatinga arbórea,
onde é uma das plantas dominantes. Floração: x-xii (iii). Frutificação: xi-
iv.
As principais características diferenciais da variedade encontram-se na
chave acima. A nervação dos folíolos, com as nervuras secundárias salientes,
é um caráter relativamente constante, assim como a inflorescência, com
os glomérulos em fascículos geralmente axilares, passando gradualmente a
um pseudoracemo curto e terminal pelo não desenvolvimento das folhas
distais. No caso do fruto, esta variedade apresenta uma tendência a ter
frutos relativamente mais largos do que a variedade colubrina e as margens
com constrições mais irregulares, embora este caráter se mostre um pouco
variável nas plantas de caatinga.
Nomes vernaculares: angico, angico-verdadeiro (gerais), angico-jacaré,
angico-de-caroço (ambos em Glória, BA), angico-preto (Canudos, BA;
Formosa do Rio Preto, BA; Nazaré do Piauí, PI), angico-de-casca (Pilão

326
Figura 23 – A: Anadenanthera colubrina var. cebil (1 - hábito; 2 - detalhe de um folíolo; 3 - flor; 4-5 - detalhes
da antera evidenciando a glândula; 6 - pistilo; 7 - fruto; 8 - semente); B: Anadenanthera colubrina var. colubrina
(detalhe de um folíolo); C: Anadenanthera peregrina var. falcata (1 - folha; 2 - detalhe do nectário foliar; 3 - detalhe
de um folíolo; 4 - flor; 5 - detalhe da antera; 6 - fruto; 7 - semente); D: Piptadenia adiantoides (1 - folha; 2 - flor); E:
Piptadenia moniliformis (1 - flor; 2 - fruto); F: Piptadenia irwinii var. irwinii (1 - folha; 2 - flor); G: Piptadenia
obliqua subsp. brasiliensis (folha); H: Piptadenia paniculata (folha); I: Piptadenia viridiflora (1 - hábito; 2 - folha); J:
Piptadenia stipulacea (1 - hábito; 2 - flor; 3 - fruto).

327
Arcado, BA), angico-vermelho (Rio Grande do Norte).

Material selecionado: Bahia: Araci, V. C. Souza 338 (K); Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley

et al. 21593 (HUEFS, K); Bom Jesus da Lapa, M. C. Ferreira et al. 1251 (HRB, HUEFS);

Brotas de Macaúbas, L. P. Queiroz & N. S. Nascimaneto 3419 (HUEFS, K); Caetité, R. M.

Harley et al. 21283 (CEPEC, K); Canudos, L. P. Queiroz et al. 7233 (HUEFS); Casa Nova,

L. P. Queiroz et al. 7913 (HUEFS); Feira de Santana, L. P. Queiroz et al. 3085 (HUEFS,

K); Itiúba, L. P. Queiroz et al. 7316 (HUEFS); Jacobina, R. M. Harley et al. 16626 (CEPEC,

K); Jequié, S. A. Mori et al. 11215 (CEPEC, K); Juazeiro, W. W. Thomas et al. 9640

(CEPEC, K); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1867 (CEPEC,

K); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz et al. 7706 (HUEFS); Paratinga, L. Coradin et al.

6330 (CEN, K); Raso da Catarina, M. L. S. Guedes 552 (ALCB, K); Santa Rita de Cássia,

L. Coradin et al. 5767 (CEN, K); Santa Terezinha, L. P. Queiroz et al. 3080 (HUEFS, K);

Senhor do Bonfim, J. Döbenreiner & Tokarnia 1467 (CEPEC, K); Uauá, E. Saar et al. 7

(ALCB, HUEFS); Valente, L. P. Queiroz et al. 3017 (HUEFS, K); Xique Xique, H. S. Brito

& T. Pennington 308 (CEPEC, K). Ceará: Crato, G. Gardner 1584 (K); Itó, A. Gentry et

al. 50084 (K). Paraíba: Arara: J. C. Moraes 1982 (K); Areia, V. P. B. Fevereiro et al.137

(K); São José dos Cordeiros, M. R. Barbosa et al. 2678 (HUEFS, JPB). Pernambuco:

Petrolina, L. Coradin et al. 5962 (CEN, K). Piauí: Canto do Buriti, L. Coradin et al. 5915

(CEN, K); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1081 (K); Vitorino, H. P.

N. Pearson 26 (K). Minas Gerais: Januária, J. A. Ratter et al. 2653 (K).

Anadenathera colubrina (Vell.) Brenan var. colubrina


Mimosa colubrina Vell., Fl. Flum. 11, t. 16. 1835.
Piptadenia colubrina (Vell.) Benth., J. Bot. (Hooker) 4: 340. 1842.

Esta variedade é mais característica de altitudes mais elevadas do que a


precedente, ocorrendo menos comumente na caatinga. É mais comum em
florestas estacionais, tendo uma distribuição mais contínua ao longo da
cadeia do Espinhaço (Bahia e Minas Gerais), matas de planalto do sudeste

328
(São Paulo e norte do Paraná) e cerradões do Brasil Central. Floração: x.
Frutificação: xi- iv.

Nome vernacular: angico.

Material selecionado: Bahia: Jequié (“Jiquy”), R. de L. Fróes 20143 (K); Livramento do

Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1898 (CEPEC, K); Maracás, E. Ule 6955 (K);

Utinga, J. S. Blanchet 2761 (K); Vitória da Conquista, S. A. Mori et al. 9411 (CEPEC, K).

Anadenanthera peregrina (L.) Speg., Physis 6: 313. 1923.


Mimosa peregrina L., Sp. Plant.: 520. 1753.

var. falcata (Benth.) Altschul

Piptadenia falcata Benth., J. Bot. (Hooker) 4: 341. 1842.

Árvore 8-10 m alt.; ramos inermes, castanho-escuros com lenticelas

puntiformes claras. Folhas x-xiv / 55-58 (pinas medianas); nectário

vináceo, oblongo a linear localizado próximo à metade do comprimento do

pecíolo; folíolos medianos 4-6 x 0,8-1,2 mm, lineares, ápice agudo, base

assimétrica, truncada, 1-nervados, nervura principal excêntrica na base

e subcêntrica no ápice, nervuras secundárias incospícuas. Glomérulos

6-7 mm diâm., 2-3-fasciculados, axilares; pedúnculo 11-16 mm compr.;

bráctea involucral localizada a ca. ¾ da base do pedúnculo, ca. 5 mm

abaixo do glomérulo. Flores pentâmeras, brancas a creme; cálice e corola

infundibuliformes com lacínias eretas a encurvadas; estames 10, brancos,


6-7 mm compr., anteras com ápice não glandular. Folículo [descrito a partir

de material de Minas Gerais] 16-21 x 1,4-2,5 cm, estípite 1,8-2 cm, plano,

linear, reto ou ligeiramente arqueado, margens regular ou irregularmente

contraídas entre as sementes; valvas lenhosas, castanho-claras, com

superfície verrucosa. Sementes retangulares, núcleo seminífero 13-14 x

329
9-10 mm, alas ca. 1 mm; testa castanho-escura.

Anadenanthera peregrina é uma espécie com distribuição ampla na


América do Sul, ocorrendo das Guianas ao Paraguai e norte da Argentina.
A var. falcata é uma planta relativamente comum em florestas úmidas a
semidecíduas, assim como em matas ciliares e florestas mesófilas do leste
do Brasil. Não é, portanto, uma planta muito característica da caatinga,
onde ocorre apenas ocasionalmente no seu limite meridional. Floração: viii.
Futificação: ?

Os caracteres diferenciais entre esta espécie e A. colubrina estão discutidos


nos comentários sobre esta espécie. A. peregrina, além daqueles caracteres,
não possui glândulas no ápice das anteras, sendo esta a característica usada
por Spegazzini para dar nome ao gênero.

Nome vernacular: angico.

Material selecionado: Bahia: Formosa do Rio Preto, E. B. Miranda et al. 365 (HUEFS);

Jequié, Hage 111 (CEPEC). Minas Gerais, Januária, P. E. Nogueira et al. 197 (K, UB).

Paraíba: s.l., G. Gardner 5446 (K).

Pseudopiptadenia Rausch.

Árvores inermes. Folhas bipinadas; nectário discóide, séssil, oblongo,

presente na região mediana ou basal do pecíolo ou entre o primeiro par de

pinas, ocasionalmente nectários suplementares entre os pares de pinas

distais e/ou no ápice das pinas, entre os pares de folíolos distais; pinas

opostas ou subopostas; setas interpinais ausentes; parafilídios ausentes;

folíolos opostos, sésseis, oblongos a lineares, nervura principal subcêntrica

até fortemente excêntrica. Espigas pêndulas, axilares, isoladas, pareadas

ou ainda agrupadas em panículas curtas terminais. Flores pentâmeras,

sésseis; cálice campanulado com lacínias curtas; corola com pétalas livres

330
ou concrescidas e então corola campanulada ou com com tubo curto e

incluso no cálice; estames 10, anteras com glândula apical caduca; ovário

subséssil ou estipitado, estípite curta ou longa. Fruto folículo, torcido

longitudinalmente ou não, com margens retas, irregularemente onduladas

ou submoniliformes. Sementes plano-compressas, membranáceas,

aladas, ala delgada e marginal.

Gênero exclusivamente neotropical distribuindo-se da América Central


até o sul do Brasil.Onze espécies são conhecidas para o gênero sendo, a
maioria, da mata atlântica (Lewis & Lima 1991). Três espécies ocorrem na
caatinga.

Nectário inserido entre o


Nectário inserido até meio do pecíolo
primeiro par de pinas
Pseudopiptadenia
Fruto linear com Fruto oblongo com margens irregularmente
margens retas onduladas
Pinas em 3 a 5 Pinas em 10 a

lineares < 1
mm larg.
15 pares

Folíolos

P. contorta
oblongos de 1,5
a 6 mm larg.
Folíolos
pares

P. bahiana P. brenanii

Chave para as espécies de Pseudopiptadenia da caatinga:

1. Folhas com 10 ou mais pares de pinas, cada pina com 32 ou mais


pares de folíolos; folíolos lineares, ca. 1 mm larg.; frutos lineares,
muito mais longos do que largos (relação comprimento/largura 17-
18:1)........................................................................................P. contorta

1. Folhas com até 5 pares de pinas, cada pina com até 20 pares de
folíolos; folíolos oblongos com mais de 1,5 mm larg.; frutos oblongos,

331
proporcionalmente mais largos (relação comprimento/largura 5-8:1)

2. Nectário extrafloral inserido até a porção mediana do pecíolo;


estípulas rígidas, persistentes após a queda da folha; fruto com
valvas lisas, castanho-escuras, quase negras, com pelo menos 2
cm larg. . ............................................................................P. bahiana

2. Nectário extrafloral inserido entre o primeiro par de pinas ou


logo abaixo dele; estípulas herbáceas, caducas; fruto com
valvas transversalmente sulcadas, amarronzadas, com até 1,7 cm
larg. .................................................................................. P. brenanii

Pseudopiptadenia bahiana G.P.Lewis & M.P.Lima, Arq. Jard. Bot. Rio de


Janeiro 30: 54. 199TT1.

Árvore 6-8 m alt., ramos castanho-escuros com lenticelas densas e brancas.

Folhas iii-iv / 9-15; nectário discóide, séssil, oblongo, localizado na base

do pecíolo, próximo ao pulvino, ou a até ca. ½ do comprimento do pecíolo;

pinas aumentando de tamanho para o ápice; folíolos da porção mediana

da pina maiores, 7-15 x 3-6 mm, oblongos, rombóides, ápice arredondado,

base truncada, assimétrica. Espigas agrupadas em panículas curtas e

terminais; pedunculadas; raque pubescente. Flores ca. 3 mm compr.;

corola campanulada, densamente pubérula, ápice das lacínias infletidas;

estames brancos a amarelados; ovário glabro, estipitado, estípite mais

curta do que o tubo da corola deixando o ovário incluso. Folículo 10-

26 x 2-3,2 cm, plano-compresso, oblongo, ligeiramente arqueado,

margens irregularmente sinuosas; valvas lenhosas, planas. Sementes

suborbiculares, ca. 12-15 mm diâm., testa castanha, lisa; ala ca. 1 mm

larg.

Pseudopiptadenia bahiana é uma espécie conhecida apenas do estado da

332
Bahia, ocorrendo em caatinga e florestas estacionais do Reconcavo até
Jequié e Baixa Grande. Floração: ix. Frutificação: xii-ii, vii.

Esta espécie pode ser facilmente reconhecida quando frutificada pois os


frutos são folículos relativamente grandes (10-26 cm compr.), escuros,
brilhantes e com margem irregularmente constrita. Dentre as espécies de
Mimosoideae de caatinga, apenas esta espécie apresenta tais caracteres.
Outro caráter útil para seu reconhecimento é a presença de um nectário
séssil e oblongo inserido no pecíolo, geralmente próximo ao pulvino.

Pseudopiptadenia bahiana pode ser diferenciada de P. brenanii por uma


série de caracteres quantitativos, além dos referidos para o fruto, possuido
folíolos maiores e em menor número por pina, frutos e sementes maiores.
Além disso, apresenta-se distribuída mais para a região sudeste da Bahia
enquanto P. brenanii ocorre mais associada à cadeia do Espinhaço.

Nome vernacular: angico-surucucu.

Material selecionado: Bahia: Baixa Grande: E. Pereira 2001 (K, RB); Conceição de Feira,

A.M.de Carvalho et al. 564 (CEPEC, K); Dom Macedo Costa, L.R.Noblick & M.J.S.Lemos

3980 (HUEFS, K); Jacobina, A. M. Amorim et al. 1009 (CEPEC, HUEFS); Jequié, S. A.

Mori & R. M. King 12223 (tipo de P. bahiana: CEPEC, K).

Pseudopiptadenia brenanii G.P.Lewis & M.P.Lima, Arq. Jard. Bot. Rio de


Janeiro 30: 50. 1991.

Arvoreta ou árvore 3-6 (-10) m alt., ramos acinzentados, lenticelas

esparsas. Folhas iii-iv(-v) / 8-10-20; nectário globoso, elevado,

localizado entre ou ligeiramente abaixo do primeiro par de pinas, pinas

aproximadamente eqüilongas; folíolos medianos ligeiramente maiores, 3-

6 x 1,5-2 mm, oblongos, rombóides, ápice arredondado, base truncada,

assimétrica, nervura marginal discolor na face abaxial . Espigas isoladas,

333
axilares, pedunculadas; raque pubescente. Flores ca. 3,5 mm compr.;

corola campanulada, glabra, lacínias eretas; estames creme-amarelados;

ovário pubérulo, estipitado, estípite mais curta do que o tubo da corola

deixando o ovário incluso. Folículo 6-13 x 1,4-1,8 cm, plano-compresso,

linear, longitudinalmente torcido, margens irregularmente sinuosas; valvas

lenhosas, transversalmente sulcadas, simulando uma falsa segmentação.


Sementes oblongas a suborbiculares, ca. 13 x 8-12 mm; ala ca. 1 mm

larg.

Pseudopiptadenia brenanii ocorre em caatinga e florestas estacionais


geralmente associadas à cadeia do Espinhaço na Bahia e Minas Gerais.
Floração: xii-ii. Frutificação: iii-vi.

Esta planta pode ser diferenciada das demais espécies do gênero


principalmente pelos frutos menores (6-13 cm compr.) com margens
irregularmente sinuosas e, especialmente pelas valvas externamente sulcadas
no sentido transversal, o que lhe dá um aspecto falsamente segmentado.
Além disso, ao contrário das demais espécies de Pseudopiptadenia de
caatinga que possuem espigas agrupadas em panículas curtas terminais, P.
brenanii tem espigas isoladas e axilares.

Nome vernacular: angico-monjolo, catanduva, guanambira-de-terra-


firme.

Material selecionado: Bahia: Abaíra, F. França et al. 1247 (HUEFS); Bom Jesus da Lapa,

L. C. O. Filho 36 (HRB, K, RB); Caetité, R. M. Harley et al. 21346 (tipo de P. brenanii,

CEPEC, K); Ibiquara, A. P. de Araújo 36 (CEPEC, HRB, K); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S.

Nascimento 3387 (HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. de Andrade 1899

(CEPEC, K); Maracás, E. Pereira & G. Pabst 9652 (HB, K, NY); Morro do Chapéu, L. P.

Queiroz et al. 7632 (HUEFS); Seabra, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3327 (HUEFS).

Pseudopiptadenia contorta (DC.) G.P.Lewis & M.P.Lima, Arq. Jard. Bot.

334
Rio de Janeiro 30: 57. 1991.
Acacia contorta DC., Prodr. 2: 470. 1825.
Piptadenia contorta (DC.) Benth., Trans. Linn. Soc. London
���������������������
30: 368. 1875.
Newtonia contorta (DC.) Burkart, Fl. Ilust.
���������������������������������
Catarinense (Leguminosae:
Mimosoideae): 289. 1979.

Árvore 6-8 m alt., ramos castanhos. Folhas x-xv / 26-40; nectário discóide,

oblongo, localizado próximo ao ½ do pecíolo, às vezes nectários adicionais

entre os pares de pinas distais; pinas subopostas, aproximadamente

do mesmo tamanho; folíolos medianos ligeiramente maiores, 2,5-3,5 x

0,8-1 mm, lineares, falcados, ápice agudo, base truncada, assimétrica,

nervura principal fortemente excêntrica. Espigas agrupadas em panículas

terminais, pedunculadas; raque pubescente. Flores ca. 4 mm compr.;

corola pubérula, com tubo curto, incluso no cálice, lacínias eretas; estames

brancos; ovário densamente viloso, estipitado, estípite longa deixando o

ovário exserto da corola. Folículo 20-26 x 1,2-1,4 cm, plano-compresso,

longamente linear, longitudinalmente torcido, margens retas, espessadas;

valvas lenhosas, lisas, castanho-escuras. Sementes oblongas, 14-23 4-10

mm; ala ca. 1 mm larg.

Pseudopiptadenia contorta ocorre no leste do Brasil, da Paraíba até São


Paulo. É encontrada mais comumente na mata atlântica e em florestas
estacionais. Na caatinga, é um elemento característico da caatinga arbórea,
distribuindo-se principalmente nos limites orientais do bioma e nas
encostas da Chapada Diamantina, em altitudes de 800-920 m. Floração: v,
ix-xi. Frutificação: vi-ii

Esta espécie é facilmente diferenciada das demais espécies do gênero pelo


maior número de pinas por folha e maior número de folíolos por pina.
Além disso, os folíolos são significativamente menores e mais estreitos
e possuem nervura principal fortemente excêntrica, quase marginal. Os

335
frutos são também diferentes, apresentando-se longamente lineares com
margens retas.

Nome vernacular: angico.

Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 1671 (HUEFS, K, SPF); Barra do Choça,

S. A. Mori et al. 11264 (CEPEC, K); Boninal, G. Hatschbach & J. M. Silva 50149 (K, MBM,

NY); Campo Formoso, G. C. P. Pinto 321/81 (HRB, K); Encruzilhada, R. P. Belém 3645 (K,

NY); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3393 (HUEFS) Jacobina, L. P. Queiroz &

N. S. Nascimento 3502 (HUEFS, K, NY); Maracás, S. A. Mori & R. M. King 12171 (CEPEC,

K); Miguel Calmon, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3528 (HUEFS); Morro do Chapéu, L.

P. Queiroz & N. S. Nascimento 4234 (HUEFS); Seabra, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

3325 (HUEFS); Vitória da Conquista, A. M. de Carvalho et al. 2601 (CEPEC, K).

Piptadenia Benth.

Árvores, arbustos ou lianas, inermes ou ramos armados com acúleos ou

espinhos nodais. Folhas bipinadas; nectário discóide ou crateriforme,

séssil, de forma variável presente no pecíolo ou entre o primeiro par

de pinas, ocasionalmente nectários suplementares entre os pares de

pinas distais e/ou entre os pares de folíolos distais; pinas opostas; setas
inerpinais ausentes; parafilídios ausentes; folíolos opostos, sésseis ou

peciolulados, quando pequenos (ca. 1-2 mm larg.) numerosos, lineares

e uninérvios, quando maiores (> 9 mm larg.) oblongos a obovais,

peninérvios, ocasionalmente romboidais, com base e ápice assimétricos.

Espigas axilares, isoladas ou pareadas, mais raramente agrupadas em

panículas terminais. Flores pentâmeras, sésseis; cálice campanulado

com lacínias curtas; corola campanaulada, infundibuliforme ou cilíndrica,

com tubo curto e incluso no cálice ou longo e exserto, lacínias eretas ou

enroladas; estames 10, anteras providas de glândula caduca apical; ovário

336
subséssil ou estipitado, o comprimento do estípite às vezes superando o

comprimento do tubo da corola deixando o ovário exserto da corola. Fruto

estipitado, legume oblongo-linear, plano, com valvas cartáceas e margens

ligeiramente espessadas e não constritas entre as sementes, ou folículo

moniliforme, arqueado ou espiralado, com margens não espessadas e

regularmente constritas entre as sementes. Sementes compressas, não


aladas, com funículo alongado.

Gênero com cerca de 24 espécies dos trópicos da América do Sul, uma


espécie alcançando a América Central e México (Lewis et al. 2005). Na
caatinga é representado por sete espécies.

Piptadenia apresenta maior afinidade a Parapiptadenia, Pseudopitadenia e


Plathymenia, estes gêneros compartilhando as inflorescências alongadas
(espigas ou racemos) em combinação com anteras providas de glândulas.
Plathymenia diferencia-se prontamente pelas flores pediceladas, os pedicelos
articulados e persistentes mesmo após a quedas das folhas. Em relação aos
outros dois gêneros, a separação é mais complicada, especialmente quando
sementes não estão presentes pois Pseudopiptadenia e Parapiptadenia
apresentam sementes com margem alada, diferentemente de Piptadenia
que tem semente não aladas. Em relação às flores, as espécies de Piptadenia
e Pseudopiptadenia têm flores com coloração predominantemente creme a
amarelada, o que as diferenciam do gênero Parapiptadenia, cujas espécies
têm flores vináceas. O ovário das espécies de caatinga de Piptadenia possuem
um estípite relativamente longo que o deixa exserto do perianto. Em
Pseudopitadenia o ovário fica incluso no perianto, exceto em P. contorta.

337
Árvores ou arbustos Lianas
Piptadenia
Folíolos até 6 Folíolos mais de 6 Pinas em 2 Pinas em 4-5
pares por pina* pares por pina* pares pares
Espigas em
panículas
terminais

P. paniculata
Plantas inermes

Espigas
axilares

P. obliqua P. moniliformis
Ramos com

internodais
acúleos

P. stipulacea P. irwinii P. adiantoides


Plantas armadas

Ramos com
espinhos
nodais

P. viridiflora

* Observar as pinas maiores

Chave para as espécies de Piptadenia da caatinga:

1. Árvores inermes; folíolos rombóides


2. Espigas agrupadas em panículas amplas, terminais.........P. paniculata

2. Espigas isoladas ou pareadas, axilares

3. Folíolos em 9 a 13 pares por pina; nectário inserido no pecíolo,


abaixo do primeiro par de pinas............................. P. moniliformis

3. Folíolos em 4 a 6 pares por pina; nectário inserido entre o par


basal de pinas.....................................P. obliqua subsp. brasiliensis

1. Árvores, arbustos ou lianas armados com espinhos ou acúleos;


folíolos oblongos, lineares, elípticos ou obovais

338
4. Árvores; folhas com 6 a 13 pares de pinas; folíolos em mais de 20
pares por pina, lineares

5. Ramos com acúleos internodais; nectário peciolar conspícuo,


crateriforme, freqüentemente vináceo; flores ca. 5 mm compr.,
corola não exserta do cálice.........................................P. stipulacea

5. Ramos com espinhos nodais pareados; nectário peciolar


discóide, esverdeado; flores ca. 10 mm compr., corola exserta
do cálice..................................................................... P. viridiflora

4. Lianas; folhas com 2 a 6 pares de pinas; folíolos em 2 a 8 pares


por pina, oblongos, elípticos a obovais

6. Folhas com 2 pares de pinas; folíolos em 6 a 8


pares por pina; corola com tubo exserto do cálice e lacínias
retas.....................................................P. irwinii subsp. irwinii

6. Folhas com 5 a 6 pares de pinas; folíolos em 4 a 5 pares


por pina; corola com tubo incluso no cálice e lacínias
enroladas..............................................................P. adiantoides

Piptadenia adiantoides (Spreng.) Macbr., Contr. Gray Herb., n.s., 59: 17.
1919.
Acacia adiantoides Spreng., Syst. 3: 146. 1826.
Mimosa fruticosa Vell., Fl. Flum. 11, t. 6. 1835.
Piptadenia laxa Benth., J. Bot. (Hooker)
����������������������
4: 335. 1842.
Piptadenia laxa var. pubescens Benth. in Mart., Fl. Brasil.
��������������������������
15 (2): 274. 1876.
Pityrocarpa adiantoides (Spreng.) Brenan, Kew Bull. 10: 176. 1955.

Liana; ramos e eixos foliares armados com acúleos recurvados. Folhas

bipinadas, v-vi / 4-5; nectário discóide, séssil, oblongo, localizado até ca. ½

do comprimento do pecíolo; pinas ligeiramente acrescentes; folíolos 13-16

339
x 7-9 mm, elípticos a ligeiramente obovais, ápice arredondado. Espigas

pareadas, axilares, pedunculadas; raque densamente pubescente. Flores

pentâmeras, ca. 3 mm compr.; corola com tubo curto, incluso no cálice,

e lacínias longas e enroladas; estames brancos; ovário pubescente,

estipitado, estípite mais longa do que a corola deixando o ovário exserto.

Legume ca. 12,5 x 2,6 cm, plano-compresso, linear-oblongo, não arqueado,


margens retas a irregularmente sinuosas; valvas coriáceas, onduladas.

Sementes não vistas.

Piptadenia adiantoides é principalmente uma espécie da mata atlântica,


ocorrendo do Paraná ao sul da Bahia. Sua ocorrência no bioma caatinga
é esporádica, sendo conhecida apenas em áreas transicionais com florestas
estacionais nos limites orientais do bioma, na Bahia, em altitudes de ca. 500
m. Floração: v-vi. Frutificação: v-vii.

Apresenta maior semelhança a Piptadenia irwinii, da qual se diferencia por


apresentar folhas com maior número de pinas (5-6 pares vs 1-2 pares) e
menos folíolos por pina (4-5 pares vs 6-8 pares), além de folíolos menores
(1,3-1,6 vs 2,0-2,3 cm compr.), tubo da corola mais curto, inserto no cálice
e lacínias enroladas (sendo o tubo da corola longamente exserto e lacínias
retas em P. irwinii).
Material selecionado: Bahia: Baixa Grande, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3319

(HUEFS, K); Encruzilhada, R. P. Belém 3595 (NY, UB); Jequié, L. P. Queiroz & I. C.

Crepaldi 2154 (HUEFS, NY).

Piptadenia irwinii G.P.Lewis, Kew Bull. 46: 164. 1991.


var. irwinii

Liana; ramos e eixos foliares remotamente aculeados, acúleos curtos,

recurvados. Folhas bipinadas, ii / 6-8; nectário discóide, oblongo, localizado

340
próximo à base do pecíolo e nectários adicionais presentes na raque das

pinas, entre os pares de folíolos distais; folíolos 20-23 x 8-9 mm, oblongos,

ligeiramente obovais, ápice arredondado. Espigas isoladas, raramente

pareadas, axilares, pedunculadas; raque densamente pubescente. Flores

pentâmeras, ca. 2 mm compr.; corola cilíndrica, com tubo exserto do

cálice e lacínias retas; estames brancos; ovário ligeiramente pubescente


no ápice, curtamente estipitado, incluso na corola. Legume ca. 5,6 x 1,5

cm, estipitado, plano-compresso, linear-oblongo, margens retas; valvas

coriáceas, ligeiramente onduladas. Sementes não vistas.

Piptadenia irwinii var. irwinii é uma planta de caatinga e florestas estacinais


associadas principalmente à Chapada Diamantina, em altitudes de 800-
1000 m. Floração: ii, vi. Frutificação: viii.

Dentre as espécies de Piptadenia da caatinga, P. irwinii assemelha-se mais a


P. adiantoides. As diferenças entre elas encontram-se referidas na discussão
desta espécie.
Nome vernacular: calumbi-de-riacho.

Material selecionado: Bahia: Jacobina, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3500 (HUEFS,

K, NY); Maracás, L. P. Queiroz & V. L. F. Fraga 3256 (HUEFS, K); Seabra, H. S. Irwin et

al. 31171 (tipo de P. irwinii, holótipo NY, isótipo K).

Piptadenia moniliformis Benth., J. Bot. (Hooker) 4: 339. 1841.


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Árvore 4-8 m alt., às vezes florescendo como arbusto ca. 1,5-3 m alt.,

inerme. Folhas bipinadas, ii-iv / (9-)10-13; nectário discóide a crateriforme,

oblongo, localizado logo abaixo do primeiro par de pinas ou no meio do

pecíolo; pinas acrescentes para o ápice da folha; folíolos basais geralmente

menores, os demais aproximandamente do mesmo tamanho, 11-19 x 4-8

mm, oblongos, rombóides, ápice obtuso, assimétrico. Espigas isoladas

ou pareadas, axilares, pedunculadas, geralmente pêndulas; raque

341
densamente pubescente. Flores pentâmeras, perfumadas, 6-9 mm compr.;

estames branco-esverdeados; ovário glabro, longamente estipitado, o

estípite geralmente do mesmo comprimento dos filetes deixando o ovário

exserto da flor. Fruto folículo, moniliforme, regularmente constrito entre

as sementes, reto ou ligeiramente arqueado, às vezes também espiralado

longitudinalmente, linear, ca. 65 x 7 mm. Sementes ovóides, compressas,


esbranquiçadas; pleurograma em forma de U.

Piptadenia moniliformis é uma espécie do Nordeste do Brasil, ocorrendo


disjunta em florestas secas da região de Sucre (Venezuela). No Nordeste,
ocorre principalmente associada a solos pobres e arenosos no semi-árido
mas também a tabuleiros litorâneos, do Piauí ao Rio Grande do Norte e,
para o sul, ao norte de Minas Gerais. Na caatinga, é uma planta associada a
solos arenosos distóficos, ocorrendo em altitudes de 360-900 m. Floração:
xii-iv, vi-viii. Frutificação ao longo do ano (principalmente iii-viii).

Muitos exemplares de herbário desta espécie estão identificados como


Piptadenia obliqua. Apesar de semlhantes na morfologia, P. obliqua possui
uma distribuição mais restrita, sendo encontrada apenas na região sudeste
da Bahia, além de apresentar caracteres distintivos na morfologia vegetativa,
floral e do fruto (ver discussão sob P. obliqua).
Nomes vernaculares: angico-de-bezerro, rama-de-bezerro (gerais),
catanduva (principalmente no Piauí), quipé (principalmente na Bahia),
angico-branco (Brotas de Macaúbas, BA), estralador (Boquira, BA), folha-
miúda (Ibiraba, BA), quipembe (Glória, BA)

Material selecionado: Alagoas: Olho d’Água do Casado, D. Moura & R. A. Silva 1281

(HUEFS, Xingo). Bahia: Araci, J. A. Ratter et al. R-2708A (K); Barra, L. P. Queiroz 4878

(HUEFS, SPF); Bom Jesus da Lapa, G. Hatschbach et al. 56601 (HUEFS, K, MBM);

Brotas de Macaúbas, N. R. S. Cruz 5 (HUEFS); Campo Alegre de Lourdes, L. P. Queiroz

et al. 7364 (HUEFS); Canudos, A. M. Giulietti & R. M. Harley 1732 (HUEFS); Casa Nova,

342
T. S. Nunes et al. 722 (HUEFS); Feira de Santana, L. P. Queiroz 2589 (HUEFS); Filadélfia,

R. M. Harley et al. 16147 (CEPEC, K); Gentio do Ouro, J. S. Blanchet 2899 (K); Glória,

F. P. Bandeira 86 (HUEFS); Ibitiara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3416 (HUEFS, K,

NY); Ibotirama, L. Coradin et al. 6313 (CEN, K); Itiúba, L. P. Queiroz et al. 7323 (HUEFS);

Jeremoabo, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4641 (HUEFS, K); Juazeiro, A. L. Costa

1350 (ALCB, HUEFS); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz et al. 7634 (HUEFS); Paratinga, G.
Hatschbach et al. 61967 (HUEFS, MBM); Paulo Afonso, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

3732 (HUEFS, NY); Pilão Arcado, L. P. Queiroz et al. 6592 (HUEFS); Remanso, M. L. S.

Guedes et al. 6996 (ALCB, HUEFS); Ribeira do Pombal, L. R. Noblick 2963 (HUEFS);

Rodelas, M. C. Ferreira et al. 593 (HRB, HUEFS); Santa Rita de Cássia, L. Coradin et

al. 5756 (CEN, K); Serrinha, A. L. Costa 1355 (ALCB, HUEFS); Tucano, L. P. Queiroz &

N. S. Nascimento 3705 (HUEFS, NY). Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1298 (EAC, HUEFS);

Missão Velha, A. H. Gentry et al. 50071 (EAC, K, NY). Minas Gerais: Jaíba, E. Tameirão-

Neto 2278 (BHCB, NY); Pedras de Maria da Cruz, L. P. Queiroz et al. 7513 (HUEFS).

Pernambuco: Buíque, L. S. Figueiredo et al. 48 (K, NY, PEUFR); Ibimirim, A. Laurênio et

al. 190 (HUEFS, PEUFR); Petrolina, R. F. Monteito et al. UEC 10180 (NY); Trindade, L.

G. Santana et al. 10 (Hst, HUEFS). Piauí: Boa Esperança, G. Gardner 2139 (tipo de P.

moniliformis: K); Caracol, R. Barros s. n. TEPB 17524 (HUEFS, TEPB); Colônia do Piauí,

F. G. Alcoforado-Filho 361 (K); Cristiano Castro, L. Coradin et al. 5907 (CEN, K); Jaicós,

G. Eiten 4921 (K, UB); Palmas, W. W. Thomas et al. 9611 (CEPEC, HUEFS, NY); Picos,
G. Eiten 10840 (K, UB); São José do Piauí, M. R. A. Mendes et al. 221 (HUEFS, TEPB);

São Raimundo Nonato, G. P. Lewis et al. 1104 (K). Rio Grande do Norte: Mossoró, P.

Carauta 1699 (K).

Piptadenia obliqua (Pers.) Macbr.,


������ Contrib. Gray Herb., n.s., 59: 17. 1919.
Sophora obliqua Pers., Syn. Pl. 1: 452. 1805.
Pityrocarpa obliqua (Pers.) Brenan, Kew Bull. 10: 176. 1955.

subsp. brasiliensis G.P.Lewis, Kew Bull. 46: 160. 1991.


�����

343
Arbusto até arvoreta 1,5-4 m alt., inerme. Folhas bipinadas, ii(-iii) / 4-6;

nectário discóide a crateriforme, oblongo, localizado entre o par basal

de pinas, às vezes um nectário suplementar está presente entre o par

de pinas distais; pinas acrescentes; folíolos acrescentes, os distais 30-

32 x 20-22 mm, rombóides, ápice arredondado. Espigas isoladas,

axilares, pedunculadas, pedúnculo curto, ca. 1/5 do comprimento da


inflorescência; raque densamente pubescente. Flores pentâmeras, ca.

5-7 mm compr.; estames branco-esverdeados; ovário glabro, estipitado,

estípite aproximadamente do mesmo comprimento da corola. Fruto

folículo, moniliforme, irregularmente constrito entre as sementes, arqueado

ou espiralado, linear, ca. 65 x 7 mm. Sementes ovóides, compressas,

acinzentadas; pleurograma em forma de U.

Piptadenia obliqua é uma espécie disjunta entre uma área que vai do México
a El Salvador (subsp. obliqua) e a Bahia (subsp. brasiliensis) (Lewis 1991).
Na Bahia, ocorre é conhecida da caatinga da região de Jequié e das matas
de cipó do planalto de Vitória da Conquista, em altitudes de ca. 750 m.
Floração: i, iv-ix. Frutificação: iii-v

Apresenta grande semelhança com Piptadenia moniliformis, com a qual


compartilha os folíolos de forma predominantemente romboidal e os frutos
submoniliformes do tipo folículo. Pode ser diferenciada desta espécie pelo
número menor de folíolos por pina (4-6 pares vs 10-12 pares nas pinas
mais longas), folíolos relativamente mais largos (relação comprimento
largura ca. 2:1 vs ca. 3-4:1) e frutos relativamente mais finos e sementes
menores (5-7 mm compr.).

Material selecionado: Bahia: Jequié, S. A. Mori et al. 11224 (CEPEC, K, NY); Poções,

S. A. Mori et al. 9519 (tipo de P. obliqua subsp. brasiliensis: CEPEC, HUEFS, K, NY);

Presidente Jânio Quadros, S. C. de Santana et al. 234 (CEPEC, HUEFS, K, NY).

344
Piptadenia paniculata Benth., J. Bot. (Hooker)
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4: 338. 1842.
Pityrocarpa paniculata (Benth.) Brenan, Kew Bull. 10: 177. 1955.
����

Árvore ca. 6 m alt., inermes. Folhas bipinadas, ii / 7-8, nectário discóide,

oblongo, localizado abaixo do meio do pecíolo e entre o par de pinas

distal, nectários adicionais localizados no eixo da raque, entre os pares de

folíolos distais; pinas aproximadamente do mesmo comprimento; folíolos

aproximadamente do mesmo tamanho, oblongos, subrombóides, 25-28

x 10-18 mm, ápice obtuso, oblíquo. Espigas pareadas, pedunculadas,

com raque pubescente, agrupadas em panículas amplas, terminais.

Flores pentâmeras, ca. 3,5 mm compr.; corola com tubo curto, incluso no

cálice, lacínias retas; estames verde-amarelados; ovário pubescente no

ápice, estipitado, estípite aproximadamente do mesmo comprimento da

corola deixando o ovário exserto da flor. Fruto legume, plano-compresso,

margens retas, não arqueado, ca. 13 x 3 cm; valvas coriáceas, onduladas.

Sementes não vistas.

Piptadenia paniculata foi incluída neste trabalho após alguma hesitação


pois é uma planta tipicamente de mata atlântica, onde se distribui desde
Santa Catarina ao sul da Bahia. Na área do bioma caatinga, foi coletado
apenas em Jacobina, em uma região de transição entre caatinga e cerrado
com matas ciliares, em altitude de ca. 700m. Floração e frutificação: ii.

Pela forma e tamanho dos folíolos, esta espécie assemelha-se a Piptadenia


moniliformis e P. obliqua subsp. brasiliensis, das quais pode ser facilmente
diferenciada pelo fato das espigas estarem agrupadas em panículas amplas
e terminais.
Material examinado: Bahia: Jacobina, A. M. Amorim et al. 986 (CEPEC, K).

Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke, Arq. Jard. Bot. Rio


�����������������������
de Janeiro 5: 126.
1930.

345
Piptadenia communis var. stipulacea Benth. in Mart., Fl. Brasi. 15 (2): 279. 1876.
Pityrocarpa stipulacea (Benth.) Brenan, Kew Bull. 10: 177. 1955.

Arbusto ca. 3 m alt. até árvore ca. 6 m alt.; ramos claros, acinzentados,

armados por acúleos cônicos, purpúreos, ligeiramente recurvados. Folhas

bipinadas, vi-xi / 27-30, nectário crateriforme, oblongo, localizado abaixo do

meio do pecíolo, freqüentemente vináceo; pinas acrescentes em direção

ao ápice; folíolos 5-6 x ca. 1 mm, ligeiramente decrescentes proximal

e distalmente, lineares, ápice obtuso, uninérvios. Espigas isoladas,

axilares, às vezes concentradas no ápice dos ramos, pedunculadas,

raque pubescente. Flores pentâmeras, ca. 5 mm compr.; corola com tubo

curto, incluso no cálice, lacínias retas; estames amarelados; ovário glabro,

estipitado, o estípite do mesmo comprimento do tubo da corola deixando

o ovário exserto da flor. Fruto legume, plano-compresso, margens retas,

ligeiramente espessadas, não arqueado, ca. 13 x 3 cm; valvas cartáceas,

onduladas. Sementes não vistas.

Piptadenia stipulacea é uma espécie endêmica da caatinga, ocorrendo do


Ceará à Bahia, em diferentes tipos de solo, em altitudes de 200 a 700 m.
Floração: i-vi, ix. Frutificação: iv-xii.

Dentre as espécies de Piptadenia, esta espécie aproxima-se mais de


P. viridiflora, podendo ser facilmente distinguida desta pela presença
de acúleos internodais (vs espinhos pareados nodais; ver discussão de
P. viridiflora). Pode ser, também, confundida com espécies de Acacia,
especialmente quando em frutificação. Sua distinção de Acacia pode ser
feita pela observação dos nectários foliares crateriformes e conspícuos de
P. stipulacea, em combinação com inflorescências em espigas (geralmente
perceptíveis mesmo na frutificação), já que as espécies de Acacia com
espigas apresentam nectários discóides e inconspícuos. Quando em flor,
P. stipulacea é facilmente distinguida de Acacia pelo menor número de

346
estames (10), pela presença de glândulas nas anteras e pelo ovário exserto
do perianto por um estípite alongado.

Nomes vernaculares: jurema-branca, unha-de-gato (gerais), jurema-preta


(Ipirá, BA), rasga-beiço (Canudos, BA), avoador-branco (Alagoinha, PE),
pau-ferro (Serra Talhada, PE).

Material selecionado: Alagoas: Delmiro Gouveia, L. M. Cordeiro 22 (HUEFS, Xingo);

Olho d’Água do Casado, R. Silva 1660 (HUEFS, Xingo); Pão de Açúcar, R. Lemos 6728

(HUEFS, MAC); Piranhas, L. M. Cordeiro 7 (HUEFS, Xingo); Bahia: Barro Alto, T. S.

Nunes et al. 920 (HUEFS); Boa Vista do Tupim, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3883

(HUEFS, K, NY); Bom Jesus da Lapa, R.M.Harley et al. 21420 (CEPEC, K, NY); Brotas

de Macaúbas, L. Coradin et al. 8525 (CEN, HUEFS, K); Campo Alegre de Lourdes, R. M.

Harley et al. 54378 (HUEFS); Campo Formoso, L.Coradin 6037 (CEN, K); Canudos, L. P.

Queiroz et al. 7229 (HUEFS);Gentio do Ouro, R.M.Harley 18962; Ipirá, E. L. P. G. Oliveira

677 (BAH, HUEFS); Irecê, B. C. Bastos 76 (BAH, K); Itaberaba, G. C. P. Pinto 1331 (HRB,

HUEFS); Jacobina, L. Coradin et al. 8689 (CEN, HUEFS, K); Jaguarari, L.Coradin 6012

(CEN, K); Jeremoabo, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4642 (HUEFS, K); Maracás, A. M.

de Carvalho et al. 1863 (CEPEC, K); Marcionílio Souza, L. P. Queiroz et al. 5703 (HUEFS);

Morro do Chapéu, L. P. Queiroz et al. 7636 (HUEFS); Pilão Arcado, L. P. Queiroz et al.

6595 (HUEFS); Raso da Catarina, L. P. Queiroz 310 (ALCB, HUEFS, K); Remanso, L. P.

Queiroz et al. 7864 (HUEFS); Seabra, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3370 (HUEFS, K);

Tucano, L. P. Queiroz & T. S. N. Sena 3115 (HUEFS, K, NY); Umburanas, L. P. Queiroz et

al. 5257 (HUEFS). Ceará: Aiuaba, L. W. Lima-Verde et al. 658 (EAC, HUEFS); Crateús, F.

S. Araújo et al. 1426 (EAC, HUEFS); Mundo Novo, G. Gardner 1943 (tipo de P. communis

var. stipulacea: K); Quixeré, L. M. R. Melo et al. 125 (EAC, HUEFS, K). Pernambuco:

Arcoverde, L. P. Félix et al. (Hst, HUEFS); Alagoinha, P. Silva 14M (HUEFS, UFP); Buíque,

M.J.N.Rodal 306 (K, PEUFR); Caruaru, M.R.C.de Melo 45 (K, PEUFR); Cupira, M. V. B.

Carvalho 105 (Hst, HUEFS); Ibimirim, M.J.N.Rodal et al. 648 (HUEFS, PEUFR); Inajá, M.

C. Tschá et al. 126 (K, NY); Salgueiro, G. P. Silva et al. 2460 (CEN, K); Serra Talhada, V.

347
Lima et al. 24 (HUEFS, IPA). Piauí: Palmas, J. H. de Carvalho & F. G. Alcoforado-Filho

486 (HUEFS, PEUFR); Padre Marcos, M. E. Alencar 265 (HUEFS, TEPB); São João do

Piauí, J. H. Carvalho 453 (K). Rio Grande do Norte: Baraúna, J. E. Collares et al. 140

(HRB, K); Mossoró, G. P. Silva et al. 2473 (CEN, K). Sergipe: Canindé do São Francisco,

R. M. Harley et al. 54280 (HUEFS).

Piptadenia viridiflora (Kunth) Benth., J. Bot. (Hooker)


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4: 337. 1842.
Acacia viridiflora Kunth, Mimoses 81, t. 25. 1821.
Piptadenia biuncifera Benth., J. Bot. (Hooker)
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4: 337. 1842.
Pityrocarpa viridiflora (Kunth) Brenan, Kew Bull. 10: 177. 1955.
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Árvore 7-10 m alt., geralmente com copa ampla e aberta, raramente

florescendo como arbusto ca. 3 m alt.; ramos com casca castanho-escura,

densamente revestido por lenticelas puntiformes brancas; espinhos

pareados em cada nó, ligeiramente a fortemente recurvados, cônicos.

Folhas bipinadas, viii-xiii / 23-34, nectário discóide, oblongo, localizado

próximo ao meio do pecíolo e nectários adicionais localizados entre os

pares de pinas distais; pinas aproximadamente do mesmo comprimento;

folíolos aproximadamente do mesmo tamanho, lineares, 4-7 x 1-2,5 mm;

ápice obtuso, oblíquo. Espigas isoladas ou 2-3-fasciculadas, axilares,


pedunculadas; raque densamente pubescente. Flores pentâmeras,

ca. 10 mm compr.; corola infundibuliforme, tubo longamente exserto do

cálice; estames verde-amarelados; ovário glabro, longamente estipitado,

o estípite mais longo do que a corola deixando o ovário exserto da flor.

Fruto legume, plano-compresso, 11-12,5 x 1,8-2 cm, oblongo-linear, não

arqueados, margens retas; valvas coriáceas, onduladas. Sementes ovais,

fortemente compressas, castanhas; pleurograma não visível.

Piptadenia viridiflora é uma espécie de caatinga e florestas secas que ocorre


no nordeste do Brasil e na região noroeste da Argentina e norte do Paraguai

348
(Prado & Gibbs, 1993). Na área da caatinga, ocorre principalmente em
caatinga arbórea sobre solos mais ricos, em altitudes de 200 a 980 m.
Floração: vi-vii. Frutificação: iii-vii, xii

Dentre as espécies de Piptadenia da caatinga, P. viridiflora é facilmente


distinguível presença de espinhos nodais que ocorrem aos pares ao lado
da base das folhas, representando estípulas modificadas. As folhas com
muitos pares de pinas e folíolos numerosos e relativamente pequenos a
aproximam de Piptadenia stipulacea. No entanto, esta espécie apresenta
acúleos dispersos nos internós e estípulas herbáceas, características que a
diferenciam de P. viridiflora.

A combinação de espinhos nodais pareados e frutos plano-compressos


permite diferenciar P. viridiflora de espécies do gênero Acacia, com as quais
poderia ser confundida caso as plantas não apresentem flores.

Nomes vernaculares: surucucu (geral), jacurutu (Campo Alegre de Lurdes,


BA), espinheiro (Barra, BA).

Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 2969 (HUEFS, K, NY, SPF); Aracatu, A. M.

de Carvalho et al. 2720 (CEPEC, HUEFS); Barra, A. L. Costa 1381 (ALCB, HUEFS); Barra

da Estiva, R. M. Harley et al. 16515 (CEPEC, K, NY); Barro Alto, T. S. Nunes et al. 283

(HUEFS); Bom Jesus da Lapa, A. M. de Carvalho et al. 3953 (CEPEC, HUEFS, K, NY);

Brotas de Macaúbas, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3418 (HUEFS, K, NY); Brumado,

A. M. de Carvalho et al. 2643 (CEPEC, K); Caetité, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

3612 (HUEFS); Campo Alegre de Lourdes, L. P. Queiroz et al. 7828 (HUEFS); Irecê,

T. S. Nunes & J. Costa 905 (HUEFS); Livramento do Brumado, L. P. Queiroz & N. S.

Nascimento 3655 (HUEFS, K); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3534

(HUEFS, K, NY); Remanso, T. S. Nunes et al. 685 (HUEFS); Riachão das Neves, L. P.

Queiroz & N. S. Nascimento 4116 (HUEFS, K, NY); Rio de Contas, R. M. Harley & A. M.

Giulietti 54033 (HUEFS); Senhor do Bonfim, R. Mello-Siva CFCR 7573 (K, SPF); Vitória

da Conquista, A. M. de Carvalho et al. 2602 (CEPEC, K). Ceará: Quixeré, L. M. R. Melo et

349
al. 258 (EAC, HUEFS). Minas Gerais: Januária, A. Salino & J. R. Stehmann 3306 (BHCB,

HUEFS). Paraíba: s.l., J. C. Moraes 1999 (K, NY); Areia, J. C. M. Vasconcelos 1158 (NY).

Pernambuco: Salgueiro, J. E. Paula 1476 (K, PEUFR); Santa Maria da Boa Vista, G. P.

Silva & M. Way 3098 (CEN, HUEFS, NY). Piauí: Parnaguá, G. Gardner 2558 (tipo de

Piptadenia biuncifera: K); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis 1079 (K).

Parapiptadenia Brenan

Árvores inermes. Folhas bipinadas, 2 a 4 pares de pinas; nectário discóide,

séssil, oblongo, presente na região basal do pecíolo, geralmente com

nectários suplementares entre os pares de folíolos distais; pinas opostas;

folíolos opostos, elípticos a elíptico-oblongos, peninérvios, nervura principal

subcêntrica. Espigas axilares, isoladas ou pareadas. Flores pentâmeras,

sésseis, vináceas; cálice campanulado com lacínias curtas; corola com

pétalas soldadas até ca. da metade do seu comprimento; estames 10,

anteras com glândula apical caduca; ovário glabro, estipitado. Fruto

legume, reto, estipitado, com margens retas ou ligeira e irregularemente

constritas, valvas lateralmente onduladas. Sementes plano-compressas,

membranáceas, aladas, ala larga e marginal.

Parapiptdenia é um pequeno gênero com seis espécies do leste do Brasil,


da Paraíba ao Rio Grande do Sul, com uma espécie [P. rigida (Benth.)
Brenan] estendendo-se ao Paraguai, Argentina e Uruguai (Lima & Lima
1984). Duas espécies ocorrem na caatinga: P. blanchetii, conhecida apenas
do centro-leste da Bahia, e P. zehntneri, que ocorre do Ceará à Bahia.

O gênero pode ser reconhecido por uma combinação de caracteres que


inclui folhas com relativamente poucos folíolos, espigas vináceas e legumes
com valvas lateralmente onduladas.

350
Figura 24 – A: Parapiptadenia blanchetii (1 - hábito; 2 - flor); B: Parapiptadenia zehntneri (1 - folha; 2 - detalhe
do nectário foliar; 3 - detalhe de um folíolo; 4 - flor; 5 - pistilo; 6 - fruto); C: Pseudopiptadenia brenanii (1 - folha; 2
- detalhe do nectário foliar; 3 - inflorescência; 4 - fruto); D: Pseudopiptadenia bahiana (folha); E: Pseudopiptadenia
contorta (1 - folha; detalhe do nectário foliar; 3 - fruto).

351
1. Folhas com 1 ou 2 pares de pinas, cada pina com 2 a 3 pares
de folíolos; folíolos da porção mediana da raque com 1,3 a 2 cm
larg....................................................................................... P. blanchetii

1. Folhas com 3 a 5 pares de pinas, cada pina com 5 a 9 pares


de folíolos; folíolos da porção mediana da raque com 0,5-1 cm
larg....................................................................................... P. zehntneri

Parapiptadenia blanchetii (Benth.) A.Vaz & M.P.Lima, Rodriguesia 32


(55): 37. 1980.
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Piptadenia blanchetii Benth., Trans. Linn. Soc. London 30: 371. 1875.

Árvore 5-10 m alt. Folhas i-ii / 2-3; nectário discóide, séssil, oblongo,

localizado na base do pecíolo, próximo ao pulvino, às vezes presentes

entre os pares de folíolos distais; folíolos ligeiramente acrescentes para o

ápice da pina, os medianos 2-3,3 x 1,3-2 cm, elípticos, os distais tornando-

se obovados, ápice arredondado, base assimétrica, hemi-cordada.

Espigas isoladas ou pareadas, axilares, pedunculadas; raque glabra.

Flores ca. 4 mm compr.; corola cilíndrica, glabra, lacínias eretas, tornando-

se livres logo após a antese; estames vináceos; ovário glabro, estipitado.

Legume 13-16 x 2,5-3 cm, plano, oblongo, reto, margens espessadas

retas a irregularmente sinuosas; valvas rígido-coriáceas, lateralmente

onduladas, castanho-escuras. Sementes transversamente oblongas,

núcleo seminífero ca. 6-7 x 13-15 mm; testa castanho-amarronzada; alas


4-5 mm larg.

Parapiptdenia blanchetii é uma espécie conhecida apenas do estado da Bahia,


ocorrendo em caatinga arbórea e florestas estacionais próximas entre Feira
de Santana e Jacobina. Floração: ii-iv. Frutificação: viii, ix.

Pode ser diferenciada de P. zehntneri pelas folhas com número menor de


pinas (1 a 2 pares em P. blanchetii vs. 3-5 pares em P. zehntneri) e folíolos

352
por pina (2-3 pares vs. 5-9 pares), além dos folíolos maiores.

Nomes vernaculares: fava-de-cabocla.

Material selecionado: Bahia: Amargosa, A. P. Araújo 123 (HRB, K, RB); Dom Macedo

Costa, M. J. S. Lemos 56 (HUEFS); Feira de Santana, A. M. de Carvalho et al. 587

(CEPEC, K); Jacobina, J. L. Hage et al. 2275 (CEPEC, HUEFS, K); Milagres, J. M.

Gonçalves et al. 16 (HUEFS).

Parapiptadenia zehntneri (Harms) M.P.Lima & H.C.Lima, Rodriguesia


36(60): 26. 1984.
Piptadenia zehntneri Harms, Notizbl. Bot. Gart. Berlin 8: 712. 1924.

Arvoreta ou árvore de 4,5-6 m alt. (mas alcançando até ca. 20 m alt. em

cultivo). Folhas iii-v / 5-9; nectário discóide, oblongo a circular, localizado

na porção basal do pecíolo, pinas medianas ligeiramente maiores; folíolos

decrescentes em direção às duas extremidades da raque, os medianos

1-1,8 x 0,5-1 cm, elípticos a oblongos, os distais obovais, ápice otuso a

arredondado, base assimétrica. Espigas isoladas, axilares, pedunculadas;

raque glabra. Flores ca. 5 mm compr.; corola campanulada, glabra, lacínias

patentes a reflexas; estames vináceos; ovário glabro, estipitado, estípite

mais longa do que o tubo da corola deixando o ovário exserto. Legume

10-21 x 1,8-3,5 cm, plano, linear-oblongo, reto, margens espessadas,

irregularmente sinuosas; valvas rígido-coriáceas, lateralmente onduladas,

atropurpúreas. Sementes suborbiculares, núcleo seminífero ca. 13-15 mm

diâm., testa castanha a amarronzada; ala 2-4 mm larg.

Parapiptdenia zehntneri ocorre principalmente em caatinga arbórea e


florestas estacionais nos estados da Bahia e Pernambuco em altitudes de
500 a 800m, em solo argiloso ou arenoso. Foi referida por Fernandes &
Bezerra (1982) para o sertão de Inhamuns e Chapada do Apodi no estado

353
do Ceará. Floração: x-ii. Frutificação: v, viii-x.

Esta planta pode ser diferenciada das demais espécies de Mimosoideae


quando em floração pelas inflorescências vináceas e quando em frutificação
pelos frutos com valvas rígidas e onduladas e sementes aladas. O maior
número de pinas nas folhas (3 a 4 pares) e o maior número de folíolos por
pina (5 a 9 pares) permitem diferenciá-la de P. blanchetii.

Nomes vernaculares: guanhambira, aganbira, inhambira, guaranhambira


(gerais, corruptelas), angico-monjoba (Glória, BA).

Material selecionado: Alagoas: Piranhas, L. M. Cordeiro 21 (HUEFS, Xingo). Bahia:

Barro Alto, T. S. Nunes et al. 632 (HUEFS); Caetité, L. Zehntner 579 (tipo de Piptadenia

zehntneri Benth., foto de M: K); Itiúba, R. M. Harley et al. 16198 (CEPEC, K); Itiúba, L. P.

Queiroz et al. 7356 (HUEFS); Jacobina, R. P. Orlando 453 (HRB, K); Paulo Afonso, L. P.

Queiroz & N. S. Nascimento 3727 (HUEFS, K, NY); Raso da Catarina, F. P. Bandeira 82

(HUEFS). Ceará: Aiuaba, M. A. Figueiredo 925 (EAC, HUEFS). Pernambuco: Buíque, A.

P. S. Gomes & A. Laurênio 80 (NY, PEUFR); Inajá, A. P. S. Gomes et al. 155 (NY, PEUFR);

Ouricuri, G. P. Silva & M. Way 3102 (CEN, HUEFS, NY); Venturosa, K. C. Costa et al. 115

(NY, PEUFR).

Mimosa L.

Árvores a arbustos, às vezes escandentes ou subarbustos a ervas, eretos

ou prostrados, virgados ou ramificados; ramos cilídricos ou costados,

inermes ou armados com acúleos, estes distribuídos de três diferentes

maneiras: infranodais (2-3 acúleos abaixo e próximos ao nó), internodais

(acúleos dispersos no internó) ou formando filas longitudinais sobre as

costelas dos ramos; acúleos retos ou recurvados, quando presentes

nos ramos às vezes se estendendo para os eixos foliares; indumento

variado, podendo apresentar setas glandulares ou tricomas setosos

354
rígidos e híspidos. Folhas bipinadas; nectário extrafloral geralmente

ausente, quando presente séssil, discóide, localizado no pecíolo ou entre

o primeiro par de pinas; pinas opostas; espículas interpinais presentes ou

ausentes na raque, entre os pares de pinas; primeiro folíolo de cada pina

às vezes diferenciado e então chamado de parafilídio; base do pecíolo,

de cada pina e de cada folíolo com pulvinos e folhas, às vezes sensível


ao toque produzindo movimentos tigmonásticos. Inflorescências espigas

ou glomérulos, solitárias ou geminadas e axilares ou agrupadas em

pseudoracemos terminais. Flores trímeras, tetrâmeras ou pentâmeras,

sésseis; calice campanulado, lacínias curtas e inconspícuas até longas

e paleáceas; corola cilíndrica, quadrangular ou campanulada; estames

em número igual ou o dobro dos lobos da corola, com filetes brancos ou

rosa; anteras oblongas ou globosas, sem glândula apical; ovário séssil

ou estipitado. Fruto com as duas margens persistentes constituindo o

replo (craspédio), com duas valvas contínuas ou, mais comumente, se

quebrando em artículos monospérmicos, raramente articulado e sem replo

persistente (lomento).

Gênero com cerca de 490-510 espécies, predominantemente neotropical,


ocorrendo também na África e na Ásia (Barneby 1991, Lewis et al.
2005). Mimosa é particularmente bem representado em áreas secas, sendo
o gênero de Leguminosae com maior diversidade na caatinga, onde
ocorrem principalmente espécies das séries Leiocarpae, Cordistipulae e
Bimucronatae.

Mimosa é caracterizado principalmente pelo fruto do tipo craspédio,


apresentando margens persistentes (replo) de onde se destacam as valvas
inteiras ou, mais comumente, segmentadas em artículos monospérmicos.
Além disso, as flores são isostêmones ou diplostêmones e as anteras não
apresentam glândulas apicais, o que diferencia Mimosa de Piptadenia e
gêneros afins (Anadenanthera, Parapiptadenia, Plathymenia, Prosopis e

355
Pseudopiptadenia). Além disso, ao contrário destes gêneros, as espécies de
Mimosa não apresentam nectários foliares, exceto por três espécies da seção
Mimadenia – ver grupo 1, a seguir).

Na circuscrição atual (Barneby 1991), Mimosa inclui o gênero Schrankia


que era mantido separado de Mimosa pelo fruto quadrivalvar. De fato, uma
análise mais cuidadosa mostra que o fruto das espécies de Schrankia é um
craspédio com valvas inteiras e estreitas e replo muito alargado.

Mimosa hypoglauca Mart. e M. setosa var. paludosa (Benth.) Barneby não


foram incluídas neste trabalho. Apesar de haver uma referência à sua
presença em caatinga na Bahia (Lewis 1987), não foi possível confirmar
esta informação, as duas ocorrendo em áreas de cerrado, brejos e campos
rupestres, em altitudes acima de 900 m. Outra espécie não incluída foi
M. coruscocaesia Barneby, para a qual não foi possível observar nenhum
material. A mesma é conhecida apenas pelo tipo, coletado por Martius
próximo a Caetité (fide Lewis 1987), uma região onde predomina vegetação
de cerrado.

Muitas espécies de Mimosa são definidas por caracteres crípticos. No caso


das plantas de caatinga, são apresentados alguns caracteres taxonômicos
úteis para distinguir as espécies:
– armamento: inermes, acúleos infranodais (em número definido, abaixo
da folha), acúleos internodais dispersos (em número indefinido, dispersos
no internó sem que se possa definir um padrão de agrupamento) ou acúleos
internodais seriados (neste caso os internós apesentam-se costados e os
acúleos dispõem-se em séries longitudinais sobre as costelas).
– presença ou não de nectários foliares
– número de pinas por folha e número de folíolos por pina
– presença de pontuações glandulosas (observar na face abaxial dos
folíolos)

356
– presença de espículas interpinais: apêndice subulado ocasionalmente
presente na raque foliar, entre as pinas
– presença de parafilídios: o primeiro par de folíolos bastante reduzido em
relação aos demais folíolos
– inflorescência: espiga vs. glomérulo
– meria: trímera, tetrâmera ou pentâmera
– cor predominante da flor: branca ou rosa (flores amarelas não são
conhecidas nas espécies de caatinga, embora ocorram no gênero)
– forma da corola: geralmente cilíndrica ou campanulada mas podendo ter
seção quadrangular
– lobos da corola eretos, patentes (curvados para fora), encurvados (curvados
para dentro) ou reflexos (fortemente curvados para fora)
– número de estames: flores isostêmones ou diplostêmones
– fruto: valvas se destacando inteiras do replo ou como artículos
monospérmicos ou ainda (em M. hexandra) replo ausente (neste caso, o
fruto tecnicamente é um lomento).

Nectário extrafloral ausente

Nectário extrafloral Ervas ou subarbustos Árvores ou arbustos


Mimosa presente Folhas com 2 a
Folhas com 1 par
muitos pares de Flores brancas Flores rosa
de pinas
pinas
Grupo 1: Grupo 7: Grupo 2: Grupo 3:
Flores em espigas

M. acutistipula
M. adenophylla
M. arenosa
M. gemmulata
M. M. caesalpiniifolia
M. pithecolobioides M. invisa
xiquexiquensis M.
M. nothopteris
ophthalmocentra
M. verrucosa
M. tenuiflora

Grupo 6: Grupo 4: Grupo 5:


Plantas armadas

M. campicola
M. glaucula
M. hortensis M. exalbescens
M. irrigua M. modesta M. paraibana
M. misera M. hexandra
Flores em glomérulos

M. sensitiva M. pigra
M. pudica M. lewisii
M. ursina M. somnians
M. somnians M. pseudosepiaria

M. borboremae
Plantas inermes

M. cordistipula
M. misera
M. irrigua M. filipes
M. morroënsis
M. lepidophora M. modesta
M. hirsuticaulis
M. setuligera
M. ulbrichiana

357
Chaves auxiliares
Grupo 1:
Árbustos ou lianas com nectários extraflorais no pecíolo ou entre
o primeiro par de pinas; flores pentâmeras, diplostêmones; anteras
oblongas com conectivo prolongado e apiculado.

1. Flores em espigas; primeiro nectário foliar localizado entre o primeiro


par de pinas............................................................... M. pithecolobioides
1. Flores em glomérulos; primeiro nectário foliar localizado da base até
a metade do comprimento do pecíolo
2. Indumento de tricomas estrelados presente pelo menos na
face abaxial dos folíolos; flores tetrâmeras; glomérulos (sem os
estames) ca. 6 mm diâm.; folhas com 2-9 pares de pinas e 6-9
pares de folíolos nas pinas mais longas....................... M. lepidophora
2. Tricomas estrelados ausentes; flores pentâmeras; glomérulos (sem
os estames) 4-5 mm diâm.; folhas com 2-3 pares de pinas e 3-5
pares de folíolos nas pinas mais longas.............................. M. irrigua

Grupo 2:
Árvores ou arbustos armados com acúleos, ocasionalmente inermes,
folhas sem nectários extraflorais, flores brancas em espigas.

1. Folíolos lineares a oblongo-lineares de até 10 mm compr. e 2,5 mm


larg.
2. Ramos e face abaxial dos folíolos viscosos, pontuados por glândulas
resinosas; lacínias do cálice fortemente incurvadas ....... M. tenuiflora
2. Pontuações glandulares ausentes; lacínias do cálice eretas ou
patentes, nunca incurvadas
3. Nervuras laterais dos folíolos ausentes ou inconspícuas; folíolos

358
de até 1,5 mm larg. ..................................................... M. arenosa
3. Nervuras laterais presentes, os folíolos ± reticulados na face
abaxial e com mais de 2 mm larg.
4. Corola 4-costada com lacínias eretas ou infletidas; fruto
séssil.......................................................... M. ophthalmocentra
4. Corola cilíndrica com lacínias patentes; fruto
estipitado........................................................... M. acutistipula
1. Folíolos obovais, significativamente maiores, com pelo menos 25 x
15 mm............................................................................M. caesalpiniifolia

Grupo 3:
Árvores ou arbustos inermes ou armados com acúleos internodais;
folhas sem nectários extraflorais; flores rosa em espigas; folíolos com ou
sem pontuções glandulares resinosas na face abaxial

1. Folíolos sem pontuações glandulares; acúleos formando filas


longitudinais sobre as costelas caulinares.................................M. invisa

1. Folíolos com pontuações glandulares na face abaxial; plantas


inermes ou com acúleos dispersos nos internós, não formando filas
longitudinais

2. Folíolos côncavos na face inferior................................M. adenophylla

2. Folíolos planos

3. Indumento dos ramos e face inferior dos folíolos constituído


por tricomas verrucosos, conferindo um aspecto granular à
superfície.................................................................. M. verrucosa

3. Plantas sem tricomas verrucosos

4. Planta inerme......................................................M. gemmulata

359
4. Ramos armados com acúleos infranodais e
internodais......................................................... M. nothopteris

Grupo 4:
Árvores ou arbustos com ramos armados com acúleos internodais;
folhas sem nectários extraflorais; flores brancas em glomérulos; folíolos
sem pontuções glandulares resinosas na face abaxial

1. Ramos e folhas viscosos, com tricomas glandulares pedunculados;


glomérulos hemisféricos..........................................................M. lewisii

1. Tricomas glandulares ausentes; glomérulos globosos

2. Superfície abaxial dos folíolos com nervação proeminente e


reticulada; frutos sésseis, lenhosos, sem replo (lomen-
tos).................................................................................M. hexandra

2. Nervação inconspícua, com nervura principal visível apenas


como uma linha discolor; frutos estipitados, cartáceos, com replo
(craspédios)

3. Frutos com até 6 mm larg. e estípite de 4 a 6 mm compr.; flores


tetrâmeras..........................................................M. pseudosepiaria

3. Frutos com 8-10 mm larg. e estípite de ca. 1,5 mm compr.;


flores trímeras......................................................... M. exalbescens

Grupo 5:
Árvores ou arbustos com ramos armados com acúleos internodais;
folhas sem nectários extraflorais; flores rosa em glomérulos; folíolos
sem pontuções glandulares resinosas na face abaxial.

360
1. Ramos e folhas revestidos por tricomas glandulares
pedunculados; lacínias da corola estriadas; artículos do craspédio
± quadrados . .....................................................................M. somnians

1. Tricomas glandulares ausentes; lacínias da corola não estriadas;


artículos do craspédio retangulares, ca. 2x mais largos do que longos

2. Tricomas rígidos, adpressos e de base larga revestindo ramos,


folhas e frutos, resultando em um indumento híspido; folhas com
espículas interpinais eretas e longas (ca. 3 mm compr.); folíolos
com 4-5 nervuras paralelas na face abaxial; cálice com lacínias
longas decompostas semelhantes a páleas.............................M. pigra

2. Tricomas rígidos ausentes, indumento nunca híspido; folíolos com


3 nervuras, nervuras não paralelas; cálice trucado, com lacínias
curtas e inconspícuas.................................................... M. paraibana

Grupo 6:
Ervas ou subarbustos, inermes ou armados; folhas sem nectários
extraflorais com apenas um par de pinas; flores rosa em glomérulos.

1. Folíolos membranáceos, glabros, com apenas uma nervura; flores


diplostêmones, trímeras; planta glabra..................................... M. filipes

1. Folíolos coriáceos, maiores, com 3 a 5 nervuras partindo do pulvino;


flores isostêmones, tetrâmeras; indumento constituído de tricomas
cerdosos, híspidos, de base dilatada

2. Acúleos formando séries longitudinais nas costelas dos ramos;


pinas com exatamente dois pares de folíolos e o folíolo interno
do par basal atrofiado .................................................... M. sensitiva

2. Acúleos em número de 3, concentrados abaixo do nó ou ausentes;

361
pinas com 3 a 5 apres de folíolos

3. Glomérulos com 2 a 4 mm diâm.; pedúnculo com 8 a 15 mm


compr.; folíolos com nervuras inconspícuas................... M. ursina

3.Glomérulos com 6 a 11 mm diâm.; pedúnculo com 30 a 60


mm compr.; folíolos com nervuras salientes e reticuladas na
face abaxial...................................................................M. modesta

Grupo 7:
Ervas ou subarbustos, inermes ou armados; folhas sem nectários
extraflorais com apenas dois ou mais pares de pinas; flores rosa em
espigas ou glomérulos

1. Ramos angulosos com 4-5 costelas, armados com acúleos recurvados


formando filas sobre as costelas

2. Pinas com 12 a 20 pares de folíolos; frutos com seção transversal


quadrangular e valvas inteiras, não quebrando em artículos
monospérmicos; flores pentâmeras .......................... M. quadrivalvis

2. Pinas com 6 a 9 pares de folíolos; frutos plano-compressos,


articulados (craspédio); flores trímeras

3. Folhas com espículas interpinais; fruto com tricomas setosos


híspidos apenas no replo........................................... M. campicola

3. Folhas sem espículas interpinais; fruto com tricomas setosos


hípidos no replo e nas valvas.......................................M. hortensis

1. Ramos cilíndricos ou estriados mas sem costelas salientes, inermes


ou com acúleos dispersos nos internós ou concentrados logo abaixo
do nó

362
4. Folhas sem espículas interpinais e sem parafilídios na base
das pinas; flores trímeras; tricomas glandulares pedunculados
presentes no caule e nas folhas; tricomas setosos longos e rígidos
ausentes

5. Flores em espigas............................................... M. xiquexiquensis

5. Flores em glomérulos

6. Folhas com 2 a 5 pares de pinas

7. Subarbusto ereto e ramificado; ápice das pinas e das


estípulas rígidos e pungentes........................ M. cordistipula

7. Subarbustos prostrados a decumbentes; ápice das pinas


e das estípulas não pungentes

8. Pinas com até 11 pares de folíolos.................... M. misera

8. Pinas com 12 ou mais pares de folíolos

9. Folíolos em 18-23 pares por pina; pecíolo


relativamente curto, até 1,5 x mais longo do que
os segmentos interpinais..................... M. ulbrichiana

9. Folíolos em 12-16 pares por pina; pecíolo


relativamente longo, 2-5x mais longo do que os
segmentos interpinais......................... M. hirsuticaulis

6. Flores com 6 a 11 pares de pinas

10. Estípula, reflexa, oval com margem fimbriada e


glandulosa.................................................... M. borboremae

10. Estípula lanceolada, ereta, margem não fimbriada

11. Pinas com 15 a 23 pares de folíolos

363
12. Pecíolo relativamente curto, ca. 1,5x
o comprimento dos segmentos
interpinais......................................... M. ulbrichiana

12. Pecíolo relativamente longo, 2-5x o comprimento


dos segmentos interpinais...................M. morroënsis

11. Pinas com até 12 pares de folíolos

13. Ramos revestidos por tricomas setosos


híspidos.................................................M. setulifera

13. Tricomas setosos híspidos ausentes

14. Folhas com 9 a 10 pares de pinas; pinas


curtas em relação ao comprimento da
folha..............................................M. brevipinna

14. Folhas com até 7 pares de pinas............. M. misera

2. Folhas com espículas interpinais, cada pina com dois parafilídios;


flores tetrâmeras; tricomas glandulares pedunculados ausentes;
tricomas setosos longos, rígidos e amarelados revestindo ramos e
eixos foliares ou apenas a base das pinas ou planta completamente
glabra

15. Lobos da corola estriados com 7-11 nervuras salientes; flores


diplostêmones

16. Pinas distais com pelo menos 3 cm compr. e 20


ou mais pares de folíolos; folhas com 3 a 5 pares de
pinas...................................................................M. somnians

16. Pinas distais de até 2 cm compr. e 9 a 11 pares de folíolos;


folhas com 2 pares de pinas ................................ M. glaucula

364
15. Lobos da corola não estriados, 1-nervados; flores
isostêmones.................................................................... M. pudica

Mimosa acutistipula (Mart.) Benth., J. Bot. (Hooker) 4: 391. 1842.


Acacia acutistipula Mart., Flora 20: 107. 1837.

var. acutistipula

Arvoreta ou arbusto 2,5-4 m alt., copa aberta, geralmente com ápice

dos ramos pendentes; ramos cinza-escuros, com faixas longitudinais

mais escuras, geralmente armados nos internós com acúleos cônicos,

nigrescentes, de base larga, raramente inermes. Estípulas subuladas, eretas,

firmes, persistentes após a queda das folhas. Folhas iv-vi / 20-30 (pinas

distais); nectários extraflorais ausentes; espículas interpinais geralmente

ausentes, raramente inconspículas; pinas ligeiramente acrescentes para o

ápice; parafilídios cônicos, curtos; folíolos medianos ligeiramente maiores,

5-10 x 1-2,5 mm, linear-oblongos, ápice agudo, base obliquamennte

cordada, peninérvios, nervura principal originando 2 a 3 nervuras laterais,

face abaxial não pontuado-glandular. Espigas pedunculadas, 25-30 x 4-

5 mm, 2-3-fasciculadas, agrupadas em pseudoracemos terminais. Flores

tetrâmeras, brancas; cálice campanulado; corola campanulada, cilíndrica

em seção tranversal, lacínias patentes; estames 8, anteras globosas;

conectivo não apiculado; ovário glabro, subséssil. Craspédio 55-75 x 7-

8 mm, estipitado, plano-compresso, reto, margens retas ou ligeiramente


sinuosas, valvas lustrosas, castanhas; artículos quase quadrados, ca. 9-

10 x 9 mm.

Mimosa acutistipula var. acutistipula ocorre principalmente na caatinga, do


Caerá ao norte da Bahia. Tem sido também coletada em Brasília e no Rio
de Janeiro. Barneby (1991) reconhece outra variedade (M. acutistipula var.

365
ferrea) que ocorre em solos ricos em minério de ferro na serra dos Carajás
(estado do Pará), norte do Mato Grosso e leste do Maranhão. Na caatinga,
ocorre principalmente nas formas mais abertas que se desenvolvem sobre
solo arenoso ou, mais raramente, ao longo dos principais rios. Floração: i-ii.
Frutificação: iv-vii.

Dentre as espécies do grupo 2, M. acustistipula pode ser mais facilmente


confundida com espécies que tem os folíolos pequenos (até ca. 15 x 3 mm)
e não glandulares na face abaxial: M. arenosa e M. ophthalmocentra. Quando
em fruto, M. acutistipula pode ser diferenciada de M. ohtalmocentra por ter
os frutos estipitados. M. acutistipula compartilha com M. arenosa a corola
campanulada com lobos patentes na antese, enquanto M. ophthalmocentra
possui corola predominantemente cilíndrica e quadrangular em seção
transversal, com ângulos costados. Uma diferença importante de M.
acutistipula em relação a M. arenosa é a nervação dos folíolos que,, em
M. acutistipula é predominantemente peninérvia, com 2 a 3 nervuras
laterais, e em M. arenosa é uninérvia, com nervuras laterais ausentes ou
inconspícuas.

Uma característica que pode auxiliar o reconhecimento desta espécie no


campo, quando em flor ou em fruto, é o fato dos ramos férteis apresentarem-
se flexuosos com ápice pendente, de modo que tanto as espigas como os
frutos ficam voltados para baixo.

Nome vernacular: jurema-preta (geral), jurema-vermelha (Campo Alegre


de Lourdes, BA; Crateús, CE), jurema-de-caboclo (Padre Marcos, PI),
jurema-de-espinho (Piracuruca, PI).

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, A. M. de Carvalho et al. 3957 (CEPEC,

K); Campo Alegre de Lourdes, L. P. Queiroz et al. 6223 (HUEFS); Campo Formoso, A.

M. Giulietti & R. M. Harley 1803 (HUEFS); Canudos, L. P. Queiroz et al. 7266 (HUEFS);

Formosa do Rio Preto, S. B. Silva & R. A. Viegas 367 (HRB, HUEFS); Gentio do Ouro, R.

366
M. Harley et al. 18967 (CEPEC, K); Ibotirama, L. Coradin et al. 6314 (CEN, K); Igaporã, R.

M. Harley et al. 21358 (CEPEC, K); Itiúba, J. G. A. Nascimento & T. S. Nunes 92 (HUEFS);

Monte Santo, A. M. Giulietti & R. M. Harley 1862 (HUEFS); Paulo Afonso, L. P. Queiroz &

N. S. Nascimento 6561 (HUEFS, K); Remanso, A. Nascimento et al. 243 (ALCB, HUEFS);

Urandi, G. Hatschbach et al. 56540 (K, MBM); Xique Xique, G. Hatschbach et al. 67747

(HUEFS, MBM, NY). Ceará: Aiuaba, L. W. Lima-Verde et al. 638 (EAC, HUEFS); Crateús,
F. S. Araújo et al. 1476 (EAC, HUEFS). Piauí: Oeiras, G. Gardner 2135 (K); Padre Marcos,

M. E. Alencar 258 (HUEFS, TEPB); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis et al. 1145 (K).

Mimosa adenophylla Taub., Flora 75: 72. 1892.

Arbusto a arvoreta 2,5-3 m alt.; ramos densamente pontuado de glândulas

amareladas; armados por acúleos internodais, cônicos, retos ou recurvados,

às vezes inermes. Estípulas estreitamente lanceoladas a subuladas, rígidas,

persistentes. Folhas iv-ix / 18-35 (pinas distais); nectários extraflorais

ausentes; espículas interpinais curtas, cônicas, presentes entre os pares

de pinas distais; pinas ligeiramente acrescentes para o ápice; parafilídios

subulados; folíolos decrescentes para as duas extremidades da pina, os

medianos 4-8 x 1-1,5 mm, estreitamente oblongos, ligeiramente falcados

ou retos, ápice arredondado, base obliquamente truncada, 1-2-nérvios,


nervura principal subcêntrica, não ramificada, face abaxial densamente

pontuada por glândulas resinosas amareladas, côncavos na superfície

inferior. Espigas pedunculadas, 60-140 x 3-4 mm, (1-)2-4-fasciculadas,

agrupadas em pseudoracemos terminais. Flores tetrâmeras, rosa-

choque; cálice campanulado, 4-dentado; corola campanulada, lacínias

eretos a patentes; estames 8, anteras globosas; conectivo não apiculado;

ovário pubérulo, subséssil. Craspédio 25-40 x 5-7 mm, estipitado, plano-


compresso, reto, margens espessadas, irregularmente sinuosas, valvas

amarronzadas; artículos quadrados, ca. 4-6 x 5-6 mm.

367
Mimosa adenophylla ocorre em caatinga e cerrado, distribuindo-se do Ceará
a Minas Gerais.

É uma espécie que apresenta variação no armamento dos ramos e


indumento dos folíolos, tendo sido reconhecidas três variedades por
Barneby (1991), duas das quais ocorrem na caatinga (ver discussão abaixo).
Pode ser confundida com M. nothopteris e M. gemmulata, das quais difere
basicamente pelos folíolos maiores (4-8 x 1-1,5 mm). Outros caracteres
que podem auxiliar a identificação desta espécie são discutidos em suas
variedades.

Chave para identificação das variedade de Mimosa adenophylla

1. Ramos armados com acúleos internodais..........................................


M. adenophylla var. armandiana

1. Ramos inermes................................................ M. adenophylla var. mitis

Mimosa adenophylla var. armandiana (Rizzini) Barneby, Brittonia 37:


129. 1985.
Mimosa pteridifolia var. armandiana Rizzini, Rodriguésia 55: 17. 1980.

Esta variedade ocorre em áreas de caatinga ao sul da Chapada Diamantina


(Bahia) até o vale do Jequintinhonha (Minas Gerais). Floração: iv-vi .
Frutificação: desconhecida.

Dentre as plantas do grupo 3, apenas esta variedade e M. nothopteris


apresentam ramos aculeados. Elas podem, no entanto, ser facilmente
diferenciadas pelo número e dimensões dos folíolos (ver discussão de M.
nothopteris).

Material selecionado: Bahia: Barra, R. M. Harley et al. 21605 (CEPEC, K); Don Basílio,

L. P. Queiroz & N. S.Nascimento 3694 (HUEFS, K); Encruzilhada, R. P. Belém 3666 (K);

368
Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1886 (CEPEC, K). Minas

Gerais: Medina, G. Hatschbach & R. Kummrow 47853 (K, MBM).

Mimosa adenophylla var. mitis Barneby

Planta de caatinga do região do baixo-médio São Francisco, em área de


transicional para cerrado, sobre solo arenoso. Floração: iv. Frutificação: ix.

Esta variedade apresenta os ramos inermes da mesma forma que M.


gemmulata e M. verrucosa. Difere destas pela ausência de tricomas
verruciformes (presentes em M. verrucosa) e folíolos côncavos na face
abaxial (as outras espécies citadas têm folíolos planos).
Nome vernacular: jurema-cor-de-rosa

Material examinado: Bahia: Sento Sé, J. D. C. A. Ferreira 79 (tipo da variedade: holótipo

K [foto HUEFS], isótipo HRB); mesma localidade, R. P. Orlandi 389 (HRB, K, HUEFS).

Pernambuco: Buíque, M.V.Meiodo & E.Simabukuro 05 (UFP).

Mimosa arenosa (Willd.) Poir., Encycl. (Lamarck), Suppl. 1: 66. 1811.


Acacia arenosa Willd., Sp. Pl. ed. 4: 1060. 1806.
�����
Acacia malacocentra Mart., Herb. Fl. Brasil.: 106.
Mimosa malacocentra (Mart.) Benth., Trans. Linn. Soc. London 30: 415. 1875.

var. arenosa

Arvoreta ou arbusto, 2-6 m alt., copa aberta; ramos acinzentados a

acastanhados, geralmente armados nos internós com acúleos esparsos

e ligeiramente retrorsos, freqüentemente inermes nos ramos férteis.

Estípulas subuladas, eretas, firmes, persistentes após a queda das

folhas. Folhas maiores de cada ramo vi-x / 15-30 (pinas distais); nectários

extraflorais ausentes; espículas interpinais triangulares a subuladas;

pinas basais ligeiramente menores; parafilídios cônicos, curtos; folíolos

369
Figura 25 – A: Mimosa acutistipula var. acutistipula (1- hábito; 2 - estípulas; 3 - detalhe de um folíolo; 4 - flor);
B: Mimosa adenophylla var. mitis (1 - hábito; 2-3 - detalhe de um folíolo, faces adaxial e abaxial, respectivamente;
4 - fruto); C: Mimosa caesalpiniifolia (1 - hábito; 2 - detalhe de um folíolo; 3 - flor); D: Mimosa borboremae (1
- hábito; 2 - detalhe do ramo evidenciando os tricomas glandulares; 3 - estípula; 4 - detalhe de um folíolo); E: Mimosa
campicola var. planipes (1 - hábito; 2 - folha; detalhe de um folíolo; 4 - flor); F: Mimosa exalbescens (1 - folíolo; 2 -
flor aberta longitudinalmente); G: Mimosa cordistipula (1 - folha; 2 - estípula; 3 - detalhe de um folíolo); H: Mimosa
mensicola (1 - folíolo; 2 - flor; 3 - flor com corola aberta longitudinalmente); I: Mimosa misera (1 - folha; 2 - detalhe
de um folíolo).

370
medianos ligeiramente maiores, 3-6 x 1-1,5 mm, lineares, ápice agudo,

base obliquamnente cordada, geralmente com duas nervuras surgindo

do puvínulo, nervura principal não ramificada, face abaxial não pontuado-

glandular. Espigas pedunculadas, 25-60 x 3-5 mm, 2-3-fasciculadas,

agrupadas em pseudoracemos terminais, ou isoladas a pareadas

axilares nas folhas distais dos ramos. Flores tetrâmeras, brancas; cálice
campanulado; corola campanulada, cilíndrica em seção tranversal,

lacínias patentes ou reflexas; estames 8, anteras globosas; conectivo não

apiculado; ovário glabro, subséssil. Craspédio 35-55 x 5 mm, estipitado,

plano-compresso, reto, margens retas ou ligeiramente sinuosas, valvas

castanhas; artículos quadrados a retangulares, ca. 5 x 5-6 mm.

Mimosa arenosa apresenta um padrão de distribuição disjunto entre o leste


do Brasil (Ceará a Minas Gerais) e áreas secas da costa da Venezuela.
Barneby (1991) reconhece três variedades das quais apenas a var. arenosa
ocorre na caatinga. É uma planta que, na caatinga, ocorre principalmente
como invasora, ocupando áreas de cultivo abandonadas, principalmente em
regiões com solo arenoso e sujeitas a inundações periódicas. Floração: ii-vii,
Frutificação: ix.

Ao longo de sua área de distribuição, M. arenosa apresenta grande plasticidade


no número de pinas, número de folíolos por pina, comprimento da espiga
e comprimento do cálice. No entanto, as plantas de caatinga mostram-
se relativamente uniformes nestes caracteres. Os principais caracteres
diagnósticos desta espécie em relação às demais do grupo 2 são os folíolos
pequenos e lineares (3-6 x 1-1,5 mm), não pontuado-glandulares, com uma
a duas nervuras surgindo do pulvino, a nervura principal não dando origem
a nervuras laterais e corola com lobos patentes (não encurvados no ápice).
Estes caracteres permitem diferenciá-la das espécies mais próximas (M.
acutistipula, M. ophthalmocentra e M. tenuiflora).

371
Nomes vernaculares: calumbí (geral), jurema (ocasinal na Bahia), jurema-
branca, espinheiro-branco (ambos em Glória, BA), calumbí-branco,
calumbí-d’égua (ambos em Iaçu, BA), calumbí-roxo (Itaberaba, BA),
calumbí-preto (Serra Preta, BA).

Material selecionado: Bahia: Anagé, L. P. Félix HST 5173 (Hst, HUEFS); Aporá, L. P.

Queiroz & N. S. Nascimento 4663 (HUEFS); Euclides da Cunha, G. Eiten 5011 (K); Feira

de Santana, L.. P. Queiroz et al. 1737 (HUEFS, K); Glória, F. P. Bandeira 230 (HUEFS);

Iaçu, S. A. Mori 13272 (CEPEC, K); Ipecaetá, L. R. Noblick & C. Lobo 4279 (HUEFS);

Ipirá, L. P. Queiroz et al. 3123 (HUEFS, K); Itaberaba, L. R. Noblick et al. 3151 (HUEFS);

Itatim, E. Melo et al. 1596 (HUEFS); Itiúba, L. P. Queiroz et al. 7322 (HUEFS); Jacobina,

L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3478 (HUEFS); Jaguarai, L. Coradin et al. 6019 (CEN,

K); Marcionílio Souza, L. P. Queiroz et al. 5706 (HUEFS); Monte Santo, C. M. L. Aguiar

3 (HUEFS); Maracás, A. M. de Carvalho et al. 1860 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, R.

M. Harley et al. 23006 (CEPEC, K); Santa Inês, A. M. de Carvalho & W. W. Thomas

3111 (CEPEC, K); Santa Terezinha, L. P. Queiroz & T. S. N. Sena 3247 (HUEFS, K);

Serra Preta, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4165 (HUEFS); Serrinha, A. Castellanos

25139 (K); Sobradinho, L. P. Queiroz et al. 7924 (HUEFS). Minas Gerais, Janaúba, G.

Hatschbach et al. 55102 (K, MBM); Monte Azul, G. Hatschbach et al. 65742 (HUEFS,

MBM). Pernambuco: Bezerros, M. V. B. Carvalho 39 (Hst, HUEFS); Caruaru, M. V. B.

Carvalho 17 (Hst, HUEFS); Petrolina, L. Coradin et al. 1350 (CEN, HUEFS). Piauí: Serra

Branca, G. Gardner 890 (K).

Mimosa borboremae Harms, Notizbl. Bot. Gart. Berlin-Dahlem 8: 711. 1924.

Erva prostrada ou decumbente, até 10 cm alt.; ramos inermes; tricomas

glandulares longamente pedunculados, esparsos nos ramos e na raque

foliar. Estípulas largamente ovais, margem fimbriada e glandulosa.

Folhas v-ix / 5-7, divaricadas; nectários extraflorais ausentes; espículas

interpinais ausentes; parafilídios ausentes; pinas ligeiramente acrescentes

372
para o ápice; folíolos ± eqüilongos, os medianos 2-5 x 1-2 mm, oblongos,

ápice arredondado, 1-nérvios, nervuras principal subcêntrica, inconspícua,

visível apenas como uma linha discolor. Glomérulos globosos, 4-5 mm

diâm, pedunculados, 1-2-fasciculados, axilares em poucas folhas distais.

Flores trímeras, rosa; corola infundibuliforme, lacínias eretas; estames

6, anteras globosas, conectivo não apiculado. Craspédio 13-20 x 4-5


mm, séssil, plano-compresso, oblongo-linear; replo ondulado; artículos

subquadrados, ca. 4 x 4 mm.

Mimosa borboremae ocorre na caatinga setentrional, sendo conhecida


da região do Seridó (estado do Rio Grande do Norte) e do planalto
da Borborema (estados da Paraíba e de Pernambuco). É uma espécie
conhecida por poucas coletas e com poucas informações sobre sua ecologia.
Luetzelburg (1922-23) relatou o fato de que ela floresce após as chuvas.
Floração e frutificação: iv-vii.

Esta espécie pode ser facilmente diagnosticada entre as espécies herbáceas


de Mimosa pelas suas estípulas ovais e fimbriadas. Seu hábito herbáceo e
prostrado é semelhante ao encontrado em M. morroënsis e M. setuligera
mas, além das citadas diferenças na morfologia da estípula, M. borboremae
possui folhas com número menor de folíolos por pina (5 a 7 pares) do que
o apresentado por estas espécies (9 a 12 pares em M. setuligera e 15 a 19
em M. morroënsis).

Material selecionado: Paraiba: Serra Branca, M. F. Agra et al. 5942 (HUEFS, JPB);

Pernambuco: local não indicado, Houllet s.n. (P); Pesqueira, M. Correia 275 (HUEFS,

UFP); Rio Grande do Norte: Jardim-Parelhas, Ph. von Luetzelburg 12455 (M).

Mimosa brevipinna Benth., Trans. Linn. Soc. London 30: 432. 1875.
�����

Subarbusto 20-30 cm alt.; ramos inermes; tricomas glandulares

pedunculados densos nos ramos e na raque foliar. Estípulas ovais,

373
persistentes. Folhas ix-x / 7-10, divaricadas; nectários extraflorais ausentes;

espículas interpinais ausentes; parafilídios ausentes; pinas ligeiramente

acrescentes para o ápice; folíolos medianos ligeiramente maiores, 2-3 x

0,8-1,2 mm, oblongos, ápice arredondado, 1-nérvios, nervura principal

subcêntrica às vezes não visível. Glomérulos globosos, 5-6 mm diâm,

pedunculados mas não ultrapassando a folha adjacente, axilares em


poucas folhas distais. Flores trímeras, rosa; corola infundibuliforme,

lacínias eretas; estames 6, anteras globosas; conectivo não apiculado.

Fruto não visto.

Mimosa brevipinna foi descrita a partir de material coletado no Piauí e era,


até o momento, conhecida apenas deste estado. O material citado abaixo
representa a primeira citação para a Bahia, referida como uma planta
ocasional na caatinga sobre solo arenoso.

Esta espécie pode ser reconhecida pelas folhas com muitos pares de pinas
(9 a 10), raque foliar longa e pinas relativamente curtas. O reconhecimento
desta espécie para a Bahia, em área disjunta do que era conhecido como seu
limite sul de distribuição (região de Oeiras, Piauí) pode indicar a necessidade
de uma reavaliação dos limites taxonômicos na série Cordistipulae, já que
estas espécies são diagnosticadas por caracteres que parecem relativamente
instáveis como número e tamanho das pinas, número de folíolos por pina e
grau de cobertura do indumento.
Material examinado: Bahia: Itaberaba, L. R. Noblick et al. 3142 (HUEFS, K).

Mimosa caesalpiniifolia Benth., J. Bot. (Hooker) 4: 392. 1842.

Árvore 3-6 m alt., às vezes com ramos sarmentosos, latescente, copa

aberta, tonco com casca espessa, cinza-claro, profundamente estriada;

ramos acinzentados a acastanhados, com faixas longitidunais mais claras,

inermes ou armados nos internós com acúleos recurvados de base larga.

374
Estípulas linear-lanceoladas, persistentes. Folhas ii-iv / 3-4 (pinas distais);

nectários extraflorais ausentes; espículas interpinais ausentes; pinas

acrescentes para o ápice; parafilídios subulados; folíolos acrescentes para

o ápice, os distais 25-40 x 15-23 mm, obliquamente obovados a largamente

elípticos, ápice e base arredondados, margem discretamente crenada, 3-

nérvios, nervura secundárias anastomosadas com uma nervura marginal,


face abaxial não pontuado-glandular. Espigas pedunculadas, 35-40 x 4-5

mm; agrupadas em pseudoracemos axilares, às vezes estes reunidos em

panículas terminais. Flores trímeras, brancas; cálice curto, campanulado,

subtruncado; corola campanulada, lacínias patentes; estames 6, anteras

globosas; conectivo não apiculado; ovário glabro, pubérulo nas margens,

subséssil. Craspédio 70-110 x 9-11 mm, estipitado, plano-compresso,

reto, margens espessadas, retas ou ligeiramente sinuosas, valvas

amarronzadas; artículos quadrados a retangulares, 8-11 x 8-9 mm.

Mimosa caesalpiniifolia é uma espécie da caatinga setentrional, distribuido-


se do Piauí ao estado de Pernambuco, estendendo-se para oeste ao estado
do Maranhão. Ocorre principalmente em áreas arenosas à beira de rios,
algumas vezes entrando na composição de matas ciliares. Floração: iii-iv,
viii frutificação: ix-x (em cultivo floresce e frutifica ao longo do ano).
Esta planta é bem diferenciada das demais espécies de Mimosa da caatinga
pois é a úncica espécie arbórea que apresenta folíolos amplos (pelo menos
2,5 cm larg.) com um tipo único de nervação dentre as espécies de Mimosa:
as nervuras secundárias fundindo-se a uma nervura marginal (nervação
craspedódroma). Além disso, os ramos quando cortados exudam látex,
embora isso não seja sempre perceptível devido à pequena quantidade
liberada.

É freqüentemente recomendada para uso forrageiro no semi-árido pois


apresenta boa capacidade de rebrota após o corte e tanto a folhagem cortada

375
quanto os rebrotos são consumidos pelo gado. Além disso, é uma planta
com grande potencial de uso para recuperação de áreas degradadas. Em
alguns locais é cultivada como planta ornamental, na arborização urbana,
tanto no Brasil quanto na África (Costa do Marfim, Barneby 1991).

Nomes vernaculares: sabiá (geral), unha-de-gato (Piauí).

Material selecionado: Piauí: Altos, S. B. Silva & F. M. D. Hora 320 (HRB, K); Colônia do

Piauí, F. G. Alcoforado-Filho 327 (K); Oeiras, G. Gardner 2131 (tipo de M. caesalpiniifolia;

holótipo: K, isótipo: NY); Teresina, F. Chagas e Silva 77 (K).

Mimosa campicola Harms, Bot. Jahrb. Syst. 42: 206. 1908.

Erva ou subarbusto decumbente a prostrado; ramos 4-5 costados,

armados com séries longitudinais de acúleos recurvados sobre as costelas.

Estípulas subuladas, eretas, persistentes. Folhas ii-iv / 6-9; nectários

extraflorais ausentes; espículas interpinais subuladas; parafilídios cônicos;

pinas acrescentes distalmente; folíolos acrescentes distalmente, os distais

4-8 x 2-4 mm, oblongo-obovados, ápice arredondado, base obliquamente

cordada, 1-2-nérvios, nervuras principal subcêntrica, inconspícua.

Glomérulos globosos, 4-5 mm diâm, pedunculados, 1-2-fasciculados,

axilares ou agrupados em pseudoracemos curtos e terminais. Flores

trímeras, rosa; corola infundibuliforme, lacínias eretos, côncavos;

estames 6, anteras globosas; conectivo não apiculado. Craspédio

28-50 x 5-7 mm, linear, curtamente estipitado, plano-compresso, reto;

margens discretamente onduladas, com tricomas setosos longos, rígidos


e amarelados ou com acúleos curtos e recurvados; artículos 4-5 x 5-6 mm,

quadrados.

Mimosa campicola é uma espécie principalmente de áreas elevadas da


Chapada Diamantina (Bahia), ocorrendo ocasionalemente na caatinga,
principalmente em áreas de transição caatinga-cerrado sobre solo arenoso.

376
Barneby (1991) reconhece duas variedades para esta espécie, as quais podem
ser diferenciadas pelos seguintes caracteres:

Chave para identificação das variedades de M. campicola

1. Eixo foliar (pecíolo + raque) triangular, não compresso;


margens do fruto densamente revestidas por cerdas longas, retas e
amareladas......................................................................... var. campicola

1. Eixo foliar achatado, com 3 nervuras paralelas; margens do fruto


esparsamente revestidas por acúleos curtos e retrosos......... var. planipes

Mimosa campicola Harms var. campicola

Esta variedade é caracterizada pelo eixo foliar não achatado, com pecíolo
geralmente mais curto (até 7-12 mm compr.) e pedúnculos também mais
curtos (5-10 mm compr.).

É uma planta relativamente rara conhecida de área de transição caatinga-


cerrado, entre Xique-Xique e Santo Inácio, sobre solo arenoso. Floração e
frutificação concomitantes: ii-iii.

Material selecionado: Bahia: Gentio do Ouro, A. M. de Carvalho & J. Saunders 2886

(CEPEC, HUEFS, K, NY); Xique-Xique, E. Ule 7528 (tipo de M. campicola: K, foto

HUEFS).

Mimosa campicola var. planipes Barneby, Brittonia 37: 148. 1985.

Esta variedade diferencia-se da anterior pelo eixo foliar achatado, trinervado,


pelo pecíolo geralmente mais longo (13-40 mm compr.) e pedúnculos
também mais longos (10-30 mm compr.).

Conhecida de cerrado e áreas de caatinga na Chapada Diamantina,


especialmente sobre solo arenoso. Floração e frutificação concomitantes:

377
ii-iii.

Material selecionado: Bahia: Delfino, R. M. Harley et al. 16779 (CEPEC, K); Iraquara, L.

P. Queiroz & N. S. Nascimento 3384 (HUEFS, K, NY); Morro do Chapéu, H. S. Irwin et al.

32652 (K); Seabra, H. S. Irwin et al. 30880 (tipo de M. campicola var. planipes; holótipo:

NY, isótipo: K, foto HUEFS).

Mimosa cordistipula Benth., J. Bot. (Hooker) 4: 411. 1842.

Subarbusto ereto, bastante ramificado, 15-50 cm alt.; ramos inermes,

revestidos pelas estípulas persistentes após a queda das folhas; tricomas

glandulares pedunculados muito esparsos, visíveis principalmente na

raque foliar. Estípulas longamente lanceoladas, com ápice acuminado e

pungente. Folhas iii-v / 7-11, ascendentes; nectários extraflorais ausentes;

espículas interpinais ausentes; parafilídios ausentes; pinas acrescentes

para o ápice, terminando em ápice pungente; folíolos aproximadamente

eqüilongos, os medianos 2-3 x 0.5-1 mm, oblongo-lineares, 1-nérvios,

nervuras principal subcêntrica. Glomérulos globosos, 6-9 mm diâm,

longamente pedunculados, axilares em poucas folhas distais. Flores

trímeras, rosa; corola infundibuliforme, lacínias eretas; estames 6, anteras

globosas; conectivo não apiculado. Craspédio 25-38 x 3-4 mm, linear,

subséssil, plano-compresso, reto, inerme; replo discretamente ondulado;

artículos retangulares, 4-5 x 2,5-3 mm.

Mimosa cordistipula foi incluída neste trabalho após alguma hesitação pois
é uma espécie mais característica de regiões de altitude elevada, acima de
1000 m alt. Existem alguns registros de coletores de que esta planta teria
sido coletada em caatinga sobre solo arenoso, a oeste de Morro de Chapéu,
embora sem localização muito precisa. Nesta região ocorre realmente
caatinga em altitudes mais elevada, mas também campos rupestres, “gerais”
(campos cerrados) e “carrascos” (vegetação arbustiva densa com espécies

378
de caatinga e de cerrado). Assim, é possível que trabalhos de campo nessa
região indiquem que esta espécie não ocorre na caatinga. Floração e
frutificação concomitantes: ii.

Esta espécie possui maior afinidade a M. misera, da qual se diferencia


principalmente pelas pelo hábito mais compacto, realçado pelas folhas
ascendentes nos ramos, estípulas rígidas e pinas que apresentam a raque
com ápice espinescente.
Material examinado: Bahia: Gentio do Ouro, E. Melo et al. 2698 (HUEFS); Morro do
Chapéu. L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3430 (HUEFS, K, NY).

Mimosa exalbescens Barneby, Brittonia 37: 135. 1985.

Arbusto a arvoreta ca. 3 m alt., ramificado; ramos esbranquiçados, com

acúleos castanho-escuros, retos a ligeiramente recurvados. Estípulas

linear-lanceoladas, persistentes. Folhas iv-v / 15-25 (pinas distais),

nectários extraflorais ausentes; espículas interpinais subuladas; pinas

acrescentes para o ápice; parafilídios curtos, cônicos; folíolos proximais

e distais ligeiramente menores, os medianos 5-10 x 1-2 mm, oblongo-

lineares, ápice apiculado, base obliquamente truncada, 2-3-nérvios,

nervura principal excêntrica, submarginal, não ramificada. Glomérulos

globosos, pedunculados, 5-6 mm diâm, 2-5-fasciculados, axilares,

agrupados na parte terminal dos ramos, ou formando pseudoracemos

alongados terminais. Flores trímeras, brancas; cálice campanulado; corola

infundibuliforme, lacínias patentes; estames 6, anteras globosas; conectivo

não apiculado; ovário glabro. Craspédio (apenas frutos imaturos vistos em

plantas de caatinga; descrição baseada em plantas do Maranhão) 60-69

x 8-10 mm, curtamente estipitado, estípite ca. 1,5 mm, plano-compresso,

ligeiramente incurvado, margens espessadas, ligeiramente sinuosas,

valvas atropurpúreas; artículos quadrados, ca. 6-8 x 8 mm.

379
Espécie predominantemente da caatinga, crescendo principalmente em
várzeas do rio São Francisco. Populações disjuntas ocorrem na estado do
Maranhão. M. exalbescens geralmente forma populações muito densas,
especialmente em áreas degradadas que são ocasionalmente inundadas, em
altitudes de 350 a 500 m. Floração: ii-iv. Frutificação: ?

No Maranhão é conhecida como alagadiço (G. Eiten 10798). Na Bahia,


este nome é usado para designar áreas brejosas que secam na estação seca,
ambiente semelhante ao que esta espécie ocorre.

Mimosa exalbescens apresenta flores trímeras, caráter que a aproxima de M.


hexandra. Estas duas espécies são difíceis de diferenciar quando em flor.
Os folíolos em M. exalbescens apresentam apenas uma nervura inconspícua
submarginal enquanto M. hexandra apresentam 3 a 5 nervuras a partir do
pulvino e estas são proeminentes e ramificadas na face abaxial, deixando
esta superfície da folha reticulada. Os frutos de M. exalbescens são crapédios
e alcançam ca. 6 a 7 cm na maturação enquanto os frutos de populações de
caatinga de M. hexandra são lomentos (não deixam replo persistente) com
até 4,5 cm compr. No entanto, M. hexandra apresenta variação no tipo de
fruto quando a espécie é considerada em toda a sua extensão e é possível
que M. exalbescens possa ser considerada como parte dessa variação e seja,
na verdade, uma forma local de M. hexandra.
Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21450 (CEPEC, K);
Ibotirama, L. P. Queiroz et al. 6129 (HUEFS); Muquém, B. A. S. Pereira et al. 1659 (NY).

Mimosa filipes Mart., Flora 21: 52. 1838.

Erva ereta, delicada, 0,3-0,7 m alt., surgindo a partir de xilopódio; ramos

virgados, inermes. Estípulas ovais a lanceoladas, persistentes. Folhas i /

4-7, pecíolo geralmente mais longo do que as pinas; nectários extraflorais

ausentes; espícula interpinal subulada; parafilídios longos, subulados;

380
folíolos decrescentes proximal e distalmente, os medianos 4-9 x 2-4 mm,

obovados, ápice obtuso a arredondado, base obliquamente obtusa, 1-2-

nérvios, nervura principal subcêntrica. Glomérulos globosos, 3-4 mm diâm,

pedunculados, pedúnculo longo e delgado, 1-2-fasciculados, axilares.

Flores trímeras, rosa; corola campanulada, lacínias eretas; estames 6,

anteras globosas; conectivo não apiculado. Craspédio 26-35 x 3-5 mm,

linear, estipitado, plano-compresso, reto; margens espessadas, sinuosas;

artículos (sub-)quadrados, 3-4 x 4-5 mm.

Mimosa filipes ocorre do Maranhão a Minas Gerais, em diferentes ambientes,


desde campos rupestres e campos cerrados a mais de 1000 m de altitude,
até caatinga de 300 a 900 m de altitude. Na caatinga está mais associada a
áreas de solo arenoso e apresenta toda a parte aérea sazonal, fenecendo na
estação seca e rebrotando a partir do xilopódio na estação chuvosa. Floração
e frutificação concomitantes: ii-vi.

Esta espécie é facilmente diagnosticada pelo seu hábito delicado,


constituído de poucos ramos longos e delgados. As folhas também possuem
pecíolo delgado, mais longo do que as pinas, as quais apresentam folíolos
membranáceos e caducos.

Material selecionado: Bahia: Caetité, G. Hatschbach et al. 65859 (HUEFS, MBM); Canudos,

L. P. Queiroz et al. 7189 (HUEFS); Remanso, M. L. S. Guedes et al. 6999 (ALCB, HUEFS).

Ceará: Aiuaba, M. I. Bezerra-Loiola et al. 176 (EAC, HUEFS). Pernambuco: Petrolina,

D.Andrade-Lima 61-3610 (IPA). Piauí: Serra Branca, E. Ule 7437 (K).

Mimosa gemmulata Barneby, Brittonia 37: 130. 1985.

Arbusto 1-2,5 m alt. até arvoreta 4 m alt.; ramos inermes, castanho-

escuros com faixas longitudinais acinzentadas; gemas axilares

freqüentemente conspícuas. Estípulas triangulares, caducas. Folhas

x-xx / 19-55 (pinas distais); nectários extraflorais ausentes; espículas

381
interpinais curtas, subuladas; pinas ligeiramente acrescentes para o ápice;

parafilídios cônicos; folíolos proximais e distais ligeiramente menores,

os medianos 1,2-5 x 0,5-1 mm, oblongos, planos, ápice arredondado,

base obliquamente truncada, 1-nérvios, nervura principal subcêntrica,

não ramificada. Espigas 1-2-fasciculadas, pedunculadas, 62-85 x 4 mm,

axilares, densamente agrupadas no ápice dos ramos. Flores tetrâmeras,

rosa-pálido; cálice amplamente campanulado, curtamente 4-dentado;

corola amplamente campanulada, lacínias patentes; estames 8, anteras

globosas; conectivo não apiculado; ovário revestido por pontuações

glandulares, séssil. Craspédio 15-23 x 4 mm, séssil, plano-compresso,

reto, margens espessadas, irregularmente sinuosas, valvas amarronzadas;

artículos quase quadrados, ca. 3-4 x 3 mm.

Mimosa gemmulata ocorre desde o estado de Mato Grosso e Minas Gerais


à região limítrofe entre os estados da Bahia e do Piauí, com uma forma
disjunta em áreas secas da Venezuela. Esta distribuição ampla está associada
a diferenças morfológicas que foram tratadas por Barneby (1991) como
cinco variedades distintas, duas das quais ocorrem esporadicamente na
caatinga.

Esta espécie, da mesma forma que M. adenophylla var. mitis e M. verrucosa,


apresenta os ramos inermes. No entanto, pode ser diferenciada destas
outras espécies pela ausência de tricomas verruciformes (característicos de
M. verrucosa), folíolos planos (côncavos na face inferior em M. adenophylla)
bem como pelos folíolos significativamente menores (no máximo 25 x 1,0
mm).

Chave para identificação das variedades de Mimosa gemmulata

1. Raque das pinas mais longas 1,2-2,5 cm; folíolos de até 1,8 x 0,7
mm.............................................................................var. gemmulata

1. Raque das pinas mais longas 2,5-6 cm; folíolos 2,5-5 x 0.7-1

382
mm........................................................................... var. adamantina

Mimosa gemmulata var. adamantina Barneby, Brittonia 37: 132. 1985.

Esta planta é mais comumente encontrada em formas depauperadas


de cerrado, acima de 600 m de altitude, principalmente na Chapada
Daiamantina (Bahia). Barneby (1991) faz referência a uma coleta no
sudeste do Piauí. Floração: i-iii. Frutificação: iv.

Diferencia-se da variedade gemmulata pelos caracteres apresentados na


chave. É uma planta de crescimento rápido que forma agrupamentos
densos e quase homogêneos em áreas abandonadas sendo, portanto, uma
espécie com uso potencial para recuperação de áreas degradadas.

Nome vernacular: jurema-cor-de-rosa (Chapada Diamantina, BA), jacobina


(Caetité, BA).

Material selecionado: Bahia: Guanambi, G. Hatschbach & O. S. Ribas 55177 (K, MBM,

NY); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3377 (HUEFS, K, NY); Jaguaquara,

Lanna 706 (K); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1913 (CEPEC,

K, NY); Milagres, R. S. Santos 28009 (NY); Mirangaba, W. N. da Fonseca 392 (HRB, K);

Morro do Chapéu, L. P. Queiroz et al. 7635 (HUEFS); Rio de Contas, A. M. Giulietti et


al. 2024 (HUEFS); Seabra, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3328 (HUEFS, K, NY).

Pernambuco: Buíque, M. Sales & M. C. Tschá 567 (PEUFR); Ibimirim, M. C. Tschá et al.

125 (NY, PEUFR).

Mimosa gemmulata Barneby var. gemmulata

Planta mais característica de áreas de transição caatinga-cerrado no norte


de Minas Gerais e parte sul da Chapada Daiamantina (Bahia). Em caatinga
tem sido coletada principalmente na região do vale do rio de Contas, sudeste
do estado da Bahia. Floração: xi-ii. Frutificação: xii-ii.

Esta variedade representa a forma com folhas mais reduzidas tanto no

383
comprimento das pinas, que alcançam no máximo 2,5 cm, quanto no
tamanho dos folíolos que geralmente são menores do que 2 x 1 mm.

Material selecionado: Bahia: Jequié, G. P. Lewis et al. 977 (CEPEC, K, NY); Manoel

Vitorino, L. A. Mattos-Silva et al. 276 (CEPEC, K); Milagres, A. L. Costa 1332 (ALCB,

HUEFS); Piripá, J. E. M. Brazão 143 (HRB, HUEFS). Minas Gerais: Cândido Sales, G.

Hatschbach & F. J. Zelma 50033 (K, MBM).

Mimosa glaucula Barneby, Brittonia 37: 143. 1985.

Subarbusto ereto, virgado, ca. 1,0 m alt., glabro; ramos esparsamente

armados por acúleos retos a antrorsos. Estípulas ovais. Folhas ii / 7-

11 (pinas distais), nectários extraflorais ausentes; espículas interpinais

ovais; parafilídios ovais; pinas distais ligeiramente maiores; folíolos basais

menores, os medianos 4-7 x 1-2 mm, oblongos, 3-nérvios, nervura principal

subcêntrica, ramificada. Glomérulos globosos, 5-6 mm diâm, curtamente

pedunculados, 1-2-fasciculados em pseudoracemos longos, terminais.

Flores tetrâmeras, rosa; corola com lacínias longas, eretas, estriadas, 9-

11-nervados; estames 8, anteras globosas; conectivo não apiculado. Fruto

não visto.

Mimosa glaucula é conhecida apenas de uma localidade restrita, entre Xique


Xique e Santo Inácio (Lagoa de Itaparica), ocorrendo sobre solo arenoso
entre 300 e 400 m alt. Floração: ii. Frutificação: ?

Esta planta é muito afim a M. somnians, apresentando, como esta espécie, a


corola estriada com muitas nervuras salientes e paralelas. M. glaucula pode
se diferenciar de M. somnians por apresentar pinas distais mais curtas (até
2 cm quando M. somnians tem pinas distais de pelo menos 3 cm) e menos
folíolos por pina (9 a 11 pares em M. glaucula e pelo menos 20 pares em M.
somnians). Além disso, M. glaucula apresenta folhas com dois pares de pinas
enquanto os espécimes de M. somnians coletados na caatinga apresentam

384
folhas com 3 a 5 pares de pinas, embora plantas desta espécie de outras
regiões possam ter folhas bijugas.
Material examinado: Bahia: Xique Xique, R. M. Harley et al. 19117 (tipo de M. glaucula, K,
foto HUEFS).

Mimosa hexandra M.Micheli, Mém. Soc. Phys. Genéve 30: 91. 1889.
Mimosa acanthophora Harms, Bot. Jahrb. Syst. 42: 206. 1908.
Mimosa fascifolia Rizzini, Leandra, 3-4(4-5): 9. 1974.

Arbusto até árvore, 2,5-4 m alt.; ramos densamente pubérulos, armados

com acúleos retos a ligeiramente recurvados. Estípulas subuladas,

firmes, persistentes. Folhas ii-iv / 8-25 (pinas distais), nectários extraflorais

ausentes; espículas interpinais subuladas; pinas acrescentes para o ápice;

parafilídios curtos, cônicos; folíolos proximais e distais ligeiramente menores,

os medianos 4-8 x 1-2 mm, oblongos, ápice apiculado, base obliquamene

truncada, 3-5-nérvios, nervura principal subcêntrica, ramificada, nervuras

muito proeminentes na face abaxial deixando-a fortemente reticulada.

Glomérulos globosos, pedunculados, 5-7 mm diâm, 1-4-fasciculados,

agrupados em pseudoracemos terminais. Flores trímeras, algumas vezes

com flores tetrâmeras no mesmo glomérulo, brancas; cálice campanulado,


irregularmente 3-dentado; corola infundibuliforme, lacínias eretas; estames

6, anteras globosas; conectivo não apiculado; ovário glabro. Fruto 32-45 x

10-12 mm, séssil, plano-compresso, ligeiramente incurvado; margens não

espessadas, não formando replo, o fruto sendo, portantanto, um lomento

(plantas do Mato Grosso podem apresentar fruto craspédio, fide Barneby

1991), valvas com parede espessa, suberosa; artículos retangulares, ca.

6-8 x 12 mm.

Mimosa hexandra ocorre em ambientes semelhantes nos quais vegeta M.


exalbescens, em áreas periodicamente inundadas geralmente relacionadas a
várzeas de rios. Distribui-se descontinuamente ao longo do rio Paraguai

385
(Paraguai, Argentina e Mato Grosso do Sul), do sul do México ao norte da
Venezuela e no nordeste do Brasil, do sul do Piauí e oeste de Pernambuco
à região do baixo-médio São Francisco (próximo a Xique Xique), no estado
da Bahia (Barneby, 1991), em altitudes de 350 a 400 m. Floração: xii-i.
Frutificação: i.

Esta espécie, como circunscrita por Barneby (1991), apresenta grande


variação no tipo de fruto, que pode se apresentar como lomento, quebrando-
se tranversalmente ao longo de toda a valva, ou como um craspédio, com
as margens ficando persistentes como um replo. As amostras de frutos
de plantas de caatinga mostram que nelas os frutos se apresentam como
lomentos, sendo esse um caráter útil para separar esta espécie das demais
espécies do grupo 4. Quando em floração, M. hexandra pode ser reconhecida
principalmente pelas flores trímeras, caráter compartilhado por M.
exalbescens. Estas duas espécies são difíceis de serem diferenciadas quando
apenas em flor (ver discussão em M. exalbescens) mas tem, aparentemente,
distribuição alopátrica, com M. exalbescens ocorrendo principalmente no
alto São Francisco ( Januária a Bom Jesus da Lapa) e M. hexandra a partir
de Xique Xique, no baixo-médio São Francisco para norte.

Nomes vernaculares: alagadiço (geral), carquejo (Bahia).

Material selecionado: Bahia: Barra, A. L. Costa 292 (ALCB, HUEFS); Casa Nova, F. B.

Ramalho 186 (RB); Juazeiro, D. A. Lima 13157 (tipo de M. fascifolia Rizz., RB); Remanso,

E. Ule 7384 (tipo de M. acanthophora Harms, foto de HBG: K); Sobradinho, L. P. Queiroz

et al. 7923 (HUEFS); Xique Xique, H. P. Bautista & O. A. Salgado 908 (HRB, HUEFS).

Pernambuco: Salgueiro, A. Fernandes & Matos s.n. (EAC, NY). Piauí: Paes Candim, A.

Fernandes et al. s.n. (EAC, NY).

Mimosa hirsuticaulis Harms, Bot. Jahrb. Syst. 42: 206. 1908.


�����

Subarbusto prostrado a decumbente; ramos inermes; tricomas

386
glandulares longamente pedunculados distribuídos nos ramos e na raque

foliar. Estípulas ovais, persistentes, ascendentes ou reflexas. Folhas iii-iv

/ 12-16, divaricadas; nectários extraflorais ausentes; espículas interpinais

ausentes; parafilídios ausentes; pinas distais ligeiramente maiores;

folíolos medianos ligeiramente maiores, 4-7 x 1-2,5 mm, oblongos, ápice

arredondado, 3-nérvios, nervuras principal subcêntrica, ramificada,

pinado-reticulados na face abaxial. Glomérulos globosos, 8-9 mm diâm,

longamente pedunculados, mais longos do que a folha adjacente, axilares

em poucas folhas distais. Flores trímeras, rosa; corola infundibuliforme,

lacínias eretas; estames 6, anteras globosas; conectivo não apiculado.

Craspédio ca. 25 x 5 mm, linear, subséssil, plano-compresso, reto, valvas

densamente hípido-pubescentes; replo discretamente ondulado.

Mimosa hirsuticaulis é conhecida apenas da caatinga dos tabuleiros arenosos


da região de Remanso (norte do estado da Bahia). Floração e frutificação:
xii-ii.

Esta espécie é semelhante a M. morroënsis pelo hábito subarbustivo


prostrado e pecíolo relativamente mais longo (no caso, mais longo do que
as pinas), mas difere principalmente pelo número menor de pinas (até 4
nesta espécie e 6 a 9 em M. morroënsis).
Material examinado: Bahia: Remanso, E. Ule 7389 (isótipo de M. hirsuticualis, K, foto
HUEFS).

Mimosa hortensis Barneby, Mem. New York Bot. Gard.


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65: 282. 1991.

Hábito não registrado, provavelmente erva ou subarbusto decumbente a

prostrado; ramos 4-5 costados, armados com séries longitudinais de acúleos

recurvados sobre as costelas. Estípulas triangulares, membranáceas.

Folhas iii-iv / 6-7; nectários extraflorais ausentes; espículas interpinais

ausentes; parafilídios cônicos; pinas acrescentes distalmente; folíolos

proximais e distais ligeiramente menores, os medianos 5-8 x 2-3 mm,

387
oblanceolados, ápice obtuso, 1(-2)-nérvios, nervuras principal subcêntrica,

inconspícua. Glomérulos globosos, ca. 5 mm diâm, pedunculados, 1-

2-fasciculados, axilares. Flores trímeras, rosa; corola infundibuliforme,

lacínias eretas, côncavas; estames 6, anteras globosas; conectivo não

apiculado. Craspédio 50-90 x 10 mm, linear, estipitado, plano-compresso,

reto; margens discretamente onduladas, híspida, com tricomas setosos

longos e rígidos; artículos 10-12 x 9 mm, quadrados, híspidos.

Mimosa hortensis é conhecida por apenas uma coleta da região de Juazeiro


(Bahia), de uma planta com flores e frutos, realizada por Zehntner em
março de 1912.

É uma espécie muito próxima de M. campicola da qual se diferencia pela


ausência de espículas interpinais, pelo fruto muito maior e com valvas
cobertas por tricomas setosos e híspidos.
Material examinado: Bahia: Juazeiro, L. Zehntner 38 (tipo de M. hortensis, R).

Mimosa invisa Mart. ex Colla, Herb. Pedem.


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2: 255. 1834.
Schrankia rhodostachya Benth., J. Bot. (Hooker) 4: 414. 1842
Mimosa rhodostachya (Benth.) Benth., Trans. Linn.
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Soc. London 30: 407. 1875.

var. invisa

Liana profusamente ramificada ou, na falta de suporte, arbusto de até

2 m alt.; ramos 5-costados, costelas discolores, armadas por fileiras

longitudinais de acúleos recurvados. Estípulas linear-lanceoladas a

subuladas, persistentes. Folhas vi-viii / 24-35 (pinas distais); nectários

extraflorais ausentes; espículas interpinais subuladas; pinas ligeiramente

decrescentes para a base; parafilídios subulados; folíolos proximais e

distais ligeiramente menores, os medianos 3-5 x 0,8-1 mm, lineares, ápice

arredondado, base hemicordada, 1-2-nérvios, nervura principal subcêntrica,

inconspícua. Espigas 1-3-fasciculadas, agrupadas em pseudoracemos

388
Figura 26 – A: Mimosa filipes (1 - hábito; 2 - ápice da raque foliar mostrando a espícula interpinal e os parafilídios
na base das pinas; 3 - detalhe de um folíolo; 4 - flor); B: Mimosa gemmulata var. adamantina (1-2 - detalhes de
um folíolo, faces adaxial e abaxial, respectivamente; 3 - flor; 4 - fruto); C: Mimosa gemmulata var. gemmulata (1-2
- detalhes de um folíolo, faces adaxial e abaxial, respectivamente); D: Mimosa hexandra (1 - hábito; detalhe da raque
foliar mostrando a espícula interpinal e os parafilídios na base das pinas; detalhe de um folíolo; 4 - flor; 5 - pistilo);
E: Mimosa invisa var. invisa (1 - hábito; 2 - detalhe do ramo evidenciando os acúleos seriados sobre as costelas; 3
- detalhe da raque foliar; 4 - detalhe de um folíolo; 5 - flor; 6 - fruto); F: Mimosa irrigua (1 - hábito; 2 - detalhe do
nectário foliar; 3 - flor aberta longitudinalmente); G: Mimosa lewisii (1 - detalhe da raque foliar mostrando a espícula
interpinal e os parafilídios na base das pinas; 2 - flor; 3 - fruto); H: Mimosa ophthalmocentra (1 - detalhe de um
folíolo; 2 - flor; 3 - fruto); I: Mimosa modesta var. ursinoides (1 - hábito; 2 - ápice da raque foliar mostrando a es-
pícula interpinal e os parafilídios na base das pinas; 3 - detalhe de um folíolo; 4 - flor; 5 - pistilo); J: Mimosa tenuiflora
(1 - folha; detalhe de um folíolo, face abaxial).

389
longos e terminais, curtamente pedunculadas, 38-50 x 3-4 mm. Flores (tetrâ-

) pentâmeras, rosa-choque; cálice curto, campanulado, truncado; corola

infundibuliforme, lacínias eretas; estames 5, anteras globosas; conectivo

não apiculado; ovário tomentoso, subséssil. Craspédio 42-90 x 10-13 mm,

curtamente, estipitado, estípite 2-4 mm compr., plano-compresso, reto a

ligeiramente incurvado, margens espessadas, aculeadas, retas, valvas

amarronzadas; artículos retangulares, ca. 4-5 x 8-9 mm.

Mimosa invisa é uma espécie amplamente distribuída na América do Sul,


desde a Venezuela até o Paraguai. É uma planta com características de
invasora, crescendo profusamente em áreas degradadas especialmente
naquelas próximas a cursos d’água.

Ao longo de sua área de distribuição, esta espécie apresenta grande variação


morfológica no tamanho da inflorescência, comprimento do perianto,
número de pinas e de folíolos por pina e presença de espículas interpinais.
Barneby (1991) reconheceu quatro variedades das quais apenas a var.
invisa ocorre nas caatingas. Esta variedade distribui-se principalmente na
Bahia, Minas Gerais e Goiás mas com populações disjuntas no Ceará e
no Paraguai (Barneby 1991). É mais comumente encontrada em borda
de caatinga arbórea e florestas estacionais, em altitudes de 600 a 850 m.
Floração: iv-vii. Frutificação: iv-vi.

No contexto das espécies arbustivo-arbóreas de Mimosa com flores rosa em


espigas, esta planta é facilmente diagnosticada pelos ramos armados com
séries longitudinais de acúleos, localizados sobre costelas discolores, e pelos
folíolos sem pontuações glandulares resinosas na face abaxial.

Nome vernacular: calumbi-miúdo (Bahia, fide Lewis 1987).

Material selecionado: Bahia: Barra, R. M. Harley et al. 21604 (CEPEC, K); Bom Jesus da

Lapa, L. P. Queiroz et al. 5818 (HUEFS); Boquira, A. Castellanos 25956 (K); Caetité, R. M.

Harley et al. 21288 (CEPEC, K); Iaçu, G. Hatschbach & O. Guimarães 45126 (MBM, NY);

390
Ibititá, J. E. M. Brazão & C. G. de Oliveira 331 (HRB, HUEFS); Itaberaba, E. L. P. G. de

Oliveira 290 (BAH, K); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 2009

(CEPEC, K, NY); Rio de Contas, L. P. Queiroz et al. 7818 (HUEFS); Santa Rita de Cássia,

L. Coradin et al. 5765 (CEN, K, NY); Utinga, J. S. Blanchet 2912 (lectótipo de Schrankia

rhodostachia, K, foto HUEFS). Ceará: Aiuaba, E. P. Nunes s. n. (EAC, NY); Aracati, G.

Gardner 1587 (K).

Mimosa irrigua Barneby, Brittonia 37: 126, fig. 1. 1985.

Arbusto até arvoreta, 2,5-5 m alt., ramos castanhos a amarronzados,

nítidos, inermes ou acúleos esparsos no eixo das pinas ou na face abaxial

dos folíolos, glabro ou com ramos e face abaxial dos folíolos esparsamente

vilosos, tricomas simples. Folhas ii-iii / 3-5 (pinas distais); nectário

crateriforme, séssil, elíptico a suborbicular, localizado no pecíolo próximo ao

pulvino ou a até ca. ½ do seu comprimento, nectários adicionais presentes

entre os folíolos distais de cada pina; espículas interpinais ausentes; pinas

fortemente acrescentes para o ápice; parafilídios subulados, caducos,

geralmente ausentes nas folhas desenvolvidas; folíolos basais ligeiramente

menores, os distais 25-55 x 20-32 mm, obliquamente elípticos a ovais,

ápice cuspidado, rígido, pungente; nervuras 3-5, ramificadas, fortemente

reticuladas, face adaxial glabra, abaxial glabra ou esparsamente vilosa.

Glomérulos ca. 4-5 mm diâm., pedunculados, dispostos em panículas

amplas, terminais, 2-5-fasciculados na axila de folhas reduzidas. Flores

pentâmeras, brancas, ca. 4 mm compr.; corola com tubo longo, parcialmente

inclusa no tubo do cálice, lacínias curtas e deltóides; estames 10, anteras

oblongas, com conectivo apiculado; ovário pubérulo, subséssil. Craspédio

50-70 x 10-14 mm, plano-compresso, linear-oblongo, arqueado, margens

sinuosas; artículos quase quadrados, ca. 12 x 12 mm.

Mimosa irrigua é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina,

391
em caatinga e áreas transicionais entre caatinga e cerrado (localmente
conhecidas como carrasco), em altitudes que variam de 600 a 1000 m.
Em geral, é encontrada crescendo sobre solo arenoso. Floração: xii-ii, vi.
Frutificação: iv, ix.

É uma planta que cresce como arbusto com copa aberta e ramos longos
e virgados, algumas vezes estes ramos tornam-se apoiantes sobre plantas
vizinhas. Dentre as espécies de Mimosa da caatinga, M. irrigua, M.
lepidophora e M. pithecolobioides são as únicas espécies que apresentam
nectários foliares. Com a primeira M. irrigua compartilha as inflorescências
em glomérulos e nectário posicionado da base até o meio do pecíolo e dela
pode ser distinguida pelos folíolos glabros ou quase glabros, com tricomas
simples, já que M. lepidophora apresenta indumento de tricomas estrelados.
Além disso, apresenta glomérulos ligeiramente menores do que os de M.
lepidophora (4-5 mm vs. 6 mm de diâmetro) e ocorre apenas na Chapada
Diamantina, em altitudes de 600-1000m, enquanto M. lepidophora é
conhecida apenas de terras baixas (300-400m) próximo à fronteira entre
os estados da Bahia e Piauí.

Material selecionado: Bahia: Abaíra, R. M. Harley et al. 27856 (HUEFS, K, NY, SPF);

Barra do Mendes, E. Saar et al. 79 (ALCB, HUEFS); Brotas de Macaúbas, G. Hatschbach


et al. 67696 (MBM, NY); Campo Formoso, L. Coradin et al. 6094 (CEN, K, NY); Gentio

do Ouro, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3985 (HUEFS); Ipupiara, M. L. S. Guedes et

al. 7861 (ALCB, HUEFS); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3388 (HUEFS, K,

NY); Morro do Chapéu, A. M. de Carvalho et al. 2429 (CEPEC, K); Seabra, H. S. Irwin

et al. 31194 (tipo de M. irrigua: holótipo: NY, isótipo K, foto HUEFS); Sento Sé, K. R. B.

Leite et al. 172 (HUEFS); Tanque Novo, G. Hatschbach et al. 66015 (HUEFS, MBM, NY);

Umburanas, L. P. Queiroz et al. 5280 (HUEFS); Xique Xique, R. C. Forzza et al. 1404

(CEPEC, HUEFS, NY).

Mimosa lepidophora Rizzini, Rodriguésia 41: 170. 1976.

392
Arbusto até arvoreta, 2-5 m alt., ramos amarronzados, densamente

lenticelados, inermes; indumento finamente piloso de tricomas simples,

eretos e esbranquiçados misturados com tricomas estrelados, pedunculados

e marrons, presente nos ramos jovens e folhagem exceto na face adaxial

dos folíolos que é glabra. Folhas ii-ix / 6-9 (pinas distais); pecíolo 1-2,5

cm, raque 2-4,5 cm; nectário crateriforme, séssil, suborbicular, localizado

próximo ou abaixo da metade do comprimento do pecíolo, nectários

adicionais menores presentes na raque das pinas entre último e, às vezes,

também penúltimo par de folíolos; espículas interpinais ausentes; pinas

acrescentes distalmente; parafilídios subulados, 0,2-0,3 mm; folíolos

acrescentes distalmente, os distais 15-20 x 7-13 mm, obliquamente

obovais, ± rombóides, ápice largamente obtuso, base assimétrica, margem

ligeiramente revoluta; nervuras 2, a principal ramificada; face adaxial

glabra, abaxial pilosa com tricomas simples e estrelados. Glomérulos

ca. 6 mm diâm., pedunculados, pedúnculo 4-10 mm, 2-4-fasciculados e

dispostos em pseudoracemos e estes em panícula ampla, terminal, exserta

da folhagem por ca. 10 cm. Flores tetrâmeras, ca. 4 mm compr.; corola ca.

3-3,5 mm compr., campanulada, lacínias curtas e deltóides; estames 10,

anteras oblongas, conectivo apiculado; ovário glabro, séssil. Craspédio

47-80 x 12-14 mm, estipitado, estípite 3,5-6 mm, plano-compresso, linear-

oblongo, reto, margens ligeiramente sinuosas; artículos quase quadrados,

ca. 7-10 x 7-10 mm.

Mimosa lepidophora é endêmica de áreas de caatinga e cerrado do centro-


sul do Piauí (Itaueira à Serra do Caracol e São Raimundo Nonato) e região
adjacente no norte da Bahia (Campo Alegre de Lurdes e Remanso). Ocorre
sobre solo arenoso, em altitudes de 250-500m. Floração: x-i. Frutificação:
vii.

É uma espécie conhecida por relativamente poucas coletas. As plantas


coletadas na Bahia apresentam folhas e folíolos menores do que as

393
coletadas no Piauí. No âmbito das espécies de caatinga, aproxima-se de M.
irrigua pela combinação da presença e posição dos nectários foliares com
a inflorescência em glomérulo. Caracteres que distinguem estas espécies
estão referidos nos comentários sobre M. irrigua.

Nome vernacular: angelim (Piauí).


Material selecionado: Bahia: Campo Alegre de Lurdes, L. P. Queiroz et al. 7853 (HUEFS).

Piauí: Canto do Buriti, M. R. del’Arco s.n. (TEPB 706); Caracol, M. R. del’Arco & A. J.

Castro s.n. (TEPB 1114; Itaueira, F. B. Ramalho 313 (lectótipo de M. lepidophora: RB); São

João do Piauí, D. P .Lima 13243 (síntipo de M. lepidophora: RB); Serra das Confusões,

A. Fernandes s.n. (EAC, NY).

Mimosa lewisii Barneby, Brittonia 37: 139. 1985.

Arbusto com ramificação basal e ramos longos, virgados, 1,5-3 m alt.;

ramos castanho-escuros com lenticelas brancas, armados com acúleos

retos ou ligeiramente recurvados; tricomas glandulares pedunculados

presentes nos ramos e folhas. Estípulas lanceoladas, persistentes.

Folhas vii-xiv / 30-45 (pinas distais), nectários extraflorais ausentes;

espículas interpinais longas, subuladas; pinas acrescentes distalmente;

parafilídios cilíndricos, agudos; folíolos coriáceos, os proximais e os distais


ligeiramente menores, os medianos 5-7 x 1-1,5 mm, oblongo-lineares, ápice

obtuso, base fortemente oblíqua, 1-nérvios, nervura principal subcêntrica,

não ramificada. Glomérulos hemisféricos, 9-10 mm diâm, longamente

pedunculados, pedúnculos com tricomas glandulares pedunculados, 1-


2-fasciculados, agrupados em pseudoracemos terminais, longamente

exsertos da folhagem. Flores tetrâmeras, brancas; cálice campanulado;

corola infundibuliforme, lacínias eretas; estames 8, anteras globosas;

conectivo não apiculado. Craspédio 90-120 x 7-9 mm, curtamente

estipitado, plano-compresso, reto a incurvado; margens espessadas, retas

394
a irregularmente sinuosas; valvas nigrescentes com parede cartáceas;

artículos (sub-)quadrados, ca. 8-10 x 8 mm.

Mimosa lewisii é conhecida do estado da Bahia e na região do vale


do Moxotó, em Pernambuco. É encontrada desde áreas com altitude
relativamente elevada, (ca. 1000 m) na Chapada Diamantina até o nível
do mar, ocorrendo em campos rupestres, caatinga e dunas litorâneas. Na
caatinga, é uma espécie característica das caatingas de areia, em altitudes
de 300 a 700m. Floração: ii-iii, vii. Frutificação: vii.

Esta espécie é bem diferenciada das demais espécies deste grupo por uma
série de caracteres vegetativos e reprodutivos, especialmente pela presença
de tricomas glandulares que conferem aos ramos e folhas jovens uma textura
glutinosa, pelos capítulos hemisféricos e pelo fruto significativamente
maior.

Nome vernacular: jureminha (Ribeira do Pombal, BA), calumbé (Canudos,


BA).

Material selecionado: Bahia: Andaraí, G. P. Lewis et al. CFCR 7099 (K, SPF); Canudos,

L. P. Queiroz et al. 7044 (HUEFS); Nova Olinda, D. A. Lima 58-2896 (IPA, K); Seabra, H.

S. Irwin et al. 30988 (K); Raso da Catarina, L. P. Queiroz 764 (ALCB, HUEFS, K); Ribeira

do Pombal, L. R. Noblick 2964 (HUEFS, K); Seabra, H. S. Irwin et al. 30988 (K, NY);

Tucano, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3704 (HUEFS, NY). Pernambuco: Buíque, A.

M. Miranda et al. 1723 (Hst, HUEFS).

Mimosa misera Benth., J. Bot. (Hooker) 4: 411. 1842.


Mimosa franciscana Benth., Trans. Linn. Soc. London 30: 431. 1875.
Mimosa remansoana Harms, Bot. Jahrb. Syst. 42: 207. 1908.

Subarbusto prostrado a decumbente; ramos inermes ou remotamente

aculeados, acúleos pequenos, eretos ou recurvados; tricomas glandulares

395
pedunculados presentes pelo menos na raque foliar. Estípulas ovais,

persistentes. Folhas ii-vii / 5-11, divaricadas; nectários extraflorais

ausentes; espículas interpinais ausentes; parafilídios ausentes; pinas

decrescentes proximalmente; folíolos aproximadamente do mesmo

tamanho, os medianos 2-5 x 0.7-2 mm, oblongos, ápice arredondado, 1-

nérvios, nervuras principal subcêntrica, incospícua. Glomérulos globosos,

5-6 mm diâm, longamente pedunculados, axilares em poucas folhas distais.

Flores trímeras, rosa; corola infundibuliforme, lacínias eretas; estames 6,

anteras globosas; conectivo não apiculado. Craspédio 15-30 x 4-5 mm,

linear, subséssil, plano-compresso, reto, inerme; replo discretamente

ondulado; artículos quadrados, ca. 3 x 3 mm.

Mimosa misera é uma espécie que ocorre principalmente em locais de solo


arenoso em caatinga, em altitudes de 400 a 800 m, com poucos registros
para campo rupestres, em altitudes mais elevadas. Floração e frutificação
concomitantes: i-ii, vi-vii.

Esta espécie é extremamente variável em vários caracteres como número e


tamanho das pinas, grau de cobertura por tricomas e presença de acúleos.
Parte desta variação pode ser observada dentro de algumas populações e pode
estar relacionada ao desenvolvimento da planta. Barneby (1991) reconhece
duas variedades para esta espécie, diferenciadas por uma tendência a um
número maior de pinas e ramos com acúleos (M. misera var. subinermis
(Benth.) Barneby) e pela ausência de acúleos (M. misera var. misera). Há,
no entanto, uma grande sobreposição e variação local nestes caracteres de
modo que neste trabalho não se reconhecem estas variedades.

M. misera apresenta maior afinidade a M. cordistipula da qual pode ser pelas


folhas divaricadas (não ascendentes como em M. cordistipula), estípulas não
pungentes e ápice das pinas não espinescentes.

Nomes vernaculares: angiquinho, angico-preto (ambos em Canudos, BA).

396
Material selecionado: Bahia: Campo Formoso, L. Coradin et al. 6060 (CEN, K); Canudos,

L. P. Queiroz et al. 7234 (HUEFS); Glória, F. P. Bandeira 240 (HUEFS); Ibiraba, L. P.

Queiroz et al. 6456 (HUEFS, SPF); Ibiquara, G. Hatschbach et al. 48351 (K, MBM, NY;

var. subinermis); Itaberaba, L. R. Noblick et al. 3142 (HUEFS, K; forma com número

anormal de pinas); Remanso, E. Ule 7390 (isótipo de M. remansoana, K, foto HUEFS);

Xique Xique, R. M. Harley et al. 19112 (CEPEC, K). Ceará: Barra do Cocó, A. Ducke 2397

(K). Pernambuco: Buíque, M. J. N. Rodal & K. Andrade 530 (NY, PEUFR). Piauí: Lagoa

Comprida, G. Gardner 2134 (holótipo de M. misera, K, foto HUEFS); Ribeiro Gonçalves,

A. Fernandes et al. s. n. (EAC).

Mimosa modesta Mart., Flora 21: 55. 1838.

Erva decumbente a prostrada, perene, com xilopódio; ramos armados

com acúleos infranodais, menos freqüentemente inermes. Estípulas ovais

a lanceoladas, persistentes. Folhas i / 3-5; nectários extraflorais ausentes;

espícula interpinal presente; parafilídios subulados; pinas articuladas

abaixo de cada par de folíolos por tecido contrátil; folíolos ligeiramente

acrescentes distalmente, os distais 6-12 x 4-8 mm, ovais a suborbiculares,

ápice arredondado, apiculado, base obliquamente cordada, 4-5-nérvios,

nervuras palmadas, nervura principal subcêntrica. Glomérulos globosos,

6-11 mm diâm, longamente pedunculados, 1-2-fasciculados, axilares.

Flores tetrâmeras, rosa; corola cilíndrica, lacínias eretas, cimbiformes;

estames 4, anteras globosas; conectivo não apiculado. Craspédio 14-18

x 7-8 mm, oblongo, séssil, plano-compresso, reto; margens espessadas,

sinuosas; artículos 4-6 x 4-8 mm, (sub-)quadrados a retangulares, dilatados

no meio e armados com acúleos subulados.

Mimosa modesta é conhecida principalmente do norte da Bahia, Pernambuco


e sul do Piauí, de onde se estende até a região da Chapada Diamantina. Na
caatinga, ocorre principalmente em solo arenoso a ca. 400 m alt. Floração

397
e frutificação: ii (vii).

Esta espécie apresenta uma interessante morfologia da pina, que é articulada


em cada jugo, sendo interrompida por tecido contrátil. Quando a folha é
tocada, não apenas os folíolos e as pinas se “fecham” mas as pinas também
se dobram sobre seu próprio eixo de modo semelhande ao de um dedo
de uma mão fechada. Este caráter é compartilhado com M. ursina, uma
espécie muito semelhante na morfologia geral dos ramos e folhas mas que
não apresenta xilopódio e tem ciclo de vida anual. Os glomérulos maiores
(pelo menos 6 mm de diâmetro sem os estames) com pedúnculo mais
longos (pelo menos 30 mm de comprimento), além dos folíolos reticulados
na face abaxial podem diferenciar as populações de caatinga de M. modesta
de M. ursina.

Barneby (1991) reconhece duas variedades para esta espécie, as duas


ocorrendo na caatinga, podendo serem diferenciadas através da seguinte
chave:

Chave para identificação das variedades de M. modesta:

1. Folíolos glabros, de até 10 mm compr. e 7 mm larg..............var. modesta

1. Folíolos revestidos por tricomas longos e setosos, de pelo menos 10


mm compr. e 7 mm larg................................................... var. ursinoides

Mimosa modesta Mart. var. modesta

Diferencia-se de M. modesta var. ursinoides principalmente pelos folíolos


menores, glabros nas duas faces.

Esta planta é mais característica de áreas de altitude elevada, acima de


1000 m alt., onde ocorre em campos rupestres e campos cerrados sobre
solo arenoso, na encosta oriental da Chapada Diamantina. Na caatinga, é

398
conhecida apenas de áreas alagadas na margem do rio São Francisco, em
Juazeiro (Bahia). Floração: ? Frutificação: ?

No contexto do grupo 6, pode ser reconhecida pelos folíolos facialmente


glabros (embora com margem ciliado-cerdosa) e relativamente pequenos
(até 10 mm compr. e 7 mm larg.).
Nome vernacular: malícia (Bahia).

Material selecionado: Bahia: Jacobina, J. S. Blanchet 2697 (K); Juazeiro, K. Martius 2316

(tipo de Mimosa modesta, K [foto HUEFS], M); Morro do Chapéu, A. Oliveira et al. 78

(HUEFS).

Mimosa modesta var. ursinoides (Harms) Barneby, Brittonia 37: 153. 1985.
Mimosa ursinoides Harms, Notizbl. Bot. Gart. Berlin-Dahlem 8: 711. 1924.

Apresenta folíolos maiores do que os da var. modesta e revestidos por


tricomas cerdosos longos na face abaxial.

Esta planta está distribuída principalmente na parte norte da Bahia,


Pernambuco e sul do Piauí, ocorrendo principalmente em caatinga aberta
com solo arenoso. Floração: i-iv. Frutificação: ii.
Há informação de que é uma planta tóxica para o gado (fide Luetzelburg
371, in sched.).

Nome vernacular: mimosa-de-vereda (fide Lewis 1987).

Material selecionado: Bahia: Gentio do Ouro, R. M. Harley at al. 18900 (CEPEC, K, NY);
Pilão Arcado, Ph. von Luetzelburg 371 (M); Remanso, E. Ule 7387 (K); Xique Xique, E.

Ule 7569 (K). Pernambuco: Buíque, D. A. Lima 55-2032 (IPA, K).

Mimosa morroënsis Barneby, Brittonia 37: 133. 1985.

Subarbusto prostrado a decumbente; ramos inermes; tricomas glandulares

399
longamente pedunculados densamente distribuídos nos ramos e na

raque foliar. Estípulas ovais, persistentes, reflexas. Folhas vi-ix / 15-

19, divaricadas; nectários extraflorais ausentes; espículas interpinais

ausentes; parafilídios ausentes; pinas decrescendo de tamanho proximal

e distalmente; folíolos medianos ligeiramente maiores, 3-4 x 1-1,5 mm,

oblongos, ápice arredondado, 2-3-nérvios, nervuras principal subcêntrica,

pinado ramificada. Glomérulos globosos, axilares em poucas folhas

distais, 6-7 mm diâm, pedunculados, pedúnculos aproximadamente do

mesmo comprimento da folha adjacente. Flores trímeras, rosa; corola

infundibuliforme, lacínias eretas; estames 6, anteras globosas; conectivo

não apiculado. Craspédio 25-30 x 3-4 mm, linear, subséssil, plano-

compresso, reto, inerme; replo discretamente ondulado; artículos oblongo-

retangulares, ca. 4-5 x 3 mm.

Mimosa morroënsis é conhecida por apenas duas coletas ambas realizadas


em áreas de caatinga associadas a maciços rochosos de arenito da Chapada
Diamantina, em altitudes de 500 a 1000m alt. Floração e frutificação: i-
iii.

Esta espécie compartilha com M. brevipinna o número relativamente


elevado de pinas (chegando a 9 pares) mas possui pinas mais longas (10-17
mm em M. morroënsis vs. 6 a 12 mm em M. brevipinna) com maior número
de folíolos por pina (15 a 19 vs. 7 a 10, respectivamente).

Material selecionado: Bahia: Brumado, M. M. Arbo et al. 7617 (CEPEC, NY); Morro do

Chapéu, H. S. Irwin et al. 30678 (isótipos de M. morroënsis: K [foto HUEFS], NY).

Mimosa nothopteris Barneby, Brittonia 37: 133. 1985.

Arbusto ca. 2,5 m alt.; ramos armados com 3 acúleos infranodais, além de

acúleos internodais esparsos, cônicos, retos ou ligeiramente recurvados.

Estípulas lineares, caducas. Folhas iv-vii / 14-17 (pinas distais); nectários

400
extraflorais ausentes; espículas interpinais curtas, subuladas; pinas

ligeiramente acrescentes para o ápice, recurvadas; parafilídios subulados;

folíolos proximais e distais ligeiramente menores, os medianos 3-5 x 1-

1,5 mm, estreitamente oblongos, ápice arredondado, base obliquamente

arredondada, 1-nérvios, nervura principal subcêntrica, não ramificada.

Espigas 1-2-fasciculadas, agrupadas em pseudoracemos terminais,

pedunculadas, 45-60 x 4 mm. Flores tetrâmeras, rosa-pálido; cálice

amplamente campanulado, 4-dentado; corola turbinada, lacínias eretas;

estames 8, anteras globosas; conectivo não apiculado; ovário revestido

por pontuações glandulares, subséssil. Fruto não visto.

Conhecida apenas de duas coleta na região limítrofe dos estados da Bahia


e do Piauí, em caatinga em solo arenoso alaranjado, em altitude de ca. 350
m. Floração: i-iv. Frutificação: ?

Mimosa nothopteris é uma espécie afim a M. adenophylla, diferenciando-se


principalmente pelos folíolos planos (vs. côncavos em M. adenophylla), em
menor número (14-17 pares por pina em M. nothopteris vs. 23-36 pares
em M. adenophylla) e de menores dimensões (os maiores folíolos de M.
nothopteris variando de 3-5 x 1-1,5 mm, e os de M. adenophylla 4-8 x 1,5-3
mm).

Material examinado: Bahia: localidade não estabelecida, caminho da BR 235 para Curral

Novo e Sudeste do Piauí, G. P. Lewis et al. 1074 (tipo de M. nothopteris, isótipo K, foto

HUEFS). Piauí: R. R. Farias & M. R. A. Mendes 493 (HUEFS, TEPB).

Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth., Trans. Linn. Soc. London 30:


415. 1875.

Arvoreta ou arbusto 2,5-8 (-12) m alt., com copa aberta; ramos cinza a

castanhos, com faixas longitudinais mais escuras, geralmente armados

nos internós com acúleos cônicos, ligeiramente recurvados, nigrescentes,

401
de base larga, raramente inermes. Estípulas subuladas, eretas, firmes,

persistentes após a queda das folhas. Folhas ii-iv(-vi) / 15-22 (pinas

distais); nectários extraflorais ausentes; espículas interpinais presentes

e inconspículas; pinas ligeiramente acrescentes para o ápice; parafilídios

cônicos, curtos; folíolos medianos ligeiramente maiores, 4-7 x 1-2 mm,

linear-oblongos, ápice agudo a obtuso, base obliquamente cordada,

peninérvios, a nervura principal originando 2 a 4 nervuras laterais, face

abaxial não pontuado-glandular. Espigas 2-3-fasciculadas, agrupadas

em pseudoracemos terminais, pedunculadas, 25-45 x 4-5 mm. Flores

tetrâmeras, brancas; cálice campanulado; corola infundibuliforme,

quadrandular em seção transversal, os ângulos costados, lacínias

encurvadas; estames 8, anteras globosas; conectivo não apiculado; ovário

glabro, subséssil. Craspédio 43-65 x 5-7 mm, séssil, plano-compresso,

reto, margens retas ou ligeiramente sinuosas, valvas lustrosas, castanhas;

artículos quase quadrados a retangulares, 6-8 x 6 mm.

Mimosa ophthalmocentra é uma espécie arbórea a arbustiva característica


da caatinga, distribuindo-se do Rio Grande do Norte ao centro-sul da
Bahia. Ocorre em formas de caatinga que se desenvolvem tanto em áreas
sedimentares quando na depressão sertaneja e, freqüentemente, também
em bancos arenosos de rios sujeitos a inundações periódicas, em altitudes
de 350 a 960 m. Raramente é encontrada em formas arbóreas de caatinga.
Floração: xi-vi, Frutificação: xii-viii.

Os principais caracteres diagnósticos desta espécie encontram-se na corola


e no fruto, podendo ser identificada pela corola com seção tetragonal, tubo
com formato estreitamente infundibuliforme e lacínias encurvadas, além
do fruto séssil. A forma da corola a aproxima de M. tenuiflora, uma espécie
simpátrica em grande parte da sua área de distribuição, mas as duas podem
ser diferenciadas pelo fato de que M. tenuiflora apresenta os folíolos com
pontuações víscido-glandulares na face abaxial, as quais estão ausentes em

402
M. ophthalmocentra. Outra espécie que ocorre simpatricamente com M.
ophthalmocentra é M. acutistipula e as duas são freqüentemente confundidas,
embora M. acutistipula não apresente as características da corola acima
descritas e possua fruto estipitado.

A planta é tida como forrageira (F. G. Alcoforado 300, in sched.) e a casca do


tronco como medicinal (M. F. Agra 5692, in sced.).

Nomes vernaculares: jurema-branca (geral), calumbí-vermelho (Iaçu e


Jacobina, BA), calumbí-preto (Iaçu, BA), jureminha ( Juazeiro, BA), jurema
(Maíri, BA; Serra Branca, PB; Campo Largo, PI), jurema-de-embira (Serra
Talhada, PE), jurema-preta (Campo Largo, PI).

Material selecionado: Bahia: Anajé, G. Hatschbach 46347 (K, MBM, NY); Antas, L. P.

Queiroz & N. S. Nascimento 3745 (HUEFS, NY); Aracatu, G. P. Lewis et al. CFCR 6727

(K, SPF); Barro Alto, T. S. Nunes et al. 626 (HUEFS); Bendengó, A. M. Giulietti & R. M.

Harley 1773 (HUEFS); Brotas de Macaúbas, T. S. Nunes et al. 276 (HUEFS); Brumado,

G. P. Lewis et al. CFCR 6719 (K, SPF, NY); Cafarnaum, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

3424 (HUEFS, K, NY); Campo Formoso, W. N. da Fonseca 385 (HRB, K); Cansansão,

R. M. Harley et al. 16451 (CEPEC, K, NY); Canudos, L. P. Queiroz et al. 7256 (HUEFS);

Capim Grosso, A. L. Costa 1333 (ALCB, HUEFS); Iaçu, J. D. C. Arouck-Ferreira 245

(HRB, HUEFS); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3389 (HUEFS, K, NY); Irecê,
E. L. P. G. de Oliveira 217 (BAH, K); Itiúba, R. M. Harley et al. 16466 (CEPEC, K); Jequié,

G. P. Lewis et al. 978 (CEPEC, K); Juazeiro, W. W. Thomas et al. 9633 (CEPEC, HUEFS,

K, NY); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1875 (CEPEC, K,

NY); Mairí, E. L. P. G. Oliveira 662 (BAH, HUEFS); Paulo Afonso, S. A. Mori & B. M. Boom

14225 (CEPEC, K, NY); Pindobaçu, M. L. S. Guedes et al. 7175 (ALCB, HUEFS); Poções,

S. A. Mori et al. 9533 (CEPEC, K); Remanso, L. Passos et al. 390 (ALCB, HUEFS);

Riacho de Santana, L. P. Queiroz et al. 5904 (HUEFS); Seabra, L. P. Queiroz & N. S.

Nascimento 3333 (HUEFS, K); Senhor do Bonfim, R. M. Harley et al. 16304 (CEPEC,

K, NY); Sobradinho, L. P. Queiroz et al. 7922 (HUEFS); Tucano, A. M. de Carvalho et

403
al. 3923 (CEPEC, HUEFS, K, NY); Xique Xique, R. M. Harley et al. 19176 (CEPEC, K).

Ceará: Quixeré, E. O. Barros et al. 143 (EAC, HUEFS). Minas Gerais: Monte Azul, G.

Hatschbach et al. 65772 (MBM, NY); Paraíba: Campina Grande, M. F. Agra 1131 (K);

Ouro Velho, M. A. Figueiredo s.n. (EAC, NY); Santa Terezinha, M. F. Agra & M. C. Silva

1613 (JPB, NY); Serra Branca, M. F. Agra et al. 5692 (HUEFS, JPB). Pernambuco:

Brejo da Madre de Deus, L. Figueiredo et al. 383 (PEUFR); Flores, J. E. de Paula 1484

(K); Petrolina, G. P. Silva 2434 (CEN, K); Serra Talhada, F. Gallindo IPA 60347 (HUEFS,

IPA); Venturosa, K. C. Costa 189 (NY, PEUFR). Piauí: Campo Largo, F. G. Alcoforado et

al. 330 (HUEFS); Campo Maior, C. G. Lopes et al. 154 (HUEFS, TEPB); Paulistana, A.

Fernandes s.n. (EAC, NY); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1101

(K). Rio Grande do Norte: Santana, N. Lima 46 (NY).

Mimosa paraibana Barneby, Mem. New


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York Bot. Gard. 65: 171. 1991.
Mimosa platycarpa Ducke, Anais Acad. Brasil. Ci. 31: 290. 1959, non Benth., Trans.
Linn. Soc. London 30: 417. 1875.
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Arbusto até árvore, atingindo 9 m alt.; ramos armados com acúleos

pequenos, recurvados, geralmente continuando na face adaxial do pecíolo

e da raque foliar. Estípulas estreitamente lanceoladas, persistentes.

Folhas iv-vii / 8-15 (pinas distais), nectários extraflorais ausentes; espículas

interpinais curtas; pinas acrescentes distalmente; parafilídios subulados;

folíolos acrescentes para o ápice, os distais 5-9 x 2-4 mm, oblongo-

obovados, os distais marcadamente obovados, ápice arredondado,

mucronulado, base obliquamente truncada, 3-nérvios, nervura principal


excêntrica, ramificada. Glomérulos globosos a elípticos, 5-6 mm diâm,

pedunculados, 1-2-fasciculados, axilares nas folhas distais ou agrupados

em pseudoracemos curtos e terminais. Flores tetrâmeras, rosa; cálice

campanulado, curtamente denticulado; corola infundibuliforme, lacínias

eretas; estames 8, anteras globosas; conectivo não apiculado. Craspédio

43-65 x 19-20 mm, oblongo, curtamente estipitado, plano-compresso,

404
reto; margens espessadas, retas; valvas nigrescentes (dadas como

avermalhadas in vivo, Félix 6631), cartáceas; artículos retangulares, 5-6

x 18-19 mm.

Mimosa paraibana é endêmica do Nordeste, distribuindo-se do Maranhão


ao Ceará e, para o sul, até o norte de Pernambuco (Barneby 1991). Ocorre
em caatinga e florestas estacionais, sobre solos arenosos e pedregosos.
Altitudes não registradas. Floração: iii-v. Frutificação: iii-vii

Esta espécie é bem caracterizada pelos folíolos obovados, relativamente


largos, e pelo fruto predominantemente oblongo, com artículos ca. duas
vezes mais largos do que longos. Este caráter pode ser também encontrado
(dentre as espécies arbustivo-arbóreas de Mimosa da caatinga) em M. pigra.
No entanto, nesta espécie os artículos tem parede espessa e superfície híspida
constituída por tricomas rígidos enquanto M. paraibana tem artículos do
craspédio glabros, nigrescentes e nítidos. Além disso, M. pigra possui o
indumento dos ramos e folhas híspido enquanto M. paraibana possui estas
estruturas quase glabras.

Material selecionado: Ceará: rodovia entre Fortaleza e Maranguape, A. Ducke 2542

(síntipo de M. platycarpa Ducke, K, foto HUEFS); Meruoca, A. Fernandes & P. Martins s.

n. (EAC, K). Paraíba: local não indicado, J. C. de Moraes 2135 (K, NY); Areia, D.A.Lima

s.n. IPA 25169 (IPA) Junco do Seridó, L. P. Félix & A. M. Miranda 6631 (Hst, HUEFS);

Picuí, M. F. Agra et al. 5830 (HUEFS, JPB); Serra Branca, M. R. Barbosa et al. 2234

(HUEFS, JPB). Pernambuco: Caruaru, D.A.Lima 70-6203 (IPA). Rio Grande do Norte:

Mossoró, D.A.Lima 72-6891 (IPA).

Mimosa pigra L., Cent. Pl. I: 13. 1755.


Mimosa pellita Humb. & Bonpl. ex Willd., Sp. Pl. ed. 4 (2): 1037. 1806.

var. pigra

405
Arbusto 1-3 m alt., com copa aberta e obcônica, às vezes escandente;

indumento híspido ou escabro constituído por tricomas rígidos de base

larga, pálidos ou amarelados; ramos armados com acúleos retos ou

recurvados. Estípulas ovais, persistentes. Folhas vi-xii / 27-40 (pinas

distais), nectários extraflorais ausentes; espículas interpinais longas,

subuladas, eretas; pinas eqüilongas ou as basais ligeiramente menores;

parafilídios curtos, cônicos; folíolos decrescentes proximal e distalmente,

os medianos 5-9 x 0,7-1 mm, lineares, ápice obtuso, base obliquamente

cordada, 4-5-nérvios, nervuras paralelas, salientes e discolores na face

abaxial, nervura principal subcêntrica. Glomérulos globosos a elípticos,

7-9 mm diâm, pedunculados, 1-2-fasciculados, axilares ou agrupados

em pseudoracemos curtos e terminais. Flores tetrâmeras, rosa; cálice

paleáceo com tubo curto e 4 lobos longos e setosos; corola infundibuliforme,

lacínias eretas, estriadas; estames 8, anteras globosas; conectivo não

apiculado. Craspédio 60-73 x 8-14 mm, linear, curtamente estipitado,

plano-compresso, reto ou ligeiramente curvo; margens espessadas, retas;

valvas cartáceas, densamente híspido-setosas; artículos retangulares, 3-4

x 11-12 mm.

Mimosa pigra é uma das espécies de Mimosa com mais ampla distribuição,
ocorrendo no Neotrópico e África tropical, além de ter sido naturalizada
na Malásia e na Austrália. Barneby (1991) tratou essa planta como Mimosa
pellita Humb. & Bonpl. ex Willd., já que o nome M. pigra deveria ser aplicado
a uma planta com distribuição mais restrita à porção austral da América do
Sul. Pelo fato do nome M. pigra já estar bem estabelecido para o táxon com
distribuição mais ampla e este conceito ter sido usado em muitas floras, o
mesmo foi conservado no sentido apresentado neste trabalho (Verdcourt
1989, Glazier & Mackinder 1997). Três variedades foram reconhecidas
para esta espécie (Barneby 1991). Apenas a var. pigra pode ser encontrada
ocasionalmente na caatinga, embora seja caracteristicamente uma planta

406
invasora em localidades onde há maior disponibilidade de água. Floração:
vi-xii. Frutificação: xii-vi.

É uma planta facilmente reconhecível, dentre as espécies de caatinga, pelo


indumento híspido constituído por tricomas rígidos, adpressos e de base
larga que revestem os ramos, folhas e frutos e pelos folíolos com 4 a 5
nervuras paralelas, salientes e discolores na face abaxial.

Nomes vernaculares: juquiri, jiquiri-grande (ambos gerais na Bahia),


calumbí (Rodelas, BA).

Material selecionado: Alagoas: Japaratinga, C. S. S. Barros et al. 84 (K, MAC); Piranhas,

R. A. Silva 1199 (HUEFS, Xingo). Bahia: Antas, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3717

(HUEFS); Barra, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4053 (HUEFS); Bom Jesus da Lapa,

G. Hatschbach et al. 55183 (MBM, NY); Casa Nova, T. S. Nunes et al. 549 (HUEFS);

Feira de Santana, M. V. O. Moraes 454 (HUEFS); Formosa do Rio Preto, F. França et al.

3267 (HUEFS); Ibotirama, H. P. Bautista & O. A. Salgado 875 (HRB, HUEFS); Jacobina,

F. França et al. 2461 (HUEFS); Livramento do Brumado, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

3656 (HUEFS, K); Rodelas, L. B. Silva & G. O. Mattos-Silva 33 (HRB, HUEFS); Senhor

do Bonfim, R. M. Harley et al. 16501 (CEPEC, K). Pernambuco: Tapera, B. J. Pickel 890

(NY). Piauí: Bom Jesus, L. Coradin et al. 5878 (CEN, K).

Mimosa pithecolobioides Benth., Trans. Linn. Soc. London 30: 413. 1875.
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Arbusto 2-3,5 m alt., às vezes tornando-se escandente, ramos

amarronzados, às vezes revestido por indumento acinzentado, inermes.


Folhas ii-iii / 3-5 (pinas distais); nectário crateriforme, séssil, suborbicular,

localizado entre cada par de pinas, nectários adicionais presentes entre

os folíolos distais de cada pina; pinas acrescentes para o ápice; folíolos

acrecentes para o ápice, os distais 28-37 x 17-30 mm, largamente elípticos

a obovais, ápice truncado a arredondado, margem revoluta; nervação

peninérvia, reticulada. Espigas pedunculadas, ca. 15-20 x 4 mm, dispostas

407
Figura 27 – A: Mimosa pigra var. pigra (1 - hábito; 2 - flor aberta longitudinalmente); B: Mimosa pseudosepiaria (1
- folha; 2 - detalhe de um folíolo; 3 - inflorescência; 4 - flor; 5 - fruto); C: Mimosa pudica var. tetrandra (1 - hábito;
2 - detalhe de um folíolo; 3 - flor); D: Mimosa sensitiva var. sensitiva (1 - hábito; 2 - flor aberta longitudinalmente);
E: Mimosa pithecolobioides (1 - hábito; 2 - flor); F: Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa (1 - hábito; 2 - flor aberta
longitudinalmente); G: Mimosa somnians var. somnians (1 - hábito; 2 - detalhe do ramo evidenciando um acúleo; 3
- tricomas glandulares da epiderme; 4 - detalhe de um folíolo; 5 - flor aberta longitudinalmente); H: Mimosa ursina
(1 - folha; 2 - detalhe de um folíolo; 3 - bráctea; 4 - flor aberta longitudinalmente; 5-6 - fruto, visões frontal e lateral,
respectivamente); I: Mimosa verrucosa (1 - hábito; 2 - detalhe da raque foliar mostrando a espícula interpinal e os
parafilídios na base das pinas; 3 - detalhe de um folíolo; 4 - flor; 5 - pistilo).

408
em panículas amplas, terminais, 2-3-fasciculadas na axila de folhas

reduzidas. Flores pentâmeras, brancas, ca. 4 mm compr.; corola com tubo

longo, lacínias curtas, deltóides, pubérulas; estames 10, anteras oblongas,

com conectivo ligeiramente apiculado; ovário glabro, subséssil. Craspédio

50-90 x 10-15 mm, plano-compresso, linear-oblongo, arqueado, margens

sinuosas; artículos retangulares, ca. 10-12 x 13 mm.

Mimosa pithecolobioides é uma espécie mais comumente encontrada no


cerrado, especialmente os associados à Cadeia do Espinhaço, nos estados
da Bahia e Minas Gerais. Barneby (1991) faz referências a coletas antigas
feitas no estado de São Paulo (Itu). Na caatinga, esta espécie pode ser
encontrada em formas transicionais para cerrado, em especial na região de
Caetité, centro-sul do estado da Bahia, sobre solo arenoso, de 700 a 900
m alt. As populações que ocorrem em formas mais típicas de cerrado e
campos rupestres tendem a apresentar folhas com folíolos menores e mais
numerosos do que as que ocorrem em caatinga. Floração: i-iv. Frutificação:
iv-vii.

Pelo hábito arbustivo, presença de nectários foliares e disposição das flores


em espigas, esta espécie pode ser confundida com espécies do gênero
Piptadenia, do qual pode ser diferenciada pelas ausência de glândulas nas
anteras e pelo fruto craspédio, característico do gênero Mimosa. As outras
espécies de Mimosa da caatinga com nectários foliares são M. irrigua e M.
lepidophora, ambas apresentando inflorescências em glomérulos, o que as
diferancia prontamente de M. pithecolobioides.
Material selecionado: Bahia: Caetité, C. Correia et al. 75 (HUEFS); Cristópolis, G.

Hatschbach 39487 (K, MBM, NY); Encruzilhada, J. C. de Lima & M. M. Santos 164 (HRB,

HUEFS, NY). Minas Gerais: Salinas, T. Jost et al. 468 (HER, HUEFS).

Mimosa pseudosepiaria Harms, Bot. Jahrb. Syst. 42: 207. 1908

409
Arbusto até árvore, 5-6 m alt.; ramos castanho-escuros com lenticelas

brancas, armados com acúleos recurvados. Estípulas subuladas,

persistentes. Folhas vi-ix / 15-20 (pinas distais), nectários extraflorais

ausentes; espículas interpinais curtas, cônicas; pinas ligeiramente

decrescentes proximal e distalmente; parafilídios curtos, cônicos; folíolos

proximais e distais ligeiramente menores, os medianos 2,5-7 x 0,5-1 mm,

lineares, ápice obtuso, base obliquamente truncada, 1-nérvios, nervura

principal subcêntrica, não ramificada, delicada, visível apenas como uma

linha discolor na face abaxial. Glomérulos globosos, pedunculados, 4-

5 mm diâm, 1(-2)-fasciculados, agrupados em panículas laxas terminais.

Flores tetrâmeras, brancas; cálice campanulado; corola infundibuliforme,

lacínias eretas; estames 8, anteras globosas; conectivo não apiculado;

ovário pubérulo. Craspédio 42-60 x 5-6 mm, estipitado, estípite 4-6 mm

compr., plano-compresso, reto; margens espessadas, sinuosas; valvas

amarronzadas com parede cartáceas; artículos (sub-)quadrados, ca. 4-5

x 5 mm.

Espécie conhecida apenas do vale do rio São Francisco, no norte da Bahia


( Juazeiro e Remanso) e sul de Pernambuco (Petrolina) e por uma coleta do
alto São Francisco (ao sul de Bom Jesus da Lapa, Bahia) e do Piauí (Paes
Landim). Da mesma forma que para M. exalbescens e M. hexandra, esta
espécie ocorre em baixadas inundáveis sobre solo arenoso, em altitudes de
ca. 450 m. Floração: i-iv. Frutificação: i-iv.

Mimosa pseudosepiaria faz parte de um grupo de espécies de difícil distinção


que inclui também M. exalbescens, M. hexandra e M. bimucronata (esta
última não registrada para a caatinga). Ela pode ser diferenciada destas
espécies principalmente pelos craspédios estipitados (M. hexandra tem
fruto séssil do tipo lomento) e mais estreitos (largura variando de 4 a 6 mm
em M. pseudosepiaria enquanto M. exalbescens e M. hexandra têm fruto com
8 a 12 mm larg.). Quando em floração, esta espécie pode ser diferenciada

410
das citadas espécies pelas flores tetrâmeras (M. exalbescens e M. hexandra
têm flores trímeras).

Nome vernacular: espinheiro-bravo (Bahia, fide Lewis 1987).

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, G. Hatschbach et al. 56596 (K, MBM);

Malhada, T. R. S. Silva et al. 146 (HUEFS); Pilão Arcado, L. Passos 26 (ALCB, HUEFS);
Remanso, E. Ule 7383 (tipo de M. pseudosepiaria, K, foto HUEFS).

Mimosa pudica L., Sp. Pl.: 518. 1753.

var. tetrandra (Humb. & Bonpl. ex Willd.) DC., Prodr. 2: 426. 1825.
Mimosa tetrandra Humb. & Bonpl. ex Willd., Sp. Pl. ed. 4: 1032. 1806.
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Subarbusto prostrado a escandente; ramos armados por um par

de acúleos infranodais retos e de base larga, às vezes com poucos

acúleos internodais esparsos, revestidos por tricomas setosos híspidos.

Estípulas lanceoladas, acuminadas, firmes, persistentes. Folhas ii / 12-

25 (pinas distais), nectários extraflorais ausentes; espículas interpinais

presentes; parafilídios ovais; pinas distais ligeiramente maiores; folíolos

medianos 5-11 x 1-2,5 mm, oblongo-lineares, 5-nérvios, nervura principal

subcêntrica, ramificada. Glomérulos globosos a elipsóides, 4-5 mm diâm,


pedunculados, 2-5-fasciculados, axilares nas folhas distais ou agrupados

em pseudoracemos curtos, terminais. Flores tetrâmeras, rosa; corola com

lacínias eretas, côncavas, não estriadas; estames 4, anteras globosas;

conectivo não apiculado. Craspédio 8-13 x 3-4 mm, estreitamente

oblongo, (sub-)séssil, plano-compresso; replo ondulado, híspido; artículos

quase quadrados, 2-3 x 2-3 mm.

Mimosa pudica é uma das espécies mais bem distribuídas do gênero. Sua
área de ocorrência natural foi tentativamente estabelecida por Barneby
(1991) desde o golfo do México e Caribe até a costa sul do Brasil. No

411
entanto, esta espécie encontra-se naturalizada nos trópicos do África,
Ásia e Oceania. É uma espécie invasora, que ocorre com muita freqüência
colonizando áreas degradadas e em beira de estradas. Na caatinga, M.
pudica var. tetrandra ocorre em ambientes degradados, de 120 a 600 m alt.
Floração e frutificação concomitantes ao longo do ano, provavelmente após
as chuvas, mais freqüentemente iv-xii.

Barneby (1991) reconhece 5 variedades para esta espécie das quais apenas
a var. tetrandra ocorre na caatinga. No contexto das espécies de Mimosa
da caatinga, esta planta pode ser reconhecida pela seguinte combinação
de caracteres: hábito prostrado, ramos com acúleos infranodais retos de
base larga, folhas bijugas e flores tetrâmeras, isostêmones. É uma planta
bem conhecida pela rápida reação de fechamento de suas folhas ao toque,
embora essa não seja um caráter exclusivo dentre as espécies de Mimosa da
caatinga.

Nomes vernaculares: sensitiva, malícia (ambos gerais), malícia-de-mulher,


malícia-verdadeira (ambos no Recôncavo, BA).

Material selecionado: Bahia: Angüera, E. Melo et al. 1717 (HUEFS); Castro Alves, C. A. L.

Carvalho 49 (HUEFS); Don Macedo Costa, L. R. Noblick & M. J. Lemos 3977 (HUEFS);

Feira de Santana, L. P. Queiroz & E. Barbosa 4427 (HUEFS); Ituaçu, L. P. Queiroz et al.
1681 (ALCB, HUEFS); Jacobina, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3497 (HUEFS, K);

Maracás, L. P. Queiroz & V. L. F. Fraga 3291 (HUEFS); Mundo Novo, L. P. Queiroz & N. S.

Nascimento 3448 (HUEFS, K); Seabra, H. S. Irwin et al. 31115 (K); Urandi, G. Hatschbach

et al. 56543 (K. MBM). Paraiba: Santa Rita, V. P. B. Fevereiro et al. 594 (K).

Mimosa quadrivalvis L., Sp. Pl.: 522. 1753.

var. leptocarpa (DC.) Barneby, Mem. New


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York Bot. Gard. 65: 298. 1991.
Schrankia leptocarpa DC., Prodr. 2:
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443. 1825.

412
Erva a subarbusto, prostrado a decumbente, algumas vezes escandente;

ramos 4-5 costados, armados com séries longitudinais de acúleos recurvados

sobre as costelas. Estípulas longamente setáceas, membranáceas.

Folhas ii-iv / 12-20; nectários extraflorais ausentes; espículas interpinais

subuladas; parafilídios cônicos a subulados; pinas ± eqüilongas;

folíolos aproximadamente do mesmo tamanho ou os proximais e distais

ligeiramente menores, os medianos 5-12 x 1-3 mm, oblongo-lineares,

ápice arredondado, 2-3-nérvios, nervuras principal excêntrica, pouco

saliente na face abaxial. Glomérulos globosos, 4-5 mm diâm, curtamente

pedunculados, 1-2-fasciculados, axilares nas folhas distais, raramente

agrupados em pseudoracemos curtos, terminais. Flores pentâmeras,

rosa; corola infundibuliforme, lacínias eretas; estames 6, anteras globosas;

conectivo não apiculado. Fruto 70-150 x 3-5 mm, longamente linear, séssil,

quadrangular em seção transversal, reto a ligeiramente curvo, armados

com acúleos eretos e retos; replo muito espessado e valvas contínuas,

não quebrando em artículos monospérmicos, a desicência ocorrendo na

junção entre septos e valvas resultando em um fruto falsamante 4-valvar.

Mimosa quadrivalvis possui uma grande distribuição na América tropical e


subtropical, distribuindo-se desde o sul dos Estados Unidos até a Argentina
e o Uruguai. A maior parte desta distribuição deve-se à M. quadrivalvis
var. leptocarpa, uma das 16 variedades reconhecidas por Barneby (1991) e
a única presente na caatinga, onde ocorre em ambientes antropizados de
90 a 650 m alt. Floração e frutificação ± concomitantes ao longo do ano,
provavelmente seguindo as chuvas.
Esta planta diferencia-se de todas as demais espécies de Mimosa pela
morfologia particular do fruto, cujos replos são tão ou mais largos do que as
valvas e estas são inteiras, não se quebrando em artículos monospérmicos.
Na maturação, o replo e as valvas separam-se completamente resultando
em quatro segmentos que podem ser, errroneamente interpretados como

413
quatro valvas. Esse tipo de fruto era o principal caráter diagnóstico do
gênero Schrankia e esta espécie é referida na maioria dos levantamentos
florísticos anteriores a 1991 como Schrankia leptocarpa DC.

Nomes vernaculares: malícia (geral), juquiri-carrasco (Recôncavo da


Bahia).
Material examinado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21530 (CEPEC,

K, NY); Campo Alegre de Loudes, T. S. Nunes et al. 376 (HUEFS); Cândido Sales, G.

Hatschbach 47349 (K, MBM); Contendas do Sincorá, M. M. da Silva et al. 325 (HUEFS);

Feira de Santana, L. P. Queiroz et al. 4432 (HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick 3721 (HUEFS);

Itiúba, M. M. Arbo et al. 5462 (CEPEC, HUEFS, NY); Miguel Calmon, L. R. Noblick 3843

(HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1922 (CEPEC, K,

NY); Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4111 (ALCB); Santa Terezinha,

L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3846 (HUEFS, K, NY); Senhor do Bonfim, T. S. Nunes et

al. 562 (HUEFS). Ceará: Jucas, B. Pickersgill et al. 72-261 (K); Sobral, M. C. H. Mamede

33 (EAC, HUEFS). Piauí: São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1161 (K).

Minas Gerais: Montes Claros, G. P. Lewis et al. CFCR 6736 (K, SPF).

Mimosa sensitiva L., Sp. Pl.: 518. 1753.


var. sensitiva

Subarbusto prostado ou escandente, caule ± fistuloso; ramos angulosos,

costados, armados com séries longitudinais de acúleos fortemente

recurvados sobre as costelas, continuando sobre o pecíolo. Estípulas ovais

a lanceoladas, persistentes. Folhas i / 2; nectários extraflorais ausentes;

espícula interpinal presente; parafilídios subulados; folíolos em 2 pares,

o par proximal com o folíolo interno atrofiado, folíolos distais geralmente

maiores, 25-45 x 13-21 mm, ovais a elípticos, ligeiramente falcados,

ápice acuminado, base hemi-cordada, 5-nérvios, nervuras palmadas,

proeminentes, reticuladas, nervura principal excêntrica. Glomérulos

414
globosos, 6-8 mm diâm, pedunculados, 1-2-fasciculados, axilares nas

folhas distais ou agrupados em pseudoracemos curtos, terminais. Flores

tetrâmeras, rosa; cálice paleáceo, com lacínias longas e divididas em setas

rígidas; corola cilíndrica, lacínias eretas, incurvadas; estames 4, anteras

globosas; conectivo não apiculado. Craspédio 15-25 x 5-7 mm, oblongo,

séssil, plano-compresso, reto; margens espessadas, sinuosas, revestidas

por setas longas e rígidas; artículos ca. 4 x 6 mm, retangulares.

Espécie amplamente distribuída no Nordeste do Brasil até o Pará e Mato


Grosso do Sul e no planalto das Guinas e Venezuela (Barneby 1991). Na
segunda metade do século XVII foi introduzida e cultivada na Europa como
uma curiosidade pelos movimentos rápidos das folhas quando tocadas.
Barneby (1991) reconhece duas variedades diferenciadas principalmente
pelo comprimento das brácteas e diâmetro do glomérulo. M. sensitiva
var. malitiosa (Mart.) Barneby não é registrada para a caatinga, ocorrendo
principalmente no sudoeste da Bahia e Minas Gerais, mas é possível que
trabalhos de campo em caatinga no sul da Bahia venham a amostrar esta
planta.

Na caatinga, M. sensitiva var. sensitiva ocorre como planta invasora em


ambientes antropizados, de 120 a 700 m alt. Floração e frutificação
concomitantes ao longo do ano, provavelmente após as chuvas.

Esta planta é facilmente diferenciada de todas as demais espécies de Mimosa


da caatinga pelas suas folhas que apresentam apenas um par de pinas e
apenas dois pares de folíolos por pina, sendo o folíolo interno do par basal
atrofiado, resultado em que as folhas apresentam extamente seis folíolos.
Além disso, os ramos apresentam séries longitudinais de acúleos recurvados
e as brácteas e o cálice apresentam as margens longamente setosas.

Nomes vernaculares: malícia, unha-de-gato, lambe-beiço (gerais), sensitiva,


malícia-de-mulher (ambos no Recôncavo, Bahia).

415
Material selecionado: Bahia: Abaíra, L. P. Queiroz 2612 (HUEFS, K, NY); Baixa Grande,

L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3318 (HUEFS, K); Bom Jesus da Lapa, L. Coradin et al.

6341 (CEN, K, NY); Caetité, C. Correia et al. 59 (HUEFS); Campo Formoso, L. Coradin et

al. 6048 (CEN, K, NY); Feira de Santana, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 2622 (HUEFS,

NY); Livramento do Brumado, R. M. Harley et al. 19886 (CEPEC, K, NY); Seabra, H.

S. Irwin et al. 31107 (K, NY); Tucano, L. M. C Gonçalves 90 (NY). Ceará: Aiuaba, L. W.

Lima-Verde et al.648 (EAC, HUEFS); Crateús, F. S. Araújo 1441 (EAC, HUEFS). Minas

Gerais: Januária, A. Salino 3067 (BHCB, NY). Pernambuco: Buíque, K. Andrade et al.

239 (NY, PEUFR); Floresta, M. Oliveira et al. 325 (HUEFS). Piauí: Caracol, R. Barros

TEPB 17517 (HUEFS, .TEPB); Castelo do Piauí, M. S. B. Nascimento 1059 (K); Irati,

M. S. B. Nascimento 217 (Cpmn, HUEFS); São José do Piauí, M. R. A. Mendes & R. S.

Albino 430 (HUEFS, TEPB).

Mimosa setuligera Harms, Bot. Jahrb. Syst. 42: 208. 1908.

Subarbusto prostrado; ramos revestidos por tricomas glandulares

pedunculados densos e por tricomas setosos híspidos mas não rígidos.

Estípulas ovais, reflexas, persistentes. Folhas viii-xi / 9-12, divaricadas;

nectários extraflorais ausentes; espículas interpinais ausentes; parafilídios

ausentes mas com um par de setas no ápice do pulvino; pinas ± eqüilongas;

folíolos medianos 2-3 x 1-1,5 mm, oblongos, ápice arredondado, nervuras

não visíveis. Glomérulos globosos, 7-8 mm diâm, pedunculados, pedúnculo

aproximadamente do mesmo comprimento da folha adjacente, axilares

em poucas folhas distais. Flores trímeras, rosa; corola infundibuliforme,

lacínias eretas; estames 6, anteras globosas; conectivo não apiculado.

Fruto ca. 65 x 6 mm, linear, reto; replo discretamente ondulado, híspido

setoso.

Mimosa setuligera é conhecida apenas de caatinga em áreas de solo arenoso


no norte da Bahia, sul de Pernambuco e sudeste do Piauí, a ca. 450 m alt.

416
Trata-se de uma planta relativamente rara e conhecida por apenas poucas
coletas. Floração e frutificação: i-v.

Esta planta é muito próxima e difícil de diferenciar de M. brevipinna.


Ambas compartilham o mesmo hábito delicado com longa raque foliar e
pinas numerosas e curtas em relação à raque. A principal diferença entre
elas reside na presença, em M. setuligera, de tricomas setosos híspidos sobre
os ramos e, particularmente, de duas setas no ápice do pulvino de cada pina
que simulam parafilídios. Estes caracteres podem não ser taxonomicamente
relevantes e é possível que estes dois táxons sejam co-específicos.

Material selecionado: Bahia: Pilão Arcado, L. P. Queiroz 6611 (HUEFS); Remanso, E. Ule

7388 (isótipo de M. setuligera, K, foto HUEFS). Piauí: Serra do Cavalheiro, A. Fernandes

s. n. (EAC, NY).

Mimosa somnians Humb. & Bonpl. ex Willd., Sp. Pl. ed. 4: 1036. 1806.
var. somnians

Subarbusto ereto, virgado, 0,7-1,5 m alt., raramente crescendo como

arbusto de até 2,5 m alt.; ramos esparsamente armados por acúleos

retos e revestidos por tricomas glandulares pedunculados. Estípulas


lanceoladas, acuminadas. Folhas iii-v / 20-50 (pinas distais), nectários

extraflorais ausentes; espículas interpinais ovais; parafilídios cônicos;

pinas acrescentes para o ápice; folíolos decrescentes para cada

extremidade da raque, os medianos 3-5 x 1-2 mm, lineares, 2-nérvios,

nervura principal subcêntrica, ramificada. Glomérulos globosos, 5-6

mm diâm, pedunculados, 1-2-fasciculados, axilares nas folhas distais ou

agrupados em pseudoracemos terminais. Flores tetrâmeras, rosa; corola

com lacínias longas, eretas, estriadas, 7-nervadas; estames 8, anteras

globosas; conectivo não apiculado. Craspédio 30-65 x 4-6 mm, linear,

estipitado, plano-compresso, inerme; replo discretamente ondulado;

417
artículos retangulares, dilatados no meio, 4-6 x 2-4 mm.

Mimosa somnians é uma espécie com distribuição ampla na América tropical


e subtropical, ocorrendo desde o sul do México até o norte da Argentina
(Barneby 1991). É uma planta pioneira, ocorrendo com freqüência em
ambientes degradados e em beira de estradas. Barneby (1991) reconhece
sete variedades para esta espécie sendo que a variedade somnians ocorre na
caatinga. É uma planta mais freqüente em áreas de capoeira em região de
floresta higrófila. Na caatinga, ocorre ocasionalmente em áreas degradadas.
Floração e frutificação: ii-iv.

Apresenta maior afinidade com M. glaucula, ambas compartilhando a corola


com lacínias amplas e estriadas. Pode ser diferenciada desta espécie pelo
maior número de pinas (3 a 5 pares vs. 2 pares), pelas pinas mais longas
(as distais maiores de 3 cm enquanto em M. glaucula elas medem até 2 cm
compr.) e folíolos mais numerosos em cada pina (20 pares ou mais em M.
somnians e 9 a 11 pares em M. glaucula).

Nomes vernaculares: dormideira (geral).

Material selecionado: Bahia: Saúde, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3566 (HUEFS);

Seabra, H. S. Irwin et al. 31115 (K); Urandi, G. Hatschbach et al. 56543 (K. MBM). Minas

Gerais: Montes Claros, G. P. Silva et al. 533 (CEN, HUEFS). Paraiba: Santa Rita, V. P. B.

Fevereiro et al. 594 (K). Piauí: Piracuruca, A. Carvalho et al. 160 (HUEFS, TEPB).

Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.,


����� Encycl. (Lamarck), Suppl. 1: 82. 1811.
Acacia tenuiflora Willd., Sp. Pl. ed. 4: 1088. 1806.
�����
Acacia hostilis Mart., Reise Bras. 1: 555. 1823.
�����
Mimosa hostilis (Mart.) Benth., Trans. Linn. Soc. London 30: 415. 1875.
�����
Mimosa limana Rizzini, Leandra, 3-4(4-5): 14. 1974.

Arbusto ou arvoreta 2,5-5 m alt., copa aberta; ramos nigrescentes,

418
resinosos, quando jovens, armados nos internós com acúleos subulados,

retos, de base larga, raramente inermes. Estípulas curtas, triangulares,

caducas. Folhas v-vii / 18-35 (pinas distais), resinosas, especialmente

quando jovens; nectários extraflorais ausentes; espículas interpinais

triangulares a subuladas; pinas acrescentes para o ápice; parafilídios

cônicos, curtos; folíolos medianos ligeiramente maiores, 4-7 x 1-1,5

mm, linear-oblongos, ápice obtuso, base obliqua, truncada, nervação

uninérvia, nervura principal não ramificada, face abaxial com pontuações

glandulares resinosas, nigrescentes quando secas. Espigas subsésseis,

45-60 (-80) x 5 mm, isoladas ou pareadas, axilares, raramente agrupadas

em pseudoracemos curtos terminais. Flores tetrâmeras, brancas;

cálice campanulado, 4-costado, com lacínias fortemente encurvadas;

corola infundibuliforme a campanulada, cilíndrica em seção transversal,

lacínias encurvadas ou patentes; estames 8, anteras globosas; conectivo

não apiculado; ovário coberto por pontuações glandulares, subséssil.

Craspédio 35-50 x 8-9 mm, estipitado, plano-compresso, reto, margens

retas ou ligeiramente sinuosas, valvas amareladas; artículos quadrados a

retangulares, 6-8 x 6-7 mm.

Mimosa tenuiflora é uma espécie de áreas sujeitas a secas periódicas,


distribuindo-se policentricamente no nordeste do Brasil, na norte da
Venezuela e Colômbia e vales secos no sul do México, Honduras e El
Salvador (Barneby 1991). É uma planta que apresenta grande capacidade
de colonização de áreas degradadas onde forma densos moitas arbustivas
quase homogêneas. Na caatinga, é mais freqüente em áreas de caatinga
arbustiva sobre solo arenoso. Floração: x-xii, iii-iv (talvez coincidindo com
o início da estação chuvosa). Frutificação: principalmente ix-xii.

Esta espécie pode ser reconhecida em campo pelos ramos e folhas novas
resinosos, deixando uma substância viscosa nos dedos ao manipular essas
partes da planta. Em geral, os ramos são castanhos quando frescos mas

419
se tornam escuros, quase negros, quando secos. Outras características que
auxiliam a diferenciar esta planta das demais espécies com flores brancas
em espigas são a presença de pontuações glandulares escuras na face inferior
dos folíolos e a forma peculiar do cálice, que apresenta os lobos fortemente
incurvados.
Um fato interessante em relação a esta espécie e que merece ser investigado
é a permanência de espigas jovens durante muito tempo, provavelmente
em estado dormente. É possível que elas possam se expandir rapidamente
quando as condições ambientais forem mais favoráveis, provavelmente
no início da estação chuvosa. Este fato, se confirmado, ilustraria uma
ineteressante ajuste fenológico desta espécie à distribuição estocástica de
chuvas na região da caatinga.

A madeira é um excelente combustível (Lewis & Pearson 1127, in sched.) e


é muito utilizada para a farbricação de carvão. É uma planta colonizadora
agressiva, de crescimento rápido e com boa capacidade de rebrota após
o corte, podendo ser uma espécie com potencial uso em projetos de
recuperação de áreas degradadas.

Nomes vernaculares: jurema-preta (geral), jurema (Crateús, CE), jurema-


de-embira (Serra Talhada, PE), calumbí ( Jequié, BA, talvez uma confusão
com M. arenosa), unha-de-gato ( Juazeiro, BA, talvez uma confusão com
espécies de Acacia).

Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6846 (HUEFS, MAC).

Bahia: Barra, A. L. Costa 1325 (ALCB, HUEFS); Barro Alto, T. S. Nunes et al. 305

(HUEFS); Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21402 (CEPEC, K, NY); Brotas de

Macaúbas, T. S. Nunes et al. 205 (HUEFS); Caetité, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

3642 (HUEFS); Campo Alegre de Lourdes, L. P. Queiroz et al. 7841 (HUEFS); Feira de

Santana, L. R. Noblick 2082 (HUEFS, K, NY); Formosa do Rio Preto, L. P. Queiroz & N.

S. Nascimento 4188 (HUEFS); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 18971 (CEPEC, K);

420
Glória, F. P. Bandeira 88 (ALCB, HUEFS); Ibitiara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3415

(HUEFS, K, NY); Itatim, F. França et al. 1810 (HUEFS); Itiúba, J. G. A. Nascimento & C.

Correia 23 (HUEFS); Ituaçu, L. P. Queiroz et al. 1702 (HUEFS); Jacobina, G. P. Lewis er

al. CFCR 7491 (K, SPF); Jequié, A. M. de Carvalho 1919 (CEPEC, HUEFS, K); Juazeiro,

A. L. Costa 1326 (ALCB, HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de

Andrade 1871 (CEPEC, K, NY); Maracás, L. P. Queiroz & V. L. F. Fraga 3266 (HUEFS,

K); Milagres, G. P. Lewis et al. 841 (CEPEC, K); Morpará, M. L. S. Guedes & D. P. Filho

7862 (ALCB, HUEFS); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3322 (HUEFS,

K, NY); Pilão Arcado, A. Nascimento et al. 250 (ALCB, HUEFS); Raso da Catarina, L. P.

Queiroz 436 (ALCB, K, NY); Remanso, L. P. Queiroz et al. 7874 (HUEFS); Retirolândia, R.

P. Oliveira 269 (HUEFS); Senhor do Bonfim, D. A. Lima 13147 (RB, tipo de Mimosa limana

Rizzini); Xique Xique, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3944 (HUEFS, K). Ceará: Aiuaba,

M. I. Bezerra-Loiola et al. 218 (EAC, HUEFS); Crateús, F. S. Araújo et al. 1544 (EAC,

HUEFS); Quixadá, F. Drouet 2434 (K). Paraíba: Piancó, P. von Luetzelburg 12739 (NY);

São José dos Cordeiros, I. B. Lima et al. 20 (JPB, HUEFS); Solânea, J. C. de Moraes 1980

(NY). Pernambuco: Cabrobró, G. Eiten & L. T. Eiten 4953 (K, NY); Flores, J. E. de Paula

& H. Alves 1483 (K, NY); Gravatá, M. V. B. Carvalho 2 (Hst, HUEFS); Ibimirim, A. Laurênio

et al. 85 (NY, PEUFR); Inajá, A. P. S. Gomes et al. 153 (HUEFS, NY, PEUFR); Petrolina,

j. Jangoux 1143 (NY); Serra Talhada, F. Gallindo & R. Pereira IPA 60348 (HUEFS, IPA).

Piauí: Arcoverde, M. M. da Silva et al. 455 (HUEFS); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis &

H. P. N. Pearson 1127 (K). Rio Grande do Norte: Riachelo, S. Tsaguru & Y. Sano B1267

(NY); Santana, N. Lima 33 (NY).

Mimosa ulbrichiana Harms, Bot. Jahrb. Syst. 42: 208. 1908.


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Subarbusto prostrado a decumbente; ramos inermes; tricomas glandulares

longamente pedunculados distribuídos nos ramos e na raque foliar.

Estípulas ovais, persistentes, ascendentes ou reflexas. Folhas v-vii / 18-

23 (pinas distais), divaricadas; nectários extraflorais ausentes; espículas

interpinais ausentes; parafilídios ausentes; pinas crescentes para o

421
ápice; folíolos medianos ligeiramente maiores, 3-4 x 1-1,5 mm, oblongos,

ápice arredondado, 3-nérvios, nervuras principal subcêntrica, ramificada,

pinado-reticulados na face abaxial. Glomérulos globosos, 11-12 mm diâm,

longamente pedunculados, mais longos do que a folha adjacente, axilares

em poucas folhas distais. Flores trímeras, rosa; corola infundibuliforme,

lacínias eretas; estames 6, anteras globosas; conectivo não apiculado.

Craspédio ca. 28 x 5 mm, linear, séssil, plano-compresso, reto, valvas

densamente hípido-pubescentes; replo discretamente ondulado, artículos

quadrados, ca. 5 x 5 mm.

Mimosa ulbrichiana foi incluída com hesitação pois ocorre em áreas


transicionais entre caatinga e cerrado e entre caatinga e campos rupestres
nos extremos setentrionais da Chapada Diamantina, entre Xique Xique e
Gentio do Ouro. É relatada como associada a solos arenosos e pedregosos
em altitudes de 500 a 600 m. Floração e frutificação concomitantes: (x-)xi-
v(-vii).

Esta espécie assemelha-se a M. morroënsis e M. hirsuticaulis pelas folhas


com número relativamente elevado de pinas e de folíolos por pina. No
entanto, M. ulbrichiana possui o pecíolo relativamente curto (até 15 mm
compr., cerca de 1,5x o comprimento dos segmentos interpinais da raque)
enquanto M. morroënsis e M. hirsuticaulis possuem pecíolo mais longo (até
36 mm compr., ca. 2-5x o coprimento dos segmentos interpinais).
Material selecionado: Bahia: Gentio do Ouro, M. M. Arbo et al. 5320 (CEPEC, HUEFS, K,
NY); Brotas de Macaúbas, G. Hatschbach et al. 65951 (HUEFS, MBM, NY); Santo Inácio,
E. Ule 7529 (isótipo de M. ulbrichiana: K [foto HUEFS], NY).

Mimosa ursina Mart., Flora 21: 56. 1838.

Erva decumbente a prostrada, anual, sem xilopódio; ramos armados com

acúleos infranodais. Estípulas linear-lanceoladas, persistentes. Folhas

i / 3-5; nectários extraflorais ausentes; espícula interpinal presente;

422
parafilídios subulados; pinas articuladas abaixo de cada par de folíolos

por tecido contrátil; folíolos acrescentes distalmente, os distais 7-12 x 3-

7 mm, ovais, ápice arredondado, apiculado, base obliquamente cordada,

margem ciliada com tricomas cerdosos rígidos, 3-5-nérvios, nervuras

palmadas, tênues, nervura principal subcêntrica. Glomérulos globosos, 2-

4 mm diâm, curtamente pedunculados, 1-2-fasciculados, axilares. Flores

tetrâmeras, rosa; corola cilíndrica, lacínias eretas, cimbiformes; estames

4, anteras globosas; conectivo não apiculado. Craspédio 11-19 x 6-7 mm,

oblongo, séssil, plano-compresso, reto; margens espessadas, sinuosas;

artículos 4-5 x 7 mm, retangulares, dilatados no meio e armados com

acúleos subulados.

Mimosa ursina é uma espécie com distribuição disjunta entre o Nordeste do


Brasil e a América Central, ocorrendo em habitas antropizados (Barneby
1991). É uma planta anual que, na caatinga, ocorre principalmente sobre
solo arenoso e com freqüência em áreas sujeitas a inundações periódicas, em
altitudes de 120 a 400 m. Floração e frutificação concomitantes, dispersas
ao longo do ano, provavelmente após as chuvas.

Espécie muito afim a M. modesta da qual pode ser diferenciada principalmente


pelos glomérulos significativamente menores e com pedúnculo mais curto.
Enquanto esta espécie apresenta glomérulos de 2 a 4 mm diâm. com
pedúnculo de 8 a 15 mm compr., M. modesta possui glomérulos com 6 a 11
diâm. e pedúnculo com 30 a 60 mm compr. quando totalmente desenvolvido.
Além disso, as populações de caatinga de M. ursina possuem folíolos com
nervação imersa no mesofilo e, portanto, inconspícua, enquanto M. modesta
tem nervuras salientes e reticuladas na face abaxial. Freqüentemente, M.
ursina apresenta os folíolos bicolores devido à presença de uma mancha
prateada na base.

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, A. L. Costa 282 (ALCB, HUEFS); Feira

423
de Santana, K. Martius s. n. 1819 (tipo de M. ursina, M); Ibotirama, G. Hatschbach 39513

(MBM, NY); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1921 (CEPEC, K,

NY); Urandi, G. Hatschbach et al. 56573 (K, MBM, NY). Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1369

(EAC, HUEFS); Serra da Merucoa, A. Fernandes s. n. (EAC, NY). Minas Gerais: Januária,

W. R. Anderson 9204 (K, NY). Piauí: Oeiras, G. Gardner 2132 (K); São Sebastião, M. S.

B. Nascimento 150 (Cpmn, HUEFS).

Mimosa verrucosa Benth., J. Bot. (Hooker) 4: 390. 1842.

Arbusto a arvoreta 2-3,5 m alt., bastante ramificado; ramos inermes;

indumento constituído de pontuações glandulares resinosas nigrescentes

e de tricomas verruciformes ramificados nos ramos jovens, eixos foliares e

nervuras maiores na face abaxial dos folíolos. Estípulas linear-lanceoladas,

persistentes. Folhas vi-ix / 15-21 (pinas distais); nectários extraflorais

ausentes; espículas interpinais subuladas; pinas acrescentes para o ápice;

parafilídios subulados; folíolos proximais e distais ligeiramente menores,

os medianos 5-10 x 2-4 mm, oblongos, ápice arredondado, mucronulado,

base hemicordada, 2-nérvios, nervura principal excêntrica. Espigas

pedunculadas, 60-98 x 5-6 mm, 2-3-fasciculadas, axilares ou agrupadas

em pseudoracemos terminais. Flores tetrâmeras, rosa-choque; cálice

amplamente campanulado, 4-dentado; corola com tubo curto, incluso no

cálice, lacínias eretas a patentes, mais longas que o tubo; estames 8,

anteras globosas; conectivo não apiculado; ovário tomentoso, subséssil.

Craspédio 37-45 x 7 mm, estipitado, plano-compresso, reto, margens

espessadas, sinuosas, valvas verde-acinzentadas; artículos quadrados,

ca. 6 x 7 mm.

Mimosa verrucosa é uma espécie de caatinga, especialmente a que se


desenvolve sobre solos arenosos, de 200 a 600 m alt. Distribui-se do
Ceará à região central do estado da Bahia e ao leste de Goiás. Floração e

424
frutificação concomitantes: vii-ii.

Dentro do grupo de espécies arbustivo-arbóreas de Mimosa com flores


rosa, esta planta pode ser diferenciada peincipalmente pela presença de
tricomas verrucosos nos ramos jovens, eixos foliares e face abaxial dos
folíolos, conferindo-lhes um aspecto granuloso. Tanto as plantas vivas
quanto material de herbário apresentam a folhagem acinzentada.

A cor das flores o a coloração atípica das flores dão a esta espécie um grande
potencial ornamental. Relatada como uma boa forrageira.

Nomes vernaculares: jureminha (geral), jurema (Crateús, CE; Santa Cruz


do Piauí, PI), jurema-preta (Castelo do Piauí, PI; Sobradinho, BA).

Material selecionado: Bahia: Campo Alegre de Lurdes, L. P. Queiroz et al. 6248 (HUEFS);

Casa Nova, K. R. B. Leite et al. 397 (HUEFS); Gentio do Ouro, H. C. de Lima et al. 3942

(K, RB); Ibotirama, T. Jost et al. 541 (HRB, HUEFS); “Itapira”, J. S. Blanchet 2869 (síntipo

de M. verrucosa: K, foto HUEFS); Paramirim, G. Hatschbach & O. Guimarães (K, MBM);

Pilão Arcado, L. P. Queiroz et al. 7387 (HUEFS); Remanso, E. Ule 7382 (K); Santa Rita

de Cássia, L. Coradin et al. 6307 (CEN, K, NY); Sobradinho, K. R. B. Leite et al. 376

(HUEFS). Ceará: Chapada do Araripe, A. Castellanos & L. Duarte 533 (RB); Crateús, F.

S. Araújo 1567 (EAC, HUEFS). Pernambuco: Petrolina, S. B. da Silva & G. C. P. Pinto


286 (HRB, K). Piauí: Castelo do Piauí, J. M. Costa 30 (HUEFS, TEPB); Irati, M. S. B.

Nascimento 201 (Cpmn, HUEFS); Jaicós, F. M. T. Freire et al. s.n. (TEPB 3684); Oeiras,

G. Gardner 2136 (lectótipo de M. verrucosa, K, foto HUEFS); Santa Cruz do Piauí, S. J.

Filho 189 (HBR, HUEFS).

Mimosa xiquexiquensis Barneby, Mem. New York Bot. Gard.


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65: 279. 1991.

Subarbusto prostrado a decumbente; ramos inermes; tricomas glandulares

longamente pedunculados densamente distribuídos nos ramos e na raque

foliar, a planta geralmente muito viscosa. Estípulas ovais a lanceoladas,

425
eretas, caducas. Folhas x-xix / 12-16, divaricadas; nectários extraflorais

ausentes; espículas interpinais ausentes; parafilídios ausentes; pinas

aproximadamente do mesmo comprimento; folíolos medianos ligeiramente

maiores, 2-3 x 0,5-1 mm, oblongos, ápice arredondado, nervuras não

visíveis. Espigas 30-50 x 4-5 mm, isoladas a pareadas, axilares, mais

curtas do que a folha adjacente, pedunculadas. Flores trímeras, rosa;

corola infundibuliforme, lacínias eretas; estames 6, anteras globosas;

conectivo não apiculado. Craspédio 25-30 x 4-5 mm, linear, estipitado,

plano-compresso, reto, inerme; replo ondulado.

Planta conhecida apenas de dunas interiores na região do baixo-médio


São Francisco, no norte do estado da Bahia, em altitides de 400 a 550 m.
Floração e frutificação concomitantes: ii-vii.

No contexto das espécies herbáceo-subarbustivas do gênero Mimosa na


caatinga, esta espécie diferencia-se facilmente por ser a única a presentar
inflorescências em espigas.

Nome vernacular: melosa.

Material selecionado: Bahia: Barra, L. P. Queiroz 4784 (HUEFS, SPF); Casa Nova, L. P.

Queiroz et al. 7909 (HUEFS); Xique-Xique, G. Davidse 11980 (tipo de M. xiquexiquensis;

holótipo: MO, isótipos: K, NY).

Vachellia Wight & Arn.


Gênero segregado de Acacia pela conservação de um novo tipo nomenclatural.
Em classificações anteriores (p.ex. Vassal 1972) correspondia a Acacia subgn.
Acacia. Vachellia inclui cerca de 161 espécies distribuídas nas Américas
(ca. 60 espécies), África (73), Ásia (36) e Austrália e ilhas do Pacífico (7)
(Orchard & Maslin 2003).

O gênero pode ser diagnosticado pela combinação de espinhos nodais

426
pareados, flores amarelas agrupadas em glomérulos axilares e frutos
cilíndricos e indeiscentes. Representado na caatinga por apenas uma
espécie.

Vachellia farnesiana (L.) Wight


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& Arn., Prod. Fl. Ind. Orient.:
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272. 1834.
Mimosa farnesiana L., Sp. Pl.: 521. 1753.
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Acacia farnesiana (L.) Willd., Sp. Pl. 4: 1083. 1806.
�����

Arbusto até arvoreta de 1,5-5 m alt., geralmente com 3-5 perfilhos,

ramificado, esgalhado, copa aberta; ramos fortemente lenhosos,

amarronzados, brilhantes, densamente pontuados por lenticelas

transversais esbranquiçadas, armados por espinhos estipulares,

pareados, retos. Folhas ii-v / 17-21 (pinas distais); nectário crateriforme,

orbicular a elíptico, séssil, localizado no pecíolo próximo à metade do seu

comprimento; pecíolo 12-22 mm compr.; pinas opostas, ± eqüilongas, as

distais 2,5-4 cm compr.; folíolos papiráceos, diminuindo de tamanho para

a base da pina, os medianos 4-5 x 1-1,5 mm, oblongo-lineares, obtusos a

agudos, base obliquamente arredondada, 1-nervados a partir do pulvinulo,

nervura principal subcêntrica e ramificada, nervação inconspícua ou

saliente e reticulada na face abaxial, glabrescentes em ambas as faces.


Glomérulos ca. 5 mm diâm., pedunculados, pedúnculo 15-30 mm compr.,

(1-)3-fasciculados, axilares. Flores muito perfumadas, odor forte de

baunilha, 3-5 mm compr., cálice infundibuliforme e corola cilíndrica, ambos

com lacínias eretas mais curtas do que o tubo, glabros; estames amarelos.

Fruto 5,4-7 x 1,1 cm, indeiscente, cilíndrico, ± carnoso, em perfil oblongo-

linear, apiculado, superfície lisa, quando maduro nigrescente.

Vachellia farnesiana é uma espécie de distribuição ampla no Neotrópico,


ocorrendo desde o México até o nordeste do Brasil, geralmente associado a
áreas secas ou com clima fortemente sazonal. Na caatinga é mais associada

427
às caatingas de areia, especialmente aquelas com fisionomia arbustiva e
mais aberta. Floração: xi, v, viii---. Frutificação: xi, iv, v.

Esta espécie é de fácil reconhecimento principalmente pelas estípulas


transformadas em espinhos que, portanto, ficam, pareados em cada
nó. Outras duas características marcantes desta espécie são os frutos
intumescidos, cilíndricos e indeiscentes e as flores amarelas e fortemente
fragrantes. Em algumas partes dos trópicos as flores desta planta são usadas
para a fabricação de perfume (Lewis 1987).

Nomes vernaculares: coronha (geral), espinheiro-de-avelino (Ipirá, BA),


calumbí (Brumado, BA), chorona-cris (provavelmente corruptela de
corona-cristi, uma alusão aos espinhos longos e curtos: Alagoinha, PE,
mas também em algumas outras áreas além da caatinga, como em Cruz
das Almas, BA), clorana (Alagoinha, PE), arapiraca (Canudos, BA, talvez
uma confusão com espécies de Chloroleucon, que apresentam armamento
semelhante).

Material selecionado: Bahia: Barra, A. L. Costa 1310 (ALCB, HUEFS); Brumado, M. Barros

et al. 20 (HRB, HUEFS); Caetité, G. P. Silva & M. Way (CEN, HUEFS); Canudos, F. H.

M. Silva & L. C. M. Lima 436 (HUEFS); Ibiraba, L. P. Queiroz 4776 (HUEFS); Ipirá, E. de

A. Dutra 47 (HUEFS); Itaberaba, J. C. de Lima et al. 240 (HRB, HUEFS); João Dourado,
R. M. Harley & A. M. Giulietti 53945 (HUEFS); Milagres, M. A. Mayworm 22 (HUEFS);

Saúde, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3564 (HUEFS, K); Tabocas do Brejo Velho, R. M.

Harley et al. 21973 (K); Tucano, L. P. Queiroz & T. S. N. Sena 3117 (HUEFS, K). Paraíba:

Solânea, V. P. B. Fevereiro 565 (K). Pernambuco: Alagoinha, P. Silva 80M (HUEFS). Rio

Grande do Norte: Pau dos Ferros, A. C. Sarmento & J. S. de Assis 758 (HRB, K, NY).

Senegalia Raf.

Arbustos, árvores ou lianas, às vezes com hábito variável de arbustivo a

428
escandente; ramos raramente inermes, geralmente armados com acúleos

dispersos nos internós, mais raramente com acúleos formando séries

longitudinais sobre costelas dos ramos. Estípulas caducas ou persistentes,

foliáceas a setáceas. Folhas bipinadas; nectários extraflorais presentes;

espículas interpinais ausentes; parafilídios ausentes ou presentes; folíolos

com nervação palmada, palmado-pinada ou uninérvia. Inflorescências

em espigas ou glomérulos, quando glomérulos homomórficos, axilares e

fasciculados ou secundariamente agrupadas em pseudoracemos e então

em panículas terminais. Flores pentâmeras; androceu polistêmone com

estames livres; ovário estipitado. Fruto legume, reto, plano-compresso,

margens espessadas, deiscência passiva, valvas cartáceas a rígido-

coriáceas. Sementes compressas; pleurograma geralmente aberto em

forma de “U”.

Senegalia é um gênero pantropical com cerca de 203 espécies distribuídas


nas Américas (97 espécies), África (69), Ásia (43) e Austrália (2) (Rico-
Arce 2001, Orchard & Maslin 2003). As espécies americanas encontram-se
distribuídas tanto em florestas úmidas quanto em formações vegetacionais
mais secas. Esse gênero foi segregado de Acacia o qual, na sua circunscração
atual, não está representado nas Américas.

A taxonomia das espécies neotropicais é bastante complexa pois diferentes


espécies (ou complexos de espécies) apresentam variação paralela em muitos
caracteres diagnósticos. O mesmo se verifica para as espécies de caatinga.
Um avanço significativo foi o trabalho de Bocage (2005), que tratou as
espécies do semi-árido (como Acacia). É necessário, no entanto, ampliar o
estudo do gênero de modo a caracterizar melhor sua variação ao longo do
sua área de ocorrência, a fim de se obter uma taxonomia ais estável.

Chave para as espécies de Senegalia da caatinga:

429
1. Ramos costados armados com séries longitudinais de acúleos sobre
as costelas, os acúleos continuando na superfície inferior da raque foliar

2. Flores em glomérulos...................................................S. martiusiana

2. Flores em espigas...............................................................S. velutina


1. Ramos não costados; acúleos, quando presentes, dispersos no internó,
não formando séries longitudinais

3. Flores em espigas

4. Folhas com 3 a 5 pares de pinas, cada pina com até


28 pares de folíolos; espigas com 5 a 10 cm compr.; flores
brancas......................................................................S. piauhiensis

4. Folhas com 6 a 7 pares de pinas, cada pina com 31 a 39


pares de folíolos; espigas curtas, com até 3 cm compr.; flores
amarelas.................................................................. S. monacantha

3. Flores em glomérulos

5. Folíolos em 4 a 5 pares por pina, relativamente grandes, os


distais com 42 a 50 mm compr. e 21 a 22 mm larg. ..S. kallunkiae

5. Folíolos significativamente menores (até 12 mm compr. e 4


mm larg.) e mais numerosos (pelo menos 9 pares por pina)

6. Folhas com 9 a 15 pares de pinas

7. Folhas com 12 a 15 pares de pinas, cada pina com 51


a 72 pares de folíolos; glomérulos com 4-5 mm diâm.;
corola glabra ou com poucos tricomas no ápice das
lacínias............................................................... S. tenuifolia

7. Folhas com 9 a 10 pares de pinas, cada pina com até 32


pares de folíolos; glomérulos com 7-8 mm diâm.; corola

430
pubescente........................................................ S. polyphylla

6. Folhas com 3 a 8 pares de pinas

8. Folhas com até 5 pares de pinas e pinas com até 18 pares


de folíolos
9. Estípulas foliáceas, ovais, com base cordada, de
pelo menos 9 x 6 mm; glomérulos ca. 10-11 mm
diâm...............................................................S. bahiensis

9. Estípulas lineares a subuladas, incospículas, com até 3


mm compr.; glomérulos ca. 5-6 mm diâm.

10. Pecíolo 7-15 mm compr.; folíolos coriáceos,


pubérulos e côncavos na face abaxial, com até 6
mm compr. e 2,5 mm larg..................... S. langsdorffii

10. Pecíolo 31-40 mm; folíolos membranáceos,


planos, glabros, com ca. 10-12 mm compr. e 4
mm larg....................................................... S. santosii

8. Folhas com 6 ou mais pares de pinas e pinas com mais


de 20 pares de folíolos (se ocasionalmente folhas com 5
pares de pinas então folíolos em mais de pares)

11. Glomérulos ca. 10-11 mm diâm.; folíolos


geralmente com um tufo de tricomas brancos na
base da nervura principal na face abaxial; nectário
peciolar elevado em um pedúnculo com mesmo
diâmetro da cabeça...........................................S. riparia

11. Glomérulos ca. 7-8 mm diâm.; folíolos glabros ou


pubérulos, sem um tufo de tricomas diferenciado na
base do folíolo; nectário peciolar séssil . ...... S. polyphylla

431
Armamento de acúleos dispersos (não seriados) ou
Armamento de
plantas inermes
Senegalia acúleos em séries
longitudinais Folhas 12+
Folhas 2-5-jugas Folhas 6-10-jugas
jugas
Grupo 1
brancas amarelas
Flores em espigas

Flores

S. monacantha
Flores

S. piauhiensis S. velutina
amarelas
Flores
Flores em glomérulos

Grupo 2
> 6 mm diâm.*. ” 6 mm diâm.*
Glomérulos

S. kallunkiae
S. martiusiana S. langsdorffii S. tenuifolia
S. santosii
Flores brancas

Glomérulos

S. bahiensis S. polyphylla
S. riparia S. riparia

∗ Diâmetro medido sem considerar os filetes.

Chaves auxiliaries
Grupo 1:
1. Ramos 4-costados, armados com acúleos seriados sobre as costelas;
lado inferior da raque foliar aculeado.....................................S. velutina

1. Ramos não costados, armados com acúleos dispersos; folhas não


aculeadas

2. Folhas com 3 a 5 pares de pinas, cada pina com até 28 pares de


folíolos; espigas com 5 a 10 cm compr.; flores brancas..S. piauhiensis

2. Folhas com 6 a 7 pares de pinas, cada pina com 31 a


39 pares de folíolos; espigas curtas, com até 3 cm compr.; flores

432
amarelas....................................................................... S. monacantha

Grupo 2:
1. Folíolos em 4 a 5 pares por pina, relativamente grandes, os distais
com 42 a 50 mm compr. e 21 a 22 mm larg. ......................S. kallunkiae

1. Folíolos significativamente menores (até 12 mm compr. e 4 mm


larg.) e mais numerosos (pelo menos 9 pares por pina)

2. Folhas com 9 a 15 pares de pinas

3. Folhas com 12 a 15 pares de pinas, cada pina com 51 a 72 pares


de folíolos; glomérulos com 4-5 mm diâm.; corola glabra ou
com poucos tricomas no ápice das lacínias.................. S. tenuifolia

3. Folhas com 9 a 10 pares de pinas, cada pina com até 32


pares de folíolos; glomérulos com 7-8 mm diâm.; corola
pubescente................................................................. S. polyphylla

2. Folhas com 3 a 8 pares de pinas

4. Folhas com até 5 pares de pinas e pinas com até 18 pares de


folíolos
5. Estípulas foliáceas, ovais, com base cordada, de pelo menos
9 x 6 mm; glomérulos ca. 10-11 mm diâm..............S. bahiensis

5. Estípulas lineares a subuladas, incospículas, com até 3 mm


compr.; glomérulos ca. 5-6 mm diâm.

6. Pecíolo 7-15 mm compr.; folíolos coriáceos, pubérulos


e côncavos na face abaxial, com até 6 mm compr. e 2,5
mm larg.......................................................... S. langsdorffii

6. Pecíolo 31-40 mm; folíolos membranáceos, planos,


glabros, com ca. 10-12 mm compr. e 4 mm larg... S. santosii

433
4. Folhas com 6 ou mais pares de pinas e pinas com mais de 20
pares de folíolos (se ocasionalmente folhas com 5 pares de
pinas então folíolos em mais de pares)

7. Glomérulos ca. 10-11 mm diâm.; folíolos geralmente com


um tufo de tricomas brancos na base da nervura principal
na face abaxial; nectário peciolar elevado em um pedúnculo
com mesmo diâmetro da cabeça.................................S. riparia

7. Glomérulos ca. 7-8 mm diâm.; folíolos glabros ou pubérulos,


sem um tufo de tricomas diferenciado na base do folíolo;
nectário peciolar séssil . ........................................ S. polyphylla

Senegalia bahiensis (Benth.) A.Bocage & L.P.Queiroz, Neodiversity 1: 12.


2006.
Acacia bahiensis Benth., Trans. Linn. Soc. London 30: 523. 1875.
�����
Acacia tavaresorum Rizzini, Leandra 3-4 (4-5): 13. 1974.

Arbusto até arvoreta de 1,5-3,5 m alt., ramificado na base mas ramos

geralmente longos e virgados, muitas vezes com ápice ± pendente,

resultando em copa aberta; tronco e ramos basais com casca lisa, cinza-

clara, revestidos por acúleos nigrescentes, retos, de base larga, ramos

distais avermelhados. Estípulas 9-15(-20) x 6-7(-11) mm, caducas, ovais a

lanceoladas, foliáceas. Folhas iii-v / 9-11 (pinas distais); nectário achatado,

elevado por um pedúnculo aproximadamente do mesmo diâmetro,

presente entre ou imediatamente abaixo do primeiro par de pinas, às

vezes com nectário adicional entre o último par de pinas; pecíolo 5-13 mm

compr.; pinas (sub)opostas, acrescentes para o ápice, as distais 3,1-4 cm

compr.; folíolos cartáceos, decrescentes para as extremidades da pina,

434
os medianos 8-10(-13) x 3-3,5(-4,5) mm, oblongos, planos, obtusos, base

assimétrica, truncada, 5-nervados, nervura principal excêntrica, nervação

saliente e reticulada na face abaxial, glabrescentes a, raramente, pubérulos

em ambas as faces. Glomérulos ca. 10 mm diâm., pedunculados,

pedúnculo 15-25 mm compr., 3-5-fasciculados, fascículos quase sempre

agrupados em pseudoracemos terminais, raramente apenas axilares nas

folhas distais. Flores ca. 10 mm compr., cálice infundibuliformes; corola

infundibuliforme, lacínias eretas a encurvadas mais curtas do que o tubo,

glabras, raramente pubérulas; estames brancos. Legume (6,5-)8,5-10 x

1,2-1,4(-2,8) cm, plano, linear, acuminado, reto, margens retas; valvas

rígido-coriáceas, lateralmente onduladas, amarronzadas.

Senegalia bahiensis é basicamente uma planta de caatinga, ocorrendo


principalmente na porção oriental do bioma, do Rio Grande do Norte
ao norte de Minas Gerais, em altitudes de 120 a 750 m (ocasionalmente
em até 1000 m alt., na Chapada Diamantina), em solo arenoso a areno-
argiloso, pedregoso ou não. É comum em várias fisionomias de caatinga,
principalmente na arbórea em área de transição para florestas estacionais,
mas não é rara em caatingas arbustivas mais abertas assim como em áreas
degradadas. Floração: xi-iv. Frutificação: xii-vi(-ix).

Esta espécie é bem caracterizada morfologicamente, sendo diagnosticada,


no âmbito das espécies de caatinga, principalmente pelas estípulas amplas
e cordadas e folhas com relativamente poucos folíolos. Apresenta alguma
variação no hábito, tornando-se escandente quando em vegetação mais
densa, embora essa condição seja relativamente rara. Em geral os folíolos
e o perianto são glabros ou quase glabros mas algumas populações,
particularmente da serra do Tombador ( Jacobina), os apresentam
densamente pubérulos.

Nomes vernaculares: coração-de-mulato, unha-de-gato, calumbí-branco

435
(gerais), pau-de-fuso (Ipirá, Feira de Santana e Santa Terezinha, BA),
calumbí-preto (Serra Preta, BA), calumbí-de-fuso (Tanquinho, BA),
arrebenta-foice (ambos em Maracás, BA), espinheiro-branco-de-âmago-
vermelho (Glória, BA), rompe-gibão ( Januária, MG), unha-de-gato-do-
miolo-vermelho (Barro Alto, BA), espinheiro (Tanquinho, PE).

Material selecionado: Alagoas: Olho d’Água do Casado, L. M. Cordeiro 23 (HUEFS,

Xingo); Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6704 (HUEFS, MAC); Piranhas, R. Silva 1540

(HUEFS, Xingo). Bahia: América Dourada, F. França et al. 4706 (HUEFS); Anagé, G.

Hatschbach 46365 (K); Barro Alto, T. S. Numes et al. 622 (HUEFS); Boa Vista do Tupim,

L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3873 (HUEFS, NY); Camaleão, R. M. Harley et al 16285

(CEPEC, K, NY); Carinhanha, J. G. Jardim et al. 3515 (CEPEC, HUEFS); Curaçá, D. P.

Lima 13152 (tipo de Acacia tavaressorum Rizzini: K [foto HUEFS], RB); Feira de Santana,

L. P. Queiroz & T. S. N. Sena 3101 (HUEFS, K); Glória, F. P. Bandeira 229 (HUEFS); Iaçu,

R. M. Harley et al. 20535 (CEPEC, K); Ichu, A. S. Carneiro 14 (HUEFS); Ipirá, L. P. Queiroz

et al. 3120 (HUEFS, K); Irecê, T. S. Nunes et al. 614a (HUEFS); Iraquara, L. P. Queiroz

& N. S. Nascimento 3410 (HUEFS, K); Itatim, F. França et al. 1820 (HUEFS); Itiúba, L.

P. Queiroz et al. 7302 (HUEFS); Ituaçu, E. P. Gouveia 61/83 (ALCB, K); Jacobina, A. M.

de Carvalho & J. Saunders 2784 (CEPEC, K); Jaguarari, L. Coradin et al. 6017 (CEN, K,

NY); Jequié, G. P. Lewis et al. 974 (CEPEC, K); Jussiape, G. Hatschbach et al. 56830

(K, MBM); Lafaiete Coutinho, E. Melo & F. França 1186 (HUEFS); Manoel Vitorino, S. A.

Mori et al. 11238 (CEPEC, K); Maracás, L. P. Queiroz & V. L. F. Fraga 3269 (HUEFS, K);

Miguel Calmon, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3529 (HUEFS, K); Milagres, M. M. da

Silva et al. 362 (HUEFS); Monte Santo, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4624 (HUEFS);

Morro do Chapéu, H. C. de Lima et al. 3922 (K, RB); Paulo Afonso, S. A. Mori & B. M.

Boom 14237 (CEPEC, K); Retirolândia, R. P. Oliveira et al. 311 (HUEFS); Riachão do

Jacuípe, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4093 (HUEFS); Santa Brígida, L. P. Queiroz &

N. S. Nascimento 3743 (HUEFS, NY); Santa Inês, T. S.dos Santos et al. 3072 (CEPEC,

NY); Santa Terezinha, L. P. Queiroz & T. S. N. Sena 3521 (HUEFS, K); Senhor do Bonfim,

R. M. Harley et al. 16383 (CEPEC, K, NY); Serra Preta, H. C. de Lima et al. 3873 (K,

436
RB); Tanquinho, I. C. Crepaldi & M. V. O. Moraes 9 (HUEFS); Uauá, N. G. Jesus et al. 6

(ALCB, HUEFS); Valente, L. P. Queiroz et al. 3016 (HUEFS, K). Minas Gerais: Januária,

J. A. Lombardi 2092 (BHCB, HUEFS); Missões, R. F. Vieira et al. 1046 (CEN, HUEFS).

Pernambuco: Alagoinha, R.Pereira ET al. 363 (IPA); Belo Jardim, L. P. Félix et al. HST

5269 (Hst, HUEFS); Buíque, A.P.S.Gomes et al. 316 (PEUFR); Caruaru, M. V. B. Carvalho

15 (Hst, HUEFS); Floresta, M. J. N. Rodal et al. 615 (K, PEUFR); Inajá, D.A.Lima 948

(IPA); São Caetano, J. E. G. Lima 3 (Hst, HUEFS); Tanquinho, V. Lima et al. 28 (HUEFS,

IPA); Toritama, M. V. B. Carvalho 139 (Hst, HUEFS); Venturosa, K. C. Costa et al. 144

(NY, PEUFR). Piauí: São Raimundo Nonato, coletor não identificado, s.n. (RB 351230).

Rio Grande do Norte: Apodi, A.Castellanos 22855 (R); Mossoró, E.Nunes et al. s.n. (EAC

5661). Sergipe: Canindé do São Francisco, R. M. Harley et al. 54279 (HUEFS).

Senegalia kallunkiae ( J.W.Grimes & Barneby) A.Bocage &


L.P.Queiroz, Neodiversity 1: 12. 2006.
Acacia kallunkiae J.W.Grimes & Barneby, Brittonia 37: 186. 1985.

Árvore até 15 m alt. x ca. 30 cm DAP; ramos cinza-claros, remotamente

aculeados, acúleos pequenos e incurvados. Estípulas caducas, não vistas.

Folhas ii(-iii) / 4-5 (pinas distais); nectário discóide, séssil, elíptico, localizado

na base do pecíolo, logo acima do pulvino, nectário adicional presente

entre o último par de pinas; pecíolo 15-30 mm compr.; pinas opostas, as

basais menores, as distais 4,5-6 cm compr., distância entre as pinas 16-

20 mm; parafilídios ausentes ou, raramente, presentes e lanceolados;

folíolos cartáceos, acrescentes distalmente, os medianos 34-40 x 15-19

mm, oblongo-romboidais, os distais 42-50 x 21-22 mm, ineqüilateralmente

elípticos, agudos a obtusos, base obliquamente arredondada a auriculada,

3-nervados a partir do pulvínulo, nervura principal excêntrica, ramificada,

nervação palminérvia, reticulada, broquidródroma, saliente em ambas as

faces, glabros. Glomérulos globosos, ca. 5 mm diâm., paucifloros, 8-14

437
flores, subésseis, pedúnculo ca. 3 mm compr., 2-3-fasciculados, fascículos

agrupados em panícula ampla, laxa, terminal. Flores ca. 4 mm compr.;

cálice glabro; corola pubérula, ca. 2x o comprimento do cálice; estames

brancos. Legume não visto.

Senegalia kallunkiae é conhecida de áreas limítrofes entre a caatinga


e florestas estacionais na Bahia, próximo a Itaberaba e Caatiba. Não há
registro muito preciso do seu habitat sendo possível que seja uma planta
mais característica das florestas semi-decíduas que ocorrem nessas regiões.
Floração: iii. Frutificação: xi.

Esta planta se diferencia prontamente das demais espécies de Senegalia da


caatinga pelas suas folhas com poucas pinas (2 a 4 pares), poucos folíolos (4
a 5 pares nas pinas distais) e folíolos grandes. Vegetativamente assemelha-
se a algumas espécies dos gêneros Piptadenia e Inga mas o número elevado
de estames e o fato deles serem livres até a base permitem diferenciá-la das
mesmas.

Material examinado: Bahia: Caatiba, S. A. Mori et al. 9373 (tipo de A. kallunkiae, CEPEC,

K [foto HUEFS]); Itaberaba, E. de F. Almeida 34 (K, RB); Lajedinho, A. P. de Araújo 314

(HRB, HUEFS).

Senegalia langsdorffii (Benth.) A.Bocage & L.P.Queiroz, Neodiversity 1:


12. 2006.
Acacia langsdorffii Benth., J. Bot. (Hooker) 1: 421. 1842.

Arbusto até arvoreta 1-2,5 m alt., ramificado na base, ramos geralmente

virgados, copa aberta, ramos castanhos, longitudinalmente estriados,

inermes ou remotamente aculeados com acúleos curtos e recurvados,

raramente tornando-se escandente e então apresentando ramos de

ancoragem mais delgados e mais densamente aculeados. Estípulas

438
caducas, não vistas. Folhas iii-iv / 16-18 (pinas distais); nectário discóide,

séssil, localizado no pecíolo entre o 1/3 basal e a metade do seu

comprimento; pecíolo 7-15 mm compr., ca. da metade do comprimento

das pinas; pinas opostas, acrescentes para o ápice, as distais 3,5-

5,5 cm compr., formando um ângulo de 90° com a raque foliar, muitas

vezes curvadas; folíolos coriáceos, geralmente eretos na raque da pina,

decrescentes para as extremidades da pina, os medianos 5-6 x 1,8-2,3

mm, oblongos, ápice arredondado, base obliquamente truncada, côncavos

na face abaxial, 1-nervados a partir do pulvínulo, nervura principal

excêntrica, saliente na face abaxial, as demais nervuras inconspícuas,

pubérulos na face abaxial. Glomérulos ca. 6 mm diâm., pedúnculo 10-15

mm compr., 3-5-fasciculados, fascículos agrupados em pseudoracemos ou

panículas terminais. Flores ca. 4-5 mm compr.; perianto pubérulo, cálice

campanulado, amplo, corola infundibuliformes, ca. 2x o comprimento do

cálice; estames brancos; ovário densamente pubescente, tricomas brancos,

estipitado, estípite ca. ½ do comprimento da corola, o ovário ficando ± na

mesma altura do tubo da corola. Legume 8,5-12 x 2,1-2,5(-3) cm, plano,

oblongo-linear, arredondado no ápice, base contraída em estípite de 4-

10 mm compr., reto, margens retas; valvas rígido-coriáceas, lateralmente

onduladas, amarronzadas, densamente revestida por tricomas pubérulos

curtos e esbranquiçados.

Senegalia langsdorffii ocorre principalmente em caatinga, florestas estacionais


(“matas de cipó”) e áreas de contato caatinga-cerrado, distribuindo-se do
Ceará e Piauí ao norte de Minas Gerais, em altitudes de 250 a 450 m, mas
alcançando até 1000 m nas caatingas das encostas ocidentais das serras da
Chapada Diamantina. Geralmente ocorre em solo arenoso ou pedregoso.
Floração: xii-iv. Frutificação: xii-vi.

Na caatinga, esta planta geralmente ocorre como um arbusto ou arvoreta


de copa aberta e ramos inermes ou esparsamente aculeados mas, em formas

439
arbóreas ou em florestas estacionais, ela assume um aspecto escandente
apresentando ramos longos e densamente aculeados que servem para
ancoragem da planta, formando, então, densas moitas.

A diferenciação dessa espécie das demais do gênero Senegalia com


inflorescências em glomérulos pode ser feita principalmente pelo número
relativamente baixo de folíolos (16 a 18 pares) e pelos folíolos com base
truncada, relativamente largos, largo-oblongos a romboidais, côncavos na
face abaxial.

Nomes vernaculares: unha-de-gato (geral), lambe-beiço (Iaçu, BA), toca-


d’onça (Campo Alegre de Lurdes, BA, forma escandente)

Material selecionado: Bahia: Abaíra, R. M. Harley et al. 28354 (HUEFS); Andaraí, A. M.

de Carvalho & W. W. Thomas 3023 (CEPEC, K); Barra, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

4065 (HUEFS, K); Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21576 (CEPEC, K); Caetité,

L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3643 (HUEFS, K); Cafarnaum, L. P. Queiroz & N. S.

Nascimento 3422 (HUEFS, K); Campo Alegre de Lourdes, R. M. Harley et al. 54375

(HUEFS); Campo Formoso, A. M. Giulietti & R. M. Harley 1796 (HUEFS); Castro Alves, L.

P. Queiroz et al. 3081 (HUEFS); Cristópolis, L. Coradin et al. 8518 (CEN, HUEFS); Feira de

Santana, A. K. A. Santos et al. 68 (HUEFS); Filadélfia, R. M. Harley et al. 16149 (CEPEC,

K); Glória, L. P. Queiroz 756 (ALCB, HUEFS); Iaçu, G. P. Lewis et al. 845 (CEPEC, K);

Ibitiara, L. Coradin et al. 6569 (CEN, K); Ipupiara, E. Saar et al. 49 (ALCB, HUEFS);

Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3398 (HUEFS, K); Itiúba, R. M. Harley et al.

16149 (CEPEC, K); Jacobina, J. G. Jardim et al. 30 (CEPEC, K); Jussiape, G. P. Lewis

et al. CFCR 6941 (K, SPF); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade

1902 (CEPEC, K); Maracás, S. A. Mori & T. S. dos Santos 11780 (CEPEC, K); Morro

do Chapéu, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3537 (HUEFS, K); Remanso, L. Pasos

et al. 404 (ALCB, HUEFS); Ribeira do Pombal, L. R. Noblick 2970 (HUEFS); Seabra,

L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3326 (HUEFS, K); Tucano, A. M. de Carvalho et al.

3928 (CEPEC, NY); Valente, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3021 (HUEFS, K). Ceará:

440
Aiuaba, L. W. Lima-Verde et al. 823 (EAC, HUEFS, K); Jaburuna, F. A. Araújo s.n. (EAC,

K); Tianguá, A. Fernandes 3057 (EAC, NY). Minas Gerais: Serra da Lapa: L. Riedel 1027

(K). Pernambuco: Araripina, D.A.Lima & M.Magalhães 1089 (IPA); Belo Jardim, V.C.Lima

33 (IPA); Exu, E.Ferraz et al. 39 (IPA). Piauí: Bom Jesus, L. Coradin et al. 5874 (CEN,

K); Picos, G. Eiten & L. T. Eiten 10843 (K, NY); São João do Piauí, F. G. Alcoforado-Filho

1097 (K); Serra Branca, E. Ule 7441 (K).

Senegalia martiusiana (Steud.) A.Bocage & L.P.Queiroz, Neodiversity 1:


12. 2006.
Mimosa martiusiana Steud., Nomenc. �������������������������
Bot. ed. 2, 2: 148. 1841.
Acacia adhaerens (Mart.) Benth., J. Bot. (Hooker) 1: 517. 1842.
Mimosa adhaerens Mart., Flora 20: 122. 1837, non Kunth, Nov. Gen. et Sp. 6: 249.
1824.
Acacia spegazziniana Kuhlm., Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 4: 355. 1925.
Acacia martiusiana (Steud.) Burkart,
������� Fl. Ilustr. Catarin. LEGU: 30. 1979.
�����

Arbusto escandente; ramos costados, armados com séries longitudinais

de acúleos recurvados sobre as costelas; indumento dos ramos e dos

eixos foliares constituído por tricomas densos, ferrugíneos. Estípulas

caducas, não vistas. Folhas (x) xiv-xv / 42-64; nectário variável em

forma e posição, desde discóide, séssil e oblongo até crateriforme e

estipitado, localizado próximo à base do pecíolo mas às vezes com um

nectário adicional próximo ao primeiro par de pinas; pecíolo 10-13 mm

compr., geralmente medindo a metade do comprimento da pina basal;

pinas opostas, eqüilongas, às vezes ligeiramente decrescentes em cada

extremidade, as medianas 2-4 cm compr., distância entre as pinas 3-5(-

10) mm; parafilídios subulados logo acima dos pulvinos das pinas; folíolos

cartáceos, decrescentes proximalmente, os medianos 3,5-4(-5,5) x 0,8(-

1) mm, lineares, 1-nervados, nervura principal excêntrica, não ramificada,

441
glabros a ciliados. Glomérulos globosos, 4-6 mm diâm., pedúnculo 5-10

mm compr., 2-3-fasciculados, fascículos agrupados em panículas amplas

terminais. Flores ca. 5-6 mm compr.; perianto adpresso-pubescente;

corola ca. 1,5x o comprimento do cálice; estames brancos. Legume 10-15

x 2-2,5 cm, plano, linear-oblongo, agudo, base contraída em estípite de

4-6 mm compr., reto, margens espessadas retas; valvas rígido-coriáceas,

amarronzadas.

Senegalia martiusiana é uma espécie mais característica da mata atlântica,


distribuindo-se do sul da Bahia ao sudeste do Brasil, aparentemente não
alcançando a Argentina (Ciadella 1984) nem é registrada para a Amazônia
(Silva 1990). Ocorre ocasionalmente na caatinga, especialmente em caatinga
arbórea no planalto de Vitória da Conquista e de Maracás, a altitudes de ca.
900 m, em áreas transicionais para florestas estacionais, onde ocorre como
uma liana vigorosa. Floração: xi-i. Frutificação: v-vii.

Esta espécie diferencia-se das demais espécies de Acacia de caatinga pelo


seu hábito de liana, com ramos costados e acúleos seriados sobre as costelas.
O número elevado de pinas e de folíolos por pina e os folíolos e glomérulos
relativamente pequenos aproximam esta espécie de S. tenuifolia, diferindo,
além das características já mencionadas, pelo indumento denso e ferrugíneo
dos ramos jovens e eixos foliares.

Burkart (1979) corrigiu o nome desta espécie, reconhecendo a prioridade


de Mimosa martiusiana Steud. sobre Mimosa adhaerens Mart. Em muitos
trabalhos florísticos recentes esta espécie encontra-se referida como Acacia
adhaerens Benth. (e.g. Lewis 1987).

Nomes vernaculares: unha-de-gato (geral), serra-goela (Caetité, BA),


arranha-gato (Ortigueira, PI).

Material selecionado: Bahia: Barra do Choça, S. A. Mori et al. 9407 (CEPEC, NY);

Cândido Sales, G. Hatschbach 47351 (K, MBM); Divisópolis, M. Groppo Jr. 1062 (K, SPF);

442
Ibiquara, F. França et al. 4320 (HUEFS); Jussiape, L. P. Queiroz 7118 (HUEFS); Maracás,

S. A. Mori & T. S. dos Santos 11805 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, H. C. de Lima et al.

3884 (K); Piatã, G. P. Lewis et al. CFCR 7402 (K, SPF); Santa Terezinha, L.P.Queiroz

6326 (HUEFS).

Senegalia monacantha (Willd.) A.Bocage & L.P.Queiroz, Neodiversity 1:


12. 2006.
Acacia monacantha Willd., Enum. Hort.
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Berol.: 1056. 1809.
Acacia velutina Benth., J. Bot. (Hooker)
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1: 512. 1842, non DC., Prodr. 2: 459. 1825.

Arbusto a arvoreta de 3-4 m alt.; ramos longitudinalmente estriados,

esparsamente armados com acúleos internodais pequenos e recurvos.

Estípulas inconspícuas, semipersistentes. Folhas vi-vii / 31-39 (pinas

medianas), aparentemente se expandindo concomitantemente à floração,

as plantas com folhas então apresentando medidas menores para pinas

e folíolos [indicadas entre colchetes]; nectário caliciforme, suborbicular,

séssil, localizado no pecíolo próximo ao primeiro par de pinas; pecíolo 13-17

mm compr.; pinas opostas, decrescendo ligeiramente de tamanho para as

extremidades, as medianas [2-3] 3,5-4 cm compr.; folíolos [membranáceos]

cartáceos, decrescentes para as extremidades da pina, os medianos [3-4]

5,5-6 x [0,8-1] 1,5 mm, oblongos, ligeiramente falcados, ápice obtuso a

arredondado, base obliquamente truncada, 1-nervados a partir do pulvino,

nervura principal excêntrica, não ramificada, facialmente glabrescentes,

curtamente ciliados nas margens. Espigas 22-30 x 4 mm, pedúnculo 5-8

mm compr., 2-3-fasciculadas, axilares ou em pseudoracemos terminais.

Flores 4-5 mm compr., cálice campanulado, pubérulo; corola apenas um

pouco maior do que o cálice, em geral apenas as lacínias glabras estão

exsertas; estames amarelo-claros; estípite longa, deixando o ovário

densamente pubérulo exserto da corola. Legume 7,5-12 x 2-2,2 cm, plano,

443
oblongo, arredondado e apiculado no ápice, base atenuada em estípite

de 6-10 mm, reto, margens espessadas, retas; valvas rígido-coriáceas,

planas a ligeiramente onduladas, amarronzadas.

Senegalia monacantha ocorre principalmente em caatinga arbórea e florestas


estacionais de 500 a 700 m alt., sobre solos mais ricos. Na caatinga, distribui-
se principalmente nos seus limites meridionais, no sul do Piauí, na Bahia
e norte de Minas Gerais. Esta é uma espécie relativamente mal conhecida
e novas coletas em sua área de ocorrência seriam bem-vindas a fim de
caracterizar melhor seus limites de variação morfológica. É possível que
seja uma espécie com folhagem decídua na estação seca florescendo logo
no início da chuvosa, a julgar pelos espécimes com flores que apresentam
folhas aparentemente jovens e em expansão. Floração: x-xi. Frutificação:
iv.

Pode ser diferenciada das demais espécies de Acacia com inflorescência em


espiga pelo nectário que se posiciona logo abaixo do primeiro par de pinas,
pelas espigas com raque curta, de até 3 cm compr.

Nome vernacular: espinheiro-preto (Minas Gerais).

Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 1168 (HUEFS, K, NY, SPF); Barra [como

Utinga], J. S. Blanchet 2772 (K); Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21520 (CEPEC,

K, NY); Jacobina, A. M. de Carvalho et al. 2798 (CEPEC, K); Remanso, L. Passos et al.

393 (HUEFS); Souto Soares, M. M. Arbo et al. 5317 (K, SPF). Minas Gerais: Januária,

J. A. Ratter et al. 2657 (K). Piauí: São Raimundo Nonato, E.P.Heringer et al. 1200 (IPA,

UB).

Senegalia piauhiensis (Benth.) A.Bocage & L.P.Queiroz, Neodiversity 1:


12. 2006.
Acacia piauhiensis Benth., Trans. Linn.
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Soc. London 30: 523. 1875.

444
Arvoreta 4-8 m, às vezes florescendo como arbusto 1,5-2 m alt., copa ±

obpiramidal; ramos amarronzados, com estrias longitudinais mais claras

e acinzentadas, inermes ou armados com acúleos internodais muito

esparsos e pequenos. Estípulas caducas. Folhas iii-v / 18-28 (pinas

medianas); nectário crateriforme, elíptico, localizado no pecíolo próximo

à metade do seu comprimento; pecíolo 15-23 mm compr.; pinas opostas,

ligeiramente decrescentes para as extremidades, as medianas 4,5-7 cm

compr.; folíolos cartáceos, diminuindo de tamanho para as extremidades

da pina, os medianos 8-10 x 1,8-2 mm, oblongos, ligeiramente falcados,

obtusos a apiculados, base obliquamente truncada, 3-nervados a partir

do pulvino, nervura principal excêntrica, nervação saliente e reticulada

na face abaxial, pubérulos na face abaxial. Espigas 50-105 x 6-7 mm,

curtamente pedunculadas, pedúnculo 8-10 mm compr., 2-3-fasciculados

em pseudoracemos terminais. Flores perfumadas, odor suave, adocicado,

6-9 mm compr., perianto curta e densamente pubérulo, cálice cilíndrico,

ligeiramente urceolado, lacínias eretas; corola apenas um pouco maior do

que o cálice, em geral apenas as lacínias ligeiramente exsertas; estames

brancos. Legume 7,5-12 x 1,7-1,9 cm, plano, linear, agudo a arredondado

no ápice, reto, margens espessadas, retas; valvas rígido-coriáceas, planas

a ligeiramente onduladas, amarronzadas.

Senegalia piauhienesis é essencialmente uma espécie da caatinga, ocorrendo


no sul do Piauí, Ceará, Pernambuco, Sergipe e Bahia (Bocage 2005), em
altitudes de 300 a 800 m. Está associada principalmente ao substrato
arenoso embora ocorra também sobre solos litólicos. Floração: (x-)xii-iv.
Frutificação: xii-viii.

Dentre as espécies de caatinga com inflorescência em espiga, S. piauhiensis


pode ser distinta de S. monacantha pelos ramos inermes ou quase inermes,
nectário posicionado ± no meio do pecíolo, espigas cilíndricas longas (5-10
cm compr.) e flores brancas.

445
Nomes vernaculares: jurema-branca, calumbí-branco (gerais), banha-de-
capão (Barro Alto, BA), surucucu (Morpará, BA, talvez confusão com
Piptadenia viridiflora), jurema (São José do Piauí, PI).

Material selecionado: Alagoas: Olho D’Água do Casado, L. M. Cordeiro 58 (HUEFS,

Xingo). Bahia: Antas, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3748 (HUEFS); Araci, L. P. Queiroz

& T. S. N. Sena 3107 (HUEFS, K); Barra do Mendes, M. V. O. Moraes 201 (HUEFS);

Barra, L. P. Queiroz 4858 (HUEFS, SPF); Barro Alto, T. S. Nunes et al. 916 (HUEFS); Bom

Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21522A (CEPEC, K); Brotas de Macaúbas, T. S. Nunes

et al. 275 (HUEFS); Campo Alegre de Lourdes, T. S. Nunes et al. 390 (HUEFS); Iaçu, S. A.

Mori 13275 (CEPEC, K); Juazeiro, M. L. S. Guedes et al. 7318 (ALCB, HUEFS); Jussiape,

G. P. Lewis et al. CFCR 6939 (K, SPF); Livramento do Brumado, R. M. Harley et al. 19881

(CEPEC, K); Marcionílio Souza, L. P. Queiroz et al. 5705 (HUEFS); Paulo Afonso, L. M.

Cordeiro 91 (HUEFS, Xingo); Pilão Arcado, T. Ribeiro 74 (HRB, HUEFS); Poções, S. A.

Mori et al. 9505 (CEPEC, K); Rio de Contas, R. M. Harley et al. 54032 (HUEFS); Santa

Brígida, L. P. Queiroz et al. 7293 (HUEFS); Senhor do Bonfim, R. M. Harley et al. 16350

(CEPEC, K); Umburanas, L. P. Queiroz et al. 5292 (HUEFS). Ceará: Aiuaba, L. W. Lima-

Verde et al. 226 (EAC, HUEFS) Pernambuco: Buíque, R. Cisneiros et al. 2 (K, PEUFR).

Piauí: São José do Piauí, M. R. A. Mendes 393 (HUEFS); Serra Branca, E. Ule 7442 (K).

Sergipe: Canindé do São Francisco, R. M. Harley et al. 54294 (HUEFS).

Senegalia polyphylla (DC.) Britton & Rose ex Britton & Killip, Ann.
New York Acad. Sci. 35: 142. 1936.
Acacia polyphylla DC., Cat. Hort. Monsp.: 74. 1813.
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Acacia glomerosa Benth., J. Bot. (Hooker)
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1: 521. 1842.
Senegalia glomerosa (Benth.) Britton & Rose, N. Amer. Fl. 23: 116. 1928.
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Arbusto ou arvoreta 2-5 m alt., raramente alcançando até 15 m; ramos

armados com acúleos de base larga, retos ou curvados para cima,

raramente presentes também no lado inferior do pecíolo e raque foliar.

446
Estípulas caducas, não vistas. Folhas (vi) ix-x / (19-) 28-32 (pinas distais),

em contorno geralmente tão longas quanto largas; nectário crateriforme ou

caliciforme, séssil, localizado próximo meio ou ligeiramente abaixo do meio

do pecíolo; pecíolo 25-40 mm compr., ca. 2/3 ou do comprimento das pinas

basais, raramente ½; pinas opostas, ± eqüilongas ou as basais ligeiramente

menores, as distais 4,5-8 cm compr., distância entre as pinas 9-16(-20)

mm; parafilídios subulados logo acima dos pulvinos das pinas; folíolos

cartáceos, decrescentes para as extremidades da pina, os medianos (6-

)10-14 x (1,8-)3-4 mm, oblongos, raramente linear-oblongos, obtusos, base

truncada, 3-4-nervados a partir do pulvínulo, nervura principal fortemente

excêntrica, ramificada, nervação secundária saliente e reticulada na face

abaxial, curtamente pubérulos na face abaxial. Glomérulos hemisféricos,

ca. 7-8 mm diâm., pedúnculo 5-7 mm compr., 2-5-fasciculados, fascículos

agrupados em panículas ou pseudoracemos terminais. Flores ca. 5

mm compr.; cálice campanulado, corola infundibuliforme, ca. 1,5-2x o

comprimento do cálice, densamente revestida por tricomas curtos e

adpressos; estames brancos; ovário densamente pubescente, tricomas

brancos, estipitado. Legume 10,5-22 x 2,5-3 cm, plano, oblongo, ápice

arredondado, base contraída em estípite de 10-15 mm compr., reto,

margens espessadas retas; valvas rígido-coriáceas, discretamente

onduladas lateralmente, glabras, castanhas.

Senegalia polyphylla ocorre do México à Argentina em diversos tipos de


ambientes. Na caatinga, é mais associada a caatinga arbórea e matas ciliares
em rios temporários, em altitudes de 450 a 900 m, sobre solo argilo-arenoso.
Floração: ii(-v-vi). Frutificação: (iii-)vi-viii.

Esta espécie é bastante variável no número de pares de pinas e número de


folíolos ao longo de sua área de distribuição com formas intermediárias com
S. tenuifolia (as que apresentam maior número de pinas) e com S. riparia (as
com menor número de pinas). Rico-Arce (2001) incluiu Acacia glomerosa

447
na variação de S. polyphylla, sinonimizando estas duas espécies. As plantas
de caatinga apresentam tanto as formas paucijugas (tradicionalmente S.
glomerosa) quanto as multijugas (S. polyphylla s.s.) com poucos indivíduos
intermediários.

No contexto das espécies de caatinga, S. polyphylla pode ser reconhecida


pelos seus glomérulos relativamente pequenos e hemisféricos (não
completamente globosos), folíolos pubérulos, relativamente largos,
oblongos, com nervação saliente e reticulada na face abaxial. O tamanho
dos glomérulos e das flores são similares aos de S. tenuifolia que, por sua
vez, apresenta folíolos glabros, mais estreitos, lineares, uninérvios e número
mais elevado de pinas e de folíolos por pina (28 a 32 pares em S. polyphylla
vs 51 a 72 pares em S. tenuifolia). Os folíolos oblongos são semelhantes aos
de S. langsdorffii embora esta espécie apresente folhas com menor número
de pinas e folíolos (3 a 4 pares de pinas e 16 a 18 pares de folíolos em S.
langsdorffii, 9 a 10 e 28 a 32, respectivamente, em S. polyphylla), tenha os
folíolos côncavos na face abaxial, com base truncada e possua glomérulos
maiores.

Nomes vernaculares: espinheiro (geral).

Material selecionado: Bahia: Antônio Cardoso, L. P. Queiroz & T. S. N.Sena 3200 (HUEFS,

K); Baixa Grande, M. C. Ferreita et al. 1296 (HRB, HUEFS); Barra, L. P. Queiroz & N. S.

Nascimento 4059 (HUEFS, K); Bom Jesus da Lapa, L. P. Queiroz et al. 5734 (HUEFS);

Campo Alegre de Lourdes, T. S. Nunes et al. 639 (HUEFS); Feira de Santana, L. P. Queiroz

& T. S. Nunes 3102 (HUEFS); Irecê, T. S. Nunes et al. 614 (HUEFS); Gentio do Ouro, R. M.

Harley et al. 18965 (CEPEC, K); Jacobina, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3503 (HUEFS,

K, NY); Jussiape, L. Coradin et al. 8636 (CEN, HUEFS); Livramento do Brumado, R. M.

Harley et al. 19879 (CEPEC, K); Piritiba, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3464 (HUEFS,

K); Rio de Contas, L. P. Queiroz et al. 7809 (HUEFS); Santa Rita de Cássia, L. Coradin et

al. 5758 (CEN, K). Ceará: Aiuaba, L. W. Lima-Verde et al. 394 (EAC, HUEFS); Crateús, F.

448
S. Araújo 1328 (EAC, HUEFS); Crato, G. Gardner 1940 (síntipo de A. glomerosa: K, foto

HUEFS). Minas Gerais: Porteirinha, T. Ribeiro et al. 394 (HRB, HUEFS). Pernambuco:

Águas Belas, V. Lima et al. 27 (HUEFS, IPA); Araripina, G. Eiten & L. T. Eiten 10854 (K);

Brejo da Madre de Deus, D. C. Silva et al. 63 (K, PEUFR); Pesqueira, M. Correia 154

(HUEFS, UFP). Piauí: São José do Piauí, M. R. A. Mendes et al. 520 (HUEFS, TEPB).

Senegalia riparia (Kunth) Britton & Rose ex Britton & Killip, Ann.
New York Acad. Sci. 35: 144. 1936.
Acacia riparia Kunth, Nov. Gen. & Sp. 6: 276. 1824.
�����

Arbusto 2-4 m alt., ramificado, formando copa aberta e esgalhada;

ramos ± quadrangulares, acinzentados, longitudinalmente estriados com

faixas acastanhadas, armados com acúleos atropurpúreos de base larga,

ligeiramente recurvados que às vezes continuam no lado inferior do pecíolo

e raque foliar. Estípulas caducas, lineares, ca. 4 x 1,5 mm. Folhas vi-xi /

(18-) 22-27 (pinas maiores), em contorno geralmente tão ou mais largas do

que longas; nectário crateriforme, geralmente elevado por um pedúnculo

de comprimento variável mas com mesmo diâmetro da cabeça, localizado

próximo ao meio ou ligeiramente abaixo do meio do pecíolo; pecíolo 10-30

mm compr.; pinas opostas, as basais e freqüentemente também as distais

menores, as distais 3,5-4 cm compr., as medianas 4-7 cm compr., distância

entre as pinas 5-11 mm; parafilídios subulados logo acima dos pulvinos das

pinas; folíolos papiráceos, decrescentes para as extremidades da pina, os

medianos 4,5-6 x 1-2 mm, oblongo-lineares, obtusos, base truncada, 3-

nervados a partir do pulvínulo, nervura principal subcêntrica a ligeiramente

excêntrica, ramificada, nervação secundária saliente e reticulada até

inconspícua na face abaxial, glabros a glabrescentes mas com um tufo

de tricomas longos e brancos na base da nervura principal. Glomérulos

globosos, 10-11 mm diâm., pedúnculo 14-25 mm compr., 2-4-fasciculados,

449
Figura 28 – A: Senegalia bahiensis (1 - hábito; 2 - folha; 3 - folíolo); B: Senegalia langsdorffii (1 - folha; 2-3 - folíolo,
faces adaxial e abaxial, respectivamente); C: Senegalia piauhiensis (1 - hábito; 2 - folha; 3-4 - folíolo, faces adaxial
e abaxial, respectivamente; 5 - fruto); D: Senegalia martiusiana (1 - folha; 2-3 - folíolo, faces adaxial e abaxial,
respectivamente); E: Senegalia riparia (1 - folha; 2-3 - folíolo, faces adaxial e abaxial, respectivamente); F: Senegalia
polyphylla (1 - folha; 2-3 - folíolo, faces adaxial e abaxial, respectivamente; 4 - fruto); G: Senegalia tenuifolia (1
- folha; 2-3 - folíolo, faces adaxial e abaxial, respectivamente); H: Senegalia monacantha (1 - folha; 2-3 - folíolo, faces
adaxial e abaxial, respectivamente).

450
fascículos agrupados em panículas ou pseudoracemos terminais. Flores

(8-) 10-12 mm compr.; perianto glabro às vezes com tricomas esparsos

apenas sobre as lacínias; corola infundibuliforme, 2-3x o comprimento

do cálice; estames brancos; ovário densamente pubescente, estipitado.

Legume 8,5-11 (21) x 2-2,5 (3,7) cm, plano, oblongo a oblongo-linear, ápice

arredondado e apiculado ou acuminado, base contraída em estípite de 8-

10 mm compr., reto, margens espessadas retas; valvas rígido-coriáceas,

discretamente onduladas lateralmente, glabras, castanhas.

Senegalia riparia forma um complexo taxonômico de difícil resolução com


outras espécies neotropicais, incluindo Acacia riparioides (Britt. & Rose)
Standl. (Rico-Arce 2001), Acacia tucumanensis Griseb. e Acacia retusa ( Jacq.)
Howard (Cialdella 1984), as quais podem se tratar de nomes regionais
aplicados à mesma espécie. Se considerado todo o complexo, sua distribuição
estende-se desde o México até a Argentina, com grande variação de hábito,
desde árvores altas (até 13 m alt.) até arbustos escandentes. Na caatinga,
esta planta apresenta-se geralmente como um arbusto esgalhado, ocorrendo
tanto em caatinga arbórea quanto em fisionomias mais arbustivas, em solo
arenoso ou não, em altitudes de 300 a 900 m. Algumas populações de
áreas mais elevadas (ca. 1000 m alt.) apresentam folhas mais pubescentes
e inflorescências mais amplas, podendo-se tratar de um novo táxon (fide
Lewis & Rico-Arce, in sched.). Floração: xi-iii (v). Frutificação: iv-vii.

Senegalia riparia pode ser reconhecida principalmente pela combinação de


flores relativamente grandes (resultando em um glomérulo com ca. 10 mm
de diâmetro) com a presença de um tufo de tricomas na base da nervura
principal na face abaxial do folíolo. O tamanho do glomérulo a diferencia
prontamente de S. tenuifolia e S. polyphylla que possuem glomérulos
menores (ca. 5 mm diâm.) e também folhas com maior número de pinas
(12 a 15 pares em S. tenuifolia) e/ou maior número de folíolos por pina (28
a 32 pares em S. polyphylla e mais de 50 pares em S. tenuifolia).

451
A presença do tufo de tricomas na base do folíolo permite diferenciar S.
riparia de S. bahiensis e S. langsdorffii, que apresentam glomérulos de diâmetro
semelhante. No entanto, este caráter não parece ser muito constante em S.
riparia e algumas formas sem este tufo de tricomas podem ser confundidas
com as citadas espécies. De S. bahiensis pode ser diferenciada pelas estípulas
menores e lineares (nunca ovais e foliáceas), pelos folíolos mais numerosos
(22-27 vs 9-11 pares) e pela posição do nectário que em S. bahiensis localiza-
se próximo ao primeiro par de pinas e em S. riparia abaixo ou próximo ao
meio do pecíolo. De S. lagsdorffii pode ser diferenciada pelos folíolos mais
estreitos e planos (não côncavos) e pela forma do nectário.

Nomes vernaculares: unha-de-gato (geral), unha-de-gato-branco (Barro


Alto, BA), jurema-branca (Padre Marcos, PI).

Material selecionado: Bahia: Abaíra, R. M. Harley et al. 27823 (HUEFS, K, SPF); Barra

da Estiva, P. Vaillaut 18 (CEPEC, HRB, K, RB); Barra do Mendes, M. V. O. Moraes 211

(HUEFS); Barro Alto, T. S. Nunes et al. 621 (HUEFS); Caetité, L. P. Queiroz & N. S.

Nascimento 3643 (HUEFS, K); Gentio do Ouro, M. M. Arbo et al. 5331 (K, SPF); Iaçu, S.

A. Mori 13274 (CEPEC, K); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3392 (HUEFS,

K); Iuiu, F. França et al. 3794 (HUEFS); Jussiape, R. M. Harley et al. 20014 (CEPEC,

K); Milagres, R. M. Harley et al. 22020 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz et

al. 7718 (HUEFS); Presidente Jânio Quadros, S. C. de Sant’Ana et al. 231 (CEPEC, K);

Raso da Catarina, L. P. Queiroz 765 (ALCB, HUEFS); Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick

4121 (HUEFS, NY); Santa Maria da Vitória, G. P. Silva & M. Way 3611 (CEN, HUEFS);

Santa Terezinha, L. P. Queiroz et al. 1543 (HUEFS, K); Tucano, A. M. de Carvalho 3928

(CEPEC, K); Urandi, T. Ribeiro et al. 429 (HRB, HUEFS). Ceará: Aiuaba, L. W. Lima-

Verde 661 (EAC, HUEFS); Crato, G. Gardner s. n., 1839 (K); Mineirolândia, J. E. R.

Collares et al. 186 (HRB, K). Minas Gerais: Janaúba, L. P. Queiroz et al. 7479 (HUEFS);

Januária, A.Salino & A.Gotschalg 3986 (BHCB). Pernambuco: Inajá, M. J. N. Rodal et

al. 353 (HUEFS, K); Pesqueira, M. Correia 261 (HUEFS, UFP). Piauí: Jaicós, G. P. Lewis

452
1340 (K); Oeiras, G. Eiten 10832 (K); Padre Marcos, M. E. Alencar et al. 247 (HUEFS,

TEPB); São João do Piauí, J. H. Carvalho 459 (K). Rio Grande do Norte: Portalegre, A.

C. Sarmento 741 (HRB, K).

Senegalia santosii (G.P.Lewis) A.Bocage & L.P.Queiroz, Neodiversity 1:


12. 2006.
Acacia santosii G.P.Lewis, Kew Bull. 51: 371. 1996.

Árvore ca. 6 m alt.; ramos inermes, longitudinalmente estriados. Estípulas

persistentes, lineares a subuladas, rígidas, 4-5,5 mm compr. Folhas v / 13-

16; nectário curtamente cilíndrico, diâmetro e altura ± iguais, localizado

exatamente entre o primeiro par de pinas; pecíolo 31-40 mm compr.; pinas

opostas, as basais menores, as distais ca. 6 cm compr., as medianas ca.

7 cm compr., distância entre as pinas 15-20 mm; parafilídios subulados

logo acima dos pulvinos das pinas; folíolos membranáceos, decrescentes

proximalmente, os medianos 10-12 x 4 mm, oblongos, os distais tornando-

se obovados, ápice arredondado, base obliquamente truncada, 3-nervados

a partir do pulvínulo, nervura principal excêntrica, ramificada, nervação

secundária saliente e reticulada em ambas as faces, glabros. Glomérulos

globosos, ca. 5 mm diâm., pedúnculo 4-10 mm compr.; bracteado logo

abaixo do glomérulo, 2-3-fasciculados, fascículos agrupados em panículas

amplas terminais. Flores ca. 6 mm compr.; perianto-adpresso pubescente;

corola ca. 1,5x o comprimento do cálice; estames brancos; ovário glabro,

curtamente estipitado. Fruto não visto.

Senegalia santosii é conhecida apenas do limite sudeste da caatinga, próximo


a Vitória da Conquista, região onde ocorre principalmente caatinga arbórea
e florestas estacionais (‘mata de cipó’). Floração: xi. Frutificação: ?

De acordo com Lewis (1996), esta espécie tem maior afinidade com Acacia
ambigua Vogel, uma espécie do Caribe (ilha de Hispaniola). Das espécies de

453
caatinga com inflorescências em glomérulos, S. santosii pode ser diferenciada
pelos folíolos significativamente maiores, glabros, com nervação peninérvia
reticulada. Outro caráter particular desta espécie é a presença de brácteas
no pedúnculo, logo abaixo do glomérulo.

Material examinado: Bahia: entre Vitória da Conquista e Anagé: T. S. dos Santos 2488 (tipo
de A. santosii, holótipo: CEPEC, isótipo: K [foto HUEFS]).

Senegalia tenuifolia (L.) Britton & Rose, N. Amer. Fl. 23: 118. 128. 1928.
Mimosa tenuifolia L., Sp. Pl.: 523. 1753.
�����
Acacia tenuifolia (L.) Willd., Sp. Pl. ed. 5, 4: 1091. 1806.
Acacia paniculata Willd., Sp. Pl., ed. 5, 4: 1074. 1806.
�����

Arbusto de ca. 3 m alt. até árvore alta de ca. 12 m alt., às vezes com ramos

delgados e pendentes ou mesmo escandentes; ramos claros, acinzentados,

discretamente estriados longitudinalmente, remotamente aculeados com

acúleos recurvados, acúleos geralmente prolongados no lado inferior do

pecíolo e raque foliar. Estípulas caducas, não vistas. Folhas x-xviii / 20-

52 (pinas distais), 9,5-24 cm, com contorno geralmente oblongo dado o

comprimento total da folha ser maior do que o comprimento das pinas;

nectário crateriforme, séssil, localizado acima do pulvino até próximo


ao primeiro par de pinas; pecíolo 10-18(-50) mm compr., ca. 1/3 a ½ do

comprimento das pinas; pinas opostas, ± eqüilongas, as distais 2,5-4,5(-

9,5) cm compr., ascendentes, formando um ângulo de 30-45° com a raque

foliar, geralmente agrupadas (distância entre as pinas de ca. 3-6 mm; folíolos

cartáceos, geralmente ascendentes na raque da pina, decrescentes para

as extremidades da pina, os medianos 2,5-7 x 0,5-0,8(-1) mm, lineares,

ligeiramente falcados, imbricados, agudos, base obliquamente truncada,

1-nervados, nervura principal fortemente excêntrica, submarginal, glabros

mas com margem externa ciliada na base. Glomérulos globosos, ca.

454
4-5 mm diâm., pedúnculo 5-10 mm compr., 1-2-fasciculados, fascículos

agrupados em panículas terminais. Flores ca. 4-5 mm compr.; cálice

campanulado, densamente pubérulo, corola infundibuliformes, glabra ou

com poucos tricomas no ápice das lacínias, ca. 1,5-2x o comprimento

do cálice; estames brancos; ovário densamente pubescente, tricomas

brancos, curtamente estipitado. Legume 15-18 x 2,1-4 cm, plano, oblongo

ou oblongo-linear, ápice arredondado a obtuso, apiculado, base contraída

em estípite de 5-12 mm compr., reto, margens espessadas retas; valvas

rígido-coriáceas, discretamente onduladas lateralmente.

Senegalia tenuifolia é uma espécie de distribuição ampla na América do


Sul, ocorrendo desde as Guianas até o Paraguai. No Nordeste, ocorre
principalmente em florestas pluviais e estacionais, ocasionalmente na
caatinga, especialmente em caatinga arbórea, de 400 a 900 m alt. Floração:
ii. Frutificação: ii, vi, ix.

Ao longo de sua área de distribuição, S. tenuifolia é uma espécie muito


variável em porte e na densidade dos acúleos. No âmbito das espécies de
caatinga, pode ser reconhecida pelas folhas multijugas (10 a 18 pares de
pinas) e pelo número elevado de folíolos por pina (20 a 52 pares), além das
flores e folíolos relativamente pequenos: corola de até 3-4 mm, estames
de ca. 5 mm e folíolos de até 5 x 1 mm. Além disso, as folhas em geral
apresentam-se ca. 2x mais longas do que largas.

Nomes vernaculares: unha-de-gato, serra-goela.


Material selecionado: Alagoas: Vila Nova, G. Gardner 1281 (K). Bahia: Barra do Mendes,

M. V. O. Moraes 194 (HUEFS); Barro Alto, T. S. Nunes 289 (HUEFS); Caen, R. P. Orlandi

501 (HRB, K); Castro Alves, L. P. Queiroz et al. 3079 (HUEFS); Ipirá, B.C.Bastos 553

(BAH, CEPEC); Ituaçu, E.P.Gouveia 33 (ALCB); Jacobina, A. M. Amorim et al. 997

(CEPEC, HUEFS, K, NY); Monte Santo, M.L.S.Guedes et al. 7345 (ALCB); Seabra, J. R.

Pirani 2013A (K, SPF). Ceará: Aiuaba, A.Gomes s.n. (EAC 8237); Baixa Fria, F.S.Araújo

455
s.n. (EAC 19442); Baturité, A.S.F.Castri s.n. (EAC 30760); Crato, A. Gentry et al. 50110

(K); Ibiapaba, F.S.Araújo 492 (EAC, IPA). Minas Gerais: Januária, M.Magalhães 6091

(RB); Salinas, T. Jost et al. 458 (HRB, HUEFS). Paraíba: Areia, V.P.B.Fevereiro 541 (RB);

Itaporanga, M. F. Agra et al. 1724 (IPA, JPB, NY); Sousa, P.C.Gadelha-Neto 120 (JPB).

Pernambuco: Araripina, E.Ferraz et al. 53 (IPA); Brejo da Madre de Deus, A.M.Silva et al.

37 (CEPEC); Caruaru, M. Borges 7 (K); Inajá, K. Andrade et al. 12 (K, NY); Parnamirim,

R.Pererira et al. 752 (IPA). Piauí: Curimatá, H.A.Resende s.n. (TEPB 2248). Rio Grande

do Norte: Luiz Gomes, G.C.P.Pinto et al. 305 (ALCB, HRB); Portalegre, A.C.Sarmento &

J.S.Assis 741 (HRB).

Senegalia velutina (DC.) A.Bocage & L.P.Queiroz, Neodiversity 1: 12.


2006.
Acacia velutina DC., Prodr. 2: 459 1825.

Arbusto de 3-4 m alt.; ramos 4-costelados longitudinalmente, acúleos

recurvos, seriados, sobre as costelas e prolongando-se na face inferior

da raque foliar. Estípulas caducas, não vistas. Folhas viii-xii / 16-28

(pinas distais), 16-21 cm, com contorno geralmente oblongo dado o

comprimento total da folha ser maior do que o comprimento das pinas;

nectário crateriforme, séssil, localizado próximo ao pulvino; pecíolo 40-

50 mm compr., aproximadamente do mesmo comprimento das pinas;

pinas opostas, ± eqüilongas, as distais 3,5-5 cm compr., distância entre

as pinas de ca. 8-11 mm; folíolos papiráceos, geralmente ascendentes na

raque da pina, decrescentes para as extremidades da pina, os medianos


9-10 x 1-1,5 mm, lineares, ligeiramente falcados, imbricados, agudos,

base unilateralmente cordada, 1-nervados, nervura principal fortemente

excêntrica, submarginal, pubescentes em ambas as faces. Espigas 30-60

x 4-5 mm, longamente pedunculadas, pedúnculo 16-25 mm compr., 2-3-

fasciculadas, fascículos agrupados em pseudoracemos terminais. Flores

456
ca. 5 mm compr.; cálice campanulado, densamente pubérulo, corola

infundibuliformes, densamente pubérula, ca. 2x o comprimento do cálice;

estames brancos; ovário densamente pubescente, tricomas brancos,

curtamente estipitado. Fruto não visto.

Senegalia velutina distribui-se principalmente nas regiões Sul e Sudeste


do Brasil, ocorrendo ainda no Paraguai e nordeste da Argentina (Bocage
2005). Na caatinga, foi registrada em caatinga arbórea associada à Chapada
Diamantina, na Bahia, em altitudes de 500 a 800m. Floração: iii-v.
Frutificação: ?

Essa espécie pode ser confundida com S. piauhiensis pois o número de


pinas e de folíolos por pinas apresenta sobreposição com as dessa espécie.
No entanto, S. velutina apresenta os ramos 4-costelados com acúleos
seriados sobre as costelas, prolongando-se até o lado inferior da raque
foliar, enquanto S. piauhiensis apresenta ramos não costelados, com acúleos
dispersos, ausentes nas folhas.

Material examinado: Bahia: Andaraí, A.M.Giulietti & R.M.Harley 2078 (HUEFS); Saúde,

L.P.Queiroz & N.S.Nascimento 3567 (HUEFS). Pernambuco: Maraial, A.M.Miranda 1375

(Hst, HUEFS).

Notas adicionais

Um espécime da região de Cândido Sales (Hatschbach 50029) apresenta


armamento, fórmula foliar e tamanho das flores muito semelhantes aos de
S. monacantha, possuindo, no entanto, nectário posicionado próximo à base
do pecíolo e flores brancas. Estas características aproximam este espécime
de S. bonariensis Gill., uma espécie distribuída mais para o sul do Brasil e
Argentina. Novas coletas nessa área seriam importantes para elucidar o
posicionamento taxonômico desta planta.

Alguns espécimes coletados em caatinga permanecem não identificados.

457
Bocage (2005) propôs quatro novas espécies para o semi-árido (como
Acacia), mas ainda não validamente publicadas. É possível que alguns desses
espécimes pertençam a essas novas espécies, o que representaria novas
adições à flora da caatinga. As espécies propostas por essa autora são: (1)
Acacia lewisii, afim a S. martiusiana mas apresentando folhas com número
menor de pinas (8-10 pares vs. 10-15 pares) e menor número de folíolos
por pina (21-34 pares vs. 42-51 pares); (2) Acacia ricoae, diferenciada de
S. monacantha mas apresentando folhas com maior número de pinas (6-11
pares vs. 5-7 pares), maior número de folíolos por pina (33-41 pares vs.
27-32 pares), pecíolo com uma glândula alongada, elíptica (vs. pateliforme)
e inflorescência glomeruliforme (vs. espiga); (3) Acacia globosa, afim a S.
riparia mas diferindo pela glândula peciolar globosa (vs. elíptico-globosa),
folhas com número menor de pinas (5-7 pares vs. 7-11 pares) e folíolos
seríceos (vs. glabros); (4) Acacia limae, também considerada próxima de S.
riparia mas diferenciada pelas glândulas do pecíolo clavadas e estipitadas
(vs. elíptico-globosas e sésseis).

Zapoteca H.M.Hern.

Arbustos ramificados, inermes; ramos cilíndricos, estriados, glabrescentes.

Folhas bipinadas; nectário extrafloral ausente ou presente entre as pinas,

cilíndrico, côncavo no ápice; pinas opostas; espículas interpinais ausentes;

parafilídios ausentes. Inflorescência glomérulo homomórfico, globoso,

pedunculado, solitário ou fasciculado, axilar. Flores pentâmeras, sésseis;

calice campanulado, lacínias curtas e inconspícuas; corola campanulada,

membranácea, com lacínias reflexas na antese; estames 30-40,

monadelfos, tubo curto incluso na corola, brancos ou bicolores, sendo então

brancos na ½ basal e vermelhos na distal; anteras quadrandulares, sem

glândula apical; ovário séssil ou curtamente estipitado, estigma dilatado no

458
ápice. Fruto legume, linear, reto, plano-compresso, margens espessadas;

deiscência longitudinal, abrindo elasticamente do ápice para a base,

valvas membranáceas a cartáceas ficando arqueadas quando deiscentes.

Sementes ovóides a rombóides; testa lisa, óssea; pleurograma em forma

de “U”.

Zapoteca é um pequeno gênero de 20 espécies, distribuídas no Novo Mundo,


do sudoeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina, ocorrendo desde
áreas áridas e semi-áridas até florestas pluviais como a Amazônica. O gênero
possui maior número de espécies no México embora todas elas pertençam
a um mesmo subgênero, enquanto as espécies sul-americanas pertencem
a três dos quatro subgêneros reconhecidos por Hernández 1989). Duas
espécies ocorrem na caatinga.

Possui maior afinidade com Calliandra. Até recentemente, suas espécies


estavam incluídas em Calliandra, tendo sido removidas para Zapoteca
(Hernández 1986) principalmente por diferenças polínicas pois, enquanto
Calliandra apresenta políades com 8 grãos com um apêndice viscoso no grão
basal, Zapoteca tem políades com 16 grãos e sem apêndice viscoso. Além
dessa diferença diagnóstica, outros caracteres que podem auxiliar a distinção
entre estes dois gêneros são: consistência dos folíolos: membranáceos em
Zapoteca e cartáceos a coriáceos em Calliandra; inflorescência: glomérulos
globosos em Zapoteca e glomérulos obcônicos em Calliadra, e consistência
das valvas dos frutos, coriácea em Zapoteca e lenhosa em Calliandra (ver
comentários no gênero Calliandra).

1. Nectários extraflorais presentes entre os pares de pinas e


ocasionalmente também entre os folíolos; estames bicolores, brancos
na base e vermelhos no ápice.................................................... Z. filipes

1. Nectários extraflorais ausentes; estames de coloração uniforme,

459
branca............................................................................. Z. portoricensis

Zapoteca filipes (Benth.) H.M.Hern., Ann. Missouri Bot. Gard. 76: 818.
1989.
Calliandra filipes Benth., J. Bot. (Hooker)
����������������������
2: 139. 1840.
Feuilleea dimidiata Kuntze, Revis. Gen. Pl.: 185. 1891.

Arbusto ca. 2 m alt., glabrescente. Estípulas ovais, 4-5 x 2 mm. Folhas ii-

iii / 9-11 (pinas distais); nectário pedunculado, ápice crateriforme, dilatado,

côncavo, localizado entre cada par de pinas, nectários menores localizados

entre os folíolos; folíolos medianos 9-10 x 2-3 mm, oblongo-lineares, ápice

arredondado e prolongamento acuminado, base assimétrica, 3-nervados,

nervura principal excêntrica, nervação proeminente e reticulada na face

abaxial. Glomérulos axilares, isolados. Flores com corola campanulada,

ca. 4 mm compr.; estames ca. 10 mm compr., brancos na metade basal e

vermelhos na distal, tubo estaminal curto, ca. 2 mm compr.; ovário glabro,

séssil. Legume ca. 65 x 6 mm, linear; valvas membranáceas. Sementes

não vistas.

Zapoteca filipes é uma espécie que ocorre principalmente no cerrado, sendo


mais conhecida dos estados de Goiás e Minas Gerais, geralmente em
altitudes próximas a 900 m. Na caatinga, esta planta é conhecida do sudeste
da Bahia, entre Vitória da Conquista e Anagé, e norte de Minas Gerais,
entre Janaúba e Jaíba. Floração: xi-i. Frutificação: i-?

Esta espécie diferencia-se facilmente de Z. portoricensis pela presença de


nectários extraflorais na raque foliar e no eixo das pinas, pelos estames
bicolores, brancos + vermelhos, e pelas valvas dos frutos membranáceas.
Além disso, sua distribuição na área do domínio da caatinga parece se

460
restringir ao seu limite sul, enquanto Z. portoricensis é conhecida da caatinga
setentrional.

Material examinado: Bahia: Anagé, T. S. dos Santos 2492 (CEPEC, K). Minas Gerais:

Janaúba, L. P. Queiroz et al. 7481 (HUEFS).

Zapoteca portoricensis ( Jacq.) H. M.Hern., Ann. Missouri Bot. Gard. 73:


757. 1986 [publ. 1987].
Mimosa portoricensis Jacq., Collectanea [ Jacquin] 4: 143. 1791.

subsp. flavida (Urb.) H.M.Hern., Ann. Missouri Bot. Gard. 76:


824. 1989.
Calliandra flavida Urb., Ark. Bot. 24A (4): 4. 1931.

Arbusto ca. 3 m alt., glabrescente. Estípulas oblongo-lanceoladas, ca. 4 x

1 mm. Folhas iii-iv / 17-24 (pinas distais); nectários extraflorais ausentes;

folíolos medianos 9-10 x 3 mm, lineares, ápice obtuso, base truncada,

assimétrica, 1-nervados, nervura principal excêntrica, proeminente na face

abaxial, não ramificada. Glomérulos axilares, 1-3-fasciculados. Flores

com corola campanulada, ca. 6 mm compr.; estames ca. 25 mm compr.,

brancos, tubo estaminal curto, ca. 2 mm compr.; ovário glabro, séssil.


Legume [descrito a partir de material de Goiás] ca. 80 x 10 mm, estipitado,

linear; valvas coriáceas. Sementes não vistas.

Zapoteca portoricensis é uma das espécies do gênero com mais ampla


distribuição, ocorrendo no sul do México, América Central, Antilhas, e na
América do Sul desde a Venezuela até a Bolívia e Brasil (estado de Goiás).
É uma planta comum em sítios abertos como clareiras, borda de florestas,
beira de estradas e bancos de rios, podendo ser considerada como uma
planta com características de invasora. Em sua revisão do gênero, Hernández
(1989) reconhece três subespécies das quais apenas uma ocorre no bioma

461
caatinga. A distribuição da subsp. flavida é praticamente coincidente com
a da espécie exceto pelo fato de não ocorrer nas grandes Antilhas. Dentro
da área do domínio da caatinga foi coletada no Ceará e em Pernambuco,
geralmente associada a serras, em altitudes superiores a 800 m. Floração: iv.
Frutificação: vi-viii.

Os caracteres diferenciais de Z. portoricensis subsp. flavida de Z. filipes estão


referidos na discussão desta espécie.

Material examinado: Ceará: Serra do Pacoti, M. Guedes 378 (US). Paraíba: Pico do Jabre,

M.F.Agra & M.R.Barbosa 1636 (JPB). Pernambuco: Pesqueira, M. Correia 300 (HUEFS,

UFP); Tapera, D. B. Pickel 2430 (F, US); Vicência, Tavares 754 (NY); Triunfo, A. M.

Miranda et al. 2379 (HUEFS, Hst).

Calliandra Benth.

Arbustos virgados e pouco ramificados ou profusamente ramificados,

mais raramente arvoretas, inermes ou com ramos de ápice pungente,

espinescentes. Estípulas lanceoladas a ovais, geralmente estriadas

por causa das nervuras paralelas e salientes, mais raramente foliáceas,

membranáceas e palminérvias. Folhas bipinadas, dísticas; nectários

extraflorais ausentes; espículas interpinais ausentes; parafilídios ausentes;

folíolos cartáceos a coriáceos, raramente membranáceos. Inflorescência

glomérulo ou umbela, geralmente obcônica, raramente globosa, surgindo

de braquiblastos axilares, mais raramente agrupadas em pseudoracemos

terminais, homomórfica ou heteromórfica, neste caso com 1-3 flores

centrais diferenciadas das flores periféricas pelo tamanho maior do perianto

e/ou do tubo estaminal ou ainda pela presença de nectário intraestaminal.

Flores 5(-4)-meras; cálice e corola campanulados, infudibuliformes a

cilíndricos, com lacínias lisas ou estriadas; androceu monadelfo constituído

462
por (7-) muitos estames; tubo estaminal mais curto e incluso na corola

ou mais longo e exserto; nectário intraestaminal presente ou ausente;

ovário (sub)séssil, estigma dilatado. Fruto legume, linear-oblanceolado,

reto, plano-compresso, margens muito espessadas; deiscência elástica

longitudinal, abrindo-se do ápice para a base, valvas coriáceas a lenhosas,

ficando então arqueadas mas não espiraladas. Sementes ovóides a

rombóides; testa lisa, óssea; pleurograma em forma de “U” ou ausente.

Calliandra é um gênero com cerca de 135 espécies, exclusivo do


Novo Mundo. Possui três grandes centros de diversidade, geralmente
relacionados a áreas secas ou com forte sazonalidade climática, como o
planalto mexicano, o norte da Colômbia e da Venezuela e as montanhas da
Chapada Diamantina (Bahia). Estes centros estão relacionados aos grupos
infragenéricos reconhecidos por Barneby (1998) e as espécies de caatinga
estão mais relacionadas com as das duas primeiras áreas citadas do que com
as dos campos rupestres da Chapada Diamantina.

As principais características diagnósticas de Calliandra são compartilhadas


com o gênero Zapoteca: a combinação de folhas bipinadas com estames
monadelfos e frutos com margens espessas e deiscência elástica do ápice
para a base. A tabela abaixo pode auxiliar na diferenciação entre os dois
gêneros:

Calliandra Zapoteca
Folíolos Cartáceos a coriáceos Membranáceos
Forma da inflorescência Obcônica Esférica
Consistência dos frutos Coriácea a lenhosa Cartácea
Políades 8 grãos e com apêndice viscoso 16 grãos e sem apêndice viscoso

Além dos caracteres acima citados, as espécies de Calliandra podem ser


reconhecidas pela ausência de nectários extraflorais nas folhas. Entre
as Mimosoideae, isto é compartilhado por Zapoteca portoricensis e pela
maioria das espécies do gênero Mimosa. Enquanto Z. portoricensis pode

463
ser diferenciada pelos caracteres listados na tabela acima, as espécies de
Mimosa diferem das de Calliandra pela presença de espículas interpinais e
parafilídios (com algumas exceções), estames menos numerosos, em número
igual ou o dobro dos lobos da corola, e pelo fruto do tipo craspédio que
deixa um replo persistente após a deiscência ou a liberação dos artículos,
nunca abrindo-se elastica e longitudinalmente como o das espécies de
Calliandra.

O gênero foi recentemente revisado por Barneby (1998) que o subdividiu


em cinco seções. Com exceção de C. leptopoda (seção Microcallis), todas as
demais espécies da caatinga pertencem à seção Androcallis série Androcallis
(11 espécies na caatinga de um total de 56). Estas espécies ocorrem quase
sempre como pequenos arbustos com folhagem decídua na estação seca.
Apresentam variação na coloração dos estames e no tamanho do tubo
estaminal que pode estar relacionado a adaptação para diferentes agentes
polinizadores. As espécies com estames brancos ou bicolores podem ser
polinizados principalmente por mariposas. Uma possível exceção talvez seja
C. macrocalyx, cujo perianto amplo e maciço sugere uma possível participação
de morcegos na sua reprodução. A cor vermelha, em Mimosoideae, tem
geralmente sido associada à polinização por pássaros ou borboletas. No caso
pelo menos de C. depauperata e C. leptopoda as flores são tão pequenas que a
participação de borboletas é mais provável. É importante ressaltar que não
existem estudos sobre a reprodução dessas plantas, o que seria de grande
interesse para auxiliar na compreensão dos processos de diversificação do
grupo na caatinga.

Chave para as espécies de Calliandra da caatinga:

1. Estípulas amplas, foliáceas, cordiformes; folíolos 10-30 x 5-15


mm......................................................................................C. leptopoda

464
1. Estípulas lineares a lanceoladas; folíolos menores

2. Flores sésseis ou subsésseis, o pedicelo, se presente, menor do que


2,5 mm compr.

3. Folhas com exatamente um par de pinas


4. Pinas, folíolos e flores muito reduzidos, as pinas com no
máximo 8 mm compr., folíolos de até 3 mm compr. e
flores com até 12 mm compr.; cálice e corola tubulosos,
5-angulados....................................................... C. depauperata

4. Pinas com pelo menos 15 mm compr., folíolos com mais de


3 mm compr. e flores com pelo menos 18 mm compr; cálice
e corola campanulados a infundibuliformes, não angulosos

5. Pinas com 7 a 12 pares de folíolos; glomérulos


homomórficos com todas as flores apresentando tubo
estaminal longamente exserto...............C. aeschynomenoides

5. Pinas com no mínimo 14 pares de folíolos; tubo


estaminal incluso na corola exceto os das flores centrais
se o glomérulo for heteromórfico
6. Ramos terminando em ápice rígido e espinescente;
glomérulos com 25 a 30 flores......................... C. spinosa

6. Ramos não terminando em ponta espinescente;


glomérulos com até 20 flores

7. Pinas com 24 a 35 pares de folíolos; pecíolo ca. 1


mm compr.; estames ca. 40 mm compr.... C. squarrosa

7. Pinas com 20 a 24 pares de folíolos; pecíolo 3 a 4


mm compr.; estames ca. 20 mm compr..........C. duckei

465
3. Folhas com mais de um par de pinas

8. Pinas, folíolos e flores muito reduzidos, as pinas com no


máximo 8 mm compr., folíolos de até 3 mm compr. e
flores com até 12 mm compr.; cálice e corola tubulosos,
5-angulados....................................................... C. depauperata

8. Pinas, folíolos e flores significativamente maiores

9. Estames vermelhos ou bicolores (brancos na base e


vermelhos no ápice)

10. Folhas com 4 a 8 pares de pinas; estames


vermelhos; plantas do leste do Piauí e oeste do
Ceará.........................................................C. fernandesii

10. Folhas com 2 a 3 pares de pinas; estames


bicolores, branco na base e vermelhos no ápice; plantas
do vale do rio São Francisco, entre Pernambuco e
Bahia........................................................... C. squarrosa

9. Estames brancos

11. Cálice robusto, 9-12 mm de diâmetro; cálice e corola


revestidos por indumento denso, lanoso, canescente
a amarelado............................................. C. macrocalyx

11. Cálice com 2-3 mm de diâmetro; cálice e corola


glabros.........................................................C. subspicata

2. Flores pediceladas, o pedicelo com pelo menos 5 mm compr.

12. Perianto e pedicelo revestidos por tricomas glandulares


pedunculados...........................................................C. umbellifera

12. Tricomas glandulares pedunculados ausentes

466
13. Lacínias do cálice lineares, ca. 4x mais longos do que o
tubo.......................................................................C. imperialis

13. Lacínias do cálice ligeiramente mais longos do que o


tubo.................................................................................C. ulei

Flores (sub) sésseis (pedicelo < 2,5mm)


Flores pediceladas (pedicelo
Calliandra Folhas com 2 ou + pares > 5mm)
Folhas com 1 par de pinas
de pinas
base e vermelhos no
Estames brancos na

Grupo 1:
ápice

C. duckei *
C. spinosa C. squarrosa
C. squarrosa
vermelhos
Estames

C. aeschynomenoides C. depauperata
C. leptopoda
C. depauperata C. fernandesii
Estames brancos

Grupo 2: Grupo 3:
C. imperiallis
C. macrocalyx * C. ulei
C. subspicata C. umbellifera

* Existem dois espécimes de C. macrocalyx referidos como tendo estames vermelhos

Chaves auxiliares
Grupo 1:
1. Flores sésseis ou subsésseis, o pedicelo, se presente, menor do que
2,5 mm compr.

2. Folhas com exatamente um par de pinas

467
3. Pinas, folíolos e flores muito reduzidos, as pinas com
no máximo 8 mm compr., folíolos de até 3 mm compr. e
flores com até 12 mm compr.; cálice e corola tubulosos, 5-
angulados............................................................... C. depauperata

3. Pinas com pelo menos 15 mm compr., folíolos com mais de 3


mm compr. e flores com pelo menos 18 mm compr; cálice e
corola campanulados a infundibuliformes, não angulosos

4. Pinas com 7 a 12 pares de folíolos; glomérulos homomórficos


com todas as flores apresentando tubo estaminal longamente
exserto.......................................................C. aeschynomenoides

4. Pinas com no mínimo 14 pares de folíolos; tubo estaminal


incluso na corola exceto os das flores centrais se o glomérulo
for heteromórfico

5. Ramos terminando em ápice rígido e espinescente;


glomérulos com 25 a 30 flores.............................. C. spinosa

5. Ramos não terminando em ponta espinescente;


glomérulos com até 20 flores

6. Pinas com 24 a 35 pares de folíolos; pecíolo ca. 1 mm


compr.; estames ca. 40 mm compr................ C. squarrosa

6. Pinas com 20 a 24 pares de folíolos; pecíolo 3 a 4 mm


compr.; estames ca. 20 mm compr......................C. duckei

2. Folhas com mais de um par de pinas

7. Pinas, folíolos e flores muito reduzidos, as pinas com


no máximo 8 mm compr., folíolos de até 3 mm compr. e
flores com até 12 mm compr.; cálice e corola tubulosos, 5-
angulados............................................................... C. depauperata

468
7. Pinas, folíolos e flores significativamente maiores

8. Folhas com 4 a 8 pares de pinas; estames vermelhos; plantas


do leste do Piauí e oeste do Ceará.......................C. fernandesii

8. Folhas com 2 a 3 pares de pinas; estames bicolores, branco


na base e vermelhos no ápice; plantas do vale do rio São
Francisco, entre Pernambuco e Bahia.................... C. squarrosa

Matriz para identificação das espécies do Grupo 1 (como as plantas deste


grupo podem ser diferenciadas por aspectos quantitativos, o seguinte
diagrama pode permitir uma rápida identificação da espécie através de uma
combinação entre o número de pares de folíolos por pina e o comprimento
das pinas).

Pares de folíolos por pina


7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
3

7
depauperata
Comprimento da pina (mm)

11
15 aeschyno-
spinosa duckei squarrosa
19 menoides
23
27
31
35
39 fernandesii
43
47
51

Grupo 2:
1. Cálice robusto, 9-12 mm de diâmetro; cálice e corola revestidos por
indumento denso, lanoso, canescente a amarelado.......... C. macrocalyx

1. Cálice com 2-3 mm de diâmetro; cálice e corola glabros.....C. subspicata

469
Grupo 3:
1. Perianto e pedicelo revestidos por tricomas glandulares
pedunculados....................................................................C. umbellifera

1. Tricomas glandulares pedunculados ausentes

2. Lacínias do cálice lineares, ca. 4x mais longos do que o


tubo................................................................................C. imperialis

2. Lacínias do cálice ligeiramente mais longos do que o tubo.......C. ulei

Calliandra aeschynomenoides Benth., Trans. Linn. Soc. �����������


London 30:
546. 1875.
Arbusto 1,5-2 m, virgado, ramos longos, esguios, às vezes um pouco

decumbentes. Estípulas oval-lanceoladas, estriadas, persistentes.

Folhas i / 7-12, dísticas; pecíolo curto, 2-5 mm compr.; pinas 12-33 mm

compr.; folíolos basais menores, os medianos 6-10 x 2-4 mm, discolores,

face adaxial glabra, face abaxial pilosa, oblongo-elípticos, ápice obtuso,

apiculado, base oblíqua, 3-nervados, nervuras salientes e reticuladas na

face abaxial, nervura principal excêntrica. Glomérulos homomórficos,


hemisféricos, axilares, isolados ou pareados, 3-15-floros; pedúnculo curto,

3-5 mm. Flores pentâmeras, cálice campanulado, tubo estriado, lacínias

eretas; corola infundibuliforme, lacínias eretas, estriados; estames 12-15,

vináceos, 20-25 mm compr., tubo estaminal longamente exserto, ca. 13

mm compr.; nectário intraestaminal ausente. Legume [fide Barneby 1998]

ca. 60 x 7 mm; valvas coriáceas, dilatadas sobre as sementes.

Calliandra aeschynomenoides é uma espécie endêmica da caatinga, sendo


conhecida da região da bacia sedimentar de Tucano-Jatobá, no Raso da
Catarina (Bahia), e em Buíque e Ibimirim (Pernambuco), em altitudes que

470
variam de 400 a 800 m, em solos arenosos distróficos. É registrada também
em áreas de areia próximo a Morro do Chapéu e em Livramento de Nossa
Senhora (Bahia). Floração: vi-viii-x. Frutificação: ?

Esta espécie diferencia-se das demais espécies de Calliandra de caatinga


com folhas unijugas pelo número relativamente baixo de folíolos por
pina (7 a 12 pares) e folíolos relativamente grandes (6-10 x 2-4 mm). As
flores apresentam cálice e corola fortemente estriados e o tubo estaminal
particularmente longo e bastante exserto da corola em todas as flores
enquanto as demais espécies tem flores com tubo estaminal curto e incluso
na corola com exceção do da flor central.

Material selecionado: Bahia: s. l., Blanchet 3896 (holótipo de C. aeschynomenoides: K);

Morro do Chapéu, L. P. Queiroz et al. 7644 (HUEFS); Livramento do Brumado, L. P.

Queiroz et al. 7055 (HUEFS); Raso da Catarina, L. P. Queiroz 348 (ALCB, HUEFS, K).

Pernambuco: Buíque, M. J. N Rodal 436 (K, PEUFR); Ibimirim, M. Ataíde 587 (IPA).

Calliandra depauperata Benth., Trans. Linn. Soc. London 30: 546. 1875.
�����

Arbusto 0,2-1 m alt., ramos fortemente lenhosos, profusamente

ramificados dando origem a ramos curtos, divergentes e terminando em

ápice espinescente, às vezes referida como uma planta semelhante a

bonsai [Lewis 1939]. Estípulas linear-lanceoladas, 3-5-nervadas. Folhas

i-iii / 8-15, dísticas, geralmente deflexas e algo descaídas sobre os ramos;

pecíolo muito curto, ca. 1 mm compr.; pinas 3-8 mm compr.; folíolos muito

pequenos, os medianos 1,5-3 x 0,5-1 mm, linear-oblongos, obtusos, 1-

nervados, nervura principal subcêntrica, não ramificada. Glomérulos com

apenas 2-5 flores, homomórfico, curtamente pedunculado, pedúnculo

1-3(-10) mm compr. Flores pentâmeras, cálice e corola esverdeados,

cilíndricos, 5-angulados; estames 8-15, vináceos, 9-12 mm compr., tubo

estaminal curto, ca. 2 mm compr., incluso na corola; nectário intraestaminal

471
Figura 29 – A: Zapoteca portoricencis subsp. flavida (1 - hábito; 2 - detalhe de um folíolo; 3 - flor; 4 - fruto); B: Calli-
andra leptopoda (1 - hábito; 2 - flor); C: Calliandra depauperata (hábito); D: Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
(1 - hábito; 2 - flor); E: Calliandra aeschynomenoides (1 - hábito; 2 - flor; 3 - fruto).

472
presente. Legume 30-47 x 5-6 mm, ereto; valvas coriáceas, amarronzadas,

ligeiramente dilatadas sobre as sementes.

Calliandra depauperata é uma espécie endêmica da caatinga, ocorrendo


principalmente sobre solo arenoso, em caatingas arbustivas baixas e
relativamente abertas, em áreas abertas em bancos arenosos de rios e
riachos temporários assim como fazendo parte do ‘sub-bosque’ de formas
arbustivo-arbóreas de caatinga. Geralmente ocorre em altitudes de 300 a
400 m. Floração: xii-ii. Frutificação: ii-iv

Esta espécie é facilmente reconhecível pela sua profusa ramificação, folhas


pequenas e deflexas, glomérulos paucifloros (2-5 flores) e androceu com
poucos (no máximo 15) estames.

Nomes vernaculares: carqueja (geral), alecrim (Barro Alto, BA).

Material selecionado: Bahia: Barro Alto, T. S. Nunes et al. 315 (HUEFS); Bom Jesus da

Lapa, L. P. Queiroz et al. 5875 (HUEFS); Brotas de Macaúbas, T. S. Nunes et al. 273

(HUEFS); Brumado, A. M. de Carvalho et al. 2675 (CEPEC, K); Casa Nova, T. S. Nunes

et al. 694 (HUEFS); Contendas do Sincorá, G. Hatschbach & J. M. Silva 50078 (K, MBM,

NY); Don Basílio, H. S. Brito & G. P. Lewis 295 (CEPEC, K); Itaberaba, L. R. Noblick et

al. 3146 (HUEFS); Jacobina, W. N. da Fonseca 366 (HRB, K); Juazeiro, W. W. Thomas

et al. 9621 (CEPEC, HUEFS, K, NY); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M.

de Andrade 1967 (CEPEC, K, NY); Paramirim, G. Hatschbach et al. 65896 (HUEFS, K,

MBM, NY); Remanso, T. S. Nunes et al. 674 (HUEFS); Senhor do Bonfim, R. M. Harley

et al. 16321 (CEPEC, K, NY); Sento Sé, R. P. Orlandi 390 (HRB, HUEFS, K, NY). Ceará:

Aiuaba, L. W. Lima-Verde et al. 248 (EAC, HUEFS). Pernambuco: Orocó, R. M. Harley et


al. 54321 (HUEFS); Petrolina, L. Coradin et al. 1370 (CEN, HUEFS, NY); Santa Maria da

Boa Vista, G. Eiten & L. T. Eiten 10863 (NY). Piauí: São Raimundo Nonato, G. P. Lewis &

H. P. N. Pearson 1153 (K).

Calliandra duckei Barneby, Mem. New York Bot. Gard.


����������������������
74(3): 95. 1998.

473
Arbusto a arvoreta, ramificado. Estípulas lanceoladas, estriadas. Folhas

i / 20-24, dísticas, folhas jovens agrupadas em braquiblastos na axila

de uma folha adulta; pecíolo 3-4 mm compr.; pinas 15-20 mm compr.;

folíolos medianos 3-4 x 1 mm, oblongo-lineares, obtusos, 1-2-nervados,

nervura principal subcêntrica, ramificada. Glomérulos heteromórficos,

pedúnculo delgado, 5-18 mm compr., com uma flor central séssil, maior em

comprimento e largura do tubo estaminal do que as flores periféricas, estas

curtamente pediceladas, pedicelo 1-2 mm compr.. Flores pentâmeras,

cálice turbinado, 5-angulado, estriado; corola infundibuliforme; flores

periféricas com 16-18 estames, ca. 17 mm compr., tubo estaminal curto,

incluso na corola; nectário intraestaminal ausente; flor central com ca. 18

estames, ca. 20 mm compr., tubo estaminal ca. 14 mm, exserto da corola,

dilatado no ápice; nectário intraestaminal presente. Fruto não visto.

Calliandra duckei é conhecida apenas de uma coleta realizada na década


de 1930 em Pernambuco (Russinha), sem informação detalhada do seu
habitat. Seria importante que se fizessem tentativas de localizar populações
naturais a fim de se ter um melhor conhecimento de sua morfologia,
biologia e, principalmente, do status de conservação desta espécie tão mal
conhecida. Floração: ii. Frutificação: ?

Segundo Barneby (1998), C. duckei apresenta grande afinidade com C.


blanchetii, uma espécie que não ocorre na caatinga e que é conhecida apenas
de Jacobina e Morro do Chapéu (Bahia). C. duckei pode ser reconhecida
dentre as demais espécies de caatinga pelas flores curtamente pediceladas
(pedicelo de 1 a 2 mm), diferenciando-se neste aspecto das demais espécies
do grupo 1, que têm flores sésseis, e das do grupo 3, que flores com pedicelo
bem desenvolvido, com pelo menos 5 mm compr. O número de folíolos
por pina (20 a 24 pares) é exatamente intermediário entre o observado
em C. spinosa (14 a 20 pares) e C. squarrosa (24 a 35 pares) mas é difícil
estabelecer o quanto estes caracteres são confiáveis uma vez que não se

474
conhece a extensão de sua variação.
Material examinado: Pernambuco: Russinha, D. B. Pickel 3213 (SP).

Calliandra fernandesii Barneby, Mem. New York Bot. Gard.


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74(3): 67. 1998.

Arbusto ca. 1,5 m alt., ramos virgados, geralmente com restos de catáfilos
imbricados na base de cada ramo. Estípulas lanceoladas, não estriadas.

Folhas iv-viii / 32-40, dísticas; pecíolo 5-9 mm compr.; pinas 30-50

mm compr.; folíolos medianos 4-5 x 1-1,5 mm, lineares, obtusos, 1-(2)-

nervados, nervura principal excêntrica, inconspícua. Glomérulos 15-20-

floros, homomórficos, com receptáculo elipsóide a clavado, pedúnculo 20-

40 mm compr. Flores pentâmeras, cálice campanulado, lacínias deltóides

mais curtas do que o tubo; corola campanulada, revestida por tricomas

seríceos brancos, lacínias não estriadas; estames 23-28-vermelhos, ca.

25 mm compr., tubo curto, incluso na corola. Legume 40-80 x 6-8 mm;

valvas rígido-coriáceas, dilatadas entre as sementes.

Calliandra fernandesii ocorre apenas na caatinga setentrional, distribuída


no leste do Piauí e oeste do Ceará, principamente no planalto do Ibiapaba.
Algumas amostras do Piauí são referidas como de área transicional entre
caatinga e cerrado em baixas altitides (ca. 125 m). Floração e frutificação:
vi-x (talvez florescendo após as chuvas).

Esta planta diferencia-se de todas as demais espécies do grupo 1 pelo


número elevado de pinas (4 a 8). Neste aspecto, assemelha-se mais às plantas
do grupo 3, particularmente a C. ulei, das quais se diferencia pelas flores
sésseis ou quase sésseis (pedicelo nunca ultrapassando 1,5 mm compr.) e
pelos estames vermelhos.

Material examinado: Ceará: Chapada da Ibiapaba, A. Fernandes s. n. EAC 2310 (EAC, K).

Piauí: Altos, A. Fernandes & P. Martins s. n. EAC 6839 (tipo de C. fernandesii, holótipo:

EAC); Campo Maior, M. S. B. Nascimento & M. E. Alencar 1035 (HUEFS, K); Sete Cidades,

475
M. E. Alencar et al. 291 (HUEFS, TEPB).

Calliandra imperialis Barneby, Mem. New York Bot. Gard.


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74(3): 70. 1998.

Arbusto; ramos virgados. Estípulas lanceoladas, com 3-6 nervuras

inconspícuas. Folhas iii-iv / 20-23, dísticas; pecíolo 3-5 mm compr.; pinas


10-18 mm compr.; folíolos medianos 2-3 x 1 mm, imbricados, oblongos,

obtusos, nervação inconspícua. Umbelas heteromórficas, 12-20-floras,

pedúnculo 7-14 mm compr. Flores pentâmeras; perianto sem tricomas

glandulares pedunculados; cálice curtamente campanulado com lacínias

lineares, ca. 4x mais longas do que o tubo; corola campanulada; flores

periféricas hermafroditas, pedicelo 7-9 mm compr., estames ca. 10-

12, brancos, ca. 45 mm compr., tubo curto, incluso na corola; flores

subterminais masculinas, pedicelo curto, ca. 1,5-2 mm compr., estames

ca. 20, tubo incluso na corola [medidas do androceu fide Barneby 1998].

Fruto não visto.

Calliandra imperialis é conhecida apenas de dois espécimes, o primeiro


coletado na década de 1930 na região de Pedro Segundo, sul do Piauí, o
segundo coletado 75 anos depois em São Braz do Piauí. É registrada em
área de transição caatinga-cerrado em altitude de ca. 600 m. Floração: iii
Frutificação: ?

É uma espécie semelhante a C. ulei e C. umbellifera, diferindo de ambas


principalmente pelas lacínias do cálice muito longas e lineares. O número
de folíolos por pina (20 a 23 pares) é intermediário entre o de C. umbellifera
(13 a 17 pares) e de C. ulei (24 a 30 pares) mas este caráter deve ser usado
com cautela pois não se conhece sua variação em C. imperialis.

Material examinado: Piauí: Pedro Segundo, S. E. Dahlgren 875 (tipo de Calliandra

imperialis: F); São Braz do Piauí, L.P.Queiroz et al. 10118 (HUEFS).

476
Calliandra leptopoda Benth., London J. Bot. 3: 101. 1844.
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Arbusto 0,5-1 m alt., ramos delgados, ramificados, muitas vezes

plagiotrópicos e decumbentes. Estípulas foliáceas, membranáceas,

suborbiculares ou largamente ovais, com base cordada, semiamplexicaule,

nervação 7-9-palmado-nervadas, reticulada. Folhas i / 3-5; pecíolo 15-


25 mm compr.; pinas 20-45 mm compr.; folíolos medianos 18-30 x 5-15

mm, elípticos a oblongos, obtusos, base assimétrica, cordada, nervação

pinada, nervura principal subcêntrica, nervuras de menor porte salientes

e reticuladas em ambas as faces. Umbelas homomórficas, 10-20-

floras, isoladas ou pareadas, axilares nas folhas distais ou agrupadas

em pseudoracemos terminais, pedúnculo longo, 20-40 mm compr.;

pedicelos delgados, 10-20 mm compr. Flores pentâmeras, cálice e corola

avermelhados, campanulados; estames 27-30, vináceos, 6-7 mm compr.,

tubo estaminal curto, ca. 1-1,5 mm compr., incluso na corola; nectário

intraestaminal presente. Legume 60-80 x 9-12 mm, patente; valvas

papiráceas, verdes com tons azulados a avermelhados, ligeiramente

dilatadas sobre as sementes.

Calliandra leptopoda é uma espécie endêmica da caatinga, ocorrendo


principalmente sobre solo arenoso, em áreas de vegetação mais aberta, em
altitudes de 300 a 500 m, do oeste de Pernambuco e leste do Piauí, até a
Bahia e norte de Minas Gerais. Floração: xii-iii. Frutificação: ii-iv (vi).

Esta é uma espécie morfologicamente isolada dentro do gênero Calliandra


e, por isso, facilmente reconhecível, principalmente pelas grandes estípulas
foliáceas, folhas unijugas com folíolos relativamente grandes (18-30 x 5-15
mm) e flores muito pequenas (ca. 7 mm compr.) agrupadas em umbelas
com pedicelos muito longos e delgados (ca. 10-20 mm compr.) em relação
às flores.

477
Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21518 (CEPEC, K,

NY); Casa Nova, R, S, Rodrigues et al. 1519 (TEPB); Don Basílio, G. P. Lewis & S. M.

M. de Andrade 1884 (CEPEC, K); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 18973 (CEPEC,

K); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1927 (CEPEC, K, NY);

Macaúbas, H. P. Bautista et al. 856 (HRB, HUEFS); Oliveira dos Brejinhos, G. Hatschbach

et al. 67788 (MBM, NY); Paramirim, B. L. Stannard et al. 5152 (CEPEC, K); Pilão Arcado,

L. P. Queiroz et al. 6583 (HUEFS); Remanso, E. Ule 7385 (K); Seabra, G. Hatschbach

et al. 39533 MBM, NY); Serra do Açuruá, J. S. Blanchet 2839 (Lectótipo de Calliandra

leptopoda, K). Minas Gerais: Itaobim, G. Hatschbach et al. 49994 (MBM). Pernambuco:

entre Terra Nova e Bom Jesus, K. P. von Martius s. n. (K); Bom Jardim, K. von Martius s.

n. (K); Piauí: Jaicós, G. Gardner 2138 (síntipo de Calliandra leptopoda, K); Piracuruca, M.

G. M. Arrais s. n. (TEPB 393); São Raimundo Nonato, A. Fernandes & M. del’Arco s. n.

(TEPB 604); Tanque de Areia, P. von Luetzelburg 376 (NY).

Calliandra macrocalyx Harms, Bot. Jahrb. Syst.


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42: 203. 1908.

Arvoreta 1,5-5 m alt., às vezes florescendo como arbusto, ramos

robustos, lenhosos. Estípulas lanceoladas, estriadas. Folhas ii-iv / 15-

25; pecíolo curto, 3-15 mm compr.; pinas 20-45 mm compr.; folíolos

medianos ligeiramente maiores, 5-10 x 1-3 mm, oblongos, ligeiramente

rombóides, agudos, base assimétrica, cordada a truncada, 2-3-nervados

a partir do puvínulo, nervura principal excêntrica, nervuras de menor porte

salientes e reticuladas na face abaxial. Glomérulos homomórficos, 4-6-

floros, isolados ou pareados, axilares nas folhas distais ou nascendo de

ramos curtos subterminais protegidos por catáfilos imbricados; pedúnculo

robusto, 15-30 mm compr., lanoso, canescente, apresentando uma bráctea

semelhante à estípula próximo à metade do seu comprimento. Flores 4-

5-meras, cálice e corola crassos, coriáceos, amplamente campanulados,

densamente revestidos por tricomas lanosos branco-acinzentados,

lacínias da corola reflexas na antese; estames 65-180, brancos, 50-90

478
mm compr., tubo estaminal curto, ca. 6-9 mm compr., incluso na corola;

nectário intraestaminal ausente. Legume 80-150 x 10-20 mm, ereto;

valvas lenhosas, densamente revestidas por tricomas lanosos branco-

acinzentados.

Calliandra macrocalyx é essencialmente uma espécie de caatinga, penetrando


ligeiramente em algumas áreas ecotonais caatinga-cerrado. Ocorre na
Bahia, a leste do rio São Francisco, alcançando o oeste de Pernambuco e
sudeste do Piauí, sobre diferentes tipos de solo, em altitudes que variam
de 400 a 700 m, mas com algumas populações alcançando ca. 1200 m na
Chapada Diamantina.

Esta espécie é bem diferenciada das demais espécies de Calliandra (como de


todas as demais Mimosoideae de caatinga) pelas suas flores muito grandes
e maciças, que chegam a alcançar quase 10 cm de comprimento quanto
os estames encontram-se distendidos, e cálice com 9-12 mm de diâmetro.
Além disso, dentre as espécies de Calliandra da caatinga, ela é a única a
apresentar indumento lanoso denso sobre o pedúnculo, perianto e fruto.

Barneby (1998) reconhece duas variedades, ambas ocorrendo na caatinga.

1. Cálice com lacínias acuminadas, alcançando o comprimento da


corola............................................................................................var. aucta

1. Cálice com lacínias deltóides, mais curtas do que a


corola................................................................................... var. macrocalyx

Calliandra macrocalyx var. aucta Barneby, Mem. New York Bot. Gard.
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74(3): 66. 1998.

Planta conhecida apenas de caatinga sobre dunas arenosas na região do

479
baixo-médio São Francisco, próximo à cidade de Casa Nova. Floração: ix-
x, iv. Frutificação: iv-ix.

Nome vernacular: rabo-de-veado (Casa Nova, BA).

Material examinado: Bahia: Casa Nova, L. M. C. Gonçalves 209 (tipo da variedade,

holótipo: K [foto HUEFS], isótipo: HRB).

Calliandra macrocalyx Harms var. macrocalyx


Calliandra villosiflora Harms, Bot. Jahrb. Syst.
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42: 205. 1908.

Área de distribuição e habitats preferenciais correspondem aos descritos


para a espécie. Floração: (i-)iii-iv-v(-vi). Frutificação: iv-vii.

Algumas populações desta planta, especialmente na região de Caetité e


próximo a Seabra mostram-se variáveis na na coloração dos estames, ou
brancos ou vermelho-vivo.

Nome vernacular: sucupira (Ibiraba, BA).

Material selecionado: Bahia: Barra, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4069 (HUEFS, K,

NY); Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21654 (CEPEC, K); Boninal, W. Ganev

s. n. (HUEFS, K, SPF); Caetité, A. M. de Carvalho et al. 1784 (CEPEC, HUEFS, K);


Cristópolis, L. Coradin et al. 8515 (CEN, HUEFS, K); Gentio do Ouro, E. Ule 7203 (tipo

de C. macrocalyx, isótipo: HBG); Guanambi, R. Mello-Silva 561 (HUEFS, NY, SPF);

Ibotirama, L. Coradin et al. 6622 (CEN, K, NY); Licínio do Almeida, J. G. Jardim et al. 3269

(HUEFS); Remanso, E. Ule 7386 (tipo de Calliandra villosiflora Harms, isótipo: K); Seabra,
L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3323 (HUEFS, K); Tanque Novo, G. Hatschbach et

al. 66010 (MBM, NY); Vanderlei, G. Hatschbach & J. M. Silva 50503 (K, MBM). Minas

Gerais: Janaúba, G. Hatschbach et al. 65688 (MBM, NY). Pernambuco: Petrolina, L.

Coradin et al. 7738 (CEN, HUEFS).

Calliandra spinosa Ducke, Anais Acad. Brasil. Ci. 31: 289. 1959.

480
Calliandra suberifera Rizzini, Rodriguesia, 28(41): 175. 1976.

Arbusto 1-3 m alt., profusamente ramificado, ramos lenhosos, cinza-claros,

curtos, divergentes e terminando em ápice espinescente. Estípulas linear-

lanceoladas, estriadas. Folhas i / 14-20, dísticas, ligeiramente deflexas;

pecíolo muito curto, ca. 1-2 mm compr.; pinas curvadas para cima, 15-

25 mm compr.; folíolos medianos 4-10 x 1-2 mm, lineares, obtusos, 2-3-

nervados, nervura principal subcêntrica, ramificada, nervuras secundárias

em ângulo reto com a principal, salientes e reticuladas na face abaxial.

Glomérulos 25-30-floros, pedúnculo 4-10 mm compr., heteromórficos,

com uma flor central maior em comprimento e largura do perianto e do

tubo estaminal do que as flores periféricas. Flores 4-5-meras, cálice e

corola campanulados, cálice estriado; estames bicolores, brancos na base

e vermelhos no ápice, os das flores periféricas em número de 10 a 20,

18-24 mm compr., tubo estaminal curto, 2-3 mm compr., incluso na corola,

sem nectário intraestaminal, os da flor central em número de 22 a 36, tubo

6-10 mm, exserto da corola, nectário intraestaminal presente. Legume

[fide Ducke 1959] 60 x 7 mm.

Calliandra spinosa é endêmica da caatinga, ocorrendo de modo mais ou


menos contínuo do Ceará ao oeste de Pernambuco e sudeste do Piauí,
com populações disjuntas na Bahia, a leste do rio São Francisco, ao sul da
Chapada Diamantina e no vale do rio Paraguaçu. Floração: intermitente
após as chuvas [fide Barneby 1998]. Frutificação: ?

Esta espécie pode ser reconhecida pela combinação dos ramos rígidos,
terminando em espinho e flores com cálice estriado e estames bicolores,
brancos na base e vermelhos no ápice. C. depauperata também apresenta
ramos espinescentes mas possui folhas e flores significativamente menores.
Apresenta maior semelhança com C. squarrosa da qual difere pelas folhas
ligeiramente deflexas (patentes) e pelo menor número de folíolos por pina

481
(14 a 20 pares em C. spinosa vs. 24 a 35 pares em C. squarrosa), além dos já
citados ramos espinescentes.

Nomes vernaculares: umarí-bravo, espinheiro-branco (ambos no Ceará).

Material selecionado: Bahia: Delfino, A. M. Giulietti et al. PCD 6129 (ALCB, CEPEC, HRB,

SPF); Santa Terezinha, L. P. Queiroz et al. 6519 (HUEFS); Sento Sé, E. R. Souza et al. 138
(HUEFS). Ceará: Aiuaba, L. W. Lima-Verde et al. 190 (EAC, HUEFS); Canindé, A. Ducke

MG 2117 (tipo de Calliandra spinosa: MG), V. C. França s. n. ii. 1957 (K); Ubajara, A.

Fernandes s. n. (EAC, K). Piauí: Paulistana, D. A. Lima 173.307 (holótipo de C. suberifera

Rizzini: RB).

Calliandra squarrosa Benth., London J. Bot. 3: 104. 1844.


Calliandra catingae Harms, Bot. Jahrb. Syst.
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42: 202. 1908.

Arbusto 0,3-1,5 m alt., virgado, ramos esguios, lenhosos, não

espinescentes no ápice. Estípulas linear-lanceoladas, estriadas. Folhas

i-iii / 24-35, dísticas, ascendentes, às vezes folhas jovens agrupadas

em braquiblastos na axila de uma folha adulta; pecíolo muito curto, ca.

1 mm compr.; pinas 15-20 mm compr.; folíolos medianos 3-5 x 0,5-1

mm, lineares, obtusos, 1-2-nérvios, nervuras tênues, pouco visíveis, a

principal subcêntrica. Glomérulos 6-10-floros, pedúnculo delgado, 8-18


mm compr., heteromórfico, com uma flor central maior em comprimento

e largura do perianto e do tubo estaminal do que as flores periféricas.

Flores com cálice pentâmero, campanulado; flores periféricas com corola

tetrâmera, campanulada, lacínias côncavas, estriadas; estames 15-17,


brancos com extremidades vináceas, ca. 40 mm compr., tubo curto, pouco

exserto da corola; flor central com corola cilíndrica, lacínias côncavas,

estriadas; estames vermelhos, tubo ca. 18-20 mm, longamente exserto da

corola, dilatado no ápice. Legume 50-60 x 7-9 mm, ereto; valvas lenhosas,

densamente revestidas por tricomas velutinos brancos.

482
Calliandra squarrosa é conhecida apenas do vale do rio São Francisco, de
Remanso até próximo à Cachoeira de Paulo Afonso, sendo referida como
ocorrendo sobre areias inundáveis. No entanto, o tipo desta espécie foi
coletado em 1817, provavelmente pelo Príncipe Maximilian, entre Vitória
e Salvador (Barneby 1998). As coletas mais recentes desta planta datam da
década de 1950, sendo necessários novas coletas, principalmente na região
de Paulo Afonso, a fim de se investigar o status de conservação da espécie.
Floração: i-v. Frutificação: iii-v.

Esta espécie possui hábito semelhante ao de C. spinosa, da qual se diferencia


principalmente pelas folhas ascendentes nos ramos e pelos ramos não
terminando em ápice espinescente. Além disso, C. squarrosa apresenta um
número maior de folíolos por pina (24 a 35 pares) do que C. spinosa (14 a
20 pares).

Material selecionado: Bahia: Paulo Afonso, D. A. Lima 50-542 (IPA, K); Remanso, E. Ule

7573 (tipo de Calliandra catingae: HBG, K).

Calliandra subspicata Benth., Trans. Linn. Soc. London 30: 556. 1875.

Arbusto 1-1,5 m alt., ramos longos, flexuosos. Estípulas longas, linear-

lanceoladas, estriadas, externamente esbranquiçadas, decurrentes sobre


o nó, semi-amplexicaules. Folhas ii-iv / 28-40, dísticas, divaricadas;

pecíolo 5-10 mm compr.; pinas 40-75 mm compr.; folíolos medianos 6-

12 x 1-2 mm, imbricados, lineares, agudos, 2-3-nérvios, nervura principal

excêntrica, ramificada, nervuras de menor porte salientes e reticuladas na


face abaxial, inconspícuas. Inflorescência glomérulo (flores sésseis) ou

um curto racemo glomeruliforme (flores com pedicelo de 1-2 mm compr.),

elipsóide, homomórfica, 15-22-flora, pedúnculo 12-20 mm compr. Flores

pentâmeras, cálice cartáceo, campanulado, estriado; corola membranácea,

campanulada, lacínias eretas; estames 25-40, brancos, 40-60 mm compr.,

483
tubo curto, incluso na corola. Fruto não visto.

Calliandra subspicata é principalmente uma espécie litorânea, onde ocorre


associada a margem pedregosa de riachos. Poucas coletas existem dentro
da área de domínio da caatinga, especialmente de Pernambuco e do vale
do rio de Contas (Bahia), sem informações do seu habitat. Floração: ii-iv.
Frutificação: ?

Esta espécie pode ser diagnosticada pelas estípulas decurrentes sobre a região
do nó e pela inflorescência elipsóide com flores curtamente pediceladas,
formando curtos racemos axilares. Apresenta flores com androceu branco
e muito longo, como encontrado também em C. macrocalyx, da qual difere
pelo cálice mais estreito e perianto não revestido por tricomas lanosos.
Material selecionado: Bahia: Jequié, M. Magalhães 39283 (NY, RB). Pernambuco:
Arcoverde [Serra das Varas], D. B. Pickel 3758 (SP); Tapera, D. B. Pickel 3726 (NY, SP).

Calliandra ulei Harms, Bot. Jahrb. Syst.


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42: 205. 1908.

Arbusto 1-3 m alt. [fide Harms, 1908], ramos longos, virgados, revestidos

por tricomas curtos, densos e esbranquiçados. Estípulas longas,

linear-lanceoladas, nervação inconspícua. Folhas iii-v / 24-30, dísticas,

ascendentes; pecíolo 2-4 mm compr.; pinas 20-28 mm compr.; folíolos

medianos 3-5 x 1-1,5 mm, imbricados, oblongos, ápice arredondado, nervura

principal subcêntrica, pouco visível, as demais inconspícuas. Umbelas

heteromórficas, 15-22-floras, pedúnculo 10-30 mm compr., robusto.

Flores pentâmeras; perianto sem tricomas glandulares pedunculados;


cálice glabro, curtamente campanulado, lacínias acuminadas, mais longas

do que o tubo; corola glabra, campanulada; flores periféricas com pedicelo

delgado, estames ca. 20, brancos, ca. 53 mm compr., tubo curto, incluso na

corola; flor central com pedicelo curto e robusto, ca. 2 mm compr., estames

ca. 26, ca. 66 mm compr., tubo incluso na corola [medidas do androceu

fide Barneby 1998]. Fruto não visto.

484
Calliandra ulei é conhecida apenas de uma coleta de Serra Branca, sudeste
do Piauí, região descrita como de caatinga. Floração: i. Frutificação: ?

É uma espécie semelhante a C. umbellifera da qual se diferencia pelas


folhas mais agrupadas no ápice dos ramos e pelos folíolos menores (3-5 x
1-1,5 mm em C. ulei vs. 6-8 x 2-3 mm em C. umbellifera), pelas lacínias do
cálice mais longas do que o tubo e pela ausência de tricomas glandulares
pedunculados.
Material examinado: Piauí: Serra Branca, E. Ule (tipo de Calliandra ulei, isótipo: K).

Calliandra umbellifera Benth., J. Bot. (Hooker)


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2: 141. 1840.

Arbusto 1-1,5 m alt., ramos longos, virgados, pouco ramificados. Estípulas

lanceoladas, 5-nervadas, estriadas. Folhas i-iii / 13-17, dísticas, deflexas;

pecíolo 4-6 mm compr.; pinas 16-38 mm compr.; folíolos medianos 6-8

x 2-3 mm, oblongos, ápice arredondado, nervura principal subcêntrica,

pouco visível, as demais inconspícuas. Umbelas heteromórficas, 10-17-

floras, pedúnculo 10-30 mm compr., robusto Flores pentâmeras; perianto

revestido por tricomas glandulares pedunculados; cálice campanulado,

lacínias mais curtas do que o tubo; corola campanulada; flores periféricas

com pedicelo delgado, estames 25-35, brancos, ca. 50 mm compr., tubo


curto, 4-5 mm, incluso na corola, sem nectário intraestaminal; flor central

com pedicelo curto e robusto, ca. 2 mm compr., cálice e corola ligeiramente

mais largos e longos do que os das flores periféricas. Legume ca. 70

x 9 mm, patente; valvas coriáceas, planas, reticuladas, com tricomas

glandulares esparsos.

Calliandra umbellifera é uma espécie mal conhecida, coletada no sul do


Ceará e sudoeste do Piauí. Infelizmente não há registro do habitat onde
esta planta ocorre e, pela localização das amostras, é possível que ocorra em
cerrado e não em caatinga. Floração: vii-viii. Frutificação: ?

485
Esta espécie pode ser diagnosticada pela presença de tricomas glandulares
pedunculados sobre o pedicelo e o perianto. A morfologia geral é semelhante
à de C. ulei, incluindo os folíolos relativamente largos e oblongos destas
duas espécies. Os principais caracteres diferenciais entre estas espécies
estão referidos na discussão de C. ulei.
Material examinado: Ceará: Crato, G. Gardner 1581 (holótipo de Calliandra umbellifera: K

[foto HUEFS], isótipo NY). Piauí: Eliseu Martins, L. P. Félix 7825 (Hst, HUEFS); Parnaguá,

G. Gardner 2555 (K).

Inga Mill.
Inga é um gênero exclusivamente neotropical com cerca de 300 espécies
(Pennington 1997). É facilmente diagnosticável dentre as Mimosoideae
por apresentar folhas paripinadas (os demais gêneros desta subfamília
apresentam folhas bipinadas). As folhas apresentam, ainda, nectários
conspícuos entre os pares de folíolos. Na circuscrição atual, Inga inclui o
gênero Affonsea o qual era diferenciado pelo gineceu apocárpico.

As espécies de Inga são muito características de florestas úmidas. Na


caatinga, o gênero é representado por apenas uma espécie que habita as
matas ciliares dos maiores rios.

Inga vera Willd., Sp. Pl., ed. 5, 4: 1010. 1806.


subsp. affinis (DC.) T.D.Penn., Gen. Inga, Bot.: 716. 1997.
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Inga affinis DC., Prodr. 2: 433. 1825.


Inga acutifolia Benth., London J. Bot. 4:614. 1845.
Mimosa umbellata Vell., Fl. Flumin. 11: tab. 12. 1831.

Árvore 2-5,5 m, ramos cilíndricos, inermes, freqüentemente com


estrias a partir da base do pecíolo, pubescentes a velutinos.

486
Estípulas lanceoladas a ovais, 1,5-5 mm compr. Folhas paripinadas;

pecíolo 5-17 mm, cilíndrico, pubescente a tomentoso; raque 35-125

mm compr., pubescente a tomentoso; nectários extraflorais sésseis,

discóides ou caliciformes; folíolos 2-4 pares, peciolulados, peciólulo

0,5-2 mm compr., acrescentes para o ápice, os distais 80-125 x 30-45

mm, elípticos, ápice agudo, base obtusa a arredondada freqüentemente

assimétrica, face adaxial esparsamente pubescente a glabrescente, face

abaxial pubescente, tricomas glandulares avermelhados freqüentemente

presentes, nervuras secundárias 7-11 pares. Inflorescências espigas

ou racemos compactos, piramidais, axilares, solitárias ou pareadas;

pedúnculo 1-5 cm compr.; pedicelo 0-1 (-5) mm; raque 1,5-5 cm compr.

Flores pentâmeras; cálice cilíndrico, tubo 4-15 mm compr., lacínias (1-) 2-

5 mm compr., pubescente; corola cilíndica, tubo 12-22 mm compr., lacínias

(2-) 3-5 mm compr., serícea; estames 60-130, tubo estaminal 10-27 mm

compr., incluso ou ligeiramente exerto. Legume 5-15 (-20) x 1,3-2,5 x 1,5-

2,5 cm, cilíndrico ou quadrangular, reto ou ligeiramente curvado, ápice e

base arredondodos a atenuados, faces 0,5-1,5 cm larg, em parte coberto

por margens expandidas, valvas carnosas, pubescentes a tomentosas.

Inga vera subsp. affinis é uma planta de ampla distribuição na América


Central e na América do Sul, da Colômbia ao Uruguai, ocorrendo
geralmente em matas ciliares que cortam áreas sujeitas a climas estacionais,
como é o caso do cerrado e da caatinga. No bioma caatinga, ocorre em
matas ciliares de rios perenes. Floração: x-xi. Frutificação: ii-iv.
Esta espécie é facilmente diferenciada de todas as demais Mimosoideae
da caatinga pelas folhas paripinadas com nectários entre todos os pares de
folíolos e pelos frutos carnosos, cilíndricos a quadrangulares.

Nomes vernaculares: ingazeiro, ingá (gerais).

Material selecionado: Bahia: Ibiraba, L. P. Queiroz 4853 (HUEFS); Maracás, K. R. B. Leite

487
et al. 243 (HUEFS). Pernambuco: s. l., G. Gardner 985 (tipo de Inga acutifolia: K, foto

HUEFS).

Zygia P.Browne
Gênero neotropical com 45-50 espécies (Lewis et al. 2005). Apenas uma
espécie ocorre na caatinga.

Zygia latifolia (Willd.) Fawc. & Rendle, Fl. Jamaica


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4: 150. 1920.
Mimosa latifolia L., Syst. Nat., ed. 10, 2: 1310. 1759.
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var. communis Barneby & Grimes, Mem. New York Bot. Gard.
74(2): 119. 1997.
Inga cauliflora Willd., Sp. Pl., ed. 4: 1021. 1806.
Zygia cauliflora (Willd.) Killip ex Record, Trop. Woods 63: 6. 1940.
Mimosa cauliflora (Willd.) Poir., Encycl. (Lamarck),
������������������������������
Suppl. 1: 45. 1811.

Árvores 3-6 m alt., copadas; ramos jovens e eixos da inflorescência glabros

ou densamente pilosos. Estípulas ovais ou lanceoladas, 1-8 mm compr.

Folhas bipinadas, i / 3-5; pecíolo 2,5-10 mm; nectário presente entre o

par de pinas; pina 2,5-13 cm compr.; segmentos interfoliolares 15-80 mm;

folíolos largamente elíptico ou oval-elíptico, ápice agudo, base cuneada,

assimétrica, fortemente acrescentes, os distais 30-45 x 17-20 mm, 1-3-

nervados a partir da base, nervura principal assimétrica na base, nervuras

secundárias 3-4 pares, broquidódromas. Espigas curtas, glomeruliformes,


caulifloras, 1,2-2 cm compr. Flores ca. 25 mm compr.; cálice 3-4 mm compr.,

amplamente campanulado, 5-dentado; corola 4,5-7 mm compr., cilíndrica,

tubo estriado, multinervado; estames ca. 25 mm compr., brancos, tubo ca.

4 mm compr.; ovário séssil. Legume 6-9 x 11-18 mm, subséssil, linear

ou largamente linear, margens retas ou ligeiramente constritas entre as

488
sementes; valvas coriáceas, ± carnosas, pubescentes ou glabrescentes.

Sementes 8-14, compressas ou biconvexas, suborbiculares, 8-12 mm

diâm.; testa marrom.

Espécie amplamente distribuída na América do Sul, das Guianas à Bolívia


e norte da Argentina, em florestas pluviais e ciliares (Barneby & Grimes
1997). No bioma caatinga, é conhecida de florestas ciliares do médio São
Francisco na Bahia, a ca. 400 m alt. Floração: ix. Frutificação: x-ii.

Zygia latifolia var. cauliflora pode ser reconhecida pelos folíolos com
apenas um par de pinas, folíolos em 3 a 5 pares, relativamente grandes
e inflorescências caulifloras. Estes caracteres, aliados aos frutos carnosos,
a distinguem de todas as outras espécies da subfamília Mimosoideae da
caatinga.

Nome vernacular: ingarana.

Material examinado: Bahia: Barra, L. P. Queiroz 4840 (HUEFS); Ibiraba, L. P. Queiroz et al.

6429 (HUEFS); Utinga (provavelmente de Barra), J. S. Blanchet 2764 (K).

Blanchetiodendron Barneby & J.W.Grimes


Gênero monoespecífico, conhecido apenas nos estados da Bahia e
Minas Gerais. Este gênero foi proposto por Barneby & Grimes (1996)
para acomodar uma espécie relativamente isolada que, anteriormente,
foi tentativamente colocada nos gêneros Enterolobium, Pithecellobium
(Bentham 1876) e Albizia (Lewis 1987).

Blanchetiodendron integra um grupo de gêneros caracterizado pelas gemas


axilares conspícuas protegidas por catáfilos estriados e imbricados, que inclui
ainda Chloroleucon e Leucochloron. Blanchetiodendron diferencia-se destes
gêneros por apresentar as inflorescências umbeliformes (flores pediceladas)
em ramos curtos laterais agrupados no ápice dos ramos longos, acima das

489
folhas, não abaixo como nos citados gêneros.

Blanchetiodendron blanchetii (Benth.) Barneby & J.W.Grimes, Mem.


New York Bot. Gard. 74(1): 129. 1996.
Enterolobium ? blancheti Benth., J. Bot. (Hooker) 3: 224. 1844.
Pithecolobium [Pithecellobium] blanchetii (Benth.) Benth., Trans. Linn. Soc. London
30: 587. 1875.
Albizia blanchetii (Benth.) G.P.Lewis, Leg. Bahia:
�����������������
162. 1987.

Árvore de 5-15 m alt., às vezes florescendo com 3-3,5 m alt.; tronco com

DAP 15-50 cm, casca acinzentada, ligeiramente rugosa; ramos inermes,

glabros, acinzentados, com numerosas lenticelas esbranquiçadas; gemas

conspícuas, revestidas por catáfilos estriados e imbricados, presentes na

axila de algumas folhas antes da floração ou no final da frutificação. Folhas

ii-iii(-iv) / 10-13 (pinas distais); nectário séssil, curtamente cilíndrico, orbicular

a elíptico, localizado acima do meio do pecíolo, nectários adicionais às

vezes presentes entre os folíolos distais; pecíolo 20-45 mm compr.; pinas

(sub)opostas, ligeiramente acrescentes distalmente, as distais com raque

de 5,5-8 cm compr.; parafilídios ausentes ou cilíndricos (secretor ?); folíolos

papiráceos, ligeiramente decrescentes proximal e distalmente, os medianos


12-18 x 5-6 mm, obliquamente peciolulados, estreitamente oblongos,

obtusos e apiculados no ápice, base amplamente obtusa, nervação pinado-

palmada, 4-5-nervados a partir do pulvínulo, nervura principal ligeiramente

excêntrica, ramificada, saliente, as demais nervuras ± inconspícuas na face

abaxial, glabros ou com margem ciliada. Inflorescências umbeliformes,

ligeiramente heteromórficas, 3-7-fasciculadas ao longo de ramos laterais,

estes nascendo na axila das folhas subterminais e acima delas; pedúnculo

0-1,5 cm compr. Flores pentâmeras; flores laterais pediceladas, pedicelo

2-6 mm compr.; cálice verde, ca. 2-3 mm compr., campanulado; corola

490
branca com lacínias avermelhadas, ca. 4-5 mm compr., infundibuliforme,

revestida por tricomas seríceos; estames ca. 26-38 (fide Barneby &

Grimes 1996), 11-15 mm compr., brancos, tubo estaminal curto, incluso

na corola; flor central séssil, com cálice e corola ligeiramente maiores do

que os das flores periféricas, estames 30-46 (fide Barneby & Grimes 1996)

com tubo exserto da corola, geralmente dilatado no ápice. Legume 15-

20 x 2-4 cm, pêndulo, oblongo ou oblongo-linear, contraído na base em

estípite de 4-6 mm compr., plano compressos, retos, suturas espessadas;

deiscência inerte; valvas papiráceas, glabras. Sementes 8-12 x 6-10 mm,

suborbiculares a largamente elípticas, compressas, estreitamente aladas,

ala marginal ca. 1 mm; pleurograma ausente.

Espécie endêmica da caatinga arbórea e florestas estacionais da Bahia


(a leste do rio São Francisco) e nordeste de Minas Gerais (vale do rio
Jequitinhonha), em altitudes de 450 a 700 m, mas alcançando ca. 900 m no
planalto de Maracás e 1000 m na Chapada Diamantina. Floração: xi-xii.
Frutificação: (ii) vii-ix.

Os caracteres diagnósticos dessa espécie foram apresentados acima, na


discussão do gênero. Apresenta alguma semelhança superficial com Albizia
inundata diferindo pelo tipo de fruto (um criptolomento em A. inundata e
um legume em B. blanchetii) e pela posição das inflorescências, sempre em
ramos laterais curtos agrupados na parte terminal de ramos longos, acima
das folhas, em B. blanchetii, e em pseudoracemos axilares ou terminais,
nunca em ramos curtos, em A. inundata.
Nome vernacular: canzil.

Material selecionado: Bahia: Abaíra, R. M. Harley et al. 27855 (HUEFS, K, NY); América

Dourada, H. C. de Lima et al. 3912 (CEPEC, K); Caen, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

3550 (HUEFS, K); Campo Formoso, L. Coradin et al. 6054 (CEN, K); Iraquara, L. P.

Queiroz & N. S. Nascimento 3406 (HUEFS, K); Livramento do Brumado, S. A. Mori et al.

491
12247 (CEPEC, K); Maracás, L. A. Mattos-Silva et al. 249 (CEPEC, K); Mirangaba, J. D.

A. Ferreira 64 (HRB, K); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz et al. 7670 (HUEFS); Piritiba,

L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3467 (HUEFS, K); Seabra, H. S. Irwin et al. 31218

(K); Senhor do Bonfim, R. Mello-Silva et al. CFCR 7594 (K, SPF); Serra do Açuruá, J.

S. Blanchet 2776 (tipo de Enterolobium [?] blanchetii Benth.; holótipo K, foto HUEFS);

Wagner, A. C. Sarmento 872 (HRB, HUEFS). Minas Gerais: Itinga, G. Hatschbach & O.

Guimarães 45024 (K, MBM); Jequitinhonha, G. Hatschbach et al. 52185 (K, MBM).

Leucochloron Barneby & J.W.Grimes


Pequeno gênero, com quatro a cinco espécies do leste do Brasil, segregado
de Pithecellobium por Barneby & Grimes (1996). Leucochloron pode ser
considerado afim do gênero Chloroleucon, ambos compartilhando uma
arquitetura particular da planta, com as flores se desenvolvendo na parte
proximal (basal) dos ramos, abaixo da zona onde se desenvolvem as folhas.
Além disso, estes gêneros (assim como Blanchetiodendron) apresentam
gemas florais dormentes protegidas por catáfilos estriados semelhantes a
estípulas o que possibilita a estas plantas florescerem rapidamente no início
da estação chuvosa. Leucochloron pode ser diferenciado de Blanchetiodendron
pela posição proximal das inflorescências no ramo (abaixo das folhas) e de
Chloroleucon pela ausência de espinhos e fruto folículo com valvas finas de
textura coriácea.

As espécies de Leucochloron ocorrem preferencialmente em áreas abertas


de cerrado ou campo, sendo também freqüentemente encontradas em
matas ciliares no domínio do cerrado. Apenas uma espécie é encontrada na
caatinga, a qual é descrita abaixo.

Leucochloron limae Barneby & J.W.Grimes, Mem. New


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York Bot. Gard.
74(1): 132. 1996.

492
Figura 30 – A: Blanchetiodendron blanchetii (1 - hábito; 2 - detalhe de um folíolo; 3 - flor); B: Chloroleucon dumosum
(1 - folha; 2 - detalhe do nectário foliar; 3 - detalhe de um folíolo; 4 - fruto); C: Chloroleucon extortum (1 - hábito; 2 -
detalhe do nectário foliar; 3 - detalhe de um folíolo; 4 - semente); D: Chloroleucon foliolosum (1 - hábito; 2 - detalhe do
nectário foliar; 3 - detalhe de um folíolo; 4 - flor; 5 - fruto; 6 - semente); E: Leucochloron limae (1 - folha; 2 - detalhe
do nectário foliar; 3 - detalhe de um folíolo).

493
Árvore 5-8 m alt., às vezes florescendo como arbusto de 1-3 m alt.; tronco

com DAP 25-30 cm, casca acinzentada, fissurada longitudinalmente;

ramos inermes quando muito jovem revestido por tricomas pubérulos

esbranquiçados, depois glabro com numerosas lenticelas esbranquiçadas.

Folhas iv-vii / 9-14 (pinas distais); nectário séssil, curtamente cilíndrico,

orbicular a elíptico, localizado de 1/3 a 2/3 do comprimento do pecíolo,

nectários adicionais entre as pinas distais e entre os folíolos distais

de cada pina; pecíolo 10-18 mm compr.; pinas opostas, ligeiramente

acrescentes distalmente, as distais com raque de 2,3-3,5 cm compr.;

folíolos coriáceos, os basais ligeiramente menores, os medianos 5-10 x 3-5

mm, obliquamente oblongos, os distais tornando-se obovais, ápice obtuso

a arredondado, base truncada, nervação pinado-palmada, 2-3-nervados a

partir do pulvínulo, nervura principal ligeiramente excêntrica, ramificada,

nervuras salientes e reticuladas na face abaxial, glabros a pubérulos mas

com um tufo de tricomas brancos na base da nervura principal na face

abaxial. Glomérulos globosos, homomórficos, 9-10 mm diâm., isolados ou

fasciculados no ápice de ramos laterais, estes nascendo abaixo das folhas,

raramente axilares; pedúnculo 1-2,5 cm compr. Flores perfumadas (odor

adocicado de limão fide Carvalho 5339), pentâmeras, sésseis; cálice ca.

3,5 mm compr., infundibuliforme, pubérulo, verde; corola ca. 6 mm compr.,

estreitamente infundibuliforme, branca com lacínias verdes, pubérula;

estames ca. 36 (fide Barneby & Grimes 1996), 10-12 mm compr., brancos,

tubo estaminal 5-6,5 mm compr., incluso ou ligeiramente exserto da

corola; ovário séssil, glabro. Fruto folículo, 7,5-12 x 1,5-2 cm, linear, plano
compresso, reto, quando deiscente tornando-se torcido ao longo de seu

eixo longitudinal, suturas indistintas ou muito discretamente espessadas;

valvas rígido-coriáceas, pubérulas, amarronzadas. Sementes 15-16 x 10-

11 mm, ± retangulares compressas, castanhas, estreitamente aladas, ala

marginal ca. 1 mm; pleurograma ausente.

494
Espécie endêmica da Bahia, ocorrendo apenas em caatinga arbórea e
florestas estacionais (‘matas de cipó’) da região centro-sul do estado,
especialmente nas bacias dos rios de Contas e Paraguaçu. É uma árvore
com folhagem decídua, geralmente florescendo antes que as folhas estejam
totalmente expandidas, os ramos florais geralmente se posicionando abaixo
do eixo vegetativo. Floração: ix-x. Frutificação: ix

Leucochloron limae tem folhas e frutos muito semelhantes aos de


Pseudopiptadenia brenanii, ambas as espécies apresentando folíolos oblongos
com superfície abaxial ± côncava, frutos do tipo folículo tornando-se
torcidos quando deiscentes e sementes com uma estreita ala marginal. No
entanto, enquanto L. limae tem inflorescências em glomérulos e flores com
muitos estames concrescidos em tubo, P. brenanii possui inflorescências em
espigas e flores com 10 estames livres. Quando em frutificação, a observação
do eixo alongado da espiga de P. brenanii é suficiente para separar as duas
espécies.

Lewis (1987) já chamava a atenção para a singularidade desta espécie e


para o seu posicionamento genérico incerto.

Nome vernacular: couvi.


Material selecionado: Bahia: Itapetinga, B. M. da Silva 46 (HUEFS); Livramento do
Brumado, A. M. de Carvalho 5339 (CEPEC, K, NY); Marcionílio Souza (como Tamburí),

E. Ule 7275 (K); Senhor do Bonfim, J. D. C. A. Ferreira 103 (HRB, K); Serra Preta, H. C.

de Lima et al. 3877 (tipo de L. limae, isótipo: K [foto HUEFS], NY).

Chloroleucon (Benth.) Britton & Rose ex Record

Árvores ou arbustos, ramos diferenciados em ramos longos e ramos curtos,

as folhas e inflorescências geralmente aparecendo nos ramos curtos,

ramos longos ± flexuosos, geralmente armados com espinhos isolados ou

495
pareados, axilares, às vezes os ramos erraticamente armados em apenas

alguns nós ou inermes; gemas dormentes conspícuas, protegidas por um

invólucro de catáfilos imbricados e estriados. Estípulas caducas. Folhas

bipinadas; nectários peciolares presentes, geralmente localizados abaixo

ou próximo do meio do pecíolo; espículas interpinais ausentes; parafilídios

ausentes; folíolos cartáceos, pinado-palmados. Inflorescências em

glomérulos, isolados ou fasciculados na axila de folhas recém-expandidas

nos ramos curtos, homomórficas ou heteromórficas, neste caso com a flor

central diferenciada das periféricas pelo tamanho do perianto e comprimento

do tubo estaminal. Flores pentâmeras; cálice cilíndrico-tubular; corola

cílindrico-tubulosa, tubo estriado, e então abruptamente expandida em

limbo campanulado; androceu polistêmone, monadelfo, tubo estaminal

curto e incluso na corola ou longo e exserto; ovário séssil. Fruto linear,

geralmente falcado até espiralado, deiscente e com valvas papiráceas ou

indeiscente e com valvas ± carnosas. Sementes compressas com testa

lisa e óssea; pleurograma aberto, em forma de “U”.

Chloroleucon é um gênero relativamente pequeno, com cerca de 10 espécies


distribuídas do México e Antilhas até o sul do Brasil e norte da Argentina
(Barneby & Grimes 1996). A maioria de suas espécies ocorre em ambientes
sazonalmente secos.

As espécies de Chloroleucon podem ser consideradas como crípticas e as de


caatinga não fogem a essa regra, o pode ser notado na chave e na discussão de
cada espécie. As espécies são diagnosticadas principalmente por caracteres
de frutos e na sua ausência é difícil ter segurança sobre a identidade da
planta. Parte desse problema parece estar relacionado ao tipo particular de
fenologia apresentado por estas plantas. Elas tem a folhagem decídua na
seca e apresentam gemas dormentes que permitem a rápida expansão de
ramos curtos que portam folhas e flores logo no início da estação chuvosa.
Assim, a maioria dos espécimes que apresentam flores tem as folhas muito

496
jovens e, muitas vezes, não tem espinhos. É importante estar atento para,
ao coletar espécimes deste gênero, tentar amostrar ramos basais, onde os
espinhos podem estar presentes, e folhas mais desenvolvidas que às vezes
podem ser encontradas em plantas vizinhas com flores já murchas.

Nas descrições abaixo, as medidas das folhas foram tomadas nas plantas em
frutificação a fim de evitar variação devida ao estágio de desenvolvimento
da folha. Quando pertinente, as medidas das folhas de espécimes em
floração são apresentados entre colchetes.

1. Frutos submoniliformes, deiscentes, com valvas papiráceas e ca. 7


mm larg.; folhas com 4 a 5 pares de pinas e 22 a 25 pares de folíolos
por pina.............................................................................. Ch. extortum

1. Frutos não moniliforme, indeiscentes, com valvas carnosas e ca. 10-


15 mm larg.; folhas com menor número de pinas ou com menor
número de folíolos, ou ambos

2. Folíolos 2-3 mm larg.; folhas com 3 a 5 pares de pinas; glomérulos


homomórficos, todas as flores com tubo estaminal nitidamente
exserto da corola........................................................... Ch. dumosum
2. Folíolos com 1-1,5 mm larg.; folhas com 5 a 7 pares
de pinas; glomérulos heteromórficos, as flores periféricas
com tubo estaminal incluso na corola e a flor central com tubo
exserto..........................................................................Ch. foliolosum

Chloroleucon dumosum (Benth.) G.P.Lewis, Legumes Bahia: 165. 1987.


Pithecolobium [Pithecellobium] dumosum Benth., London J. Bot. 3: 223. 1844.
Pithecolobium [Pithecellobium] glaziovii Benth., Trans. Linn. Soc. London 30: 597.
1875.

497
Pithecellobium vinhatico Record, Timbers Trop. Amer.: 211. 1924.
Chloroleucon vinhatico (Record) Record, Trop. Woods 63: 6. 1940.
Chloroleucon glazioui (Benth.) G.P.Lewis, Legumes Bahia: 166. 1987.
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Árvore 4-15 m alt., às vezes florescendo como arbusto de 2-3 m alt.;

tronco ca. 20-40 cm DAP, casca lisa e lenticelosa; espinhos nodais retos,

isolados ou pareados, geralmente presentes nos ramos mais velhos mas

freqüentemente ausentes nos ramos distais, estes ligeiramente flexuosos,

densamente pubérulos quando muito jovens mas logo tornando-se

fortemente lenhosos, glabros e lenticelosos; folhas e inflorescências

dispostas em ramos curtos laterais. Folhas iii-v / (9-)13-19 (pinas maiores);

nectário discóide, séssil, localizado próximo de 1/3 a 2/3 do comprimento

do pecíolo, nectários adicionais sésseis geralmente presentes entre os

pares distais de pinas e entre os pares distais de folíolos; pecíolo (6-)10-

15 mm; pinas opostas, em geral acrescentes distalmente, as distais com

raque de 2,5-4 cm compr., distância entre as pinas 6-12 mm; parafilídios

ausentes; folíolos cartáceos, um pouco menores em cada extremidade da

pina, os medianos 7-8(-13) x 2-3 [5 x 1,5] mm, oblongos, raramente linear-

lanceolados, obtusos, base truncada, raramente obtusa, densamente

pubescentes na face abaxial, 3-4-nervados a partir do pulvínulo, nervuras


primárias e secundárias salientes na face abaxial, nervura principal

subcêntrica, ramificada. Glomérulos ± hemisféricos ou obpiramidais, ca.

10 mm diâm., pedúnculo 10-15 mm compr., 1-3-fasciculados, axilares,

homomórficos (às vezes uma duas flores centrais com tubo estaminal

ligeiramente maior). Flores pentâmeras, (sub)sésseis, ca. 14-15 mm

compr.; cálice 2-2,5 mm compr., cilíndrico, estriado, densamente pubérulo

ou apenas ciliado nas lacínias; corola 6-8 mm, com tubo longo, exserto do

cálice, estriado, abruptamente expandida em limbo campanulado, pubérula

apenas nas lacínias; estames 16-20, brancos, tubo estaminal longo,

exserto da corola. Fruto indeiscente (?), 10-14 x 1-1,3 cm, linear, séssil,

498
compresso, falcado e espiralado; margens espessadas, não onduladas;

valvas ± carnosas, glabras, dilatadas sobre as sementes.

Esta planta ocorre principalmente na caatinga, do Ceará e Rio Grande do


Norte até a Bahia e Minas Gerais e em matas estacionais e restingas da
Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Na caatinga, ocorre principalmente
em caatinga arbórea sobre solos calcáreos, em altitudes de 250 a 450 m.
Floração: (vii-)ix-xi. Frutificação: ix.

Barneby & Grimes (1996) sinonimizaram Ch. glazioui (Benth.) G. P. Lewis


a esta espécie, apesar dos dois táxons diferirem no tamanho da raque foliar,
pinas e folíolos. Talvez representem diferentes ecótipos, com Ch. dumosum,
com menores dimensões das partes citadas, representando a forma de
caatinga e Ch. glazioui a forma de floresta.

Chloroleucon dumosum pode ser diferenciada das demais espécies de


Chloroleucon da caatinga pelas suas folhas com menor número de pinas
(até 5 pares) e folíolos relativamente largos (pelo menos 2 mm larg.). Além
disso, ao contrário de Ch. foliolosum, possui glomérulos homomórficos e
flores que apresentam corola com tubo mais longo, exserto do cálice e
estriado e tubo estaminal também mais longo e exserto da corola.

A madeira desta planta é usada para construção e, na Bahia, seu chá tem
uso medicinal. Os frutos adocicados são consumidos por crianças na região
de Januária (MG).

Nomes vernaculares: arapiraca (geral), jurema-branca (Rio Grande do


Norte), espinheiro (Minas Gerais).

Material selecionado: Bahia: Aramari, B. C. Bastos 156 (BAH, K);Conceição de Feira, L.

S. S. Farias et al. in G° Pedra do Cavalo 763 (ALCB, HUEFS, K); Contendas do Sincorá,

G. Hatschbach 48368 (K, MBM); Gentio do Ouro, H. C. de Lima et al. 3933 (K, NY, RB);

Irecê, E. L. P. G. de Oliveira 269 (BAH, K); Jacobina, G. P. Silva et al. 3631 (CEN, NY);

499
Marcionílio Souza, J. N. Rose & P. G. Russel 19964 (NY); Palmeiras, G. P. Silva & M. Way

3087 (CEN, HUEFS); rio Gongogi, H. M. Curran 28 (isótipo de Pithecellobium vinhatico: K,

foto HUEFS). Ceará: Aiuaba, L. W. Lima-Verde, 352 (EAC, HUEFS, K); Barra do Jardim,

G. Gardner 1944 (holótipo de Pithecellobium dumosum: K-Benth., foto HUEFS). Minas

Gerais: Medina, R. S. Santos 28010 (NY); Pirapora (cultivada em Brasília, DF), E. P.

Heringer 14047 (K); Sagarana, J. A. Ratter et al. 504V (K). Rio Grande do Norte: Pau dos

Ferros, J. S. de Assis & A. C. Sarmento 373 (HRB, K, NY).

Chloroleucon extortum Barneby & J.W.Grimes, Mem. New York Bot.


Gard. 74(1): 142. 1996.

Árvore ca. 4 m alt.; ramos distais inermes, glabros; folhas e inflorescências

dispostas em ramos curtos laterais. Folhas iv-v / 22-25 (pinas distais);

nectário discóide, séssil, localizado abaixo do meio do pecíolo, nectários

adicionais presentes entre o par distal de pinas e entre os par distal de

folíolos; pecíolo 6-8 mm; pinas opostas, acrescentes distalmente, as

distais com raque de 2,8-3 cm compr., distância entre as pinas 5-6 mm;

parafilídios ausentes; folíolos um pouco menores em cada extremidade

da pina, os medianos 4-6 x 1 mm, lineares, ligeiramente falcados, agudos,

base truncada, glabros mas com margem esparsamente ciliada, 3-

nervados a partir do pulvínulo, nervuras primárias e secundárias salientes

na face abaxial, nervura principal subcêntrica, ramificada. Inflorescência

desconhecida. Legume 12-17 x 0,7 cm, deiscência inerte pelas duas

suturas, linear, séssil, compresso, falcado e espiralado, submoniliforme,


margens e valvas constritas entre as sementes; valvas ± cartáceas,

glabras.

Planta endêmica da caatinga, conhecida apenas da região centro-norte do


estado da Bahia. Floração: ? Frutificação: vi, ix.

Chloroleucon extortum apresenta fruto submoniliforme com valvas finas

500
e cartáceas, bastante distinto dos de qualquer outra espécie do gênero
Chloroleucon. As flores são, até então, desconhecidas. A variação observada na
folhagem se enquadra na faixa de variação descrita por Barneby & Grimes
(1996) para Ch. foliolosum embora as plantas desta espécie provenientes da
caatinga tenham um número menor de folíolos por pina (13 a 19 pares),
enquanto em Ch. extortum tenham sido encontrados 22 a 25 pares de folíolos
por pina. No entanto, é necessária alguma cautela no uso desse caráter pois
esta planta é conhecida de poucas coletas e é possível que ele apresente
maior variação. De qualquer modo, na ausência dos frutos é muito difícil o
reconhecimento dessa espécie e é possível que amostras desta espécie sem
frutos estejam identificados em herbários como Ch. foliolosum.

Material examinado: Bahia: Gentio do Ouro, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3973

(HUEFS); Jacobina, G. P. Silva et al. 3631 (CEN, HUEFS); Pindobaçu, J. D. A. Ferreira

82 (tipo de Ch. extortum; holótipo: K, isótipos: HRB, NY); Santa Brígida, L. P. Queiroz et

al. 7287 (HUEFS).

Chloroleucon foliolosum (Benth.) G.P.Lewis, Legumes Bahia: 166. 1987.


Pithecolobium [Pithecellobium] foliolosum Benth., London J. Bot. 3: 223. 1844.
Pithecellobium oligandrum Rizzini, Leandra no. 4-5: 10, fig. 8. 1974.
Calliandra aristulata Rizzini, Rodriguesia, 28(41): 166. 1976.
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Arbusto ou arvoreta 3-4 m alt., tronco ca. 7-8 cm DAP, ± retorcido e com

crescimento plagiotrópico, casca acinzentada, lisa; ramos armados com

espinhos nodais isolados ou pareados, menos freqüentemente inermes,

glabros, ligeiramente flexuosos, lenticelosos; folhas e inflorescências

dispostas em ramos curtos laterais. Folhas v-vii / 14-21 (pinas maiores);

nectário cilíndrico, às vezes dilatado no ápice, localizado próximo à base

do pecíolo, acima do pulvino, nectários adicionais sésseis geralmente

presentes entre o par distal de pinas e entre os pares distais de folíolos;

501
pecíolo 8-15 mm; pinas opostas, decrescentes na base, as distais com

raque de 1,5-2,5 cm compr., distância entre as pinas 4-5 mm; parafilídios

ausentes; folíolos cartáceos, um pouco menores em cada extremidade

da pina, os medianos 3,5-5 x 1 [2 x 0,8-1] mm, linear-oblongos, agudos

a obtusos, base truncada, glabrescentes mas com margem ciliada, 3-

nervados a partir do pulvínulo, nervuras primárias salientes na face abaxial,

nervura principal subcêntrica, ramificada. Glomérulos ± hemisféricos ou

obpiramidais, ca. 5-7 mm diâm., pedúnculo 10-15 mm compr., isolados ou

pareados na axilas de folhas em expansão, heteromórficos, a flor central

diferenciada das periféricas pelo perianto mais longo, ligeiramente mais

largo e pela forma e tamanho do tubo estaminal. Flores pentâmeras;

flores periféricas (sub)sésseis, ca. 12 mm compr.; cálice ca. 2 mm compr.,

cilíndrico, glabro; corola campanulada, glabra, ca. 2x o comprimento

do cálice; estames brancos, tubo estaminal curto, incluso na corola;

flor central séssil, com perianto ca. 1,5x mais longo do que o das flores

periféricas, tubo estaminal exserto da corola dilatado e fimbriado no ápice.

Fruto indeiscente, 9-13 x 1,3-2 cm, linear, séssil, compresso, curvo ca.

90° a 360°, não espiralado longitudinalmente; margens espessadas, não

ou muito discretamente onduladas; valvas ± carnosas, glabras, planas até

bastante dilatadas sobre as sementes.

Espécie de formações vegetacionais secas na América do Sul, ocorrendo na


caatinga e no Chaco (Paraguai, norte da Argentina e Mato Grosso do Sul,
Brasil). Ocorre em diferentes fisionomias de caatinga, embora raramente
em caatinga arbórea, e em diferentes tipos de solo, de 450 a 850 m de
altitude. Floração: x. Frutificação: iii-iv, vi-vii.

Barneby & Grimes (1996) relatam que o fruto tem deiscência inerte
mas o material de caatinga tem fruto indeiscente e ± carnoso. O fruto
diferencia facilmente esta espécie de Ch. extortum mas é semelhante ao de
Ch. dumosum. Pode ser diferenciada desta espécie por caracteres das folhas

502
(ver discussão de Ch. dumosum).

Nomes vernaculares: arapiraca, tatarema (Caetité e Maracás, BA).

Material selecionado: Alagoas: Olho d’Água do Casado, D. Moura & R. A. Silva 1280

(HUEFS, Xingo). Bahia: Abaíra, W. Ganev 1165 (HUEFS, K, NY, SPF); Barra, J. S.

Blanchet 3136 (Lectótipo de Pithecellobium foliolosum Benth.: K-Benth., foto HUEFS);


Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21458 (CEPEC, K, NY); Brumado, G. Hatschbach

& J. M. Silva 50439 (K, MBM); Caculé, A. M. de Carvalho et al. 1700 (CEPEC, HUEFS,

K); Caculé, A. M. de Carvalho et al. 1700 (CEPEC, K); Caetité, L. P. Queiroz & N. S.

Nascimento 3638 (HUEFS, K); Cafarnaum, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3423

(HUEFS, K, NY); Canudos, L. P. Queiroz et al. 7205 (HUEFS); Casa Nova, F. B. Ramalho

1187 (holótipo de Pithecellobium oligandrum Rizzini: RB); Iramaia, S. Ginzbarg 856 (NY);

Jequié, A. M. de Carvalho et al. 1939 (CEPEC, HUEFS, K, NY); Livramento do Brumado,

G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1870 (CEPEC, K); Maracás, L. P. Queiroz & V. L. F.

Fraga 3253 (HUEFS); Marcolino Moura [como Tamburi], E. Ule 7276 (K); Monte Santo,

R. M. Harley et al. 16440 (CEPEC, HUEFS, K); Pilão Arcado, T. Ribeiro et al. 75 (ALCB,

HUEFS); Remanso, T. S. Nunes et al. 480 (HUEFS); Santa Maria da Vitória, L. P. Queiroz

et al. 6118 (HUEFS); Teofilândia, V. de Souza 328 (K). Ceará: Aiuaba, J. E. R. Collares

& L. Dutra 193 (HRB, K, NY). Paraíba: Campina Grande, M.F.Agra et al. 3332 (JPB).

Pernambuco: banks of Capibaribe, G. Gardner s.n. (síntipo de Pithecellobium foliolosum


Benth.: K); Floresta, M. J. N. Rodal et al. 574 (K, PEUFR); Gravatá, B. J. Pickel 3196 (NY);

Inajá, M. J. N. Rodal et al. 574 (K, NY, PEUFR). Piauí: Elesbão Veloso, F. M. T. Freire s. n.

(TEPB 3665); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1087 (K). Sergipe:

Canindé do São Francisco, L. M. Cordeiro et al. 129 (HUEFS, Xingo).

Pithecellobium Mart.
Gênero relativamente pequeno, com cerca de 18 espécies nas Américas
(Barneby & Grimes 1997), a maioria das quais distribuídas na América
Central, norte da América do Sul e Antilhas. Apenas uma espécie ocorre

503
na caatinga, a qual é descrita abaixo.

É importante ressaltar que o conceito de Pithecellobium tem sofrido


grandes mudanças. Na Flora Brasiliensis, os limites adotados por Bentham
(1876) eram quase que coincidentes com os da tribo Ingeae exceto pela
não inclusão de Calliandra e Inga. Estes limites foram bastante reduzidos
por Nielsen (1981), cujo conceitos foram adotados por Lewis (1987) em
Legumes of Bahia, embora algumas combinações para o gênero Abarema
não tivessem sido feitas naquele momento.

No conceito atual de Barneby & Grimes (1997), o gênero pode ser


definido pelo armamento de espinhos nodais pareados, folhas com 1 ou 2
pares de pinas, pinas com apenas 1 a 3 pares de folíolos, folíolos amplos e
frutos deiscentes expondo as sementes que apresentam um arilo esponjoso
recobrindo seu ápice ou até metade de seu comprimento.

Pithecellobium diversifolium Benth., London J. Bot. 3: 201. 1844.

Arbusto, ramificado desde a base formando vários perfilhos basais, às

vezes com porte arborescente, 3-5 m alt.; troncos com casca lisa, cinza,

com espinhos pareados persistentes; ramos armados em cada nó com


espinhos pareados (estípulas modificadas), quando jovens glabros ou

pubérulos, ligeiramente flexuosos, logo depois fortemente lenhosos e

lenticelosos; folhas e inflorescências dispostas em ramos laterais muito

curtos (braquiblastos), as folhas parecendo ficar ± fasciculadas nos ramos


longos. Folhas i / 1-2(-3); nectário curtamente estipitado, presente entre

cada par de pina e no ápice da raque de cada pina; pinas com raque de

3-12 mm compr.; parafilídios ausentes; folíolos coriáceos, quando mais de

um par por pina fortemente acrescentes distalmente, os distais 14-20 x

8-12 mm, 2-4x maiores do que os proximais, ineqüilateralmente elípticos

a obovados, ápice obtuso a arredondado, geralmente mucronulado, base

504
semicordada, glabrescentes ou esparsamente pubérulos, às vezes com

um tufo de tricomas longos e brancos na base da nervura principal na

face abaxial, peninérvios, nervura principal subcêntrica, nervação saliente

e reticulada na face abaxial. Espigas homomórficas com eixo curto, 2-

4 mm, às vezes ± glomeruliforme, obpiramidais; pedúnculo 10-25 mm

compr., ± fasciculados na axila foliar ou no ápice dos braquiblastos. Flores

pentâmeras, ca. 20-30 mm compr.; cálice 2-3 mm compr., infundibuliforme,

glabro ou pubérulo; corola 6-9 mm compr., estreitamente infundibuliforme,

densamente pubérula a serícea, ca. 3x o comprimento do cálice; estames

brancos, tubo estaminal incluso ou ligeiramente exserto da corola; ovário

estipitado, glabro. Legume 7-10 x 0,9-1,1 cm, linear, curtamente estipitado,

compresso, espiralado, fazendo 1 a 2 voltas completas; margens

ligeiramente onduladas; valvas rígido-coriáceas, quando desicentes

internamente avermelhadas. Sementes 8-9 x 8 x 5 mm, suborbiculares,

dilatadas; testa óssea, negra, brilhante; pleurograma quase completo em

forma de “O”; arilo branco.

Pithecellobium diversifolium é uma espécie característica de “caatinga de


areia” que ocorre principalmente em terrenos sedimentares e em bancos
arenosos de rios, de 300 a 400 m alt. Floração: ii-iii. Frutificação: iii-vi.

Esta planta é facilmente diagnosticada dentre as espécies de caatinga por


uma combinação de caracteres que inclui espinhos pareados persistentes
no tronco, folhas unijugas com 1 a 2 pares de folíolos por pina e folíolos
largos, elípticos a obovados.
O arilo é comestível e adocicado. Em uma ocasião eu observei que, embora
algumas sementes sejam comidas por pássaros, muitas caem no solo
aderidas ao arilo e são, então, arrastadas por grandes saúvas. O nome vulgar
brinco-de-sauim deve se referir à semelhança entre o fruto retorcido com
certos tipos de adereços femininos cujo uso é injustamente atribuído a estes

505
pequenos macacos.

Esta espécie ilustra bem as ligações florísticas das caatingas de areia com as
áreas secas do Caribe e noroeste da América do Sul, pois apresenta grande
afinidade com P. excelsum (Kunth) Benth. e P. unguis-cati (L.) Mart., plantas
que se distribuem, respectivamente, nos vales interandinos secos do Peru e
Equador e em florestas secas do sul do México, Antilhas, América Central
e norte da América do Sul (Barneby & Grimes 1997).

Nomes vernaculares: carcarazeiro (geral), brinco-de-galinha (Xique Xique,


BA), brinco-de-sauim (Tucano, BA).

Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6914 (HUEFS, MAC).

Bahia: Bendengó, A. M. Giulietti & R. M. Harley 1724 (HUEFS); Curaçá, S. B. da Silva et

al. 309 (HRB, NY); Glória, F. P. Bandeira 239 (HUEFS); Irecê, R. M. Harley & A. M. Giulietti

53927 (HUEFS); Jacobina, J. S. Blanchet 2670 (síntipo de P. diversifolium: K [foto HUEFS],

NY); Paulo Afonso, S. A. Mori & B. M. Boom 14229 (CEPEC, K, NY); Riachão do Jacuípe,

N. G. Jesus et al. 870 (HUEFS); Santa Brígida, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3740

(HUEFS, NY); Tucano, A. M. de Carvalho & D. J. N. Hind 3877 (CEPEC, HUEFS, K, NY);

Xique Xique, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3903 (HUEFS). Pernambuco: Floresta,

A. Laurênio et al. 71 (K, PEUFR, NY). Piauí: rio Parnaíba, G. Gardner 2554 (síntipo de P.

diversifolium: K [foto HUEFS], NY). Sergipe: L. M. Cordeiro et al. 144 (HUEFS, Xingo).

Samanea (Benth.) Merr.


Samanea é um pequeno gênero, com três espécies neotropicais, de acordo com
a classificação de Barneby & Grimes (1996). O gênero é taxonomicamente
relacionado ao complexo Pithecellobium e ao longo do sua história teve suas
espécies relacionadas aos gêneros Pithecellobium, Albizia ou como gênero
próprio.

O gênero é caracterizado pela inflorescência umbeliforme, heteromórfica

506
e fruto indeiscente, reto, com pericarpo muito espessado e lenhoso. Os
caracteres que permitem diferenciar este gênero das demais Mimosoideae
de caatinga estão referidos da discussão de sua única espécie.

Samanea inopinata (Harms) Barneby & J.W.Grimes, Mem. New


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York
Bot. Gard., 74(1): 123. 1996.
Serianthes inopinata Harms, Notizbl. Bot. Gart. Berlin, 11. 55. 1930.
Pithecellobium nuriense H.S.Irwin, Mem. New York Bot. Gard. 15: 107. 1966.
Pithecellobium inopinatum (Harms) Ducke, Mem. Inst.
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Oswaldo Cruz, 51. 426.
1953.
Albizia inopinata (Harms) G.P.Lewis, Legumes Bahia 162. 1987.

Árvore de (4-) 10-20 m alt., copada, copa obpiramidal de ca. 5-10 m

diâm.; tronco com DAP 10-50 cm, casca acinzentada, suberosa, fissurada

em placas ± retangulares e arrebitadas; ramos inermes, suberosos,

densamente revestidos por tricomas velutinos amarelados. Folhas iii-iv

/ 1-2 (pinas proximais), 3-4 (pinas distais); nectário séssil, discóide ou

crateriforme, elíptico, localizado geralmente próximo à base do pecíolo,

mais raramente próximo à metade do seu comprimento, nectários adicionais

localizados nas pinas entre ou logo abaixo dos pares de folíolos; pecíolo
(30-) 55-75 mm compr.; pinas opostas, distalmente acrescentes, as distais

com raque de 5-8 cm compr.; folíolos cartáceos, distalmente acrescentes,

os distais 50-65 x 28-40 mm, obliquamente oblongos (medianos) ou

rômbico-obovados (distais), ápice obtuso a arredondado, mucronado,

base fortemente assimétrica, peninérvios, nervura principal ligeiramente

excêntrica, nervação primária e secundária saliente na face abaxial,

nervação terciária discretamente reticulada, pubérulos na face abaxial.

Inflorescência umbela, heteromórfica, constituída por flores pediceladas

agrupadas em um eixo abreviado, (1-) 3-fasciculadas, axilares; pedúnculo

507
11-12 cm compr. Flores pentâmeras; flores periféricas pediceladas,

pedicelo 6-10 mm compr., cálice (incluindo o hipanto) 8-10 mm compr.,

estreitamente infundibuliforme, densamente velutino, verde, quando

seco ferrugíneo; corola 15-18 mm compr., estreitamente infundibuliforme,

serícea, esverdeada, quando seca argêntea; estames 25-35, ca. 50 mm

compr., bicolores, brancos na base e vermelhos no ápice; ovário séssil,

seríceo; flor central séssil, cálice cilíndrico ca. 13 mm compr., ca. 2x mais

largo e corola ca. 1,5x mais longa do que os das flores periféricas; estames

ca. 60. Fruto 20-22 x 2-3 x 1,6-2 cm, indeiscente, oblongo-linear, com

seção retangular, suturas espessadas; valvas lenhosas, velutinas, com

numerosas estrias tranversais, mesocarpo ± viscoso e endocarpo lenhoso

e septado em segmentos monospérmicos.

Samanea inopinata ocorre em florestas estacionais e em caatinga distribuída


em duas áreas distintas, uma no norte da América do Sul (Venezuela,
Guianas e estado de Roraima no Brasil) e outra no nordeste do Brasil
(estados do Maranhão, Pernambuco e Bahia; Barneby & Grimes 1996).
Na caatinga, esta espécie ocorre principalmente em caatinga arbórea, em
áreas transicionais para florestas estacionais, a altitudes de 500 a 800 m.
Floração: xi-ii. Frutificação: vii-x.

Espécie arbórea, geralmente muito destacada pela sua copa frondosa e


obpiramidal e pelo tronco com casca exfoliante, com faixas descamantes,
de onde provem seu nome popular (casqueiro). Quando em floração
(geralmente no início do verão), pode ser também reconhecida pelas
umbelas com flores relativamente grandes (ca. 5 cm) com estames bicolores,
brancos/vermelhos. Os frutos são muito característicos, indeiscentes,
lenhosos e com exocarpo densamente estriado.

Nas áreas onde ocorre, é geralmente uma planta preservada pelas populações
locais, sendo comum encontrar indivíduos isolados no meio da pastagem.

508
Nomes vernaculares: casqueiro (geral), bordão-de-velho (Campo Maior,
PI).

Material selecionado: Bahia: Aramari, M. L. Fonseca 3661 (HUEFS); Baixa Grande, L. P.

Queiroz & N. S. Nascimento 3454 (HUEFS, K); Caen, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

3557 (HUEFS, K); Encruzilhada, M. M. Santos & J. C. A. de Lima 148 (HRB, HUEFS);
Jacobina, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3505 (HUEFS, K); Jequié, A. M. de Carvalho et

al. 1922 (CEPEC, HUEFS, K); Maracás, S. A. Mori et al. 11138 (CEPEC, K, NY); Poções,

L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3701 (HUEFS, K). Pernambuco: Tapera, B. Pickel 581

(NY). Piauí: Campo Maior, M. S. B. Nascimento 156 (HUEFS).

Albizia Durazz.

Árvores copadas, inermes. Estípulas caducas. Folhas bipinadas;

nectários extraflorais presentes; espículas interpinais ausentes; parafilídios

ausentes ou presentes; folíolos cartáceos, palmados. Inflorescências

glomeruliformes ou umbeliformes, agrupadas em pseudoracemos ou

panículas, heteromórficas, flor central diferenciada das periféricas pelo

perianto maior e estames mais numerosos. Flores pentâmeras; androceu

polistêmone, monadelfo, tubo estaminal curto e incluso na corola; ovário


séssil. Fruto legume ou criptomento, reto, plano-compresso, margens

espessadas, deiscência passiva, valvas papiráceas, quando criptomento

com endocarpo segmentado em artículos monospérmicos. Sementes

compressas com testa lisa e óssea; pleurograma aberto, em forma de “U”,

ou fechado, em forma de “O”.

Albizia é um gênero pantropical, com 120-140 espécies (Lewis et al. 2005)


e principais centros de diversidade no Neotrópico, África e sudeste da Ásia
(Barneby & Grimes 1996). Nas Américas, o gênero inclui 19 espécies, a
maior parte das quais ocorrendo em florestas úmidas.

509
Barneby & Grimes (1996) redefiniram os limites do gênero Albizia,
restringido-o às espécies com crescimento simpodial, inermes, folíolos
com venação palmada ou pinado-palmada (nunca simplesmente pinada),
inflorescências heteromórficas e fruto reto nunca com deiscência elástica.
Dentro destes limites existe grande variação no fruto, especialmente na
textura e no modo de dispersão das sementes, variando desde legumes com
deiscência passiva até criptolomentos.

No contexto das Mimosoideae de caatinga, o gênero Albizia pode


ser reconhecido pelos ramos inermes, folhas com nectários discóides
posicionados abaixo do meio de pecíolo, glomérulos heteromórficos
relativamente pequenos, estames monadelfos e frutos com valvas
papiráceas. Uma análise superficial de espécimes de Albizia, sem considerar
este conjunto de caracteres, pode levar a confundi-los com espécies do
gênero Acacia. Na discussão abaixo, sobre cada uma das espécies de Albizia,
alguns erros potenciais de identificação são apresentados bem como alguns
caracteres úteis para evitá-los.

Chave para identificação das espécies

1. Folhas com 2 a 4 pares de pinas, cada pina com 7 a 10 pares de


folíolos; folíolos relativamente grandes, 18-28 x 6-9 mm; fruto um
criptolomento...................................................................... A. inundata

1. Folhas com 5 a 8 pares de pinas, cada pina com 19 a


22 pares de folíolos; folíolos menores, 6-8 x 3-3,5 mm; fruto
legume..............................................................................A. polycephala

Albizia inundata (Mart.) Barneby & J.W.Grimes, Mem. New York Bot.
Gard. 74(1): 238. 1996.

510
Acacia inundata Mart., Reise Bras. 1: 555. 1823.
Acacia polyantha Spreng.f., Syst. Veg. 5: 3. 1828.
Albizia polyantha (Spreng.f.) G.P.Lewis, Leg. Bahia:
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164. 1987.

Árvore 3,5-5 m alt., copada; ramos inermes, glabros, sulcados

longitudinalmente. Estípulas caducas. Folhas ii-iv / 7-10 (pinas distais);

nectário discóide, séssil, elíptico, localizado abaixo do meio do pecíolo,

nectários adicionais geralmente presentes entre os pares de folíolos distais;

pecíolo 35-40 mm; pinas opostas, ± eqüilongas, as distais com raque de

7,5-8 cm compr., distância entre as pinas 20-25 mm; parafilídios ausentes;

folíolos cartáceos, um pouco menores em cada extremidade da pina, os

medianos 18-28 x 6-9 mm, oblongo-lineares, subromboidais, obtusos, base

obliquamente arredondada, glabros, 5-7-nervados a partir do pulvínulo,

nervuras primárias salientes na face abaxial, nervura principal excêntrica,

ramificada. Glomérulos globosos, 4-5 mm diâm., subésseis, pedúnculo ca.

3 mm compr., 3-5-fasciculados, fascículos agrupados em pseudoracemos

laxos, axilares ou terminais; glomérulos ligeiramente heteromórficos, a flor

central diferenciada das periféricas apenas pelo perianto ligeiramente mais

largo e estames mais numerosos. Flores pentâmeras, ca. 4 mm compr.;

cálice campanulado, glabro mas com bordo ciliado; corola infundibuliforme,

glabra, ca. 3-4x o comprimento do cálice; estames brancos, tubo estaminal

curto, incluso na corola. Fruto um criptolomento, 7-9 x 1,3-1,5 cm, séssil ou

base contraída em estípite de 5-10 mm compr., plano-compresso, linear,

reto ou arqueado; margens espessadas, discolores, onduladas; valvas

(exocarpo) inteiras, papiráceas, glabras, amarronzadas, suavemente

constritas entre as sementes, endocarpo segmentado em artículos

monospérmicos ± retangulares. Sementes ca. 9 x 6 mm, oblongo-elítpicas;

pleurograma em forma de “U”.

Albizia inundata é uma espécie característica de matas ciliares, distribuindo-

511
se na América do Sul principalmente nos vales dos rios São Francisco,
Paraná-Paraguai-Uruguai (Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai), Beni
(Bolívia), e na Amazônia brasileira, especialmente nos vales dos rios
Araguaia e Trombetas (Barneby & Grimes 1996). Ocasionalmente pode
ser encontrada em matas ciliares dentro da área do domínio da caatinga,
especialmente na Bahia e norte de Minas Gerais, ao longo do rio São
Francisco, e no Ceará, nas margens do rio Jaguaribe. Fenologia mal
estabelecida para as plantas na caatinga: floração: x; frutificação: viii.

Esta espécie é bem distinta de Albizia polycephala em caracteres vegetativos,


apresentando folhas com menor número de pinas (2 a 4 pares vs 5 a 8
pares) e de folíolos por pina (7 a 10 pares vs 19 a 22 pares) além de possuir
folíolos significativamente maiores (18-28 mm vs 6-8 mm compr.) e com
nervação palminérvia (vs uninérvios).

Vegetativamente, Albizia inundata apresenta certa semelhança com Acacia


kallunkiae e Samanea inopinata, compartilhando as folhas paucijugas e
paucifolioladas e os folíolos relativamente grandes e romboidais. Além disso,
A. inundata tem glomérulos pequenos e subsésseis muito semelhantes aos
de A. kallukiae. S. inopinata diferencia-se facilmente destas duas espécies
pelo tronco com casca fissurada, flores grandes (ca. 50 mm compr.) e com
estames bicolores (brancos na base e vináceos no ápice). Usando caracteres
vegetativos, pode-se diferenciar Albizia inundata de Acacia kallunkiae pela
ausência de acúleos nos ramos e pelos folíolos mais numerosos (até 5 pares
por pina em A. kallunkiae e 7 a 10 pares em A. inundata). Além disso, A.
inundata possui os estames monadelfos, concrescidos em um tubo estaminal
(são livres no gênero Acacia) e apresenta um fruto do tipo criptolomento.

Albizia inundata tem uma história taxonômica complexa e este nome foi
fixado apenas recentemente por Barneby & Grimes (1996). Em alguns
trabalhos florísticos este táxon encontra-se referido com outros nomes,

512
como é o caso da Flora Brasiliensis, onde aparece como Pithecolobium
multiflorum Benth. (Bentham 1876) ou de ‘Legumes of Bahia’, onde aparece
como Albizia polyantha (Spreng.f.) G. P. Lewis (Lewis 1987).

Nome vernacular: muquém.

Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6555s (HUEFS, MAC);
Bahia: Barra, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4055 (HUEFS, K); Castro Alves, C. A.

L. de Carvalho 97 (HUEFS); Malhada, G. P. Silva & M. Way 3688 (CEN, HUEFS); Xique

Xique ? [como Utinga, ad rio S. Francisco], J. S. Blanchet 2756 (K). Ceará: Aiuaba, M. I.

Bezerra-Loiola et al. 215 (EAC, HUEFS). Minas Gerais: Salgado, K. P. von Martius s. n.

(tipo de Acacia inundata Mart.: M). Piauí: local não indicado, G. Gardner 2557 (K).

Albizia polycephala (Benth.) Killip


������ ex Record, Trop. Woods 63: 6. 1940.
�����
Pithecellobium [Pithecolobium] polycephalum Benth., J. Bot. (Hooker) 3: 219. 1844.

Árvore 4-10 m alt., copada, às vezes ramificada a partir de 1 m alt.,

tronco acinzentado, 10-15 cm DAP, raramente florescendo como arbusto

de ca. 1,5 m alt.; ramos inermes, pubérulos. Folhas v-viii / 19-22 (pinas

medianas); nectário discóide, séssil, elíptico, localizado abaixo do meio do

pecíolo, nectários adicionais freqüentemente presentes entre o par distal


de pinas e entre os pares de folíolos distais; pecíolo 15-32 mm; pinas

opostas, as proximais e distais menores, as medianas com raque de 6-

8 cm compr., distância entre as pinas 10-15 mm; parafilídios subulados;

folíolos cartáceos, um pouco menores em cada extremidade da pina, os

medianos 6-8 x 3-3,5 mm, oblongos, ápice arredondado, base obliquamente

truncada, margem revoluta, face abaxial côncava e pubérula, 3-nervados

a partir do pulvínulo, nervuras primárias salientes na face abaxial, nervura

principal subcêntrica, ramificada. Glomérulos hemisféricos, 5-6 mm diâm.,

pedúnculo ca. 15-20 mm compr., 5-7-fasciculados, fascículos agrupados

513
Figura 31 – A: Pithecellobium diversifolium (1 - folha; 2 - detalhe do nectário foliar; 3 - detalhe de um ramo eviden-
ciando os espinhos pareados; 4 - fruto); B: Samanea inopinata (1 - folha; 2 - detalhe do nectário foliar; 3 - fruto); C:
Albizia inundata (1 - hábito; 2 - flor; 3 - fruto; 4 - semente); D: Albizia polycephala (1 - folha; 2 - detalhe de um
folíolo; 3 - fruto); E: Enterolobium contortisiliquum (1 - pina; 2 - detalhe de um folíolo; 3 - fruto); F: Enterolobium
timboüva (1 - hábito; 2 - detalhe de um folíolo; 3 - flor; 4 - fruto; 5 - semente).

514
em pseudoracemos axilares, geralmente formando panículas terminais;

glomérulos heteromórficos, a flor central diferenciada das periféricas

pelo tamanho maior do perianto e estames mais numerosos. Flores ca.

6 mm compr., as flores periféricas subsésseis (pedicelo < 1 mm) a flor

central séssil, cálice e corola campanulados, pubérulos, corola ca. 2x o

comprimento do cálice; estames 10-14 (flores periféricas) ou 15-25 (flor

central), brancos, tubo estaminal curto, incluso na corola. Fruto legume, 7-

10 x 1,6-1,8 cm, séssil ou a base contraída em estípite de 2-3 mm compr.,

plano-compresso, oblongo-linear, reto; margens espessadas, retas; valvas

papiráceas, glabras, ligeiramente dilatadas sobre as sementes. Sementes

ca. 7 mm diâm., suborbiculares; pleurograma fechado em forma de “O”.

Esta espécie ocorre principalmente em caatinga e florestas estacionais


no Nordeste do Brasil e Minas Gerais, e em restingas costeiras do Rio
de Janeiro e sul da Bahia (Barneby & Grimes 1996). Na caatinga, ocorre
principalmente nas formas arbóreas sobre solos mais ricos, em altitudes de
500 a 800 m mas alcançando ca. 1000 m em algumas áreas da Chapada
Diamantina. Floração: xii-iv. Frutificação: iii-viii(-xii).

Albizia polycephala é facilmente diferenciada de A. inundata por caracteres


vegetativos (ver discussão desta espécie). Por outro lado, ela pode ser
confundida com algumas espécies do gênero Acacia com inflorescências
em glomérulos. Além do fato dos estames em Albizia polycephala estarem
concrescidos em tubo (são livres em Acacia), esta espécie pode também ser
reconhecida pela combinação de ramos inermes e glomérulos pequenos e
heteromórficos.

Nomes vernaculares: monzê (geral), acácia (Feira de Santana, BA).

Material selecionado: Bahia: Abaíra, G. L. Campos & A. S. Conceição 203 (HUEFS);

Barro Alto, T. S. Nunes et al. 915 (HUEFS); Caetité, G. Hatschbach et al. 65846 (MBM,

NY); Castro Alves, L. P. Queiroz et al. 3074 (HUEFS, K); Feira de Santana, M. J. S. Lemos

515
40 (HUEFS); Ipirá, L. P. Queiroz et al. 3119 (HUEFS, K); Iraquara, L. P. Queiroz & N.

S. Nascimento 3407 (HUEFS, K); Jacobina, A. M. Amorim et al. 991 (CEPEC, HUEFS,

K, NY); Jequié, G. P. Lewis et al. 982 (CEPEC, K, NY); Livramento do Brumado, G. P.

Lewis & S. M. M. de Andrade 1910 (CEPEC, K, NY); Mairí, E. L. P. G. Oliveira 650 (BAH,

HUEFS); Piritiba, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3466 (HUEFS, K); Santa Terezinha, L.

P. Queiroz & T. S. N. Sena 3194 (HUEFS, K); Senhor do Bonfim, G. P. Lewis et al. CFCR
�����

7596 (K, SPF); Souto Soares, H. S. Irwin et al. 31255 (K, NY). Minas Gerais: Janaúba,

L. P. Queiroz et al. 7483 (HUEFS). Pernambuco: Bezerros, M. C. Tschá et al. 520 (NY);

Brejo da Madre de Deus, L. F. Silva 179 (NY, PEUFR); Floresta, M. J. N. Rodal 483 (K,

PEUFR); Inajá, M. J. N. Rodal 613 (K, PEUFR); São Lourenço da Mata, K. Almeida et al.

123 (K, NY, PEUFR); São Vicente Férrer, E. M. N. Ferraz et al. 686 (HUEFS, PEUFR).

Piauí: São José do Piauí, M. R. A. Mendes 227 (HUEFS, TEPB).

Enterolobium Mart.

Árvores com copa ampla e densa, inermes. Folhas bipinadas; nectários

peciolares presentes, geralmente localizados no pecíolo, abaixo do

primeiro par de pinas; espículas interpinais ausentes; parafilídios presentes,

comumente caducos; folíolos pinado-palmados. Inflorescências em

glomérulos homomórficos, surgindo nos ramos abaixo das folhas

ou na axila das folhas basais, fasciculados, às vezes agrupados em

pseudoracemos. Flores pentâmeras; perianto glabro a seríceo; androceu

polistêmone, monadelfo, tubo estaminal incluso ou exserto da corola.

Fruto indeiscente, auriculiforme, com corpo oblongo curvo por ca. 180°,

as duas extremidades muito próximas ou se tocando; suturas indistintas;

valvas ± carnosas, nigrescentes, lisas; endocarpo geralmente septado

internamente. Sementes ovóides a elipsóides, com testa lisa, óssea,

castanha; pleurograma aberto, em forma de “U”.

Enterolobium é um gênero neotropical com 11 espécies, distribuído do sul

516
do México e Grandes Antilhas até o leste da Bolívia e Paraguai, norte
da Argentina e Uruguai. A maioria de suas espécies ocorre em florestas
pluviais, seis delas restritas à região Amazônica (Mesquita 1990). Apenas
duas espécies ocorrem na caatinga.

A principal característica diagnóstica do gênero é o tipo peculiar de fruto,


que é indeiscente, internamente septado, com corpo fortemente recurvado,
as duas extremidades quase se tocando até ligeiramente superpostas.
Quando apenas em floração, as espécies deste gênero assemelham-
se a Blanchetiodendron blanchetii (que foi originalmente descrita como
uma espécie de Enterolobium). Os dois gêneros possuem tipos de frutos
bem diferentes, os de Blanchetiodendron sendo retos, plano compressos,
deiscentes e com sementes discóides com testa fina. Na ausência de frutos,
os dois gêneros podem ser diferenciados pela posição das inflorescências
que, em Enterolobium são proximais em relação às folhas do ramo e em
Blanchetiodendron nascem de braquiblastos e tendem a formar pseudoracemos
terminais nestes braquiblastos. Além disso, Blanchetiodendron apresenta
inflorescências heteromórficas com flores basais pediceladas e gemas
axilares dormentes protegidas por catáfilos estriados, características não
encontradas nas espécies de Enterolobium.

1. Folhas com 2 a 4 pares de pinas; folíolos em 8 a 12 pares, com apículo


longo; glomérulos formando fascículos axilares; flores sésseis com
perianto glabrescente ......................................................... E. timboüva

1. Folhas com 5 a 7 pares de pinas; folíolos em 14 a 20 pares, com


apículo curto; glomérulos agrupados em pseudoracemos; flores
pediceladas com perianto seríceo..............................E. contortisiliquum

Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong, Ann. New York Acad. Sci.

517
7: 102. �����
1893.
Mimosa contortisiliqua Vell., Fl. Flum. 11, t. 25. 1835.

Árvore copada ca. 15 m alt., copa ampla, geralmente com ramos distais

± pendentes; tronco ca. 15 cm DAP, casca acinzentada, lisa; ramos

glabrescentes ou pubérulos. Folhas v-vii / 14-20 (pinas distais); nectário


caliciforme, curtamente estipitado, localizado logo abaixo do primeiro par

de pinas, nectários adicionais entre o segundo e/ou terceiro e o último

par de pinas; pinas opostas, ligeiramente decrescentes na base, as

distais com raque de 7,5-10 cm compr., distância entre as pinas 15-21

mm; parafilídios subulados, localizados logo acima do pulvino da pina;

folíolos papiráceos, um pouco menores em cada extremidade da pina, os

medianos 16-18 x 5-6 mm, oblongos, ápice agudo e curtamente apiculado,

base assimétrica, obtusa, glabrescentes, 4-nervados a partir do pulvínulo,

nervuras inconspícuas, nervura principal excêntrica. Glomérulos

globosos, ca. 10 mm diâm., pedúnculo 8-10 mm compr., 3-5-fasciculados,

agrupados em pseudoracemos axilares que medem ca. ½ do comprimento

da folha adjacente. Flores ca. 9 mm compr.; cálice ca. 3 mm compr.,

infundibuliforme; corola infundibuliforme, serícea, ca. 2x o comprimento

do cálice; estames brancos, ca. 70 (fide Mesquita 1990), tubo estaminal


curto, incluso ou ligeiramente exserto da corola. Fruto 6-7 x 3-4 cm; valvas

glabras, nigrescentes quando maduras.

Enterolobium contortisiliquum ocorre no leste da América do Sul, do estado


de Pernambuco (Brasil) ao Uruguai e norte da Argentina, penetrando
para o interior para Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul até a
Bolívia e o Paraguai (Mesquita 1990). É uma espécie mais característica
da mata atlântica, penetrando para o interior principalmente através de
matas ciliares. É um planta rara na caatinga. A maioria dos espécimes de
herbário identificados como esta espécie são de E. timboüva. Na área do

518
domínio da caatinga, ocorre principalmente em matas ciliares. Floração:
x-xi. Frutificação: x-vii.

Esta espécie e E. timboüva são duas espécies muito afins e freqüentemente


tratadas como sinônimos (e.g. Lewis 1987). Mesquita (1990) considerou-as
como espécies distintas baseado no número de pinas, número de folíolos por
pina, inflorescência e indumento do perianto (ver chave para as espécies).
Estas espécies apresentam diferentes habitats com E. contortisiliquum sendo
mais característico de florestas úmidas e E. timboüva mais de formações
sazonais, sendo possível que se tratem dois ecótipos.

É uma planta com crescimento relativamente rápido e por isso tem sido
sugerida como uma espécie útil em programas de reflorestamento (Inove
et al. 1984).

Nomes vernaculares: tamburi, tamboril (gerais), orelha-de-nego (Serra


Dourada, BA)

Material selecionado: Bahia: Caetité, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3634 (HUEFS);

Campo Alegre de Lourdes, L. P. Queiroz et al. 6240 (HUEFS); Livramento do Brumado,

R. M. Harley et al. 25612 (K, NY, SPF); Serra Dourada, M. M. Santos 83 (HUEFS). Ceará:

Juazeiro do Norte, W. W. Thomas et al. 11711. Minas Gerais: Itaobim, C. T. Rizzini


216280 (RB). Pernambuco: Afogados da Ingazeira, J. L. Alves s. n. (UFP); Arcoverde, V.

C. Andrade 214 (PEUFR); Pesqueira, J. L. Alves s. n. (UFP).

Enterolobium timboüva Mart., Flora 20 II. Beibl.: 128. 1837.

Árvore copada de 8-20 m alt., copa ampla, tronco 20-60 cm DAP, casca

acinzentada, lisa; ramos glabrescentes a densamente pubérulos. Folhas iii-

iv(-v) / 8-12(-16) (pinas distais); nectário caliciforme, curtamente estipitado,

localizado próximo ao meio do pecíolo, geralmente com nectário adicional

logo abaixo do primeiro par de pinas e entre o último par de pinas; pinas

519
(sub)opostas, ligeiramente decrescentes na base, as distais com raque de

8,5-12 cm compr., distância entre as pinas 15-28 mm; parafilídios curtos,

vestigiais ou ausentes; folíolos papiráceos, um pouco menores em cada

extremidade da pina, os medianos 18-23 x 6-7 mm, oblongos, ápice agudo

e apiculado, base assimétrica, obtusa, glabro a pubérulo na face abaxial,

4-5-nervados a partir do pulvínulo, nervuras salientes e reticuladas na

face abaxial, raramente inconspícuas, nervura principal excêntrica.

Glomérulos globosos, ca. 10-11 mm diâm., pedúnculo longos, os maiores

30-40 mm compr., 2-3-fasciculados, ramifloros ou axilares nas folhas

basais. Flores ca. 11 mm compr.; cálice ca. 3 mm compr., infundibuliforme;

corola infundibuliforme, glabra ou pubérula apenas nas lacínias, ca. 2x

o comprimento do cálice; estames brancos, ca. 60 (fide Mesquita 1990),

tubo estaminal exserto da corola. Fruto 6-9 x 3-4 cm; valvas glabras,

nigrescentes quando maduras.

Esta espécie distribui-se principalmente no leste do Brasil, do estado do


Ceará ao de São Paulo, penetrando para oeste até o Maranhão, Mato Grosso
do Sul e Paraguai (Mesquista 1990). Ao contrário de E. contortisiliquum,
esta planta parece ocorrer mais em habitats sujeitos a maior sazonalidade
climática. Na caatinga, ocorre comumente do Piauí e Ceará à Bahia,
geralmente em caatinga arbórea, em altitudes de 500 a 850 m. Quase
sempre ocorre em pequenas populações. Floração: (ix)x-xii. Frutificação:
(iii)vii-viii.

Os caracteres diferenciais de E. timboüva estão apresentados na chave de


identificação. Dentre estes caracteres, parece haver alguma instabilidade nos
caracteres numéricos das folhas, particularmente em populações coletadas
na Paraíba (Areia), que possuem a inflorescência e o indumento do perianto
típicos de E. timboüva mas com folíolos mais numerosos do que o esperado
para esta espécie.

520
Nomes vernaculares: tamburi (geral), timbaúba (Ceará).

Material selecionado: Bahia: Barra, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4057 (HUEFS, K,

NY); Bom Jesus da Lapa, L. Coradin et al. 6343 (CEN, K, NY); Brotas de Macaúbas, L. P.

Queiroz & N. S. Nascimento 3417 (HUEFS, K); Brumado, A. Miranda 28 (PEUFR); Don

Basílio, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3696 (HUEFS); Gentio do Ouro [“Utinga”], J.

S. Blanchet 2762 (K); Ibipeba, A. L. Brochado & P. E. N. da Silva 174 (K); Jacobina, L.

P. Queiroz & N. S. Nascimento 3507 (HUEFS, K); Oliveira dos Brejinhos, G. Hatschbach

44166 (K, MBM); Remanso, A. C. S. Rocha et al. 1 (HUEFS); Riachão das Neves, L. P.

Queiroz & N. S. Nascimento 4123 (HUEFS) Ceará: Crato, G. Gardner 1579 (K). Paraíba:

Arara, J. C. de Moraes 1974 (NY); Areia, V. P. B. Fevereiro et al. M143 (K). Pernambuco:

Ibimirim, L. Gouveia et al. 26 (PEUFR); Cariris, M. Sales et al. 21 (PEUFR). Piauí: Floriano,

M. A. Lisboa 2362 (R).

521
Subfamília Papilionoideae

1. Folhas simples ou unifolioladas

2.Ervas; estípulas decurrentes sobre o ramo, ramos conseqüentemente


alados; frutos deiscentes.................................................. Crotalaria

2. Árvores; estípulas ovais ou lanceoladas, não decurresntes sobre os


ramos; fruto indeiscente

3. Folhas com margem serreada; flores não papilionoides; estames


livres com anteras muito mais longas do que os filetes; fruto
carnoso......................................................................... Zollernia

3. Folhas com margem inteira; flores papilionóides; estames


conados com anteras muito mais curtas do que os filetes;
fruto seco ................................................................ Pterocarpus

1. Folhas compostas por 2 ou mais folíolos

4. Folhas com exatamente 2 ou 3 folíolos

522
5. Folhas bifolioladas...............................................................Zornia

5. Folhas trifolioladas

6. Flores palmadas, os 3 folíolos saindo diretamente do ápice


do pecíolo.............................................................. Crotalaria

6. Folhas pinadas, o folíolo distal afastado dos laterais por


uma raque

7. Estípulas adnadas ao pecíolo; flores amarelas agrupadas


em espigas ou glomérulos protegidas por brácteas
conspícuas, persistentes...................................Stylosanthes

7. Estípulas não adnadas ao pecíolo, geralmente caducas;


flores lilás a roxas ou vermelhas, raramente amarelas,
agrupadas em racemos ou pseudoracemos

8. Fruto lomento revestido por tricomas


uncinados................................................... Desmodium

8. Fruto legume

9. Árvores ou arbustos

10. Árvores, tronco e ramos com acúleos cônicos;


indumento de tricomas estrelados; pétalas
vermelhas; alas e carena reduzidas expondo o
androceu...............................................Erythrina

10. Arbustos inermes; indumento viloso de


tricomas simples; pétalas lilás a roxas; alas e
carena envolvendo o androceu.................Cratylia

9. Ervas, subarbustos, lianas, trepadeiras volúveis

11. Flores ressupinadas, o estandarte ficando em

523
posição inferior em relação às demais pétalas

12. Flores em pseudoracemos nodosos


(fasciculadas em nodosidades conspícuas);
cálice bilabiado, o lábio superior muito
maior do que o inferior; fruto com
uma ala estreita próximo à margem
superior; sementes com hilo longo,
linear, circundando ca. 1/2 de sua
circunferência................................. Canavalia

12. Flores isoladas, fasciculadas ou em


inflorescências cimosas com raque
fractiflexa; cálice amplamente
campanulado; fruto não alado; sementes
com hilo curto, oblongo ou circular

13. Pétalas vermelhas; estandarte desprovido


de esporão no dorso....................Periandra

13. Pétalas lilás a roxas; estandarte com


esporão no dorso...................... Centrosema
11. Flores não ressupinadas, o estandarte ficando
em posição superior em relação às demais
pétalas

15. Flores com pétalas amarelas

16. Folíolos e cálice com pontuações


amarelas a alaranjadas; flores sem
bractéolas; fruto com exatamente
duas sementes......................... Rhynchosia

524
16. Pontuações glandulares ausentes; flores
com um par de bractéolas na base
do cálice; fruto com mais de duas
sementes........................................... Vigna

15. Flores com pétalas lilás a roxas ou brancas

17. Flores assimétricas pela torsão das alas,


carena ou ambas; estilete diferenciado
em uma parte basal delgada e distal
dilatada

18. Alas 1,5-2x mais longas do que o


estandarte, torcidas...........Macroptilium

18. Alas ± do mesmo comprimento do


estandarte, não torcidas

19. Flores 9-11 mm compr.; alas


amplamente obovais no ápice,
horizontais; carena ereta, ápice
arredondado e reflexo...... Mysanthus

19. Flores 11-20 mm compr.; alas


oblongas; carena torcida 180-
270°......................................... Vigna

17. Flores zigomorfas; estilete cilíndrico

20. Flores até 10 mm compr.; fruto até


10 mm larg.; ervas, subarbustos ou
trepadeiras herbáceas

21. Flores com pétalas azuladas; cá-


lice com lacínias lineares; fruto

525
externamente sulcado transver-
salmente e internamente com
septos entre as semen-
tes............................... Calopogonium

21. Flores com pétalas lilás a roxas;


cálice com lacínias ovais a
lanceoladas; fruto sem sulcos
externos ou septos internos.. Galactia

20. Flores 15-25 mm compr.; fruto mais


de 15 mm larg.; lianas

22. Anteras dimórficas; estandarte


glabro; carena encurvada ca. 90°;
frutos 4-5 cm larg.................. Dioclea

22. Anteras uniformes; estandarte


pubescente na face externa;
carena reta; frutos 1,6-2 cm larg.

23. Carena serreada na margem


superior; fruto com ala
estreita próximo à margem
superior; semente oblongas,
marmoradas, com hilo longo,
linear, circundando ca. 1/2 da
circunferência.................... Dioclea

23. Carena com ambas as


margens lisas; fruto não
alado; sementes suborbiculares
de coloração uniforme, hilo

526
curto, oblongo................Cratylia

4. Folhas com mais de 3 folíolos

24. Flores palmadas, todos os 4 folíolos saindo diretamente do


ápice do pecíolo................................................................Zornia

24. Folhas pinadas, folíolos distribuídos ao longo de uma raque

25. Ervas, subarbustos ou trepadeiras herbáceas

26. Flores lilás, roxas ou vermelhas; fruto deiscente

27. Flores 35-39 mm compr., ressupinadas, o estandarte


em posição inferior em relação às outras pétalas;
estandarte calcarado no dorso..................... Centrosema

27. Flores 3,5-10 mm compr., não ressupinadas;


estandarte não calcarado

28. Indumento com tricomas birramosos; folíolos


elípticos, oblongos ou lanceolados, com
nervuras secundárias broquidódromas; anteras
apendiculadas ou apiculadas no ápice...... Indigofera

28. Tricomas birramosos audentes; folíolos


espatulados ou oblanceolados com nervuras
secundárias camptódromas, paralelas entre si;
anteras não apendiculadas......................... Tephrosia

26. Flores amarelas; fruto lomento ou um legume


indeiscente geocárpico

29. Folhas paripinadas com exatamente 4 folíolos

30. Trepadeiras herbáceas, volúveis; folíolos


aromáticos com pontuações translúcidas;

527
estípulas livres, caducas; flores em racemos
compactos; fruto lomento............................ Poiretia

30. Ervas eretas ou prostradas; folíolos não aromáticos,


sem pontuações translúcidas; estípulas adnadas
ao pecíolo, invaginantes na base; flores isoladas,
axilares; fruto indeiscente, geocárpico........... Arachis

29. Folhas imparipinadas com 5 ou mais folíolos

31. Trepadeiras volúveis................................ Chaetocalyx

31. Ervas ou subarbustos eretos

32. Frutos espiralados com artículos dis-


cóides................................................Discolobium

32. Frutos não espiralados, artículos retangulares


a orbiculares.................................. Aeschynomene

25. Árvores ou arbustos

26. Flores não papilionóides, actinomorfas ou com apenas


uma pétala

33. Flores actinomorfas; pétalas 5; fruto sâmara elíptica


com extremidades agudas ou orbicular

34. Estames conados na base; fruto suborbicular com


ala evidentemente mais larga do que o núcleo
seminífero................................................ Riedeliella

34. Estames livres; fruto elíptico com ala es-


treita.........................................................Acosmium

33. Flores zigomorfas; pétala apenas 1; fruto deiscente,


globoso ou oblongo

528
35. Cálice globoso; pétala branca, glabra; estames
numerosos; fruto globoso, inflado; semente 1,
livre do endocarpo.................................Trischidium

35. Cálice cilíndrico-campanulado; pétala branca


manchada de rosa, externamente serícea; fruto
oblongo, plano; semente 1 liberada dentro de
um envoltório paleáceo formado pelo endocar-
po............................................................. Amburana

26. Flores com cinco pétalas, zigomorfa, estandarte


diferenciado das demais pétalas

36. Flores em pseudoracemos, em fascículos de 2 a


muitas ao longo da raque; nectário intraestaminal
presente; androceu com os 10 estames conados
no meio mas livres, formando aberturas na base
do tubo; frutos com 1-5 sementes, deiscentes ou
indeiscentes mas nunca sâmaras ou drupas

37. Folíolos alternos, cordados na base; frutos


deiscentes, deiscência elástica.................. Poecilanthe

37. Folíolos opostos, base não cordada; frutos


indeiscentes ou tardiamente deiscentes mas
então deiscência inerte........................ Lonchocarpus

36. Flores em racemos, saindo individualmenta ao longo


da raque; nectário intraestaminal ausente; androceu
com 10 estames conados em tubo sem aberturas na
base; frutos sâmaras ou drupas, se deiscentes com
mais de 5 sementes

38. Ovário 8-∞-ovulado; frutos deiscentes com 5 ou

529
mais sementes

39. Ramos viscosos com tricomas glandulares


densos; flores com pétalas brancas e carena
prolongada em rostro agudo; estilete
barbado.................................................Coursetia

39. Ramos não viscosos, tricomas glandulares


ausentes; flores com pétalas amarelas; carena
não rostrada; estilete glabro.................... Sesbania

38. Ovário 1-4-ovulado; frutos indeiscentes com 1(-


2) sementes

40. Flores com pétalas amarelas

41. Folíolos com pontuações glandulares


amarelas ou alaranjadas; fruto sâmara
com núcleo seminífero distal equina-
do.............................................. Centrolobium

41. Pontuações glandulares ausentes; fruto


drupa ou sâmara mas então núcleo
seminífero nunca basal nem equinado

42. Folhas opostas ou verticiladas Platymiscium

42. Folhas alternas

43. Folíolos com 8-10 pares de nervuras


secundárias, estas ramificadas e
não paralelas entre si; fruto sâmara
com núcleo seminífero central e
ala marginal........................ Pterocarpus

43. Folíolos com 12-20 pares de nervuras

530
secundárias paralelas entre si;
fruto drupa ou sâmara com núcleo
seminífero distal

44. Folíolos 15-19, (sub)opostos,


ápice arredondado; fruto dru-
pa........................................Geoffroea

44. Folíolos 11-15, evidentemente


alternos, ápice emarginado; fruto
sâmara com núcleo seminífero
distal e ala basal.............Platypodium

40. Flores com pétalas lilás a roxas ou brancas

45. Racemos agrupados em panículas amplas,


terminais; flores 11-16 mm, se menores
então com pétalas vináceas

46. Fruto sâmara com núcleo seminífero


basal; estames livres.............. Luetzelburgia

46. Fruto drupa; androceu diadelfo.........Andira

45. Racemos axilares, secundifloros; flores 4,5-


10 mm compr., pétalas nunca vináceas

47. Estandarte externamente seríceo; anteras


oblongas com deiscência longitudinal;
sâmaras com núcleo seminífero basal e
ala distal..................................Machaerium

47. Estandarte glabro; anteras globosas com


deiscência transversal; sâmaras com
núcleo seminífero central e ala

531
marginal...................................... Dalbergia

Matriz para identificação dos gêneros e chaves auxiliares:

Flores amarelas Flores não amarelas

Papilionoideae Estames concrescidos


Frutos Frutos
Estames livres
indeiscentes deiscentes Frutos Frutos
indeiscentes deiscentes
Folhas GRUPO 1:
Crotalaria Zollernia
simples
Pterocarpus
Árvores ou arbustos

Geoffroea GRUPO 2: GRUPO 3: GRUPO 4:


Folhas Andira
Centrolobium
imparipinadas Dalbergia Poecilanthe Acosmium
Platymiscium Sesbania
com 5 ou Platypodium Machaerium Coursetia Luetzelburgia
mais folíolos Pterocarpus Riedeliella Lonchocarpus Amburana
Lonchocarpus Trischidium
GRUPO 5:
Folhas
trifolioladas Erythrina
Cratylia
Calopogonium
Canavalia
Centrosema
Lianas ou trepadeiras

Cratylia
Folhas
Rhynchosia Dioclea
trifolioladas Macroptilium
Mysanthus
Periandra
Vigna

GRUPO 7:
Folíolos 4 ou
+ Chaetocalyx
Poiretia
Folíolos 2 Zornia
GRUPO 6:
Ervas ou subarbustos

Galactia
Folíolos 3 Stylosanthes Crotalaria Desmodium
Centrosema
Periandra
Macroptilium
Arachis
Folíolos 4 Zornia
GRUPO 8:
Folíolos 5 ou Aeschynomene
Centrosema
+ Discolobium
Indigofera
Tephrosia

532
Chaves auxiliares
Grupo 1:

Árvores, folhas imparipinadas ou simples, pétalas amarelas, estames


conados e frutos indeiscentes (sâmaras ou drupas)

1. Folíolos com tricomas glandulares peltados amarelos na face abaxial;


fruto sâmara com núcleo seminífero espinescente.......... Centrolobium

1. Tricomas glandulares peltados ausentes; fruto drupa ou sâmara mas


então com núcleo seminífero não espinescente

2. Folhas opostas; frutos com núcleo seminífero central e ala


marginal..................................................................... Platymiscium

2. Folhas alternas; frutos com núcleo seminífero central, distal ou


uma drupa

3. Ramos espinescentes; fruto drupa...................................Geoffroea

3. Plantas inermes; fruto sâmara

4. Folíolos com ápice emarginado; sâmara com núcleo


seminífero distal e ala basal.................................Platypodium

4. Folíolos com ápice agudo ou obtuso; sâmara com núcleo


seminífero central e ala marginal......................... Pterocarpus

Grupo 2:

Árvores, folhas imparipinadas, pétalas liás a roxas (ou variações destas


cores) ou brancas, estames conados, fruto sâmara ou drupa

533
1. Flores actinomorfas com pétalas indiferenciadas; fruto sâmara
reniforme ou orbicular......................................................... Riedeliella

1. Flores zigomorfas com pétalas diferenciadas em estandarte, alas e


carena; fruto drupa ou sâmara mas então com outra forma

2. Flores em panículas terminais piramidais; fruto drupa.............Andira

2. Flores em pseudoracemos ou em cimeiras (flores ± secundas);


fruto sâmara

3. Sâmaras com núcleo seminífero basal e ala distal.......Machaerium

3. Sâmaras com núcleo seminífero central e ala marginal

4. Flores em pseudoracemos; frutos com ápice e base


agudos............................................................... Lonchocarpus

4. Flores em cimeiras; frutos com ápice e base arredon-


dados...................................................................... Dalbergia

Grupo 3:

Árvores, folhas pinadas, pétalas liás a roxas (ou variações destas cores)
ou brancas, estames conados, fruto deiscente

1. Ramos e folhas revestidos por tricomas glandulares viscosos;


folhas paripinadas com mais de 14 pares de folíolos;
carena torcida........................................................................Coursetia

1. Tricomas glanduloso-viscosos ausentes; folhas imparipinadas; carena


reta ou curvada para cima, não torcida

2. Folíolos opostos com base não cordada; flores fasciculadas ao

534
longo da inflorescência (pseudoracemos)................... Lonchocarpus

2. Folíolos alternos com base cordada; flores isoladas ao longo da


inflorescência (racemos)................................................. Poecilanthe

Grupo 4:
Árvores ou arbustos, folhas imparipinadas, pétalas lilás a roxas (ou
variações dessas cores), brancas ou vináceas, estames livres, frutos
deiscentes ou indeiscentes

1. Flores com apenas 1 pétala

2. Cálice globoso; estames numerosos; frutos inflados; sementes não


libreadas em um envoltório paleáceo.............................Trischidium

2. Cálice cilíndrico campanulado; estames 10; frutos oblongos,


compressos; semente liberada em um envoltótio paleáceo do
endocarpo....................................................................... Amburana

1. Flores com 5 pétalas

3. Flores actinomorfas, pétalas não diferenciadas em si; fruto sama-


róide com ala não diferenciada do núcleo seminífero.......Acosmium

3. Flores zigomorfas com estandarte diferenciado das demais


pétalas; fruto sâmara com núcleo seminífero basal e ala
distal......................................................................... Luetzelburgia

Grupo 5:
Trepadeiras volúveis, árvores ou arbustos, folhas trifolioladas, pétalas
lilás a roxas (ou variações dessas cores), brancas ou vermelhas, estames
conados, frutos deiscentes

535
1. Árvores com tronco e ramos aculeados; indumento de tricomas
estrelados; pétalas vermelhas, alas e carena reduzidas expondo os
estames.................................................................................Erythrina

1. Arbustos, subarbustos, ervas ou trepadeiras; indumento com outros


tipos de tricomas; estames envolvidos pelo conjunto alas-carena

2. Flores ressupinadas, o estandarte em posição inferior em relação


às demais pétalas

3. Cálice bilabiado, o lábio superior muito maior do que o


inferior; fruto com ala estreita próxima à margem superior;
sementes com hilo longo, linear, circundando ca. 1/2 de sua
circunferência............................................................. Canavalia

3. Cálice amplamente campanulado, 5-laciniado; fruto não alado;


sementes com hil curto, oblongo a circular

4. Pétalas lilás a roxas; estandarte calcarado no dorso.. Centrosema

4. Pétalas vermelhas; estandarte não calcarado...............Periandra

2. Flores não ressupinadas, estandarte em posição superior em


relação às demais pétalas

5. Estilete cilíndrico; frutos mais de 15 mm larg.

6. Estandarte glabro; carena fortemente encuvada; anteras


dimórficas; sementes orbiculares com hilo longo, linear,
circundande ca. 2/3 da circunferência......................... Dioclea

6. Estandarte pubescente; carena reta; anteras uniformes; hilo


menor do 2/3 da circunferência

7. Carena serreada na margem superior; fruto com ala es-


treita próximo à margem superior; sementes com hilo

536
linear circundando ca. 1/2 de sua circunferência.... Dioclea

7. Carena lisa nas duas margens; fruto não alado; sementes


com hilo curto e oblongo......................................Cratylia

5. Estilete com base filiforme e ápice dilatado; frutos menos de 15


mm larg.

8. Alas 1,5-2x mais longas do que o estandarte, tor-


cidas..................................................................Macroptilium

8. Alas ± do mesmo comprimento do estandarte, não torcidas

9. Flores 9-11 mm compr.; alas amplamente obovais no


ápice, horizontais; carena ereta, ápice arredondao e
relexo................................................................ Mysanthus

9. Flores 11-20 mm compr.; alas oblongas; carena torcida


180-270°.................................................................. Vigna

Grupo 6:
Ervas ou subarbustos, folhas trifolioladas, pétalas lilás a roxas (ou
variações dessas cores), brancas ou vermelhas, estames conados, frutos
deiscentes ou indeiscentes (lomentos)

1. Fruto lomento revestido com tricomas uncinados, aderentes Desmodium

1. Fruto legume, deiscente

2. Flores ressupinadas, o estandarte em posição inferior em relação


às demais pétalas

3. Pétalas lilás a roxas; estandarte calcarado no dorso...... Centrosema

3. Pétalas vermelhas; estandarte não calcarado...................Periandra

537
2. Flores não ressupinadas, estandarte em posição superior em
relação às demais pétalas

4. Flores assimétricas; alas 1,5-2x mais longas do que o estandarte;


carena torcida; estilete diferenciado em uma porção basal
filiforme e distal dilatada.......................................Macroptilium

4. Flores zigomorfas; alas ± do mesmo comprimento do estandarte;


carena reta ou curvada para cima; estilete cilíndrico, não
diferenciado................................................................... Galactia

Grupo 7:
Ervas, subarbustos, arbustos ou trepadeiras volúveis, folhas
imparipinadas, paripinadas ou palmadas com 2 ou 4 folíolos, pétalas
amarelas, estames conados, frutos indeiscentes, lomento ou geocárpico

1. Folhas com exatamente dois folíolos.............................................Zornia

1. Folhas com três ou mais folíolos

2. Folhas com exatamente três folíolos; estípulas adnadas ao


pecíolo...........................................................................Stylosanthes

2. Folhas com quatro ou mais folíolos

3. Folhas com exatamente quatro folíolos

4. Trepadeiras volúveis; folíolos aromáticos com pontuações


translúcidas................................................................ Poiretia

4. Ervas ou subarbustos; folíolos sem pontuações translúcidas

5. Folhas pinadas; estípulas adnadas ao pecíolo e


invaginantes na base; flores isoladas, axilares; fruto

538
indeiscente, geocárpico........................................... Arachis

5. Folhas palmadas; estípulas livres, peltadas; flores em


espigas, ladeadas por brácteas peltadas, semelhantes às
estípulas; fruto lomento..........................................Zornia

3. Folhas imparipinadas com cinco ou mais folíolos

6. Trepadeiras volúveis................................................ Chaetocalyx

6. Ervas, subarbustos ou arbustos

7. Frutos espiralados com artículos discóides.........Discolobium

7. Frutos retos com artículos quadrados a


orbiculares................................................... Aeschynomene

Grupo 8:
Ervas ou subarbustos, folhas imparipinadas 5 ou mais folíolos, estames
conados, frutos deiscentes

1. Flores ressupinadas, 35-39 mm compr.; estandarte calcarado no


dorso.................................................................................. Centrosema

1. Flores não ressupinadas, até 10 mm compr.; estandarte não calcarado


no dorso

2. Indumento com tricomas birramosos; folíolos elípticos a oblongos,


nervuras secundárias ramificadas e broquidódromas; anteras
apiculadas ou apendiculadas no ápice.............................. Indigofera

2.Tricomas birramosos ausentes; folíolos espatulados a oblanceolados,


nervuras secundárias paralelas e camptódromas; anteras não
apendiculadas................................................................... Tephrosia

539
Trischidium Tul.
Pequeno gênero da América do Sul, com cerca de 5 espécies, a maioria no
nordeste do Brasil.

Ireland (2001) demonstrou que Bocoa, na circunscrição adotada por


Cowan (1974) não é monofilético pois as espécies de Bocoa s.s. parecem
relacionadas a Swartzia enquanto as afins a B. mollis parecem fortemente
relacionadas aos gêneros Ateleia e Cyathostegia. Dessa forma, essa autora
propôs o restabelecimento do gênero Trischidium para as espécies afins a
B. mollis.

O gênero pode ser diagnosticado pelas suas folhas imparipinadas com


folíolos alternos a subopostos, flores relativamente pequenas com apenas
1 pétala e estames numerosos (sempre mais de 10) e fruto monospérmico,
elipsóide e inflado, com valvas rígido-coriáceas.

Apenas uma espécie, T. molle, pode ser encontrada na caatinga. Cowan


(1974) descreveu uma outra espécie da área de domínio da caatinga, Bocoa
decipiens R.S.Cowan [= Trischidium decipiens (R.S.Cowan) H.Ireland),
procedente dos campos da serra de Araripe. Esta planta é conhecida apenas
pelo tipo (D. A. Lima & M. Magalhães 52-1075) e mais coletas nesta
região seriam necessárias para esclarecer melhor os limites entre T. molle e
T. decipiens pois, exceto pelo indumento do ovário e do fruto (estrigulosos
em T. decipiens e glabros em T. molle), os demais caracteres diferenciais
citados por este autor (indumento dos ramos e dos folíolos, comprimento
dos folíolos e da inflorescência) podem ser encontrados dentro de T.
molle.

Trischidium molle (Benth.) H.Ireland, ined.


Swartzia mollis Benth. in Hook., J. Bot. 2: 89. 1840.

540
Trischidium vestitum Tul., Ann. Sci. Nat. Ser. 2, 20: 141, t. 4. 1843.
Swartzia cearensis Ducke, An. Acad. Brasil. Ci. 31: 295. 1959.
Bocoa mollis (Benth.) R.S.Cowan, Proceed. Biol. Soc. Washington 87: 123. 1974.

Arbusto ou arvoreta 1-3,5 m alt.; ramos jovens densamente pubérulos.

Folhas imparipinadas, dísticas, congestas no ápice dos ramos; pecíolo

5-11 mm compr.; raque (2-) 2,5-5 cm; segmentos interfoliolares 10-20 mm;

folíolos 5-9, alternos a subopostos, papiráceos, acrescentes distalmente, o

terminal 25-55 x 15-30 mm, 1,5-2,5x mais longos que largos, lanceolados

a ovais, ápice obtuso, às vezes adicionalmente emarginado, base

aeerdondada a ligeiramente cordada, face adaxial glabra a esparsamente

pubérula, face abaxial densamente pubérula até vilosa, raramente glabra;

nervação inconspícua exceto pela nervura principal saliente na face abaxial.

Racemos ramifloros curtos, 0,9-2,5 cm compr. com as flores congestas no

ápice. Cálice com 3-4 segmentos, externamente pubérulos, internamente

glabros; pétala 1, branca, caduca na antese, oblata a suborbicular, 4-7 x 5-

7 mm, ungüículo 2-5 mm compr.; estames 20-22, 4-7 mm compr., anteras

oblongas, espiraladas; disco ausente; ovário largamente elíptico, ca. 3,5 x

2 mm, glabro; estípite ca. 1 mm compr. Legume 1-1,5 x 0,8-1 cm, elipsóide,

inflado, resto do estilete formando um rostro de 3-5 mm compr., estípite 1-4

mm; valvas rígido coriáceas, reticuladas. Semente 1, elipsóide, 5-7 x 4-5 x

4-5 mm; testa lisa, atro-castanha a nigrescente, sem arilo.

Trischidium molle ocorre sobre solos arenosos, principalmente em caatinga,


mas chegando à planície costeira no Ceará e penetrando ligeiramente no
cerrado no oeste da Bahia e norte de minas Gerais. Na caatinga, ocorre em
altitudes de 200 a 500 m, alcançando ca. 1000 m na Chapada Diamantina
(Bahia). Floração: viii-xii (mas provavelmente florescendo maciçamente
após as chuvas). Frutificação: ao longo do ano.

Esta planta é quase sempre coletada quando em frutificação, pois os frutos

541
permanecem muito tempo na planta, mesmo após a dispersão das sementes.
É, então, facilmente reconhecida pela combinação de folhas imparipinadas
com 5 a 9 folíolos e frutos elipsóides congestamente agrupados nos ramos
abaixo das folhas. A forma característica dos frutos e sua disposição ±
pêndula lhe valeu o nome vernacular de brinquinho.

Nomes vernaculares: brinco, brinquinho.

Material selecionado: Bahia: s.l. (como “Utinga” mas provavelmente entre Xique Xique

e Santo Inácio), J. S. Blanchet 2774 (tipo de Swartzia mollis; holótipo: K); Casa Nova,

J. D. C. A. Ferreira 120 (HRB, K); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 18922 (CEPEC,

K); Ibotirama, L. Coradin et al. 8521 (CEN, K); Morro do Chapéu, A. M. de Carvalho et

al. 2425 (CEPEC, K); Paramirim, R. M. Harley & N. Taylor 27038 (CEPEC, K); Raso da

Catarina, L. P. Queiroz 735 (ALCB, K); Santo Inácio, R. M. Harley et al. 19149 (CEPEC,

K); Serra do Açuruá, H. C. de Lima et al. 3939 (K, RB); Tucano, S. C. de Sant’Ana et al.

509 (CEPEC, K); Xique Xique, H. S. Brito & R. T. Pennington 318 (K). Ceará: Pacatuba,

A. Ducke 2467 (tipo de Swartzia cearensis; holótipo: MG; isótipos: K, NY). Minas Gerais:

Januária, M. Magalhães 6082 (RB). Pernambuco: Buíque, M. J. N. Rodal et al. 541 (K,

PEUFR); Ibimirim, M. F. Sales 634 (K, PEUFR); Maniçobal, D. A. Lima 52-1050 (IPA). Rio

Grande do Norte: Açu, D. A. Lima 60-3505 (IPA).

Amburana Schwacke & Taub.


Pequeno gênero com três espécies da América do Sul.

Este gênero foi inicialmente proposto por Freire Allemão com o nome de
Torresea. Infelizmente, este é um homônimo posterior para Torresia Ruiz
& Pav. (Graminae) de modo que o nome Amburana deve ser usado para
suas espécies (Smith 1940).

Amburana é um gênero relativamente isolado na subfamília Papilionoideae,


diagnosticado pelas suas folhas imparipinadas com folíolos alternos, flores

542
com hipanto longo e tubular com apenas uma pétala (estandarte), estames
livres e fruto com apenas uma semente distal dispersa envolvida em um
envoltório formado pelo endocarpo paleáceo.

Amburana cearensis (Fr.Allem.) A.C.Smith, Trop. Woods 62: 30. 1940.


Torresea cearensis Fr.Allem., Trab. Com. Sci. Explor. Sec. Bot.: 17, pl. 15. 1864.
Amburana clausii Schwacke & Taub. in Engl. & Prantl., Pflazenfam. 3 (3): 387.
1894.

Árvore 5-10 m alt., copada, exalando forte odor de cumarina quando

cortada; tronco 20-30 cm DAP, casca lisa, castanha, descamando

em placas grandes; ramos jovens castanhos, glabros ou curtamente

pubérulos, logo tornando-se lenhosos, castanho-escuros, com lenticelas

brancas. Folhas imparipinadas, dísticas; pecíolo 14-17 mm compr.;

raque 7-10 cm; segmentos interfoliolares 16-21 mm; folíolos 7-9(-11),

alternos, papiráceos, acrescentes distalmente, o terminal 35-48 x 25-26

mm, 1,3-1,9x mais longos que largos, elípticos a ovais, ápice obtuso e

adicionalmente emarginado, base arredondada a truncada, face adaxial

glabra, face abaxial esparsamente pilosa, densamente sobre a nervura

principal, nervação inconspícua exceto pela nervura principal saliente

na face abaxial. Panículas terminais em ramos laterais, surgindo

maciçamente antes da expansão das folhas; unidades da inflorescência

espigas curtas, 2,5-4 cm. Flores ca. 12 mm compr.; hipanto cilíndrico,

5-6 x 1 mm; cálice campanulado, truncado, ca. 1 mm compr.; pétala 1,

estandarte internamente branco com tons róseos, externamente seríceo,

amarronzado, suborbicular, 5-6 x 5-6 mm, ungüículo ca. 1 mm compr.;

estames 10, filetes curvados para cima. aumentando gradualmente de

tamanho, o vexilar ca. 1 mm, os carenais ca. 6 mm, anteras suborbiculares;

ovário ca. 4 x 1 mm, glabro, longamente estipitado, exserto do hipanto,

543
estípite lateralmente aderida ao hipanto, livre por ca. 3 mm compr. Legume

5,5-7 x 0,6-0,7 cm, linear-oblobgo, abruptamente dilatado no 1/3 distal

e então 0,9-1 cm larg.,compresso, deiscente bivalvar, estípite 3-5 mm;

valvas glabras, lisas. Sementes 1(-2) localizadas na porção distal do fruto,

elipsóides, compressas, ca. 12-14 x 7-9 mm, envolvidas pelo endocarpo

que forma uma ala membranácea basal; testa lisa, vinácea a nigrescente

Amburana cearensis ocorre em toda a área de caatinga, estendendo-se


para oeste através de matas secas do Brasil central (Goiás e Mato Grosso
do Sul) até o norte do Paraguai e Argentina e Bolívia. É muito afim,
talvez co-específica, a A. acreana (Ducke) A. C. Smith, espécie conhecida
principalmente do norte do Brasil (estados de Rondônia e Acre) e do Peru.
A distribuição desta espécie exemplifica o padrão do arco pleistocênico
descrito por Prado & Gibbs (1993). Na caatinga, A. cearensis ocorre
principalmente nas formas arbóreas, em diferentes tipos de solos, em
altitudes de 300 a 700 m. Floração: iii-v(-vi). Frutificação: iv-vii.

Os caracteres diagnósticos desta espécie são coincidentes com os referidos


acima para o gênero. Outros caracteres úteis para o reconhecimento desta
planta no campo são a casca descamante, com tonalidades de castanho,
semelhante à de Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillet, e o forte
odor de cumarina que exala de qualquer parte da planta recém cortada. Os
frutos também exsudam uma resina pegajosa que friccionada em contato
com a água produz uma espuma rala.

As flores são muito perfumadas mas não há registro de visitantes florais.


Estudos de biologia floral seriam extremamente interessantes neste gênero.
As plantas geralmente florescem maciçamente após as chuvas, antes da
expansão das folhas. A casca e as sementes são referidas como de uso
medicinal no interior do Ceará (Allemão 1862-66) e do Piauí (Lewis &
Person 1080 in sched.)

544
Algumas plantas do centro-sul da Bahia apresentam sementes vermelhas
sem o envelope alar e podem representar uma nova espécie.

Nomes vernaculares: imburana-de-cheiro, cumaru.

Material selecionado: Bahia: Abaíra, B. B. Klitgaard & F. C. P. Garcia 79 (K); Bom Jesus

da Lapa, R. M. Harley et al. 21516 (CEPEC, K); Livramento do Brumado, G. P. Lewis &

S. M. M. de Andrade 2002 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, A. M. de Carvalho et al. 2410

(CEPEC). Ceará: Campos Sales, A. H. Gentry et al. 50127 (K); Quixadá, A. Ducke 1965

(K). Piauí: São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1080 (K). Rio Grande

do Norte: Riacho de Santana, J. A. de Carvalho 6 (K).

Zollernia Wied-Neuw. & Nees


Gênero sul-americano com 10 espécies (Mansano et al. 2004). Pode ser
diagnosticado pelas folhas simples, flores não papilionóides, cálice espatáceo,
duas pétalas inferiores enroladas ao redor dos estames os quais apresentam
as anteras linar-lanceoldas, muito mais longas do que os filetes.

A maior parte das espécies ocorre em florestas úmidas na Amazônia e na


Mata Atlântica. Apenas uma espécie penetra até a caatinga.

Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel, Linnaea 11: 166. 1837.


Coquebertia ilicifolia Brongn., Ann. Sci. Nat. (Paris) ser. 1, 30: 111. 1833.
Zollernia houlletiana Tul., Arch. Mus. Hist. Nat. 4: 190. 1844.
Zollernia vogelii Tul., Arch. Mus. Hist. Nat. 4: 192. 1844.
Zollernia latifolia Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 9. 1870.
Zollernia securidacifolia Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 9. 1870.

Árvore 4-5 m alt., copada. Estípulas 6-9 mm compr., falcadas. Folhas

simples; pecíolo 4-6 mm compr.; lâmina 9-12 x 4-5 cm, cartácea a

545
coriácea, ca. 2,5x mais longa do que larga, elíptica a oboval, ápice obtuso,

base arredondada a cordada, margem serreada às vezes tornando-se

espinescente, glabra, nervação peninérvia, broquidódroma, proeminente

face abaxial. Racemos 3-12 cm compr., agregados em panículas;

bractéolas 1-2 mm compr.; pedicelo 5-9 mm compr. Botão lanceolado,

assimétrico. Flor ca. 12 mm compr.; cálice 7-10 mm compr., espatáceo,


externamente pubérulo a tomentoso, internamente glabro; pétalas 5, lilás

claras, 7-9 x 4-6 mm, ungüículo ca. 1 mm compr., elítpicas, a superior e 2

laterais reflexas, as 2 inferiores enroladas ao redor dos estames; estames

10, livres, ca. 7 mm compr., filetes curtos, ca. 1 mm compr., anteras linear

lanceoladas, muito mais longas do que os filetes; disco ausente; ovário

estipitado, ca. 1,5 mm compr., glabro ou esparsamente pubérulo; estípite

ca. 1,5 mm compr. Legume drupóide, ca. 3 x 2 cm, globoso, pericarpo

carnoso. Sementes 1(-4), overgrown, não ariladas.

Planta do leste do Brasil, distribuída de Pernambuco ao Paraná,


principalmente em Mata Atlântica e Florestas Estacionais. No bioma
caatinga, ocorre em áreas de florestas estacionais, em altitudes de ca. 300
m. Floração: xii-ii. Frutificação: ii-iv.

Zollernia ilicifolia é facilmente diferenciada de qualquer outra espécie de


Leguminosae da caatinga pela combinação de folhas simples com margem
serreada a espinescente, flores com cálice espatáceo e corola com as duas
pétalas inferiores enroladas ao redor do androceu.

Material selecionado: Bahia: Castro Alves, L. P. Queiroz & C. A. Vidal 4316 (CEPEC,

HUEFS, K); Tanquinho, L. R. Noblick 1655 (CEPEC, HUEFS). Pernambuco: Bezerros,

M. Tschá 444 (UFP); Brejo da Madre de Deus, L. M. Nascimento et al. 194 (HUEFS,

PEUFR).

Luetzelburgia Harms

546
Árvores ou arbustos, inermes, geralmente sem folhas na floração e/

ou na frutificação. Folhas imparipinadas, espiraladas, sem estípitelas;

folíolos (sub)opostos a alternos, peninérvios, broquidódromos. Panículas

terminais, piramidais. Flores pentâmeras, pediceladas, bracteoladas;

hipanto campanulado, curto; cálice campanulado a cilíndrico com lacínias

curtas, largamente deltóides; corola papilionóide, pétalas creme ou


vináceas, externamente pubescentes; estandarte diferenciado, oblongo-

pandurado; pétalas laterais e abaxiais não diferenciadas entre si, oblongas,

com nervação peninérvia; estames (8-)10, livres ou ligeiramente soldados

na base; ovário 1-ovulado, curtamente estipitado, estípite assentada no

fundo do hipanto. Fruto sâmara, núcleo seminífero basal e ala distal,

cultriforme, às vezes com alas semicirculares acessórias posicionadas

lateralmente ao núcleo seminífero.

Gênero com cerca de 8-10 espécies, algumas inéditas, do leste e centro


do Brasil (Yakovlev 1976, Lima 1983). Luetzelburgia parece ser um
gênero natural, diagnosticado pelas flores zigomorfas com 5 pétalas pouco
diferenciadas entre si (apenas o estandarte é mais largo do que as demais),
combinada com os estames livres e fruto sâmara com o núcelo seminífero
basal e ala distal.
As espécies de caatinga são relativamente mal conhecidas e há problemas
de delimitação entre elas, em parte pelo pequeno número de coletas, em
parte pelo fato de que muito dificilmente se encontram folhas, flores ou
frutos ao mesmo tempo. Dentro do gênero pode ser observada interessantes
variações no tamanho e na coloração das flores e estudos de biologia floral
seriam muito interessantes para uma melhor compreensão da evolução no
grupo.

Chave para as espécies de Luetzelburgia de caatinga:

547
1. Flores pequenas, com menos de 10 mm compr.; pétalas escuras, vináceas;
fruto sem alas basais ao lado do núcleo seminífero......L. andrade-limae

1. Flores com pelo menos 12 mm compr.; pétalas brancas ou branco-


amareladas, rosadas ou arroxeadas apenas na base; fruto com alas basais

2. Folíolos 1-5, suborbiculares, ± tão longos quão largos; estandarte com


pelo menos 17 mm compr............................................... L. bahiensis

2. Folíolos 5-9, ovais a oval-lanceolados, 1,5-2x mais longos que largos;


estandarte com ca. 10 mm compr...................................L. auriculata

Luetzelburgia andrade-limae H.C.Lima, Anais xxxiv Congr. Nac. Bot.


(Brasil) 2: 191. 1984 (publ. 1990).

Árvore 4-8 m alt., copada; tronco com casca lisa, cinza-amarelada; ramos

jovens glabros, cinza-claros, depois castanho-escuros, com lenticelas

brancas. Folhas imparipinadas não estípiteladas; eixo foliar (pecíolo +

raque) 10-17 cm; folíolos 11-17, papiráceos, acrescentes distalmente, o

terminal 30-45 x 20-23 mm, 1,3-1,9x mais longos que largos, ovais, ápice

obtuso e adicionalmente emarginado, base arredondada a ligeiramente

cordada, face adaxial pubérula, face abaxial tomentosa; nervação

inconspícua exceto pela nervura principal saliente na face abaxial.

Panículas terminais, surgindo maciçamente antes da expansão das folhas,

5-15 cm compr., ramos densamente ferrugíneo-pubérulos; unidades da

inflorescência racemos, 2,5-3,5 cm; pedicelo 1-2,5 mm compr. Flores 8-9

mm compr.; hipanto campanulado, ca. 2 mm compr.; cálice amplamente

campanulado, ca. 5 mm compr., densa e curtamente ferrugíneo-pubérulos

externamente, lacínias curtas, largamente deltóides, ca. 0,5 mm compr.;

pétalas atrovináceas; estandarte externamente pubescente, oblongo,

± pandurado, ca. 6 x 4 mm, ungüículo ca. 1 mm compr., alas e pétalas

548
da carena pouco diferenciadas, oblongo-oblanceoladas, ca. 5 x 2,5 mm,

ungüículo ca. 1,5 mm. Sâmara 6-9 x 2-2,5 cm, núcleo seminífero sem ala

lateral.

Luetzelburgia andrade-limae é conhecida apenas da caatinga da região


central e sudeste do estado da Bahia, ocorrendo tanto em caatinga arbustiva
aberta quanto em caatinga arbórea, neste caso freqüentemente associada
a afloramentos calcáreos, em altitudes de 400 a 900 m. Floração: v-vi.
Frutificação: ?.

Esta espécie pode ser diferenciada das demais espécies de Luetzelburgia


pelas suas flores relativamente pequenas (< 1 cm compr.) com pétalas
escuras, vináceas. Além disso, as sâmaras apresentam o núcleo seminífero
desprovido de ala lateral.

Nomes vernaculares: banha-de-galinha (geral), sucupira (Maracás, BA).

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, D. A. Lima 75-6966 (tipo de L. andrade-

limae: holótipo: IPA; isótipo: RB); Maracás, L. P. Queiroz & V. L. F. Paganucci 3252

(HUEFS, K); Oliveira dos Brejinhos, H. P. Bautista & O. A. Salgado 881 (HRB); Riacho de

Santana, S. B. da Silva 219 (HRB, RB); Xique Xique, F. B. Ramalho 215 (RB).

Luetzelburgia auriculata (Fr.Allem.) Ducke, Notibl. Bot. Gart. Mus. Berlin


11: 584. 1932.
Tipuana auriculata Fr.Allem., Trab. Com. Sci. Explor. Sec. Bot.: 21. 1864.
Bowdichia freirei Ducke, Arch. J. Bot. Rio de Janeiro 3: 133. 1922.
Luetzelburgia pterocarpoides Harms, Ber. Deutsch. Bot. Ges. 40: 178. 1922.
Luetzelburgia brasiliensis Yakovlev, Biol. Nauki 9: 75. 1976.

Árvore 3-7 m alt.; tronco com casca fissurada, castanho-acinzentada;

ramos jovens densa a esparsamente pubérulos. Folhas imparipinadas,

não estípiteladas; pecíolo 24-40 mm; raque 2,5-6 cm; segmentos

549
interfoliolares 16-25 mm; folíolos 5-9, subopostos a alternos, coriáceos, em

geral parcialmente dobrados ao longo da nervura mediana, acrescentes

distalmente, o terminal 38-55 x 25-28 mm, 1,5-2x mais longos do que

largos, ovais a oval-elípticos, ápice obtuso e adicionalmente emarginado,

base arredondada a ligeiramente cordada, glabros ou esparsamente

pubérulos na face abaxial, reticulados nas duas faces. Panículas


terminais, surgindo maciçamente antes da expansão das folhas, 5-15 cm

compr., ramos densamente pubérulos, tricomas acinzentados; unidades

da inflorescência racemos, os basais ca. 4-5 cm; pedicelo 2 mm compr.

Flores 11-14 mm compr.; hipanto campanulado, ca. 2 mm compr.; cálice

amplamente campanulado, 5-6 mm compr., densa e curtamente cinéreo-

pubérulo externamente, lacínias curtas, largamente deltóides, ca. 1

mm compr.; pétalas brancas com mancha rosada na base e margem ±

franjada; estandarte externamente pubescente, oblongo, ± pandurado, ca.

10 x 5 mm, ungüículo ca. 2 mm compr., alas e pétalas da carena pouco

diferenciadas, oblongo-oblanceoladas, ca. 8 x 3 mm, ungüículo ca. 2,5

mm. Sâmara com núcleo seminífero 2,5-3 x 1,8-1,9 cm, compresso,

lateralmente com expansão alar semicircular 4-6 mm larg., ala distal,

cultriforme, ca. 5 x 2,2 cm.

Luetzelburgia auriculata é uma espécie endêmica do nordeste do Brasil,


distribuindo-se do leste do Maranhão ao Ceará e, para o sul, alcançando
a Bahia, mais freqüentemente em caatinga mas também em cerrado. Na
caatinga, é uma planta mais característica da depressão sertaneja setentrional,
geralmente em solos arenosos. Floração: vi-x. Frutificação: x-i.

Esta espécie é afim a L. bahiensis, ambas apresentando flores com pétalas


brancas, manchadas na base de rosa ou roxo. As diferenças entre elas
são mais quantitativas, L. auriculata apresentando um maior número de
folíolos (5-11 em L. auriculata vs. 1-5 em L. bahiensis), proporcionalmente
mais estreitos (ca. 1,5-2x mais longos que largos em L. auriculata enquanto

550
em L. bahiensis os folíolos são suborbiculares com aproximadamente
o comprimento igual à largura), e flores menores (o estandarte em L.
auriculata tem ca. 10 mm compr. enquanto em L. bahiensis ele tem no
mínimo 17 mm compr.).

As raízes são tuberosas e Allemão (1864) já relatava que elas acumulam


amido, razão pela qual são procuradas por roedores conhecidos como
mocó, de onde deriva seu nome popular. Lewis & Pearson (1131, in sched.)
reportam que há relatos de que em uma seca severa na década de 1930, as
túberas eram coletadas e moídas, produzindo uma farinha semelhante à
de tapioca. Aparentemente, as primeiras folhas que surgem no início da
estação chuvosa são tóxicas para os animais (Nascimento 1086 in sched.;
Lewis & Pearson 1131 in sched.).

Nomes vernaculares: pau-mocó, angelim.

Material selecionado: Bahia: s.l., Ph. von Luetzelburg 206 (M). Ceará: s.l., F. F. Allemão &

M. de Cysneiros 425 (provavelmente tipo de Tipuana auriculata: R); Guriuba (Bela Vista),

A. Ducke 2491 (K, R, RB). Piauí: Bom Jesus, L. Coradin et al. 5896 (CEN, K); Campo

Maior, M. S. B. Nascimento 1086 (K); Oeiras, A. J. Castro 3020 (K); São Raimundo

Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1131 (K).

Luetzelburgia bahiensis Yakovlev, Biol. Nauki 9: 75. 1976.


Luetzelburgia freire-allemanii Rizzini & Mattos f., Rodriguesia 29 (42): 12. 1977.

Arbusto ou arvoreta 1-3 m alt., ramificado desde a base, casca lisa, cinza-

amarelada; ramos jovens pubérulos, geralmente com gemas dormentes

conspícuas. Folhas imparipinadas não estípiteladas; pecíolo (14-)21-50

mm; raque (0) 1,5-4 cm; segmentos interfoliolares 14-18 mm; folíolos (1-)

3-5, (sub)opostos, papiráceos, acrescentes distalmente, o terminal 25-62 x

22-44 mm, 1,1-1,3x mais longos do que largos, suborbiculares a largamente

551
Figura 32 – A: Acosmium fallax (1 - hábito; 2 - flor; 3 - pétala); B: Zollernia ilicifolia (1 - hábito; 2 - botão floral; 3
- estandarte; 4 - androceu e gineceu; 5 - flor com pétalas e estames removidos evidenciando o pistilo); C: Luetzelburgia
bahiensis (1 - hábito; 2 - cálice; 3 - estandarte; 4 - ala; 5 - pétala da carena; 6 - pistilo; 7 - fruto).

ovais, ápice arredondado, às vezes adicionalmente emarginado, base

truncada a arredondada, glabros e reticulados em ambas as faces.

Panículas terminais com eixo curto, 1-3 cm, ramos esparsamente

pubérulos; unidades da inflorescência racemos, os basais 4,5-10 cm;

pedicelo ca. 3 mm compr. Flores 18-22 mm compr.; hipanto campanulado,

ca. 1,5-2 mm compr.; cálice cilíndrico-campanulado, (5-) 9-10 mm compr.,

552
curtamente pubérulo externamente, lacínias curtas, deltóides, 2,5-3 mm

compr.; pétalas branco-amareladas, com mancha arroxeada na base

de todas as pétalas ou apenas do estandarte; estandarte externamente

pubescente, oboval, 17-22 x 9-11 mm, incluindo o ungüículo ca. 5 mm

compr., alas e pétalas da carena pouco diferenciadas, oblanceoladas, 15-

17 x 4-6 mm. Fruto não visto.

Luetzelburgia bahiensis é conhecida apenas da caatinga do norte da Bahia,


com uma coleta no sul de Pernambuco. Ocorre principalmente em solo
arenoso, em altitudes de 200 a 700 m. Floração: vi-ix. Frutificação: ?

Pode representar uma forma reduzida de L. auriculata, apresentando


porte menor e menor número de folíolos do que esta espécie. Há alguma
sobreposição no número de folíolos das duas espécies mas o tamanho das
pétalas fornece um caráter confiável para diagnosticá-las (ver discussão de
L. auriculata).

Da mesma forma que em L. auriculata, as raízes de L. bahiensis são


reportadas como tuberosas e acumulando água (H. C. de Lima 3926 in
sched.).

Nome vernacular: moela-de-galinha.


Material selecionado: Bahia: s.l. (como “Utinga” mas provavelmente entre Xique Xique

e Santo Inácio), J. S. Blanchet 2753 (tipo de L. bahiensis; holótipo: K); Curaçá, G. C. P.

Pinto & S. B. da Silva 250/83 (HRB, K); Jacobina, L. Coradin et al. 6033 (CEN, K); Gentio

do Ouro, L. Coradin et al. 6295 (CEN, K); Serra do Açuruá, H. C. de Lima et al. 3926 (K,

RB). Pernambuco: Petrolina, G. C. P. Pinto & S. B. da Silva 221/83 (HRB, K).

Acosmium Schott

Árvores ou arbustos, inermes. Folhas imparipinadas, espiraladas,

553
estípitelas reduzidas ou ausentes; folíolos (sub)opostos a alternos,

peninérvios, broquidódromos. Racemos terminais ou axilares a supra-

axilares nas folhas distais dos ramos. Flores pentâmeras, pequenas, sub-

actinomorfas; hipanto curto; cálice campanulado com lacínias valvares;

corola não papilionóide, pétalas pouco ou não diferenciadas entre si,

ereto-patentes, formando um perianto campanulado; estames 10, livres;


ovário curtamente estipitado, 2-4-ovulado, estípite assentado no fundo

do hipanto. Fruto indeiscente, samaróide, oblongo a elíptico, papiráceo a

rígido-coriáceo, as margens tênues e ± aladas.

Acosmium é um gênero neotropical com cerca de 18 a 19 espécies,


distribuído do sul do México ao norte da Argentina (Mohlenbrock 1963,
Yakovlev 1969).

Yakovlev (1969) adotou um conceito mais restrito de Acosmium,


segregando-o de Sweetia. Estudos recentes de filogenia das Papilionoideae
tem apoiado essa distinção, com Acosmium aparecendo como parte do
clado Genistóide (em posição próxima a Bowdichia) e Sweetia relacionado
ao clado Vataireóide próximo a Harleyodendron e Exostyles (Pennington
et al. 2001).

No contexto das Papilionoideae de caatinga, Acosmium pode ser


diagnosticado pelas flores pequenas e actinomorfas, combinadas com as
folhas imparipinadas e frutos indeiscentes fortemente compressos.

Acosmium dasycarpum não foi incluído neste trabalho. Alguns espécimes


podem ser encontrados em áreas transicionais cerrado-caatinga,
especialmente no Piauí, oeste da Bahia e na Chapada Diamantina. Esta
é uma espécie muito característica do cerrado e pode ser facilmente
diferenciada das espécies de caatinga, aqui descritas, pelos folíolos maiores
(6-11 cm compr.), ovais e pouco numerosos (3-7).

554
Chave para as espécies de Acosmium da caatinga:

1. Folíolos em 13 a 19 pares, oblongo-elípticos, com até 8 mm


larg.............................................................................................A. fallax

1. Folíolos em 5 a 9 pares, suborbiculares, com 10 a 13 mm


larg...................................................................................A. parvifolium

Acosmium fallax (Taub.) Yakovlev, Not. Roy. Bot. Gard. Edinb. 29: 350.
1969.
Sweetia fallax Taub., Flora 75: 82. 1892.

Árvore de 6-12 m alt.; ramos jovens glabrescentes, muito esparsamente

pubérulos. Pecíolo 8-10 mm compr.; raque 4-6,5 cm; segmentos

interfoliolares 7-9 mm; folíolos 13-19, (sub)opostos a alternos, cartáceos,

ligeiramente decrescentes em cada extremidade da raque, o terminal

10-11 x 6 mm, os medianos 12-19 x 7-8 mm, 1,7-2x mais longos que

largos, elípticos oblongo-elípticos, ápice arredondado a emarginado e

adicionalmente mucronulado, glabros; nervação inconspícua exceto

pela nervura principal saliente na face abaxial. Racemos axilares ou

supra-axilares, delgados, 6-8 cm. Flores ca. 3 mm compr. (excluindo os

estames); cálice (incluindo o hipanto) amplamente campanulado, ca. 1,5

mm compr., lacínias deltóides aproximadamente do mesmo comprimento

do tubo; pétalas branco-amareladas, largamente obovais, ca. 2,5 x 2 mm

(incluindo o ungüículo); ovário seríceo-velutino. Fruto 2,5-4,5 x 11-12 cm,

oblongo, papiráceo, reticulado, seríceo.

Acosmium fallax é uma espécie de caatinga, conhecida do centro-sul da


Bahia e norte de Minas Gerais, onde penetra ligeiramente em áreas de
cerrado. A procedência do espécime tipo (Glaziou 14618), indicada na
exsicata como do Rio de Janeiro, é duvidosa. Floração: xi-xii. Frutificação:

555
iii-iv.

Pode ser diferenciada de A. parvifolium pelos folíolos proporcionalmente


mais estreitos (até 8 mm larg. em A. fallax e 10-13 mm em A. parvifolia),
elípticos (x suborbiculares) e mais numerosos (13 a 19 x 5-9), além das
flores menores (ca. 3 mm compr. em A. fallax e ca. 4-5 mm compr. em A.
parvifolia). É muito próxima, talvez co-específica, a A. difusissima (Mohl.)
Yakovlev.

Nomes vernaculares: pau-de-formiga, pau-de-rato (ambos na Bahia),


lombo-preto (Minas Gerais). O nome vulgar na Bahia (pau-de-formiga)
sugere associação com as formigas, um fenômeno não muito freqüente na
subfamília Papilionoideae mas relativamente comum nas Caesalpinioideae
e, principalmente, nas Mimosoideae.

Material selecionado: Bahia: Boquira, H. P. Bautista & O. A. Salgado 846 (HRB); Livramento

do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1962 (CEPEC, K); Poções, T. S. dos

Santos 2573 (CEPEC, K). Minas Gerais: Januária, M. Magalhães 6040 (K).

Acosmium parvifolium (Harms) Yakovlev, Not. Roy. Bot. Gard. Edinb. 29:
353. 1969.
Sweetia parvifolia Harms, Bot. Jahrb. 42: 211. 1909.

Árvore; ramos jovens pubérulos. Pecíolo 8-9 mm compr.; raque 1,4-2 cm;

segmentos interfoliolares 6-7 mm; folíolos 5-9, (sub)opostos, papiráceos,

ligeiramente acrescentes distalmente, o terminal 13-16 x 13-16 mm, os

medianos 10-14 x 11-12 mm, 0,9-1,1x mais longos que largos, suborbiculares,

ápice arredondado, emarginado, glabros e reticulados em ambas as faces.

Racemos axilares nas folhas distais, tornando-se paniculados pela não

expansão das folhas em alguns ramos, 3,5-5 cm. Flores ca. 4-5 mm compr.

(excluindo os estames); cálice (incluindo o hipanto) infundibuliforme, 3,5-4

556
mm compr., lacínias deltóides aproximadamente do mesmo comprimento

do tubo; pétalas oblanceoladas, ca. 4 x 1,5-2 mm (incluindo o ungüículo);

ovário glabro. Fruto desconhecido.

Esta espécie foi incluída neste trabalho com alguma hesitação. Apenas
dois espécimes foram observados, ambos do Piauí e sem informação do
habitat. Um destes espécimes (o tipo), foi coletado em Serra Branca,
sul do Piauí, região que Ule (1908) descreve como um tipo de caatinga
sobre afloramentos rochosos mas que contém muitos elementos típicos de
cerrado. Floração: i-iii. Frutificação: ?

Os caracteres diferenciais entre A. parvifolium e A. fallax encontram-se


referidos na discussão desta espécie.

Acosmium parvifolium é, aparentemente, uma espécie rara, sendo conhecida


apenas do tipo e de um outro espécime coletado quase 80 anos depois.

Material examinado: Piauí: s.l. (entre Santo Antônio de Dentro e rio Parafuso), A. Fernandes

& M. del’Arco s. n., 01.iii.1980 (EAC, K); Serra Branca, E. Ule 7156 (tipo de Sweetia

parvifolia; isótipo: K).

Poecilanthe Benth.

Árvores ou arbustos inermes; ramos geralmente com gemas dormentes

conspícuas. Folhas alternas, dísticas, imparipinadas, 1-9-folioladas,

curtamente estípiteladas; folíolos alternos a subopostos, peninérvios,

broquidódromos. Inflorescências racemos, mais curtas do que a folha

adjacente, axilares ou laterais, isoladas ou fasciculadas, às vezes agrupadas

em panículas terminais; bractéolas 2, opostas, inseridas imediatamente

abaixo do cálice. Flores sub-sésseis ou pediceladas; cálice campanulado,

lacínias 4 de comprimento igual ou maior do que o tubo, a superior

bidentada; corola papilionóide; pétalas brancas a atrovioláceas, glabras,

557
ungüiculadas; estandarte suborbicular; alas aproximadamente do mesmo

comprimento do estandarte; carena curvada, ca. 2/3 do comprimento

das alas, com pétalas soldadas distalmente ao longo da margem inferior;

estames 10, monadelfos, soldados em tubo; ovário curtamente estipitado,

5-8-ovulado. Fruto legume, com deiscência elástica, forma geral oblongo-

obovada, plano-compresso, margem lateralmente expandida em ala ou


não; valvas lenhosas.

Poecilanthe é um pequeno gênero tropical sul-americano com cerca de


8 espécies (Lewis 1987), distribuído principalmente na Amazônia e no
leste do Brasil. Pode ser diagnosticado pelas folhas com folíolos alternos
(algumas vezes subopostos), com estípitelas pequenas, androceu monadelfo
e fruto lenhoso, plano-compresso, com deiscência elástica.

Os limites entre P. falcata, P. grandiflora e P. ulei necessitam revisão. Para


isso, é importante um bom trabalho de campo, especialmente a observação
de espécimes em flor que são, até agora, mal conhecidas, embora a taxonomia
neste complexo seja baseada em caracteres florais.

Chave para as espécies de Poecilanthe da caatinga:

1. Folíolos 7-9, o terminal com até 38 x 20 mm; frutos com margens


não aladas............................................................................P. subcordata

1. Folíolos 1-5, o terminal com pelo menos 50 mm compr. ou 31 mm


larg.; frutos com margem superior lateralmente prolongada em ala

2. Flores 8-10 mm compr., dispostas em racemos curtos e congestos,


com 2-2,5 cm compr.; gemas globosas com ápice arredondado,
os profilos imbricados e progressivamente maiores; folíolos
coriáceos, subsésseis, peciólulo 0,5-1 mm compr.......................P. ulei

558
2. Flores 14-17 mm compr., dispostas em racemos laxos, com 4-7
cm compr., ou em panículas amplas; gemas ovóides com ápice
acuminado e encurvado, os profilos não imbricados; folíolos
papiráceos, peciolulados, peciólulo 2-4 mm compr........P. grandiflora

Poecilanthe grandiflora Benth., J. Proc. Linn. Soc., Bot. Suppl. 4: 80. 1860.

Árvore; indumento dos ramos, eixo foliar e eixos da inflorescência piloso,

ferrugíneo; gemas dormentes com contorno lanceolado e ápice acuminado

e encurvado, constituídas por profilos lanceolados, acuminados, não

imbricados. Pecíolo 26-40 mm; raque 6,5-7,4 cm; segmentos interfoliolares

25-48 mm; folíolos (3-)5, alternos, papiráceos, peciolulados, peciólulo

2-4 mm compr., em geral acrescentes distalmente, o terminal maior, 50-

95 x 31-55 mm, 1,6-1,7x mais longos do que largos, ovais a largamente

oblongos, ápice obtuso a acuminado, base arredondada a cordada, glabros,

nervura primária pouco saliente na face abaxial, as demais tenuemente

reticuladas. Racemos 7-9 cm compr., axilares ou agrupados em panículas

terminais laxas; pedicelo 4-7 mm compr. Flores 14-17 mm compr.; cálice

8-10 mm compr., tubo campanulado, velutino, ferrugíneo, lacínias linear-

lanceoladas, 5-6 mm compr., mais longas do que o tubo; pétalas descritas

como alvo-violáceas; estandarte suborbicular, 7 x 8 mm + 3,5 mm compr.

do ungüículo; ovário 7-8-ovulado, glabro, curtamente estipitado. Legume

(descrito a partir de material do Rio de Janeiro) ca. 16 x 4,2 cm compr.,

oblanceolado, margens espessadas, a superior prolongada em ala de ca.

4-5 mm larg., estipitado, estípite ca. 8 mm; valvas lenhosas, discretamente

reticuladas, quando quando maduras marrom-claras, glabras.

Esta espécie foi incluída com dúvidas neste trabalho. Os espécimes

559
disponíveis, do Ceará e da Bahia, não tinham indicação do habitat e,
embora tivessem sido coletados dentro do domínio da caatinga, provem de
áreas onde é possível se encontrar florestas ciliares ou estacionais.

Heringer (1952) considerou P. falcata como distinto de P. grandiflora


Benth. com base apenas na prancha da Flora Fluminensis. Bentham (1862)
considerou que elas poderiam ser co-específicas. J.E.Meireles (com. pess.)
considera o material da caatinga distinto de P. falcata, a qual fica restrito ao
litoral, posição seguida no presente trabalho.

Esta espécie apresenta variação nas folhas muito semelhante à observada


em P. ulei. Possíveis caracteres diferenciais entre P. grandiflora e P. ulei
estão referidos na discussão desta espécie.

Material examinado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 2223 (HUEFS, K); Iraquara, E. Pereira 2159

(K, RB). Ceará: Aiuaba, J. R. Lemos 131 (HUEFS); Granjeiro, A. Fernandes et al. s. n.

EAC 13766 (EAC, K). Paraíba: São José dos Cordeiros, I. B. Lima et al. 113 (HUEFS,

JPB). Pernambuco: Alagoinha, P. Silva et al. 37M (HUEFS, UFP).

Poecilanthe subcordata Benth., J. Proc. Linn. Soc., Bot. Suppl. 4: 80. 1860.

Árvore ou arbusto ca. 10 m alt., às vezes semi-escandente; ramos jovens,

eixo foliar e eixos da inflorescência densamente pubérulos a velutinos,

tricomas amarronzados. Pecíolo 11-21 mm; raque 5-7,5 cm; segmentos

interfoliolares 18-25 mm; folíolos 7-9, alternos a subopostos, coriáceos,

subsésseis, peciólulo com até 1 mm compr., ligeiramente decrescentes

proximalmente, o terminal um pouco maior, 33-38 x 18-20 mm, 1,8-1,9x

mais longos do que largos, oblongos a oval-oblongos, ápice obtuso, base

cordada, face adaxial pilosa, face abaxial velutina até esparsamente pilosa,

tricomas ferrugíneos, nervura primária saliente na face abaxial, as demais

incospícuas. Racemos axilares ou laterais, 2-3-fasciculados, 1,8-4,2 cm

560
compr.; pedicelo 3-4 mm compr. Flores ca. 8 mm compr.; cálice ca. 5 mm

compr., tubo campanulado, esparsamente velutino, lacínias lanceoladas,

ca. 3 mm compr., ligeiramente mais longas do que o tubo; pétalas

brancas, pelo menos quando jovens verrucosas, revestidas por massas

esbranquiçadas (cêra ?); estandarte com mancha violácea no centro, 7

x 8 mm + 2 mm compr. do ungüículo; ovário 5-6-ovulado, glabro exceto


pelas margens ciliadas, apresentando as mesmas massa esbranquiçadas

das pétalas, estipitado. Legume 4,5-7 x 1,7-2 cm compr., oblanceolado,

margens não espessadas, estipitado, estípite ca. 4 mm; valvas lenhosas,

com nervuras ligeiramente salientes e reticuladas, castanhas, glabras.

Poecilanthe subcordata é uma espécie conhecida por poucas coletas, estas


procedentes do norte de Minas Gerais e oeste da Bahia, em áreas de
cerrado e caatinga. É possível que não seja uma espécie propriamente de
caatinga mas mais material seria necessário para que se tenha um melhor
conhecimento de sua distribuição e habitats. Floração: x-xii. Frutificação:
iv.

Esta planta pode ser diferenciada das demais espécies de caatinga pelos
folíolos mais numerosos (7 a 9) e menores (até 38 x 20 mm). Ao contrário
das outras espécies, aparentemente não possui gemas dormentes ou estas
são inconspícuas.

Material selecionado: Bahia: Cristópolis, G. Hatschbach 39500 (K, MBM).

Poecilanthe ulei (Harms) Arroyo & Rudd, Phytologia 25: 398. 1973.
Machaerium ? ulei Harms, Bot. Jahrb. 42: 214. 1908.

Árvore ou arbusto 1,5-7 m alt., geralmente com vários troncos basais 4-7

cm DAP, casca fissurada, áspera; indumento dos ramos, eixo foliar e eixos

da inflorescência muito variável, desde glabro até velutino, ferrugíneo;

561
Figura 33 – A: Poecilanthe ulei (1 - hábito; 2 - ramo florífero; 3 - flor; 4 - androceu; 5 - pistilo; 6 - semente); B: Cro-
talaria holosericea (1 - hábito; 2 - flor; 3 - estandarte; 4 - ala; 5 - pétala da carena; 6 - androceu e gineceu; 7 - pistilo;
8 - fruto).

gemas dormentes conspícuas, peruladas, globosas a, mais raramente,

ovais, arredondadas no ápice, constituídas de profilos estriados com ápice

arredondado a emarginado, imbricados, os externos menores e os internos

progressivamente maiores formando uma estrutura estrobiliforme. Folhas

muito variáveis no número do folíolos e dimensões dos eixos, geralmente

562
as folhas mais distantes da inflorescência com folíolos muito maiores do

que os descritos aqui; pecíolo 20-32 mm; raque quando presente 2,2-4,9

cm, às vezes flexuosa; segmentos interfoliolares quando presentes 26-

36 mm; folíolos 1-5, alternos, coriáceos, subsésseis, peciólulo 0,5-1 mm

compr., em geral acrescentes distalmente, o terminal maior, 64-95 x 38-

47(-54) mm, (1,4-)1,6-2x mais longos do que largos, largamente oblongos,


elípticos a ovais, ápice obtuso, base truncada a ligeiramente cordada, face

adaxial glabra a esparsamente pubérula, geralmente nítida e rugosa, com

as nervuras discolores mais claras, face abaxial geralmente velutina ou

com tricomas adpressos, raramente glabra, nervura primária e secundárias

salientes na face abaxial, as demais reticuladas na face abaxial. Racemos

(poucos vistos) ramifloros, geralmente surgindo maciçamente das gemas

na região proximal dos ramos, curtos, 2-2,5 cm compr., flores muito

congestas; pedicelo ca. 2 mm compr. Flores 8-10 mm compr.; cálice ca. 4

mm compr., tubo campanulado, velutino, ferrugíneo, lacínias lanceoladas,

ca. 2 mm compr.; pétalas atrovioláceas; estandarte suborbicular, ca. 8 x

8 mm + 2 mm compr. do ungüículo; ovário 5-ovulado, glabro, curtamente

estipitado. Legume 8-14,5 x 3,5-4,7 cm compr., comumente oblanceolado

a oboval mas às vezes elíptico ou com margem sinuosa, margens

espessadas, a superior prolongada em ala de ca. 3 mm larg., estipitado,


estípite ca. 6-8 mm; valvas lenhosas, discretamente reticuladas, quando

imaturas glaucas, quando maduras marrom-claras, glabras.

Poecilanthe ulei é, até o momento, conhecida apenas do estado da Bahia,


onde ocorre principalmente em caatinga arbórea sobre solo arenoso.
Algumas coletas feitas em Ilhéus (sul da Bahia), provavelmente são de
plantas cultivadas no arboreto do CEPLAC. Floração: x. Frutificação: xii-
ix.

Da mesma forma que P. grandiflora, esta espécie apresenta gemas


dormentes peruladas conspícuas. No início da estação chuvosa, as flores

563
aparecem rapida e maciçamente. Talvez este seja um dos motivos pela qual
ela é dificilmente coletada em flor (de todo o material examinado, apenas 3
espécimes estavam floridos). Isto introduz um problema para sua distinção
de P. grandiflora. Estas espécies são facilmente distintas quando em floração
pois P. ulei apresenta racemos muito curtos (até 2,5 cm em P. ulei vs. 7-9 cm
em P. grandiflora) com flores congestas e subsésseis (laxas e pediceladas em
P. grandiflora) e flores menores (8-10 mm compr. em P. ulei vs. 14-17 mm
em P. grandiflora). No entanto, quando em frutificação, há poucos caracteres
que podem ser usados para diferenciá-las. A textura dos folíolos adultos é
distinta (coriácea em P. ulei e papirácea em P. grandiflora) mas difícil de
ser usada com objetividade. Um outro caráter, já referido por Lewis (1987),
é a forma das gemas, globosa com ápice arredondado em P. ulei e ovalada
com ápice acuminado em P. grandiflora. Além disso, conseguimos observar
que em P. ulei a gema é constituída de várias séries de profilos imbricados e
progressivamente maiores, aparentando uma estrutura estrobiliforme. Em
P. grandiflora, se há várias séries de catáfilos/profilos estas não visíveis pois
os externos recobrem toda a gema.

Pinto (50-96, in sched.) faz referência à boa qualidade da madeira desta


espécie.

Nome vernacular: carrancudo.

Material selecionado: Bahia: s. l. (“Catinga bei Caldeirão), E. Ule 7248 (tipo de M. ulei;

isótipos: H, K); Angüera, L. P. Queiroz 2508 (HUEFS); Boa Vista do Tupim, L. P. Queiroz &

N. S. Nascimento 3877 (HUEFS, K); Feira de Santana, L. P. Queiroz et al. 3066 (HUEFS,

K); Gentio do Ouro, H. C. de Lima et al. 3932 (K, RB); Iacú, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos

3577 (HUEFS, K); Ibitiara, M. M. Santos 99 (HUEFS); Itatim, E. Melo et al. 1476 (HUEFS);

Itiúba, R. M. Harley et al. 16206 (CEPEC, K); Jacobina, A. M. de Carvalho & J. Saunders

2789 (CEPEC, K); Jaguarari, L. Coradin et al. 6013 (CEN, K); Jequié, S. A. Mori & R. M.

King 12205 (CEPEC, K); Milagres, G. P. Lewis et al. 835 (CEPEC, K); Monte Santo, L.

564
P. Queiroz & N. S. Nascimento 4616 (HUEFS); Muritiba, G. C. P. Pinto 50-96 (K); Santa

Terezinha, L. P. Queiroz & T. S. N. Sena 3248 (HUEFS, K); Saúde, L. P. Queiroz & N. S.

Nascimento 3563 (HUEFS, K); Serra Preta, H. C. de Lima et al. 3874 (K, RB); Tucano, L.

A. Mattos-Silva 2904 (CEPEC, K).

Crotalaria L.

Subarbustos ou arbustos eretos, ramificados, ramificação geralmente

dicotômica. Estípulas caducas ou decurrentes sobre o caule. Folhas

alternas, espiraladas, palmadamente 3-folioladas, mais raramente 1-

folioladas ou simples, não estípiteladas; folíolos não pontuados, nervação

peninérvia e broquidódroma. Inflorescências racemos terminais, axilares

ou opositifloros, bractéolas presentes, caducas. Flores pediceladas; cálice

fortemente bilabiado ou 5-laciniado, lacínias livres ou coniventes no ápice;

corola papilionóide; pétalas amarelas, estandarte com base auriculada,

bicaloso, glabro; carena fortemente encurvada, rostrada, glabra ou

pubescente na margem superior; estames 10, monadelfos, conados

em bainha aberta na margem superior ou em tubo, anteras dimórficas,

longas e dorsifixas alternando com curtas e basifixas; disco intraestaminal


ausente; ovário estipitado, 2-pluriovulado. Fruto legume, inflado, oblongo

ou oblongo-linear, elasticamente deiscente, valvas rigidamente coriáceas.

Crotalaria é um gênero pantropical com cerca de 600, o principal centro


de diversidade localizado na África (Polhill, 1982). São, no geral, plantas
heliófilas de habitats abertos, muitas das quais são importantes invasoras
hoje com distribuição quase cosmopolita.

O gênero pode ser diagnosticado pelo hábito predominantemente


subarbustivo, folhas com 1 ou 3 folíolos mas, neste caso, os folíolos com
disposição palmada, flores com pétalas amarelas (algumas espécies têm

565
pétalas azuis mas não as de caatinga), carena rostrada, anteras dimórficas
e, principalmente, pelo fruto oblongo e inflado. Quando próximo à
deiscência, o fruto apresenta as sementes livres no seu interior e, quando
agitado, produz som semelhante ao de um chocalho. Disso deriva os nomes
vernaculares da maioria de suas espécies, em diferentes línguas.

Seis espécies são registradas para a caatinga.

Chave para as espécies de Crotalaria da caatinga:

1. Ramos alados pelas estípulas decurrentes; folhas simples; cálice


bilabiado................................................................................... C. pilosa

1. Ramos não alados, estípulas não decurrentes; folhas trifolioladas;


cálice 5-laciniado

2. Folíolos glabros ou indumentados apenas na face abaxial

3. Folíolos largamente obovais a suborbiculares, mais curtos


do que o pecíolo; racemos laxos; fruto patente, até 4x mais
longo do largo, em contorno oblongo e revestido por tricomas
longos e patentes............................................................. C. incana

3. Folíolos elípticos, mais longos do que o pecíolo; racemos


congestos; fruto deflexo, 5-6x mais longos do que
largos, em contorno onlongo-linear glabro..............C. pallida

2. Folíolos indumentados nas duas faces

4. Racemos opositifólios, até 3 cm compr.; folíolos largamente


obovais, até 20 mm compr.......................................C. brachycarpa

4. Racemos terminais, maiores do que 3 cm compr.; folíolos


elípticos a suborbiculares, 20-55 mm compr.

4. Folíolos suborbiculares, evidentemente longos do que o

566
pecíolo, indumento lanoso com tricomas longos, densos e
ferrugíneos a dourados......................................... C. bahiaensis

4. Folíolos elípticos a obovais, mais curtos ou ± do mesmo


comprimento do pecíolo, indumento piloso a viloso,
tricomas esbranquiçados......................................C. holosericea

Crotalaria bahiaensis Windler & S.G.Skinner, Phytologia 50: 187. 1982.

Subarbusto 0,7-1 m alt., ramos jovens, pecíolo e eixo da inflorescência

lanosos, tricomas longos, densos e ferrugíneos. Estípulas ca. 2 mm,

subuladas. Folhas 3-folioladas; pecíolo ca. 20 mm; folíolos cartáceos,

43-55 x 31-40 mm, mais longos do que o pecíolo, suborbiculares, ápice

arredondado, face adaxial e abaxial vilosas, tricomas longos, ferrugíneos

a dourados, densos. Racemos 8-12 cm compr., terminais, eixo robusto,

lenhoso; pedicelo 1-2 mm compr. Flores ca. 17 mm compr.; cálice

curtamente campanulado, viloso, tubo ca. 5 mm compr., lacínias 7-8 mm

compr., lanceoladas, livres no ápice; estandarte suborbicular, ca. 15 x 13

mm. Legume 12-15 x 7 mm, oblongos, ca. 2x mais longos do que largos;

valvas pubérulas, tricomas adpressos, translúcidos.

Espécie do nordeste do Brasil (Ceará, Pernambuco e Bahia) e norte de


Minas Gerais, ocorre em caatinga, cerrado e campos rupestres, em altitudes
de 700-1000 m alt. Floração: v-vi.

É uma espécie de fácil reconhecimento pelos folíolos orbiculares, vilosos,


o indumento ferrugíneo deixando-os amarronzados quando secos. C.
holosericea é outra espécie de caatinga com folíolos indumentados mas
estes apresentam-se elípticos, com consistência membranácea e tricomas
esbranquiçados.

Material selecionado: Bahia: Delfino, R. M. Harley et al. 16777 (CEPEC, K); Gentio do

567
Ouro, T. Jost et al. 580 (HRB, HUEFS); Xique Xique, M. L. S. Guedes et al. 3032 (ALCB,

HUEFS). Ceará: Quixadá, A. Löfgren 915 (K). Pernambuco: Buíque, A. M. Miranda et al.

1831 (Hst, HUEFS).

Crotalaria brachycarpa Benth. in Mart., Fl. Bras. 15 (1): 29. 1859.

Subarbusto, altura não registrada, ramos jovens, pecíolo e eixo da

inflorescência densamente pubescentes, tricomas esbranquiçados.

Estípulas não vistas. Folhas 3-folioladas; pecíolo 13-15 mm; folíolos

papiráceos, 17-20 x 15-17 mm, de comprimento igual ou ligeiramente mais

longos do que o pecíolo, largamente obovais, ápice arredondado, face

adaxial e abaxial vilosas, tricomas longos, esbranquiçados. Racemos ca.

2 cm compr., opositifolios; pedicelo ca. 1 mm compr. Flores ca. 7 mm

compr.; cálice curtamente campanulado, pubescente, tubo ca. 2 mm

compr., lacínias ca. 3 mm compr., lanceoladas, livres no ápice; estandarte

suborbicular, ca. 6 x 6 mm. Legume ca. 17 x 10 mm.

Crotalaria brachycarpa foi originalmente descrita para a caatinga do estado


da Bahia, sendo, no entanto, conhecida por poucas coletas dessa região.
É referida para o estado de São Paulo mas eu não pude confirmar essa
informação. Floração: i.

Essa espécie assemelha-se a C. incana, amabas apresentando folíolos


relativamente pequenos e largamente obovais a suborbiculares. No entanto,
C. brachycarpa apresenta inflorescências flores e frutos menores do que os
encontrados em C. incana.

Material selecionado: Bahia: Jacobina (mas provavelmente de Barra),


J. S. Blanchet 2678 (tipo de C. brachycarpa: K, foto HUEFS); Remanso,
E. Ule 7200 (K).

568
Crotalaria holosericea Nees & Mart., Nova Acta Phys.-Med. Acad. Caes.
Leop.-Carol. Nat. Cur. 12: 26. 1824.
Crolataria holosericea var. grisea Benth. in Mart., Fl. Bras. 15 (1): 28. 1859.

Subarbusto ou arbusto 0,5-2 m; ramos jovens, pecíolo e eixo da

inflorescência densamente pubescentes. Estípulas 3-6 mm, subuladas.

Folhas 3-folioladas; pecíolo 20-35 mm; folíolos membranáceos, o terminal

30-35 x 17-23 mm, elípticos, ápice obtuso, base cuneada, face adaxial

pubescente, face abaxial pubescente a vilosa. Racemos 15-17 cm compr.,

terminais; pedicelo 4-5 mm. Flores 15-20 mm compr.; cálice curtamente

campanulado, pubescente, tubo 2-4 mm compr., lacínias 5-7 mm compr.,

lanceoladas, as superiores soldadas 2 a 2 às laterais pelo ápice; estandarte

orbicular, 11-16 x 7-12 mm. Legume 15-20 x 11-13 mm, ca. 4-5x mais

longo do que largo, oblongo; valvas pubescentes.

Nordeste do Brasil, provavelmente endêmica da caatinga. Conhecida da


Bahia, Pernambuco e Piauí, freqüemente em ambientes antropizados, de
290 a 1000 m alt. Floração e frutificação ± concomitantes ao longo ao ano
(mais freqüentemente iv-vii).

Pode ser reconhecida pelos folíolos pubescentes na face adaxial

Nomes vernaculares: chocalheira, chocalho-de-cascavel, gergelim-


branco (todos em Boa Vista do Tupim, BA), rigilim-brabo (Tucano, BA,
provavelmente uma corruptela de gergelim-bravo).

Material selecionado: Bahia: Boa Vista do Tupim, E. A. Dutra 12 (HUEFS); Brotas de

Macaúbas, L. Coradin et al. 8538 (CEN, HUEFS, K); Campo Formoso, L. Coradin et al.

6050 (CEN, HUEFS, K); Canudos, L. P. Queiroz et al. 7218 (HUEFS); Feira de Santana,

L. R. Noblick 2016 (HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick 3675 (HUEFS, K); Ibiquara, R. M. Harley

et al. 26448 (CEPEC, HUEFS, K); Ipirá, B. C. Bastos 486 (BAH, HUEFS); Iraquara, L.

P. Queiroz & N. S. Nascimento 3378 (HUEFS, K); Itatim, F. França et al. 1475 (HUEFS);

569
Ituaçu, L. P. Queiroz et al. 1613 (HUEFS); Jacobina, H. P. Bautista et al. 3054 (HRB,

HUEFS, K); Livramento do Brumado, R. M. Harley et al. 19855 (CEPEC, K); Maracás,

L. P. Queiroz & V. L. Fraga 3265 (HUEFS, K); Milagres, M. M. Silva et al. 355 (HUEFS);

Monte Santo, A. M. Giulietti & R. M. Harley 1864 (HUEFS); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz

et al. 7742 (HUEFS); Remanso, M. M. Silva et al. 442 (HUEFS); Ruy Barbosa, D. Cardoso

et al. 322 (HUEFS); Santa Terezinha, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3812 (HUEFS,
K); Serra do Açuruá, J. S. Blanchet 2827 (K); Tucano, D. Cardoso & J. Vasconcelos-

Neto 108 (HUEFS). Paraíba: São José dos Cordeiros, I. B. Lima et al. 96 (HUEFS, JPB).

Pernambuco: Buíque, A. Araújo et al. 11 (K, PEUFR); Ibimirim, A. Laurênio et al. 89 (K,

PEUFR); Triunfo, L. P. Félix et al. 5343 (Hst, HUEFS). Piauí: Oeiras, G. Gardner 2105

(tipo de C. holosericea var. grisea: K, foto HUEFS).

Crotalaria incana L., Sp. Pl.: 716. 1753.

var. incana

Subarbusto ou abusto 0,5-2 m, ramos jovens, pecíolo e eixo da

inflorescência densamente pilosos. Estípulas 4-5 mm compr., subuladas.

Folhas 3-folioladas; pecíolo 35-40 mm; folíolos membranáceos, o terminal

27-30 x 23-25 mm, mais curtos do que o pecíolo, largamente obovais a


suborbiculares, ápice arredondado, face adaxial glabra, face abaxial

glabra ou esprsamente pilosa sobre as nervuras. Racemos 5-14 cm,

terminais, compr., coroa de brácteas subuladas no ápice; pedicelo ca.

3 mm compr. Flores 9-10 mm compr.; cálice curtamente campanulado,

pubescente, tubo ca. 2 mm compr., lacínias 5-6 mm compr., lanceoladas,

livres no ápice; estandarte suborbicular, ca. 9 x 7 mm. Legume 28-30 x 10-

11, oblongos, ca. 3 x mais longos do que largos, patentes; valvas pilosas,

tricomas eretos e longos.

Invasora pantropical atualmente distrbuída nas Américas, África, Ásia,

570
Ocaenia e ilhas dos ocaenos Pacífico e Índico. No bioma caatinga ocorre
do Ceará à Bahia, em áreas antropizadas entre 220 e 600 m alt. Floração e
frutificação ± concomitantes: iv-vii (i – espécime de Itiúba).

Crotalaria incana pode ser reconhecida pela combinação dos folíolos


relativamente curtos (mais curtos do que o pecíolo), folíolos relativamente
largos (obovais a suborbiculares), inflorescências terminando por uma coroa
de brácteas lineares e frutos com tricomas patentes e longos. A presença
de uma coroa de brácteas no ápice do racemo pode ser observada também
em C. micans, uma espécie não registrada para a caatinga, que se diferencia
de C. incana pelos folíolos glabros, mais longos do que o pecíolos, flores
maiors (ca. 15 mm compr.) e frutos com indumento de tricomas curtos e
adpressos.

Nomes vernaculares: guizo-de-cascavel (Arcoverde, PE), mundubim-brabo


(Glória, BA).

Material selecionado: Bahia: Campo Alegre de Lurdes, T. S. Nunes et al. 377 (HUEFS);

Feira de Santana, H. P. Bautista & G. C. P. Pinto 1025 (HRB, HUEFS); Glória, F. P.

Bandeira 180 (HUEFS); Itiúba, J. G. A. Nascimento & T. S. Nunes 41 (HUEFS); Jacobina,

L. Coradin et al. 7721 (CEN, HUEFS, K); Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick & M. J. S.

Lemos 4115 (HUEFS, K); Santa Terezinha, L. R. Noblick et al. 3333 (HUEFS); Senhor

do Bonfim, T. S. Nunes et al. 587 (HUEFS). Ceará: Aiuaba, E. O. Barros & M. M. A.

Souza 83 (EAC, HUEFS). Paraíba: Araruna, M. R. Barbosa et al. 2399 (HUEFS, JPB).

Pernambuco: Arcoverde, L. P. Félix et al. s. n. (Hst, HUEFS).

Crotalaria pallida Aiton, Hortus Kew. 3: 20. 1789.


Crotalaria mucronata Desv., J. Bot. Agric. 3: 76. 1814.
Crotalaria falcata Vahl ex DC., Prodr. 2: 132. 1825.
Crotalaria striata DC., Prodr. 2: 131. 1825.

571
Subarbusto ereto, anual, até 1 m alt.; ramos, folhas e eixo da inflorescência

essencialmente glabros exceto por tricomas esparsos na face abaxial

dos folíolos. Estípulas ca. 5 mm compr., subuladas. Folhas trifolioladas;

pecíolo 40-45 mm; folíolos membranáceos, o terminal 52-56 x 36-42 cm,

elíptica, ápice obtuso a arredondado. Racemos 10-18 cm compr., terminais,

congestifloros; pedicelo ca. 3 mm compr. Flores ca. 10 mm compr.; cálice


amplamente campanulado, tubo ca. 2 mm compr., lacínias ca. 3 mm

compr., as duas superiores unidas pelo quando jovens; estandarte ca.

9 x 6 cm, largamente elíptico, menor do que a carena. Legume ca. 3,5

x 0,7 cm, oblongo-linear, ligeiramente falcado, reflexo contra a raque da

inflorescência; valvas glabras.

Planta invasora pantropical, provavelmente nativa da África e Ásia tropical,


hoje naturalizada nas Américas e Oceania. No bioma caatinga ocorre em
habitats antropizados geralmente próximo a corpos d’água provisórios, em
altitides de 200-500 m. Floração e frutificação: ii-vi.

Crotalaria pallida apresenta as folhas trifolioladas e glabras, condição


compartilhada apenas com alguns espécimes de C. incana. Pode ser
diferenciar dessa espécie pelos folíolos maiores e proporcionalmente mais
estreitos (elípticos em C. pallida vs. largamente obovais em C. incana) e
mais longos do que o pecíolo (vs. mais curtos em C. incana), além das flores
muito congestas em racemos muito longos e frutos glabros.

Material selecionado: Bahia: Feira de Santana, L. R. Noblick 2701 (HUEFS); Remanso,

B. Pickersgill RU-72 (K); Ribeira do Pombal, L. R. Noblick 2958 (HUEFS). Ceará: Crato,

G. Rolland 10 (K).

Crotalaria pilosa Mill., Gard. Dict. ed. 8, Crotalaria 2. 1768.


Crotalaria pterocaula Desv., J. Bot. Agric. 3: 76. 1814.

572
Erva anual, 0,4-0,7 m alt.; ramos, pecíolo e eixo da inflorescência adpresso-

pubescentes a glabrescentes. Estípulas decurrentes, com largura

uniforme ao longo do ramo, 1-3 mm larg., porção distal livre ca. 5 mm

compr. Folhas simples, subsésseis, pecíolo ca. 0-2 mm, lâmina 3-5 x 0,3-

0,9 cm, lanceolada, adpresso-pubescente nas duas faces. Racemos 4-12

cm compr., terminais ou opositifólios; pedicelo ca. 4 mm compr. Flores ca.


8 mm compr.; cálice bilabiado, tubo ca. 2 mm compr., lábio superior ca. 9

mm compr. com lacínias unidas até mais da metade, lábio inferior ca. 9 mm

compr., as lacínias unidas na base e no ápice, naviculares; estandarte ca.

8 x 5 cm, largamente elíptico. Legume ca. 2,5 x 0,4 cm, glabro.

Crotalaria pilosa é uma espécie amplamente distribuída no Neotrópico,


ocorrendo do México ao norte da Argentina e Paraguai. No bioma caatinga
é conhecida por poucas coletas, geralmente associadas a encostas de serras,
em altitides de 500-700 m. Floração e frutificação: iii, vi, xii.

Esta espécie é prontamente diferenciada de qualquer outra espécie de


Crotalaria da caatinga pelas folhas simples, subsésseis, e estípulas decurrentes
deixando os ramos alados.

Material examinado: Bahia: Barra da Estiva, L. P. Queiroz et al. 9195 (HUEFS); Senhor do

Bonfim, R. Mello-Silva et al. in CFCR 7591 (K, SPF). Piauí: Gilbués, L. Coradin et al. 5849
(CEN, HUEFS, K).

Andira A.L.Juss.

Árvores ou arbustos, inermes; tronco geralmente produzindo exsudado

vermelho quando cortado. Folhas imparipinadas, espiraladas,

estípiteladas; folíolos opostos, peninérvios, broquidódromos. Panículas

terminais, piramidais, mais curtas ou mais longas do que a folha adjacente.

Flores pentâmeras, pediceladas; 1 par de bractéolas na base do cálice;

573
cálice cilíndrico-campanulado com 5 lacínias mais curtos do que o tubo;

corola papilionóide; pétalas roxas a violáceas, glabras; androceu diadelfo,

9 estames soldados em bainha e o vexilar livre; ovário 4-6-ovulado,

estipitado, glabro ou pubescente. Fruto drupa elipsóide, exocarpo glabro,

tornando-se nigrescente quando seco, mesocarpo carnoso e fibroso,

endocarpo pétreo. Sementes 1(-2).

Andira é um gênero tropical com cerca de 28 espécies distribuídas


no Neotrópico, com uma espécie disjunta entre as Américas e a África
(Pennington 1994, 2003). O gênero pode ser facilmente reconhecido pela
combinação das folhas imparipinadas com folíolos opostos e estípitelados,
panículas amplas e multifloras e frutos drupa. Por outro lado, algumas de
suas espécies são difíceis de separar embora haja caracteres crípticos que
podem auxiliar o seu reconhecimento.

O gênero Andira é caracteristicamente florestal, ocorrendo principalmente


em florestas pluviais e matas ciliares. As espécies que ocorrem na caatinga
estão entre as de distribuição ampla e com grande variação morfológica,
mostrando sobreposição na maioria dos caracteres morfológicos mais
conspícuos.

Chave para as espécies de Andira de caatinga:

1. Ovário glabro; panículas amplas, mais longas do que a folha


adjacente; folíolos 5-9; fruto maduro tornando-se enrugado
quando seco...................................................................... A. vermifuga

1. Ovário pubescente em toda sua extensão; panículas compactas,


mais curtas do que a folha adjacente; folíolos 9-11; fruto maduro
liso....................................................................................A. fraxinifolia

574
Andira fraxinifolia Benth., Comm. Legum. Gen.: 44. 1837.
Andira parvifolia Mart. ex Benth., Comm. Legum. Gen.: 44. 1837.
Andira anthelminthica Benth., Comm. Legum. Gen.: 44. 1837.
Andira pisonis Mart. ex Benth., Comm. Legum. Gen.: 44. 1837.
Andira handroana N.F.Matos, Loefgrenia 40: 1. 1970.
Andira bahiensis N.F.Matos, Loefgrenia 40: 2. 1970.
Andira pernambucensis N.F.Matos, Loefgrenia 53: 1. 1971.

Árvore 5-7 m alt., copada; ramos jovens densamente ferrugíneo-pubérulos.

Pecíolo 21-39 mm; raque 7,5-11,5 cm; segmentos interfoliolares 21-35

mm; estípitelas subuladas, 1,5-5 mm; folíolos 9-11, coriáceos, acrescentes

distalmente mas o terminal freqüentemente menor, 50-60 x 24-30, os

medianos 50-70 x 28-34 mm, ca. (1,3-) 1,7-2,2x mais longos do que largos,

oblongos a oblongo-obovais, ápice arredondado, menos freqüentemente

emarginado ou obtuso, base arredondada a ligeiramente cordada,

margem revoluta, face adaxial glabra, face abaxial pubérula, nervuras

secundárias 7-9 pares. Panículas mais curtas do que a folha adjacente,

13-15 cm compr., ramos densamente ferrugíneo-pubérulos, tornando-se

glabrescentes na frutificação; pedicelo 2,5-3 mm. Flores 14-15 mm compr.;

cálice 5-6 mm compr. com dentes curtos, ca. 1 mm compr., densamente

pubérulo externamente, tricomas ferrugíneos e adpressos; estandarte com

lâmina de ca. 10 x 10 mm e ungüículo ca. 4 mm compr.; alas e pétalas da

carena ca. 8 x 5 mm com ungüículo de ca. 5 mm; ovário pubescente em

toda extensão, tricomas longos e ferrugíneos. Drupa verde, nigrescente

quando seca, 3-4 cm compr. x ca. 2 cm diâm.

Andira fraxinifolia é amplamente distribuída no leste do Brasil, sendo


conhecida desde Pernambuco até Santa Catarina, em diversos tipos de
ambientes (Pennington 2003) mas especialmente em florestas úmidas e
estacionais. Ocorre apenas ocasionalmente em caatinga, especialmente

575
em áreas de contato com florestas estacionais, em altitudes de ca. 500 m.
Floração: x-xi. Frutificação: iv-vii.

Pennington (2003) sinonimizou várias espécies reconhecidas por Bentham


(1964) em A. fraxinifolia, reunindo grande variabilidade morfológica dentro
deste complexo. As plantas de caatinga se afastam ligeiramente do padrão
morfológico médio de A. fraxinifolia pelas folhas com número ligeiramente
menor de folíolos, estes predominantemente oblongo-obovados com ápice
arredondado, correspondendo ao conceito de A. pisonis de Bentham
(1862). O formato e as dimensões dos folíolos são muito semelhantes aos
de A. vermifuga, espécie da qual pode ser diferenciada principalmente pelo
ovário pubescente (vs. glabro) e pela inflorescência mais compacta, mais
curta do que a folha adjacente. Além disso, A. fraxinifolia apresenta um
número maior de folíolos (9-11 em A. fraxinifolia vs. 5-9 em A. vermifuga)
embora haja alguma sobreposição nesse caráter.

Nome vernacular: angelim.

Material selecionado: Bahia: Contendas do Sincorá, H. C. de Lima 1981 (K, RB); Iaçu,

G. Hatschbach & O. Guimarães 45124 (K, MBM); Ituaçu, L. P. Queiroz 1610 (HUEFS,

K); Jacobina, J. S. Blanchet 3672 (K); Juazeiro, A. P. Duarte 10555 (K, RB); Morro do

Chapéu, A. M. de Carvalho et al. 2421 (CEPEC, K).

Andira vermifuga (Mart.) Benth., Comm. Legum. Gen.: 44. 1837.


Geoffroya vermifuga Mart., Reise Bras. 2: 788. 1828.
Geoffroya spinulosa Mart., Reise Bras. 2: 788. 1828.
Andira spinulosa (Mart.) Benth., Comm. Legum. Gen.: 44. 1837.
Andira paniculata Benth., Comm. Legum. Gen.: 44. 1837.

Árvore 2,5-15 m alt., com copa aberta; ramos jovens castanhos e

revestidos por tricomas muito curtos e esbranquiçados. Pecíolo 25-60

576
mm; raque 8,5-14,2 cm; segmentos interfoliolares 16-32 mm; estípitelas

subuladas, ca. 1 mm; folíolos 5-9, coriáceos, acrescentes distalmente, o

terminal geralmente maior, raramente menor, 59-77 x 36-37, os medianos

58-78 x 30-34 mm, ca. 1,7-2,3x mais longos do que largos, oblongos a

oblongo-obovais, ápice arredondado, menos freqüentemente emarginado

ou obtuso, base arredondada, margem revoluta, face adaxial glabra a


muito esparsamente pubérula, face abaxial pilosa, nervuras secundárias

9-10 pares. Panículas mais longas do que a folha adjacente, 14-20 cm

compr., ramos puberulentos, tricomas ferrugíneos; pedicelo 1-2,5 mm.

Flores 14-16 mm compr.; cálice ca. 6 mm compr. com dentes curtos, ca.

1 mm compr., densamente pubérulo externamente, tricomas ferrugíneos

e adpressos; estandarte com lâmina de ca. 10 x 10 mm e ungüículo ca.

5 mm compr.; alas e pétalas da carena ca. 8 x 4 mm com ungüículo de

ca. 5 mm; ovário glabro. Drupa verde, castanho-nigrescente e enrugada

quando seca, 2,5-3 cm compr. x ca. 1,8 cm diâm.

Andira vermifuga apresenta uma ampla distribuição no Brasil, especialmente


na área de domínio do cerrado (Pennington 2003). Da mesma forma que A.
fraxinifolia, sua presença na caatinga pode ser considerada como ocasional,
ocorrendo principalmente em áreas de transição caatinga-cerrado ou em
áreas arenosas das margens de rios e riachos sazonalmente inundados.
Floração: x-ii. Frutificação: ?

Esta espécie foi incluída por Bentham (1862) em um grupo de espécies


com ovário glabro que ele mesmo considerava de difícil distinção (Bentham
1862: 296), algumas das quais foram, posteriormente, sinonimizadas a
A. vermifuga por Pennington (2003). A distinção entre esta espécie e A.
fraxinifolia se dá principalmente por caracteres crípticos, sendo prontamente
distintas pelo indumento do ovário e pelo aspecto do fruto quando seco
(ver discussão de A. fraxinifolia).

577
Nome vernacular: angelim.

Material selecionado: Bahia: Gentio do Ouro, R. T. Pennington & H. S. Brito 256 (CEPEC,

K); Ibotirama, R. T. Pennington & H. S. Brito 270 (CEPEC, K); Santo Inácio, R. M. Harley

et al. 19138 (CEPEC, K). Ceará, s. l., G. Gardner 1538 (K). Piauí: Oeiras, G. Gardner

2552 (síntipo de A. retusa var. oblonga Benth.: K).

Zornia J.F.Gmel.

Ervas ou subarbustos decumbentes a eretos, inermes, às vezes anuais.

Estípulas peltadas. Folhas alternas, espiraladas, 2-folioladas ou

palmadamente 4-folioladas, não estípiteladas; folíolos com base simétrica

(em folhas 4-folioladas) ou assimétrica (em folhas 2-folioladas), pontuados

ou não. Inflorescências espigas axilares, o eixo revestido por brácteas

peltadas semelhantes às estípulas ou flores isoladas axilares. Flores

sésseis; hipanto não alongado; cálice campanulado, 4-laciniado; corola

papilionóide; pétalas amarelas, glabras; estames 10, monadelfos, conados

em tube fechado; disco intraestaminal ausente; ovário séssil, pluriovulado.

Fruto lomento; artículos glabros ou pubescentes, pontuados ou não, lisos

ou equinados, neste caso com cerdas eretas e revestidas por emergências

retrorsas.

Zornia é um gênero pantropical com cerca de 80 espécies, com ca. 25 espécies


registradas para o Brasil (Mohlenbrock 1961). As espécies de Zornia são
heliófilas, ocorrendo, portanto, em habitats abertos e, freqüentemente,
comportam-se como invasoras.

No contexto da tribo Aeschynomeneae, o gênero pode ser facilmente


diagnosticado pelas folhas bi- ou tetrafolioladas e estípulas e brácteas
peltadas. No entanto, a taxonomia das espécies neotropicais é muito
difícil, especialmente nas bifolioladas, onde estudos populacionais parecem

578
necessários para estabelecer limites mais naturais.

Dez espécies ocorrem na caatinga. A distinção entre elas requer uma boa
observação dos frutos, especialmente de caracteres como presença de
pontuações glandulares, de cerdas e de tricomas na sua superfície. Além
disso, deve-se observar também a ocorrência de pontuações translúcidas
nos folíolos e nas brácteas.

Chave para as espécies de Zornia da caatinga:

1. Folíolos 4, com disposição palmada

2. Flores isoladas, axilares

3. Arbustos ou subarbutos eretos; lomentos com artículos


equinados................................................................ Z. echinocarpa

3. Ervas prostradas; lomentos com artículos não equi-


nados........................................................................Z. myriadena

2. Flores em espigas

4. Folíolos das folhas distais glabros, lineares a subu-


lados.........................................................................Z. harmsiana

4. Folíolos oblongos a oblanceolados

5. Folíolos pontuados, pubescentes; lomento exserto das


brácteas com artículos equinados........................ Z. brasiliensis

5. Folíolos não pontuados, vilosos; lomento totalmente incluso


nas brácteas, verrucosos mas não equinados....................Z. ulei

1. Folíolos 2

6. Folíolos seríceos nas duas faces............................................. Z. sericea

579
6. Folíolos glabros ou esparsamente pubescentes na face abaxial

7. Folíolos das folhas distais pontuados, lineares, ca. 20x mais


longos do que largos.................................................Z. leptophylla

7. Folíolos não pontuados, ovais a lanceolados, até 7x mais longos


do que largos

8. Brácteas imbricadas, com 5-7 mm larg.; lomento com 1-2


artículos exsertos das brácteas.................................. Z. afranioi

8. Brácteas remotas (não imbricadas); lomento com 2-7


artículos exsertos

9. Folhas heteromórficas, as basais com folíolos ovais a


lanceolados, as ditais com folíolos lineares........... Z. latifolia

9. Folhas homomórficas, tanto as basais quanto as distais


com folíolos lanceolados.......................................Z. gemella
Folíolos 4 Folíolos 2
Zornia Lomento Lomento não Folíolos glabros na Folíolos seríceos
equinado equinado face adaxial nas duas faces
Grupo 1
Folíolos não pontuados

isoladas
Flores

Z. echinocarpa Z. myriadena

Grupo 2 Grupo 3
Z. afranioi
Flores em espigas

Z. harmsiana
Z. gemella Z. sericea
Z. ulei
Z. latifólia
pontuados
Folíolos

Z. brasiliensis Z. leptophylla

580
Chave para as espécies do grupo 1

1. Lomento com artículos equinados; arbustos de 1-1,5 m


alt..................................................................................... Z. echinocarpa

1. Lomento com artículos lisos, não equinados; ervas ou subarbustos


prostrados a decumbentes..................................................Z. myriadena

Chave para as espécies do grupo 2

1. Folíolos pontuados; lomento com artículos equinados, exserto da


bráctea............................................................................... Z. brasiliensis

1. Folíolos não pontuados; lomento totalmente incluso na bráctea, com


artículos lisos ou verrucosos, não equinados

2. Folhas não diferenciadas; folíolos vilosos nas duas faces; brácteas


vilosas; lomento com artículos verrucosos................................Z. ulei

2. Folhas distais diferenciadas das basais, estas com folíolos


obovados, aquelas com folíolos lineares; folíolos glabros ou
glabrescentes; brácteas glabras com margem ciliada; lomento
com artículos lisos........................................................Z. harmisiana

Chave para as espécies do grupo 3

1. Folíolos pontuados..............................................................Z. leptophylla

1. Folíolos não pontuados

2. Folíolos seríceos nas duas faces............................................. Z. sericea

2. Folíolos glabros ou com tricomas esparsos e adpressos apenas na


face abaxial

581
Figura 34 – A: Aeschynomene viscidula (1 - hábito; 2 - folíolo; 3 - flor em antese; 4 - fruto); B: Andira vermifuga (1
- hábito; 2 - botão floral; 3 - flor em antese; 4 - estandarte; 5 - ala; 6 - pétala da carena; 7 - androceu; 8 - pistilo; 9 -
fruto); C: Andira fraxinifolia (1 - hábito; 2 - flor em antese; 3 - estandarte; 4 - ala; 5 - pétala da carena; 6 - androceu;
7 - detalhe de uma antera; 8 - pistilo; 9 - fruto); D: Machaerium hirtum (1 - hábito; 2 - folíolo; 3 - flor; 4 - cálice; 5
- estandarte; 6 - ala; 7 - pétala da carena; 8 - androceu; 9 - pistilo; 10 - fruto).

582
3. Brácteas imbricadas, com 5-7 mm larg.; lomento com 1-2
artículos exsertos das brácteas....................................... Z. afranioi

3. Brácteas remotas (não imbricadas); lomento com 2-7 artículos


exsertos

4. Folhas heteromórficas, as basais com folíolos ovais a


lanceolados, as ditais com folíolos lineares............... Z. latifolia

4. Folhas homomórficas, tanto as basais quanto as distais com


folíolos lanceolados...................................................Z. gemella

Zornia afranioi Vanni, Bol. Soc. Argent. Bot. 29: 207. 1993.

Erva ascendente, 20-30 cm alt., toda a planta glabra. Estípulas peltadas,

lanceoladas, porção proximal ca. 3 mm, a distal ca. 5 mm. Folhas 2-

folioladas; pecíolo 10-20 mm; folíolos das folhas superiores 14-30 x 3-

10 mm, 2,5-5x mais longos do que largos, estreitamente lanceolados,

ápice acuminado, base assimétrica, face adaxial glabra, face abaxial

esparsamente pubescente, tricomas adpressos e translúcidos, não

pontuados, uninérvios, nervura principal central; folhas basais com

folíolos ovais e mais curtos. Espigas axilares, 3,5-5 cm compr., brácteas

imbricadas, pontuadas, glabras mas com margens ciliadas, peltadas,

ovais, 9-12 x 5-7 mm, incluindo a porção proximal de 1-2,5 mm. Flores ca.

7 mm compr.; cálice glabrescente com nervuras ciliadas, campanulado,

ca. 3,5 mm compr., 4-laciniado; pétalas amarelas, glabras; estandarte

largamente oval, ca. 6 x 5 mm. Lomento 4-5-articulado, istmo marginal

estreito, em forma de “Υ”, exserto da bráctea por 1-2 artículos; artículos

largamente semi-orbiculares, 2,5-3,5 x 2,5 mm, pubescentes, reticulados,

não glandulares, equinados, cerdas pubescentes até 1,5 mm compr.

Espécie endêmica da caatinga, conhecida apenas da depressão sertaneja

583
setentrional, no leste do Piauí e oeste do Ceará. Floração e frutificação: iv.

Zornia afranioi apresenta hábito, forma e indumento dos folíolos


semelhantes aos de Z. latifolia. No entanto, pode ser diferenciada desta
espécie pelas brácteas imbricadas e mais largas (ca. 5-7 mm larg. em Z.
afranioi e ca. 3 mm larg. em Z. latifolia), as quais encobrem uma porção
maior do fruto (1 a 2 artículos são exsertos das brácteas em Z. afranioi e 2
a 4 em Z. latifolia).

Material examinadao: Ceará: Parambu, A. Fernandes & E. A. Nunes s. n. EAC 8407 (tipo

de Z. afranioi: holótipo: EAC). Piauí: Jaicós, E. Teixeira s. n. EAC 12552 (EAC).

Zornia brasiliensis Vogel, Linnaea 12: 62. 1838.

var. brasiliensis

Subarbusto decumbente, 30-60 cm alt., caule lenhoso próximo à base;

ramos, pecíolo e pedúnculo vilosos, tricomas longos e esbranquiçados.

Estípulas peltadas, lanceoladas, porção proximal 3-3,5 mm, distal 4-

5 mm. Folhas 4-folioladas; pecíolo 7-12 mm; folíolos acrescentes, os

distais 14-28 x 6-10 mm, 2,3-3x mais longos do que largos, obovais, ápice

arredondado a obtuso, base cuneada, vilosos a glabrescentes nas duas

faces, pontuados, uninérvios, nervura principal central. Espigas na axila

das folhas distais, 3,5-8 cm compr., não congestas, brácteas remotas (as

anteriores não recobrindo as seguintes); brácteas pontuadas, densamente

pubérulas, peltadas, ovais, 5-7 x 3-4 mm, porção proximal muito reduzida,

quase nula. Flores 8-9 mm compr.; cálice glabro, campanulado, ca. 3 mm

compr., 4-laciniado; pétalas amarelas, glabras; estandarte suborbicular,

ca. 7 x 9 mm. Lomento 4-5-articulado, istmo marginal estreito, em forma

de “Υ”, exserto da bráctea por 1-2 artículos; artículos semi-orbiculares,

dorso côncavo, 1,5-2 x 1,5-2 mm, pubérulo, não reticulado, não glandular,

584
equinado, cerdas pubescentes até 1 mm compr.

A distribuição completa de Z. brasiliensis é difícil de ser estabelecida


devido aos limites taxonômicos confusos, especialmente em relação a Z.
marajoara Huber (ver discussão em Lewis 1987: 303). É possível que uma
análise cuidadosa de sua variação revele a existência de espécies crípticas
relacionadas a este complexo. Todas as plantas de caatinga apresentam
lomento com artículos dorsalmente côncavos e não glandulares, sendo,
então, incluídos na var. brasiliensis (Queiroz 1997). Ocorre principalmente
sobre solo arenoso, em altitudes de 400 a 900 m. Floração e frutificação:
ii-vii.

No contexto das plantas de caatinga, Z. brasiliensis pode ser diferenciada


das demais espécies com folhas tetrafolioladas e com flores em espigas pelos
folíolos e brácteas com pontuações glandulares e pelo lomento exserto das
brácteas e com artículos equinados.

Material selecionado: Alagoas: Olho d’Água do Casado, D. Moura & R. A. Silva 1211

(HUEFS, Xingo); Pão de Açúcar, R. Lemos & C. Santana 6246 (HUEFS, MAC); Piassabussu,

G. Gardner 1273 (K). Bahia: Araci, A. M. Giulietti & R. M. Harley 1711 (HUEFS); Boa Vista

do Tupim, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3868 (HUEFS, K); Caetité, E. B. Miranda et

al. 776 (HUEFS); Campo Alegre de Lurdes, T. S. Nunes et al. 1036a (HUEFS); Canudos,
L. P. Queiroz et al. 7232 (HUEFS); Curaçá, G. C. P. Pinto & S. B. da Silva 251-83 (HRB,

K); Glória, F. P. Bandeira 172 (HUEFS); Iaçu, G. Hatschbach & O. Guimarães 45023 (K,

MBM); Ipirá, B. C. Bastos 485 (BAH, HUEFS); Itiuba, J. G. Nascimento & T. S. Nunes 46

(HUEFS); Monte Santo, C. M. L. Aguiar 21 (HUEFS); Morro do Chapéu, H. S. Irwin et al.

32645 (K); Paramirim, V. C. Souza et al. 5300 (HUEFS); Tucano, A. M. de Carvalho & D. J.

N. Hind 3832 (CEPEC, K); Xique Xique, B. Stannard et al. in PCD 2515 (ALCB, HUEFS).

Pernambuco: Triunfo, L. P. Félix et al. 5377 (Hst, HUEFS). Piauí: Castelo do Piauí, M.

S. B. Nascimento 221 (Cpmn, HUEFS, K). Sergipe: Canindé do São Francisco, D. M.

Coelho & D. Moura 269 (HUEFS, Xingo).

585
Zornia echinocarpa (Moric.) Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (1): 85. 1859.
Myriadenus echinocarpus Moric. ex Meissn., Gen. Comm.: 64. 1844.

Arbusto ereto, ramificado, ca. 1-1,5 m alt.; ramos pubérulos, tricomas

curtos, brancos e crispados, esparsos ou ausentes no pecíolo e no pedicelo.

Estípulas peltadas, lanceoladas, porção proximal ca. 1 mm, a distal ca.

1,5 mm. Folhas 4-folioladas, ascendentes no ramo; pecíolo 2-3 mm;

folíolos eretos ou ascendentes, acrescentes, os distais 7-12 x 3-5 mm, ca.

2,4x mais longos do que largos, obovado-espatulados, ápice emarginado,

base cuneada, glabros e pontuados nas duas faces, uninérvios, nervura

principal central. Flores ca. 12 mm compr., isoladas, axilares; pedicelo 4-

5 mm; cálice glabro, campanulado, ca. 5 mm compr., 4-laciniado, lacínia

superior 2-dentada, lacínia inferior mais longa do que os demais; pétalas

amarelas, glabras; estandarte suborbicular, ca. 10 x 10 mm. Lomento 6-

9-articulado; artículos ± retangulares, 3-5 x 2-3 mm, glabros exceto pela

margem curtamente pubérula, não reticulados, equinados, cerdas rígidas

e glabras.

Zornia echinocarpa é conhecida apenas do nordeste do Brasil, onde ocorre


em restinga e caatinga sobre solo arenoso. Até o momento, é registrada
apenas para o estado da Bahia mas é possível que ocorra também no
sudoeste dos estados de Alagoas e Sergipe. Floração e frutificação: iii-vi.

Esta espécie, juntamente com Z. myriadena, são as únicas a apresentarem


flores longamente pediceladas e isoladas nas axilas foliares e foram, por isso,
segregadas em um subgênero próprio (subg. Myriadena) por Mohlenbrock
(1961). Ela pode ser prontamente diferenciada de Z. myriadena pelo
lomento com artículos equinados (lisos em Z. myriadena), além disso do
hábito arbustivo.

Material selecionado: Bahia: s. l., entre Inhambupe e Alagoinhas, D. A. Lima 58-2900

586
(IPA, K); Canudos, L. P. Queiroz et al. 7265 (HUEFS); Feira de Santana, L. P. Queiroz

& I. C. Crepaldi 1474 (HUEFS); Nova Soure, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4549

(HUEFS); Raso da Catarina, L. P. Queiroz 357 (ALCB, HUEFS, K); Tucano, L. P. Queiroz

357 (ALCB, K); Tucano, S. B. de Sant’Anna et al. 525 (CEPEC, K).

Zornia gemella (Willd.) Vogel, Linnaea 12: 61. 1838


Hedysarum gemellum Willd., Sp. Pl. 5: 1178. 1800.

Erva ereta ou decumbente até 70 cm alt.; ramos jovens, pecíolo e eixo da

inflorescência glabros. Estípulas peltadas, lanceoladas, porção proximal

ca. 3 mm, distal ca. 5 mm. Folhas 2-folioladas; pecíolo 12-30 mm; folíolos

15-18 x 2-5 mm, 3-9x mais longos do que largos, elípticos a lanceolados,

ápice agudo ou acuminado, base obliquamente obtusa, glabrescentes e

pontuados nas duas faces, folhas basais com folíolos ovais e mais curtos.

Espigas axilares, 5-15 cm compr.; brácteas remotas, as distais às vezes

ligeiramente imbricadas, levemente pontuadas, peltadas, elípticas, 8-14 x

2-6 mm, incluindo porção proximal de 2-3 mm. Flores 7-10 mm compr.;

cálice pubescente, tricomas longos, esparsos, campanulado, tubo 2-3 mm

compr., 4-laciniado; pétalas amarelo-alaranjados, glabras; estandarte com

nervuras vináceas, suborbicular, 9-10 x 8 mm. Lomento 4-8-articulado,

istmo marginal estreito, em forma de “Υ”, exserto da bráctea por 2-7 artículos;

artículos semi-orbiculares, 2-2,5 x 2 mm, pubescentes, reticulados, não

glandulares, equinados, cerdas pubescente até 2 mm compr.

Espécie de ampla distribuição no Neotrópico, ocorrendo da Nicarágua até


o norte da Argentina. No bioma caatinga, ocorre como uma planta invasora
anual em áreas antropizadas, aparecendo logo após as chuvas, em altitudes
de 120 a 600 m. Floração e frutificação concomitantes ao longo do ano
(após as chuvas).

Zornia gemella é muito semelhante a Z. latifolia da qual se diferncia

587
principalmente pelas folhas hommórficas, as basais e distais com folíolos
lanceolados, embora as basais sejam ligeiramente mais curtas. Z. latifolia
tem as folhas heteromórficas, as basais com folíolos ovais a lanceoladas e as
distais lanceolados.

Material selecionado: Bahia: Alagoinhas, N. G. Jesus et al. 276 (HUEFS); Feira de

Santana, E. Melo 1070 (HUEFS); Glória, M. V. O. Moraes 695 (HUEFS); Iaçu, L. R.

Noblick 3633 (HUEFS); Itiuba, J. G. Nascimento & T. S. Nunes 59 (HUEFS); Jacobina, L.

P. Queiroz & N. S. Nascimento 3476 (HUEFS, K); Tucano, D. Cardoso 94 (HUEFS). Piauí:

São Sebastião, M. S. B. Nascimento 134 (Cpmn, HUEFS).

Zornia harmsiana Standl., Publ. Field Mus. Nat. Hist. Chicago, Bot. Ser. 9:
161. 1936.
Zornia harmisii Herter, Rev. Sudamer. Bot. 6: 154. 1946.

Erva decumbente, 5-10 cm alt., muito delicada; ramos, pecíolo e pedúnculo

esparsamente pubérulos, com tricomas adpressos. Estípulas peltadas,

ovais, porção proximal 1-1,5 mm, a distal 2-3 mm. Folhas 4-folioladas, não

pontuadas, apresentando heterofilia; folhas basais (às vezes ausentes nas

plantas mais velhas) com pecíolo 4-7 mm, folíolos distais 4-6 x 1-2 mm,

3-4x mais longos do que largos, estreitamente obovados, ápice obtuso,

margem revoluta, com tricomas adpressos esparsos; folhas distais (às

vezes ausentes nas plantas mais jovens ou com inflorescências precoces)

com pecíolo 5-7 mm, folíolos distais 15-20 x 0,5 mm, lineares, cilíndrico-

aciculares por causa da margem revoluta, glabros. Espigas na axila das

folhas distais, 3-8 cm compr., congestas (brácteas anteriores recobrindo

as seguintes); brácteas não pontuadas, glabras mas com margem ciliada,

peltadas, oblongas, ca. 9 x 3 mm. Flores ca. 5 mm compr.; cálice glabro,

campanulado, ca. 2 mm compr., 4-laciniado; pétalas amarelas, glabras;

estandarte suborbicular, ca. 5 x 5 mm. Lomento completamente encoberto

588
pela bráctea, 2-3-articulado, istmo marginal, estreito, linear; artículos ±

quadrados, ca. 1,5 x 1,5 mm, glabros, não reticulados, não glandulares,

não equinados.

Zornia harmsiana é uma erva anual endêmica da caatinga, ocorrendo


principalmente em areias aluviais de áreas sazonalmente inundáveis da
região limítrofe entre os estados do Piauí e Bahia e, para o sul, até Bom
Jesus da Lapa, em altitudes de 400 a 500 m. Floração e frutificação: xii-vi
(provavelmente após as chuvas).

É uma planta diminuta com ramos muito finos e relativamente com poucas
folhas o que já a diferencia das demais espécies tetrafolioladas de Zornia
da caatinga. Apresenta, também, forte heterofilia com as folhas basais
com folíolos largamente ovais e as apicais com folíolos muito estreitos e
funcionalmente aciculares devido às margens fortemente revolutas.

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21512 (CEPEC, K);

Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 9654 (HUEFS); Pilão Arcado, L. P. Queiroz et al. 6615

(HUEFS); Remanso, E. Ule 7374 (tipo de Z. gracilis e Z. harmsiana; isótipo: K). Piauí: São

Raimundo Nonato, M. del’Arco 582 (K).

Zornia latifolia Sm. in Ress, Cycl. (Ress) 39: 4. 1819.

var. latifolia
Zornia pubescens Kunth, Nov. Gen. Sp. 6: 515. 1823.
Zornia diphylla var. pubescens (Kunth) Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (1): 82.
1859.

Erva ereta até 50 cm alt., toda a planta glabra. Estípulas peltadas, linear-

lanceoladas, porção proximal ca. 1,5 mm, a distal ca. 4 mm. Folhas 2-

folioladas; pecíolo 12-20 mm; folíolos das folhas superiores 25-37 x

3-5 mm, 3,5-7x mais longos do que largos, estreitamente lanceolados,

589
ápice acuminado, base assimétrica, face adaxial glabra, face abaxial

esparsamente pubescente, tricomas adpressos e translúcidos, não

pontuados, uninérvios, nervura principal central; folhas basais com folíolos

elípticos e mais curtos. Espigas axilares, 8-10,5 cm compr., brácteas

remotas (as anteriores não recobrindo as seguintes), não pontuadas,

esparsamente seríceas, tricomas longos e adpressos, peltadas,


lanceoladas, ca. 13 x 3 mm, a porção proximal reduzida. Flores 7-8 mm

compr.; cálice puberulento, campanulado, ca. 4 mm compr., 4-laciniado;

pétalas amarelas, glabras; estandarte suborbicular, ca. 7 x 8 mm. Lomento

4-articulado, istmo marginal estreito, em forma de “Υ”, exserto da bráctea

por 2-4 artículos, cada artículo largamente semi-orbicular, 2-2,5 x 2 mm,

pubescente, discretamente reticulado, não glandular, equinado, cerdas

pubescentes de até 1,5 mm compr.

Zornia latifolia é uma espécie de ampla distribuição na América do Sul,


ocorrendo desde a Venezuela até o Uruguai e Argentina, sendo registrada
também para o oeste da África (Mohlenbrock 1961). Foi incluída neste
trabalho com alguma hesitação pois os materiais examinados da área de
domínio da caatinga não contém informações sobre o ambiente em que a
planta ocorre e provém de locais onde ocorrem transições de caatinga com
outras formações. Floração e frutificação: iii.

Esta planta pertence a um complexo taxonômico de difícil resolução.


Mohlenbrock (1961) indica que a var. latifolia apresenta folíolos não
pontuados mas tenho observado variação neste caráter e as plantas de
caatinga apresentam folíolos e brácteas não pontuados. Um caráter que
parece ser mais confiável para diagnosticá-la é o tamanho relativamente
pequeno das brácteas e o fato delas se apresentarem afastadas, não
imbricadas.

Material selecionado: Bahia: Lagoinha, R. M. Harley et al. 16927 (CEPEC, K); Rio de

590
Contas, R. M. Harley et al. 20113 (CEPEC, K). Ceará: Carnaubal, F. Drouet 2316A (F).

Paraíba: Areias, C. de Moraes 743 (NY).

Zornia leptophylla (Benth.) Pittier, Bol. Soc. Venez. Cienc. Nat. 6: 196.
1940.
Zornia diphylla var. leptophylla Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (1): 83. 1859.

Erva ereta até 50 cm alt., toda a planta glabra. Estípulas caducas,

peltadas, lineares, porção proximal ca. 1,5 mm, a distal ca. 4 mm. Folhas

2-folioladas; pecíolo 24-25 mm; folíolos das folhas superiores 25-37 x 3-5

mm, ca. 20x mais longos do que largos, lineares, ápice acuminado, glabro

nas duas faces, pontuados, uninérvios, nervura principal central; folhas

basais caducas, folíolos largamente ovais. Espigas na axila das folhas

distais, ca. 4 cm compr., brácteas remotas, muito afastadas, pontuadas,

glabras, peltadas, lineares, ca. 6 x 1 mm, a porção proximal reduzida. Flores

não vistas. Lomento 3-4-articulado, istmo marginal estreito, em forma de

“Υ”, longamente exserto da bráctea; artículos largamente oblongos, dorso

côncavo, 2-2,5 x 1,5 mm, glabros, reticulados, não glandulares, equinados,

cerdas pubescentes até 1,8 mm compr.

Zornia leptophylla é conhecida da caatinga, do Piauí ao centro-leste da


Bahia. Mohlenbrock (1961) faz, ainda, referência a uma coleta da Colômbia.
Sua distribuição e tipos de ambientes em que ocorre na caatinga são mal
conhecidos, pois é uma planta conhecida apenas por três coletas, duas delas
do século XIX. Floração e frutificação: iv.

Pode ser facilmente diagnosticada pelos seu hábito anual e seus folíolos
filiformes com pontuações conspícuas.

Mohlenbrock (1961) erroneamente indica o tipo desta espécie como


Gardner 2094 pois, no protólogo, Bentham (1859) citou apenas um

591
espécime coletado por Martius no Piauí.

Material selecionado: Bahia: Iaçu, G. Hatschbach et al. 56979 (K, MBM). Piauí: s.l., G.

Gardner 2094 (K); s.l., K. F. Ph. von Martius s.n. (tipo de Z. leptophylla; holótipo: M, isótipo:

K).

Zornia myriadena Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (1): 85. 1859.


Ornithopus tetraphyllus L., Syst. Nat., ed. 10, 2: 1168. 1759.
Myriadenus tetraphyllus (L.) Desv., J. Bot. Agric. 1: 121. 1813.
Zornia tetraphylla (L.) Fawc. & Rendle, Fl. Jam. 4: 31. 1935, non Michx. 1803.

Erva prostrada a decumbente com vários ramos irradiando da base da

planta, raramente subarustos eretos; ramos, pecíolo e pedicelo pubérulos,

tricomas curtos e brancos. Estípulas peltadas, linear-lanceoladas, porção

proximal ca. 1 mm, distal ca. 3 mm. Folhas 4-folioladas, patentes; pecíolo 2-

6 mm; folíolos acrescentes, os distais 8-22 x 4-6 mm, 2-3,7x mais longos do

que largos, obovado-espatulados, ápice arredondado a emarginado, base

cuneada, glabros a esparsamente pubérulos e pontuados nas duas faces,

uninérvios, nervura principal central. Flores 10-12 mm compr., isoladas,

axilares; pedicelo 1-2 mm; cálice glabro, cilíndrico-campanulado, ca. 5 mm

compr., 4-laciniado, lacínia superior 2-dentada, lacínia inferior mais longa

do que as demais; pétalas amarelas, glabras; estandarte suborbicular, ca.

10 x 10 mm. Lomento 9-15-articulado; artículos ± retangulares, ca. 2 x 1,2

mm, glabros, não reticulados, não cerdosos.

Espécie com distribuição disjunta entre o nordeste do Brasil e as Grandes


Antilhas (Cuba e ilha de Hispañiola), ocorrendo freqüentemente
sobre afloramentos rochosos e solos arenosos. No nordeste do Brasil,
é encontrada em caatinga sobre solo arenoso e, comumente, como uma
planta colonizadora em áreas degradadas, em altitudes de 250 a 900 m.

592
Floração e frutificação: xii-vi (-ix).

Mohlenbrock (1961) descreve esta espécie como ocasionalmente ereta,


com até 1 m alt. Todas as observações de plantas coletadas em caatinga são
de plantas prostradas ou decumbentes, com ramos lenhosos apenas muito
próximo à base. Esta característica pode ser usada para diferenciá-la de
Z. echinocarpa, além das características do lomento (ver discussão de Z.
echinocarpa).

Material selecionado: Bahia: Feira de Santana, L. P. Queiroz et al. 3313 (HUEFS, K); Ichu,

A. S. Carneiro 22 (HUEFS); Itatim, L. R. Noblick et al. 3242 (HUEFS, K); Jacobina, G. C.

P. Pinto 178-84 (HRB, HUEFS); Maracás, S. A. Mori et al. 10004 (CEPEC, K); Milagres,

R. M. Harley et al. 19419 (CEPEC, K); Monte Santo, R. M. Harley et al. 16424 (CEPEC,

K); Santa Terezinha, L. R. Noblick et al. 3242 (HUEFS). Pernambuco: Buíque, D. A. Lima

55-2109 (IPA); Custódia, A. M. Miranda et al. 2360 (Hst, HUEFS); Panelas, J. D. A. C.

Ferreira 128 (HRB, HUEFS, K); Serra Talhada, A. M. Miranda et al. 2447 (Hst, HUEFS).

Zornia sericea Moric., Pl. Nouv. Am.: 126. 1844.


Zornia latifolia DC., Prodr. 2: 317. 1825, non Sm. in Ress, Cycl. (Ress) 39: 4. 1819.
Zornia gracilis Harms, Bot. Jahrb. 42: 212. 1908, non. Sm. 1919, nec DC. 1825.
Zornia diphylla var. latifolia (DC.) Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (1): 81. 1859.
Zornia diphylla subsp. latifolia (DC.) Malme, Arkiv. Bot. Stockh. 23A (13): 74.
1931.

Erva decumbente até 50 cm alt.; ramos, pecíolo e pedúnculo seríceos,

tricomas longos e adpressos e esbranquiçados. Estípulas peltadas,

lanceoladas, porção proximal ca. 3 mm, a distal ca. 5 mm. Folhas 2-

folioladas; pecíolo 12-25 mm; folíolos 15-35 x 7-15 mm, 2-2,3x mais

longos do que largos, ovais, ápice obtuso e apiculado, base obliquamente

arredondada, seríceos nas duas faces, mais densamente na abaxial,

593
não pontuados, uninérvios, nervura principal central; folhas basais com

folíolos suborbiculares, geralmente caducas. Espigas na axila das folhas

distais, 8-22 cm compr., brácteas imbricadas no ápice mas afastadas na

base, não pontuadas, seríceas, peltadas, ovais, 14-17 x 6-9 mm, a porção

proximal muito reduzida, quase nula. Flores 9-10 mm compr.; cálice com

nervuras e margem das lacínias seríceas, campanulado, ca. 4 mm compr.,


4-laciniado; pétalas amarelas, glabras; estandarte suborbicular, ca. 10 x

10 mm. Lomento 3-4-articulado, istmo marginal estreito, em forma de “Υ”,

exserto da bráctea por 2 artículos; artículos semi-orbiculares, 2-2,5 x 2-

2,5 mm, pubérulos, não reticulados, não glandulares, equinados, cerdas

pubescentes até 1,5 mm compr.

Espécie conhecida principalmente do nordeste do Brasil (Maranhão


à Bahia) e Minas Gerais e, por uma coleta, das savanas da Venezuela
(Mohlenbrock 1961).Na caatinga, ocorre principalmente sobre solos
arenosos, em altitudes de 150 a 700 m. Floração e frutificação: xii-iv (vi).

Zornia sericea pode ser diagnosticada pelas folhas bifolioladas combinado


com folíolos e brácteas relativamente grandes e seríceos.

Material selecionado: Bahia: Aracatu, A. M. de Carvalho et al. 2713 (CEPEC, K); Bom

Jesus da Lapa, G. Hatschbach et al. 55176 (K, HUEFS, MBM); Canudos, L. P. Queiroz
et al. 7033 (HUEFS); Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 9157 (HUEFS); Don Basílio, A. M.

de Carvalho et al. 2690 (CEPEC, HUEFS, K); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 18978

(CEPEC, K); Glória, F. P. Bandeira 202 (HUEFS); Ibiraba, L. P. Queiroz 4792 (HUEFS,

K); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz et al. 7734 (HUEFS); Pilão Arcado, T. S. Nunes et al.

1073 (HUEFS); Remanso, E. Ule 7373 (K); Sobradinho, L. Coradin et al. 5976 (CEN, K);

Urandi, G. Hatschbach et al. 56553 (K, MBM); Xique Xique, L. Coradin et al. 6281 (CEN,

K). Pernambuco: Buíque, A. M. Miranda et al. 1732 (Hst, HUEFS); Petrolina, G. Eiten & L.

T. Eiten 10870 (K, UB). Piauí: Castelo do Piauí, M. S. B. Nascimento 146 (Cpmn, HUEFS,

K); Irati, M. S. B. Nascimento 204 (Cpmn, HUEFS).

594
Zornia ulei Harms, Bot. Jahrb. 42: 212. 1908.

Subarbusto prostrado; ramos, pecíolo e pedúnculo vilosos, tricomas longos

e esbranquiçados. Estípulas peltadas, lanceoladas, porção proximal ca. 7

mm, a distal ca. 10 mm. Folhas 4-folioladas; pecíolo 15-25 mm; folíolos

acrescentes, os distais 18-27 x 9-12 mm, 2-2,3x mais longos do que

largos, elíptico-obovados, ápice agudo e apiculado, base cuneada, vilosos

nas duas faces, não pontuados, peninérvios, nervura principal central, as

secundárias e terciárias inconspícuas. Espigas axilares 7-8,5 cm compr.,

congestas, (brácteas anteriores recobrindo parcialmente as seguintes);

brácteas peltadas, oblongas, vilosas, 14-15 x 5-6 mm. Flores ca. 10

mm compr.; cálice ciliado, campanulado, ca. 3,5 mm compr., 4-laciniado,

o lacínia superior 2-dentada e a inferior mais longa do que as demais;

pétalas amarelas, glabras; estandarte suborbicular, ca. 8 x 9 mm. Lomento

completamente encoberto pela bráctea, 3-4-articulado, istmo marginal em

forma de “Υ”; artículos semi-orbiculares, 1,5-2 x 1,5-2 mm, glabros, não

reticulados, não glandulares, verrucosos mas não equinados.

Conhecida apenas do tipo, procedente do limite setentrional do estado da


Bahia (Remanso). Floração e frutificação: i.

Zornia ulei pode ser diagnosticada pelos folíolos vilosos e não pontuados,
além dos lomentos inclusos nas brácteas com artículos não equinados.

Material examinado: Bahia: Remanso, E. Ule 7201 (tipo de Z. ulei; isótipo: K).

Poiretia Vent.

Gênero neotropical com cerca de 11 espécies com centro de diversidade


no cerrado brasileiro (Müller 1986). O gênero inclui arbustos e trpadeiras,
geralmente com folhas tetrafolioladas e folíolos com pontuações translúcidas

595
conspícuas que secretam substâncias aromáticas.

Apenas uma espécie é registrada para a caatinga.

Poiretia punctata (Willd.) Desv., J. Bot. Agric. 1: 122. 1813.


Glycine punctata Willd., Sp. Pl. 3: 1066. 1802.
Poiretia scandens Vent., Choix Pl.: 42, t. 2. 1807.
Turpinia punctata (Willd.) Pers., Syn. Pl. 2: 314. 1807.
Poiretia densiflora Mart., Flora 20: 124. 1837.
Poiretia pubescens Vogel, Linnaea 12: 52. 1838.
Poiretia multiflora M.Martens & Galeotti, Bull. Acad. Brux. 10: 179. 1843.
Poiretia refracta Griseb., Cat. Pl. Cub.: 72. 1866.

Trepadeira volúvel; ramos jovens, pecíolo, raque e eixo da inflorescência

pubescentes, tricomas curtos, brancos ou amarelados. Estípulas 4-

6 mm compr., elípticas a lanceoladas. Folhas paripinadas, 4-folioladas,

estípiteladas; pecíolo 25-35 mm compr.; raque 7-15 mm compr.; estípitelas

lineares a lanceoladas, persistentes; folíolos membranáceos a papiráceos,

pontuações translúcidas conspícuas, densas, amarelas, os terminais 15-30

x 12-25 mm, largamente oboval, ápice obtuso a arredondado, ligeiramente

mucronado, base obtusa, margem, glabros a esparsamente pubescentes

nas duas faces. Racemo axilar 4-9 cm compr., flores muito congestas;

bractéolas ausentes. Flores 8-12 mm compr.; cálice campanulado,

pubescente, tubo 2-3 mm compr., 5-laciniado; pétalas amarelas; estandarte

ca. 6 x 6 mm, orbicular, glabro, pontuações amarronzadas em uma ou

ambas as faces. Lomento 1-3 x 0,2-0,45 cm, 2-5(-6)-articulado, linear,

compresso; artículos 5-8 x 2-4,5 mm, pubescentes,

Poiretia punctata distribui-se do México até o Brasil e Bolívia, geralmente


em bordas de florestas. No bioma caatinga, é encontrada em habitats

596
antropizados, geralmente em encostas de serras, de 500 a 1000 m alt.
Floração e frutificação concomitantes ao longo do ano (possivelmente após
as chuvas).

Esta espécie pode ser facilmente reconhecida pela combinação do hábito


volúvel, herbáceo, com a presença de pontuações tranlúcidas nos folíolos,
flores amarelas e frutos lomento.

Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 2805 (HUEFS, K, SPF); Barra do Mendes,

M. V. O. Moraes 205 (HUEFS); Brumado, A. M. Carvalho et al. 1685 (CEPEC, K); Campo

Formoso, G. P. P. Pinto 329-81 (HRB, HUEFS, K); Ipupiara, M. L. S. Guedes et al. 7953

(ALCB, HUEFS); Ituaçu, L. Coradin et al. 4535 (CEN, HUEFS); Maracás, S. A. Mori et al.

9968 (CEPEC, K); Miguel Calmon, L. R. Noblick 3878 (HUEFS); Piritiba, L. R. Noblick 1884

(HUEFS, K); Ruy Barbosa, L. P. Queiroz et al. 10650 (HUEFS); Umburanas, L. P. Queiroz

et al. 5285 (HUEFS, K). Ceará: Araripe, L. Coradin et al. 1200 (CEN, K). Pernambuco:

Inajá, A. Laurênio et al. 106 (PEUFR); Pesqueira, M. Correia 354 (HUEFS, UFP).

Chaetocalyx DC.

Trepadeiras volúveis, lenhosas ou semi-lenhosas; indumento com ou sem

tricomas glanduloso-viscosos. Folhas alternas, espiraladas, imparipinadas,

5-11-folioladas, não estípiteladas; folíolos peninérvios, broquidódromos,

os laterais simétricos. Inflorescências racemos terminais ou axilares,

comumente agrupados em panículas; bractéolas ausentes. Flores

pediceladas; cálice com tubo cilíndrico, simétrico ou giboso, 5-laciniado,

lacínias iguais ou mais longas do que o tubo; corola papilionóide; pétalas

amarelas, ungüiculadas; alas e carena ± do mesmo comprimento, carena

aberta no lado superior, as pétalas conadas apenas na margem inferior

próximo ao ápice; estames 10, monadelfos; disco intraestaminal presente;

ovário (sub)séssil, pluriovulado; estilete glabro. Fruto lomento; artículos

597
indeiscentes com extremidades retas, retangulares a quadrados.

Chaetocalyx é um pequeno gênero da América tropical com cerca de 13


espécies (Rudd 1958, 1972). Pode ser diagnosticado pela hábito volúvel,
folhas imparipinadas, flores amarelas e fruto lomento.

Chave para as espécies de Chaetocalyx da caatinga:

1. Tubo do cálice giboso próximo à base, 4-6 mm larg.; fruto fortemente


compresso, 7-10 mm larg., artículos quadrados...............C. blanchetiana

1. Tubo do cálice simétrico, 2,5-3,5 mm larg.; fruto não ou apenas


ligeiramente compresso, até 2 mm larg., artículos retangulares com
extremidades atenuadas......................................................... C. scandens

Chaetocalyx blanchetiana (Benth.) Rudd, Phytologia 24: 295. 1972.

Isodesmia blanchetiana Benth. in Mart., Fl. Bras. 15 (1): 71. 1859.

Trepadeira volúvel; ramos jovens, pecíolo e raque pubescentes, tricomas

longos, dourado e glandulares. Folhas 5-9-folioladas; pecíolo 15-65 mm;

raque 10-25 mm; folíolos membranáceos a papiráceos, o terminal 25-

40 x 10-18 mm, elípticos, ápice obtuso, mucronado, base obtusa, face

adaxial glabra, mais raramente pubescente, face abaxial velutina, tricomas

curtos, dourados. Racemo 5-6 cm compr. Flores 2-3,5 cm compr.; cálice

cilíndrico, tubo 4-5 x 4-6 mm, giboso na base, pubescente, tricomas

longos, amarelos ou dourados, glanduloso-viscosos, 5-laciniado, lacínias

lineares a lanceoladas, a inferior maior, ca. 10-13 mm; estandarte 15-20 x

15-20 mm, externamente com nervuras vermelhas e pubescente, orbicular

a oval; filetes pubescente. Lomento 5-8 x 0,4-0,8, pubescente, artículos

8-12, quadrados, 6-7 X 7-8 mm, glanduloso-viscosos.

Chaetocalyx blanchetiana é endêmica da caatinga, conhecida apenas da

598
Bahia e Minas Gerais (fide Rudd 1972), em altitudes de 250 a 700 m alt.
Floração e frutificação concomitantes: iv-vii.

Pode ser diferenciada de C. scandens pelas flores e frutos maiores (ver


medidas na chave). Além disso, o cálice apresentando-se giboso na base,
característica não observada em C. scandens. Os frutos são fortemente
compressos deixando os artículos quadrados enquanto em C. scandens os
artículos são mais alongados e atenuados nas duas extremidades.

Material selecionado: Bahia: Caetité, G. P. Silva et al. 9079 (CEN, HUEFS); Gentio do

Ouro, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3971 (HUEFS); Ibotirama, L. Coradin et al. 6585

(CEN, K, NY); Jacobina, R. P. Orlandi & H. P. Bautista 679 (HRB, HUEFS); Macaúbas,

G. Hatschbach et al. 65142 (MBM); Serra do Açuruá, J. S. Blanchet 2892 (isótipo de

Isodesmia blanchetiana: K, foto HUEFS); Tucano, D. Cardoso 53 (HUEFS)

Chaetocalyx scandens (L.) Urb., Symb. Antill. 2: 292. 1900.

Coronilla scandens L. , Sp. Pl. 2: 743. 1753.

var. pubescens (DC.) Rudd, U.S. Nat. Herb. 32: 236. 1958.

Chaetocalyx pubescens DC. , Prodr. 2: 243. 1825.


Chaetocalyx parviflora Benth. in Mart., Fl. Bras. 15 (1): 74. 1859.

Trepadeira volúvel, herbácea; ramos jovens, pecíolo, raque e eixo da

inflorescência densamente pubescentes. Folhas 5-folioladas; pecíolo 7-

25 mm; raque 7-12 mm; folíolos membranáceos, o terminal 15-45 x 7-

20 mm, elípticos, ápice obtuso a agudo, mucronado, base obtusa, face

adaxial pubescente, tricomas curtos, face abaxial densamente pubescente

a velutina, tricomas longos eretos. Racemos 2,7-4,5 cm compr., axilares,

às vezes reduzidos a fascículos. Flores 1,8-2 cm compr.; cálice cilíndrico,

tubo 3-5 mm compr., não giboso na base, pubescente, com ou sem tricomas

599
glandulares, 5-laciniado, lacínias lanceoladas, a inferior maior, 6-10 mm

compr.; estandarte 12-16 x 12-17 mm, orbicular, externamente pubescente;

filetes pubescentes. Lomento 4,5-12 x ca. 0,2 cm, não compresso; artículos

4-12, retangulares, atenuados nas duas extremidades, 8-10 x ca. 2 mm.

Chaetocalyx scandens é uma espécie com distribuição bicêntrica, ocorrendo


do México até a Colômbia e Venezuela (var. scandens) e no leste do Brasil
(var. pubescens). No bioma caatinga ocorre em habitats antropizados nos
estados do Ceará, Pernambuco e Bahia, em altitudes de 250 a 800 m alt.
Floração e frutificação concomitantes ao longo do ano (provavelmente
após as chuvas).

Os caracteres diferenciais em relação a C. blanchetiana estão referidos na


discussão desta espécie.

Nomes vernaculares: cipó-babão, rama-amarela (ambos na Bahia), lobo-


lobo (Recôncavo, BA).

Material selecionado: Bahia: Abaíra, A. M. Giulietti et al. in CFCR 14644 (HUEFS, SPF);

Boa Vista do Tupim, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3869 (HUEFS); Caetité, G. P. Silva

et al. 9090 (CEN, HUEFS); Feira de Santana, L. P. Queiroz et al. 1736 (HUEFS, K); Glória,

M. V. M. Oliveira 747 (HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick 3626 (HUEFS, K); Ibiraba, L. P. Queiroz

4869 (HUEFS, SPF); Ipirá, E. L. P. G. Oliveira 769 (BAH); Itatim, F. França et al. 1422

(HUEFS); Jaguarari, L. Coradin et al. 6009 (CEN, K); Macajuba, L. P. Queiroz et al. 9419

(HUEFS); Monte Santo, C. M. L. Aguiar 22 (HUEFS); Piritiba, L. R. Noblick 1865 (HUEFS);

Santa Brígida, L. P. Queiroz 392 (ALCB, HUEFS, K); Santa Terezinha, L. P. Queiroz & N.

S. Nascimento 3818 (HUEFS); Senhor do Bonfim, K. R. B. Leite 412 (HUEFS); Tucano, D.

Cardoso 11 (HUEFS); Umburanas, L. P. Queiroz et al. 5290 (HUEFS, K). Ceará: Crato, G.

Gardner 1560 (síntipo de Chaetocalyx parviflora: K); Novo Oriente, L. Coradin et al. 2048

(CEN); Quixeré, L. M. R. Melo & O. M. Gomes 46 (EAC, HUEFS); Tianguá, L. Coradin

et al. 7902 (CEN, HUEFS). Paraíba: Araruna, M. R. Barbosa et al. 2392 (HUEFS, JPB);

Santa Luzia, M. F. Agra et al. 5842 (HUEFS, JPB); Teixeira, M. F. Agra et al. 5907 (HUEFS,

600
JPB). Pernambuco: Arcoverde, J. E. G. Lima 29 (Hst, HUEFS); Buíque, E. R. Souza et

al. 403 (HUEFS); Gravatá, J. E. G. Lima & E. B. Souza 79 (Hst, HUEFS); Inajá, E. Ferraz

et al. 272 (K, PEUFR); Pesqueira, M. Correia 232 (HUEFS); Triunfo, L. P. Félix et al. s. n.

(Hst, HUEFS).

Riedeliella Harms

Arbustos eretos ou escandentes, inermes, ramos virgados ou

sarmentosos. Folhas imparipinadas, espiraladas, sem estípitelas; folíolos

(sub)opostos, peninérvios, broquidódromos. Panículas terminais, com

ramos espiciformes flexuosos, quando jovens amentiformes; brácteas

persistentes nos ramos mesmo após a queda das flores. Flores

pentâmeras, actinomorfas, subsésseis ou pediceladas, bracteoladas,

com 1 par de bractéolas opostas, inseridas no meio do pedicelo ou logo

abaixo do cálice; cálice campanulado a cilíndrico, 5-dentado; corola não

papilionóide, pétalas não diferenciadas entre si, brancas a creme, glabras;

estames (9-)10, monadelfos; ovário 2-5-ovulado, curtamente estipitado.

Fruto sâmara, largamente reniforme, suborbicular, fortemente compresso,

com núcleo seminífero central e ala marginal.

Riedeliella é um pequeno gênero do leste do Brasil, com quatro espécies


(Lima & Vaz 1984), ocorrendo principalmente em vegetação aberta ou
sujeitas a secas sazonais. Este gênero parece estar relacionado à ocupação
de áreas secas no leste da América do Sul

As espécies de caatinga são relativamente mal conhecidas e há problemas


de delimitação entre elas, em parte pelo pequeno número de coletas, em
parte pelo fato de que muito dificilmente se encontra folhas, flores ou
frutos ao mesmo tempo. Dentro do gênero pode ser observada interessantes
variações no tamanho e na coloração das flores e estudos de biologia floral

601
seriam muito interessantes para uma melhor compreensão da evolução no
grupo.

Uma nova espécie relacionada a R. magalhaesii está sendo descrita (L. P.


Queiroz & G. P. Lewis in prep.)

Chave para as espécies de Riedeliella da caatinga

1. Folíolos 7-9, o terminal com 33 a 52 mm compr............... R. graciliflora

1. Folíolos 9-13, o terminal com 25 a 35 mm compr. e 13 a 15 mm


larg...................................................................................R. magalhaesii

Riedeliella graciliflora Harms, Bot. Jahrb. 33, Beibl. 72: 25. 1903.

Arbusto 2-3 m alt., esgalhado, com ramos longos e virgados; ramos

jovens, eixo foliar e eixos da inflorescência curtamente pubérulos. Pecíolo

14-20 mm compr.; raque 2,8-4 cm; segmentos interfoliolares 14-18 mm;

folíolos 7-9, opostos, cartáceos, acrescentes distalmente, o terminal 33-

52 x 18-30 mm, ca. 1,8x mais longos que largos, elípticos, ápice obtuso

e emarginado, base ligeiramente cordada, quando jovens pubérulos

nas duas faces, tornando-se glabrescentes quando adultos, nervação

inconspícua exceto pela nervura principal ligeiramente saliente na face

abaxial. Panículas 8,5-12 cm compr.; racemos basais 6-7 cm compr;

pedicelo ca. 1 mm compr. Flores ca. 4 mm compr. (excluindo os estames);

cálice cilíndrico-campanulado, ca. 1,5 mm compr.; pétalas oblanceoladas,

ca. 4 x 1 mm. Fruto ca. 2,5 cm diâm., reticulado, seríceo; ala papirácea,

ca. 8 mm larg.

Riedeliella graciliflora é principalmente uma planta de áreas campestres


do Brasil Central e norte do Paraguai. Na caatinga, é conhecida apenas

602
de uma coleta na região de Bom Jesus da Lapa, no médio São Francisco.
Floração e frutificação: viii.

O material de Bom Jesus da Lapa apresenta algumas diferenças em relação


aos demais espécimes estudados de R. graciliflora, possuindo, especialmente,
pedicelo e peças florais com cerca da metade do comprimento observado
no restante da espécie. Em alguns caracteres, parece intermediário entre
R. graciliflora e R. sessiliflora Kuhlm. No entanto, este material encontra-
se depauperado e novas coletas naquela área seriam importantes para se
avaliar o seu correto posicionamento taxonômico.

Material examinado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, M. Ataíde & D. A. Lima 75-6516 (IPA, K,

RB).

Riedeliella magalhaesii (Rizzini) H.C.Lima & A.Vaz, Rodriguésia 36 (58):


14. 1984.
Itaobimia magalhaesii Rizzini, Rodriguésia 29 (43): 147. 1977.

Arbusto 1,5-4 m alt., esgalhado, em forma de moita, com ramos virgados

ou sarmentosos; ramos jovens, eixo foliar e eixos da inflorescência

vilosos, tricomas amarelados. Pecíolo 18-24 mm compr.; raque 35-60 cm;

segmentos interfoliolares 10-19 mm; folíolos (9-)11-13, opostos, cartáceos,

acrescentes distalmente, o terminal 25-35 x 13-15 mm, ca. 2-2,3x mais

longos que largos, oblongo-lanceolados, ápice obtuso e emarginado,

base arredondada, face adaxial nítida, glabrescente, face abaxial pilosa;

nervação saliente e reticulada em ambas as faces. Panículas 28-100

cm compr., freqüentemente com folhas reduzidas na base dos racemos;

racemos 10-15 cm compr. Flores ca. 7 mm compr. (excluindo os estames);

cálice infundibuliforme, ca. 3 mm compr., glabro ou muito esparsamente

pubérulo; pétalas oblanceoladas, 6-7 x 1,5 mm, reflexas na antese, com

603
ungüículo adnado ao tubo estaminal. Fruto 2,5-3,5 cm diâm., reticulado,

glabro; ala papirácea, 7-10 mm larg.

Riedeliella magalhaesii é endêmica da caatinga, sendo conhecida de


uma área muito restrita no norte de Minas Gerais. Floração: (xi) iv-v.
Frutificação: vi-vii.

Esta espécie pode ser diagnosticada pela combinação das folhas com
proporcionalmente muitos folíolos (9-13), estes oblongo-lanceolados e
nítidos na face adaxial, com as inflorescências muito longas, alcançando 1
m de comprimento, e os frutos glabros com ala relativamente estreita (7-10
mm larg.).

Nome vernacular: levanta-foice.

Material selecionado: Minas Gerais: Itaobim, G. Hatschbach & J. M. Silva 49987 (K,

MBM); M. Magalhães 15312 (tipo de Itaobimia magalhaesii; holótipo: RB).

Discolobium Benth.
Pequeno gênero sul-americano com 8 espécies, distribuído na Brasil,
Argentina e Paraguai. Discolobium foi classificado na tribo Aeschynomenae
mas estudos de filogenia resolveram seu posicionamento como grupo irmão
do gênero Riedeliella (Lavin et al. 2001) classificado na tribo Dalbergieae.
É interessante que ambos os gêneros possuem um fruto discóide. No caso
de Discolobium, o fruto é interpretado como um lomento espiraladamente
torcido com apenas o artículo mediano fértil.

Uma espécie registrada para a caatinga.

Discolobium hirtum Benth. in Mart., Fl. Bras. 15 (1): 73. 1859.

Arbusto até 1,5 m alt.; ramos jovens, pecíolo, raque e eixo da inflorescência

604
Figura 35 - A: Centrolobium sclerophyllum (hábito); B: Geoffroea spinosa (1 - hábito; 2 - folíolo distal; 3 - flor; 4
- estandarte; 5 - ala; 6 - pétala da carena; 7 - androceu; 8 - pistilo; 9 - fruto); C: Riedeliella graciliflora (1 - hábito; 2
- flor; 3 - estandarte; 4 - pétala lateral [“ala”]; 5 - pétala abaxial [“da carena”]; 6 - androceu e gineceu); D: Discolo-
bium hirtum (1 - hábito; 2 - estípula; 3 - folíolo; 4 - cálice; 5 - estandarte; 6 - ala; 7 - pétala da carena; 8 - pistilo; 9
- fruto).

605
ligeiramente viscosos, pubescentes, tricomas esbranquiçados. Estípulas

5-7 mm compr., lineares. Folhas imparipinadas, não estípiteladas, 9-

13-folioladas; pecíolo 18-22 mm compr.; raque 7-11 mm compr.; folíolos

papiráceos, semi-suculentos, o terminal 9-12 x 3,5-6 mm, obovais ou oval-

oblongos, ápice agudo ou obtuso, mucronado, base obtusa, face adaxial

glabrescente, raramente pubescente, face abaxial pubescente a velutina.

Racemo axilar, 11,5-33 cm compr.; bractéolas presentes. Flores 14-25 mm

compr.; cálice campanulado, pubescente, tubo 3-5 mm compr., 5-laciniado,

2 lacínias ca. 2 mm compr., as 2 superiores conadas; pétalas amarelo

ouro com base esverdeada, nervuras vináceas; estandarte 10-15 x 8-11

mm, oboval, glabro ou, raramente, pubescente na face externa. Lomento

discóide, 3-articulado; artículos espiraladamente torcidos, coriáceos,

glabrescentes, o basal e o distal muito menores do que o mediano.

Discolobium hirtum é conhecido da caatinga, ocorrendo em brejos e


lagoas temporárias do Piauí e Bahia, em altitudes de 200-500 m. Floração
e frutificação concomitantes: i-iv.

Da mesma forma que algumas espécies de Aeschynomene, ocorre em


habitats aquáticos ou paludosos e possui hábito semelhante ao dessas
espécies, principalemente Ae. evenia, que pode ser simpátrica a D. hirtum.
Pode ser diferenciada dessa espécie pelas flores maiores (14-25 mm em D.
hirtum vs. 7 mm em Ae. evenia) e pelos frutos discóides (em Ae. evenia é
um lomento reto com 10 a 14 artículos).

Material examinado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, L. P. Queiroz et al. 5757 (HUEFS);

Guanambi, J. S. Silva 478 (K); Iaçu, L. R. Noblick 3662 (HUEFS, K); Jacobina, J. S.

Blanchet 2692 (K); Morpará, M. L. S. Guedes & D. Paulo f. 7853 (ALCB, HUEFS); Riacho

de Santana, L. P. Queiroz et al. 5916 (HUEFS). Piauí: Palmas, F. G. Alcoforado f. & J. H.

Carvalho 483 (HUEFS, TEPB); São João do Piauí, F. G. Alcoforado f. 483 (K, TEPB).

606
Platymiscium Vogel

Árvores, às vezes florescendo como arbustos, inermes; tronco quando

cortado geralmente produzindo exsudado translúcido que se torna vermelho

quando oxidado. Estípulas interpeciolares, caducas. Folhas opostas ou 3-

vertciladas, imparipinadas, estípiteladas; folíolos (sub)opostos ou alternos,


peninérvios, broquidódromos, nervuras de menor porte reticuladas.

Inflorescências racemos axilares, isolados ou fasciculados, pêndulos.

Flores pentâmeras, pediceladas, bracteoladas, 1 par de bractéolas na

base do cálice; cálice com tubo cilíndrico e 5 lacínias mais curtas do que

o tubo, as 2 superiores obtusas e parcialmente soldadas, as 3 inferiores

agudas; corola papilionóide; pétalas amarelas, glabras, ungüiculadas;

estandarte suborbicular, emarginado no ápice; pétalas da carena soldadas

na margem inferior; androceu monadelfo ou diadelfo e então com 9

estames soldados em bainha e o vexilar livre; ovário 1-ovulado, estipitado,

glabro ou pubescente. Fruto sâmara, ± elíptica, fortemente compressa,

com núcleo seminífero central e ala marginal e papirácea.

Platymiscium é um gênero neotropical com 18 espécies, distribuído do


México (Sonora) até o sul do Brasil, no estado de Santa Catarina (Klitgaard
1995).

Este gênero apresenta como uma das principais características diagnósticas


a presença de folhas opostas. Além disso, o gênero Platymiscium é, também,
caracterizado, pelas folhas imparipinadas, flores com pétalas amarelas e
fruto sâmara com núcleo seminífero central e ala marginal.

Chave para as espécies de Platymiscium da caatinga

1. Folíolos pubescentes na face abaxial; flores com 6 a 8 mm


compr................................................................................... P. pubescens

607
1. Folíolos glabros; flores com 10 a 18 mm compr................P. floribundum

Platymiscium floribundum Vogel, Linnaea 11: 198–199. 1837.


Platymiscium praecox Benth., Comm. Legum. Gen.: 40. 1837.
Platymiscium blanchetii Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (1): 272. 1859.

var. obtusifolium (Harms) Klitgaard, Kew Bull. 54(4): 971. 1999.


Platymiscium obtusifolium Harms, Bot. Jahrb. 42: 214. 1908.

Árvore 8-12 m alt., copada; tronco 10-30 cm DAP com casca lisa,

acinzentada; ramos, eixo foliar e eixos da inflorescência glabros. Pecíolo

21-30 mm compr.; raque 2-5 (-8) cm; segmentos interfoliolares 17-28

mm; folíolos 5-7(-9), (sub)opostos, cartáceos, ligeiramente acrescentes

distalmente, o terminal maior, 54-74 x 18-36 mm, ca. 1,7-3x mais longos

do que largos, elípticos a lanceolados, ápice agudo a acuminado, base

arredondada a obtusa, glabros exceto por tricomas esparsos ocasionalmente

presentes na face abaxial, nervuras primária e secundárias amareladas,

as secundárias em 8-10 pares. Racemos pêndulos, isolados ou 2-3-

fasciculados e axilares, 3-12 cm compr.; pedicelo 5-8 mm compr. Flores 10-

14 mm compr.; cálice 5-6 mm compr., tubo cilíndrico, externamente glabro


ou glabrescente, dentes 5 mais curtos do que o tubo; pétalas amarelas;

estandarte com área central avermelhada, suborbicular, 11-12 x 9-12 mm +

4-5 mm compr. do ungüículo, alas e pétalas da carena oblongas; androceu

monadelfo; ovário glabro exceto pela margem inferior ciliada. Sâmara 4,5-

7,7 x 2,5-2,6 cm, elíptica, fortemente compressa; exocarpo nigrescente

quando maduro, glabro; núcleo seminífero oblongo a oblongo-elíptico, ca.

26-33 x 10-18 mm; ala marginal 6-7 mm larg.

Platymiscium floribundum é uma espécie polimórfica distribuída no leste


do Brasil, do Ceará até Santa Catarina, penetrando para oeste até o estado

608
de Goiás (Klitgaard 1995). Esta autora reconheceu 4 variedades das quais
apenas a var. obtusifolium ocorre na caatinga. P. floribundum var. nitens
(Vogel) Klitgaard é também encontrada na área de domínio da caatinga
mas quase sempre em florestas pluviais, mais raramente em estacionais, do
litoral ou de serras.
Platymiscium floribundum var. obtusifolium é conhecida apenas do
nordeste do Brasil, nos estados do Ceará, Piauí e Bahia, e por uma coleta
em Rondônia (Klitgaard 1995). Ocorre em caatinga, carrasco e florestas
plúvio-nebulares. Na caatinga, ocorre em diferentes fisionomias e sobre
diferentes solos, em altitudes de 400 a 700 m. Floração: x-xi. Frutificação:
ao longo do ano.

No contexto das plantas de caatinga, P. floribundum var. obtusifolium pode


ser diferenciada de P. pubescens pelos folíolos glabros (vs. pubescentes) e
pelas flores maiores (10 a 14 mm compr. em P. floribundum vs. 6 a 8 mm
em P. pubescens).

Nomes vernaculares: rabugem (toda a área), putumuju (Bahia), carrancudo


(Ceará).

Material selecionado: Bahia: Abaíra, B. B. Klitgaard, & F. C. P. Garcia 71 (K, RB); Bom
Jesus da Lapa, A. M. de Carvalho et al. 1808 (CEPEC, K); Brotas de Macaúbas, H. P.

Bautista & O. A. Salgado 871 (CEPEC, HRB, RB); Campo Alegre de Lurdes, H. P. Bautista

& R. P. Orlandi 971 (HRB, MBM); Jequié, A. M. de Carvalho 1921 (CEPEC, HRB, HUEFS,

K); Manoel Vitorino, S. A. Mori et al. 11237 (CEPEC, K); Santa Rita de Cássia, L. Coradin

et al. 5754 (CEN, CEPEC, K). Ceará: Aiuaba, F. de A. Viana s. n. EAC 11940 (EAC, K);

Farias de Brito, E. A. Nunes s. n. EAC 16562 (EAC, K); Pacatuba, A. Ducke 2614 (RB).

Pernambuco: Triunfo, E. Ferraz s. n. EAC 18521 (EAC, K). Piauí: Miguel Alves, A. S.

Lopes et al. s.n. (TEPB 8456); Serra das Confusões, A. Fernandes et al. s. n. EAC 9084

(EAC, K).

609
Platymiscium pubescens Micheli, Copenh. Videsk. Medd. 27: 101. 1875.

subsp. zehntneri (Harms) Klitgaard, Kew Bull. 54(4): 970.


Platymiscium zehntneri Harms, Bot. Jahrb. 57, suppl. 127: 64. 1922.

Árvore 7-15 m alt., copada, tronco 10-50 cm DAP, às vezes florescendo


como arbusto de ca. 3 m alt.; casca acinzentada, fissurada, densamente

lenticelada; indumento dos ramos jovens, eixo foliar e eixos da inflorescência

densamente pilosos a vilosos. Pecíolo 24-29 mm compr.; raque 2,5-4(-7)

cm; segmentos interfoliolares 14-17 mm; folíolos (5-)7-9, (sub)opostos,

cartáceos, ligeiramente acrescentes distalmente, o terminal maior, 20-65

x 10-45 mm, ca. 1,5-1,7x mais longos do que largos, elípticos a ovais,

ápice agudo a acuminado, mucronado, base arredondada a ligeiramente

cordada, face adaxial glabra, face abaxial densa a esparsamente pubérula

até vilosa, nervuras secundárias 8-11 pares. Racemos pêndulos, isolados,

axilares, 8-15 cm compr.; pedicelo 3-4 mm compr. Flores 6-8 mm compr.;

cálice 3-4 mm compr., tubo cilíndrico, externamente puberulento, dentes

5 mais curtos do que o tubo; pétalas amarelo-pálidas; estandarte com

área central purpúrea, suborbicular, 5-7 x 5-7 mm + 2-3 mm compr. do

ungüículo, alas e pétalas da carena oblongas; androceu diadelfo com 9


estames soldados em bainha até ca. ½ do seu comprimento e estame

vexilar livre; ovário estipitado, puberulento em toda sua extensão. Sâmara

3-4 x 1,5-1,7 cm, elíptica a oblonga, fortemente compressa; exocarpo

amarronzado quando maduro, glabrescente, glauca; núcleo seminífero

oblongo a oblongo-elíptico, 18-22 x 8-10 mm; ala 4-5 mm larg.

Planta provavelmente endêmica da caatinga, conhecida apenas das regiões


central e oeste do estado da Bahia. Ocorre principalmente em caatinga
arbórea sobre solos mais férteis, de 400 a 700 m alt. Floração: x-xi.
Frutificação: i-v.

610
Platymiscium pubescens subsp. zehntneri pode ser diferenciada de P.
pubescens pelas menores dimensões das flores e do fruto e pelo indumento
(ver comentários em P. pubescens). Além disso, a madeira exala um forte
odor de pepino quando cortada (Klitgaard 1995).

Nomes vernaculares: putumuju, cedro-bravo, cedrim.


Material selecionado: Bahia: Barra, G. Hatschbach 44145 (K, MBM); Bom Jesus da Lapa,

G. Hatschbach & J. M. Silva 50492 (CEPEC, K, MBM); Brotas de Macaúbas, A. M. de

Carvalho 2432 (CEPEC, HUEFS, K, MBM, SP, SPF); Ibipeba, H. P. Bautista & O. A.

Salgado 929 (HRB, HUEFS, IPA, K, MBM, RB); Riachão das Neves, L. Zehntner 470/4011

(tipo de P. zehntneri; lectótipo: M; isolectótipo: RB).

Platypodium Vogel
Gênero neotropical com 1-2 espécies, distribuído do Panamá até o Paraguai
e Bolívia.

Pode ser diagnosticado pela combinação das folhas pinadas com folíols
alternos, flores amarelas e frutos sâmaras com núcleo seminífero distal e
ala basal.

Platypodium elegans Vogel, Linnaea 11: 416. 1837.

Árvore 4-7 m alt., copada, às vezes florescendo como arbustos ca. 2 m

alt., inermes. Estípulas 2-3 x 1 mm, lineares, caducas. Folhas alternas,

imparipinadas, não estípiteladas, muito varável no número e dimensões

dos folíolos, às vezes só com folíolos grandes, às vezes só com folíolos

pequenos [dimensões dadas entre colchetes], às vezes os dois tipos na

mesma planta; folíolos 11-15, alternos, papiráceos, 23-28 x 11-15 mm

[12-14 x 7-8 mm], oblongos a elípticos, ápice emarginado, face adaxial

611
glabra, face abaxial glabra a pubérula, peninérvios, nervação secundária

broquidódroma, nervuras secundárias 12-15 pares, paralelas e curvas para

o ápice. Racemos axilares, 5-12 cm compr., ligeiramente mais longo do

que a folha adjacente; pedicelo 5-6 m compr., bibracteolado ca. 0,5-1 mm

abaixo do cálice. Flores pentâmeras, 16-20 mm compr.; cálice com tubo

infundibuliforme, ca. 5 mm compr., glabro; lacínias 5, mais curtas do que

o tubo, ca. 3 mm compr., as 2 superiores oblongas, as demais deltóides;

corola papilionóide; pétalas amarelas, glabras, ungüiculadas, margem

fortemente ondulada; estandarte 15-17 x 18 mm, suborbicular, emarginado

no ápice; alas obovais; carena aberta na margem superior; estames 10

formando duas falanges de 4 estames, o vexilar e o carenal livres; disco

ausente; ovário ca. 3 x 2 mm, 2-4-ovulado, glabro, longamente estipitado,

estípite ca. 5 mm compr. Fruto sâmara, fortemente compressa, 55-65 x

20-21 mm, núcleo seminífero distal e ala basal, coriácea, cultriforme.

Platypodium elegans distribui-se do Panamá até o norte do Paraguai e sul


da Bolívia, em florestas estacionais. Na caatinga, ocorre principalmente em
caatinga arbórea do sul do Piauí ao norte de Minas Gerais, geralmente em
solos de boa fertilidade, de 400 a 800 m alt. Floração: x-xii. Frutificação:
x-v.

No contexto das espécies de caatinga, essa espécie apresenta maior


semelhança com Geoffroea spinosa, ambas apresentando folíolos com
número elevado de nervuras secundárias, paralelas entre si, e flores com
pétalas amarelas. Pode ser diferenciada desta espécie pelos ramos não
armados e pelo fruto, uma sâmara nesta espécie e uma drupa em G. spinosa.
O tipo de fruto, sâmara com núcleo seminífero localizado na ponta e a ala
na base, é encontrado apenas nesta espécie dentre as plantas de caatinga. A
forma semelhante a uma lágrima deve ser a razão para o nome ‘chorão’ a ela
atribuído em algumas localidades da Bahia.

612
Nomes vernaculares: chorão (Bahia), sucupira (Gentio do Ouro, BA), pau-
de-veado (Padre Marcos, PI)

Material examinado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, L. P. Queiroz et al. 5825 (HUEFS);

Caculé, A. M. Carvalho et al. 1712 (CEPEC, K); Caetité, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

3602 (HUEFS, K); Campo Alegre de Lurdes, R. M. Harley et al. 54373 (HUEFS); Gentio
do Ouro, R. Tourinho et al. 21 (HRB, HUEFS); Pilão Arcado, L. Passos et al. 399 (ALCB,

HUEFS); Ruy Barbosa, L. P. Queiroz et al. 10017 (HUEFS); Serra do Açuruá, J. S. Blanchet

2790 (K); Urandi, T. Jost et al. 506 (HRB). Minas Gerais: Manga, S. B. Silva 121 (HRB,

HUEFS). Piauí: Floresta, L. P. Queiroz et al. 10142 (HUEFS); Jaicós, G. P. Lewis & H. P.

N. Pearson 1345 (CEPEC, K); Padre Marcos, M. E. Alencar 246 (HUEFS, TEPB).

Centrolobium Mart. ex Benth.


Gênero exclusivamente sul-americano, com cerca de 7 espécies distribuídas
do noroeste da América do Sul até o sudeste do Brasil (Lima 1985). É
um grupo característico de florestas, especialmente as pluviais, com apenas
uma espécie na caatinga.

Centrolobium pode ser diagnosticado pela combinação das folhas


imparipinadas, folíolos com glândulas puntiformes amarelo-alaranjadas na
superfície abaxial dos folíolos, flores com pétalas amarelas e, principalmente,
pelo fruto que é uma sâmara com o núcleo seminífero basal revestido por
longos espinhos retos.

Centrolobium sclerophyllum H.C.Lima, Arqu. Jard. Bot. Rio de Janeiro 27:


182. 1985.

Árvore 7-12 m alt.; tronco com ca. 15 cm DAP, casca sulcada, acinzentada;

ramos jovens glabrescentes. Folhas imparipinadas, espiraladas; pecíolo

613
45-55 mm compr.; raque 9,5-12,5 cm; segmentos interfoliolares 28-35 mm;

folíolos 9, (sub)opostos, papiráceos, acrescentes distalmente, o terminal

maior, 68-98 x 38-54 mm, oval, ca. 1,8x mais longo do que largo, os laterais

80-95 x 38-57 mm, 1,7-2,1x mais longos que largos, oblongos, ápice

acuminado, acume 6-10 mm, base arredondada a truncada, glabrescentes

nas duas faces, densamente pontuados de glândulas circulares amarelo-

alaranjadas na face abaxial, nervuras secundárias 9-11 pares. Panícula

terminal, 12-23 cm compr.; pedicelo 9-12 mm compr. Botão cônico. Flores

17-18 mm compr.; cálice 10-11 mm compr., urceolado, base truncada, mais

larga do que o ápice; corola papilionóide, pétalas amarelas; estandarte

largamente oval, ca. 15 x 11 mm, alas e pétalas da carena oblongas, ca. 15

x 5 mm; androceu pseudomonadelfo. Sâmara, núcleo seminífero globoso,

2-2,5 cm diâm., revestido por espinhos de até 15 mm compr.; espinho

estilar aderente à ala, 8-15 mm compr.; ala 7-8,5 x 4,2-5,1 cm.

Centrolobium sclerophyllum tem distribuição disjunta entre o litoral


atlântico do sul da Bahia e norte do Espírito Santo e as caatingas do centro
sul da Bahia e norte de Minas Gerais (Lima 1985). Na caatinga, ocorre
principalmente nas formas arbóreas sobre solos mais férteis, especialmente
os mais ricos em calcáreo, de 600 a 1000 m alt. Floração: ii-iv. Frutificação:
ii-vii.

As populações de caatinga diferem das litorâneas por apresentar menor


número de folíolos e flores mais curtas, condição já observada por Lima
(1985) e, além disso, pelos folíolos mais delgados e planos. Talvez se trate
de um novo táxon.

Nome vernacular: putumujú-pequeno.

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, L. Coradin et al. 6358 (CEN, K); Boninal,

Brazão 187 (HRB, RB); Itaberaba, L. Coradin et al. 8587 (CEN, K); Seabra, H. S. Irwin et

al. 31238 (K, UB). Minas Gerais: Itaobim, C. T. Rizzini & A. Mattos f. 1557 (RB).

614
Pterocarpus Jacq.

Árvores ou arvoretas, às vezes ramificando desde a base; inermes; tronco

quando cortado geralmente produzindo exsudado que se torna vermelho

quando oxidado; ramos às vezes surgindo de braquiblastos laterais formando

um sistema de ramos numerosos e intricados. Estípulas ovais até lineares,


caducas ou persistentes. Folhas alternas, espiraladas, freqüentemente

congestas no ápice dos braquiblastos, imparipinadas com 3-7 folíolos ou

simples; estípitelas ausentes; folíolos alternos ou subopostos, peninérvios,

broquidódromos, nervuras de menor porte reticuladas. Inflorescências

racemos ou fascículos umbeliformes, axilares ou agrupados no ápice de

braquiblastos. Flores pentâmeras, pediceladas, bracteoladas, 1 par de

bractéolas inseridas imediatamente na base do cálice ou a ca. 1 mm abaixo

do cálice; cálice com tubo cilíndrico-campanulado; lacínias 5, deltóides, ca.

½ do comprimento do tubo; corola papilionóide; pétalas amarelas, glabras,

ungüiculadas; estandarte suborbicular, emarginado no ápice; pétalas da

carena soldadas na margem inferior; androceu monadelfo ou diadelfo e

então com 9 estames soldados em bainha e o vexilar livre; ovário 3-4-

ovulado, (sub)séssil, pubescente. Fruto sâmara, suborbicular, fortemente

compressa, com núcleo seminífero central e ala marginal ampla e

papirácea, ou um fruto indesicente, inflado (não compresso), lenhoso, com

ala marginal vestigial circundando ca. ½ do fruto.

Pterocarpus é um gênero tropical, ocorrendo nas Américas, África e Ásia


tropical. Rojo (1972) reconheceu 20 espécies para o gênero mas Lewis
(1987) considerou 25-30 espécies uma estimativa mais realista para o
número de espécies neste gênero. A maioria das espécies de Pterocarpus
ocorrem em áreas com clima marcadamente sazonal.

Este gênero apresenta muitas semelhanças morfológicas com Platymiscium,


Centrolobium e Geoffroea, todos possuindo folhas imparipinadas e flores

615
amarelas. Pterocarpus pode ser diferenciado destes gêneros por não possuir
pontuações glandulares alaranjadas (presentes em Centrolobium), espinhos
e fruto drupa (presentes em Geoffroea), folhas opostas e sâmaras oblongas
(presentes em Platymiscium). Além disso, as espécies de Pterocarpus
apresentam, quando secas, padrões de coloração acastanhada nas folhas que
representam depósitos de tanino (G. P. Lewis, com. pess.).

Pterocarpus foi taxonomicamente revisado por Rojo (1972), que adotou


um conceito muito amplo para algumas espécies, com destaque para P.
rohri Vahl, à qual esse autor sinonimizou várias espécies neotropicais,
incluindo P. villosus e P. zehntneri. Como já assinalado por Lewis (1987),
este conceito de Rojo parece insatisfatório e a taxonomia do gênero no
Brasil demanda um cuidadoso estudo. O mesmo pode ser afirmado para o
estado atual da taxonomia das espécies de caatinga. Neste caso, cuidadosos
estudos de campo seriam decisivos para estabelecer limites mais naturais
entre as espécies pois, um dos principais problemas neste grupo é fenologia
de suas espécies, que geralmente florescem quando as folhas estão ainda
em expansão e apresentam folhas adultas quando em frutificação. Assim,
às vezes é difícil identificar espécimes com flores ou com frutos.

As três espécies reconhecidas neste trabalho para a caatinga foram colocadas


em dois grupos bastante distintos. P. violaceus var. angustifolius Benth.
(uma outra espécie tratada como sinônimo de P. rohri por Rojo, 1972) não
foi incluída neste trabalho. Ela é conhecida apenas pela coleta do tipo, de
procedência duvidosa (Blanchet 3785, BR) e por uma outra coleta da região
de Caetité (Zehntner s. n. mis Luetzelburg 4068, M), área com vegetação
predominantemente de cerrado.

Chave para as espécies de Pterocarpus da caatinga

616
1. Folhas simples, glabras ou glabrescentes, subsésseis (pecíolo < 2 mm
compr.); fruto inflado (não compresso) com ala vestigial P. monophyllus

1. Folhas imparipinadas, pecioladas (pecíolo > 10 mm compr.); folíolos


pubescentes; fruto compresso, com ala ampla e marginal

2. Brácteas com ca. 2 mm compr., com até a metade do comprimento


do pedicelo; bractéolas com até 2,5 mm compr., mais curtas do
que o cálice, inseridas a ca. 1 mm da base do cálice; folíolos 3 a
5..........................................................................................P. villosus

2. Brácteas 2,5-10 mm compr., com comprimento igual ou


maior do que o pedicelo; bractéolas 4,5-8 mm, mais longas
do que o cálice e inseridas exatamente abaixo do cálice;
folíolos 5 a 7.................................................................... P. zehntneri

Pterocarpus monophyllus Klitgaard, L.P.Queiroz & G.P.Lewis, Kew Bull.


55: 989. 2000.

Arbusto ou arvoreta, 1,5-4 m alt.; tronco tortuoso, casca lisa, cinza-escura;

caule profusamente ramificado, ramos novos geralmente surgindo de

braquiblastos laterais com as folhas e inflorescências congestas no ápice.


Folhas simples, subsésseis; pecíolo 1,5-2 mm compr.; lâmina coriácea,

16-52 x 9-29 mm, ca. 1,3-1,7x mais longa do que larga, elíptica a oval,

ápice emarginado, base arredondada, obtusa ou ligeiramente cordada,

face adaxial glabra, face abaxial glabrescente, tricomas finos, adpressos

e esparsos, nervuras primária e secundárias salientes e as terciárias

reticuladas nas duas faces. Inflorescência um fascículo subumbeliforme

no ápice dos braquiblastos, curto, ca. 0,7-1 cm compr.; pedicelo ca. 3 mm

compr.; bractéolas filiformes ca. 2 x 0,3 mm. Flores ca. 12 mm compr.;

cálice 6-7 mm compr., tubo cilíndrico, externamente pubérulo, lacínias 5,

617
deltóides com margem tomentosa, tricomas brancos; pétalas amarelas ou

brancas com base amarelada a rósea; estandarte suborbicular, ca. 15 x 17

mm + 3 mm compr. do ungüículo; androceu monadelfo, o estame vexilar

livre até quase a base; ovário densamente pubescente. Fruto 2,6-3,5 x 2,6-

3,2 x 1,1-1,6 cm, indeiscente, lenhoso, suborbicular, inflado, estreitamente

alado ao longo de metade de sua circunferência, ala ca. 3 mm larg.

Pterocarpus monophyllus é uma espécie endêmica restrita às dunas


interiores do baixo-médio São Francisco, conhecida apenas de uma pequena
área entre Ibiraba (município de Barra) e Pilão Arcado, estado da Bahia
(Klitgaard et al. 2000). Floração: viii-x. Frutificação: ii-iv.

Esta é uma espécie morfologicamente isolada dentro do gênero Pterocarpus,


facilmente diagnosticada pelas suas folhas simples e quase sésseis e pelo
fruto inflado (não compresso) e com apenas uma pequena ala vestigial em
uma das margens.

Nome vernacular: capote.

Material selecionado: Bahia: s.l. (entre Lagoa do Padre e Brejo do Sal), A. C. Sarmento

606/80 (ALCB, HRB, RB); Barra: L. P. Queiroz 4825 (tipo de P. monophyllus; holótipo:

HUEFS; isótipo: K).

Pterocarpus villosus (Mart. ex Benth.) Benth., Journ. Proc. Linn. Soc. Suppl.
4 Bot.: 79. 1860.
Amphymenium villosum Mart. ex Benth., Comm. leg. gener.: 31. 1837.
Pterocarpus ternatus Rizzini, Leandra 3-4 (4-5): 14. 1974, non Poiret, Encycl.
(Lamarck) v. 5: 727. 1804, syn. nov.

Arvoreta 4-5 m alt.; ramos jovens formando-se principalmente a partir de

ramos laterais robustos e curtos, as folhas e as inflorescências geralmente

congestas no ápice destes ramos; ramos muito jovens, eixo foliar e eixos

618
da inflorescência densamente pubérulos, tricomas amarelados. Folha

imparipinada; pecíolo 15-20 mm compr.; raque 0,4-3 cm compr.; segmentos

interpinais quando presentes 10-14 mm; folíolos 3-5, papiráceos,

(sub)opostos a alternos, o terminal maior, 30-55 x 22-28 mm, ca. 1,3-2x mais

longos do que largos, largamente ovais a, raramente, lanceolados, ápice

obtuso, agudo a acuminado, base arredondada a truncada, pilosos nas

duas faces ou apenas na abaxial, nervura principal, 8-9 pares de nervuras

secundárias e nervuras terciárias reticuladas e salientes em ambas as

faces. Racemos isolados, axilares, 2,5-3,8 cm compr.; brácteas linear-

lanceoladas, ca. 2 x 0,5 mm, caducas; pedicelo ca. 6 mm compr; bractéolas

setiformes, 2-2,5 x 0,3 mm, inseridas no pedicelo a ca. 1 mm da base do

cálice. Flores ca. 9-10 mm compr.; cálice 4-5 mm compr., tubo cilíndrico-

campanulado, externamente puberulento; pétalas amarelo-alaranjadas;

estandarte com base cor de vinho intensa, suborbicular, 6-8 x 8-12 mm +

3 mm compr. do ungüículo. Sâmara suborbicular, fortemente compressa,

4,3-6,1 cm diâm., quando madura marrom, densa ou esparsamente

pubescente, tricomas ferrugíneos; núcleo seminífero central, reticulado,

1,5-1,9 cm diâm.; ala marginal papirácea, 1,6-2 cm larg.

Espécie conhecida por poucas coletas. É provavelmente endêmica da


caatinga da Bahia, na região centro-sul e no nordeste do estado mas em
condições semelhantes, crescendo em solo arenoso, freqüentemente entre
pedras, de 400 a 600 m alt. Floração: xi-xii (v). Frutificação: iv.

No conceito aqui adotado, P. villosus pode ser diferenciada de P. zenhtneri


pelas brácteas e bractéolas relativamente curtas (mais curtas do que o
cálice), as bractéolas inseridas no pedicelo a ca. 1 mm abaixo da base do
cálice. Alguns indivíduos apresentam folhas exatamente trifolioladas e
predominantemente ovais, correspondendo ao que Rizzini (1974) descreveu
como P. ternatus. Analisando uma amostragem maior, pode-se verificar
que há muita plasticidade no número e forma dos folíolos, razão pela qual

619
P. ternatus foi considerada como co-específica com P. villosus.

Alguns espécimes (e.g., Harley 27138) têm ramos fistulosos, muitas vezes
associados com a presença de formigas, um caráter obervado em outras
espécies de Pterocarpus (G. P. Lewis, com. pess.) e Platymiscium (Klitgaard
1999). Seria importante estar atento para observar este caráter ao se coletar
espécimes de Pterocarpus pois o mesmo poderá provar ser de importância
taxonômica.

Nome vernacular: pau-sangue.

Material examinado: Bahia: s. l. (entre Queimadas e Juazeiro), K. F. Ph. von Martius s. n.

(tipo de Amphymenium villosum; holótipo: M, foto K); Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley

et al. 21569 (CEPEC, K); Livramento do Brumado, R. M. Harley et al. 27138 (CEPEC,

K); Maracás, G. Hatschbach & F. J. Zelma 50066 (K, MBM); Mirangaba, R. M. Harley &

N. Taylor 27031 (CEPEC, K); Mirangaba, D. A. Lima 73-138 (tipo de P. ternatus; holótipo:

RB, isótipo: IPA).

Pterocarpus zehntneri Harms, Repert. sp. nov. 17: 443. 1921.

Árvore 4-12 m alt.; tronco com até 30 cm DAP, casca lisa, cinza-

amarronzada; ramos com internós expandidos de modo que as folhas


geralmente não se mostram congestas no ápice dos ramos; ramos

jovens, eixo foliar e eixos da inflorescência densamente pubérulos,

tricomas esbranquiçados. Folha imparipinada; pecíolo 18-25 mm compr.;

raque (1-) 2,1-2,7 cm compr.; segmentos interpinais 13-17 mm; folíolos

5-7 (raramente com algumas folhas 3-folioladas próximas à região das

inflorescências), papiráceos, alternos a subopostos, o terminal maior,

45-60 (-98) x 26-28 (-47) mm, ca. (1,6-)2x mais longos do que largos,

elíptico-oblongos, raramente largo-ovais, ápice acuminado a obtuso, base

arredondada a ligeiramente cordada, pilosos nas duas faces ou apenas na

620
Figura 36 – A: Platymiscium floribundum var. obtusifolium (1 - hábito; 2 - flor; 3 - cálice; 4 - estandarte; 5 - ala; 6
- pétala da carena; 7 - androceu; 8 - pistilo; 9 - fruto); B: Pterocarpus villosus (1 - hábito; 2 - fruto); C: Platypodium
elegans (1 - hábito; flor; 3 - cálice; 4 - androceu; 5 - pistilo; 6 - fruto).

abaxial; nervura principal, 8-10 pares de nervuras secundárias e nervuras

terciárias reticuladas e salientes em ambas as faces. Racemos isolados,

axilares, 2,5-6 (-10) cm compr.; brácteas linear-lanceoladas, mais longas

do que o pedicelo, 5-7 x 1-1,2 mm; pedicelo ca. 3-5 mm compr; bractéolas

621
setiformes, 4,5-8 x 0,5 mm, mais longas ou do mesmo comprimento do

cálice, inseridas imediatamente abaixo do cálice. Flores ca. 9-10 mm

compr., fortemente perfumadas; cálice 4-5 mm compr., tubo cilíndrico-

campanulado, externamente puberulento; pétalas amarelo-alaranjadas;

estandarte com base cor de vinho intensa, suborbicular, 6 x 7-8 mm + 3

mm compr. do ungüículo. Sâmara suborbicular, fortemente compressa, 4-

5 cm diâm., quando madura marrom, esparsamente pubescente, tricomas

ferrugíneos; núcleo seminífero central, reticulado, ca. 1,7 cm diâm.; ala

marginal papirácea, 1,2-1,6 cm larg.

Pterocarpus zehntneri é conhecida apenas de caatinga e áreas de transição


caatinga-cerrado no Piauí, Ceará e na Bahia. Não foi possível definir com
precisão a distribuição desta espécie na Bahia pois as únicas coletas feitas na
Bahia são as de Zehntner, citadas no protólogo (ver material examinado).
No entanto Zehntner (in sched.) indica que os espécimes por ele coletados
são procedentes do oeste da Bahia e, comparando com outras coletas
suas é possível supor que elas tenham sido feitas no noroeste da Bahia,
entre Campo Alegre de Lurdes e Formosa do Rio Preto. Floração: xi-i.
Frutificação: iv.

Esta espécie é obviamente muito afim a P. villosus. No entanto, apresenta


brácteas e bractéolas mais longas, as brácteas igualando ou superando o
comprimento do pedicelo e as bractéolas o do cálice (Harms 1921b). Se a
inferência feita sobre a procedência das coletas de Zehntner estiver correta,
este caráter também terá uma base geográfica, com o morfo de brácteas e
bractéolas longas (= P. zehntneri) distribuído no noroeste da Bahia e Piauí,
a oeste do rio São Francisco, e o morfo com brácteas e bractéolas mais
curtas no centro-sul da Bahia, a leste do rio São Francisco.

Nomes vernaculares: pau-de-sangue (Bahia), sucupira-branca, figo-de-


galinha (Piauí).

622
Material selecionado: Bahia: s. l. (“Pedreiras, WestBahia”), L. Zehntner 3071 (lectótipo de

P. zehntneri: M, foto K); s. l. (“Lagoa dos Patos, WestBahia”), L. Zehntner 4094 (síntipo

de P. zehntneri: M, foto K). Ceará: Jaburuna, F. S. de Araújo s. n. 28.viii.1992 (K). Piauí:

Parnaguá, F. S. de Andrade & M. M. Santos 7 (HRB, K); Parque Nacional de 7 Cidades,

A. M. de Carvalho & S. J. Mayo 510 (CEPEC, K); Piripiri, A. Krapovickas & C. L. Cristóbal

37205 (K); Teresina, W. W. Thomas et al. 9613 (CEPEC, K); Valença do Piauí, G. P. Lewis

et al. 1348 (K).

Geoffroea Jacq.
Gênero sul-americano com 2 espécies, ambas ocorrendo em florestas secas
(Ireland & Pennington 1999).

Geoffroea pode ser diferenciado dos demais gêneros de caatinga pela


presença de espinhos, folhas imparipinadas, folíolos com muitas nervuras
secundárias (18 a 20 pares) , pétalas amarelas e fruto drupa. Fruto drupa
pode ser também encontrado, em plantas da caatinga, no gênero Andira.
No entanto, Andira possui inflorescências em panículas piramidais (vs.
racemos) e flores com pétalas roxas a violáceas (vs. amarelas).

Geoffroea spinosa Jacq., Enum. Syst. Pl.: 28. 1760.


Robinia striata Willd., Sp. Pl. 3(2): 1132. 1803.
Geoffroya superba Humb. & Bonpl., Pl. Æquinoct. 2: 69. 1809.
Geoffraea striata (Willd.) Morong., Ann. New York Acad. Sci. 7: 87. 1892.

Árvore 7-15 m alt., copada; tronco 15-30 cm DAP, casca estriada, cinza-

clara, produzindo exsudado avermelhado quando cortada; espinhos

freqüentemente presentes na axila das folhas ou no ápice dos ramos, às

vezes também no tronco; ramos jovens pubérulos. Folhas imparipinadas,

espiraladas; pecíolo 10-15 mm compr.; raque 6-7 cm; segmentos

623
interfoliolares 7-8 mm; folíolos 15-19, subopostos, papiráceos, acrescentes

distalmente mas o terminal menor, 15-16 x 6-7 mm, os medianos 20-24 x

10 mm, ca. 1,8-2x mais longos do que largos, obovais, ápice arredondado,

base obtusa, puberulentos nas duas faces, nervuras secundárias 18-20

pares, paralelas entre si. Racemos isolados ou 2-3-fasciculados, axilares

ou crescendo de braquiblastos curtos, 9,5-14 cm compr.; pedicelo 4-5 mm

compr. Flores não bracteoladas, ca. 10 mm compr.; cálice 5-6 mm compr.,

com tubo cilíndrico, extrenamente puberulento, 5-denteado, dentes

muito mais curtos do que o tubo; corola papilionóide, pétalas amarelas;

estandarte suborbicular, ca. 7 x 6 mm + 3 mm compr. do ungüículo, alas e

pétalas da carena oblongas; androceu diadelfo com 9 estames soldados

em bainha até ca. ½ do seu comprimento e estame vexilar livre; ovário 1-

3-ovulado. Fruto drupa elipsóide, ca. 3 cm compr. x 2 cm diâm., epicarpo

com indumento densa e curtamente pubérulo, mesocarpo ± carnoso e

endocarpo pétreo. Semente 1, vermelho-escura.

Esta espécie possui uma distribuição ampla e descontínua na América do


Sul, associada a florestas secas no nordeste do Brasil, região noroeste do
Chaco (Bolívia a norte da Argentina incluindo o sul do Mato Grosso do
Sul), Equador e norte do Peru, ilhas Galápagos e norte da América do
Sul (Venezuela, Colômbia e ilhas adjacentes; Ireland & Pennington 1999).
Na caatinga, G. spinosa ocorre com mais freqüência como uma planta
dominante em matas ciliares à beira de rios. Floração: xi-ii. Frutificação: ?

Os frutos são comestíveis, como sugere seu nome vernacular, também


usado para algumas espécies do gênero Arachis. Gardner (1846) relata
que seus frutos se constituíram no principal alimento de uma ilha no rio
São Francisco quando a mesma foi inundada e eles ficaram impedidos de
pescar.

Nomes vernaculares: mari, marizeiro.

624
Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa; Curaçá, Interaminense s.n. (IPA);

Ibiraba, L. P. Queiroz 4836 (HUEFS). Ceará: Pacatuba, F. Drouet 2718 (NY); Quixadá, A.

Ducke 2158 (RB). Pernambuco: s.l., G. Gardner 964 (K); Passira, M. V. B. M. A. Carvalho

62 (Hst, HUEFS); Petrolina, R. Fotius 3598 (IPA).

Stylosanthes Sw.

Ervas ou subarbustos eretos a, mais raramente, prostrados, inermes, às

vezes anuais. Estípulas adnadas ao pecíolo. Folhas alternas, espiraladas,

3-folioladas, não estípiteladas; folíolos com padrões reticulados no mesofilo

derivados da presença de taninos, base simétrica. Inflorescências

espigas terminais, às vezes contraídoas em glomérulos capituliformaes,

brácteas evidentemente folhas reduzidas, com base semelhantes ao apr

de estípulas conadas e terminando em um folíolo; bractéolas presentes.

Flores sésseis; hipanto muito alongado, tubuloso, simulando um pedicelo;

cálice campanulado, 4-laciniado, lacínias deltóides, mais curtas do que

o tubo; corola papilionóide; pétalas amarelas, glabras, estandarte com

base vinácea a vermelha, alas e carena aproximadamente do mesmo

comprimento; estames 10, monadelfos, conados em tubo fechado, 5

estames férteis com anteras oblongas alternando com 5 estaminódios

com anteras globosas; disco intraestaminal ausente; ovário 2-3-ovulado,

séssil. Fruto lomento, 2-articulado, artículo basal estéril, atrofiado, artículo

distal glabro ou pubescente, com ou sem pontuações glandulares, com

resquício do estilete formando um rostro recurvado em gancho (180°) ou


espiralado (ca. 360°).

Stylosanthes é um gênero pantropical com 25-30 espécies descritas


(Mohlenbrock 1957, Ferreira & Costa 1979). Este número é certamente
subestimado e a busca por caracteres taxonômicos mais estáveis deve
resultar em aumento significativo do número de espécies.

625
O gênero pode ser diagnosticado pela combinação do hábito herbáceo
com as folhas trifolioladas, inflorescências congestas com flores pequenas e
amarelas e frutos lomento com rostro formado pelo resquíscio do estilete.
A taxonomia de Stylosanthes baseia-se em caracteres crípticos, sendo
necessária uma atenção especial detalhes do fruto para reconhecimento de
suas espécies.

Seis espécies foram confirmadas neste trabalho como ocorrendo na caatinga


e são tratadas a seguir. Outras espécies referidas na literatura para a caatinga
não foram incluídas neste trabalho: S. bahiensis ‘t Mannetje & G. P. Lewis
foi coletada apenas na serra de Santo Inácio, em área de campo rupestre. S.
guianensis (Aubl.) Sw., uma espécie de ampla distribuição na América do
Sul, muito coletada no semi-árido mas no alto das serras, em vegetação de
cerrado e campos rupestres. Outra espécie referida para a caatinga mas não
tratada aqui é S. macrocephala M. B. Ferreira & Sousa Costa, uma espécie
muito afim a S. capitata, com a qual apresenta muitas intergradações (ver
discussão de S. capitata).

Chave para identificação das espécies de Stylosanthes da caatinga:

1. Inflorescência espiga alongada de contorno linear, muito mais longa


do que larga; folíolos lineares, até 2 mm larg.................... S. angustifolia

1. Inflorescênia glomérulo ou espiga com contorno oblongo a orbicular;


folíolos elípticos a oblongos

2. Inflorescência capituliforme, 2-2,5 cm larg.; brácteas amplas,


papiráceas, as externas com pelo menos 8 mm larg.; artículo
superior do lomento glabro................................................S. capitata

2. Inflorescência espiga curta ou glomérulo com até 0,8 cm larg.;


brácteas 3-8 mm larg.; artículo superior do lomento pubescente

626
pelo menos nas margens

3. Inflorescência pedunculada; rostro do lomento ca. 6 mm


compr., mais longo do que o artículo distal.................... S. humilis

3. Inflorescência séssil, freqüentemente obscurecida pelas folhas


distais; rostro do lomento até 2 mm compr., mais curto do que
o artículo distal

4. Rostro do lomento até 1 mm compr., espiraladamente


torcido; ramos revestidos por tricomas glandulosos; folíolos
sem tricomas setosos rígidos...................................... S. viscosa

4. Rostro do lomento 1-2 mm compr., recurvado em gancho;


ramos não viscosos; folíolos com setosos rígidos presentes

5. Folíolos elípticos a obovais, pubescentes, nervuras não


salientes na face abaxial.......................................... S. scabra

5. Folíolos estreitamente elípticos, glabros, nervuras


primária e secundárias salientes na face abaxial.. S. seabrana

Stylosanthes angustifolia Vogel, Linnaea 12: 63. 1838.

Erva ereta, pouco ramificada, 10-40cm alt., caule glabrescente ou hirsuto.

Estípulas 5-10 x 2 mm, lineares a lanceoladas. Pecíolo 4-15 mm compr.;

raque ca. 2 mm compr.; folíolos lineares, ápice acuminado, o terminal

12-25 x 1-2 mm, cartáceos, glabros ou glabrescentes nas duas faces,

nervuras secundárias 1-2 pares. Espigas alongadas, cilíndricas, 1-2 x

0,2 cm, pedúnculo 10-35 mm compr., brácteas 7-9 mm compr.; bractéolas

1, ca. 5mm. Flores 4-6 mm compr.; cálice externamente hirsuto, tubo

campanulado ca. 2mm compr.; estandarte reniforme ou cordiforme, ca. 4

x 4 mm, base bicalosa, não auriculada; alas e carena ca. 2-3 mm compr.;

627
ovário pubérulo, estilete ca. 2 mm compr. Lomento com artículo terminal

hirsuto, sem pontuações glandulares; rostro 4-6 mm compr., mais longo do

que o artículo, recurvado em gancho. Sementes ca. 3 x 1 mm, hilo curto,

arredondado.

Stylosanthes angustifolia é conhecida do norte da América do Sul (Guianas


e Venezuela) e tem uma distribuição ± contínua até a Bahia, passando por
Roraima, Pará, Maranhão e Piauí. Na caatinga, ocorre sobre solo arenoso,
de 120 a 450 m alt. Floração e frutificação: iii-xi.

Esta espécie pode ser diagnosticada pelos folíolos muito finos, até 2 mm
larg., espigas alongadas, e frutos com rostro significativamente mais longo
do que o artículo distal.

Material selecionado: Bahia: Feira de Santana, L. P. Queiroz et al 4457 (HUEFS); Lagoa

Itaparica, R. M. Harley et al. 19116 (CEPEC, K); Pilão Arcado, L. P. Queiroz et al. 6620

(HUEFS); Remanso, T.S Nunes et al. 465 (HUEFS). Ceará: Crateús, F. S. Araújo et al.

1512 (EAC, HUEFS); Piauí: Campo Maior, M. S. B. Nascimento 123 (Cpmn, HUEFS);

Castelo do Piauí, J. M. Costa et al 184 (HUEFS, TEPB); Irati, M. S. B. Nascimento 205

(Cpmn, HUEFS, K); Nazaré do Piauí, C. A. Miranda 433 (HRB, HUEFS); Oeiras, L. P.

Queiroz et al. 10144 (HUEFS); São Sebastião, M. S. B. Nascimento et al. 162 (Cpmn,

HUEFS). Rio Grande do Norte: Mossoró, G. P. Silva et al. 2474 (CEN, HUEFS, K).

Stylosanthes capitata Vogel, Linnaea 12: 68. 1838.

Subarbusto ereto até 1m alt., ramificado na base; caule hirsuto a


escabro, tricomas com base vinácea e ápice dourado. Estípulas 11-30

x 4-8 mm. Pecíolo 1-3 mm compr.; folíolos cartáceos, o terminal 15-50 x

4-10 mm, oblongos a elípticos, ápice agudo, nervuras laterais 8-11 pares,

camptódromas, paralelas entre si, salientes e discolores na face abaxial.

Glomérulos globosos, capituliformes, 2-3,5 x 2-2,5 cm, pedúnculo 3-4,5

628
cm compr.; brácteas obovais, 8-20 mm compr., brancas a verde-claras,

translúcidas, às vezes com manchas purpúreas. Flores 8-10 mm compr.,

hipanto ca. 4mm compr.; cálice ca. 5 mm compr., glabrescente, lacínias

2-3 x 1 mm; estandarte reniforme a orbicular, 5-6 x 3-5 mm, glabrescente,

base não auriculada; alas e pétalas da carena oblongas, 3-5 x 2 mm;

ovário hirsuto. Lomento com artículo terminal ca. 3,5 x 2,5 mm, glabro,

reticulado, sem pontuações glandulares; rostro mais curto ou tão longo

quanto o artículo distal, recurvado em gancho. Sementes ca. 2,5 x 1,5

mm, reniforme marrom-escura; hilo circular.

Stylosanthes capitata é registrada para a América Central (Nicarágua),


norte da América do Sul (Venezuela) e Brasil Central, estendendo-se até
a Bolívia e Paraguai. No bioma caatinga ocorre principalmente em áreas
antropizadas, de 150 a 800 m alt., geralmente sobre solo arenoso. Floração
e frutificação: (xi-) ii-vi.

Pode ser reconhecida pela inflorescência densa, capituliforme, com grandes


brácteas papiráceas, as mais externas com pelo menos 8 mm larg. Além
disso apresenta folíolos mais largos do que as demais espécies, com nervuras
laterais em maior número (5-7 pares) e fortemente paralelas entre si. Difícil
de separar de S. macrocephala M. B. Ferreira & Sousa-Costa. Esta espécie
é diferenciada de S. capitata pelas inflorescências menos compactas com
brácteas freqüentemente púrpuras e folíolos mais estreitos. No material
analisado, coletado na caatinga, notamos muitas gradações entre esses
caracteres e preferimos não incluir S. macrocephala no presente trabalho.
No entanto, é possível que alguns espécimes citados abaixo pertençam a
esta espécie.

Material selecionado: Bahia: Campo Alegre de Lurdes, L. P. Queiroz et al. 6188 (HUEFS);

Feira de Santana, L. P. Queiroz 2865 (HUEFS, K); Formosa do Rio Preto, L. Coradin et al.

5777 (CEN, K); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz et al. 7647 (HUEFS); Senhor do Bonfim,

629
L. Coradin et al. 6024 (K); Umburanas, L. P. Queiroz 5251 (HUEFS). Ceará. Aiuaba, E. O.

Barros et al. 99 (EAC, HUEFS, K). Pernambuco: Santa Filomena, G. P. Silva & M. Way

3104 (CEN, HUEFS, K). Piauí: Bom Jesus, L. Coradin et al. 5868 (CEN, K); Cristiano

Castro, L. Coradin et al. 5909 (CEN, K); Irati, M. S. B. Nascimento 202 (Cpmn, HUEFS,

K); Palmas, M. S. B. Nascimento 428 (Cpmn, HUEFS); Piracuruca, A. Carvalho et al. 148

(HUEFS, TEPB).

Stylosanthes humilis Kunth, Nov. Gen. Sp. 6: 506. 1823.

Erva ou subarbusto ereto, profusamente ramificado, 7-63 cm alt.; ramos

pilosos. Estípulas 3-7 x 2-3 mm, cobertas por longas cerdas. Pecíolo

3-5 mm compr.; folíolos cartáceos, oblongos a estreitamente elípticos, o

terminal 6-28 x 2-4 mm, ápice acuminado, glabrescentes exceto por cerdas

esparsas, nervuras secundárias 1-3 pares. Espigas curtas, axilares ou

terminais, ca. 0,7-1,5 x 0,7-0,8 cm, pedúnculo 2-5 mm compr.; brácteas

3-8 mm compr. Flores ca. 6 mm compr., hipanto ca. 2 mm compr.; cálice

campanulado, glabro; estandarte reniforme 4 x 3 mm, base não auriculada,

bicalosa; alas e pétalas da carena ca. 3 x 1 mm. Lomento com artículo

terminal ca. 4 x 2 mm, pubescente, margens hirsutas, sem pontuações

glandulares; rostro ca. 6 mm compr., recurvado em gancho, evidentemente

mais longo do que o artículo terminal. Sementes ca. 2 x 1 mm, hilo circular,

diminuto.

Espécie amplamente distribuída no Neotrópico, ocorrendo do sudeste do


México até o leste do Brasil, hoje introduzida e naturalizada na África,
Asutrália e ilhas do Pacífico. No bioma caatinga, ocorre como uma planta
anual e invasora em ambientes antropizados entre 200 e 300 m alt. Floração
e frutificação: iv-viii.

Stylosanthes humilis pode ser diagnosticada pelo hábito ereto e ramificado


e fruto com rostro evidentemente mais longo do que o artículo distal. Os

630
caracteres do fruto a aproximam de S. angustifolia da qual se diferencia pela
espiga mais curtas, folíolos mais largos e pela ramificação mais intensa.

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21489 (CEPEC, K).

Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1512 (EAC, HUEFS). Pernambuco: Gravatá, A. M. Miranda

2391 (Hst, HUEFS). Piauí: Irati, M. S. B. Nascimento 207 (Cpmn, HUEFS); Palmas, M.
S. B. Nascimento & J. H. Carvalho 464 (Cpmn, HUEFS, K). Rio Grande do Norte: Luis

Gomes, G. P. Silva et al. 2468 (CEN, HUEFS, K).

Stylosanthes scabra Vogel, Linnaea 12: 69. 1838.

Subarbusto ereto, ramificado, 60-110 cm alt.; ramos pilosos e escabros,

tricomas setosos rígidos de base larga ca. 1 mm compr. Estípulas 8-

10 x 4-5 mm. Pecíolo 7-14 mm compr.; folíolos cartáceos a coriáceos,

elípticos a obovais, o terminal 16-21 x 5-7 mm, ápice acuminado, face

adaxial glabrescente, face abaxial pubescente com tricomas setosos

de base larga sobre a nervura principal, nervuras secundárias ca. 5

pares, inconspícuas. Espigas curtas, capitadas, terminais e axilares,

freqüentemente obscurecidas pela folhagem, ca. 1,2-1,5 x 0,5-0,7 cm,

sésseis; brácteas 3-8 mm compr. Flores 4-5 mm compr., hipanto ca. 2


mm compr.; cálice campanulado, glabro; estandarte suborbicular 3 x 3

mm, base não auriculada, bicalosa; alas e pétalas da carena ca. 3 x 1

mm. Lomento com artículo terminal ca. 3 x 2 mm, pubescente, margens

hirsutas, sem pontuações glandulares; rostro ca. 2 mm compr., recurvado

em gancho, mais curto do que o artículo terminal. Sementes ca. 2 x 1 mm,

hilo circular, diminuto.

Espécie sul-americana, conhecida da Venezuela, Peru, Equador, Bolívia,


Paraguai, Argentina e Brasil, principalmente em ambientes campestres. No
bioma caatinga ocorre em áreas mais abertas sobre solos arenosos de 220-

631
380 m alt. Floração e frutificação concomitantes: iii-x.

Stylosanthes scabra pode ser diferenciada das demais espécies de caatinga


pela combinação do hábito subarbustivo, ereto e ramificado com as
inflorescências sésseis e lomento com artículo superior pubescente e
rostro recurvado em gancho quase tão longo quanto o artículo terminal.
As diferenças em relação a S. seabrana estão referidas na discussão desta
espécie.

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21489a (K); Boninal,

L. Coradin et al. 4351 (CEN, HUEFS, K); Feira de Santana, A. Oliveira et al. 18 HUEFS);

Iaçu, L. R. Noblick 3641 (HUEFS); Ipirá, B. C. Bastos 452 (BAH, HUEFS); Irecê, B. C.

Bastos 75 (BAH, K); Jequié, G. P. Lewis et al. 983 (CEPEC, K), Macajuba, L. P. Queiroz

et al. 9230 (HUEFS); Santa Terezinha, L. P. Queiroz & T. S. N. Sena 3108 (HUEFS, K);

Senhor do Bonfim, L. Coradin et al. 6024a (CEN, K); Tucano, D. Cardoso 83 (HUEFS).

Pernambuco: Buíque, A. M. Miranda et al. 1745 (Hst, HUEFS); Catimbau, Z. Travassos

216 (K).

Stylosanthes seabrana B.L.Maas & ‘t Mannetje, Novon 12: 497. 2002.

Subarbusto ereto, ramificado, ca. 60 cm alt.; ramos pilosos e escabros,


tricomas setosos rígidos de base larga. Estípulas ca. 8 x 4 mm. Pecíolo

7-9 mm compr.; folíolos cartáceos a coriáceos, estreitamente elípticos, o

terminal ca. 15 x 4 mm, ápice acuminado, face adaxial glabra, face abaxial

glabra com tricomas setosos rígidos sobre a nervura principal, nervuras

secundárias esbranquiçadas, salientes. Espigas curtas, capitadas,

terminais e axilares, freqüentemente obscurecidas pela folhagem, sésseis;

brácteas 3-5 mm compr. Flores 4-5 mm compr., hipanto ca. 2 mm compr.;

cálice campanulado, glabro; estandarte suborbicular 3 x 3 mm, base não

auriculada, bicalosa; alas e pétalas da carena ca. 3 x 1 mm. Lomento

632
com artículo terminal 3-4 x 3 mm, pubescente, margens hirsutas, sem

pontuações glandulares; rostro ca. 2,5 mm compr., recurvado em gancho,

mais curto do que o artículo terminal. Sementes não vistas.

Provavelmente endêmica da Bahia, ocorrendo principalmente em áreas


de caatinga e transição caatinga-cerrado na Chapada Diamantina e seu
entorno, e por duas coletas em Barreiras, em área de cerrado. Na caatinga,
é registrada em altitudes de 700 a 1.000 m. Floração e frutificação
concomitantes: ii-ix.

Esta espécie é muito semelhante a S. scabra. Maas & t’Mannetje (2002)


chamam a atenção para o fato de que uma espécie diplóide e é um possível
parental do alotetraplóide S. scabra com, possivelmente, S. viscosa (Liu &
Musial 1997). As principais diferenças entre essas espécies estão na forma e
indumento dos folíolos (estreitamente elípticos e glabros em S. seabrana vs.
elípticos a obovais e pubescentes na face abaxial em S. scabra), distribuição
das cerdas nos ramos (cerdas proeminentes em parte do entrenó e na
inflorescência vs. ramos e inflorescência pubescentes com cerdas ocasionais
e não proeminentes, respectivamente) e comprimento do artículo terminal
e do rostro do lomento, ambos mais longos em S. seabrana ( Jansen & Edye
1996).

Material selecionado: Bahia: Boninal, L. Coradin et al. 4351 (Parátipo: CEN, HUEFS, K);

Canudos, L. P. Queiroz et al. 7221 (HUEFS); Irecê, L. Coradin et al. 6261 (Tipo de S.

seabrana: holótipo CEN, isótipo: K); Seabra, L. Coradin et al. 1234 (CEN).

Stylosanthes viscosa (L.) Sw., Prodr. (Swartz): 108. 1788.


Hedysarum hamatum var. viscosum L., Pl. Jamaic. Pug.: 20. 1759.
Stylosanthes glutinosa Kunth, Nov. Gen. Sp. 6: 507. 1823.
Stylosanthes prostrata M.E.Jones, Contr. W. Bot. 15: 135. 1929.

633
Erva ou subarbusto prostrado, ereto ou decumbente, ramificado, 50-150

cm alt.; ramos viscosos com tricomas glandulosos eretos. Estípulas 5-7

x 3-4 mm. Pecíolo 3-7 mm compr.; folíolos cartáceos, elípticos, o terminal

8-10 x 4-5 mm, ápice obtuso, mucronado, face adaxial glabrescente,

glabrescentes a pubescentes nas duas faces, nervuras secundárias 1-3

pares, divergindo da primária na 1/2 inferior da lâmina. Espigas curtas,

capitadas, terminais e axilares, 0,7-1 x 0,5-0,7 cm, sésseis; brácteas ca.

7 mm compr. Flores 4-5 mm compr., hipanto ca. 1,5 mm compr.; cálice

campanulado, glabro; estandarte suborbicular ca. 2 x 2 mm, base não

auriculada, bicalosa; alas e pétalas da carena ca. 2 x 1 mm. Lomento com

artículo terminal ca. 2,5 x 2 mm, giboso, pubescente ou glabro mas com

nervuras pubescentes, sem pontuações glandulares; rostro ca. 0,5 mm

compr., espiralado, muito mais curto do que o artículo terminal. Sementes

ca. 1,5 x 1 mm, hilo circular, diminuto.

Espécie amplamente distribuída no Neotrópico, do sul dos Estados Unidos


e México ao norte da Argentina e Paraguai incluindo as Antilhas. No bioma
caatinga ocorre freqüentemente em solos arenosos ou sobre rochas, assim
como em habitats antropizados de 220 a 850 m alt. Floração e frutificação
concomitantes: iii-ix (-xii).

No contexto das espécies de caatinga, S. viscosa pode ser diagnosticada pelo


hábito predominantemente prostrado (mesmo quando ereto, apresenta
ramos basais prostrados) com ramos viscosos devido à presença de tricomas
glandulosos eretos. O lomento apresenta artículo distal giboso, pubescente
pelo menos nas margens e com rostro muito curto e espiralado (torcido ca.
360°).

Material selecionado: Bahia: Cafarnaum, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3426 (HUEFS,

K); Feira de Santana, L. P. Queiroz 4049 (HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick 3642 (HUEFS);

Ichu, M. M. Arbo et al. 3869 (CEPEC, K); Itatim, F. França et al. 1602 (HUEFS); Jaguarari,

634
L. Coradin net al. 5993 (CEN, K); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. Andrade

1912 (CEPEC, K); Maracás, L. P. Queiroz & V. L. F. Fraga 3286 (HUEFS, K); Morro do

Chapéu, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3434 (HUEFS); Riachão do Jacuípe, L. R.

Noblick & M. J. S. Lemos 4071 (HUEFS); Seabra, G. Hatschbach 39529 (HUEFS, MBM).

Minas Gerais: Januária, A. Salino 3288 (HUEFS). Paraíba: Remígio, P. C. A. Fevereiro

342 (K); São José dos Cordeiros, I. B. Lima et al. 47 (HUEFS, JPB). Pernambuco: Buíque,

L. Figueiredo 124 (K, PEUFR); Petrolina, L. Coradin et al. 5949 (CEN, K). Rio Grande do

Norte: Mossoró, G. P. Silva et al. 2475 (CEN, HUEFS, K). Sergipe: Itabaiana, M. Landim

et al. 1062 (HUEFS).

Arachis L.

Ervas prostradas, perenes ou anuais. Estípulas adnadas à base do

pecíolo e freqüentemente com margens conadas próximo à base, formando

um tubo. Folhas alternas, espiraladas, pinadamente 4-folioladas, não

estípiteladas; folíolos com base simétrica, não pontuados, com nervação

peninérvia e craspedódroma, com nervuras secundárias ± paralelas e

anastomosadas com uma nervura marginal. Inflorescências espigas

axilares paucifloras. Flores sésseis com hipanto muito alongado e filiforme;

cálice bilabiado, lábio superior mais largo e 4-dentado, lábio inferior falcado;

corola papilionóide; pétalas amarelas a alaranjadas, glabras; estames 10,

mondelfos, conados em tubo fechado; disco intraestaminal ausente; ovário

séssil, 2-3-ovulado. Fruto indeiscente, subterrâneo; artículos 2-3, lisos ou

reticulados, glabros ou pubescentes.

Arachis é um gênero neotropical com 69 espécies reconhecidas na


classificação mais recente (Krapovickas & Gregory 1994). São espécies
heliófilas que crescem principalmente em áreas campestres, sendo
particularmente comuns em solos arenosos è beira de rios.

635
O gênero compartilha com Stylosanthes as estípulas adnadas ao pecíolo
e o hipanto alongado e filiforme mas se diferencia com facilidade pelas
folhas tetrafolioladas (em Stylosanthes as folhas são trifolioladas). Algumas
espécies de Zornia também possuem folhas tetrafolioladas mas, neste
gênero, os folíolos têm disposição palmada e nervação broquidódroma
ou inconspícua enquanto em Arachis os folíolos tem disposição pinada e
nervação secundária saliente e craspedódroma. Diferentemente de outras
gêneros de Aeschynomenae, Arachis apresenta frutos indeiscentes não
articulados, ou seja não sâo lomentos. Além disso, os frutos são geocárpicos
pelo desenvolvimento do clavo após a polinização.

Quatro espécies ocorrem em caatinga. Nestas espécies, comumente existe


um certo dimorfismo nos ramos, com o eixo principal diferenciado dos
laterais pela presença de flores e tamanho de folhas e estípulas. Nas
descrições abaixo, quando este dimorfismo é notado, as medidas dos ramos
laterais é apresentada entre parêntesis.

Os espécimes depositados em herbários são, em geral, muito pobres e


pouco informativos em relação a uma série de estruturas, especialmente
em relação aos frutos. Por isso, as descrições apresentadas abaixo foram
complementadas pelas de Krapovickas & Gregory (1994) que se utilizaram
de coleções de plantas vivas.

O período de frutificação pode ser bem mais extenso do que o indicado


abaixo para cada espécie uma vez que os frutos geocárpicos podem não ser
percebidos pelos coletores.

Chave para identificação das espécies de Arachis da caatinga:

1. Folíolos com tricomas longos, hirsutos e esparsos na face adaxial;


estandarte branco a creme-alaranjado com linhas avermelhadas

636
apenas na face externa.......................................................... A. sylvestris

1. Folíolos com face adaxial glabra ou pubescente mas sem tricomas


hirsutos; estandarte amarelo a alaranjado com linhas avermelhadas
em ambas as faces

2. Canal do pecíolo e da raque contínuos............................... A. dardani


2. Canal do pecíolo e da raque interrompido por um tabique ou por
um tufo de pêlos

3. Flores dimórficas, casmógamas e cleistógamas; frutos com


dois artículos; cálice ca. 6 mm compr.; alas amarelas com ápice
alaranjado....................................................................... A. pusilla

3. Apenas flores casmógamas presentes; frutos com três artículos;


cálice 4-5 mm compr.; alas concolores, amarelas..... A. triseminata

Arachis dardani Krapovickas & W.C.Gregory, Bonplandia 8: 76. 1994.

Erva anual; ramos dimórficos, eixo central ereto ca. 15 cm alt., ramos

laterais prostrados, quando jovens angulosos; indumento de tricomas

eretos, densos, ca. 1,5 mm compr., nos ramos jovens, estípulas, pecíolo
e margem dos folíolos. Estípulas com porção soldada de 10 (5-6) mm,

porção livre 15-20 (10-13) mm, linear, acuminada. Folhas com pecíolo

e raque canaliculados, canal contínuo; pecíolo 3-4,2 (1,5-2,1) cm; raque

1-1,2 (0,8) cm; folíolos ligeiramente acrescentes, o par distal 3-3,6 (2-2,5)

x 1,8-2,2 (1,5-1,9) cm, ca. 1,6x mais longos do que largos, largamente

obovados, ápice obtuso, base obtusa, margem ciliada, face adaxial glabra,

face abaxial pubérula, com tricomas curtos e adpressos, às vezes com

tricomas longos e eretos muito esparsos; nervuras secundárias 10-12 pares.

Espigas curtas, 3-4-floras, presentes apenas nos ramos laterais. Flores

637
cleistógamas presentes; flores casmógamas: hipanto 2-7 cm compr.;

cálice com tricomas hirsutos esparsos, lábio superior 4-5 mm compr., lábio

inferior 4-4,5 mm compr.; estandarte alaranjado, com linhas vermelhas em

ambas as faces, suborbicular, 7-9 x 8-10 mm; alas concolores, amarelas.

Fruto 2-articulado, clavo 10-14(-30) cm, istmo entre artículos 6-9 cm;

artículos 10-13 x 6-7 mm, velutinos quando jovens, depois reticulados.

Arachis dardani é uma espécie restrita à região Nordeste onde ocorre


em caatinga e em brejos com carnaúba, especialmente na sua porção
setentrional (Piauí a Sergipe e noroeste da Bahia). Krapovickas & Gregory
(1994) citam um espécime do Pará (Ilha do Marajó) mas levantam dúvidas
quanto à sua identidade. Floração: ii-iv. Frutificação: iv.

Arachis dardani pode ser diferenciada das demais espécies de caatinga pelo
canal contínuo entre o pecíolo e a raque. Compartilha com A. pusilla o
estandarte com linhas vermelhas em ambas as faces e os folíolos glabros
na face adaxial, diferenciando-se pela ausência de setas na face abaxial dos
folíolos e de flores no eixo central.

Nomes vernaculares: amendoim-de-carcará (Ceará), amendoim-bravo


(Rio Grande do Norte)

Material selecionado: Alagoas: Porto Real do Colégio, Deslandes 69 (SP). Bahia:

Riachão das Neves, J. F. M. Valls et al. 7062 (CEN). Ceará: Aiuaba, L. W. Lima-Verde et

al. 647 (EAC, HUEFS); Baturité, A. Ducke 1970 (RB); Campos Sales, B. Pickersgill et al.

RU 72-186 (CEN); Jucás, B. Pickersgill et al. RU 72-259 (CEN, K); Senador Pompeu, B.

Pickersgill et al. RU 72-282 (CEN, IPA, K); Sobral, W. C. Gregory et al. 12939 (CEN, EAC).
Paraíba: Pombal, J. F. M. Valls et al. 10953 (CEN); Sousa, Ph. von Luetzelburg 26889

(CEN, IPA, M). Penambuco: São Lourenço da Mata, W. C. Gregory & A. Krapovickas

12946 (tipo de A. dardani, holótipo IPA, isótipos CEN, EAC, K, RB, SP); Serra Talhada,

E. P Heringer et al. 638 (CEN, IPA, UB). Piauí: Floriano, J. F. M. Valls et al. 8509 (CEN);

Oeiras, G. Gardner 2091 (K); Picos, J. F. M. Valls et al. 7215 (CEN). Rio Grande do

638
Norte: Acari, B. Pickersgill et al. RU 72-374 (CEN, IPA, K); Currais Novos, B. Pickersgill et

al. RU 72-363 (CEN, IPA); Santa Cruz, L. Coradin et al. 3224 (CEN, HUEFS).

Arachis pusilla Benth., Trans. Linn. Soc. London 18: 159. 1841.

Erva anual; ramos dimórficos, eixo central ereto 7-20 cm alt., ramos laterais

prostrados, quando jovens angulosos; indumento viloso de tricomas

eretos, densos, ca. 2 mm compr. nos ramos jovens, estípulas, pecíolo e

margem dos folíolos. Estípulas livres na base, com porção adnada de

7-10 (5-8) mm, porção distal livre 11-17 (10-12) mm, linear, acuminada.

Folhas com pecíolo e raque canaliculados, canal interrompido na altura

do primeiro par de folíolos por uma linha transversal de tricomas longos;

pecíolo 5-9 (1,5-3,5) cm; raque 1,1-1,5 (0,5-0,9) cm; folíolos ligeiramente

acrescentes, o par distal 2,5-3,6 (1,5-2) x 0,9-1,5 (0,8-1,1) cm, ca. 2,5x

mais longos do que largos, elípticos a ovais, ápice obtuso, base obtusa,

margem ciliada, face adaxial glabra, face abaxial pubérula, com tricomas

curtos e adpressos e com tricomas longos e eretos; nervuras secundárias

10-12 pares. Espigas curtas, 2-4-floras, presentes no eixo central e ramos

laterais. Flores cleistógamas 2-3 mm compr. + hipanto 0,3-1 cm; flores

casmógamas: hipanto 4-5 cm compr.; cálice viloso e com tricomas setosos

longos, lábio superior ca. 5 mm compr., lábio inferior ca. 6 mm compr.;

estandarte amarelo-alaranjado com linhas vermelhas em ambas as faces,

suborbicular, ca. 10 x 10 mm; alas amarelas com ápice alaranjado. Fruto

2-articulado, clavo 4-20 cm, istmo entre artículos 0,5-4 cm; artículos 10-13
x 6-8 mm, velutinos quando jovens, depois liso.

Arachis pusilla é uma espécie endêmica da caatinga distribuindo-se


principalmente na Bahia e norte de Minas Gerais, ao longo do vale do
rio São Francisco, estendendo-se ao Piauí e sul do Ceará. Floração: iii.
Frutificação: ?.

639
Esta espécie apresenta uma afinidade evidente com A. dardani. A. pusilla
parece ser uma forma menos robusta de A. dardani, substituindo-a mais para
a região meridional da caatinga. Além dos caracteres diferenciais citados
nos comentários de A. dardani, A. pusilla pode também ser reconhecida por
uma maior diferenciação de tamanho do pecíolo e da raque entre as folhas
do eixo central e laterais, a qual não é tão pronunciada em A. dardani.

Nome vernacular: amendoim-de-carcará (Bahia)

Material selecionado: Bahia: s.l., Serra da Jacobina, J. S. Blanchet 2669 (tipo de A. pusilla;

holótipo K); Barra, J. F. M. Valls et al. 6655 (CEN, K); Bom Jesus da Lapa, J. F. M. Valls et

al. 6781 (CEN); Ibotirama, J. F. M. Valls et al. 10837 (CEN); Muquém do São Francisco,

G. P. Silva et al. 8426 (CEN, HUEFS): Paratinga, J. F. M. Valls et al. 6110 (CEN). Ceará:

Missão Velha, J. F. M. Valls et al. 10921 (CEN). Minas Gerais: Coronel Murta, J. F. M.

Valls et al. 6709 (CEN). Piauí: Piracuruca, J. F. M. Valls et al. 11022 (CEN).

Arachis sylvestris (A.Chev.) A.Chev., Rev. Int. Bot. Appl. Agric. Trop. 9: 486,
pl. 13. 1929.
Arachis hypogaea subsp. sylvestris A.Chev., Compt. Rend. Hebd. Séances Acad. Sci.
188: 1511. 1929.

Erva anual; ramos dimórficos, eixo central ereto 8-15 cm alt., ramos laterais

prostrados, quando jovens angulosos; indumento viloso de tricomas

eretos, densos, ca. 3 mm compr. entremeados com tricomas pequenos

e ondulados, revestindo ramos jovens, estípulas, pecíolo e margem dos

folíolos. Estípulas livres na base, com porção adnada de 8-10 (6-7) mm,

porção distal livre 9-14 (10-11) mm, acuminada. Folhas com pecíolo e

raque canaliculados, canal interrompido na altura do primeiro par de

folíolos por uma linha transversal de tricomas longos; pecíolo 1,5-3 (1-2)

cm; raque 0,7-1 (0,5-0,8) cm; folíolos ligeiramente acrescentes, o par distal

640
3-3,6 (2-2,4) x 1,3-1,7 (1,1-1,5) cm, ca. 2x mais longos do que largos,

elípticos a oblongos, ápice obtuso, base obtusa, margem ciliada, faces

adaxial e abaxial com tricomas longos e eretos 2-3 mm compr.; nervuras

secundárias 10-12 pares. Espigas curtas, 2-4-floras, presentes apenas

nos ramos laterais. Flores cleistógamas presentes; flores casmógamas:

hipanto 4-5 cm compr.; cálice viloso e com tricomas setosos longos, lábio

superior 4-5 mm compr., lábio inferior 4-5 mm compr.; estandarte branco

ou creme-alaranjado com linhas vermelhas apenas na face externa,

suborbicular, ca. 7 x 8 mm; alas amarelas. Fruto 2-articulado, clavo 20-25

cm, istmo entre artículos 6 cm; artículos 10-20 mm compr., velutinos.

Esta é uma espécie bem distribuída na região Nordeste, estendendo-se


ainda aos estados de Tocantins, Goiás e Minas Gerais (Krapovickas &
Gregory 1994). Ocorre em caatinga e cerrado, sobre solos arenosos, sendo
mais freqüente em áreas antropizadas. Floração: iii-iv. Frutificação: ?.

Arachis sylvestris aproxima-se de A. dardani e A. pusilla pela presença de


flores cleistógamas, diferenciando-se pelas flores casmógamas menores e
estandarte branco a creme-alaranjado. Além disso, é a única espécie de
Arachis da caatinga que apresenta tricomas hirsutos na superfície adaxial
dos folíolos e linhas vermelhas no estandarte ausentes na face interna.

Nomes vernaculares: mundubí (Bahia), amendoim-de-porco (Piauí)

Material selecionado: Bahia: Formosa do Rio Preto, J. F. M. Valls et al. 7076 (CEN);

Pindobaçu, J. F. M. Valls et al. 10891 (CEN); Riachão das Neves, J. F. M. Valls et al. 7060

(CEN); Santa Rita de Cássia, J. F. M. Valls et al. 7071 (CEN). Ceará: s.l., Fr.-Allemão 364
(R); Barbalha, J. F. M. Valls et al. 10922 (CEN); Ibiapaba, J. F. M. Valls et al. 11020 (CEN).

Paraíba: s.l., C. de Moraes 2127 (NY). Pernambuco: Serra Talhada, E. P. Heringer et al.

11996 (IPA). Piauí: Amarante, L. Coradin et al. 2605 (CEN); Campo Maior, D. Andrade-

Lima 68-5329 (IPA); Gilbués, J. F. M. Valls et al. 7130 (CEN); Oeiras, J. F. M. Valls et al.

7180 (CEN). Rio Grande do Norte: Açu, J. F. M. Valls et al. 10980 (CEN); Caicós, J. F.

641
M. Valls et al. 10969 (CEN).

Arachis triseminata Krapovickas & W.C.Gregory, Bonplandia 8: 69. 1994.

Erva perene; ramos dimórficos, eixo central ereto e ramos laterais

prostrados a decumbentes, quando jovens angulosos; indumento viloso

de tricomas eretos, densos, ca. 1,5 mm compr., revestindo ramos jovens,

estípulas, pecíolo e margem dos folíolos. Estípulas soldadas na base

formando um tubo, com porção adnada ao pecíolo de 8-10 (7) mm, porção

distal livre 20-23 (10-17) mm, acuminada. Folhas com pecíolo e raque

canaliculados, canal interrompido na altura do primeiro par de folíolos por

uma linha transversal de tricomas longos; pecíolo 4-6 (2,7-4) cm; raque

1,5-1,9 (0,9-1,2) cm; folíolos ligeiramente acrescentes, o par distal 2,4-

2,9 (1,7-2,5) x 1,4-1,7 (1,3-1,6) cm, ca. 1,7x mais longos do que largos,

ovais a obovados, ápice obtuso e apiculado, base obtusa, margem ciliada,

face adaxial glabra, face abaxial vilosa; nervuras secundárias 10-12 pares.

Espigas curtas, 3-floras, presentes apenas nos ramos laterais. Flores

cleistógamas ausentes; flores casmógamas: hipanto 3,2-4,5 cm compr.;

cálice viloso, lábio superior 4-5 mm compr., lábio inferior 4,5-5,5 mm

compr.; estandarte alaranjado com linhas vermelhas em ambas as faces,

suborbicular, 8-9 x 10 mm; alas amarelas. Fruto 2-3-articulado, clavo ca.

30 cm, istmo entre artículos 20-37 cm; artículos 10-12 x 6-7 mm, velutinos

quando jovens, depois lisos.

Arachis triseminata é uma espécie endêmica de caatinga, ocorrendo apenas


no vale do rio São Francisco, do sul de Pernambuco ao norte de Minas
Gerais, sobre solo argiloso compactado. Floração: ii-iii. Frutificação: ?.

Espécie geneticamente isolada, não formando híbridos com outras espécies


de Arachis (Krapovickas & Gregory 1994). No entanto, morfologicamente
é de difícil distinção de outras espécies de caatinga, especialmente de A.

642
pusilla. A coloração uniformemente amarela das alas, os frutos com istmo
muito longo e a ausência de flores cleistógamas a diferenciam desta espécie
mas são caracteres geralmente não preservados em exsicatas, tornando a
distinção entre elas problemática na ausência de material adequado.

Nome vernacular: mundubí (Bahia)


Material selecionado: Bahia: Barra, J. F. M. Valls et al. 6772 (CEN); Ibotirama, J. F. M.

Valls et al. 7292 (CEN); Juazeiro, W. C. Gregory & A. Krapovickas 12881 (tipo de A.

triseminata, holótipo CEN, isótipo MBM); Xique Xique, G. C. P. Pinto 61/86 (HRB). Minas

Gerais, Janaúba, J. F. M. Valls et al. 13080 (CEN). Pernambuco: Petrolina, H. F. Leitâo

f. et al. 8912 (UEC).

Dalbergia L.f.

Árvores ou arbustos, às vezes escandentes. Folhas alternas, espiraladas,

imparipinadas, 5-7-folioladas, não estípiteladas; folíolos alternos,

peninérvios, broquidódromos. Inflorescências cimeiras curtas, com eixo

± escorpióide, flores laxa ou congestamente dispostas, agrupadas em

panículas ramifloras, axilares ou terminais. Flores pequenas (4-6 mm

compr.), subsésseis; cálice campanulado, com lacínias eqüilongas ou a


inferior maior do que as demais; corola papilionóide; pétalas brancas a

creme, glabras, ungüiculadas; pétalas da carena soldadas distalmente

ao longo da margem inferior; estames 9 (o vexilar ausente), monadelfos,

soldados em bainha; ovário estipitado, 1-2-ovulado. Fruto uma sâmara

monospérmica, com núcleo seminífero central e ala marginal, papirácea,

desenvolvida proximal e distalmente e muito reduzida lateralmente.

Dalbergia é um gênero pantropical com cerca de 100 espécies. No Brasil,


Carvalho (1989, 1997) reconheceu 38 espécies, a maioria distribuída em
florestas pluviais.

643
No contexto das plantas de caatinga, o gênero Dalbergia pode ser
diagnosticado pela combinação de folhas imparipinadas com folíolos
alternos, inflorescências cimosas e frutos sâmaras com núcleo seminífero
central. As espécies de caatinga de Acosmium também apresentam folíolos
alternos e frutos superficialmente semelhantes aos de Dalbergia mas a
inflorescência é evidentemente racemosa e as flores são regulares, com a
corola não papilionóide.

Duas espécies, D. catinguicola e D. cearensis, ocorrem na caatinga. Estas,


juntamente com D. decipularis Rizzini & Matos f., formam um complexo
de táxons muito relacionados e, provavelmente, co-específicos. As diferenças
entre elas podem refletir diferentes expressões de uma mesma base genética
ampla em diferentes condições ambientais, com D. decipularis, uma forma
mais robusta, ocorrendo apenas em florestas estacionais enquanto D.
catinguicola e D. cearensis, formas mais raquíticas, ocorrem na caatinga.
Estas duas espécies são separadas por detalhes da inflorescência e das flores
(ver discussão das espécies e chave de identificação). Assim, espécimes em
fruto são difíceis de identificar e a citação de espécimes frutificados seguiu
estritamente Carvalho (1989). Como ressaltou esse autor (Carvalho 1989:
270) mais trabalho de campo é necessário para esclarecer os limites entre
estes táxons.

Três espécies do interior do Nordeste e às vezes citadas como ocorrendo


na caatinga (e.g. Hoehne 1941a, Lewis 1987) não foram incluídas neste
trabalho pois a análise de sua distribuição mostrou que são relacionadas
a outros biomas. D. decipularis Rizzini & A. Mattos ocorre em florestas
de altitude da Chapada Diamantina (Andaraí, Itaberaba e Jacobina)
e em Caetité. Mattos f. & Rizzini (1978) fazem referência a espécimes
de caatinga mas nenhum deles foi observado. D. foliolosa Benth. é uma
espécie principalmente da mata atlântica e restinga podendo ocorrer em

644
matas ciliares dentro do bioma cerrado. Uma coleta da região de Caetité,
provavelmente provem de ambientes semelhantes. D. miscolobium Benth.
é uma das espécies mais características do cerrado, ocorrendo ainda em
campos rupestres. Coletas recentes referidas como de caatinga provem de
áreas fora do domínio da caatinga (Cristópolis e Barreiras, oeste da Bahia)
e estão sendo aqui consideradas como erros dos coletores.

Chave para as espécies de Dalbergia de caatinga:

1. Dentes do cálice ± iguais em forma e tamanho; flores


ca. 5,5 mm compr., laxamente dispostas ao longo do eixo da
inflorescência.................................................................. D. catinguicola

1. Dente inferior do cálice ca. 2x maior do que os demais


e os dois superiores mais obtusos e soldados até quase o ápice;
flores ca. 4,5 mm compr. dispostas compactamente no ápice das
inflorescências.......................................................................D. cearensis

Dalbergia catinguicola Harms, Bot. Jahrb. 42: 213. 1908.

Liana, escandendo a ca. 3 m alt. até árvore de ca. 10 m alt. com tronco

de ca. 20 cm DAP.; planta essencialmente glabra ou com tricomas

esparsos nos eixos da inflorescência. Folhas (espécimes frutificados) com

pecíolo 25-40 mm; raque 3,5-7,7 cm, ligeiramente flexuosa; segmentos

interfoliolares 16-30 mm; folíolos 5-7, alternos, papiráceos, eqüilongos, o

terminal 26-40 x 15-20 mm, ca. 1,7-2x mais longos do que largos, elípticos,

ápice obtuso a agudo, base obtusa, glabros exceto por tricomas esparsos

na face abaxial, nervuras primária e secundárias pouco salientes nas duas

faces. Inflorescências cimeiras curtas, 2-2,5 cm compr., com flores laxas,

distantes entre si ca. 3 mm, agrupadas em panículas ramifloras, eixo da

645
panícula 7-7,5 cm compr.; pedicelo ca. 0,5 mm compr. Flores ca. 5,5

mm compr.; cálice ca. 3 mm compr., tubo campanulado, glabro, lacínias

5, obtusas, ciliadas, ± iguais em tamanho; pétalas esbranquiçadas;

estandarte suborbicular, ca. 4 x 4 mm + 1 mm compr. do ungüículo;

estames 9, monadelfos, soldados em bainha; ovário 1(-2)-ovulado, glabro

exceto pela margem ciliada, estipitado. Sâmara 3,5-4,7 x 1-1,3 cm, linear-

oblonga, glabra, reticulada; núcleo seminífero central, 10-13 x 7-9 mm; ala

papirácea, ca. 10-15 mm nos segmentos proximal e distal, lateralmente

0-2 mm.

Dalbergia catinguicola é conhecida apenas da caatinga do estado da Bahia,


ocorrendo principalmente em nos rebordos da Chapada Diamantina e do
planalto de Maracás e no Raso da Catarina, em altitudes de ca. 300-500 m.
Floração: x. Frutificação: xii-v.

Esta espécie é muito semelhante e, provavelmente co-específica, com D.


cearensis. Carvalho (1989) reconheceu as duas espécies como distintas.
Os caracteres usados por este autor para diferenciar D. catinguicola de D.
cearensis incluem a inflorescência laxa (vs. congesta em D. cearensis), as
flores ligeiramente maiores (ca. 5,5 mm compr. em D. catinguicola vs. ca.
ca. 4,5 mm compr. em D. cearensis) e os dentes do cálice ± iguais (em D.
cearensis o dente inferior é muito mais longo que os demais).

Material selecionado: Bahia: Marcionílio Souza (como ‘Tamburil’), E. Ule 7280 (tipo de D.

catinguicola; isótipo: K); Brotas de Macaúbas, B. B. Klitgaard & F. C. P. Garcia 73 (K, RB);

Jequié, G. P. Lewis et al. 980 (CEPEC, K).

Dalbergia cearensis Ducke, Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 4: 73. 1925.
Dalbergia variabilis var. bahiensis Hoehne, Fl. Brasílica 25 (3): 9. 1941.

Árvore ou arbusto 1,8-6 m alt., raramente atingindo 20 m, tronco

646
freqüentemente com ca. 8 cm DAP; ramos jovens e eixos da inflorescência

esparsamente pubérulos. Folhas (espécimes frutificados) com pecíolo 32-

40 mm; raque 6,9-10,5 cm, ligeiramente flexuosa no ápice; segmentos

interfoliolares 28-35 mm; folíolos 5-7, alternos, papiráceos, eqüilongos,

o terminal 44-56 x 22-35 mm, ca. 1,5-2,2x mais longos do que largos,

ovais a lanceolados, ápice obtuso, base arredondada, glabros, nervuras

primária e secundárias pouco salientes nas duas faces. Inflorescências

cimeiras curtas, 1,5-1,8 cm compr., com flores muito congestas, distantes

entre si menos de 1 mm, as cimeiras agrupadas em panículas axilares ou

terminais, eixo da panícula 4,5-7 cm compr.; pedicelo até 0,5 mm compr.

Flores ca. 4,5 mm compr.; cálice ca. 2,5 mm compr., tubo campanulado,

glabro, lacínias 5, obtusas, ciliadas, as vexilares mais largas e soldadas até

quase o ápice, a carenal ca. 2x maior do que as laterais; pétalas creme;

estandarte oboval, ca. 4 x 2,5 mm + 1 mm compr. do ungüículo; estames

9, monadelfos, soldados em bainha; ovário 2-ovulado, glabro exceto pela

margem inferior ciliada, estipitado. Sâmara 3,5-4 (-6,5) x 1-1,2 (-1,7) cm,

linear-oblonga a oblonga-elíptica, glabra, reticulada; núcleo seminífero

central, 9-11 x 7-8 mm; ala papirácea, ca. 12-15 (-22) mm nos segmentos

proximal e distal, lateralmente 1-2 (-3) mm.

Dalbergia cearensis é endêmica da caatinga, do Ceará e sul do Piauí até o


centro-sul da Bahia. Carvalho (1989) considera que ela pode ocorrer nas
caatingas do norte de Minas Gerais, embora não tenha ainda sido registrada
para este estado. Na caatinga, ocorre especialmente nas formas arbóreas e
sobre solos mais ricos, de 350 a 600 m. Floração: x-i. Frutificação: iv.vii.
Como já afirmado anteriormente, essa espécie é distinta de D. catinguicola
principalmente por caracteres do cálice (ver discussão desta espécie).

A madeira possui um cerne purpúreo escuro, é resistente e considerada como


uma das mais valiosas da caatinga, sendo usada desde tempos coloniais para

647
fabricação de pequenos objetos de decoração (Emperaire 1983).

Nome vernacular: bastião-de-arruda (Bahia).

Material selecionado: Bahia: Marcionílio Souza (como ‘Tamburil’), E. Ule 7280 (tipo de D.

catinguicola; isótipo: K); Brotas de Macaúbas, B. B. Klitgaard & F. C. P. Garcia 73 (K, RB);

Jequié, G. P. Lewis et al. 980 (CEPEC, K).

Machaerium Pers.

Árvores ou arbustos, às vezes escandentes. Folhas alternas, espiraladas,

imparipinadas, 5-13-folioladas, não estípiteladas; folíolos alternos

a (sub)opostos, peninérvios, broquidódromos ou craspedódromos.

Inflorescências racemos ou cimeiras curtas, neste caso com eixo

± escorpióide, isoladas ou fasciculadas, geralmente agrupadas em

panículas axilares, supra-axilares ou terminais. Flores pequenas (6-10

mm compr.), sésseis ou pediceladas; cálice campanulado, lacínias curtas;

corola papilionóide; pétalas brancas a lilás, externamente pubescentes,

ungüiculadas; pétalas da carena soldadas distalmente ao longo da

margem inferior; estames (9-)10, monadelfos, soldados em bainha, ou

diadelfos, com o estame vexilar livre; ovário estipitado, 1-2-ovulado. Fruto


uma sâmara monospérmica, com núcleo seminífero basal e ala distal,

papirácea a coriácea.

Machaerium é um gênero quase que totalmente americano, com cerca de


120 espécies (Lewis 1987), uma das quais com distribuição anfi-atlântica
na costa norte das Américas do Sul e Central e África ocidental.

O gênero pode ser diagnosticado pelas folhas imparipinadas, flores pequenas,


papilionóides, brancas ou lilás e pelas sâmaras com núcleo seminífero basal
e ala cultriforme distal.

648
Este é um dos gêneros que necessita de uma urgente revisão taxonômica.
Os limites atuais entre as espécies, a maioria derivada dos trabalhos de
Hoehne (1941b) e Rudd (1973, 1987a,b,c), delimitam táxons que,
por um lado, apresentam uma circunscrição muito ampla e, por outro,
mostram sobreposição em muitos dos caracteres diagnósticos. Um estudo
mais cuidadoso da variação morfológica dentro de alguns complexos de
espécies deve mostrar um número de espécies maior do que o atualmente
estimado.

Cinco espécies foram consideradas como ocorrendo na caatinga. Outras três


espécies ocorrem no interior do Nordeste mas em outros tipos vegetacionais
e não foram tratadas neste trabalho. São elas: M. nictitans, uma espécie
amplamente distribuída no leste do Brasil e que, na região considerada,
ocorre em florestas ciliares e de altitude na Chapada Diamantina; M.
incorruptibile, uma espécie da mata atlântica coletada uma vez em mata
de cipó no sudeste da Bahia, em área transicional para a caatinga, e M.
mucronulata, uma planta muito pouco coletada cujo tipo foi referido pelo
coletor (Gardner 2825) como da serra da Batalha, em Pernambuco, mas que
provavelmente procede do noroeste da Bahia, próximo à fronteira com o
estado de Tocantins, em área do domínio do cerrado.

Chave para as espécies de Machaerium da caatinga

1. Folíolos mais de 30, com nervação craspedódroma, as nervuras


secundárias paralelas e anastomosadas com uma nervura
marginal................................................................................ M. hirtum

1. Folíolos até 13 com nervação broquidódroma, as nervuras secundárias


formando arcos antes de atingir a margem

2. Folhas com 5 a 7 folíolos

649
3. Inflorescência axilar; folíolos rígidos, coriáceos, com
nervação fortemente reticulada, definindo aréolas de ca.
0,3 mm diâm............................. M. acutifolium var. enneandrum

3. Inflorescência supra-axilar (saindo 1-2 mm acima da axila


foliar); folíolos papiráceos com nervuras de menor porte
tênues, definindo aréolas com ca. 1 mm diâm....... M. leucopterum

2. Folhas com 9 a 13 folíolos

4. Folíolos oblongos a obovais com ápice arredondado e


margem revoluta; inflorescência estrobiliforme, com
brácteas amplas (maiores do que o cálice) imbricadas no
ápice do racemo................................................. M. ovalifolium

4. Folíolos estreitamente elípticos a lanceolados, com ápice


acuminado; brácteas menores do que o cálice, não
imbricadas.................................... M. acutifolium var. acutifolium

Machaerium acutifolium Vogel, Linnaea 11: 187. 1837.

Árvore 3-12 m alt. ou arbusto de 2-3 m alt., às vezes escandente, quando

árvore tronco 5-30 cm DAP, casca rugosa, acinzentada, entre-casca

amarelo-rosada; inerme mas quando liana potencialmente produzindo

ramos de ancoragem áfilos e com estípulas espinescentes (fide Hoehne

1941b); ramos jovens, eixo foliar e eixos da inflorescência glabros até

pubérulos, ramos adultos glabros e lenticelosos. Folhas muito variáveis

(ver variedades); pecíolo 16-35 mm; raque 1,5-11 cm; segmentos

interfoliolares 10-23 mm; folíolos das folhas maiores (4-)5(-6) ou 9-13,

alternos a (sub)opostos, coriáceos, acrescentes distalmente, o terminal

47-65 x 11-32 mm, 1,7-4,3x mais longos do que largos, estreitamente

elípticos a lanceolados ou elípticos a ovais, ápice acuminado ou agudo

650
a obtuso, base arredondada, face adaxial com tricomas adpressos e

esparsos, tricomas translúcidos e adpressos, nervura primária saliente

na face abaxial, nervuras secundárias broquidódromas, juntamente com

as terciárias pouco ou muito salientes e reticuladas. Panículas axilares,

pêndulas, mais curtas do que a folha adjacente; racemos curtos, ca. 2 cm

compr., com flores congestas; pedicelo ca. 1,5 mm compr. Flores ca. 9 mm

compr.; cálice ca. 2,5 mm compr., tubo amplamente campanulado, com

indumento denso e nigrescente, lacínias muito curtas; pétalas brancas;

estandarte externamente seríceo, nigrescente, suborbicular, ca. 5,5 x 7

mm + 2,5 mm compr. do ungüículo; estames 9-10, monadelfos, soldados

em bainha aberta no lado vexilar; ovário lanoso, estipitado. Sâmara 4,2-

6,4 cm compr., compressa, glabra; núcleo seminífero oblongo, 15-20 x 8-

12 mm; ala cultriforme, rigidamente coriácea, reticulada, 27-47 x 13-23

mm.

Machaerium acutifolium é uma espécie amplamente distribuída na América


do Sul, ocorrendo em vários tipos de ambientes, incluindo florestas
estacionais, cerrado e caatinga.

Pode ser reconhecida pelos folíolos glabros ou esparsamente pubescentes


(indumento só visível com auxílio de lupa) e pelas inflorescências pêndulas.
Há uma grande variação no número, forma e indumento dos folíolos e é
possível que um estudo cuidadoso dessa variação resulte no reconhecimento
de novos táxons. Três variedades foram reconhecidas por Bentham (1862) às
quais Rudd (1973) acrescentou a var. enneandrum. Destas, duas variedades
ocorrem na caatinga e podem ser diferenciadas pela chave abaixo.

Chave para as variedades de M. acutifolium

1. Folhas maiores com até 5(-6) folíolos, estes com nervuras de menor

651
porte salientes e fortemente reticuladas na face abaxial, com aréolas
de ca. 0,3 mm............................................................... var. enneandrum

1. Folhas maiores com 9-13 folíolos, estes com nervuras de menor


porte pouco salientes, as aréolas com ca. 1 mm.............. var. acutifolium

Machaerium acutifolium Vogel var. acutifolium

Folhas com pecíolo de 25-35 mm; raque 5,5-11 cm; segmentos

interfoliolares 18-23 mm; folíolos das folhas maiores 9-13, o terminal 47-56

x 11-21 mm, 2,7-4,3x mais longos do que largos, estreitamente elípticos

a lanceolados, ápice acuminado. Bractéolas não estriadas, até ca. 1/5 do

comprimento do cálice.

Planta amplamente distribuída em cerrado e florestas estacionais da


América do Sul. Na caatinga, ocorre desde o sul do Ceará e Piauí até o norte
de Minas Gerais, geralmente em caatinga arbórea e em áreas de transição
cerrado-caatinga, de 450 a 1000 m alt. Floração: i-ii. Frutificação: i-vi.

Esta planta se diferencia da var. enneandrum pelos folíolos mais numerosos


e proporcionalmente mais estreitos, como pode ser observado na chave e
descrição das variedades.

Nome vernacular: bastião-de-arruda (Bahia e Minas Gerais).

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21528 (CEPEC, K);

Caetité, G. Hatschbach & F. J. Zelma 50456 (K, MBM); Lafaiete Coutinho, S. A. Mori & T.

S. dos Santos 11825 (CEPEC, K); Seabra, H. S. Irwin et al. 30829 (K); Senhor do Bonfim,

R. M. Harley et al. 16517 (CEPEC, K). Ceará: Crato, G. Gardner 1933 (K). Minas Gerais:

Januária, W. R. Anderson 9164 (K). Piauí: Valença do Piauí, G. P. Lewis et al. 1346 (K).

Machaerium acutifolium var. enneadrum (Hoehne) Rudd, Phytologia 25:


399. 1973.

652
Machaerium enneandrum Hoehne, Arq. Bot. Est. São Paulo, ser. nov. 1: 32. 1938.

Folhas com pecíolo de 16-28 mm; raque 1,5-4,1 cm; segmentos

interfoliolares 10-23 mm; folíolos das folhas maiores (4-)5(-6), o terminal

35-65 x 21-32 mm, 1,7-2(-2,6)x mais longos do que largos, elípticos a

ovais, ápice agudo a obtuso. Bractéolas amplas, estriadas, maiores do

que a metade do comprimento do cálice.

Planta amplamente distribuída no Brasil central e no Nordeste, em cerrado,


florestas estacionais e caatinga, onde ocorre principalmente em encraves de
caatinga arbórea sobre solo arenoso na Chapada Diamantina (Bahia), de
650 a 1000 m alt. Floração: xi-i. Frutificação: i-vii.

Além das características diferenciais referidas na chave e na descrição da


variedade, esta planta apresenta-se quase sempre enegrecida quando seca.

Nome vernacular: bastião-de-arruda.

Material selecionado: Bahia: Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3397 (HUEFS,

K); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16903 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, A. M. de Carvalho

et al. 2408 (CEPEC, K); Mucugê, G. P. Lewis et al. CFCR 7009 (K, SPF); Rio de Contas,

R. M. Harley et al. 27000 (CEPEC, K); Seabra, H. S. Irwin et al. 30774 (K); Vitória da

Conquista, L. Coradin et al. 8656 (CEN, K).

Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld, Tribuna Farm. 14 (12): 246. 1946.


Nissolia hirta Vell., Fl. Flum.: 296. 1829, Icon. 7, tab. 75. 1831.
Machaerium angustifolium Vogel, Linnaea 11: 193. 1837.

Árvore 4,5-10 m alt., copada; tronco 10-40 cm DAP, com casca marrom

clara, revestida de espinhos pareados e espaçados; ramos com espinhos

nodais pareados, achatados, quando jovens revestidos por indumento

velutino, fusco a ferrugíneo, o mesmo tipo de indumento observado no

653
eixo foliar e eixos da inflorescência. Pecíolo 3-8 mm; raque 7-8,9 cm;

segmentos interfoliolares 4-6 mm; folíolos 35-49, (sub)opostos, cartáceos,

decrescentes proximal e distalmente, os medianos maiores 14-17 x 3-

5 mm, ca. 3,5-5,6x mais longos do que largos, linear-oblongos, ápice

emarginado e discretamente mucronulado, base arredondada, face

adaxial glabra, nítida, face abaxial glabrescente, com tricomas translúcidos

adpressos e esparsos, nervura primária saliente na face abaxial, nervuras

secundárias craspedódromas, paralelas, anastomosando-se a uma

nervura marginal espessa e discolor. Panículas terminais e axilares nas

folhas distais, alongadas, 8-15 cm compr. (tornando-se mais longas na

frutificação); ramos da inflorescência cimosos, secundifloros, os basais

1,5-2,5 cm compr.; pedicelo 1,5-2 mm compr. Flores 8-10 mm compr.;

cálice atrovináceo, 3-5 mm compr., tubo cilíndrico, esparsamente pubérulo

apenas no ápice, lacínias obtusas, muito curtas; pétalas roxas; estandarte

com centro esverdeado, externamente seríceo, largamente oblongo, ca. 8

x 6 mm + 2,5 mm compr. do ungüículo; estames 10, monadelfos mas logo

se dividindo em 2 falanges 5 + 5; ovário lanoso, canescente, estipitado.

Sâmara 4,8-6,2 cm compr., compressa, esparsamente pubérula; núcleo

seminífero verde-escuro, oblongo, 18-21 x 3-6 mm; ala cultriforme, verde-

amarelada, rígidamente coriácea, reticulada, 27-40 x 11 mm.

Machaerium hirtum é uma espécie amplamente distribuída na América do


Sul, geralmente crescendo em áreas de clima com pluviosidade sazonal e,
algumas vezes, em áreas degradadas. Dentro da área de domínio da caatinga
ocorre com freqüência em florestas estacionais, caatinga arbórea e, mais
raramente, em formas mais abertas de caatinga, em altitudes de 500 a 700
m. Floração: i-iii. Frutificação: iii-ix.

No contexto das plantas de caatinga, M. hirtum é fácil de ser reconhecido


pela presença de espinhos nodais pareados e achatados (lembrando um
bico de pato, de onde deriva o nome vernacular), folíolos numerosos (35

654
a 49 por folha) com nervação craspedódroma, as nervuras secundárias
paralelas entre si, estendendo-se até a margem onde se anastomosam com
uma nervura marginal conspícua.

Na maioria dos herbários e em muitos trabalhos florísticos esta espécie está


referida como M. angustifolium. Lima (1995) a sinonimizou a M. hirtum,
nome que está sendo adotado neste trabalho.

Nomes vernaculares: jacarandá-bico-de-pato (toda a área), sete-capotes


(Bahia), mau-vizinho (Alagoas).

Material selecionado: Alagoas: Tanque d’Arca, R. P. de Lyra-Lemos & M. N. R. Starviski

773 (K). Bahia: Caen, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3559 (HUEFS, K); Castro Alves,

L. P. Queiroz et al. 3073 (HUEFS, K); Feira de Santana, L. P. Queiroz et al. 3043 (HUEFS,

K); Jequié, A. M. de Carvalho & F. A. Carvalho 2363 (CEPEC, K); Livramento do Brumado,

G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1905 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, H. C. de Lima et

al. 3909 (K, RB). Paraíba: Areia, M. F. Agra & M. R. V. Barbosa 1336 (K).

Machaerium leucopterum Vogel, Linnaea 11: 189. 1837.

Árvore ca. 5 m alt., tronco ca. 10 cm DAP; ramos armados com espinhos

nodais subulados, ca. 6 mm compr., ou inermes; ramos jovens, eixo foliar

e eixos da inflorescência glabros. Pecíolo 7-12 mm; raque 3,2-4,7 cm;

segmentos interfoliolares 20-24 mm; folíolos 5, alternos a subopostos,

papiráceos, acrescentes distalmente, o terminal ca. 1,5x maior dos que

os adjacentes, 51-58 x 33-40 mm, 1,6-1,7x mais longos do que largos,

elípticos a ovais, ápice obtuso, base arredondada, glabros, nervura primária

saliente na face abaxial, nervuras secundárias broquidódromas, pouco

salientes, as de menor porte inconspícuas, delicadamente reticuladas.

Panículas (material frutificado) supra-axilares, inseridas 1-2 mm acima

da axila foliar, mais curtas do que a folha adjacente, ca. 4,5 cm compr.;

655
bractéolas persistentes até a frutificação, estriadas, ca. ¼ do comprimento

dos vestígios do cálice. Flores não vistas, sésseis (pela posição de restos

do cálice). Sâmara 3,5-4,5 cm compr., compressa, esparsamente pubérula

na base; núcleo seminífero oblongo, escuro, 8-10 x 6-8 mm; ala cultriforme,

marrom-clara, rígidamente coriácea, reticulada, 25-35 x 12-14 mm.

Esta espécie foi incluída neste trabalho com alguma hesitação. O único
espécime visto, assinalado como de caatinga arbórea, foi coletado em uma
região (Maracás) onde também ocorrem florestas estacionais e cerrado.
Nenhum espécime com flor foi observado.

Machaerium leucopterum apresenta caracteres vegetativos que a aproximam


de M. acutifolium var. enneandrum, especialmente o pequeno número de
folíolos (ca. 5) e a forma destes folíolos (predominantemente oval com
ápice obtuso). No entanto, ela pode ser diferenciada de M. acutifolium
pelos folíolos mais delgados (papiráceos) e com nervação não fortemente
reticulada e pela inflorescência supra-axilar, deslocada ca. 1-2 mm da axila
foliar. Além disso, M. acutifolium var. enneandrum mostra-se quase sempre
enegrecida quando seca, incluindo os frutos, condição não observada nesta
espécie.

Pelo exame de espécimes de outras procedências, pode-se observar que esta


espécie apresenta-se polimórfica quanto à presença de espinhos. Este estão
geralmente presentes em pelo menos alguns nós de cada ramo mas, no
único material examinado de caatinga, nenhum espinho foi observado.

Material examinado: Bahia: Maracás, S. A. Mori et al. 9975 (CEPEC, K).

Machaerium ovalifolium Glaziou ex Rudd, Phytologia 24: 124. 1972.


Machaerium ovalifolium Glaziou, Bull. Soc. Bot. France, Mem. 3: 147. 1906, nom.
nud.
Machaerium ovalifoilum Glaziou ex Hoehne, Fl. Brasílica 25 (3): 37. 1941, nom.

656
inval. (sem diagnose latina).

Arbusto ca. 3 m alt.; ramos glabros ou glabrescentes, castanho-escuros,

lenticelosos, armados com espinhos nodais pareados, achatados, de até,

3 cm compr. Pecíolo 16-27 mm; raque 5-6,2 cm; segmentos interfoliolares

10-15 mm; folíolos 9-11, alternos, coriáceos, acrescentes distalmente,

os medianos maiores 32-49 x 15-22 mm, ca. 2,1x mais longos do que

largos, oblongos a obovais, ápice arredondado, às vezes também

mucronados, base arredondada a ligeiramente cordada, margem revoluta,

glabros exceto por tricomas muito esparsos na face abaxial, nervura

primária saliente na face abaxial, nervuras secundárias broquidódromas,

inconspícuas, formando um ângulo de quase 90° com a nervura principal.

Panículas terminais e axilares nas folhas distais, ca. 9,5 cm compr.;

unidades da inflorescência racemosas, ca. 3 cm compr., estrobiliformes,

com flores espiraladas, congestas no ápice e quase totalmente recobertas

por brácteas amplas. Flores (descritas a partir de material cultivado)

sésseis, ca. 6 mm compr.; cálice ca. 3 mm compr., tubo campanulado,

lanoso, tricomas amarelados, lacínias obtusas, muito curtas; pétalas

violáceas; estandarte externamente seríceo, suborbicular, ca. 5 x 6 mm +

1,5 mm compr. do ungüículo; estames 10, diadelfos, 9 soldados em bainha

e o vexilar livre; ovário viloso, curtamente estipitado. Sâmara 4,6-6,5 cm

compr., compressa, revestida por tricomas adpressos, mais densos para

a base; núcleo seminífero suborbicular, 9-10 x 10-12 mm; ala cultriforme,

rígidamente coriácea, nervuras salientes, 35-51 x 15-16 mm.

Machaerium ovalifolium é conhecida principalmente de florestas secas e


caatinga do vale do Jequintinhonha, norte de Minas Gerais, em altitudes
de ca. 200 m alt. Floração: ? Frutificação: vi-vii.

Machaerium ovalifolium é bem distinta das demais espécies de Machaerium


de caatinga pela combinação da presença de espinhos nodais, folíolos

657
oblongos a obovais e unidades inflorescências curtas e estrobiliformes, com
flores sésseis congestas no ápice e quase que totalmente recobertas por
brácteas amplas e imbricadas. Os materiais de caatinga (abaixo citados)
diferem do tipo (A. Glaziou 13710) pelas folhas quase glabras (vs. seríceas
na face abaxial) mas são muito semelhantes nos demais caracteres. Alguns
espécimes de mata atlântica do sul da Bahia são árvores robustas, com ca.
20 m alt.

Material examinado: Minas Gerais: Almenara, G. Hatschbach et al. 52204 (K, MBM);

Itaobim, G. Hatschbach & J. M. Silva 50395 (K, MBM).

Machaerium punctatum (Poir.) Pers., Syn. 2: 276. 1807.


Nissolia punctata Lam. ex Poir., Encycl. (Lamarck) Suppl. 4: 492. 1816.
Machaerium villosulum Mart., Herb. Fl. Brasil. n. 159. 1837.

Árvore 3-7 m alt., às vezes se comportando como liana, tronco 5-10 cm

DAP, casca lisa, acinzentada; ramos inermes, os ramos jovens e eixos

foliares densamente pubérulos, tricomas amarelados, ferrugíneos nos

eixos da inflorescência. Pecíolo 10-20 mm; raque 4,8-7 cm; segmentos

interfoliolares 11-16 mm; folíolos 5-9, alternos a subopostos, cartáceos,

acrescentes distalmente, o terminal ca. 1,5x maior do que os adjacentes,

40-50 x 19-28, 1,9-2,1x mais longos do que largos, os medianos maiores

38-45 x 12-21 mm, 2,1-2,5x mais longos do que largos, elípticos, ovais

a lanceolados, ápice acuminado, base arredondada, face adaxial com

tricomas adpressos e esparsos com base freqüentemente bulbosa,

face abaxial serícea, tricomas amarronzados, nervura primária saliente

na face abaxial, nervuras secundárias broquidódromas, inconspícuas,

formando um ângulo ca. 60° com a nervura principal. Racemos axilares,

2-3-fasciculados, não agrupados em panícula, mais curtos do que a folha

adjacente, 1,5-3 cm compr. Flores sésseis, ca. 6 mm compr.; cálice ca.

658
Figura 37 – A: Poiretia punctata (1 - hábito; 2 - flor; 3 - estandarte; 4 - ala; 5 - pétala da carena; 6 - fruto); B:
Stylosanthes scabra (1 - hábito; 2 - estípulas; 3 - folíolo distal; 4 - flor); C: Zonia latifolia var. latifolia (1 - hábito;
2-3 - detalhe da inflorescência mostrando as brácteas imbricadas e uma das brácteas retiradas revelando o botão floral;
4 - botão floral; 5 - fruto).

659
2,5 mm compr., tubo campanulado, com indumento denso e nigrescente,

lacínias obtusas, muito curtas; pétalas creme; estandarte externamente

seríceo, suborbicular, ca. 4 x 5 mm + 1,5 mm compr. do ungüículo; estames

10, monadelfos, soldados em bainha aberta no lado vexilar; ovário glabro

exceto pela margem ciliada, estipitado. Sâmara 5,5-6,5 cm compr.,

compressa, glabra; núcleo seminífero verde, largamente oblongo, 15-17

x 12-13 mm; ala paleácea, cultriforme, rigidamente papirácea, reticulada,

32-44 x 16-24 mm.

Machaerium punctatum ocorre em florestas estacionais no Brasil central, na


Bolívia e no no nordeste do Brasil. Na caatinga, ocorre principalmente em
caatinga arbórea mas também em formas arbustivas e sobre diferentes tipos
de solos, de 500 a 1000 m alt. Floração: ix, i. Frutificação: xi-iv.

Esta planta se diferencia das demais espécies de Machaerium da caatinga


pela combinação dos folíolos pubescentes com tricomas adpressos pelo
menos na face abaxial (geralmente nas duas faces) e racemos curtos, axilares
e fasciculados, não agrupados em panículas.

Material examinado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley 21553 (CEPEC, K); Caetité,

M. M. Arbo et al. 5665 (K); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade

1908 (CEPEC, K); Maracás, L. P. Queiroz & V. L. F. Fraga 3276 (HUEFS, K); Presidente

Jânio Quadros, S. C. de Sant’Ana et al. 240 (CEPEC, K); Riachão das Neves, L. P. Queiroz

& N. S. Nascimento 4127 (HUEFS, K); Seabra, H. S Irwin et al. 31262 (K); Senhor do

Bonfim, G. P. Lewis et al. CFCR 5772 (K, SPF); Vitória da Conquista, A. M. de Carvalho et

al. 3797 (CEPEC, K). Ceará: Novo Oriente, F. S. Araújo 287 (EAC, K).

Aeschynomene L.

Arbustos, subarbustos ou ervas eretas a prostradas, inermes. Estípulas

peltadas ou não. Folhas alternas, espiraladas, pinadas, não estípiteladas;

660
folíolos alternos ou opostos, nervura principal simétrica ou assimétrica

na base, sem pontuações translúcidas. Inflorescências racemos ou

com padrões cimosos, eixo geralmente fractiflexo. Flores pediceladas e

bracteoladas; cálice campanulado, 5-laciniado ou bilabiado, o lábio superior

formado pela conação de duas lacínias e o inferior pela conação das duas

lacínias laterais à inferior; corola papilionóide; pétalas amarelas; estames

10, diadelfos, com 2 falanges de 5 estames cada; disco intraestaminal

ausente; ovário estipitado. Fruto lomento, sem istmo entre os artículos

(artículos então quadrados a retangulares) ou com istmo marginal ou

central; artículos reticulados, glabros ou pubescentes, não pontuados, não

equinados.

Gênero com cerca de 150 espécies, distribuído em regiões tropicais e


subtropicais das Américas, África e Ásia (Rudd 1955, Fernandes 1996).

Aeschynomene pode ser reconhecido pela combinação da folha pinada


(geralmente com folíolos alternos), flores pediceladas com pétalas amarelas,
androceu diadelfo formando duas falanges de 5 estames, e frutos do tipo
lomento. Plantas com folhas pinadas e flores amarelas podem ser encontradas
nos gêneros Chaetocalyx e Discolobium, dos quais Aeschynomene diferencia-
se pelo hábito não volúvel (vs. volúvel em Chaetocalyx) e frutos não torcidos
(vs. com artículos torcidos em Discolobium). Zornia e Poiretia também
apresentam flores amarelas e frutos do tipo lomento mas as folhas, nestes
gêneros, são consistemente tetra- ou bifolioladas enquanto em Aeschynomene
as folhas possuem mais de quatro folíolos. Folhas tetrafolioldas e folres
amarelas são, também, encontradas em Arachis mas este gênero, além do
número de folíolos, tem frutos geocárpicos, indeiscentes e não articulados.

Nove espécies foram reconhecidas como ocorrendo na caatinga.

Chave para identificação das espécies de Aeschynomene da caatinga:

661
1. Ervas ou subarbustos prostrados

2. Folíolos 5-10, os maiores 7-12 x 4-7 mm; artículos do lomento


2-3, densamente pubérulos e híspido-glandulares, 3,5-5 mm
diâm................................................................................ Ae. viscidula

2. Folíolos 10-24, os maiores 4-6,5 x 2 mm; artículos do lomento


1-2, glabrescentes, até 3 mm diâm..................................... Ae. hystrix

1. Arbustos, subarbustos eretos

3. Estípulas peltadas, com base prolongada abaixo do ponto de


inserção; cálice bilabiado

4. Folíolos 28-44, os maiores 6-8 x 1,5-2 mm; raque foliar caindo


junto com os folíolos; flores ca. 7 mm compr.; lomento sem
istmo, os artículos ± quadrados......................................Ae. evenia

4. Folíolos 58-82, os maiores ca. 3 x 0,8 mm; raque foliar


persistente após a queda dos folíolos (deixando a planta
semelhante a uma vassoura); flores ca. 4 mm compr.;
lomento moniliforme com istmo central, os artículos ±
orbiculares....................................................................... Ae. filosa

3. Estípulas presas ao ramo pela base; cálice 5-laciniado

5. Folíolos 5 a 7, suborbiculares, com 22-34 x 15-30 mm... Ae. soniae

5. Folíolos 15-50, oblongos, oblongo-lineares ou oblongo-


elípticos, com até 24 mm compr. ou até 9 mm larg.

6. Plantas com ramos viscosos devido à presença de tricomas


glandulosos......................................................... Ae. benthamii

6. Ramos não viscosos; tricomas glandulares ausentes

7. Estípulas amplas, foliáceas, cordadas, 8-12 x 4-8 mm;

662
flores com até 5 mm compr.............................. Ae. monteiroi

7. Estípulas deltóides ou lanceoladas com até 7 mm compr.


e 3 mm larg.; flores 12-16 mm compr.

8. Arbustos com ramos lenhosos; frutos com artículos


oblongo-reniformes, glabros, e istmo aberto em
forma de “⋎”.....................................................Ae. martii

8. Subarbustos, lenhosos apenas na base; frutos com


artículos semi-orbiculares, tomentosos, e istmo
estreito e linear............................................Ae. mollicula

Ervas prostradas Arbustos ou subarbustos eretos


Aeschynomene Estípulas não
Folíolos 5-10 Folíolos 10-24 Estípulas peltadas
peltadas
(sem istmo)
Lomento

Grupo 1
inteiro
septo
com

Ae. evenia
Lomento

central
istmo
com

Ae. filosa

Grupo 2
ramos e folhas

Grupo 3
presentes nos
glandulares
Tricomas

Ae. benthamii
Ae. viscidula Ae. histrix
Ae. monteiroi
Lomento com istmo marginal

Ae. Soniae
Sem tricomas glandulares

Lomento

artículos
com 3-6

Ae. mollicula
Lomento

artículos
com 1-3

Ae. Martii

663
Chaves auxiliares
Grupo 1:

1. Fruto com 10-14 artículos ± quadrados, separados por septo inteiro


(sem istmo); folíolos 28-44.....................................................Ae. evenia

1. Fruto com 1-3 artículos suborbiculares, separados por istmo central;


folíolos 58-82............................................................................ Ae. filosa

Grupo 2:

1. Folíolos 5 a 10, obovados; fruto com artículos densamente pubérulos


e híspido-glandular, 3,5-5 mm diâm................................... Ae. viscidula

1. Folíolos 10-24, oblongos; fruto com artículos glabros ou esparsamente


pubérulos, ca. 3 mm diâm........................................................Ae. histrix

Grupo 3:

1. Folíolos 5 a 7, suborbiculares, com 22-34 x 15-30 mm............ Ae. soniae

1. Folíolos 15-50, oblongos, oblongo-lineares ou oblongo-elípticos,


com até 24 mm compr. ou até 9 mm larg.

2. Estípulas amplas, foliáceas, cordadas, 8-12 x 4-8 mm; flores com


até 5 mm compr............................................................. Ae. monteiroi
2. Estípulas deltóides ou lanceoladas com até 7 mm compr. e 3 mm
larg.; flores 7-16 mm compr.

3. Planta viscosa com indumento glandular; flores com 7-9 mm


compr....................................................................... Ae. benthamii

664
3. Planta glabra ou pubescente mas sem tricomas glandulares;
flores com 12-16 mm compr.

4. Arbustos com ramos lenhosos; frutos com artículos


oblongo-reniformes, glabros, e istmo aberto em forma de
“⋎”.............................................................................Ae. martii

4. Subarbustos, lenhosos apenas na base; frutos com


artículos semi-orbiculares, tomentosos, e istmo estreito
e linear................................................................Ae. mollicula

Aeschynomene benthamii (Rudd) Afr.Fern., Aeschynom. Bras.: 113. 1996.


Aeschynomene mollicula var. benthamii Rudd, Contribs. U. S. Nat. Herb. 32: 131.
1955.
Aeschynomene platycarpa Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (1): 63. 1859, non Michx.
1803, nec Raf. 1817.

Arbusto ou subarbusto ereto, virgado, 2-4 m alt.; ramos jovens, eixo

foliar e eixos da inflorescência densamente pubérulos e com tricomas

híspido-glandulares deixando a planta viscosa. Estípulas não peltadas,

lanceoladas, estriadas, 5-7 x 2-3. Folhas paripinadas; pecíolo 6-8 mm;

raque 25-40 mm; segmentos interfoliolares 2-4 mm; folíolos 16-44,

alternos, papiráceos, decrescentes distalmente, os maiores (medianos)

10-15 x 2-2,8 mm, 3,6-6x mais longos do que largos, linear-oblongos,

ápice obtuso a arredondado, mucronado, base obliquamente truncada,

face adaxial esparsamente pubérula, face abaxial com tricomas adpressos

densos a esparsos, nervura principal central, saliente na face abaxial,

as secundárias e as terciáriais inconspícuas. Racemos axilares, ± do

mesmo comprimento ou um pouco mais curtos do que a folha adjacente,

10-15-floros; pedicelo 3-4 mm compr. Flores 7-9 mm compr.; cálice

665
glabrescente, 5-laciniado, tubo campanulado, ca. 2 mm compr., lacínias

1,5-2 mm compr., ± iguais, deltóides, pubérulas; pétalas amarelo-claras;

estandarte externamente pubérulo, suborbicular, ca. 5,5 x 8 mm. Lomento

1-3-articulado, istmo marginal em forma de “Υ”; ; estípite 5-6 mm; artículos

coriáceos, curtamente pubérulos, semi-orbiculares, 5-8 x 4-5 mm.

Aeschynomene benthamii ocorre no leste do Brasil, do Ceará e Rio Grande do


Norte até o Rio de Janeiro, em caatinga, borda de mata e sobre afloramentos
rochosos. Na caatinga, está geralmente associada a solos arenosos e
pedregosos, em altitudes de 450 a 600 m. Floração e frutificação: iii-vii.

Esta espécie possui maior semelhança com Ae. mollicula, ambas podendo
apresentar hábito subarbustivo (embora mais robusto, com até 4 m alt.,
em Ae. banthamii) e frutos com artículos relativamente pequenos e semi-
orbiculares. Rudd (1955) considerou Ae. benthamii como uma variedade
de Ae. mollicula mas Fernandes (1996) a tratou como espécie distinta,
baseado na presença de tricomas glandulares (ausentes em Ae. mollicula),
inflorescências mais longas (± do mesmo comprimento ou mais longas do
que a folha adjacente), flores menores (6-9 mm compr. em Ae. benthamii
vs. ca. 12 mm compr. em Ae. mollicula) e artículos do fruto glabros ou com
tricomas curtos e esparsos (vs. tomentosos em Ae. mollicula).

Material selecionado: Bahia: Livramento do Brumado, R. M. Harley et al. 19869 (CEPEC,

K); Santa Rita de Cássia, L. Coradin et al. 5763 (CEN, K); Senhor do Bonfim, L. Coradin

et al. 6021 (CEN, K). Ceará: Farias Brito, A. Fernandes et al. s. n. EAC 13283 (EAC, K);

Lavras da Mangabeira, A. Fernandes s. n. (K); Ubajara, A. Fernandes & F. J. A. Matos s.

n. EAC 8784 (EAC, K). Paraíba: Pico do Jabre, A. Fernandes & F. J. A. Matos s. n. EAC

6650 (EAC, K).

Aeschynomene evenia Wright in Sauv., Anal. Acad. Ci. Habana 5: 334. 1868.

var. evenia

666
Subarbusto ereto, virgado, até ca. 1 m alt., glabro exceto por alguns

tricomas esparsos de base larga, caule, quando crescendo na água, com

base suberosa, espessa, branca. Estípulas peltadas, caducas, lanceoladas,

com segmento distal ca. 3x maior do que o proximal. Folhas paripinadas;

pecíolo 3-5 mm; raque 18-27 mm; segmentos interfoliolares 1,5-2,5 mm;

folíolos 28-44, alternos a subopostos, decrescentes em cada extremidade

da raque, os maiores (medianos) 6-8 x 1,5-2 mm, ca. 4x mais longos do que

largos, oblongo-lineares, glabros, uninérvios, nervura principal central e

margem discolores, vináceas. Racemos axilares, geralmente mais longos

do que a folha adjacente, laxos, 2-4-floros, com eixo delgado; pedicelo ca.

3 mm compr. Flores ca. 7 mm compr.; cálice bilabiado, campanulado, ca.

2 mm compr., glabro, lábio superior curtamente 2-dentado, lábio inferior

curtamente 3-dentado; pétalas amarelas; estandarte glabro, suborbicular,

ca. 6 x 6 mm. Lomento 10-14-articulado, septo entre os artículos reto

estendendo-se de uma margem à outra (sem istmo); estípite ca. 2 mm;

artículos ± quadrados, dilatados sobre a semente, glabros a hispídulos,

2,5-3 mm diâm.

Planta amplamente distribuída na América tropical e subtropical, desde


o sul dos Estados Unidos ao noroeste da Argentina. Pode ser considerada
uma planta invasora de áreas alteradas e brejosas ou, pelo menos, sujeitas a
inundações periódicas. Na caatinga, sua ocorrência também está relacionada
a estes tipos de ambientes. Floração e frutificação concomitantes: vi-vii.

Aeschynomene evenia pertence a um grupo de plantas caracterizado pelo


fruto com margens retas ou quase retas (sem istmo) e artículos quadrados
e é, por essas características, facilmente diferenciada de outras espécies
de caatinga (caracteres diferenciais em relação a Ae. filosa são citados na
discussão desta espécie). Outras espécies deste mesmo grupo ocorrem na
área de domínio da caatinga mas não foram incluídas neste trabalho pois os
dados atuais indicam que as mesmas estão mais ligadas a áreas brejosas em

667
cerrado como, por exemplo, Ae. scabra G.Don e Ae. sensitiva Sw.

Nomes vernaculares: paricá, sensitiva, rolha-de-garrafa (os três em Ipirá,


BA), canela-de-velho (São Sebastião, PI), corticeira (Campo Maior, PI). Os
nomes corticeira e rolha-de-garrafa fazem alusão à base do caule suberosa
quando a planta está crescendo em brejos.

Material selecionado: Bahia: Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 9661 (HUEFS); Feira de

Santana, E. Melo & M. G. Bezerra 2248 (HUEFS); Ipirá, E. L. P. G. Oliveira 774 (BAH,

HUEFS); Itaberaba, E. L. P. G. de Oliveira 339 (BAH, K); Juazeiro, L. Zehntner 141 (R);

Pilão Arcado, T. S. Nunes et al. 1028 (HUEFS); Remanso, L. P. Queiroz et al. 7876

(HUEFS); Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4039 (HUEFS, K); Serra

Preta, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4135 (HUEFS, K). Ceará: Canindé, L. Coradin et

al. 1969 (CEN, HUEFS); Quixadá, A. Löfgren 856 (R). Pernambuco: Belo Jardim, A. M.

Miranda et al. 2760 (Hst, HUEFS); Ouricuri, L. Coradin et al. 2495 (CEN, K). Piauí: Campo

Maior, M. S. B. Nascimento et al. 123 (HUEFS, K); Castelo do Piauí, M. S. B. Nascimento

& M. E. Alencar 1060 (Cpnm, HUEFS); São Sebastião, M. S. B. Nascimento et al. 163

(Cpmn, HUEFS). Rio Grande do Norte: s. l. (“Rio Diamante”), A. Löfgren 397 (R).

Aeschynomene filosa Mart. ex Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (1): 61. 1859.

Subarbusto ereto, virgado, até ca. 1 m alt., glabro, muito ramificado, ramos

finos, verdes e ascendentes; folíolos caducos mas a raque persistente

compondo com os ramos um hábito semelhante a uma vassoura; base da

planta lenhosa com lenticelas proeminentes. Estípulas peltadas, caducas,

com segmentos proximal e distal linear-oblongos. Folhas paripinadas;

pecíolo 3-5 mm; raque 50-70 mm; segmentos interfoliolares ca. 2 mm; folíolos

58-82, alternos a subopostos, sensitivos, quando estimulados fechando-se

para a frente, ± eqüilongos, ca. 3 x 0,8 mm, ca. 3,8x mais longos do que

largos, oblongos, glabros, uninérvios, nervura principal central. Racemos

668
axilares, geralmente mais longos do que a folha adjacente, 4-6-floros, com

eixo delgado e laxifloro; pedicelo ca. 3 mm compr. Flores ca. 4 mm compr.;

cálice bilabiado, campanulado, ca. 2 mm compr., glabro, lábio superior 2-

dentado, lábio inferior 3-dentado; pétalas amarelas; estandarte glabro,

suborbicular, ca. 3 x 3 mm. Lomento moniliforme, 1-3-articulado, istmo

central; estípite 7-10 mm; artículos coriáceos, glabros, suborbiculares, 3-4

mm diâm.

Aeschynomene filosa é principalmente uma espécie de brejo, distribuída


da América Central e Antilhas até o sul de Minas Gerais. Sua presença
em caatinga também está restrita a áreas brejosas. Floração e frutificação
concomitantes: iii-ix.

Esta espécie é prontamente reconhecida pelo seu hábito particular, com


os ramos ascendentes e a raque foliar persistente após a queda dos folíolos
compondo um conjunto semelhante a uma vassoura. Além disso, apresenta
o fruto moniliforme, com ambas as suturas sinuosas e, conseqüentemente,
com istmo central, e pelo número elevado de folíolos (58 a 82).

Material selecionado: Bahia: Iaçu, L. R. Noblick 3545 (HUEFS, K); Mirangaba, J. D. C.

A. Ferreira 74 (HRB, K); Pilão Arcado, B. S. Andrade et al. 18 (HUEFS); Remanso, T. S.

Nunes et al. 491 (HUEFS). Paraíba: s. l. (“Lagoa dos Patos”), Ph. von Luetzelburg 12526

(K, RB). Pernambuco: Araripina, L. G. Santana et al. 11 (Hst, HUEFS).

Aeschynomene histrix Poir., Encycl. (Lamarck) Suppl. 4: 77. 1816.

Erva prostrada, viscosa, com ramos, eixo foliar e eixos da inflorescência

pubérulos e com tricomas híspido-glandulares. Estípulas não peltadas,

lanceoladas. Folhas paripinadas; pecíolo 1-2 mm; raque 6-24 mm;

segmentos interfoliolares 1,5-2,5 mm; folíolos 10-24, alternos a subopostos,

cartáceos, decrescentes distalmente, os maiores (medianos) 4-6,5 x 2 mm,

669
ca. 2-3x mais longos do que largos, oblongos a largamente oblongos, ápice

arredondado, mucronulado, face adaxial glabra ou esparsamente pubérula,

face abaxial com tricomas adpressos densos a esparsos, ciliados nas

margens, nervura principal ligeiramente excêntrica na base, juntamente

com as secundárias broquidódromas e as terciáriais reticuladas, salientes

na face abaxial. Racemos axilares, mais curtos do que a folha adjacente,

congestifloros; pedicelo 3-4 mm compr. Flores 4-5 mm compr.; cálice 5-

laciniado, campanulado, glabrescente a pubérulo, tubo ca. 1 mm compr.,

lacínias deltóides, ± iguais, 1-1,5 mm compr.; estandarte amarelo-rosado

com nervuras vináceas, externamente pubérulo, suborbicular, 4,5-5 x 5-6

mm. Lomento 1-2-articulado, istmo marginal estreito, linear; estípite 1,5-2

mm; artículos coriáceos, glabrescentes, tricomas curtos e esparsos, semi-

orbiculares, ca. 3 mm diâm.

Aeschynomene histrix diferencia-se de Ae. viscidula pelo número maior de


folíolos (10 a 24 em Ae. histrix vs. 5 a 10 em Ae. viscidula), com formato
oblongo (vs. oboval), além dos artículos do fruto menores (ca. 3 mm vs.
3,5-5 mm diâm., respectivamente) e quase glabros. Fernandes (1996)
reconheceu cinco variedades das quais duas ocorrem na caatinga e podem
ser diferenciadas pela chave abaixo. Além destas variedades, a var. incana
ocorre em em campos rupestres e áreas de transição caatinga-cerrado mas
sua ocorrência na caatinga não foi confirmada.

1. Estípulas com até 5 mm compr...............................................var. histrix

1. Estípulas com 5-15 mm compr.......................................... var. densiflora

Aeschynomene histrix var. densiflora (Benth.) Rudd, Contribs. U. S. Nat.


Herb. 32: 84. 1955.
Aeschynomene densiflora Benth., J. Bot. (Hooker) 2: 56. 1840.

670
Esta variedade distribui-se do México ao Paraguai, geralmente em habitats
campestres. Na caatinga, ocorre em solo arenoso de 400 a 700 m alt.
Floração e frutificação concomitantes: vi, x.

Material examinado: Bahia: Caen, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3552 (HUEFS, K); Ruy

Barbosa, L. P. Queiroz et al. 9293 (HUEFS). Ceará: Juazeiro do Norte, L. Coradin et al.

7768 (CEN, K). Pernambuco: Buíque, M. F. Sales 417 (K, PEUFR).

Aeschynomene histrix Poir. var. histrix


Aeschynomene mucronulata Benth. in Hook., Journ. Bot. 2: 56. 1840.
Aeschynomene hystrix var. mucronulata (Benth.) Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (1):
69. 1859.

Aeschynomene histrix var. histrix distribui-se amplamente desde a América


Central (aparentemente não nas Antilhas) até o Paraguai, freqüentemente
em campos e savanas. No nordeste do Brasil, ocorre mais em áreas de campos
cerrados (‘gerais’) associados às montanhas da Chapada Diamantina e é
possível que a sua ocorrência na caatinga (apenas os espécimes referidos
abaixo) necessite ser revista. Floração e frutificação concomitantes: vi.

Material examinado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, L. Coradin et al. 5886 (CEN, K); Gentio

do Ouro, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3953 (HUEFS); Morro do Chapéu, L. Coradin

et al. 6237 (CEN, K); Santo Inácio, R. M. Harley et al. 18989 (CEPEC, K); Senhor do

Bonfim, R. Mello-Silva et al. in CFCR 7592 (SPF). Piauí: Bom Jesus, L. Coradin et al.

5886 (CEN, K).

Aeschynomene martii Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (1): 62. 1859.


Aeschynomene arbuscula Rizzini, Leandra 4-5: 15. 1974, non Baker f., 1932.
Aeschynomene rizzinii Schoenberg & Ferreira, Bol. Mus. Bot. Munic. 32: 1. 1977.

Arbusto 2-4 m alt., ramos longos e virgados; “tronco” ca. 1 cm DAP com

671
casca rugosa, exfoliando em placas, marrom-acinzentadas; ramos jovens,

eixo foliar e eixos da inflorescência pubérulos, tricomas curtos, eretos e

canescentes; tricomas glandulares de base dilatada geralmente ausentes.

Estípulas não peltadas, 3-4 x ca. 1,5 mm. Folhas imparipinadas; pecíolo

2-4 mm; raque 17-35 mm; segmentos interfoliolares 2-4 mm; folíolos 16-

30, alternos a subopostos, cartáceos, decrescentes em cada extremidade

da raque, os maiores (medianos) 7-9 x 2-3 mm, ca. 2,3-3x mais longos

do que largos, oblongos, ápice arredondado a truncado, mucronado, face

adaxial glabra, face abaxial pubérula, nervura principal central, juntamente

com as secundárias proeminente na face abaxial, as demais inconspícuas.

Racemos axilares curtos, 3-4-floros, subcorimbosos; pedicelo 10-13 mm

compr. Flores 13-16 mm compr.; cálice 5-laciniado, campanulado, tubo ca.

3 mm compr., glabro, lacínias lanceoladas, 1,5 (superiores) a 3 (inferior)

mm compr., esparsamente pubérulas; pétalas amarelo-alaranjadas;

estandarte externamente pubérulo e com nervuras vináceas, suborbicular,

ca. 9 x 10 mm. Lomento 1-3-articulado, istmo marginal em forma de “⋎”;

estípite 5-10 mm, dobrada ca. 90° logo abaixo do artículo basal; artículos

papiráceos, glabros, ± reniformes, 13-15 x 6-8 mm.

Aeschynomene martii é uma espécie endêmica da caatinga, distribuindo-se


do sul de Pernambuco, Bahia, ao norte de Minas Gerais. É possível que pelo
menos uma coleta (Lewis & Pearson 1077) pode ter sido realizada no sul
do Piauí. Ocorre principalmente em caatinga aberta sobre solo arenoso, às
vezes sobre dunas interiores, de 250 a 600 m alt. Floração x-iv. Frutificação:
i-iv.
Aeschynomene martii pode ser diferenciada das demais espécies de caatinga
pela combinação do hábito arbustivo com as folhas com folíolos numerosos
(até 30), relativamente pequenos e frutos com artículos papiráceos
relativamente amplos (até 15 x 8 mm).

672
Fernandes (1996) considerou Ae. rizzini como uma espécie distinta de Ae.
martii. Elas são simpátricas e os caracteres diagnósticos de Ae. rizzini podem
ser encontrados dentro da variação de Ae. martii. Assim, da mesma forma
que Lewis (1985), estou considerando estes táxons como co-específicos.

Nomes vernaculares: coração-de-nego (Casa Nova, BA), provavelmente


uma alusão ao âmago escuro do caule.

Material selecionado: Bahia: Camaleão, R. M. Harley et al. 16470 (CEPEC, K); Campo

Formoso, D. P. Lima 13109 (holótipo de Ae. arbuscula Rizzini: RB); Canudos, L. P. Queiroz

et al. 7285 (HUEFS); Contendas do Sincorá, G. Hatschbach 48369 (K, MBM); Casa Nova,

L. P. Queiroz et al. 9143 (HUEFS); Curaçá, G. C. P. Pinto & S. B. Silva 240-83 (HRB,

HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick et al. 3164 (HUEFS, K); Ibiraba, L. P. Queiroz 4892a (HUEFS,

SPF); Juazeiro, K. F .Ph. von Martius 2322 (síntipo de Ae. martii: M); Livramento do

Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1930 (CEPEC, K); Macaúbas, H. P. Bautista

& O. A. Salgado 857 (HRB, HUEFS); Maracás, M. M. Silva-Castro et al. 650 (HUEFS);

Marcionílio Souza (como Tamburi), E. Ule 7278 (K); Raso da Catarina, L. P. Queiroz 300

(ALCB, K); Rio de Contas, A. M. Giulietti & R. M. Harley 1616 (HUEFS). Minas Gerais:

Mato Verde, V. C. Souza et al. 5455 (HUEFS). Pernambuco: Inajá, A. M. Miranda 1235

(Hst, HUEFS).

Aeschynomene mollicula Kunth, Nov. Gen. & Sp. 6: 532. 1824.

var. mollicula
Aeschynomene pauciflora Vogel, Linnaea 12: 93. 1838.

Subarbusto ereto, virgado, ca. 0,7-1,5 m alt.; ramos jovens, eixo foliar e

eixos da inflorescência vilosos a seríceos, tricomas amarelados. Estípulas

não peltadas, lanceoladas, estriadas, 5-7 x ca. 2,5 mm. Folhas paripinadas;

pecíolo 4-7 mm; raque 21-45 mm; segmentos interfoliolares ca. 3 mm;

folíolos 15-42, alternos a subopostos, papiráceos a cartáceos, decrescentes

673
em cada extremidade da raque, os maiores (medianos) 11-19 x 3-5 mm,

3,4-4,3x mais longos do que largos, oblongo-lineares, ápice obtuso,

longamente mucronado, base obliquamente truncada a obliquamente

cordada, face adaxial glabra a esparsamente pubérula, face abaxial com

tricomas adpressos densos a esparsos, nervura principal central, as

secundárias broquidódromas e as terciáriais reticuladas, todas salientes

na face abaxial. Racemos axilares, mais curtos do que a folha adjacente,

3-5-floros, às vezes reduzido a uma flor axilar; pedicelo 3-6 mm compr.

Flores ca. 12 mm compr.; cálice 5-laciniado, viloso, tubo campanulado,

ca. 2 mm compr., lacínia lanceoladas, 2 (superiores) a 5,5 (inferior) mm

compr.; pétalas amarelo-alaranjadas; estandarte externamente pubérulo,

suborbicular, 10-11 x 10-12 mm. Lomento 3-6-articulado, istmo marginal

estreito, linear; estípite 2-3 mm; artículos papiráceos, tomentosos, semi-

orbiculares, 5-6 x 4-5 mm.

Distribui-se em três áreas distintas na América do Sul: Colômbia, Paraguai


e nordeste do Brasil (estados do Ceará, Piauí, Pernambuco e Bahia). No
Nordeste, ocorre principalmente como uma planta de borda de floresta
estacional ou como uma planta colonizadora em locais alterados de caatinga
e florestas estacionais. Floração e frutificação: iii, vi-viii.

Aeschynomene mollicula diferencia-se das demais espécies de Aeschynomene


que têm hábito ereto e possuem estípulas não peltadas e frutos com istmo
marginal pelo seu hábito subarbustivo e frutos com istmo estreito e linear.
Pode ser confundida com formas depauperadas de Ae. benthamii embora
existam caracteres diagnósticos constantes que a separam facilmente (ver
comentário sobre Ae. benthamii).

Nomes vernaculares: mudubim, cristal-do-mato (ambos em Tucano, BA; o


primeiro é um nome mais comumente usado para espécies de Arachis)

Material selecionado: Bahia: Feira de Santana, H. P. Bautista & G. C. P. Pinto 1026 (HRB);

674
Ichu, A. S. Carneiro 4 (HUEFS); Ipecaetá, L. R. Noblick & C. G. Lobo 4315 (HUEFS,

K); Itaberaba, M. S. G. Ferreira 274 (BAH, K); Jacobina, A. Fernandes & F. J. A. Matos

s. n. EAC 3354 (EAC, K); Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4083

(HUEFS, K); Sapeaçu, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3811 (HUEFS, K); Serra Preta,

L. P. Queiroz et al. 2924 (HUEFS, K); Tucano, D. Cardoso & W. J. Lima 466 (HUEFS).

Pernambuco: Iati, A. Fernandes & F. J. A. Matos s. n. EAC 3347 (EAC, K). Rio Grande

do Norte: Parelhas, N. Lima et al. 63 (NY).

Aeschynomene monteiroi Afr.Fern. & P.Bezerra, Bradaea 2 (50): 332.


1979.
Aeschynomene monteiroi var. psilantha G.P.Lewis, Kew Bull. 40: 603. 1985, syn. nov.

Arbusto a arvoreta até 5 m alt., ramos longos e virgados; “tronco” 2,5-9

cm DAP; toda a planta essencialmente glabra, ramos jovens purpúreos,

glaucos, às vezes com tricomas curtos, brancos e eretos misturados com

tricomas secretores de base larga. Estípulas não peltadas, foliáceas,

8-12 x 4-8 mm, cordadas. Folhas paripinadas; pecíolo 9-22 mm; raque

25-60 mm; segmentos interfoliolares 4-8 mm; folíolos 16-50, alternos a

subopostos, papiráceos, decrescentes distalmente, os maiores (medianos)

5-24 x 2-9 mm, 2,7-3x mais longos do que largos, oblongos a oblongo-

elípticos, ápice arredondado, mucronado, glabros, nervura principal

central, as secundárias broquidódromas e as terciáriais reticuladas, todas

salientes nas duas faces. Inflorescência panícula terminal ou um fascículo

de racemos axilares, cada racemo individual ca. 10-floro; pedicelo 2-3 mm


compr. Flores 4-5 mm compr.; cálice 5-laciniado, glabro, tubo campanulado,

ca. 1,5 mm compr., lacínias deltóides, 0,5 (superiores) a 1,5 (inferior) mm

compr.; estandarte internamente creme com base amarela, externamente

púrpura com nervuras vináceas, glabro a pubérulo, transversalmente

elíptico, 5,5-6 x 7-8 mm; alas creme na base e purpúreas no ápice; carena

675
esverdeada com ápice amarelo. Lomento 1-3-articulado, istmo marginal

em forma de “⋎”;estípite 5-9 mm, dobrado ca. 90° logo abaixo do artículo

basal; artículos papiráceos, glabros, ± reniformes, 10-12 x 5-7 mm.

Aeschynomene monteiroi distribui-se principalmente na depressão sertaneja


setentrional, do Piauí ao Rio Grande do Norte e, para o sul, até o extremo
norte da Bahia. Ocorre principalmente em caatinga, especialmente as que
se desenvolvem sobre solo arenoso (há apenas uma coleta referida como
de cerrado do Piauí), em altitudes de ca. 300-350 m. Floração i, ix-viii.
Frutificação: iv-ix.

Esta espécie apresenta uma grande variação no número e dimensões dos


folíolos (ver parágrafo seguinte), algumas vezes apresentando folíolos tão
pequenos (e igualmente oblongos) quanto os de Ae. martii ou quase tão
grandes quanto os de Ae. soniae (mas não suborbiculares como os desta
espécie). No entanto, Ae. monteiroi diferencia-se destas espécies pelas
estípulas amplas e foliáceas (8-12 mm compr. em Ae. monteiroi e até 3 mm
nas demais) e pelas flores significativamente menores (4-5 mm compr. vs.
pelo menos 12 mm, respectivamente). Em Ae. monteiroi as estípulas são
geralmente caducas mas deixam uma cicatriz que circunda pelo menos ½
da circunferência do ramo.
Lewis (1985) descreveu a var. psilantha para plantas com folhas e folíolos
maiores e estandarte glabro do sudeste do Piauí. Com um número maior
de amostras hoje disponível, verifica-se que há muitos indivíduos com
dimensões de folhas e folíolos intermediários e que estes caracteres não
estão correlacionados com o indumento do estandarte. Assim, não estão
sendo reconhecidas variedades para esta espécie.

Lewis (1985) chamou a atenção para a possível relação entre Ae. monteiroi
com Ae. palmeri Rose e Ae. paucifoliolata Micheli. Ambas são espécies
endêmicas do estado de Guerrero, no México e, juntamente com Ae. soniae

676
(ver também observação sobre esta espécie) podem indicar uma relação
florística entre estas áreas.

Esta planta é relatada como tendo uso forrageiro no sul do Piauí (Lewis &
Pearson 1135 in sched.).

Nomes vernaculares; rama-de-besta, vara-de-coã (ambos no Piauí)

Material selecionado: Bahia: Curaçá, G. C. P. Pinto & S. B. da Silva 235-83 (HRB, K);

Itiúba, L. P. Queiroz et al. 7352 (HUEFS). Ceará: Itapagé, A. Fernandes s. n. EAC 16013

(EAC, K); Pereiro, G. C. P. Pinto et al. 263-84 (HRB, HUEFS). Piauí: São Raimundo

Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1135 (tipo de Ae. monteiroi var. psilantha; holótipo:

CEPEC; isótipo: K, RB). Rio Grande do Norte: s. l., M. A. Figueiredo s. n. EAC 18295

(EAC, K).

Aeschynomene soniae G.P.Lewis, Kew Bull. 49: 93. 1994.

Arbusto ca. 5 m alt., ramos longos, virgados e flexuosos; “tronco” ca. 2

cm DAP com casca rugosa e exfoliante, marrom-escura; ramos jovens e

eixo da inflorescência pilosos, tricomas curtos e patentes misturados com

tricomas glandulares esparsos de base dilatada, estes mais densos nos

pedicelos; folhas glabras. Estípulas persistentes após a queda das folhas.

Folhas imparipinadas; pecíolo 14-20 mm; raque 15-31 mm; segmentos

interfoliolares 9-11 mm; folíolos 3-7, alternos a subopostos, papiráceos a

cartáceos, o terminal 22-34 x 15-30 mm, ca. 1,2-1,5x mais longos do que

largos, largamente elíptico a suborbicular, ápice arredondado e mucronado,

base arredondada, às vezes assimétrica nos folíolos laterais, nervação

proeminente nas duas faces, as nervuras secundárias broquidódromas,

as terciárias reticuladas. Racemos terminais ou axilares, geralmente

agrupados em panículas laxas; pedicelo 5-7 mm compr. Flores 12-15 mm

compr.; cálice 5-laciniado, glabro, tubo campanulado, ca. 2,5 mm compr.,

677
lacínias lanceoladas, 1,5-2 mm compr.; pétalas amarelo-alaranjadas,

claras; estandarte com face externa purpúrea, esparsamente pubescente,

largamente oval, ca. 13 x 12 mm. Lomento 2-3-articulado, istmo marginal

em forma de “⋎”;estípite ca. 15 mm, dobrada ca. 90° logo abaixo do artículo

basal; artículos papiráceos, glabros, ± obovais, ca. 17 x 9 mm.

Aeschynomene soniae é endêmica da caatinga, sendo conhecida apenas


do centro-sul da Bahia, próximo à cidade de Livramento do Brumado.
Floração e frutificação: iv.

Esta espécie é bem distinta das demais espécies de Aeschynomene de caatinga


pelos folíolos amplos (até 34 x 30 mm), peninérvios e reticulados. Lewis
(1994b) a considera afim a Ae. martii (também da caatinga) e a Ae. hintonii
Sandw. Esta é uma espécie do México (estado de Guerrero) e, assim como
alguns outros táxons (p.ex. Aeschynomene monteiroi e Piptadenia obliqua)
sugere a existência de uma ligação florística entre as duas áreas.

Material examinado: Bahia: Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 2006

(tipo de Ae. soniae: holótipo: CEPEC; isótipos: HUEFS, K); Paramirim, G. Hatschbach et

al. 67599 (HUEFS, MBM); Rio de Contas, S. Atkins et al. in PCD 5088 (ALCB, HUEFS).

Aeschynomene viscidula Michx., Fl. Bor. Am. 2: 74. 1803.


Aeschynomene prostrata Poir., Lam. Encycl. Bot. 4: 76. 1816.

Erva prostrada; ramos, eixo foliar e eixos da inflorescência pubérulos e

com tricomas híspido-glandulares deixando a planta viscosa. Estípulas


não peltadas, lanceoladas. Folhas paripinadas; pecíolo 4-7 mm; raque

5-15 mm; segmentos interfoliolares 2-4 mm; folíolos 5-10, alternos a

subopostos, papiráceos, sensitivos, quando estimulados fechando-se para

cima e para a frente de modo que os basais vão recobrindo os distais,

decrescentes distalmente, os maiores (basais) 7-12 x 4-7 mm, ca. 1,7x

678
mais longos do que largos, obovais, ápice arredondado, mucronulado,

face adaxial glabra, face abaxial com tricomas adpressos e esparsos,

ciliados nas margens; nervura principal excêntrica na base, juntamente

com as secundárias broquidódromas e as terciáriais reticuladas, saliente

na face abaxial. Racemos axilares, geralmente mais longos do que a folha

adjacente, 7-12-floros; pedicelo 5-7 mm compr. Flores ca. 5 mm compr.;

cálice 5-laciniado, pubérulo, tubo campanulado, ca. 1,5 mm compr., lacínias

deltóides, ± iguais, 1-1,5 mm compr.; pétalas amarelo-esbranquiçadas;

estandarte externamente pubérulo, suborbicular, 5-6 x ca. 6 mm; estames

10, poliadelfos (1 + 4 + 1 + 4). Lomento 2-3-articulado, istmo marginal,

estreito e linear ; estípite 1-2 mm; artículos coriáceos, densamente

pubérulos e com tricomas híspido-glandulares, semi-orbiculares, 3,5-5 mm

diâm.

Aeschynomene viscidula possui distribuição bicêntrica, ocorrendo


principalmente do México e Antilhas até o norte da Venezuela e,
disjuntamente, no nordeste do Brasil, do Ceará à Bahia. Nesta região sua
ocorrência está fortemente associada a solos arenosos, sendo encontrada
em dunas e restingas litorâneas e, na caatinga, em margens e leitos arenosos
de rios temporários, em altitudes de 450-550 m. Floração e frutificação
concomitantes: iii-vi.

Esta espécie é muito semelhante a Ae. brasiliana (Poir.) DC. Os caracteres


diferenciais usados por Rudd (1955) e Fernandes (1996) apresentam
alguma sobreposição, especialmente no número de folíolos e tamanho dos
artículos do lomento. Ae. viscidula, no entanto, pode ser reconhecida pelos
folíolos obovais. Um espécime de Petrolina (Coradin et al. 7746) apresenta
características intermediárias entre estas duas espécies e não foi incluído
neste tratamento. Os caracteres diferenciais em relação a Ae. histrix estão
citados na discussão desta espécie.

679
Material selecionado: Alagoas: Piranhas, R. A. Silva & D. Moura 678 (HUEFS, Xingo).

Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21586 (CEPEC, K); Boninal, L. Coradin et

al. 4349 (CEN, K); Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 7902 (HUEFS); Feira de Santana, D. A.

Lima 58-2910 (IPA, K); Jacobina, L. Coradin et al. 6159 (CEN, K); Juazeiro, L. Zehntner

807 (R); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1975 (CEPEC, K);

Santa Rita de Cássia, L. Coradin et al. 5763 (CEN, K); Senhor do Bonfim, L. Coradin et

al. 6021 (CEN, K). Ceará: Juazeiro do Norte, L. Coradin et al. 7765 (CEN, K) Quixadá,

F. Drouet 2428 (US). Pernambuco: Petrolina, L. Coradin et al. 1296 (CEN, K). Sergipe:

Canindé do São Francisco, R. A. Silva & D. Moura 558 (HUEFS, Xingo).

Indigofera L.

Arbustos, subarbustos ou ervas, inermes; indumento constituído de

tricomas malpiguiáceos, birramosos. Folhas alternas, espiraladas,

imparipinadas, 7-13-folioladas, estípiteladas (estípitelas às vezes

reduzidas a um tufo de tricomas); folíolos opostos ou alternos, peninérvios,

broquidódromos, às vezes com pontuações glandulares. Inflorescências

racemos axilares, mais curtos ou mais longos do que as folhas; bractéolas

ausentes. Flores pediceladas; cálice campanulado, 5-laciniado; corola


papilionóide com mecanismo explosivo de liberação de pólen; pétalas

róseas a avermelhadas, glabras ou pubescentes, ungüiculadas; estandarte,

elíptico a oboval; alas e pétalas da carena aproximadamente do mesmo

comprimento do estandarte; carena reta ou ligeiramente curvada no ápice,

com pétalas soldadas distalmente ao longo da margem inferior; estames

10, diadelfos, soldados em bainha com o vexilar livre; anteras com

conectivo apendiculado no ápice; nectário intraestaminal ausente; ovário

séssil, glabro ou estrigoso, 5-pluriovulado. Fruto legume, elasticamente

deiscente, cilíndrico ou ligeiramente compresso, reto ou encurvado,

patente ou deflexo na raque, internamente septado entre as sementes.

680
Indigofera é um gênero com ca. de 700 espécies (Schrire et al. 2003),
distribuído nos trópicos e subtrópicos de todo o mundo. Nas Américas,
o gênero é representado por ca. 50 espécies (Lievens 1992), 14 das quais
foram registradas para o Brasil (Duré 1990).

Este gênero pode ser diagnosticado principalmente pela presença de


tricomas malpiguiáceos e pelo prolongamento do conectivo que deixa as
anteras apiculadas. As espécies de caatinga possuem folhas imparipinadas
com folíolos opostos e flores relativamente pequenas com pétalas róseas a
avermelhadas.

Em Indigofera, as flores possuem um interessante mecanismo explosivo de


apresentação de pólen, encontrado também, nos grupos de caatinga, no
gênero Desmodium.

Chave para as espécies de Indigofera da caatinga:

1. Planta prostrada; folíolos 7-9, com pontuações alaranjadas na face


abaxial; frutos retos com até 8 mm compr.......................... I. microcarpa

1. Arbusto ou subarusto ereto; folíolos 11-13, sem pontuações; frutos


arqueados com pelo menos 12 mm compr.

2. Racemos ca. 2x mais longos do que a folha adjacente; flores 7-9


mm compr.; fruto 20-28 mm compr............................I. blanchetiana

2. Racemos mais curtos do que a folha adjacente; flores 3,5-4 mm


compr.; fruto 12-19 mm compr.....................................I. suffruticosa

Indigofera blanchetiana Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (1): 40, 1859.

Subarbusto ou arbusto 1,5-3 m alt.; ramos jovens, eixo foliar e eixos da

681
Figura 38 – A: Indigofera suffruticosa (1 - hábito; 2 - folíolo; 3 - flor; 4 - cálice; 5 - estandarte; 6 - ala; 7 - pétala da
carena; 8 - fruto); B: Desmodium glabum (1 - hábito; 2 - estípula; 3 - folíolo distal; 4 - fruto; 5 - semente).

inflorescência revestidos por tricomas malpiguiáceos com braços desiguais,

hípidos. Pecíolo 7-9 mm; raque 4-4,8 cm; segmentos interfoliolares 9-11

mm; estípitelas curtas; folíolos 11-13, papiráceos, ± eqüilongos, o terminal

12-15 x 9-10 mm, 1,2-1,6x mais longos do que largos, largamente obovais,

ápice arredondado, mucronado, face adaxial glabrescente, face abaxial

esparsamente pubérula. Racemos 8-25 cm compr., ca. 2x mais longos do

682
que a folha adjacente; pedicelo ca. 1 mm compr. Flores 7-10 mm compr.;

cálice com comprimento total de ca. 2 mm, tubo amplamente campanulado,

lacínias triangular-subuladas; pétalas rosa; estandarte oboval, ca. 4

x 3 mm. Legume 2-2,8 x 0,2-0,3 cm, deflexo, arqueado; valvas rígido-

coriáceas, híspidas.

Indigofera blanchetiana é provavelmente endêmica de caatinga, sendo


conhecida apenas dos estados do Ceará, Piauí, Bahia e Minas Gerais,
geralmente sobre solo arenoso de 250 a 600 m alt. Floração: i-iii, ix.
Frutificação: iii-?

Vegetativamente esta espécie assemelha-se a I. suffruticosa, ambas


apresentando hábito predominantemente subarbustivo com ramificação
aberta, folhas com 11 a 13 folíolos de tamanho equivalente. Pode ser
diferenciada desta espécie pelas flores maiores (7-10 mm em I. blanchetiana
vs. 3,5-4 mm em I. suffruticosa) e frutos deflexos e maiores (20-28 mm
compr.; em I. suffruticosa os frutos são patentes e medem 12-19 mm
compr.).

Material selecionado: Bahia: Cafarnaum, G. Hatschbach 39553 (K, MBM); Campo Alegre

de Lurdes, T. S. Nunes et al. 636 (HUEFS); Formosa do Rio Preto, R. M. Harley et al.

53796 (HUEFS); Itiúba, J. G. A. Nascimento & T. S. Nunes 50 (HUEFS); Jaguarari, G. C.

P. Pinto 337-81 (HRB, K); Jeremoabo, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4650 (HUEFS);

Juazeiro, G. Eiten & L. T. Eiten 10875 (K); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16922 (CEPEC,

K); Senhor do Bonfim, R. M. Harley et al. 16349 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, L. P.

Queiroz et al. 7767 (HUEFS); Sento Sé, B. Pickersgill Erva al. RU72-107 (K). Ceará:
Baturité, A. Ducke s. n. (RB). Piauí: Campo Maior, R. R. Farias & M. R. A.Mendes 502

(HUEFS, TEPB).

Indigofera microcarpa Desv., Journ. Bot. 3: 79. 1814.


Indigofera sabulicola Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (1): 40. 1859.

683
Erva prostrada com ramos irradiando de um xilopódio; ramos jovens, eixo

foliar e eixos da inflorescência revestidos por tricomas longos e prateados

deixando a planta ± esbranquiçada quando seca. Pecíolo 2-5 mm; raque

0,6-1,3 cm; segmentos interfoliolares 2,5-6 mm; estípitelas ausentes;

folíolos 7-9, papiráceos, ± eqüilongos, o terminal 4,5-13 x 2-5 mm, 2-

2,7x mais longos do que largos, obovais, ápice arredondado a truncado,

mucronado, face adaxial esparsamente serícea, face abaxial serícea,

argêntea, e com pontuações glandulares amareladas. Racemos 2,5-5 cm

compr., mais longos do que a folha adjacente; pedicelo 0,7-1 mm compr.

Flores ca. 4-5 mm compr.; cálice com comprimento total de ca. 3 mm,

tubo amplamente campanulado, lacínias subuladas mais longas do que o

tubo; pétalas rosa; estandarte oboval, ca. 5 x 3 mm, pubescente no lado

externo. Legume 0,5-0,8 x 0,2 cm, reto, reflexo, com estilete persistente e

uncinado; valvas densamente pubescentes e pontuado-glandulares.

Indigofera microcarpa é uma espécie amplamente distribuída no Novo


Mundo e na África. Ocorre principalmente em áreas sujeitas a inundações
periódicas sobre solo arenoso. Na caatinga ocorre em altitudes de 200 a 500
m. Floração e frutificação concomitantes ao longo do ano.

Facilmente diferenciada das demais espécies de Indigofera de caatinga pelo


seu hábito prostrado, folhas muito reduzidas e frutos retos com menos de
1 cm compr.

Os frutos de I. microcarpa são, aparentemente, indeiscentes. Isto, associado


com o estilete persistente e uncinado sugerem uma dispersão epizoocórica
para esta espécie.

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, G. Hatschbach et al. 56609 (K, MBM);

Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 7422 (HUEFS); Feira de Santana, C. M. B. Lobo 13

(HUEFS); Ibiraba, L. P. Queiroz 4893 (HUEFS); Jacobina, S. J. Blamchet 2712 (K);

Paratinga, L. Coradin et al. 6327 (CEN, K); Remanso, E. Ule 7198 (K); Tucano, A. M.

684
de Carvalho & D. J. N. Hind 3881 (CEPEC, K); Xique Xique, G. Hatschbach et al. 67760

(HUEFS). Ceará: Icó, Bogner 1218 (K). Piauí: São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H.

P. N. Pearson 1107 (K). Sergipe: Canindé do São Francisco, R. A. Silva & D. Moura 865

(HUEFS, Xingo).

Indigofera suffruticosa Mill., Gard. Dict. ed. 8, n° 2. 1768.


Indigofera anil L., Mant. Pl. 2: 272. 1771.
Indigofera brasiliensis Willd. ex Walp., Linnaea 14: 300. 1840.

Subarbusto ou arbusto de 1,5-3 m alt.; ramos jovens, eixo foliar e eixos da

inflorescência revestidos por tricomas malpiguiáceos hípidos com braços

± iguais. Pecíolo 15-21 mm; raque 3,7-6,2 cm; segmentos interfoliolares

7-16 mm; estípitelas subuladas; folíolos 11-13, papiráceos, ± eqüilongos,

o terminal 17-26 x 8-11 mm, 2,1-2,4x mais longos do que largos, elípticos,

ápice agudo a obtuso, mucronado, face adaxial glabra, face abaxial

esparsamente pubérula. Racemos 2-7 cm compr., mais curtos do que a

folha adjacente; pedicelo 0,7-1 mm compr. Flores 3,5-4 mm compr.; cálice

com comprimento total de ca. 2 mm, tubo amplamente campanulado,

lacínias triangulares, aproximadamente do mesmo comprimento do tubo;

pétalas vermelho-salmão; estandarte suborbicular, 4-5 x 3-4 mm. Legume


1,2-1,9 x 0,2 cm, reflexo, arqueado; valvas rígido-coriáceas, glabrescente,

tricomas esparsos e adpressos.

Indigofera suffruticosa é uma espécie invasora, ocorrendo freqüentemente em


ambientes alterados em todo o trópico (Lieven 1992). Na área de caatinga,
é uma planta comum em áreas alteradas à beira de rios e em plantações
abandonadas. Floração e frutificação ao longo de todo o ano.

Semelhante a I. blanchetiana da qual se diferencia principalmente pela


inflorescência mais curta do que a folha adjacente (vs. ca. 2x mais longa em
I. blanchetiana) e por caracteres florais e carpológicos (ver discussão em I.

685
blanchetiana).

Material selecionado: Alagoas: Arapiraca, J. H. Kirkbride Jr. 4607 (UB). Bahia: Lagoinha,

R. M. Harley et a;. 16937 (CEPEC, K); Oliveira dos Brejinhos, O. A. Salgado & H. P.

Bautista 297 (HRB, RB); Paulo Afonso, O. P. Travassos 135 (RB); Glória, H. Monteiro 96

(RB); Serrinha, A. Duarte & A. Castellanos 416 (RB). Ceará: Quixadá, A. Löfgren 31 (R).
Paraíba: Esperança, V. P. Barbosa 485 (RB). Pernambuco: Afrânio, E. P. Heringer et al.

794 (RB, UB). Rio Grande do Norte: Chapada do Apodi, A. Castellanos 22833 (R).

Lonchocarpus Kunth

Árvores, às vezes florescendo como arbustos, inermes. Folhas alternas,

espiraladas, imparipinadas, 5-9-folioladas, não estípiteladas; folíolos

opostos, peninérvios, broquidódromos, às vezes com pontuações

pelúcidas obscuras. Inflorescências pseudoracemos ou panículas,

quando pseudoracemos com flores geminadas ao longo do eixo, quando

panícula com eixos laterais racemosos; bractéolas 2, opostas, inseridas

imediatamente abaixo do cálice ou acima da ½ do comprimento do

pedicelo . Flores pediceladas; cálice amplamente campanulado, com

4 lacínias muito curtas, até truncado (lacínias apenas vestigiais ou


completamente ausentes); corola papilionóide; pétalas brancas ou lilás a

roxas, ungüiculadas; estandarte pubescente na face externa ou apenas

no ápice, suborbicular; alas e pétalas da carena aproximadamente do

mesmo comprimento do estandarte; carena reta ou ligeiramente curvada

no ápice, com pétalas soldadas distalmente ao longo da margem inferior;

estames 10, pseudomonadelfos, soldados em tubo mas com 2 aberturas

na base no lado vexilar; nectário intraestaminal presente; ovário séssil

ou curtamente estipitado, 5-9-ovulado. Fruto indeiscente ou tardiamente

deiscente, plano-compresso, margem espessada, nerviforme, às vezes a

686
margem superior prolongada em ala estreita.

Lonchocarpus é um gênero neotropical com ca. 150 espécies, uma das quais
ocorrendo disjunta entre a América tropical e a África (Geesink 1984).
Para o Brasil, Azevedo-Tozzi (1989) reconheceu 23 espécies.

O gênero pode ser diagnosticado pelo hábito arbóreo, folhas imparipinadas


com folíolos opostos, flores relativamente pequenas com lobos do cálice
muito reduzidos, androceu pseudomonadelfo e frutos indeiscentes (ou
tardiamente deiscentes), compressos, com 1 a poucas sementes.

Para o reconhecimento das cinco espécies que ocorrem na caatinga é


importante uma boa observação da inflorescência, especialmente o número
e disposição das flores nos eixos laterais (se apenas duas flores em cada
ponto ou se muitas flores em um eixo lateral alongado).

Chave para as espécies de Lonchocarpus da caatinga:

1. Folíolos com 10-11 pares de nervuras secundárias paralelas entre


si e se estendendo até quase a margem do folíolo; inflorescência
solitária e axilar; flores ca. 15 mm compr.; fruto com margem
superior prolongada em ala de ca. 2-3 mm larg.......................L. sericeus

1. Folíolos com 4 a 7 pares de nervuras secundárias curvas em direção


ao ápice; inflorescência em panículas ou pseudoracemos fasciculados
em ramos curtos ou abaixo das folhas; flores menores, até 11 mm
compr.; fruto sem ala marginal

2. Folíolos 5; bractéolas inseridas acima da ½ do pedice-


lo..................................................................................L. virgilioides

2. Folíolos 7 a 9; bractéolas inseridas exatamente abaixo do cálice

687
3. Flores isolados ao longo do racemo, estes secundariamente
agrupados em panículas; folíolos quando jovens com
pontuações pelúcidas............................................... L. araripensis

3. Flores aos pares ao longo do eixo do racemo; racemos não


agrupados em panículas; folíolos não pontuados

4. Flores com 11 a 13 mm compr.; pétalas lilás a roxas.. L. obtusus

4. Flores com 8 a 10 mm compr.; pétalas brancas..... L. campestris

Lonchocarpus araripensis Benth., J. Proc. Linn. Soc., Bot. Suppl. 4: 96. 1860.
Derris araripensis (Benth.) Afr.Fern., Bol. Soc. Cear. Agron. 5: 53. 1964.

Árvore 3-15 m alt., copada; tronco até 40 cm DAP, casca lisa, cinza-clara;

entrecasca amarela; ramos jovens, eixo foliar e eixos da inflorescência

glabros ou com tricomas curtos muito esparsos. Pecíolo 30-40 mm; raque

5-8,5 cm; segmentos interfoliolares 13-20 mm; folíolos 7-9, opostos,

cartáceos a coriáceos, quando jovens com pontuações pelúcidas obscuras,

acrescentes distalmente, o terminal maior, 35-48 x 17-23 mm, ca. 2x mais

longos do que largos, oblongo-elípticos, ápice arredondado, base cuneada,

assimétrica nos folíolos laterais, margem revoluta, face adaxial glabra,

tornando-se rugosos com a idade, face abaxial com tricomas muito curtos,

adpressos e muito esparsos, nervuras pouco destacadas, as secundárias

em 4-5 pares. Panículas 15-24 cm compr., eixos laterais racemosos,

alongados, os basais 2,5-3,5 cm compr.; pedicelo 2-4 mm compr. Flores

11-12 mm compr.; cálice ca. 3-3,5 mm compr., amplamente campanulado,

discretamente contraído ca. 1 mm acima da base (mais visível no botão),

externamente pubescente, tricomas adpressos, acinzentados, quase

truncado, lacínias vestigiais; pétalas lilás; estandarte externamente

seríceo, suborbicular, 8 x 8 mm + 2,5 mm compr. do ungüículo; ovário

688
6-ovulado, glabro exceto pela margem serícea, séssil. Legume 4,5-9 x

1,7-2,4 cm, quando com 1 semente quase elíptico, quando com 2 ou mais

sementes oblongo-linear, compresso, margens espessadas, não aladas,

base atenuada em pseudo-estípe de 10-15 mm compr., rígido coriáceo,

glabro.

Lonchocarpus araripensis é uma espécie até então conhecida apenas do


nordeste do Brasil, ocorrendo em caatinga sobre solo arenoso, de 150 a 800
m alt. Floração: ix-ii. Frutificação: i-vi.

É caracterizada pelas folhas com 7 a 9 folíolos, glabros (indumento, se


presente, só visível através de lupa), inflorescência em panículas localizadas
logo abaixo das folhas terminais de cada ramo. Os folíolos são comumente
descritos como pelúcido-pontuados mas essas pontuações são difíceis de
ver quando os folíolos estão completamente desenvolvidos.

Material selecionado: Bahia: Caetité, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3622 (HUEFS,

K); Canudos, L. P. Queiroz et al. 7200 (HUEFS); Raso da Catarina, M. L. S. Guedes

854 (ALCB, K). Ceará: Aiuaba, M. A. Figueiredo et al. 5657 (EAC, HUEFS); Crato, G.

Gardner 1536 (tipo de L. araripensis; holótipo: K). Pernambuco: Buíque, A. Laurênio 58

(K, PEUFR); Inajá, D. A. Lima 74-1939 (IPA, K). Piauí: Bocaína, M. R. A. Mendes et al.

144 (TEPB); Bom Jesus, L. Coradin et al. 5888 (CEN, K); Campo Largo, F. G. Alcoforado
et al. 373 (HUEFS, TEPB); Castelo do Piauí, M. E. Alencar 1090 (HUEFS, TEPB); São

José do Piaí, m. r. a Mendes et al. 144 (HUEFS, TEPB).

Lonchocarpus campestris Mart. ex Benth., J. Proc. Linn. Soc., Bot. Suppl. 4:


96. 1860.

Árvore 5-8 m alt., copada; tronco ca. 15 cm DAP, casca cinza-clara;

indumento dos ramos jovens e eixo foliar glabrescente, com tricomas

curtos, esparsos e adpressos, pubérulo nos eixos da inflorescência.

689
Pecíolo 24-35 mm; raque 3,3-5,2 cm; segmentos interfoliolares 9-13 mm;

folíolos 7-9, opostos, papiráceos, acrescentes distalmente, o terminal

maior, 35-67 x 14-24 mm, 2,4-2,8x mais longos do que largos, estreitamente

elípticos, ápice agudo a acuminado (às vezes alguns folíolos com ápice

arredondado), base cuneada, face adaxial glabrescente, face abaxial com

tricomas adpressos, translúcidos, densos a muito esparsos mas nunca

completamente glabra; nervuras pouco destacadas, as secundárias em

6-7 pares. Pseudoracemos 4-10,5 cm compr., surgindo de braquiblastos

ramifloros, abaixo das folhas, isolados ou 2-3-fasciculados, cada nó com

duas flores saindo diretamente do eixo do pseudoracemo; pedicelo 2-3 mm

compr. Flores 8-10 mm compr.; cálice ca. 3,5-4 mm compr., campanulado,

externamente pubescente, tricomas adpressos, lacínias 4, a superior

obtusa, bidentada, as demais deltóides, ligeiramente mais curtas do que o

tubo; pétalas brancas; estandarte externamente pubescente, suborbicular,

6 x 6 mm + 1,5 mm compr. do ungüículo; ovário 5-6-ovulado, viloso,

séssil. Legume 5,2-9 x 1,7-1,8 cm compr., quando com 1 semente quase

elíptico, quando com 2 ou mais sementes oblongo-linear, compresso,

margens espessadas, não aladas, rígido coriáceo, velutino, tricomas

amarronzados,

Lonchocarpus campestris ocorre no leste do Brasil, desde o Ceará até o Rio


Grande do Sul (Azevedo-Tozzi 1989), geralmente em matas ciliares. Na
área de domínio da caatinga, ocorre em caatinga arbustiva e em bancos
arenosos de riachos temporários a ca. 500 m alt. Floração: x-xi. Frutificação:
ii.
Pode ser caracterizada pelas folhas com 7 a 9 folíolos, estes papiráceos e
revestidos por tricomas adpressos na face abaxial, e flores relativamente
pequenas (8 a 10 mm compr.) com pétalas brancas. Algumas folhas podem
ter folíolos com ápice arredondado semelhante ao observado em L. obtusus.
A cor das pétalas (rosa a lilás em L. obtusus) e o comprimento da flor (9-10

690
mm em L. campestris vs. 10 a 12 mm em L. obtusus) podem diferenciá-las.

Material selecionado: Bahia: Jequié, J. L. Hage 110 (CEPEC, K); Manoel Vitorino, S.

A. Mori et al. 11229 (CEPEC, K); Marcionílio Souza (como “Tamburi”), E. Ule 7279 (K);

Senhor do Bonfim, R. M. Harley et al. 16337 (CEPEC, K). Ceará: Meruoca, Fr. Allemão &

M. Cyneiros 422 (R). Minas Gerais: s.l. (“in catingas ad Rio São Francisco”), K. F. Ph. von
Martius 13797 (lectótipo de L. campestris: M).

Lonchocarpus obtusus Benth., J. Proc. Linn. Soc., Bot. Suppl. 4: 95. 1860.

Arbusto 1,8-3 m alt., ramificado na base, troncos ca. 5 cm DAP; indumento

dos ramos jovens, eixo foliar e eixos da inflorescência densamente

pubérulo até velutino, tricomas alaranjados, ramos precocemente lenhosos,

castanho-escuros, com lenticelas esbranquiçadas. Folhas expandindo

junto com as flores e, portanto, diferindo marcadamente de tamanho entre

diferentes espécimes (medidas das folhas de espécimes em flor antes

da barra e em fruto depois); pecíolo 16-20 / 31 mm; raque 2-3,9 / 8,1

cm; segmentos interfoliolares 10-15 / 22-26 mm; folíolos 7-9, opostos,

papiráceos / cartáceos, ligeiramente decrescentes em cada extremidade

da raque, o terminal geralmente menor do que os adjacentes, 21-41 x


12-19 / 33-40 x 16-20 mm, 1,8-2,1x mais longos do que largos, elípticos,

ápice arredondado, base cuneada, face adaxial glabrescente, face abaxial

pilosa, tricomas eretos, translúcidos, raramente glabrescente, nervuras

pouco destacadas, tornando-se salientes e reticuladas na face abaxial

com a idade, as secundárias em 5-6 pares. Pseudoracemos 2,5-9,5 cm

compr., surgindo da axila das folhas distais dos ramos longos ou de ramos

curtos laterais, isolados ou 2-fasciculados, cada nó com duas flores saindo

diretamente do eixo do pseudoracemo; pedicelo 2-4,5 mm compr. Flores

11-13 mm compr.; cálice ca. 3-4 mm compr., campanulado, externamente

pubescente, tricomas curtos, adpressos, quase truncado, lacínias

691
vestigiais; pétalas rosa a lilás; estandarte com base branca, externamente

glabro exceto pelo ápice esparsamente pubérulo, suborbicular, 8-9 x 9-

10 mm + 2 mm compr. do ungüículo; ovário 8-9-ovulado, viloso, séssil.

Legume ca. 4,3-7,2 x 1-1,2 cm compr., linear-oblongo, compresso,

margens espessadas, não aladas, pubescente, tricomas amarronzados.

Lonchocarpus obtusus ocorre no leste do Brasil, do Ceará até Minas Gerais


(Azevedo-Tozzi 1989), geralmente em áreas de transição entre caatinga e
cerrado, de 400 a 500 m alt. Floração: iii, vii. Frutificação: x.

Lonchocarpus obtusus pode ser diagnosticada pelo número e forma dos folíolos,
apresentando 7 a 9 folíolos com ápice arredondado. Pode, ocasionalmente,
ser confundida com alguns indivíduos atípicos de L. campestre mas as flores
maiores com pétalas rosa a lilás servem para diferenciá-las (ver discussão
em L. campestre).

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, B. B. Klitgaard & F. C. P. Garcia 69 (K,

RB); Marcionílio Souza, S. Ginzbarg et al. 807 (CEPEC, K); Santa Inês, R. S. Pinheiro

1856 (CEPEC, K); Serra do Açuruá, J. S. Blanchet 2830 (tipo de L. obtusus; holótipo:

K). Ceará: Serra da Meruoca, A. Fernades s. n. 22.iii. 1955 (EAC, UB). Minas Gerais:

Januária, B. A. S. Pereira 2452 (K).

Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth, Nov. Gen. Sp. 6: 383. 1823.


Robinia sericea Poir. in Lam., Encycl. Méth. Bot. 6: 226. 1804.

Árvore 10-15 m alt., copada, copa ca. 7 m diâm.; tronco ca. 20 cm DAP,
casca ligeiramente rugosa, cinza-clara; ramos ± plagiotrópicos, ficando

quase horizontais, acastanhados, estriados, com lenticelas densas e

brancas; indumento dos ramos jovens, eixo foliar e eixos da inflorescência

densa e curtamente pubérulos, tricomas amarelados a ferrugíneos.

Pecíolo 20-35 mm; raque 3,8-5,7 cm; segmentos interfoliolares 15-19 mm;

692
folíolos 7-9, opostos, coriáceos, acrescentes distalmente, o terminal maior,

65-77 x 36-47 mm, 1,5-1,8x mais longos do que largos, elípticos a elíptico-

obovais, ápice obtuso ou prolongado em acume curto, base arredondada

a obtusa, face adaxial glabra, face abaxial esparsa a densamente pubérula

até velutina; nervação saliente e reticulada na face abaxial, nervuras

secundárias 10-11 pares, paralelas, estendendo-se quase até a margem.

Pseudoracemos 6,5-10 cm compr., axilares, isolados, congestos, cada nó

com um pequeno pedúnculo de onde saem duas flores; pedicelo 2-3 mm

compr. Flores ca. 15 mm compr.; cálice ca. 3 mm compr., campanulado,

quase truncado (lacínias não desenvolvidas), externamente pubescente,

tricomas adpressos e ferrugíneos; pétalas lilás; estandarte externamente

seríceo, suborbicular, 10 x 11 mm + 1 mm compr. do ungüículo; ovário 7-

ovulado, lanoso, séssil. Legume 4-6 x 2,3-2,4 cm compr., quando com 1

semente elíptico, quando com 2 sementes oblongo, compresso, margens

carenadas, a superior estreitamente alada, ala com 2-3 mm larg.; valvas

coriáceas, amarronzadas, velutinas.

Lonchocarpus sericeus é uma espécie amplamente distribuída no Neotrópico,


desde o sul do México e Antilhas até o leste do Brasil (Rio de Janeiro),
ocorrendo ainda na África ocidental (Azevedo-Tozzi 1989). Na caatinga,
L. sericeus ocorre principalmente em bancos arenosos de rios permanentes
e temporários, geralmente sujeitos a inundações periódicas, a ca. 300 m alt.
Floração: i-ii. Frutificação: vii-ix.

Esta planta é facilmente distinta das demais espécies de Lonchocarpus de


caatinga pelas inflorescências isoladas na axila foliar, folíolos com nervuras
secundárias salientes e numerosas (10-11 pares), flores com estandarte
densamente seríceo na face externa e fruto densamente velutino com
margem superior estreitamente alada, ca. 2-3 mm larg.

Nomes vernaculares: cabelouro-da-catinga (Bahia), ingazeira (Ceará).

693
Material selecionado: Alagoas: s. l. (“banks of the Rio St. Francisco”). G. Gardner 1275

(K); Bahia: Cansansão, R. M. Harley et al. 16921 (CEPEC, K); Itiuba, A. M. Giulietti & R.

M. Harley 1825 (HUEFS); Jeremoabo, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4648 (HUEFS);

Casa Nova, J. D. C. A. Ferreira 109 (HRB, K). Ceará: Aiuaba, J. E. R. Collares & L. Dutra

192 (HRB, K); Icó, A. Löefgren 779 (R); Mundo Novo, E. Nunes & P. Martins s. n. EAC

8940 (EAC). Pernambuco: Custódia, D. A. Lima 49-151 (IPA, SP); Ouricuri, E. P. Heringer

et al. 536 (UB); Tapera, B. Pickel 164 (BM). Piauí: Piripiri, D. Sucre & J. F. Silva 9339 (RB);

São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 16291 (CEPEC, K).

Lonchocarpus virgilioides (Vogel) Benth., J. Proc. Linn. Soc., Bot. Suppl. 4:


94. 1860.
Sphinctolobium virgilioides Vogel, Linnaea 11: 418. 1837.

Árvore 3-8 m alt., às vezes com porte arbustivo e ramificação basal,

glabra em todas as partes vegetativas, tricomas curtos, adpressos

e esparsos sobre os eixos da inflorescência. Pecíolo 23-29 mm;

raque 1,5-2 cm; segmentos interfoliolares 7-13 mm (segmento distal

geralmente muito menor que o proximal); folíolos 5, opostos, cartáceos,

acrescentes distalmente, o terminal maior, 47-55 x 20-24 mm, 2,3-2,5x

mais longos do que largos, elípticos, ápice acuminado, base obtusa a

cuneada, tenuemente reticulados nas duas faces. Pseudoracemos 3,2-

7 cm compr., fasciculados em ramos curtos laterais, cada nó com duas

flores saindo diretamente do eixo do racemo; pedicelo 1,5-2 mm compr.;

bractéolas opostas, inseridas acima da ½ do pedicelo. Flores ca. 12 mm


compr.; cálice ca. 3 mm compr., amplamente campanulado, borda quase

truncada, não denteada, externamente pubescente, tricomas adpressos,

acinzentados; pétalas roxas; estandarte pubescente apenas próximo ao

ápice, suborbicular, ca. 8 x 6 mm + 3 mm compr. do ungüículo; ovário 5-6-

ovulado, glabro exceto pela margem serícea, subséssil. Legume 7,5-9,4 x

694
1,7-2,5 cm, linear-oblongo, às vezes quase elíptico quando com apenas 1

semente, compresso, margens espessadas, não aladas, base atenuada,

estipitada, estípite 5-6 mm compr., rígido papiráceo, glabro.

Lonchocarpus virgilioides ocorre na Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro,


em florestas estacionais e pluviais. Na caatinga, ocorre principalmente em
caatinga arbórea e em zona de transição caatinga-florestas estacionais.
Floração: xi. Frutificação: iv-viii.

Esta espécie pode ser caracterizada pelos folíolos papiráceos, glabros,


com ápice acuminado e pseudoracemos fasciculados em ramos curtos.
Foi incluída com alguma dúvida pois o tipo da espécie não foi observado.
Bentham (1862) a descreve como uma liana com estandarte glabro,
características não observadas no material de caatinga. Mais estudos em L.
virgilioides e espécies afins podem mostrar que os espécimes abaixo citados
podem pertencer a um novo táxon.

Material selecionado: Bahia: Ipirá, L. P. Queiroz et al. 3125 (HUEFS, K); Jequié, S. A.

Mori et al. 11226 (CEPEC, K); Miguel Calmon, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3257

(HUEFS, K).

Tephrosia Pers.

Subarbustos ou ervas inermes, eretos a prostrados, às vezes surgindo

de xilopódios robustos. Estípulas persistentes, linear-lanceoladas. Folhas

alternas, espiraladas, imparipinadas, 9-13-folioladas, não estípiteladas;


folíolos opostos, peninérvios, camptódromos, com nervuras secundárias

numerosas, paralelas, partindo da narevura principal em ângulo de ca.

45° e anastomosando-se com uma nervura marginal. Inflorescências

pseudoracemos, com flores pareadas ao longo da raque, ou reduzidas

a flores geminadas, axilares; bractéolas ausentes. Flores pediceladas;

695
Figura 39 – A: Lonchocarpus araripensis (1 - hábito; 2 - folha; 3 - flor; 4 - estandarte; 5 - ala; 6 - pétala da carena; 7
- androceu; 8 - pistilo); B: Tephrosia purpurea subsb. purpurea (hábito).

cálice campanulado, lacínias 5, subuladas ou lanceoladas; corola


papilionóide; pétalas róseas a lilás, ungüiculadas; estandarte pubescente

no lado externo, suborbicular; alas e pétalas da carena aproximadamente

do mesmo comprimento do estandarte; carena encurvada com pétalas

soldadas distalmente ao longo da margem inferior; estames 10,

pseudomonadelfos, soldados em tubo mas com 2 aberturas na base no

lado vexilar; nectário intraestaminal presente; ovário séssil, pluriovulado.

696
Fruto legume, elasticamente deiscente, linear, compresso, margem

espessada; valvas coriáceas.

Tephrosia é um gênero pantropical com cerca de 350 espécies, a maioria


da África tropical. No Novo Mundo existem cerca de 84 espécies (Wood
1949), a maioria na América do Norte.

O gênero Tephrosia é facilmente diagnosticado pela forma e nervação dos


folíolos que são predominantemente oblanceolados com muitas nervuras
laterais camptódromas paralelas entre si e anastomosadas com uma nervura
marginal.

Apenas duas espécies ocorrem na caatinga. Ambas podem ser consideradas


como plantas invasoras de áreas degradadas. Duas outras espécies podem
ser encontradas no interior do Nordeste não foram incluídas neste trabalho.
T. adunca Benth., uma espécie de cerrado coletada uma vez na Chapada
do Araripe (Gardner 2024) e T. noctiflora Boj. ex Bak., coletada uma vez
em Pernambuco, no município de Bonito (E. Menezes 59, habitat não
registrado). Esta última é uma espécie nativa da África e Ásia tropicais
provavelmente representando uma introdução recente no Brasil.

Chave para as espécies de Tephrosia da caatinga:

1. Indumento dos ramos jovens e face abaxial dos folíolos viloso, com
tricomas longos e acinzentados, as plantas quando secas ficando ±
canescentes; flores pareadas, axilares, com 9-10 mm compr......T. cinerea

1. Ramos jovens e face abaxial dos folíolos com tricomas adpressos


e translúcidos (só visíveis com auxílio de lupa); flores em
pseudoracemos alongados, com 6-7 mm compr................... T. purpurea

697
Tephrosia cinerea (L.) Pers., Syn. Pl. 2: 328. 1807.
Galega cinerea L., Syst. Nat. ed. 10. 2: 1172. 1759.

Subarbusto ereto, 30-50 cm alt., ramificado a partir de um xilopódio espesso

e lenhoso; indumento dos ramos jovens, eixo foliar e pedicelo constituído

por tricomas vilosos, longos, densos, eretos e acinzentados. Folhas ±


horizontais; pecíolo 1,5-3 mm; raque 1,7-2,5 cm; segmentos interfoliolares

4-5 mm; folíolos 13, ± eretos na raque, cartáceos, acrescentes distalmente,

o distal 12-17 x 4-6 mm, 2,8-3x mais longos do que largos, linear-

oblanceolado, ápice arredondado a truncado, com nervura excurrente,

base cuneada, face adaxial serícea, tricomas longos e adpressos, face

abaxial vilosa, tricomas longos e patentes. Racemos opositifólios, curtos,

ca. 1,5 cm compr., freqüentemente com flores geminadas, axilares;

pedicelo 4-6 mm compr. Flores 9-10 mm compr.; cálice com tubo curto,

campanulado, 1,5-2 mm compr., lacínias longas, subuladas, 3,5-4 mm,

externamente viloso; pétalas purpúreas; estandarte externamente seríceo,

suborbicular, ca. 9 x 10 mm + 2 mm compr. do ungüículo. Legume 3,8-

4,5 x 0,3 cm, linear, compresso, margens espessadas; valvas velutinas,

tricomas esbranquiçados.

Tephrosia cinerea é uma espécie invasora com ampla distribuição na região


neotropical. Na caatinga, ocorre principalmente em áreas degradadas
em bancos arenosos de rios temporários ou áreas sujeitas a inundações
periódicas. Floração e frutificação: iii-iv.

Esta espécie é muito semelhante a T. purpurea, da qual se diferencia


principalmente pelo indumento viloso dos ramos jovens e face inferior dos
folíolos.

Bentham (1859) reconheceu três variedades para esta espécie. Wood (1949:
378) considerou-as como sinônimos de T. cinerea, o que está sendo aceito

698
neste trabalho.

Material selecionado: Bahia: s.l. (“Villa Nova”), Ph. von Luetzelburg 722 (M); Jacobina,

J. S. Blanchet 2694 (K); Juazeiro, K. F. Ph. von Martius Obsv. n° 2357 (M). Paraíba:

São Gonçalo, Ph. von Luetzelburg 722 (K, M). Piauí: s.l. (“dry hilly places at Retiro”), G.

Gardner 2113 (K).

Tephrosia purpurea (L.) Pers., Syn. Pl. 2: 329. 1807.


Cracca purpurea L., Sp. Pl. 2: 752. 1753.
Galega purpurea (L.) L., Syst. Nat. ed. 10. 2: 1172. 1759.

Erva ou subarbusto ereto ou prostrado, 20-60 cm alt., sem xilopódio;

indumento dos ramos jovens, eixo foliar e pedicelo constituído por

tricomas translúcidos, adpressos (só visíveis com auxílio de lupa).

Folhas ascendentes; pecíolo 10-18 mm; raque 2,8-4,6 cm; segmentos

interfoliolares 8-11 mm; folíolos 9-15, papiráceos, ± eqüilongos, o distal 15-

25 x 4-6,5, ca. 3-6,5x mais longos do que largos, oblanceolados ou lineares

(ver variação de forma e dimensões nas variedade), ápice emarginado,

às vezes mucronado, base cuneada, face adaxial glabra, face abaxial

com tricomas adpressos. Pseudoracemos terminais, mais longos até


ligeiramente mais curtos do que a folha adjacente, 4-10 cm compr., flores

geminadas ao longo da raque; pedicelo 2,5-3 mm compr. Flores 6-7 mm

compr.; cálice com tubo curto, cilíndrico-campanulado, ca. 2 mm compr.,

lacínias lanceoladas, ca. 2 mm, externamente pubérulo; pétalas róseas;

estandarte com centro esverdeado, externamente pubérulo, suborbicular,

ca. 5 x 6,5 mm + 2 mm compr. do ungüículo. Legume 3,2-4 x 0,4 cm,

linear, ligeiramente encurvado, compresso, margens espessadas; valvas

pubérulas.

Tephrosia purpurea é uma espécie invasora distribuída praticamente por

699
todo o trópico (Brummit 1968). Na caatinga, ocorre em áreas degradadas
sobre solo arenoso e, freqüentemente, em beira de estrada, onde é uma das
principais espécies colonizadoras.

Além das diferenças no indumento, T. purpurea pode ser também


diferenciada de T. cinerea pela inflorescência mais longa (até 10 cm compr.)
e laxiflora e pelas flores menores (6-7 mm em T. purpurea vs. 9-10 mm em
T. cinerea).

Brummit (1968) reconheceu 5 subespécies, uma das quais (subespécie


leptostachya) subdividida em três variedades. Destas, as subespécies purpurea
e a subsp. leptostachya (var. pubescens) ocorrem na caatinga e podem ser
diferenciadas pela chave apresentada abaixo.

1. Planta ereta, com caule tornando-se lenhoso na base, formando um


subarbusto em touceira; folíolos oblanceolados, mais largos próximo
ao ápice......................................................................... subsp. purpurea

1. Planta prostrada; folíolos lineares............................... subsp. leptostachya

Tephrosia purpurea subsp. leptostachya (DC.) Brummit, Bol. Soc. Brot., ser.
2, 41: 245. 1968.
Tephrosia leptostachya DC., Prodr. 2: 251. 1825.

var. pubescens Bak. in Oliv., Fl. Trop. Afr. 2: 125. 1871.

Erva prostrada. Folíolos 9-15, o distal ca. 25 x 4 mm, ca. 6,5x mais longos

do que largos, lineares.

Esta subespécie é, de acordo com Brummit (1968), nativa da África, tendo


sido introduzida nas Américas e no sudoeste da Ásia. No Nordeste, é
conhecida por poucas coletas, sendo referida como procedente de lugares

700
rochosos.

Material selecionado: Bahia: s.l. J. S. Blanchet s. n., s. d. (K). Piauí: Oeiras, G. Gardner

2112 (K).

Tephrosia purpurea (L.) Pers. subsp. purpurea

Erva ou subarbusto ereto, 20-60 cm alt. Folíolos 9-13, o distal 15-20 x 5-

6,5, ca. 3x mais longos do que largos, oblanceolados.

Pantropical, provavelmente nativa da Ásia meridional, introduzida na


África, Américas e, possivelmente, Austrália (Brummit 1968). Na caatinga,
ocorre como uma espécie invasora em áreas degradadas, de 300 a 500
m, geralmente em solo arenoso, Floração e frutificação ao longo do ano
(provavelmente associadas ao início da estação chuvosa).

Material selecionado: Bahia: Castro Alves, L. P. Queiroz & C. A. Vidal 4314 (HUEFS, K);

Don Basílio, H. S. Brito & G. P. Lewis 299 (CEPEC, K); Ipirá, L. P. Queiroz et al. 3126

(HUEFS, K); Nova Soure, G. C. P. Pinto 89-81 (CEPEC, HRB); Raso da Catarina, M. L.

S. Guedes 559 (ALCB, K). Paraíba: São João do Rio do Peixe, G. P. da Silva et al. 2463

(CEN, K).

Dioclea Kunth

Lianas com caule lenhoso, volúvel. Estípulas peltadas ou não. Folhas

espiraladas, pinadas, 3-folioladas, estípiteladas; folíolos peninérvios,

broquidódromos, os laterais assimétricos. Inflorescências pseudoracemos

nodosos, axilares, eretos, robustos, muito mais longos do que as folhas;

braquiblastos sésseis ou pedunculados, multifloros; bractéolas 2, opostas,

inseridas imediatamente abaixo do cálice. Botão com ápice agudo e

ligeiramente curvado para cima. Flores pediceladas, 1,5-3 cm compr.;

701
cálice campanulado, às vezes giboso, 4-laciniado, lacínias mais curtas

ou do mesmo comprimento do tubo; pétalas lilás a roxas, ungüiculadas;

estandarte flabelado a elíptico, externamente glabro ou seríceo em toda a

extensão, base 2-auriculada, caloso; alas e carena ± do mesmo comprimento

ou carena mais curta do que as alas; carena com margem superior aberta

ou soldada e, neste caso, formando um rostro acuminado ou truncado;

androceu pseudomonadelfo, anteras uniformes ou dimórficas; ovário séssil

ou estipitado, lanoso, 4-∞-ovulado, estilete glabro, às vezes dilatado; disco

nectarífero cônico, liso a 10-dentado. Fruto legume, desicente apenas pela

sutura ventral ou bivalvar e, neste caso, elasticamente deiscente; valvas

lenhosas, constritas entre as sementes. Sementes 4-15, orbiculares

ou oblongas, testa óssea, castanha ou marmorada; hilo longo, linear,

circundando ca. 1/2 ou ca 2/3 da circuferência da semente.

Dioclea inclui cerca de 50 espécies, distribuído principalmente no


Neotrópico, com poucas espécies na África e no sudeste asiático.

O gênero pode ser diagnosticado pelo hábito de lianas robustas,


pseudoracemos lenhosos com braquiblastos lenhosos e sementes com
hilo linear circundando metade a ca. 2/3 da circunferência. Dois dos
subgêneros reconhecidos por Maxwell (1969) ocorrem na caatinga. O
subgênero Pachylobium inclui espécies com estandarte glabro e fortemente
caloso, carena prolongada em rostro e frutos com poucas sementes (até 4),
± orbiculares com hilo circundando ca. 2/3 da circunferência. Já o subgn.
Dioclea inclui espécies com estandarte externamente pubescente, carena
reta, não rostrada, fruto com mais sementes (8-15) e sementes oblongas
com hilo circundando ca. 1/2 da circunferência. Quatro espécies ocorrem
na caatinga, uma pertencente ao subgn. Dioclea (D. lasiophylla), as demais
ao subgn. Pachylobium.

Chave para identificação das espécies de Dioclea da caatinga:

702
1. Flores com estandarte não caloso e pétalas da carena retas, com
margem superior serreada; frutos com deiscência elástica, cada valva
com uma ala submarginal; sementes elípticas, marmoradas, de até
1cm compr.; hilo ca. 1/2 da circunferência.........................D. lasiophylla

1. Flores com estandarte caloso e pétalas da carena fortemente


encurvadas e triangulares, com margem superior ligeiramente lobada;
frutos deiscentes apenas pela sutura ventral, as valvas desprovidas de
ala submarginal; sementes orbiculares, castanhas, com mais de 2cm
de diâm.; hilo ca. 2/3 da circunferência

2. Folíolos de até 5cm compr., com margem glauca...........D. marginata

2. Folíolos com mais de 7cm compr.

3. Face abaxial dos folíolos e valvas dos frutos com indumento


tomentoso e canescente...........................................D. grandiflora

3. Face abaxial dos folíolos glabrescente; valvas dos frutos com


indumento áspero e ferrugíneo.....................................D. violacea

Dioclea grandiflora Mart. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 68. 1837.

Liana, caule ca. 5 cm diâm; ramos jovens, pecíolo, raque, face abaxial

dos folíolos e eixo da inflorescência vilosos, com tricomas eretos, retos,

densos, macios e canescentes. Estípulas peltadas, ca. 5 x 2 mm,

caducas. Pecíolo 60-80 mm; raque 12-18 mm; estípitelas setiformes,

ca. 4 mm; folíolos papiráceos, o terminal 70-95 x 55-70 mm, largamente

obovais a suborbiculares, ápice arredondado a abruptamente obtuso, base

arredondada, os laterais obovais, assimétricos, ligeiramente menores;

nervuras laterais 8-9 pares, salientes na face abaxial. Pseudoracemo 50-

100 cm compr., florido mais de 2/3 do seu comprimento; braquiblastos

703
pedunculados, secundifloros, pedicelo 3-5 mm compr. Flores 25-28 mm

compr.; cálice vináceo, externamente pubescente, tubo campanulado, 8-

9 mm compr., lacínia superior emarginada, 5-6 x 6-7 mm, laterais ca. 6

x 5 mm e inferior 6-7 x 5 mm; pétalas roxas, ungüículo 4-7 mm compr.,

estandarte largamente oboval, glabro, com área bicalosa e amarela

próximo à base, 22 x 25 mm, alas obliquamente oblongas, 20 x 9 mm,

pétalas da carena triangulares, 5 x 8 mm, terminando em rostro truncado;

anteras dimórficas; ovário séssil, 5-6-ovulado, estilete dilatado; nectário

cilíndrico com margem 10-denteada. Legume 9-14 x 4 cm, oblongo,

compresso, margens superior arqueada, margem inferior sinuosa; valvas

lenhosas, vilosas, canescentes. Sementes 2-5, 24-26 x 24-26 x 13-15 mm,

compressas, orbiculares, testa óssea, castanha a avermelhada, envoltório

fêltreo do endocarpo fortemente aderido à semente; hilo linear circundando

ca. 2/3 da circunferência da semente.

Dioclea grandiflora é endêmica da caatinga, distribuindo-se do Piauí e Ceará


à região limítrofe entre os estados da Bahia e Minas Gerais. Floração:
i-v. Frutificação: vi-xii (espécimes ocasionais podem ser encontrados
frutificados ao longo do ano).

Dentre as espécies de lianas robustas, com caule espesso, de ca. 5 cm larg.,


D. violacea pode ser reconhecida pelos folíolos largamente obovais com
face abaxial densamente vilosa e canescente. Pode ser mais facilmente
confundida com Dioclea marginata que, diferentemente de D. grandiflora,
possui os folíolos menores (até 45 mm compr.) com a margem discolor.
Nomes vernaculares: mucunã, pucumã (toda a área de distribuição), olho-
de-boi (algumas áreas da Bahia).

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, G. Hatschbach & E. Barbosa 56622

(HUEFS, MBM); Brumado, A. M. Miranda & F. Esteves 139 (HST, HUEFS, IPA);

Cafarnaum, G, Hatschbach 39550 (HUEFS, MBM, SPF); Cícero Dantas, L. P. Queiroz

704
& N. S. Nascimento 3749 (HUEFS); Encruzilhada, E. P. Heringer 10260 (UB); Feira de

Santana, L. P. Queiroz & T. S. N. Sena 3100 (HUEFS, MBM); Formosa do Rio Preto,

A. H. Sales 1586 (HEPH); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 19054 (CEPEC, IPA, K,

RB, UEC, US); Iaçu, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 3553 (HUEFS); Irecê, G. Davidse &

W. G. d’Arcy 11976 (MO, SP); Itatim, F. França et al. 1425 (HUEFS); Jaguaquara, L. P.

Queiroz & I. C. Crepaldi 2202 (HUEFS); Jeremoabo, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

3722 (HUEFS, MBM); Juazeiro, K. F. P. von Martius 2406 (tipo de D. grandiflora: foto G,

IPA, US); Maracás, A. M. de Carvalho & T. Plowman 1548 (CEPEC, F); Morro do Chapéu,

H. S. Irwin et al. 32630 (UB, UEC); Paulo Afonso, A. P. Duarte 14123 (HB, RB); Raso da

Catarina, L. P. Queiroz & M. L. S. Guedes 349 (ALCB, HUEFS); Santa Maria da Vitória,

G. Hatschbach & J. M. Silva 61993 (HUEFS, MBM); Senhor do Bonfim, R. Mello-Silva et

al. CFCR 7595 (SPF); Sento Sé, R. M. Harley et al. 17003 (CEPEC, IPA, K, RB, UEC);

Uauá, R. P. Lyra-Lemos & G. L. Esteves 1817 (HUEFS, SPF). Ceará: Canindé, T. Guedes

s. n. (RB); Humaitá, A. Ducke s. n. (INPA); Quixadá, A. Ducke 2109 (U, US). Paraíba:

Barra de Santa Rosa, J. E. Souto 64 (RB); Taperoá, M. F. Agra & B. R. Magut 523 (IPA).

Pernambuco: Caruaru, F. Guedes 94 (IPA); Floresta, R. Pereira et al. 546 (IPA); Inajá,

A. Lima et al. 82 (IPA); Ouricuri, G. C. Lima 78 (IPA); Parnamirim, F. Araújo 189 (IPA);

Petrolina, E. P. Heringer et al. 140 (IPA, RB, UB); Pombas, D. B. Pickel 3204 (IPA); Santa

Maria da Boa Vista, E. P. Heringer et al. 375 (IPA).

Dioclea lasiophylla Mart. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 70. 1837.


Dioclea guianensis var. lasiophylla (Benth.) R.H.Maxwell ex G.P.Lewis, Leg. Bahia:
254. 1987.

Liana, caule até 1,5 cm diâm; ramos jovens, pecíolo, raque, face abaxial

dos folíolos e eixo da inflorescência vilosos, com tricomas eretos, flexuosos,

densos e acinzentados. Estípulas ca. 2 x 2 mm, ovais, persistentes. Pecíolo

35-50 mm; raque 2-3 mm; estípitelas setiformes, 1-2 mm; folíolos cartáceos,

o terminal 67-80 x 37-46 mm, largamente obovado, ápice arredondado

705
a emarginado, base truncada, ligairamente cordada, os laterais obovais,

assimétricos, ligeiramente menores; nervuras laterais 5-6 pares, salientes

na face abaxial. Pseudoracemo 30-50 cm compr., geralmente florido

apenas na metade distal; braquiblastos sésseis, capitados, pedicelo ca.

7 mm compr. Flores 25-35 mm compr.; cálice externamente estrigoso,

tubo campanulado, 6-7 mm compr., lacínia superior obtusa, ca. 9 mm

compr., laterais ca. 6 mm compr. e inferior ca. 9 mm; pétalas lilás a roxas,

ungüículo ca. 5 mm compr., estandarte largamente oval a suborbicular,

externamente seríceo próximo ao ápice, 22 x 18 mm, alas e pétalas da

carena obliquamente oblanceoladas, 22 x 11-14 mm, as da carena com

margem superior serreada; anteras uniformes; ovário estipitado, 10-12-

ovulado; nectário cônico com margem inteira. Legume ca. 10 x 2 cm, linear,

compresso, margens retas, estreitamente alado próximo à sutura superior;

valvas lenhosas, vilosas. Sementes 8-10, 8-10 x 4-5 x 2 mm, compressas,

oblongas, testa óssea, marmorada com tons de cinza e marrom; hilo linear

circundando ca. 1/2 da circunferência da semente.

Dioclea lasiophylla ocorre em caatinga de areia sobre áreas de tabuleiro e


em restingas litorâneas. Distribui-se na região nordeste da Bahia, Sergipe e
Alagoas. Floração: ix-xii. Frutificação; xi-iii.

Esta espécie pode ser reconhecida pelos folíolos vilosos com ápice
arredondado e emarginado. Entre as espécies de Dioclea de caatinga, estes
caracteres são compartilhados com D. grandiflora e D. marginata, das quais
pode ser diferenciada pelo estandarte seríceo, carena reta, frutos menores
(até 2 cm larg.) e deiscentes e pelas sementes menores (até 10 mm compr.)
e marmoradas. Pode ser confundida, também, com Cratylia mollis da qual
pode ser diferenciada pelos caracteres das sementes já citados e pelo hábito,
já que C. mollis ocorre como arbusto e D. lasiophylla sempre como uma
liana volúvel.

706
Material selecionado: Bahia: Alagoinhas, L. Coradin et al. 3022 (CEN, HUEFS); Feira

de Sanatana, L. P. Queiroz 4726 (HUEFS, K); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 19151

(CEPEC, IPA, K, RB, U, UEC); Ibotirama, L. Coradin et al. 7632 (CEN, HUEFS); Jacobina,

J. G. Jardim et al. 704 (CEPEC, K); Raso da Catarina, M. L. S.Guedes 269 (ALCB,

HUEFS); Santa Rita de Cássia, L. Coradin et al. 5743 (CEN). Pernambuco: Brejo da

Madre de Deus, A. Perrucci & M. A. Maia f. 23 (IPA). Sergipe: Itabaianinha, A. C. Barreto

57 (RB); São Cistóvão, J. D. A. Ferreira 137 (HRB, K).

Dioclea marginata Benth. in Mart., Fl. Bras. 15(1): 165. 1859.

Liana, caule ca. 5 cm diâm; ramos jovens, pecíolo, raque, face abaxial

dos folíolos e eixo da inflorescência esparsamente pubescentes, folíolos

com face abaxial pubescente. Estípulas peltadas, ca. 5 x 2 mm, caducas.

Pecíolo ca. 50 mm; raque ca. 10 mm; estípitelas setiformes, ca. 2 mm;

folíolos papiráceos, o terminal ca. 45 x 32 mm, oval, ápice agudo a

obtuso, os laterais assimétricos, ligeiramente menores; nervuras laterais

ca. 8 pares. Pseudoracemo 25-40 cm compr., florido mais de 2/3 do

seu comprimento; braquiblastos sésseis, secundifloros, pedicelo ca. 5

mm compr. Flores ca. 20 mm compr.; cálice externamente pubescente,

tubo campanulado, 8 mm compr., lacíniz superior emarginada, 4 x 7 mm,

laterais ca. 6 x 4 mm e inferior 7 x 5 mm; pétalas roxas, ungüículo 4-

7 mm compr., estandarte largamente oboval, glabro, com área bicalosa

e amarela próximo à base, 22 x 25 mm, alas obliquamente oblongas,

20 x 9 mm, pétalas da carena triangulares, 5 x 8 mm, terminando em


rostro truncado; anteras dimórficas; ovário séssil, 5-6-ovulado, estilete

dilatado; nectário cilíndrico com margem 10-denteada. Legume ca. 13 x

4 cm, oblongo, compresso, margens superior arqueada, margem inferior

sinuosa; valvas lenhosas, glabrescentes. Sementes 4-5, ca. 25 x 25 x

13 mm, compressas, orbiculares, testa óssea, castanha a avermelhada;

707
envoltório fêltreo do endocarpo ausene; hilo linear circundando ca. 2/3 da

circunferência da semente.

Dioclea marginata é conhecida apenas do norte da Bahia, entre Barra e


Casa Nova, sobre dunas interiores no baixo-médio São Francisco, entre
400 e 500 m alt. Floração: ii. Frutificação: ix-x.

Trata-se de uma espécie rara e, provavelmente, ameaçada de extinção. Foi


recoletada apenas uma vez após mais de 150 anos na mesma região de onde
provém o tipo.

A espécie mais semelhante a D. marginata é D. grandiflora. Os caracteres


diferenciais entre elas encontram-se na discussão desta espécie.

Nome vernacular: mucunã, canela-de-velho (este em Ibiraba, BA).

Material examinado: Bahia: Barra, J. S. Blanchet 3085 (tipo de D. marginata: BM, G, K, LE,

MO); Casa Nova, L. P. Queiroz 9828 (HUEFS); Ibiraba, L. P. Queiroz 4790 (HUEFS).

Dioclea violacea Mart. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 69. 1837.


Dolichos altissimus Vell., Fl. Flum.: 320, t. 7, 154. 1829.
Dioclea paraguariensis Hassl., Repert. Spec. Nov. Regni Veg. 16: 228. 1919.
Dioclea altissima (Vell.) Rock, Legum. Pl. Hawaii: 201. 1920.

Liana, caule até 10 cm diâm; ramos jovens, pecíolo, raque, e eixo da

inflorescência glabrescentes ou híspidos, tricomas eretos, retos, firmes,

ferrugíneos e longos, ca. 1,5-2 mm compr. Estípulas peltadas, 5-7 x 2-3


mm, caducas. Pecíolo 60-75 mm; raque 6-11 mm; estípitelas setiformes,

4-8 mm; folíolos papiráceos, o terminal 75-105 x 56-87 mm, suborbiculares,

ápice arredondado, abruptamente acuminado, base arredondada,

ligeiamente cordada, os laterais assimétricos, ligeiramente menores,

nervuras laterais 9-10 pares, salientes na face abaxial, glabrescentes ou

esparsamente pilosos na face abaxial. Pseudoracemo 40-100 cm compr.,

708
florido mais de 2/3 do seu comprimento; braquiblastos pedunculados,

secundifloros, pedicelo 3-5 mm compr. Flores ca. 20 mm compr.; cálice

ferrugíneo, externamente pubescente, tubo campanulado, 8-10 mm

compr., lacínia superior emarginada, ca. 3 x 7 mm, laterais 3-5 x 3 mm e

inferior 6-9 x 3-4 mm; pétalas roxas, ungüículo 4-7 mm compr., estandarte

largamente oboval, glabro, com área bicalosa amarela a esverdeada

próximo à base, 15-18 x 16 mm, alas obliquamente oblongas, 12-13

x 9 mm, pétalas da carena triangulares, ca. 7 x 7 mm, terminando em

rostro truncado; anteras dimórficas; ovário séssil, ca. 5-ovulado, estilete

dilatado; nectário cilíndrico com margem 10-denteada. Legume 13-15 x

4,5-5,6 cm, oblongo, lateralmente convexo, margem superior arqueada,

margem inferior sinuosa; valvas lenhosas, híspidas, tricomas ferrugíneos.

Sementes 2-4, ca. 27 x 30 x 20 mm, ligeiramente compressas, orbiculares,

testa óssea, castanha a avermelhada; hilo linear circundando ca. 2/3 da

circunferência da semente.

Dioclea violacea é uma espécie do leste do Brasil, ocorrendo principalmente


na mata atlântica, da Paraíba até o norte da Argentina e Paraguai. No bioma
caatinga, é registrada principalmente para florestas estacionais do Ceará até
o norte de Minas Gerais. Floração: xii-v. Frutificação: iii-ix.

Possui mauir afinidade com D. grandiflora e D. marginata das quais se


diferencia pelos folíolos quase glabros (vs. vilosos na face abaxial nas demais
espécies) e frutos com indumento ferrugíneo (vs. vilosos e acinzentados em
D. grandiflora e glabros em D. marginata).
Nomes vernaculares: mucunã (geral), mucunã-peluda (Riachão das Neves,
BA), cipó-mucunã, cipó-preto (Pernambuco), catinguinha (Castro Alves,
BA)

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, L. P. Queiroz et al. 5860 (HUEFS);

Caetité, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3646 (HUEFS, MBM); Campo Alegre de Lurdes,

709
L. P. Queiroz et al. 7848 (HUEFS); Gentio do Ouro, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3992

(HUEFS, MBM); Irecê, E. L. P. G. de Oliveira 207 (ALCB, CEPEC, IPA); Santa Terezinha,

L. P. Queiroz et al. 6410 (HUEFS); Souto Soares, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3408

(HUEFS); Umburanas, L. P. Queiroz et al. 5471 (HUEFS, K); Vitória da Conquista, L.

P. Queiroz & I. C. Crepaldi 2167 (HUEFS). Ceará: Crato, G. Gardner 1559 (K). Minas

Gerais: Janaúba, L. P. Queiroz et al. 7485 (HUEFS). Paraíba: Areia, V. P. B. Fevereiro 636

(K). Pernambuco: Araripina, V. C. Lima 399 (IPA); Brejo da Madre de Deus, A. Perrucci

& M. A. Maia f. 24 (IPA); Pesqueira, M. Correia 158 (HUEFS, UFP). Piauí: Floresta, L. P.

Queiroz et al. 10135 (HUEFS); São José do Belmonte, A. Perrucci 3 (IPA); Tapera, D. B.

Pickel 2621 (IPA).

Canavalia DC.

Trepadeiras lenhosas ou herbáceas, volúveis. Folhas espiraladas,

pinadas, 3-folioladas, estípiteladas; folíolos peninérvios, broquidódromos,

os laterais assimétricos. Inflorescências pseudoracemos nodosos, axilares

ou terminais, eretos; braquiblastos capitados, ca. 3-floros; bractéolas

2, opostas, inseridas imediatamente abaixo do cálice. Botão cilíndrico

com ápice ligeiramente incurvado. Flores curtamente pediceladas, 2-

3,5cm compr., ressupinadas pela torsão da inflorescência, o estandarte

ficando em posição inferior ao conjunto alas-carena; cálice cilíndrico ou

cilíndrico-campanulado, bilabiado, o lábio superior muito maior do que o

inferior, inteiro ou bilobado, lábio inferior tridentado; pétalas rosa a lilás,

ungüiculadas; estandarte ca. 1,5-2x o comprimento das alas e carena,


suborbicular, base biauriculada; alas e carena ± do mesmo comprimento;

carena com margem superior aberta; androceu pseudomonadelfo, base

do tubo estaminal indumentada, anteras uniformes; ovário séssil, lanoso,

pluriovulado, estilete glabro; disco nectarífero cilíndrico, margem lisa. Fruto

legume, elasticamente deiscente, linear, ligeiramente compresso (elíptico

710
em seção tranversal), margens retas; valvas lenhosas apresentando uma

ala estreita próximo à margem superior, glabrescentes. Sementes não

compressas, elipsóides, testa óssea, castanhas a marrons; hilo longo,

linear, circundando de 1/3 a 1/2 da circunferência da semente.

Canavalia é um gênero pantropical com cerca de 50 espécies, apresentando


o maior centro de diversidade no Neotrópico, principalmente em florestas
pluviais.

O cálice bilabiado com o lábio superior muito maior do que o inferior, este
apresentando-se sempre tridentado, é o principal caráter diagnóstico de
Canavalia. Além disso, apresenta frutos com valvas aladas e sementes com
hilo linear. Estes caracteres podem ser encontrados, também, em espécies
de Dioclea as quais, no entanto, apresentam sementes orbiculares (não
elipsóides com em Canavalia) e cálice 4-5-dentado (não bilabiado).

O gênero foi revisado por Sauer (1964) mas os limites taxonômicos são
imprecisos entre muitas espécies, como é o caso das duas espécies da
caatinga tratadas a seguir.

1. Folíolos glabros, apresentando apenas tricomas curtos, adpressos e


muito esparsos; lacínia inferior do cálice geralmente mais curta do
que as laterais; hilo com aproximadamente o mesmo comprimento
da semente............................................................................. C. dictyota

1. Folíolos pubescentes, pelo menos na margem que, portanto,


freqüentemente aparece discolor; lacínia inferior do cálice geralmente
mais longa do que as laterais; hilo mais curto do que comprimento
da semente........................................................................ C. brasiliensis

Canavalia brasiliensis Mart.ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 71. 1837.

711
Trepadeira volúvel. Ramos jovens, pecíolo, raque e eixo da inflorescência

pubescentes. Estípulas 1-4 mm compr., elípticas, dilatadas na base.

Pecíolo 15-60 mm; raque 13-25 mm; estípitelas ausentes ou caducas;

folíolos membranáceos a cartáceos, esparsa a densamente pubescentes

nas duas faces, o terminal 4,5-10 x 3,5-6 cm, elíptico a oval, ápice agudo a

obtuso, base obtusa, margem pilosa, os laterais ligeiramente assimétricos.

Pseudoracemo 5,5-7,5 cm compr.; pedicelo 3-5 mm compr. Flores 20-

33 mm compr.; cálice externamente glabrescente, cilíndrico-campanulado,

tubo 7-10 mm compr., lábio superior inteiro com ápice arredondado ou

obtuso, lábio inferior tridentado, lacínia inferior mais longa do que as duas

laterais; pétalas rosa a lilás; estandarte com base amarela ou branca e

estrias claras em direção ao ápice, suborbicular, ca. 20 x 10 mm. Legume

6-10 x 1-1,5 cm, valvas lenhosas, pubescentes. Sementes elipsóides, hilo

ligeiramente menor do que a ½ da circunferência.

Canavalia brasiliensis é essencialmente uma espécie de caatinga, ocorrendo


principalmente em áreas antropizadas na Bahia e Pernambuco sobre
solos argilosos ou areno-argilosos, de 280 a 600 m alt. Floração: iii-ix.
Frutificação: iii-x.

Sauer (1964) separa C. brasiliensis de C. dictyota principalmente pela lacínia


inferior do cálice, maior do que as lacínias laterais na primeira e até do
mesmo comprimento na segunda, e pelo comprimento do hilo, mais curto
do que o comprimento total da semente na primeira e quase tão longo
na segunda. O material observado proveniente da mostrou-se instável em
relação a estes caracteres mas uma consulta aos espécimes tipo mostra que
C. brasiliensis apresenta folíolos com pelo menos a margem pubescente
enquando C. dictyota possui folíolos glabros, sendo este o caráter usado
neste trabalho para diferenciá-las. No entanto, é possível que um estudo
aprofundado da variação nestes táxons venha a revelar que eles são co-
específicos.

712
Nomes vernaculares: feijão-de-porco, feijão-bravo (ambos gerais), fava-
brava (Canudos, BA), fava-de-boi (Piauí), erva-de-boi (Ceará)

Material selecionado: Bahia: Araci, L. P. Queiroz & T. S. N. Sena 3106 (HUEFS);

Canudos, F. H. M. Silva et al. 372 (HUEFS); Feira de Santana, L. P. Queiroz & N. S.

Nascimento 3461 (HUEFS, K); Itaberaba. R. Schultze-Kraft et al. in CIAT 7648 (CEN,
CIAT, HUEFS); Itatim, F. França et al. 1959 (HUEFS); Ituaçú, L. P. Queiroz 1648 (HUEFS);

Maracás, L. P. Queiroz & V. L. F. Fraga 3264 (HUEFS); Miguel Calmon, L. R. Noblick 3923

(HUEFS); Ruy Barbosa, R. Schultze-Kraft et al. in CIAT 17012 (CIAT, HUEFS); Saúde,

L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3565 (HUEFS); Santa Terezinha, G. P. Silva & M. Way

3679 (CEN, HUEFS); Senhor do Bonfim, T. S. Nunes et al. 586 (HUEFS). Pernambuco:

Salgueiro, G. P. Silva et al. 2461 (CEN, HUEFS).

Canavalia dictyota Piper, Contr. U. S. Nat. Herb. 20: 574. 1925.

Trepadeira volúvel. Ramos jovens, pecíolo, raque e eixo da inflorescência

glabrescentes. Estípulas 2-3 mm compr., elípticas. Pecíolo 25-70

mm; raque 20-30 mm; estípitelas setiformes; folíolos membranáceos a

papiráceos, glabros exceto por tricomas curtos, adpressos e esparsos nas

duas faces, o terminal 6-11,5 x 4-7,5 cm, elípticos a obovais, ápice agudo
a obtuso, mucronado, base obtusa, os laterais ligeiramente assimétricos.

Pseudoracemo 8-10,5 cm compr.; pedicelo 2-3 mm compr. Flores 25-

30 mm compr.; cálice externamente glabrescente, cilíndrico-campanulado,

tubo 7-10 mm compr., lobo superior inteiro, ápice arredondado, emarginado,

lobo inferior tridentado, a lacínia inferior mais curta do que as duas laterais;

pétalas rosa a lilás; estandarte com base amarela e estrias claras em

direção ao ápice, orbicular, ca. 20 x 10 mm. Legume 7-8,5 x 1-1,2 cm,

valvas lenhosas, pubescentes. Sementes elipsóides, hilo igual ou maior

do que ½ da circunferência.

713
Figura 40 – A: Cratylia bahiensis (1 - hábito; 2 - flor em antese; 3 - cálice; 4 - androceu; 5 - pistilo; 6 - fruto); B:
Dioclea grandiflora (1 - hábito; 2 - cálice; 3 - androceu; 4 - pistilo; 5 - fruto); C: Canavalia brasiliensis (1 - hábito; 2
- cálice; 3 - estandarte; 4 - ala; 5 - pétala da carena; 6 - pistilo; 7 - fruto; 8 - sementes); D: Calopogonium caeruleum
(1 - hábito; 2 - flor; 3 - androceu; 4 - pistilo; 5 - fruto); E: Erythrina velutina (1 - hábito; 2 - flor em antese; 3
- estandarte; 4 - ala; 5 - pétala da carena; 6 - androceu; 7 - pistilo).

714
Espécie amplamente distribuída na América do Sul, desde a Colômbia até
o leste do Brasil, ocorrendo também no Panamá, geralmente como uma
planta pioneira em borda de mata. Na caatinga ocorre principalmente em
áreas de caatinga arbórea antropizadas, de 340 a 530 m alt. Floração: ii-vii.
Frutificação: iii-ix.
O principal caracter diagnóstico usado para este táxon no contexto das
espécies da caatinga foi o indumento quase glabro dos folíolos. Os demais
caracteres propostos por Sauer (1964) relativos ao cálice e à semente
mostraram-se instáveis quando comparados a C. brasiliensis (ver discussão
da espécie precedente).

Material selecionado: Bahia: Campo Alegre de Lourdes, T. S. Nunes et al. 429 (HUEFS);

Feira de Santana, M. Bezerra et al. 011 (HUEFS); Irecê, T. S. Nunes & J. Costa 906

(HUEFS); Maracás, M. M. da Silva et al. 288 (HUEFS); Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick

& M. J. S. Lemos 4041 (HUEFS). Ceará: Aiuaba, M. A. Figueiredo 604 (EAC, HUEFS). Rio

Grande do Norte: Currais Novos, R. Schultze-Kraft et al. in CIAT 8384 (CIAT, HUEFS).

Cratylia Mart. ex Benth.

Arbustos ou lianas com caule lenhoso, muitas vezes volúvel. Folhas


espiraladas, pinadas, 3-folioladas, estípiteladas; folíolos peninérvios,

broquidódromos, os laterais assimétricos. Inflorescências pseudoracemos

nodosos, axilares ou terminais, eretos; braquiblastos capitados, ca. 6-

floros; bractéolas 2, opostas, inseridas imediatamente abaixo do cálice.

Botão com ápice obtuso. Flores pediceladas, 1,5-3,0cm compr.; cálice

campanulado ou cilíndrico, 4-laciniado, lacínias mais curtas do que o tubo;

pétalas lilás a roxas, ungüiculadas; estandarte oval a elíptico, externamente

seríceo em toda a extensão ou apenas próxima ao ápice, não auriculado

na base, não caloso; alas e carena ± do mesmo comprimento; carena com

715
margem superior aberta; androceu pseudomonadelfo, anteras uniformes;

ovário estipitado, lanoso, com 7-9-ovulado, estípite ca. metade do

comprimento do ovário, estilete glabro; disco nectarífero cônico, margem

lisa. Fruto legume, elasticamente deiscente, linear, compresso, margens

ligeiramente sinuosas; valvas lenhosas, constritas entre as sementes,

velutinas. Sementes 4-8, compressas, lenticulares, suborbiculares, testa

macia, castanho-escura; hilo curto, oblongo, ca. 3 mm compr.

Cratylia é um pequeno gênero, com cerca de 5 espécies, distribuído


principalmente no leste da América do Sul, freqüentemente em áreas
sujeitas a secas periódicas (Queiroz 1991).

O gênero apresenta afinidades com Camptosema, Dioclea e Galactia. No


contexto dos grupos de caatinga, pode ser diferenciado destes gêneros
pela combinação de: hábito arbustivo ou escandente, flores relativamente
grandes (25-30 mm compr.), estandarte externamente pubescente pelo
menos próximo ao ápice, legume compresso com margens ligeiramente
sinuosas e sementes compressas com hilo curto, oblongo, medindo ca. 3
mm compr.

Duas espécies ocorrem na caatinga e podem ser diferenciadas pelos


caracteres abaixo.

1. Folíolos elíptico-oblongos, glabros; estandarte externamente seríceo


apenas próximo ao ápice...................................................... C. bahiensis

1. Folíolos ovais com ápice obtuso e superfície inferior vilosa, canescente;


estandarte externamente seríceo em toda sua extensão............. C. mollis

Cratylia bahiensis L.P.Queiroz, Kew Bull. 49: 769. 1994.

Arbusto escandente; “tronco” castanho com lenticelas circulares

716
esbranquiçadas; ramos jovens, pecíolo, raque, folíolos e eixo da

inflorescência glabros ou glabrescentes, às vezes com tricomas curtos,

adpressos e esparsos. Pecíolo 19-40 mm; raque 10-14 mm; estípitelas

setiformes, rígidas, persistentes, as terminais de até 2 mm, as basais de

até 3 mm; folíolos cartáceos a papiráceos, o terminal 73-78 x 28-35 mm,

estreitamente elíptico a elíptico-oblongo, ápice caudado, base arredondada,

os laterais ovais, assimétricos, ligeiramente menores; nervuras laterais 5-6

pares, salientes na face abaxial. Pseudoracemo curto, do comprimento ou

um pouco mais longo do que as folhas, 5-8 cm compr., geralmente florido

apenas na metade apical na base; pedicelo 4-6 mm compr. Flores ca.

25 mm compr.; cálice externamente com tricomas adpressos e ocráceos,

tubo campanulado, 6-7 mm compr., lacínia superior arredondada a obtusa,

5-6 x 8 mm, laterais 4 x 3-3,5 mm e inferior 5 x 3,5 mm; pétalas lilás a

roxas, ungüículo 7 mm compr., estandarte largamente oval, externamente

glabro exceto por área serícea próxima ao ápice, 20-25 x 20-22 mm, alas

e pétalas da carena obliquamente obovais, 16-21 x 7-9 mm. Legume ca.

7 x 1,5 cm; valvas pubescentes. Sementes 4-5, suborbiculares, 9-10 x 7

x 2,5 mm.

Cratylia bahiensis é uma espécie endêmica de caatinga arbórea e florestas


estacionais dos limites meridionais do bioma caatinga, ocorrendo ao sul
do maciço da Chapada Diamantina (Abaíra) e planalto de Maracás até o
norte de Minas Gerais. Floração: iv-v. Frutificação: v (?).

Esta espécie pode ser diferenciada de C. mollis pelos folíolos glabros, com
formato elíptico a elíptico-oblongo e pelo estandarte glabro na face externa,
exceto pelo ápice seríceo.

Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 318 (HUEFS, K, SPF); Anajé, A. M. de

Carvalho et al. 1673 (CEPEC, HUEFS, K, RB); Caetité, G. Hatschbach 46560 (HUEFS,

K, MBM); Lagoa Real, L. Zehntner 641 (R, RB); Maracás, S. A. Mori et al. 9991 (CEPEC,

717
K, US); Urandi, G. Hatschbach & E. Barbosa 56522 (K, MBM). Minas Gerais: Manga, M.

B. Horta 579 (BHCB).

Cratylia mollis Mart. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 68. 1837.

Arbustos 1,5-2,5 m alt.; casca castanha, ligeiramente estriada, com

lenticelas circulares brancas; ramos jovens, pecíolo, raque e eixo da

inflorescência com indumento denso, velutino e canescente. Pecíolo

30-50 mm; raque 7-10 mm; estípitelas freqüentemente ausentes; folíolos

cartáceos, face adaxial densamente pubérula, face abaxial densamente

vilosa, canescente, o terminal 62-77 x 35-53 mm; oval, ápice obtuso,

base obtusa a arredondada, os laterais assimétricos; nervuras laterais

6-7 pares. Pseudoracemo mais longo do que a folha adjacente, 17-33

cm compr.; pedicelo 4-7 mm compr. Flores 25-33 mm compr.; cálice

externamente seríceo, canescente, tubo campanulado, 6-10 mm compr.,

lacínia superior obtusa, 5-6 x 6-9 mm, laterais 4-5 x 3-4 mm, inferior 6-8 x

3-4 mm; pétalas lilás-claras, ungüículo 5-12 mm compr., estandarte oval a

elíptico, densamente seríceo em toda a sua extensão externa, 23-30 x 19-

25 mm, alas e pétalas da carena obliquamente elípticas, 18-23 x 7-11 mm.

Legume 7,5-8,0 x 1,6-1,8 cm; valvas lanosas com tricomas canescentes

ou ocráceos. Sementes 4-5, suborbiculares, 9-11 x 7-8 x 2-3 mm.

Cratylia mollis é uma espécie endêmica da caatinga, ocorrendo


exclusivamente em áreas de solos arenosos distróficos profundos, da região
central de Pernambuco (Ibimirim) e oeste do Piauí (Picos) ao baixo-médio
São Francisco (Barra, estado da Bahia), estendendo-se ligeiramente ao sul
do Ceará. Floração: v-vii (xii-i) Frutificação: vii-i.

Os folíolos ovais, o indumento denso, velutino a viloso e canescente e o


estandarte externamente seríceo em toda sua extensão são caracteres
que permitem reconhecer facilmente esta espécie, diferenciando-a de C.

718
bahiensis.

É tida como uma boa forrageira embora existam relatos contraditórios


quanto à sua aceitação in natura pelo gado bovino. Caprinos e ovinos, no
entanto, a apreciam como alimento.

Nomes vernaculares: camaratuba (toda a área de distribuição), mororó


(Canudos, BA)

Material selecionado: Bahia: Bom Conselho, G. C. P. Pinto 22 (HRB, HUEFS, IAC);

Canudos, A. M. Giulietti & R. M. Harley 1748 (HUEFS); Casa Nova, L. P. Queiroz et al.

9094 (HUEFS); Gentio do Ouro, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3993 (HUEFS); Glória,

F. P. Bandeira 96 (ALCB, HUEFS); Ibiraba, L. P. Queiroz 4872 (HUEFS, SPF); Irecê, W.

N. da Fonseca 365 (HRB, K); Jacobina, R. P. Orlandi 677 (HRB, HUEFS, ICN, MBM, RB);

Jeremoabo, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3720 (HUEFS); Juazeiro, A. L. Costa 1051

(ALCB, ICN); Morro do Chapéu, F. França et al. 4725 (HUEFS); Paulo Afonso, S. A. Mori &

B. M. Boom 14231 (CEPEC, NY); Raso da Catarina, L. P. Queiroz 741 (ALCB, HUEFS, K);

Remanso, L. P. Queiroz et al. 6569 (HUEFS); Sento Sé, E. R. Souza et al. 123 (HUEFS);

Sobradinho, L. Coradin et al. 5982 (CEN, K); Uauá, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

4639 (HUEFS). Ceará: Crateús, L. Coradin et al. 2040 (CEN, HUEFS); Novo Oriente, L.

Coradin et al. 2054 (CEN); Sobral, L. Coradin et al. 7861 (HUEFS). Pernambuco: Buíque,

L. S. Figueiredo et al. 95 (K, PEUFR); Ibimirim, A. Laurênio et al. 88 (K, PEUFR). Piauí:
Altos, L. P. Félix & M. F. O. Pires 8294 (Hst, HUEFS); Jaicós, G. P. Lewis et al. 1341 (K);

Padre Marcos, M. E. Alencar 257 (HUEFS, TEPB); Picos, G.Eiten & L. T. Eiten 4918A (K);

Serra Branca, E. Ule 7184 (K); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson

1162 (K).

Galactia P.Browne

Ervas ou subarbustos eretos ou prostrados ou trepadeiras volúveis,

herbáceas. Folhas espiraladas, pinadas, 3-folioladas (raramente

719
com maior número de folíolos), estípiteladas; folíolos peninérvios,

broquidódromos, os laterais assimétricos. Inflorescências

pseudoracemos axilares, eretos; fascículos ca. 2-3-floros; bractéolas 2,

opostas, inseridas imediatamente abaixo do cálice. Botão lanceolado

acuminado. Flores pediceladas, 15-25 mm compr.; cálice campanulado,

4-laciniado, lacínias mais longas do que o tubo, acuminados; pétalas

lilás, ungüiculadas; estandarte geralmente esverdeado na face

externa, glabro; alas e carena ± do mesmo comprimento; carena com

margem superior aberta; androceu diadelfo ou pseudomonadelfo,

glabro, anteras uniformes; ovário séssil, 7-9-ovulado, estilete glabro,

fortemente arqueado; disco nectarífero cilíndrico, margem lisa. Fruto

legume, elasticamente deiscente, linear, margens retas, não aladas,

ligeiramente compresso (elíptico em seção tranversal), margens retas;

valvas coriáceas. Sementes 6-10, ligeiramente compressas, oblongas a

orbiculares, testa óssea, castanhas a marrons; hilo curto, oblongo.

Galactia é um gênero pantropical com cerca de 50 espécies. O gênero é mais


relacionado a Camptosema e Collaea (Queiroz et al. 2003), gêneros que não
ocorrem na caatinga. No contexto das plantas deste bioma, Galactia pode ser
diagnosticado pela combinação das folhas trifolioladas, inflorescências em
pseudoracemos com flores 2-3-fasciculadas, flores relativamente pequenas
(até 15 mm compr.) com pétalas lilás a roxas, androceu diadelfo (9 + 1),
frutos relativamente pequenos (até 7 cm compr.) com sementes globosas
apresentando o hilo curto e oblongo.
Burkart (1971) agrupou as espécies sul-americanas de Galactia em três
seções, Galactia, Odonia e Collearia. Destas, apenas espécies da seção
Odonia estão representadas na caatinga e estas correspondem à descrição
apresentada acima. No entanto, é possível que um maior esforço de coleta em
áreas de caatinga limítrofes a regiões de cerrado amostre espécies da seção
Collearia, a qual se diferencia pelo estandarte externamente pubescente e

720
androceu pseudomonadelfo.

Chave para as espécies de Galactia da caatinga:

1. Subarbustos eretos.............................................................. G. jussiaeana


1. Ervas prostradas ou trepadeiras volúveis

2. Ervas prostradas; folíolos vilosos na face abaxial, nervuras


secundárias salientes na face abaxial, retas, camptódromas; flores
relativamente grandes, ca 15 mm compr..................... G. remansoana

2. Trepadeiras volúveis; folíolos glabrescentes, nervuras secundárias


inconspícuas, broquidódromas; flores relativamente pequenas,
ca. 8-9 mm compr................................................................G. striata

Galactia jussiaeana Kunth, Nov. Gen. Sp. [H. B. K.] 6: 336. 1823.
Galactia camporum Sprague, Trans. & Proc. Bot. Soc. Edinburgh 31: 430. 1905.

var. jussiaeana

Subarbusto ereto, ramificado, 40-80 cm alt.; ramos jovens, pecíolo,


raque e eixo da inflorescência pubescentes. Estípulas 2-3 mm compr.,

lanceoladas. Pecíolo 7-20 mm; raque 3-9 mm; estípitelas setiformes;

folíolos cartáceos a coriáceos, o terminal 2,5-4 x 1,2-2,5 cm, elíptico-

ovalados, ápice arredondado a obtuso, base arredondada a truncada,

os laterais ligeiramente assimétricos e menores do que o terminal, face

adaxial pilosa, tricomas esparsos, eretos, face abaxial tomantosa, tricomas

eretos, densos. Pseudoracemo 1,5-2,5 (-5) cm compr., menores do que a

folha adjacente, floridos em toda a sua extensão (sésseis); pedicelo ca. 2

mm compr. Flores 9-10 mm compr.; cálice externamente viloso, tubo 2-3

721
mm compr., lacínias 4-5 mm compr.; pétalas lilás a roxas; estandarte oval,

10 x 7 mm; androceu diadelfo. Legume 3,2-4 x 0,5 cm, linear, compresso,

patente, séssil, valvas pubescentes. Sementes 5-6, ca. 4,5 x 3,5 mm,

oblongas, ligeiramente compressas, marrons, marmoradas.

Galactia jussiaeana é uma planta de ampla distribuição na América do Sul,


ocorrendo em áreas campestres da Venezuela, Colômbia, Guianas e Brasil,
além de algumas ilhas do Caribe (Burkart 1971). No bioma caatinga,
ocorre principalmente em áreas abertas sobre solo arenoso e algumas áreas
ligeiramente antropizadas do sul do Ceará e Piauí até o centro-sul da Bahia,
em altitudes de 400-700 m alt. Floração: iii-v (x). Frutificação: ii-x.

Esta espécie é facilmente separada das demais espécies de Galactia da


caatinga pelo seu hábito subarbustivo e ereto. Os folíolos são indumentados,
característica compartilhada com G. remansoana, da qual se diferencia pelas
flores menores (até 10 mm compr. em G. jussiaeana e ca. 15 mm compr. em
G. remansoana), além de apresentar do hábito ereto, já mencionado.

Material selecionado: Bahia: Caetité, A. M. Carvalho et al. 1835 (CEPEC, K); Delfino, R.

M. Harley et al. 16865 (CEPEC, K); Feira de Santana, L. P. Queiroz & C. C. Santos 4970

(HUEFS); Ipirá. E. Dutra 4 (HUEFS, K); Lafaiete Coutinho, L. Senra et al. s.n. (HUEFS).

Ceará: Crato, G. Gardnar 1555 (K); Crateús, F. S. Araújo & L. C. Girão 1586 (EAC,

HUEFS); Missão Velha, L. Coradin et al. 7831 (CEN, HUEFS). Piauí: Castelo do Piauí, M.

S. B. Nascimento & M. E. Alencar 1062 (Cpmn, HUEFS, K); Oeiras, G. Gardner 2110 (K);

Picos, G. P. Lewis 1352 (K); Serra Branca, E. Ule 7431 (K).

Galactia remansoana Harms, Bot. Jahrb. Syst. 42: 216. 1908.

Erva prostrada, ramos jovens, pecíolo, raque e eixo da inflorescência

vilosos, tricomas eretos, longos, canescentes. Estípulas ca. 3 x 1 mm,

lanceoladas, longamente acuminadas. Pecíolo 10-27 mm; raque 6-12

722
mm; estípitelas subuladas, caducas; folíolos papiráceos, o terminal 3,5-4,5

x 2,7-4 cm, suborbiculares, ápice arredondado a ligeiramente emarginado,

base arredondada, os laterais assimétricos e nitidamente menores do

que o terminal, face adaxial pubescente, face abaxial tomentosa a vilosa,

nervuras retas, divergindo da principal em ângulo menor do que 45º,

captódromas. Pseudoracemo 2-14 cm compr., menores ou maiores do

que a folha adjacente; pedicelo 3-5 mm compr. Flores 15-16 mm compr.;

cálice externamente viloso, tubo ca. 3 mm compr., lacínias ca. 7 mm compr.;

pétalas lilás a roxas; estandarte oval, ca. 13-15 x 10-15 mm; androceu

diadelfo. Legume 4,6-7 x 0,7-0,9 cm, linear, compresso, patente, séssil,

valvas pubescentes. Sementes ca. 4 x 3 mm, oblongas, compressas,

marrons, marmoradas.

Galactia remansoana é endêmica da caatinga, conhecida apenas do centro-


norte da Bahia e sul de Pernambuco, e em uma área disjunta no oeste
do Ceará. Ocorre sobre solo arenoso, entre 400 e 600 m alt. Floração e
frutificação concomitantes: ii-iv(-vi).

Esta espécie pode ser diagnosticada pelo hábito prostrado, herbáceo,


indumento denso e viloso e inflorescências mais curtas do que as folhas.

Nomes vernaculares: feijão-bravo (Bahia), jitirana-preta (Canudos, BA).

Material selecionado: Bahia: Canudos, E. B. Miranda et al. 632 (HUEFS); Casa Nova,

T. S. Nunes et al. 1076 (HUEFS); Gentio do Ouro, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3957

(HUEFS, K); Glória, M. V. O. Moraes 721 (HUEFS); Juazeiro, M. E. Fonseca et al. 1344

(ALCB, HUEFS); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16178 (K); Morpará, H. P. Bautista & O. A.
Salgado 901 (HRB, HUEFS); Pilão Arcado, L. P. Queiroz et al. 6579 (HUEFS); Remanso,

L. P. Queiroz et al. 10072 (HUEFS); Xique Xique, A. M. Giulietti et al. in PCD 2968 (ALCB,

K). Ceará: Aiuaba, M. I. Bezerra-Loiola et al. 178 (EAC, HUEFS, K).

Galactia striata ( Jacq.) Urb., Symb. Antill. 2: 320. 1900.

723
Glycine striata Jacq., Hort. Bot. Vindob. 1: 32, pl. 76. 1770.

Trepadeira volúvel, herbácea, ramos jovens, pecíolo, raque e eixo da

inflorescência esparsamente pubescentes, tricomas curtos. Estípulas c1. 2

mm compr., lanceoladas, acuminadas. Pecíolo 25-40 mm; raque 9-11 mm;

estípitelas subuladas, caducas; folíolos papiráceos, o terminal 3,5-5 x 1,5-

2,5 cm, elípticos, ápice agudos a obtusos, base arredondada, os laterais

ligeiramente menores do que o terminal, esparsamente pubescentes

(glabrescentes) nas duas faces, nervuras secundárias inconspícuas,

broquidódromas. Pseudoracemo 4,5-13 compr., geralmente maiores do

que a folha adjacente, laxifloros, floridos na 1/2 distal; pedicelo ca. 2 mm

compr. Flores ca. 8 mm compr.; cálice esparsamente pubescente, tubo

ca. 2,5 mm compr., lacínias ca. 4 mm compr.; pétalas lilás; estandarte

oboval, 8-9 x 4-5 mm; androceu diadelfo. Legume 4,5-5 x 0,5-0,6 cm,

linear, compresso, ligeiramente encurvado no ápice, patente, séssil, valvas

esparsamente pubescentes. Sementes 7-10, ca. 5 x 3-4 mm, compressas,

marrons, marmoradas.

Galactia striata é amplamente distribuída na América tropical, desde o


sudeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina. Na caatinga, ocorre
em locais antropizados, geralmente aparecendo apenas após as chuvas, de
280 a 650 m alt. Floração e frutificação concomitantes: (i-ii) v-xi.

Esta espécie diferencia-se das demais espécies de Galactia de caatinga pelo


hábito volúvel, inflorescências com eixo delgado, maiores (geralmente mais
longas do que a folha adjacente) e pelo indumento mais esparso, quase
glabrescente, das partes vegetativas.

Nomes vernaculares: ramagem-salgado (Boa Vista do Tupim, BA).

Material selecionado: Alagoas: Olho D’Água do Casado, R.A. Silva & D. Moura 1314

(HUEFS, Xingo); Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6776 (HUEFS, MAC). Bahia: Boa Vista

724
do Tupim, E. A. Dutra 11 (HUEFS); Brotas de Macaúbas, L. Coradin et al. 8544 (CEN,

HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis 1917 (CEPEC, K). Ceará: Crato, L. Coradin

et al. 7800 (CEN, HUEFS); Juazeiro do Norte, L. Coradin et al. 7794 (CEN, HUEFS);

Missão Velha, L. Coradin et al. 7830 (CEN, HUEFS). Minas Gerais: Jaíba, L. P. Queiroz

et al. 7489 (HUEFS); Pedra Azul, V. C. Souza et al. 5156 (HUEFS). Paraíba: São José

dos Cordeiros, I. B. Lima et al. 108 (JPB, HUEFS). Rio Grande do Norte: Luis Gomes, G.

P. Silva et al. 2466 (CEN, HUEFS, K). Sergipe: Canindé do São Francisco, R. A. Silva &

D. Moura 311 (HUEFS, Xingo).

Centrosema (DC.) Benth.

Trepadeiras herbáceas ou lenhosas, volúveis, ou ervas prostradas, às

vezes estolonífera; microtricomas uncinados presentes nas partes jovens

da planta. Folhas espiraladas, pinadas, 3-5-folioladas, estípiteladas;

folíolos peninérvios, broquidódromos, os laterais ligeiramente assimétricos.

Inflorescências racemos axilares, 1-5-floros, pedúnculo fractiflexo;

bráctea localizada ± no meio do pedicelo; bractéolas 2, opostas, inseridas

imediatamente abaixo do cálice. Flores pediceladas, 1,5-3,5cm compr.,

ressupinadas pela torsão do pedicelo, o estandarte ficando em posição

inferior ao conjunto alas-carena; cálice campanulado, 5-laciniado, as

2 lacínias suoeriores variadamente conadas, as lacínias ± do mesmo

comprimento ou, mais freqüentemente, a inferior muito mais longa do que

as demais; pétalas lilás a magenta, ungüiculadas; estandarte geralmente

com faixa central branca ou creme, suborbicular, com um pequeno


calcar no dorso; alas e carena ± do mesmo comprimento; carena com

forma de meia-lua; androceu diadelfo (9 + 1), anteras uniformes; ovário

séssil, pluriovulado, estilete glabro, dilatado no ápice; disco nectarífero

presente. Fruto legume, elasticamente deiscente, linear, compresso reto

ou falcado, resto do estilete formando um rostro no ápice, margens retas;

725
valvas coriáceas, geralmente com margens discolores. Sementes 4-8,

não compressas, elipsóides, testa óssea, castanhas a marrons; hilo curto,

oblongo a cricular.

Centrosema é um gênero neotropical, com cerca de 35 espécies (Williams &


Clements 1990). Apresenta maior afinidade a Periandra e Clitoria, os três
compartilhando as flores ressupinadas. Diferencia-se destes gêneros pela
combinação do cálice campanulado (vs. tubular em Clitoria) e estandarte
com dorso calcarado (vs. não calcarado em Periandra).

Chave para identificação das espécies de Centrosema da caatinga:

1. Todas as lacínias do cálice lineares, mais longas do que as bractéolas

2. Folíolos linear-lanceolados, ca. 10x mais longos do que largos;


flores de 12-13 mm compr.............................................C. pascuorum

2. Folíolos elípticos a lanceolados, até 6x mais longos do que largos;


flores 20-30 mm compr............................................. C. virginianum

1. Lacínia superior do cálice, freqüentemente também as laterais,


marcadamente mais curtas do que a inferior e encobertas pela
bractéola

3. Folíolos linear-lanceolados, ca. 10x mais longos do que


largos...........................................C. brasilianum (var. angustifolium)

3. Folíolos suborbiculares, elípticos, ovais ou lanceolados, até 6x


mais longos do que largos
4. Folíolos com face superior rugosa; trepadeiras robustas com
ramos lenhosos.........................................................C. arenarium

4. Folíolos com face superior lisa ou reticulada; trepadeiras


herbáceas ou ervas prostradas

5. Folhas 3-5-folioladas; folíolos orbiculares a obovais com

726
ápice arredondado a truncado; ramos pubescentes; frutos
falcados...........................................................C. rotundifolium

5. Folhas 3-folioladas; folíolos elípticos a ovais


com ápice agudo ou obtuso; ramos glabres-
centes....................................C. brasilianum (var. brasilianum)

Centrosema arenarium Benth., Comm. Leg. Gen.: 55. 1837.


Centrosema brachypodum Benth., Ann. Nat. Hist. 3: 435. 1839.
Bradburya arenaria (Benth.) Kuntze, Revis. Gen. Pl. 1: 164. 1891.

Trepadeira lenhosa, volúvel ou subarbusto ereto com ápice volúvel; ramos

jovens, pecíolo, raque e eixo da inflorescência com indumento denso,

viloso a tomentoso. Folhas trifolioladas; pecíolo 9-17 mm; raque 4-7 mm;

estípitelas setiformes, rígidas, persistentes; folíolos cartáceos a coriáceos,

face adaxial rugosa, glabrescente exceto pelos tricomas uncinados

presentes sobre as nervuras, face abaxial pilosa, reticulada, o terminal

40-70 x 16-24 mm, elípticos a oblongos, agudo ou obtuso, geralmente

mucronado, base obtusa, os laterais ligeiramente assimétricos, nervuras

laterais 8-10 pares. Racemo mais curto do que a folha adjacente, 2-2,8
(-5) cm compr., 1-2-floro; pedicelo 6-8 mm; bractéolas 11-12 x 4-5 mm,

elíptico-oblongas. Flores 3,5-3,9 cm compr.; cálice campanulado, tubo ca.

4 mm compr., 4-laciniado, lacínia superior bífida, ca. 2 mm compr., lacínias

laterais ca. 2 mm compr., acuminadas, lacínia inferior ca. 8 mm compr.,

linear; pétalas magenta, ungüiculadas; estandarte externamente creme,

internamente com mancha creme no centro, suborbicular, ca. 39 x 38 mm.

Legume 11-13 x 0,4-0,5 cm, reto, rostro 1,7-2 cm.

Centrosema arenarium é registrada para a América Central (Nicarágua e


Panamá) e América do Sul no Nordeste do Brasil e no Paraguai, ocorrendo

727
principalmente em campos e áreas de cerrado, raramente em restinga. Na
caatinga, ocorre do sul do Ceará ao sul da Bahia, geralmente em solos
arenosos, de 200 a 700 m alt. Floração x-iii. Frutificação xi-iii.

Esta espécie apresenta maior afinidade a C. coriaceum, ambas apresentando


um hábito mais robusto do que as demais espécies do gênero na caatinga,
com caule lenhoso e folíolos coriáceos. C. arenarium diferencia-se de C.
coriaceum pelos ramos e folíolos tomentosos (vs. glabros) e folíolos rugosos
na face abaxial.

Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 1552 (HUEFS, K, SPF); Caen, G. C. P.

Pinto 313-81 (HRB, HUEFS, K); Feira de Santana, T. S. N. Sena 6 (HUEFS, K); Filadélfia,

A. M. Giulietti & R. M. Harley 1877 (HUEFS); Igaporã, G. Hatschbach 56635 (K); Jacobina,

L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 5484 (HUEFS, K); Monte Santo, R. M. Harley et al.

16414 (CEPEC, K); Oliveira dos Brejinhos, G. Hatschbach et al. 67787 (HUEFS, MBM);

Saúde, L. Coradin et al. 7734 (CEN, HUEFS, K). Ceará: Crato, A. H. Gentry et al. 50173

(EAC, NY); Serra do Araripe, G. Gardner 1558 (tipo de C. arenarium: K, foto HUEFS).

Paraíba: Areia, P. C. A Fevereiro 376 (K). Pernambuco: Triunfo, L. P. Félix et al s.n.,

30.X.1996.

Centrosema brasilianum (L.) Benth., Comm. Leg. Gen.: 54. 1837.


Clitoria brasilianum L., Sp. Pl.: 753. 1753.
Clitoria insulana Vell., Fl. Flum. 7, t. 131. 1829.
Centrosema insulanum (Vell.) Steud., Nomencl. Bot. (Steudel) ed. 2: 325. 1824.
Bradburya brasiliana (L.) Kuntze, Revis. Gen. Pl. 1: 164. 1891.
Bradburya insulana (Vell.) Kuntze, Revis. Gen. Pl. 1: 164. 1891.

Erva prostrada a volúvel; ramos jovens glabros, pecíolo, raque e eixo da

inflorescência glabros a glabrescentes. Folhas trifolioladas; pecíolo 8-25

mm; raque 7-15 mm; estípitelas setiformes, rígidas, persistentes; folíolos

728
papiráceos a cartáceos, glabrescentes exceto pelos tricomas uncinados

presentes sobre as nervuras nas duas faces, o terminal 25-70 x 10-38 mm,

oval a linear-lanceolado, ápice agudo a obtuso, base obtusa, os laterais

ligeiramente assimétricos ou simétricos; nervuras laterais 5-15 pares.

Racemo mais curto do que a folha adjacente, 3-3,5 cm compr., 1-2-floro;

pedicelo 8-20 mm; bractéolas 13-15 x 4-7 mm, elíptico-oblongas. Flores

2,5-3 cm compr.; cálice campanulado, tubo 2-4 mm compr., 4-laciniado,

lacínia superior ca. 1 mm compr., lacínias laterais 1-2 mm compr.,

acuminadas, lacínia inferior 2-4 mm compr., linear; pétalas roxas a violeta,

ungüiculadas; estandarte 20-30 x 20-25 mm, suborbicular. Legume 5-14 x

0,4-0,5 cm, reto, rostro 1,8-2,6 cm.

Centrosema brasilianum é uma espécie invasora que cresce principalmente


em locais antropizados, ocorrendo desde a Nicarágua até o Paraguai. Na
área da caatinga também ocorre em locais alterados, sendo comum na
margem de rodovias.

É comumente confundida com C. virginianum e C. pascuorum, duas


espécies também presentes na caatinga. Da primeira, C. brasilianum pode
ser distinguida pelo cálice que apresenta as lacínias de comprimento muito
desigual, com as lacínias superior e laterais muito mais curtas do que a
inferior, enquanto C. virginianum apresenta as quatro lacínias igualmente
longas. De C. pascuorum ela se distingue pelas flores maiores (até 2 cm
compr. em C. pascuorum vs. 2,5-3 cm compr. em C. brasilianum).

As duas variedades presentes na caatinga podem ser diferenciadas pelos


caracteres abaixo:

1. Folíolos ovais, ca. 2x mais longos do que largos............. var. brasilianum

1. Folíolos linear-lanceolados, 5-6x mais longos do que


largos.......................................................................... var. angustifolium

729
Centrosema brasilianum var. angustifolim Amshoff, Meded. Bot. Mus. Herb.
Rijks Univ. Utrecht 52: 62. 1939.

Folíolos linear-lanceolados, 5-6x mais longos do que largos, o terminal

30-80 x 6-12 mm.

Distribuição ampla na América do Sul, das Guianas ao leste do Brasil,


em ambientes antropizados. Na caatinga, ocorre do Ceará à Bahia sobre
diversos tipos de solos, em altitudes de 50 a 700m. Floração e frutificação
concomitantes: iii-vii.

Esta variedade apresenta hábito e folíolos muito semelhantes aos de C.


pascuorum, sendo ambas ervas delicadas com folíolos estreitos. Podem ser
facilmente distinguidas pelo tamanho das flores, menores, com até 2 cm
compr., em C. pascuorum.

Material selecionado: Bahia: Rio de Contas, L. Coradin et al. 3062 (CEN, HUEFS).

Ceará: Sobral, L. Coradin et al. 1931 (CEN, HUEFS); Tabuleiro do Norte, L. Coradin et al

7837 (CEN, HUEFS). Paraíba: Junco do Seridó, L. Coradin et al. 3264 (CEN, HUEFS);

Queimadas, L. Coradin et al. 3282 (CEN, HUEFS). Pernambuco: Cupira, L. Coradinn et

al. 3313 (CEN, HUEFS). Piauí: Oeiras, C. A. Miranda 438 (HUEFS, TEPB).

Centrosema brasilianum (L.) Benth. var. brasilianum

Folíolos ovais, ca. 2x mais longos do que largos, o terminal 25-70 x 10-38

mm.

Distribuição coincidente com a da espécie. Na caatinga, ocorre do Ceará à


Bahia sobre diversos tipos de solos, particularmente nos mais arenosos, em
altitudes de 200 a 700m. Floração e frutificação concomitantes: v-ix.

Mais semelhante a C. virginianum distinguindo-se principalmente por


caracteres do cálice (ver discussão da espécie).

730
Material selecionado: Bahia: Campo Alegre de Lourdes, T. S. Nunes et al. 428 (HUEFS);

Casa Nova, G. C. P. Pinto 342/81 (HRB, HUEFS); Ibotirama, L. Coradin et al. 7628 (CEN,

HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis 1890 (CEPEC, K). Ceará: Aiuaba, L. W.

Lima-verde et al. 251 (EAC, HUEFS); Juazeiro do Norte, L. Coradinn et al. 7796 (CEN,

HUEFS, K); Sobral, L. Coradin et al. 1932 (CEN, K); Milagres, L. Coradin et al. 7834 (CEN,

K); Missão Velha, L. Coradin et al. 7825 (CEN, HUEFS, K); Tianguá, L. Coradin et al.

7894 (CEN, HUEFS, K). Paraíba: Campina Grande, M. F. Agra et al. 1163 (K); Patos, L.

Coradin et al. 3256 (CEN, HUEFS, K). Pernambuco: Cupira, L. Coradin et al. 3315 (CEN,

HUEFS, K); Petrolina, L. Coradin et al. 7736 (CEN, HUEFS, K). Piauí: Campo Maior, M.

S. B. Nascimento 1042 (K); Castelo do Piauí, M. S. B. Nascimento & M. E. Alencar 1053

(HUEFS, TEPB).

Centrosema pascuorum Mart. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 55. 1837.


Bradburya pascuora (Benth.) Kuntze, Revis. Gen. Pl. 1: 164. 1891.

Erva prostrada ou volúvel; ramos jovens pecíolo, raque e eixo da

inflorescência pilosos, tricomas setiformes, esparsos. Folhas trifolioladas;

pecíolo 20-40 mm; raque 9-12 mm; estípitelas setiformes, rígidas,

persistentes; folíolos cartáceos, face adaxial esparsamente pilosa, face

abaxial glabrescente, com tricomas presentes apenas nas nervuras

central e secundárias, o terminal 50-80 x 6-8 mm, linear-lanceolado, ca.

10x mais longo do que largo, ápice acuminado, base obtusa, os laterais

ligeiramente assimétricos; nervuras laterais 5-9 pares. Racemo mais curto

do que a folha adjacente, 2,1-2,5 cm compr., 1-2-floro, pedicelo 9-12 mm;


bractéolas 4-5 x 2-3 mm, elípticas a oblongas. Flores 1,2-1,3 cm compr.;

cálice campanulado, tubo 2-3 mm compr., 4-laciniado, lacínia superior

bífida, ca. 4 mm compr., lacínias laterais ca. 4 mm compr., lineares, lacínia

inferior ca. 5 mm compr., linear; pétalas magenta, ungüiculadas; estandarte

suborbicular, ca. 12 x 20-22 mm. Legume 37-54 x 4-5 mm, reto, rostro 0,6-

731
1,0 cm.

Amplamente distribuída no Neotrópico, do México ao leste do Brasil,


principalmente em áreas sujeitas a uma estação seca prolongada, sendo
particularmente comum na Venezuela e Nordeste do Brasil. Na caatinga
ocorre do Ceará ao centro-sul da Bahia, geralmente sobre solos mais
ricos embora ocasionalmente ocorra em solos arenosos, de 260 a 570 m
alt. Floração e frutificação concomitantes: ii-ix, provavelmente após as
chuvas.

Centrosema pascuorum pode ser reconhecida pela combinação dos folíolos


estreitos, ca. 10x mais longos do que largos, e flores relativamente pequenas,
com menos de 2cm de comprimento. Este caráter a separa de C. brasilianum
var. angustifolium que apresenta hábito e forma dos folíolos semelhantes
mas possui flores maiores, com pelo menos 2,5cm de comprimento.

Material examinado: Bahia: Ibotirama, L. P. Queiroz s.n. (ALCB, HUEFS); Juazeiro,

A. Löfgren 918 (RB); Santa Terezinha, L. P. Queiroz & T. S. N. Sena 3192 (HUEFS).

Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1518 (EAC, HUEFS); Itapagi, L. Coradin et al. 1912 (CEN,

HUEFS); Juazeiro do Norte, A. M. Giulietti et al. 2233 (CEN, HUEFS); São Luiz do Caru,

L. Coradin et al. 7856 (CEN, HUEFS); Tabuleiro do Norte, L. Coradin et al. 7837 (CEN,

K). Pernambuco: Arcoverde, A. M. Miranda et al. 2406 (HST, HUEFS); Cupira, L. Coradin

et al. 3313 (CEN, HUEFS, K); Gravatá, J. E. G. de Lima 85 (HST, HUEFS). Paraíba:

Brejo da Cruz, J. E. R. Collares 154 (HRB, K); Junco do Seridó, L. Coradin et al. 3264

(CEN, HUEFS, K); Quemadas, L. Coradin et al. 3282 (CEN, HUEFS, K). Piauí: Oeiras,

G. Gardner 2108 (tipo de C. pascuorum: K, foto HUEFS). Rio Grande do Norte: Luís
Gomes, G. P. Silva et al. 2472 (CEN, K); Mossoró, G. P. Silva et al. 2477 (CEN, K).

Sergipe: Canindé do São Francisco, R. A. Silva & D. Moura 611 (HUEFS, Xingó).

Centrosema rotundifolium Mart. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 55. 1837.


Centrosema heptaphyllum Moric., Pl. Nouv. Rar. Am.: 96. t. 61.1840.

732
Centrosema rotundifolium var. angustifolium Benth. in Matrius, Fl. Brasil. 15 (1): 130.
1859.
Bradburya rotundifolia (Benth.) Kuntze, Revis. Gen. Pl. 1: 164. 1891.

Trepadeira volúvel ou erva prostada, ± estolonífera, partindo dos nós

raízes e flores cleistógamas; ramos jovens, peciolo, ráque e eixo da

inflorescência densamente pubescentes. Folhas 3-5-folioladas; pecíolo

10-30 mm; raque 3-7 mm; estípitelas setiformes, rígidas, persistentes;

folíolos cartáceos, pubescente nas duas faces, o terminal 9-35 x 6-23

mm, suborbicular a oboval, ápice arredondado a truncado, ligeiramente

mucronado, base obtusa, os laterais ligeiramente assimétricos; nervuras

laterais 4-5 pares. Racemo mais curto do que a folha adjacente, 2,5-4 cm,

1-3-floro; pedicelo 11-15 mm; bractéolas 7-9 x 2-4 mm, elíptico-oblongas.

Flores casmógamas 3,5-3,9 cm compr.; cálice campanulado, tubo ca. 4

mm compr., 4-laciniado, lacínia superior bífida, ca. 2 mm compr., lacínia

lateral ca. 2 mm compr., acuminada, lacínia inferior ca. 8 mm compr., linear;

pétalas magenta; estandarte externamente esbranquiçado, suborbicular,

ca. 39 x 38 mm. Legume 2,4-3,5 x 0,5-0,7 cm, falcado, rostro 0,3-1 cm;

frutos subterrâneos retos, 1-2 x 0,8 cm.

Centrosema rotundifolium é conhecida apenas do Nordeste do Brasil onde


ocorre em caatinga, especialmente em áreas sujeitas a inundações periódicas
sobre solo arenoso de 400 a 530m alt., do Rio Grando do Norte ao norte da
Bahia. Floração e frutificação concomitantes: ii-vii.

Esta espécie distingue-se prontamente das demais espécies de Centrosema


de caatinga pelos folíolos orbiculares a obovais com ápice freqüentemente
truncado. Comumante as folhas são pinadas com cinco folíolos, característica
não observada em nenhuma outra espécie do gênero na caatinga. Fevereiro
(1977) e Williams & Clemments (1990) consideram C. heptaphyllum como
sinônimo de C. rotundifolium mas um estudo mais aprofundado pode

733
revelar que se tratam de duas espécies distintas.

Material examinado: Bahia: Barra (como ‘Utinga’), J. S. Blanchet 2705 (tipo de C.

heptaphyllum: K, foto HUEFS); Juazeiro, A. Löfgren 913 (RB); Formosa do Rio Preto, R.

M. Harley et al. 53778 (HUEFS); Pilão Arcado, L. P. Queiroz et al. 6609 (HUEFS). Ceará:

Juazeiro do Norte, L. Coradin et al. 7761 (CEN, HUEFS, K). Piauí: s.l., G. Gardner 2109
(K); Piripiri, L. Coradin et al. 7920 (CEN, K). Rio Grande do Norte: São José do Mipibu,

L. Coradin et al. 3188 (CEN, K, NY).

Centrosema virginianum (L.) Benth., Comm. Leg. Gen.: 56. 1837.


Clitoria virginiana L., Sp. Pl.: 753. 1753.
Centrosema biflorum Mart. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 56. 1837.
Centrosema decumbens Mart. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 56. 1837.
Bradburya virginiana (L.) Kuntze, Revis. Gen. Pl. 1: 164. 1891.
Bradburya biflora (Benth.) Kuntze, Revis. Gen. Pl. 1: 164. 1891.
Bradburya decumbens (Benth.) Kuntze, Revis. Gen. Pl. 1: 164. 1891.

Trepadeira herbácea, volúvel; ramos jovens, pecíolo, raque e eixo da

inflorescência glabors ou glabrescentes, tricomas, quando presentes,

longos e esparsos. Folhas trifolioladas; pecíolo 17-35 mm; raque 4-10


mm; estípitelas setiformes, rígidas, persistentes; folíolos membranáceos a

papiráceos, glsbros a pubescentes em ambas as faces, o terminal 47-65

x 11-27 mm, elipticos a ovais, menos freqüentemente lanceolados, ápice

agudo, base obtusa, os laterais ligeiramente assimétricos; nervuras laterais

ca. 6 pares. Racemo mais curto do que a folha adjacente, 2-4 cm, 1-4-

foro; pedicelo 10-15 mm; bractéolas 5-6 x 3 mm, elíptico-oblongas. Flores

2-3 cm compr.; cálice campanulado, tubo ca. 4 mm compr., 4-laciniado,

lacínia superior bífida, 6-9 mm compr., lacínias laterais ca. 10 mm compr.,

linear, lacínia inferior ca. 9 mm compr., linear; pétalas lilás, ungüiculadas;

estandarte suborbicular, 20-32 x 19-30 mm. Legume 6,5-10 x 0,1-0,3 cm,

734
Figura 41 – A: Periandra coccinea (1 - hábito; 2 - estípulas; 3 - botão floral; 4 - estandarte; 5 - ala; 6 - pétala da
carena; 7 - androceu; 8 - pistilo; 9 - fruto); B: Rhynchosia minima (1 - hábito; 2 - folíolo terminal; 3 - flor; 4 - fruto;
5 - fruto aberto); C: Centrosema arenarium (hábito); D: Centrosema brasilianum var. brasilianum (1 - folha; 2
- flor); E: Centrosema brasilianum var angustifolium (folha); F: Centrosema rotundifolium (folha); G: Centrosema
pascuorum (folha): H: Centrosema rotundifolium (folha); I: Centrosema virginianum (1 - folha; 2 - flor).

735
reto, rostro 0,7-2 cm.

Uma das espécies com mais ampla distribuição no Neotrópico, ocorrendo


do leste dos Estados Unidos até a Argentina e Uruguai, tornando-se
naturalizada na África ocidental. Na caatinga ocorre em locais antropizados
sobre diversos tipos de solo, de 250 a 450m alt. Floração e frutificação
concomitantes: i-viii.

Centrosema virginianum é uma planta polimórfica, apresentando grande


variação na forma e tamanho dos folíolos, na cor e tamanho das flores.
No contexto das espécies de caatinga pode ser reconhecida pelas lacínias
do cálice que se apresentam todas longas e lineares, ultrapassando o
comprimento das bractéolas mesmo nos botões florais.

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21451 (CEPEC, K);

Caen, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3551 (HUEFS, K); Iaçú, L. R. Noblick & M. J. S.

Lemos 3590 (HUEFS, K); Ichu, A. S. Carneiro 21 (HUEFS); Ipirá, L. Coradin et al. 4857

(CEN, K); Itiuba, J. G. Nascimento & T. S. Nunes 77 (HUEFS); Jacobina, L. Coradin et al.

7702 (CEN, HUEFS, K); Jaguarari, L. Coradin et al. 6000 (CEN, K); Jequié, G. P. Lewis

et al. 986 (CEPEC, K); Maracás, M. M. da Silva et al. 266 (HUEFS); Saúde, L. Coradin

et al. 7732 (CEN, HUEFS); Tucano, L. P. de Queroz et al. 9023 (HUEFS). Pernambuco:

Arcoverde, L. Coradin et al. 2470 (CEN, K); Cupira, L. Coradin et al. 3314 (CEN, K). Piauí:

Gilbués, L. Coradin et al. 5852 (CEN, K); Sussuapara, M. R. A. Mendes & R. S. Albino s.n.

12.iv.2000, (HUEFS).

Periandra Mart. ex Benth.


Pequeno gênero sul-americano com seis espécies distribuídas principalmente
nas regiões central e leste do Brasil (Funch & Barroso 1999). O gênero é
muito próximo de Centrosema, compartilhando com este a flor ressupinada
e o cálice amplamente campanulado com lacínias mais longas do que o

736
tubo. Diferencia-se deste gênero pela ausência de tricomas uncinados e
pelo estandarte não calcarado no dorso.

Apenas uma espécie ocorre na caatinga.

Periandra coccinea (Schrad.) Benth., Comm. Leg. Gen.: 57. 1837.


Clitoria coccinea Schrad., Gött. Gel. Anz. 1: 717. 1821.
Periandra acutifolia Benth., Comm. Leg. Gen.: 57. 1837.

Trepadeira volúvel ou erva prostrada, estolonífera; ramos jovens,

pecíolo, raque e eixo da inflorescência vilosos. Estípulas 4-6 mm compr.,

oblongas, estriadas. Folhas 3-folioladas; pecíolo 18-50 mm compr.; raque

3-7 mm compr.; estípitelas lineares a lanceoladas; folíolos cartáceos, o

terminal 36-73 x 17-40 mm, ovais, oblongos ou elípticos, ápice agudo,

mucronado, base obtusa, os laterais ligeiramente assimétricos, face adaxial

glabrescente, rugosa, face abaxial densamente pubescente, tricomas

curtos, eretos. Inflorescências cimosas, axilares, paucifloras, 9-25 cm

de compr., mais longas do que a folha adjacente, florido apenas próximo

ao ápice. Flores ressupinadas, 4,5-5 cm compr.; cálice amplamente

campanulado, pubescente, tubo 5-6 mm compr., 5-laciniado, lacínias


deltóides, acuminadas, as 2 superiores conadas, lacínia inferior ca. 7 mm

compr., as demais ca. 4 mm compr.; corola papilionóide, pétalas vermelhas;

estandarte 34-42 x 22-30 mm, orbicular, externamente pubescente, alas e

pétalas da carena oblongas; estames 10, diadelfos (9 + 1); ovário séssil.

Legume 9,2-12 X 0,5-0,6 cm, linear, reto, ápice rostrado, margens retas,

valvas rigidamente coriáceas, glabrescentes. Sementes 12-14, ca. 5 x 3

mm, reniformes, castanhas, hilo oblongo, lateral.

Periandra coccinea ocorre principalmente no cerrado, distribuindo-se pelos


estados do Pará, Roraima, Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia, Minas Gerais,

737
Goiás, Tocantins e Mato Grosso (Funch & Barroso 1999). No bioma
caatinga, ocorre ocasionalmente em áreas degradadas de florestas estacionais
ou sobre afloramentos rochosos e em transição para cerrado, em altitudes
de 500 a 900 m. Floração e frutificação concomitantes iii-xi.

Esta espécie é facilmante reconhecível pelas grandes flores com pétalas


vermelhas, em inflorescências longas e paucifloras, combinada com as
folhas com estípitelas lineares a lanceoladas, estriadas.

Nomes vernaculares: estradeira, bocetinha (ambos na Bahia).

Material selecionado: Bahia: Abaíra, B. L. Stannard et al. in H 51973 (HUEFS, K); Campo

Formoso, W. W. Thomas et al. s.n. (K); Delfino, A. Oliveira et al. 135 (HUEFS); Formosa

do Rio Preto, F. França et al. 3285 (HUEFS); Iaçu, E. Melo et al. 2201 (HUEFS); Ituaçu,

L. P. Queiroz et al. 1689 (ALCB, HUEFS); Jacobina, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

3477 (HUEFS, K); Maracás, A. M. Carvalho et al. 1961 (CEPEC, HUEFS, K); Miguel

Calmon, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3521 (HUEFS, K); Ruy Barbosa, D. Cardoso

249 (HUEFS).Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1419 (EAC). Pernambuco: Buíque, S. S. Lira

10 (K); Floresta, K. Andrade 11 (K); Pesqueira, M. Correia 369 (HUEFS, UFP); Cupira,

L. Coradin et al. 3314 (CEN, K). Piauí: Bom Jesus, L. Coradin et al. 5867 (CEN, K);

Gilbués, L. Coradin et al. 5852 (CEN, K); Sussuapara, M. R. A. Mendes & R. S. Albino s.n.

12.iv.2000, (HUEFS).

Rhynchosia Lour.

Trepadeiras volúveis, herbáceas ou lenhosas. Folhas alternas, espiraladas,

pinadas, 3-folioladas, estípiteladas; folíolos com pontuações glandulares

amarelas pelo menos na face inferior, os laterais assimétricos, palminérvios,

broquidódromos. Inflorescências racemos axilares, não nodosas,

geralmente mais longos do que a folha adjacente; bractéolas ausentes.

Flores pediceladas; cálice cilíndrico, 5-laciniado, lacínias iguais ou mais

738
longas do que o tubo; corola papilionóide; pétalas amarelas, ungüiculadas;

estandarte não caloso; alas e carena ± do mesmo comprimento, carena

aberta no lado superior, as pétalas conadas apenas na margem inferior

próximo ao ápice; estames 10, diadelfos, com 9 estames soldados em

bainha e o vexilar livre; disco intraestaminal presente; ovário (sub)séssil, 2-

ovulado; estilete glabro. Fruto legume, elasticamente deiscente, oblongo

ou oboval, falcado, ligeiramente compresso. Sementes 2, coloração

uniforme ou bicolores.

Rhynchosia é um gênero pantropical com cerca de 200 espécies (Grear 1978).


Pode ser diagnosticado pela combinação das flores relativamente pequenas
com pétalas amarelas e folíolos com pontuações glandulares amarelas.

Duas espécies foram registradas para a caatinga. Além dessas, R. phaseoloides


(Sw.) DC. e R. naineckensis R. H. Fortunato ocorrem em florestas estacionais
em áreas limítrofes à caatinga e é possível que venham ser encontradas
neste bioma.

Chave para as espécies de Rhynchosia da caatinga:

1. Flores 9-10 mm compr.; frutos viscosos com tricomas glandulares


híspidos..................................................................................... R. edulis
1. Flores < 7 mm compr.; frutos sem tricomas viscosos.............. R. minima

Rhynchosia edulis Griseb., Abh. Bohm. Ges. Wiss. Goet. 19: 123. 1874.
Eriosema edule (Griseb.) Burkart, Darwiniana 6: 261. 1943.

Trepadeira volúvel, herbácea; ramos jovens, pecíolo, raque e eixo da

inflorescência pubescentes, tricomas curtos misturados com tricomas

glanduloso-viscosos longos e esparsos. Pecíolo 20-30 mm; raque 7-12

mm; folíolos membranáceos a papiráceos, o terminal 25-40 x 22-38 mm,

739
oval rombóide, ápice obtuso, base obtusa, os laterais assimétricos, face

adaxial esparsamente pubérula, face abaxial densamente pubescente.

Racemo 8-17 cm compr. Flores 9-10 mm compr.; cálice pubescente, tubo

ca. 2 mm compr., lacínias 3-5 mm compr.; pétalas amarelas, estandarte ca.

10 x 6 mm, externamente rosado, oval. Legume ca. 2-2,4 x 0,8 cm, oblongo-

oboval, compresso, reto; valvas pubescentes, viscosas. Sementes ca. 4-3

mm, oblongas, testa com coloração uniforme, marrom.

Rhynchosia edulis é amplamente distrbuída no Neotrópico, do México ao


norte da Argentina e Paraguai. No bioma caatinga, é conhecida por um
espécime coletado no centro-sul da Bahia.

Suas diferenças em relação a R. minima encontram-se referidas na discussão


desta espécie.

Material examinado: Bahia: Livramento do Brumado, R. M. Harley et al. 16514 (CEPEC,

K).

Rhynchosia minima (L.) DC., Prodr. 2: 385. 1825.

var. minima

Dolichos minimus L., Sp. Pl.: 726. 1753.

Trepadeira volúvel, herbácea; ramos jovens, pecíolo, raque e eixo da

inflorescência pubescentes, tricomas curtos. Pecíolo 10-60 mm; raque

6-12 mm; folíolos membranáceos a papiráceos, o terminal 10-50 x 7-


38 mm, rombóide sub-orbicular, ápice obtuso, base obtusa, os laterais

assimétricos, face adaxial glabra ou esparsamente pubescente, face

abaxial densamente pubescente. Racemo 10-17 cm compr. Flores 5-6 mm

compr.; cálice pubescente, tubo 1-2 mm compr., lacínias 2-3 mm compr.;

pétalas amarelas, estandarte 4-6 x 3-5 mm, externamente amarronzado,

740
orbicular a oval. Legume 1,5-2 x 0,4-0,5 cm, linear, falcado; valvas

pubescentes, não viscosas. Sementes 3-4 mm diâm., suborbiculares,

testa lisas, coloração uniforme, marrom-escura.

Rhynchosia minima é uma planta invasora pantropical, ocorrendo em habitats


antropizados. No bioma caatinga é conhecida também em capoeiras em
áreas de florestas estacionais, aparecendo após as chuvas, em altitudes de
250 a 600 m alt. Floração e frutificação concomitantes ao longo do ano.

Diferencia-se de R. edulis pelas flores pequenas (até 6 mm compr.) e frutos


menores desprovidos de tricomas glanduloso-viscosos.

Nomes vernaculares: feijão-de-rolinha (Barro Alto e Irecê, BA), matineta


(Recôncavo, BA).

Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6900 (HUEFS, Xingo).

Bahia: Barro Alto, T. S. Nunes et al. 918 (HUEFS); Bom Jesus da Lapa, L. P. Queiroz

et al. 5803 (HUEFS); Euclides da Cunha, L. P. Queiroz et al. 9039 (HUEFS); Feira de

Santana, F. França et al. 1882 (HUEFS); Irecê, T. S Nunes et al. 316 (HUEFS); Itiúba,

J. G. Nascimento & T. S. Nunes 78 (HUEFS); Milagres, F. França et al. 2164 (HUEFS);

Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4051 (HUEFS). Ceará: Crato, G.

Gardner 1540 (K). Paraíba: Areia, V. P. Fevereiro 642 (K). Pernambuco: Caruaru, M.

Sales 445 (K, PEUFR). Rio Grande do Norte: Luis Gomes, G. P. Silva et al. 2465 (CEN,

HUEFS, K). Sergipe: Canindé do São Francisco, R. A. Silva & D. Moura 552 (HUEFS,

Xingo).

Erythrina L.
Gênero pantropical com cerca de 110 espécies. Apenas uma espécie ocorre
na caatinga.

No contexto das plantas de caatinga, Erythrina pode ser facilmente


diagnosticado pela combinação do hábito de árvore com as folhas trifolioladas,

741
flores com pétalas vermelhas e sementes vermelho-alaranjadas.

O gênero constitui um grupo muito natural, definido por várias


sinapomorfias como as estípulas e estípitelas glandulares, indumento
com tricomas ramificados, alas e pétalas da carena muito reduzidas e
número cromossômico 2n = 42 (Raven 1974, Krukoff & Barneby 1974).
Estes caracteres não são encontrados em outros representantes da tribo
Phaseoleae tornando difícil estabelecer hipóteses sobre seu parentesco com
outras Papilionoideae apenas com base em caracteres morfológicos.

O gênero é inteiramente ornitófilo, embora tanto pássaros (Passeriformes)


quanto beija-flores (Apodiformes: Trochilidae) polinizem diferentes
espécies (Bruneau 1997).

Erythrina velutina Willd., Ges. Nat. Freunde Berlin Neue Schr. 3: 426.
1801.

Árvore copada 5-20 m alt., geralmente sem folhas na floração; tronco

acinzentado, 25-110 cm DAP, revestido por acúleos lenhosos, cônicos;

ramos jovens, pecíolo, raque, folíolos e eixo da inflorescência tomentosos,

tricomas estrelados, acinzentados densos mas rapidamente caducos.

Folhas trifolioladas; pecíolo 25-105 mm; raque 10-35 mm; estípitelas

espessadas, possivelmente glandulares; folíolos cartáceos a papiráceos,

30-80 x 32-110 mm, largamente ovais, subdeltóides, ápice obtuso, base

arredondada a truncada, os laterais assimétricos, ligeiramente menores,

face abaxial vilosa. Pseudoracemos 6-17 cm compr., divariacados,

horizontais, flores 2-3-fasciculadas; pedicelo ca. 5 mm compr.; bractéolas

2, suborbiculares. Botões lanceolados, incurvados. Flores 50-70 mm

compr.; cálice 20-25 mm compr., espatáceo, externamente tomentoso,

lobos glandulares e espessados; corolla pailionóide, pétalas vermelhas a

742
vermelho-alaranjadas, ungüículo 5-8 mm compr., estandarte largamente

elíptico, esparsamente pubescente na face externa, 35-60 x 20-32

mm, alas e pétalas da carena muito menores do que o estandarte, ca.

9-10 mm compr.; androceu diadelfo (9 + 1), ereto, exserto da carena.

Legume 8-10 x 1,2-1,5 cm, linear, ± cilíndrico, margens onduladas; valvas

lenhosas, constritas entre as sementes, tomentosas. Semente reniformes,

vermelhas.

Erythrina velutina distribui-se na caatinga e florestas secas no oeste da


América do Sul, no Peru e Equador e no Caribe (costa norte da Venezuela
e Cuba). Na caatinga, ocorre da Paraíba e Piauí ao norte de Minas Gerais,
sendo mais freqüente em áreas de pediplano sobre solo litólico em altitude
de 300 a 600 m, não sendo encontrada sobre solos arenosos. Floração: (vi-
vii) ix-xii. Frutificação: i-iii (vi).

A combinação do hábito arbóreo com tronco aculeado com as folhas


trifolioladas, estípitelas glandulares e folíolos largamente ovais, subdeltóides,
ligeiramente mais largos do que longos permitem um fácil reconhecimento
desta espécie mesmo na ausência de flores ou frutos. A folhagem é caduca
na época da floração, quando a planta fica completamente revestida pelas
belas flores vermelhas.
Nome vernacular: mulungu.

Material selecionado: Bahia: Araci, L. P. Queiroz & T. S. N. Sena 3105 (HUEFS, K);

Campo Alegre de Lurdes, T. S. Nunes et al. 372 (HUEFS); Castro Alves, C. A. L. Carvalho

91 (HUEFS); Feira de Santana, L. P. Queiroz & M. J. S. Lemos 1040 (HUEFS); Gentio

do Ouro, H. C. de Lima et al. 3931 (K, RB); Irecê, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4000

(HUEFS, K); Ipupiara, E. Saar et al. 46 (ALCB); Itatim, E. Melo et al. 2206 (HUEFS);

Jacobina, G. P. Lewis et al. CFCR 7511 (K, SPF); Juazeiro, L. Coradin et al. 5971 (CEN,

K); Maracás, S. A. Mori et al. 11141 (CEPEC, K, NY); Milagres, M. A. S. Mayworm 49

(HUEFS); Queimadas, M. M. Arbo et al. 5490 (CTES, HUEFS, K). Ceará: Aiuaba, E. L.

743
Paula et al. 272 (EAC, HUEFS). Minas Gerais: Itinga, G. Hatschbach & O. Guimarães

45020 (K, MBM). Paraíba: Areia, V. P. B. Fevereiro M51 (K); São João do Cariri, J. Mattos

s. n. (JPB). Pernambuco: Salgueiro, Walmsley 9211 (NY). Piauí: São Raimundo Nonato,

G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1115 (K).

Calopogonium Desv.
Pequeno gênero neotropical com cerca de 6 espécies (Carvalho-Okano
& Leitão f. 1985). Pode ser diagnosticado pelos frutos internamente
septados cujos septos pode ser reconhecidos externamente como sulcos
tranversais nas valvas. As flores são relativamente pequenas e agrupadas em
pseudoracemos não nodosos, como em algumas espécies de Galactia, mas
apresentam pétalas azuis.

Apenas uma espécie ocorre na caatinga.

Calopogonium caeruleum (Benth.) Sauv., Ann. Acad. Havana 5: 337. 1869.


Stenolobium caeruleum Benth., Comm. Leg. Gen.: 61. 1837.
Calopogonium sericeum Chodat & Hassl, Bull. Herb. Boissier ser. 2, 4: 897. 1904.

Trepadeira volúvel; ramos jovens pubérulos a seríceos. Folhas trifolioladas;

pecíolo 3-4,5 cm; raque 1,1-1,5 cm; estípitelas subuladas, caducas; folíolos

cartáceos a coriáceos, folíolo terminal 5,7-8,1x3,2-3,5cm, largamente oval,

subromboidal, ápice obtuso, base truncada, folíolos laterais fortemente

assimétricos, face adaxial pubérula a serícea, abaxial serícea a velutina.


Pseudoracemos axilares a terminais, 8-33 cm compr., mais longos do que

as folhas adjacentes, flores 2-3-fasciculadas. Flores ca. 10, bracteoladas na

base do cálice; cálice 3-5 mm, piloso, tubo cilíndrico, lac;inias lanceoladas;

pétalas azuladas, glabras; estandarte 8-10 x 6-8 mm, glabro, alas obovais,

pétalas da carena soldadas apenas na margem inferior próximo ao ápice;

744
estames 10, diadelfos (9 + 1); ovário séssil, ca. 10-ovulado. Legume 5-5,5

x 0,7-0,8 mm, linear, fortemente compresso, internamente septado entre as

sementes; valvas coriáceas, esparsamente pubescentes, sulcadas entre

as sementes. Sementes 5-7, ca. 6 x 4 x 2 mm, oblongas, compressas,

testa óssea, lisa, castanha; hilo lateral.

Calopogonium caeruleum é amplamente distribuída na América tropical,


desde o México até o norte da Argentina e Paraguai. Na caatinga, ocorre
principalmente em locais antropizados e próximo a riachos temporários, de
440-550 m alt. Floração e frutificação concomitantes: v-vi (-x).

Esta espécie pode ser confundida com espécies de Galactia, especialmente


G. striata, sendo ambas trepadeira volúveis com flores e frutos relativamente
pequenos. Elas podem ser diferenciadas pelas inflorescências, mais robustas
e com flores fortemente agrupadas em C. caeruleum e com eixo delgado e
flores laxas em G. striata, pelo tubo do cálice (respectivamente cilíndrico
vs. campanulado), pela cor das pétalas (respectivamente azuis vs. lilás a
roxas) e pela superfície das valvas dos frutos (respectivamente com sulcos
tranversais vs. não sulcada).

Nome vernacular: cipó-de-macaco (Bahia).

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, F. França et al. 3563 (HUEFS);

Ibiraba, A. T. Rodarte 104 (HRB, HUEFS); Livramento do Brumado, L. P. Queiroz & N.

S. Nascimento 1993 (HUEFS). Ceará: Crato, L. Coradin et al. 7801 (CEN, HUEFS, K).

Paraíba: Areia, V. P. B. Fevereiro 643 (K). Piauí: s.l., G. Gardner 2545 (tipo de Stenolobium

caeruleum: K, foto HUEFS).

Vigna Savi

Trepadeiras herbáceas ou lenhosas, volúveis; microtricomas uncinados

ausentes. Folhas espiraladas, pinadas, 3-folioladas, estípiteladas; folíolos

745
peninérvios, broquidódromos, os laterais assimétricos. Inflorescências

pseudoracemos axilares, nodosos, nodosidades geralmenta 2-floras;

bractéolas 2, opostas, inseridas imediatamente abaixo do cálice. Flores

pediceladas, 2-4 cm compr., não ressupinadas; cálice campanulado, 4-

laciniado, lacínias curtas; pétalas lilás, esbranquiçadas ou amarelas,

ungüiculadas; estandarte oboval, freqüentemente campanulado; carena

variando de ligeiramente falcada até espiraladamente torcida; androceu

diadelfo (9 + 1), anteras uniformes; ovário séssil, pluriovulado, estilete

dilatado no ápice; disco nectarífero presente. Fruto legume, elasticamente

deiscente, linear, compresso reto ou falcado, margens retas; valvas

rigidamente coriáceas. Sementes 4-18, não compressas, elipsóides,

reniformes, testa óssea, castanhas a marrons; hilo curto, oblongo, lateral.

Vigna é um gênero pantropical com mais de 120 espécies (Marechal et al.


1978). O gênero é polimórfico, difícil de diagnosticar e possivelmente não
é monofilético.

Na caatinga está representado por três espécies, uma delas com carena
não torcida e pétalas amarelas (V. luteola), as demais com pétalas lilás a
esbranquiçadas e carena espiraladamente torcida.

Chave para identificação das espécies de Vigna da caatinga:


1. Pétalas amarelas, carena não espiraladamente torcida; flores e frutos
fortemente congestos no ápice da inflorescência.......................V. luteola

1. Pétalas liás a esbranquiçadas, carena espiraladamente torcida; flores e


frutos ao longo do eixo da inflorescência ou pelo menos no 1/3 distal

2. Flores ca. 20 mm compr., pediceladas, o pedicelo 2-3 mm compr.;


frutos ca. 6 mm larg........................................................V. adenantha

2. Flores ca. 15 mm compr., quase sésses (pedicelo < 1 mm compr.);


frutos ca. 3 mm larg.................................................... V. peduncularis

746
Vigna adenantha (G. Mey.) Maréchal, Mascherpa & Stainier, Taxon 27:
202. 1978.
Phaseolus adenanthus G. Mey., Prim. Fl. Esseq.: 329. 1818.
Phaseolus truxillensis Kunth, Nov. Gen. Sp. 6: 29. 1824.
Phaseolus latifolius Benth., Comm. Leg. Gen.: 75. 1837.
Phaseolus radicans Benth., Comm. Leg. Gen.: 74. 1837.

Trepadeira volúvel, herbácea ou semi-lenhosa; ramos jovens, pecíolo,

raque e eixo da inflorescência esparsamente pubescente, tricomas curtos,

esbranquiçados. Estípulas 4-5 x 2 mm, lineares a lanceoladas. Pecíolo

30-65 mm compr.; raque 10-20 mm compr.; estípitelas ovais, rígidas;

folíolos cartáceos ou papiráceos, o terminal 52-87 x 40-68 mm, ovais a

deltóides, ápice agudo a acuminado, base obtusa, os laterais assimétricos,

face adaxial glabrescente, face abaxial pubescente. Pseudoracemos

axilares 17-19 cm compr., flores fasciculadas em braquiblastos globosos,

distribuídos ao longo da 1/2 distal; pedicelo 2-3,5 mm compr. Flores 21-

25 mm compr.; cálice campanulado, tubo 4-5 mm compr., lacínias 1-2

mm compr.; pétalas roxas; estandarte 20-22 x 16-22 mm, oboval, obtuso.

Legume 9,5-10,5 x 0,9-1 cm; valvas pubescente. Sementes 13-14,

reniformes, testa marrom, hilo curto, oblongo.

Vigna adenantha é amplamente distribuída no Neotrópico, ocorrendo do


sul do México até o norte da Argentina, sendo registrada também para o
arquipélago de Comores. Na caatinga, ocorre em ambientes antropizados,
sendo mais freqüente em áreas sujeitas a inundações periódicas, de 400 a
600 m alt. Floração e frutificação ± concomitantes: i-iii (viii).

Espécie de taxonomia confusa, talvez co-específica a Vigna candida (Vell.)


Maréchal, Mascherpa & Stainier. No contexto das plantas de caatinga, ela
pode ser diferenciada das demais espécies de Vigna pelas flores relativamente
grandes, medindo mais de 2 cm compr., e frutos também maiores do que

747
nas demais espécies, com ca. 1 cm larg.

Material selecionado: Alagoas: Piranhas, R. A. Silva & D. Moura 847 (HUEFS, Xingo).

Bahia: Jaguarari, L. Coradin et al. 6007 (CEN, K); Santa Maria da Vitória, l. p. Queiroz et

al 6126 (HUEFS). Minas Gerais: Januária, L. P. Queiroz et al. 7501 (HUEFS). Paraíba:

Areia, V. P. B. Fevereiro 663 (K). Sergipe: Canindé do São Francisco, D. Moura & R. A.
Silva 629 (HUEFS, Xingo).

Vigna luteola ( Jacq.) Benth. in Mart., Fl. Bras. 15 (1): 194. 1859.
Dolichos luteolus Jacq., Hort. Vindob. 1: 39. 1770.
Phaseolus luteolus ( Jacq.) Gagnepain in Lecomte, Fl. Indo-Chine, 2: 229. 1916.

Erva prostrada; ramos jovens, pecíolo, raque e eixo da inflorescência

hirsutas, tricomas longos, esbranquiçados. Estípulas 3-4 mm compr.,

linear a lanceoladas. Pecíolo 31-47 mm compr.; raque 8-10 mm compr.;

estípitelas oblongas, rígidas; folíolos papiráceos, o terminal 45-56 x 10-

15 mm, lanceolados, ápice agudo, base obtusa, os laterais ligeiramente

assimétricos, as duas faces pilosas e com pontuações glandulares

escuras. Racemo axilar, ereto, 5-11 cm de compr., mais longo do que

as folhas adjacentes, flores congestas no ápice da raque; pedicelo 1-2


mm compr. Flores 10-12 mm compr.; cálice campanulado, tubo 2-3 mm

compr., lacínias ca. 4 mm compr.; pétalas amarelas, estandarte orbicular,

9-12 x 8-10 mm, carena não torcida, ligeiramente curva. Legume 3-4 x

0,2-0,4 cm, falcado; valvas hirsutas. Sementes 5-7, reniformes, marrom-

escuras; hilo oblongo.

Espécie de ampla distribuição, distribuída principalmente nas linhas


costeiras das Américas, África e sul da Ásia. Na caatinga, é conhecida de
apenas uma amostra no nordeste da Bahia.

Pode ser reconhecida pela combinação do hábito herbáceo prostrado com

748
as flores amarelas densamente congestas no ápice do racemo.

Material examinado: Bahia: Ribeira do Pombal, L. R. Noblick 2962 (HUEFS, K).

Vigna peduncularis (Kunth.) Fawc. & Rendle, Fl. Jamaica [Fawcett &
Rendle] 4: 68. 1920.

var. peduncularis
Phaseolus peduncularis Kunth, Nov. Gen. Sp. 6: 447. 1823.
Phaseolus pascuorum Mart. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 73. 1837.
Phaseolus spixianus Mart. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 73. 1837.

Trepadeira volúvel ou erva decumbente, ca. 45 cm alt., ramos volúveis no

ápice; ramos jovens, pecíolo, raque e eixo da inflorescência glabrescentes.

Estípulas 4-5 mm compr., oblongas. Pecíolo 25-50 mm compr.; raque 11-

20 mm compr.; estípitelas ovadas a elípticas; folíolos papiráceos, o terminal

40-85 x 22-65 mm, ovais, subdeltóides ou subrombóides, ápice agudo,

base obtusa, os laterais assimétricos, face adaxial glabra, face abaxial

glabrescente ou esparsamente pubescente. Pseudoracemos axilares 23-

26 mm compr., nodosos, braquiblastos túrgidos, concentrados próximo ao

ápice da inflorescência; pedicelo ausente ou até 1 mm compr. Flores 11-


16 mm compr.; cálice campanulado, tubo 3-4 cm compr., esparsamente

pubescente, lacínias ca. 1,5 mm compr.; pétalas lilás a róseas; estandarte

suborbicular, 10-12 x 8-12 mm, carena espiraladamente torcida ca. 270°,

mais escura do que as demais pétalas. Legume 7,5-10 x 0,3-0,4 cm;

valvas esparsamente pubescentes. Sementes 13-18, reniformes, marrom-

escuras ou pretas.

Vigna peduncularis ocorre do sul do México ao norte da Argentina,


geralmente em ambientes florestados. No bioma caatinga ocorre em
manchas de florestas estacionais, matas ciliares ou ambientes antropizados,

749
de 200 a 650 m alt. Floração e frutificação ± concomitantes: iii-x.

Espécie polimórfica mas no contexto das plantas de caatinga pode ser


diagnosticada pelas flores relativamente pequenas (11-16 mm compr.) e
flores com carena espiraldamente torcida por ca. 270° e concentradas no
ápice da inflorescência.

Nomes vernaculares: feijão-bravo (ou feijão-brabo, ambos gerais),


feijãozinho-de-rama (Ipirá, BA).

Material selecionado: Alagoas: Olho d’Água do Casado, R. A. Silva & D. Moura 1093

(HUEFS, Xingo); Piranhas, D. Moura & R. A. Silva 616 (HUEFS, Xingo). Bahia: Campo

Alegre de Lurdes, J. G. Carvalho-Sobrinho et al. 230 (HUEFS); Feira de Santana, P.

L. Ribeiro 63 (HUEFS); Iaçu, E. Melo et al. 2163 (HUEFS); Ipirá, E. L. P. G. Oliveira

698 (BAH, HUEFS); Itatim, E. Melo et al. 1540 (HUEFS); Mairí, G. P. Silva et al. 3642

(HUEFS); Sobradinho, M. M. Silva et al. 407 (HUEFS); Tucano, D. Cardoso 89 (HUEFS).

Paraíba: Sousa, P. C. Gadelha-Neto 1182 (HUEFS, JPB). Piauí: Campo Maior, R. R.

Faria & M. R. A. Mendes 535 (HUEFS, TEPB); São José do Piauí, M. R. A. Mendes & R.

S. Albino 377 (HUEFS, TEPB). Sergipe: Canindé do São Francisco, D. Moura & R. A.

Silva 1157 (HUEFS, Xingo).

Macroptilium (Benth.) Urb.

Ervas prostradas ou volúveis, subarbustos eretos ou trepadeiras

herbáceas, inermes, às vezes com ciclo anual. Folhas alternas,

espiraladas, pinadas, 3-folioladas, estípiteladas; folíolos freqüentemente

pandurados, com base dilatada, os laterais assimétricos, palminérvios,

broquidódromos. Inflorescências pseudoracemos nodosos, axilares, às

vezes com um fascículo de brácteas próximo à base do pedúnculo e/ou

um outro no ápice; braquiblastos com 2; bractéolas 2, opostas, inseridas

imediatamente abaixo do cálice. Botão clavado, com ápice fortemente

750
encurvado. Flores pediceladas; cálice cilíndrico a campanulado, 5-

laciniado; corola papilionóide, assimétrica; pétalas com coloração distinta,

geralmente com estandarte e carena mais claros e alas com coloração

mais intensa, geralmente escura de púrpura a vinho, glabras, ungüiculadas;

estandarte suborbicular a oboval, na base 2-caloso, calos prolongados

longitudinalmente ou transversalmente; alas maiores do que as demais

pétalas, suborbiculares, aderidas às pétalas da carena na base; carena

dobrada para trás ca. 180°, com pétalas soldadas no ápice nas margens

superior e inferior formando um rostro; estames 10, diadelfo, com 9 estames

soldados em bainha e o vexilar livre; disco intraestaminal presente; ovário

(sub)séssil, seríceo a viloso, 5-pluriovulado; estilete dilatado e barbado no

ápice. Fruto legume, elasticamente deiscente, ligeiramente compresso,

reto ou falcado, internamente septado entre as sementes.

Gênero do Novo Mundo com ca. 20 espécies, 10 das quais ocorrendo no


Brasil (Fevereiro 1979, 1988). As espécies de Macroptilium apresentam,
em geral, preferência por habitats abertos com clima seco, algumas se
comportando como plantas colonizadoras ou invasoras.

Macroptilium é um gênero segregado de Phaseolus (Maréchal et al. 1978),


podendo ser diagnosticado pelas principalmente pelas flores assimétricas
com alas bem maiores do que o estandarte, carena torcida para trás ca. 180°
e estilete barbado, combinado com as folhas trifolioladas, estípiteladas, com
folíolos laterais assimétricos. As alas, em geral, apresentam coloração muito
escura, às vezes quase negras.

A morfologia floral, especialmente a carena torcida associada ao estilete


barbado, restringe a polinização a grandes abelhas que têm força suficiente
para deslocar as pétalas e ter acesso ao néctar. Fevereiro (1979) relatou a
visita de espécies de Bombus e Euglossa a flores de espécies de Macroptilium
(não especificadas). Na caatinga, tenho observado que espécies de Xylocopa

751
(possivelmente X. grisescens) parece ser um dos principais polinizadores
das espécies de Macroptilium com flores grandes, particularmente M.
bracteatum e M. lathyroides. Seria interessante investigar, nestas plantas,
a possível existência de padrões de ultra-violeta pois, no espectro visível,
as flores apresentam flores muito escuras e aparentemente pouco atrativas
para abelhas.

Muitas espécies de Macroptilium são anficárpicas, apresentando flores


subterrâneas cleistógamas, além das flores casmógamas. Fevereiro (1979,
1988) relatou esse fenômeno para M. gracile e M. panduratum que podem
ser bons materiais para experimentos relacionados com genética e ecologia
de espécies anficárpicas.

Sete espécies ocorrem na caatinga. Caracteres úteis para sua identificação


podem ser encontrados na inflorescência (presença de fascículos de brácteas
próximo à base e/ou no ápice), tamanho das flores, tamanho e número de
sementes do fruto. A forma e o indumento dos folíolos pode, também,
auxiliar no reconhecimento das espécies mas, com relação à forma, elas se
mostram particularmente plásticas neste aspecto, às vezes com as folhas
próximas à base da planta apresentando folíolos muito largos, quase
orbiculares, e os ápice quase lineares. Sempre que a forma dos folíolos é
aqui citada ela se refere aos apicais, próximos às inflorescências.

Chave para as espécies de Macroptilium

1. Inflorescência com um fascículo de brácteas a ca. 5-10 mm da base


do pedúnculo

2. Brácteas da base do pedúnculo todas lineares a subuladas,


até 1,5 mm larg.; flores com alas brancas; frutos até 4 cm
compr......................................................................... M. erythroloma

752
2. Algumas brácteas da base do pedúnculo lanceoladas, 2-4
mm larg.; flores com alas atropurpúreas; frutos até 6,5-8 cm
compr...........................................................................M. bracteatum

1. Fascículo de brácteas na base do pedúnculo ausente

3. Folíolos com margem crenada....................................M. panduratum


3. Folíolos com margem inteira ou lobada (mas não crenada entre
os lobos)

4. Flores com até 10 mm compr.; frutos ≤ 25 mm, falcados e


deflexos na raque da inflorescência, com até 5 sementes

5. Folíolos suborbiculares com ambas as faces vilosas; cálice


densamente viloso com dentes subulados, mais longos do
que o tubo................................................................. M. martii

5. Folíolos lanceolados a romboidais, glabrescente (tricomas


esparsos e adpressos); cálice quase glabro com dentes mais
curtos do que o tubo...........................................M. sabaraense

4. Flores ≥ 12 mm compr.; frutos ≥ 50 mm compr., retos, patentes,


com pelo menos 9 sementes
6. Planta ereta; inflorescência com um tufo de brácteas
persistentes no ápice........................................... M. lathyroides

6. Planta prostrada ou volúvel; inflorescência sem um tufo de


brácteas no ápice....................................................... M. gracile

753
Dentes do cálice < tubo Dentes do cálice t tubo
Macroptilium Tufo de brácteas Sem tufo de Margem dos folíolos Margem dos folíolos
persistente no ápice brácteas no ápice inteira crenada
fascículo

brácteas
Fruto com 5 cm ou +

basal
Sem

M. lathyroides M. gracile
de
Sementes 9 +

M. bracteatum
pedúnculo
próximo à
Fascículo

brácteas

base do

[alas atropurpúreas]
de

M. erythroloma
[alas creme a brancas]
glabrescente
Fruto até 3 cm compr.

Cálice

M. sabaraense
Sementes até 5

Cálice viloso

M. martii M. panduratum

Macroptilium bracteatum (Nees & Mart.) Maréchal & Baudet, Bull. Jard.
Bot. Natl. Belg. 44: 443. 1974.
Phaseolus bracteatus Nees & Mart., Nova Acta Phys.-Med. Acad. Caes. Leop.-Carol.
Nat. Cur. 12: 27. 1824.
Phaseolus decipiens Salzm. ex Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15(1): 191. 1859.

Erva prostrada ou escandente; ramos jovens, pecíolo e eixo da

inflorescência vilosos, tricomas longos, eretos e acinzentados. Pecíolo

18-45 mm; raque 5-10 mm; folíolos papiráceos a cartáceos, o terminal 25-

55 x 20-37 mm, ovais a romboidais, às vezes lobados na ½ inferior, ápice

agudo a obtuso e mucronado, vilosos nas duas faces. Pseudoracemos

10-15 cm compr., apresentando um fascículo de brácteas lanceoladas

e lineares a ca. 4-10 mm da base e terminando em um conjunto de

brácteas persistentes no ápice; pedicelo 2-3 mm compr. Flores 25-28 mm

compr.; cálice externamente pubérulo a viloso, tubo cilíndrico, 4-5 mm

754
Figura 42 – A: Mysanthus uleanus var. uleanus (1 - hábito; 2 - flor; 3 - cálice; 4 - estandarte; 5 - ala; 6 - pétala
da carena; 7 - androceu e gineceu; 8 - pistilo; 9 - fruto); B: E: Vigna peduncularis (1 - hábito; 2 - flor; 3 - cálice; 4
- bractéola; 5 - estandarte; 6 - ala; 7 - pétala da carena; 8 - androceu; 9 - pistilo; 10 - semente); C: Macroptilium
gracile (1 - hábito; 2 - cálice; 3 - estandarte; 4 - ala. 5 - carena; 6 - androceu; 7 - pistilo; 8 - fruto); D: Macroptilium
bracteatum (folíolo distal); E: Macroptilium martii (1 - hábito; 2 - flor; 3 - cálice; 4 - androceu; 5 - pistilo; 6 - fruto; 7
- semente); F: Macroptilium panduratum (folíolo distal); G: Macroptilium sabaraense (folíolo distal); H: Macrop-
tilium lathyroides (1 - folíolo distal; 2 - folíolo lateral).

755
compr., lacínias triangulares, mais curtas do que o tubo, 1,5-2 mm compr.;

estandarte creme-rosado, 12-18 x 8-11 mm; alas atropurpúreas, quase

pretas, 20-25 x 11-13 mm. Legume 6,5-8 x 0,5-0,6 cm, linear, ligeiramente

compresso, reto, patente; valvas coriáceas, esparsamente vilosa a híspida,

com tricomas adpressos ou patentes. Sementes 9-17.

Macroptilium bracteatum é uma espécie comum em ambientes alterados


principalmente do leste do Brasil, Argentina e Paraguai (Fevereiro 1987).
Na área de caatinga, ocorre principalmente em plantações abandonadas
e margem de rios temporários, sobre solo arenoso, de 300 a 700 m alt.
Floração e frutificação ao longo de todo o ano.

Esta espécie é facilmente diferenciada das demais espécies de Macroptilium


de caatinga pela presença de um fascículo de brácteas próximo à base
do pedúnculo da inflorescência. M. erythroloma é uma outra espécie que
também apresenta um fascículo de brácteas na base do pedúnculo, embora
esta espécie apresente as brácteas lineares, com até 1,5 mm larg. e frutos
menores do que os de M. bracteatum.

Nome vernacular: feijão-bravo (geral), feijão-de-rola (Bahia), feijão-branco,


paca-rosa (ambos em Barro Alto, BA), feijão-de-nambu (Ipirá, BA).

Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21381 (CEPEC, K);

Cafarnaum, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3425 (HUEFS, K); Filadélfia, R. M. Harley

et al. 16169 (CEPEC, K); Ituaçu, E. P. Gouveia 15-83 (ALCB, K); Jaguarari, L. Coradin et

al. 6004 (CEN, K); Jequié, G. P. Lewis et al. 987 (CEPEC, K); Livramento do Brumado,

G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1918 (CEPEC, K); Miguel Calmon, L. R. Noblick


3870 (HUEFS, K); Milagres, R. M. Harley et al. 19437 (CEPEC, K); Morro do Chapéu,

L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3320 (HUEFS, K); Nova Itarana, G. Hatschbach & O.

Guimarães 45047 (K, MBM); Piritiba, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3463 (HUEFS,

K); Riachão das Neves, L. Coradin et al. 5740 (CEN, K); Santa Terezinha, L. P. Queiroz

& T. S. N. Sena 3184 (HUEFS, K). Ceará: Crato, A. P. Duarte & i. Duarte 1368 (IPA).

756
Paraíba: Areia, V. P. B. Fevereiro 645 (K). Minas Gerais: Pedra Azul, E. Trinta 758 (IPA,

R). Pernambuco: Arcoverde, D. A. Lima 55-2133 (IPA, K); Gravatá, D. A. Lima 4468

(IPA).

Macroptilium erythroloma (Mart. ex Benth.) Urb., Symb. Antill. 9 (4): 457.


1928.
Phaseolus erythroloma Mart. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 77. 1837.

Trepadeira volúvel; ramos jovens, pecíolo, raque e eixo da inflorescência

glabrescentes a pilosos, tricomas longos, brancos. Pecíolo 25-40 mm;

raque 7-9 mm; folíolos papiráceos, o terminal 40-50 x 28-30 mm, ovais a

rombóides, base às vezes discretamente lobada, ápice agudo ou obtuso,

os laterais assimétricos, face adaxial glabrescente, face abaxial pilosa,

tricomas longos e eretos. Pseudoracemos 10,5-30 cm compr., axilares,

eretos, com fascículo de brácteas a ca. 3 mm da base do pedúnculo;

pedicelo ca. 1 mm compr. Flores 15-22 mm compr.; cálice pubescente, tubo

campanulado, 3-5 mm compr., lacínias deltóides; estandarte esverdeado,

10-12 x 8-9 mm + 1-2 mm compr. do ungüículo; alas brancas 13-15 x 8-10

mm, carena branca com tons rosados na base. Legume 2,5-4 x 0,2-0,3

cm, linear, cilíndrico, reto; valvas vilosas, tricomas ferrugíneos. Sementes

4-8.

Macroptilium erythroloma é amplamente distribuída no Neotrópico, do sul


do México até a Argrntina e Uruguai, geralmente em borda de florestas.
No bioma caatinga, ocorre em áreas antropizadas, geralmente pastagens
abandonadas, no centro-leste da Bahia, de 400 a 700 m alt. Floração e
frutificação (xii-) iii-vi.

Da mesma forma que M. bracteatum, esta espécie apresenta um fascículo


de brácteas próximo à base do pedúnculo da inflorescência. Pode ser
diferenciada desta pelas brácteas lineares, com até 1,5 mm larg. e frutos

757
menores (até 4 cm compr. vs 6,5-8 cm compr. em M. bracteatum), além do
indumento mais esparso.

Nome vernacular: feijão-do-mato.

Material selecionado: Bahia: Gentio do Ouro, E. R. Souza et al. 310 (HUEFS); Ipecaetá,

L. R. Noblick & C. G. Lobo 4303 (HUEFS); Ituaçu, L. P. Queiroz et al. 1695 (HUEFS);

Jacobina, R. M. Harley & A. M. Giulietti 53711 (HUEFS); Ruy Barbosa, L. P. Queiroz et al.

10640 (HUEFS).

Macroptilium gracile (Benth.) Urb., Symb. Antill. 9: 457. 1928.


Phaseolus gracilis Poepp. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 77. 1837.
Phaseolus longepedunculatus Mart. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 77. 1837.
Phaseolus campestris Mart. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 77. 1837.
Macroptilium longepedunculatum (Benth.) Urb., Symb. Antill. 9: 458. 1928.

Erva prostrada, às vezes com ramos volúveis; ramos jovens, pecíolo e eixo

da inflorescência vilosos, com tricomas longos e eretos. Pecíolo 20-35

mm; raque 2,5-4 mm; folíolos papiráceos a cartáceos, o terminal 37-50 x 7-

17 mm, ca. (3-)5-7x mais longos do que largos, oblongo-lineares, às vezes

com a base pandurada a lobada, os laterais ovais a lineares, ápice agudo

e mucronado, face adaxial pubérula, face abaxial vilosa. Pseudoracemos

8-18 cm compr., sem fascículo de brácteas na base nem no ápice; pedicelo

ca. 1 mm compr. Flores 18-20 mm compr.; cálice externamente pubérulo,

tubo cilíndrico-campanulado, 3-4 mm compr., lacínias triangulares, mais

curtas do que o tubo, 1-1,5 mm compr.; estandarte rosa-claro, 13-15 x 6-9

mm; alas vermelho-escuras a vináceas, 18-19 x 8-9 mm. Legume 5-9 x

0,3-0,4 cm, linear, ligeiramente compresso, reto ou ligeiramente encurvado,

patente; valvas coriáceas, pubérulas. Sementes 9-20.

Macroptilium gracile é uma espécie amplamente distribuída na América

758
tropical, ocorrendo principalmente em ambientes alterados. Na área
de caatinga, ocorre principalmente sobre solo arenoso em leitos de rios
temporários, de 200 a 800 m alt. Floração e frutificação concomitantes ao
longo do ano.

Esta espécie pode ser diagnosticada pelos folíolos relativamente estreitos,


quase lineares, inflorescência sem fascículo de brácteas próximo à base nem
no ápice e frutos relativamente longos (5 a 9 cm) com muitas sementes (9
a 20).

Material selecionado: Bahia: Feira de Santana, L. P. Queiroz & D. Cardoso 10033 (HUEFS);

Juazeiro, K. F. Ph. von Martius s. n. (tipo de Ph. campestris: M). Ceará: Icó, G. Gardner

1541 (K). Paraíba: Remígio, V. P. B. Fevereiro 481 (RB). Pernambuco: Bom Nome, E. P.

Heringer et al. 759 (IPA); Buíque, M. F. Sales 415 (K, PEUFR). Piauí: Campo Maior, M. S.

B. Nascimento & M. E. Alencar 415 (K); Oeiras, G. Gardner 2114 (K).

Macroptilium lathyroides (L.) Urb., Symb. Antill.: 457. 1928.


Phaseolus lathyroides L., Sp. Pl. ed 2: 1018. 1763.
Phaseolus semierectus L., Mantiss. 1: 100. 1767.
Phaseolus semierectus var. angustifolia Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (1): 190. 1859.
Phaseolus semierectus var. subhastata Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (1): 190. 1859.

Subarbusto ou erva, ereto, 0,7-1,5 m alt., ramificado na base, ramos longos

e virgados; ramos jovens, pecíolo e eixo da inflorescência glabrescentes

ou com tricomas híspidos esparsos. Pecíolo 26-40 mm; raque 10-12

mm; folíolos papiráceos, o terminal 40-53 x 14-24 mm, 2,8-3,3x mais

longos do que largos, pandurados, oblongo-lineares com base dilatada,

ocasionalmente algumas folhas da base da planta com folíolos ovais, ápice

agudo a obtuso, glabros ou com a face abaxial com tricomas adpressos

e esparsos. Pseudoracemos 10-30 cm compr., sem um fascículo de

759
brácteas basais mas terminando por um conjunto de brácteas persistentes

no ápice; pedicelo 1-2 mm compr. Flores 20-25 mm compr.; cálice

externamente glabrescente, com tricomas adpressos muito esparsos, tubo

cilíndrico, 3-4 mm compr.; lacínias triangulares, mais curtas do que o tubo,

1,5-2 mm compr.; estandarte creme com ápice róseo, 13-19 x 8-10 mm;

alas atropurpúreas, 19-22 x 11-13; carena rósea. Legume 6,5-8 x 0,5-0,6

cm, linear, cilíndrico, reto, patente; valvas coriáceas, glabrescentes, com

tricomas adpressos e esparsos. Sementes 15-27.

Espécie invasora com distribuição associada à colonização de ambientes


alterados. Na caatinga, ocorre em solo arenoso. Floração e frutificação ao
longo de todo o ano.

Macroptilium lathyroides apresenta maior afinidade com M. gracile e M.


bracteatum, todas apresentando fruto relativamente longo (pelo menos 6
cm) com muitas sementes (pelo menos 12), além dos calos do estandarte
prolongados longitudinalmente. M. lathyroides se diferencia destas espécies
pela ausência do fascículo de brácteas próximo à base da inflorescência
(presente em M. bracteatum) mas com um tufo de brácteas persistentes
no ápice (ausente em M. gracile), além do hábito ereto e subarbustivo (as
demais espécies são volúveis ou prostradas).

Nomes vernaculares: feijão-de-rola (geral), orelha-de-rato (Itaberaba,


BA).

Material selecionado: Alagoas: Piranhas, R. A. Silva et al. 285 (HUEFS, Xingo). Bahia:

Baixa Grande, L. P. Queiroz et al. 3806 (HUEFS); Feira de Santana, M. J. S. Lemos 13


(HUEFS, K); Ichu, A. S. Carneiro 1 (HUEFS); Itaberaba, E. A. Dutra 8 (HUEFS); Jaguarari,

L. Coradin et al. 6005 (CEN, K); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de

Andrade 1965 (CEPEC, K); Milagres, R. M. Harley et al. 19470 (CEPEC, K); Remanso, E.

Ule 7150 (K); Riacho de Santana, L. P. Queiroz et al. 5905 (HUEFS); Ribeira do Pombal,

H. P. Bautista 476 (HRB, K); Santa Terezinha, L. P. Queiroz & T. S. N. Sena 3190 (HUEFS,

760
K). Ceará: Aiuaba, E. de O. Barros & M. M. Souza 67 (EAC, HUEFS); Quixadá, A. Ducke

1153 (RB); Serra do Baturité, J. E. Leite 666 (RB); Quixeré, L. W. Lima-Verde et al. 822

(EAC). Pernambuco: Arcoverde, A. M. Miranda et al. 2772 (Hst, HUEFS); Gravatá, A.

M. Miranda et al. 2408 (Hst, HUEFS). Sergipe: Canindé do São Francisco, R. A. Silva

& D. Moura 332 (HUEFS, Xingo); Poço Redondo, D. Moura & R. A. Silva 1152 (HUEFS,

Xingo).

Macroptilium martii (Benth.) Maréchal & Baudet, Bull. Jard. Bot. Natl.
Belg. 47: 257. 1977.
Phaseolus martii Benth., Comm. Leg. Gen.: 77. 1837.

Erva prostrada ou volúvel, ascendendo a ca. 0,5-1 m; ramos jovens, pecíolo

e eixo da inflorescência densamente vilosos a lanosos, com tricomas longos

e canescentes, coferindo-lhes um aspecto acinzentado. Pecíolo (20-) 50-78

mm; raque 5-14 mm; folíolos papiráceos, o terminal 32-60 x 33-68 mm, ca.

0,9x mais longos do que largos, suborbiculares a largamente ovais, ápice

arredondado, ligeiramente emarginado, vilosos a lanosos nas duas faces.

Pseudoracemos 6-25 cm compr., sem fascículo de brácteas basais mas

terminando em um conjunto de brácteas persistentes no ápice; pedicelo

0,5-1 mm compr. Flores 8-10 mm compr.; cálice externamente viloso, tubo

campanulado, 2-2,5 mm compr.; lacínias subuladas, mais longas do que

o tubo, 5-6 mm compr.; estandarte verde-amarelado, ca. 8 x 7 mm + 1-2

mm compr. do ungüículo; alas vermelho-escuras, 9-10 x 8-9 mm; carena

verde-amarelada. Legume 1,5-2 x 0,15-0,2 cm, linear, compresso, falcado,


deflexo contra a raque da inflorescência; valvas papiráceas, densamente

lanosas, com tricomas longos, eretos e canescentes. Sementes 3-5.

Macroptilium martii tem uma distribuição bicêntrica, ocorrendo no nordeste


do Brasil, do Piauí ao Rio Grande do Norte até a Bahia, em caatinga e
restinga, e em regiões calcáreas do Paraguai (Fevereiro 1987). Na caatinga,

761
é uma planta relativamente comum em solo arenoso, em altitudes de 250 a
450 m. Floração e frutificação: iii-ix.

Esta espécie apresenta maior afinidade com M. sabaraense, ambas


apresentando frutos relativamente pequenos e falcados. M. martii, no
entanto, diferencia-se desta e das demais espécies de caatinga pelos seus
folíolos suborbiculares e vilosos nas duas faces. M. panduratum também
possui folíolos suborbiculares e vilosos mas menores (32-60 mm compr.
em M. martii vs. 18-26 mm compr. em M. panduratum) e possui flores (ca.
14-17 mm compr.) e frutos maiores (2,5 cm compr.) do que M. martii.

Macroptilium martii é uma espécie característica das formas mais abertas


de caatinga e, às vezes, comporta-se como uma planta colonizadora em
áreas antropizadas, especialmente em áreas recém-queimadas ou recém-
inundadas. Estas características podem indicar que é uma espécie promissora
para recuperação de áreas degradadas. É também aceita pelo gado tendo
bom potencial forrageiro.

Nomes vernaculares: orelha-de-onça, feijão-bravo.

Material selecionado: Alagoas: Olho d’Água do Casado, D. Moura & R. A. Silva 773

(HUEFS, Xingo). Bahia: Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 9120 (HUEFS); Curaçá, G. C.

P. Pinto & S. B. da Silva 193-83 (HRB, K, RB); Ibotirama, G. Hatschbach & J. M. Silva

61965 (HUEFS, MBM); Itatim, M. F. B. L. Silva et al. 47 (HUEFS); Juazeiro; K. F. Ph.

von Martius s. n. (M); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1916

(CEPEC, K); Remanso, B. Pickersgill et al. RU72-113 (K); Xique Xique, L. Zehntner 920

(R). Ceará: Novo Oriente, L. Coradin et al. 2050 (CEN, HUEFS). Paraíba: Remígio, V. P.

B. Fevereiro 259 (RB); Santa Luzia, M. F. Agra et al. 5847 (HUEFS, JPB); São José dos

Cordeiros, I. B. Lima et al. 168 (HUEFS, JPB). Pernambuco: Bom Nome, E. P. Heringer

et al. 757 (IPA); Petrolina, J. D. C. A. Ferreira 106 (HRB, K); Serra Talhada, D. A. Lima

4166 (IPA); Sertânia, A. M. Niranda et al. 1937 (Hst, HUEFS). Piauí: São João do Piauí,

M. S. B. Nascimento & J. H. Carvalho 452 (Cpmn, HUEFS). Rio Grande do Norte: Caicó,

762
L. Coradin et al. 3247 (CEN, HUEFS); Mossoró, D. A. Lima 3496 (IPA); Serra Negra do

Norte, F. C. V. Zanella 92 (HUEFS).

Macroptilium panduratum (Benth.) Maréchal & Baudet, Bull. Jard. Bot.


Natl. Belg. 47: 257. 1977.
Phaseolus panduratus Mart. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 77. 1837.

Erva prostrada com ramos irradiando de um xilopódio espessado; ramos

jovens, pecíolo e eixo da inflorescência vilosos, com tricomas longos, eretos

e canescentes. Pecíolo 13-30 mm; raque 1,5-3 mm; folíolos papiráceos

a cartáceos, o terminal 18-26 x 13-21 mm, 1,2-1,4(-2)x mais longos do

que largos, largo-ovais a suborbiculares, raramente oblongos, sempre ± ±

pandurados, com base dilatada, margem crenada, ápice arredondado, face

adaxial pilosa, ligeiramente rugosa, face abaxial vilosa. Pseudoracemos

5-9 cm compr., sem fascículo de brácteas basais nem apicais; pedicelo ca.

1,5 mm compr. Flores 14-17 mm compr.; cálice externamente piloso, tubo

campanulado, 2-2,5 mm compr.; lacínias lanceoladas, acuminadas, ± do

mesmo comprimento ou mais longas do que o tubo, 2,5-3,5 mm compr.;

estandarte esverdeado, ca. 11 x 9 mm + 2 mm compr. do ungüículo; alas

atropurpúreas, ca. 12 x 7 mm. Legume ca. 2,5 x 0,3 cm, linear, compresso,
encurvado, patente; valvas papiráceas, densamente pubérula. Sementes

3-4.

Macroptilium panduratum é uma espécie distribuída principalmente no


nordeste do Brasil, com uma coleta do Rio de Janeiro. Sua distribuição está
associada à presença de solos arenosos profundos, ocorrendo desde dunas e
restingas litorâneas até bancos de rios e riachos temporários, em altitudes
de 200 a ca. 400 m. Floração: iii-viii. Frutificação: ?

Macroptilium panduratum é uma espécie facilmente diagnosticada pela


combinação do hábito prostrado com os folíolos crenados e inflorescência

763
curta e delgada e fruto relativamente pequeno com até 4 sementes.

Maréchal (1978) considerou esta espécie como sinônimo de M.


heterophyllum. Fevereiro (1979, 1987) e Lewis (1987) a consideraram como
espécie distinta, posição adotada também neste trabalho.

Nome vernacular: oró.


Material selecionado: Bahia: Feira de Santana, L. P. Queiroz 4449 (HUEFS); Juazeiro,

L. Zehntner 924 (R); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1880

(CEPEC, K). Ceará: Aracati, M. Freire-Allemão 403 (R); Quixeramobim, B. Pickersgill et

al. RU72-285 (IPA, K). Pernambuco: Afrânio, D. A. Lima et al. 273 (IPA, RB); Petrolina,

L. Coradin et al. 1375 (CEN, HUEFS); Santa Maria da Boa Vista, G. C. P. Pinto 173-84

(HRB, HUEFS). Piauí: s. l. (“Banks of Gurgéia”), G. Gardner 2538 (K); Oeiras, G. Gardner

2116 (K). Rio Grande do Norte: Apodi, A. Löfgren 17 (R); Mossoró, A. Castellanos 22792

(R).

Macroptilium sabaraense (Hoehne) V.P.Barbosa-Fevereiro, Arquiv. Jard.


Bot. Rio de Janeiro 28: 150. 1987 (publ. 1988).
Phaseolus sabaraense Hoehne, Comm. Linh. Telegr. Matto Grosso – Amazonas, an.
5, Bot. 8: 97. 1919.

Trepadeira herbácea, escandendo até ca. 1 m; ramos jovens, pecíolo e

eixo da inflorescência vilosos até glabrescentes, com tricomas longos e

± translúcidos. Pecíolo 22-55 mm; raque 4-10 mm; folíolos papiráceos,

o terminal 32-66 x 11-30 mm, 1,5-2,9x mais longos do que largos,

lanceolados a romboidais, ± pandurados, com base dilatada, ápice agudo

e mucronado, esparsamente pubescente com tricomas adpressos em

ambas as faces. Pseudoracemos 9-25 cm compr., sem fascículo de

brácteas basais nem apicais; pedicelo ca. 1,5 mm compr. Flores ca. 10

mm compr.; cálice externamente glabro, tubo campanulado, 2-2,5 mm

764
compr.; lacínias muito curtas, < 1 mm compr.; estandarte esverdeado, ca.

6 x 5 mm + 1-2 mm compr. do ungüículo; alas vermelho-escuras com base

amarelada, 9-11 x 4-5 mm; carena esverdeada. Legume 1,2-2 x 0,2-0,3

cm, linear, compresso, falcado, deflexo contra a raque da inflorescência;

valvas papiráceas, glabrescentes, com tricomas esparsos e adpressos,

dilatadas sobre as sementes. Sementes 3-5.

Espécie distribuída no centro-sul do Brasil até o Paraguai, geralmente em


cerrado. Na área de domínio da caatinga, ocorre no centro-sul da Bahia
e norte de Minas Gerais, geralmente em área transicional para florestas
estacionais, de 500 a 900 m alt. Floração e frutificação: xii-iv.

Apesar de apresentar maior afinidade com M. martii, a espécie com a qual


M. sabaraense é mais facilmente confundida é M. lathyroides, pois ambas
possuem folíolos com forma semelhante, estreitos com base dilatada, e
quase glabros. Além das flores (ca. 10 mm compr. em M. sabaraense vs. 20 a
25 mm em M. lathyroides) e frutos significativamente menores do que os de
M. lathyroides (1,2-2 cm e 6,5-8 cm, respectivamente), M. sabaraense pode
ser facilmente diferenciada desta espécie pelo hábito volúvel (M. lathyroides
é uma erva ou subarbusto ereto).

Material selecionado: Bahia: Maracás, S. A. Mori et al. 10013 (CEPEC, K); Manoel

Vitorino, L. A. Mattos-Silva et al. 266 (CEPEC, K); Santa Terezinha, G. C. P. Pinto 7-91

(HRB, HUEFS). Minas Gerais: Itaobim, G. P. Lewis et al. s.n. [in Lewis field notebook

1335] (K, SPF); Pedra Azul, G. P. Lewis et al. CFCR 6710 (K, HUEFS, SPF).

Mysanthus G.P.Lewis & A.Delgado-Salinas


Gênero monoespecífico segregado de Phaseolus (Lewis & Delgado 1994),
distribuído na caatinga da Bahia (M. uleanus var. uleanus) e em florestas
estacionais do planalto de São Paulo (M. uleanus var. dolicopsoides).

765
Mysanthus uleanus (Harms) G. P. Lewis & A. Delgado-Salinas, Kew Bull.
49: 345. 1994.

var. uleanus
Phaseolus uleanus Harms, Bot. Jahrb. Syst. 42: 216-217. 1908.

Trepadeira volúvel, lenhosa pelo menos na base, escandendo até 3 m

alt.; ramos jovens, pecíolo, raque e eixo da inflorescência pilosos, tricomas

longos, amarelados ou broncos. Estípulas 2-4 mm compr., oval-deltóides.

Folhas 3-folioladas; pecíolo 20-50 mm; raque 10-18 mm; estípitelas

ovais, persistentes; folíolos papiráceos, o terminal 38-90 x 26-65 mm,

largamente oval, subdeltóide ou subrombóide, a lanceolado, ápice agudo

a obtuso, base obtusa, os laterais assimétricos, glabros ou esparsamente

pubescentes nas duas faces. Pseudoracemos 30-90 cm compr., axilares,

eretos, nodosos, braquiblastos túrgidos, conspícuos, bifloros; pedicelo 1-

2 mm compr.; bractéolas presentes na base do cálice. Flores 9-11 mm

compr.; cálice ca. 4 mm compr., pubescente, tubo ca. 2,5 mm compr.,

campanulado, 4-lobado, lobos muito mais curtos do que o tubo, o superior

arredondado e emarginado, os demais agudos; pétalas glabras, lilás

a rosa-claras, ungüiculadas; estandarte 8-9 x 8-9 mm + ca. 1,5 mm do

ungüículo, largamente oboval a suborbicular, ápice emarginado, glabro,

alas 7-9 x 5-7 mm, amplamente obovadas no ápice, perpendiculares entre

si (a direita horizontal e a esquerda vertical), carena creme com ápice

púrpura, 7-9 x 5-7 mm, ereta, ápice arredondado, fortemente encurvado

e reflexo em gancho; estames 10, diadelfos (9 + 1); disco intraestaminal

presente; ovário séssil, 5-8-ovulado, estilete delgado na base, dilatado

no meio e densamente piloso abaixo do estigma. Legume 4,2-6,6 x 0,6-

1 cm, patente, oblongo-linear, ligeiramente dilatado e falcado no ápice;

valvas rígido-coriáceas, escabras, ásperas ou glabrescentes. Sementes

5-8, ca. 7 x 5 x 2 mm, compressas, oblongas a reniformes; testa óssea,

766
nigrescente a marrom.

Mysanthus uleanthus var. uleanus é conhecida apenas da caatinga do estado


da Bahia, distribuindo-se de Juazeiro até a região de Caetité, sendo mais
comum nos contrafortes do maciço da Chapada Diamantina, de 500 a
1000 m alt. Floração e frutificação: xi-vii.

Esta espécie pode ser diagnosticada pelas inflorescências lenhosas, muito


longas, combinadas com as flores relativamente pequenas (11-13 mm
compr.) com alas suborbiculares mantidas eretas, lembrando as orelhas de
um rato, de onde deriva seu nome genérico.

Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 237 (HUEFS, K, SPF); Cafarnaum, G.

Hatschbach et al. 39554 (K, MBM); Campo Formoso, L. Coradin 6047 (CEN, K); Delfino,

R. M. Harley et al. 16875 (CEPEC, K); Gentio do Ouro, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

3966 (HUEFS, K); Ibotirama, L. Coradin et al. 6573 (CEN, CEPEC, K); Ipupiara, M. L.

S. Guedes et al. 7966 (ALCB, HUEFS); Juazeiro, A. Löfgren 989 (RB); Livramento do

Brumado, G. P. Lewis & S. M. Andrade 1923 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz

& N. S. Nascimento 3536 (HUEFS, K); Oliveira dos Brejinhos, G. Hatschbach et al. 67803

(HUEFS, MBM); Rio de Contas, A. M. Giulietti & R. M. Harley 1619 (HUEFS, K); Santo

Inácio, E. Ule 7215 (isótipo de Phaseolus uleanus: K, foto HUEFS); Seabra, G. Hatschbach

et al. 44222 (MBM); Várzea Nova, N. Roque et al. in PCD 2318 (ALCB, HUEFS); Sento
Sé, J. D. A. Ferreira 117 (HRB, HUEFS, K); Xique Xique, M. L. S. Guedes et al. in PCD

3034 (ALCB, HUEFS).

Desmodium Desv.

Subarbustos ou arbustos a ervas, eretas ou prostradas; indumento

constituído em parte por tricomas uncinados rígidos e eretos nos ramos

jovens, folhas e/ou eixos da inflorescência e nos frutos. Estípulas livres

ou soldadas, estriadas. Folhas alternas, espiraladas, imparipinadas, 1-3-

767
folioladas (sempre 3-folioladas nas espécies de caatinga), estípiteladas;

folíolos opostos, peninérvios, broquidódromos. Inflorescências

pseudoracemos ou racemos, às vezes agrupados em panículas, axilares

ou terminais, ou reduzidos a um fascículo; bractéolas presentes. Flores

pediceladas; cálice campanulado, 2-labiado, lábios ± eqüilongos, lábio

superior bidentado, lábio inferior 3-dentado, lacínia central às vezes mais

longa do que as laterais; corola papilionóide com mecanismo explosivo

de liberação de pólen; pétalas róseas a roxas, glabras ou pubescentes,

ungüiculadas; alas e pétalas da carena aproximadamente do mesmo

comprimento do estandarte; alas e pétalas da carena fortemente unidas,

quando tocadas separando-se de forma explosiva do conjunto estames-

pistilo; estames 10, monadelfos; anteras não apendiculadas no ápice;

nectário intraestaminal ausente; ovário séssil ou estipitado, pubescente, 2-

pluriovulado. Fruto lomento, compresso, 2-8-articulado; margem superior

reta e inferior sinuosa com istmo (área entre os artículos) marginal ou

ambas as margens sinuosas e istmo central; artículos monospérmicos,

oblongos, quadráticos, elípticos, triangulares ou orbiculares, planos ou

tortuosos.

Desmodium é um gênero predominantemente de áreas subtropicais e


tropicais, com ca. de 300 espécies e principais centros de diversidade na
Ásia, México, e sudeste do Brasil. Para o Brasil são registradas 36 espécies
(Azevedo 1981).

O gênero pode ser pela combinação das folhas trifolioladas com o indumento
constituído por tricomas uncinados e flores com coloração rosa a roxa
(nunca amarela) e frutos do tipo lomento, aderentes graças ao revestimento
de tricomas uncinados. Além disso, observando-se flores mais velhas pode-
se ver que as pétalas inferiores (alas + carena) ficam desorganizadas e o tubo
estamonal fica completamente exposto devido ao mecanismo explosivo de
exposição de pólen que ocorre nas espécies de Desmodium.

768
Na caatinga, o gênero é representado por espécies invasoras de ampla
distribuição. Espécies ruderais, coletadas apenas em áreas urbanas não
foram consideradas nesse trabalho.

Chave para as espécies de Desmodium da caatinga:

1. Erva prostrada; folíolos orbiculares com ápice emarginado


(obcordados), até 8 mm compr.; inflorescência de 3-4 flores em
fascículos axilares ou opositifloros; lomentos com margem superior
côncava................................................................................D. triflorum

1. Ervas, subarbustos ou arbustos eretos; folíolos não obcordados


(elípticos, oblongos ou ovais), ápice não emarginado, com pelo
menos 28 mm compr.; flores em pseudoracemos ou panículas,
terminais ou axilares

2. Lomento com margem superior reta e istmo marginal, artículos


não tortuosos....................................................................D. incanum

2. Lomento com ambas as margens sinuosas e istmo central, artículos


tortuosos

3. Artículo superior do lomento muito maior do que os


demais..........................................................................D. glabrum

3. Todos os artículos do lomento com mesmo tama-


nho........................................................................... D. tortuosum

Desmodium glabrum (Mill.) DC., Prodr. 2: 338. 1825.


Hedysarum glabrum Mill., Gard. Dict. ed. 8: 820. 1768.
Desmodium molle DC., Prodr. 2: 332. 1825.

Erva ou subarbusto ereto 1,5-2 m alt.; ramos jovens, pecíolo, raque e

769
eixo da inflorescência pubescentes com tricomas curtos, esbranquiçados,

patentes. Estípulas 5-6 mm compr., ovais a lanceoladas, acuminadas,

estriadas. Pecíolo 12-51 mm; raque 7-13 mm; estípitelas rígidas; folíolos

papiráceos, o terminal 36-73 x 17-40 mm, ovais a elípticos, ápice obtuso

a arredondado, base obtusa, os laterais ligeiramente assimétricos, face

adaxial glabrescente, face abaxial densamente pubescente, tricomas

curtos, amarelados. Pseudoracemos 9-25 cm compr., axilares, paucifloros;

pedicelo 4-21 cm compr.; brácteas 7-9 mm compr., lineares a lanceoladas;

bractéolas presentes. Flores 4,5-7 mm compr.; cálice pubescente,

campanulado, tubo 5-6 mm compr., lacínias 5, a carenal maior, ca. 7 mm

compr., as demais 4-5 mm compr.; pétalas vermelhas; estandarte orbicular,

34-42 x 22-30 mm. Lomento com 2-3 artículos separados, istmo central,

artículos suborbiculares, tortuosos, o terminal muito maior e ± reniforme,

6-9 x 4-6 mm. Sementes reniformes, acastanhadas, hilo oblongo.

Desmodium glabrum é uma espécie ruderal de ampla distribuição no


Neotrópico, ocorrendo do México ao norte da Argentina. Na caatinga,
ocorre ocasionalmente como planta invasora em áreas degradadas, do Piauí
e Ceará, ao norte, até a Bahia, ao sul, de 600 a ca. 1000 m alt. Floração
e frutificação concomitantes ao longo do ano (provavelmente após as
chuvas).

Esta espécie é relativamente fácil de identificar pelos frutos com artículo


distal subreniforme, muito maior do que os demais.

Nome vernacular: engorda-magro, marmelada-de-cavalo, açoita-cavalo


(todos no Piauí).

Material selecionado: Alagoas: Piranhas, D. Moura & R. A. Silva 594 (HUEFS, Xingo).

Bahia: Abaíra, W. Ganev 5 (HUEFS); Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21384

(CEPEC, K); Iaçu, E. Melo et al. 2201 (HUEFS); Ituaçu, L. P. Queiroz et al. 1689

(HUEFS); Jacobina, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3477 (HUEFS); Maracás, A. M. de

770
Carvalho et al. 1961 (CEPEC, HUEFS); Miguel Calmon, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento

3521(HUEFS); Morro do Chapéu, C. C. Silva et al. 5 (HUEFS); Rio de Contas, T. S. N.

Sena et al. 37 (HUEFS); Tanhaçu, L. Coradin et al. 4545 (CEN, HUEFS). Ceará: Crato, L.

Coradin et al. 2528 (CEN, HUEFS, K); Itapajé, L. Coradin et al. 1818 (CEN, HUEFS, K);

Quixeré, M. I. Bezerra-Loiola 221 (EAC, HUEFS). Paraíba: Araruna, R. Lima et al. 1661

(JPB); Santa Luzia, M. F. Agra et al. 5851 (HUEFS, JPB); Serra Negra, L. Coradin et al.

3253 (CEN, K). Pernambuco. Caruaru, M. Sales 242 (K, PEUFR). Piauí: Coronel José

Dias, G. P. Silva et al. 2453 (CEN, HUEFS, K); Piracuruca, M. E. Alencar 677 (HUEFS,

TEPB); São João do Piauí, M. S. B. Nascimento 465 (K); São Paulo, M. S. B. Nascimento

51 (HUEFS).

Desmodium incanum (Sw.) DC., Prodr. 2: 332. 1825.


Hedysarum incanum Sw., Prodr. (Swartz): 107. 1788.
Hedysarum canum J.F.Gmelin, Syst. Nat., ed. 13: 1124. 1791.
Desmodium canum ( J.F.Gmelin) Schiz & Tell., Mem. Soc. Sci. Nat. Neuchatel 5:
371. 1914.

Erva ou subarbusto ereto, 30-60 cm de alt., rizomatoso; ramos estriados,

ásperos, pubérulos a pubescentes, tricomas uncinados misturados tricomas

curtos, eretos. Estípulas persistentes, 0,4-1,2 x 0,2-0,6 cm compr., ovais,


acuminadas, estriadas, conadas na base (pelo menos quando jovens).

Pecíolo 8-25 mm; raque 3-7 mm; estípitelas lineares, 1-4 mm; folíolos

cartáceos, predominantemente elípticos, o distal 28-55 x 7-30 mm, ápice

obtuso, às vezes mucronado, base obtusa a arredondada, face abaxial

vilosa, verde-acinzentada. Pseudoracemo 8-13,5 cm compr., terminal,

ereto; pedicelo 5-10 mm; brácteas 2-4 mm compr., lanceoladas; flores 1-3-

fasciculadas; bractéolas semelhantes às brácteas, 1-2 mm compr. Flores

ca. 10 mm compr.; cálice campanulado, tubo 1-2 mm compr., pubérulo-

uncinado, lábio superior com lacínias concrescidas até a metade; pétalas

771
róseas a roxas; estandarte 3-6 mm compr. Lomento 18-22 x 4-5 mm,

margem superior reta, inferior sinuosa, istmo marginal; artículos 3-6,

oblongos, quase quadrados, hirsuto- uncinados.

Espécie ruderal amplamente distribuída nas regiões tropicais das Américas,


África e Oceania, incluindo muitas ilhas oceânicas. Na caatinga, aparece em
áreas degradadas após as chuvas como pastagens e em beira de estrada mas,
principalmente, em áreas urbanas. Floração e frutificação concomitantes
ao longo do ano (provavelmente após as chuvas).

Desmodium incanum pode ser diagnosticada pela combinação da


inflorescência pseudoracemosa, alongada, com lomentos apresentando a
margem superior reta e istmo marginal. A outra espécie de caatinga que
apresenta frutos semelhantes é D. triflorum que, no entanto, apresenta as
flores agrupas em um fascículo axilar de 2 a 4 flores.

Nomes vernaculares: amorosa (Piauí), carrapicho (Bahia).

Material selecionado: Bahia: Juazeiro, L. Coradin et al. 1422 (CEN, HUEFS, K). Piauí:

Corrente, M. S. B. Nascimento 538 (Cpmn, HUEFS, K).

Desmodium triflorum (L.) DC., Prodr. 2: 334. 1825.


Hedysarum triflorum L., Sp. pl.: 749. 1753.

Erva prostrada, enrraizando nos nós; ramos finos, glabrescentes.

Estípulas persistentes, livres entre si, às vezes adnadas ao pecíolo, 2-

4 mm x 1-2 mm compr., ovais, acuminadas. Pecíolo 3-6 mm; raque 1-


1,5 mm; folíolos membranáceos, o terminal 3-8 x 4-9 mm, obcordados a

suborbiculares, ápice emarginado, base obtusa, glabrescentes exceto por

tricomas eretos e esparsos sobre as nervuras na face abaxial. Fascículos

axilares ou opositifloros, 3-4-floros; pedicelo 5-8 mm; brácteas 2-3 x 1-

1,5 mm, ovais; bractéolas, caducas. Flores ca. 5 mm compr.; cálice

772
amplamente campanulalo, membranáceo, piloso, lábios 2-3 mm compr.,

lábio superior bífido, lábio inferior com lacínia mediana mais curta que

as laterais; pétalas lilás; estandarte ca. 5 mm compr.; androceu diadelfo,

estame vexilar livre. Lomento 10-20 x ca. 3 mm compr., séssil, margem

superior não sinuosa, côncava, inferior sinuosa, istmo marginal raso;

artículos 4-5, subquadráticos, 2-4 x 2-3,5 mm, pubérulo-uncinados.

Espécie invasora com distribuição ampla, ocorrendo nas Américas, África


e Ásia. Na caatinga, ocorre ocasionalemte em áreas sujeitas a alagamento
temporário. Floração e frutificação concomitantes: vi.

Desmodium triflorum é caracterizada pelo hábito herbáceo, prostrado, com


flores formando fascículos mas sem estar organizadas em uma inflorescência
alongada.Os frutos são semelhantes aos de D. incanum, por apresentarem
a margem superior não sinuosa, mas diferencia-se dos encontrados nesta
espécie pela sutura superior côcava (vs. reta em D. incanum).

Material selecionado: Ceará: Tianguá, L. Coradin et al. 7868 (CEN, K). Piauí: Bom Jesus,

L. Coradin et al. 5890 (CEN, HUEFS, K).

Desmodium tortuosum (Sw.) DC., Prodr. 2: 332. 1825.


Hedysarum tortuosum Sw., Prodr. (Swartz): 107. 1788.
Hedysarum purpureum Mill., Gard. Dict., ed. 8, Hedysarum n. 6. 1768.
Desmodium purpureum (Mill.) Fawc. & Rendle, Fl. Jamaica [Fawcett & Rendle] 4:
36. 1920, non J. W. Hook. & Arn., Bot. Beech. Voy.: 62. 1832.

Arbusto ou subarbusto ereto, 50-90 cm de alt.; ramos, eixos foliares e

eixos da inflorescência pubérulo-uncinados a estrigosos. Estípulas

persistentes, 4-12 x 2-6 cm compr., livres ou soldadas na base,

assimétricas, ovais, acuminadas. Pecíolo 8-25 mm; raque 3-7 mm; folíolos

cartáceos, o terminal 28-55 x 7-30 mm, elípticos a ovais, ápice agudo a

773
Sesbania virgata (1 - hábito; 2 - flor; 3 - estandarte [metade da pétala representada]; 4 - ala; 5 - pétala da carena; 6
- androceu; 7 - pistilo; 8 - fruto); B: Coursetia rostrata (1 - hábito; 2 - folíolo; 3 - semente).

obtuso, às vezes mucronado, base obtusa, pubescentes nas duas faces,

a face abaxial acinzentada. Pseudoracemo ou panícula terminal, ereta,

13,5-19,5 cm compr.; brácteas 2-4 mm compr., lanceoladas; flores 1-3-

fasciculadas; bractéolas 1-2 mm compr.; pedicelo 5-10 mm. Flores ca. 10

mm compr.; cálice pubérulo-uncinado, campanulado, tubo 1-2 mm compr.,

lábio superior bífido, lábio inferior com lacínia mediana mais longa do que
as laterais; pétalas lilás a roxas; estandarte 3-6 mm compr.; androceu

monadelfo Lomento 15-20 x 4-6 mm, estipitado, as duas margens

sinuosas, istmo central; artículos 3-6, suborbiculares, 3-5 x 4-6 mm.

Espécie invasora amplamente distribuída nas Américas e África. Na


caatinga distribui-se desde o Ceará até a Bahia, ocorrendo principalmente

774
em ambientes degradados. Floração e frutificação concomitantes: vi-x.

Desmodium tortuosum é facilmente reconhecível pelo hábito arbustivo, mais


robusto do que o das demais espécies de Desmodium da caatinga. Além
disso, os frutos apresentam istmo central, ambas as margens sinuosas, e
3 a 6 artículos com mesmo tamanho. D. glabrum também possui frutos
com istmo central mas possui o artículo terminal muito maior do que os
dois artículos basais. Formas mais depauperadas de D. tortuosum são mais
semelhantes, em hábito, a D. incanum mas esta espécie possui frutos com
margem superior reta e istmo marginal.

Nomes vulgares: carrapicho-beiço-de-boi (Bahia).

Material selecionado: Bahia: Andaraí, L. P. Queiroz et al. 7049 (HUEFS); Boa Vista do

Tupim, E. Dutra 23 (HUEFS); Feira de Santana, F. França & E. Melo 1887 (HUEFS);

Itaberaba, L. Coradin et al. 1227 (CEN, K); Pindobaçu, E. Miranda et al. 124 (HUEFS).

Ceará: Canindé, L. Coradin et al. 1967 (CEN, K, HUEFS); Novo Oriente, J. P. Coelho et

al. 2063 (CEN). Paraíba: Serra Negra do Norte, L. Coradin et al. 3253 (CEN, HUEFS).

Pernambuco: Pesqueira, M. Correa 139 (HUEFS, UFP); Petrolina, L. Coradin et al. 1376

(CEN, K); Taquaritinga do Norte, L. Coradin et al. 3293 (CEN).

Sesbania Adans.

Arbustos, geralmente efêmeros, com lenho mole. Estípulas livres ou

parcialmente soldadas na base. Folhas alternas, espiraladas, paripinadas.

Inflorescências racemos axilares, geralmente mais curtos do que a folha

adjacente; bractéolas 2, opostas, na base do cálice, algumas persistentes

ou cedo caducas. Flores com hipanto infundibuliforme, quando seco

distinto em cor e textura do cálice; cálice campanulado, com lacínias

deltóides a lanceoladas; corola papilionóide; pétalas amarelas a rosa ou

vermelhas, ungüiculadas; estandarte bicaloso na base; pétalas da carena

775
retas ou fortemente encurvadas, conadas próximo ao ápice na margem

inferior; androceu diadelfo, 9 estames soldados em bainha e o vexilar livre;

disco nectarífero ausente;ovário séssil ou estipitado; estilete glabro ou

pubérulo. Fruto legume, deiscente, compresso ou não compresso e então

com secção tetragonal. Sementes 5-20, cilíndricas a suborbiculares mas

não reniformes.

Gênero com aproximadamente 50 espécies, a maioria ocorrendo em


áreas brejosas dos trópicos de todo o mundo. No Novo Mundo, Sesbania
apresenta maior diversidade na América do Norte, enquanto na América
do Sul é representado principalmente por plantas introduzidas ou espécies
invasoras pantropicais (Lavin & Sousa 1995). Para o Brasil, Monteiro
(1994) relatou a ocorrência de oito espécies.

Sesbania pode ser diferenciado dos demais gêneros de caatinga pelo hábito
robusto mas fracamente lenhoso, estípulas excurrentes no ramo, folhas
paripinadas com muitos (geralmente mais de 20 pares) folíolos, estandarte
com 2 calos proeminentes na base e fruto muito longo, linear, com muitas
sementes. Além disso, os folíolos apresentam movimentos nictinásticos
particulares, dobrando-se para diante de modo que a face abaxial dos
folíolos fica voltada para fora (Lavin & Sousa 1995).

Além de S. exasperata e S. virgata, S. sesban var. bicolor (Whight & Arn.) F.


W. Andr. foi coletada pelo menos uma vez em área de caatinga (em Milagres,
na Bahia; R. M. Harley et al. 19413). No entanto, tenho observado esta
planta sendo cultivada como ornamental em algumas pequenas cidades no
semi-árido, no interior da Bahia e sul do Piauí, de modo que ela está sendo
considerada como um escape de cultivo e, por isso, ela não é incluída no
presente tratamento. Seu possível cultivo na América do Sul já havia sido
considerado por Gillet (1963). Ela pode ser difernciada de S. exasperata e
S. virgata pela cor do estandarte, vermelho-vivo na face externa, enquanto

776
as espécies de caatinga tem pétalas totalmente amarelas.

Chave para as espécies de Sesbania da caatinga:

1. Flores 22-25 mm compr.; carena, tubo estaminal e ovários retos;


fruto linear, compresso, 25-30 x 0,4-0,6 cm........................S. exasperata

1. Flores 5-7 mm compr.; carena, tubo estaminal e ovários fortemente


encurvados em “U”; fruto oblongo, não compresso, tetrágono, 4,5-
5,5 x 0,6-0,8 cm...................................................................... S. virgata

Sesbania exasperata Kunth, Nov. Gen. & Sp. 6: 534. 1824.

Arbusto ca. 3 m alt., tronco fracamente lenhoso, virgado, pouco ramificado,

ramos longos e flexuosos, toda a planta glabra. Estípulas parcialmente

soldadas na base e excurrentes sobre o ramo. Pecíolo 7-15 mm; raque

11-20 cm; segmentos interfoliolares 6-8 mm; folíolos 50-68, papiráceos,

± eqüilongos, os terminais 14-35 x 3-6 mm, 4,7-5,8x mais longos do que

largos, oblongo-lineares, ápice obtuso a truncado, mucronado, base

arredondada a obtusa; nervura primária saliente e discolor na face abaxial,


as demais inconspícuas. Racemos 7-10 cm compr., laxifloros, mais curtos

do que a folha adjacente, isolados, axilares; pedicelo 7-10 mm compr., ±

flexuoso; bractéolas 2, opostas. Flores 22-25 mm compr.; cálice com tubo

amplamente campanulado, 4-5 mm compr. (incluindo o hipanto), lacínias

deltóides, 2,5-4 mm compr.; corola papilionóide com pétalas amarelo-

alaranjadas; estandarte com pontuações purpúreas no lado externo,

glabro, suborbicular, 15-16 x 13 mm + 4 mm compr. do ungüículo, com

apêndices na base; carena reta; disco nectarífero ausente; ovário glabro,

séssil; estilete glabro. Legume 25-30 x 0,4-0,6 cm, estreitamente linear,

compresso, margens espessadas e discretamente sinuosas; deiscência

777
inerte; valvas rígido-coriáceas, glabras, ligeiramente constritas entre as

sementes. Sementes 20-31.

Sesbania exasperata é uma espécie amplamente distribuída na América do


Sul e Antilhas, ocorrendo principalmente em brejos temporários e margens
de rios e lagos. Na caatinga, ocorrem também nestes tipos de ambientes.
Floração e frutificação ± concomitantes: vi-ix.

Essa espécie pode ser difernciada de S. virgata pelas flores maiores (22-25
mm compr.) e frutos mais longos e mais estreitos (25-30 x 0,4-0,6 cm).

Na caatinga, S. exasperata comporta-se como uma espécie anual de


crescimento rápido, fenecendo na estação seca e crescendo rapidamente
quando o solo encontra-se inundado.

Nome vernacular: manjerioba ( Juazeiro, BA).

Material selecionado: Bahia: Feira de Santana, L. P. Queiroz 2867 (HUEFS); Jacobina, F.

França et al. 3113 (HUEFS); Juazeiro, L. Zehntner s. n., vii.1912 (M); Riachão do Jacuípe,

E. A. Dutra 19 (HUEFS). Ceará: Quixadá, A. Ducke 1075 (RB). Paraíba: São Gonçalo, P.

von Luetzelburg s.n. 1936 (K). Pernambuco: s. l. (entre Serra Talhada e Petrolina), E. P.

Heringer et al. 5 (RB); s. l., K. F. Ph. von Martius s. n. (K). Piauí: Bom Jesus, L. Coradin et

al. 5865 (CEN, K); Parnaguá, G. Gardner 2540 (BM, K).

Sesbania virgata (Cav.) Pers., Syn. Pl. 2: 316. 1807.


Aeschynomene virgata Cav., Icon. (Cavanilles) 3: 47. 1795.
Coursetia virgata (Cav.) DC., Ann. Sci. Nat. (Paris) Ser. I., 4: 92. 1825.
Sesbania marginata Benth. in Mart., Fl. Bras. 15 (1): 43. 1859.

Arbusto 1,5-2 m alt., ramificado desde a base, troncos fracamente

lenhosos, ramos jovens, eixos da inflorescência e face abaxial dos folíolos

seríceos, tricomas esbranquiçados e adpressos. Estípulas livres. Pecíolo

12-21 mm; raque 17-37 cm; segmentos interfoliolares 10-17 mm; folíolos

778
36-50, papiráceos, ligeiramente decrescentes nas duas extremidades da

raque, os medianos maiores 25-42 x 7-13 mm, 3,2-3,7x mais longos do que

largos, oblongos, ápice obtuso a truncado, mucronado, base arredondada,

nervura primária e secundárias inconspícuas. Racemos 4,5-9 cm compr.,

congestifloros, mais curtos do que a folha adjacente, isolados, axilares;

pedicelo ca. 5 mm compr.; bractéolas 2, opostas, cedo caducas. Flores

5-7 mm compr.; cálice com tubo amplamente campanulado, 3-4 mm

compr. (incluindo o hipanto), lacínias deltóides, ca. 1 mm compr.; pétalas

amarelo-alaranjadas; estandarte glabro, suborbicular, ca. 6 x 8 mm + 1,5

mm compr. do ungüículo; carena fortemente encurvada; ovário glabro,

estipitado, fortemente encurvado em “U”. Legume indeiscente, 4,5-5,5 x

0,6-0,8 cm, oblongo-linear, não compresso, seção quadrangular, margens

ligeiramente onduladas; valvas glabras, ligeiramente constritas entre as

sementes. Sementes 5-9.

Sesbania virgata é amplamente no Neotrópico do México ao norte da


Argentina e Paraguai. Na caatinga, ocorre principalmente em matas
ciliares e ambientes sujeitos a alagamento sazonal. Floração e frutificação
± concomitantes: vii-xii.

Diferncia-se de S. exasperata pelas flores menores (5-7 mm compr.) e frutos


mais curtos e não compressos (4,5-5,5 x 0,6-0,8 cm). Além disso, S. virgata
apresenta a carena, bainha estaminal e ovário fortemente encurvados, ao
contrário do observado em S. exasperata que possui essas estruturas retas
ou quase retas.
Material selecionado: Bahia: Antas, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3719 (HUEFS);

Ibiraba, L. P. Queiroz 4779 (HUEFS, SPF); Riachão do Jacuípe, E. A. Dutra 19

(HUEFS).

779
Coursetia DC.

Arbustos ou pequenas árvores, inermes. Folhas alternas, espiraladas,

paripinadas, 14-46-folioladas, não estípiteladas; folíolos opostos,

peninérvios, broquidódromos. Inflorescências racemos, geralmente

com tricomas glandulosos, pedunculados. Flores pediceladas, não


bracteoladas; cálice amplamente campanulado, lacínias 5, mais curtas até

ligeiramente maiores do que o tubo; corola papilionóide; pétalas creme, às

vezes com tons lilás, ungüiculadas, glabras; estandarte caloso e auriculado

na base; carena encurvada com pétalas soldadas distalmente nas duas

margens formando um rostro alongado; estames 10, pseudomonadelfos

ou diadelfos; nectário intraestaminal presente; ovário séssil, 11-17-ovulado;

estilete barbado. Fruto legume com deiscência elástica, linear, margens

onduladas, com valvas glabras ou pubescentes, com ou sem tricomas

glandulares.

Coursetia é um gênero neotropical com ca. 38 espécies distribuídas em


áreas secas do México e Caribe até o norte da Argentina e Paraguai (Lavin
1988).

Dentre os grupos de caatinga, o gênero pode ser reconhecido pela combinação


de folhas paripinadas com folíolos numerosos, flores com carena rostrada e
estilete barbado e frutos compressos com margens sinuosas.

O gênero, como ressaltado acima, é muito característico de áreas secas do


Neotrópico. As duas espécies que ocorrem na caatinga aparentemente não
são relacionadas entre si (Lavin 1988) e exemplificam possíveis relações
biogeográficas da flora da caatinga com o Chaco e com áreas secas da costa
norte da América do Sul.

Chave para as espécies de Coursetia da caatinga:

780
1. Flores com 30-33 mm compr.; indumento dos ramos jovens e face
abaxial dos folíolos viloso, com tricomas longos e patentes; fruto
com 6-7 mm larg.................................................................... C. rostrata

1. Flores com ca. 12 mm compr.; ramos jovens e folíolos quase glabros,


com tricomas adpressos esparsos; fruto com ca. 4 mm larg... C. vicioides

Coursetia rostrata Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (1): 44. 1859.

Arbusto ou pequena árvore 2-7 m alt., ramificação aberta, ramos longos e

flexuosos, as folhas em geral concentradas no ápice dos ramos; tronco com

5-10 cm DAP, casca rugosa, cinza-clara, entrecasca amarelada; indumento

dos ramos jovens e eixo foliar vilosos, com tricomas longos, eretos e macios,

na inflorescência, pedicelo e cálice misturados com tricomas glandulares

densos. Folhas geralmente muito jovens na floração e na frutificação;

pecíolo 5-8 mm; raque 7-8,5 cm; segmentos interfoliolares 4-6 mm; folíolos

28-46, papiráceos, ligeiramente decrescentes em cada extremidade da

raque, os terminais 8-10 x ca. 3 mm, 2,8-3,2x mais longos do que largos,

estreitamente elípticos a oblongos, ápice e base arredondados, face adaxial

esparsamente serícea, face abaxial densamente serícea, nervura primária


apenas visível na face abaxial, as demais inconspícuas. Racemos 8-35

cm compr., laxos, patentes, isolados na axila das folhas basais dos ramos

ou fasciculados em braquiblastos laterais; pedicelo 10-12 mm compr.,

flexuoso, deixando a flor pendente. Flores 30-33 mm compr.; cálice com

tubo campanulado, 5-7 mm compr., lacínias lanceoladas, 5-7 mm compr.;

estandarte creme com centro verde com uma área circundante lilás-clara,

glabro, suborbicular, 30-35 x 42-45 mm + 3 mm compr. do ungüículo; alas

creme-esverdeadas; carena creme-esverdeada com rostro purpúreo,

curvada ca. 270°, lobada na margem superior, as pétalas soldadas no

ápice ao longo das margens superior e inferior formando um rostro longo

781
e estreito; androceu diadelfo ou pseudomonadelfo; ovário 17-20-ovulado,

com tricomas glandulares estipitados. Legume 8-13,5 x 0,6-0,7 cm, linear,

compresso, margens sinuosa; valvas rígido-coriáceas, marrons, seríceas

a tomentosas, com ou sem tricomas glandulares.

Coursetia rostrata é endêmica da caatinga, conhecida do norte da Bahia ao


norte de Minas Gerais. É possível que ocorra também no sul de Pernambuco
e/ou do Piauí. Ocorre em diferentes fisionomias de caatinga mas quase
sempre sobre solo arenoso de 300 a 900 m alt. Floração: iii-vi. Frutificação:
iv-xii.

Esta espécie pode ser diferenciada de C. vicioides pelo indumento mais denso
e viloso dos ramos e folhas (vs. quase glabros em C. vicioides), inflorescência
densamente glanduloso-viscosa, flores maiores (30-33 mm compr. em C.
rostrata vs. ca. 12 mm em C. vicioides) e pendentes, pétalas da carena com
margem superior com lobo pronunciado e frutos mais largos (6-7 mm em
C. rostrata vs. ca. 4 mm em C. vicioides).

As flores emitem um perfume suave e adocicado e os polinizadores efetivos


parecem ser grandes abelhas solitárias do gênero Xylocopa (obs. não
publicadas e Lewis 1996 in sched.).

Material selecionado: Bahia: s.l., J. S. Blanchet 3157 (lectótipo de C. rostrata: NY); s.l.

(“catinga bei Caldeirão), E. Ule 7249 (K); Aracatu, C. B. A. Bohrer 14 (HRB, HUEFS);

Barro Alto, T. S. Nunes et al. 914 (HUEFS); Brumado, L. Coradin et al. 6381 (CEN, K);

Cafarnaum, G. Hatschbach 39552 (K. MBM); Contendas do Sincorá, R. M. Harley et al.

53520 (HUEFS, K); Curaçá, G. C. P. Pinto 188-83 (HRB, HUEFS); Iaçu, L. A. Mattos-
Silva et al. 2735 (CEPEC, K); Ibipitanga, D. S. Carneiro-Torres et al. 118 (HUEFS); Irecê,

L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3995 (HUEFS); Jacobina, L. P. Queiroz et al. 5117

(HUEFS); Jequié, L. P. Queiroz & I. C. Crepaldi 2159 (HUEFS); Jeremoabo, L. M. C.

Gonçalves 236 (HRB, NY); Juazeiro, K. F. Ph. von Martius s. n. (M); Jussiape, A. M.

Giulietti & R. M. Harley 1301 (HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M.

782
de Almeida 1879 (CEPEC, K); Manoel Vitorino, A. M. de Carvalho et al. 1845 (CEPEC,

K, HUEFS); Milagres, G. P. Lewis et al. 840 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, E. Melo et al.

3107 (HUEFS); Paramirim, T. R. S. Silva 71 (HUEFS); Sento Sé, E. R. Souza et al. 127

(HUEFS); Sobradinho, L. Coradin et al. 5975 (CEN, K). Minas Gerais: Espinosa, V. C.

Souza et al. 5458 (HUEFS, SPF); Januária, W. R. Anderson 9156 (NY).

Coursetia vicioides (Nees & Mart.) Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (1): 44.
1859.
Clitoria vicioides Nees & Mart., Nova Acta Phys.-Med. Acad. Caes. Leop.-Carol.
Nat. Cur. 12: 28. 1824.

Arbusto ou arvoreta de 1-2 m alt.; folhas ao longo dos ramos (não congestas

no ápice); ramos jovens e eixo foliar vilosos, eixos da inflorescência glabros

ou quase glabros, na inflorescência com tricomas glandulares estipitados

esparsos. Pecíolo 4-7 mm; raque 5-7 cm; segmentos interfoliolares 5-8

mm; folíolos 14-22, papiráceos, acrescentes distalmente, os terminais 12-

30 x 6-12 mm, 2-2,5x mais longos do que largos, elípticos a oblongos,

ápice e base arredondados, face adaxial glabra, face abaxial quase glabra,

com tricomas adpressos esparsos, nervura primária apenas visível na

face abaxial, as demais perceptíveis apenas pela diferença de coloração.

Racemos 7-30 cm compr., laxos, isolados, axilares nas folhas distais dos

ramos; pedicelo 3-4 mm compr. Flores ca. 12 mm compr.; cálice com

tubo campanulado de 20-25 mm compr., base atenuada, lacínias curtas,

triangulares, 1,5-2 mm compr.; estandarte esbranquiçado com nervuras


avermelhadas, glabro, suborbicular, 10-11 x 10-11 mm + 2 mm compr.

do ungüículo; alas e carena esbranquiçadas, a carena com margem não

lobada; androceu diadelfo; ovário 11-12-ovulado, glabro. Legume 5-7,5

x 0,4 cm, linear, compresso, margens sinuosa; valvas rígido-coriáceas,

castanhas, glabras.

783
Coursetia vicioides é uma espécie endêmica da caatinga do centro-sul do
estado da Bahia, onde ocorre especialmente sobre solo arenoso em margens
de rios temporários, a ca. 700 m alt. Floração: x, iv. Frutificação: iii.

Pode ser diferenciada de C. rostrata pelo indumento dos ramos, folíolos e


inflorescência, comprimento da flor e largura dos folíolos (ver comentário
sobre C. rostrata). É uma planta ainda mal conhecida e novas coletas seriam
importantes para possibilitar uma melhor caracterização de sua variação
morfológica.

Coursetia vicioides é mais relacionada a C. hassleri Chodat (Lavin 1988),


uma espécie conhecida apenas do Chaco (Lavin 1988, Prado 1991).

Material selecionado: Bahia: s.l. (“in via Felisbertia ad Barra da Vereda”), Pr. Wied-

Neuwied s. n. 1817 (holótipo de C. vicioides: BR, foto K); Itapetinga, L. A. Mattos-Silva et

al. 177 (CEPEC); Rio de Contas, R. M. Harley et al. 20004 (CEPEC, K, NY).

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804
APÊNDICE 1 – HERBÁRIOS CONSULTADOS
Herbários cadastrados no Index Herbariorum (ver Holmgren & Holmgren
1998):
ALCB – Herbário Alexandre Leal Costa, UFBA, Salvador, BA
BM – Department of Botany, The Natural History Museum, London, UK
BR – Jardin Botanique National de Belgique, Meise, Bélgica
CEN – Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília, DF
CEPEC – Herbário André Maurício de Carvalho, CEPEC-CEPLAC, Ilhéus, BA
EAC – Herbário Prisco Bezerra, UFC, Fortaleza, CE
HRB – Herbário RadamBrasil, Salvador, BA
HUEFS – Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de
Santana, BA
IPA – Herbário Dárdano de Andrade Lima, IPA, Recife, PE
JPB – Herbário Lauro Pires Xavier, UFPB, João Pessoa, PB
K – Royal Botanic Gardens, Kew, UK
MAC – Instituto do Meio Ambiente, Maceió, AL
MBM – Museu Botânico Municipal, Curitiba, PR
PEUFR – Departamento de Biologia, UFRPE, Recife, PE
R – Departamento de Botânica, Museu Nacional, Rio de Janeiro, RJ
RB – Instituto de Pesquisas, Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ
SP – Instituto de Botânica de São Paulo, São Paulo, SP
SPF – Departamento de Botânica, USP, São Paulo, SP
TEPB – Herbário Graziela Barroso, UFPI, Teresina, PI
UB – Departamento de Botânica, UnB, Brasília, DF
UEC – Departamento de Botânica, Unicamp, Campinas, SP
W – Naturhistorisches Museum Wien, Viena, Áustria

Herbários não cadastrados no Index Herbariorum:


Cpatsa – Herbário do Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-árido,
Embrapa/CPATSA, Petrolina, PE
Cpmn – Herbário do Centro de Pesquisa Agropecuária do Meio-Norte, Embrapa/
CPMN, Teresina, PI
Hst – Herbário Sérgio Tavares, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Depto. de
Ciências Florestais, Recife, PE
Xingo – Herbário do Projeto Xingó, Canindé do São Francisco, SE

805
APÊNDICE 2 – ESPÉCIMES
Lista de exsicatas examinadas, extraída e corrigida dos bancos de dados do herbário
da UEFS e do projeto “Instituto do Milênio do Semi-árido” (IMSEAR).

Foram incluídos nessa listagem espécimes numerados coletados dentro


dos limites do semi-árido. Em alguns casos, na ausência do número de
coletor, usou-se o número de tombo do herbário que distribuiu a amostra,
desde que esse número estivesse impresso na etiqueta; nesse caso, a sigla do
herbário é fornecida precedida por “s.n.”
Coleções especiais são destacadas: CFCR (Coleção da Flora dos Campos
Rupestres); GPC (Grupo Pedra do Cavalo); H (Harley, numeração
correspondente ao projeto Flora de Catolés); PCD (Projeto Chapada
Diamantina).
Agra, M.F.
1639 Zapoteca portoricensis subsp. flavida

3332 Chloroleucon foliolosum 32 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis


5692 Mimosa ophthalmocentra
Alcoforado, F.G.
5698 Senna martiana
301 Mimosa ophthalmocentra
5733 Dioclea grandiflora
304 Chamaecrista eitenorum var. eitenorum
5735 Mimosa paraibana
321 Senna obtusifolia
5830 Mimosa paraibana
329 Poincianella bracteosa
5837 Mimosa paraibana
330 Mimosa ophthalmocentra
5838 Chamaecrista serpens var. serpens
373 Lonchocarpus araripensis
5842 Chaetocalyx scandens var. pubescens
441 Senna lechriosperma
5844 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
483 Discolobium hirtum
5847 Macroptilium martii
5851 Desmodium glabrum Alencar, M.E.
5905 Senna rizzinii 237 Pterocarpus villosus
5906 Vigna peduncularis var. peduncularis 243 Trischidium molle
5907 Chaetocalyx scandens var. pubescens 244 Bauhinia subclavata
5924 Chamaecrista repens var. multijuga 245 Bauhinia acuruana
5942 Mimosa borboremae 246 Platypodium elegans
247 Senegalia riparia
Aguiar, C.M.L.
249 Senna trachypus
3 Mimosa arenosa var. arenosa
250 Senna lechriosperma
7 Chloroleucon foliolosum
254 Dalbergia cearensis
9 Chamaecrista pascuorum
255 Bauhinia subclavata
21 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
257 Cratylia mollis
22 Chaetocalyx scandens var. pubescens
258 Mimosa acutistipula var. acutistipula
24 Chamaecrista pascuorum
265 Piptadenia stipulacea
25 Senna spectabilis var. excelsa
291 Calliandra fernandesii
26 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis

806
375 Chamaecrista eitenorum var. eitenorum 7 Senna martiana
411 Plathymenia reticulata 9 Mimosa acutistipula var. acutistipula
507 Piptadenia moniliformis 10 Anadenanthera colubrina var. cebil
536 Hymenaea courbaril var. courbaril 18 Aeschynomene filosa
555 Martiodendron mediterraneum 20 Mimosa pudica var. tetrandra
566 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
Andrade, I.M.
567 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
645 Stylosanthes viscosa
572 Hymenaea courbaril var. courbaril
578 Martiodendron mediterraneum Andrade, W.M.
579 Mimosa caesalpiniifolia 184 Dioclea grandiflora
581 Platypodium elegans
583 Mimosa verrucosa Araújo, A.P.de
585 Mimosa acutistipula var. acutistipula 180 Goniorrhachis marginata
587 Libidibia ferrea 314 Senegalia kallunkiae
599 Senna acuruensis Araújo, E.L.
601 Senna acuruensis 434 Bauhinia cheilantha
606 Aeschynomene histrix 438 Poincianella gardneriana
633 Chamaecrista repens var. multijuga
637 Martiodendron mediterraneum Araújo, F.S.
664 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 13 Hymenaea martiana
665 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 19 Stylosanthes capitata
678 Libidibia ferrea 20 Piptadenia stipulacea
679 Mimosa acutistipula var. acutistipula 109 Hymenaea courbaril var. courbaril
709 Mimosa somnians 139 Senna trachypus
711 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 141 Senna macranthera
713 Stylosanthes angustifolia 157 Hymenaea velutina
722 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 254 Machaerium acutifolium
726 Andira fraxinifolia 270 Hymenaea velutina
789 Hymenaea courbaril var. courbaril 320 Piptadenia moniliformis
794 Lonchocarpus araripensis 366 Mimosa ursina
812 Hymenaea courbaril var. courbaril 390 Lonchocarpus araripensis
1090 Lonchocarpus araripensis 407 Anadenanthera colubrina var. cebil
1261 Copaifera coriacea 437 Cratylia mollis
1382 Senna macranthera var. micans 452 Mimosa sensitiva var. sensitiva
470 Indigofera suffruticosa
Almeida, D.G. de 479 Calliandra umbellifera
5 Piptadenia moniliformis 494 Enterolobium contortisiliquum
Almeida, E.B. 580 Crotalaria holosericea
338 Andira fraxinifolia 984 Luetzelburgia auriculata
364 Stylosanthes viscosa 1253 Poincianella gardneriana
1298 Piptadenia moniliformis
Alves, L.J. 1328 Senegalia polyphylla
22 Macroptilium martii 1337 Mimosa caesalpiniifolia
1338 Poincianella gardneriana
Ambrósio, A.B.
1353 Poincianella gardneriana
5 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
1368 Chamaecrista nictitans var. disadena
Amorim, A.M. 1369 Mimosa ursina
991 Albizia polycephala 1382 Senna lechriosperma
992 Copaifera langsdorffii 1383 Hymenaea eriogyne
1009 Pseudopiptadenia bahiana 1390 Chamaecrista tenuisepala
3505 Indigofera microcarpa 1410 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
3506 Chamaecrista ramosa var. ramosa 1411 Bauhinia pentandra
1413 Chamaecrista nictitans var. disadena
Andrade, B.S.
1419 Periandra coccinea
6 Poincianella microphylla
1426 Piptadenia stipulacea

807
1433 Senna lechriosperma 82 Chloroleucon extortum
1438 Senna trachypus 106 Macroptilium martii
1441 Mimosa sensitiva var. sensitiva 112 Anadenanthera colubrina var. cebil
1465 Chamaecrista nictitans var. disadena 128 Zornia myriadena
1473 Senna lechriosperma 237 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
1474 Senna lechriosperma 239 Tephrosia cinerea
1476 Mimosa acutistipula var. acutistipula 245 Mimosa ophthalmocentra
1484 Chamaecrista repens var. multijuga
Assis, J.A.
1489 Hymenaea velutina
1 Chamaecrista nictitans var. pilosa
1496 Hymenaea velutina
1511 Bauhinia pentandra Atkins, S.
1512 Stylosanthes humilis in CFCR:
1512 Stylosanthes angustifolia 14817 Canavalia dictyota
1518 Centrosema pascuorum in PCD:
1526 Chamaecrista supplex �����������������������������������
4652 Peltophorum dubium var. dubium
1534 Piptadenia stipulacea 4653 Senna pendula
1535 Dioclea grandiflora 5087 Bauhinia cheilantha
1538 Poincianella gardneriana 5088 Aeschynomene soniae
1544 Mimosa tenuiflora 5092 Poincianella pluviosa var. sanfranciscana
1555 Libidibia ferrea var. ferrea 5685 Senna macranthera var. micans
1563 Bauhinia pulchella 5826 Copaifera langsdorffii
1564 Machaerium acutifolium
1566 Senna splendida var. gloriosa Atkinson, R.
1567 Mimosa verrucosa 2362 Bauhinia acuruana
1573 Chamaecrista barbata 2378 Senna macranthera
1581 Senegalia polyphylla 2456 Senna macranthera
1586 Galactia jussiaeana var. jussiaeana Azevedo-Brito, I.M.
1589 Cratylia mollis 4 Aeschynomene histrix
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1596 Hymenaea velutina
s.n. EAC: Bandeira, F.P.
16253 Senna cearensis 61 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
65 Luetzelburgia bahiensis
82 Parapiptadenia zehntneri
Araújo, F.T. 86 Piptadenia moniliformis
2 Senna macranthera var. micans 88 Mimosa tenuiflora
Arbo, M.M. 90 Anadenanthera colubrina var. cebil
5320 Mimosa ulbrichiana 96 Cratylia mollis
5369 Senna cana var. cana 101 Poincianella microphylla
5387 Mimosa modesta 111 Copaifera rigida
5399 Mimosa cordistipula 115 Poeppigia procera
5414 Bauhinia acuruana 132 Peltogyne pauciflora
5457 Senna rizzinii 133 Trischidium molle
5462 Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa 162 Libidibia ferrea
5490 Erythrina velutina 172 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
5500 Parkinsonia aculeata 180 Crotalaria incana var. incana
5632 Mimosa filipes 194 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
5659 Poeppigia procera 196 Senna acuruensis
5737 Mimosa modesta 202 Zornia sericea
5796 Stylosanthes viscosa 207 Senna occidentalis
220 Indigofera suffruticosa
Arco, M.D. 225 Senna rizzinii
6700 Chamaecrista serpens var. serpens 229 Senegalia bahiensis
230 Mimosa arenosa var. arenosa
Arouck-Ferreira, J.D.
233 Trischidium molle
79 Mimosa adenophylla var. mitis
237 Mimosa arenosa var. arenosa

808
238 Senna acuruensis 12 Mimosa caesalpiniifolia
239 Pithecellobium diversifolium 14 Poincianella laxiflora
240 Mimosa misera 20 Vachellia farnesiana
246 Cratylia mollis 24 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
259 Parkinsonia aculeata 27 Indigofera suffruticosa
Barbosa, M.R. Barros, R.
2208 Peltogyne pauciflora 1412 Bauhinia acuruana
2210 Senna martiana 1438 Senna spectabilis var. excelsa
2228 Poincianella gardneriana 1475 Senna trachypus
2234 Mimosa paraibana 1482 Senna gardneri
2235 Zornia brasiliensis var. brasiliensis 1541 Anadenanthera colubrina var. cebil
2242 Peltogyne pauciflora 1542 Diptychandra aurantiaca subsp. epunctata
2338 Indigofera suffruticosa s.n. TEPB:
2339 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 17506 Poincianella bracteosa
2340 Mimosa tenuiflora 17525 Bauhinia acuruana
2345 Centrosema brasilianum var. brasilianum 17528 Senna lechriosperma
2351 Bauhinia cheilantha 17559 Stylosanthes scabra
2354 Chamaecrista nictitans var. disadena 17576 Poincianella bracteosa
2378 Poincianella gardneriana 17754 Parkinsonia aculeata
2392 Chaetocalyx scandens var. pubescens 17953 Diptychandra aurantiaca subsp. epunctata
2397 Senna spectabilis var. excelsa 17517 Mimosa sensitiva var. sensitiva
2399 Crotalaria incana var. incana 17524 Piptadenia moniliformis
2400 Tephrosia purpurea subsp. purpurea 17577 Mimosa acutistipula var. acutistipula
2414 Dioclea grandiflora 17583 Piptadenia moniliformis
2575 Stylosanthes viscosa 17746 Amburana cearensis
2587 Amburana cearensis 17749 Anadenanthera colubrina var. cebil
2654 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 17752 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
2665 Stylosanthes viscosa 17957 Cratylia mollis
2667 Dioclea grandiflora
Bastos, B.C.
2668 Mimosa paraibana
422 Anadenanthera colubrina var. cebil
2669 Mimosa borboremae
425 Bauhinia aculeata
2672 Chamaecrista nictitans
429 Senna catingae
2678 Anadenanthera colubrina var. cebil
430 Mimosa ophthalmocentra
2683 Libidibia ferrea
438 Dioclea grandiflora
2691 Chamaecrista hispidula
452 Stylosanthes scabra
2717 Hymenaea courbaril var. courbaril
485 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
2891 Mimosa ophthalmocentra
486 Crotalaria holosericea
4665 Stylosanthes viscosa
521 Senna catingae
Barros, E.de O. 523 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
41 Canavalia dictyota 526 Chamaecrista hispidula
42 Senna occidentalis 527 Senna aversiflora
51 Indigofera suffruticosa 539 Mimosa arenosa var. arenosa
57 Senna spectabilis var. excelsa
Bautista, H.P.
67 Macroptilium lathyroides
26 Stylosanthes viscosa
83 Crotalaria incana var. incana
33 Andira fraxinifolia
96 Senna trachypus
428 Bauhinia acuruana
99 Stylosanthes capitata
724 Indigofera suffruticosa
113 Senna macranthera var. pudibunda
842 Senegalia langsdorffii
128 Bauhinia pulchella
843 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
136 Bauhinia cheilantha
846 Apuleia leiocarpa
138 Mimosa ophthalmocentra
848 Anadenanthera colubrina var. cebil
143 Mimosa ophthalmocentra
849 Pterogyne nitens
Barros, M. 851 Libidibia ferrea var. ferrea

809
856 Calliandra leptopoda 115 Albizia inundata
857 Aeschynomene martii 216 Macroptilium lathyroides
859 Pterocarpus zehntneri 339 Albizia polycephala
861 Phanera flexuosa 341 Hymenaea courbaril var. courbaril
866 Amburana cearensis 418 Senna spectabilis var. excelsa
870 Dalbergia cearensis 455 Zornia afranioi
875 Mimosa pigra var. pigra 510 Desmodium glabrum
880 Anadenanthera colubrina var. colubrina 526 Vigna peduncularis var. peduncularis
881 Luetzelburgia auriculata 527 Centrosema pascuorum
885 Cenostigma gardnerianum 546 Bauhinia cheilantha
890 Trischidium molle 557 Galactia jussiaeana var. jussiaeana
900 Chamaecrista repens var. multijuga
Bezerra-Loiola, M.I.
901 Galactia remansoana
173 Stylosanthes capitata
903 Aeschynomene martii
176 Mimosa filipes
907 Poincianella bracteosa
178 Galactia remansoana
908 Mimosa hexandra
180 Chamaecrista pascuorum
910 Pithecellobium diversifolium
190 Calliandra spinosa
923 Bauhinia aculeata
208 Anadenanthera colubrina var. cebil
929 Platymiscium pubescens subsp. zehntneri
215 Albizia inundata
932 Senna cana var. cana
218 Mimosa tenuiflora
1025 Crotalaria incana var. incana
220 Desmodium glabrum
1026 Aeschynomene mollicula var. mollicula
221 Desmodium glabrum
1064 Pseudopiptadenia contorta
223 Desmanthus pernambucanus
1101 Platymiscium floribundum var.
256 Inga vera subsp. affinis
obtusifolium
257 Lonchocarpus sericeus
1103 Parapiptadenia zehntneri
262 Senegalia polyphylla
1436 Luetzelburgia bahiensis
1449 Amburana cearensis Bianchetti, L.de A.
1459 Chamaecrista ramosa var. ramosa �������������������
725 Cratylia mollis
1514 Poincianella bracteosa
1515 Indigofera microcarpa Bitencourt, A.M.S.
1518 Copaifera rigida ������������������
22 Arachis dardani
3006 Plathymenia reticulata 26 Stylosanthes humilis
3034 Senna macranthera 33 Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa
3040 Peltophorum dubium var. dubium Blanchet, J.S.
3041 Poecilanthe ulei 2597 Mimosa cordistipula
3044 Senegalia bahiensis 2670 Pithecellobium diversifolium
3054 Crotalaria holosericea 2701 Piptadenia moniliformis
3084 Chamaecrista hispidula 2776 Blanchetiodendron blanchetii
3229 Chaetocalyx scandens var. pubescens 2784 Diptychandra aurantiaca subsp. epunctata
3236 Senna cana var. cana 2798 Cenostigma gardnerianum
3257 Libidibia ferrea 2825 Bauhinia acuruana
3287 Bauhinia brevipes 2833 Calliandra leptopoda
3453 Senna aversiflora 2850 Mimosa gemmulata var. adamantina
3635 Stylosanthes scabra 2851 Senna acuruensis
Belém, R.P. 2853 Phanera flexuosa
316 Chamaecrista belemii 2869 Mimosa verrucosa
2881 Copaifera coriacea
Bezerra, M. 2899 Piptadenia moniliformis
5 Mimosa arenosa var. arenosa 2912 Mimosa invisa var. invisa
11 Canavalia dictyota 3085 Dioclea marginata
3091 Copaifera coriacea
Bezerra, P.
3093 Chamaecrista belemii
82 Desmodium glabrum
3096 Hymenaea eriogyne
109 Sesbania exasperata

810
3099 Poeppigia procera 6 Poeppigia procera
3113 Copaifera langsdorffii 11 Chaetocalyx scandens var. pubescens
3136 Chloroleucon foliolosum 14 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
3144 Cenostigma gardnerianum 20 Bauhinia subclavata
3146 Poincianella laxiflora 32 Senna splendida
3150 Peltogyne pauciflora 33 Poeppigia procera
37 Trischidium molle
Bohrer, C.B.de A.
38 Centrosema virginianum
2 Senegalia bahiensis
39 Anadenanthera colubrina var. cebil
14 Coursetia rostrata
44 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
21 Mimosa cordistipula
46 Dioclea grandiflora
Borba, B. 54 Bauhinia aculeata
2036 Macroptilium martii 61 Senna uniflora
71 Desmanthus pernambucanus
Borba, E.L. 72 Senna macranthera
1826 Chamaecrista ramosa var. ramosa 79 Mimosa acutistipula var. acutistipula
1892 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 82 Parkinsonia aculeata
1903 Stylosanthes scabra 83 Stylosanthes scabra
1936 Periandra coccinea 89 Vigna peduncularis var. peduncularis
1998 Erythrina velutina 90 Mimosa tenuiflora
2181 Mimosa borboremae 91 Aeschynomene mollicula var. mollicula
2198 Centrosema brasilianum var. brasilianum 98 Bauhinia aculeata
Brazão, J.E.M. 101 Bauhinia aculeata
142 Piptadenia viridiflora 107 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
143 Mimosa gemmulata var. gemmulata 108 Crotalaria holosericea
226 Mimosa adenophylla 116 Canavalia brasiliensis
317 Senna splendida var. gloriosa 118 Senna rizzinii
331 Mimosa invisa var. invisa 120 Senna acuruensis
121 Piptadenia moniliformis
Bridgewater, S. 128 Mimosa arenosa var. arenosa
1027 Luetzelburgia auriculata 130 Mimosa sensitiva var. sensitiva
131 Senegalia bahiensis
Brito, H.S.
134 Chloroleucon foliolosum
288 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
141 Chamaecrista belemii
292 Amburana cearensis
157 Mimosa acutistipula var. acutistipula
Britto, K.B. 158 Bauhinia subclavata
50 Senna obtusifolia 165 Senna macranthera var. micans
51 Neptunia plena 175 Libidibia ferrea
194 Mimosa misera
Campelo, C.R. 225 Copaifera cearensis
1916 Poiretia punctata 226 Poincianella microphylla
1917 Rhynchosia minima var. minima 230 Albizia polycephala
1938 Chamaecrista rotundifolia 236 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
1944 Stylosanthes scabra 243 Peltophorum dubium var. dubium
2000 Tephrosia cinerea 249 Periandra coccinea
2070 Zollernia ilicifolia 253 Albizia polycephala
2138 Geoffroea spinosa 257 Poeppigia procera
2333 Desmodium glabrum 274 Albizia polycephala
Campos, G.L. 281 Phanera trichosepala
203 Albizia polycephala 306 Peltophorum dubium var. dubium
311 Goniorrhachis marginata
Cardoso, D. 322 Crotalaria holosericea
1 Dioclea grandiflora 351 Senegalia riparia
2 Senegalia bahiensis 360 Senna spectabilis var. excelsa
4 Senna rizzinii 371 Macroptilium erythroloma

811
382 Senegalia martiusiana 1746 Mimosa gemmulata var. adamantina
453 Senna cana var. cana 1784 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
462 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 1806 Poincianella pluviosa
466 Aeschynomene mollicula var. mollicula 1811 Piptadenia moniliformis
478 Poecilanthe ulei 1828 Bauhinia brevipes
492 Dioclea grandiflora 1845 Coursetia rostrata
510 Goniorrhachis marginata 1871 Bauhinia cacovia
527 Chamaecrista belemii 1918 Bauhinia forficata
550 Senegalia langsdorffii 1919 Mimosa tenuiflora
555 Indigofera suffruticosa 1921 Platymiscium floribundum var.
582 Senegalia riparia obtusifolium
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590 Hymenaea courbaril var. courbaril 1922 Samanea inopinata
727 Guibourtia hymenaeifolia 1939 Chloroleucon foliolosum
1961 Periandra coccinea
Carneiro, A.S.
2363 Machaerium hirtum
1 Macroptilium lathyroides
2405 Senegalia langsdorffii
3 Centrosema virginianum
2432 Platymiscium pubescens subsp. zehntneri
4 Aeschynomene mollicula var. mollicula
2720 Piptadenia viridiflora
8 Senna macranthera
2886 Mimosa campicola var. campicola
9 Senna macranthera
2897 Bauhinia pulchella
11 Bauhinia aculeata
2915 Periandra coccinea
12 Senna obtusifolia
2937 Senna cana var. cana
13 Desmanthus pernambucanus
3825 Libidibia ferrea var. ferrea
14 Senegalia bahiensis
3857 Vachellia farnesiana
21 Centrosema virginianum
3858 Desmanthus pernambucanus
22 Zornia myriadena
3864 Senna acuruensis
Carneiro-Torres, D. 3866 Poeppigia procera
21 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora 3869 Senna occidentalis
64 Periandra coccinea 3877 Pithecellobium diversifolium
89 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa 3882 Pithecellobium diversifolium
118 Coursetia rostrata 3923 Mimosa ophthalmocentra
242 Chaetocalyx scandens var. pubescens 3951 Piptadenia moniliformis
529 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora 3953 Piptadenia viridiflora
4582 Bauhinia forficata
Carvalho, A. 6245 Mimosa gemmulata var. adamantina
1 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 6422 Stylosanthes viscosa
5 Mimosa modesta 6925 Peltophorum dubium var. dubium
101 Bauhinia dubia 6957 Senna macranthera
109 Centrosema brasilianum var. brasilianum 6962 Phanera microstachya
118 Chamaecrista brevicalyx 6969 Senna macranthera
125 Libidibia ferrea 6993 Centrosema virginianum
145 Zornia brasiliensis var. brasiliensis 7029 Chamaecrista rotundifolia
148 Stylosanthes capitata
160 Mimosa somnians Carvalho, C.A.L.
1 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
Carvalho, A.M. 4 Copaifera rigida
1040 Mimosa lewisii 20 Senna spectabilis var. excelsa
1058 Andira fraxinifolia 76 Senegalia langsdorffii
1064 Stylosanthes viscosa 91 Erythrina velutina
1585 Senegalia bahiensis 101 Lonchocarpus campestris
1673 Cratylia bahiensis
1696 Poincianella laxiflora Carvalho, J.H.
1700 Chloroleucon foliolosum 486 Piptadenia stipulacea
1741 Copaifera langsdorffii 487 Mimosa acutistipula var. acutistipula
1745 Senna cana var. cana 627 Stylosanthes angustifolia

812
Carvalho, M.V.B.M.A 890 Piptadenia viridiflora
2 Mimosa tenuiflora 904 Dalbergia cearensis
15 Senegalia bahiensis 917 Phanera outimouta
17 Mimosa arenosa var. arenosa 927 Poeppigia procera
21 Parkinsonia aculeata 963 Senegalia riparia
35 Mimosa tenuiflora
Castro, I.F.
37 Libidibia ferrea
16 Galactia jussiaeana var. jussiaeana
39 Mimosa arenosa var. arenosa
61 Anadenanthera colubrina var. cebil Castro, R.M.
62 Geoffroea spinosa 114 Senegalia polyphylla
105 Piptadenia stipulacea 947 Hymenaea courbaril var. courbaril
116 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 950 Anadenanthera colubrina var. colubrina
131 Amburana cearensis 957 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
139 Senegalia bahiensis 964 Senna cana var. cana
178 Hymenaea martiana 974 Chamaecrista pascuorum
976 Mimosa gemmulata var. adamantina
Carvalho,P.D.
1030 Plathymenia reticulata
24 Plathymenia reticulata
1151 Phanera trichosepala
39 Periandra coccinea
1178 Anadenanthera colubrina var. cebil
Carvalho-Sobrinho, J.G.
Cavalcanti, F.S.
153 Zornia myriadena
35 Stylosanthes scabra
180 Senegalia bahiensis
503 Piptadenia stipulacea
211 Bauhinia cheilantha
617 Dioclea grandiflora
218 Poincianella bracteosa
621 Macroptilium panduratum
221 Anadenanthera colubrina var. cebil
625 Macroptilium bracteatum
224 Piptadenia stipulacea
640 Chamaecrista rotundifolia
226 Senna spectabilis var. excelsa
654 Chaetocalyx scandens var. pubescens
227 Senna macranthera var. pudibunda
658 Macroptilium lathyroides
230 Vigna peduncularis var. peduncularis
659 Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa
241 Senegalia langsdorffii
660 Poeppigia procera
317 Mimosa filipes
665 Peltophorum dubium var. dubium
495 Pterogyne nitens
668 Galactia striata
498 Senna uniflora
712 Platypodium elegans
499 Macroptilium bracteatum
715 Peltophorum dubium var. dubium
500 Anadenanthera colubrina var. colubrina
717 Dioclea grandiflora
503 Senna spectabilis var. excelsa
725 Mimosa verrucosa
515 Desmodium glabrum
729 Bauhinia cheilantha
Castro, A.J. 800 Calliandra umbellifera
83 Copaifera rigida s.n. EAC
3554 Copaifera langsdorffii
Castro, A.S.F
18515 Senna cearensis
727 Macroptilium martii
23172 Copaifera langsdorffii
736 Aeschynomene histrix
737 Bauhinia pulchella Cavalcanti, G.
744 Crotalaria holosericea 5 Calliandra leptopoda
747 Luetzelburgia auriculata 10 Dioclea grandiflora
751 Mimosa somnians 28 Poincianella bracteosa
819 Stylosanthes capitata 42 Calliandra depauperata
856 Amburana cearensis 59 Calliandra depauperata
861 Mimosa acutistipula var. acutistipula 62 Senegalia langsdorffii
866 Poecilanthe ulei 65 Cratylia mollis
870 Parapiptadenia zehntneri
Cavalcanti, T.B.
875 Piptadenia stipulacea
740 Centrosema brasilianum var. angustifolium
886 Chloroleucon dumosum

813
Celeste, B.C. 1160 Cenostigma gardnerianum
470 Indigofera suffruticosa 1161 Copaifera coriacea
1163 Piptadenia moniliformis
Cerqueira, J.
2213 Senna cana var. cana
10 Zornia sericea
2432 Senna cana var. cana
Chaves, E.M.F. 2520 Mimosa ulbrichiana
142 Senna lechriosperma
Conceição, A.S.
286 Senna trachypus
97 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
361 Senna lechriosperma
148 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
365 Bauhinia forficata
166 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
398 Poincianella bracteosa
243 Senegalia martiusiana
456 Senna macranthera var. pudibunda
260 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
498 Hymenaea courbaril var. courbaril
280 Chamaecrista pascuorum
Coelho, D.M. 281 Stylosanthes scabra
145 Dioclea grandiflora 284 Senna splendida
148 Chamaecrista belemii 286 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
257 Canavalia brasiliensis 291 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
269 Zornia brasiliensis var. brasiliensis 292 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
302 Macroptilium lathyroides 293 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
334 Centrosema brasilianum var. brasilianum 294 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
297 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
Coelho, J.P. 300 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
2063 Desmodium tortuosum 304 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
7890 Aeschynomene histrix 305 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
Colaço, M. 306 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
17 Poincianella microphylla 307 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
308 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
Collares, J.E.R. 315 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
144 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 317 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
168 Chamaecrista supplex 323 Chamaecrista nictitans var. disadena
195 Senna trachypus 327 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
200 Anadenanthera colubrina var. cebil 337 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
201 Bauhinia cheilantha 354 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
203 Parkinsonia aculeata 360 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
361 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
Conceição, A.A.
370 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
379 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
372 Chamaecrista pascuorum
960 Chamaecrista ramosa var. ramosa
373 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
1123 Senna spectabilis var. excelsa
387 Chamaecrista nictitans var. disadena
1124 Senna macranthera var. micans
406 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
1125 Senna acuruensis
407 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
1126 Senna rizzinii
408 Chamaecrista brevicalyx var. brevicalyx
1127 Senna macranthera var. pudibunda
414 Senna acuruensis
1128 Poeppigia procera
415 Chamaecrista brevicalyx
1129 Chamaecrista acosmifolia var. acosmifolia
426 Chamaecrista brevicalyx var. brevicalyx
1130 Senna uniflora
446 Chamaecrista zygophylloides var. colligans
1133 Chamaecrista eitenorum var. regana
473 Chamaecrista brevicalyx var. brevicalyx
1134 Senna catingae
474 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
1135 Senna cana var. cana
475 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
1136 Senna catingae
476 Senna splendida var. splendida
1151 Bauhinia cheilantha
482 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
1152 Poincianella bracteosa
491 Aeschynomene martii
1156 Piptadenia moniliformis
495 Poiretia punctata
1157 Anadenanthera colubrina var. cebil
498 Stylosanthes scabra

814
500 Chamaecrista zygophylloides var. colligans 2054 Cratylia mollis
534 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 2449 Bauhinia cheilantha
536 Chamaecrista nictitans 2480 Macroptilium martii
543 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 2496 Macroptilium bracteatum
545 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 2527 Macroptilium bracteatum
577 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 2566 Aeschynomene filosa
602 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 2597 Aeschynomene histrix
606 Chamaecrista desvauxii var. latifolia var. 2598 Centrosema brasilianum var. brasilianum
linearis 2922 Centrosema brasilianum var. brasilianum
663 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 2927 Centrosema virginianum
668 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia 2975 Aeschynomene histrix
674 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 3022 Dioclea lasiophylla
695 Chamaecrista hispidula 3059 Macroptilium lathyroides
702 Chamaecrista swainsonii 3062 Centrosema pascuorum
703 Senna splendida var. splendida 3079 Aeschynomene histrix
3112 Centrosema brasilianum var. brasilianum
Conceição, S.F.
3188 Centrosema rotundifolium
1 Mimosa arenosa var. arenosa
3224 Arachis dardani
2 Senegalia bahiensis
3247 Macroptilium martii
3 Parapiptadenia blanchetii
3253 Desmodium tortuosum
5 Bauhinia cheilantha
3256 Centrosema brasilianum var. brasilianum
36 Senna pendula
3264 Centrosema pascuorum
41 Canavalia dictyota
3282 Centrosema pascuorum
54 Senna aversiflora
3313 Centrosema pascuorum
71 Mimosa arenosa var. arenosa
3315 Centrosema brasilianum var. brasilianum
78 Mimosa arenosa var. arenosa
3344 Centrosema pascuorum
Coradin, L. 4447 Stylosanthes scabra
1156 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa 4459 Centrosema virginianum
1173 Chaetocalyx scandens var. pubescens 4535 Poiretia punctata
1182 Aeschynomene histrix 4545 Desmodium glabrum
1195 Periandra coccinea 4547 Macroptilium bracteatum
1215 Desmodium incanum 5813 Bauhinia pulchella
1219 Macroptilium lathyroides 5816 Bauhinia pulchella
1233 Chaetocalyx scandens var. pubescens 5871 Senna lechriosperma
1261 Macroptilium martii 5886 Aeschynomene histrix
1340 Chamaecrista hispidula 5890 Desmodium triflorum
1350 Mimosa arenosa var. arenosa 5984 Bauhinia pentandra
1370 Calliandra depauperata 6000 Centrosema virginianum
1375 Macroptilium panduratum 6064 Bauhinia pulchella
1422 Desmodium incanum 6237 Aeschynomene histrix
1428 Macroptilium lathyroides 6351 Bauhinia brevipes
1429 Macroptilium bracteatum 6594 Bauhinia subclavata
1431 Macroptilium bracteatum 6622 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
1444 Aeschynomene viscidula 7597 Bauhinia brevipes
1895 Macroptilium lathyroides 7622 Centrosema brasilianum var. brasilianum
1912 Centrosema pascuorum 7628 Centrosema brasilianum var. brasilianum
1931 Centrosema pascuorum 7631 Desmanthus pernambucanus
1946 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 7632 Dioclea lasiophylla
1967 Desmodium tortuosum 7650 Desmanthus pernambucanus
1969 Aeschynomene evenia var. evenia 7700 Macroptilium bracteatum
2002 Desmodium tortuosum 7702 Canavalia brasiliensis
2040 Cratylia mollis 7702 Centrosema virginianum
2048 Chaetocalyx scandens var. pubescens 7715 Desmodium incanum
2050 Macroptilium martii 7732 Centrosema virginianum
7734 Centrosema arenarium

815
7736 Centrosema brasilianum var. brasilianum 22 Piptadenia stipulacea
7738 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 23 Senegalia bahiensis
7761 Centrosema rotundifolium 28 Chloroleucon foliolosum
7768 Aeschynomene histrix 33 Piptadenia moniliformis
7786 Desmanthus pernambucanus 35 Anadenanthera colubrina var. cebil
7794 Galactia striata 40 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
7796 Centrosema brasilianum var. brasilianum 45 Bauhinia aculeata
7798 Centrosema brasilianum var. brasilianum 58 Senegalia piauhiensis
7800 Galactia striata 76 Senegalia bahiensis
7801 Calopogonium caeruleum 91 Senegalia piauhiensis
7803 Centrosema brasilianum var. brasilianum 92 Senna acuruensis
7825 Centrosema brasilianum var. brasilianum 105 Bauhinia cheilantha
7830 Galactia striata 123 Canavalia brasiliensis
7831 Galactia jussiaeana var. jussiaeana 126 Indigofera suffruticosa
7834 Centrosema brasilianum var. brasilianum 129 Chloroleucon foliolosum
7840 Centrosema brasilianum var. brasilianum 144 Pithecellobium diversifolium
7841 Centrosema brasilianum var. brasilianum 167 Mimosa tenuiflora
7845 Centrosema pascuorum 285 Mimosa tenuiflora
7846 Centrosema brasilianum var. brasilianum 294 Erythrina velutina
7852 Centrosema pascuorum 295 Bauhinia pentandra
7854 Centrosema brasilianum var. brasilianum
Correia, C.
7856 Centrosema pascuorum
12 Stylosanthes viscosa
7861 Cratylia mollis
22 Bauhinia brevipes
7875 Centrosema brasilianum var. brasilianum
59 Mimosa sensitiva var. sensitiva
7878 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
65 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
7886 Centrosema brasilianum var. brasilianum
68 Senna cana var. cana
7894 Centrosema brasilianum var. brasilianum
75 Mimosa pithecolobioides
7902 Chaetocalyx scandens var. pubescens
153 Senna macranthera
7904 Centrosema brasilianum var. brasilianum
156 Libidibia ferrea
8431 Chaetocalyx scandens var. pubescens
164 Trischidium molle
8513 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
170 Copaifera cearensis
8515 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
185 Senna rizzinii
8518 Senegalia langsdorffii
244 Bauhinia aculeata
8521 Trischidium molle
257 Pterogyne nitens
8534 Aeschynomene histrix
270 Senna cana var. cana
8544 Galactia striata
274 Cenostigma gardnerianum
8545 Phanera outimouta
8579 Machaerium acutifolium Correia, M.
8587 Centrolobium sclerophyllum 154 Senegalia polyphylla
8615 Aeschynomene martii 158 Dioclea violacea
8628 Bauhinia pulchella 182 Senna spectabilis var. excelsa
8636 Senegalia polyphylla 231 Senegalia martiusiana
8689 Piptadenia stipulacea 232 Chaetocalyx scandens var. pubescens
8690 Senegalia bahiensis 234 Senna macranthera var. micans
8691 Poecilanthe ulei 261 Senegalia riparia
8692 Canavalia brasiliensis 265 Senna rizzinii
275 Mimosa borboremae
Cordeiro, I.
288 Senegalia polyphylla
965 Mimosa filipes
300 Zapoteca portoricensis subsp. flavida
2235 Mimosa irrigua
354 Poiretia punctata
2236 Mysanthus uleanus var. uleanus
359 Desmodium tortuosum
Cordeiro, L.M. 367 Senna rizzinii
7 Piptadenia stipulacea 368 Chaetocalyx scandens var. pubescens
21 Parapiptadenia zehntneri 369 Periandra coccinea

816
433 Senna macranthera var. micans 427 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
436 Bauhinia subclavata 429 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
451 Senegalia polyphylla 436 Copaifera langsdorffii
439 Copaifera langsdorffii
Correia, S.J.
470 Peltogyne pauciflora
6 Senna macranthera var. micans
471 Goniorrhachis marginata
Costa, A.L. 831 Copaifera langsdorffii
214 Senna splendida var. gloriosa 832 Copaifera langsdorffii
225 Chamaecrista ramosa var. ramosa 853 Copaifera langsdorffii
282 Mimosa ursina 854 Copaifera langsdorffii
292 Mimosa hexandra 882 Copaifera rigida
594 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 905 Copaifera coriacea
997 Poincianella microphylla 1280 Copaifera langsdorffii
1021 Chamaecrista supplex 1281 Copaifera langsdorffii
1022 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 1282 Copaifera langsdorffii
1047 Senna uniflora 1819 Chamaecrista repens var. multijuga
1052 Mimosa ophthalmocentra
Costa, J.M.
1139 Piptadenia moniliformis
8 Chamaecrista serpens var. serpens
1310 Vachellia farnesiana
9 Stylosanthes viscosa
1325 Mimosa tenuiflora
28 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
1326 Mimosa tenuiflora
30 Mimosa verrucosa
1328 Mimosa arenosa var. arenosa
40 Senna trachypus
1332 Mimosa gemmulata var. gemmulata
42 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
1333 Mimosa ophthalmocentra
44 Senna trachypus
1340 Anadenanthera colubrina var. cebil
54 Chamaecrista serpens var. serpens
1342 Anadenanthera colubrina var. cebil
67 Luetzelburgia auriculata
1343 Anadenanthera colubrina var. cebil
75 Mimosa sensitiva var. sensitiva
1346 Anadenanthera colubrina var. cebil
83 Centrosema brasilianum var. brasilianum
1349 Piptadenia moniliformis
84 Mimosa verrucosa
1350 Piptadenia moniliformis
87 Plathymenia reticulata
1354 Piptadenia moniliformis
101 Senna reticulata
1355 Piptadenia moniliformis
105 Senna trachypus
1357 Piptadenia moniliformis
110 Plathymenia reticulata
1381 Piptadenia viridiflora
127 Piptadenia moniliformis
1496 Chamaecrista nictitans var. disadena
128 Piptadenia stipulacea
Costa, C.B.N. 170 Aeschynomene histrix
109 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 184 Stylosanthes angustifolia
112 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 190 Periandra coccinea
117 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 207 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
120 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora 293 Stylosanthes angustifolia
124 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora
Costa, T.A.B
125 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora
1 Senna macranthera
Costa, F.R. 2 Senna aversiflora
s.n. EAC: 18 Stylosanthes capitata
32765 Senna cearensis
Couto, A.P.L.
Costa, J. 77 Senna macranthera
359 Copaifera langsdorffii 81 Senegalia bahiensis
360 Copaifera langsdorffii
Crepaldi, I.C.
374 Copaifera langsdorffii
2 Erythrina velutina
395 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
3 Albizia polycephala
396 Poincianella microphylla
9 Senegalia bahiensis
408 Copaifera cearensis
420 Goniorrhachis marginata Cruz, D.T.

817
15 Senna spectabilis var. excelsa 143 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
203 Senna obtusifolia
Cruz, N.R.S.
285 Chamaecrista swainsonii
1 Diptychandra aurantiaca subsp. epunctata
296 Senna aversiflora
3 Poincianella bracteosa
346 Calopogonium caeruleum
5 Piptadenia moniliformis
348 Calopogonium caeruleum
6 Piptadenia viridiflora
356 Bauhinia cheilantha
8 Plathymenia reticulata
439 Senna aversiflora
Curran, H.M. 506 Senna aversiflora
28 Chloroleucon dumosum 556 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
700 Senna alata
Dornelas, N.F. 763 Chloroleucon dumosum
31 Senna macranthera 843 Erythrina velutina
Duarte, A.P. 1102 Libidibia ferrea
14129 Cratylia mollis 1129 Goniorrhachis marginata

Ducke, A. Farias, R.R.


1042 Cratylia mollis 491 Centrosema arenarium
2348 Platymiscium floribundum var. 492 Chamaecrista hispidula
obtusifolium 493 Mimosa nothopteris
2389 Bauhinia forficata 502 Indigofera suffruticosa
2446 Copaifera cearensis var. cearensis 510 Chamaecrista nictitans
2542 Mimosa paraibana 512 Stylosanthes angustifolia
518 Poincianella bracteosa
Dultra, E. 535 Vigna peduncularis var. peduncularis
57 Senna spectabilis var. excelsa
Félix, L.P.
Dutra, E.de A. s.n. HST:
3 Chamaecrista serpens var. serpens 5153 Mimosa ursina
4 Galactia jussiaeana var. jussiaeana 5165 Senegalia martiusiana
6 Desmanthus pernambucanus 5167 Chamaecrista belemii
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7 Tephrosia purpurea subsp. purpurea 5168 Erythrostemon calycina
8 Macroptilium lathyroides 5173 Mimosa arenosa var. arenosa
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11 Galactia striata 5204 Bauhinia cacovia
12 Crotalaria holosericea 5214 Peltophorum dubium var. dubium
18 Indigofera suffruticosa 5269 Senegalia bahiensis
19 Sesbania virgata 5342 Centrosema arenarium
20 Senna alata 5343 Crotalaria holosericea
23 Desmodium tortuosum 5373 Macroptilium martii
25 Canavalia brasiliensis 5377 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
29 Anadenanthera colubrina var. cebil 5663 Chamaecrista belemii
37 Chaetocalyx scandens var. pubescens 6631 Mimosa paraibana
39 Bauhinia cheilantha 6733 Senna lechriosperma
40 Macroptilium bracteatum 6791 Chamaecrista rotundifolia
47 Vachellia farnesiana 6864 Stylosanthes viscosa
50 Peltophorum dubium var. dubium 7069 Anadenanthera colubrina var. cebil
7122 Phanera microstachya
Eiten, G.
7410 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
10839 Chamaecrista eitenorum var. eitenorum
7444 Chamaecrista brevicalyx var. brevicalyx
Faria, E.de 7749 Chamaecrista calycioides var. calycioides
1 Mimosa arenosa var. arenosa 7786 Senna trachypus
7778 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora
Farias, L.S.S. 7823 Senna lechriosperma
in GPC: 7825 Calliandra umbellifera
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2 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 7827 Poincianella bracteosa
87 Senna obtusifolia

818
7828 Bauhinia pulchella 520 Trischidium molle
7863 Bauhinia dubia 521 Piptadenia moniliformis
7864 Senna trachypus 592 Cratylia mollis
7867 Senna lechriosperma 593 Piptadenia moniliformis
7871 Chamaecrista pascuorum 595 Poincianella microphylla
7904 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 606 Anadenanthera colubrina var. cebil
7928 Bauhinia brevipes 1121 Chamaecrista ramosa var. ramosa
7943 Hymenaea velutina 1181 Anadenanthera colubrina var. cebil
8184 Aeschynomene evenia var. evenia 1245 Neptunia plena
8191 Mimosa caesalpiniifolia 1251 Anadenanthera colubrina var. cebil
8294 Cratylia mollis 1253 Pterocarpus zehntneri
9340 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia 1261 Copaifera coriacea
1268 Mimosa ulbrichiana
Fernandes, A.
1269 Chamaecrista ramosa var. ramosa
s.n. EAC:
1277 Bauhinia pulchella
2806 Chamaecrista pascuorum
1280 Copaifera langsdorffii
3030 Cenostigma gardnerianum
1288 Mimosa irrigua
6099 Chamaecrista serpens var. serpens
1290 Apuleia leiocarpa
11800 Copaifera rigida
1296 Senegalia polyphylla
12007 Senna rizzinii
1885 Anadenanthera colubrina var. colubrina
12127 Chamaecrista ramosa var. ramosa
13766 Poecilanthe grandiflora Figueiredo, M.A.
14151 Senna macranthera var. micans 24 Anadenanthera colubrina var. cebil
15266 Poincianella bracteosa 29 Indigofera blanchetiana
16109 Poincianella gardneriana 37 Chamaecrista belemii
17048 Copaifera cearensis var. cearensis 43 Tephrosia cinerea
17589 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 59 Bauhinia cheilantha
18443 Chamaecrista calycioides var. calycioides 63 Poincianella bracteosa
20295 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia 65 Mimosa caesalpiniifolia
30930 Lonchocarpus sericeus 78 Chamaecrista supplex
134 Dalbergia cearensis
Fernandes, I.M.
138 Poeppigia procera
1 Chamaecrista nictitans
148 Senna gardneri
Ferraz, E.M.N. 181 Parapiptadenia zehntneri
310 Plathymenia reticulata 219 Chamaecrista hispidula
420 Albizia polycephala 235 Chaetocalyx scandens var. pubescens
460 Senna aversiflora 250 Galactia jussiaeana var. jussiaeana
604 Albizia polycephala 252 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
671 Libidibia ferrea var. ferrea 258 Chamaecrista hispidula
675 Cassia ferruginea var. ferruginea 271 Peltogyne pauciflora
686 Albizia polycephala 286 Piptadenia stipulacea
289 Bauhinia cheilantha
Ferraz, J. 293 Trischidium molle
1 Anadenanthera colubrina var. cebil 306 Bauhinia cheilantha
5 Erythrina velutina 312 Copaifera langsdorffii
7 Parapiptadenia zehntneri 321 Piptadenia stipulacea
12 Lonchocarpus sericeus 325 Poincianella bracteosa
19 Anadenanthera colubrina var. cebil 327 Senna macranthera
22 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 329 Lonchocarpus araripensis
23 Parkinsonia aculeata 338 Senna macranthera
26 Mimosa tenuiflora 341 Macroptilium lathyroides
33 Geoffroea spinosa 346 Senna rizzinii
34 Lonchocarpus sericeus 347 Galactia striata
Ferreira, M.C. 349 Bauhinia pentandra
62 Platypodium elegans 351 Luetzelburgia auriculata

819
356 Mimosa tenuiflora 320 Senna spectabilis var. excelsa
360 Chloroleucon dumosum 334 Chamaecrista ramosa var. ramosa
362 Libidibia ferrea 394 Piptadenia moniliformis
370 Senna trachypus
Forzza, R.C.
371 Amburana cearensis
1245 Piptadenia moniliformis
373 Aeschynomene monteiroi
1404 Mimosa irrigua
383 Senna trachypus
399 Mimosa tenuiflora França, A.R.
402 Bauhinia pulchella 115 Chamaecrista eitenorum
407 Lonchocarpus araripensis
423 Albizia polycephala França, F.
430 Mimosa invisa var. invisa 966 Bauhinia pulchella
440 Amburana cearensis 1059 Senna macranthera
459 Mimosa tenuiflora 1060 Canavalia brasiliensis
460 Libidibia ferrea 1069 Zornia myriadena
461 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 1071 Senegalia bahiensis
568 Senna obtusifolia 1107 Chamaecrista zygophylloides var. colligans
570 Senna uniflora 1195 Senna cana var. cana
589 Chamaecrista supplex 1216 Senna alata
594 Senna macranthera var. pudibunda 1247 Pseudopiptadenia brenanii
598 Platymiscium floribundum var. 1276 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
obtusifolium 1307 Bauhinia pulchella
604 Canavalia dictyota 1421 Centrosema brasilianum var. angustifolium
609 Libidibia ferrea var. ferrea 1422 Chaetocalyx scandens var. pubescens
613 Poincianella bracteosa 1423 Senna spectabilis var. excelsa
631 Bauhinia cheilantha 1425 Dioclea grandiflora
684 Bauhinia cheilantha 1426 Anadenanthera colubrina var. cebil
925 Parapiptadenia zehntneri 1427 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
926 Senegalia polyphylla 1430 Senna macranthera
5657 Lonchocarpus araripensis 1469 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
1473 Centrosema brasilianum var. brasilianum
Figueroa, L.E. 1475 Crotalaria holosericea
15 Desmodium incanum 1481 Peltogyne pauciflora
85 Senna macranthera 1495 Anadenanthera colubrina var. cebil
1531 Centrosema brasilianum var. angustifolium
Fonseca, M.L.
1598a Senna macranthera var. micans
967 Senegalia langsdorffii
1602 Stylosanthes viscosa
3661 Samanea inopinata
1606 Indigofera suffruticosa
Fonseca, M.R. 1613 Stylosanthes viscosa
1266 Chamaecrista nictitans 1628 Mimosa arenosa var. arenosa
1278 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 1629 Bauhinia subclavata
1280 Bauhinia cheilantha 1723 Poecilanthe ulei
1282 Zornia sericea 1731 Aeschynomene evenia var. evenia
1285 Zornia harmsiana 1735 Mimosa pudica var. tetrandra
1302 Anadenanthera colubrina var. cebil 1775 Macroptilium lathyroides
1316 Anadenanthera colubrina var. cebil 1780 Luetzelburgia andrade-limae
1333 Libidibia ferrea 1810 Mimosa tenuiflora
1334 Bauhinia cheilantha 1820 Senegalia bahiensis
1344 Galactia remansoana 1834 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
1351 Zornia latifolia var. latifolia 1855 Goniorrhachis marginata
1362 Bauhinia aculeata 1862 Bauhinia subclavata
1363 Anadenanthera colubrina var. cebil 1882 Rhynchosia minima var. minima
1372 Amburana cearensis 1887 Desmodium tortuosum
1922 Bauhinia subclavata
Fonseca, W.N.da
1955 Poeppigia procera

820
1959 Canavalia brasiliensis 3779 Luetzelburgia andrade-limae
1972 Neptunia plena 3794 Senegalia riparia
1981 Mimosa pudica var. tetrandra 3797 Senna uniflora
2014 Mimosa pudica var. tetrandra 3799 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
2120 Crotalaria holosericea 3804 Cenostigma gardnerianum
2124 Chamaecrista belemii 3810 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
2152 Dioclea grandiflora 3830 Piptadenia moniliformis
2157 Bauhinia subclavata 3844 Poecilanthe subcordata
2164 Rhynchosia minima var. minima 3846 Bauhinia acuruana
2181 Mimosa gemmulata var. adamantina 3848 Platypodium elegans
2184 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa 3857 Desmodium glabrum
2262 Mimosa acutistipula var. acutistipula 3865 Mimosa exalbescens
2318 Chaetocalyx scandens var. pubescens 3889 Inga vera subsp. affinis
2321 Vigna peduncularis var. peduncularis 3900 Mimosa pigra var. pigra
2352 Vigna peduncularis var. peduncularis 4005 Senegalia martiusiana
2398 Chamaecrista belemii 4095 Bauhinia acuruana
2411 Zornia myriadena 4162 Senegalia riparia
2429 Mimosa gemmulata var. adamantina 4193 Erythrostemon calycina
2444 Chamaecrista acosmifolia var. acosmifolia 4195 Senna aversiflora
2461 Mimosa pigra var. pigra 4320 Senegalia martiusiana
2666 Chamaecrista belemii 4670 Senna acuruensis
2746 Poecilanthe ulei 4674 Copaifera langsdorffii
2778 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 4679 Senna acuruensis
2787 Stylosanthes viscosa 4680 Senegalia langsdorffii
2838 Bauhinia acuruana 4683 Senegalia langsdorffii
2853 Mimosa gemmulata var. adamantina 4701 Senegalia riparia
2855 Chamaecrista acosmifolia var. acosmifolia 4706 Senegalia bahiensis
2857 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 4718 Coursetia rostrata
2903 Cratylia mollis 4725 Cratylia mollis
2908 Coursetia rostrata 4775 Senna catingae
2915 Senna martiana 5146 Dioclea grandiflora
2919 Poincianella microphylla
Franco, E.A.
2921 Luetzelburgia auriculata
64 Senna alata
3098 Chamaecrista ramosa var. ramosa
66 Libidibia ferrea
3113 Sesbania exasperata
159 Phanera flexuosa
3152 Senna macranthera
164 Senna occidentalis
3267 Mimosa pigra var. pigra
188 Phanera trichosepala
3279 Cenostigma gardnerianum
3283 Senna cana var. cana Freire-Fierro, A.
3284 Cenostigma gardnerianum 1991 Peltogyne pauciflora
3285 Periandra coccinea 1993 Senna martiana
3331 Senegalia polyphylla
3485 Peltogyne pauciflora Funch, L.S.
3491 Senna catingae 136 Senna cana var. cana
3524 Peltophorum dubium var. dubium 138 Senna cana var. cana
3525 Desmodium glabrum 143 Chamaecrista eitenorum var. regana
3563 Calopogonium caeruleum 149 Stylosanthes viscosa
3564 Tephrosia purpurea subsp. purpurea 154 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
3566 Bauhinia pentandra 161 Anadenanthera colubrina var. colubrina
3570 Copaifera rigida 165 Mimosa arenosa var. arenosa
3605 Senna cana var. cana 166 Dioclea grandiflora
3749 Anadenanthera colubrina var. cebil 169 Macroptilium bracteatum
3752 Mimosa gemmulata var. adamantina 432 Andira fraxinifolia
3756 Mimosa gemmulata var. adamantina 742 Copaifera langsdorffii
3769 Cratylia bahiensis 1112 Piptadenia irwinii var. irwinii

821
1601 Mimosa lewisii 407 Mimosa irrigua
507 Mimosa irrigua
Funch, R.
689 Cratylia bahiensis
1 Plathymenia reticulata
696 Senna spectabilis var. excelsa
6 Senna macranthera
718 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
16 Chamaecrista repens var. multijuga
747 Mimosa irrigua
26 Zornia gemella
825 Mimosa cordistipula
44 Aeschynomene evenia var. evenia
833 Chamaecrista desvauxii var. latifolia var.
45 Chamaecrista barbata
linearis
46 Senna spectabilis var. excelsa
865 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
60 Periandra coccinea
952 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
70 Senna spectabilis var. excelsa
983 Senegalia riparia
75 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
984 Chaetocalyx scandens var. pubescens
82 Mimosa acutistipula var. acutistipula
1067 Pseudopiptadenia contorta
84 Machaerium hirtum
1069 Platymiscium floribundum var.
90 Senna rizzinii
obtusifolium
93 Stylosanthes viscosa
1120 Platymiscium floribundum var.
95 Senegalia riparia
obtusifolium
96 Senna acuruensis
1123 Chloroleucon foliolosum
109 Crotalaria holosericea
1165 Chloroleucon foliolosum
121 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
1168 Senegalia monacantha
Furlan, A. 1171 Senna catingae
690 Mimosa pithecolobioides 1172 Platymiscium floribundum var.
obtusifolium
Gadelha-Neto, P.C. 1173 Coursetia rostrata
336 Neptunia plena 1176 Poincianella pluviosa var. intermedia
581 Vigna peduncularis var. peduncularis 1177 Bauhinia aculeata
730 Centrosema virginianum 1178 Apuleia leiocarpa
914 Neptunia plena 1231 Apuleia leiocarpa
938 Neptunia plena 1316 Lonchocarpus araripensis
967 Stylosanthes viscosa 1381 Plathymenia reticulata
1080 Desmodium glabrum 1536 Poiretia punctata
1178 Chamaecrista serpens var. serpens 1552 Centrosema arenarium
1182 Vigna peduncularis var. peduncularis 1556 Chamaecrista zygophylloides var. colligans
Galeotti, H. 1585 Copaifera langsdorffii
184 Copaifera langsdorffii 1601 Anadenanthera colubrina var. cebil
1643 Chamaecrista ramosa var. ramosa
Gallindo, F. 1671 Pseudopiptadenia contorta
s.n. IPA: 1746 Zornia gemella
60347 Mimosa ophthalmocentra 1754 Phanera trichosepala
60348 Mimosa tenuiflora 1845 Copaifera langsdorffii
1904 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
Ganev, W.
1959 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
2 Chamaecrista brevicalyx var. brevicalyx
2041 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora
3 Senna splendida var. gloriosa
2128 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
5 Periandra coccinea
2191 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
92 Bauhinia pulchella
2223 Poecilanthe grandiflora
106 Chamaecrista ramosa var. ramosa
2236 Plathymenia reticulata
137 Centrosema brasilianum var. brasilianum
2346 Zornia sericea
219 Cratylia bahiensis
2428 Anadenanthera colubrina var. colubrina
237 Mysanthus uleanus var. uleanus
2506 Anadenanthera colubrina var. colubrina
238 Chamaecrista ramosa var. ramosa
2536 Centrosema brasilianum var. brasilianum
308 Mimosa irrigua
2557 Copaifera langsdorffii
318 Cratylia bahiensis
2666 Anadenanthera colubrina var. colubrina
401 Coursetia rostrata
2702 Chamaecrista zygophylloides var. colligans

822
2802 Senna macranthera var. micans 2124 Senna lechriosperma
2805 Poiretia punctata 2125 Chamaecrista tenuisepala
2808 Senna cana var. cana 2127 Chamaecrista repens var. multijuga
2809 Senegalia polyphylla 2131 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
2818 Chamaecrista brevicalyx var. brevicalyx 2134 Mimosa misera
2843 Mimosa irrigua 2136 Mimosa verrucosa
2864 Copaifera langsdorffii 2137 Mimosa caesalpiniifolia
2867 Chamaecrista zygophylloides var. colligans 2139 Piptadenia moniliformis
2878 Senna macranthera var. micans 2144 Poincianella bracteosa
2881 Senegalia polyphylla 2146 Poincianella bracteosa
2914 Copaifera langsdorffii 2147 Libidibia ferrea var. ferrea
2962 Anadenanthera colubrina var. colubrina 2148 Poincianella gardneriana
2969 Piptadenia viridiflora 2149 Martiodendron mediterraneum
2979 Peltophorum dubium var. dubium 2154 Bauhinia subclavata
2982 Apuleia leiocarpa 2156 Bauhinia pentandra
3086 Stylosanthes capitata 2157 Phanera flexuosa
3087 Bauhinia pulchella 2523 Cenostigma gardnerianum
3120 Senna cana var. cana 2533 Hymenaea martiana
3121 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 2554 Pithecellobium diversifolium
3149 Chamaecrista ramosa var. ramosa 2558 Piptadenia viridiflora
3155 Copaifera langsdorffii 2828 Chamaecrista desvauxii var. latifolia var.
3206 Chamaecrista ramosa var. ramosa linearis
3250 Mimosa irrigua
Gasson, P.
3260 Mimosa gemmulata var. adamantina
6024 Bauhinia aculeata
3272 Plathymenia reticulata
6209 Chamaecrista eitenorum var. eitenorum
3285 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
3312 Macroptilium erythroloma Gentry, A.
3353 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 50032 Copaifera langsdorffii
3359 Bauhinia pulchella 50042 Machaerium acutifolium
3426 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 50071 Piptadenia moniliformis
3452 Senna macranthera var. micans 50084 Anadenanthera colubrina var. cebil
3462 Centrolobium sclerophyllum 50107 Pterogyne nitens
3482 Mimosa irrigua 50126 Poeppigia procera
3499 Senegalia riparia 50165 Cassia ferruginea var. ferruginea
3587 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 50173 Centrosema arenarium
Gardner, G. Giulietti, A.M.
978 Piptadenia stipulacea 4 Senegalia bahiensis
985 Inga vera subsp. affinis 8 Erythrina velutina
1276 Libidibia ferrea 1301 Coursetia rostrata
1277 Libidibia ferrea var. ferrea 1459 Apuleia leiocarpa
1565 Bauhinia pentandra 1516 Periandra coccinea
1568 Senna rizzinii 1574 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
1572 Chamaecrista repens var. multijuga 1584 Chamaecrista zygophylloides
1581 Calliandra umbellifera 1612 Senegalia piauhiensis
1589 Plathymenia reticulata 1616 Aeschynomene martii
1929 Copaifera langsdorffii 1619 Mysanthus uleanus var. uleanus
1934 Libidibia ferrea var. ferrea 1622 Chamaecrista fagonioides var. macrocalyx
1939 Pterogyne nitens 1711 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
1940 Senegalia polyphylla 1714 Poeppigia procera
1943 Piptadenia stipulacea 1724 Pithecellobium diversifolium
1946 Chloroleucon dumosum 1732 Piptadenia moniliformis
2119 Senna trachypus 1739 Copaifera rigida
2122 Chamaecrista brevicalyx var. brevicalyx 1745 Poincianella microphylla
2123 Senna gardneri 1748 Cratylia mollis

823
1773 Mimosa ophthalmocentra 2970 Senna macranthera var. pudibunda
1776 Bauhinia cheilantha 2971 Senna gardneri
1782 Senna martiana 2977 Peltogyne pauciflora
1796 Senegalia langsdorffii 2984 Mimosa xiquexiquensis
1803 Mimosa acutistipula var. acutistipula 5101 Poeppigia procera
1825 Lonchocarpus sericeus 5508 Goniorrhachis marginata
1828 Poecilanthe ulei 6074 Hymenaea martiana
1844 Chloroleucon foliolosum 6129 Calliandra spinosa
1862 Mimosa acutistipula var. acutistipula
Glaziou, A.
1864 Crotalaria holosericea
5924 Copaifera langsdorffii
1877 Centrosema arenarium
12619 Chamaecrista zygophylloides var.
1891 Peltogyne pauciflora
zygophylloides
1893 Mimosa gemmulata var. adamantina
21027 Copaifera langsdorffii
1894 Mimosa sensitiva var. sensitiva
21028 Copaifera langsdorffii
1898 Plathymenia reticulata
1923 Machaerium hirtum Gomes, A.P.S.
1974 Mimosa gemmulata var. adamantina 140 Chloroleucon foliolosum
1978 Senegalia martiusiana 153 Mimosa tenuiflora
1979 Poincianella pluviosa var. sanfranciscana 657 Anadenanthera colubrina var. cebil
1982 Mimosa gemmulata var. adamantina
1984 Senna acuruensis Gomes, D.J.
1985 Mimosa gemmulata var. adamantina 10 Neptunia plena
2003 Senna cana var. cana 11 Indigofera microcarpa
2009 Peltogyne pauciflora 41 Senna alata
2014 Senegalia riparia 46 Neptunia plena
2019 Copaifera langsdorffii 48 Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa
2020 Bauhinia pulchella Gomes, J.C.
2022 Mimosa invisa var. invisa 1247 Senna lechriosperma
2024 Mimosa gemmulata var. adamantina
2028 Senna acuruensis Gonçalves, L.M.C.
2030 Chamaecrista brevicalyx var. brevicalyx 209 Calliandra macrocalyx var. aucta
2045 Erythrostemon calycina
Gonzaga, L.P.
2048 Chamaecrista brevicalyx
7 Cratylia mollis
2054 Bauhinia forficata
2056 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa Groppo Jr., M.
2059 Mimosa arenosa var. arenosa 709 Anadenanthera colubrina var. cebil
2060 Senegalia tenuifolia 711 Senna spectabilis var. excelsa
2061 Senegalia riparia 716 Senegalia langsdorffii
2062 Senna acuruensis 737 Bauhinia pulchella
2066 Canavalia dictyota 738 Mimosa gemmulata var. adamantina
2075 Mimosa adenophylla 757 Senna cana var. cana
2077 Senna spectabilis var. excelsa 789 Senegalia riparia
2078 Senegalia velutina 1062 Senegalia martiusiana
2080 Chamaecrista acosmifolia var. acosmifolia
2082 Phanera trichosepala Gross, E.
2233 Centrosema pascuorum 12 Mimosa cordistipula
2286 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 15 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
2344 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa 17 Centrosema brasilianum var. brasilianum
2433 Coursetia rostrata 29 Mimosa acutistipula var. acutistipula
in CFCR: 30 Mimosa tenuiflora
14644 Chaetocalyx scandens var. pubescens 47 Desmanthus pernambucanus
in PCD: 48 Rhynchosia minima var. minima
2273 Mimosa gemmulata var. adamantina 49 Macroptilium lathyroides
2286 Bauhinia acuruana Guedes, M.L.S.
2687 Senna macranthera

824
260 Dioclea lasiophylla 7929 Hymenaea eriogyne
552 Anadenanthera colubrina var. cebil 7934 Mimosa gemmulata var. adamantina
662 Mimosa lewisii 7935 Piptadenia stipulacea
854 Lonchocarpus araripensis 7939 Bauhinia acuruana
2034 Plathymenia reticulata 7942 Bauhinia pentandra
2725 Mimosa gemmulata var. adamantina 7953 Poiretia punctata
3236 Chamaecrista swainsonii 7956 Senegalia riparia
5080 Macroptilium martii 7957 Trischidium molle
5081 Poecilanthe ulei 7961 Mimosa irrigua
5156 Andira vermifuga 7966 Mysanthus uleanus var. uleanus
6796 Bauhinia dubia 8167 Blanchetiodendron blanchetii
6990 Dalbergia cearensis 8181 Chamaecrista barbata
6991 Phanera flexuosa 8182 Chamaecrista belemii
6993 Senna macranthera var. pudibunda in PCD:
6995 Mimosa verrucosa 357 Canavalia brasiliensis
6996 Piptadenia moniliformis 364 Andira fraxinifolia
6997 Poeppigia procera 600 Stylosanthes viscosa
6999 Mimosa filipes 1444 Plathymenia reticulata
7000 Poincianella microphylla 2058 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
7018 Bauhinia cheilantha 2584 Senna macranthera var. striata
7021 Piptadenia viridiflora 2857 Peltophorum dubium var. dubium
7051 Acosmium fallax 2863 Plathymenia reticulata
7175 Mimosa ophthalmocentra 2869 Senna acuruensis
7296 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 2871 Hymenaea velutina
7303 Senna martiana 2901 Phanera trichosepala
7315 Mimosa ophthalmocentra 3026 Mimosa ulbrichiana
7318 Senegalia piauhiensis 3034 Mysanthus uleanus var. uleanus
7328 Chamaecrista nictitans 3042 Chamaecrista swainsonii
7345 Senegalia tenuifolia 3068 Neptunia plena
7775 Bauhinia pentandra 3079 Mimosa verrucosa
7778 Anadenanthera colubrina var. cebil 3080 Mimosa brevipinna
7779 Piptadenia moniliformis 5161 Mimosa ursina
7780 Senegalia piauhiensis 5280 Poincianella pluviosa var. sanfranciscana
7783 Anadenanthera colubrina var. cebil 5298 Cratylia bahiensis
7787 Senna spectabilis var. excelsa 5330 Mimosa gemmulata var. adamantina
7794 Bauhinia acuruana 5425 Hymenaea martiana
7834 Phanera flexuosa 5589 Senna macranthera
7837 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
Guimarães, F.
7839 Senegalia piauhiensis
1 Senna macranthera
7843 Phanera flexuosa
3 Senna spectabilis var. excelsa
7847 Cenostigma gardnerianum
7849 Anadenanthera colubrina var. cebil Hage, J.L.
7853 Discolobium hirtum 2266 Anadenanthera colubrina var. cebil
7862 Mimosa tenuiflora 2275 Parapiptadenia blanchetii
7864 Bauhinia pulchella 2286 Piptadenia moniliformis
7897 Poincianella bracteosa
7898 Bauhinia subclavata Harley, R.M.
7900 Bauhinia pentandra 14109 Indigofera suffruticosa
7901 Hymenaea eriogyne 15020 Senna harleyi
7902 Senegalia piauhiensis 16785 Chamaecrista brevicalyx var. elliptica
7905 Anadenanthera colubrina var. cebil 19117 Mimosa glaucula
7908 Calliandra depauperata 19123 Chamaecrista cuprea
7909 Mimosa ophthalmocentra 21346 Pseudopiptadenia brenanii
7917 Senegalia riparia 24326 Poincianella pluviosa var. intermedia
7928 Hymenaea courbaril var. courbaril 24608 Senna macranthera var. micans

825
26289 Mimosa filipes 54183 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
26439 Senegalia monacantha 54186 Amburana cearensis
26448 Crotalaria holosericea 54278 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
27123 Acosmium fallax 54279 Senegalia bahiensis
27823 Senegalia riparia 54280 Piptadenia stipulacea
27855 Blanchetiodendron blanchetii 54281 Anadenanthera colubrina var. cebil
27856 Mimosa irrigua 54288 Bauhinia cheilantha
28252 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 54292 Tephrosia cinerea
28257 Senegalia langsdorffii 54294 Senegalia piauhiensis
28354 Senegalia langsdorffii 54299 Dioclea grandiflora
28467 Stylosanthes angustifolia 54321 Calliandra depauperata
28622 Phanera trichosepala 54327 Senna macranthera var. pudibunda
50106 Bauhinia pulchella 54330 Aeschynomene viscidula
50497 Poeppigia procera 54331 Mimosa xiquexiquensis
50529 Anadenanthera colubrina var. colubrina 54332 Aeschynomene martii
50673 Chamaecrista pascuorum 54339 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
50678 Mimosa filipes 54340 Senna gardneri
53452 Senna cana var. cana 54342 Copaifera coriacea
53465 Amburana cearensis 54343 Trischidium molle
53478 Pterogyne nitens 54344 Mimosa verrucosa
53481 Senegalia kallunkiae 54345 Cratylia mollis
53520 Coursetia rostrata 54347 Hymenaea velutina
53582 Stylosanthes scabra 54361 Bauhinia cheilantha
53606 Chamaecrista pascuorum 54364 Poincianella bracteosa
53608 Cratylia bahiensis 54368 Mimosa acutistipula var. acutistipula
53645 Chamaecrista brevicalyx 54369 Diptychandra aurantiaca subsp. epunctata
53676 Macroptilium martii 54371 Dioclea violacea
53711 Macroptilium erythroloma 54373 Platypodium elegans
53723 Piptadenia moniliformis 54375 Senegalia langsdorffii
53737 Bauhinia dubia 54376 Senna spectabilis var. excelsa
53751 Copaifera langsdorffii 54377 Anadenanthera colubrina var. cebil
53775 Hymenaea martiana 54378 Piptadenia stipulacea
53778 Centrosema rotundifolium 54379 Dioclea grandiflora
53780 Macroptilium lathyroides 54380 Hymenaea courbaril var. courbaril
53782 Phanera trichosepala 54381 Amburana cearensis
53790 Chaetocalyx scandens var. pubescens 54418 Calopogonium caeruleum
53796 Indigofera blanchetiana 54434 Senna splendida var. gloriosa
53800 Platymiscium floribundum var. 54435 Senna acuruensis
obtusifolium 54457 Poincianella laxiflora
53860 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 54463 Senna macranthera var. micans
53893 Bauhinia pulchella 54522 Anadenanthera colubrina var. cebil
����������������������������������
53927 Pithecellobium diversifolium 54554 Albizia polycephala
53945 Vachellia farnesiana 54597 Canavalia dictyota
53947 Erythrostemon calycina 54647 Chloroleucon foliolosum
����������������������������
53988 Senegalia langsdorffii 54670 Chloroleucon foliolosum
54031 Chamaecrista fagonioides var. macrocalyx 54686 Senegalia monacantha
54032 Senegalia piauhiensis 54689 Senna catingae
54033 Piptadenia viridiflora 54737 Poeppigia procera
54037 Luetzelburgia auriculata 54768 Pseudopiptadenia brenanii
54049 Diptychandra aurantiaca subsp. epunctata 54779 Goniorrhachis marginata
54118 Bauhinia cheilantha 54800 Aeschynomene martii
54133 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 54823 Poiretia punctata
54139 Mimosa caesalpiniifolia 54834 Senna aversiflora
54155 Senna lechriosperma 54835 Senegalia riparia
54176 Bauhinia cheilantha 54854 Calliandra depauperata

826
55027 Mimosa pigra var. pigra 61982 Goniorrhachis marginata
55030 Copaifera langsdorffii 61993 Dioclea grandiflora
55037 Mimosa invisa var. invisa 63196 Dioclea lasiophylla
55071 Chamaecrista brevicalyx 64990 Goniorrhachis marginata
55072 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora 65742 Mimosa arenosa var. arenosa
55073 Goniorrhachis marginata 65769 Senna spectabilis var. excelsa
55114 Vachellia farnesiana 65841 Senna acuruensis
55222 Pseudopiptadenia brenanii 65844 Chamaecrista barbata
55224 Peltogyne pauciflora 65859 Mimosa filipes
55260 Peltogyne pauciflora 65878 Chamaecrista brevicalyx var. brevicalyx
55277 Pseudopiptadenia brenanii 65896 Calliandra depauperata
55294 Peltogyne pauciflora 65896 Calliandra depauperata
55353 Poeppigia procera 65934 Chamaecrista zygophylloides
in PCD: 65948 Chamaecrista curvifolia var. curvifolia
2742 Machaerium hirtum 65951 Mimosa ulbrichiana
2743 Pterogyne nitens 66015 Mimosa irrigua
����������������������������������
2940 Senna splendida var. gloriosa 67567 Poincianella pluviosa
3282 Chaetocalyx scandens var. pubescens 67599 Aeschynomene soniae
3357 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 67608 Lonchocarpus araripensis
3450 Chaetocalyx scandens var. pubescens 67626 Mimosa misera
3514 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 67642 Senna gardneri
5000 Copaifera langsdorffii 67661 Poecilanthe ulei
5492 Neptunia plena 67695 Copaifera langsdorffii
5868 Copaifera rigida 67738 Desmanthus pernambucanus
5870 Pseudopiptadenia brenanii 67744 Poincianella bracteosa
5871 Bauhinia cacovia 67747 Mimosa acutistipula var. acutistipula
5998 Machaerium hirtum 67749 Poincianella laxiflora
5999 Peltophorum dubium var. dubium 67760 Indigofera microcarpa
6124 Mimosa irrigua 67772 Dioclea grandiflora
67787 Centrosema arenarium
Hatschbach, G.
67803 Mysanthus uleanus var. uleanus
39529 Stylosanthes viscosa
67817 Erythrina velutina
42108 Piptadenia moniliformis
67819 Senna acuruensis
42463 Peltogyne pauciflora
67846 Macroptilium bracteatum
44145 Platymiscium pubescens subsp. zehntneri
73671 Mimosa gemmulata var. adamantina
46325 Mysanthus uleanus var. uleanus
46560 Cratylia bahiensis Heringer, E.P.
46569 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 408 Chamaecrista tenuisepala
47071 Mimosa pigra var. pigra 632 Chamaecrista amiciella
47356 Mimosa ophthalmocentra
Hind, D.J.N.
47642 Mimosa lewisii
in H:
47873 Erythrostemon calycina
�������������������������
50275 Stylosanthes scabra
47874 Coursetia rostrata
51409 Bauhinia cacovia
48001 Mimosa pudica var. tetrandra
in PCD:
48007 Chamaecrista ramosa var. ramosa
4240 Platymiscium floribundum var.
50099 Crotalaria holosericea
obtusifolium
55176 Zornia sericea
4542 Poeppigia procera
56522 Cratylia bahiensis
56601 Piptadenia moniliformis Hora, M.J.
56622 Dioclea grandiflora 110 Senegalia bahiensis
61845 Phanera trichosepala
61856 Andira fraxinifolia Inácio, E.
61883 Pterogyne nitens 169 Dioclea grandiflora
61965 Macroptilium martii Irwin, H.S.
61967 Piptadenia moniliformis 14601 Chamaecrista fagonioides var. macrocalyx

827
30731 Chamaecrista zygophylloides var. colligans 1975 Dioclea lasiophylla
30880 Mimosa campicola var. planipes
Jost, T.
31171 Piptadenia irwinii
192 Canavalia dictyota
31179 Melanoxylon brauna
439 Senna spectabilis var. excelsa
31194 Mimosa irrigua
451 Macroptilium bracteatum
31244 Chamaecrista eitenorum var. regana
453 Desmanthus pernambucanus
Jardim, J.G. 468 Mimosa pithecolobioides
80 Piptadenia moniliformis 485 Platymiscium pubescens subsp. zehntneri
3201 Senna uniflora 487 Coursetia rostrata
3205 Senegalia langsdorffii 506 Platypodium elegans
3242 Senna splendida var. gloriosa 507 Senna cana var. cana
3245 Senna acuruensis 512 Macroptilium bracteatum
3269 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 539 Macroptilium bracteatum
3283 Bauhinia acuruana 541 Mimosa verrucosa
3293 Senna macranthera var. micans ������������������
544 Senna gardneri
3295 Phanera microstachya 564 Mysanthus uleanus var. uleanus
3332 Senegalia langsdorffii ���������������������
574 Trischidium molle
3340 Copaifera langsdorffii 580 Crotalaria bahiaensis
3351 Diptychandra aurantiaca subsp. epunctata 581 Senna alata
3361 Senna spectabilis var. excelsa
3364 Senna aristeguietae Junqueira, M.E.R.
3446 Bauhinia pentandra 27 Chaetocalyx scandens var. pubescens
3454 Senna spectabilis var. excelsa 36 Piptadenia stipulacea
3498 Poincianella bracteosa 37 Senegalia bahiensis
3515 Senegalia bahiensis 51 Crotalaria holosericea
3582 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 66 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
3583 Senna macranthera Kinoshita, L.S.
3599 Senna splendida ���������������������
3458 Poecilanthe ulei
3583 Senna macranthera
3587 Bauhinia pentandra Laessoe, T.
3591 Peltogyne pauciflora in H:
4114 Calliandra subspicata ��������������������
52583 Zornia sericea

Jesus, N.G. Landim, B.


6 Senegalia bahiensis 4 Mimosa tenuiflora
214 Chamaecrista swainsonii Landim, M.
242 Dioclea lasiophylla 180 Centrosema brasilianum var. brasilianum
317 Dioclea lasiophylla 344 Senna macranthera
415 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa 581 Centrosema brasilianum var. brasilianum
802 Piptadenia moniliformis 838 Dioclea lasiophylla
835 Chamaecrista supplex 862 Mimosa sensitiva var. sensitiva
849 Piptadenia moniliformis 1013 Centrosema brasilianum var. brasilianum
850 Bauhinia pentandra 1040 Centrosema brasilianum var. brasilianum
858 Macroptilium martii 1062 Stylosanthes viscosa
866 Dalbergia cearensis 1066 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
870 Pithecellobium diversifolium
897 Desmanthus pernambucanus Laurênio, A.
907 Senna martiana 190 Piptadenia moniliformis
910 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
Leite, K.R.B
923 Senegalia tenuifolia
108 Hymenaea courbaril var. courbaril
1288 Senna macranthera
172 Mimosa irrigua
1289 Pterogyne nitens
228 Melanoxylon brauna
1315 Crotalaria holosericea
243 Inga vera subsp. affinis
1332 Chamaecrista repens var. multijuga
248 Phanera microstachya

828
310 Bauhinia pentandra 15 Chamaecrista repens var. multijuga
331 Stylosanthes scabra 32 Parkinsonia aculeata
367 Senna martiana 40 Albizia polycephala
370 Poincianella microphylla 50 Zornia echinocarpa
373 Anadenanthera colubrina var. cebil 101 Anadenanthera colubrina var. cebil
376 Mimosa verrucosa 114 Centrosema arenarium
384 Hymenaea velutina 127 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
385 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 142 Mimosa ophthalmocentra
388 Mimosa verrucosa 149 Dioclea grandiflora
390 Hymenaea velutina 151 Macroptilium martii
395 Bauhinia pentandra 153 Macroptilium bracteatum
396 Senna gardneri 154 Chamaecrista pascuorum
397 Mimosa verrucosa 157 Mimosa cordistipula
400 Copaifera coriacea 158 Mimosa irrigua
402 Copaifera langsdorffii
Lemos, R.
406 Cenostigma gardnerianum
6246 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
410 Bauhinia subclavata
6365 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
412 Chaetocalyx scandens var. pubescens
6376 Libidibia ferrea var. ferrea
Lemos, J.R. 6399 Neptunia plena
43 Mimosa lepidophora 6418 Senna uniflora
131 Poecilanthe grandiflora 6440 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
136 Anadenanthera colubrina var. cebil 6448 Senegalia bahiensis
137 Poincianella gardneriana 6674 Chamaecrista nictitans
138 Parapiptadenia zehntneri 6679 Pithecellobium diversifolium
147 Libidibia ferrea 6683 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
166 Piptadenia moniliformis 6686 Anadenanthera colubrina var. cebil
178 Bauhinia cheilantha 6696 Bauhinia pentandra
185 Piptadenia stipulacea 6704 Senegalia bahiensis
189 Indigofera suffruticosa 6706 Centrosema brasilianum var. brasilianum
197 Amburana cearensis 6710 Bauhinia pentandra
198 Bauhinia pulchella 6728 Piptadenia stipulacea
201 Senna trachypus 6738 Amburana cearensis
204 Senna macranthera 6783 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
206 Dioclea grandiflora 6791 Chamaecrista pascuorum var. grandiflora
209 Mimosa invisa var. invisa 6814 Chamaecrista serpens var. serpens
210 Mimosa tenuiflora 6820 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
216 Calliandra umbellifera 6840 Chamaecrista pascuorum
231 Bauhinia pulchella 6846 Mimosa tenuiflora
238 Canavalia brasiliensis 6859 Senegalia bahiensis
250 Platymiscium floribundum var. 6891 Desmanthus pernambucanus
obtusifolium 6894 Senna splendida
258 Dalbergia cearensis 6900 Rhynchosia minima var. minima
259 Platymiscium floribundum var. 6914 Pithecellobium diversifolium
obtusifolium 6924 Pithecellobium diversifolium
262 Parapiptadenia zehntneri 6926 Senegalia bahiensis
266 Albizia inundata 6995 Albizia inundata
276 Senegalia langsdorffii 6998 Mimosa tenuiflora
278 Poeppigia procera
Lewis, G.P.
297 Lonchocarpus araripensis
854 Mimosa lewisii
303 Machaerium hirtum
1074 Mimosa nothopteris
Lemos, M.J.S. 1907 Copaifera langsdorffii
13 Macroptilium lathyroides in CFCR:
14 Senna alata 6793 Chamaecrista brevicalyx var. brevicalyx

829
7393 Mimosa modesta var. ursinoides 184 Piptadenia stipulacea
7394 Aeschynomene histrix 2687 Libidibia ferrea
7400 Senna acuruensis
Lima, J.C.de
7401 Chamaecrista brevicalyx var. brevicalyx
158 Libidibia ferrea
7402 Senegalia martiusiana
164 Mimosa pithecolobioides
7421 Chamaecrista repens var. multijuga
240 Vachellia farnesiana
7497 Crotalaria holosericea
295 Pterocarpus villosus
s.n. SPF:
36310 Macroptilium sabaraense Lima, J.E.G.de
3 Senegalia bahiensis
Lima, D.A.
29 Chaetocalyx scandens var. pubescens
294 Mimosa ulbrichiana
72 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
52-1136 Senna cearensis
79 Chaetocalyx scandens var. pubescens
61-3610 Mimosa filipes
85 Centrosema pascuorum
62-4069 Chamaecrista barbata
66-4452 Chamaecrista barbata Lima, L.C.L.
66-4470 Chamaecrista tenuisepala 3 Bauhinia pulchella
70-6203 Mimosa paraibana 169 Mimosa misera
72-6891 Mimosa paraibana 170 Mimosa filipes
171 Mimosa lewisii
Lima, D.P.
175 Mimosa adenophylla var. mitis
12736 Apuleia leiocarpa
184 Mimosa adenophylla var. mitis
Lima, I.B. 186 Mimosa adenophylla var. mitis
20 Mimosa tenuiflora 187 Mimosa adenophylla var. mitis
27 Dioclea grandiflora
Lima, R.
30 Anadenanthera colubrina var. cebil
1653 Mimosa sensitiva var. sensitiva
34 Mimosa ophthalmocentra
1661 Desmodium glabrum
35 Anadenanthera colubrina var. cebil
1666 Senna spectabilis var. excelsa
38 Dioclea grandiflora
1673 Senna spectabilis var. excelsa
46 Amburana cearensis
1678 Rhynchosia minima var. minima
47 Stylosanthes viscosa
1679 Senna macranthera
54 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
1683 Luetzelburgia auriculata
59 Anadenanthera colubrina var. cebil
1685 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
65 Mimosa tenuiflora
1692 Dioclea grandiflora
66 Mimosa ophthalmocentra
1757 Anadenanthera colubrina var. cebil
67 Mimosa ophthalmocentra
2210 Periandra coccinea
74 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
80 Chamaecrista nictitans Lima, V.
89 Libidibia ferrea 20 Macroptilium martii
96 Crotalaria holosericea 21 Rhynchosia minima var. minima
106 Chamaecrista amiciella 22 Senna spectabilis var. excelsa
108 Galactia striata 23 Libidibia ferrea var. ferrea
111 Amburana cearensis 24 Piptadenia stipulacea
112 Senna martiana 25 Libidibia ferrea var. ferrea
113 Poecilanthe grandiflora 26 Senna rizzinii
114 Anadenanthera colubrina var. cebil 27 Senegalia polyphylla
119 Senna macranthera 28 Senegalia bahiensis
129 Mimosa paraibana 42 Senna obtusifolia
135 Luetzelburgia auriculata
152 Luetzelburgia auriculata Lima-Verde, L.W.
160 Piptadenia stipulacea 220 Bauhinia pulchella
161 Mimosa ophthalmocentra 226 Senegalia piauhiensis
166 Erythrina velutina 234 Libidibia ferrea var. ferrea
168 Macroptilium martii 235 Senna spectabilis var. excelsa
177 Canavalia brasiliensis 241 Poincianella bracteosa

830
247 Amburana cearensis 6066 Bauhinia acuruana
248 Calliandra depauperata 6107 Cratylia mollis
251 Centrosema brasilianum var. brasilianum 6110 Senna spectabilis var. excelsa
287 Luetzelburgia auriculata 6157 Mimosa gemmulata var. adamantina
293 Senegalia polyphylla
Lyra-Lemos, R.P.
296 Chloroleucon foliolosum
1817 Dioclea grandiflora
315 Amburana cearensis
3873 Pithecellobium diversifolium
345 Poincianella bracteosa
3890 Centrosema pascuorum
347 Lonchocarpus sericeus
3971 Dioclea lasiophylla
352 Chloroleucon dumosum
4318 Dioclea lasiophylla
369 Senegalia langsdorffii
4479 Periandra coccinea
388 Senna lechriosperma
4850 Chamaecrista calycioides
394 Senegalia polyphylla
5098 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
523 Senna macranthera var. pudibunda
5117 Piptadenia moniliformis
533 Senegalia riparia
5598 Dioclea lasiophylla
616 Senna obtusifolia
6121 Chamaecrista serpens var. serpens
638 Mimosa acutistipula var. acutistipula
6133 Neptunia plena
647 Arachis dardani
6169 Chamaecrista pascuorum
648 Mimosa sensitiva var. sensitiva
6194 Senna uniflora
653 Chloroleucon dumosum
6219 Dioclea grandiflora
658 Piptadenia stipulacea
6246 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
660 Senna occidentalis
6365 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
661 Senegalia riparia
6376 Libidibia ferrea
822 Macroptilium lathyroides
6399 Neptunia plena
823 Senegalia langsdorffii
6418 Senna uniflora
Lôbo, C.M.B. 6448 Senegalia velutina
13 Indigofera microcarpa 6674 Chamaecrista pascuorum
6679 Pithecellobium diversifolium
Loefgren
6683 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
981 Chamaecrista barbata
6686 Anadenanthera colubrina var. cebil
Lombardi, J.A. 6696 Bauhinia pentandra
2092 Senegalia bahiensis 6706 Centrosema brasilianum var. brasilianum
2206 Bauhinia aculeata 6710 Bauhinia pentandra
6728 Piptadenia stipulacea
Lopes, C.G. 6730 Neptunia plena
63 Machaerium acutifolium 6738 Amburana cearensis
74 Chamaecrista nictitans 6776 Galactia striata
112 Libidibia ferrea 6791 Chamaecrista pascuorum
113 Senna spectabilis var. excelsa 6812 Senna splendida
114 Cenostigma gardnerianum 6813 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
129 Macroptilium gracile 6814 Chamaecrista serpens var. serpens
152 Copaifera coriacea 6840 Chamaecrista pascuorum
154 Mimosa ophthalmocentra 6846 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
Lucca, C.F. 6877 Chamaecrista pascuorum
16 Parapiptadenia blanchetii 6891 Desmanthus pernambucanus
6894 Senna splendida
Lucena, M.F. 6895 Chamaecrista pascuorum
171 Dioclea grandiflora 6900 Rhynchosia minima var. minima
6907 Senna uniflora
Lughadha, E.N.
6914 Pithecellobium diversifolium
in H:
6924 Pithecellobium diversifolium
53339
6995 Albizia inundata
53335 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
6998 Mimosa tenuiflora
in PCD:
7017 Mimosa tenuiflora

831
Macedo, A. Meireles, L.D.
5 Anadenanthera colubrina var. cebil s.n. CESJ:
31490 Cassia ferruginea var. ferruginea
Macedo, D.
34468 Senegalia polyphylla
21 Bauhinia cheilantha
Mello-Silva, R.
Macedo, G.E.L.
561 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
1 Mimosa pudica var. tetrandra
778 Desmanthus pernambucanus
17 Periandra coccinea
1414 Senna acuruensis
44 Chamaecrista nictitans
Melo, E.
Machado, M.
1070 Zornia gemella
49 Peltogyne pauciflora
1071 Chamaecrista serpens var. serpens
78 Cenostigma gardnerianum
1088 Mimosa tenuiflora
109 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
1094 Rhynchosia minima var. minima
110 Chamaecrista curvifolia var. curvifolia
1111 Vigna peduncularis var. peduncularis
142 Cenostigma gardnerianum
1114 Senegalia bahiensis
Mamede, M.C.H. 1115 Poecilanthe ulei
33 Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa 1161 Senegalia bahiensis
1162 Indigofera suffruticosa
Martinelli, G. 1164 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
6653 Dioclea grandiflora 1175 Chamaecrista amiciella
Martius, C.F.P. von 1189 Senegalia bahiensis
234 Piptadenia obliqua subsp. brasiliensis 1329 Periandra coccinea
2274 Poincianella microphylla 1330 Plathymenia reticulata
2316 Mimosa modesta var. modesta 1366 Poeppigia procera
1385 Senegalia bahiensis
Matias, L.Q. 1394 Senegalia bahiensis
99 Mimosa misera 1408 Peltogyne pauciflora
1410 Parapiptadenia blanchetii
Matos, M.L.S.
1432 Poeppigia procera
5 Chamaecrista nictitans var. pilosa
1448 Bauhinia subclavata
Mattos-Silva, L.A. 1449 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
2323 Piptadenia obliqua subsp. brasiliensis 1452 Senna spectabilis var. excelsa
2330 Senna macranthera var. pudibunda 1460 Chamaecrista amiciella
2901 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 1476 Poecilanthe ulei
2929 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 1491 Indigofera suffruticosa
3256 Peltophorum dubium var. dubium 1494 Mimosa arenosa var. arenosa
1504 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
Mayworm, M.A. 1506 Senegalia bahiensis
13 Libidibia ferrea 1507 Senna spectabilis var. excelsa
14 Poecilanthe ulei 1517 Senna spectabilis var. excelsa
15 Senna macranthera 1524 Poeppigia procera
16 Peltophorum dubium var. dubium 1527 Dioclea grandiflora
17 Senna spectabilis var. excelsa 1534 Mimosa arenosa var. arenosa
18 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 1535 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
19 Senegalia bahiensis 1540 Vigna peduncularis var. peduncularis
22 Vachellia farnesiana 1550 Senna spectabilis var. excelsa
24 Mimosa arenosa var. arenosa 1552 Senna macranthera
49 Erythrina velutina 1559 Dioclea grandiflora
78 Senna spectabilis var. excelsa 1560 Bauhinia subclavata
80 Dioclea grandiflora 1585 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
93 Copaifera langsdorffii 1589 Zornia myriadena
Meiodo, M.V. 1596 Mimosa arenosa var. arenosa
5 Mimosa adenophylla var. mitis 1600 Dioclea grandiflora

832
1601 Luetzelburgia andrade-limae 3550 Chloroleucon extortum
1609 Chamaecrista amiciella 3576 Machaerium acutifolium
1614 Centrosema brasilianum var. angustifolium 3582 Pterocarpus villosus
1621 Dioclea grandiflora 3590 Chamaecrista zygophylloides
1626 Senna macranthera 3592 Aeschynomene martii
1702 Macroptilium lathyroides 3608 Senegalia langsdorffii
1712 Centrosema brasilianum var. brasilianum 3618 Pseudopiptadenia brenanii
1717 Mimosa pudica var. tetrandra 3620 Senna acuruensis
1739 Macroptilium lathyroides 3639 Chloroleucon extortum
1758 Aeschynomene evenia var. evenia 3714 Aeschynomene martii
1880 Chamaecrista belemii 3721 Desmodium glabrum
1892 Peltogyne pauciflora 3744 Senegalia bahiensis
1896 Senegalia bahiensis 3747 Anadenanthera colubrina var. cebil
1954 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa 3874 Senna macranthera
1955 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 3881 Senegalia bahiensis
1965 Chamaecrista belemii 3892 Enterolobium contortisiliquum
1971 Bauhinia subclavata 3896 Mimosa arenosa var. arenosa
1975 Goniorrhachis marginata in PCD:
2047 Mimosa arenosa var. arenosa 1237 Andira fraxinifolia
2051 Chaetocalyx scandens var. pubescens 1269 Vigna peduncularis var. peduncularis
2072 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
Melo, J.I.M.
2098 Chamaecrista belemii
253 Canavalia brasiliensis
2101 Bauhinia subclavata
2154 Crotalaria holosericea Melo, L. de M.R.
2163 Vigna peduncularis var. peduncularis 46 Chaetocalyx scandens var. pubescens
2198 Machaerium acutifolium 60 Stylosanthes scabra
2201 Periandra coccinea 77 Senna macranthera var. pudibunda
2209 Stylosanthes viscosa 79 Indigofera suffruticosa
2211 Goniorrhachis marginata 102 Senna uniflora
2213 Vigna peduncularis var. peduncularis 125 Piptadenia stipulacea
2248 Aeschynomene evenia var. evenia
2255 Machaerium acutifolium Mendes, M.R.A.
2695 Copaifera langsdorffii 132 Piptadenia stipulacea
2698 Mimosa cordistipula 136 Anadenanthera colubrina var. cebil
2700 Cenostigma gardnerianum 144 Lonchocarpus araripensis
2701 Hymenaea eriogyne 148 Crotalaria holosericea
2733 Bauhinia brevipes 221 Piptadenia moniliformis
2743 Phanera trichosepala 227 Albizia polycephala
2825 Chamaecrista curvifolia var. curvifolia 298 Dioclea grandiflora
2891 Piptadenia viridiflora 300 Chamaecrista eitenorum
3107 Coursetia rostrata 309 Senna acuruensis
3118 Anadenanthera colubrina var. cebil 352 Centrosema virginianum
3122 Bauhinia cacovia 373 Senna macranthera
3163 Trischidium molle 376 Chamaecrista eitenorum
3164 Pterocarpus villosus 377 Vigna peduncularis var. peduncularis
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3167 Mysanthus uleanus var. uleanus 393 Senegalia piauhiensis
3173 Pterocarpus villosus 394 Senna spectabilis var. excelsa
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3179 Poeppigia procera 395 Poincianella bracteosa
3186 Stylosanthes scabra 408 Macroptilium martii
3234 Cenostigma gardnerianum 430 Mimosa sensitiva var. sensitiva
3318 Senna cana var. cana 465 Poincianella bracteosa
3332 Bauhinia acuruana 520 Senegalia polyphylla
3401 Mimosa cordistipula Mesquita, M.R.
3537 Senegalia langsdorffii 17 Amburana cearensis
3549 Albizia polycephala

833
Miranda, A.M. 2972 Chamaecrista pascuorum
148 Mimosa somnians 3019 Hymenaea eriogyne
149 Poincianella gardneriana 3025 Peltogyne pauciflora
278 Calliandra depauperata 3100 Copaifera langsdorffii
370 Desmanthus pernambucanus 3101 Cassia ferruginea var. ferruginea
378 Parapiptadenia zehntneri 3291 Senna macranthera
383 Anadenanthera colubrina var. cebil 3751 Copaifera langsdorffii
437 Chamaecrista nictitans var. pilosa 3779 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
658 Anadenanthera colubrina var. cebil 3789 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
1061 Rhynchosia minima var. minima 3797 Bauhinia acuruana
1215 Trischidium molle 3806 Cenostigma gardnerianum
1233 Bauhinia aculeata 3817 Poincianella bracteosa
1235 Aeschynomene martii 3820 Senegalia polyphylla
1236 Chamaecrista hispidula 3830 Poincianella bracteosa
1283 Rhynchosia minima var. minima 3858 Lonchocarpus obtusus
1375 Senegalia velutina 3970 Calliandra leptopoda
1388 Inga vera subsp. affinis 3972 Senna martiana
1723 Mimosa lewisii 3976 Senna occidentalis
1732 Zornia sericea 3985 Senna spectabilis var. excelsa
1738 Chamaecrista swainsonii 3986 Senna acuruensis
1745 Stylosanthes scabra 4334 Senna acuruensis
1750 Bauhinia acuruana 5041 Neptunia plena
1831 Crotalaria bahiaensis 5274 Chamaecrista pascuorum
1863 Chamaecrista nictitans
Miranda, C.A.
1905 Senna trachypus
433 Stylosanthes angustifolia
1937 Macroptilium martii
438 Centrosema pascuorum
1969 Anadenanthera colubrina var. cebil
2148 Desmanthus pernambucanus Miranda, E.B.
2360 Zornia myriadena 43 Mimosa irrigua
2379 Zapoteca portoricensis subsp. flavida 85 Bauhinia acuruana
2390 Indigofera suffruticosa 124 Desmodium tortuosum
2406 Centrosema pascuorum 128 Periandra coccinea
2408 Macroptilium lathyroides 323 Hymenaea courbaril var. courbaril
2438 Cratylia mollis 325 Senegalia polyphylla
2444 Libidibia ferrea 329 Phanera flexuosa
2447 Zornia myriadena 333 Phanera trichosepala
2506 Senna splendida 343 Mimosa acutistipula var. acutistipula
2516 Senna martiana 365 Anadenanthera peregrina var. falcata
2517 Senna splendida 366 Poincianella bracteosa
2537 Poincianella microphylla 460 Bauhinia pulchella
2546 Senna occidentalis 579 Trischidium molle
2554 Senna macranthera var. micans 619 Mimosa lewisii
2559 Senna aversiflora 620 Chamaecrista swainsonii
2561 Senna spectabilis var. excelsa 623 Mimosa filipes
2570 Senna aversiflora 632 Galactia remansoana
2572 Senna spectabilis var. excelsa 704 Poecilanthe ulei
2607 Aeschynomene viscidula 717 Anadenanthera colubrina var. cebil
2616 Chamaecrista calycioides var. calycioides 735 Aeschynomene histrix var. histrix
2656 Senna aversiflora 768 Anadenanthera colubrina var. cebil
2753 Senna macranthera var. micans 776 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
2760 Aeschynomene evenia var. evenia
2772 Macroptilium lathyroides Miranda, L.A.P. de
2796 Chamaecrista ramosa var. ramosa 28 Platypodium elegans
2808 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa Monteiro, V.de M.
2943 Poeppigia procera

834
8 Erythrina velutina 41 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
23 Peltogyne pauciflora 203 Dioclea grandiflora
24 Chamaecrista belemii 228 Centrosema brasilianum var. brasilianum
26 Poeppigia procera 380 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
31 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 479 Indigofera microcarpa
33 Chaetocalyx scandens var. pubescens 594 Desmodium glabrum
38 Mimosa arenosa var. arenosa 616 Vigna peduncularis var. peduncularis
40 Senna spectabilis var. excelsa 627 Indigofera suffruticosa
629 Vigna adenantha
Montouchet, P.
646 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
2212 Chamaecrista ramosa var. ramosa
663 Vigna peduncularis var. peduncularis
Moraes, A. 712 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
44 Mimosa lewisii 773 Macroptilium martii
786 Vigna peduncularis var. peduncularis
Moraes, J.C. 852 Chamaecrista serpens var. serpens
s.n. IPA: 948 Centrosema brasilianum var. brasilianum
13095 Chamaecrista tenuisepala 1064 Senegalia bahiensis
Moraes, M.V. 1067 Senegalia bahiensis
105 Senna occidentalis 1116 Dioclea grandiflora
132 Poeppigia procera 1152 Macroptilium lathyroides
172 Bauhinia pentandra 1156 Canavalia brasiliensis
174 Senna spectabilis var. excelsa 1157 Vigna peduncularis var. peduncularis
188 Bauhinia acuruana 1170 Indigofera suffruticosa
194 Senegalia tenuifolia 1203 Chamaecrista nictitans
201 Senegalia piauhiensis 1209 Anadenanthera colubrina var. cebil
203 Bauhinia acuruana 1211 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
204 Senna cana var. cana 1229 Canavalia brasiliensis
205 Poiretia punctata 1276 Senegalia bahiensis
209 Mimosa gemmulata var. adamantina 1280 Chloroleucon foliolosum
211 Senegalia riparia 1281 Piptadenia moniliformis
212 Lonchocarpus obtusus 1326 Indigofera suffruticosa
213 Enterolobium timboüva 1335 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
454 Mimosa pigra var. pigra Mourão, L.
525 Trischidium molle 16262 Libidibia ferrea
530 Cratylia mollis
630 Cratylia mollis Nascimento, A.
631 Poincianella microphylla 243 Mimosa acutistipula var. acutistipula
665 Poincianella microphylla 247 Mimosa modesta var. ursinoides
250 Mimosa tenuiflora
Moreira, T. 260 Machaerium acutifolium
2 Cratylia mollis
Nascimento, F.H.F.
Mori, S.A. 153 Senna macranthera
9373 Senegalia kallunkiae 374 Senna macranthera var. micans
9501 Piptadenia irwinii
9519 Piptadenia obliqua subsp. brasiliensis Nascimento, J.G.
9575 Senegalia polyphylla 19 Canavalia brasiliensis
12223 Pseudopiptadenia bahiana 23 Mimosa tenuiflora
12564 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 25 Bauhinia aculeata
28 Poecilanthe ulei
Moricand, M.E. 32 Peltophorum dubium var. dubium
2536 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 40 Senegalia bahiensis
2701 Piptadenia moniliformis 41 Crotalaria incana var. incana
2881 Copaifera coriacea ���������������������������
44 Macroptilium lathyroides
Moura, D. 45 Tephrosia purpurea subsp. purpurea

835
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46 Zornia brasiliensis var. brasiliensis 20 Desmodium tortuosum
47 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 38 Desmodium glabrum
48 Dioclea grandiflora 51 Desmodium glabrum
49 Senegalia bahiensis 55 Aeschynomene histrix var. histrix
50 Indigofera blanchetiana 83 Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa
51 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 90 Stylosanthes angustifolia
58 Chamaecrista serpens var. serpens 93 Mimosa ursina
59 Zornia gemella 123 Stylosanthes angustifolia
61 Chamaecrista serpens var. serpens 131 Mimosa caesalpiniifolia
62 Senna occidentalis 133 Canavalia brasiliensis
63 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia 134 Zornia gemella
66 Mimosa ophthalmocentra 138 Senna obtusifolia
67 Anadenanthera colubrina var. cebil 139 Senna occidentalis
73 Anadenanthera colubrina var. cebil 146 Zornia sericea
77 Centrosema virginianum 147 Chamaecrista calycioides var. calycioides
78 Rhynchosia minima var. minima 150 Mimosa ursina
79 Senegalia bahiensis 152 Andira fraxinifolia
84 Senegalia bahiensis 153 Luetzelburgia auriculata
85 Canavalia brasiliensis 156 Samanea inopinata
86 Bauhinia cheilantha 158 Poincianella gardneriana
88 Senna macranthera 162 Stylosanthes angustifolia
89 Poecilanthe ulei 163 Aeschynomene evenia var. evenia
91 Senna macranthera var. micans 201 Mimosa verrucosa
92 Mimosa acutistipula var. acutistipula 202 Stylosanthes capitata
99 Senna spectabilis var. excelsa 204 Zornia sericea
100 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 205 Stylosanthes angustifolia
108 Mimosa setuligera 206 Zornia latifolia var. latifolia
110 Mimosa setuligera 217 Mimosa sensitiva var. sensitiva
144 Mimosa cordistipula 221 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
179 Mimosa modesta 229 Chamaecrista calycioides var. calycioides
188 Periandra coccinea 242 Chamaecrista desvauxii var. latifolia var.
199 Mimosa modesta latifolia
202 Mimosa misera 256 Martiodendron mediterraneum
203 Mimosa misera 420 Senna uniflora
241 Senegalia piauhiensis 428 Stylosanthes capitata
253 Mimosa cordistipula 429 Chamaecrista calycioides var. calycioides
258 Mimosa cordistipula 444 Poincianella bracteosa
264 Mimosa morroënsis 452 Macroptilium martii
267 Crotalaria holosericea 465 Desmodium glabrum
269 Chamaecrista belemii 515 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
273 Mimosa cordistipula 538 Desmodium incanum
331 Anadenanthera peregrina var. falcata 540 Galactia jussiaeana var. jussiaeana
338 Mimosa setuligera 626 Stylosanthes capitata
380 Mimosa setuligera x misera 638 Desmodium incanum
381 Mimosa brevipinna 1024 Macroptilium lathyroides
1028 Chamaecrista nictitans var. pilosa
Nascimento, L.M.
1031 Zornia latifolia var. latifolia
194 Zollernia ilicifolia
1033 Chamaecrista calycioides var. calycioides
411 Machaerium hirtum
1034 Centrosema brasilianum var. brasilianum
412 Copaifera langsdorffii
1037 Chamaecrista serpens var. serpens
499 Albizia polycephala
1042 Centrosema brasilianum var. brasilianum
506 Copaifera langsdorffii
1057 Centrosema brasilianum var. brasilianum
519 Copaifera langsdorffii
1060 Aeschynomene evenia var. evenia
Nascimento, M.S.B. 1062 Galactia jussiaeana var. jussiaeana
1070 Plathymenia reticulata

836
Noblick, L.R. 3139 Chamaecrista belemii
305 Zornia latifolia var. latifolia 3142 Mimosa misera
1649 Chamaecrista hispidula 3146 Calliandra depauperata
1655 Zollernia ilicifolia 3151 Mimosa arenosa var. arenosa
1722 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 3157 Stylosanthes scabra
1799 Senna occidentalis 3158 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora
1836 Senna catingae 3162 Senegalia riparia
1865 Chaetocalyx scandens var. pubescens 3164 Aeschynomene martii
1884 Poiretia punctata 3165 Senna spectabilis var. excelsa
1901 Senna macranthera var. micans 3217 Senna gardneri
1948 Bauhinia cheilantha 3226 Chamaecrista belemii
1976 Senna aversiflora 3242 Zornia myriadena
1979 Senna pendula var. glabrata 3244 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
2016 Crotalaria holosericea 3333 Crotalaria incana var. incana
2042 Erythrina velutina 3366 Albizia polycephala
2067 Chamaecrista hispidula 3480 Mimosa gemmulata var. adamantina
2070 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia 3482 Mimosa modesta
2082 Mimosa tenuiflora 3492 Senna cana var. cana
2278 Mimosa sensitiva var. sensitiva 3498 Mimosa misera
2514 Senna occidentalis 3545 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
2602 Neptunia plena 3550 Mimosa ophthalmocentra
2605 Indigofera microcarpa 3550 Chamaecrista barbata
2622 Mimosa sensitiva var. sensitiva 3552 Chamaecrista belemii
2630 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa 3553 Dioclea grandiflora
2634 Chamaecrista hispidula 3569 Chamaecrista nictitans var. disadena
2646 Stylosanthes capitata 3577 Poecilanthe ulei
2660 Senna macranthera var. micans 3590 Centrosema virginianum
2677 Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa 3604 Senegalia piauhiensis
2680 Mimosa ursina 3610 Poeppigia procera
2685 Chamaecrista serpens var. serpens 3625 Senna acuruensis
2696 Stylosanthes capitata 3626 Chaetocalyx scandens var. pubescens
2741 Macroptilium panduratum 3628 Senegalia riparia
2762 Dioclea lasiophylla 3631 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
2847 Periandra coccinea 3633 Zornia gemella
2849 Mimosa lewisii 3641 Stylosanthes scabra
2853 Vigna peduncularis var. peduncularis 3642 Stylosanthes viscosa
2891 Senna cana var. cana 3644 Peltogyne pauciflora
2919 Piptadenia moniliformis 3645 Aeschynomene filosa
2935 Albizia polycephala 3651 Neptunia plena
2938 Dioclea grandiflora 3662 Discolobium hirtum
2952 Desmanthus pernambucanus 3674 Mimosa arenosa var. arenosa
2963 Piptadenia moniliformis 3675 Crotalaria holosericea
2964 Mimosa lewisii 3693 Senegalia bahiensis
2970 Senegalia riparia 3721 Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa
3024 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa 3784 Mimosa gemmulata var. adamantina
3034 Chamaecrista eitenorum var. regana 3795 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora
3036 Crotalaria holosericea 3822 Senegalia polyphylla
3051 Mimosa lewisii 3843 Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa
3075 Senna occidentalis 3844 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
3079 Indigofera suffruticosa 3869 Stylosanthes scabra
3082 Desmodium tortuosum 3870 Macroptilium bracteatum
3087 Galactia jussiaeana var. jussiaeana 3878 Poiretia punctata
3101 Machaerium hirtum 3897 Senna macranthera var. pudibunda
3129 Chaetocalyx scandens var. pubescens 3918 Senna occidentalis
3136 Chamaecrista repens var. multijuga 3923 Canavalia brasiliensis

837
3924 Senegalia bahiensis 144 Periandra coccinea
3925 Desmanthus pernambucanus 149 Macroptilium bracteatum
3952 Senna aversiflora 211 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
3985 Galactia striata 263 Inga vera subsp. affinis
4028 Aeschynomene evenia var. evenia 264 Senegalia langsdorffii
4038 Desmanthus pernambucanus 267 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
4041 Canavalia dictyota 268 Amburana cearensis
4045 Senna pendula var. glabrata 269 Mimosa tenuiflora
4062 Macroptilium lathyroides 271 Senna obtusifolia
4066 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 272 Senna occidentalis
4071 Stylosanthes viscosa 273 Calliandra depauperata
4078 Senna obtusifolia 275 Senegalia piauhiensis
4083 Aeschynomene mollicula var. mollicula 276 Mimosa ophthalmocentra
4086 Canavalia brasiliensis 277 Piptadenia stipulacea
4093 Senegalia bahiensis 279 Senna uniflora
4101 Chamaecrista serpens var. serpens 280 Senna uniflora
4104 Senna aversiflora 281 Poincianella bracteosa
4115 Crotalaria incana var. incana 283 Piptadenia viridiflora
4121 Senegalia riparia 288 Macroptilium bracteatum
4122 Sesbania exasperata 289 Senegalia tenuifolia
4127 Senna occidentalis 290 Mimosa ophthalmocentra
4135 Aeschynomene evenia var. evenia 291 Senna spectabilis var. excelsa
4136 Senna pendula var. glabrata 293 Senna uniflora
4140 Desmanthus pernambucanus 301 Senna acuruensis
4146 Chamaecrista nictitans var. pilosa 304 Piptadenia stipulacea
4147 Chaetocalyx scandens var. pubescens 305 Mimosa tenuiflora
4153 Senna spectabilis var. excelsa 306 Canavalia dictyota
4154 Senna macranthera var. pudibunda 309 Senegalia bahiensis
4162 Senna obtusifolia 315 Calliandra depauperata
4164 Senegalia bahiensis 316 Rhynchosia minima var. minima
4165 Mimosa arenosa var. arenosa 320 Bauhinia aculeata
4213 Macroptilium lathyroides 370 Chloroleucon foliolosum
4221 Senna aversiflora 372 Erythrina velutina
4253 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora 373 Amburana cearensis
4254 Chaetocalyx scandens var. pubescens 374 Poincianella bracteosa
4268 Senegalia langsdorffii 375 Senna occidentalis
4273 Senna obtusifolia 376 Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa
4294 Senna macranthera var. striata 377 Crotalaria incana var. incana
4303 Macroptilium erythroloma 378 Senna obtusifolia
4317 Centrosema virginianum 379 Senna spectabilis var. excelsa
4352 Senna aversiflora 381 Macroptilium bracteatum
4543 Mimosa lewisii 387 Anadenanthera colubrina var. cebil
388 Anadenanthera colubrina var. cebil
Nonato, F.R.
390 Senegalia piauhiensis
851 Periandra coccinea
393 Luetzelburgia auriculata
890 Chamaecrista desvauxii var. latifolia var.
395 Hymenaea eriogyne
linearis
398 Mimosa tenuiflora
977 Bauhinia acuruana
403 Senegalia langsdorffii
Nunes, T.S. 405 Dioclea grandiflora
56 Periandra coccinea 406 Piptadenia moniliformis
72 Periandra coccinea 421 Aeschynomene filosa
91 Senna cana var. cana 428 Centrosema brasilianum var. brasilianum
127 Senna splendida 429 Canavalia dictyota
134 Chamaecrista zygophylloides 430 Mimosa verrucosa
431 Mimosa tenuiflora

838
434 Bauhinia cheilantha 594 Bauhinia aculeata
448 Amburana cearensis 596 Senegalia langsdorffii
450 Poincianella microphylla 597 Piptadenia moniliformis
451 Senna martiana 598 Macroptilium bracteatum
454 Senna occidentalis 599 Senna obtusifolia
455 Piptadenia moniliformis 602 Cratylia mollis
464 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 603 Bauhinia subclavata
465 Stylosanthes angustifolia 606 Macroptilium bracteatum
468 Mimosa verrucosa 607 Centrosema brasilianum var. brasilianum
472 Mimosa verrucosa 620 Anadenanthera colubrina var. cebil
473 Mimosa misera 621 Senegalia polyphylla
474 Chamaecrista supplex 622 Senegalia bahiensis
476 Calliandra leptopoda 624 Poincianella bracteosa
479 Mimosa tenuiflora 626 Mimosa ophthalmocentra
480 Chloroleucon foliolosum 629 Albizia polycephala
482 Poincianella bracteosa 632 Parapiptadenia zehntneri
483 Piptadenia stipulacea 633 Senna catingae
485 Piptadenia moniliformis 635 Piptadenia moniliformis
486 Amburana cearensis 636 Indigofera suffruticosa
487 Luetzelburgia auriculata 637 Anadenanthera colubrina var. cebil
488 Dioclea grandiflora 639 Senegalia polyphylla
491 Aeschynomene filosa 640 Dioclea grandiflora
495 Tephrosia purpurea subsp. purpurea 645 Cenostigma gardnerianum
496 Canavalia dictyota 646 Piptadenia viridiflora
497 Parkinsonia aculeata 647 Senna martiana
498 Luetzelburgia auriculata 649 Poincianella microphylla
500 Mimosa tenuiflora 653 Calliandra depauperata
503 Senna macranthera var. pudibunda 656 Dalbergia cearensis
504 Trischidium molle 658 Piptadenia stipulacea
508 Senna gardneri 667 Poincianella laxiflora
509 Hymenaea velutina 668 Bauhinia pentandra
511 Luetzelburgia auriculata 669 Poincianella microphylla
515 Cratylia mollis 670 Piptadenia moniliformis
516 Mimosa verrucosa 671 Calliandra depauperata
518 Copaifera coriacea 672 Piptadenia moniliformis
519 Hymenaea velutina 674 Calliandra depauperata
521 Senna macranthera var. pudibunda 676 Phanera flexuosa
529 Chamaecrista belemii 677 Bauhinia dumosa var. dumosa
530 Trischidium molle 683 Poeppigia procera
531 Cenostigma gardnerianum 685 Piptadenia viridiflora
540 Indigofera microcarpa 686 Dalbergia cearensis
541 Mimosa verrucosa 694 Calliandra depauperata
544 Copaifera coriacea 695 Poincianella microphylla
547 Mimosa verrucosa 696 Senna martiana
549 Mimosa pigra var. pigra 697 Piptadenia stipulacea
550 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 708 Copaifera coriacea
551 Senna gardneri 710 Trischidium molle
559 Senna splendida var. gloriosa 711 Cenostigma gardnerianum
560 Indigofera suffruticosa 712 Copaifera coriacea
561 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia 714 Hymenaea velutina
562 Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa 717 Copaifera coriacea
570 Poincianella microphylla 720 Anadenanthera colubrina var. cebil
571 Senegalia bahiensis 722 Piptadenia moniliformis
586 Canavalia brasiliensis 727 Senegalia langsdorffii
587 Crotalaria incana var. incana 856 Senna cana var. cana

839
863 Senna macranthera var. micans 1065 Mimosa setuligera
877 Machaerium hirtum 1073 Zornia sericea
885 Senegalia martiusiana 1074 Bauhinia acuruana
892 Chamaecrista repens var. multijuga 1075 Galactia remansoana
894 Chamaecrista ramosa var. ramosa 1076 Galactia remansoana
900 Poincianella bracteosa 1078 Stylosanthes scabra
901 Senna uniflora 1079 Senna gardneri
902 Anadenanthera colubrina var. cebil 1080 Mimosa setuligera
903 Senna spectabilis var. excelsa 1081 Mimosa invisa var. invisa
904 Mimosa ophthalmocentra 1082 Mimosa setuligera
905 Piptadenia viridiflora 1089 Cratylia mollis
906 Canavalia dictyota 1090 Calliandra macrocalyx var. aucta
906 Senna macranthera 1095 Cratylia mollis
907 Parapiptadenia zehntneri 1097 Bauhinia cheilantha
908 Macroptilium bracteatum 1098 Poincianella microphylla
909 Senegalia bahiensis 1099 Indigofera blanchetiana
910 Poincianella bracteosa 1101 Aeschynomene viscidula
911 Piptadenia viridiflora 1102 Mimosa tenuiflora
912 Senna obtusifolia 1103 Chamaecrista supplex
914 Coursetia rostrata 1108 Mimosa xiquexiquensis
915 Albizia polycephala 1110 Chamaecrista belemii
916 Senegalia piauhiensis 1111 Hymenaea velutina
917 Parapiptadenia zehntneri 1112 Peltogyne pauciflora
918 Rhynchosia minima var. minima 1113 Senna rizzinii
919 Parapiptadenia zehntneri 1115 Senna rizzinii
920 Piptadenia stipulacea 1116 Calliandra macrocalyx var. aucta
922 Hymenaea martiana 1119 Trischidium molle
923 Hymenaea martiana 1123 Peltogyne pauciflora
924 Amburana cearensis 1124 Copaifera coriacea
925 Parapiptadenia zehntneri 1126 Parkinsonia aculeata
927 Pterogyne nitens 1127 Senna macranthera
930 Chaetocalyx scandens var. pubescens 1128 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
936 Senna obtusifolia 1129 Senegalia bahiensis
944 Senna spectabilis var. excelsa 1155 Stylosanthes viscosa
949 Coursetia rostrata 1166 Chamaecrista ramosa var. ramosa
968 Mysanthus uleanus var. uleanus
971 Mimosa verrucosa Oliveira, A.
976 Senna alata 5 Chamaecrista serpens var. serpens
977 Luetzelburgia auriculata 13 Mimosa sensitiva var. sensitiva
978 Zornia sericea 18 Stylosanthes scabra
986 Aeschynomene histrix var. histrix 23 Senna macranthera
987 Aeschynomene histrix var. histrix 32 Dioclea lasiophylla
1025 Dioclea grandiflora 78 Mimosa modesta
1026 Chamaecrista supplex 86 Mimosa cordistipula
1027 Mimosa ursina 135 Periandra coccinea
1028 Aeschynomene evenia var. evenia 140 Bauhinia aculeata
1036 Zornia brasiliensis var. brasiliensis 1060 Indigofera suffruticosa
1047 Senna obtusifolia Oliveira, A.A.de
1048 Senna macranthera var. pudibunda 171 Hymenaea eriogyne
1050 Piptadenia viridiflora 181 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
1051 Anadenanthera colubrina var. cebil 197 Peltogyne pauciflora
1052 Mimosa acutistipula var. acutistipula
1053 Piptadenia moniliformis Oliveira, C.A.M.de
1055 Poincianella bracteosa 15 Senna macranthera
1057 Bauhinia cheilantha

840
Oliveira, E.L.P.G.de 701 Trischidium molle
650 Albizia polycephala 711 Anadenanthera colubrina var. cebil
662 Mimosa ophthalmocentra 721 Galactia remansoana
668 Peltophorum dubium var. dubium 725 Indigofera blanchetiana
677 Piptadenia stipulacea 731 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
690 Desmanthus pernambucanus 743 Pithecellobium diversifolium
698 Vigna peduncularis var. peduncularis 744 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
700 Senegalia bahiensis 747 Chaetocalyx scandens var. pubescens
706 Chamaecrista nictitans var. pilosa 753 Zollernia ilicifolia
717 Chaetocalyx scandens var. pubescens
Oliveira, P.P.
762 Senna obtusifolia
1 Pterogyne nitens
769 Chaetocalyx scandens var. pubescens
772 Aeschynomene evenia var. evenia Oliveira, R.P.
774 Aeschynomene evenia var. evenia 203 Chamaecrista nictitans var. pilosa
775 Senna splendida var. gloriosa 205 Mimosa sensitiva var. sensitiva
264 Parkinsonia aculeata
Oliveira, F.C.A.
269 Mimosa tenuiflora
965 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
270 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
Oliveira, J.O.S 274 Bauhinia aculeata
6 Mimosa acutistipula var. acutistipula 302 Senna occidentalis
311 Senegalia bahiensis
Oliveira, L.B.
333 Chamaecrista repens var. multijuga
13 Macroptilium gracile
428 Indigofera suffruticosa
53 Bauhinia acuruana
433 Senegalia bahiensis
67 Senna macranthera
434 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
77 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora
438 Senna macranthera
101 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
444 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
133 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
445 Crotalaria holosericea
135 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
599 Piptadenia adiantoides
141 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
952 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
142 Chamaecrista calycioides var. calycioides
952 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
144 Chamaecrista swainsonii
145 Chamaecrista ramosa var. ramosa Oliveira, V.P.de
148 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia 144 Piptadenia viridiflora
149 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
Orlandi, R.P.
150 Chamaecrista swainsonii
238 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora
166 Chamaecrista ramosa var. ramosa
261 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
167 Chamaecrista ramosa var. ramosa
285 Poecilanthe ulei
176 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
353 Chamaecrista zygophylloides var. colligans
Oliveira, M. 389 Mimosa adenophylla var. mitis
325 Mimosa sensitiva var. sensitiva 390 Calliandra depauperata
783 Chamaecrista nictitans 524 Stylosanthes viscosa
934 Mimosa pudica var. tetrandra 588 Martiodendron mediterraneum
1025 Bauhinia forficata 664 Anadenanthera colubrina var. cebil
1206 Bauhinia forficata 677 Cratylia mollis
1262 Inga vera subsp. affinis 679 Chaetocalyx blanchetiana
1361 Pterogyne nitens 835 Chamaecrista ramosa var. ramosa
849 Chamaecrista hispidula
Oliveira, M.V.M.
677 Cratylia mollis Pacheco, L.M.
678 Poincianella microphylla 2 Senegalia langsdorffii
682 Senna rizzinii 3 Senna rizzinii
684 Piptadenia moniliformis 17 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
695 Zornia gemella 18 Senna splendida var. gloriosa
696 Tephrosia purpurea subsp. purpurea 27 Dioclea grandiflora

841
Paschoaletti, L.F.G. 8436 Arachis pusilla
1 Senna spectabilis var. excelsa 8444 Dioclea violacea
2 Chamaecrista desvauxii var. latifolia ��������������������
8450 Cratylia mollis
3 Senna macranthera 8456 Dioclea grandiflora
4 Senna rizzinii 8474 Dioclea grandiflora
4 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 8475 Centrosema arenarium
6 Senna splendida 8477 Dioclea grandiflora
8485 Dioclea grandiflora
Passos, L.
9057 Poincianella pluviosa var. sanfranciscana
47 Senegalia polyphylla
9059 Mimosa invisa var. invisa
283 Senna splendida
9061 Senna gardneri
389 Mimosa pseudosepiaria
9064 Anadenanthera colubrina var. cebil
390 Mimosa ophthalmocentra
9065 Anadenanthera peregrina var. falcata
393 Senegalia monacantha
9067 Bauhinia acuruana
399 Platypodium elegans
9072 Mimosa misera
400 Bauhinia subclavata
9073 Mimosa filipes
404 Senegalia langsdorffii
9077 Bauhinia pulchella
405 Mimosa ophthalmocentra
9078 Bauhinia brevipes
in PCD:
9079 Chaetocalyx blanchetiana
5107 Calliandra depauperata
9081 Cratylia bahiensis
5262 Pterogyne nitens
9083 Senegalia riparia
5270 Piptadenia viridiflora
9090 Chaetocalyx scandens var. pubescens
5271 Machaerium acutifolium
9092 Mimosa invisa var. invisa
Paula-Zárate, E.L.de 9094 Senegalia langsdorffii
235 Tephrosia cinerea 9097 Senna catingae
9116 Mimosa invisa var. invisa
Peixinho, J.D. 9118 Senegalia riparia
1 Peltophorum dubium var. dubium 9119 Chloroleucon foliolosum
2 Anadenanthera colubrina var. cebil 9123 Senegalia piauhiensis
3 Poecilanthe ulei 9124 Anadenanthera colubrina var. cebil
Pereira, A. 9125 Senegalia riparia
329 Mimosa lewisii 9128 Mimosa gemmulata var. adamantina
9129 Cratylia bahiensis
Pereira, A.C. 9135 Mimosa invisa var. invisa
20 Zornia myriadena 9139 Dioclea violacea
35 Senna acuruensis 9150 Anadenanthera colubrina var. cebil
9153 Dioclea violacea
Pereira, E.
9155 Anadenanthera colubrina var. cebil
2159 Poecilanthe grandiflora
9159 Cenostigma gardnerianum
Pereira, V. 9160 Trischidium molle
118 Senna spectabilis var. excelsa 9161 Copaifera coriacea
9164 Peltogyne pauciflora
Pereira-Silva, G. 9165 Cratylia mollis
480 Coursetia rostrata 9166 Peltogyne pauciflora
700 Dioclea grandiflora 9168 Hymenaea velutina
738 Stylosanthes scabra 9171 Senegalia langsdorffii
7965 Pseudopiptadenia contorta
7967 Anadenanthera colubrina var. cebil Piana, G.
8083 Bauhinia acuruana 1428 Chamaecrista amiciella
8366 Arachis sylvestris
Pinto, G.C.P.
8393 Bauhinia pulchella
7 Macroptilium sabaraense
8399 Anadenanthera colubrina var. cebil
23 Indigofera microcarpa
8403 Centrosema arenarium
43 Poincianella bracteosa
8414 Anadenanthera colubrina var. cebil
61 Chamaecrista supplex
�����������������������
8423 Bauhinia pulchella

842
71 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa 408 Chamaecrista serpens var. serpens
76 Aeschynomene mollicula var. mollicula 436 Mimosa tenuiflora
89 Anadenanthera colubrina var. cebil 456 Chamaecrista brevicalyx var. brevicalyx
94 Mimosa ursina 460 Senna rizzinii
97 Peltogyne pauciflora 462 Cratylia mollis
128 Anadenanthera colubrina var. cebil 630 Trischidium molle
129 Anadenanthera colubrina var. cebil 728 Periandra coccinea
173 Macroptilium panduratum 740 Senna rizzinii
178 Zornia myriadena 741 Cratylia mollis
188 Coursetia rostrata 756 Senegalia riparia
240 Aeschynomene martii 764 Mimosa lewisii
254 Luetzelburgia auriculata 1040 Erythrina velutina
262 Platymiscium floribundum var. 1091 Andira fraxinifolia
obtusifolium 1109 Bauhinia aculeata
263 Aeschynomene monteiroi 1112 Chaetocalyx scandens var. pubescens
305 Senegalia tenuifolia 1167 Peltophorum dubium var. dubium
306 Anadenanthera colubrina var. cebil 1198 Periandra coccinea
313 Centrosema arenarium 1206 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
329 Poiretia punctata 1234 Mimosa gemmulata var. adamantina
342 Centrosema brasilianum var. brasilianum 1252 Senna cana var. cana
431 Chamaecrista ramosa var. ramosa 1265 Mimosa cordistipula
438 Chaetocalyx blanchetiana 1310 Anadenanthera colubrina var. cebil
1305 Senegalia bahiensis 1317 Periandra coccinea
1330 Mimosa arenosa var. arenosa 1322 Senegalia monacantha
1331 Piptadenia stipulacea 1324 Dalbergia cearensis
1336 Senna catingae
Pinto, J.A.L.
1343 Senegalia bahiensis
4 Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa
1474 Zornia echinocarpa
9 Dioclea grandiflora
1495 Galactia jussiaeana var. jussiaeana
13 Macroptilium lathyroides
1501 Galactia jussiaeana var. jussiaeana
Pirani, J.R. 1525 Mimosa sensitiva var. sensitiva
in H: 1534 Senna macranthera var. micans
51382 Pseudopiptadenia brenanii 1541 Chamaecrista pascuorum
51426 Chamaecrista brevicalyx var. brevicalyx 1543 Senegalia riparia
1545 Chaetocalyx scandens var. pubescens
Proença, C. 1599 Senna spectabilis var. excelsa
587 Hymenaea courbaril var. courbaril 1610 Andira fraxinifolia
1767 Senna macranthera 1612 Senna Obtusifolia
Queiroz, E.P. 1613 Crotalaria holosericea
66 Canavalia dictyota 1621 Platymiscium pubescens subsp. zehntneri
7325 Dioclea grandiflora 1622 Pterogyne nitens
1629 Senegalia bahiensis
Queiroz, L.P.de 1648 Canavalia brasiliensis
64 Copaifera rigida 1652 Chamaecrista barbata
295 Chamaecrista nictitans var. disadena 1658 Senna splendida var. gloriosa
300 Aeschynomene martii 1681 Mimosa pudica var. tetrandra
302 Senegalia langsdorffii 1684 Stylosanthes viscosa
310 Piptadenia stipulacea 1685 Centrosema brasilianum var. brasilianum
313 Piptadenia moniliformis 1689 Periandra coccinea
349 Dioclea grandiflora 1695 Macroptilium erythroloma
357 Zornia echinocarpa 1696 Centrosema brasilianum var. brasilianum
362 Anadenanthera colubrina var. cebil 1702 Mimosa tenuiflora
385 Chamaecrista belemii 1710 Senna obtusifolia
392 Chaetocalyx scandens var. pubescens 1718 Desmanthus pernambucanus
401 Chaetocalyx scandens var. pubescens 1728 Mimosa arenosa var. arenosa

843
1731 Chaetocalyx scandens var. pubescens 3023 Poecilanthe ulei
1737 Mimosa arenosa var. arenosa 3027 Libidibia ferrea var. parvifolia
1739 Chaetocalyx scandens var. pubescens 3031 Desmanthus pernambucanus
1778 Erythrina velutina 3034 Bauhinia aculeata
1790 Chaetocalyx scandens var. pubescens 3040 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
1791 Senna acuruensis 3043 Machaerium hirtum
1880 Chamaecrista barbata 3058 Anadenanthera colubrina var. cebil
1927 Chamaecrista ramosa var. ramosa 3066 Poecilanthe ulei
1965 Crotalaria holosericea 3067 Senegalia bahiensis
1993 Calopogonium caeruleum 3072 Libidibia ferrea
2017 Bauhinia acuruana 3073 Machaerium hirtum
2141 Neptunia plena 3075 Senna spectabilis var. excelsa
2151 Crotalaria holosericea 3076 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
2154 Piptadenia adiantoides 3079 Senegalia tenuifolia
2159 Coursetia rostrata 3081 Senegalia riparia
2164 Stylosanthes capitata 3082 Dioclea grandiflora
2197 Senna spectabilis var. excelsa 3084 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
2198 Senegalia bahiensis 3100 Dioclea grandiflora
2199 Desmanthus pernambucanus 3101 Senegalia bahiensis
2202 Dioclea grandiflora 3102 Senegalia polyphylla
2450 Dioclea lasiophylla 3103 Senegalia bahiensis
2484 Libidibia ferrea 3104 Senna rizzinii
2487 Macroptilium martii 3105 Erythrina velutina
2508 Poecilanthe ulei 3106 Canavalia brasiliensis
2518 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 3107 Senegalia piauhiensis
2544 Enterolobium timboüva 3108 Stylosanthes scabra
2547 Chamaecrista hispidula 3109 Desmanthus pernambucanus
2583 Zornia gemella 3113 Parkinsonia aculeata
2589 Piptadenia moniliformis 3114 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
2590 Galactia jussiaeana var. jussiaeana ��������������������������
3115 Piptadenia stipulacea
2593 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa 3117 Vachellia farnesiana
2609 Senna acuruensis 3118 Macroptilium lathyroides
2612 Mimosa sensitiva var. sensitiva ������������������������
3119 Albizia polycephala
2618 Cratylia bahiensis 3120 Senegalia bahiensis
2626 Senegalia langsdorffii 3122 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
2628 Mimosa gemmulata var. adamantina 3123 Mimosa arenosa var. arenosa
2630 Mysanthus uleanus var. uleanus 3124 Libidibia ferrea
2631 Crotalaria holosericea 3126 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
2635 Poiretia punctata 3127 Senna spectabilis var. excelsa
2739 Zornia myriadena 3138 Chamaecrista belemii
2740 Periandra coccinea 3180 Libidibia ferrea var. ferrea
2744 Mimosa lewisii 3184 Macroptilium bracteatum
2755 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 3189 Canavalia brasiliensis
2761 Chamaecrista repens var. multijuga 3190 Macroptilium lathyroides
2864 Cratylia mollis 3192 Centrosema brasilianum var. angustifolium
2865 Stylosanthes capitata 3194 Albizia polycephala
2866 Mimosa ursina 3195 Senegalia riparia
2867 Sesbania exasperata 3198 Dioclea grandiflora
2890 Chamaecrista swainsonii 3229 Chamaecrista belemii
2894 Chamaecrista serpens var. serpens 3245 Senna macranthera var. striata
2924 Aeschynomene mollicula var. mollicula 3246 Chamaecrista pascuorum
2945 Chamaecrista belemii 3247 Mimosa arenosa var. arenosa
3009 Poecilanthe ulei 3248 Poecilanthe ulei
3016 Senegalia bahiensis 3251 Senegalia bahiensis
3017 Anadenanthera colubrina var. cebil 3252 Luetzelburgia andrade-limae

844
3253 Chloroleucon foliolosum 3398 Senegalia langsdorffii
3263 Senna macranthera var. micans 3399 Senna cana var. cana
3264 Canavalia brasiliensis 3402 Senna rizzinii
3265 Crotalaria holosericea 3403 Copaifera langsdorffii
3266 Mimosa tenuiflora 3405 Phanera trichosepala
3267 Senna catingae 3406 Blanchetiodendron blanchetii
3268 Platymiscium floribundum var. 3407 Albizia polycephala
obtusifolium 3408 Dioclea violacea
3269 Senegalia bahiensis 3409 Senna spectabilis var. excelsa
3275 Senna catingae 3410 Senegalia bahiensis
3286 Stylosanthes viscosa 3411 Pterogyne nitens
3289 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa 3413 Pterogyne nitens
3294 Periandra coccinea 3414 Chamaecrista fagonioides var. macrocalyx
3309 Desmanthus pernambucanus 3415 Mimosa tenuiflora
3312 Chamaecrista serpens var. serpens 3416 Piptadenia moniliformis
3313 Zornia myriadena 3417 Enterolobium timboüva
3314 Chamaecrista pascuorum 3418 Piptadenia viridiflora
3315 Stylosanthes viscosa 3419 Anadenanthera colubrina var. cebil
3316 Desmanthus pernambucanus 3420 Poincianella pluviosa var. sanfranciscana
3317 Senna macranthera var. pudibunda 3421 Macroptilium bracteatum
3318 Mimosa sensitiva var. sensitiva 3422 Senegalia langsdorffii
3319 Piptadenia adiantoides 3423 Chloroleucon foliolosum
3320 Macroptilium bracteatum 3425 Macroptilium bracteatum
3321 Senna macranthera var. pudibunda 3426 Stylosanthes viscosa
3322 Mimosa tenuiflora 3427 Poincianella pluviosa var. sanfranciscana
3323 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 3430 Mimosa cordistipula
3325 Pseudopiptadenia contorta 3431 Chamaecrista ramosa var. ramosa
3326 Senegalia langsdorffii 3433 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
3327 Pseudopiptadenia brenanii 3434 Stylosanthes viscosa
3328 Mimosa gemmulata var. adamantina 3443 Senna rizzinii
3329 Mimosa ophthalmocentra 3445 Mimosa lewisii
3330 Machaerium acutifolium 3446 Senna cana var. cana
3333 Mimosa ophthalmocentra 3448 Mimosa pudica var. tetrandra
3346 Mimosa gemmulata var. adamantina 3449 Macroptilium bracteatum
3352 Chamaecrista ramosa var. ramosa 3450 Plathymenia reticulata
3361 Senna cana var. cana 3451 Macroptilium lathyroides
3366 Pseudopiptadenia contorta 3452 Canavalia brasiliensis
3367 Melanoxylon brauna 3453 Pterogyne nitens
3370 Senegalia velutina 3454 Samanea inopinata
3374 Senna cana var. cana 3455 Anadenanthera colubrina var. cebil
3377 Mimosa gemmulata var. adamantina 3456 Senna obtusifolia
3378 Crotalaria holosericea 3457 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
3379 Machaerium acutifolium 3460 Macroptilium lathyroides
3380 Chamaecrista ramosa var. ramosa 3462 Senna rizzinii
3384 Mimosa campicola var. planipes 3463 Macroptilium bracteatum
3387 Pseudopiptadenia brenanii 3464 Senegalia polyphylla
3388 Mimosa irrigua 3465 Pterogyne nitens
3389 Mimosa ophthalmocentra 3466 Albizia polycephala
3391 Bauhinia cheilantha 3467 Blanchetiodendron blanchetii
3392 Senegalia riparia 3468 Senna catingae
3393 Pseudopiptadenia contorta 3469 Bauhinia cheilantha
3394 Melanoxylon brauna 3474 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
3395 Chamaecrista eitenorum var. regana 3476 Zornia gemella
3396 Mimosa ophthalmocentra 3477 Periandra coccinea
3397 Machaerium acutifolium 3478 Mimosa arenosa var. arenosa

845
3479 Mimosa pudica var. tetrandra 3584 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
3494 Stylosanthes viscosa 3589 Periandra coccinea
3500 Piptadenia irwinii var. irwinii 3594 Bauhinia pulchella
3502 Pseudopiptadenia contorta 3596 Copaifera langsdorffii
3503 Senegalia polyphylla 3602 Platypodium elegans
3504 Senna catingae 3609 Plathymenia reticulata
3505 Samanea inopinata 3612 Piptadenia viridiflora
3506 Senegalia polyphylla 3613 Senegalia polyphylla
3507 Enterolobium timboüva 3614 Hymenaea courbaril var. courbaril
3508 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 3615 Hymenaea martiana
3509 Platymiscium floribundum var. 3616 Enterolobium contortisiliquum
obtusifolium 3617a Senna macranthera var. striata
3510 Senegalia bahiensis 3619 Platypodium elegans
3511 Poecilanthe ulei 3620 Senegalia langsdorffii
3512 Luetzelburgia auriculata 3625 Platypodium elegans
3515 Senna aversiflora 3633 Pterogyne nitens
3516 Centrosema brasilianum var. brasilianum 3634 Enterolobium contortisiliquum
3518 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 3637 Piptadenia viridiflora
3521 Periandra coccinea 3638 Chloroleucon foliolosum
3526 Senna rizzinii 3641 Poeppigia procera
3528 Pseudopiptadenia contorta 3642 Mimosa tenuiflora
3529 Senegalia bahiensis 3643 Senegalia riparia
3530 Pterogyne nitens 3645 Cassia ferruginea var. ferruginea
3533 Mimosa tenuiflora 3646 Dioclea violacea
3534 Piptadenia viridiflora 3647 Pseudopiptadenia contorta
3535 Piptadenia moniliformis 3648 Pseudopiptadenia brenanii
3536 Mysanthus uleanus var. uleanus 3650 Apuleia leiocarpa
3537 Senegalia langsdorffii 3653 Diptychandra aurantiaca subsp. epunctata
3538 Chamaecrista repens var. multijuga 3654 Poincianella laxiflora
3539 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa 3655 Piptadenia viridiflora
3543 Dioclea grandiflora 3656 Mimosa pigra var. pigra
3546 Mimosa cordistipula 3657 Senegalia polyphylla
3549 Senna cana var. cana 3658 Hymenaea martiana
3550 Blanchetiodendron blanchetii 3659 Inga vera subsp. affinis
3551 Centrosema virginianum 3662 Inga vera subsp. affinis
3554 Chamaecrista nictitans var. disadena 3663 Hymenaea courbaril var. courbaril
3555 Chamaecrista absus var. absus 3664 Anadenanthera colubrina var. colubrina
3556 Macroptilium bracteatum 3665 Plathymenia reticulata
3557 Samanea inopinata 3667 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora
3558 Senna rizzinii 3676 Plathymenia reticulata
3559 Machaerium hirtum 3683 Chamaecrista brevicalyx var. brevicalyx
3560 Peltophorum dubium var. dubium 3690 Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa
3562 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 3693 Erythrostemon calycina
3563 Poecilanthe ulei 3694 Mimosa adenophylla var. armandiana
3564 Vachellia farnesiana 3696 Enterolobium timboüva
3565 Canavalia brasiliensis 3698 Poincianella laxiflora
3566 Mimosa somnians 3699 Senna catingae
3567 Senegalia velutina 3701 Samanea inopinata
3568 Pterogyne nitens 3703 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
3569 Senegalia polyphylla 3704 Mimosa lewisii
3574 Bauhinia brevipes 3705 Piptadenia moniliformis
3575 Mimosa gemmulata var. adamantina 3716 Libidibia ferrea var. glabrescens
3577 Senna cana var. cana 3717 Mimosa pigra var. pigra
3578 Senegalia langsdorffii 3718 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
3581 Bauhinia brevipes 3719 Sesbania virgata

846
3720 Cratylia mollis 3911 Indigofera microcarpa
3721 Senna rizzinii 3912 Anadenanthera colubrina var. cebil
3722 Dioclea grandiflora 3914 Senna pendula
3724 Senna acuruensis 3916 Peltophorum dubium var. dubium
3725 Chamaecrista belemii 3917 Bauhinia subclavata
3726 Poeppigia procera 3919 Bauhinia bauhinioides
3727 Parapiptadenia zehntneri 3922 Piptadenia moniliformis
3728 Parkinsonia aculeata 3926 Bauhinia pentandra
3729 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 3927 Senna gardneri
3732 Piptadenia moniliformis 3930 Dioclea violacea
3732a Anadenanthera colubrina var. cebil 3934 Bauhinia acuruana
3734 Mimosa lewisii 3938 Senna lechriosperma
3737 Cratylia mollis 3939 Senna splendida
3740 Pithecellobium diversifolium 3943 Anadenanthera colubrina var. cebil
3743 Senegalia bahiensis 3944 Mimosa tenuiflora
3744 Libidibia ferrea var. glabrescens 3945 Poincianella laxiflora
3745 Mimosa ophthalmocentra 3946 Bauhinia subclavata
3746 Trischidium molle 3948 Chamaecrista repens var. multijuga
3747 Copaifera rigida 3950 Galactia remansoana
3748 Senegalia piauhiensis 3953 Aeschynomene histrix var. histrix
3749 Dioclea grandiflora 3954 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
3750 Sesbania exasperata 3957 Galactia remansoana
3755 Chamaecrista serpens var. serpens 3959 Macroptilium martii
3757 Piptadenia moniliformis 3961 Bauhinia pulchella
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3804 Tephrosia purpurea subsp. purpurea 3966 Mysanthus uleanus var. uleanus
3806 Macroptilium lathyroides 3968 Dioclea grandiflora
���������������������������
3812 Crotalaria holosericea 3969 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
3813 Piptadenia stipulacea 3971 Chaetocalyx blanchetiana
3816 Dioclea grandiflora 3973 Chloroleucon extortum
3818 Chaetocalyx scandens var. pubescens 3975 Bauhinia acuruana
3832 Senna gardneri 3977 Senna gardneri
3837 Chamaecrista pascuorum 3978 Piptadenia moniliformis
3842 Bauhinia subclavata 3983 Hymenaea velutina
3846 Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa 3985 Mimosa irrigua
3847 Dioclea grandiflora 3986 Senegalia langsdorffii
3848 Canavalia brasiliensis 3992 Dioclea violacea
3850 Poeppigia procera 3993 Cratylia mollis
3856 Bauhinia subclavata 3995 Coursetia rostrata
3857 Goniorrhachis marginata 4000 Erythrina velutina
3858 Mimosa arenosa var. arenosa 4003 Dioclea violacea
3860 Anadenanthera colubrina var. cebil 4004 Canavalia brasiliensis
3866 Peltophorum dubium var. dubium 4008 Senna cana var. cana
3867 Libidibia ferrea var. parvifolia 4030 Centrosema brasilianum var. brasilianum
3868 Zornia brasiliensis var. brasiliensis 4044 Macroptilium bracteatum
3869 Chaetocalyx scandens var. pubescens 4047 Stylosanthes capitata
3870 Bauhinia cacovia 4049 Stylosanthes viscosa
3873 Senegalia bahiensis 4050 Stylosanthes capitata
3875 Senna catingae 4052 Stylosanthes angustifolia
3877 Poecilanthe ulei 4053 Mimosa pigra var. pigra
3883 Piptadenia stipulacea 4054 Indigofera microcarpa
3884 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 4055 Albizia inundata
3894 Bauhinia cacovia 4057 Enterolobium timboüva
3899 Trischidium molle 4059 Senegalia polyphylla
3903 Pithecellobium diversifolium 4061 Anadenanthera colubrina var. cebil
3908 Senna splendida 4062 Macroptilium bracteatum

847
4065 Senegalia langsdorffii 4592 Stylosanthes viscosa
4069 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 4607 Libidibia ferrea
4070 Copaifera langsdorffii 4613 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
4071 Machaerium acutifolium 4615 Bauhinia cheilantha
4073 Piptadenia moniliformis 4616 Poecilanthe ulei
4074 Copaifera langsdorffii 4619 Senna macranthera
4101 Cenostigma gardnerianum 4620 Bauhinia subclavata
4116 Piptadenia viridiflora 4624 Senegalia bahiensis
4117 Anadenanthera colubrina var. cebil 4625 Libidibia ferrea
4118 Dioclea violacea 4627 Plathymenia reticulata
4119 Bauhinia brevipes 4631 Poincianella microphylla
4123 Enterolobium timboüva 4632 Anadenanthera colubrina var. cebil
4130 Cenostigma gardnerianum 4633 Senna rizzinii
4134 Senegalia polyphylla 4638 Bauhinia subclavata
4140 Cassia ferruginea var. ferruginea 4639 Cratylia mollis
4141 Senegalia polyphylla 4641 Piptadenia moniliformis
4147 Chamaecrista curvifolia var. curvifolia 4642 Piptadenia stipulacea
4158 Cenostigma gardnerianum 4643 Senna acuruensis
4171 Hymenaea courbaril var. courbaril 4648 Lonchocarpus sericeus
4184 Machaerium hirtum 4650 Indigofera blanchetiana
4185 Mimosa acutistipula var. acutistipula 4656 Chaetocalyx scandens var. pubescens
4188 Mimosa tenuiflora 4658 Macroptilium gracile
4190 Anadenanthera colubrina var. cebil 4663 Mimosa arenosa var. arenosa
4199 Plathymenia reticulata 4686 Indigofera microcarpa
4203 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 4700 Aeschynomene histrix var. histrix
4204 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 4719 Stylosanthes viscosa
4205 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 4726 Dioclea lasiophylla
4234 Pseudopiptadenia contorta 4774 Albizia inundata
4310 Macroptilium bracteatum 4775 Mimosa pigra var. pigra
4316 Zollernia ilicifolia 4776 Vachellia farnesiana
4333 Chamaecrista hispidula 4777 Mimosa pseudosepiaria
4393 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 4779 Sesbania virgata
4427 Mimosa pudica var. tetrandra 4783 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
4432 Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa 4784 Mimosa xiquexiquensis
4433 Chamaecrista serpens var. serpens 4789 Copaifera coriacea
4435 Chamaecrista nictitans var. pilosa 4790 Dioclea marginata
4437 Chamaecrista pascuorum 4792 Zornia sericea
4438 Mimosa ursina 4795 Galactia remansoana
4439 Chamaecrista nictitans var. disadena 4803 Senna gardneri
4442 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa 4804 Hymenaea eriogyne
4443 Chamaecrista serpens var. serpens 4811 Trischidium molle
4444 Chamaecrista serpens var. serpens 4818 Chamaecrista zygophylloides var. colligans
4445 Chamaecrista swainsonii 4819 Peltogyne pauciflora
4446 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia 4823 Peltogyne pauciflora
4447 Stylosanthes angustifolia 4825 Pterocarpus monophyllus
4449 Macroptilium panduratum 4831 Neptunia plena
4453 Calopogonium caeruleum 4834 Hymenaea martiana
4457 Macroptilium gracile 4835 Mimosa hexandra
4549 Zornia echinocarpa 4836 Geoffroea spinosa
4557 Chamaecrista ramosa var. ramosa 4839 Mimosa pseudosepiaria
4561 Copaifera rigida 4840 Zygia latifolia var. communis
4562 Pithecellobium diversifolium 4843 Centrosema virginianum
4565 Plathymenia reticulata 4852 Mimosa hexandra
4577 Senna rizzinii 4853 Inga vera subsp. affinis
4591 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora 4856 Peltophorum dubium var. dubium

848
4858 Senegalia piauhiensis 5537 Machaerium hirtum
4861 Senna occidentalis 5538 Dioclea grandiflora
4867 Senna macranthera 5563 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
4869 Chaetocalyx scandens var. pubescens ���������������������
5566 Poecilanthe ulei
4870 Mimosa acutistipula var. acutistipula 5571 Senna rizzinii
4871 Centrosema brasilianum var. brasilianum 5579 Stylosanthes scabra
4872 Cratylia mollis ��������������������������
5635 Senegalia martiusiana
4878 Piptadenia moniliformis 5696 Stylosanthes scabra
4879 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 5698 Bauhinia cacovia
4882 Mimosa invisa var. invisa 5700 Senegalia bahiensis
4892 Bauhinia pentandra 5702 Erythrostemon calycina
4892a Aeschynomene martii 5703 Piptadenia stipulacea
4893 Indigofera microcarpa 5704 Bauhinia cheilantha
4908 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora 5705 Senegalia piauhiensis
4922 Chamaecrista pascuorum 5706 Mimosa arenosa var. arenosa
4936 Senegalia langsdorffii 5718 Senna spectabilis var. excelsa
4947 Chamaecrista brevicalyx var. brevicalyx 5734 Senegalia polyphylla
4970 Galactia jussiaeana var. jussiaeana 5744 Piptadenia moniliformis
5048 Chamaecrista zygophylloides var. colligans 5757 Discolobium hirtum
5065 Pseudopiptadenia contorta 5759 Bauhinia pentandra
5081 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 5763 Senna spectabilis var. excelsa
5084 Centrosema arenarium 5764 Poincianella pluviosa var. sanfranciscana
5114 Macroptilium bracteatum 5766 Mimosa exalbescens
5117 Coursetia rostrata 5767 Pterocarpus villosus
5119 Cratylia mollis 5793 Anadenanthera colubrina var. cebil
5142 Chamaecrista pascuorum 5803 Rhynchosia minima var. minima
5194 Mimosa cordistipula 5813 Pterogyne nitens
5227 Senna cana var. cana 5818 Mimosa invisa var. invisa
5228 Chamaecrista nictitans var. disadena 5820 Senna spectabilis var. excelsa
5239 Senna macranthera 5824 Bauhinia acuruana
5243 Bauhinia pulchella 5825 Platypodium elegans
5249 Bauhinia acuruana 5833 Anadenanthera colubrina var. cebil
5251 Stylosanthes capitata 5834 Calliandra leptopoda
5257 Piptadenia stipulacea 5836 Piptadenia viridiflora
5265 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia 5840 Phanera flexuosa
5269 Chamaecrista swainsonii 5845 Bauhinia acuruana
5278 Mimosa gemmulata var. adamantina 5852 Platymiscium floribundum var.
5280 Mimosa irrigua obtusifolium
5283 Chamaecrista zygophylloides var. colligans 5856 Senna gardneri
5285 Poiretia punctata 5857 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
5288 Senegalia langsdorffii 5860 Dioclea violacea
5290 Chaetocalyx scandens var. pubescens 5874 Desmanthus pernambucanus
5291 Senna acuruensis 5875 Calliandra depauperata
5292 Senegalia piauhiensis 5880 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
5398 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 5885 Poincianella pluviosa var. sanfranciscana
5421 Mimosa irrigua 5890 Neptunia plena
5460 Senna rizzinii 5904 Mimosa ophthalmocentra
5467 Dioclea grandiflora 5905 Macroptilium lathyroides
5471 Dioclea violacea 5913 Neptunia plena
5480 Stylosanthes viscosa 5916 Discolobium hirtum
5484 Centrosema arenarium 5948 Phanera trichosepala
5487 Senna uniflora 5987 Poincianella pluviosa var. sanfranciscana
5491 Senegalia polyphylla 5990 Phanera trichosepala
5495 Crotalaria holosericea 5991 Senegalia langsdorffii
5516 Chamaecrista acosmifolia var. acosmifolia 6015 Senegalia polyphylla

849
6030 Piptadenia moniliformis 6579 Galactia remansoana
6042 Stylosanthes capitata 6583 Calliandra leptopoda
6118 Chloroleucon foliolosum 6591 Poincianella bracteosa
6126 Vigna adenantha 6592 Piptadenia moniliformis
6129 Mimosa exalbescens 6595 Piptadenia stipulacea
6131 Chamaecrista eitenorum var. regana 6596 Bauhinia pentandra
6170 Senna martiana 6599 Senna gardneri
6178 Bauhinia pulchella 6600 Mimosa verrucosa
6179 Senna spectabilis var. excelsa 6609 Centrosema rotundifolium
6182 Plathymenia reticulata 6611 Mimosa setuligera
6183 Galactia jussiaeana var. jussiaeana 6615 Zornia harmsiana
6184 Diptychandra aurantiaca subsp. epunctata 6620 Stylosanthes angustifolia
6188 Stylosanthes capitata 6621 Amburana cearensis
6189 Senna obtusifolia 6633 Calliandra depauperata
6190 Senna occidentalis 7003 Copaifera rigida
6195 Senna acuruensis 7013 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
6202 Piptadenia moniliformis 7033 Zornia sericea
6204 Diptychandra aurantiaca subsp. epunctata 7036 Lonchocarpus araripensis
6205 Senna macranthera 7044 Mimosa lewisii
6211 Macroptilium bracteatum 7049 Desmodium tortuosum
6216 Piptadenia viridiflora 7051 Senna macranthera var. pudibunda
6217 Senna alata 7054 Aeschynomene martii
6222 Bauhinia cheilantha 7055 Calliandra aeschynomenoides
6223 Mimosa acutistipula var. acutistipula 7063 Poincianella laxiflora
6229 Senegalia langsdorffii 7068 Coursetia rostrata
6231 Bauhinia acuruana 7070 Phanera flexuosa
6240 Enterolobium contortisiliquum 7073 Calliandra depauperata
6244 Hymenaea courbaril var. courbaril 7075 Amburana cearensis
6248 Mimosa verrucosa 7084 Hymenaea martiana
6321 Senna macranthera 7085 Blanchetiodendron blanchetii
6326 Senegalia martiusiana 7086 Albizia polycephala
6328 Pseudopiptadenia contorta 7087 Canavalia dictyota
6410 Dioclea violacea 7118 Senegalia martiusiana
6411 Hymenaea martiana 7127 Pseudopiptadenia brenanii
6412 Albizia inundata 7149 Zornia sericea
6425 Sesbania virgata 7153 Mimosa misera
6429 Zygia latifolia var. communis 7159 Cratylia mollis
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6432 Senna gardneri 7163 Senna rizzinii
6438 Pterocarpus monophyllus 7168 Senna acuruensis
6439 Trischidium molle 7169 Poincianella microphylla
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6440 Dioclea marginata 7170 Piptadenia moniliformis
6454 Hymenaea martiana 7175 Piptadenia moniliformis
6456 Mimosa misera 7184 Chamaecrista repens var. multijuga
6466 Senegalia martiusiana 7186 Copaifera cearensis var. arenicola
6519 Calliandra spinosa 7189 Mimosa filipes
6520 Senna acuruensis 7190 Galactia remansoana
6551 Bauhinia cheilantha 7194 Anadenanthera colubrina var. cebil
6561 Mimosa acutistipula var. acutistipula 7196 Bauhinia cheilantha
6563 Piptadenia moniliformis 7198 Chamaecrista repens var. multijuga
6564 Poincianella microphylla 7199 Senna macranthera
6566 Luetzelburgia auriculata 7200 Lonchocarpus araripensis
6568 Senna macranthera var. pudibunda 7205 Chloroleucon foliolosum
6569 Cratylia mollis 7214 Dioclea grandiflora
6573 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 7218 Crotalaria holosericea
6578 Chamaecrista supplex 7221 Stylosanthes scabra

850
7222 Zornia sericea 7436 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
7229 Piptadenia stipulacea 7471 Copaifera langsdorffii
7232 Zornia brasiliensis var. brasiliensis 7472 Cassia ferruginea var. ferruginea
7233 Anadenanthera colubrina var. cebil 7474 Mimosa ursina
7234 Mimosa misera 7477 Zapoteca filipes
7235 Copaifera cearensis var. arenicola 7479 Senegalia riparia
7256 Mimosa ophthalmocentra 7481 Zapoteca filipes
7258 Aeschynomene martii 7482 Bauhinia cacovia
7264 Indigofera blanchetiana 7485 Dioclea violacea
7265 Zornia echinocarpa 7486 Enterolobium contortisiliquum
7266 Mimosa acutistipula var. acutistipula 7489 Galactia striata
7267 Senna acuruensis 7501 Vigna adenantha
7271 Calliandra aeschynomenoides 7509 Hymenaea martiana
7274 Bauhinia acuruana 7512 Bauhinia acuruana
7277 Senna macranthera 7513 Piptadenia moniliformis
7284 Trischidium molle 7515 Copaifera langsdorffii
7287 Chloroleucon extortum 7518 Bauhinia pentandra
7290 Chamaecrista brevicalyx 7538 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
7293 Senegalia piauhiensis 7556 Chamaecrista zygophylloides var.
7302 Senegalia bahiensis zygophylloides
7313 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 7570 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
7316 Anadenanthera colubrina var. cebil 7589 Senegalia martiusiana
7319 Macroptilium bracteatum 7625 Mimosa irrigua
7322 Mimosa arenosa var. arenosa 7626 Indigofera blanchetiana
7323 Piptadenia moniliformis 7627 Mysanthus uleanus var. uleanus
7327 Mimosa ophthalmocentra 7630 Trischidium molle
7332 Aeschynomene monteiroi 7631 Chamaecrista hispidula
7336 Desmanthus pernambucanus 7632 Pseudopiptadenia brenanii
7337 Rhynchosia minima var. minima 7634 Piptadenia moniliformis
7352 Aeschynomene monteiroi 7635 Mimosa gemmulata var. adamantina
7356 Parapiptadenia zehntneri 7636 Piptadenia stipulacea
7358 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 7638 Senna macranthera
7359 Senna martiana 7639 Bauhinia acuruana
7364 Piptadenia moniliformis 7641 Chamaecrista hispidula
7370 Hymenaea eriogyne 7642 Chamaecrista brevicalyx
7374 Senna alata 7644 Calliandra aeschynomenoides
7382 Cenostigma gardnerianum 7645 Mimosa cordistipula
7387 Mimosa verrucosa 7647 Stylosanthes capitata
7397 Luetzelburgia bahiensis 7649 Pseudopiptadenia brenanii
7400 Mimosa verrucosa 7670 Blanchetiodendron blanchetii
7402 Cenostigma gardnerianum 7706 Anadenanthera colubrina var. cebil
7404 Hymenaea velutina 7711 Hymenaea martiana
7405 Senna gardneri 7718 Senegalia riparia
7406 Copaifera coriacea 7719 Chamaecrista swainsonii
7407 Dioclea marginata 7725 Mimosa cordistipula
7410 Senna macranthera 7729 Vigna adenantha
7412 Senna occidentalis 7733 Mimosa cordistipula
7414 Luetzelburgia bahiensis �������������������
7734 Zornia sericea
7415 Calliandra macrocalyx var. aucta 7740 Mysanthus uleanus var. uleanus
7416 Senna macranthera ���������������������������
7742 Crotalaria holosericea
7418 Peltogyne pauciflora 7745 Pterocarpus villosus
7419 Copaifera coriacea 7749 Luetzelburgia bahiensis
7421 Trischidium molle 7762 Cratylia mollis
7422 Indigofera microcarpa 7764 Senegalia langsdorffii
7428 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 7767 Indigofera blanchetiana

851
7770 Senna rizzinii 7933 Poincianella microphylla
7808 Coursetia vicioides 7940 Amburana cearensis
7809 Senegalia polyphylla 7946 Anadenanthera colubrina var. cebil
7810 Pseudopiptadenia brenanii 7950 Mimosa tenuiflora
7815 Mimosa gemmulata var. adamantina 7952 Senna spectabilis var. excelsa
7817 Crotalaria holosericea 7953 Libidibia ferrea
7818 Mimosa invisa var. invisa 7957 Senna spectabilis var. excelsa
7821 Senegalia langsdorffii 7966 Piptadenia viridiflora
7822 Mysanthus uleanus var. uleanus 7970 Libidibia ferrea
7824 Senegalia polyphylla 7973 Enterolobium timboüva
7826 Bauhinia pulchella 7974 Calliandra depauperata
7828 Piptadenia viridiflora 7976 Anadenanthera colubrina var. cebil
7833 Hymenaea courbaril var. courbaril 7977 Mimosa ophthalmocentra
7841 Mimosa tenuiflora 7988 Cenostigma gardnerianum
7845 Poincianella bracteosa 7992 Trischidium molle
7847 Senna spectabilis var. excelsa 7994 Hymenaea velutina
7848 Dioclea violacea 8000 Cenostigma gardnerianum
7851 Luetzelburgia bahiensis 8001 Piptadenia moniliformis
7854 Senna gardneri 8005 Mimosa verrucosa
7857 Mimosa acutistipula var. acutistipula 8006 Copaifera coriacea
7860 Senna macranthera 8007 Trischidium molle
7863 Luetzelburgia bahiensis 8011 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
7864 Piptadenia stipulacea 8016 Poincianella laxiflora
7866 Senna gardneri 8024 Cratylia mollis
7867 Senna cana var. cana 8028 Mimosa verrucosa
7868 Poincianella microphylla 8030 Senna gardneri
7871 Cratylia mollis 8042 Hymenaea velutina
7874 Mimosa tenuiflora 8050 Peltogyne pauciflora
7876 Aeschynomene evenia var. evenia 8053 Senna macranthera
7877 Neptunia plena 8058 Chamaecrista belemii
7880 Indigofera microcarpa 8064 Trischidium molle
7884 Cratylia mollis 8065 Copaifera coriacea
7885 Mimosa verrucosa 8067 Aeschynomene martii
7886 Senna gardneri 8068 Mimosa xiquexiquensis
7887 Senna macranthera 8073 Senna macranthera
7897 Cenostigma gardnerianum 8076 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
7900 Hymenaea velutina 8077 Cenostigma gardnerianum
7901 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 8084 Mimosa verrucosa
7902 Aeschynomene viscidula 9000 Geoffroea spinosa
7908 Chamaecrista belemii 9005 Chaetocalyx scandens var. pubescens
7909 Mimosa xiquexiquensis 9019 Senna uniflora
7910 Bauhinia acuruana 9020 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
7912 Poincianella laxiflora 9023 Centrosema virginianum
7913 Anadenanthera colubrina var. cebil 9024 Bauhinia aculeata
7915 Aeschynomene martii 9029 Senegalia bahiensis
7916 Senna martiana 9033 Bauhinia aculeata
7917 Trischidium molle 9034 Senna aversiflora
7918 Copaifera coriacea 9035 Goniorrhachis marginata
7920 Peltogyne pauciflora 9038 Desmanthus pernambucanus
7922 Mimosa ophthalmocentra 9039 Rhynchosia minima var. minima
7923 Mimosa hexandra 9045 Senegalia bahiensis
7924 Mimosa arenosa var. arenosa 9046 Mimosa ophthalmocentra
7926 Mimosa tenuiflora 9048 Calliandra depauperata
7931 Senegalia monacantha 9054 Bauhinia cheilantha
7932 Senegalia monacantha 9060 Poincianella microphylla

852
9061 Bauhinia cheilantha 9195 Crotalaria pilosa
9065 Mimosa acutistipula var. acutistipula 9197 Piptadenia adiantoides
9067 Mimosa hexandra 9198 Senna acuruensis
9076 Aeschynomene histrix 9200 Senna splendida var. splendida
9078 Calliandra leptopoda 9201 Senna acuruensis
9084 Piptadenia moniliformis 9204 Senna aversiflora
9088 Poincianella laxiflora 9205 Senna catingae
9090 Senna macranthera 9207 Macroptilium martii
9092 Senna martiana 9211 Senna macranthera
9093 Dioclea violacea 9219 Piptadenia adiantoides
9094 Cratylia mollis 9228 Centrosema virginianum
9095 Poincianella laxiflora 9229 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora
9097 Mimosa verrucosa 9230 Stylosanthes scabra
9108 Bauhinia acuruana 9231 Senna aversiflora
9111 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 9251 Senna catingae
9112 Trischidium molle 9258 Peltophorum dubium var. dubium
9120 Macroptilium martii 9276 Periandra coccinea
9125 Mimosa acutistipula var. acutistipula 9277 Mimosa invisa var. invisa
9134 Anadenanthera colubrina var. cebil 9278 Chamaecrista nictitans var. pilosa
9138 Mimosa verrucosa 9292 Senna macranthera var. micans
9141 Copaifera coriacea 9293 Aeschynomene histrix var. densiflora
9142 Peltogyne pauciflora 9316 Senna macranthera var. micans
9143 Aeschynomene martii 9410 Poecilanthe ulei
9144 Galactia remansoana 9413 Phanera trichosepala
9145 Mimosa xiquexiquensis 9419 Chaetocalyx scandens var. pubescens
9147 Cenostigma gardnerianum 9426 Crotalaria holosericea
9150 Cratylia mollis 9440 Periandra coccinea
9151 Chamaecrista belemii 9453 Senna pendula var. glabrata
9152 Dioclea grandiflora 9454 Chaetocalyx scandens var. pubescens
9156 Poincianella laxiflora 9462 Macroptilium erythroloma
9157 Zornia sericea 9473 Samanea inopinata
9158 Senna spectabilis var. excelsa 9568 Mimosa tenuiflora
9159 Senna rizzinii 9575 Senna aversiflora
9161 Senna macranthera 9587 Senna martiana
9162 Bauhinia aculeata 9591 Mimosa ophthalmocentra
9163 Senna macranthera 9592 Anadenanthera colubrina var. cebil
9164 Senna occidentalis 9593 Poincianella microphylla
9165 Senna macranthera 9596 Dioclea grandiflora
9167 Poecilanthe ulei 9599 Libidibia ferrea
9168 Senna macranthera var. pudibunda 9603 Poincianella laxiflora
9169 Chamaecrista pascuorum 9605 Cenostigma gardnerianum
9170 Senna macranthera var. pudibunda 9617 Senna gardneri
9171 Coursetia rostrata 9619 Peltogyne pauciflora
9172 Senna macranthera var. pudibunda 9620 Hymenaea velutina
9173 Senna acuruensis 9622 Calliandra macrocalyx var. aucta
9175 Mimosa ursina 9623 Calliandra macrocalyx var. aucta
9176 Senna macranthera var. pudibunda 9624 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
9177 Senna catingae 9628 Dioclea marginata
9178 Senna cana var. cana 9630 Senna cana var. cana
9179 Machaerium acutifolium 9631 Poincianella laxiflora
9183 Chamaecrista nictitans 9833 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora
9189 Chamaecrista nictitans 9638 Peltogyne pauciflora
9190 Mimosa invisa var. invisa 9654 Zornia harmsiana
9191 Desmodium tortuosum 9661 Aeschynomene evenia var. evenia
9193 Crotalaria holosericea 9666 Mimosa lepidophora

853
9674 Mimosa acutistipula var. acutistipula 10124 Bauhinia acuruana
9676 Mimosa lepidophora 10128 Mimosa acutistipula var. acutistipula
9678 Machaerium acutifolium var. enneandrum 10135 Dioclea violacea
9681 Canavalia dictyota 10137 Hymenaea velutina
9682 Senegalia bahiensis 10139 Bauhinia acuruana
9683 Macroptilium bracteatum 10142 Platypodium elegans
9685 Goniorrhachis marginata 10144 Stylosanthes angustifolia
9687 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 10158 Mimosa ursina
9690 Lonchocarpus araripensis 10162 Martiodendron mediterraneum
9691 Erythrina velutina 10168 Centrosema pascuorum
9692 Desmanthus pernambucanus 10176 Mimosa brevipinna
9696 Senna aversiflora 10188 Martiodendron mediterraneum
9721 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa 10193 Plathymenia reticulata
9755 Senna macranthera var. micans 10236 Bauhinia acuruana
9804 Lonchocarpus araripensis 10267 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
9813 Blanchetiodendron blanchetii 10594 Senna catingae
9815 Bauhinia forficata 10608 Lonchocarpus campestris
9824 Senna catingae 10609 Senegalia bahiensis
9825 Piptadenia adiantoides 10612 Goniorrhachis marginata
9913 Platypodium elegans 10637 Senna pendula var. glabrata
9914 Poeppigia procera 10640 Macroptilium erythroloma
9916 Pseudopiptadenia contorta 10649 Piptadenia adiantoides
9920 Platymiscium floribundum var. 10650 Poiretia punctata
obtusifolium 10673 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora
9966 Goniorrhachis marginata 10682 Senegalia kallunkiae
9973 Macroptilium erythroloma 10688 Aeschynomene histrix var. densiflora
9974 Centrosema virginianum 10725 Phanera trichosepala
9980 Senna pendula var. glabrata in PCD:
9983 Indigofera suffruticosa 3804 Senegalia langsdorffii
9984 Blanchetiodendron blanchetii 3857 Bauhinia pulchella
9993 Periandra coccinea 4001 Stylosanthes viscosa
10016 Pterogyne nitens
Queiroz, R.T.
10017 Platypodium elegans
11 Chamaecrista calycioides var. calycioides
10032 Centrosema brasilianum var. angustifolium
17 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
10033 Macroptilium gracile
25 Chamaecrista hispidula
10041 Chamaecrista serpens var. serpens
26 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
10045 Zornia sericea
27 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
10051 Senna macranthera
28 Chamaecrista serpens var. serpens
10058 Mimosa filipes
43 Chamaecrista supplex
10059 Calliandra leptopoda
10061 Senna lechriosperma Quirino, Z.G.
10063 Bauhinia cheilantha 20 Libidibia ferrea var. ferrea
10066 Mimosa ursina 23 Chamaecrista nictitans
10072 Galactia remansoana 23 Senna spectabilis var. excelsa
10073 Mimosa misera 27 Dioclea grandiflora
10074 Zornia leptophylla 30 Stylosanthes viscosa
10076 Mimosa setuligera 33 Chamaecrista nictitans
10085 Poincianella bracteosa
10086 Diptychandra aurantiaca subsp. epunctata Ratter, J.A.
10090 Bauhinia subclavata 8016 Piptadenia viridiflora
10092 Senna lechriosperma 8023 Piptadenia moniliformis
10097 Piptadenia moniliformis 8026 Luetzelburgia auriculata
10099 Mimosa lepidophora 8028 Bauhinia dumosa var. dumosa
10118 Calliandra imperialis 8046 Plathymenia reticulata
10119 Chamaecrista zygophylloides var. colligans

854
Ribeiro, P. L. 116 Cratylia mollis
61 Vigna peduncularis var. peduncularis 117 Chamaecrista ramosa var. ramosa
72 Vigna peduncularis var. peduncularis 124 Poincianella microphylla
74 Chamaecrista nictitans 129 Senna macranthera var. micans
80 Zornia myriadena 130 Chamaecrista repens var. multijuga
81 Stylosanthes viscosa 141 Anadenanthera colubrina var. cebil
82 Crotalaria holosericea 176 Chamaecrista pascuorum
240 Senna cana var. cana
Ribeiro, R. C.
28 Trischidium molle Riedel, L.
450 Copaifera langsdorffii
Ribeiro, R.C.
2 Senna martiana Rocha, A.C.S.
1 Enterolobium timboüva
Ribeiro, T.
44 Copaifera langsdorffii Rocha, P.
56 Poincianella microphylla 15 Chamaecrista ramosa var. ramosa
61 Galactia remansoana 20 Dioclea marginata
68 Indigofera microcarpa
Rodal, M.J.N.
73 Senegalia piauhiensis
648 Piptadenia stipulacea
74 Senegalia piauhiensis
75 Chloroleucon foliolosum Rodarte, A.T.A.
76 Acosmium fallax 84 Senna macranthera
80 Senna spectabilis var. excelsa 87 Senna occidentalis
81 Senna martiana 88 Indigofera microcarpa
141 Parkinsonia aculeata 92 Vachellia farnesiana
190 Parapiptadenia blanchetii 94 Senna splendida var. gloriosa
228 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora 100 Albizia inundata
229 Chamaecrista desvauxii var. latifolia 101 Centrosema brasilianum var. brasilianum
230 Chamaecrista nictitans var. disadena 103 Calopogonium caeruleum
238 Mimosa misera 104 Calopogonium caeruleum
241 Mimosa filipes 120 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
256 Poincianella pluviosa var. sanfranciscana 126 Peltogyne pauciflora
264 Enterolobium contortisiliquum 127 Hymenaea eriogyne
269 Machaerium acutifolium 133 Mimosa hexandra
325 Anadenanthera colubrina var. cebil 136 Hymenaea martiana
379 Centrosema brasilianum var. brasilianum
381 Senna macranthera Rodrigues, A.C.C.
394 Senegalia polyphylla 29 Anadenanthera peregrina var. falcata
397 Bauhinia aculeata 30 Anadenanthera peregrina var. falcata
398 Poincianella pluviosa var. sanfranciscana 33 Anadenanthera colubrina var. cebil
398 Poincianella pluviosa 34 Anadenanthera colubrina var. cebil
404 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx Rodrigues, M.N.
411 Senna acuruensis 1408 Dioclea lasiophylla
413 Calliandra macrocalyx var. aucta
416 Bauhinia pulchella Rodrigues, M.O.S.
421 Bauhinia brevipes 6 Senna macranthera var. micans
426 Dioclea grandiflora 7 Senna pendula var. glabrata
427 Senna macranthera 8 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
429 Senegalia riparia
Rodrigues, S.M.
434 Poincianella laxiflora
317 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
435 Cratylia bahiensis
Roque, N.
Ribeiro-Filho, A.A.
525 Periandra coccinea
110 Piptadenia moniliformis
543 Desmodium tortuosum
113 Trischidium molle
629 Chamaecrista pascuorum

855
633 Zornia brasiliensis var. brasiliensis 11 Aeschynomene filosa
636 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
Santana, S.C.de
640 Senegalia riparia
234 Piptadenia obliqua subsp. brasiliensis
641 Mimosa gemmulata var. adamantina
509 Trischidium molle
642 Mimosa filipes
527 Piptadenia moniliformis
656 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia
662 Calliandra leptopoda Sant’Anna, W.
in PCD: 293 Mimosa tenuiflora
2318 Mysanthus uleanus var. uleanus
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4496 Centrosema arenarium Santos, A.K.A.
4520 Periandra coccinea 50 Crotalaria holosericea
4522 Enterolobium contortisiliquum 68 Senegalia langsdorffii
4524 Centrosema arenarium Santos, F.S.
in CFCR: 444 Enterolobium contortisiliquum
14970 Mimosa cordistipula
15000 Mimosa pithecolobioides Santos, M.M.
15003 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 79 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
82 Pterocarpus villosus
Saar, E. 83 Enterolobium contortisiliquum
7 Anadenanthera colubrina var. cebil 84 Melanoxylon brauna
19 Senegalia bahiensis 99 Poecilanthe ulei
22 Senna aversiflora 148 Samanea inopinata
45 Dioclea grandiflora
46 Erythrina velutina Santos, S.
49 Senegalia langsdorffii 98 Senna occidentalis
54 Copaifera langsdorffii 115 Mimosa tenuiflora
58 Bauhinia acuruana 138 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
59 Senna acuruensis
Santos, T.S.dos
67 Bauhinia cacovia
4303 Parapiptadenia zehntneri
74 Senegalia riparia
79 Mimosa irrigua Sarmento, A.C.
in PCD: 856 Machaerium acutifolium
4736 Platypodium elegans 857 Senegalia polyphylla
4782 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa 871 Melanoxylon brauna
5101 Poeppigia procera 872 Blanchetiodendron blanchetii
5102 Senna macranthera var. pudibunda 873 Chamaecrista eitenorum var. regana
5103 Mimosa ophthalmocentra 875 Machaerium leucopterum
5187 Neptunia plena 876 Libidibia ferrea
5252 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 878 Samanea inopinata
5253 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 879 Platypodium elegans
5256 Cassia ferruginea var. ferruginea 880 Senna cana var. cana
Salino, A. Scheltnio, V.M.
3306 Piptadenia viridiflora 401 Senna macranthera
3756 Senegalia tenuifolia
Schultze-Kraft, R.
Sano, P.T. 370 Canavalia brasiliensis
in CFCR: 388 Canavalia brasiliensis
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14491 Mimosa cordistipula 507 Canavalia brasiliensis
14532 Mimosa modesta var. ursinoides 531 Canavalia brasiliensis
14550 Mimosa irrigua 850 Canavalia brasiliensis
14656 Anadenanthera colubrina var. cebil 4318 Canavalia brasiliensis
Santana, L.G. Sena, T.S.N.
3 Senna occidentalis 6 Centrosema brasilianum var. brasilianum
10 Piptadenia moniliformis 37 Periandra coccinea

856
Senra, L.C. Silva, F.V.
5 Chamaecrista repens var. multijuga 7 Rhynchosia minima var. minima
14 Phanera microstachya
Silva, G.O.M.
18 Galactia jussiaeana var. jussiaeana
30 Piptadenia moniliformis
23 Senna alata
28 Macroptilium bracteatum Silva, G.P.
2439 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis
Serra, A.
2444 Senna occidentalis
3 Chamaecrista nictitans var. disadena
2453 Desmodium glabrum
Shepherd, G.J. 2455 Senna martiana
in UEC: 2461 Canavalia brasiliensis
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4424 Senna spectabilis var. excelsa 2463 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
2465 Rhynchosia minima var. minima
Silva, A.G.
2466 Galactia striata
150 Senna lechriosperma
2467 Indigofera suffruticosa
301 Senna macranthera var. micans
2468 Stylosanthes humilis
421 Machaerium hirtum
2474 Stylosanthes angustifolia
Silva, A.M. 2475 Stylosanthes viscosa
33 Senna macranthera 2479 Stylosanthes viscosa
3064 Stylosanthes viscosa
Silva, B.M. 3072 Piptadenia adiantoides
140 Pterogyne nitens 3076 Anadenanthera colubrina var. cebil
Silva, F.C.F.da 3079 Pterogyne nitens
163 3083 Albizia polycephala
3084 Senna spectabilis var. excelsa
Silva, F.H.M. 3085 Vachellia farnesiana
297 Peltogyne pauciflora 3086 Peltophorum dubium var. dubium
301 Poeppigia procera 3087 Chloroleucon dumosum
308 Copaifera cearensis var. arenicola 3091 Luetzelburgia bahiensis
313 Cratylia mollis 3095 Anadenanthera colubrina var. cebil
315 Poincianella microphylla 3097 Piptadenia viridiflora
325 Chamaecrista nictitans var. pilosa 3098 Piptadenia viridiflora
328 Chamaecrista swainsonii 3101 Senna acuruensis
333 Piptadenia moniliformis 3102 Parapiptadenia zehntneri
335 Senna rizzinii 3104 Stylosanthes capitata
346 Hymenaea martiana 3106 Piptadenia viridiflora
356 Anadenanthera colubrina var. cebil 3107 Senegalia langsdorffii
357 Plathymenia reticulata 3611 Senegalia riparia
372 Canavalia brasiliensis 3612 Desmanthus pernambucanus
378 Galactia remansoana 3613 Anadenanthera colubrina var. colubrina
389 Stylosanthes scabra 3618 Phanera trichosepala
391 Piptadenia stipulacea 3631 Chloroleucon extortum
422 Galactia remansoana 3632 Samanea inopinata
427 Mimosa lewisii 3636 Poecilanthe ulei
428 Mimosa misera 3642 Vigna peduncularis var. peduncularis
436 Chloroleucon foliolosum 3679 Canavalia brasiliensis
447 Trischidium molle 3680 Luetzelburgia auriculata
451 Apuleia leiocarpa 3682 Poecilanthe ulei
452 Poincianella microphylla 3686 Vachellia farnesiana
460 Mimosa misera 3688 Albizia inundata
465 Copaifera cearensis var. arenicola 3691 Piptadenia moniliformis
469 Mimosa filipes
506 Senegalia piauhiensis Silva, L.A.M.
510 Bauhinia cheilantha 3494 Libidibia ferrea

857
Silva, L.B. 469 Mysanthus uleanus var. uleanus
26 Poincianella pyramidalis var. pyramidalis 477 Senna gardneri
33 Mimosa pigra var. pigra 490 Mimosa verrucosa
49 Libidibia ferrea var. ferrea 491 Cratylia mollis
90 Parkinsonia aculeata 495 Dioclea violacea
in PCD: 496 Senna gardneri
6031 Senna cana var. cana 527 Dioclea grandiflora
Silva, M.F.B.L. da Silva, P.
2 Mimosa arenosa var. arenosa 14 Piptadenia stipulacea
24 Vigna peduncularis var. peduncularis 37M Poecilanthe grandiflora
29 Anadenanthera colubrina var. cebil 39 Mimosa acutistipula var. acutistipula
37 Chaetocalyx scandens var. pubescens 80 Vachellia farnesiana
41 Senegalia bahiensis
Silva, R.
47 Macroptilium martii
1450 Senegalia bahiensis
Silva, M.M.da 1469 Bauhinia pentandra
13 Macroptilium martii 1470 Piptadenia stipulacea
15 Cratylia mollis 1540 Senegalia bahiensis
27 Poincianella microphylla 1660 Piptadenia stipulacea
81 Andira fraxinifolia 1691 Senegalia piauhiensis
178 Centrosema brasilianum var. brasilianum 1736 Peltogyne pauciflora
194 Anadenanthera colubrina var. cebil
Silva, R.A
244 Senna macranthera var. pudibunda
215 Indigofera microcarpa
249 Senna catingae
224 Centrosema brasilianum var. brasilianum
266 Centrosema virginianum
260 Chamaecrista serpens var. serpens
268 Senna macranthera
276 Chamaecrista serpens var. serpens
285 Bauhinia aculeata
285 Macroptilium lathyroides
288 Canavalia dictyota
311 Galactia striata
308 Dioclea grandiflora
332 Macroptilium lathyroides
314 Centrosema virginianum
552 Rhynchosia minima var. minima
322 Senna obtusifolia
558 Aeschynomene viscidula
325 Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa
611 Centrosema pascuorum
339 Senna macranthera var. pudibunda
678 Aeschynomene viscidula
350 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
832 Stylosanthes scabra
355 Crotalaria holosericea
847 Vigna adenantha
358 Indigofera suffruticosa
865 Indigofera microcarpa
361 Senna spectabilis var. excelsa
899 Rhynchosia minima var. minima
362 Senegalia bahiensis
996 Chamaecrista serpens var. serpens
364 Mimosa arenosa var. arenosa
1093 Vigna peduncularis var. peduncularis
407 Vigna peduncularis var. peduncularis
1173 Zornia leptophylla
428 Cenostigma gardnerianum
1314 Galactia jussiaeana var. jussiaeana
430 Piptadenia moniliformis
1437 Dioclea grandiflora
433 Cenostigma gardnerianum
1618 Centrosema brasilianum var. brasilianum
437 Luetzelburgia auriculata
1648 Vigna peduncularis var. peduncularis
442 Crotalaria holosericea
1696 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
447 Aeschynomene filosa
1773 Canavalia brasiliensis
448 Erythrina velutina
451 Amburana cearensis Silva, R.A.
453 Senna martiana 1199 Mimosa pigra var. pigra
455 Mimosa tenuiflora 1722 Chloroleucon foliolosum
460 Mimosa verrucosa
461 Mimosa ulbrichiana Silva, S.B.da
463 Senna alata 88 Peltophorum dubium var. dubium
464 Indigofera suffruticosa 100 Plathymenia reticulata
121 Platypodium elegans

858
188 Senna cana var. cana 650 Aeschynomene martii
198 Apuleia leiocarpa 656 Cratylia bahiensis
201 Pseudopiptadenia contorta 676 Senna splendida var. splendida
208 Dalbergia cearensis
Silveira, E.
209 Libidibia ferrea var. parvifolia
s.n. EAC:
214 Libidibia ferrea var. ferrea
24489 Copaifera langsdorffii
342 Senna cana var. cana
351 Pterogyne nitens Simabukuro, E.A
365 Anadenanthera colubrina var. cebil 278 Senna aversiflora
366 Piptadenia moniliformis
367 Mimosa acutistipula var. acutistipula Simon, M.F.
245 Mimosa gemmulata var. adamantina
Silva, S.C.C.C. 465 Mimosa ursina
88 Libidibia ferrea var. ferrea 479 Neptunia plena
481 Mimosa ophthalmocentra
Silva, S.N.da
505 Chamaecrista fagonioides var. macrocalyx
192 Senegalia martiusiana
517 Macroptilium martii
Silva, T.R.S. 519 Tephrosia purpurea subsp. purpurea
33 Senna macranthera 543 Mimosa tenuiflora
49 Periandra coccinea 544 Piptadenia stipulacea
71 Coursetia rostrata 546 Chloroleucon foliolosum
79 Senna macranthera
Siqueira-Filho, J.A.
95 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
818 Vigna peduncularis var. peduncularis
96 Mimosa gemmulata var. adamantina
907 Mimosa pigra var. pigra
105 Mimosa gemmulata var. adamantina
110 Senna cana var. cana Smith, S.
111 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx 2935 Senna reticulata
112 Chamaecrista brevicalyx var. brevicalyx
113 Pterogyne nitens Soares, F.A.R.
114 Machaerium hirtum 51 Poincianella bracteosa
122 Mimosa sensitiva var. sensitiva Soares, I.M.
130 Mimosa sensitiva var. sensitiva 8 Desmanthus pernambucanus
131 Senna splendida
138 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx Sobral, M.
142 Diptychandra aurantiaca subsp. epunctata 7642 Piptadenia moniliformis
146 Mimosa pseudosepiaria
Souto, R.
152 Bauhinia brevipes
8 Poincianella gardneriana
192 Chamaecrista belemii
in CFCR: Souza, E. B.
12385 Chamaecrista zygophylloides var. 3 Mimosa caesalpiniifolia
zygophylloides 9 Parkinsonia aculeata
11 Tephrosia cinerea
Silva,C.C.
175 Mimosa misera
5 Periandra coccinea
343 Zapoteca filipes
Silva-Castro, M.M. 369 Parkinsonia aculeata
546 Coursetia rostrata 386 Poincianella bracteosa
550 Senna macranthera
Souza, E.R. de
613 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
21 Chamaecrista hispidula
615 Chamaecrista barbata
56 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
634 Senna catingae
102 Mimosa arenosa var. arenosa
636 Chamaecrista barbata
123 Cratylia mollis
639 Senna macranthera var. pudibunda
125 Dioclea grandiflora
643 Coursetia rostrata
127 Coursetia rostrata
647 Senna catingae
136 Lonchocarpus campestris
649 Indigofera suffruticosa

859
138 Calliandra spinosa 26154 Senna cana var. cana
140 Bauhinia acuruana 26480 Senna cana var. cana
215 Zornia myriadena 26506 Poincianella bracteosa
283 Hymenaea martiana 26603 Zornia latifolia var. latifolia
293 Senegalia polyphylla in H:
296 Senegalia riparia 50264 Senegalia riparia
299 Mimosa acutistipula var. acutistipula 50269 Chamaecrista zygophylloides var. colligans
304 Hymenaea courbaril var. courbaril 50272 Periandra coccinea
305 Coursetia rostrata
Stannard, B.
306 Mimosa irrigua
in PCD:
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307 Mysanthus uleanus var. uleanus
2498 Senna gardneri
310 Macroptilium erythroloma
������������������������������������������
2515 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
�����������������������������������������
313 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
2589 Albizia polycephala
314 Senna rizzinii
2608 Senna spectabilis var. excelsa
315 Senna splendida var. gloriosa
5152 Calliandra leptopoda
318 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
5230 Senegalia piauhiensis
323 Senegalia polyphylla
5236 Dioclea grandiflora
324 Zapoteca filipes
5289 Bauhinia cacovia
339 Blanchetiodendron blanchetii
5313 Phanera flexuosa
388 Mimosa lewisii
5344 Bauhinia acuruana
390 Calliandra aeschynomenoides
5355 Hymenaea martiana
394 Zornia sericea
5368 Bauhinia pulchella
395 Mimosa cordistipula
in H:
400 Mimosa lewisii
51129 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
402 Chloroleucon foliolosum
51591 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
403 Chaetocalyx scandens var. pubescens
51868 Macroptilium bracteatum
412 Calliandra depauperata
51929 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa
413 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
51973 Periandra coccinea
414 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
52700 Senna acuruensis
463 Senna splendida
52750 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
Souza, V.C.
Teixeira, A.F.R.
5156 Galactia striata
2 Senegalia polyphylla
5264 Mimosa ophthalmocentra
4 Peltophorum dubium var. dubium
5300 Zornia brasiliensis var. brasiliensis
6 Mimosa acutistipula var. acutistipula
5339 Platypodium elegans
10 Piptadenia moniliformis
5387 Neptunia plena
16 Mimosa verrucosa
5412 Anadenanthera colubrina var. cebil
17 Cratylia mollis
5455 Aeschynomene martii
5458 Coursetia rostrata Thomas, W.W.
5459 Desmanthus pernambucanus 9611 Piptadenia moniliformis
5510 Stylosanthes scabra 9615 Cenostigma gardnerianum
5582 Coursetia rostrata 9618 Mimosa ophthalmocentra
22631 Chamaecrista desvauxii var. latifolia var. 9621 Calliandra depauperata
brevipes 9628 Senna martiana
22697 Senna cana var. cana 9629 Senna macranthera var. pudibunda
22726 Chamaecrista repens var. multijuga 9633 Mimosa ophthalmocentra
22820 Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia 9640 Anadenanthera colubrina var. cebil
22855 Chamaecrista fagonioides var. macrocalyx 9686 Chamaecrista hispidula
22973 Bauhinia pulchella
23056 Senna cana var. cana Tourinho, R.
23092 Mimosa pithecolobioides 16 Macroptilium lathyroides
25907 Cassia ferruginea var. ferruginea 21 Platypodium elegans
25950 Senna cana var. cana 28 Hymenaea courbaril var. longifolia
26033 Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora 30 Chamaecrista flexuosa var. flexuosa

860
37 Mimosa acutistipula var. acutistipula
41 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
43 Mimosa verrucosa
44 Mimosa ulbrichiana
Trigueiro, E.
13 Poincianella bracteosa
15 Anadenanthera colubrina var. cebil
21 Mimosa tenuiflora
33 Poincianella bracteosa
Ule, E.
7250 Senna catingae
7277 Bauhinia aculeata
7383 Mimosa pseudosepiaria
7386 Calliandra macrocalyx var. macrocalyx
7388 Mimosa setuligera
7389 Mimosa hirsuticaulis
7390 Mimosa misera
7440 Calliandra ulei
7528 Mimosa campicola var. campicola
7529 Mimosa ulbrichiana
Vaillant, P.F.M.
20 Pterogyne nitens
Vasconcellos-Neto
1 Desmanthus pernambucanus
2 Mimosa arenosa var. arenosa
Vieira, J.G.
198 Dioclea lasiophylla
Vieira, R.F.
1037 Desmanthus pernambucanus
1046 Senegalia bahiensis
Voeks, R.
609 Mimosa sensitiva var. sensitiva
612 Periandra coccinea
Woodgyer, E.
in PCD:
2231 Senna macranthera var. micans
������������������������������������������
2553 Chamaecrista desvauxii var. latifolia
Zanella, F.C.V.
92 Macroptilium martii

861
APÊNDICE 3 – MAPAS DE DISTRIBUIÇÃO

862
863
864
865
866
867
868
869
870
871
872
873
874
875
876
877
878
879
880
881
ÍNDICE PARA NOMES VERNACULARES

Mais informações sobre o uso de determinados nomes vernaculares podem ser


encontrados no texto, nas páginas indicadas.

Acácia Amendoim-de-carcará
Albizia polycephala........................... Arachis dardani................................
Açoita-cavalo Arachis pusilla..................................
Desmodium glabrum........................ Amendoim-de-porco
Aganbira Arachis sylvestris..............................
Parapiptadenia zehntneri................. Amorosa
Alagadiço Desmodium incanum........................
Mimosa exalbescens.......................... Angambira
Mimosa hexandra............................ Plathymenia reticulata.....................
Alecrim Angelim
Calliandra depauperata.................... Andira fraxinifolia...........................
Amendoim-bravo Andira vermifuga.............................
Arachis dardani................................ Luetzelburgia auriculata...................

882
Mimosa lepidophora......................... Anadenathera colubrina var. cebil......
Angico Angico-vermelho
Anadenanthera peregrina var. falcata Anadenathera colubrina var. cebil......
Anadenathera colubrina var. cebil...... Angiquinho
Anadenathera colubrina var. Chamaecrista repens var. multijuga...
colubrina..................................... Mimosa misera.................................
Pseudopiptadenia contorta................
Anis-de-bode
Angico-branco Desmanthus pernambucanus.............
Piptadenia moniliformis...................
Arapiraca
Angico-de-bezerro Chloroleucon dumosum.....................
Piptadenia moniliformis................... Chloroleucon foliolosum.....................
Angico-de-caroço Vachellia farnesiana..........................
Anadenathera colubrina var. cebil...... Arranha-gato
Angico-de-casca Senegalia martiusiana......................
Anadenathera colubrina var. cebil...... Arrebenta-foice
Angico-jacaré Senegalia bahiensis...........................
Anadenathera colubrina var. cebil...... Avoador-branco
Angico-monjoba Piptadenia stipulacea........................
Parapiptadenia zehntneri................. Banha-de-capão
Angico-monjolo Senegalia piauhiensis........................
Pseudopiptadenia brenanii................ Banha-de-galinha
Angico-preto Luetzelburgia andrade-limae............
Anadenathera colubrina var. cebil...... Bastião-de-arruda
Mimosa misera................................. Dalbergia cearensis...........................
Angico-surucucu Machaerium acutifolium var.
Pseudopiptadenia bahiana................ acutifolium.................................
Angico-verdadeiro Machaerium acutifolium var.
enneadrum..................................

883
Besourinho Cabelouro-da-catinga
Senna macranthera var. micans......... Lonchocarpus sericeus........................
Besouro Cabo-enchó
Senna lechriosperma......................... Poeppigia procera var. conferta...........
Senna martiana............................... Cacuricabra
Birro Copaifera coriacea............................
Diptychandra aurantiaca subsp. Calumbé
epunctata.................................... Mimosa lewisii................................
Birro-preto Calumbí
Chamaecrista eitenorum var. Mimosa arenosa var. arenosa.............
eitenorum................................... Mimosa pigra var. pigra...................
Bocetinha Mimosa tenuiflora............................
Periandra coccinea............................ Vachellia farnesiana..........................
Bordão-de-velho Calumbí-branco
Samanea inopinata.......................... Mimosa arenosa var. arenosa.............
Braúna Senegalia bahiensis...........................
Melanoxylon brauna........................ Senegalia piauhiensis........................

Brinco Calumbí-d’égua
Trischidium molle............................. Mimosa arenosa var. arenosa.............

Brinco-de-galinha Calumbí-de-fuso
Pithecellobium diversifolium............. Senegalia bahiensis...........................

Brinco-de-sauim Calumbi-de-riacho
Pithecellobium diversifolium............. Piptadenia irwinii var. irwinii.........

Brinquinho Calumbi-miúdo
Trischidium molle............................. Mimosa invisa var. invisa................

Buranhê Calumbí-preto
Peltogyne pauciflora.......................... Mimosa arenosa var. arenosa.............
Mimosa ophthalmocentra..................

884
Senegalia bahiensis........................... Senna macranthera var. micans.........
Calumbí-roxo Canzil
Mimosa arenosa var. arenosa............. Blanchetiodendron blanchetii............
Calumbí-vermelho Capote
Mimosa ophthalmocentra.................. Pterocarpus monophyllus...................
Camaratuba Carcarazeiro
Cratylia mollis................................. Pithecellobium diversifolium.............
Canafista Carqueja
Peltophorum dubium var. dubium...... Calliandra depauperata....................
Senna spectabilis var. excelsa.............. Chamaecrista serpens var. serpens......
Canafistão Carquejo
Senna alata...................................... Mimosa hexandra............................
Canafístula Carrancudo
Senna spectabilis var. excelsa.............. Platymiscium floribundum var.
Candeia obtusifolium................................
Plathymenia reticulata..................... Poecilanthe ulei................................

Candieiro-preto Carrapicho
Senna cana var. cana........................ Desmodium incanum........................

Canela-de-ema Carrapicho-beiço-de-boi
Desmanthus pernambucanus............. Desmodium tortuosum......................

Canela-de-velho Casqueiro
Aeschynomene evenia var. evenia....... Samanea inopinata..........................
Cenostigma gardnerianum . ............. Catanduva
Dioclea marginata............................ Piptadenia moniliformis...................
Senna acuruensis.............................. Pseudopiptadenia brenanii................
Canjuão Catinga-de-porco
Senna catingae................................. Poincianella bracteosa.......................

885
Poincianella gardneriana.................. Catinguinha
Poincianella microphylla................... Dioclea violacea................................
Poincianella pyramidalis var. Catolé
pyramidalis................................. Diptychandra aurantiaca subsp.
Catingueira epunctata....................................
Bauhinia pulchella............................ Cedrim
Poincianella bracteosa....................... Platymiscium pubescens subsp.
Poincianella gardneriana.................. zehntneri....................................
Poincianella laxiflora........................
Cedro-bravo
Poincianella pluviosa var.
Platymiscium pubescens subsp.
sanfranciscana.............................
zehntneri....................................
Poincianella pyramidalis var.
Chocalheira
pyramidalis.................................
Crotalaria holosericea.......................
Catingueira-de-folha-miúda
Chocalho-de-cascavel
Poincianella pluviosa var. intermedia
Crotalaria holosericea.......................
Catingueira-de-mulata
Chorão
Poincianella pyramidalis var.
Platypodium elegans.........................
pyramidalis.................................
Chorona-cris
Catingueira-grande
Vachellia farnesiana..........................
Poincianella pyramidalis var.
Cipó-babão
pyramidalis.................................
Chaetocalyx scandens var. pubescens...
Catingueira-rasteira
Cipó-de-besouro
Poincianella microphylla...................
Senna rizzinii..................................
Catingueirinho
Cipó-de-escada
Poincianella microphylla ..................
Phanera outimouta...........................
Catingueiro
Cipó-de-macaco
Chamaecrista eitenorum var.
Calopogonium caeruleum..................
eitenorum...................................

886
Cipó-de-mixla mollicula.....................................
Phanera flexuosa.............................. Cumaru
Cipó-mucunã Amburana cearensis..........................
Dioclea violacea................................ Dormideira
Cipó-preto Mimosa somnians var. somnians........
Dioclea violacea................................ Embira-de-bode
Clorana Bauhinia pentandra.........................
Vachellia farnesiana.......................... Bauhinia subclavata.........................
Copaíba Engorda-magro
Copaifera langsdorffii....................... Desmodium glabrum........................
Coração-de-cágado Erva-de-boi
Bauhinia aculeata............................ Canavalia brasiliensis......................
Coração-de-mulato Erva-do-coração
Senegalia bahiensis........................... Chamaecrista rotundifolia var.
Coração-de-nego rotundifolia.................................
Aeschynomene martii........................ Escada-de-macaco
Coração-de-negro Phanera trichosepala.........................
Peltogyne pauciflora.......................... Escada-de-macaco-da-catinga
Poeppigia procera var. conferta........... Phanera flexuosa...............................
Coronha Espinheiro
Vachellia farnesiana.......................... Chloroleucon dumosum.....................
Corticeira Piptadenia viridiflora.......................
Aeschynomene evenia var. evenia....... Senegalia bahiensis...........................
Senegalia polyphylla.........................
Couvi
Leucochloron limae........................... Espinheiro-branco
Calliandra spinosa............................
Cristal-do-mato
Mimosa arenosa var. arenosa.............
Aeschynomene mollicula var.

887
Espinheiro-branco-de-âmago- Fedegoso
vermelho Senna martiana...............................
Senegalia bahiensis........................... Senna obtusifolia..............................
Espinheiro-bravo Senna occidentalis.............................
Mimosa pseudosepiaria..................... Fedegoso-branco
Espinheiro-de-avelino Senna obtusifolia..............................
Vachellia farnesiana.......................... Feijão-brabo
Espinheiro-preto Vigna peduncularis var. peduncularis
Senegalia monacantha...................... Feijão-branco
Espinho-de-jerusalém Macroptilium bracteatum.................
Parkinsonia aculeata......................... Feijão-bravo
Espinho-de-turco Canavalia brasiliensis......................
Parkinsonia aculeata......................... Galactia remansoana........................
Macroptilium bracteatum.................
Estaladeira
Macroptilium martii........................
Poincianella bracteosa.......................
Vigna peduncularis var. peduncularis
Estradeira
Feijão-de-nambu
Periandra coccinea............................
Macroptilium bracteatum.................
Estralador
Feijão-de-porco
Piptadenia moniliformis...................
Canavalia brasiliensis......................
Farinha-seca
Feijão-de-rola
Peltophorum dubium var. dubium......
Macroptilium bracteatum.................
Fava-brava
Macroptilium lathyroides..................
Canavalia brasiliensis......................
Feijão-de-rolinha
Fava-de-boi
Rhynchosia minima var. minima.......
Canavalia brasiliensis......................
Feijão-do-mato
Fava-de-cabocla
Macroptilium erythroloma................
Parapiptadenia blanchetii.................
Feijãozinho-de-rama

888
Vigna peduncularis var. peduncularis Ingarana
Figo-de-galinha Zygia latifolia var. communis............
Pterocarpus zehntneri....................... Ingazeira
Flor-de-são-joão Lonchocarpus sericeus........................
Chamaecrista belemii var. belemii...... Ingazeiro
Folha-miúda Inga vera subsp. affinis.....................
Piptadenia moniliformis................... Inhambira
Garapa Parapiptadenia zehntneri.................
Apuleia leiocarpa.............................. Ipê-falso
Gergelim-branco Senna macranthera var. striata..........
Crotalaria holosericea....................... Itapicuru
Guanambira-de-terra-firme Goniorrhachis marginata..................
Pseudopiptadenia brenanii................ Itapicuru-preto
Guanhambira Goniorrhachis marginata..................
Parapiptadenia zehntneri................. Jacarandá-bico-de-pato
Guaranhambira Machaerium hirtum.........................
Parapiptadenia zehntneri................. Jacobina
Guizo-de-cascavel Mimosa gemmulata var. adamantina
Crotalaria incana var. incana............ Jacurutu
Imbirá-puita Piptadenia viridiflora.......................
Peltophorum dubium var. dubium...... Jatobá
Imburana-de-cheiro Hymenaea courbaril var. courbaril.....
Amburana cearensis.......................... Hymenaea courbaril var. longifolia....
Hymenaea eriogyne..........................
Imburanhê
Hymenaea martiana.........................
Peltogyne pauciflora..........................
Jatobá-batinga
Ingá
Hymenaea eriogyne..........................
Inga vera subsp. affinis.....................

889
Jatobá-da-casca-fina Jurema
Hymenaea velutina.......................... Mimosa arenosa var. arenosa.............
Jatobá-da-catinga Mimosa ophthalmocentra..................
Hymenaea velutina.......................... Mimosa tenuiflora............................
Mimosa verrucosa............................
Jatobá-de-porco
Senegalia piauhiensis........................
Hymenaea courbaril var. longifolia....
Hymenaea velutina.......................... Jurema-branca
Chloroleucon dumosum.....................
Jatobá-de-véia
Mimosa arenosa var. arenosa.............
Hymenaea velutina..........................
Mimosa ophthalmocentra..................
Jiquiri-grande
Piptadenia stipulacea........................
Mimosa pigra var. pigra...................
Senegalia piauhiensis........................
Jitaí-amarelo
Senegalia riparia..............................
Apuleia leiocarpa..............................
Jurema-cor-de-rosa
Jitirana-preta
Mimosa adenophylla var. mitis..........
Galactia remansoana........................
Mimosa gemmulata var. adamantina
Jucá
Jurema-de-caboclo
Libidibia ferrea var. ferrea................
Mimosa acutistipula var. acutistipula
Libidibia ferrea var. glabrescens.........
Jurema-de-embira
Libidibia ferrea var. parvifolia..........
Mimosa ophthalmocentra..................
Junco-preto
Mimosa tenuiflora............................
Desmanthus pernambucanus.............
Jurema-de-espinho
Juncumarim
Mimosa acutistipula var. acutistipula
Prosopis ruscifolia.............................
Jurema-preta
Juquiri
Mimosa acutistipula var. acutistipula
Mimosa pigra var. pigra...................
Mimosa ophthalmocentra..................
Juquiri-carrasco Mimosa tenuiflora............................
Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa Mimosa verrucosa............................

890
Piptadenia stipulacea........................ Malícia-verdadeira
Jurema-vermelha Mimosa pudica var. tetrandra...........
Mimosa acutistipula var. acutistipula Mané-ventura
Jureminha Poincianella bracteosa.......................
Mimosa lewisii................................ Manjerioba
Mimosa ophthalmocentra.................. Senna occidentalis.............................
Mimosa verrucosa............................ Sesbania exasperata..........................
Lambe-beiço Mão-de-vaca
Mimosa sensitiva var. sensitiva......... Bauhinia cheilantha.........................
Senegalia langsdorffii........................ Mari
Lava-cabeça Geoffroea spinosa..............................
Poeppigia procera var. conferta.......... Maria-mole
Levanta-foice Senna reticulata...............................
Riedeliella magalhaesii..................... Marizeiro
Lobo-lobo Geoffroea spinosa..............................
Chaetocalyx scandens var. pubescens... Marmelada-de-cavalo
Lombo-preto Desmodium glabrum........................
Acosmium fallax............................... Mata-pastão
Madeira-nova Senna alata......................................
Pterogyne nitens............................... Mata-pasto
Malícia Chamaecrista rotundifolia var.
Mimosa modesta var. modesta............ grandiflora..................................
Mimosa pudica var. tetrandra........... Senna martiana...............................
Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa Senna obtusifolia..............................
Mimosa sensitiva var. sensitiva......... Senna uniflora..................................
Malícia-de-mulher Mata-pasto-cabeludo
Mimosa pudica var. tetrandra........... Senna uniflora..................................
Mimosa sensitiva var. sensitiva.........

891
Mata-pasto-liso Mororó
Senna obtusifolia.............................. Bauhinia aculeata............................
Mata-pasto-verdadeiro Bauhinia acuruana...........................
Senna uniflora.................................. Bauhinia cheilantha.........................
Cratylia mollis.................................
Matineta
Phanera trichosepala.........................
Rhynchosia minima var. minima.......
Mororó-da-chapada
Mau-vizinho
Bauhinia subclavata.........................
Machaerium hirtum.........................
Mororó-da-folha-inteira
Melosa
Bauhinia dubia................................
Mimosa xiquexiquensis.....................
Mororó-de-bode
Merosa
Bauhinia pentandra.........................
Bauhinia cheilantha.........................
Bauhinia pulchella............................
Mimosa-de-vereda
Mororó-de-boi
Mimosa modesta var. ursinoides.........
Bauhinia cheilantha.........................
Miriró
Bauhinia subclavata.........................
Bauhinia aculeata............................
Mororozinho
Miroró
Bauhinia aculeata............................
Bauhinia acuruana...........................
Mucunã
Bauhinia brevipes............................
Dioclea grandiflora...........................
Bauhinia cheilantha.........................
Dioclea marginata............................
Bauhinia forficata............................
Dioclea violacea................................
Bauhinia pulchella............................
Bauhinia subclavata......................... Mucunã-peluda
Phanera flexuosa.............................. Dioclea violacea................................

Moela-de-galinha Mudubim
Luetzelburgia bahiensis.................... Aeschynomene mollicula var.
mollicula.....................................
Monzê
Albizia polycephala........................... Mulateira

892
Apuleia leiocarpa.............................. rotundifolia.................................
Mulungu Pata-de-bode
Erythrina velutina........................... Bauhinia pulchella............................
Mundubí Pata-de-cabra
Arachis sylvestris.............................. Bauhinia pulchella............................
Arachis triseminata.......................... Pata-de-vaca
Mundubim-brabo Bauhinia cheilantha.........................
Chamaecrista hispidula..................... Bauhinia subclavata.........................
Crotalaria incana var. incana............ Pau-bica
Muquém Poincianella bracteosa.......................
Albizia inundata.............................. Pau-branco
Olho-de-boi Poeppigia procera var. conferta...........
Dioclea grandiflora........................... Pau-d’óleo
Orelha-de-nego Copaifera cearensis var. arenicola.......
Enterolobium contortisiliquum.......... Copaifera cearensis var. cearensis........
Orelha-de-onça Copaifera langsdorffii.......................
Macroptilium martii........................ Pau-de-besouro
Orelha-de-rato Senna acuruensis..............................
Macroptilium lathyroides.................. Pau-de-besouro-de-rama
Oró Senna rizzinii..................................
Macroptilium panduratum............... Pau-de-birro
Paca-rosa Diptychandra aurantiaca subsp.
Macroptilium bracteatum................. epunctata....................................

Paricá Pau-de-espinho
Aeschynomene evenia var. evenia....... Prosopis ruscifolia.............................

Pasto-rasteiro Pau-de-formiga
Chamaecrista rotundifolia var. Acosmium fallax...............................

893
Pau-de-fuso Pem-pem
Senegalia bahiensis........................... Poincianella microphylla...................
Pau-de-machado Pena-de-saracura
Poeppigia procera var. conferta........... Desmanthus pernambucanus.............
Pau-de-rato Pijuí
Acosmium fallax............................... Peltophorum dubium var. dubium......
Apuleia leiocarpa.............................. Podói
Poincianella bracteosa....................... Copaifera langsdorffii.......................
Poincianella pyramidalis var.
Podói-mirim
pyramidalis.................................
Copaifera coriacea............................
Pau-de-sangue
Pucumã
Pterocarpus zehntneri.......................
Dioclea grandiflora...........................
Pau-de-veado
Putumuju
Platypodium elegans.........................
Platymiscium floribundum var.
Pau-ferro obtusifolium................................
Libidibia ferrea var. ferrea................ Platymiscium pubescens subsp.
Libidibia ferrea var. glabrescens......... zehntneri....................................
Libidibia ferrea var. parvifolia..........
Putumujú-pequeno
Melanoxylon brauna........................
Centrolobium sclerophyllum..............
Piptadenia stipulacea........................
Quebra-machado
Pau-liso
Martiodendron mediterraneum.........
Poeppigia procera var. conferta...........
Quebra-serra
Pau-mocó
Peltophorum dubium var. dubium......
Luetzelburgia auriculata...................
Quipé
Pau-sangue
Piptadenia moniliformis...................
Pterocarpus villosus..........................
Quipembe
Pé-de-bode
Piptadenia moniliformis...................
Bauhinia pentandra.........................

894
Rabo-de-veado Saboeiro
Calliandra macrocalyx var. aucta....... Poeppigia procera var. conferta...........
Rabugem Sabonete
Platymiscium floribundum var. Poeppigia procera var. conferta...........
obtusifolium................................ Sajoieiro
Rama-amarela Senna rizzinii..................................
Chaetocalyx scandens var. pubescens... São-joão
Rama-de-besta Senna acuruensis..............................
Aeschynomene monteiroi................... Senna aversiflora..............................
Rama-de-bezerro Senna cana var. cana........................
Piptadenia moniliformis................... Senna gardneri.................................
Senna macranthera var. micans.........
Ramagem-salgado
Senna macranthera var. pudibunda...
Galactia striata................................
Senna rizzinii..................................
Rapa-canela
Senna spectabilis var. excelsa..............
Chamaecrista flexuosa var. flexuosa....
Senna splendida var. gloriosa.............
Rasga-beiço
São-joão-da-caatinga
Piptadenia stipulacea........................
Senna gardneri.................................
Rigilim-brabo
São-joão-preto
Crotalaria holosericea.......................
Cassia ferruginea var. ferruginea.......
Rolha-de-garrafa
São-joãozinho
Aeschynomene evenia var. evenia.......
Senna acuruensis..............................
Rompe-gibão
Sapucaia
Senegalia bahiensis...........................
Copaifera coriacea............................
Sabão
Sena
Poeppigia procera var. conferta...........
Chamaecrista eitenorum var. regana..
Sabiá
Sensitiva
Mimosa caesalpiniifolia....................
Aeschynomene evenia var. evenia.......

895
Mimosa pudica var. tetrandra........... Timbaúba
Mimosa sensitiva var. sensitiva......... Enterolobium timboüva....................
Serra-goela Toca-d’onça
Senegalia martiusiana...................... Senegalia langsdorffii........................
Senegalia tenuifolia.......................... Turco
Sete-capotes Parkinsonia aculeata.........................
Machaerium hirtum......................... Umarí-bravo
Sucupira Calliandra spinosa............................
Calliandra macrocalyx var. Unha-de-gato
macrocalyx.................................. Mimosa caesalpiniifolia....................
Luetzelburgia andrade-limae............ Mimosa sensitiva var. sensitiva.........
Platypodium elegans......................... Mimosa tenuiflora............................
Sucupira-branca Piptadenia stipulacea........................
Pterocarpus zehntneri....................... Senegalia bahiensis...........................
Supresta Senegalia langsdorffii........................
Parkinsonia aculeata......................... Senegalia martiusiana......................
Senegalia riparia..............................
Surucucu
Senegalia tenuifolia..........................
Piptadenia viridiflora.......................
Senegalia piauhiensis........................ Unha-de-gato-branco
Senegalia riparia..............................
Sussarana
Poeppigia procera var. conferta........... Unha-de-gato-do-miolo-vermelho
Senegalia bahiensis...........................
Tamboril
Enterolobium contortisiliquum.......... Unha-de-vaca
Bauhinia aculeata............................
Tamburi
Bauhinia acuruana...........................
Enterolobium contortisiliquum..........
Bauhinia cheilantha.........................
Enterolobium timboüva....................
Vara-de-coã
Tatarema
Aeschynomene monteiroi...................
Chloroleucon foliolosum.....................

896
Vassourinha
Chamaecrista ramosa var. ramosa......
Vergalho-de-vaqueiro
Desmanthus pernambucanus.............
Vilão
Pterogyne nitens...............................
Vinhático
Plathymenia reticulata.....................
Violeta
Martiodendron mediterraneum.........
Violete
Martiodendron mediterraneum.........

897
ÍNDICE PARA NOMES CIENTÍFICOS
Nomes em negrito correspondem a táxons aceitos e nativos da caatinga.
Nomes em itálico correspondem a sinônomos. Nomes [entre colchetes]
correspondem a táxons válidos citados no texto mas não representados na
caatinga.

A langsdorffii.......................................
lewisii.............................................
Acacia.................................................. limae..............................................
acutistipula...................................... martiusiana.....................................
adhaerens......................................... malacocentra....................................
adiantoides....................................... monacantha.....................................
arenosa............................................ paniculata........................................
bahiensis.......................................... piauhiensis.......................................
cebil................................................. polyantha.........................................
contorta........................................... polyphylla........................................
farnesiana........................................ ricoae.............................................
globosa........................................... riparia.............................................
glomerosa......................................... santosii............................................
hostilis............................................. spegazziana.....................................
inundata.......................................... tavaresorum.....................................
kallunkiae........................................ tenuiflora.........................................

898
tenuifolia......................................... Albizia.................................................
velutina........................................... blanchetii.........................................
viridiflora........................................ inopinata.........................................
inundata.........................................
Acosmium...........................................
polyantha.........................................
[dasycarpum]..................................
polycephala....................................
[difusissima]...................................
fallax............................................... Amburana...........................................
parvifolium.................................... [acreana].........................................
cearensis.........................................
Aeschynomene...................................
clausii..............................................
arbuscula..........................................
benthamii....................................... Amphymenium...................................
densiflora......................................... villosum...........................................
evenia.............................................
Anadenanthera...................................
var. evenia.................................
colubrina........................................
filosa...............................................
var. cebil....................................
[hintonii]........................................
macrocarpa.......................................
histrix.............................................
peregrina........................................
var. densiflora...........................
var. falcata.................................
var. histrix.................................
var. mucronulata......................... Andira.................................................
martii............................................. anthelminthica.................................
mucronulata..................................... bahiensis..........................................
mollicula........................................ fraxinifolia.....................................
var. benthamii............................ handroana.......................................
var. mollicula............................ paniculata........................................
monteiroi....................................... parvifolia.........................................
var. psilantha.............................. pernambucensis................................
[palmeri]......................................... pisonis.............................................
pauciflora......................................... spinulosa..........................................
[paucifoliolata]............................... vermifuga.......................................
platycarpa........................................ Apuleia................................................
prostrata.......................................... grazielanae.....................................
rizzinii............................................ leiocarpa........................................
[scabra]........................................... praecox.............................................
[sensitiva].......................................
soniae............................................. Arachis................................................
virgata............................................ dardani...........................................
viscidula......................................... hypogaea..........................................
var. sylvestris..............................

899
pusilla............................................ Blanchetiodendron............................
sylvestris........................................ blanchetii.......................................
triseminata.....................................
Bocoa..................................................
mollis...............................................
B Bowdichia...........................................
freirei..............................................
Bactyrilobium.....................................
ferrugineum..................................... Bradburya...........................................
arenaria...........................................
Bauhinia.............................................
biflora..............................................
aculeata..........................................
brasiliana.........................................
acuruana........................................
decumbens........................................
var. nitida..................................
insulana...........................................
aromatica.........................................
pascuora...........................................
bauhinioides..................................
rotundifolia......................................
bahiensis..........................................
virginiana.......................................
[bonfimensis]..................................
bongardii.........................................
brevipes..........................................
cacovia...........................................
C
subsp. blanchetiana.................. Caesalpinia.........................................
catingae........................................... bracteosa..........................................
cheilantha...................................... calycina............................................
dubia.............................................. dubia...............................................
dumosa........................................... ferrea...............................................
var. dumosa............................... var. glabrescens............................
flexuosa............................................ [var. leiostachya]........................
forficata.......................................... var. parvifolia.............................
heterandra..................................... var. petiolulata............................
lamprophylla.................................... var. megaphylla...........................
langosdorffiana................................. gardneriana.....................................
var. bahiensis.............................. laxiflora...........................................
microstachya..................................... var. pubescens..............................
var. bahiensis.............................. microphylla......................................
nitida.............................................. pluviosa...........................................
outimouta........................................ var. intermedia...........................
pentandra....................................... var. sanfranciscana......................
rubiginosa........................................ pyramidalis......................................
subclavata...................................... var. alagoensis.............................
viridiflora........................................

900
Calliandra........................................... belemii.............................................
aeschynomenoides........................ var. paludicola.............................
aristulata......................................... bicapsularis......................................
catingae........................................... brachypoda.......................................
depauperata................................... var. multijuga.............................
duckei............................................ bracteata..........................................
fernandesii..................................... brevicalyx........................................
filipes............................................... var. elliptica................................
flavida............................................. brevipes...........................................
imperialis....................................... calycioides........................................
leptopoda....................................... cana.................................................
macrocalyx..................................... carobinha.........................................
var. aucta................................... catingae...........................................
var. macrocalyx......................... chrysocarpa.......................................
spinosa........................................... var. psilocarpa.............................
squarrosa........................................ curvifolia.........................................
subspicata...................................... desvauxii.........................................
suberifera......................................... var. brevipes................................
ulei................................................. disadena..........................................
umbellifera.................................... drepanophylla...................................
villosiflora........................................ duckeana..........................................
eitenorum.........................................
Calopogonium....................................
var. eitenorum.............................
caeruleum......................................
var. regana..................................
sericeum...........................................
excelsa..............................................
Camptosema....................................... fagonioides.......................................
Canavalia............................................ var. macrocalyx...........................
brasiliensis..................................... ferruginea......................................
dictyota.......................................... var. ferruginea..........................
flexuosa............................................
Cassia.................................................. var. pubescens..............................
absus................................................ gardneri...........................................
acosmifolia....................................... granulata.........................................
acuruensis........................................ hispidula..........................................
alata................................................ var. fagonoides............................
amiciella.......................................... indecora...........................................
aristulifera....................................... var. glabrata...............................
aversiflora........................................ langsdorffii.......................................
barbata............................................ macranthera.....................................
var. mollis................................... martiana.........................................

901
micans............................................. var. ramosa.................................
nictitans........................................... zygophylloides..................................
obtusifolia........................................ var. colligans...............................
occidentalis.......................................
Cenostigma........................................
pascuorum........................................
angustifolium...................................
pauciflora.........................................
gardnerianum................................
pendula............................................
[macrophyllum]..............................
piauhiensis.......................................
pudibunda....................................... Centrolobium.....................................
ramosa............................................. sclerophyllum................................
var. maritma............................... Centrosema........................................
repens.............................................. arenarium......................................
reticulata......................................... biflorum...........................................
riparia............................................. brachypodum....................................
var. pilosa................................... brasilianum....................................
rotundifolia...................................... var. angustifolium....................
var. grandiflora........................... var. brasilianum........................
var. maritma.............................. [coriaceum].....................................
sericea.............................................. decumbens........................................
serpens............................................. heptaphyllum...................................
speciosa............................................ insulanum......................................
spectabilis......................................... pascuorum.....................................
splendida......................................... rotundifolium................................
var. striata.................................. var. angustifolia..........................
stenocarpa........................................ virginianum...................................
striata..............................................
strobilacea........................................ Cercidium...........................................
subtriflora........................................ Chaetocalyx........................................
supplex............................................. blanchetiana..................................
swainsonii....................................... parviflora........................................
tenuisepala....................................... pubescens..........................................
tetraphylla....................................... scandens........................................
var. linearis................................. var. pubescens...........................
var. littoralis............................... [var. scandens]...........................
tora..................................................
trachypus.......................................... Chamaecrista......................................
viscosa............................................. absus..............................................
var. major................................... var. absus...................................
uniflora............................................ acosmifolia.....................................
var. latifolia................................ var. acosmifolia.........................

902
amiciella......................................... var. multijuga............................
barbata........................................... rotundifolia...................................
belemii........................................... var. grandiflora.........................
var. belemii............................... var. rotundifolia........................
var. paludicola........................... serpens...........................................
brevicalyx....................................... var. serpens...............................
var. brevicalyx........................... supplex...........................................
var. elliptica.............................. swainsonii......................................
calycioides...................................... tenuisepala.....................................
var. calycioides.......................... viscosa............................................
carobinha....................................... var. major..................................
[compitalis].................................... zygophylloides...............................
[coradinii]....................................... var. colligans.............................
cuprea............................................ var. zygophylloides...................
curvifolia.......................................
Chloroleucon.....................................
var. curvifolia............................
dumosum.......................................
desvauxii........................................
extortum........................................
var. latifolia...............................
foliolosum......................................
duckeana........................................
glaziouii..........................................
eitenorum......................................
vinhatico.........................................
var. eitenorum..........................
var. regana................................. Clitoria...............................................
fagonioides.................................... brasiliana.........................................
var. macrocalyx......................... coccinea............................................
flexuosa.......................................... insulana...........................................
var. flexuosa.............................. vicioides...........................................
hispidula........................................ virginiana.......................................
langsdorffii..................................... Collaea................................................
var. brevipes..............................
linearis........................................... Copaifera............................................
var. linearis............................... cearensis.........................................
nictitans......................................... var. arenicola.............................
var. disadena............................. var. cearensis.............................
var. pilosa.................................. confertiflora......................................
pascuorum..................................... cordifolia..........................................
ramosa............................................ coriacea..........................................
var. curvifolia.............................. [duckei]..........................................
var. mollissima............................ [guianensis]....................................
var. ramosa................................ hymenaeifolia...................................
repens............................................. langsdorffii.....................................

903
[officinalis]...................................... [miscolobium]................................
rigida.............................................. variabilis.........................................
var. bahiensis..............................
Coquebertia........................................
ilicifolia........................................... Derris..................................................
araripensis.......................................
Coursetia............................................
[hassleri]......................................... Desmanthus.......................................
rostrata........................................... pernambucanus.............................
vicioides......................................... [virgatus]........................................
Cracca................................................. Desmodium........................................
purpurea.......................................... canum..............................................
glabrum..........................................
Cratylia...............................................
incanum.........................................
bahiensis........................................
molle................................................
mollis.............................................
purpureum.......................................
Crotalaria............................................ triflorum........................................
bahiaensis...................................... tortuosum......................................
brachycarpa....................................
Dioclea...............................................
falcata..............................................
altissima..........................................
holosericea.....................................
grandiflora.....................................
var. grisea...................................
[guianensis]....................................
incana............................................
var. lasiophylla............................
var. incana.................................
lasiophylla......................................
[micans]..........................................
marginata.......................................
pallida............................................
paraguariensis..................................
pilosa..............................................
violacea..........................................
pterocaula........................................
striata.............................................. Diptychandra.....................................
aurantiaca......................................
Cynometra..........................................
subsp. epunctata.......................
glaziovii..........................................
epunctata.........................................
glabra..............................................
D Discolobium.......................................
hirtum............................................
Dalbergia............................................
catinguicola................................... Dolichos.............................................
cearensis......................................... altissimus.........................................
[decipularis].................................... luteolus............................................
[foliolosa]....................................... minimus..........................................

904
E vermifuga........................................

Enterolobium..................................... Glycine...............................................
blanchetii......................................... punctata...........................................
contortisiliquum........................... striata..............................................
timboüva........................................ Goniorrhachis....................................
Eriosema............................................. marginata.......................................
edule................................................ var. bahiana...............................
Guibourtia..........................................
Erythrina............................................ confertiflora......................................
velutina.......................................... hymenaeifolia................................
Erythrostemon...................................
calycina..........................................
H
Exostylis..............................................
Harleyodendron.................................
Hedysarum.........................................
F canum..............................................
Feuilleea............................................. gemellum.........................................
dimidiata......................................... glabrum...........................................
hamatum.........................................
var. viscosum...............................
G incanum..........................................
purpureum.......................................
Galactia.............................................. triflorum..........................................
camporum........................................ tortuosum.........................................
jussiana..........................................
var. jussiaeana........................... Hymenaea...........................................
remansoana.................................... courbaril........................................
striata............................................. var. courbaril.............................
var. longifolia............................
Galega................................................. eriogyne.........................................
cinerea............................................. [maranhensis].................................
purpurea.......................................... martiana.........................................
Geoffroea............................................ sellowiana........................................
spinosa........................................... splendida.........................................
striata.............................................. var. longifolia..............................
velutina..........................................
Geoffroya............................................
spinulosa...........................................
superba............................................

905
I Luetzelburgia.....................................
andrade-limae................................
Indigofera........................................... auriculata.......................................
anil................................................. bahiensis........................................
blanchetiana.................................. brasiliensis.......................................
brasiliensis....................................... freire-allemanii................................
microcarpa..................................... pterocarpoides...................................
sabulicola.........................................
suffruticosa....................................
Inga..................................................... M
acutifolia.......................................... Machaerium.......................................
affinis.............................................. acutifolium....................................
vera................................................. var. acutifolium.........................
var. affinis.................................. var. enneandrum.......................
Isodesmia............................................ angustifolium...................................
blanchetiana..................................... enneandrum.....................................
hirtum............................................
Itaobimia............................................ [incorruptibile]...............................
magalhaesii...................................... leucopterum..................................
[mucronulata].................................
[nictitans].......................................
L ovalifolium....................................
Leptolobium....................................... punctatum.....................................
leiocarpum....................................... ulei..................................................
villosulum........................................
Leucochlorum....................................
limae.............................................. Macroptilium.....................................
bracteatum.....................................
Libidibia............................................. erythroloma...................................
ferrea.............................................. gracile............................................
var. ferrea.................................. lathyroides.....................................
var. glabrescens......................... longepeduncupatum..........................
var. parvifolia............................ martii.............................................
Lonchocarpus..................................... panduratum...................................
araripensis..................................... sabaraense......................................
campestris...................................... Martia.................................................
obtusus........................................... parvifolia.........................................
sericeus..........................................
virgilioides..................................... Martiodendron...................................
mediterraneum..............................

906
parvifolium...................................... hostilis.............................................
invisa..............................................
Martiusia............................................
var. invisa..................................
parvifolia.........................................
irrigua............................................
Melanoxylon....................................... latifolia............................................
brauna............................................ lepidophora...................................
Mimosa............................................... lewisii.............................................
acanthophora.................................... limana.............................................
adhaerens......................................... malacocentra....................................
acutistipula.................................... martiusiana.....................................
var. acutistipula........................ misera............................................
adenophylla................................... modesta..........................................
var. armandiana........................ var. modesta..............................
var. mitis................................... var. ursinoides...........................
arenosa........................................... morroënsis.....................................
var. arenosa............................... nothopteris....................................
borboremae.................................... ophthalmocentra...........................
brevipinna...................................... paraibana.......................................
caesalpiniifolia.............................. pellita..............................................
campicola....................................... peregrina.........................................
var. campicola........................... pernambucana..................................
var. planipes.............................. pigra...............................................
cauliflora.......................................... var. pigra...................................
colubrina.......................................... pithecolobioides............................
contortisiliqua.................................. platycarpa........................................
cordistipula.................................... plena...............................................
exalbescens.................................... portoricensis.....................................
farnesiana........................................ pseudosepiaria...............................
fascifolia.......................................... pteridifolia.......................................
filipes............................................. var. armandiana.........................
franciscana....................................... pudica............................................
fruticosa........................................... var. tetrandra............................
gemmulata..................................... quadrivalvis...................................
var. adamantina........................ var. leptocarpa..........................
var. gemmulata......................... remansoana......................................
glaucula.......................................... rhodostachya.....................................
hexandra........................................ sensitiva.........................................
hirsuticaulis................................... [var. malitiosa]...........................
hortensis........................................ var. sensitiva.............................
setuligera.......................................

907
somnians........................................ Parapiptadenia...................................
var. somnians............................ blanchetii.......................................
tenuiflora....................................... zehntneri.......................................
tenuifolia.........................................
Parkinsonia.........................................
tetrandra.........................................
aculeata..........................................
ulbrichiana.....................................
spinosa.............................................
umbellata.........................................
ursina............................................. Pauletia...............................................
ursinoides......................................... cheilantha........................................
verrucosa....................................... pentandra........................................
xiquexiquensis............................... Peltogyne............................................
Myriadenus......................................... [confertiflora].................................
echinocarpus..................................... pauciflora.......................................
tetraphyllus...................................... glaziovii..........................................
Mysanthus.......................................... Peltophorum.......................................
uleanus........................................... dubium...........................................
var. uleanus............................... var. dubium...............................
vogelianum......................................
Periandra............................................
N acutifolia..........................................
Neptunia............................................. coccinea.........................................
oleracea.......................................... Phanera...............................................
plena.............................................. flexuosa..........................................
Newtonia............................................ microstachya..................................
contorta........................................... outimouta......................................
trichosepala...................................
Nissolia...............................................
hirta................................................ Phaseolus............................................
punctata........................................... adenanthus......................................
bracteatus.........................................
campestris........................................
O decipiens..........................................
erythroloma......................................
Ornithopus.........................................
gracilis.............................................
tetraphyllus......................................
latifolius..........................................
lathyroides.......................................
longepedunculatus.............................
P luteolus............................................

908
martii.............................................. foliolosum.........................................
panduratus....................................... glaziovii..........................................
pascuorum........................................ inopinatum......................................
peduncularis..................................... nuriense...........................................
radicans........................................... oligandrum......................................
sabaraense........................................ polycephalum....................................
semierectus....................................... vinhatico.........................................
var. angustifolia..........................
Pithecolobium....................................
var. subhastata............................
blanchetii.........................................
spixianus.........................................
diversifolium....................................
truxillensis.......................................
var. microphyllum.......................
uleanus............................................
dumosum.........................................
Piptadenia........................................... foliolosum.........................................
adiantoides.................................... glaziovii..........................................
biuncifera......................................... polycephalum....................................
blanchetii.........................................
Pityrocarpa.........................................
colubrina..........................................
adiantoides.......................................
communis.........................................
obliqua.............................................
var. stipulacea.............................
paniculata........................................
contorta...........................................
stipulacea.........................................
falcata..............................................
viridiflora........................................
irwinii............................................
var. irwinii................................. Plathymenia.......................................
laxa................................................. foliolosa............................................
var. pubescens.............................. reticulata........................................
macrocarpa....................................... Platymiscium......................................
var. cebil..................................... blanchetii.........................................
moniliformis.................................. floribundum..................................
obliqua........................................... [var. nitens]................................
subsp. brasiliensis..................... var. obtusifolium......................
paniculata...................................... obtusifolium.....................................
stipulacea....................................... praecox.............................................
viridiflora....................................... pubescens.......................................
zehntneri......................................... subsp. zehntneri.......................
Pithecellobium................................... zehntneri.........................................
blanchetii......................................... Platypodium.......................................
diversifolium................................. elegans...........................................
var. microphyllum.......................
dumosum......................................... Poecilanthe.........................................

909
[falcata].......................................... ternatus...........................................
grandiflora..................................... villosus...........................................
subcordata..................................... [violaceus].......................................
ulei................................................. [var. angustifolius].....................
zehntneri.......................................
Poeppigia............................................
procera........................................... Pterogyne...........................................
var. confertiflora....................... nitens.............................................
densiflora.........................................
Poiretia...............................................
densiflora.........................................
R
multiflora......................................... Recordoxylon......................................
pubescens.......................................... irwinii............................................
punctata.........................................
Rhynchosia.........................................
refracta............................................
edulis..............................................
scandens...........................................
minima...........................................
Poincianella........................................ var. minima...............................
bracteosa........................................ [naineckensis].................................
gardneriana.................................... [phaseoloides].................................
laxiflora..........................................
Riedeliella...........................................
microphylla....................................
graciliflora.....................................
pluviosa..........................................
magalhaesii....................................
var. intermedia..........................
[sessiliflora].....................................
var. sanfranciscana...................
pyramidalis.................................... Robinia...............................................
var. pyramidalis........................ sericea..............................................
striata..............................................
Prosopis..............................................
[juliflora]........................................
ruscifolia........................................
S
Pseudocopaiva....................................
Samanea..............................................
hymenaeifolia...................................
inopinata........................................
Pseudopiptadenia...............................
Schnella..............................................
bahiana..........................................
flexuosa............................................
brenanii..........................................
microstachya.....................................
contorta.........................................
Schrankia............................................
Pterocarpus.........................................
leptocarpa........................................
monophyllus..................................
rhodostachya.....................................

910
Senegalia............................................. rizzinii............................................
bahiensis........................................ spectabilis......................................
glomerosa......................................... var. excelsa................................
kallunkiae...................................... splendida.......................................
langsdorffii..................................... var. gloriosa..............................
martiusiana.................................... var. splendida............................
monacantha................................... trachypus.......................................
piauhiensis..................................... uniflora..........................................
polyphylla......................................
Serianthes...........................................
riparia............................................
inopinata.........................................
santosii...........................................
tenuifolia....................................... Sesbania..............................................
velutina.......................................... exasperata......................................
marginata........................................
Senna..................................................
[sesban]..........................................
acuruensis......................................
[var. bicolor]..............................
var. catingae...............................
virgata............................................
var. interjecta..............................
alata................................................ Sophora..............................................
aristeguietae.................................. obliqua.............................................
aversiflora...................................... Sphinctolobium
barnebyana...................................... virgilioides.......................................
cearensis.........................................
cana................................................ Stenolobium.......................................
var. cana.................................... caeruleum.........................................
catingae.......................................... Stylosanthes.......................................
gardneri......................................... angistifolia.....................................
harleyi............................................ [bahiensis]......................................
lechriosperma................................ capitata..........................................
macranthera................................... glutinosa..........................................
var. micans................................ [guianensis]....................................
var. pudibunda.......................... humilis...........................................
var. striata................................. [macrocephala]...............................
martiana......................................... prostrata..........................................
obtusifolia...................................... scabra.............................................
occidentalis.................................... seabrana.........................................
pendula.......................................... viscosa............................................
var. dolichandra........................
var. glabrata.............................. Swartzia..............................................
reticulata........................................ cearensis...........................................

911
mollis............................................... Z
Sweetia................................................ Zapoteca.............................................
fallax............................................... filipes.............................................
parvifolia......................................... portoricensis..................................
subsp. flavida............................
T Zollernia.............................................
houlletiana.......................................
Tephrosia............................................ ilicifolia..........................................
[adunca].......................................... latifolia............................................
cinerea............................................ securidacifolia...................................
leptostachya...................................... vogelii..............................................
[noctiflora]......................................
purpurea........................................ Zornia.................................................
subsp. leptostachya................... afranioi...........................................
var. pubescens...................... brasiliensis.....................................
subsp. purpurea........................ var. brasiliensis.........................
[diphylla]........................................
Tipuana.............................................. subsp. latifolia.............................
auriculata........................................ var. latifolia................................
Torresea.............................................. var. leptophylla............................
cearensis........................................... var. pubescens..............................
echinocarpa...................................
Trischidium........................................
gracilis.............................................
molle..............................................
[marajoara].....................................
vestitum..........................................
gemella...........................................
Turpinia.............................................. hamsiana........................................
punctata........................................... harmisii...........................................
latifolia...........................................
var. latifolia...............................
V latifolia............................................
leptophylla.....................................
Vachellia.............................................
myriadena......................................
farnesiana......................................
pubescens..........................................
Vigna.................................................. sericea............................................
adenantha...................................... tetraphylla.......................................
luteola............................................ ulei.................................................
peduncularis..................................
Zygia...................................................
var. peduncularis......................
cauliflora..........................................

912
latifolia...........................................
var. communis..........................

913

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