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Biografia:
ALBERTO CAEIRO
· Caeiro é o poeta inocente que deseja ter a alma simples de um pastor, integrado a vida natural.
· É o homem do campo, puro, ingênuo, natural.
· Caeiro condena a mania que as pessoas têm de classificar e analisar as coisas, em vez de simplesmente
apreciá-las. Por isso que nega a ver a cor, movimento nas borboletas e perfumes numa flor.
Passa uma
borboleta por diante de mim E pela primeira vez no universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.
Seguem alguns trechos da carta que Pessoa enviou ao seu amigo Adolfo Casais Monteiro:
"Passo agora a responder à sua pergunta sobre a origem dos meus heterônimos. Começo pela parte
psiquiátrica. A origem dos meus heterônimos é o fundo traço da histeria que existe em mim. Seja como for,
a origem mental dos meus heterônimos está na minha tendência orgânica e constante para a
despersonalizarão e para a simulação.
Desde criança tive tendência para criar em torno de mim um mundo fictício, de me cercar de amigos e
conhecidos que nunca existiram. Eu me lembro de precisar mentalmente, em figura, movimentos, caráter e
história , várias figuras irreais que eram para mim tão visíveis e minhas como a vida real.
Aí por 1912, veio-me a idéia escrever uns poemas de índole pagã. Esbocei uma coisas em verso
irregular e abandonei o caso. Imaginei então um vago retrato da pessoa que estava a fazer aquilo ( Tinha
nascido sem que eu soubesse, Ricardo Reis)
Dois anos depois, inventei um poeta bucólico de espécie complicada. Um dia tomei um papel e
comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso, trinta e tantos poemas a fio. Foi o dia triunfal
da minha vida; abri com um título " O Guardador de Rebanhos". E o que se seguiu foi o aparecimento de
alguém em mim, a quem dei o nome de Alberto Caeiro.
Desculpe-me o absurdo da frase: aparecera em mim o meu mestre. Foi essa sensação imediata
que tive. E tanto assim que imediatamente peguei noutro papel e escrevi os seis poemas que constituem a
" Chuva Oblíqua", de Fernando Pessoa. Foi o regresso de Fernando Pessoa Alberto Caeiro a Fernando
Pessoa ele só. Ou melhor, foi a reação de Fernando Pessoa contra a sua inexistência como Alberto Caeiro.
Aparecido Alberto Caeiro, tentei logo de lhe descobrir uns discípulos . Arranquei do seu falso
paganismo o Ricardo Reis latente, descobri o nome e ajustei-o a si mesmo, porque nesta altura já o via.
E de repente em oposição a Ricardo Reis, surgiu-me um novo indivíduo. Numa máquina de
escrever surge " Ode Triunfal" de Álvaro de Campos.
Como escrevo em nome desses três? Caeiro por pura e inesperada inspiração, sem sabe ou
sequer calcular que iria escrever. Ricardo Reis depois de uma deliberação abstrata, que se concretiza
numa ode. Campos, quando sinto um súbito impulso para escrever e não sei o quê. Caeiro escrevia mal o
português, Campos razoavelmente, Reis melhor do que eu, mas com purismo que considero exagerado."
RICARDO REIS
"Se é impossível o conhecimento da realidade, o melhor é "viver simplesmente ",cuidando de seu jardim. A
sabedoria é inútil pois a verdade "está além dos deuses".
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos
Só nós somos sempre
Iguais a nós próprios.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.
ÁLVARO DE CAMPOS
FERNANDO PESSOA
Quando assina Fernando Pessoa, produz uma obra em que notam-se traços do Simbolismo, Futurismo, do
Paulismo, do Interseccionismo e do Sensacionalismo.
Mas o experimentalismo logo cede lugar a uma poesia racional, que reflete sobre perturbadoras
dualidades: a relação entre o mundo dos sonhos e a realidade vulgar, entre o sentir e o pensar, etc.
Fechado em si, angustiado, Pessoa experimenta a dor, o sofrimento oriundo de suas reflexões sobre o
mundo. Dessa perspectiva, ele expressa a crise de identidade do homem moderno, que parece não mais
encontrar soluções para seu drama existencial.
Autopsicografia
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Autopsicografia = descrição da própria alma. Pessoa faz a descrição do poeta (e mesmo do leitor,),
procurando mostrar o mecanismo e a expressão do sentimento.
"O poeta é um fingidor" no sentido que o poeta é capaz de convencer o leitor, que no momento da
composição estava sentindo a dor expressa.
A última estrofe mostra a relação entre o coração e a razão. Dizendo que o poeta necessariamente deve
controlar os sentimentos para melhor convencer o leitor.
EROS E PSIQUE
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Conclusão
Fernando Pessoa, foi um dos maiores escritores da literatura portuguesa. Um dos introdutores do
Modernismo em Portugal, foi um dos mais ativos participantes da revista Orpheu.
O autor evoluiu do Saudosismo para o Paulismo e daí para o Interseccionismo , isto é, o culto do ‘vago’, do
‘sutil’, do ‘complexo’, e teve influência direta do Cubismo e do Futurismo.
Procurava em suas obras a reconstrução do mundo, conhecer o universo.
Cada um de seus heterônimos tinha uma personalidade diferente, ele quis com isso, tentar ver o mundo por
visões diferentes, para tentar entender a complexidade do Universo.
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