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Ultimatum (lido pela Maria Bethania no show no show: Dentro do Mar Tem Rio) ULTIMATUM "Fora tu, reles

esnobe plebeu E tu, imperialista das sucatas Charlato da sinceridade E tu, qualquer outro Ultimatum a todos eles E a todos que sejam como eles Todos Monte de tijolos com pretenses a casa Intil luxo, megalomania triunfante E tu, Brasil, blague de Pedro lvares Cabral Que nem te queria descobrir Ultimatum a vs que confundis o humano com o popular Que confundis tudo Vs, anarquistas deveras sinceros Socialistas a invocar a sua qualidade de trabalhador Para quererem deixar de trabalhar Sim, todos vs que representais o mundo Homens altos Passai por baixo do meu desprezo Passai aristocratas de tanga de ouro Frouxos Passai radicais do pouco Quem acredita neles? Mandem isso tudo para casa Descascar batatas simblicas Fechem-me tudo isso a chave E deitem a chave fora Sufoco de ter s isso a minha volta Deixem-me respirar Abram todas as janelas Abram mais as janelas Do que todas as janelas que h no mundo Nenhuma idia grande

Nenhuma corrente poltica Que soe a uma idia gro E tu, Brasil... O mundo quer a inteligncia nova O mundo tem sede de que se crie Porque a est o apodrecer da vida Quando muito estrume para o futuro O que a est no pode durar Porque no nada Eu da raa dos navegadores Afirmo que no pode durar Eu da raa dos descobridores Desprezo o que seja menos Que descobrir um mundo novo Proclamo isso bem alto Braos erguidos Fitando o Atlntico E saudando abstractamente o infinito."

Alvaro de Campos, 1917.

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