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Esperana para os adolescentes e jovens1 As famlias contemporneas adotam formatos diferentes daqueles tradicionais vigentes em nossa sociedade ocidental.

Estes formatos ora favorecem a permanncia dos adolescentes na margem social, ora propiciam-lhes uma maior tolerncia e abertura, ao reconhecer o momento em que os jovens exploram e buscam tanto a sua identidade social quanto pessoal. J a escola, apesar de vivenciar transformaes, mesmo adotando uma abordagem de base construtivista, nem sempre tem conseguido visualizar o adolescente na margem e assim prevenir o desvio. Em parte isso pode ser creditado perda de referncias que hoje afetam seriamente s instituies brasileiras e isso inclui as famlias e as escolas. Os modelos disponveis aos jovens tanto na vida pblica (governantes, legisladores, magistrados, servidores pblicos e outras figuras pblicas de autoridade) quanto na vida privada (pais, mes, profissionais prestadores de servio comunidade), no promovem, nem alimentam a esperana. Fomentam sim o descaso e o abandono. Segundo Jaques Selosse (1988), a margem , ao mesmo tempo, o campo de iluso e o espao de tenso que permite descobrir e testar a elasticidade, a diversidade e a finalidade das mudanas na adolescncia. No entanto, o comportamento de risco pode estar na permanncia na margem por um perodo que exceda ao perodo exploratrio. Os desvios ento podem ser considerados como uma reao de desespero para chamar a ateno das famlias e da sociedade como um todo. Para a psicologia, os desafios repousam na possibilidade da transposio do abismo que separa os adolescentes da clnica psicolgica neste pas. Algumas iniciativas de setores pblicos, como os CAPs especializados, podem ser observadas, mas no contexto macro so ainda tmidas tendo em vista as demandas reais presentes no contexto brasileiro. A Clnica tambm possui desafios pontuais, a comear pela apresentao das vantagens de uma identificao social, o resgate dos fatores de proteo presentes nas redes sociais e a comunicao da esperana que desafia os adolescentes e jovens a serem eles mesmos, sujeitos transformadores e protagonistas de suas prprias histrias.

Mestre em Psicologia Clnica e Cultura pela Universidade de Braslia UnB (2008). Graduado e licenciado em Psicologia pela Universidade Paulista. Professor Adjunto da UniEvanglica. E-mail: psimackill@hotmail.com

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