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O SORTEIO A desafiadora cano Cidado, de autoria de Lcio Barbosa e interpretada nas vozes de Z Ramalho, Z Geraldo, Edson e Hudson, dentre

outros artistas musicais, fala incessante busca que os pais (termo atribudo aqui ao pai e me) e os filhos realizam para a conquista do lugar ao sol a partir da escola.
[...] T vendo aquele colgio, moo?/ Eu tambm trabalhei l/ L eu quase me arrebento/ Fiz a massa, pus cimento/ Ajudei a rebocar/ Minha filha inocente/ Veio pra mim toda contente: Pai, vou me matricular/ Mas me diz um cidado:/ Criana de p no cho/ aqui no pode estudar/ Essa dor doeu mais forte/ Nem sei porque deixei o norte/ Ento me pus a dizer/ L a seca castigava/ mas o pouco que eu plantava/ tinha direito a colher [...]. Na trajetria moderna em que se encontram os cidados a realidade de outrora se repete e, hoje talvez um pouco mais cruel. A cada incio de ano as filas se prolongam nas portas das escolas. Noutras os pais se renem para a loteria dos estudos, ou seja, para a conquista de uma vaga aos seus filhos por meio do sorteio. Para este sorteio a regra foi, primeiro, a de preencher uma ficha de interesse vaga e, segundo a de estar presente no horrio do sorteio, sob pena de perder a to sonhada vaga. Em razo desses fatos serem reais, o sofrimento mencionado na cano de Lcio Barbosa esvaise do semblante, ficando cravando apenas na sensibilidade das palavras deste texto para comediar os atos da vida. Durante a espera pelo sorteio de uma vaga, numa escola pblica de AraguanaTO, todos os pais ali reunidos se deixaram transliterar da dor do sofrimento para viverem o to sonhado sorteio. No mesmo espao os sujeitos sem lugares conseguiam no meio do tumulto dar sentido a suas vozes. De repente algum falou: - Gente, vamos ficar atentos para os nomes que sero chamados. No podemos perder esta vaga. Silncio total.

O primeiro nome : (fulano de tal). Que bom, este nome do meu filho: gritava uma voz rouca no meio de tanta gente.

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