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g) DecIaratoriedade: as decisões judiciais não criam direitos
para as partes, apenas declaram direitos pré-existentes, mesmo quando
constitutivas (estas apenas criam uma situação jurídica nova). Ex.: a
separação por sentença cria o estado de separado, mas o direito de
separar já existia desde a violação de um dever da parte contrária.
De outro lado, na lacuna da lei, a jurisdição terá força criativa,
porque o juiz criará a norma geral a ser aplicada ao caso concreto (mas
não o direito da parte).

h) Imperativa: as decisões são impostas e podem ser
executadas a força.

i) Exercida mediante processo: processo é o único
instrumento para o exercício da jurisdição.

j) ImpossibiIidade de controIe externo: só o Judiciário pode
rever suas decisões.

Escopos (ou FinaIidades) da Jurisdição
(Expressão lançada por Dinamarco)

a) SociaI: pacificação dos conflitos e aproximar o Judiciário da
sociedade.

b) EducacionaI: mostrar às partes e aos demais
jurisdicionados quais seus direitos e deveres.

c) Jurídico: aplicar o direito ao caso concreto.

d) PoIítico: desdobra-se em três finalidades:
Reafirmar a soberania estatal;
Culto às liberdades públicas (é valorizar, é fazer valer as
garantias constitucionais).
Permitir que o jurisdicionado participe das decisões sobre os
destinos da sociedade, principalmente por meio da ação popular e da
ação civil pública.

JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

Conceito: A jurisdição voluntária, feita pelo Poder Judiciário,
tem duas teorias a respeito:



 Teoria administrativista (ou cIássica - Frederico
Marques, Arruda AIvim, Chiovenda, AIcides Mendonça de Lima): a
jurisdição voluntária não é jurisdição, mas atividade administrativa. É a
administração pública de interesses privados pelo Judiciário. Para esta
teoria, a jurisdição: não tem substitutividade, não tem atuação do direito,
ou seja, o juiz só homologa; não tem lide; não tem coisa julgada; não há
partes, mas só interessados; não há processo, mas procedimento.

 Teoria jurisdicionaIista (ou revisionista - Dinamarco,
Ovídio Baptista, Sérgio Bermudes, CaImon de Passos e Leonardo
Greco): a jurisdição voluntária é jurisdição, é atividade jurisdicional, o
que muda é apenas a pretensão, que é de integração, de finalização, de
uma situação jurídica que só se aperfeiçoa com uma decisão judicial
(ações constitutivas necessárias). Para esta teoria, a jurisdição: as
quatro primeiras características nem sempre estarão presentes na
jurisdição contenciosa, exceto a atuação do direito ao caso concreto,
mas este é o único escopo da jurisdição que não é atingido pela
jurisdição voluntária, todos os outros são; o uso das expressões
"interessados" e "procedimento" é só uma opção terminológica, na
essência os interessados são partes, pois todos que postulam no
processo são partes.

Apesar da lei chamar de procedimento é processo, pois se
desenvolve perante um órgão jurisdicional com todas as garantias
inerentes ao devido processo legal, inclusive possibilidade de
contraditório e duplo grau.

Características Iegais da jurisdição voIuntária

a) Obrigatoriedade: os procedimentos de jurisdição voluntária
são, na verdade, obrigatórios, porque os interessados não têm outra via
para solucionar a situação, é vedada a via extrajudicial.
Exceções: hoje, a separação, divórcio e inventário, quando
possíveis por escritura, a ida ao Judiciário é opcional.
Obs.: Inventário é procedimento de jurisdição contenciosa,
mas se todos forem capazes e houver consenso, passa a ser
arrolamento (este é de jurisdição voluntária).

b) Inquisitoriedade: no cível a inquisitoriedade significa
aumentos dos poderes do juiz:
- Pela possibilidade de instauração do procedimento de ofício;



- Possibilidade de requisição de documentos e produção de
provas de ofício;
- Possibilidade de decisão contrariando todas as partes.

c) Juízo de equidade: o juiz não está preso à legalidade
estrita e pode decidir por equidade.

d) Intervenção do MP: pelo art. 1.105, CPC
1
e a interpretação
de Nelson Nery, o MP intervirá em todos os procedimentos de jurisdição
voluntária; mas a maioria só exige a intervenção do MP quando houver
direito indisponível ou de incapaz - se só houver capazes e o direito for
disponível, o MP não intervém (Dinamarco, Marinoni e Fredie Didier).
Obs.: Em qualquer caso, o juiz tem que dar vista do processo
ao MP, cabe ao MP analisar se intervirá no caso concreto. Se o
promotor não se manifesta sobre o mérito, mas o juiz entende
imprescindível a manifestação, cabe a aplicação do art. 28
2
, CPP, por
analogia.

e) PossibiIidade de se obter uma nova decisão baseada em
motivo superveniente (art. 1.111, CPC
3
).


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