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Cinética Química

Disciplina da Química que estuda as velocidades com que ocorrem as


reacções químicas. Assim cinética química corresponde à velocidade de uma
reacção ou seja, à variação temporal da concentração de um reagente.
Uma reacção genérica do tipo
reagente  produto
pode ser esquematizada da seguinte forma:

[reagente] produto

reagente

t/s

A velocidade média de uma reacção pode definir-se como a alteração da


concentração de um reagente num dado intervalo de tempo. No entanto pode
também usar-se a alteração de cor ou outra propriedade física ou química
para ajudar a determinar a velocidade.

Equação cinética ou lei de velocidade da reacção

Esta determinação é sempre feita experimentalmente analisando-se,


normalmente, a variação da propriedade no instante inicial.

Uma reacção química genérica do tipo: aA + bB → cC + dD tem uma


equação cinética da forma:

velocidade = k [A]x [B]y


x e y são as ordens parciais da reacção e a sua soma corresponde à ordem
global da reacção. De notar que a ordem de uma reacção é definida em
relação às concentrações dos reagentes e não dos produtos.

Analise-se agora como se determina e lei de velocidade de uma reacção a


partir de um conjunto de dados experimentais:

Experiência [A]inicial (M) [B]inicial (M) velocidade inicial (M/s)

1 0.200 0.100 1.0x10-4

2 0.400 0.100 2.0x10-4

3 0.100 0.200 2.0x10-4

4 0.100 0.400 8.0x10-4

Do conjunto de resultados pode constatar-se que quando a concentração de


A duplica, mantendo-se constante a concentração de B, a velocidade duplica,
pelo que a reacção é de primeira ordem em relação a A. Por outro lado,
quando a concentração de A se mantém constante e a de B duplica, a
velocidade quadruplica, sendo a reacção de segunda ordem em relação a B.

Outra forma de chegar à mesma conclusão é através do uso da lei das


velocidades.

Assim, considerando as experiências 1 e 2 (concentração de B constante) as


expressões da lei das velocidades são:

v1 = k.(0.200)x.(0.100)y e v2 = k.(0.400)x.(0.100)y

relacionando as duas expressões de modo a ter v1/v2, e substituindo os


valores de v1 e v2, fica-se com:

1.00 ×10−4 k1 (0.200) x (0.100) y


x
1 1
−4
= ⇔ =   ⇒ x =1
2.00 ×10 x
k2 (0.400) (0.100) y
2 2

De notar que k1 e k2 são iguais pelo que se cancelam na expressão acima.

Daqui se conclui que a reacção é de primeira ordem em relação a A.


Para o reagente B, o procedimento é idêntico:

2.0 ×10−4 k3 (0.100) x (0.200) y


y 2 y
1 1 1 1
−4
= ⇔ =  ⇔  =  ⇒ y=2
8.0 ×10 x
k4 (0.100) (0.400) y
4 2 2 2

Pelo que a reacção é de segunda ordem relativamente a B.

Assim a lei das velocidade ou equação cinética para esta reacção será
escrita da forma:

v = k [ A] [ B ]
2

A ordem global da reacção é 1+2=3

Para se determinar a constante de velocidade da reacção basta fazer os


cálculos para qualquer uma das experiências. Assim, como exemplo,
apresenta-se o cálculo de k para a experiência 3:

2.0 ×10−4 = k3 (0.100)(0.200) 2 ⇔


2.0 ×10 −4
⇔ k3 = = 0.05
(0.100)(0.200) 2

Se porventura tivéssemos uma reacção do tipo

aA + bB + cC → produtos

com um conjunto de resultados como os seguintes:

-1
Experiência [A]inicial / M [B]inicial / M [C]inicial / M velocidade inicial / M.s

1 0.20 0.10 0.30 9.0x10-6

2 0.40 0.10 0.30 1.8x10-5

3 0.10 0.20 0.20 8.0x10-6

4 0.10 0.40 0.20 3.2x10-5

5 0.20 0.10 0.60 3.6x10-5


Neste exemplo consideram-se conjuntos de dois reagentes com
concentração constante, efectuando-se o cálculo para o outro. Assim:

Concentrações de B e C constantes (experiências 1 e 2): a análise deste


caso mostra que a concentração duplica e que a velocidade também duplica;
a reacção é de primeira ordem em relação a A.

Concentrações de A e C constantes (experiências 3 e 4): neste caso, verifica-


se que a concentração de B duplica e a velocidade quadruplica; a ordem da
reacção em relação a B é dois.

Concentrações de A e B constantes (experiências 1 e 5): verifica-se,


igualmente, que a concentração de C duplica e que a velocidade quadruplica;
reacção de segunda ordem em relação a C.

Se se efectuar o cálculo das ordens das reacções recorrendo às leis da


velocidade verificam-se as mesmas conclusões. Apresentam-se essas
expressões já simplificadas:

9.0 ×10−6 (0.20) x


−5
= ⇒ x =1
Para A: 1.8 ×10 (0.40) x

8.0 ×10−6 (0.20) y


−5
= ⇒ y=2
Para B: 3.2 ×10 (0.40) y

9.0 × 10 −6 (0.30 )
z
Para C: = ⇒z=2
3.6 × 10 −5 (0.60 )z

A equação cinética resulta: v = k .[ A] .[ B ] .[C ]


2 2

A ordem global desta reacção é 1+2+2=5

O cálculo da constante de velocidade, k, faz-se recorrendo aos dados de


qualquer das experiências:

3.6 ×10−5
k5 = ⇔ k = 0.05
(0.20).(0.10)2 .(0.60) 2

 Texto composto por Fernando Caetano, assistente da Universidade Aberta.

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