Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Diante de um mercado cada vez mais competitivo, amplo, diversificado e inovador, as empresas necessitam
de decisões estratégicas que garantam a sua sobrevivência, decisões estas que envolvem ações planejadas, tendo
com perspectiva:
1. O cenário atual e amplo, onde todos os setores são envolvidos nas decisões, como:
• fornecedores,
• Clientes,
• colaboradores; e
2 . O cenário futuro, onde são analisadas as possíveis mudanças de mercado.
Para sobreviverem, as empresas precisam pensar em objetivos como baixo custo ealta qualidade. A empresa não
pode mais determinar o preço ao seu mercado consumidor, pois atualmente é o mercado quem determina o
quanto quer pagar; em função disso, cabe a empresa reduzir seus custos para que possa ter lucro naquilo que
produz e naquilo que faz, seja bem tangível ou intangível (bens ou serviços). Altos custos comprometem a
lucratividade da empresa, fazendo com que o negócio torne‐se inviável, comprometendo sua sobrevivência.
Desta forma, a empresa precisa possuir uma Perspectiva Estratégica da Qualidade. Como podemos definir este
termo?
• Perspectiva = s.f. Des. Representação, num plano, dos objetos como se apresentam à vista. / P. ext.
Aspecto dos objetos vistos de longe; panorama. Fig. Recuo, distanciamento do observador em face do
objeto. Fonte: Dicionário Online Workpedia. http://www.workpedia.com.br/perspectiva.html.
• Estratégia = s.f. Arte de dirigir um conjunto de disposições: estratégia política. Ação Estratégica: (…)
uma ação planejada, uma diretriz ou um conjunto de diretrizes para enfrentar uma determinada
situação, tendo duas características principais: o planejamento prévio às ações para as quais propõe e a
execução consciente e deliberada. Fonte: Gestão Estratégica: aplicação na
EMBRAPA http://www.fearp.usp.br/egna/resumos/Gollo.pdf .
• Qualidade = s.f. Superioridade, excelência em qualquer coisa: preferir a qualidade à quantidade. /
Aptidão, disposição favorável. http://www.workpedia.com.br/qualidade.html .
A inserção da Qualidade na visão estratégica da empresa ocorre dentro de um contexto de longo prazo pois
envolve principalmente a mudança de cultura das pessoas que compõem a organização.
Primeiramente, para inserirmos o conceito de Qualidade na empresa, precisamos construir um conceito
consistente de Qualidade. Qualidade tem que ser vista como um valor pelas pessoas, elas devem entender o quão
importante ela é para a sobrevivência da empresa e, posteriormente, até mesmo da própria sociedade. Para ser
vista como um valor, é necessária uma mudança de cultura, conscientizando as pessoas de que :
• Qualidade não é minimizar defeitos, especialmente aqueles que chegam até os Clientes e nem tão
pouco melhorias localizadas.
• Qualidade não é algo meramente operacional, onde inspetores inspecionam linhas de fabricação,
materiais em recebimento, produtos finalizados, buscando eliminar os erros.
• Qualidade é um diferencial para a empresa num mercado competitivo, oferecendo redução de
defeitos, de retrabalhos e aumento de produtividade.
www.sandrocan.wordpress.com Página 1
PERSPECTIVA ESTRATÉGICA DA QUALIDADE Sandro Cantidio
• Qualidade significa capacitar colaboradores, treinando‐os e preparando‐os para a realização de suas
funções (cabe dizer que algumas pessoas acreditam que ter inglês, por exemplo, é um diferencial no
mercado. Pois não é mais. Cursos de línguas, especialização, aprimoramento, entre outros cursos diversos,
não são mais vistos como diferencial para o mercado. O que difere uma pessoa no mercado de trabalho é a
capacidade que ela tem de fazer além daquilo que é esperado dela, superar expectativas).
A Qualidade, que antes era centrada apenas no Produto Acabado (inspecionava‐se o produto depois de pronto,
criando métodos para análise de amostras e inspeções, ou seja, a metodologia “está bom, está ruim“, metodologia
esta muito dispendiosa e que não tinha condições de alterar aquilo que já havia sido feito: a qualidade do
produto), passou a ser exercida sobre o processo de fabricação, dando origem àGestão da Qualidade do
Processo (direcionamento das ações do processo produtivo para o pleno atendimento do Cliente).
1 A GESTÃO DA QUALIDADE DO PROCESSO
Para este tipo de gestão, são necessários inspetores exercendo um rigoroso controle sobre o processo, ou seja,
acompanhamento intenso sobre as máquinas e sobre aquilo que se produz. Este tipo de gestão da qualidade está
ligada à forma como o processo e as pessoas são controladas. Porém, ações de inspeção exercidas pelos
inspetores não agregam valor ao produto ou ao processo, ou seja, o Cliente não pagará a mais por aquilo que
está comprando; o Cliente paga por aquilo que ele vê, e não por aquilo que ele não vê (no caso, a mão‐de‐0bra dos
inspetores no processo). Aqui, a função dos inspetores é fazer o processo funcionar para cumprir prazos e
faturamento da empresa.
Além destas ações de controle dispendiosas, existe a figura do gerente centralizador: arrogante, que controla todo
o processo produtivo com mão‐de‐ferro. Nem sempre são características pessoais do gerente, podem ser reflexos
da postura da alta administração (política da organização). A idéia do gerente centralizador pressupõe uma figura
“onipresente” e “onisciente”, sendo primeiro a chegar e o último a sair. Conhece todo o processo, sabe tudo o que
está se passando na fábrica, passa por cima da hierarquia e conhece a tudo e todos tão bem que é capaz de
substituir qualquer um em qualquer processo da fábrica. Em empresas pequenas, este tipo de gerente passa a ser
peça‐chave; em empresas grandes, está em extinção, pois é cada vez menos possível controlar toda a organização,
além de ser um profissional com péssima qualidade de vida (stress, cansaço, esgotamento).
Com o entendimento de que inspeção de controle não agrega valor ao produto, abriu‐se espaço para técnicas de
qualidade conhecidas como ferramentas de qualidade(ferramentas de melhoria do processo produtivo), entre
elas:
• Instruções de trabalho;
• Procedimentos;
• Gráficos de Controle;
• Diagramas;
• Histogramas;
• Folhas de Checagem;
• Gráficos de Pareto; e
www.sandrocan.wordpress.com Página 2
PERSPECTIVA ESTRATÉGICA DA QUALIDADE Sandro Cantidio
• Fluxogramas, entre outras.
O uso de ferramentas da qualidade agregam valor ao processo e contribuem para a evolução da Qualidade. Porém,
uma melhoria localizada não significa uma melhoria global (de todo o processo); há a necessidade de otimizar‐se
todo o processo. Para tanto, através de um gerenciamento operacional, implementa‐se estratégias ao invés de
somente ferramentas. Estas estratégias prevêem:
Eliminação de defeitos;
• Acréscimo da capacidade de produção;
• Ações que geram maiores índices de produtividade;
• Otimização dos processos através das melhorias dos métodos de trabalho;
• Atendimento às especificações do Cliente.
A visão de conjunto, proporcionada por uma gestão operacional, faz com que os resultados de melhorias apareçam
mais rapidamente, porém faz com que a estrutura dependa demasiadamente do gerente; além disso, este tipo de
gestão não significa que as ações de melhoria do processo signifiquem melhorias no atendimento às expectativas
do Cliente. Se a empresa prioriza seu processo produtivo, esquecerá do Cliente, de suas necessidades, suas
preferências e suas conveniências.
A Avaliação da Qualidade por Inspeção e Amostragem procura suprir esta deficiência (necessidade da Produção
= Produzir e Faturar x necessidade do Cliente = ter suas expectativas atendidas). Este tipo de inspeção analisa a
qualidade dos produtos e processos, gerando ações corretivas e preventivas que devem ser implementadas para a
correção dos processos. Cabe aqui ressaltar a diferença entre Inspeção da Qualidade e Controle de Qualidade:
enquanto a inspeção avalia o produto e detecta defeitos, o controle propõe o que fazer a partir dos resultados da
inspeção, gerando ações corretivas e preventivas. Este tipo de inspeção conduz a dois caminhos: rejeição (refugo)
ou retrabalho, onde a amostragem representa de forma criteriosa todo o lote.
Os métodos quantitativos e qualitativos geram informações bem estruturadas dos processos, produtos e serviços
para formarem os Indicadores da Qualidade. Os indicadores avaliam o comportamento do processo expressando‐
se em números (percentuais) e avaliam o impacto do produto final sobre o consumidor (medição da fidelidade,
reclamações, devoluções, etc). Os indicadores são formados com base em números, levantamentos quantitativos,
são medidos, e não são baseados em “sentimentos”. O indicador mede a avaliação do produto não por quem o faz, e
sim por quem o consome.
Os componentes de um indicador são:
• Elemento, ou o que se quer medir (desempenho de determinada máquina no processo);
• Fator, ou a combinação dos componentes no elemento (medição do consumo de energia elétria por
equipamento); e
• Medida, ou seja, a unidade mais adequada para medir cada fator.
www.sandrocan.wordpress.com Página 3
PERSPECTIVA ESTRATÉGICA DA QUALIDADE Sandro Cantidio
A aplicação prática de um indicador depende do objetivo, justificativa, ambiente e padrão:
• O objetivo define a finalidade do indicador (medir os níveis de desempenho de um equipamento);
• A justificativa refere‐se à relevância do indicador (ou seja, através dos indicadores de desempenho de
um equipamento, justificar que ele deve continuar operando);
• O ambiente é o processo produtivo em si ou a relação da empresa com o mercado;
• E padrão determina o resultado da avaliação dos valores expressos pelos indicadores (informa se houve,
por exemplo, resultados no processo de redução de custos).
Os indicadores fornecem bases quantitativas para que a Gestão da Qualidade, focada em melhorias, possa elaborar
um Planejamento da Qualidade, onde seu uso é bastante útil para:
• Avaliar a qualidade institucional;
• Avaliar a qualidade do processo;
• Avaliar a qualidade do produto e serviços;
• Avaliar as expectativas do mercado; e
• Avaliar os modelos de formação e qualificação de mão‐de‐obra.
As vantagens para o uso de indicadores é que através dela é possível avaliar as prioridades que os
profissionais possuem em relação a determinadas questões, forçam estes profissionais a pensarem e
agirem de forma objetiva. Tornou‐se fundamental num processo de melhoria pois os indicadores medem o antes
e o objetivo a ser atingido. Para se formar os indicadores é necessária a participação de todos os envolvidos no
processo, reforçando a amplitude e a abrangência da Avaliação da Qualidade e comprometendo toda a organização
na busca pelos objetivos.
Comprometer toda a organização na busca pela Qualidade significa o envolvimento das pessoas no esforço pela
Qualidade. É difícil avaliar, compreender e até mesmo envolvê‐las em qualquer ação de melhorias. Porém, da
mesma forma que são complexas, são as pessoas (ou os recursos humanos ou o capital humano) que oferecem os
melhores e maiores retornos, devido:
• A sua criatividade;
• A capacidade inventiva de propor soluções, novos métodos, novos processos mais baratos e eficazes, de
superar desafios.
Envolver as pessoas em um processo de Gestão da Qualidade não é um processo operacional e sim tático, ao
alcance da média gerência. A gestão tática da qualidade requer a interação das pessoas com a organização e a
interação das pessoas entre elas mesmas, ou seja:
• A empresa deve definir quais são os objetivos e comunicar às pessoas por meios formais;
• As pessoas devem cumprir os objetivos com competência, capacidade, entusiasmo, dedicação e
motivação;
• As pessoas devem cumprir as regras, diretrizes, políticas e normas da empresa;
• A empresa deve dar às pessoas condições de trabalho;
• A empresa deve dar às pessoas retribuição financeira;
www.sandrocan.wordpress.com Página 4
PERSPECTIVA ESTRATÉGICA DA QUALIDADE Sandro Cantidio
• A empresa deve dar às pessoas perspectivas de crescimento pessoal e profissional;
• A empresa deve capacitar as pessoas para o trabalho através de treinamentos, palestras e seminários;
• A empresa deve estreitar a comunicação com as pessoas através de canais formais de informação;
• A empresa deve dar exemplos institucionais, como a concessão de benefícios por resultados alcançados;
• Os gerentes, gestores, supervisores, encarregados e líderes devem agir com postura gerencial;
• A empresa deve interagir com o mercado consumidor (os Clientes) através de seus profissionais
capacitados;
• A empresa deve interagir com os concorrentes (qualidade, preços e novos lançamentos), fazendo com
que tenha uma cultura de redução de custos e aceleração de cronogramas. É impossível gerenciar a
organização sem avaliar as ações de nossos concorrentes.
A Qualidade só se consolida na empresa se estiver inserida na cultura das pessoas (crenças e valores de uma
sociedade), e estas pessoas enxergarem e transformarem a Qualidade em um valor. O mecanismo mais comum
para transformar a Qualidade em valor é a motivação. Sabemos que ninguém motiva ninguém e que as pessoas se
motivam por si mesmas, conferindo novas prioridades às ações usuais, porém é necessário que a empresa mostre
o que deve ser feito e determine nas pessoas o querer fazer (para entender melhor sobre motivação, recomendo a
leitura do post http://sandrocan.wordpress.com/2008/09/02/o‐que‐e‐motivacao/). Felizmente, as pessoas
passaram a ter posturas conscientes com a motivação, buscando maiores qualificações por decisões próprias e
não por imposição das empresas. Também passaram a se unir de forma coletiva, criando equipes que buscam
soluções para os problemas. Para tanto, é necessária uma definição clara do que fazer e o que receberá em troca se
tal ocorrer. É um modelo gerencial baseado exclusivamente na negociação, ou na reciprocidade.
A reciprocidade é um processo gerencial recente e, por isso, enfrenta algumas dificuldades de operação. Há quem
ache que negociar implica perda de autoridade; muitos vêem as atribuições do cargo como uma obrigação e, por
isso, dispensam concessões; há quem entenda que a negociação aumenta custos, e diversos outros fatores críticos
no processo gerencial. Na verdade, o que existe é a falta de criatividade para propor os benefícios, bem como os
meios para avaliar quantitativamente os resultados.
2 A GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE
• A gestão estratégica da organização é a gestão que trata dos meios de garantir a sua sobrevivência.
• A Qualidade desempenha um papel fundamental na sobrevivência das organizações.
A definição básica para a Qualidade enfatiza pleno atendimento do Cliente em seus:
• Desejos;
• Necessidades;
• Expectativas; e
• Preferências.
Este conceito abrange diversos outros itens, como:
• Preço;
• Características do produto;
• Prazo de entrega;
www.sandrocan.wordpress.com Página 5
PERSPECTIVA ESTRATÉGICA DA QUALIDADE Sandro Cantidio
• Distribuição, etc, fatores decisivos na hora da compra.
A multiplicidade dos itens de Qualidade, conforme foi dito acima, procura a fidelidade de quem já é Cliente e
Consumidor do produto. Os modelos de gestão associados à multiplicidade dos itens visam a direcionar as ações
para o atendimento total do Cliente/consumidor, considerando os múltiplos itens que ele considera relevantes.
Desta forma, o potencial estratégico da Qualidade passa a ser outro: visa transformar em consumidores pessoas
que hoje não são. Isso significa fazer a organização estar à frente do mercado, criando produtos inovadores,
através do monitoramento do ambiente externo da organização, como consumidores, concorrentes e sociedade
como um todo, visando detectar alterações de valores, de comportamentos e de hábitos. Assim, o conceito de
evolução migra para o de Melhoria Contínua, onde a empresa visa alcançar níveis crescentes de eficiência
e eficácia.
O objetivo da dimensão estratégica da Qualidade é criar produtos diferenciados em relação aos dos seus
concorrentes, pois produtos diferenciados têm um perfil de fidelidade claramente consolidado. A diferenciação,
como método da Gestão Estratégica da Qualidade, inclui uma diversidade de ações:
• Adequação ao uso, customizando o produto e não padronizando;
• Criação de canal de comunicação entre Cliente e empresa;
• Diferenciação entre Clientes e Consumidores:
o Consumidores = todos aqueles que consomem os produtos; Utilizam o produto hoje;
o Clientes = todos aqueles que sofrem o impacto do uso de nossos produtos; Utilizarão o produto
amanhã;
• Multiplicidade, buscando atender ao maior número de variáveis solicitadas ou desejadas pelo Cliente;
• Ter como meta o crescimento da organização (processo evolutivo);
• Antecipação de mudanças do mercado;
• Confiança no processo de produção, onde as especificações do produto são plenamente atendidas;
• Confiança na imagem ou na marca, garantindo a identificação do Cliente ou Consumidor;
• Ações sustentáveis (meio ambiente), preservando recursos naturais;
• Ações sociais entre a empresa e a sociedade onde está inserida;
• Minimização de perdas à sociedade, visando minimizar quaisquer custos que possam vir do uso do
produto;
A Qualidade depende, essencialmente, do equilíbrio entre oferta e demanda, ou seja, o excesso de demanda
faz com que as organizações produzam qualquer coisa para vender, preste ou não, e o excesso de oferta pode
levar as organizações a diferenciarse por preço, reduzindo os custos e comprometendo a Qualidade.
www.sandrocan.wordpress.com Página 6