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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL

DA CAPITAL

São Paulo, 15 de janeiro de 2009.

Ofício n.º 01/09 – 1ª PJCrim/13ºPJC

Ref.: Ofício 043/2008/SG/GAB/SC-CNMP

Senhor Secretário Geral,

Através do presente ofício


encaminho à Vossa Excelência relatório sobre as
investigações a respeito de crimes de formação de
quadrilha ou bando, estelionato, apropriação
indébita, lavagem de capitais, entre outros,
praticados por ex-dirigentes e dirigentes da
BANCOOP – Cooperativa Habitacional dos Bancários
do Estado de São Paulo, nos termos a seguir
expostos.

Inicialmente esclarece o Promotor


de Justiça subscritor que só foi possível atender
Vossa Excelência na presente data, pois, encontrava-
se em gozo de licença saúde desde agosto de 2008
para tratamento de (....)
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A partir de representação
formulada por cooperados da BANCOOP – Residencial
Torres da Mooca – encaminhada ao GAECO – GRUPO
DE ATUAÇÃO ESPECIAL DE REPRESSÃO AO CRIME
ORGANIZADO que, por seu turno, e sem qualquer
análise mais aprofundada dos graves crimes
praticados pela organização criminosa que se
estabeleceu na direção da BANCOOP, o Promotor de
Justiça designado no GAECO requisitou a instauração
de inquérito policial entendendo tratar-se de crimes
de menor gravidade e que não mereceria qualquer
investigação daquele grupo especializado.

Com efeito, foi instaurado no 1º


Distrito Policial da Capital o inquérito policial n.º
0232/07, distribuído no DIPO sob nº 050.07.017872-0
e figurando como Promotor de Justiça natural o 13º
Promotor de Justiça Criminal da Capital.

Após uma análise pormenorizada da


representação formulada pelos cooperados lesados
do empreendimento TORRES DA MOOCA, foi possível
identificar que a Cooperativa Habitacional dos
Bancários de São Paulo teria como principal
finalidade atender as necessidades de moradia de
seus associados, sendo regida, em tese, pela Lei
5.764/71, sem fins lucrativos e a sociedade
cooperativa visa o proveito comum de todos os
cooperados.
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Segundo extrai-se dos autos, a
Cooperativa Habitacional dos Bancários foi
constituída no ano de 1996, porém os membros que
figuraram e figuram na direção da cooperativa,
contrariando os interesses dos cooperados e da
própria cooperativa, figuram como sócios cotistas de
empresas que prestam serviços como empreiteiras e
fornecem matéria prima para os empreendimentos
imobiliários, com proveito econômico próprio, com
efetiva finalidade lucrativa transformando, assim, a
Cooperativa em tela em verdadeira empresa
comercial.

Assim, verifica-se que a


cooperativa está voltada para o mercado imobiliário
como uma empreiteira qualquer, observando que
LUIZ EDUARDO SAEGER MALHEIRO, que foi
Presidente da Bancoop, tinha participações como
sócio cotista nas seguintes empresas:

- GERMANY COMERCIAL E EMPREITEIRA


DE OBRAS LTDA EPP – responsável pela edificação
dos empreendimentos imobiliários da BANCOOP;

- MIRANTE ARTEFATOS DE CONCRETO


SE LTDA – responsável pelo fornecimento de concreto
para os empreendimentos imobiliários da BANCOOP;

Outros diretores da BANCOOP


também figuravam como sócios cotistas dessas duas
empresas, dentre os quais, TOMÁS EDSON BOTELHO
FRAGA, MARCELO RINALDO, SIDNEI DE JESUS,
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ROSAMEL LUCAS EVANGELISTA, FÁBIO SILVEIRA e
ALESSANDRO ROBSON BERNADINO (este último
CONSELHEIRO FISCAL DA BANCOOP).

Ora, os referidos diretores da


cooperativa transformaram-na em negócio lucrativo,
utilizando os benefícios da lei para lesar, em tese,
milhares de cooperados que aderiram através de
contratos para a construção de moradias.

Extrai-se dos autos que não há


qualquer fiscalização na gestão dos
empreendimentos e da movimentação bancária dos
empreendimentos imobiliários da BANCOOP.

Há notícia inclusive de captação de


recursos junto ao mercado financeiro através de um
contrato de cessão de direitos e obrigações de
cooperados criando um FUNDO DE DIREITOS
CREDITÓRIOS – FDIC BANCOOP, com a finalidade de
buscar recursos para financiar os empreendimentos
contrariando a própria legislação e o Estatuto da
Cooperativa.

Assim, para que as investigações


pudessem ser aprofundadas e a “posteriore”
submetidos tais dados bancários, fiscais, contábeis e
documentais a exame pericial contábil pelo Instituto
de Criminalística de São Paulo, requereu-se o
seguinte (fls. 3038/3040):
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1. Expedição de ofício ao Banco


Central do Brasil, a fim de que
informe os dados cadastrais e
bancários de contas correntes,
contas de poupança, fundos de
investimentos e fundos de ações
de titularidade da BANCOOP –
Cooperativa Habitacional dos
Bancários do Estado de São
Paulo, CNPJ 01.395.962/0001-50;
2. Expedição ao Banco Central do
Brasil, a fim de que informe os
dados cadastrais e bancários de
contas correntes, contas de
poupança, fundos de
investimentos e fundos de ações
de titularidade dos ex-diretores e
diretores da BANCOOP, a saber,
LUIZ EDUARDO SAEGER
MALHEIRO, CPF n. 54.777.848-14,
TOMÁS EDSON BOTELHO FRAGA,
CPF n. 293.115.499-20,
ALESSANDRO ROBSON
BERNARDINO, CPF n. 178.317.608-
30, MARCELO RINALDO, CPF n.
088.647.898-71 e FÁBIO LUIZ
SILVEIRA, CPF n. 166.177.508-02 .

3. Expedição de ofício ao Banco


Central do Brasil, a fim de que
informe os dados cadastrais e
bancários de contas correntes,
contas de poupança, fundos de
investimentos e fundos de ações
de titularidade da GERMANY
COMERCIAL E EMPREITEIRA DE
OBRAS LTDA. EPP, CNPJ n.
04.538.766/0001-85, MIRANTE
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ARTEFATOS DE CONCRETO SE
LTDA, CNPJ n. 05.215.498/0001-
23.

4. Expedição de ofício a Cooperativa


Habitacional dos Bancários do
Estado de São Paulo para que
forneça os números das contas
correntes de todos os
empreendimentos imobiliários,
com a respectiva agência,
apontando os responsáveis pela
movimentação financeira, em 10
(dez) dias, em face de urgência
das medidas a serem tomadas no
curso da investigação.

Os requerimentos de quebra de
sigilo bancário e fiscal da BANCOOP, de seus
diretores e das empresas envolvidas na organização
criminosa FORAM DEFERIDOS PELA JUÍZA DE DIREITO
Doutora LUCIANA LEAL JUNQUEIRA VIEIRA em 04 de
julho de 2007 (fls. 3060).

O inquérito policial permaneceu no


DIPO – Departamento de Inquéritos Policiais para
expedição dos ofícios mencionados e juntada de
documentos bancários e fiscais dos investigados,
todavia, muitos desses ofícios não foram
respondidos e também algumas informações
bancárias e fiscais foram juntadas de forma
incompleta.

Diante disso, o Promotor de Justiça


subscritor requereu nos autos do inquérito policial
em epígrafe no último dia 04 de junho de 2008 as
seguintes diligências:
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“1.REQUERIMENTOS PENDENTES QUANTO A QUEBRA
DO SIGILO BANCÁRIO E FISCAL.

a) Requeiro cobre-se, COM URGÊNCIA, as informações


relativas aos dirigentes da BANCOOP LUIZ EDUARDO
SAEGER MALHEIRO, CPF n. 54.777.848-14, TOMÁS EDSON
BOTELHO FRAGA, CPF n. 293.115.499-20, ALESSANDRO
ROBSON BERNARDINO, CPF n. 178.317.608-30, MARCELO
RINALDO, CPF n. 088.647.898-71 e FÁBIO LUIZ SILVEIRA,
CPF n. 166.177.508-02, EM ESPECIAL NO PERÍODO DE
JANEIRO DE 2001 a DEZEMBRO DE 2005.

b) Requeiro cobre-se, COM URGÊNCIA, as informações


relativas as empresas utilizadas pela organização criminosa
no comando da BANCOOP, quais sejam, GERMANY
COMERCIAL E EMPREITEIRA DE OBRAS LTDA. EPP,
CNPJ n. 04.538.766/0001-85 e MIRANTE ARTEFATOS
DE CONCRETO SE LTDA, CNPJ n. 05.215.498/0001-23,
EM ESPECIAL NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2001 a
DEZEMBRO DE 2005.

c) Requeiro cobre-se, COM URGÊNCIA, as informações


bancárias e fiscais da BANCOOP – Cooperativa Habitacional
dos Bancários do Estado de São Paulo, CNPJ
01.395.962/0001-50, nos termos do item I da cota de fls.
3038/3040, EM ESPECIAL no período de janeiro de 2001 até
a maio de 2008.

d) Requeiro cobre-se o item IV da cota de fls. 3038/3040.


referente as informações que deveriam ser prestadas pela
BANCOOP sobre os números das contas correntes de todos
os empreendimentos imobiliários, com a respectiva
agência, apontando os responsáveis pela movimentação
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financeira, em 10 (dez) dias, em face de urgência das
medidas a serem tomadas no curso da investigação.

e) Requeiro cobre-se, COM URGÊNCIA, do BANCO CENTRAL


DO BRASIL e da COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS –
CVM - as informações referentes a captação e destinação
dos recursos obtidos pela BANCOOP no período de 01 de
maio de 2004 até janeiro de 2005 com relação ao FDIC –
FUNDO DE DIREITOS CREDITÓRIOS – BANCOOP.

2. REQUERIMENTO PARA COMPLEMENTAÇÃO DA


QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO E FISCAL.

a) Extrai-se das declarações prestadas por HELIO MALHEIRO


e RICARDO LUIZ DO CARMO, que a empresa MIRANTE
ARTEFATOS DE CONCRETO SE LTDA, CNPJ n.
05.215.498/0001-23 teve como antecessora a empresa
MIZU GERENCIAMENTO E SERVIÇOS S/C LTDA, CNPJ
052.15498/0001-23 e conforme documentos obtidos no
curso das investigações, referida empresa MIZU
movimentou a conta corrente n. 006622, agência 3459-2 do
Banco Bradesco S/A, desviando recursos da BANCOOP.
Assim REQUEIRO SEJA OFICIADO O BANCO BRADESCO,
AGÊNCIA 3459-2, PARA QUJE FORNEÇA EXTRATOS E
OS MICROFILMES DOS CHEQUES EMITIDOS EM
VALORES SUPERIORES A R$ 2.000,00 (DOIS MIL
REAIS) PELA MIZU GERENCIAMENTO E SERVIÇOS S/C
LTDA no período de janeiro de 2002 até dezembro de
2005.
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3. REQUERIMENTOS QUANTO A DILIGÊNCIAS
POLICIAIS PENDENTES NOS AUTOS DO INQUÉRITO
POLICIAL n. 050.07.017872-0

a) VISANDO DAR CELERIDADE NAS INVESTIGAÇÕES


REQUEIRO SEJAM TODAS AS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS E
FISCAIS JUNTADAS EM APENSOS PRÓPRIOS SEPARADOS POR
INVESTIGADOS (PESSOAS FÍSICAS E JURÍDICAS) MANTENDO
TAIS APENSOS EM PODER DO DIPO, DANDO CIÊNCIA AO
MINISTÉRIO PÚBLICO COM RELAÇÃO A JUNTADA DE
DOCUMENTOS E RESPOSTAS DE OFÍCIOS.

b) Requeiro o retorno dos autos à Delegacia de Polícia para


que sejam ouvidos em declarações a respeito dos fatos
noticiados nestes autos os senhores:

- JOÃO VACCARI NETO, diretor presidente da BANCOOP


desde 10.12.2004 e que exerceu os cargos de diretor
administrativo e financeiro nos períodos de 15.06.1999 a
26.04.2002 e depois entre 26.03.2003 até 20.12.2004, e
também como diretor técnico de 26. 04.2002 até
26.03.2003.

- TOMÁS EDSON BOTELHO FRAGA, diretor técnico no


período de 26.03.2003 a 10.12.2004 e depois como diretor
administrativo financeiro de 10.12.2004 até 15.02.2005.

REQUERENDO QUE A AUTORIDADE POLICIAL


COMUNIQUE O PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSCRITOR
DA DESIGNAÇÃO DE DATA PARA OITIVA DE
REFERIDAS PESSOAS NA DELEGACIA DE POLÍCIA

c) Requeiro seja ouvido em declarações o senhor FABIO


LUIS SILVEIRA, sócio da MIZU GERENCIAMENTO E
SERVIÇOS S/C LTDA, CNPJ 052.15498/0001-23 e também
ex-dirigente da BANCOOP.
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REQUERENDO QUE A AUTORIDADE POLICIAL
COMUNIQUE O PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSCRITOR
DA DESIGNAÇÃO DE DATA PARA OITIVA DE REFERIDA
PESSOA NA DELEGACIA DE POLÍCIA.

d) Requeiro sejam ouvidos os representantes das


associações dos cooperados lesados nos empreendimentos
da BANCOOP, apontando cada qual o prejuízo sofrido em
cada empreendimento pelos grupos de cooperados para
apuração dos valores aproximados dos valores desviados
da aludida cooperativa.

e) Requeiro a oitiva dos representantes legais das empresas


GERMANY, MIRANTE e DELLA LIBERA.

REQUERENDO QUE A AUTORIDADE POLICIAL


COMUNIQUE O PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSCRITOR
DA DESIGNAÇÃO DE DATA PARA OITIVA DE REFERIDA
PESSOA NA DELEGACIA DE POLÍCIA.

4. EM RAZÃO DA COMPLEXIDADE DESTE FEITO,


REQUEIRO O ENCAMINHAMENTO DO PRESENTE
INQUÉRITO POLICIAL N. 050.07.017872-0 a UNIDADE
DE INTELIGÊNCIA POLICIAL - UIP – do Departamento
de Polícia Judiciária da Capital – DECAP – para a
continuidade das investigações.”

Diante da gravidade dos fatos


noticiados nos autos do inquérito policial em epigrafe,
observando que os autos encontravam-se do DIPO –
Departamento de Inquéritos Policiais aguardando a juntada
de informações da quebra de sigilo bancário e fiscal, o
Promotor de Justiça subscritor, visando a complementação
das investigações reduziu a termo depoimento de VALTER
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AMARO DA SILVA que aponta para a prática, em tese, de
crimes eleitorais, conforme documentos fiscais
apresentados pelo depoente.

VALTER AMARO DA SILVA, no dia 18 do


mês de julho de 2007, afirmou na Promotoria de Justiça
que:

“...exerce a profissão de empreiteiro de pinturas


de edifícios e casas em geral e a partir do ano de
1998, passou a prestar serviços para a
BANCOOP – Cooperativa dos Bancários do
Estado de São Paulo, tendo sido contratado para
realizar serviços de pintura de fachadas dos
edifícios e das casas construídas pela
Cooperativa, sendo que recebia por seus serviços
após a emissão de notas fiscais da empresa de
sua titularidade AMARO OLIVEIRA
CONSTRUÇÕES S/C LTDA, conforme cópias
anexas ora apresentadas (doc. I). O declarante
de 1998 até 2006 realizou muitos serviços para a
BANCOOP, porém, se viu obrigado a emitir notas
fiscais de serviços de pintura de fachadas de
empreendimentos da BANCOOP sem ter
efetivamente prestado tais serviços em algumas
oportunidades, isto porque o engenheiro
coordenador das obras dos empreendimentos da
BANCOOP RICARDO LUIZ DO CARMO exigiu
que o declarante em pelo menos quatro
oportunidades diferentes emitisse notas fiscais de
serviços prestados e após o recebimento dos
cheques da BANCOOP descontava os mesmos
na boca do caixa do BANCO CAIXA
ECONOMICA FEDERAL, AGÊNCIA 0689, onde a
empresa do declarante possuía conta e após
efetuar o saque em dinheiro depositava o valor na
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conta corrente de HELIO MALHEIRO, irmão do
LUIZ CARLOS SAEGER MALHEIRO, à época
presidente da BANCOOP. O declarante era
obrigado a realizar tais operações, pois, caso
contrário a BANCOOP, através do engenheiro
RICARDO LUIZ DO CARMO, simplesmente
romperia o contrato com o declarante como
prestador de serviços. É de conhecimento do
declarante que várias pessoas que prestam
serviços a BANCOOP são obrigadas a emitir
notas fiscais frias para justificar a realização de
despesas fictícias e realizar depósitos em
dinheiro para representante da BANCOOP. O
declarante ouviu dizer que as empresas FORMA
EMPREITEIRA, sendo o seu responsável o
senhor ELDO, a empresa de ESTRUTURAS DE
CONCRETO IRMÃOS PERUS, a empresa de
pisos e azulejos JB, dentre outras eram obrigadas
a emitir notas fiscais frias para beneficiar pessoas
ligadas a direção da BANCOOP. O declarante
nesta oportunidade apresenta as notas fiscais da
empresa AMARO CAVALCANTE
CONSTRUÇÕES S/C LTDA de número 000067
de 12/04/2000, no valor de R$ 3500,00, de
número 000072 de 08/05/2000 no valor de R$
5000,00, de número 000083 de 24/07/2000 no
valor de R$ 2500,00 e de número 000107 de
01/02 /2000 no valor de R$ 5.000,00, sendo esta
última sem lançamento no livro de registro de
notas fiscais das quais se recorda ter recebido
em cheque nominal a AMARO CAVALCANTE
CONSTRUÇÕES S/C LTDA e após sacar esses
valores depositava em dinheiro na conta corrente
de HELIO MALHEIRO. O declarante com relação
a essas notas fiscais frias que se viu obrigado a
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emitir acabou efetuando o pagamento dos
impostos devidos, conforme pode ser verificado
nos documentos contábeis de sua empresa. O
declarante ainda era obrigado pelos dirigentes da
BANCOOP após efetuar os depósitos em dinheiro
na conta corrente de HELIO MALHEIRO a
telefonar para o próprio HELIO MALHEIRO
confirmando a realização do depósito. O
declarante questionava o engenheiro RICARDO
LUIZ DO CARMO e este dizia que tais valores
depositados na conta de HELIO MALHEIRO em
prejuízo dos cooperados da BANCOOP eram
destinados para as campanhas políticas de
pessoas ligadas ao PT. O declarante informa
TOMÁS EDISON BOTELHO FRAGA, diretor
técnico da BANCOOP, responsável pelo
gerenciamento das obras intermediava a
negociação de terrenos e em seguida os terrenos
eram vendidos à BANCOOP por valores
superfaturados, normalmente em dobro, como
por exemplo o empreendimento TORRES DA
MOÓCA. O declarante no decorrer do ano de
2003 estava prestando serviços de pintura na
sede da BANCOOP, na Rua Líbero Badaró, no
10º andar e ouviu uma conversa entre
ALESSANDRO BERNADINO, RINALDO DE
JESUS e LUIZ CARLOS SAEGER MALHEIRO e
este último afirmou aos outros dois diretores que
“porra meu, esse mês nós vamos tirar uns
quinhentos mil da GERMANY”(sic). O declarante
quer deixar claro que os valores cobrados dos
cooperados sempre foi superfaturado em relação
as obras dos empreendimentos da BANCOOP,
sendo os cooperados os mais prejudicados. O
declarante afirma ainda que a BANCOOP está lhe
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devendo mais de R$ 300.000,00 e já ingressou
em juízo para receber tal quantia, conforme
processo cível n.º 583.00.2007.141943 e nada
tem contra as pessoas que dirigem a BANCOOP.

Também foi colhido no gabinete do


Promotor de Justiça subscritor o depoimento do senhor
ANDY ROBERTO GURCZYNSKA, no dia 28 de janeiro de
2008, nos seguintes termos:

“que exerce atividade empresarial no ramo de


segurança privada, sendo que no período de
2000 até 2003, conforme contratos de prestação
de serviços que o declarante apresentará
posteriormente, realizava a segurança pessoal de
LUIS EDUARDO SAEGRER MALHEIROS, na
época presidente da BANCOOP, sendo que o
declarante iniciou a prestação de serviços no ano
de 2000 realizando a segurança de um
engenheiro da BANCOOP e depois foi chamado
por LUIS EDUARDO MALHEIROS e em 2001 até
2003 fazia a segurança pessoal do presidente da
BANCOOP porque este temia por sua vida em
relação a um zelador da sede da BANCOOP que
teria subtraído documentos da entidade. O
declarante durante esse período que realizou a
segurança pessoal de LUIS EDUARDO
SAEGRER MALHEIROS, presidente da
BANCOOP presenciou inúmeros encontros deste
com RICARDO BERZOINI, em regra, tais
encontros aconteciam em uma churrascaria do
CENTER NORTE, na sede do SINDICATO DOS
BANCÁRIOS e na própria BANCOOP e Hotel
UNIK. Nesses encontros de LUÍS EDUARDO
MALHEIROS com RICARDO BERZOINI o
declarante sempre ouvia do presidente da
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BANCOOP que teria que dar conhecimento dos
negócios da cooperativa para o “chefe”, como
LUIS EDUARDO MALHEIROS chamava
RICARDO BERZOINI, à época Ministro da
Previdência Social do Governo Federal. O
declarante afirma que LUIS EDUARDO
MALHEIROS, presidente da BANCOOP tinha
muitos encontros com JOÃO VACCARI NETO
fora da sede da BANCOOP, apesar de VACCARI
à época exercer o cargo de diretor administrativo
financeiro. Os encontros entre MALHEIROS e
VACCARI se davam no período da manhã e no
período da tarde e tais reuniões ocorriam com
muita freqüência no SINDICATO DOS
BANCÁRIOS, sendo que LUIS EDUARDO
MALHEIROS determinava ao declarante que
entregasse envelopes lacrados retirados do
BANCO BRADESCO, agência Líbero Badaró, e
tais envelopes eram entregues nas mãos de
HELENA DA CONCEIÇÃO PEREIRA LAGE que,
por seu turno, entregava nas mãos de LUIS
EDUARDO MALHEIROS, sendo que o declarante
então escoltava o presidente da BANCOOP LUIS
EDUARDO MALHEIROS que entregava tais
envelopes a JOÃO VACCARI NETO na sede do
SINDICATO DOS BANCÁRIOS. O declarante
afirma que essas reuniões em que LUIS
EDUARDO MALHEIROS levava envelopes
lacrados, retirados da agência Líbero Badaró do
Bradesco S/A, para JOÃO VACCARI NETO
aconteciam todas as semanas, durante os anos
2003/2004. O declarante afirma que existiam
negócios comuns entre VACCARI e MALHEIROS,
sendo que tem conhecimento que a GERMANY
pertencia a integrantes da diretoria da BANCOOP
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e o declarante ouviu várias conversas entre
MALHEIROS, MARCELO RINALDI e
ALESSANDRO BERNADINI, pouco antes da
criação da GERMANY, que muitos empreiteiros
da construção civil ganhavam muito dinheiro e
que a criação de uma construtora pelo grupo
formado por MALHEIROS, MARCELO RINALDI e
ALESSANDRO BERNADINI geraria muito lucro
para eles. O declarante inclusive como prestador
de serviço foi obrigado a emitir notas fiscais de
valores distintos dos serviços efetivamente
prestados a BANCOOP, porque o declarante por
determinação de LUPIS MALHEIROS,
MARCELO RINALDI e ALESSANDRO
BERNADINI. O declarante apresenta neste ato as
notas fiscais divergentes que foram emitidas para
a BANCOOP, sendo certo que parte dos valores
eram pagos ao declarante com dinheiro não
contabilizado, ao que tudo indica, porque só eram
contabilizados os valores a menor de acordo com
as notas fiscais emitidas e cujas cópias são neste
ato fornecidas. O declarante esclarece que as
notas fiscais de número 000078, 000064,000046,
000091, 000103, 000120, 000083, 000064
emitidas entre 03 de janeiro de 2005 a 01 de
junho de 2006. O declarante esclarece que outras
notas fiscais emitidas tiveram seus valores
lançados a menor com relação aos serviços
efetivamente prestados à BANCOOP, a saber, a
nota fiscal n.º 00008 de 01/09/04 no valor de R$
3.814,85 omitiu o valor real de prestação de
serviços que foi de R$ 38.148,50, o mesmo
ocorreu com relação as notas fiscais de n.º
000004, 000021, 000028, 000031, 0071,
0073,0090, 0096 tiveram suas emissões também
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subfaturadas e emitidas no valor correspondente
a 10% do valor real das notas fiscais de
prestação de serviços, não sabendo o declarante
a razão de ser obrigado por MARCELO RINALDI
e ALESSANDRO BERNADINI a emitir tais notas
em valores abaixo do que efetivamente foi
prestado, representando valores recebidos pelo
declarante que pode ser considerado como não
contabilizado pela BANCOOP. O declarante
informa que os valores reais eram recebidos
através de depósitos bancários em dinheiro nas
contas correntes que o declarante se
compromete a apresentar seus dados para
comprovação desses fatos. O declarante pode
informar que a morte de LUIS EDUARDO
MALHEIROS ocorreu após uma série de
coincidências relacionadas a sua segurança
pessoal, sendo que o declarante nessa época
não mais prestava serviços para a BANCOOP,
porém, a equipe de seguranças foi mantida por
LUÍS EDUARDO MALHEIROS, que sempre
solicitava o acompanhamento desses seguranças
para determinadas viagens e compromissos,
porém nessa viagem os seguranças foram
dispensados e EDUARDO MALHEIROS
embarcou para Petrolina em companhia de
MARCELO RINALDI e ALESSANDRO
BERNADINI da BANCOOP, bem como o ex-
candidato a Prefeitura de Praia Grande que
compôs a chapa juntamente com LUÍS
MALHEIROS em 2004 pelo PARTIDO DOS
TRABALHADORES. O declarante informa que
um pouco antes da candidatura para a Prefeitura
de Praia Grande, as empresas GERMANY e
CONSERVIX que estavam em nome LUIS
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MALHEIROS, MARCELO RINALDI e
ALESSANDRO BERNADINI foram suas cotas
transferidas para HELENA LAGE e para as
esposas de MARCELO RINALDI e
ALESSANDRO BERNADINI. O declarante
presenciou quando prestava segurança para
LUIS MALHEIROS, presidente da BANCOOP, a
compra de veículo TOYOTA COROLLA, em uma
concessionária situada no Bairro dos Jardins,
nesta Capital, entre os anos de 2003 e 2004, cuja
valor da compra foi realizada com dinheiro da
BANCOOP através de transferência bancária,
sendo que esse veículo COROLLA era de uso
pessoal de LUIS MALHEIROS no período em que
o declarante prestava segurança

A confirmar a gravidade do que foi


afirmado por VALTER AMARO DA SILVA e por ANDY ROBERTO
GURCZYNSKA, no dia 31 de março de 2008, prestou
depoimento na Promotoria de Justiça Criminal o senhor
RICARDO LUIZ DO CARMO, engenheiro responsável
pela edificação de 30 (trinta) empreendimentos da
BANCOOP que afirmou o seguinte:

“o depoente foi contratado pela


BANCOOP – Cooperativa Habitacional
dos Bancários de São Paulo a partir do
ano de 1997 na função de engenheiro
civil responsável pelas medições das
execuções de obras dos
empreendimentos imobiliários da
BANCOOP. Nessa época, as
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empreiteiras que realizavam as obras
da BANCOOP eram empresas
particulares que não tinham qualquer
relação com a direção da cooperativa,
dentre as quais a CONSTRUTORA
ELAGE que executava obras em
Pirituba, Jabaquara, Parque do Carmo
e Guarulhos. O depoente afirma que
nessa época não existia a empresa
GERMANY. O depoente durante a
execução da obra do JABAQUARA a
BANCOOP passou a ter problemas com
relação a obra junto ao Ministério da
Aeronáutica porque tal obra estava
fora dos padrões permitidos e
apresentava problemas de segurança.
O valor da obra do PORTAL DO
JABAQUARA passou a ser superior ao
que tinha sido estimado pela
BANCOOP, sendo que os valores
inicialmente calculados sofreram
alteração cujo prejuízo foi arcado pelos
cooperados. As irregularidades do
empreendimento do PORTAL DO
JABAQUARA foram constatados em
1999. O depoente afirma que a
execução do empreendimento da
BANCOOP em Pirituba, próximo a
estação de trem, foi adquirido pela
BANCOOP para a construção de
edifícios, sendo que no local foi
constatado pelo depoente que as
condições do local não eram
adequadas para a construção de
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
edifícios porque dirigentes da
cooperativa pretendiam realizar a obra
aproveitando a construção antiga já
existente no local. Apesar do parecer
contrário do depoente, a BANCOOP
acabou utilizando o local para a
construção do empreendimento. A
BANCOOP, por falta de atendimento a
questões técnicas para construção e
edificação dos empreendimentos da
cooperativa subfaturava o orçamento
para a construção dos edifícios. Diante
disso, as obras passaram a ter seu
custo final muito mais alto do que
previsto e oferecido aos cooperados,
que acabavam arcando com os
prejuízos ocasionados por erros de
planejamento na edificação dos
empreendimentos da BANCOOP. Nessa
época, ou seja, durante os anos de
1997 até 2000, as construções eram
realizadas pelas construtoras e
passaram a ocorrer prejuízos de
grande monta que eram arcados pelos
cooperados e as construtoras não
queriam dar continuidade as obras por
falta de pagamento por parte da
BANCOOP. As construtoras rescindiram
os contratos com a BANCOOP e o
depoente na qualidade de engenheiro
civil contratado pela cooperativa para
realizar medições e pagamentos de
empreiteiras e construtoras acabou
dando uma alternativa para a direção
1
1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
da BANCOOP a partir do ano de 2000,
o depoente, mediante concordância
dos dirigentes da BANCOOP, passou a
contratar empreiteiras de pequeno
porte para dar continuidade aos
empreendimentos da cooperativa em
substituição às construtoras que
rescindiram os seus contratos com a
BANCOOP por falta de pagamento. O
depoente, inclusive, informa que a
BANCOOP passou a pagar dívidas
contraídas com as construtoras que
recebiam em apartamentos ou
unidades que ainda estavam na
planta, tudo isso sem qualquer
consulta aos cooperados. O depoente,
a partir de 2000, passou então a
figurar como engenheiro civil
responsável técnico pelos 30 (trinta)
empreendimentos da BANCOOP, com
aproximadamente 800.000 metros
quadros de área construída,
representando aproximadamente
18.000 (dezoito mil) unidades
habitacionais. Nesse período, ou seja,
a partir do ano de 2000, o depoente
respondia hierarquicamente na
BANCOOP ao senhor TOMAZ EDSON
BOTELHO, diretor da cooperativa e
também ao senhor LUIZ SAEGER
MALHEIRO, presidente da BANCOOP.
Todas as obras sob a responsabilidade
técnica do depoente tinham notas
fiscais emitidas pelos empreiteiros
1
1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
contratados e após o aval do depoente
nessas notas fiscais, tais notas fiscais
eram encaminhadas para o setor
financeiro da BANCOOP para a
quitação desses valores com tais
prestadores de serviços. O depoente
como engenheiro civil responsável das
obras deu início a construção do
empreendimento MIRANTE DO
TATUAPÉ que fica localizado na Rua
Pedro Belegarti – Tatuapé, por
determinação da direção da BANCOOP,
ou seja, TOMAS EDSON BOTELHO e
LUIZ EDUARDO SAEGER MALHEIRO.
Esse empreendimento, segundo o
depoente, teria sido idealizado pela
BANCOOP a fim de saldar dívidas já
contraídas pela cooperativa visando
cobrir “rombos” financeiros de outros
empreendimentos que já estavam em
andamento. Com relação ao MIRANTE
DO TATUAPÉ estava previsto um valor
aproximado de R$ 1.500.000,00 ( Um
Milhão e Quinhentos Mil Reais) para
quitação dessas dívidas de outros
empreendimentos da BANCOOP. A
viabilidade do empreendimento
MIRANTE DO TATUAPÉ foi entregue ao
depoente apresentando sérios
problemas de fundação, pois, o local
era extremamente argiloso e
inviabilizava a construção de qualquer
edifício a não ser através de um
sistema extremamente caro que é
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
denominado de ESTACÃO, que é 30
(trinta) vezes mais caro que o sistema
convencional de construção. O
depoente informa que o responsável
pelo levantamento dos terrenos era
feito pela empresa DELLA LIBERA
CONSULTORIA S/C LTDA. O depoente
não sabe dizer qual o valor dessas
consultorias pagas pela BANCOOP a
empresa DELLA LIBERA. O depoente
acabou executando a obra do
empreendimento MIRANTE DO
TATUAPÉ através do sistema ESTACÃO
que saiu muito mais caro e não foi
possível cobrir o rombo anterior da
BANCOOP aumentando o valor do
déficit da BANCOOP, isto tudo sem
conhecimento dos cooperados. O
depoente ainda como engenheiro civil
responsável contratado pela BANCOOP
recebeu a incumbência de executar
outro projeto de empreendimento da
BANCOOP, qual seja, o condomínio
localizado no Jardim Anália Franco,
além de outros que foram executados
pelo depoente. No ano de 2000, ao que
se recorda, o depoente conversou com
LUIZ EDUARDO SAEGER MALHEIRO na
sede da BANCOOP e comunicou sobre
a inviabilidade de seguir na execução
dos empreendimentos, isto porque os
terrenos entregues para a execução de
empreendimentos eram
absolutamente inviáveis e não
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
seguiam os padrões técnicos pelos
valores que deveriam ser
incorporados, sendo que em muitos
desses terrenos só com fundações
representavam mais de 40% (quarenta
por cento) do valor total do
investimento. Depois dessa conversa
com LUIZ EDUARDO MALHEIRO, no dia
seguinte o depoente foi procurado por
TOMÁS EDSON BOTELHO que mandou
o depoente ficar em seu lugar, pois,
quem conhecia de cooperativa era o
senhor TOMÁS e a direção da
BANCOOP, determinando ao depoente
que prosseguisse nas obras mesmo
com os prejuízos que eram de grande
monta a cada empreendimento, tendo
sido tudo suportado pelos cooperados
que não imaginavam o tamanho do
“rombo” financeiro da BANCOOP. As
obras causavam um prejuízo médio de
aproximadamente 20% (vinte por
cento) do valor inicial estimado, sendo
que os imóveis eram vendidos na
planta aos cooperados a um preço de
30% (trinta por cento) abaixo do valor
do mercado. Diante dessas contas,
segundo o depoente, o prejuízo da
BANCOOP em cada empreendimento
era de aproximadamente de 50%
(cinqüenta por cento) do valor total do
investimento. O depoente, inclusive,
foi questionado pelos representantes
da empresa DELLA LIBERA
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
CONSULTORIA S/C LTDA a respeito das
críticas referentes a escolha dos
terrenos pela aludida empresa, sendo
que o depoente, mais uma vez afirmou
que realmente os terrenos não eram
adequados e representavam sério
risco aos cooperados e também a
saúde financeira da própria BANCOOP
porque as construções passaram a ser
muito mais caras e inviabilizavam os
negócios imobiliários com os
cooperados. O depoente tem a
impressão que os dirigentes da
BANCOOP só estavam interessados em
vender unidades habitacionais aos
cooperados sem se importar com os
custos e tampouco com os prejuízos
sofridos. Diante desses problemas o
depoente exigiu de LUIZ EDUARDO
SAEGER MALHEIRO que fosse
contratado alguém que tivesse
conhecimento técnico para a escolha
dos terrenos para a edificação dos
empreendimentos, retirando das mãos
dos representantes da empresa DELLA
LIBERA CONSULTORIA S/C LTDA, pois,
estavam realizando o estudo técnico
para compra de terrenos pela
BANCOOP apenas baseados em valores
imobiliários como se fosse uma
consultoria imobiliária, o que é no
mínimo temerário para a viabilidade
de empreendimentos imobiliários.
Diante desses argumentos
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
apresentados pelo depoente LUIZ
EDUARDO SAEGER MALHEIRO
contratou a engenheira ANGELA M.
MARQUES CAMPOS, que trabalha até
hoje na BANCOOP como engenheira
chefe. A engenheira ANGELA passou
então a fazer os cálculos de
viabilidade técnica dos
empreendimentos da BANCOOP, dentre
os quais, o empreendimento ANÁLIA
FRANCO e foi verificado que os valores
foram recalculados e os imóveis como
eram mais caros e a BANCOOP não
conseguia vender os imóveis e diante
disso acabaram reduzindo os valores
dos imóveis e o prejuízo se tornava
cada vez maior. O depoente conheceu
HELIO MALHEIRO, irmão de LUIZ
EDUARDO SAEGER MALHEIRO, na
época em que o depoente estava no
empreendimento do PORTAL DO
JABAQUARA atendendo a pedidos do
presidente da cooperativa EDUARDO
MALHEIRO que pediu ao depoente para
que deixasse seu irmão HELIO para
acompanhar as obras vez que estava
desempregado desde que fechou um
negócio comercial que tinha na Praia
Grande. O depoente atendeu o pedido
de LUIZ MALHEIRO e passou a delegar
funções a HELIO MALHEIRO, em
especial na área administrativa do
empreendimento do JABAQUARA. Com
o término da construção do
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
empreendimento do JABAQUARA,
HELIO MALHEIRO passou a trabalhar
em outros empreendimentos como
auxiliar administrativo, checando
documentos, notas fiscais, etc. Na
época da campanha presidencial em
2002, LUIZ EDUARDO SAEGER
MALHEIRO convocou uma reunião com
todos os funcionários da BANCOOP,
empreiteiros e fornecedores para
anunciar o apoio da BANCOOP ao
candidato LULA e nessa oportunidade
entregou material publicitário da
campanha a todos os presentes.
Alguns dias depois dessa reunião, o
depoente foi chamado a sede da
BANCOOP pelo senhor TOMÁS EDSON
BOTELHO e LUIZ EDUARDO SAEGER
MALHEIRO e ambos comunicaram ao
depoente que deveria pedir dos
empreiteiros contribuições financeiras
para campanhas eleitorais do PT,
sendo que o depoente afirmou a
TOMÁS e LUIZ MALHEIRO que não
pretendia se envolver nesses pedidos
de doação para campanhas do PT a
Presidência da Republica. O depoente
disse que não realizaria qualquer ato
que pudesse comprometer a sua
reputação e negou-se inclusive a abrir
conta conta corrente em seu nome
para recebimento de tais doações. O
depoente ouviu LUIZ MALHEIRO e de
TOMÁS BOTELHO que se as doações
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
fossem feitas pelos empreiteiros, após
as eleições presidenciais e caso LULA
fosse escolhido a BANCOOP e os
empreiteiros seriam beneficiados com
mais empreendimentos e obras. Diante
da recusa do depoente o senhor LUIZ
EDUARDO MALHEIRO e o senhor
TOMÁS BOTELHO disseram ao
depoente que HELIO MALHEIRO seria o
responsável pela arrecadação do
dinheiro para a campanha política do
PT arrecadando valores dos
empreiteiros que prestavam serviços à
BANCOOP. HELIO MALHEIRO
estabeleceu por determinação dos
dirigentes da BANCOOP, que os
empreiteiros emitissem notas fiscais
frias em valores de até R$ 1.000,00
(Mil Reais) cada, visando uma
arrecadação mínima mensal de
aproximadamente de R$ 10.000,00
(Dez Mil Reais) até a campanha
eleitoral pelo menos dois meses antes
da eleição de 2002. O depoente se viu
obrigado a dar o aval nas notas fiscais
frias desses pequenos empreiteiros
sendo que os cheques então eram
emitidos pela BANCOOP e os
empreiteiros se dirigiam até a CAIXA
ECONOMICA FEDERAL e realizavam o
saque e repassavam os valores em
dinheiro para HELIO MALHEIRO, cujos
valores eram depositados na conta
corrente para fins de contribuição de
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
campanha eleitoral para o PT. O
depoente afirma que o empreiteiro
denominado IRMÃOS PERUZO era um
dos que mais faturava com a BANCOOP
e contribuía com os valores para a
campanha eleitoral de 2002 dentro do
esquema estabelecido por LUIZ
MALHEIRO e TOMÁS BOTELHO tendo
como arrecadador do esquema o
senhor HELIO MALHEIRO. Certo dia,
HELIO MALHEIRO cobrou uma
contribuição maior da empreiteira
IRMÃOS PERUZO para a campanha
eleitoral a Presidência da República
em 2002 e diante da recusa desse
empreiteiro, o depoente recebeu a
ordem da direção da BANCOOP a não
mais contratar a empreiteira IRMÃOS
PERUZO. Ao depoente foi exibido o
depoimento do senhor VALTER AMARO
DA SILVA e o depoente confirma que
realmente disse ao senhor VALTER
AMARO DA SILVA que as notas fiscais
frias por ele emitidas eram destinadas
para o esquema idealizado pelos
dirigentes da BANCOOP para
patrocinar campanhas políticas do PT.
O depoente em razão da sua atividade
como engenheiro civil responsável
pelas obras da BANCOOP já foi
investigado e até mesmo preso por
policiais militares em razão de
ilegalidades da construção dos
empreendimentos. O depoente se
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
recorda que em razão do
empreendimento LAS PALMAS
localizado na zona norte, policiais
militares apuravam a prática de crime
ambiental no empreendimento e
exigiram do depoente a quantia de R$
3000,00 (Três Mil Reais), sendo que o
depoente diante dessa exigência e de
outras exigências feitas por policiais
comunicou os fatos ao departamento
jurídico da BANCOOP, quando então o
depoente foi orientado pela advogada
LETÍCIA ACHUR ANTONIO que o
depoente deveria buscar notas fiscais
frias de empreiteiros para efetuar o
pagamento de propina aos policiais
militares. Um dos empreiteiros emitiu
uma nota fiscal fria para tal fim, cujos
detalhes serão fornecidos em
depoimento próprio. A BANCOOP,
através de MARCELO RINALDO, sabia
quais os prestadores de serviço que
ganhavam mais dinheiro, que tinham
mais lucro nas obras da BANCOOP.
Diante disso, os dirigentes da
BANCOOP passaram a tentar quebrar
as empresas pertencentes aos
empreiteiros, dentre os quais a
empreiteira IRMÃOS PERUZO e
cooptavam os melhores empregados
dessas empreiteiras, sendo que a
engenheira ANGELA cortou
abruptamente os contratos com essas
empreiteiras, foi então quando surgiu
1
1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
a GERMANY, a MIRANTE e outros
prestadores de serviços que tinham
como sócios dirigentes da BANCOOP. O
depoente para ilustrar o que
aconteceu na BANCOOP relata que as
obras da cooperativa recebiam blocos
de concreto da empresa GLASSER
sendo que os valores eram elevados e
diante disso o depoente passou a
elaborar os blocos na própria obra
visando diminuir os custos, todavia,
com esse trabalho de elaborar blocos
na própria obra os dirigentes da
BANCOOP viram a oportunidade de
ganhar muito dinheiro com esse
negócio e então os dirigentes da
BANCOOP transformaram a MIZU
EMPREENDIMENTOS em MIRANTE
BLOCOS DE CONCRETO que passaram
a fornecer os blocos de concreto
superfaturados e de péssima
qualidade aos empreendimentos da
BANCOOP. O depoente chegou a ser
convidado para trabalhar na MIRANTE,
porém recusou o convite. A partir de
2002, o depoente soube da criação da
GERMANY e da MIRANTE para
obtenção de lucro com as atividades
que antigamente estavam com as
empreiteiras e que tiveram seus
contratos rompidos abruptamente e
parte desses funcionários foram
contratados pela GERMANY e pela
MIRANTE. O depoente em razão de não
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
concordar com o esquema criminoso
montado dentro da BANCOOP foi
retirado do cargo de confiança como
engenheiro civil responsável pelas
obras, sendo que o depoente pode
afirmar que apesar de continuar
figurando nas obras como engenheiro
civil, nesse período apenas realizava a
fiscalização de algumas obras. O
depoente afirma que os valores
cobrados pela GERMANY em relação ao
mesmo serviço prestado pelos
empreiteiros era superfaturado
chegando 20% em relação a esses
empreiteiros. O depoente informa que
o valor maior que era retirado dos
empreendimentos era para efetuar o
pagamento a MIZU PARTICIPAÇÕES que
não tinha qualquer espécie de
prestação de serviço à BANCOOP e foi
criada para que o valor percentual de
10% sobre o valor total da obra fosse
repassado à MIZU à título de
consultoria de construção civil. O
depoente certa vez que foi à sede da
BANCOOP e viu uma nota fiscal da
MIZU no valor de R$ 500.000,00
(Quinhentos Mil Reais) emitida em
razão de consultoria de construção
civil à BANCOOP, o que o depoente
estranhou porque tal valor estava
sendo pago enquanto os empreiteiros
recebiam muito menos, isto quando
tais empreiteiros recebiam da
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
BANCOOP. O depoente ouviu LUIZ
EDUARDO SAEGER MALHEIRO,
Presidente da BANCOOP, afirmar que o
chefe da cooperativa trabalhava em
Brasília e era RICARDO BERZOINI. O
depoente afirma que conhece o atual
presidente da BANCOOP JOÃO VACCARI
NETO que sempre estava com LUIZ
EDUARDO SAEGER MALHEIRO e outros
diretores da BANCOOP. “

O depoimento de RICARDO LUIZ DO


CARMO foi extremamente contundente e evidenciou que a
BANCOOP nada mais é do que uma cooperativa de fachada
que causou inúmeros prejuízos aos cooperados
transformando-se em verdadeira organização criminosa,
sendo que os recursos captados de milhares de vítimas
foram desviados para campanhas eleitorais e também para
enriquecimento ilícito de diversos diretores que se
apoderaram de aludida cooperativa.

Foi encaminhado ao Doutor MARIO LUIS


BONSAGLIA, PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL, conforme
ofício n.º 52/08 cópias dos depoimentos e documentos que
comprovam a materialidade delitiva de crimes eleitorais
com a demonstração, em tese, de desvios de recursos da
BANCOOP para financiar ilegalmente campanhas políticas
do PARTIDO DOS TRABALHADORES.

E mais, nos dias 25, 26 e 27 de março


p.p., o Promotor de Justiça subscritor recebeu documentos
da REDE BANDEIRANTES DE TELEVISÃO que apontam para
uma série de fatos graves a seguir explicitados:
1
1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
a) Apresentado uma cópia de um
instrumento particular de
substituição de dação em
pagamento por pagamento em
dinheiro e quitação de crédito
hipotecário tendo como credor
hipotecário o senhor PEDRO
FUCHTER e esposa, como devedora a
COOPERATIVA HABITACIONAL DOS
BANCÁRIOS DE SÃO PAULO,
representada por LUIZ EDUARDO
SAEGER MALHEIRO e RICARDO JOSÉ
RIBEIRO BERZOINI e como
cessionário de crédito hipotecário o
senhor NELSON FUCHTER, tendo
como objeto várias unidades
imobiliárias da cooperativa.

b) O referido instrumento particular


estabelecia o pagamento de
parcelas a serem quitadas pela
BANCOOP e entregues ao
cessionário NELSON FUCHTER,
sendo que a primeira parcela com
vencimento no valor de R$
195.000,00 tinha como vencimento o
dia 15 de outubro de 2002.

c) Os cheques para o pagamento de


referida parcela foram entregues ao
cessionário e nominais a sua
empresa LEMON COMÉRCIO DE
VEÍCULOS LTDA, sendo tal quantia
paga com um cheque da BANCOOP
SECCIONAL FGQ no valor de R$
50.000,00, um cheque da
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
COOPERATIVA DOS BANCÁRIOS no
valor de R$ 60.000,00, um cheque
no valor de R$ 25.000,00 da
empresa GERMANY COMERCIAL E
EMPREENDIMENTOS DE OBRAS LTDA
(empresa de titularidade de
diretores da BANCOOP e
fornecedora exclusiva da aludida
cooperativa) e um cheque no valor
de R$ 60.000,00 da empresa MIZU
GERENCIAMENTO E SERVIÇOS S/C
LTDA (empresa de titularidade de
diretores da BANCOOP e
fornecedora exclusiva da aludida
cooperativa).

d) O cheque n.º 000074 da conta


corrente 006622-2, agência 3459 do
Banco Bradesco S/A de titularidade
da MIZU GERENCIAMENTO E
SERVIÇOS S/C LTDA foi emitido entre
outros cheques de numeração
seqüencial, conforme controle
bancário da aludida empresa onde
constam diversos cheques de
números 068, 069, 070, 071, 073 e
075 com valores respectivos de R$
20.000,00, R$ 3.700,00, R$ 8.300,00,
R$ 1.200,00, R$ 2.450,00 e R$
7.550,00 constando no histórico
“DOAÇÃO PT” entre os dias 09 de
outubro de 2002 a 17 de outubro de
2002, sendo certo que não constam
registros no TSE sobre tais doações
em nome da MIZU
EMPREENDIMENTOS e tampouco de
seus sócios.
1
1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
e) A empresa MIZU tinha como sede
uma residência na Comarca de POÁ,
na Rua Hermógenes La Regina, 149 -
Centro, onde não há qualquer
atividade comercial, sendo que a
REDE BANDEIRANTES DE TELEVISÃO
entrevistou a moradora que
confirmou que nunca funcionou
empresa alguma naquele endereço.
A MIZU é antecessora da empresa
MIRANTE BLOCOS DE CONCRETO que
teve sua quebra de sigilo
determinada pelo Juiz de Direito do
DIPO .

f) Relatórios internos da BANCOOP


demonstram que a cessão de crédito
hipotecário tendo como cessionário
NELSON FUCHTER teve sua quitação
através de pagamentos efetuados
pela BANCOOP e pelas empresas de
titularidade de diretores da
BANCOOP (Construtora Germany e
Mizu participações).

O Promotor de Justiça subscritor


visando ainda complementar as investigações do inquérito
em epígrafe notificou o senhor HELIO MALHEIRO, irmão do
ex-presidente da BANCOOP – Cooperativa Habitacional dos
Bancários do Estado de São Paulo, que foi mencionado nos
depoimentos prestados por VALTER AMARO DA SILVA e
RICARDO LUIZ DO CARMO a respeito dos superfaturamentos
de prestadores de serviços, bem como desvios de recursos
dos cooperados para financiar campanhas políticas de
candidatos do PARTIDO DOS TRABALHADORES – PT, para
esclarecer como funcionava a organização criminosa
estabelecida na BANCOOP.
1
1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL

Com efeito, o senhor HELIO MALHEIRO


compareceu na Promotoria de Justiça Criminal no dia 29 de
maio de 2008 e esclareceu que:

“é irmão do falecido presidente da


BANCOOP, o senhor LUÍS EDUARDO
SAEGER MALHEIRO, sendo que foi
contratado pela BANCOOP a partir de
agosto de 1999, porém, seu contrato
de trabalho não era relacionado
diretamente com a COOPERATIVA, mas
era contratado por outra empresa,
qual seja, a SANED SANEAMENTO
EDIFICAÇÕES E COMÉRCIO LTDA que
realizava uma obra no bairro do
Jabaquara, desligando-se de referida
empresa no mês agosto de 2000. O
declarante foi então contratado pela
empresa IRMÃOS PERUZO
EMPREITEIRA E COMÉRCIO DE
MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO LTDA
no mês de setembro de 2000 até o
mês de março de 2002. Em seguida, o
declarante foi contratado pela
empresa GERMANY COMERCILA E
EMPREITEIRA DE OBRAS EPPP LTDA no
mês de junho de 2000 até o mês de
setembro de 2003. O declarante
informa que apesar de ter sido
contratado pelas empresas SANED,
IRMÃOS PERUZO e GERMANY, seus
salários eram pagos pela BANCOOP
através das medições de obras onde
1
1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
era constatado o serviço prestado pelo
declarante e por outras pessoas que
também eram contratados por
empresas que prestavam serviços a
BANCOOP e os valores eram pagos de
acordo com a prestação de serviço nas
obras da BANCOOP. O declarante
informa que apesar do vínculo
empregatício com as empreiteiras que
prestavam serviços à BANCOOP, era a
própria BANCOOP que realizava o
pagamento dos encargos sociais,
salários e até mesmo férias e 13º
salário. O declarante informa que em
cada obra da BANCOOP existiam três
pessoas contratadas por empreiteiras
cujos salários e demais encargos eram
de responsabilidade da própria
BANCOOP. O declarante informa que
esse esquema de contratação de
empregados através de empreiteiras,
mas que na verdade eram empregados
da BANCOOP, funcionou de 1999 até
2003, sendo que a partir de outubro de
2003 os referidos empregados,
inclusive o declarante, contratados
pelas subempreiteiras para trabalhar
nas obras da BANCOOP foram
obrigados pela direção da referida
cooperativa em constituir empresas
individuais, para a emissão de notas
fiscais de prestação de serviços e
também não produzir encargos como
férias, décimo terceiro salário fundo
1
1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
de garantia por tempo de serviço e
outros encargos previdenciários,
apesar da ideologia do Sindicato dos
Bancários de São Paulo e do Partido
dos Trabalhadores que sempre
defenderam os direitos dos
trabalhadores. O declarante e outras
pessoas que estavam contratadas
pelas subempreiteiras foram obrigadas
a constituir empresas individuais para
burlar as leis trabalhistas por
determinação expressa dos dirigentes
da BANCOOP, quais sejam, os senhores
MARCELO RINALDO, ALESSANDRO
BERNADINO, TOMAS EDSON FRAGA e
LUIS SAEGER MALHEIROS. O declarante
informa que esse esquema
fraudulento de contratações era de
conhecimento de outros dirigentes da
BANCOOP, dentre os quais o senhor
JOÃO VACCARI NETO que a época
exercia cargo no conselho fiscal da
BANCOOP, departamento responsável
pela fiscalização dos recursos para
pagamentos desses empregados
contratados por terceiros para a
BANCOOP. O declarante trabalhou na
BANCOOP, através dessas contratações
irregulares de subempreiteiras e
depois através de empresa individual
como verdadeiro empregado da
BANCOOP até março de 2005, como
técnico em edificações nos
empreendimentos da cooperativa
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
MIRANTE DO TATUAPÉ, TORRES DA
MÓOCA, ILHAS DE ITÁLIA e ANÁLIA
FRANCO. O declarante informa que o
esquema da BANCOOP para a
edificação de um empreendimento no
período em que trabalhou (1999 até
2005) funcionava da seguinte forma:

1. A BANCOOP através do diretor TOMÁS


EDSON FRAGA fazia a escolha do
terreno do empreendimento a ser
erguido pela BANCOOP, sendo que a
corretagem de compra e venda e
assessoria técnica era prestada pela
empresa DELLA LIBERA, cujos valores
percentuais de corretagem recebido
em cada empreendimento o declarante
não sabe informar. O declarante
sempre ouviu de TOMÁS EDSON FRAGA
que as escolhas de terreno sempre
deveriam ocorrer através da empresa
DELLA LIBERA, eleita pelos diretores
da BANCOOP para tal serviço.
2. Após a compra do terreno, a
BANCOOP passava a anunciar o
empreendimento dentro do Sindicato
dos Bancários e também através de
informes publicitários como se fosse
uma empreiteira qualquer, inclusive,
colocando nos locais onde seriam
construídas as unidades habitacionais,
stands de venda, corretores de
imóveis, apresentação de maquetes,
apartamentos modelo, etc. O
declarante informa que as pessoas só
poderiam adquirir unidade
habitacional da BANCOOP após a
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
filiação como cooperados, caso
contrário, não seria viabilizada a
venda do imóvel. O declarante não
acompanhava as negociações
imobiliárias, mas acredita que muitas
pessoas ingressavam na cooperativa,
assinavam os contratos de compra e
venda de unidades habitacionais,
porém, não eram alertados sobre os
riscos decorrentes desse tipo de
empreendimento e tampouco de
eventuais ajustes de valores não
previstos em contrato.
3. O início das obras de cada
empreendimento seguia um
cronograma estabelecido pelo
departamento de engenharia da
BANCOOP que estava sob a
responsabilidade do engenheiro
RICARDO LUIZ DO CARMO de 1997 até
2003 e depois desse período o
departamento de engenharia estava
sob a responsabilidade da engenheira
ANGELA.
4. A BANCOOP em cada empreendimento
imobiliário contratava subempreiteiras
para a realização de serviços de
construção, terraplanagem,
eletricidade, hidráulica, pintura,
fundações, etc. O declarante esclarece
que as subempreiteiras que prestavam
serviços nas obras na parte elétrica e
hidráulica também recebiam pelos
materiais utilizados nas obras além
dos valores referentes a prestação de
serviços.
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
O declarante acompanhava o
andamento das obras como técnico em
edificações e no transcorrer da
empreitada era responsável pelo
recebimento de matéria prima,
verificação de andamento da obra,
elaboração de planilhas de medição e
outras atividades administrativas e
operacionais viabilizando as
construções de referidas unidades
habitacionais. O declarante se
reportava ao departamento de
engenharia da BANCOOP, ou seja, ao
responsável técnico das aludidas obras
que era o senhor RICARDO LUIZ DO
CARMO. O irmão do declarante LUIZ
EDUARDO SAEGER MALHEIRO era o
presidente da BANCOOP da fundação
da referida cooperativa até o dia 12 de
novembro de 2004 quando veio a
falecer em um acidente de trânsito
ocorrido nas proximidades de
PETROLINA, sendo que nessa
oportunidade também faleceram nesse
acidente os senhores ALESSANDRO
BERNARDINO (gerente financeiro da
BANCOOP) e MARCELO RINALDO
(gerente administrativo da BANCOOP).
O declarante sempre manteve um
contato muito próximo de seu irmão
LUIS EDUARDO SAEGER MALHEIRO que
lhe confidenciava muitas coisas a
respeito da BANCOOP e os problemas
que enfrentava na condução de
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
aludida cooperativa habitacional. O
declarante sempre se reunia com LUIS
EDUARDO SAEGER MALHEIRO, em
geral no ambiente familiar. O
declarante participava de reuniões
realizadas na BANCOOP presididas por
LUIS EDUARDO SAEGER MALHEIRO e
acompanhadas pelos diretores e
funcionários da BANCOOP para tratar
de assuntos referentes ao andamento
das obras dos empreendimentos. O
declarante informa que as
empreiteiras que realizavam as obras
da BANCOOP eram empresas
particulares que não tinham qualquer
relação com a direção da cooperativa,
dentre as quais a CONSTRUTORA
ELAGE que executava obras em
Pirituba, Parque do Carmo e
Guarulhos. O depoente afirma que
nessa época não existia a empresa
GERMANY. O valor da obra do PORTAL
DO JABAQUARA passou a ser superior
ao que tinha sido estimado pela
BANCOOP, sendo que os valores
inicialmente calculados sofreram
alteração cujo prejuízo deve ter sido
arcado pelos cooperados. As
irregularidades do empreendimento do
PORTAL DO JABAQUARA foram
constatadas em 1999. O declarante
informa que nessa época o senhor
JOÃO VACCARI NETO dirigia a BANGRAF
– Gráfica do Sindicato dos Bancários e
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DA CAPITAL
soube através de seu irmão LUIS
EDUARDO SAEGER MALHEIRO que
estava sendo pressionado por JOÃO
VACCARI NETO a emprestar dinheiro da
BANCOOP para a BANGRAF, sendo
certo que LUIS EDUARDO SAEGER
MALHEIRO acabou cedendo às
pressões e emprestou dinheiro da
BANCOOP para a BANGRAF, valores
estes que estavam de alguma forma
comprometidos com o
empreendimento do PORTAL DO
JABAQUARA. O declarante soube
depois através de seu irmão LUIS
EDUARDO SAEGER MALHEIRO que o
dinheiro emprestado para BANGRAF
foi restituído a BANCOOP, não sabendo
dizer o declarante se a BANCOOP
arcou com alguma espécie de prejuízo
financeiro em decorrência dessa
operação com o dinheiro da
cooperativa. O declarante confirma
que o empreendimento MIRANTE DO
TATUAPÉ teve um custo operacional
elevadíssimo em razão da escolha
equivocada do terreno que resultou
em utilização de técnicas caríssimas
para a fundação do terreno e que
resultou em prejuízo na construção da
obra, pois, o terreno apresentava
sérios problemas de fundação. O
declarante apresenta neste ato uma
cópia do resumo de orçamento da obra
e a planilha de execução do
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DA CAPITAL
empreendimento MIRANTE DO
TATUAPÉ para apreciação. O
declarante também apresenta uma
cópia do orçamento e planilha de
execução do empreendimento TORRES
DA MÓOCA para apreciação. O
declarante informa que recebia da
diretoria da BANCOOP relatórios de
disponibilidade financeira dos
empreendimentos que estavam em
andamento e os valores eram
destinados aos pagamentos de
fornecedores e de subempreiteiros das
obras, conforme cópia de ofício datado
de 04 de julho de 2003 da BANCOOP
sobre o empreendimento TORRES DA
MÓOCA.O declarante conheceu o
engenheiro RICARDO LUIZ DO CARMO
quando começou a trabalhar na
BANCOOP em 1999 e manteve contato
profissional com referido engenheiro
até o ano de 2005. O declarante
confirma que começou a trabalhar
como auxiliar administrativo e estava
na época subordinado ao engenheiro
RICARDO LUIZ DO CARMO. O
declarante confirma que depois da
entrega da obra PORTAL DO
JABAQUARA passou a trabalhar em
outros empreendimentos como auxiliar
administrativo, checando documentos,
notas fiscais, etc. O declarante,
contudo, a partir de 2003 passou a
trabalhar com técnico em edificações
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
na BANCOOP. O declarante confirma
que na época da campanha
presidencial em 2002, LUIZ EDUARDO
SAEGER MALHEIRO convocou uma
reunião com todos os funcionários da
BANCOOP, empreiteiros e fornecedores
para anunciar o apoio da BANCOOP ao
candidato LULA e nessa oportunidade
entregou material publicitário da
campanha a todos os presentes. O
declarante ouviu seu irmão LUIZ
MALHEIRO e de TOMÁS BOTELHO
afirmar que após as eleições
presidenciais e caso LULA fosse
escolhido, a BANCOOP e os
empreiteiros seriam beneficiados com
mais empreendimentos e obras, até
porque seu irmão LUIZ EDUARDO
MALHEIRO confidenciou ao declarante
que JOÃO VACCARI NETO seria
nomeado Presidente da Caixa
Econômica Federal e muitos dos
problemas financeiros da BANCOOP
estariam solucionados, com a
liberação de empréstimos para dar
continuidade nas obras da BANCOOP. O
declarante informa que seu irmão LUIS
EDUARDO SAEGER MALHEIRO
confidenciou ao declarante que na
condição de Presidente da BANCOOP
tinha que ceder as pressões políticas e
muitas vezes se via obrigado a
entregar valores de grande monta
para as campanhas eleitorais do
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DA CAPITAL
PARTIDO DOS TRABALHADORES – PT -
desviando os recursos que eram
destinados as construções das
unidades habitacionais da BANCOOP, o
que acabou gerando enormes prejuízos
financeiros a BANCOOP e tal esquema
de doações ilegais para campanhas
eleitorais, segundo soube o declarante
de seu irmão LUIS EDUARDO SAEGER
MALHEIRO teve início em 1998 com
valores destinados a campanha
eleitoral para Deputado Federal do
senhor RICARDO BERZOINI que a época
era diretor da BANCOOP. Nessa época,
ou seja, no ano de 1998 o declarante
não trabalhava na BANCOOP e acabou
ajudando seu irmão LUIS EDUARDO
SAEGER MALHEIRO a organizar na
Cidade de Praia Grande um evento no
Clube de Praia São Paulo para que o
então candidato a Deputado Federal
RICARDO BERZOINI pudesse realizar
um comício naquela Cidade em um
evento fechado. O declarante recebeu
uma quantia de R$ 5.000,00 (Cinco Mil
Reais) em dinheiro das mãos do seu
irmão LUIS EDUARDO SAEGER
MALHEIRO, importância esta que o
declarante presume que tenha sido
desviada dos cofres da BANCOOP. O
declarante inclusive convidou várias
pessoas para participar do referido
evento visando a eleição de RICARDO
BERZOINI. O declarante informa que
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seu irmão LUIS EDUARDO SAEGER
MALHEIRO na condição de Presidente
da BANCOOP era muito pressionado
pelos dirigentes do Sindicato dos
Bancários, na época que JOÃO VACCARI
NETO era Presidente do Sindicato dos
Bancários a desviar valores da
cooperativa para campanhas eleitorais
de candidatos a cargos eletivos do
PARTIDO DOS TRABALHADORES – PT.
Nos anos de 2001 e de 2002 o
declarante informa que em pelo menos
três ou quatro oportunidades
subempreiteiros depositaram valores
em dinheiro em contas correntes de
titularidade do declarante, cujos
valores chegavam até R$ 5.000,00
(cinco Mil Reais), sendo que tais
depósitos eram determinados por
RICARDO LUIS DO CARMO, engenheiro
responsável pelo Departamento de
Engenharia da BANCOOP que, por seu
turno, atendia a ordens expressas do
Presidente da BANCOOP LUIS
EDUARDO SAEGER MALHEIRO. O
declarante nessas três ou quatro
oportunidades foi comunicado pelo
engenheiro RICARDO LUIS DO CARMO
que os valores em dinheiro estavam
sendo depositados em suas contas
correntes e assim que os depósitos
fossem confirmados na conta corrente
do declarante, o mesmo deveria sacar
tais quantias e entregá-las a LUIS
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
EDUARDO SAEGER MALHEIRO para a
destinação desses valores para
campanhas políticas do PARTIDO DOS
TRABALHADORES – PT. O declarante
não tinha autorizado a utilização de
suas contas correntes para a
realização de depósitos para fins
ilegais ou criminosos, sendo certo que
os subempreiteiros repassavam os
valores de notas fiscais
superfaturadas recebidas da BANCOOP
para que a cooperativa pudesse
utilizar tais valores para campanhas
políticas do PARTIDO DOS
TRABALHADORES – PT, sendo que
essas notas fiscais emitidas pelos
subempreiteiros eram recebidas pelo
engenheiro RICARDO LUIZ DO CARMO.
O declarante quando soube
diretamente de seu irmão LUIS
EDAURDO SAEGER MALHEIRO que
aqueles valores depositados pelos
subempreiteiros em suas contas
correntes originários de desvios de
recursos da BANCOOP eram destinados
a financiamento de campanha eleitoral
do PARTIDO DOS TRABALHADORES –PT
– sendo destinados tais valores a
campanha do candidato a Presidência
da República – LUIS IGNACIO LULA DA
SILVA, o declarante advertiu e
comunicou LUIS EDUARDO SAEGER
MALHEIRO que “não seria laranja de
ninguém!”(sic). LUIS EDUARDO
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
SAEGER MALHEIRO atendeu o pedido
do declarante e não mais utilizou suas
contas correntes para depositar
valores desviados da BANCOOP,
através do superfaturamento de notas
fiscais de subempreiteiros. Ao
declarante foi exibido o depoimento do
senhor VALTER AMARO DA SILVA e o
declarante confirma que realmente o
senhor VALTER AMARO DA SILVA
efetuou depósito em sua conta
corrente para patrocinar para
patrocinar campanhas políticas do PT.
O declarante em conversas constantes
com seu irmão LUIS EDUARDO SAEGER
MALHEIRO foi informado que a
situação financeira da BANCOOP
estava cada vez mais comprometida,
isto porque, a cada campanha eleitoral
de pessoas ligadas ao PARTIDO DOS
TRABALHADORES – PT , valores de
grande monta eram desviados o que
ocasionava rombos financeiros que
levavam a paralisação de obras e ao
prejuízo de milhares de cooperados da
BANCOOP. LUIS EDUARDO SAEGER
MALHEIRO disse em várias
oportunidades ao declarante que sua
esperança em recuperar
financeiramente a BANCOOP estava na
possibilidade do PARTIDO DOS
TRABALHADORES – PT – assumir o
comando Nacional através da
Presidência da República – e “acertar”
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as finanças da BANCOOP através da
devolução desses recursos desviados
através de superfaturamento de obras
da BANCOOP. Ocorre que apesar das
promessas feitas ao seu irmão LUIS
EDUARDO SAEGER MALHEIRO o
dinheiro desviado da BANCOOP para
fomentar o caixa dois das campanhas
eleitorais do PARTIDO DOS
TRABALHADORES – PT – nunca foi
devolvido conforme prometiam ao
presidente da BANCOOP – LUIS
EDUARDO SAEGER MALHEIRO, irmão
do declarante. A situação financeira da
BANCOOP começou ruir de tal forma
que LUIS EDUARDO SAEGER MALHEIRO,
procurou o então ministro RICARDO
BERZOINI para obter recursos
financeiros para sanear as contas da
BANCOOP, sendo que nessa
oportunidade, no curso do ano 2004,
foi obtido um empréstimo junto ao
FDIC no valor superior a R$
43.000.000,00 (Quarenta e Três
Milhões de Reais) sendo que parte
desse dinheiro, segundo o declarante
soube diretamente de seu irmão LUIS
EDUARDO SAEGER MALHEIRO serviria
para dar continuidade nas obras da
BANCOOP. O declarante não sabe
informar se o dinheiro obtido no
aporte do FDIC foi utilizado para
campanhas políticas. LUIS EDUARDO
SAEGER MALHEIRO confidenciou ao
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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL
DA CAPITAL
declarante que a BANCOOP “era como
uma bicicleta que não podia parar de
pedalar” (sic), isto porque os
empreendimentos eram lançados e os
valores recebidos dos cooperados já
estavam comprometidos com outras
dívidas assumidas pela BANCOOP ou
ainda em razão dos valores de grande
monta desviados para campanhas
eleitorais do PARTIDO DOS
TRABALHADORES – PT. A preocupação
de LUIS EDUARDO SAEGER MALHEIRO
no ano de 2003 era de recuperar o
rombo financeiro da BANCOOP e
apesar das promessas não cumpridas
dos dirigentes do PARTIDO DOS
TRABALHADORES – PT – resolveu se
candidatar para a Prefeitura de Praia
Grande integrando a chapa como vice-
prefeito pela legenda do PARTIDO DOS
TRABALHADORES – PT, tendo como
candidato a Prefeito o doutor HELDER
ALBUQUERQUE. O declarante informa
que seu irmão não conseguiu se eleger
na chapa que concorria a eleição
municipal de PRAIA GRANDE/SP. O
declarante soube de LUIS EDUARDO
SAEGER MALHEIRO que a esperança do
então Presidente da BANCOOP era
utilizar a máquina administrativa do
Município de Praia Grande para sanear
as contas da BANCOOP, não sabendo
dizer quais seriam os métodos para a
obtenção de recursos municipais para
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DA CAPITAL
salvar a BANCOOP. O declarante
informa que as obras da cooperativa
recebiam blocos de concreto da
empresa GLASSER sendo que os
valores eram elevados e diante disso o
depoente passou a elaborar os blocos
na própria obra visando diminuir os
custos, todavia, com esse trabalho de
elaborar blocos na própria obra os
dirigentes da BANCOOP viram a
oportunidade de ganhar muito
dinheiro com esse negócio e então os
dirigentes da BANCOOP transformaram
a MIZU EMPREENDIMENTOS em
MIRANTE BLOCOS DE CONCRETO que
passaram a fornecer os blocos de
concreto de péssima qualidade aos
empreendimentos da BANCOOP. O
declarante confirma que seu irmão
LUIS EDUARDO SAEGER MALHEIRO,
MARCELO RINALDO e ALESSANDRO
BERNADINO, dirigentes da BANCOOP,
eram ao mesmo tempo sócios
proprietários da empresa GERMANY,
responsável pela edificação dos
empreendimentos da BANCOOP. A
empresa MIRANTE pertencia a LUIS
EDUARDO SAEGER MALHEIRO,
MARCELO RINALDO, ALESSANDRO
BERNADINO e TOMÁS EDSON FRAGA,
dirigentes da BANCOOP. O declarante
quer deixar claro que o atual
presidente da BANCOOP - JOÃO
VACCARI NETO não só sabia dos
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esquemas criminosos montados na
BANCOOP como também fazia parte
juntamente com LUIS EDUARDO
SAEGER MALHEIRO, MARCELO
RINALDO, ALESSANDRO BERNADINO e
TOMÁS EDSON FRAGA, isto porque
JOÃO VACCARI NETO era diretor
administrativo-financeiro da BANCOOP
em 2002, época em que os esquemas
de desvio de valores da cooperativa
estava em pleno funcionamento, sendo
certo que o atual Presidente da
BANCOOP cuidava da parte financeira
e autorizava os desvios realizados
para patrocínio de campanhas políticas
do PARTIDO DOS TRABALHADORES – PT
além de outros desvios com efetivo
prejuízo a todos os cooperados. O
declarante apresenta neste ato um
exemplar do BANCOOP NEWS de
24/11/2004 que noticia a morte de
LUIS EDUARDO SAEGER MALHEIRO e
dos demais diretores no acidente de
trânsito em PETROLINA e anunciando
também que o diretor Administrativo-
Financeiro à época JOÃO VACCARI
NETO assumia a Presidência da
BANCOOP. O declarante ouviu diversas
vezes de seu irmão LUIZ EDUARDO
SAEGER MALHEIRO, Presidente da
BANCOOP, afirmar que RICARDO
BERZOINI era seu chefe. O
DECLARANTE AUTORIZA O MINISTÉRIO
PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO A
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DA CAPITAL
OBTER QUALQUER DADO BANCÁRIO OU
FISCAL DE SUAS CONTAS CORRENTES E
MOVIMENTAÇÕES FINANCEIRAS DE
1999 ATÉ A PRESENTE DATA,
FORNECENDO NESTE ATO O NÚMERO
DE SEU C.P.F. n.º 064.269.828-73 E
COLOCANDO-SE A DISPOSIÇÃO PARA
QUAISQUER ESCLARECIMENTOS. O
DECLARANTE VEM SENDO AMEAÇADO
DE MORTE POR TELEFONE E TEME POR
SUA VIDA E DE SUA MÃE, SOLICITANDO
NESTE ATO QUE O MINISTÉRIO
PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROVIDENCIE A PROTEÇÃO
NECESSÁRIA A FIM DE RESGUARDAR A
SUA INTEGRIDADE FÍSICA E DE SUA
MÃE A SENHORA ANTONIETTA SAEGER
MALHEIRO “.

O Promotor de Justiça subscritor diante


do que foi afirmado pelo senhor HELIO MALHEIRO
encaminhou cópias de suas declarações ao DOUTOR MÁRIO
LUIS BONSAGLIA – PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL para
as providências cabíveis através do ofício n.º 58/08 do dia
04 de junho de 2008.

E mais, diante do risco de morte do


senhor HELIO MALHEIRO, o Promotor de Justiça subscritor
solicitou ao Secretário Estadual de Justiça, através do
Procurador Geral de Justiça, a inclusão da aludida
testemunha no PROVITA – PROGRAMA ESTADUAL DE
PROTEÇÃO A VÍTIMAS E TESTEMUNHAS, sendo tal
requerimento encaminhado no dia 04 de junho de 2008.

O senhor HELIO MALHEIRO e sua


genitora foram incluídos no PROVITA – PROGRAMA DE
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PROTEÇÃO A VÍTIMAS E TESTEMUNHAS na presente data,
ou seja, no dia 24 de junho de 2008.

É importante frisar que as investigações


dependem apenas de informações bancárias e fiscais para
estabelecer o TOTAL DESVIADO da BANCOOP e
individualizar as condutas de dirigentes e ex-dirigentes da
BANCOOP a partir do ano de 2000.

Esse é o relatório.

Aproveito o ensejo para apresentar os


protestos de elevada estima e distinta consideração,
colocando-se o Promotor de Justiça subscritor a disposição
para quaisquer esclarecimentos a respeito dos fatos
noticiados.

JOSÉ CARLOS GUILLEM BLAT

13º Promotor de Justiça Criminal da


Capital
AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR

DOUTOR JOSÉ ADÉRCIO LEITE SAMPAIO

DD. PROCURADOR REGIONAL DA REPÚBLICA

SECRETÁRIO- GERAL DO CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO


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