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APAC - Origem e Expansão do Método

Após descrevermos um pouco da realidade do atual Sistema Penitenciário, o


qual se mostra totalmente ineficiente e falido, trazendo-nos insegurança e
incertezas de um futuro harmônico, traremos à luz algo de inteiramente novo,
inusitado e revolucionário, em se tratando de humanização da pena e efetiva
recuperação do preso: o Método APAC.
Em 1972, um grupo de quinze pessoas lideradas pelo advogado Dr. Mário
Ottoboni, preocupados com o grave problema das prisões na cidade de São José
dos Campos (SP), passou a pesquisar a situação em nível nacional. Freqüentava
o presídio de Humaitá para evangelizar e dar apoio moral aos presos. Em 1974,
o juiz da Vara de Execuções Criminais da comarca, Dr. Sílvio Marques Neto,
considerando a necessidade de ofertar novas vagas para o crescente número de
detentos, tomou a decisão ousada de transferir a gerência do presídio de
Humaitá para aquela equipe, a qual instituiu a APAC – Associação de Proteção e
Assistência aos Condenados, entidade jurídica, sem fins lucrativos, com o
objetivo de recuperar o preso através de um método de valorização humana,
protegendo a sociedade e promovendo a justiça. A APAC aceitou a tarefa de
reformar a prisão de Humaitá e dirigi-la, com o apoio da comunidade, sem
praticamente nenhum ônus para o Estado (incumbido apenas da alimentação e
do pagamento da luz e da água), dispensando a figura do policial e do
carcereiro.
Responsáveis pela segurança e demais funções no presídio, os voluntários se
orientavam por uma escala de emenda, dividida em três estágios (fechado, semi-
aberto e aberto), oportunizando-se ao detento, o qual passou a ser chamado de
recuperando, a cada estágio, um acesso maior ao mundo extramuros até
alcançar o último, quando se lhe permitia residir em casa e assumir um trabalho
externo, obrigando-se apenas a uma apresentação diária à prisão. Tudo isso
baseado em alguns pontos básicos, como por exemplo: individualizar o
tratamento tal como recomenda a lei; proporcionar assistência material,
psicológica, médica, odontológica, jurídica e educacional; utilizar a religião, com
liberdade de culto, como principal instrumento para a recuperação pretendida,
visando "matar o criminoso e salvar o homem"; oferecer condições para que o
preso ajude o próprio preso, aplicar os regimes progressivos nas dependências
da mesma unidade, o que facilita a permanência do condenado junto aos
familiares ao longo do cumprimento de toda a pena, acompanhado do
voluntariado local, assim como sua reintegração na sociedade.
O método foi sendo aperfeiçoado e hoje tem alcançado grande repercussão no
Brasil e no exterior. Apresentando índices de reincidência inferiores a 5% (no
sistema comum a média de reincidência é de 86%), são aproximadamente 100
unidades em todo o território nacional, e várias já foram implantadas em outros
países, como as APAC’s de Quito e Guaiaquil no Equador, Córdoba e Concórdia
na Argentina, Arequipa no Peru, Texas, Wiora e Kansas nos EUA, e muitas
outras estão em fase de implantação como África do Sul, Nova Zelândia,
Escócia, etc.
Em 1986, a APAC filiou-se à PFI – Prision Fellowslrip International, órgão
consultivo da ONU para assuntos penitenciários. Desde então o Método passou
a ser divulgado e aplicado com sucesso em todo o mundo.
4. Elementos Fundamentais do Método APAC
O método APAC se baseia em doze elementos fundamentais, e o seu êxito
depende da efetividade deste conjunto de elementos, os quais estão elencados
logo a seguir.
1.A participação da comunidade
O Estado, infelizmente, não reúne condições de atuar eficazmente na execução
da pena e recuperar o condenado. Por isso o legislador, na Lei de Execução
Penal, em seu artigo 4º, dispôs que "O Estado deverá recorrer à cooperação da
comunidade nas atividades de Execução da Pena e da medida de segurança."
A APAC conta com a participação da comunidade na execução da pena e esta
participação se faz necessária, uma vez que é ela, a própria comunidade, a maior
interessada em um ambiente seguro, até porque o criminoso não nasce
criminoso, é a comunidade quem o torna assim.
2.O recuperando ajudando o recuperando
O recuperando é levado a descobrir que possui valores e isto o faz viver com um
sentimento de ajuda mútua e colaboração com outro recuperando. O sentido de
ajuda - acudir o irmão que está doente, ajudar os mais idosos, etc. – é muito
salutar e devolve ao recuperando muita tranqüilidade, pois à medida que ele
coopera, terá um retorno de ajuda.
Para que ocorra uma melhora na disciplina, na segurança do presídio, na busca
de soluções práticas e econômicas para os problemas internos, o Método APAC
adota a Representação de Cela e o CSS – Conselho de Sinceridade e
Solidariedade.
A representação de cela propicia a disciplina e a harmonia entre os
recuperandos, a limpeza e higiene pessoal da cela, o treinamento de líderes,
uma vez que a representação é dividida entre os próprios recuperandos,
acentuando o rompimento do "código de honra" existente entre a população
prisional, em que os mais fortes subjugam os mais fracos.
O Conselho de Sinceridade e Solidariedade é órgão auxiliar da administração da
APAC. O presidente do CSS é escolhido pela diretoria da APAC e os demais
membros são escolhidos pelo presidente, de acordo com a população prisional.
Sem poder de decisão, o CSS colabora em todas as atividades, opinando acerca
da disciplina, segurança, distribuição de tarefas, realização de reformas,
promoção de festas, celebrações, fiscalização do trabalho para o cálculo de
remição de pena, etc. Semanalmente, o CSS reúne-se com toda a população
prisional sem a presença de membros da APAC, para discutir as dificuldades
que estão encontrando, buscar soluções para os problemas encontrados e
reivindicar da diretoria medidas que possam ajudá-los a tornar harmonioso e
saudável o ambiente prisional.
3.Trabalho
Somente o trabalho não é suficiente para recuperar o infrator. O trabalho deve
fazer parte do contexto, mas não deve ser o elemento fundamental no
cumprimento da pena.
No Método APAC, o regime fechado é o tempo para a recuperação, o semi-
aberto para a profissionalização, e o aberto, para a inserção social. Neste sentido
o trabalho, é aplicado em cada um dos regimes de acordo com a finalidade
proposta.
O Método APAC recomenda os trabalhos laborterápicos (artesanatos) para o
regime fechado, pois nesta fase é necessário a descoberta dos próprios valores
do recuperando, para que ele possa melhorar sua auto-imagem, valorizar-se
como ser humano, transformar o próprio coração, torná-lo acolhedor, tolerante
e pacífico, capaz de perdoar e em condições de, com perfeição, filtrar as
mensagens que recebe rejeitando as negativas. Se não houver esta reciclagem
dos valores não terá sentido dar serviço ou forçar o trabalho, porque ele vai ser
um eterno revoltado. Estes trabalhos artesanais são: tapeçaria, pintura de
quadros a óleo, pintura de azulejos, grafite, técnicas em cerâmica, confecção de
redes, toalhas de mesa, cortinas, trabalhos em madeira e muito mais,
permitindo ao recuperando exercitar a sua criatividade, a reflexão sobre o que
está fazendo.
Em "Vamos matar o criminoso?" de Mário Ottoboni, podemos encontrar alguns
depoimentos de recuperandos que passaram pela oficina laborterápica no
presídio de Humaitá, dentre os quais destacamos um breve e profundo
depoimento:
"Comecei a trabalhar na laborterapia da APAC sem muito interesse. Aos poucos
fiz um pequeno barco e fui descobrindo como eu era importante, que podia fazer
muito mais e melhor. Que podia ser feliz e fazer minha família feliz. As idéias de
vingança e de ódio que tinha anteriormente foram cedendo espaço à
criatividade e à paz. A serenidade passou a ser meu lema. O trabalho me
modificou inteiramente, dando-me o sentido da responsabilidade. Descobri que
não tenho vocação para viver atrás das grades e que o trabalho engrandece o ser
humano. Tudo isso foi descoberto nas mesas de laborterapia." (R.D.C.)
No Regime semi-aberto é feita a preparação de mão-de-obra especializada,
através de cursos profissionalizantes. A Lei de Execução Penal favorece as saídas
para estudos, portanto, valendo-se deste dispositivo legal, é feito o
encaminhamento do recuperando para estudos de formação em
estabelecimentos da cidade, tais como: sapataria, padaria, alfaiataria, oficina
mecânica, etc., objetivando sempre a reintegração ao comércio da sociedade,
próximo de seu núcleo afetivo.
O Método APAC, para o Regime Aberto, propõe que o recuperando que
pretende desfrutar do benefício tenha uma profissão definida, apresente uma
promessa de emprego compatível com sua especialidade e tenha revelado no
regime semi-aberto mérito e plenas condições para voltar ao convívio social.
4- A religião e a importância de se fazer a experiência de Deus.
O Método APAC proclama a necessidade imperiosa do recuperando fazer a
experiência de Deus, ter uma religião, amar e ser amado, não impondo este ou
aquele credo.
A religião é fundamental para a recuperação do preso, a experiência de amar e
ser amado desde que pautada pela ética, e dentro de um conjunto de propostas
onde a reciclagem dos próprios valores leve o recuperando a concluir que Deus é
o grande companheiro, o amigo que não falha. Então Deus surge como uma
necessidade, que nasce espontaneamente no coração do recuperando para que
seja permanente e duradoura.
5.Assistência jurídica
Uma das maiores preocupações do condenado, se não a primeira, se relaciona
com sua situação processual, e 95% da população prisional não reúne condições
para contratar um advogado, especialmente na fase da execução penal, quando
ele toma conhecimento dos inúmeros benefícios facultados pela lei.
O Método APAC recomenda uma atuação especial a este aspecto do
cumprimento da pena advertindo que a assistência jurídica deve se restringir
somente aos condenados envolvidos na proposta da APAC, evitando sempre que
a entidade se transforme num escritório de advocacia e cuidando de prestar
assistência jurídica aos recuperandos comprovadamente pobres.
6.Assistência à saúde
O Método APAC oferece assistência médica, odontológica, psicológica e outras
de um modo humano e eficiente, uma vez que a saúde deve ser sempre colocada
em primeiro plano, evitando preocupação e aflições do recuperando.
É lógico que não se consegue falar em recuperação, amor, arrependimento, a
alguém, que se encontre abandonado nas grades com dor de dente, com úlcera,
vítima de HIV etc.
Eis algumas comparações dos distúrbios físicos encontrados na população
prisional dos presídios comuns com aqueles onde há o Método APAC:
Distúrbios Físicos
Presídio comum %
Método APAC %
Resfriados Constantes
70%
9%
Úlcera Nervosa
54%
2%
Dor de ouvido
18%
3%
Dor de dente
44%
9%
Gastrite
34%
6%
7. Valorização Humana
O Método APAC tem por objetivo colocar em primeiro lugar o ser humano, e
nesse sentido todo o trabalho deve ser voltado para reformular a auto-imagem
do homem que errou. Chamá-lo pelo nome, conhecer sua história, interessar-se
por sua vida, visitar sua família, atendê-lo em suas justas necessidades, permitir
que ele se sente à mesa para fazer as refeições diárias e utilize talheres, tais
medidas, dentre outras, adotadas pelo Método ajudam o recuperando a
descobrir que nem tudo está perdido.
A educação e o estudo recebem especial atenção pelo Método APAC, uma vez
que a nível mundial é grande o número de presos que têm deficiências neste
aspecto.
Os voluntários especialmente treinados, em reuniões em cela, com a utilização
de métodos psicopedagógicos e mediante palestras de valorização humana
fazem com que o recuperando conheça a realidade na qual vive, bem como os
próprios anseios, projetos de vida, as causas que o levaram à criminalidade,
enfim, tudo aquilo que possa contribuir para a recuperação de sua auto-estima e
da auto-confiança.
8.A Família
No Método APAC, a família do recuperando é muito importante. Aquilo que o
sistema comum rompe, na APAC se faz de tudo para fortalecê-lo, ou seja, no
Método APAC a pena atinge somente a pessoa do condenado, evitando o
máximo possível que ela extrapole a pessoa do infrator atingindo a sua família.
Neste sentido, é feito grande esforço para que não se rompam os elos afetivos do
recuperando e sua família, por exemplo: o recuperando pode telefonar uma vez
por dia para os seus parentes, escrever cartas, etc. No dia dos pais, das mães,
das crianças, Natal e outras datas importantes, é permitido que os familiares
participem com os recuperandos.
O Método APAC trabalha com a família dos recuperandos, que em 98% dos
casos, são lares desestruturados, em todos os aspectos, vivem à margem da
sociedade e por isso mesmo tornam-se fonte geradora de delinqüência. Não
adianta recuperar o condenado e depois devolvê-lo à fonte que o gerou sem tê-la
transformado.
Para alcançar este objetivo, o Método APAC oferece aos familiares Jornadas de
Libertação com Cristo (retiros espirituais) e cursos de Formação e Valorização
Humana, buscando ainda proporcionar todas as facilidades possíveis para o
estreitamento dos vínculos afetivos. Aos familiares é dada orientação sobre a
forma de se relacionarem com os recuperandos, evitando assuntos que
provoquem angústia, ansiedade e nervosismo.
É adotado também pelo Método APAC as visitas íntimas familiares, feitas de
forma organizada e bem elaborada para se evitar os inconvenientes relacionados
à imoralidade, promiscuidade, agenciamento de mulheres e falta de respeito à
equipe de voluntários. O encontro íntimo familiar objetiva manter os laços
afetivos da família e, como conseqüência, diminui a tensão no presídio, pois
oferece ao condenado a segurança de que ele continua a ser o chefe da família.
O Método também busca assistir as vítimas e suas famílias.
9.O Serviço Voluntário
O trabalho apaqueano é baseado na gratuidade, no serviço ao próximo. Por isto
a comunidade desempenha papel importantíssimo no bom êxito da APAC. Os
voluntários são primeiramente treinados, participando de um curso de
formação de voluntários, normalmente desenvolvido em 42 aulas de 1:30hs de
duração cada uma, durante o qual conhece a metodologia e desenvolve suas
aptidões para exercer este trabalho com eficácia e observância de um forte
espírito comunitário. Após algum tempo de atuação o voluntário participa de
cursos de reciclagem e aperfeiçoamento dentro dos vários setores de atuação do
método, tais como: relacionamento com as autoridades, com os recuperandos e
entre a equipe, etc.
A remuneração restringe-se às pessoas que trabalham no setor administrativo,
cuja característica principal foge da marca do voluntariado. A APAC vive de
contribuições mensais de seus sócios (colaboradores da própria comunidade) e
de algumas doações de empresas e admiradores, portanto, enquanto no sistema
comum o Estado gasta mensalmente R$1.200,00 com cada preso,
aproximadamente, o custo na APAC é de apenas R$350,00 por preso.
Os voluntários também podem ficar incumbidos de serem casais padrinhos, ou
seja, um casal oriundo do matrimônio ou formado por pessoas solteiras ou
viúvas, realizam a tarefa de ajudar o recuperando refazer as imagens desfocadas,
negativas do pai, da mãe ou de ambos, com fortes projeções na imagem de Deus.
10.CRS – Centro de Reintegração Social
A lei de Execução Penal (artigos 91 a 92) disciplina o cumprimento da pena em
regime semi-aberto, em colônia agrícola, industrial ou similar.
A APAC criou o Centro de Reintegração Social que tem dois pavilhões, um
destinado ao regime semi-aberto e outro ao aberto, não frustrando, assim, a
execução da pena.
O estabelecimento do CRS, oferece ao recuperando a oportunidade de cumprir a
pena próximo de seu núcleo afetivo: família, amigos, parentes, facilitando a
formação de mão-de-obra especializada, favorecendo assim, a reintegração
social, respeitando a lei e os direitos do condenado.
O recuperando não se distanciando da sua cidade encontrará, logicamente,
apoio para conquistar uma liberdade definitiva com menos riscos de
reincidência.
11.Mérito
A legislação brasileira adota o modelo progressivo de cumprimento de pena e
pugna pela progressividade tendo em vista o tempo de cumprimento da pena e a
conduta do condenado. Ao expor os motivos afirma que o mérito deve sobrepor-
se ao aspecto temporal do desconto da pena.
No Método APAC, o mérito – conjunto de todas as tarefas exercidas, bem como
as advertências, elogios, saídas, etc., constantes da pasta-prontuário do
recuperando – é o referencial do recuperando. Não basta que ele seja obediente
às normas disciplinares. O Método deseja ver o recuperando prestando serviços
em toda a proposta socializadora, como representante de cela, como membro do
CSS, na faxina, na secretaria, no relacionamento com os companheiros, com os
visitantes e com os voluntários. Não se trata apenas de uma conduta prisional,
mas de um atestado que envolve o mérito do cumpridor da pena.
É formada uma Comissão Técnica de Classificação composta de profissionais
ligados à metodologia para classificar o recuperando quanto à necessidade de
receber tratamento individualizado, seja para recomendar quando possível e
necessário, exames exigidos para a progressão de regimes e, inclusive, cessação
de periculosidade e insanidade mental.
12.Jornada de Libertação com Cristo
A Jornada de Libertação com Cristo constitui-se no ponto máximo da
metodologia. São três dias de reflexão e interiorização que se faz com os
recuperandos. A Jornada nasceu da necessidade de se provocar uma definição
do recuperando quanto à adoção de uma nova filosofia de vida, cuja elaboração
definitiva demorou quinze anos de estudos, apresentando uma seqüência lógica,
do ponto de vista psicológico, das palestras, testemunhos, músicas, mensagens e
demais atos, com o objetivo precípuo de fazer o recuperando repensar o
verdadeiro sentido da vida.
A Jornada se divide em duas etapas: a primeira preocupa-se em revelar Jesus
Cristo aos jornadeiros. A parábola do filho pródigo é o fio condutor da Jornada,
culminado com o retorno ao seio da família, num encontro emocionante do
jornadeiro com seus parentes. A segunda etapa ajuda o recuperando a rever o
filme da própria vida, para conhecer-se melhor. Nesta etapa o recuperando se
encontra consigo mesmo, com Deus e com o semelhante.
CONCLUSÃO
No período de 02 de março a 06 de julho de 2002, através da participação do
Curso de Formação de Voluntários realizado na APAC de Itaúna/MG, pudemos
ver de perto que todos os recuperandos trabalhavam e estudavam, preparando-
se para a vida futura, como cidadãos úteis à sociedade da qual saíram desviados.
As chaves do presídio, ou seja, do portão da entrada, das celas e dos alojamentos
são guardadas pelos próprios recuperandos e que não existem policiais nem
agentes carcerários no presídio. As celas são limpas e organizadas, assim como
os pátios, os refeitórios, as oficinas. As paredes são pintadas e os recuperandos
apresentam-se esperançosos e dispostos a provar para a comunidade que se
recuperaram ou já estão se recuperando realmente.
Ao passo que no sistema comum 94% dos condenados não alimentam qualquer
projeto de vida e 48% nutrem o desejo de suicídio, no Método APAC esses
percentuais são reduzidos a 3,8% e 0%, respectivamente.
A APAC é uma entidade civil de direito privado, com finalidade de atuar na área
de execução da pena, suprindo o Estado na preparação do preso para seu
retorno ao convívio social, e busca na participação da sociedade a ajuda
necessária ao seu processo de ressocialização. A finalidade pedagógica da pena
aplicada pela APAC constitui-se num método próprio de reconhecido êxito e a
atuação da entidade resume-se no seguinte:
1.Órgão auxiliar da Justiça na execução da pena;
2.Protetor da sociedade, preparando convenientemente o preso para voltar ao
convívio social;
3.Proteção aos condenados, no sentido dos direitos humanos e, de assistência
nos termos do que prevê a lei, estendendo-se o trabalho no que couber, aos seus
familiares. É um método que já tem mais de trinta anos de experiência e é
comprovadamente eficiente na recuperação e ressocialização do condenado.
No entanto, a APAC ainda é praticamente desconhecida no Brasil. Para a mídia,
vende mais uma rebelião que a recuperação de milhares de presos ou a redução
da taxa de reincidência. Mas tal situação tem de ser revertida.
Não existem condenados irrecuperáveis mas, tão somente, os que não
receberam tratamentos adequados. Não se alcança a segurança social apenas
com punição mas sim com trabalhos de recuperação e respeito à dignidade da
pessoa humana. Desta forma estaremos ajudando na construção de um Estado
em que os direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça deixem de ser utopia e passem a ser
realidade.

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