Você está na página 1de 7

Assuntos Tratados:

1º Horário

COMPETÊNCIA (continuação):

 Forma Processual de Alegar


 Momento de alegação
 Conseqüências do reconhecimento
 Espécies de competência: funcional (absoluta); em razão da matéria (absoluta); em
razão da pessoa (absoluta)

2º Horário

COMPETÊNCIA (continuação):

 Espécies de competência (continuação): Territorial (relativa); Valor da Causa (relativa)


 Prorrogação de competência: conexão e continência; ausência de exceção; cláusula de
eleição de foro; competência internacional; perpetuatio jurisdicionis

1º HORÁRIO

COMPETÊNCIA (continuação)

FORMA PROCESSUAL DE SE ALEGAR A INCOMPETÊNCIA

1) Incompetência Relativa: Exceção de incompetência (peça autônoma em apartado).

Exceções: a) JESP – alegada na própria contestação; b) Procedimento Sumário: a resposta do


réu pode ser de forma oral.

Obs.: e se alegar em preliminar de contestação? É um ato viciado (em desconformidade com a


lei), mas, para o STJ, não há nenhuma conseqüência processual, pois adota o Princípio da
Instrumentalidade das Formas (há um vício que não gera prejuízo, então não há nulidade).

2) Incompetência Absoluta: pode ser alegada de qualquer forma (escrita, oral, preliminar de
contestação, recurso, peça avulsa etc.).

Obs: mas e se for alegada por meio de exceção de incompetência? Há um ato viciado que o juiz
receberá como mera petição: autuação nos próprios autos e não haverá suspensão do processo.

MOMENTO DE ALEGAÇÃO

1) Incompetência Relativa: trabalha-se com a idéia de preclusão temporal, ou seja, há um


momento adequado para alegar – prazo de resposta do réu.

Observações
- No procedimento sumário há obrigatoriedade de se alegar na audiência de conciliação (não há
um prazo máximo).

- Fazenda Pública tem o prazo em quádruplo (art. 189, CPC – aplica-se para todos os tipos de
respostas).

1
- Não se pode entrar com a contestação e depois com a exceção, pois uma nulidade relativa se
convalida se não for argüida na primeira oportunidade.

2) Incompetência Absoluta: não há preclusão, pois é matéria de ordem pública.

Observações
- a parte pode alegar incompetência absoluta originariamente em RESP ou REXT? Até o
esgotamento dos recursos ordinários, é pacífico que pode. Para os recursos extraordinários: 1)
STF – não pode, pois tem que ter havido pré-questionamento (matéria decidida
anteriormente). 2) STJ – pode ser alegada em termos, pois tem que se alegar a incompetência
absoluta e mais outra matéria que tenha sido objeto de pré-questionamento (sem pré-
questionamento o STJ não pode reconhecer do recurso).

- transitada em julgado a decisão, ainda há o prazo de dois anos para alegar a incompetência
absoluta por meio de Ação Rescisória.

- se o réu não alegar na preliminar de contestação, ele será obrigado a pagar as custas do
retardamento.

CONSEQUÊNCIAS DO RECONHECIMENTO DA INCOMPETÊNCIA

Relativa: é considerada uma resposta dilatória do réu. Quando acolhida ela não gera extinção do
processo, mas apenas aumenta seu tempo de duração, remetendo-se o processo ao juízo
competência.

Observações
- há um caso em ela será peremptória, gerando a extinção do processo – art. 51, III, Lei 9.099.
- os atos já praticados pelo juízo incompetente são válidos (STJ).

Absoluta: também é uma resposta dilatória. A conseqüência também é a remessa ao juízo


competente.

Observações
- cumulação de dois pedidos de diferentes competências absolutas, perante um juízo
absolutamente incompetente para ambos: o juiz deve extinguir o processo.

Obs.: atos já praticados (art. 113, § 2º, CPC) – são nulos de pleno direito. Pleno direito significa
independentemente de declaração expressa. STJ – não são todos atos decisórios que serão
nulos, mas apenas os atos decisórios de mérito (decisão de liminar, de tutela antecipada,
sentença e acórdão).

ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA

1) Absolutas

a) Funcional
Existem três situações em que ela existirá:

- Competência Funcional Interna: o juízo que exerce determinada função no processo se torna
absolutamente competente para exercer outra função. Ex.: juízo que profere a sentença
genérica (que é aquela que não indica o quantum debeatur, o valor da obrigação) é

2
absolutamente competente para a liquidação de sentença. Obs.: a competência absoluta não
se divide entre o juiz que forma o título e o que executa (art. 475-P, CPC).

- Competência Funcional Externa: o juízo da ação principal é absolutamente competente para


as ações acessórias e as ações incidentais (ex.: reconvenção, ação declaratória incidental,
oposição, embargos à execução, embargo monitório, embargos de terceiro, cautelar
incidental).

- Competência de Tribunal. Eles podem atuar em competência originária ou recursal, mas


ambas são competências absolutas

Obs.: Chiovenda criou uma quarta espécie, a local. Nesse local, o exercício da função é mais fácil
e mais eficaz. Fux/Nery: é uma competência funcional. Dinamarco/Barbosa Moreira: é uma
competência territorial. Mas o que importa saber é que, para ambas as correntes, trata-se de uma
competência absoluta (seria uma competência territorial excepcionalmente absoluta).

Ex.: art. 95, CPC – competência absoluta do local do imóvel para ações reais imobiliárias:

a) Ação de Adjudicação compulsória (contrato de promessa de compra e venda não precisa estar
registrado, mas o seu registro é que determina a aplicação do art. 95 do CPC em virtude do art.
1.417, CC, que criou um direito real à aquisição do imóvel. Se o direito é real, aplica-se o art. 95.
Sem registro, há apenas uma obrigação de fazer, ou seja, passar a escritura, que é um direito
pessoal).

b) Rescisão contratual (direito pessoal) c/c reintegração de posse (direito real imobiliário) – para o
STJ não se aplica o art. 95, CPC, pois a rescisão contratual é o que interessa, sendo a
reintegração uma mera conseqüência natural.

c) Execução Hipotecária: o imóvel hipotecado é mera garantia; o objeto da execução é dinheiro


(obrigação de pagar quantia é pessoal – não se aplica o art. 95, CPC).

Ex.: Ação coletiva (art. 2º, LACP) – competência absoluta do local do dano. Quando envolver
idoso (art. 80, Estatuto do Idoso), a competência será do domicílio do idoso protegido na
demanda. Se envolver criança e adolescente (art. 209, ECA) será competente o local do ato ou
omissão.

b) Em razão da matéria
Justiça Especializada (Justiça do Trabalho, art. 114; Justiça Eleitoral, art. 121 e Justiça Militar, art.
125 − todos da CF) vs. Justiça Comum (art. 109, CF, competência da Justiça Federal;
competência da Justiça Estadual é residual).

Obs.: art. 109, CF:

Ler inciso III.

Inciso V-A – ações de violação extrema aos direitos humanos (pode ser deslocado para a Justiça
Federal).

Ler inciso X.

Inciso XI – demandas que tratam de direitos indígenas. STF − direito indígena é diferente de
direito do índio: mera presença de indígena na demanda não é suficiente para a fixação de

3
competência da Justiça Federal (a competência não é em razão da pessoa e sim em razão da
matéria), mas só as ações relativas à coletividade indígena (art. 231, CF – ex.: terras indígenas).

Obs.: Varas Especializadas pela Matéria – onde existirem, terão competência absoluta para as
ações (são criadas pelas leis de Organização Judiciária).

c) Em razão da pessoa

Art. 109, I da CF: União, Empresa Pública ou Autarquia Federal. Mas também incluem-se a
Fundação Federal, os Conselhos Federais de Fiscalização Profissional, as Agências Reguladoras
e o MPF (a mera atuação como fiscal da lei desloca a competência para a Justiça Federal, pois,
para o STJ, o MPF é um órgão da União, não tem personalidade jurídica própria).

Observações
- Sociedade de Economia Mista – a competência é da Justiça Estadual (súmulas 508 e 556 do
STF).

- pela CF, é só atuação como autor, réu, opoente ou assistente. Mas qualquer forma de
participação daqueles entes federais já determina a competência como sendo federal.
Exceções:

1) Acidente do Trabalho e Direito Falimentar – Justiça Estadual.


2) Justiça do Trabalho.
3) Justiça Eleitoral.

- demanda regularmente instaurada na Justiça Estadual até que um desses entes federais
requeira a intervenção – o juízo estadual não tem competência para conhecer desse pedido. O
mero pedido já desloca a competência para a Justiça Federal (juiz acata o pedido: aplica-se o
art. 109 da CF, que se desloca definitivamente para a Justiça Federal; se rejeitar o pedido,
deve devolvê-lo para a Justiça Estadual).

- Ler art. 109, incisos II e VIII (em razão da pessoa).

- Vara Especializada – pode ser criada em razão da pessoa. Ex.: Vara da Fazenda Pública
(presença do Estado ou do Município).

2º HORÁRIO

ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA (continuação)

2) Relativas

a) Territorial

Determinar qual é o foro competente (Comarca na Justiça Estadual e Seção Judiciária na Justiça
Federal).

Art. 94 ao art. 100 do CPC + diversas leis extravagantes. Mas existem critérios:

1) Art. 94, CPC – domicílio do réu (regra geral).

2) Domicílio do Autor: art. 101, I, CDC (domicílio do consumidor) e art. 4º, III, Lei 9.099.

4
3) Local do ato ou fato. Ex.: art. 100, V, CPC.

4) Local da coisa. Ex.: art. 95, CPC (local do imóvel) e todas as ações previstas na lei de Locação.

5) Local do cumprimento da obrigação (aplicado sempre que a demanda tiver como objeto o
cumprimento de uma obrigação).

Obs: art. 99, CPC – não deve ser utilizado, pois há norma constitucional aplicável ao caso: art.
109, §§ 1º e 2º, CF. União como ré tem foros concorrentes – é o próprio demandante que
escolhe o foro (domicílio do autor, DF, local do ato ou fato e o local da coisa).

Obs.: “competência por delegação” – demanda de competência da Justiça Federal, mas no local
competente para a demanda não há Vara Federal. Em regra tem que se deslocar para a comarca
mais próxima onde exista Vara Federal da respectiva Seção Judiciária. O art. 109, §§ 3º e 4º da
CF cria a regra excepcional da competência por delegação, que significa utilizar-se de Vara
Estadual para a demanda Federal. A competência é apenas delegada em primeiro grau. A
competência recursal continua sendo federal. Só pode existir com expressa previsão legal.

1. Ações contra o INSS – domicílio do autor. Aqui há foros concorrentes: pode-se escolher entre
a Vara Estadual do domicílio e a Vara Federal da respectiva seção judiciária.
2. Execução Fiscal.
3. Usucapião Constitucional.

Obs.: STF – ações coletivas: não se aplica a competência por delegação. Tem que ir até a Vara
Federal respectiva.

b) Valor da causa
Importa em duas situações:

1) JESP: Estadual (40 salários mínimos) e Federal (60 salários mínimos). Obs.: o JESP Estadual
é facultativo, mas para demanda superior a 40 salários mínimos há incompetência absoluta. O
JESP Federal é obrigatório (competência absoluta) – mesmo assim o CPC continua tratando
como incompetência relativa.

2) Foros Regionais ou Distritais. Obs.: sempre que esta competência for determinada em razão do
valor, ela será absoluta (apesar do CPC dizer que é relativa).

PRORROGAÇÃO DE COMPETÊNCIA

Um juízo competente é fixado em virtude das normas determinadoras de competência (é


abstratamente competente). Mas pode ocorrer que no caso concreto tenha que se aplicar uma
norma modificadora de competência.

a) Conexão e continência

CONEXÃO: identidade de pedido (objeto) ou causa de pedir (art. 103, CPC). Para o STJ, conexão
é conceito mais amplo do isso. Ocorrerá sempre que a decisão de uma demanda tiver aptidão de
interferir em outra demanda – relação entre demandas.

CONTINÊNCIA: identidade de partes e da causa de pedir (art. 104, CPC) e o pedido de uma
demanda, por ser mais amplo, engloba, contém o pedido da outra.

5
O art. 105 do CPC trata da reunião de demandas em um mesmo juízo – prorrogação de
competência. Para o STJ, essa reunião é um dever do juiz, desde que ela gere economia
processual (que evite a repetição de atos processuais) e harmonização dos julgados (que
evite decisões contraditórias).

A reunião deve ocorrer perante o mesmo juízo, que é o prevento. O CPC tem duas regras
diferentes:

1) art. 106, CPC – é prevento o juízo que proferir o primeiro despacho positivo (cite-se) – só se
aplica a demandas de mesma competência territorial.

2) art. 219, caput, CPC – é prevento o juízo que realizar a primeira citação válida – só se aplica
para diferentes competências territoriais.

Observações
- conexão e continência são matérias de ordem pública (harmonização de julgados e economia
processual) – não há preclusão e podem ser conhecidas de ofício.

- STJ – não há nulidade na não-reunião de demandas conexas (apesar de ser matéria de ordem
pública). É vício de matéria de ordem pública que se convalida em virtude da economia
processual.

b) Ausência de exceção de incompetência

Se o réu não excepcionar, haverá prorrogação automática, não interessando os motivos da não-
interposição da exceção.

c) Cláusula de eleição de foro

É cláusula obrigatoriamente escrita (o contrato pode ser oral, mas a cláusula tem que ser escrita).

Tem que se referir a negócio jurídico determinado (não existe cláusula geral).

Só é cabível em direitos disponíveis.

Observações
- não se pode fazer opção entre foro central e foros regionais, pois são competências absolutas
da lei de organização judiciária.
- não há escolha do juízo. A cláusula só elege o foro.

COMPETÊNCIA INTERNACIONAL

Art. 88 ao art. 90 do CPC.

PERPETUATIO JURISDICIONIS
Art. 87, CPC.

Quando estará proposta a demanda? Art. 263, CPC: comarca de vara única = primeiro despacho
do juiz; comarca com mais de uma vara = distribuição.

6
Para o STJ, não é em nenhum dos dois momentos – a propositura da demanda ocorre no
momento do protocolo da petição inicial.

Alterações supervenientes de fato ou de direito não alteram a competência da demanda. A regra


da competência é fixada no momento da propositura. Há duas exceções:

1) Mudança de regra de competência absoluta – aplicação imediata e automática.


2) Extinção do órgão.

Você também pode gostar