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Mudanças Climáticas
Uma análise de 50 jornais no primeiro semestre de 2008
Sumário
Resumo Executivo 2
1. Introdução 5
2. Metodologia de Pesquisa 7
2.1. Adaptações na metodologia 7
3. Mudanças Climáticas: o arrefecimento da discussão 9
4. O Enfoque da Cobertura 13
4.1. Medidas de Enfrentamento: Mitigação e Adaptação 14
4.1.2. O Mercado de Crédito de Carbono 16
4.2. Efeito Estufa 16
4.2.1 Os Gases de Efeito Estufa (GEE) 17
4.2.2. Metas para a Redução de Emissões 17
4.3. Energia Combustível 18
5. Foco Institucional 19
5.1. Foco no Governo 20
6. Meio Ambiente e Desenvolvimento 21
7. A Qualificação da Cobertura 23
7.1. Fontes Ouvidas 24
Considerações Finais 26
Anexo – Lista de Jornais Monitorados 28
Ficha Técnica 29
Resumo Executivo
Em 2005/2007 cada periódico publicou em média uma notícia a cada quatro dias, em
2008 esse índice caiu para uma notícia a cada sete dias.
Estratégias de mitigação
• Nós dois períodos analisados, cerca de 40% dos textos abordaram estratégias
de mitigação, ainda que esse não fosse o foco central da notícia. Já os recur-
sos de adaptação foram citados em apenas 3,6% das notícias analisadas em
2005/2007, subindo para 6,8% em 2008;
• Dentre as estratégias de mitigação mencionadas, houve uma concentração no
setor energético, com 45,1% em 2005/2007 e 28,7% em 2008.
Foco institucional
• Não houve alterações significativas no foco institucional entre 2005/2007 e
2008. Os dois períodos são caracterizados por uma valorização da esfera go-
vernamental, especialmente do Poder Executivo.
• Em 2005/2007, as articulações desenvolvidas no âmbito internacional ocupa-
ram destaque (46,7%). Já em 2008, houve uma valorização da esfera governa-
mental interna (53,8%).
Políticas públicas
• Ainda que o número de matérias focadas no governo brasileiro tenha evoluído
em 2008, a referências a políticas públicas não manteve a mesma tendência.
Em 2005/2007, 20% dos textos sobre mudanças climáticas fizeram menção a
iniciativas tomadas pelo governo. Em 2008, esse percentual caiu para 12,2%.
Elementos de contextualização
A cobertura sobre mudanças climáticas realizada no primeiro semestre de 2008 não se afas-
tou significativamente do padrão apresentado no primeiro estudo elaborado pela ANDI.
Se, por um lado, podemos identificar avanços na menção a:
• Questões sobre desenvolvimento: 15% em 2005/2007 e 25% em 2008;
• Causas: 36,5% em 2005/2007 e 37,6% em 2008;
• Soluções: 41,8% em 2005/2007 e 44,1% em 2008;
3 | • Conceito de mudanças climáticas: 1,4% em 2005/2007 e 3,9% em 2008.
Por outro lado, houve alguns retrocessos na referência a:
• Consequências do fenômeno: 58,5% em 2005/2007 e 36,2% em 2008;
• Dados estatísticos: 56,6% em 2005/2007 e 40% em 2008;
• Legislação: 42,3% em 2005/2007 e 32,6% em 2008;
• Aspectos que explicitem a gravidade do problema: 31,9% em 2005/2007 e
22,6% em 2008.
Fontes ouvidas
• Um aspecto positivo está na redução do número de matérias onde não foi possí-
vel identificar ao menos uma fonte consultada, caindo de 24,9% em 2005/2007
para 18,3% em 2008;
• As fontes mais citadas nos dois períodos foram: especialistas (18,6% em 2005/2007
e 23% em 2008) e fontes governamentais (18% em ambos);
• Vale destacar a redução na utilização de fontes ligadas a governos estrangeiros,
caindo de 11,5% em 2005/2007 para 4,7% em 2008.
Considerações gerais
Após um período de pico, entre o último semestre de 2006 e início de 2007, proporcio-
nado pelo lançamento de pesquisas importantes sobre o impacto das mudanças climá-
ticas, e a conseqüente mobilização da comunidade internacional, a cobertura assumiu
uma tendência decrescente. Não obstante, dois aspectos merecem ser observados:
• O aumento em relação ao segundo semestre de 2005 e o primeiro de 2006;
• O comportamento diferenciado entre os periódicos de referência nacional e
aqueles de circulação regional, sendo que no primeiro grupo a queda na cober-
tura foi menos significativa que no segundo.
4 |
Introdução
O fenômeno conhecido por mudanças climáticas pode ser definido como uma varia-
ção de temperatura que ocorre em escala global. Ainda que tais alterações possam
fazer parte de uma dinâmica natural, a discussão sobre elas tem ganhado espaço signi-
ficativo na agenda internacional nas últimas décadas. A crescente preocupação com o
impacto causado pelo aumento da temperatura terrestre está associada a dois aspectos
principais: as variações acima da média e a descoberta de que a ação humana tem contri-
buído sobremaneira para a alteração do equilíbrio climático do planeta.
Dentro deste contexto, é razoável alegar que cabe à mídia uma posição de destaque no
processo de informação e de sensibilização da sociedade. Essa atuação não pode ser
negligenciada, por exemplo, no debate sobre tópicos cruciais como a necessidade de
alcançarmos um equilíbrio entre as políticas de desenvolvimento e as de preservação
do meio ambiente.
1 O IPCC lançou três relatórios em 2007. O primeiro deles buscava avaliar o sistema climático do plane-
ta, o segundo procurava identificar as vulnerabilidades e o terceiro avaliava as opções para a redução
das emissões de gases de efeito estufa.
2 A Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima (UNFCCC), também conhecida como Convenção
do Clima, foi criada em 1992 com o objetivo de alcançar a estabilização das concentrações de gases
de efeito estufa na atmosfera abaixo dos níveis considerados perigosos para o equilíbrio climático do
planeta, por meio do acordo entre os países. Desde 1995, as nações signatárias do documento têm se
reunido anualmente nas Conferência das Partes (COP) . A conferência mais recente (14ª) foi realizada
em Poznam, na Polônia, em dezembro de 2008.
3 Um dos estudos mais expressivos sobre mudanças climáticas foi publicado em outubro de 2006 pelo
economista Nicolas Stern. Encomendado pelo governo britânico, o documento, que ficou conhecido
5 | como Relatório Stern, ressalta os impactos das mudanças climáticas e reforça a necessidade de inves-
timentos públicos para o equacionamento do problema.
Investigar o comportamento da imprensa diante de temáticas de relevância social tem
sido um dos desafios assumidos pela ANDI. Essa postura surge como resultado da idéia
de que a mídia pode e deve contribuir para o desenvolvimento humano, por meio da
promoção do debate sobre questões de interesse público. Para que esse aporte seja
efetivo, é necessário que imprensa seja capaz de:
• Oferecer ao cidadão informações confiáveis e contextualizadas;
• Organizar a agenda pública de debates em torno de questões relevantes, de
forma plural e inclusiva; e
• Exercer o controle social sobre os órgãos oficiais de governo e sobre as políti-
cas públicas implementadas pelos mesmos4.
6 | 4 ANDI, Facing the Challenge: Children rights and human development in Latin American news media,
Brasília, 2006.
Metodologia de pesquisa
7 | 5 Hansen, Anders. Mass Communication Research Methods. New York University Press, NY, 1998.
optou-se por restringir o universo analisado para as notícias cujo tema princi-
pal estivesse estreitamente ligado à mudanças climáticas, ou seja, aquelas cuja
densidade seria definida como média ou alta na classificação aplicada ao uni-
verso 2005/2007.
7 |
Mudanças Climáticas:
o arrefecimento da discussão
A percepção de que aumento da temperatura do planeta poderia se tornar um pro-
blema de grande impacto para as gerações futuras ganhou proporções interna-
cionais no final da década de 1980 e início dos anos 1990. Naquele momento, alguns
estudos começaram a enfatizar não apenas a gravidade da questão, mas a influência da
ação humana na sua manifestação.
Os resultados da análise de mídia elaborada pela ANDI com base nos textos veiculados
entre 2005 e 2007 evidenciaram um aumento significativo no número de matérias sobre
mudanças climáticas a partir do segundo semestre de 2006, mantendo-se em ascensão
até junho de 2007. Conforme foi ressaltado na conclusão do primeiro estudo6, um dos
desafios impostos à imprensa na abordagem do tema era, justamente, a manutenção do
volume de notícias alcançado em 2007, claramente impulsionado pelos acontecimentos
listados há pouco.
Ainda que os dados indiquem uma redução no volume total de notícias sobre as mudanças
climáticas nos 50 jornais monitorados, o aparente arrefecimento da discussão merece uma
avaliação cuidadosa. Neste sentido, alguns aspectos devem ser considerados:
2000
1500
1000
500
0
5 05 6 06 6 06 7 07 7 07 8 08
2 00 20 2 00 20 2 00 20 2 00 20 2 00 20 2 00 20
s et ez ar j un s et ez ar j un s et ez ar ju
n
l/ t /d /m r/ l/ t /d /m r/ l/ t /d /m r/
ju ou ja
n ab ju ou ja
n ab ju ou ja
n ab
* Foram consideradas nesta tabela apenas as notícias classificadas como densidade média ou alta no
que se refere aos temas das mudanças climáticas. Os dois últimos trimestres de 2007 (jul/set e out/
dez) não foram monitorados pela ANDI.
35,00%
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08
* Foram consideradas nesta tabela apenas as notícias classificadas como densidade média ou alta no
que se refere aos temas das mudanças climáticas.
7 Robert J. Brulle in Bud Ward, 2008’s Year-Long Fall-off in Climate Coverage; Tracking the Trends, and
11 | the Reasons Behind Them, http://www.yaleclimatemediaforum.org/2008/12/2008-year-long-fall-off-in-
climate-coverage, acessado em 19 de janeiro de 2009.
O Enfoque da Cobertura
Se comparado aos resultados encontrados entre 2005 e 2007, chama a atenção que as
Medidas de Enfrentamento tenham deixado a condição de quarto sub-tema mais aborda-
do para assumir o lugar central na cobertura realizada no primeiro semestre de 2008.
12 | É curioso observar que esse comportamento vai ao encontro daquilo que Antony Downs
define como “ciclos de atenção temáticas”. Os dados indicam a passagem de um estágio
onde o foco da mídia estava voltado para os efeitos do problema colocado em tela, para
outro onde as soluções começam a ganhar destaque8.
O destaque conferido aos efeitos das mudanças climáticas em 2006 e 2007 fez com que a
gravidade do problema fosse reconhecida por dirigentes do mundo inteiro. A despeito da
efetividade dos discursos assumidos pelos governos dos mais diversos países, deve se dar
crédito ao fato de que existe, hoje, uma retórica internacional que enfatiza a necessidade da
redução das emissões como medida incondicional de equacionamento do problema.
Entre 2005/2007, o volume de notícias cujo enfoque central era a mitigação ou a adap-
tação foi de 7,3%. Em 2008 esse percentual subiu para 18,6%. É importante ressaltar
que há uma discrepância no espaço concedido a cada conjunto de medidas. Nos dois
períodos analisados, cerca de 40% dos textos abordaram estratégias de mitigação, ain-
da que este não fosse o foco central da notícia. Já os recursos de adaptação foram
mencionados em apenas 3,6% das notícias analisadas em 2005/2007, evoluindo para
6,8% em 2008.
Apesar do destaque conferido ao setor energético nos textos dos dois períodos anali-
sados pela ANDI, os dados coletados em 2008 demonstram uma mudança relativamen-
te significativa na abordagem da imprensa no que se refere aos setores potencialmente
mais importantes para a aplicação de medidas de mitigação. Conforme aponta a Tabela
5, em 2005/2007 essas práticas estavam claramente concentradas na Oferta de Energia
(45%) e no Reflorestamento e Uso do Solo (26,4%). Já em 2008, houve uma distribuição
mais equilibrada entre as áreas de atuação propostas pela ONU.
Outro ponto de atenção para a imprensa brasileira foi a associação entre a produção de
etanol e a crise mundial de alimentos. O assunto gerou um acentuado debate entre dois
grupos. Um deles acredita que a utilização do solo para culturas que podem servir como
fonte de energia potencializa a escassez de alimentos, bem como impulsiona a alta dos
preços desses produtos. No segundo, estão os que defendem a conversão de determina-
dos produtos agrícolas em combustíveis, tentando dissociá-la da atual crise de alimentos.
Chama a atenção que mais de 50% das matérias sobre mudanças climáticas publicadas nos
dois períodos façam menção aos GEE, ainda que este não tenha sido o foco central das no-
tícias. Considerado o principal gás de efeito estufa, o CO2 foi também o mais mencionado.
Adicionalmente, aproximadamente 50% das matérias onde há referência aos GEE publi-
cadas nos dois períodos indicam a fonte responsável pela sua emissão. De acordo com
o IDS, Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, divulgado pelo IBGE em 2008,
75% das emissões de CO2 no Brasil são decorrentes das queimadas e do desmatamen-
to, que ocorrem principalmente na Amazônia e no Cerrado. Atentos a essa realidade,
os jornalistas apontam, em sua maioria, o uso inadequado do solo, especialmente por
meio de queimadas, como fonte de emissão dos GEE. Outra fonte recorrentemente
mencionada pela imprensa são os veículos movidos a combustíveis fosseis, o segundo
colocado na lista de emissores do IDS.
Apesar da referência significativa aos gases, apenas 15% das notícias publicadas em
2005/2007 mencionaram a existência de obrigações ou metas de redução de emissões.
Em 2008, esse percentual subiu para um patamar mais consistente, 22,6%.
16 |
Tabela 8 - Percentual de matérias que mencionam metas para
a redução de emissão de gases de efeito estufa*
(% sobre o total de notícias referentes às mudanças climáticas – 2005/2007 e 2008)
Mencionam metas para a redução de emissão 2005/2007 2008
Sim 15,4% 22,6%
Não 86,6% 77,4%
Total 100,0% 100,0%
* Foram consideradas nesta tabela apenas as notícias classificadas como densidade média ou alta no
que se refere aos temas das mudanças climáticas.
A respeito do aumento significativo na cobertura sobre o etanol em 2008, vale, mais uma
vez, chamar a atenção para campanha promovida pelo Governo Federal em prol da uti-
lização do produto brasileiro. O crescente interesse internacional por fontes de energia
renováveis, o relativo esgotamento da matriz energética proveniente do petróleo e a va-
lorização dos preços da cana- de-açúcar foram aspectos que contribuíram para o fortale-
cimento de uma política de incentivo à produção de etanol em todo o país.
O dado é um indicativo de que a temática tem sido tratada sob o leque da generalidade
por uma parte expressiva da imprensa. O grande problema nesse tipo de abordagem
é a dificuldade em imputar créditos e/ou cobrar repostas dos atores/instituições que
devem compartilhar a responsabilidade pelo problema.
A Tabela 10 demonstra que, nos casos onde houve um enquadramento do foco institu-
cional, ele não sofreu alterações significativas entre 2005/2007 e 2008. Os dois perí-
odos são caracterizados por uma valorização da esfera governamental, especialmente
do Poder Executivo. O setor privado aparece em segundo lugar em 2008 (14,3%), ultra-
passando as instituições de ensino e pesquisa e as ações intersetoriais, destacadas em
2005/2007.
18 |
5.1. Foco no Governo
Se por um lado, a perspectiva governamental se mostrou a mais expressiva em ambos
os períodos, por outro, houve uma relativa inversão no nível de governo preponderan-
te. Em 2005/2007, as políticas de desenvolvimento assumidas no âmbito internacional
ocuparam destaque (46,7%). Já em 2008, houve uma valorização da esfera governamen-
tal interna (53,8%). E, mais uma vez, os níveis estaduais e municipais permaneceram fora
do foco de atenção da imprensa.
19 |
Meio Ambiente e
Desenvolvimento
A atividade humana figura hoje como uma das principais causas das mudanças cli-
máticas. Não são raros os especialistas que apontam os padrões de consumo das
sociedades contemporâneas, bem como a adoção de práticas desenfreadas de cresci-
mento econômico, como agentes potencializadores desse fenômeno.
21 |
A Qualificação da Cobertura
Seja na avaliação dos dados apresentados na tabela acima, ou nas análises desen-
volvidas em outros tópicos deste documento, fica evidente que a cobertura sobre
mudanças climáticas realizada no primeiro semestre de 2008 não se afastou significa-
tivamente do padrão apresentado no primeiro estudo feito pela ANDI. Por um lado,
é possível identificar alguns avanços, como na discussão sobre desenvolvimento, na
22 | apresentação de metas de redução de emissões e nas estratégias para a solução do
problema. Por outro lado, houve uma queda considerável na referência a políticas
públicas, na abordagem sobre a gravidade do problema e suas conseqüências, bem
como na menção a dados estatísticos e legislações.
De modo geral, não houve grandes diferenças na abordagem apresentada pelos jornais
regionais e nacionais monitorados em 2008. Como pode ser observado na Tabela 15, a
distribuição dos elementos de contextualização entre os dois grupos foi bastante equi-
librada. Valer ressaltar, no entanto, que os diários de maior alcance se prenderam mais
a discussão sobre soluções que aqueles de circulação local.
23 |
Vale salientar ainda o aumento na recorrência a fontes ligada aos Organismos Internacio-
nais em 2008 (de 6,5% para 11,9%), potencializada pela utilização de vozes ligadas ao IPCC
e pelo decréscimo de menções aos governos estrangeiros, causado por uma valorização
da esfera interna, como foi discutido na análise sobre o foco institucional.
24 |
Considerações Finais
No que diz respeito à qualidade da informação oferecida pela mídia, o resultado não é de-
sanimador, já que parte significativa das notícias se preocupa em oferecer ao leitor infor-
mações que facilitem a sua compreensão sobre problema. Não obstante, o decréscimo na
menção a políticas públicas, bem como a dificuldade em conceituar o fenômeno colocado
em discussão, indica que ainda há espaços importantes a serem ocupados.
Dentre os avanços podemos citar a abordagem sobre a relação entre mudanças climá-
ticas e desenvolvimento e uma relativa valorização da realidade brasileira. Ainda que o
tema continue sendo pautado pela agenda internacional, há uma crescente presença do
discurso de atores nacionais, especialmente da esfera governamental. Vale citar ainda o
número de notícias que destacaram localidades específicas do território brasileiro, que
subiu de 35% entre 2005/2007 para 39% no primeiro semestre de 2008. Ainda que mo-
25 | desto, esse avanço pode ser o início de uma linha ascendente.
Em relação às limitações, a mais evidente é a ausência de uma discussão mais ampla
sobre políticas públicas em 2008. Não podemos perder de vista a concepção de que a
imprensa tem um papel importante no relacionamento entre governo e sociedade. Não
é exagero dizer que ela tem a função de cobrar um posicionamento dos poderes públi-
cos no que se refere a questões de interesse nacional, bem como de tornar público as
suas ações, facilitando assim as práticas de accountability.
Por fim, é preciso enfatizar que os desafios na cobertura desta temática são maiores
hoje do que foram no passado, especialmente porque há uma urgência na busca de
soluções – as quais passam pela conscientização da sociedade a respeito do seu papel
na preservação do equilíbrio ambiental.
O problema não pode ser concebido simplesmente como uma questão ambiental. Em
primeiro lugar porque os impactos previstos atingem os mais diversos setores. Segun-
do, porque não é possível pensar em soluções dissociadas do contexto das políticas
públicas, dos modelos de desenvolvimento econômicos ou dos padrões de consumo
e de comportamento assumidos pelas sociedades contemporâneas. Diante disso, é
preciso que imprensa assuma a responsabilidade de levar o conhecimento técnico
sobre o tema para o âmbito de outras editorias, propiciando assim o a necessária
diversificação do debate.
26 |
Anexo
27 |
Ficha Técnica
Análise de Mídia -
Mudanças Climáticas
Edição
Aline Falco e Marília Mundim
Assistente de Coordenação
Osvaldo Assis Rocha Neto SDS - Ed. Boulevard Center,
Bloco A sala 101
Pesquisadores 70.391-900 - Brasília - DF
Ana Potyara Telefone: (61) 2102.6508
André Cidade Piauilino da Silva FAX: (61) 3321-0830
Bruno Gontyjo do Couto email: mudancasclimaticas@andi.org.br
Danillo Ferreira dos Santos
Rafael Costa www.mudancasclimaticas.andi.org.br
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