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PEDRO INÁCIO “Nas cidades, a vida é mais pequena CARLOS INÁCIO


Que aqui na minha casa, no cimo deste outeiro.
Nasceu em Lisboa, em 1960. Na cidade, as grandes casas fecham a vista à chave Nasceu em Lisboa, em 1954.
Vive na Venda do Pinheiro, concelho de Mafra. Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu (...)” Vive em Peniche, onde exerce a profissão de Médico.
Museólogo de profissão, é responsável pelo Museu da Água da EPAL. Em 1973, iniciou as suas primeiras fotografias a preto e branco, dando continuidade
Vice-Presidente da APOM - Associação Portuguesa de Museologia. Alberto Caeiro a novas reportagens com particular ênfase aos dias vividos a seguir à revolução de Abril
Iniciou a actividade fotográfica em 1985, muito por influência do seu irmão Carlos Inácio. de 1974.
Desde 2005, tem realizado exposições individuais e colectivas em vários museus e Participou em diversas exposições colectivas de fotografia.
espaços culturais portugueses. Alguns dos seus trabalhos foram publicados em revistas e outras edições culturais.
Num tempo cada vez mais veloz e tumultuoso, em que os estímulos se sucedem,
O seu trabalho, publicado em diferentes edições e premiado por diversas vezes, Organizou diversos concursos e exposições de fotografia, no âmbito das Jornadas
vertiginosamente, em turbilhões de som e imagem, induzindo o Homem à necessidade
encontra-se representado em colecções públicas e privadas. Médicas de Peniche.
da omnisciência, da omnipresença, enfim… da omnipotência, urge o retorno à Natureza,
A natureza é um dos seus temas preferidos. A sua paixão pela fotografia, tem permitido registar importantes testemunhos um pouco
enquanto espaço de equilíbrio.
por todo o Mundo.
Exposições realizadas pelos dois fotógrafos dedicadas às cegonhas Na genialidade do intelecto humano, na sua capacidade inventiva, forja-se a novidade, o
progresso, a evolução. Na silenciosa sabedoria da natureza repousa, latente, uma essência
Centro de Educação Ambiental de Arronches, 28 de Junho a 31 de Agosto de 2008 ancestral e instintiva, que é também humana, e a cujo chamamento é impossível resistir.
Museu Municipal do Crato, 1 Novembro a 31 de Dezembro de 2008 Por isso, o espaço natural será sempre um espaço de reencontro, de contemplação e de
Castelo de Alter do Chão, 31 de Janeiro a 22 de Março de 2009 introspecção. De volta à paisagem natural, o Homem reconcilia-se com o universo e con-
sigo próprio, num processo de pacificação e de regeneração.
Deambular pelos campos do Alentejo é imergir num mar se sensações únicas: é um não
acabar de horizonte, povoado de sons, cheiros e cores, que invadem os sentidos e
transportam o espírito para um tempo sem urgência e um espaço sem barreiras – apenas
imensidão.
Neste lugar onde se funde a imensidão da terra com a imensidão do céu, o silêncio é
mestre eloquente. E o aprendiz que, humildemente se entregar, em corpo e espírito, nesta
comunhão, regressará, certamente, mais sábio.
Diz-nos Schopenhauer: “Da árvore do silêncio pende seu fruto, a paz.” Será verosímil
imaginarmos, no cimo desta árvore, um ninho. E, nele, uma cegonha. Depois de muitas
milhas voadas, viajante incansável, regressa sempre aos campos alentejanos, pousando
nos versos dos cantares destas paragens: “Lá traz a cegonha/No bico o raminho/Que seja
bem-vinda/Branquinha, tão linda/Ao seu velho ninho”. Guardiã da imensidão, por aqui
permanecerá largo tempo, fundindo-se na paisagem do Alentejo. Traz consigo a
persistência que exige uma árdua tarefa de reconstrução, a dedicação e o zelo funda-
mentais para fazer renascer, a fidelidade à terra, que acaba por sobrevir a outras necessi-
dades e apelos. Não será, pois, casual, o respeito que lhe dedicou o povo alentejano,
integrando-a no seu imaginário cultural…
Em boa hora, a lente artística não ficou “fechada à chave” e se projectou no céu/
paisagem alentejana, captando nela esse elemento simbólico de serenidade, de
renovação, de fidelidade, que tão bem caracterizam a alma deste povo.
Alter do Chão, Janeiro de 2009
Mafalda Sadio
(Vice-Presidente da Câmara Municipal de Alter do Chão)
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Será interessante questionarmos que sensações nos induz a contemplação de uma


simples imagem de uma cegonha no alto do seu ninho. Elegância, serenidade,
firmeza? A sua postura é agradável de apreciar, mas o conhecimento dos seus hábitos
poderá enaltecer ainda mais o apreço por esta espécie”.
Leonor Cruz
Mestre em Ciências do Ambiente

De então regresso ao Sul de agora. Regresso a essa dimensão silenciosa das aves
branquejadas, cegonhas portanto (sei que há doutras cores mas são estas que ecoam
na minha planície).
É bom que as vejamos no restolho, nas chaminés abandonadas e nos postes da
civilização, pois embora tímidas carregam a nossa imortalidade”.

Luís Claudio Ribeiro


Professor Universitário

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