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º 20070373
CASO KOSOVO
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Mónica Isabel Fonseca Sequeira Lima 1.º Direito, Diurno, Turma A, N.º 20070373
ABREVIATURAS
NU Nações Unidas
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Enquadramento Histórico
A Sérvia pertenceu ao Império Bizantino até ao século XII, e mais tarde ao Império
Otomano desde 1389 até ao século XIX. Durante a II Guerra Mundial o Kosovo foi incluído
na Albânia pelos italianos. Após a II Guerra Mundial a Sérvia tornou-se parte do Reino dos
Sérvios, Croatas e Eslovenos, e em 1945 estabeleceu-se a República Federal da Jugoslávia,
composta pela Croácia, Eslovénia, Bósnia-Herzegovina, Macedónia, Montenegro e Sérvia,
sob o domínio de Tito, estrangulando severamente as diversas nacionalidades. O Kosovo
tornou-se uma província autónoma na República Federal Socialista da Sérvia.1
Em 1989, a Sérvia retirou à província do Kosovo o seu estatuto autónomo e os seus
poderes legislativos, e os albaneses, 90% da população do Kosovo, insurgiram-se. Em 1991,
os kosovares votaram num referendo, defendendo a sua secessão da Sérvia e da Jugoslávia,
mas foram reprimidos por ordem do governo jugoslavo, dominado pelos sérvios. No princípio
de 1998 os kosovares, em particular a etnia albanesa (a maioria da população), foram
novamente atacados por forças sérvias, seguindo-se um processo brutal e sistemático de
limpeza étnica, no qual os kosovares (em particular de etnia albanesa) foram assassinados ou
forçados pelos sérvios a fugir para outros países. O KLA, um grupo de guerrilha que lutava
pela independência da província, era outro alvo dos ataques.2 Entre Março e Junho de 1999,
forças da NATO tentaram parar as atrocidades fazendo ataques aéreos na Sérvia (que
pertencia, em conjunto com Montenegro, à Jugoslávia), sem autorização do CS – que só mais
tarde emitiria a Resolução 1244. As hostilidades cessaram quando a Sérvia aceitou um acordo,
permitindo a entrada de uma força das Nações Unidas no Kosovo para manutenção da paz e
garantia dos direitos humanos, para desmantelamento das minas anti-pessoais e retorno dos
refugiados kosovares.3 Os esforços das NU para estabelecer uma administração civil foram
dificultados pela grande tensão entre Sérvios e Albaneses.4
Em 17 de Fevereiro de 2008 o Kosovo declarou unilateralmente que era um Estado
soberano e independente. Os Estados Unidos da América e vários membros da UE
reconheceram o Kosovo com Estado independente, mas não foi o caso da Sérvia nem da
1
Cf. LENMAN, Bruce P. – Chambers Dictionary of World History. Edinburgh: Chambers Harrap Publishers.
p. 755, 452.
2
Serbia. [Em linha]. [S.l.]: Britannica Student’s Encyclopedia, 2008. [Consult. 26 Maio 2008]
3
Cf. LENMAN, op. cit., p. 452, 755.
4
World Affairs: Kosovo. [Em linha]. [S.l.]: Encyclopaedia Britannica Online, [2000]. [Consult. 26 Maio 2008]
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QUESTÕES
5
KOSOVO. [Em linha]. [S.l.]: Encyclopaedia Britannica Online, [s.d.]. [Consult. 26 Maio 2008]
6
KOSOVO. [Em linha]. [S.l.]: Britannica Student’s Encyclopedia, 2008. [Consult. 26 Maio 2008]
7
Cf. CUNHA, Joaquim da Silva; PEREIRA, Maria da Assunção do Vale – Manual de Direito Internacional
Público. 2.ª ed. Coimbra: Almedina, 2004. p. 327.
8
Cf. COMBACAU, Jean; SUR, Serge apud CUNHA, op. cit., p. 327.
9
Cf. MIRANDA, Jorge – Curso de Direito Internacional Público. S. João do Estoril: Principia, 2006. p. 42.
10
Cf. CUNHA, op. cit., p. 339-341.
11
Ibidem, p. 328.
12
Ibidem, p. 344.
13
Ibidem, p. 352.
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14
Cf. SUR, Serge apud CUNHA, op. cit., p. 353-354.
15
Cf. AKEHURST, Michael – Introdução ao Direito Internacional. Coimbra: Almedina, 1985. p. 307.
16
Ibidem, p. 311-2.
17
Cf. ESCARAMEIA, Paula – Colectânea de Leis de Direito Internacional. 3.ª ed. Lisboa: Instituto Superior
de Ciências Sociais e Políticas, 2003. p. 557-8.
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do Kosovo não se pode justificar com base no direito à autodeterminação dos povos. O povo
kosovar não tem necessidade de exercer o direito à autodeterminação, nem o direito à
autodeterminação pode levar a afirmar que o Kosovo tem direito à independência. O Art. 55.º
da CNU associa, isso sim, este direito à autodeterminação ao respeito pelos direitos humanos,
sem discriminações. O direito à autodeterminação, consistiria, em caso de violação dos
direitos humanos, revelando um tratamento discriminatório dos kosovares por parte da
Sérvia, no dever desta criar condições para que o povo kosovar se autodetermine, nos termos
da Resolução 1514. Mas, à partida, não será este o caso.
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encontra habilitado. E a Sérvia reprimiu tal movimento, era inicialmente um conflito a nível
interno (contudo houve também graves violações dos direitos humanos, o que justificou a
intervenção da comunidade internacional). Este autor afirmava que, independentemente do
resultado da contenda, seria considerado legítimo perante o Direito Internacional, mesmo se
uma das partes agisse contrariamente ao princípio da autodeterminação, pois na opinião deste
autor, este princípio tem “um alcance limitado”. Poderia a Sérvia recorrer
indiscriminadamente ao uso da força armada?
Até então, os Estados apenas reconheciam um movimento separatista (como o KLA)
como Estado independente quando a sua vitória estivesse assegurada, ou utilizavam o
reconhecimento como expressão do seu apoio a uma das partes nas guerras civis de carácter
secessionista, como um gesto de solidariedade. Akehurst considera que o reconhecimento é
uma prova de que os três requisitos já formulados foram cumpridos, mas ainda assim o
reconhecimento é importante, em particular em casos de lutas secessionistas.24
Akehurst25 afirma que no reconhecimento se gera um labirinto de questões políticas,
jurídico-internacionais e de Direito interno, sendo impossível separar as questões jurídicas das
políticas, pois que os Estados são influenciados por considerações políticas ao atribuir ou
recusar o reconhecimento, cujos actos geram consequências jurídicas. Quando surge um novo
Estado, os restantes Estados reconhecem ou não o novo Estado ou Governo. O
reconhecimento manifesta a vontade de lidar com o novo Estado como membro da
comunidade internacional ou com o novo governo como representante do Estado. A recusa de
reconhecimento pode basear-se na crença de que o novo Estado ou governo não exerce um
controlo efectivo do seu território; ou porque aos olhos de um determinado país (como os
Estados Unidos), o reconhecimento de governos estrangeiros é um sinal de aprovação aos
mesmos. Mas quais são os efeitos jurídicos do reconhecimento?
Segundo a teoria constitutiva, um estado ou governo não existe para efeitos
internacionais até haver sido reconhecido; o reconhecimento surte efeitos constitutivos porque
é condição necessária para a criação do Estado ou governo em questão. É um reconhecimento
que pode ser condicional (quanto ao regime do novo Estado, por exemplo) e revogável. É
uma tese inaceitável pois permite a ingerência de Estados terceiros nos assuntos internos do
novo Estado.26 Além disso, o reconhecimento não é um elemento do Estado.
A teoria do reconhecimento declarativo já é aceitável, pois não se atribui ao
reconhecimento qualquer efeito jurídico e considera-se que a existência de um Estado ou
24
Ibidem, p. 68-69.
25
Ibidem, p. 72-74.
26
Cf. TOUSCOZ, Jean – Direito Internacional. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1994. p. 93.
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III – O que acontecerá, quanto ao seu estatuto político e direitos, quanto à minoria
sérvia no Kosovo?
O Direito Internacional reconhece o direito dos povos a dotarem-se de um regime
político à sua escolha, exigindo, no entanto, o respeito pelos direitos do Homem, que
condiciona a legitimidade dos governos,29 sem impor aos Estados a adopção de uma
determinada forma de governo.30
Com a secessão e declaração de independência do Kosovo surge naturalmente a
questão da sucessão na nacionalidade dos habitantes dos territórios, não estando este aspecto
regulado por qualquer convenção de carácter geral e obrigatório. A prática internacional é
fértil e, de uma maneira geral, orienta-se pelo “princípio de que aos habitantes do território
dever ser atribuída a nacionalidade do Estado sucessor.” Tendo em conta a independência
recente do Kosovo, “a tendência geral foi deixar ao Direito interno do novo Estado a
determinação das questões de nacionalidade dos habitantes do antigo território dependente”.
Há, contudo, algumas particularidades. Em Portugal suscitou-se esse problema relativamente
aos habitantes do Estado português da Índia após o reconhecimento da soberania desta última.
O Direito Interno português desnacionalizou alguns dos seus nacionais, não seguindo a
orientação do Direito Internacional, abrindo caminho a situações de apatridia, sem dar
importância à vontade dos interessados na alteração da sua nacionalidade.31
No caso do Kosovo, os seus habitantes são maioritariamente de etnia albanesa e
muçulmanos, sendo a restante população sérvia. A população sérvia era uma minoria apenas
dentro desta região (sendo a maioria em todo o território da Sérvia), e tanto sérvios como
kosovares possuíam a mesma nacionalidade. Com a declaração de independência do Kosovo
27
Cf. AKEHURST, op. cit., p. 75.
28
Cf. CUNHA, op. cit., p. 506-507.
29
Cf. TOUSCOZ, op. cit., p. 65.
30
Cf. AKEHURST, op. cit., p. 81.
31
CUNHA, op. cit., p. 420.
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criou-se uma nova nacionalidade; os sérvios presentes neste novo Estado são uma minoria
étnica.32 A população de um Estado pode ser homogénea ou heterogénea do ponto de vista
religioso, étnico, cultural, linguístico, etc. e isto afecta a coesão e estabilidade de um Estado.33
Na declaração de independência do Kosovo afirma-se que este estado é uma república multi-
étnica que se guia por princípios de não discriminação e igual protecção ao abrigo da lei, e
que procura proteger os direitos de todas as comunidades do Kosovo. O que inclui,
naturalmente, a minoria sérvia.
A protecção efectiva dos direitos do homem e das minorias étnicas pelo Direito
Internacional exige regras jurídicas internacionais dirigidas ao indivíduo, textos de carácter
obrigatório, para que o homem seja titular de direitos internacionais. A DUDH revelou-se
essencial para a criação de um sistema de protecção dos direitos do homem, tendo sido
aprovada pela AGNU e tem um carácter de mera recomendação (cf. art. 10.º CNU), não
vincula os Estados. Existem também dois Pactos Internacionais sobre os Direitos do Homem,
aprovados na AGNU a 16 de Dezembro de 1966: um sobre direitos económicos, sociais e
culturais, e outro relativo a direitos civis e políticos. Outras Convenções foram celebradas nas
Nações Unidas, como a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial. Cunha refere que a Convenção Europeia dos Direitos do Homem está
entre os melhores mecanismos para a protecção dos direitos do homem, prevendo órgãos
(como o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem) e procedimentos para garantir esses
direitos. Esta Convenção foi aprovada no Conselho da Europa, onde a Sérvia está presente, e
tem com esta Organização uma ligação fundamental. O Kosovo não está vinculado a ela pois
não é membro do Conselho da Europa, e apenas nele podem participar Estados que se
governem pelo princípio do Estado de Direito e do reconhecimento dos direitos do homem e
liberdades fundamentais.34
É no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos que aparecem pela primeira
vez direitos atribuídos especificamente a minorias étnicas. O art. 27.º deste Pacto refere que,
nos Estados em que minorias étnicas (ou outras) se encontrem presentes, não se negará às
pessoas que pertençam a tais minorias “o direito de, em comunidade com os outros membros
do respectivo grupo, usufruir da sua própria cultura, professar e praticar a sua própria religião
e utilizar a sua própria língua.” Nesta regra jurídica assenta a personalidade internacional das
minorias. Pereira afirma que esta norma resulta da codificação de Direito consuetudinário que
32
Grupo de pessoas que se distinguem da maioria da população de um Estado, pela sua religião, etnia, língua ou
cultura.
33
Cf. TOUSCOZ, op. cit., p. 128.
34
Cf. CUNHA, op. cit., p. 463, 465-469.
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reconhecia directamente direitos a indivíduos:35 à partida, ainda que o Kosovo não seja
membro das Nações Unidas e não se tenha vinculado ao Pacto, está obrigado, por costume
internacional, a respeitar os direitos das minorias sérvias. A mesma obrigação que a CNU e a
DUDH impõe aos Estados – o que não é o mesmo que conceder direitos às minorias étnicas.
Ou seja, o Pacto referido não concede personalidade internacional ao individuo, mas dele
resultam obrigações para o Kosovo.
Na Acta Final da Conferência de Helsínquia36 de 1 de Agosto de 1975 (na qual a ex-
Jugoslávia participou), retomou-se novamente o princípio de protecção das minorias,
estabelecendo-se um princípio de “respeito dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais, incluindo a liberdade de pensamento, consciência, religião ou crença (…) sem
distinção por motivos de raça, sexo, idioma ou religião.” Neste domínio, a Acta remete a
actuação dos Estados para uma conformidade com os princípios presentes na CNU e a
DUDH. A Acta refere também, na sua parte VII, a importância do respeito pelos direitos das
minorias: os indivíduos pertencentes a estas têm o direito de igualdade perante a lei e de
usufruir de forma plena dos seus direitos e liberdades fundamentais. Este respeito e tolerância
por parte do Kosovo é essencial para a estabilidade na região, e para a paz internacional,
justiça e bem-estar indispensáveis nas relações internacionais com outros Estados. E a
manutenção da paz internacional e o respeito pelos direitos do homem, sem discriminações
está bem patente no art. 1.º, n.ºs 1 e 3 da CNU.
35
PEREIRA, André Gonçalves: QUADROS, Fausto de – Manual de Direito Internacional Público. 3.ª ed. rev.
aument. Coimbra: Almedina, 1997. p. 387-391.
36
ESCARAMEIA, op. cit., p. 557.
37
TOUSCOZ, op. cit., p. 65, 67.
38
SHAW, Malcolm N. – International Law. 5.ª ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2003. p. 189-190.
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relativamente a outro Estado, como superior). Um Estado pode ter obrigações provenientes de
um tratado que haja celebrado ou de costume, restringindo a sua liberdade, mas manterá o seu
status de país independente.
Shaw39 considera que a noção de independência na lei internacional implica direitos e
deveres: o direito de um estado de exercer uma jurisdição interna no seu território e
população permanente, ou de legítima defesa em determinadas situações; e um dever de não
ingerência nos assuntos internos de outros estados soberanos. Este princípio de não
ingerência, plasmado na Resolução 2625 e no art. 2.º, n.º 7 da CNU, proíbe intervenções
directas (por coacção, por exemplo) ou indirectas (por apoio ou financiamento de grupos
internos) nos assuntos internos de um Estado, e protege a soberania do Estado, mas é limitado
por um direito, que é também um dever de ingerência da comunidade internacional para
proteger os direitos da pessoa humana – e tal protecção não é uma interferência nos assuntos
internos de um Estado, sendo legítima. Os conflitos de 1999 são um bom exemplo disso.
Considerou-se40 que a declaração de independência do Kosovo não se justifica no
direito à autodeterminação dos povos, pelo que a soberania e integridade territorial da Sérvia
são um limite desse direito, nos termos da Acta Final de Helsínquia e Resolução 1514 da
AGNU. O princípio da integridade territorial resulta do princípio da igualdade soberana,
plasmado no art. 2.º, n.º 1 da CNU e Resolução 2625 da AGNU. Nos termos da Resolução
2625, igualdade soberana não significa que os Estados sejam verdadeiramente iguais, mas sim
que, independentemente do seu poder ou diferenças (económicas, sociais, políticas, etc.), são
iguais juridicamente, e possuem um voto na AGNU como membros da comunidade
internacional. Esta Resolução afirma também que a integridade territorial e a independência
política de um Estado são invioláveis.
O princípio da integridade territorial proíbe a interferência na jurisdição interna de um
Estado, nos termos do art. 2.º, n.º 7 da CNU, assim como ameaças ou uso da força para ocupar
o território de um Estado ou contra a sua independência política, nos termos do art. 2.º, n.º 4
da CNU, corroborada pela Resolução 2625 da AGNU que acrescenta que tal ameaça ou uso
da força constitui uma violação de Direito Internacional. E como já vimos, choca com o
princípio de autodeterminação dos povos. Shaw41 refere que este tem sido interpretado como
um direito dos habitantes de territórios não-independentes – portanto, não se aplicaria, como
vimos, ao povo do Kosovo. Segundo o autor, este princípio não confere quaisquer direitos de
secessão (unilateral) a determinados grupos (como a etnia albanesa que compõe a maioria dos
39
SHAW, op. cit., p. 191.
40
Ver Questão I.
41
Cf. SHAW, op. cit., p. 443-4.
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do art. 41.º e seguintes da CNU, determinará as medidas a tomar, e não necessariamente com
recurso a meios militares – pelo que a Sérvia teria de acatar tais medidas. De acordo com os
art.ºs 33.º a 38.º da CNU, o Kosovo e a Sérvia devem ainda procurar resolver este conflito de
forma pacífica.
A Sérvia tem, de facto, um direito de legítima defesa, nos termos do art. 51.º da CNU,
mas do ponto de vista do seu Direito Interno. Mas se ocorresse, no exercício desse direito,
uma violação dos direitos humanos (como sucedeu em 1998/9), poderia legitimar uma
intervenção humanitária por parte da comunidade internacional. Esta poderia ainda intervir
militarmente, para impedir uma reacção da Sérvia à independência do Kosovo, pois o
objectivo das NU é a manutenção da paz internacional (art. 1.º da CNU) com respeito aos
direitos do homem (art. 1.º, n.º 3 da CNU), desde que com autorização do CS, cujas decisões
os membros têm o dever de acatar (art. 25.º da CNU).
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BIBLIOGRAFIA
MIRANDA, Jorge – Curso de Direito Internacional Público. 3.ª ed. rev. actual. S. João do
Estoril: Principia, 2006. 347 p. ISBN 972-8818-77-7.
SHAW, Malcolm N. – International Law. 5.ª ed. Cambridge: Cambridge University Press,
2003. 1288 p. ISBN 0-521-53183-7. p. 175-195
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Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, 1997.
TOUSCOZ, Jean – Direito Internacional. Trad. de Nuno Canas Mendes. Mem Martins:
Europa-América, 1994. 394 p. (Biblioteca Universitária, 70). Título original: Droit
international. ISBN 972-1-03842-3.
Outras Fontes:
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9312029/Kosovo.
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World Affairs: Kosovo. [Em linha]. [S.l.]: Encyclopaedia Britannica Online, [2000].
[Consult. 26 Maio 2008]. Disponível em WWW: http://www.britannica.com/eb/article-
215371/World-Affairs .
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